Você está na página 1de 78

(C) UEG/UnUEAD/CEAR – 2015.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
BR-153 – Quadra Área Km 99, 75.132-903 – Anápolis – GO

Coordenadora de Projetos e Publicações


Coordenadora Editorial: Elisabete Tomomi Kowata
Revisão Técnica: Thalita Gabriele Lacerda Ribeiro

Pró-Reitoria de Graduação
Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede – CEAR

Revisão Linguística
Dllubia Santclair Matias

A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio,


seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98.

Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1.825,


de 20 de dezembro de 1907.

Catalogação na Fonte
Comissão Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais (SIBRE),
Universidade Estadual de Goiás

Catalogação na Fonte
Comissão Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais (SIBRE),
Universidade Estadual de Goiás

Z36p

Zarantim, Joel Ribeiro.

Psicologia da educação / Joel Ribeiro Zarantim. - Anápolis : Universidade Estadual de Goiás ,

2015.

92 p.

ISBN 978-85-63192-86-8

1. Psicologia da educação. I. Zarantim, Joel Ribeiro. II. Título

CDU 37.015.3

Esta obra é produto de Fomento ao uso das Tecnologias de Comunicação e Informação no Âmbito do Sistema
Universidade Aberta do Brasil - UAB, financiado com verba proveniente de Fomento ao uso das Tecnologias de
Comunicação e Informação nos Cursos de Grafuação/CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior do ano de 2010 a 2015. A exatidão das referências, a revisão gramatical e as ideias expressas e/
ou defendidas nos textos são de inteira responsabilidades dos autores.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2015
Seja Bem Vindo(a) ao PEAR!

O Programa de Ensino e Aprendizagem em Rede– PEAR é resultado do Con-
vênio MEC/UAB/UEG e ao Edital nº 15, de 23 de março de 2010, publicado pela Co-
ordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, que fomenta
o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos cursos de graduação. Em
parceria com a Pró-Reitoria de Graduação – PrG. O PEAR tem como objetivo promo-
ver a integração e convergência de disciplinas curriculares dos cursos de graduação
presencial dos 41 Câmpus Universitários da Universidade Estadual de Goiás - UEG,
à modalidade de Educação a Distância com o uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação.
Vale lembrar-lhe que o PEAR não promove uma simples substituição de mo-
dalidades, mas propicia alternativas para que você amplie suas oportunidades de
integralização curricular e acesso às novas tecnologias, que inclusive serão úteis para
realização de outros cursos.
O nosso desejo é que você juntamente com os processos formativos propos-
tos, construa coletivamente os conhecimentos necessários para a consolidação dos
seus estudos e a continuação destes.
ICONOGRAFIA

Fala do Professor
Apresentação e encerramento da disciplina.
Interação com estudante no decorrer do material.

Saber Mais
Indicado como ítens de pesquisa (links, vídeos, filmes, livros, curiosida-
des, etc).

Atenção
Usado como ítem importante, questionamento, reflexões diferentes ao
assunto abordado.

Glossário
Definição de termos desconhecidos ou técnicos de toda área textual.
SUMÁRIO
UNIDADE I - AS TECNOLOGIAS NA HISTÓRIA E SEUS REFLEXOS NA SO-
CIEDADE
1. EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA: UMA ATIVIDADE HUMANA 13
1.1. A FASE AGRÍCOLA 14
1.2. A FASE INDUSTRIAL 18
1.3. A FASE DA INFORMATIZAÇÃO 19
2. DAS TECNOLOGIAS ÀS NOVAS TECNOLOGIAS: UMA SOCIEDADE EM MUDANÇA 22
3. DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO À MÍDIA-EDUCA-
ÇÃO – A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 26
ATIVIDADE FINAL – UNIDADE I 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS 31

UNIDADE II - EDUCAÇÃO E MÍDIAS: ABORDAGENS CONCEITUAIS, METO-


DOLÓGICAS E POLÍTICAS
1. AS MÍDIAS: UM PARADIGMA EMERGENTE 32
2. MÍDIA E MÍDIAS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 35
3. EDUCAÇÃO E MÍDIAS: UMA QUESTÃO DE MÉTODO 41
4. AS INÚMERAS INICIATIVAS DE INSERÇÃO DAS MÍDIAS NA EDUCAÇÃO 45
ATIVIDADE FINAL – UNIDADE II 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS 50

UNIDADE III - EDUCAÇÃO E MÍDIAS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA PRÁ-


TICA EDUCACIONAL
1. EDUCAÇÃO E MÍDIAS NA ESCOLA: DIFICULDADES DA PRÁTICA EDUCACIONAL 52
1.1. A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES 52
1.2. COMPUTADOR E INTERNET NA ESCOLA COMO MÍDIAS EDUCACIONAIS 57
2. AS MÍDIAS E AS MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NA ESCOLA 61
3. OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 64
4. O BLOG COMO FERRAMENTA DA PRÁTICA EDUCACIONAL 67
ATIVIDADE FINAL 70
CONSIDERAÇÕES FINAIS 71
GLOSSÁRIO 73
REFERÊNCIAS 76
APRESENTAÇÃO

Prezado/a Estudante,
Estamos iniciando um novo momento de enriquecimento na construção de
nosso conhecimento. Gostaria de começar fazendo-lhe uma pergunta: Você já viu
uma teia de aranha? Essa pergunta não é uma divagação sem sentido, mas um recur-
so metafórico que nos permite entender muito bem a realidade que estamos vivendo:
a busca do conhecimento.
No meu entendimento, a teia de aranha é uma metáfora que pode ser evo-
cada como a figura que melhor lembra a construção do conhecimento. Foi também
pensando na teia que concebemos este módulo de estudo. Explico: a aranha constrói
sua teia para nela habitar, mas, apesar de terminada sua obra, a aranha a reforma,
sempre que necessário. Aqui e ali cabem pequenos reparos, pois o vento forte ou até
um animal pode danificá-la, mas ao perceber qualquer problema, lá vai a pequena
aranha reconstruir a parte danificada e até fortificar as que nada sofreram.
A pequena aranha não desiste. Está sempre estendendo os fios, e estes se
entrecruzam, entrelaçam-se formando um todo, mas que não está pronto e acabado,
necessita sempre ser revisto, reestruturado, reconstruído. Cada fio permite uma cone-
xão com os outros e faz com que sua trama seja forte.
Espero que tenha entendido onde quero chegar. Caso ainda não tenha alcan-
çado a comparação, o que quero dizer é que este estudo é um fio na trama da teia
do conhecimento. Cada fio se estenderá de um ponto a outro, mas se entrecruzarão
com outros conhecimentos já adquiridos, gerando novas tramas, novos entendimen-
tos, novas questões. Como aranha que recupera sua teia danificada e não desanima,
também não podemos parar. Temos que avançar sempre!
Assim, este estudo pretende nos provocar, nos indagar e fazer-nos refletir
sobre um tema muito importante em nossos dias: a relação entre a educação e as
mídias na Sociedade da Informação, ou seja, na nossa sociedade contemporânea.
Afinal, a cada dia, estamos mais dependentes das mídias e sem elas já não somos os
mesmos. Imagine ficar um mês sem celular, sem televisão, sem internet, sem rádio.
Penso que enlouqueceríamos!
Pensado como um momento de reflexão e compreensão dos reflexos diretos
e indiretos que as mídias efetivam na educação e na sociedade como um todo, nosso
estudo objetiva entender esse processo e como nós, futuros professores, respondere-
mos a essas novas possibilidades de ensino e aprendizagem.
Para facilitar nosso entendimento, dividimos nosso estudo em três momentos,

11
ou seja, em três unidades de estudo. Na primeira, vamos contextualizar as tecnolo-
gias na história humana, compreendendo-as como parte integrante de nossa vida e,
sendo assim, apresentando fortes influências na vida humana, tanto social, quanto
culturalmente.
A segunda Unidade, tem por finalidade entender as diversas abordagens do
tema, que passa pelas concepções teóricas, pelas discussões metodológicas e ainda
pela elaboração de leis e diretrizes que demandam políticas públicas de inserção das
mídias na educação.
Por fim, na última unidade, vamos nos questionar sobre a formação e prática
docente, nestes tempos de rápidas mudanças e, ainda, sobre as novas linguagens e
formas de aprender que, por sua vez, demandam um novo papel da escola na Socie-
dade da Informação.
Gostaria de lembrar-lhe que cada um será responsável por construir parte
desse conhecimento. E todos nós, ao socializarmos nossos entendimentos dos as-
suntos abordados, contribuiremos para fortificar os inúmeros fios que se conectam na
rede, por nós tecida.
Assim, aconselho que sempre que solicitado, assista aos vídeos indicados,
leia os textos sugeridos, pois quanto mais nos aprofundarmos nos assuntos, maior
possibilidade teremos de entender a trama que se apresenta diante de nós e que
exige uma reflexão amadurecida e aprofundada sobre a temática. Para ajudá-lo neste
sentido, em cada unidade são propostas atividades que você deverá realizar. O intuito
é auxiliar na fixação dos conteúdos estudados e que nos desafiam a construir novas
questões sobre a temática. E lembre-se ainda que, estas atividades são avaliativas
e possibilitarão à equipe de formação o feedback de seu entendimento e domínio do
assunto.
Então, desde já, agradeço sua companhia e desejo que possamos ter mo-
mentos agradáveis de produção, de construção da nossa incompleta e inacabada teia
do conhecimento.

12
UNIDADE I - AS TECNOLOGIAS NA HISTÓRIA E SEUS REFLEXOS
NA SOCIEDADE

Introdução

Você já parou para pensar o quanto somos dependentes das tecnologias?


Ao acordarmos, lavamos o nosso rosto com a água que sai da torneira, graças aos
sistemas de canalização que conduzem a água dos reservatórios às nossas casas.
Acendemos a lâmpada, tomamos banho quente, aquecemos o leite no micro-ondas,
enfim, vivemos cercados por tecnologias por todos os lados. Basta pararmos para
observar atentamente, que logo perceberemos que, no mundo em que vivemos, não
temos como viver sem o uso de tecnologias.
As tecnologias fazem parte da vida humana desde os períodos mais remotos
quando o homem, utilizando de sua inteligência, fazia uso de diversos instrumentos
para facilitar e melhorar a sua vida.
Nesta unidade que estamos iniciando, vamos fazer uma breve incursão na
história da humanidade para perceber como as tecnologias modificaram a vida hu-
mana. Mas não é só isso! Vamos, ainda, procurar entender as consequências e as
influências geradas pela inserção dessas “facilidades” na vida do homem, e assim, na
sociedade como um todo. Por fim, pretendemos compreender como essas tecnolo-
gias ajudaram a recriar a sociedade e como as novas tecnologias têm influenciado o
nosso convívio social.
Então mãos a obra, ou melhor, olhos atentos na leitura!

1. EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA: UMA ATIVIDADE HUMANA


Vivemos em uma sociedade em constante transformação. Nela, a cada dia
precisamos de nos readaptar, pois todos os dias, um novo recurso é disponibilizado
e à medida que avançamos no tempo, não temos como não colocá-los em uso em
nosso dia a dia. Lembro-me de um amigo que relutou até o último instante em utilizar
o computador, pois tinha adaptado-se a usar a máquina de escrever, mas à proporção
em que as peças para o conserto de sua máquina foram ficando escassas, e com a
dificuldade de mantê-la funcionando, rendeu-se ao computador.
Hoje, somos testemunhas de inovações frequentes. Mas, nem sempre foi as-
sim! Nem sempre as coisas aconteceram rapidamente no campo das descobertas
e dos inventos humanos. Para entendermos, ainda que de forma breve, o processo
evolutivo das tecnologias, recorremos a Alvin Toffler (2001), que nos permite perceber
essa trajetória em três momentos: “uma fase agrícola, a Primeira Onda; uma fase

13
industrial, a Segunda Onda e a fase da Informatização, Terceira Onda” (TOFFLER,
2001, p.18 – grifos do autor).
Vejamos estes momentos!

1.1. A FASE AGRÍCOLA

Figura 1 - Agricultura Primitiva


Fonte: Blog Pré-história: uma odisseia…
Disponível em: http://historia-no-vestibular.blogspot.com Acesso em: 22/09/16

Ao utilizar-se dos recursos existentes na natureza, atribuindo-lhes uma nova


forma de uso que o auxiliasse a sobreviver, o ser humano distinguiu-se dos demais
animais. No simples fato de utilizar um osso para cortar a carne, um galho seco para
apanhar um fruto de uma árvore, uma pedra para matar a caça, os homens pré-his-
tóricos estavam produzindo e criando as primeiras ferramentas tecnológicas de que
temos notícia. Essas ferramentas deram-lhe possibilidade de sobreviver num mundo
cheio de adversidades. Kenski (2007, p. 15) afirma que:

As tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana […] Na idade da


Pedra, os homens – que eram frágeis fisicamente diante dos outros animais
e das manifestações da natureza – conseguiram garantir a sobrevivência da
espécie e sua supremacia, pela engenhosidade e astúcia com que domi-
navam o uso de elementos da natureza. A água, o fogo, um pedaço de pau
ou o osso de um animal eram utilizados para matar, dominar ou afugentar
os animais e outros homens que não tinham os mesmos conhecimentos e
habilidades.

Todos esses domínios identificados pela autora apontam para o fato de que,
com o auxílio das tecnologias, os homens desenvolveram a agricultura, construíram
suas moradias, domesticaram e criaram os animais que lhes serviriam de alimento,
colocaram rodas em suas conduções, fabricaram utensílios domésticos, entre tantas
outras coisas.
Assim, de nômades que se deslocavam de um lugar a outro em busca de
alimentos, a humanidade vai, aos poucos, fixando-se nas regiões férteis, tornado-se

14
seminômades, pois à medida que a fertilidade do solo se esgotava, acontecia uma
migração para outra área fértil. Aos poucos, as comunidades tribais iam estabelecen-
do-se como comunidades produtoras.
Essas modificações refletiram-se também na organização social dos povos
primitivos, pois à medida que a noção de propriedade vai sendo instituída, constituiu-
se também a noção de família. No entanto, não podemos pensar as famílias dessa
época como são nossas famílias atualmente, uma vez que existia um modelo poligâ-
mico e patriarcal. Poderíamos dizer que os casamentos eram feitos por conveniência
econômica, pois quanto mais mulheres um homem tivesse, mais filhos também. E,
com isso, uma maior força para o trabalho.
Mas, com o passar do tempo, à medida que o homem foi desenvolvendo sua
capacidade de abstrair a natureza, novas tecnologias vão sendo aplicadas para seu
bem-estar. O estabelecimento de tribos em regiões férteis e próximas aos rios possi-
bilitou o surgimento das primeiras civilizações, uma vez que o homem era capaz de
modificar o meio em que vivia. Aos poucos, as casas de palha e madeira dão lugar a
construções de pedra. Os utensílios de caça, feitos de gravetos de árvores, recebem
pontas de ferro. Aos poucos, são inventadas as armas que servem tanto para caçar
quanto para segurança de sua comunidade; ou ainda, para dominar outras socieda-
des que não possuíam os mesmos instrumentos.

Figura 2 - Utensílios pré-históricos utilizados pelo homem


Fonte: Blog Pré-história: uma odisseia…
Disponível em: http://historia-no-vestibular.blogspot.com Acesso em: 22/09/16

O domínio e a utilização da inteligência auxiliaram a criação das cidades e a


crescente fortificação das mesmas. As sociedades ficaram mais complexas, e a cada
instante, o homem repensa sua trajetória e vai propondo novas facilidades, novos
instrumentos e novos equipamentos que o ajudam a ter maior conforto, maior como-
didade e maior domínio da natureza.
Dentre as inúmeras civilizações que foram sendo formadas, duas merecem

15
nossa atenção, pois influenciaram a formação de nossa sociedade: a civilização grega
e a civilização romana.
A civilização grega: desenvolveu-se numa área com solo pedregoso e aciden-
tado, no sudeste da Europa que hoje conhecemos. O surgimento da Pólis, por volta
do século VII a.C., possibilita a formação da política (democracia), da filosofia, das ar-
tes, dos esportes entre outros. A sociedade dividia-se entre homens livres e escravos.
Esses últimos provinham de duas situações: ou eram homens endividados que não
conseguiam pagar suas dívidas ou aqueles que saíram perdedores em uma guerra.
Visto que as polis gregas situavam-se numa região entrecortada por águas,
os gregos desenvolveram a navegação e a pesca; o comércio era praticado entre
as inúmeras cidades, geralmente por meio marítimo. Essas invenções e aperfeiço-
amentos que os gregos produzem em suas cidades também são resultantes de um
progresso tecnológico.
A civilização romana: desenvolveu-se na região conhecida como Lácio, vizi-
nha à Grécia. Sua sociedade também era escravista e possuía ainda duas classes:
os patrícios, que eram os grandes donos de terras e os plebeus que eram a camada
mais pobre da sociedade. Graças à sua força militar e ao domínio de tecnologias de
guerra, Roma tornou-se uma grande potência e sua política expansionista a fez um
grande império que dominou grande parte da Europa, da Ásia e da África no início da
era cristã. É no seio do império romano que, por volta do século IV vai surgir o cristia-
nismo católico que influenciou todo o ocidente.
Enfraquecido pela divisão do império, ocorrida no século III, que criou o impé-
rio romano do ocidente e do oriente, e, por inúmeras invasões bárbaras no século V,
em 476, cai o império romano do ocidente e surgem os diversos reinados que darão
origem, posteriormente ao sistema feudal.
Neste sistema produtivo a terra pertencia a um senhor que era membro da
nobreza ou do clero. Esses grupos contavam com a força de trabalho dos servos que
eram os pobres que trabalhavam na agricultura e na pecuária, produzindo o sustento
das outras classes. Essa estrutura social durou quase mil anos e se estendeu até o
final da Idade Média.
É importante ressaltar que ao final desse período, na tentativa de melhorar
suas condições de vida, os servos passam a empregar novas técnicas agrícolas que
lhes possibilitassem uma maior produção, a fim de comercializarem o excedente. In-
troduziu-se o arado de ferro na preparação da terra para o cultivo; construíram-se os
moinhos que se utilizando da energia dos ventos (energia eólica) e da água (energia
hidráulica) possibilitou uma maior produção de farinha de trigo que agora podia ser
moída com maior facilidade e rapidez, pois já não era necessário empregar a força
humana para a moagem.
Os posteriores descontentamentos dos servos com os senhores feudais e

16
as ideias da Igreja provocaram inúmeras guerras locais. A fortificação do comércio
produziu uma nova relação entre senhores e servos: a valorização e o emprego da
moeda estabeleceram uma nova relação econômica. Graças ao acúmulo propiciado
pelo comércio a necessidade de buscar novas rotas para os produtos, os emergentes
investiram nas grandes navegações. Neste período:

[…] o comércio ressurge, as moedas voltam a circular, os negociantes for-


mam ligas de proteção, montam feiras em diversas regiões da Europa e
dependem das atividades dos banqueiros. As cidades crescem graças ao
comércio florescente e começam as lutas pelo poder dos senhores feudais.
Aos poucos, as vilas se libertam e transformam-se em comunas ou cidades
livres. Essas mudanças repercutem em todos os setores da sociedade. Onde
só existia o poder do nobre e do clero contrapõe-se o do burguês (ARANHA,
1996, p. 77 – grifos da autora).

Aos poucos, o feudalismo vai dando lugar ao mercantilismo. Novas relações


vão sendo estabelecidas tendo por base o comércio. Para permanecer nas camadas
mais elevadas da sociedade, já não é suficiente ter título de nobre ou ser membro do
clero. É necessário que se tenha dinheiro.
Entre os séculos XV e XVI, acontece uma retomada dos valores greco-roma-
nos. Esse momento será conhecido por Renascimento. Com ele, vê-se um revigorar
do humanismo, projetando novas perspectivas, novos tempos, novos paradigmas1,
uma vez que é marcado pela busca da individualidade, e, segundo Aranha (1996) pelo
espírito de liberdade e crítica que se opõe à autoridade e aos valores postos, resul-
tado de uma cultura e de um domínio medieval exercido pelas instituições religiosas
católicas e pelos nobres.
Esse movimento coloca em xeque o poder e as ideias da igreja e com isso
possibilitou o chamado renascimento científico, que apontou uma verdadeira revolu-
ção em áreas como: a matemática, a física, a medicina e a astronomia. Podemos dizer
que é resultado desse renascimento a invenção da imprensa de tipos móveis, feita por
Gutemberg, que possibilitou uma reprodução maior de inúmeros textos que até então
eram transcritos por monges que viviam como copistas nos mosteiros.
Essa necessidade de renovação, proporcionada pelo movimento renascentis-
ta, leva o homem à busca de si mesmo, e, com isso, a mudança de suas concepções,
e, automaticamente, de seu pensamento. Começa um rompimento com as concep-
ções dogmáticas da Teologia e inicia-se um movimento de individualização do sujeito,
enquanto ser histórico, colocando-se como ser com capacidade de discernimento.
Instala-se a era da dúvida e do questionamento. O saber torna-se instrumento de
transformação e não somente de poder como fora até então.

______________________________
1
Na próxima unidade vamos trabalhar a noção de paradigmas, inclusive apresentado conceitos para
que possamos entender do que se trata.

17
Ainda como fruto desses inúmeros questionamentos, tem-se a reforma pro-
testante, provocada pelo monge católico Martinho Lutero que, ao ler um trecho da
bíblia, questiona a forma da igreja interpretá-lo e, além disso, denuncia os abusos
praticados pelo clero, especialmente, na venda de indulgências.
Está instalada a chamada “crise da consciência”, e, com ela, aparecem as
grandes invenções, realizadas em grande parte pelo financiamento burguês ainda
pela própria urgência do momento. Além da impressa, surge a pólvora, o papel, a
bússola, etc2 . Além, da abertura de novos mercados consumidores, das grandes na-
vegações que descobriram novas terras e outros inúmeros acontecimentos, decorre
uma nova relação com o trabalho, de forma mais complexa, principalmente, a partir
da industrialização.

1.2. A FASE INDUSTRIAL


Não podemos entender que a industrialização ocorreu de forma milagrosa.
Esse fenômeno foi sendo preparado pelos sucessivos acontecimentos que se desen-
cadearam na Europa na transição do período medieval ao período moderno.
Com o aumento do poder econômico da burguesia mercantil, toda a socieda-
de foi, aos poucos, também sofrendo grandes alterações. Mas, foi na Inglaterra que
aconteceram as maiores transformações, e isso pode ser entendido pelo fato de que
desde o início do século XVIII, esse país desenvolveu um forte comércio com outros
países, mediante inúmeros acordos dos quais sempre saiu com vantagens, isso gra-
ças ao forte desenvolvimento marítimo que propiciou um aumento considerável em
seu capital, que, apesar de concentrar-se nas mãos dos burgueses, tinha nesses os
maiores interessados na diversificação de suas atividades e na produção de bens a
serem comercializados.
Assim, se o comércio em plena expansão, demandava um número crescente
de artigos, a produção artesanal e manual não dava conta de acompanhar tal ritmo,
até por que o artesão, quase sempre, detinha todo o processo de fabricação do produ-
to que ia desde a aquisição da matéria-prima até o produto final. Emergia a necessida-
de de substituir a produção humana por uma produção que fosse capaz de dar conta
da extensa demanda de consumo. E não tardou para que se inventassem máquinas
que passaram a produzir em larga escala.
Logo surgiu a máquina de fiar, que era capaz de produzir 200 vezes mais que
um único artesão. E o que era melhor, essas máquinas já não necessitavam utilizar
energia humana para funcionar. O movimento era produzido por energia hidráulica,
e, posteriormente, pela energia a vapor, o que aumentou cada vez mais o potencial
produtivo. Estava em curso a Revolução Industrial.
______________________________
2
Segundo Castells (2007), essas invenções já eram utilizadas pela China, popularizando-se no oci-
dente somente neste período.

18
Mas, se essa nova concepção produtiva iniciou-se na Inglaterra, logo se espa-
lhou pelo resto do mundo, uma vez que outras nações empenharam-se em melhorar
os inventos e a buscar novas tecnologias que os auxiliassem a superar o poder inglês,
como foi o caso da Alemanha e dos Estados Unidos da América, que deixaram de
utilizar ferro na construção de suas máquinas, substituindo-o pelo aço, que era mais
fácil de manipular e de maior durabilidade.
As invenções, então, não paravam: surgiram os barcos a vapor e as locomo-
tivas, que serviram como meio de transporte rápido e econômico para a escoação da
produção; surge o telégrafo, que melhorou as condições de comunicação; as cidades
passam a contar com ruas pavimentadas; a energia elétrica passa a fazer parte desde
novo cenário e a cada invenção e/ou inovação, a sociedade sentia diretamente suas
consequências e influências.

Figura 3 - Período Industrial


Fonte: Blog Sobre História
Disponível em: http://sobrehistoria.com/la-revolucion-industrial/ Acesso em: 22/09/16

Desde então, as invenções tornaram-se parte do cotidiano da humanidade e


acelerou-se a corrida por novos mercados consumidores o que produziu, por sua vez,
uma verdadeira disputa entre as grandes potências industriais. Assim o capitalismo já
estava estabelecido como sistema econômico vigente. E a sua célere reconfiguração
nas últimas décadas nos possibilitou criarmos necessidades que não tínhamos, mas
sem as quais, hoje, não conseguimos viver.
Graças a esta “necessidade” constante de melhorar nossas vidas que vimos,
nas últimas décadas do século passado, um novo momento na história se apresenta:
a fase da informatização.

1.3. A FASE DA INFORMATIZAÇÃO


Apesar de vivermos numa sociedade em que as máquinas tornam-se funda-
mentais para nossa vida, não podemos dizer que estamos vivendo numa fase industrial

19
mais desenvolvida. O que temos, na realidade, é uma reconfiguração do capitalismo
que apresenta novos contornos e novas exigências, e, portanto, uma nova sociedade.
“[…] Essa nova estrutura social está associada ao surgimento de um novo modo de
desenvolvimento, o informacionismo, historicamente moldado pela reestruturação do
modo capitalista de produção, no final do século XX” (CASTELLS, 2007, p. 51).

Figura 4 - O mundo da informatização


Fonte: Blog Humanista
Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/_g_ZwcwI25tA/TUnFKtqE6cI/AAAAAAAAA_o/PCUq_v7ygqg/s1600/worl-
d_700_159_0D2302.jpg Acesso em: 22/09/16

Neste sentido, podemos entender que o progresso tecnológico permitiu a


aquisição de um volume cada vez maior de informação, impedindo o conhecimento
de ficar subjugado ao domínio de uma minoria, como se via em tempos passados. A
evolução tecnológica que presenciamos, apresenta-se como construtora da vida hu-
mana e também, de toda vida social, pois, ao mesmo tempo em que a sociedade so-
fre as influências dessa nova configuração social, ela também influencia suas novas
possibilidades e produz com isso novas melhorias nas tecnologias.
Como vimos anteriormente, por inúmeros séculos, o homem utilizou sua força
motriz para produzir suas riquezas e dominar a natureza. Com o advento da mecâni-
ca, o homem substitui sua força pela força das máquinas e hoje mais do que a força
da máquina se faz necessário o domínio da eletrônica.

[…] A mudança histórica das tecnologias mecânicas para as tecnologias da


informação ajuda a subverter as noções de soberania e autossuficiência que
serviam de âncora ideológica à identidade individual desde que os filósofos
gregos elaboraram o conceito, há mais de dois milênios. Em resumo, a tec-
nologia está ajudando a desfazer a visão do mundo por ela promovida no
passado […] (CASTELLS, 2007, p. 58-59)

Hoje, já não basta o domínio dos processos produtivos como acontecia na fase
agrícola ou na fase industrial, que permitia apenas uma reprodução de conhecimentos
e ações. A fase da informatização demanda habilidades cognitivas e comportamen-
tais que não se prendem simplesmente ao fazer mecânico, mas exige capacidade

20
de análise, síntese, rapidez de respostas, criatividade diante de situações inespera-
das, interpretação e uso de diferentes linguagens, capacidade de trabalho em equipe,
compreensão global das tarefas com aumento da capacidade de abstração e seleção,
e, ainda, o trato das informações. E, sem dúvida, este é marco referencial da grande
passagem da mecânica para a eletrônica.
E então, como foi essa primeira parte de nossos estudos? Lembre-se de que
não tivemos a intenção de abordar com profundidade essas fases do avanço da his-
tória humana e nelas os avanços tecnológicos.

Antes de prosseguir, vamos assistir aos vídeos:


“Leandro Karnal | O mundo que nos formou está obsoleto?”.
Para assistir acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=_kwmRxfX6Hg
Leandro Karnal – As redes sociais potencializam o poder do “eu”?
Para assistir acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=0zBGSik_XwA
Como se dá a Influência da Internet na relação do jovem com a sociedade
moderna?
Para assistir acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=wA7c3EZyPXQ

ATIVIDADE
Prezado/a estudante,
Após assistir aos vídeos indicados acima, vá ao ambiente virtual de aprendizagem e
participe do fórum de discussão.
Debata com os colegas em torno das seguintes questões:
“Como as tecnologias influenciam sua/nossas vidas?”
O conceito de “mundo líquido”
Depois trace um paralelo entre os vídeos propostos, extraindo o que achou mais re-
levante em cada um deles. Procure analisar as respostas dos colegas e emitir sua
opinião acerca dos argumentos divergentes.
Não deixe de participar, pois este é um momento de aprofundamento e crescimento
coletivo.

21
2. DAS TECNOLOGIAS ÀS NOVAS TECNOLOGIAS: UMA SOCIEDADE EM
MUDANÇA

A partir do que vimos anteriormente, podemos entender que as tecnologias,


independentemente do tempo em que foram inventadas e utilizadas, alteraram a vida
do homem, e, consequentemente a vida social, pois o domínio de novas ferramentas
concedeu ao homem um poder que ele não possuía: o domínio sobre os demais ani-
mais e ainda sobre outros homens.
Neste sentido, percebemos que para executar as mais diversas atividades, o
homem utiliza produtos e equipamentos fabricados de matérias retiradas da natureza
e transformados de acordo com suas necessidades. Esses produtos e equipamentos
resultaram de planejamento e estudo técnico que têm por objetivo facilitar, cada vez
mais, a vida do homem. Assim, constatamos que em todos os lugares e em todas as
atividades que realizamos, as tecnologias estão presentes.

Nas atividades cotidianas, lidamos com vários tipos de tecnologias. As ma-


neiras, jeitos ou habilidades especiais de lidar com cada tipo de tecnologia,
para executar ou fazer algo, chamamos de técnicas. Algumas técnicas são
muito simples e de fácil aprendizado. São transmitidas de geração em ge-
ração e se incorporam aos costumes e hábitos sociais de um determinado
grupo de pessoas. As técnicas ligadas a algumas atividades profissionais, por
exemplo, a pesca, a produção de alimento ou a elaboração de alguns tipos de
atividades artesanais, variam entre os povos e identificam uma determinada
cultura (KENSKI, 2007, p. 24).

Analisando a fala da autora, precisamos elucidar alguns conceitos que saltam


a nossos olhos, tais como: tecnologia e técnica. Nicola Abbagnano (1982, p. 906), no
Dicionário de Filosofia, define tecnologia como “o estudo dos processos técnicos de
um determinado ramo de produção industrial ou de mais ramos”, enquanto que técni-
ca é definida como “todo conjunto de regras aptas a dirigir eficazmente uma atividade
qualquer”. Definição parecida encontra-se na versão on-line do Dicionário Aurélio de
Língua Portuguesa, pois, segundo o mesmo, tecnologia é “estudo dos instrumentos,
processos e métodos empregados nos diversos ramos industriais” enquanto que téc-
nica seria um “conjunto de métodos e processos de uma arte ou de uma profissão:
técnica cirúrgica” ou ainda, “maneira (hábil) de agir, método”.
De posse desses significados, podemos entender que tecnologia trata-se do
conjunto de conhecimentos científicos que aplicamos no planejamento, construção e
emprego de um equipamento necessário a executar uma determinada atividade; e a
técnica seria a forma com que nos apropriamos desses equipamentos e a usamos em
nosso cotidiano.

22
Mas será que as tecnologias são apenas equipamentos ou aparelhos? Será
que são apenas máquinas: o que você acha? No espaço abaixo, registre sua opinião.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Muito bem, vamos continuar!


Realmente, apesar do uso corrente para nos referirmos aos equipamentos e
aos aparelhos, ou seja, às máquinas como tecnologias, o conceito é abrangente e vai
além, pois “engloba a totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano
conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso, suas aplicações” (KENSKI,
2007, p. 22-23). Deste modo, a descoberta e a produção de medicamentos, a inven-
ção da energia, a utilização das mais diversas próteses, entre tantas outras criações,
também são tecnologias.

23
Mas, fique atento! Pois quando você ouvir falar de novas tecnologias, muitas
vezes não estamos falando de uma nova descoberta, e sim de inovações,
pois “com a rapidez do desenvolvimento tecnológico atual, ficou difícil es-
tabelecer o limite de tempo que devemos considerar para designar como
‘novos’ os conhecimentos, instrumentos e procedimentos que vão aparecendo” (KE-
NSKI, 2007, p. 25). Mas será que temos condições de dizer o que são novas tecnolo-
gias? Você sabe?

Esse não é um conceito fácil de elaborar. Um entendimento que nos ajuda


pensar tal conceito é proposto por Kenski (2007, p. 25), veja:

[…] Ao falar de novas tecnologias, na atualidade, estamos nos referindo aos


processos e aos produtos relacionados com os conhecimentos provenientes
da eletrônica, da microeletrônica e das telecomunicações. Essas tecnologias
caracterizam-se por serem evolutivas, ou seja, estão em permanente trans-
formação. Caracterizam-se por sua base imaterial, ou seja, não são tecnolo-
gias materializadas em máquinas e equipamentos. Seu principal espaço de
ação é virtual e sua principal matéria-prima é a informação (KENSKI, 2007,
p. 25).

Assim, daqui para frente, ao mencionarmos a expressão “novas tecnologias”,


estaremos nos referindo aos diversos meios que temos para obtermos e passarmos
informação. A imagem abaixo representa muito bem essa realidade.

Figura 5 - Novas Tecnologias


Fonte: Blog Tecnologia
Disponível em: http://fbotech.blogspot.com/2010/05/tecnologia-sem-limites-administrador_24.html Acesso em: 22/09/16

24
Mas como essas novas tecnologias podem alterar a vida social? O que você
acha? Registre sua opinião.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________________________

Muitos autores têm apontado para o surgimento de novas configurações so-


ciais. Dentre eles, destacamos Castells (2007) que denomina essa nova sociedade de
“sociedade em rede”, pois segundo esse autor, a internet provoca uma interligação,
uma interconexão entre as pessoas, sendo que essa relação é reforçada pelo capi-
talismo que também se utiliza da rede para propagar suas ideias, seus produtos, sua
relação de compra e venda, entre tantas outras atualizações.
Outro autor que merece ser citado é Pierre Lévy (1999), que entende a so-
ciedade a partir de um conceito que ele denomina “cibercultura”, referindo-se a uma
sociedade que interage mediada pela realidade virtual, ou seja, por uma realidade
criada a partir dos recursos da informática.
Nesta nova sociedade, rompe-se a ideia de espaço e tempo, e assim como
Castells (2007), Lévy (1998) fala de uma “rede” que interliga essa nova cultura, um
local sem espaço físico no qual as pessoas constroem um conhecimento coletivo e de
propriedade de todos. Também se referindo às redes como possibilitadoras de uma
nova cultura, Kenski (2007, p. 34-35), comenta:

25
As redes, mais do que uma interligação de computadores, são articulações
gigantescas entre pessoas conectadas com os mais diferenciados objetivos.
A internet é o ponto de encontro e dispersão de tudo isso. Chamada de rede
das redes, a internet é o espaço possível de interação e articulação de todas
as pessoas conectadas com o tudo o que existe no espaço digital, o ciberes-
paço. Para que isso pudesse acontecer, no entanto, foi preciso que o avanço
tecnológico conseguisse reunir diversos computadores para transmitir todos
os tipos de dados uns aos outros. Um processo tecnologicamente simples
[…] tornou possível transformar o espaço de ação finito dos computadores
em um novo ambiente, um novo espaço virtual, o ciberespaço, com uma ou-
tra cultura, a cibercultura, e uma nova ética.

Diante disso, podemos perceber que essas novas formas de ver, sentir e en-
tender o mundo produz grande impacto na sociedade em que vivemos, ou seja, essa
dinâmica afeta todas as relações humanas e forma uma nova sociedade: a sociedade
do conhecimento coletivo, uma vez que este já não é posse exclusiva de alguém, mas
pode ser compartilhado com todos, como já mencionado anteriormente.
Esta nova sociedade, a sociedade em rede, mediada pela tecnologia da infor-
mática, será constantemente permeada pela mídia que tem influenciado a vida social,
cultural, econômica e até política, e, consequentemente, o processo educativo nos
dias atuais.

3. DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO À


MÍDIA-EDUCAÇÃO – A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Como vimos anteriormente, o termo: Novas tecnologias da Informação e da


Comunicação (NTICs), servem para designar os “processos e produtos relacionados
com os conhecimentos provenientes da eletrônica, da microeletrônica e das telecomu-
nicações” (KENSKI, 2007, p. 25). Podemos dizer, com isto, que este termo refere-se
à aquisição, armazenamento, processamento e distribuição da informação por meios
eletrônicos e digitais, ou seja, por meio do rádio, da televisão, do telefone e também
dos computadores, entre tantos outros. Esta expressão foi resultado da junção das
tecnologias de informação, que eram comumente conhecidas como tecnologias da
informática, e as tecnologias da comunicação de massa, que inicialmente incorpora-
vam o rádio e a televisão, por exemplo.
Essa junção entre as tecnologias da informática e as tecnologias da comu-
nicação produziu mudanças significativas no processo de informação, uma vez que:

26
[…] Por meio das tecnologias digitais é possível representar e processar qual-
quer tipo de informação. Nos ambientes digitais reúnem-se a computação (a
informática e suas aplicações), as comunicações (transmissão e recepção de
dados, imagens, sons, etc.) e os mais diversos tipos, formas e suportes em
que estão disponíveis os conteúdos (livros, filmes, fotos, músicas e textos).
É possível articular telefones celulares, computadores, televisores, satélites,
etc. e, por eles, fazer circular as mais diferenciadas formas de informação.
Também é possível a comunicação em tempo real, ou seja, a comunicação
simultânea, entre pessoas que estejam distantes, em outras cidades, em ou-
tros países ou mesmo viajando no espaço (KENSKI, 2007, p. 33).

Essa junção das diversas tecnologias digitais de informação e comunicação


produz uma nova relação com todos os segmentos sociais, pois de onde quer que
estejamos, se houver um meio disponível, podemos articular e trocar informações,
independente do nosso espaço social. Neste sentido, podemos dizer que estamos
vivendo numa nova sociedade: na Sociedade da Informação.

A Sociedade da Informação não é um modismo. Representa uma profunda


mudança na organização da sociedade e da economia, havendo quem a con-
sidere um novo paradigma técnico-econômico. É um fenômeno global, com
elevado potencial transformador das atividades sociais e econômicas, uma
vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão,
em alguma medida, afetadas pela infraestrutura de informações disponíveis
(TAKAHASHI, 2000, p.5).

Essa consideração feita pelo autor nos obriga, de certa forma, a estabelecer
novas linguagens capazes de possibilitar comunicação com diferentes grupos, dife-
rentes instituições, diferentes sociedades. Neste contexto, aparecem as mídias, como
instrumentos que possibilitam ao indivíduo, ampliar e utilizar outras maneiras de se
expressar, de forma que com elas e por meio delas, este sujeito pode interagir com o
mundo que o cerca, com a sociedade na qual ele convive.
Se entendemos a educação como processo interativo de comunicação, logo
somos capazes de entender o papel das mídias, pois estas são usadas como canal
facilitador da educação, seja presencial, seja a distância. Assim, a integração das
NTICs na escola, torna-se fator preponderante nos dias atuais, uma vez que inúme-
ros alunos, escolas, professores, têm acesso às inúmeras mídias, especialmente a
internet, apesar de também reconhecermos que a exclusão digital ainda seja muito
grande.
Deste modo, nesta nova sociedade, o desafio se encontra em transformar
informação em conhecimento, cabendo à educação essa prerrogativa, uma vez que
na sociedade da informação, a educação torna-se elemento de relevante importância.

27
A educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade baseada
na informação, no conhecimento e no aprendizado. Parte considerável do
desnível entre indivíduos, organizações, regiões e países deve-se à desi-
gualdade de oportunidades relativas ao desenvolvimento da capacidade de
aprender a concretizar inovações. (TAKAHASHY, 2000, p.45).

Podemos então nos perguntar: Qual a relação destas transformações com


a educação? Qual a relação entre Mídia – Educação? Como estes dois con-
ceitos estão interligados? Utilize o espaço abaixo e coloque sua reposta.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________________________

Vamos, então, procurar entender essa relação entre mídia – educação!


Segundo Bévort e Belloni (2009, p. 1083), mídia – educação “é parte essen-
cial dos processos de socialização das novas gerações, mas não apenas, pois deve
incluir também populações adultas, numa concepção de educação ao longo da vida”.
Por mídia – educação, entendemos o processo de socialização do conhecimento,
mediado por tecnologias da informação e comunicação, hoje comumente utilizada
em inúmeras escolas por grande parte das pessoas, especialmente aqueles que têm
acesso à internet, seja por meio de computador ou até mesmo pelo celular.
Assim, a mídia, torna-se parte integrante e interessante na educação, uma
vez que possibilita ao aluno uma aprendizagem mais próxima de sua realidade e de
seu cotidiano, integrado e bombardeado pelas mais diversas mídias. Nesta socieda-
de, a educação dever ser reconfigurada, repensada. Deste modo:

28
[…] não basta dispor de uma infraestrutura moderna de comunicação; é pre-
ciso competência para transformar informação em conhecimento. É a educa-
ção o elemento-chave para a construção de uma sociedade da informação e
condição essencial para que pessoas e organizações estejam aptas a lidar
com o novo, a criar e, assim, garantir seu espaço de liberdade e autonomia
(TAKAHASHI, 2000, p.7).

Neste sentido, a educação deve configurar-se aos novos tempos, encontran-


do mecanismos que possibilitem sua socialização, o que pode ser ajudado pela in-
serção das mídias no contexto educacional. Como alerta Bévort e Belonni (2009, p.
1084), “a integração das Tecnologias da informação e comunicação (TIC) na escola,
em todos os seus níveis, é fundamental porque estas técnicas já estão presentes
na vida de todas as crianças e adolescentes e funcionam – de modo desigual, real
ou virtual – como agências de socialização, concorrendo com a escola e a família”.
Afinal, a questão das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) não
se apresenta como um fenômeno passageiro, pois observamos que, a cada dia, este
fenômeno nos impulsiona cada vez mais para dentro dele, como o ciclone que, ao
passar, atrai tudo que está ao redor para o seu interior.
Mas não se preocupe, na próxima unidade vamos abordar a relação de edu-
cação e mídias com maior profundidade; aqui, apenas fizemos um breve comentário
sobre uma questão que merece um olhar mais aprofundado para desvendar sua com-
plexidade.

Para aprofundar seu conhecimento sobre Mídia – Educação, leia o texto:


“Mídia – educação: conceitos, história e perspectivas”.
As professoras Evelyne Bévort e Maria Luiza Belloni apresentam, de forma
clara e simples, um breve histórico da questão da mídia – educação e tentam construir
um conceito que possibilite o entendimento do tema.

O texto destaca, ainda, a importância de se promover a mídia – educação,


a fim de se vencerem as barreiras da desatualização que prejudica muitas pesso-
as em nossos dias. O texto encontra-se no link: http://www.scielo.br/pdf/es/v30n109/
v30n109a08.pdf

29
ATIVIDADE FINAL – UNIDADE I

Prezado/a estudante,
Nesta unidade vimos um breve histórico da evolução das tecnologias que acompa-
nharam, a evolução do homem. Depois procuramos entender o que são tecnologias e
o que são novas tecnologias e como somos marcados por esta realidade que reorga-
niza nossa sociedade e nossa forma de viver.
Após a realização de nossos estudos, vamos realizar uma atividade que tem por ob-
jetivo perceber nosso domínio do conteúdo estudado e nossa capacidade de síntese.
Assim, para a realização da mesma peço que siga os passos abaixo indicados:

1. Conecte-se à Internet.

2. Acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=eFqXjF4KNxA&feature=related.

3. Utilizando do RealPlayer ou outro aplicativo, baixe o vídeo “o que é tecnologia?” em


seu computador.

4. Assista ao mesmo. Ele não possui falas. Trata-se de uma amostra que apresenta
algumas tecnologias e seus processos de inovações, além de trazer a questão do uso
das tecnologias nos nossos dias.

5. Construa um texto dissertativo de no mínimo duas laudas com o tema: O que são
tecnologias? A redescoberta do homem.

6. Lembre-se de argumentar e fundamentar suas ideias.

7. Para a apresentação do texto utilize fonte arial: tamanho 12 para título; 11 para o
corpo do texto e 10 para citações. Margem de 3,0 cm superior e esquerda e 2,0 cm
inferior e direita. Recuo de 2,0 cm para início de parágrafo e 4,0 cm para citações dire-
tas longas. Espaçamento entre linha de 1,5 sem espaçamento antes ou depois. Tanto
o Windows quanto o Linux nos possibilitam efetivar estas configurações.

8. Após o texto construído, salve com extensão pdf.

9. Envie para avaliação através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

30
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, vimos como as tecnologias evoluíram no decorrer do tempo.


Passando por diversas fases, graças à utilização da razão, o homem buscou encon-
trar instrumentos que o ajudasse a dominar a natureza e facilitasse seu modo de vida.
Vimos ainda que essas constantes mudanças possibilitaram mudanças na
vida humana, pois à medida que o homem avança na produção de nossas tecnolo-
gias, constrói uma sociedade dependente das mesmas.
Por fim, vimos como as NTICs influenciam diretamente inúmeros aspectos de
nossa vida e o reflexo das mídias na educação, enquanto instrumento presente na
mão de grande parte das pessoas que auxiliam a formação de novos costumes, nova
cultura, nova sociedade. Fato que exige da educação uma tomada de decisão na me-
dida em que seja necessário formar o sujeito desse novo tempo.
Não podemos negar que as tecnologias estão por toda parte e a cada dia
tornam-se mais essenciais a nossa vida, uma vez que nos possibilitam chegar onde
nunca pensamos ir, facilitam e melhoram nossas vidas. Mas, se por um lado as NTICs
tornam o mundo um local sem fronteiras e sem tempo, visto que as informações são
processadas em tempo real e de qualquer lugar, por outro lado, tornam-se importante
arma de controle de nossas vidas, às vezes deformando nossa identidade pessoal.
Assim, pensamos que a educação deve ser um espaço capaz de utilizar es-
sas novas ferramentas disponíveis como facilitadoras da relação ensino-aprendiza-
gem, mas, para além disso, temos que construir na educação e pela educação um
olhar crítico sobre essa nova sociedade, essa nova configuração, esse novo velho
mundo que conseguimos ver com outro olhar.
Precisamos, então, ter claro que a inserção das mídias na educação é inevitá-
vel, porém, não podemos, simplesmente, recebê-las sem questioná-las, sem subme-
tê-las à crítica e à reflexão.

31
UNIDADE II - EDUCAÇÃO E MÍDIAS: ABORDAGENS CONCEITU-
AIS, METODOLÓGICAS E POLÍTICAS

Introdução

Na Unidade anterior, vimos que o surgimento das Novas Tecnologias da Infor-


mação e da Comunicação (NTICs) têm modificado a vida do homem na medida em
que se inserem em seu cotidiano e provocam mudanças em suas relações com os
demais homens e com o mundo que o rodeia. Neste sentido, a educação, enquanto
criação humana, também sofre inúmeras mudanças. Ao se contemplar a realidade
educacional, observamos alunos que, se por um lado não conseguem dominar os
conteúdos, provavelmente não conseguirão prestar atenção nas aulas, por outro, são
exímios dominadores das NTCIs, e isso sem que ninguém os ensinem!
Deste modo, cabem-nos inúmeros questionamentos: O que fazer para atrair
a atenção dos discentes? Como tornar a relação ensino-aprendizagem algo mais pró-
ximo de suas realidades? A inserção das mídias pode tornar a escola mais participa-
tiva? Qual o papel do professor diante dessa nova realidade? Como a escola pode
tornar-se um local privilegiado da relação ensino-aprendizagem, mediado pelas novas
tecnologias ou pelas mídias? Como as mídias têm influenciado a vida escolar e na
aquisição e construção do conhecimento?
Na tentativa de respondermos estas questões, esta unidade apresentará di-
versas abordagens dessa problemática que torna o campo da educação uma realida-
de mais complexa, mas, ao mesmo tempo, exige a inserção de um novo paradigma
educacional. Assim, inicialmente construiremos alguns conceitos necessários para o
entendimento do tema, e, posteriormente, traremos algumas questões para debater
sobre a educação e as mídias.
Então, vamos lá, bons estudos!

1. AS MÍDIAS: UM PARADIGMA EMERGENTE

Certo dia desses, estava fazendo uma pesquisa na internet e me deparei com
um blog da Rede Presbiteriana de apoio à pessoa idosa, no qual se encontrava uma
postagem tratando da inserção das pessoas idosas no mundo digital. Apesar do bom
texto que a página dispunha, uma coisa chamou-me a atenção no primeiro momento
e levou-me a ler as informações contidas. Tratava-se de uma fotografia que apresen-
tava quatro senhoras idosas sentadas com um notebook no colo.
Observando a imagem, apresente suas impressões sobre a mesma, no espa-
ço abaixo.

32
Figura 6 - Inserção digital de idosos
Fonte: Blog da Rede Presbiteriana de apoio a pessoa idosa.
Disponível em: http://idosonewsipb.blogspot.com/2011/01/insercao-digital-de-idosos.html Acesso em: 22/09/16

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________________________

De acordo com Castells (2007), estamos vivendo uma constante transforma-


ção das relações, propiciadas pelas redes que produz novos paradigmas. Neste sen-
tido, para entender as diversas abordagens sobre as mídias precisamos começar por
entender o que são paradigmas. Então, vamos lá!
Para Moraes (1997, p. 31) “paradigma refere-se a modelo, padrões compar-
tilhados que permitem a explicação de certos aspectos da realidade. É mais do que
uma teoria; implica uma estrutura que gera novas teorias”. E continua afirmando que
se trata de:

33
[…] uma relação muito forte, que pode ser de conjunção ou disjunção, que
possui uma natureza lógica entre um conjunto de conceitos-mestres […] esse
tipo de relação dominadora é que determinará o curso de todas as teorias,
de todos os discursos controlados pelo paradigma. Seria uma noção nuclear
ao mesmo tempo linguística, lógica e ideológica. […] o paradigma primeiro
impõe conceitos soberanos e impõe, entre esses conceitos, relações que
podem ser de conjunção, de disjunção, de inclusão etc. […] um paradigma
privilegia algumas relações em detrimento de outras, o que faz com que ele
controle a lógica do discurso […] (MORAES, 1997, p. 31-32).

Neste sentido, a autora nos auxilia a entender que o paradigma é algo que
se impõe na sociedade, de forma a produzir novos pensamentos, novas necessida-
des, novos discursos, nossas teorias que surgem a partir da utilização dos temas em
evidência. Isso nos ajuda a compreender a questão das mídias. Em que sentido?
Veja bem: a mais ou menos 30 anos atrás, computador era uma realidade distante
e presente apenas nos filmes hollywoodianos, assim como telefone móvel, câmera
digital, sinal televisivo em alta definição, internet, entre tantos outros. Hoje, esses ins-
trumentos estão tão próximos de nós, que as novas gerações não conseguem nem
mesmo reconhecer uma máquina de escrever ou um toca disco que usava agulhas
para produzir o som.

Em tempos passados, não imaginávamos que teríamos um computador por-


tátil, que nos permitiria estar conectado com milhões de pessoas, formando
uma rede infinita de troca de informações e produzindo comunicação em
tempo real. Assim, podemos observar que está posto um novo paradigma:
o paradigma digital. Conforme Moraes (1997), o paradigma exige uma teoria que o
sustente, formulada a partir do vivido, do experienciado e que se torna um discurso
dominador; logo podemos perceber que as mídias têm produzido tal realidade, então,
trata-se de um novo paradigma.

Podemos, então, afirmar, de forma categórica, que as tecnologias da informa-


ção e da comunicação revolucionaram a forma de nos comunicarmos, uma vez que
por meios dos diversos instrumentos utilizados pelas NTICs acontece uma nova forma
de circulação da produção textual, seja escrita, seja visual, seja oral. E, nesse senti-
do, a educação escolar deve apresentar-se como possibilitadora de mediação dessa
nova linguagem midiática.
Mas vamos com calma! Agora que já sabemos o que é paradigma digital e ve-
rificamos que as NTICs apresentam-se como um paradigma emergente, vamos então
entender alguns conceitos referentes às mídias. Esse entendimento nos auxiliará a
entender as diversas abordagens da mídia na educação.

34
2. MÍDIA E MÍDIAS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS

As mídias não se constituem enquanto objetos isolados, mas são parte de


uma multiplicidade de tecnologias como já aprendemos na unidade anterior. Portanto,
antes de continuar nosso estudo, vamos aprender alguns conceitos que nos auxiliam
no entendimento do que vem a ser as mídias e as suas múltiplas faces.
Primeiramente, precisamos saber que quando falamos em mídia, nos referi-
mo-nos às novas maneiras utilizadas pelo ser humano para ampliar sua capacidade
de expressão e comunicação, ou seja, referimo-nos as inúmeras linguagens disponí-
veis para o homem se comunicar e interagir com o mundo em que vive. No dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa, entre os inúmeros significados para o verbete mídias,
diz-se que é:

[…] todo suporte de difusão da informação que constitui um meio intermedi-


ário de expressão capaz de transmitir mensagens; meios de comunicação
social de massas não diretamente interpessoais (como p.ex. as conversas,
diálogos públicos e privados). Abrangem esses meios: o rádio, o cinema, a
televisão, a escrita impressa (ou manuscrita, no passado) em livros, revistas,
boletins, jornais, o computador, o videocassete, os satélites de comunicações
e, de um modo geral, os meios eletrônicos e telemáticos de comunicação em
que se incluem também as diversas telefonias.

Ao analisarmos a etimologia da palavra, verificamos que se trata do plural, em


latim, para a palavra “meio”. Neste sentido, podemos entender o vocábulo, a partir de
vários aspectos, como: um meio de difusão da informação, como é o caso do rádio,
dos jornais, da televisão; como um instrumento que gera a informação, como é o
caso da máquina fotográfica e da filmadora; como instrumento de registro das in-
formações, como as antigas fitas de vídeo, os Compact Disc (CD) que seria um disco
completo, o DVD (abreviatura de Digital Versatile Disc, em português, Disco Digital
Versátil), e hoje os blu-ray (disco óptico igual ao CD ou DVD) que são discos ópticos
de armazenamento de imagens, entre outros. Ao falar de mídia, podemos, ainda, as-
sociá-la à forma como as informações são disseminadas na sociedade, na forma
de mídia impressa, mídia eletrônica, mídia digital, etc.
Podemos, então, entender que o termo “mídias”, que hoje usamos no plural,
pretende designar essa complexidade de possibilidades que permitem a comunicação
oral, escrita ou imagética, sua difusão e/ou seu armazenamento. Outro fator, aponta-
do por Santella (1996), que não pode ser esquecido, é o fato de que as mídias, que
temos hoje, são resultados de três transformações que ocorreram desde o final do
século XIX: a primeira, foi a impressão de livros e jornais em grande escala, graças
às impressoras a vapor e o acesso ao papel; a segunda, consiste na utilização de
ondas eletromagnéticas para transmitir som e imagem, como é o caso do rádio, que
surge em 1920 e a televisão, em 1939. A última transformação diz respeito ao arma-

35
zenamento e distribuição das informações graças a inserção de computadores e da
internet, na segunda metade do século passado.
Esta última transformação tem se popularizado cada vez mais no mundo e
não param de possibilitar novas formas de comunicação entre os indivíduos, tornando
o mundo cada vez mais sem fronteiras geográficas e temporais, ou seja, não se faz
necessário sair de casa para conhecer um lugar distante, ou ainda, em relação ao
tempo, as informações podem ser obtidas em tempo real, no exato momento em que
ocorre determinado acontecimento.
Mas segundo Dizard (1998, p. 32), “todas as formas e instrumentos da mídia
estão cada vez mais se fundindo em sistemas inter-relacionados”. Esta constatação
do autor é real, pois ultimamente vemos que um único instrumento é capaz de reali-
zar várias funções, como é o caso dos celulares, computadores, ipeds, e outros que
possibilitam comunicar-se tanto oralmente como por escrito, armazenar dados, aces-
sar internet, ler livros, ver filmes, fotografar e armazenar as fotos entre tantas outras
funções.
Dadas essas novas configurações das “antigas” mídias, surgem outros ter-
mos para designar suas novas funções, tais como: multimídia, hipertexto, telemática,
hipermídia e ciberespaço. Vejamos cada um destes conceitos.
O termo multimídia refere-se tanto à capacidade de um computador ou de
um programa digital integrar várias mídias (áudio, vídeo, ilustração, texto…) ou, ain-
da, as produções que integram essas várias mídias, possibilitando interação entre o
programa e seus usuários; como exemplo, podemos citar um dicionário, um curso de
língua estrangeira armazenado em um CD ou DVD.
Por hipertexto, segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, pode-
mos entender a

apresentação de informações escritas, organizadas de tal maneira que o lei-


tor tem liberdade de escolher vários caminhos, a partir de sequências asso-
ciativas possíveis entre blocos vinculados por remissões, sem estar preso a
um encadeamento linear único […] forma de apresentação de informações
em um monitor de vídeo, na qual algum elemento (palavra, expressão ou
imagem) é destacado e, quando acionado (geralmente mediante um clique
de mouse), provoca a exibição de um novo hipertexto com informações rela-
tivas ao referido elemento.

As referências internas de um hipertexto que conduzem a outro documento


são chamadas de hiperlinks ou links, sendo que hoje o sistema de hipertexto mais
conhecido é a World Wide Web. Para entender melhor o que é um hipertexto, siga os
passos a seguir e vamos fazer um rápido exercício.

36
1. Conecte-se à internet.
2. Clique no link abaixo (trata-se de um hipertexto)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
3. Verifique que nesse site há inúmeros textos grafados na cor azul e a
medida que você passa o mouse por eles, aparece um tracejado abaixo, ou
seja, o texto inicial lhe remete a um outro texto. Isso é um hipertexto.

E então, deu para entender o que é um hipertexto? Vamos, então, prosseguir


nosso estudo.
O próximo conceito a entendermos é o de telemática. O termo aparece pela
primeira vez na França (télématique), quando em 1976, Simon Nora e Alain Minc,
publicam o livro intitulado “L’informatisation de la societé“. Essa obra chegou ao Brasil
em 1980, e foi traduzida e publicada pela Editora FGV, com o título “A informatização
da sociedade”. A obra apresenta uma visão sobre o futuro evolutivo da tecnologia.
Ao utilizar o termo telemática, Nora e Minc (1980, p. 42) afirmam tratar-se de “uma
disciplina científica que surge da evolução e fusão das telecomunicações e da infor-
mática”. A palavra é formada pelo prefixo grego tele, da palavra telecomunicações e o
sufixo mática, da palavra informática. Assim, telemática seria o campo científico e tec-
nológico que possui considerável amplitude e engloba o estudo, o desenho, a gestão
e a aplicação de redes e serviços de comunicação, para o transporte, armazenamento
e processamento de toda e qualquer informação (dados, voz, imagem, etc), incluindo
a análise e o desenho de tecnologias e sistemas de comunicação.

Figura 7 - TELEMÁTICA: Integração das telecomunicações e a informática


Fonte: BLOG LAPRIDACOMPUTACIONAL
Disponível em: http://lapridacomputacional.wikispaces.com/Telem%C3%A1tica+-+Ofim%C3%A1tica+++Bur%C3%B3tica+-+-
Dom%C3%B3tica Acesso em: 22/09/16

Assim, podemos entender que pela telemática, ou seja, pelo processo de


compreensão, armazenamento, transmissão e processamento de uma imensa quan-
tidade de dados, os usuários de qualquer ponto do mundo podem acessar qualquer
informações que lhes seja necessária, em curto espaço de tempo. A internet é um
grande mecanismo telemático, pois integra elementos das telecomunicações e da

37
informática. Atualmente, a telemática é concebida como uma área de conhecimento,
tanto da Telecomunicação como da Informática.
Por fim, vamos ao conceito de hipermídia. Negroponte (1995) afirma que
esse conceito relaciona-se diretamente com o conceito de hipertexto, uma vez que
ambos surgem quase que paralelamente, pois enquanto o hipertexto direciona o usu-
ário para outros textos, a hipermídia possibilita uma interação com sons, imagens,
vídeos e tantas outras informações que estejam disponíveis e produzam certa repre-
sentação digital. Muitas redes sociais, como: o facebook, o já extinto Orkut e os blogs,
são redes que se utilizam da hipermídia uma vez que possibilitam interação entre tex-
to escrito, sons, imagens, vídeos, jogos e muitos outros. Assim, segundo Negroponte
(1995, p. 66):

A hipermídia é um desenvolvimento do hipertexto, designando a narrativa


com alto grau de interconexão, a informação vinculada […] Pense na hiper-
mídia como uma coletânea de mensagens elásticas que podem ser esticadas
ou encolhidas de acordo com as ações do leitor. As ideias podem ser abertas
ou analisadas com múltiplos níveis de detalhamento.

No entanto, a hipermídia só foi amplamente disseminada na primeira década


do século XXI, uma vez que anteriormente a isso os computadores e os hardwares
não possuíam tecnologia suficiente para possibilitar tal recurso, assim, conforme fo-
ram sendo criadas novas tecnologias que possibilitassem a utilização de novos re-
cursos informacionais e de utilização de vídeos, sons e imagens, a hipermídia foi se
tornando presente no mundo tecnológico, tornando inclusive as páginas da web mais
dinâmicas e mais atrativas. É graças a esse recurso que quando entramos em uma
página de um site como: a UOL, Globo.com, que podemos interagir com as diversas
possibilidades de recurso que temos nas mesmas.
Para diferir de um hipertexto, a característica mais marcante da hipermídia é a
leitura não linear da informação. Por exemplo, ao entrar em um site da web, você pode
acessar qualquer link, qualquer figura, qualquer vídeo sem que haja um direciona-
mento prévio, ou uma informação anterior que lhe indique o que fazer. Cada parte da
mídia acessada é uma nova informação completa. Uma enciclopédia digital, também
é um bom modelo de hipermídia.
Assim, a hipermídia produz, necessariamente, a construção de um novo es-
paço virtual, que é conhecido como ciberespaço que seria uma espécie de cérebro
virtual, no qual estão guardadas todas as informações, e que podem ser acessadas
a qualquer momento, de qualquer lugar, e que incorpora em seu acervo inúmeros
sistemas, inúmeras fontes de informação, tais como: texto escrito, livros, jornais, ví-
deo, cinema, fotografia, pintura, rádio, som entre tantos outros. Por este motivo, o
ciberespaço permite que os usuários possam acessar e trocar informações, acessá
-las sempre que necessário, criar novas informações e interconectar a produção e o

38
armazenamento de inúmeros conhecimento.
Esta memória virtual tem permitido, inclusive, que, nos diversos campos das
ciências e na construção do conhecimento, seja possível a troca constante de infor-
mações que possibilitam novos estudos, novas pesquisas, novas abordagens sobre
um mesmo tema. Castells (2007) entende que o ciberespaço é um ambiente de cul-
tura, ou seja, um ambiente que permite a formação do que ele denomina sociedade
em rede. Essa mesma ideia já era defendida por Lévy (1999) quando inferia que o
ciberespaço possibilita a troca, a cooperação e a aprendizagem mediadas pela rede.

O ciberespaço, dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresen-


ta-se como um instrumento dessa inteligência coletiva. É assim, por exem-
plo, que os organismos de formação profissional ou à distância desenvolvem
sistemas de aprendizagem cooperativa em rede […] Os pesquisadores e es-
tudantes do mundo inteiro trocam ideias, artigos, imagens, experiências ou
observações em conferências eletrônicas organizadas de acordo com inte-
resses específicos (LÉVY,1999, p. 29).

Neste sentido, podemos encontrar a primeira grande contribuição da utiliza-


ção das mídias para a educação, uma vez que estas podem ser utilizadas como am-
bientes de aprendizagem que possibilitam ao aprendente uma flexibilidade do tempo
e do espaço escolar, além da facilidade de acessar determinado tema de onde quer
que esteja e trocar experiências com professores, pesquisadores e colegas sobre o
tema de interesse. Mas disto trataremos a seguir.

E então, os conceitos aqui apresentados ficaram claros?


Lembre-se de que, sempre que você tiver uma dúvida, você poderá recorrer
ao seu tutor, pois ele poderá ajudá-lo/a no esclarecimento, e, logo, no en-
tendimento correto da lição. Por isso, antes de continuarmos, vamos fazer
uma atividade?

Atividade
Prezado/a estudante,
Vamos fazer um exercício prático sobre estes conceitos; siga os passos a seguir e
depois responda ao questionário marcando as afirmativas corretas. O questionário
encontra-se disponível no ambiente virtual. No entanto, lembre-se que há um prazo
para a realização dessa tarefa que foi estabelecido pelo seu tutor, por isso não deixe
de respeitar a ele.

39
• Passo 1: Acesse o link abaixo:
http://webeduc.mec.gov.br/portaldoprofessor/biologia/teiadavida/conteudo/index.html
Caso você não tenha instalado em seu computador o plug-in: Adobe Flash Player será
necessário instalá-lo para que você consiga ter acesso ao túnel de mídias.
Para baixar o plug-in click no Link: https://get.adobe.com/br/flashplayer/ em seguida
no botão “Instalar agora” e siga as instruções.
• Passo 2: Na parte superior da tela identifique o link “guias”, em seguida, “multimí-
dias”, em seguida a opção “1.Biologia” e acesse.
• Passo 3: Acesse qualquer imagem do túnel das mídias. Ao centro do túnel apa-
recerá um quadro com uma cidade. Acesse abaixo da barra “cidade” campo leste
ou campo oeste. Você será direcionado a uma ampliação da imagem. Localize um
pequeno círculo, circulado por outros círculos, acesse e acompanhe a historinha,
clicando na barra superior esquerda, escrita avançar até terminar a historinha.
Depois clique em fechar.
• Passo 4: Acesse, na barra superior da página, o link “mídias”, vá até jogos, sele-
cione o jogo “controlando as espécies exóticas” e execute o jogo.

Questionário:
1. Ao acessar o link do passo 1, isso só é possível por haver:
a) Um hipertexto que conduz a outro texto.
b) Um ciberespaço que permite que as informações sejam armazenadas numa me-
mória virtual.
c) A relação telemática que agrega a informática e as telecomunicações.

2. Podemos dizer que a página acessada é:


a) Um ciberespaço
b) Uma hipermídia
c) Uma multimídia

3. Ao seguir o passo 2 do exercício você entrou em contato com:


a) Um hipertexto
b) Uma telemática
c) Um ciberespaço

4. Ao efetivar o passo 3, você teve contato com:


a) Uma multimídia
b) Uma hipermídia
c) Um hipertexto

5. A interatividade entre texto, som, imagem realizada no passo 4 é um exemplo de:


a) Multimídia
b) Hipermídia
c) Hipertexto

40
Discorra sobre sua experiência ao acessar o Túnel de Mídias: Você encontrou difi-
culdades? Qual sua impressão/diagnóstico do uso desta ferramenta de interação?
Quais as facilidades e dificuldades a tecnologia nos propõe/impõe com sua utilização
educacional?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________________________

3. EDUCAÇÃO E MÍDIAS: UMA QUESTÃO DE MÉTODO

Como afirmamos, as NTICs, e dentre elas as mídias, especificamente, têm


exigido do campo educacional um novo olhar sobre relação ensino-aprendizagem,
professor-conhecimento-aluno. Assim, segundo Alarcão (2010, p. 13), “a sociedade
da informação, como sociedade aberta e global, exige competências de acesso, ava-
liação e gestão da informação oferecida”. E isso exige que as escolas sejam o lugar
da aquisição de novas competências a serem “adquiridas ou reconhecidas e desen-
volvidas” (ALARCÃO, 2010, p. 13).

Figura 8 - Steve Jobs


Fonte: https://static.independent.co.uk/s3fs-public/thumbnails/image/2014/09/11/21/ipad.jpg Acesso em: 22/09/16

41
As novas gerações, especialmente, aqueles que nasceram nas últimas dé-
cadas do século passado, têm compreendido que a escola não é o único meio para
construir conhecimento; trata-se apenas de mais um entre tantos outros que a so-
ciedade da informação possui. Um grande exemplo desse novo fenômeno foi Steve
Jobs, que nem sequer terminou um curso universitário e tornou-se um grande cientis-
ta da informática, que possibilitou, pela sua ousadia e caráter inovador, que inúmeras
tecnologias informacionais chegassem até nós.
Assim, percebe-se que:

Nesta era da informação e da comunicação, que se quer também a era do


conhecimento, a escola não detém o monopólio do saber. O professor não é
o único transmissor do saber e tem de aceitar situar-se nas suas novas cir-
cunstâncias que, por sinal, são bem mais exigentes. O aluno também já não é
mais o receptáculo a deixar-se rechear de conteúdos. O seu papel impõe-lhe
exigências acrescidas. Ele tem de aprender a gerir e a relacionar informações
para as transformar no seu conhecimento e no seu saber. Também a escola
tem de ser uma outra escola. A escola, como organização, tem de ser um
sistema aberto, pensante, flexível. Sistema aberto sobre si mesmo e aberto à
comunidade em que se insere (ALARCÃO, 2010, p. 16-17 – grifos da autora).

A fala da autora deixa claro que se faz necessária a busca de novas me-
todologias, ou por que não dizer de novas didáticas para efetivar a relação ensino
-aprendizagem, pois a inserção das mídias no campo educacional exige um novo
comportamento da escola, do professor, do aluno, ou melhor, de toda a educação.
Uma mudança capaz de gerar e gerir novas possibilidades de conhecimento, princi-
palmente, a de transformar informação em conhecimento.
Sendo assim, uma questão a ser colocada em debate no campo da inserção
das mídias na educação diz respeito às metodologias utilizadas em sala de aula, pois
“a rápida evolução dos conhecimentos, conjugada com a igualmente rápida evolução
das necessidades da sociedade, exigem de todos uma permanente aprendizagem
individual e colaborativa” (ALARCÃO, 2010, p. 17), situação esta, para a qual nem
sempre a escola parece preparada.
Como vimos na primeira unidade, estamos diante de um novo paradigma. As-
sim, não podemos enfrentar esse novo paradigma com nossas antigas atitudes, uma
vez que a simples introdução das mídias na educação não é garantia de uma educa-
ção de qualidade, ou seja, de nada adianta termos as melhores mídias na escola se
não tivermos condição de operá-las. Analisando essa situação, Kenski (2007, p. 45)
afirma:

42
Por mais que as escolas usem computadores e internet em suas salas, estas
continuam sendo seriadas, finitas no tempo, definidas no espaço restrito das
salas de aula, ligadas a uma única disciplina e graduadas em níveis hierárqui-
cos e lineares de aprofundamento dos conhecimentos em áreas específicas
do saber. Professores isolados desenvolvem disciplinas isoladas, sem maio-
res articulações com temas e assuntos que têm tudo a ver um com o outro,
mas que fazem parte dos conteúdos de uma outra disciplina, ministrada por
um outro professor. E isso é apenas uma pequena parte do problema para
melhoria do processo de ensino.

Como se pode observar na fala da autora, a questão da metodologia utilizada


pela escola tem-se constituído como entrave para o desenvolvimento de uma nova
educação, na era da informação, na sociedade do conhecimento, pois não é suficien-
te a introdução das mídias, mas acima de tudo, faz-se necessária uma mudança de
mentalidade, ou melhor, uma mudança de concepção, uma mudança de forma, de
entendimento em que a educação deverá ser uma comunidade reflexiva, ou seja,
uma comunidade de aprendizagem em que se produz conhecimento, inclusive sobre
a própria educação.
As mudanças metodológicas exigidas pela sociedade da informação e da co-
municação exigem da educação uma nova teoria educacional capaz de entender que
as antigas teorias e/ou filosofias educacionais, apesar de não poderem ser despreza-
das, precisam ser ressignificadas numa sociedade que se transforma a cada instante
e produz no sujeito uma constante incerteza diante do mundo, da realidade, diante da
vida.
Ao que nos parece, não são as metodologias que estão em desacordo com os
novos tempos, mas as concepções educativas. E nesse caso, é primordial entender
que as mídias não são métodos, mas recursos que podem produzir um novo pensar e
uma nova atitude educacional.
Inclusive, várias pesquisas realizadas em Programas de Pós-Graduação e
nos diversos Núcleos de Pesquisa, tanto em Educação quanto na área de Informá-
tica, Mídias e ainda a Mídia Educação, têm demonstrado os casos de insucesso de
muitas escolas, que apesar de terem inserido computadores conectados à internet,
mídias audiovisuais e outros tantos recursos no cotidiano escolar, contudo, e mesmo
assim, não conseguiram adquirir excelência no ensino, cujas razões estão ligadas às
questões de como a educação é pensada e efetivada em sua prática. Neste sentido,
Kenski (2007, p. 56), alerta:

43
Ao pensarmos no uso das mais diferentes mídias na educação – programas
de rádio, televisão e, mais modernamente, computadores e internet – saber-
mos de muitos projetos que redundaram em fracasso ou não alcançaram
os objetivos pretendidos. Projetos baseados em programas de rádio e de
televisão, no uso de computadores nas escolas, em videoconferências e pro-
gramas auto-instrucionais utilizando CDs e DVDs, em gravações de áudio
e vídeo já foram realizados em diversas épocas, para a formação ou treina-
mento de professores, para a erradicação do analfabetismo e para o ensino
e capacitação de profissionais de todo gênero. No entanto, a tecnologia, ape-
sar de ser essencial à educação, muitas vezes pode levar a projetos chatos
e pouco eficientes.

Ainda, analisando a questão da contribuição das mídias na educação, Ke-


nski (2007, p. 49) afirma que para que estas possam trazer alterações no processo
educativo, “[…] elas precisam ser compreendidas e incorporadas pedagogicamente
[…] o que vai fazer diferença qualitativa é a capacidade de adequação do processo
educacional aos objetivos”, ou seja, é preciso descobrir como utilizar as diferentes
linguagens midiáticas na educação, a fim de potencializar a construção de saberes
significativos para o aluno em seu contexto.
Além dessa inadequação das mídias à educação, outros problemas se apre-
sentam, tais como: a falta de conhecimento dos professores na utilização pedagógica
das mídias, uma vez que estes não são formados para a utilização desses recursos;
o uso da educação a distância para a formação e capacitação do professor, que, ape-
sar de usar as mídias como recurso (videoconferências, videoaulas etc), utilizam-se
dos mesmos meios tradicionais empregados na educação presencial; a inadequação
do conteúdo que vai ser ensinado às linguagens midiáticas, uma vez que, para cada
conteúdo existe uma mídia mais adequada; os problemas técnicos e de instalação
de equipamento que nem sempre possibilitam o acesso ao aprendente, entre tantos
outros.
Como podemos perceber, a questão da metodologia na inserção das mídias
na educação tem se configurado em um grande problema que vai desde a mudança
da concepção de educação até as questões de ordem técnica. Uma coisa é patente:
inserir as mais diversas mídias na educação não possibilita a melhoria da qualidade
do ensino. O que pode produzir essa qualidade são as pessoas envolvidas no proces-
so. E educação é uma relação feita por pessoas.

Antes de prosseguir, sugiro a leitura do texto intitulado “Novas Tecnologias


na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora?”, de auto-
ria de Paulo Gileno Cysneiros, Publicado na Revista Informática Educativa
UNIANDES – LIDIE, Vol 12, N. 1, 1999, p. 11-24.
O texto apresenta importante análise sobre a inserção das novas tecnologias
na escola sem que se modifiquem as práticas.

44
Para ler acesse:

http://clickideia.com.br/site2/sites/default/files/usuarios/usuario13772/arqui-
vos/articles-106213_archivo.pdf

Atividade

Caro/a estudante,
Até agora, vimos que as mídias têm grande poder na sociedade da informa-
ção e do conhecimento; no entanto, sua simples inserção não garante uma educação
capaz de vencer os desafios postos por uma sociedade em constante transformação.
Para analisar esse fenômeno, assista ao vídeo indicado no link abaixo e pro-
duza um texto dissertativo com o tema: Os desafios da inserção das mídias na edu-
cação.
Salve o texto com a extensão pdf e poste no ambiente virtual de aprendiza-
gem.
http://www.youtube.com/watch?v=e_1_ppZ4IPk&feature=related

4. AS INÚMERAS INICIATIVAS DE INSERÇÃO DAS MÍDIAS NA EDUCAÇÃO

Caro/a estudante,
Neste subtítulo de nosso estudo não apresentaremos todas as abordagens
políticas (diretrizes, legislação e políticas públicas) referentes à implantação das mí-
dias na educação, e muito menos, faremos de forma separada (em subitens), por
duas razões: uma de ordem prática e outra de ordem teórica. A primeira, refere-se à
impossibilidade de espaço e de tempo de que dispomos; a segunda, diz respeito à
necessidade de ter uma pesquisa extensa e exaustiva para que tivéssemos condição
de dominar o tema completamente. Assim, optamos por apresentar algumas iniciati-
vas governamentais que são políticas públicas e que, de certa forma, apresentam as
diretrizes e a legislação vigente sobre o tema.
Então, vamos continuar? A você, bons estudos!
Inicialmente, podemos dizer que, no Brasil, não há uma legislação específica
que trate da inclusão das mídias na educação, ou melhor, não há uma lei ou diretriz
que apresente o termo mídias. Mas isso não significa que não há uma preocupação
com as mídias na educação. Vamos entender melhor a questão. Nos Parâmetros Cur-
riculares Nacionais – Temas Transversais para o terceiro e quarto ciclos, destaca-se a

45
necessidade de articular a escola com as tecnologias. No texto encontramos:

[…] assegurar uma educação de base científica e tecnológica, na qual con-


ceito, aplicação e solução de problemas concretos são combinados com uma
revisão dos componentes socioculturais orientados por uma visão epistemo-
lógica que concilie humanismo e tecnologia ou humanismo numa sociedade
tecnológica (BRASIL, 1998, p. 39).

Considerando que os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs foram lan-


çados após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB
nº 9.394, em 20 de dezembro de 1996, poderíamos perguntar se antes disso, não
havia, no Brasil, a utilização de mídias na educação. A resposta seria negativa. Vamos
então entender melhor este contexto.
Bem, como vimos anteriormente, ao mencionarmos o termo mídias referimo-
nos a vários recursos de comunicação e informação. Assim é que no Brasil, várias
mídias já foram utilizadas como recurso de educação e até de alfabetização em nosso
país. Como é o caso do rádio, que foi introduzido no início da década de 1920, no
Brasil e logo se tornou um veículo possibilitador de educação, especialmente, na mo-
dalidade a distância, num país de dimensão continental, como o Brasil.
Mas, além do rádio, outras mídias foram sendo usadas como instrumentos
educativos no país. A partir da década de 1980, a redemocratização do Brasil, após
anos de ditadura militar, dá início a inúmeras iniciativas em todos os âmbitos da so-
ciedade brasileira, inclusive para a educação. Mas, somente nos anos noventa, a
mídia começa a ser usada na educação de forma mais popular, pois até então, as
experiências de inserção de mídias, na educação, são experiências isoladas, que não
despertavam grande interesse ou iniciativa governamental.
Um dos primeiros marcos dessa nova iniciativa advém da Conferência Mun-
dial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia, de 5 a 9 de março
de 1990. A Declaração Mundial sobre Educação para Todos, escrita neste evento,
apresenta um Plano de Ação para a Satisfação das Necessidades Básicas de Apren-
dizagem. No que diz respeito ao uso de tecnologias na educação, o preâmbulo do
documento reconhece que “mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso
ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melho-
rar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e
culturais” (UNESCO, 1990).
A LDB nº 9.394/96, lei maior da educação do país, no Capítulo II, que trata da
Educação Básica, aponta, no Artigo 32, que o Ensino Fundamental, que tem como ob-
jetivo a formação básica do cidadão, mediante também “a compreensão do ambiente
natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade”.
No entanto, antes mesmo da promulgação da LDB, o Decreto nº 1.917, de 27

46
de maio de 1996, criava a Secretaria de Educação a Distância – SEED, que promoveu
naquele mesmo ano a estreia do canal de televisão TV Escola e apresentou ainda o
documento “Programa Informática na Educação”. Este documento, amplamente de-
batido nos anos posteriores, levará a criação do Programa Nacional de Informática na
Educação – ProInfo, por meio da Portaria nº 522, de 9 de abril de 1997. Segundo o ar-
tigo 1º, da referida Portaria, a finalidade do Programa é: “disseminar o uso pedagógico
das tecnologias de informática e telecomunicações nas escolas públicas de ensino
fundamental e médio pertencentes às redes estadual e municipal”. Cabendo a SEED
normatizar e estabelecer diretrizes para a fixação de critérios e operacionalização do
ProInfo (BRASIL, 1997, Art. 4).
Além do ProInfo, a Secretaria de Educação a Distância, também tem desen-
volvido inúmeros outros programas e ações, dentre os quais destacam-se: Domínio
Público (uma biblioteca virtual com mais de 100 mil obras literárias, artísticas e cien-
tíficas), DVD escola (programa que oferece a escolas públicas de educação básica
um kit de DVDs com mais de 150 programas veiculados pela TV Escola), E-proinfo
(ambiente virtual colaborativo de aprendizagem), E-Tec Brasil (sistema Escola Técni-
ca Aberta do Brasil, com o objetivo de ofertar educação profissional e tecnológica a
distância), o Sistema Universidade Aberta do Brasil, que possibilita a oferta de cursos
em EaD, dentre outras iniciativas. É necessário lembrar que muitos estados e muni-
cípios têm investido na inserção de novas mídias na educação e implantado diversos
programas com diretrizes e normatizações próprias.

Um melhor esclarecimento sobre os diversos programas e ações desen-


volvidos pela Secretaria de Educação a Distância – SEED, podem ser ad-
quiridos acessando o site da Instituição. Então, acesse o site do Ministério
da Educação e obtenha inúmeras informações e, além disso, verifique os inúmeros
recursos disponíveis ao professor, especialmente no portal do professor que apre-
senta grande número de mídias que podem ser utilizadas em sala de aula. O ende-
reço eletrônico é: http://portal.mec.gov.br. Outro importante portal que você não deve
deixar de visitar é o http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao. Esse site apresenta
um curso sobre mídias e educação em três níveis: básico, intermediário e avançado.
Esses cursos podem ser realizados on-line e possuem um material muito interessante
sobre o tema. Vale a pena visitar.
Por outro lado, temos ainda iniciativas oriundas dos Institutos Federais de
Educação, das Universidades Federais e Estaduais, além de instituições de iniciativa
privada, que têm estabelecido metas para auxiliar e possibilitar o uso das novas mí-
dias no ambiente escolar – especialmente informática e internet – na tentativa de pro-
mover o que se chama de Info inclusão, possibilitando com isso que aqueles que têm
menos possibilidade de acesso, possam conhecer e ter ingresso neste mundo virtual.

47
Neste sentido, multiplicam-se em todo país os Núcleos de Estudo e Pesquisas
sobre as mídias na educação que, além de buscar entender esse processo de inser-
ção, têm implantado experiências com grande índice de sucesso, em muitos locais do
território nacional.

Agora que estamos chegando ao final dessa segunda unidade de nosso


estudo, vamos ler alguns artigos, disponíveis on-line que nos ajudam a ter
um aprofundamento mais intenso sobre os diversos temas tratados até aqui.

O primeiro, intitulado “INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: uma análise do


PROINFO, de Izabel Luvison Ronsani, apresenta uma interessante visão
sobre o Programa buscando entender suas contribuições e contradições no
processo de ensino-aprendizagem. O texto encontra-se disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/revis/revis16/art8_16.pdf Acesso
em: 22/09/2016
Nossa segunda orientação de leitura não é de um artigo, mas de um projeto
inovador realizado pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia,
que se apresenta como uma iniciativa de sucesso: o Tabuleiro Digital. Esse projeto
tem como finalidade a inclusão digital e o acesso da comunidade ao ambiente univer-
sitário. O conteúdo encontra-se disponível em:
http://www.tabuleirodigital.com.br/twiki/bin/view/Tabuleiro/ProjetoTabuleiroDi-
gital Acesso em: 22/09/2016
Por fim, não deixe de ler o texto do Prof. Paulo Sérgio Garcia, da USP, com o
título “A Internet como nova mídia na educação”. O autor apresenta o uso da internet
como uma ferramenta metodológica que pode auxiliar a prática docente na escola, a
fim de uma melhoria na relação ensino-aprendizagem. Para ler, acesse:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/
EAD/NOVAMIDIA.PDF Acesso em: 22/09/2016

48
ATIVIDADE FINAL – UNIDADE II

Prezado/a estudante,
Chegamos ao final de mais uma etapa de estudo, agora vamos relembrar o que es-
tudamos, executando uma tarefa que tem como finalidade primeira a construção do
conhecimento e como consequência a obtenção de média para o curso. Por isso,
lembre-se de que seu comprometimento é muito importante na realização da mesma.

As novas e céleres transformações do tempo presente exigem do professor a capa-


cidade de pensar e agir dinamicamente. Neste sentido, o profissional da educação
é desafiado a produzir novas teorias, novas metodologias, novas possibilidades de
explorar e instigar a relação ensino-aprendizagem. Pensando em alunos da educação
básica, elabore um plano de aula que contemple o uso de mídias como recurso me-
todológico.
Para acessar o plano de aula, acesse a biblioteca virtual do curso.

Caso você nunca tenha feito um plano de aula, pesquise as Web sobre o assunto,
pois esta atividade também leva em conta sua familiaridade com a internet, uma vez
que esta tem se constituído como importante ferramenta pedagógica em ambientes
escolares.
Após a elaboração do plano de aula, poste o mesmo no ambiente virtual de aprendi-
zagem.

49
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, vimos que a sociedade da informação e do conhecimento ope-


racionaliza um volume intenso e extenso de informações que devem ser depuradas
para que sejam transformadas em conhecimento, o que demanda o entendimento de
um novo paradigma que se descortina em nossos dias.
Vimos ainda que torna-se essencial à educação a apreensão do entendimento
teórico conceitual dessa nova sociedade que nos possibilita entender do que se trata
e como se trata essa sociedade emergente. Esse entendimento conduz à descoberta
de novas possibilidades de entender a relação ensino aprendizagem. No entanto,
essas novas metodologias pedagógicas não dependem somente da ação isolada do
professor, mas de políticas públicas que garantam e estabeleçam leis e diretrizes que
devem ser seguidas na implantação das mídias na educação como recurso capaz de
propiciar ao aprendente a verdadeira aquisição do conhecimento.
Sem dúvida, estamos vivendo em uma sociedade que exige novas possibili-
dades de apropriação do conhecimento. Neste sentido, a educação tem a tarefa de
proporcionar às novas gerações a possibilidade de pensar meios capazes de transfor-
mar informação em conhecimento. Para isso, faz-se necessário conhecer os novos e
inúmeros conceitos que permeiam essa sociedade da informação e da comunicação.
O domínio teórico sobre a temática pode possibilitar uma nova abordagem
metodológica na sala de aula, capaz de modificar o ambiente educacional, uma vez
que o professor sente-se mais preparado para intervir como mediador da relação
ensino-aprendizagem; o aluno sente a educação mais próxima de seu contexto e a
escola torna-se ambiente capaz de propiciar o encontro com o conhecimento, sem, no
entanto, desprezar o conhecimento prévio do aluno.
Essa nova educação exige, por sua vez, a implantação de políticas públicas
de inclusão, especialmente dos que não têm acesso à educação e as novas mídias.
Assim, ainda que inúmeras iniciativas já estejam em plena realização, cabe ao Estado,
enquanto primeiro responsável pela educação, estabelecer diretrizes, avaliar constan-
temente os programas e investir tanto na formação de professor como na aquisição
de equipamentos para a escola, que permitam ao professor o exercício prático do que
foi aprendido teoricamente.
E, assim procedendo, se formos capazes de formar um tripé que contemple
a teoria que sustente uma reflexão amadurecida sobre as mídias e suas inúmeras
contribuições para a educação, a prática pedagógica agora pensada a partir de novos
paradigmas que rompem com a unilateralidade do tradicionalismo que pensa que
educação tem fórmula única para ser efetivada e, por fim, se houver políticas públicas
eficientes, temos a convicção de que estarão ao alcance de todos os ingredientes
necessários a uma educação de sucesso.

50
UNIDADE III - EDUCAÇÃO E MÍDIAS: DESAFIOS E PERSPECTI-
VAS NA PRÁTICA EDUCACIONAL

Introdução

Como vimos até agora, a humanidade passa por um momento singular de


transformação. Trata-se de uma verdadeira revolução no campo do conhecimento,
que se reflete diretamente na vida cultural, social, intelectual e até psíquica das pes-
soas. As novas mídias, identificadas especialmente com a internet e os diversos re-
cursos de conectividade, têm produzido uma sociedade construída por relações in-
visíveis, mas que, ao mesmo tempo apresentam-se de forma concreta, produzindo
inúmeras contradições e novas perspectivas à sua permanência e perpetuação.
Ao compreendermos que a educação é uma relação social, temos em mente
que esta acontece em um tempo histórico determinado pelos inúmeros fatores de or-
dem social, política, econômica, cultural e pelos sujeitos que a desenham, enquanto
forma de permanência ou resistência às construções elaboradas pela própria socie-
dade.
Assim, ao estudarmos a educação e suas relações com as mídias, e, espe-
cialmente, a nova mídia (internet), precisamos compreender os desafios que se apre-
sentam na concretude da vida da escola, uma vez que novos paradigmas emergem
e exigem habilidades e competências para as quais a escola não está preparada. No
entanto, se os desafios se agigantam não podemos ser pessimistas em imaginar que
chegou o fim da escola, do professor, da relação ensino-aprendizagem, até porque
nunca se precisou tanto ter claro o que cada uma dessas instâncias significa.
Ao mesmo tempo, faz-se necessária a idealização de projetos capazes de
propiciar uma sociedade mais humanizada, capaz de vencer problemas de todos os
tempos, como: a violência, o respeito ao diferente, o respeito à natureza, o respeito
ao outro, enquanto ser que caminha e estabelece laços conosco, ainda que virtuais.
Nesta unidade de estudo, nos debruçaremos sobre o lago de águas turvas
que a educação tem se tornado em sua relação com o mundo midiático. Para isso,
vamos procurar entender os desafios e as perspectivas resultantes do processo de
inserção das mídias na educação e as exigências trazidas à prática educacional. Bons
estudos!

51
1. EDUCAÇÃO E MÍDIAS NA ESCOLA: DIFICULDADES DA PRÁTICA EDUCA-
CIONAL

É recorrente no discurso das diversas instâncias educacionais (especialmente


no campo governamental) que a utilização das NTICs na escola têm caráter de de-
senvolver e melhorar a qualidade da educação que temos. Cria-se a impressão que
a inserção das novas e diversas tecnologias, especialmente, as midiáticas, é um fato
novo. No dizer popular seria “a descoberta da roda” para realmente fazer-se a educa-
ção.
Considerando que as dificuldades impostas à prática educativa são das mais
diversas e variadas ordens, abordaremos, a seguir, apenas duas situações, que, a
nosso ver, necessitam de um olhar urgente: a formação dos professores e a inserção
de computadores e internet nas escolas.

1.1. A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES


Ao contemplarmos a história da educação, seja em âmbito internacional ou
nacional, percebemos que a questão da inserção das mídias (e das tecnologias) na
educação, não é um fato novo. Os grandes pensadores da educação sempre defen-
deram novas formas de estabelecer a relação ensino-aprendizagem, tendo presente
que a educação deveria ter como objetivo primordial a formação do homem de seu
tempo, e, em cada momento histórico, sempre se buscou a utilização dos meios dis-
poníveis para a efetivação da prática educacional.
Assim, no que diz respeito ao fascínio e ao discurso, às vezes, demagógico,
de que a educação só será melhor se o país gastar grandes somas na informatização
da escola, na inserção de mídias de última geração na sala de aula, na aquisição de
computadores pessoais para os alunos, entre tantas outras ações, percebe-se, que,
encontra-se subjacente uma intenção de mascarar a realidade, uma vez que antes da
ocorrência de tudo isso é necessário pensar a formação do professor como um dos
principais atores da prática educacional.

52
Figura 9 - Darcy Ribeiro
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-5Xmrxzn72Bs/UQa4QzPx7KI/AAAAAAAAAsI/5gfCwHc0_Wc/s1600/Darcy+Ribeiro2.png Aces-
so em: 22/09/16

Repetimos: essa questão não é nova! Em nível de ilustração, o antropólogo


Darcy Ribeiro, um grande entusiasta da educação brasileira, há quase trinta anos
atrás, no livro Nossa escola é uma calamidade, lançado em 1984, escreveu que:

É preciso que se diga com toda clareza que nada há de mais simples, nem
mais econômico, nem de mais eficaz e acessível do que a educação com
uma boa professora primária. Foi ela só, com seu quadro-negro e suas caixas
de giz, que educou o mundo. Evidentemente a professora pode ser ajudada
por meios extraescolares, mas é ainda ela a única e insubstituível força edu-
cativa com que se pode contar (RIBEIRO, 1984, p. 32).

Precisamos entender que Darcy Ribeiro não é um descrente dos modernos


recursos e instrumentos utilizados na escola. Até por que, na época em que seu livro
foi lançado, no Brasil, ainda não havia sequer, celular. Computador era coisa de fil-
me hollywoodiano. O alerta do autor consiste em evidenciar que de nada valerão os
recursos e instrumentos de seu tempo e os de nosso tempo se o professor não tiver
uma formação para a complexidade do momento em que a educação se encontra.
Pois, como já mencionado na unidade anterior, quando analisamos as metodologias
utilizadas na escola, de que adianta termos as mais novas e avançadas mídias se o
professor continua atrelado às antigas teorias e metodologias educacionais, ampla-
mente ensinadas e defendidas nos cursos de formação para professores?
Neste sentido, a problemática em torno da formação do professor tem feito
parte da preocupação de muitos educadores, uma vez que a sociedade atual exige
um profissional com mais preparo para encarar os desafios que se apresentam a essa
nova sociedade da informação. Com isso, o professor ganha visibilidade, uma vez que
este torna-se um agente multiplicador do processo educativo. Mas como os alunos
serão bem formados, se muitos professores apresentam formação deficiente? E isso

53
pode tornar-se cíclico e se evidencia, principalmente, se compreendemos o descom-
passo entre a formação dada pela escola e as atuais necessidades de uma sociedade
em constante mutação.
Para Simeão e Reali (2002), a formação de professores é um dos grandes
desafios na inserção das NTICs, e logo, das mídias na educação, uma vez que in-
serir mídias no contexto educacional altera o papel do professor na medida em que
este deixa de ser o transmissor do conhecimento e passa a ser um orientador na sua
aquisição. As autoras chamam ainda a atenção para o fato de que a inserção de com-
putadores na escola pode criar a ilusão de se produzir qualidade ao ensino, caso não
sejam observadas as novas configurações no processo de ensino e aprendizagem
que a introdução das mídias, especialmente do computador e da internet, exigem da
formação de professores e também do próprio aluno.

[…] o uso de computadores pode, de um lado, fornecer a ilusão de que a es-


cola está em transformação ou, de outro, contribuir, de forma mais significa-
tiva nos processos de aprender e ensinar. Essa última perspectiva demanda
uma nova postura de profissionais e, neste sentido, é preciso repensar os
sistemas educacionais, tendo em mente questões relacionadas à formação
de professores e ao papel do aluno frente a esses novos desafios (SIMEÃO
E REALI, 2002, p. 129).

Então, podemos afirmar que um dos grandes desafios à inserção das mídias
à prática educacional é a formação dos professores, uma vez que tanto na formação
inicial, continuada ou em serviço, nem sempre se tem presente o debate sobre a in-
serção das mídias na educação e as novas configurações que a sociedade da infor-
mação e do conhecimento impõem ao professor. Gatti (1992) analisando a situação
da formação e a prática dos professores entende que se faz necessária a criação de
uma teoria capaz de pensar a educação a partir das novas configurações tecnológicas
e suas relações com o trabalho, neste caso, o trabalho docente.

[…] os educadores não sabem o que é tecnologia, não sabem o que é uma fi-
losofia tecnológica […] nós educadores, estamos muito afastados desse uni-
verso, não por culpa nossa, mas por culpa de toda uma estrutura de forma-
ção que temos vivido. Quando precisamos discutir a relação entre educação
e trabalho, ficamos discutindo abstrações, porque não sabemos exatamente
o que é esse mundo do trabalho, da técnica e da tecnologia (GATTI, 1992,
p. 156).

Assim, pensamos que o debate sobre a inserção das mídias na Educação não
pode ser reduzido a sua simples utilização ou não na sala de aula. Além disso, faz-se
necessário conhecer as especialidades, o emprego e os efeitos pedagógicos dessa
inserção na Educação, para que as experiências sem sucesso do passado, não se
repitam.
Desse modo, esse debate sobre a inserção das mídias no campo da educa-
ção deve possibilitar uma reflexão sobre o aprendizado do próprio professor, caso

54
contrário, podemos cair na armadilha de formar professores completamente subser-
vientes a essas tecnologias como aconteceu no momento em que se processou a in-
dustrialização, quando os modelos de produção de Taylor, Ford e Fayol, adentraram
a escola e produziram uma escola ao modelo da fábrica. Deste modo, a formação do
professor para o novo paradigma emergente deve ser (re)vista com muita atenção,
no sentido de reordenar e reorganizar seu papel na escola e também, na sociedade.
Procurando entender o lugar do debate sobre mídias e educação na formação
de professores, debruçamo-nos a analisar as matrizes curriculares de alguns cursos
de licenciatura (que têm por objetivo pleno a formação dos professores), oferecidos
nas diversas áreas do conhecimento (História, Química, Geografia, Física, Matemáti-
ca, etc), por instituições públicas e privadas de Ensino Superior, no Estado de Goiás
e constatamos que são poucos os cursos que possuem no currículo um espaço para
este debate, pois, na maioria dos casos, não aparece uma disciplina que contemple a
questão das mídias e educação, sendo que nos cursos em que aparece, é, predomi-
nantemente, na Pedagogia. Nas demais licenciaturas, às vezes, aparece a disciplina
“Introdução à Informática”, que tem por objetivo instrumentalizar o aluno para o uso
do computador.
Outro dado interessante refere-se ao fato de que quando a disciplina é oferta-
da, possui carga horária que varia de 60 a 80 horas de estudo, e, ao que nos parece
inicialmente, é ministrada de forma isolada das demais disciplinas, sem estabelecer
uma conexão que proporcione ao aluno entender a real importância para sua forma-
ção como educador3.
Analisando em âmbito nacional, a questão da formação de professores e da
sua prática, diante da sociedade da informação que exige um domínio das mídias,
Kenski (2007, p. 103) afirma:

Um dos grandes desafios que os professores brasileiros enfrentam está na


necessidade de saber lidar pedagogicamente com alunos e situações extre-
mas: dos alunos que já possuem conhecimentos avançados e acesso pleno
às últimas inovações tecnológicas aos que se encontram em plena exclusão
tecnológica; das instituições de ensino equipadas com as mais modernas
tecnologias digitais aos espaços educacionais precários e com recursos mí-
nimos para o exercício da função docente. O desafio maior, no entanto, ainda
se encontra na própria formação profissional para enfrentar esses tantos ou-
tros problemas.

______________________________
3
Os dados aqui apresentados são dados preliminares de uma pesquisa que o autor está desenvol-
vendo sobre o espaço no currículo dedicado ao debate das mídias na educação no curso de formação
de professores no Estado de Goiás. A pesquisa está levando em consideração os cursos de licenciatu-
ra das Instituições de Ensino Superior que tem por objetivo a formação inicial do professor.

55
Neste sentido, a autora avança em sua análise, apresentando que a formação
do profissional da educação deve considerar o contexto, muitas vezes díspar, em que
a escola se encontra, pois se de um lado existe a ausência do conhecimento e dos
recursos tecnológicos midiáticos, por outro lado, existe a plena coexistência desses
recursos na escola e para os alunos. Assim, uma formação efetiva para os professo-
res será cada vez mais urgente, pois, caso contrário, a educação escolar corre o risco
de perder-se, enquanto instituição que deve promover e mediar o conhecimento.
No entanto, para além da formação docente, a utilização das mídias na edu-
cação exige que o professor tenha tempo para se familiarizar com esses instrumentos
e explorar as inúmeras possibilidades que os mesmos podem oferecer à sua prática,
a fim de que cada um possa fazer a escolha adequada aos objetivos a que se propõe
com sua classe, sua disciplina, sua aula. E isso não significa abolir as demais possi-
bilidades de mediar o conhecimento. Trata-se de ter alternativas capazes de suprir os
problemas contemporâneos da prática docente, e isso depende de uma boa formação.

Professores bem formados conseguem ter segurança para administrar a di-


versidade de seus alunos e, junto com eles, aproveitar o progresso e as ex-
periências de uns e garantir, ao mesmo tempo, o acesso e o uso criterioso
das tecnologias pelos outros. O uso criativo das tecnologias pode auxiliar
os professores a transformar o isolamento, a indiferença e a alienação com
que costumeiramente os alunos frequentam as salas de aula, em interesse
e colaboração, por meio dos quais eles aprendem a aprender, a respeitar, a
aceitar, a serem pessoas melhores e cidadãos participativos (KENSKI, 2007,
p. 103).

Assim, a formação do professor deve proporcionar entender que a diferença


efetiva na prática educacional não se encontra no uso das mídias e das tecnologias,
mas sim na compreensão das inúmeras possibilidades de seu uso, pois diversas pes-
quisas4 feitas em âmbito internacional e nacional apontam que um fator determinante
para o insucesso das mídias e das tecnologias na educação centra-se na falta de tem-
po para aprofundamento e conhecimento desses recursos, no alto custo dos mesmos,
e, principalmente, na ausência de formação para a sua utilização.
Como podemos perceber, a formação do professor é essencial para a inser-
ção das mídias na educação, uma vez que cabe a ele a mediação e a apropriação
desses inúmeros recursos em relação aos alunos na aquisição do conhecimento.

______________________________
4
A revista americana Computers & Education publicou em 2004, uma pesquisa realizada por R.
G. Muir-Herzig na qual o autor aponta os fatores que contribuem para a não utilização das mídias e
das tecnologias na educação, por parte dos professores. Na dissertação de Mestrado em Engenharia
de Produção, defendida na Universidade federal de Santa Catarina, Laira Aparecida Machado Ribas,
aponta também estes mesmos fatores entre os quais a formação do professor. Além destes, existem
outras inúmeras pesquisas com os mesmos resultados.

56
1.2. COMPUTADOR E INTERNET NA ESCOLA COMO MÍDIAS EDUCACIONAIS
Apesar da ausência de formação e domínio por parte de muitos professores, a
utilização das mídias na educação tem produzido novas configurações educacionais.
Não podemos negar que as novas mídias estão cada vez mais integradas à vida do
cidadão, apesar de não podermos, também, ignorar o fato de que muitos ainda não
têm acesso a tais recursos tecnológicos.
Por outro lado, não podemos deixar de observar que a grande maioria dos
alunos, se não tem computador e/ou internet, tem, ao menos, um celular que lhes
permite, na maioria dos casos, navegar no imenso mar de informação que a rede di-
gital proporciona. Muitos dos que não têm computador e acesso à internet, em casa,
engrossam a multidão de consumidores de lan houses, principalmente, nos bairros
mais periféricos das grandes cidades.

Figura 10 – Tablet
Fonte: http://www.livrosepessoas.com/wp-content/uploads/2013/01/Tablet.jpg Acesso em: 22/09/16

Se há pouco mais de trinta anos atrás o computador era um artigo de ficção


científica nas telas do cinema e o celular um sonho distante, hoje, esta realidade en-
contra-se em todo lugar. A cada dia surgem novos equipamentos, o celular tem inte-
grado as funções do computador, especialmente, possibilitando o acesso à internet e
até o armazenamento de dados.
Ultimamente, assistimos ao surgimento e à popularização dos tabletes. Neste
cenário, mesmo sem termos dominado completamente os recursos dos instrumentos
dos quais dispomos, em questão de dias, um novo lançamento o torna obsoleto, o
que tem também impulsionado o consumo constante desses equipamentos. Ao que
parece, vivemos em meio a uma grande guerra de lançamentos tecnológicos.
Podemos, então, perguntar: e a escola, como lida com essa realidade? Ape-
sar do pouco acesso ainda presente, especialmente em escolas públicas, vemos um
crescente interesse em se buscar a informatização das instituições de ensino e a
crescente iniciativa de políticas públicas que introduzem o computador na escola. Se
ainda estamos longe de patamares mais elevados, vê-se que o computador começa
a ser popularizado como ferramenta pedagógica no processo de ensino e de apren-

57
dizagem.
No entanto, essa introdução do computador e da internet na escola não tem
sido uma situação de fácil administração, pois a inserção dessas mídias na educação
tem gerado grande debate em todos os seguimentos da educação, que vai desde
professores até os pais. Analisando o papel do computador na educação e suas con-
trovérsias, Valente (1993, p. 25) afirma que:

[…] o que transparece, é que a entrada dos computadores na educação tem


criado mais controvérsias e confusões do que auxiliado a resolução dos pro-
blemas da educação. Por exemplo, o advento do computador na educação
provocou o questionamento dos métodos e da prática educacional. Também
provocou insegurança em alguns professores menos informados que receiam
e refutam o uso do computador na sala de aula. Entre outras coisas, esses
professores pensam que serão substituídos pela máquina. Além disso, o cus-
to financeiro para implantar e manter laboratórios de computadores exige
que os administradores adicionem alguma verba ao já minguado orçamento
da escola. Finalmente, os pais exigem o uso do computador na escola, já
que seus filhos, os futuros membros da sociedade do século 21, devem estar
familiarizados com essa tecnologia.

Preocupado com a inserção do computador na sala de aula, o autor levanta


algumas questões que pensamos ser pertinentes ao nosso estudo: “que benefícios
serão conseguidos com a introdução do computador na educação? ou, por que usar o
computador na educação? Existe realmente algum benefício auferido ou é uma ques-
tão de modismo?” (VALENTE, 1993, p. 26).
Como já mencionamos, tanto o computador quanto os novos recursos tecno-
lógicos têm ocupado certa centralidade na vida das novas gerações. Se por um lado
o domínio dos conteúdos ministrados pela escola é de difícil assimilação, por outro,
desde cedo, os alunos são capazes de manusear complexos instrumentos tecnoló-
gicos – mesmo que ninguém os ensine como fazer. Por exemplo, os celulares que
permitem conexão às redes sociais, possibilitam a utilização de jogos, acesso à rede
virtual entre tantos outros feitos.
Neste sentido, para Valente (2002), a educação não deve focar somente na
transmissão e instrução, mas sim, destacar a construção do conhecimento, realizando
atividades que permitam o entendimento de que acesso à informação não significa
possuir conhecimento. Essa mesma visão de educação é compartilhada por Takahshi
(2000), que compreende a educação como possibilitadora de construção de conheci-
mento.

58
[…] educar em uma sociedade da informação significa muito mais que treinar
as pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação: trata-
se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes
permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar de-
cisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios
e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas
mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofistica-
das. Trata-se também de formar os indivíduos para “aprender a aprender”, de
modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada
transformação da base tecnológica (TAKAHSHI, 2000, p.45 – grifo nosso).

Assim, ao observarmos o entendimento dos autores, podemos inferir que a


utilização das mídias na educação deve extrapolar a abordagem instrucionista, base-
ada na ideia tecnicista de educação, para se chegar a uma abordagem construcio-
nista, apoiada no construtivismo. Analisando o uso do computador na escola Valente
(1993) distingue essas abordagens ao afirmar que:

Uma maneira é informatizando os métodos tradicionais de instrução. Do pon-


to de vista pedagógico, esse seria o paradigma instrucionista. No entanto,
o computador pode enriquecer ambientes de aprendizagem onde o aluno,
interagindo com os objetos desse ambiente, tem chance de construir o seu
conhecimento. Nesse caso, o conhecimento não é passado para o aluno.
O aluno não é mais instruído, ensinado, mas é o construtor do seu próprio
conhecimento. Esse é o paradigma construcionista onde a ênfase está na
aprendizagem ao invés de estar no ensino; na construção do conhecimento e
não na instrução (VALENTE, 1993, p. 30).

A análise do autor permite-nos afirmar que o instrucionismo frequentemente


utilizado no processo ensino-aprendizagem em nossas escolas, já não atende às exi-
gências educacionais de nosso tempo, uma vez que o aluno é exigido a desenvolver
habilidades e conhecimentos capazes de inseri-lo nas exigências da atualidade. A
questão do instrucionismo é tão presente na escola que, para muitos professores, a
inserção de mídias na educação, e, em particular, o computador e a internet, servem
apenas como ferramenta capaz de disponibilizar informações aos estudantes, sem
permitir que os mesmos produzam seu próprio conhecimento. Assim, o computador
deixa de ser ferramenta e passa a ser instrumento de ensino.
Por outro lado, ao ser utilizado como meio, como recurso, o computador e a
internet deixam de ser o instrumento que ensina e passam a ser uma ferramenta que
auxilia o aluno no entendimento da complexidade da realidade em que este está in-
serido e na construção efetiva de um conhecimento que lhe possibilite entender o seu
papel na sociedade da informação.
Assim, o computador e a internet deixam de ser fonte e tornam-se ferramenta
de trabalho na construção do conhecimento do professor e do aluno. Seu uso não
pode e nem deve restringir-se ao que se chama de pesquisa, que acaba sendo o re-
curso mais utilizado pelo aluno. Esse recurso geralmente não constrói conhecimento,
uma vez que, em muitos casos, o aluno apenas copia o que encontra, sem, no entanto

59
estabelecer uma relação de aprendizagem com o conteúdo.
A internet utilizada como mídia educativa permite ser um canal de troca de
experiências entre os alunos, entre o professor e os alunos e ainda entre os professo-
res. Seus inúmeros recursos, tais como: o correio eletrônico (e-mail), as redes sociais,
os blogs, a montagem de fórum de discussão, são apenas algumas possibilidades de
construir um conhecimento utilizando-se dessas mídias.

Figura 11 - Mapa de mídias da internet


Fonte: Blog da formação
Disponível em: http://blogdaformacao.wordpress.com/tag/ambiente-pessoal-aprendizagem/ Acesso em: 22/09/2016

Precisamos também ter em mente que a Internet apresenta inúmeros pro-


blemas na construção do conhecimento, tais como: muita informação sem fontes se-
guras, inúmeras propagandas, recursos ilimitados que podem causar dispersão do
aluno, conteúdo inapropriado, entre outros. E esses fatores devem ser considerados
pelo professor no momento em que se vai trabalhar com essa mídia.
Uma possibilidade de auxílio no trabalho docente seria a disponibilidade, por
parte do professor, a um ambiente virtual e aprendizagem, onde os alunos pudessem
estabelecer contatos – tanto com o professor quanto com os demais colegas – fora
do horário rotineiro das aulas. Utilizando-se de ferramentas simples como uma lista
de discussão, o professor poderia auxiliar os seus alunos a construir conhecimento no
momento em que estão utilizando o computador e a internet.
Como podemos perceber, há inúmeras possibilidades do uso do computador
e da internet no ambiente escolar; cabe a todos e a cada um descobrir o como fazê-lo.
Assim, teremos condições de não nos amedrontarmos diante dessas novas possibili-
dades, mas utilizá-las em favor de nossa prática pedagógica.

60
A Revista Nova Escola, tem um importante resultado de pesquisa sobre o
uso de computador na educação. Assim, para aprofundar a leitura sobre o
tema, recomendamos a leitura do mesmo.
Acesse:
http://revistaescola.abril.com.br/pdf/especial-computador-internet.pdf

2. AS MÍDIAS E AS MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NA ESCOLA

Como podemos ver, a utilização de mídias na educação exige uma nova re-
configuração da escola em todos os seus diversos segmentos. Assim, a escola deve
buscar novas práticas e regras capazes de criar situações de aprendizagem, pois
como já vimos, de nada adianta a introdução das mídias na educação se a escola
continuar vinculada ao modelo tecnicista que apenas preocupa-se em depositar no
aluno o conhecimento, sem entendê-lo como sujeito do processo.
Assim como a escola se modifica, os professores também necessitam reor-
ganizar e refletir sua prática; esse processo envolve tanto a integração dos métodos
– dos tradicionais com os novos – como também a construção de uma teoria epis-
temológica que lhe possibilita produzir novos conhecimentos, e, ainda, relacionar os
conteúdos a serem ensinados. Para Valente (2002, p. 39), “é preciso pensar o novo
papel do professor de modo amplo, não só em relação ao seu desempenho perante a
classe, mas em relação ao currículo e ao contexto da escola”.
Ao mesmo tempo em que a escola e o professor modificam e sofrem a mo-
dificação da inserção das mídias na educação, o aluno também deverá passar pela
reestruturação da consolidação de seu conhecimento, uma vez que o mesmo deve
ganhar autonomia na produção de seu conhecimento. Na realidade, a mudança deve
ser total.

Portanto, a mudança na escola deve envolver todos os participantes do pro-


cesso educativo – alunos, professores, diretores, especialistas, comunidade
de pais. Essa mudança tem que ser vista como um processo em constru-
ção, realizado por todos esses participantes, e contar com apoio de agências
(universidades) ou de especialistas externos para assessoramento e suporte
técnico para o desenvolvimento curricular (VALENTE, 2002, p. 39).

Assim, na sociedade da informação e do conhecimento, mudar a escola tor-


na-se uma exigência, cada vez mais necessária, uma vez que cabe a este segmento
da sociedade, tornar-se canal de apropriação dos inúmeros recursos disponíveis na
sociedade, não no sentido de apenas reproduzir, mas de criar, produzir e interagir com
esses novos mecanismos. O desafio, portanto, é incentivar e descobrir usos criativos
para as mídias na educação, capazes de inspirar professores e alunos a gostar de

61
aprender. Ou seja, “a proposta é ampliar o sentido de educar e reinventar a função da
escola, abrindo-a a novos projetos e oportunidades” (KENSKI, 2007, p. 68).
Segundo Valente (2002, p. 39-42), a mudança na escola perpassa por alguns
fatores que serão determinantes para a efetivação do uso de novas tecnologias e
também das mídias na educação. Esses fatores observados rompem com a lógica da
escola reprodutora e possibilitam uma escola que estimula a compreensão. Com base
no pensamento do autor, elaboramos um quadro que apresenta, de um lado, a escola
que temos, e, de outro, a escola que necessitamos nesse processo de melhorias e
mudanças da escola.

62
Quadro comparativo – da escola que temos a escola que queremos

Os Na escola
Na escola da mudança
processos… tradicional…

A realização de tarefas pode acontecer no


Os alunos adquirem
mesmo local, porém em tempos diferentes.
a mesma informação
Cada aluno pode estar realizando uma tare-
O resgate do por meio da palavra
fa, que pode estar acontecendo em tempos
espaço da oral, os horários são
e em níveis diferentes. Além disso, a utili-
escola como fixos e é necessária
zação da tecnologia da informação poderá
ambiente a presença do pro-
favorecer a colaboração de alunos para o
educativo fessor e dos alunos
desenvolvimento de atividades intelectuais
no mesmo espaço
em um mesmo tempo, porém em espaços
físico.
diferentes.

Lugar das carteiras


enfileiradas para
Sala de A sala de aula deverá ser estendida para
se tornar o local de
aula – novas outros ambientes, fora da escola, pois gran-
trabalho com ar de
experiências de parte do aprendizado poderá ocorrer fora
caótico, diversificado
de ensino da escola, em viagens, excursões, museus,
em níveis e interes-
-aprendiza- e mesmo em casa. A comunidade e a casa
ses, porém contex-
gem e nova deverão se tornar os locais em que os alunos
tualizado no aluno e
metodologia desempenharão as atividades intelectuais.
no problema que ele
resolve.

Facilitador, supervisor, consultor do aluno no


processo de resolver o seu problema. Essa
“consultoria” deverá se concentrar em propi-
Total entregador da
Professor ciar ao aluno a chance de converter a enor-
informação
me quantidade de informação que ele adqui-
re em conhecimento aplicável na resolução
de problemas de seu interesse

Formas de administrar mais flexíveis, reque-


Gestão Controles rendo, para tanto, maior autonomia de seus
escolar centralizados membros, especialmente dos professores
que são os gestores do processo educativo
Fonte: Elaboração do autor

Podemos, com isso, observar que a mudança da escola está atrelada a uma
mudança de paradigmas, e, talvez, por isso, seja tão difícil efetivar essas mudanças
na prática educacional, pois de nada adianta defendermos uma escola mais participa-

63
tiva, mais aberta à utilização das mídias e cheia de novas tecnologias, se não houver
uma mudança na mentalidade e na própria teoria de sustentação da escola, pois inse-
rir computadores, internet e as mais diversas mídias na educação, não é garantia de
sucesso e qualidade na escola.

Isso significa que a mudança pedagógica que pretendemos não é passível


de ser resolvida com uma solução mágica, com a compra de equipamentos
sofisticados. Essa mudança é muito mais complicada e os desafios são enor-
mes. Porém, se eles não forem atacados com todos os recursos e energia
que nós, educadores, dispomos, corremos o risco de ter que nos contentar
em trabalhar em um ambiente obsoleto e em descompasso com a sociedade
atual (VALENTE, 2002, p. 42).

Assim, a escola da mudança, das novas mídias, depende de um esforço so-


cial e total que vai desde políticas públicas de formação para docentes, perpassa pelo
investimento em equipamento para as escolas e chega até a comunidade de pais de
alunos que necessitam acompanhar o processo de perto, interagindo e participando
continuamente desse processo educativo.

3. OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Como vimos até agora, o uso do computador e da internet na educação exige


uma nova percepção do processo educativo, pois não se pode compreender uma sala
de aula, uma escola, da mesma forma como era concebida no tempo em que os recur-
sos disponíveis para a educação eram o quadro-negro, os livros e a voz do professor.
A inserção do rádio, da TV e do vídeo demarcou a inserção de novas mídias
no processo educativo. Hoje, para além dessa realidade, temos o computador e a
internet, como instrumentos que exigem uma nova perspectiva e abertura, tanto da
escola quanto do educador, o que demanda a elaboração de projeto pedagógico que
objetive a ampliação da construção e apropriação do conhecimento do aluno. Por ou-
tro lado, esse acontecimento requer um novo entendimento dos ambientes de apren-
dizagem, o que pode extrapolar a noção de espaço e tempo que temos.
As significativas mudanças operadas pelas novas mídias e suas influentes
possibilidades de uso têm deslocado o entendimento de que a escola seja o único
ambiente de aprendizagem, haja vista que ao adentrar no ambiente escolar o aluno
carrega uma grande quantidade de informações, fruto de um contato direto com as
novas mídias. E essa relação entre os sujeitos e as mídias exige uma nova visão dos
ambientes de aprendizagem. Essas exigências perpassam pela flexibilidade do tempo
escolar, por um novo entendimento da relação ensino-aprendizagem, pela elaboração
de um currículo que apresente conteúdos mais próximos da realidade, entre tantos

64
outros fatores.
Mas, se a escola perde seu status de único ambiente de aprendizagem, em
que consistem os novos? Categoricamente, respondemos que consistem na desco-
berta, principalmente por parte do educador, dos novos ambientes de aprendizagem.
Se uma centelha de descrença toma conta dos mais pessimistas que insistem em
posicionar-se contra o uso desses novos recursos na educação, gritando pelos quatro
cantos do mundo que isso não possa dar certo, basta buscar os relatos de inúmeras
experiências que têm sido efetivadas nos quatro cantos do país, mesmo que ainda
sejam poucas e isoladas.
Não podemos ser ingênuos ao ponto de achar que a inserção das mídias na
escola resolverá, por si só, os problemas da educação no Brasil, pois, como já sabe-
mos, isso demanda um repensar do fazer pedagógico que, por sua vez, exige uma
nova postura de todos os sujeitos do processo educativo, Mas, não podemos negar
que o uso adequado desses novos ambientes pode constituir-se num diferencial de
importante relevância que pode operar significativa mudança no processo educativo,
auxiliando, inclusive, a prática docente.
Mas o que são ambientes virtuais de aprendizagem? Para entender melhor
essa expressão, vamos por parte: por ambiente, podemos entender um espaço de
interação entre pessoas, natureza e as mais diversas coisas. Por exemplo, a efeito de
ilustração, temos: a Escola, a Igreja, o Clube, entre tantos outros, que são ambientes
de interação constante em que se relacionam, ao mesmo tempo as pessoas, a natu-
reza e as coisas disponíveis em qualquer um desses ambientes.

Figura 12 - Diversos ambientes de aprendizagem


Fonte: Blog Tecnologias na sala de aula
Disponível em: http://tecnologias-aula.blogspot.com/2010_06_18_archive.html Acesso em: 22/09/2016

Apesar de se utilizar a palavra virtual, com o significado de inexistente, Santos


(2003, p. 2) alerta para o sentido semântico da palavra que não significa inexistente,
mas, atual. Segundo a autora, “virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por
sua vez de virtus, força, potência […] Virtual é o que existe em potência e não em ato”.

65
Por fim, por aprendizagem entendemos o processo de construção e recons-
trução constante do conhecimento, capaz de promover uma mudança de comporta-
mento a partir das diversas experiências humanas.
Entendido o significado dessas três expressões, vamos em busca do conceito
de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Para Almeida (2003, p. 331):

São sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao supor-


te de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação.
Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar in-
formações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e
objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções, tendo em vista
atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo
de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com
uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design
educacional, o que constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, sendo
revisto e reelaborado continuamente no andamento da atividade

Essa conceituação nos permite entender que os Ambientes Virtuais de Apren-


dizagem (AVAs) são espaços virtuais disponíveis na Internet que criam um contexto
educacional por meio da interação entre usuários (professor e aluno) e conteúdo, por
meio de inúmeros recursos tecnológicos. Um exemplo concreto de AVA é o ambien-
te que você utiliza para fazer esse curso, uma vez que se trata de ambiente criado
virtualmente, conectado à Internet, que tem como objetivo um contexto educacional
e possibilita a relação professor-aluno conteúdo, utilizando-se de inúmeros recursos
tecnológicos, tais como: vídeos, textos disponíveis na Web, entre tantos outros.
Kenski (2007), analisando os ambientes virtuais de aprendizagem, aponta
três características que o diferenciam do ambiente físico, a saber: a interatividade,
a hipertextualidade e a conectividade. Esses elementos possibilitam uma interação
permanente entre os usuários, a propagação de atitudes de cooperação entres os
usuários, uma vez que os textos articulam-se entre si e com as outras mídias dispo-
níveis, e ainda, o acesso rápido à informação e à comunicação, proporcionado pela
conectividade. Assim, nesses ambientes:

[…] a flexibilidade na navegação e as formas síncronas e assíncronas de


comunicação oferecem aos estudantes a oportunidade de definirem seus
próprios caminhos de acesso às informações desejadas, afastando-se de
modelos massivos de ensino e garantindo aprendizagens personalizadas
(KENSKI, 2007, p. 95).

Para Almeida (2003, p. 332), o fato dos AVAs, possibilitarem comunicação em


várias direções, ou seja, de uma a outra pessoa (como é o caso dos e-mails), de um
para muitas pessoas (como é o caso de um fórum de discussão) e de muitas pessoas
para muitas pessoas, permite que esse ambiente seja utilizado tanto na educação
presencial como recurso complementar às práticas pedagógicas como na forma on-li-
ne ou a distância, uma vez que:

66
[…] podem ser empregados como suporte para sistemas de educação a dis-
tância realizados exclusivamente on-line, para apoio de atividades presen-
ciais de sala de aula, permitindo expandir as interações da aula para além do
espaço-tempo do encontro face a face ou para suporte a atividades de for-
mação semipresencial nas quais o ambiente digital poderá ser utilizado tanto
nas ações presenciais como nas atividades a distância (ALMEIDA, 2003, p.
332).

No entanto, para que o ensino aconteça de forma mais proveitosa possível,


por meio dos AVAs, necessita-se de novas configurações do ensinar, ou seja:

[…] organizar situações de aprendizagem, planejar e propor atividades; dis-


ponibilizar materiais de apoio com o uso de múltiplas mídias e linguagens;
ter um professor que atue como mediador e orientador do aluno, procurando
identificar suas representações de pensamento; fornecer informações rele-
vantes, incentivar a busca de distintas fontes de informações e realização de
experimentações; provocar a reflexão sobre processos e produtos; favorecer
a formalização de conceitos; propiciar a interaprendizagem e a aprendizagem
significativa do aluno (ALMEIDA, 2003, p. 334-335).

No entanto, é sempre preciso lembrar que os AVAs, são alimentados e pensa-


dos por pessoas, e de que nada vale a utilização desse ambiente sem que sejam pen-
sadas estratégias que extrapolam a dimensão do tradicional, tecnicista e instrucionis-
ta que ainda permeia o universo teórico de nosso fazer pedagógico. De nada adianta
disponibilizar o AVA no ciberespaço se este não possuir uma troca de comunicação e
também de conteúdo (interatividade), a formação de textos formados por vários hiper-
textos (hipertextualidade) e ainda, estar conectado rede mundial de computadores –
internet (conectividade), fatores que não podem ser ignorados na elaboração desses
ambientes.

Antes de prosseguir, vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre os


AVAs. Vamos ler o texto “Ambientes virtuais de aprendizagem: implicações
epistemológicas”, de Vera Menezes de O. Paiva, no qual a autora apresenta
três dos ambientes virtuais de aprendizagem gratuitos e popularmente usados por
inúmeros sistemas de ensino.
Para ler o texto acesse: http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a18.pdf

4. O BLOG COMO FERRAMENTA DA PRÁTICA EDUCACIONAL

Após termos feito uma grande construção teórica sobre as mídias aplicadas
a prática educacional, vamos agora exercitar um pouco a nossa aprendizagem, re-
alizando uma atividade prática: a criação de um blog. Mas antes, faz-se necessário
entendermos melhor do que se trata.

67
O blog surgiu no final da década de 1990. Graças à sua facilidade de produ-
ção, uma vez que não exige do usuário um conhecimento de linguagem específica
de programação, rapidamente essa ferramenta propagou-se entre os vários tipos de
usuários da rede, o que ampliou a categoria de temas discutidos nos mesmos. Hoje
temos blogs sobre humor, esporte, política, educação entre tantos outros temas.
Para se ter uma ideia da popularização de uso dos blogs, Franco (2005, p.
311) destaca que no ano de 2004, o BlogList, que é um site de busca de blogs por
assunto, exclusivo para blogs do Brasil, apresentava em seus registros faixa de 400
registros sobre o tema educação. Ao fazer uma busca no Google blogs, tendo como
assunto a palavra “educação”, encontramos listados mais de cem mil resultados, o
que apresenta uma ampliação do uso dessa ferramenta em menos de dez anos.
Mas o que vem a ser um blog? Segundo Gomes (2005, p. 331):

O termo “blog” é a abreviatura do termo original da língua inglesa “weblog”.


O termo weblog parece ter sido utilizado pela primeira vez em 1997 por Jorn
Barger. Na sua origem e na sua acepção mais geral, um weblog é uma pági-
na na Web que se pressupõe ser atualizada com grande frequência através
da colocação de mensagens – que se designam “posts” – constituídas por
imagens e/ou textos normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes
incluindo links para sites de interesse e/ou comentários e pensamentos pes-
soais do autor) e apresentadas de forma cronológica, sendo as mensagens
mais recentes normalmente apresentadas em primeiro lugar. A estrutura na-
tural de um blog segue portanto uma linha cronológica ascendente. Esta úl-
tima característica, ou seja, a identificação das entradas de informação com
indicações cronológicas, é mesmo considerada por Brigitte Eaton, a criadora
do principal portal de acesso a blogs – o Eaton Portal (http://portal.eatonweb.
com/) – o critério identificativo dos blogs.

Para Franco (2005, p. 311) o blog caracteriza-se como uma ferramenta in-
terativa capaz de ser utilizada pedagogicamente, mesmo que não tenha sido criado
para esse fim. No que diz respeito ao conceito de blog, a autora apresenta o mesmo
entendimento de Gomes ao destacar que:

[…] os blogs apresentam a possibilidade de publicação instantânea, em en-


tradas cronologicamente inversas, permitindo a divulgação de textos, ima-
gens, músicas, a capacidade de arquivamento de mensagens anteriores,
disponível ao leitor, além de hiperlinks, que tanto podem, complementar o as-
sunto em debate, quanto relacionar um blog a outros blogs (FRANCO, 2005,
p. 311).

Ao analisar a utilização do blog como ferramenta pedagógica, Gomes (2005)


ressalta que estes podem ser entendidos tanto como um espaço de acesso à infor-
mação especializada, quanto um espaço em que o professor disponibiliza informação.
A autora destaca que nas duas situações os blogs são usados pelos docentes como
ferramenta de apresentação de conteúdos aos alunos.
Enquanto estratégia pedagógica, a autora destaca que os blogs “podem as-
sumir a forma de um portfólio digital; um espaço de intercâmbio e colaboração; um

68
espaço de debate – role playing; um espaço de integração” (GOMES, 2005, p. 313).
A utilização dos blogs como estratégia pedagógica pode favorecer a troca de expe-
riências entre professores, entre alunos, facilitar a interação entre professor e aluno,
além de poder ser utilizado como canal de comunicação entre a escola e a família.
Neste sentido, podemos então entender a importância da utilização do blog na prática
educacional.
Gomes e Lopes (2007, p. 123) chamam a atenção quanto à utilização do blog
apenas como recurso pedagógico, uma vez que esta possibilidade esvazia o caráter
interativo da construção do conhecimento.

A utilização dos blogues apenas como um “recurso pedagógico” centra-se es-


sencialmente na possibilidade de proporcionar aos alunos formas adicionais
de acesso à informação que se pressupõe atualizada e relevante. Neste tipo
de exploração, o aluno assume uma posição relativamente passiva, limitan-
do-se, frequentemente, à leitura dos posts, eventualmente colocando algum
comentário às mensagens/posts já existentes.

Por outro lado, a utilização dos blogs como estratégia educacional conduz
o aluno a desempenhar um papel de “autor ou coautor dos blogs, existindo todo um
leque diversificado de atividades a desenvolver, antecedendo a publicação de mensa-
gens (postagem), às quais estão associados objetivos de aprendizagem e desenvol-
vimento de competências” (GOMES; LOPES, 2007, p. 123).
Franco (2005) destaca ainda que os blogs podem ser importantes espaços
para a construção de texto escrito, o que pode auxiliar no processo de alfabetização
através de narrativas e diálogos. Por fim, não podemos deixar de alertar que de nada
adianta a utilização de um blog na educação se este servir apenas como mais um
recurso entre tantos outros que a escola atual oferece e que pouco tem auxiliado a
melhoria da educação.

Agora que sabemos um pouco sobre os blogs, vamos realizar uma atividade
prática que consiste na criação de um blog educacional sobre nossa discipli-
na. Lembramos que essa atividade será contada como atividade avaliativa,
por isso não deixe de participar.

69
ATIVIDADE FINAL

Prezado/a estudante
Vamos agora colocar em prática parte de nosso conhecimento. Vamos construir um
blog. Não tenha receio, pois trata-se de uma tarefa bastante fácil, e qualquer dúvida,
veja o vídeo e siga o passo a passo apresentado no mesmo. Caso ainda persista sua
dificuldade, entre em contato com seu tutor, pois ele poderá auxiliá-lo.

1. Antes de iniciar esta atividade, acesse a página www.gmail.com.br e, caso ainda


não tenha uma conta gmail, crie uma conta de e-mail.

2. Acesse o link a seguir e assista ao vídeo sobre a criação do blog.


http://www.youtube.com/watch?v=2V5a2m30n3A

3. Agora que você criou seu blog, poste um texto com o tema “O uso do blog na prática
educacional”.

4. Após postar seu texto, entre no AVA e disponibilize seu endereço de blog com os
demais colegas do curso e solicite que os mesmos comentem seu texto.

5. Acesse cinco blogs de outros colegas e comente a postagem referente ao tema


acima.

70
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apreender os desafios que se agigantam à nossa frente é tarefa complexa,


ainda mais quando se trata de entender a educação. Assim, nesta unidade de nosso
estudo, aprendemos que a formação de professores é um ponto nevrálgico para a
efetivação de uma prática educacional capaz de responder as exigências de uma
sociedade em constante transformação. Neste sentido, procuramos entender como o
computador e a internet podem tornar-se instrumentos de construção de conhecimen-
to na escola e quais as implicações de sua inserção como mídias educacionais.
A seguir, debatemos sobre as mudanças provocadas pelas novas mídias no
contexto escolar. Percebemos que a inserção das mídias não será capaz de respon-
der aos anseios da sociedade da informação e do conhecimento, se não forem acom-
panhadas de novas formas de pensar e efetivar a prática educativa.
Depois, buscamos conhecer os ambientes virtuais de aprendizagem como
novo lócus educacional capaz de romper as fronteiras herméticas da escola, e, com
isso, possibilitar ambientes de aprendizagem, nos quais alunos e professores intera-
jam falando uma mesma linguagem.
Por fim, buscamos entender como podemos transformar ambientes pessoais
em ambientes de aprendizagem como é o caso do blog, que pode servir tanto como
um diário pessoal como também como um recurso pedagógico na elaboração e re-
construção do conhecimento, tanto por parte dos professores como por parte dos
alunos.
Vivemos em uma sociedade em constantes transformações. O uso das Novas
tecnologias da Informação e Comunicação chegou à escola exigindo uma nova con-
figuração em toda sua estrutura. Assim, a utilização de instrumentos midiáticos, tais
como: o computador e a internet mudaram a forma de se conceber a educação, e, por
conseguinte também a escola.
No entanto, a entrada das mídias no ambiente educacional não se apresenta
como um ponto pacífico, pelo contrário, mostra-se carregado de desafios e contradi-
ções que vão surgindo à medida que o debate se amplia. Neste sentido, alguns temas
tomam ainda maior relevância, entre os quais a formação dos professores, a utilização
e investimento em equipamentos, a construção de uma teoria capaz de produzir um
novo paradigma educacional que rompa com o instrucionismo tecnicista e conteudista
de nossos ambientes de aprendizagem, entre tantos outros.
Cabe, portanto, a cada um de nós entendermos que a educação de hoje ca-
rece de novas linguagens, de novos instrumentos, de novas formas de entender a
efetivação da prática educacional, pois de nada valerão as melhores mídias estarem

71
disponíveis a todos, se as mentalidades permanecerem atreladas as velhas formas
de ensinar.
Assim, o entendimento das inúmeras e novas mídias pode facilitar a prática
educativa, à medida que permita que professores e alunos sejam capazes de interagir
para além do ambiente físico e temporal da escola, ou seja, que permitam que profes-
sores e alunos extrapolem e derrubem as paredes dos espaços fechados da escola
e tornem-se cidadãos em uma sociedade que exige a cada dia, mais informação, e
para além disso, a habilidade de transformá-la em conhecimento. E esse, sem dúvida,
deverá ser nosso papel de educadores na sociedade em que vivemos.

72
GLOSSÁRIO

UNIDADE I
Nômades – Que ou quem vagueia, não tem domicílio fixo e cuja atividade é desconhecida. Que leva
um gênero de vida não sedentária. Errante, vagabundo. Diz-se de tribos e raças humanas que não têm
pouso fixo e vagueiam errantes (Fonte: Dicionário on-line da língua portuguesa).

Seminômades – o prefixo “semi” indica metade, portanto, se o nômade não tem moradia fixa o seminô-
made é aquele que fica determinado tempo num lugar, mas logo parte em busca de outro com melhores
condições (Fonte: Dicionário on-line da língua portuguesa).

Pólis – trata-se de uma palavra grega que é sinônimo de cidade (Fonte: Dicionário on-line da língua
portuguesa).

Indulgências – Facilidade em perdoar os erros dos outros: mostrar indulgência. Clemência, tolerância.
Indulto, perdão. Na Teologia Católica significa remissão de castigos temporais provocados por pecados
cuja culpa já tenha sido perdoada. Trata-se de certas formas de oração que são o meio mais comum de
se ganhar indulgências na igreja. Outros meios são o jejum, a doação de esmolas e, algumas vezes, a
peregrinação (Fonte: Dicionário on-line da língua portuguesa).

Mídias – Podemos entendê-las como um conjunto de veículos e linguagens para a realização da co-
municação humana com diferentes interesses e propósitos (SILVA, 2005, p. 33).

Comunicação de massa – Não há um conceito unívoco quando se fala em Meios de comunicação de


massa; neste sentido pode ser entendido como produção de mensagens com difusão normalmente rá-
pida; como, aquelas mensagens destinadas a um público amplo e disperso; meios pela qual a indústria
produz e reproduz a cultura, ou, ainda, os meios para a difusão como cd, pen-drive, etc. (Fonte: notas
do autor).

TIC – Tecnologias da informação e comunicação: pode ser definida como um conjunto de recursos
tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. As TICs são utilizadas das mais
diversas formas, na indústria (no processo de automação), no comércio (no gerenciamento, nas diver-
sas formas de publicidade), no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação imediata)
e na educação (no processo de ensino aprendizagem, na Educação a Distância). Disponível em: http://
www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/ Acesso em: 22/09/2016.

NTICs – As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC): são um conjunto de recursos tecnológicos


integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções tecnológicas, a simplificação da comuni-
cação nos processos de negócios, da pesquisa científica, de ensino e aprendizagem. Correspondem
a todas as tecnologias que interferem e medeiam os processos informacionais e comunicativos dos
seres. Como tal, estas podem ser ou não baseadas em computadores ou em tecnologias atuais. Adap-
tado do conteúdo Disponível em: http://www.jose-crispim.pt/artigos/conceitos/conc_art/01_tic_ntic.html
Acesso em: 22/09/2016

UNIDADE II
Hardwares – São a estrutura e as peças eletrônicas, magnéticas e mecânicas de um computador (KE-
SNKI, 2007, p. 136). Podemos então dizer que se trata da parte física computador.

Ciberespaço – Palavra empregada pela primeira vez pelo autor de ficção científica Willian Gibson, em
1984, no romance Neuromancer. O ciberespaço designa ali o universo das redes digitais como lugar de
encontros e de aventuras, terreno de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural. O ciberes-

73
paço significa os novos suportes de informação digital e os modos originais de criação, de navegação
do conhecimento e de relação social por eles propiciados. O ciberespaço constitui um campo vasto,
aberto, ainda parcialmente indeterminado, que não se deve reduzir a um só de seus componentes.
Espaço que existe (não no mundo físico) no interior de instalações de computadores em rede e entre
elas, por onde passam todas as formas de informação (KESNKI, 2007, P. 134).
Steve Jobs - nasceu no dia 24 de fevereiro de 1955, em Los Altos, Califórnia. Morreu em 05 de outubro
de 2011 nos Estados Unidos. Foi adotado por um eletricista californiano chamado Paul, que junto de
sua mulher, Clara, educaram-no da melhor forma possível e de acordo com suas condições econômi-
cas. Quando completou 17 anos, entrou na universidade Reed College em Portland, Oregon e, depois
de 6 meses, se vê obrigado a abandonar a Universidade, devido aos seus elevados custos.
Ao completar 20 anos funda com seu amigo Steve Wozniak a Apple, que de uma empresa composta
por duas pessoas na garagem da casa dos pais de Jobs transforma-se, em dez anos, numa empresa
com 10.000 colaboradores.
De forma irônica, Jobs é despedido da Apple aos 30 anos, mas, devido ao seu espírito empreendedor,
funda a NeXT e outra chamada Pixar, que, em seguida, também fariam história. É durante esta época
que Jobs cria o computador Mac. Em 1991, Jobs se casou com Laurene Powell, a quem conheceu
na Standford University e formam uma família. Jobs criou, em 1989, a NeXT Corp. e comprou a Pixar
Animation Studios da Lucasfilm, em 1986. Com Steve Jobs dirigindo a Pixar (e em parceria com os
Estúdios Disney) foram produzidos diversos filmes como “Toy Story”, “Vida de Inseto”, “Procurando
Nemo” e “Monstros S.A.” e alguns deles premiados com o Oscar. Depois disto, Jobs inovou o mercado
com o iMac, um computador com uma estética moderna, sem leitora de disquetes (só leitora de CDs)
e cujo conceito era trabalhar com, por e para a internet. Outra grande inovação foi o iPod, um pequeno
aparelho reprodutor de músicas em formato MP3, capaz de armazenar, em uma de suas versões, mais
de 15.000 músicas. Talvez este tenha sido o maior salto da Apple (Fonte: Adaptado do conteúdo – Dis-
ponível em: https://www.ebiografia.com/steve_jobs/ Acesso em: 22/09/2016)

UNIDADE III
Darcy Ribeiro – antropólogo e educador brasileiro. Nasceu em 26 de outubro de 1922, em Montes
Claros (MG), no Vale do São Francisco, entrada do sertão nordestino. Aos 29 anos tornou-se Ministro
da Educação em 1962, durante o Governo João Goulart. Em 1963 foi ministro-chefe da Casa Civil do
presidente João Goulart; vice-governador do Rio de Janeiro em 1982, secretário de Cultura, coordena-
dor do Programa Especial de Educação, e senador da República de 1991 até sua morte, em 1997. A
intensa produção de livros o transformou em um dos imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL),
onde viria a ocupar a cadeira 11 em 1993. Sua produção na área da educação e da cultura deixou
marcas no país: criou universidades, centros culturais e uma nova proposta educativa com os Centros
Integrados de Educação Pública, os Cieps, além de deixar inúmeras obras traduzidas para diversos
idiomas. Faleceu em 17 de fevereiro de 1997. No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente
a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação à distância, e a Escola Normal
Superior, para a formação de professores de 1º grau. (Fonte: Biografia. Fundação Darcy Ribeiro. Dis-
ponível em: http://www.fundar.org.br Acesso em: 22/09/2016).

Ford – Henry Ford, americano, nascido em Dearborn, Michigan em 30/07/1863; viveu até 1947. Fun-
dou e organizou a Ford Comp. Ford adotou uma abordagem revolucionária na fabricação de automó-
veis, utilizando princípios da administração científica. Após muito estudo, máquinas e trabalhadores
foram colocados em sequência na fábrica de Ford, de modo que um automóvel pudesse ser montado
sem interrupções ao longo de uma linha de produção móvel. Utilizava-se energia mecânica e uma es-
teira para extrair o trabalho dos trabalhadores. Do mesmo modo, a fabricação das partes também foi
radicalmente modificada. De suas ideias e de seu nome vem a teoria administrativa intitulada fordismo
que consiste em aumentar a produção através do aumento de eficiência e baixar o preço do produto,
resultando no aumento das vendas que, por sua vez, permitiria manter baixo o preço do produto (Fonte:
Fordismo. Disponível em: http://www.infoescola.com/economia/fordismo Acesso em: 22/09/2016).
Fayol – Henri Fayol foi o criador da teoria clássica administrativa. Segundo essa teoria, as funções da
empresa são repartidas em seis nas quais estão englobadas as funções universais da Administração
que são: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Essas funções também se estendem nas
outras cinco esferas como uma técnica para estruturar a empresa. Para Fayol, a empresa é analisada
em uma estrutura de cima para baixo. Sua visão é mais gerencial com resultados finais na produção

74
enquanto que a visão de Taylor é na produção e no operário para resultados na quantidade produtiva
(Fonte: Henri Fayol – teoria clássica da administração 1916. Disponível em: http://www.coladaweb.
com/administracao/taylor-e-fayol Acesso em: 22/09/2016).

Taylor – Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915), engenheiro mecânico, desenvolveu um conjunto de
métodos para a produção industrial que ficou conhecido como taylorismo. De acordo com Taylor, o fun-
cionário deveria apenas exercer sua função/tarefa em um menor tempo possível durante o processo
produtivo, não havendo necessidade de conhecimento da forma como se chegava ao resultado final.
Sendo assim, o taylorismo aperfeiçoou o processo de divisão técnica do trabalho, sendo que o conhe-
cimento do processo produtivo era de responsabilidade única do gerente, que também fiscalizava o
tempo destinado a cada etapa da produção. Outra característica foi a padronização e a realização de
atividades simples e repetitivas. Taylor apresentava grande rejeição aos sindicatos, fato que desenca-
deou diversos movimentos grevistas. (Fonte: Taylorismo e Fordismo. Disponível em: http://www.brasi-
lescola.com/geografia/taylorismo-fordismo.htm Acesso em: 22/09/2016).

Lan house - é um estabelecimento comercial onde, à semelhança de um cyber café, as pessoas


podem pagar para utilizar um computador com acesso à internet e a uma rede local, cujo principal
fim é o acesso à informação rápida pela rede, e, entretenimento, através dos jogos em rede ou online
(Fonte: Significado de Lan House. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/LAN_house Acesso em:
22/09/2016).

75
REFERÊNCIAS

UNIDADE I
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 2.ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982.

ARANHA, Maria L. Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.

BÉRVOT, Evelyne. BELLONI, Maria Luiza. MÍDIA-EDUCAÇÃO: conceitos, história e perspectivas.


Educação e Sociedade, Campinas, vol. 30, n. 109, p. 1081-1102, set./dez. 2009

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

KENSKI, Vano Moreira. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papi-
rus, 2007.

LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. São Paulo: Edições Loyola, 1998.

______. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

SILVA, E. T. Revalorização do livro diante das novas mídias. Veículos e linguagens do mundo contem-
porâneo: a educação do leitor para as encruzilhadas da mídia. In MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Inte-
gração das Tecnologias na Educação. Brasília/DF: Secretaria de Educação a Distância Esplanada
dos Ministérios, 2005. (p.32-37)

TAKAHASHI, Tadao. (org.). Sociedade da informação no Brasil: Livro Verde. Brasília, Ministério de
Ciência e Tecnologia, 2000.

TOFFLER, Alvin. A terceira onda. 26. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BÉVORT, Evelyne. BELLONI, Maria Luiza. MÍDIA-EDUCAÇÃO: conceitos, história e perspectivas. Edu-
cação e Sociedade, Campinas, vol. 30, n. 109, p. 1081-1102, set./dez. 2009. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/es/v30n109/v30n109a08.pdf Acesso em: 22/09/2016

TAKAHASHI, Tadao. (org.). Sociedade da informação no Brasil: Livro Verde. Brasília, Ministério de
Ciência e Tecnologia, 2000. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/ci000005.pdf Acesso em:
22/09/2016

UNIDADE I
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 7. ed. São Paulo: Cortez Editora,
2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm Acesso em: 22/09/2016

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Portaria nº 522, de 09 de abril de 1997, que institui
o ProInfo. Disponível em: http://www.anatel.gov.br/hotsites/Direito_Telecomunicacoes/TextoIntegral/
NOR/prt/med_19970409_522.pdf Acesso em: 22/09/2016

76
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto
ciclos: apresentação dos temas transversais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/
SEF, 1998.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2007.


DIZARD, W. P. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. 2. ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed.. 1998.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. São Paulo: Papirus, 1997.

NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

NORA, Simon; MINC, Alain. A informatização da sociedade. Rio de Janeiro: FGV Editora, 1980.

SANTAELLA, L. Cultura das mídias. 2. ed. São Paulo: Experimento, 1996.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

UNIDADE III
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação à distância na Internet: abordagens e contribui-
ções dos ambientes digitais de aprendizagem. Educ. Pesqui. [on line]. 2003, v. 29, n. 2, pp. 327-340.

FRANCO, Maria de Fátima. Blog Educacional: ambiente de interação e escrita colaborativa. In: Anais…
XVI Simpósio Brasileiro de Informática na Educação – SBIE. Rio de Janeiro: UFJF, 2005. p. 309-319.

GATTI, Bernadete. A Informatização e Tecnologia. In: SERBINO, Raquel Voltapo; BERNARDO, Ma-
ristela Veloso Campos. (Orgs.) Educadores Rumo ao Século XXI: Uma Visão Multidisciplinar. São
Paulo, UNESP, 1992.

GOMES, Maria João. Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica. In: MENDES, Antonio. PEREI-
RA, Isabel. COSTA, Rogério. Actas do VII Simpósio Internacional de Informática Educativa, Leiria:
Escola Superior de Educação, 2005. p. 311-315

GOMES, Maria João. LOPES, Antônio Marcelino. Blogues escolares: quando, como e por quê? Actas
da Conferência Weblogs na Educação – 3 testemunhos, 3 experiências. Setúbal: Centro de Com-
petências CRIE da ESE de Setúbal, 2007. p. 117-133.

KENSKI, Vano Moreira. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papi-
rus, 2007.

RIBEIRO, Darcy. Nossa Escola é uma calamidade. Rio de Janeiro: Salamandra, 1984.

SANTOS, Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livres, plurais e gratuitas.
In: Revista FAEBA, v.12, no. 18. 2003. (no prelo) Disponível em: http://www.comunidadesvirtuais.pro.
br/hipertexto/home/ava.pdf Acesso em: 22/09/2016).

SIMIÃO, L. F.; REALI, Aline Maria de Medeiros Rodrigues. O uso do computador, conhecimento para o
ensino aprendizagem profissional da docência. In: MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti; REALI, Aline
Maria de Medeiros Rodrigues. Formação de professores, práticas pedagógicas e escola. São Car-
los: EdUFSCar, 2002. p. 125-149.

77
TAKAHASHI, Tadao. (org.). Sociedade da informação no Brasil: Livro Verde. Brasília, Ministério de
Ciência e Tecnologia, 2000.

VALENTE, José A. Computadores e Conhecimento. Repensando a educação. UNICAMP, SP: Ed.


NIED, 1993.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
VALENTE, José A. Computadores e Conhecimento. Repensando a educação. UNICAMP, SP: Ed.
NIED, 1993. Disponível em: http://www.nied.unicamp.br/?q=content/computadores-e-conhecimento-re-
pensando-educa%C3%A7%C3%A3o Acesso em: 22/09/2016

______. O computador na sociedade do conhecimento. UNICAMP, SP: Ed. NIED, 1993. Disponível
em: http://www.nied.unicamp.br/oea/pub/livro1/ Acesso em:

78

Você também pode gostar