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CENTRO DE TECNOLOGIA
João Pessoa
2007
AYISLAN CHAVES SILVA
João Pessoa
2007
AYISLAN CHAVES SILVA
BANCA EXAMINADORA
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O agradecimento primeiro é ao Pai Celestial pela coragem, força e luz que deu ao
meu caminho na realização desde curso e deste trabalho final.
Aos meus pais e irmãos, que sempre me mostraram o caminho da educação e que
foram guardiões severos da minha persistência.
Ao meu grande amor Pricila Katlla, por ter sido minha companheira fiel, fonte
inesgotável de motivação.
Aos senhores Marcos Simas França, Marcos Aurélio e Maria do Socorro, pelo
companheirismo e auxílio incondicional nos conhecimentos práticos.
Ao meu amigo Marcel de Gois pelo esforço conjunto na construção das idéias
sobre a prática da Engenharia de Produção, especialmente neste trabalho e a todos
os demais amigos que direta ou indiretamente contribuíram nesta jornada.
RESUMO
4.3.1 – Sazonalidade........................................................................................................................ 45
PRODUTIVIDADE .................................................................................. 49
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 52
12
Todas as eras da história da produção destacaram suas próprias formas de avaliar seu
desempenho, mas só a partir do advento da Administração Científica proposta por Taylor, foi
iniciado o processo de desenvolvimento de indicadores numéricos relacionando entradas e
saídas, usados para o entendimento e para o norteamento das tomadas de decisão nas
empresas, principalmente na indústria.
Desde esta época, surgiram vários conceitos e várias formas de avaliar as organizações
em geral e sua capacidade de produzir, cada vez mais e melhor, surgindo então o conceito de
Produtividade. Segundo Gaither e Frazier (1999, p.458), “produtividade significa a
quantidade de produtos ou serviços produzidos com os recursos utilizados”.
Devido às grandes diferenças nas naturezas de processos, existem diversas formas de
se medir um item e considerar este valor como sua Produtividade. É esta gama de
aplicabilidade que gera a flexibilidade que permite este tipo de avaliação em qualquer
categoria de processo produtivo.
A medição de Produtividade de um processo qualquer é o que dá a idéia de seu
desempenho para seus administradores, o que impacta diretamente sobre todos os níveis de
tomada de decisão. Deste modo, se esta medição for feita de forma que não contemple todos
os itens pertinentes ou num extremo, sejam medidos de forma errônea, as tomadas de decisão
podem não corresponder ao atendimento da principal meta do processo produtivo em questão.
Desta forma, as empresas buscam constantemente a melhor forma possível de medir o
desempenho de seus processos e, conseqüentemente, a melhor forma de interpretar os valores
encontrados para as corretas intervenções, maximizando seu lucro e garantindo sua existência.
Dentro de uma fábrica de cerveja, o setor que mais evidencia a produtividade de seu
processo como um todo, é o setor de envase. Este setor se destaca pela grande complexidade
de gestão devido ao grande número de etapas componentes e ao seu porte tecnológico, o que
normalmente caracteriza a restrição do processo total.
Os sistemas de produção possuem determinado seqüênciamento na realização das
etapas de seus processos na composição do produto acabado, isto é o que define o fluxo de
produção da empresa. De acordo com suas características de produção, o setor de envase se
compõe de fluxo de produção em linha, ou seja, sem estoques intermediários ou intermitência.
13
Desse modo, o gerenciamento deste fluxo com a otimização de seu balanceamento impactam
diretamente em seu desempenho. Assim, a correta avaliação da produtividade deste setor
direciona as ações desta avaliação e afeta diretamente o resultado global de toda a planta
fabril.
Nesta linha de pensamento, este trabalho se destina a responder a seguinte questão:
Em que sentido o indicador de Produtividade de uma linha de envase de cerveja auxilia no
direcionamento à melhor gestão do fluxo de produção?
14
1.2 – Justificativa
5,0
0,0
%
- 10,0
- 15,0
Assim, por estes dados conclui-se que é relevante avaliar o sistema de mensuração de
Produtividade utilizado numa linha de envase de cerveja como garantia do correto
gerenciamento do fluxo da produção.
1.3 – Objetivos
A Produtividade Parcial dos Fatores (PPF) é expressa pela relação entre o produto e
um único fator de produção. Ela mede como o produto por unidade de insumo varia no tempo,
ignorando a contribuição de outros fatores. A PPF mais abrangente, usada para a economia
como um todo, é o índice de produtividade do trabalho, definida como produção por
trabalhador. A produção pode ser medida em termos de um único produto, podendo ser
expressa em quantidade ou como um agregado de produtos, indicando, neste último caso,
quais preços devem ser usados para a agregação. Para fazer comparações ao longo do tempo,
os preços usados devem ser reais ou constantes. Por exemplo, o índice de PPF mais usado na
agricultura é a produção por unidade de área ou produtividade da terra.
A principal limitação da PPF é que tal indicador pode ser afetado por mudanças de
outros fatores, além do fator usado na construção do índice. Por exemplo: aumentos nas
aplicações de fertilizantes por unidade de área elevarão a produtividade, mas não se pode
inferir que aumento na produtividade de lavouras seja resultado do melhoramento genético ou
da redução nos custos de transação, a menos que seja usado algum controle (estatístico ou
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A Produtividade Total dos Fatores (PTF) é uma relação entre todos os produtos,
expressos por meio de índice, e os insumos totais, também expressos na forma de índice.
Se a relação entre o total de produto e de insumos é crescente, então pode ser
interpretado que mais produtos podem ser obtidos para um dado nível de insumos. A taxa de
crescimento da PTF é a de crescimento do produto menos a de crescimento do índice
agregado de insumos. O crescimento da PTF capta o crescimento do produto que é devido ao
uso mais eficiente dos fatores de produção, proporcionado pela melhoria tecnológica.
Diferenças na PTF ao longo do tempo podem resultar de vários fatores. Estes incluem:
Mais unidades de Y podem ser obtidas para um dado nível de X mediante a inovação
técnica. Mudança da tecnologia de produção pode ser representada na figura 3 como um
deslocamento da superfície de produção de Y1 para Y2. A cada escala de produção, mais
produto é produzido com a nova tecnologia representada em Y2, do que com a tecnologia
original Y1. Por exemplo: quando a tecnologia de produção é representada por Y1, um nível
de insumo X1 resultará um produto no ponto B. Contudo, após a mudança representada por
Y2, a mesma quantidade de insumo, X1, proporciona produção maior (ponto D). A mudança
tecnológica está geralmente embutida na melhoria da qualidade humana e do capital físico.
Como foi visto, essa fonte de crescimento pode ser medida pelo movimento do ponto B para o
ponto D. Tal aumento do produto é captado pela PTF ao longo do tempo. Esse deslocamento
do ponto B para D, no qual mais produtos podem ser obtidos com a mesma quantidade de
insumos, pode ser motivado também, segundo Wen (1993), por inovação institucional. O
produto pode crescer até mesmo quando certas restrições institucionais na alocação de
recursos são eliminadas.
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forma que „abandonem o mundo dos custos, para o qual foram treinados, e ingressem no
mundo dos ganhos, em que está a intuição e os resultados positivos‟".
O princípio em que se baseia a TOC é de que existe uma causa comum para muitos
efeitos, que os fenômenos vistos são conseqüência de causas mais profundas, levando a ter
uma visão sistêmica da empresa. Toda empresa é considerada como um sistema na TOC, isto
é, um conjunto de elementos entre os quais há alguma relação de interdependência. Corbett
(1997) refere que "cada elemento depende um do outro de alguma forma, e o desempenho
global do sistema depende dos esforços conjuntos de todos os seus elementos".
O conceito chave da TOC refere-se à restrição, ou seja, o fator que restringe a atuação do
sistema como um todo. Goldratt, apud Corbett (1997) explica que: "o primeiro passo é
reconhecer que todo sistema foi constituído para um propósito; não criamos nossas
organizações sem nenhuma finalidade. Assim, toda ação tomada por qualquer parte da
empresa deveria ser julgada pelo seu impacto no propósito global. Isso implica que, antes de
se lidar com aprimoramentos em qualquer parte do sistema, primeiro é preciso definir qual é a
meta global do mesmo e as medidas que vão permitir que se possa julgar o impacto de
qualquer subsistema e de qualquer ação local nessa meta global [...] A restrição de um sistema
é nada mais do que se sentir estar expresso nessas palavras: qualquer coisa que impeça um
sistema de atingir um desempenho maior em relação à sua meta [...] Na realidade, qualquer
sistema tem bem poucas restrições (isso é o que está provado em A meta, pela analogia dos
escoteiros) e ao mesmo tempo, qualquer sistema na realidade tem que ter pelo menos uma
restrição".
Todo sistema tem que ter pelo menos uma restrição. Essa afirmação é explicada pelo
fato de que, se não houvesse algo que limitasse o desempenho do sistema, este seria infinito,
ou seja, se uma empresa não possuísse uma restrição, seu lucro seria infinito.
Para resumir todo o princípio da TOC, segundo Cox III (2002), a teoria das restrições
consiste dos seguintes componentes: (1) um ramo logístico, com as metodologias tambor-
pulmão-corda e o gerenciamento de pulmões, e as estruturas lógicas de análise V-A-T
(utilizadas para projetar e analisar linhas de produção assim como sistemas de distribuição);
(2) um segundo ramo que consiste no processo de focalização em cinco etapas, nos
indicadores de desempenho do sistema (ganho, inventário e despesas operacionais), a
aplicação do ganho dólar/dia e as aplicações de decisões do composto de produção; e (3) um
terceiro ramo envolvendo a solução de problemas/processo de pensamento que consistem em
diagramas efeito-causa-efeito (ECE) e seus componentes (ressalvas de ramo negativo, árvore
de realidade atual, árvore de realidade futura, árvore de pré-requisitos e árvore de transição), o
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1. "identificação da (s) restrição (ões), ou seja, o (s) fator (es) que restringe (em) o sistema:
2. definição de como explorar a (s) restrição (ões) do sistema:
3. subordinação de todos os aspectos às decisões tomadas acima;
4. elevação da (s) restrição (ões) do sistema; e
5. voltar para o elo agora mais fraco, sem deixar que a inércia se torne a nova restrição".
Goldratt apud Corbett (1997), coloca que "[...], antes de lidar com aprimoramentos em
qualquer parte do sistema, primeiro precisamos definir qual é a meta global do mesmo e as
medidas que vão permitir que possamos julgar o impacto de qualquer subsistema e de
qualquer ação local nessa meta global".
Para Goldratt & Cox (1986), a Teoria das restrições pode ser enquadrada dentro de
uma visão sistêmica empresarial, desde que sejam reduzidas as metas de uma organização à
questão de obtenção de resultados financeiros, quando dizem que "a meta de uma empresa de
manufatura é ganhar dinheiro". A meta de uma empresa "é a rentabilidade do capital do
acionista", segundo Corbett (1997). O mesmo autor refere que, para fazer a ponte entre o
Lucro Líquido e o Retorno sobre o Investimento, a Teoria das Restrições tem três medidas,
onde estas têm que ser puramente financeiras, para mostrar se a empresa está indo em direção
à sua meta ou não. Nessa linha de pensamento, todo o processo de filosofia empresarial deve
estar centrado nas receitas e não nas despesas e custos. As despesas e custos são apenas
recursos para produzir receitas e ganhos.
As medidas da TOC, ou seja, o sistema contábil, é formado por três blocos de construção, de
acordo com Goldartt (1992), que são:
"Ganho (G): o índice pelo qual o sistema gera dinheiro através das vendas.
Investimento (I): todo o dinheiro que o sistema investe na compra de coisas que pretende
vender.
Despesas Operacionais (DO): todo o dinheiro que o sistema gasta transformando
investimento em ganho".
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O ganho é definido, conforme Corbett (1997), "como todo o dinheiro que entra na
empresa, menos o que ela pagou a seus fornecedores; esse é o dinheiro que a empresa gerou;
o dinheiro pago aos fornecedores é dinheiro gerado por outras empresas".
O investimento, segundo o mesmo autor, é todo o dinheiro que o sistema investe na
compra de coisas que pretende vender. Corbett (1997) ainda diz que o investimento deve ser
dividido em duas categorias, a dos estoques de matéria-prima, produtos em processo e
produtos acabados e os outros ativos. Isso porque os estoques de produtos têm um grande
impacto sobre a competitividade da empresa.
A despesa operacional, para Goldratt (1992), é compreendida como todo o dinheiro
que "temos de colocar constantemente dentro da máquina para mover suas engrenagens",
como por exemplo, salários, desde o presidente da empresa até a mão-de-obra direta, aluguéis,
luz, encargos sociais, depreciações etc. A TOC não os classifica em custos fixos, variáveis,
indiretos, diretos etc. A despesa operacional é simplesmente todas as outras contas (despesas)
que não entraram no ganho ou no investimento.
29
De acordo com esses critérios e com o objetivo central da pesquisa, conclui-se que
para este trabalho a abordagem mais adequada é a qualitativa.
Quanto aos meios de pesquisa, pode ser classificada como bibliográfica, de campo e
estudo de caso. Sendo uma pesquisa bibliográfica enquanto se apóia em informações e
conhecimentos obtidos em livros e artigos relacionados à medição da produtividade e do
gerenciamento deste índice.
A pesquisa caracteriza-se como de campo, pois também se baseia em dados coletados
in loco, buscando a compreensão das especificidades relacionadas ao fluxo da produção e seu
gerenciamento.
Também se caracteriza por estudo de caso, pois descreve a unidade de estudo com
profundidade, demonstrando as razões conceituais as quais a empresa se baseia para formular
seu índice de produtividade.
OBSERVAÇÃO
ETAPA PESQUISA DOCUMENTAL
SISTEMÁTICA
Observação do fluxo de
Documentos da Empresa (Sugestões,
Estudo de Caso produção e suas
indicadores, relatórios).
especificidades
Quadro 1: Instrumentos de Coleta de Dados
Fonte: Elaborado pelo autor
31
Variáveis são as características que podem ser observadas (ou medidas) no objeto do
estudo. (ZANELLA, 2006). Elas estão diretamente relacionadas com os objetivos da pesquisa,
devendo ser configuradas de modo a conduzirem ao discernimento adequado do fenômeno
estudado. Deste modo, elas conduzem a observação do fenômeno pesquisado, sendo
identificadas em campo por meio de um conjunto de indicadores.
Neste trabalho, as variáveis e seus respectivos indicadores estão relacionados a cada
um de seus objetivos específicos, segundo o Quadro 2:
Objetivo Geral: Avaliar a influência do sistema de mensuração de Produtividade em uma
linha de envase de cerveja como instrumento orientador no gerenciamento do fluxo da
produção
Ferramentas de Mensuração
Objetivo Específico
Variáveis Indicadores
Conhecer as etapas Conhecimento Máquinas
do processo técnico das etapas Equipamentos
produtivo do processo Atributos do produto
Relacionamento Balanceamento do fluxo
Conhecer o fluxo do
processo produtivo
entre as etapas do Paradas no processo
processo
Identificar o sistema Metodologia de mensuração da produção
Sistema de
de mensuração da
indicadores de Metodologia de mensuração dos recursos
produtividade da
produtividade Metodologia de cálculo do índice de
empresa objeto de Produtividade
empregado
estudo
Realizar análise Limitações do sistema de indicadores
crítica entre os utilizados
conceitos de Impacto do sistema Sistemas de indicadores vs. Gestão do fluxo
produtividade e o de indicadores na produtivo
modelo de gestão do processo
produtividade da
empresa avaliada
Quadro 2 Variáveis relativas aos Objetivos Específicos
Fonte: Elaborado pelo autor
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O estudo de caso foi realizado em apenas uma das unidades de produção de bebidas,
das 33 que compõem o parque fabril da organização. Esta unidade foi inaugurada em
dezembro de 1987 e passou por algumas ampliações e modernizações durante sua existência,
sendo a última em 2000, quando ocorreu o processo de fusão. É considerada uma fábrica
33
estratégica na regional em que se encontra, isto se deve à sua capacidade instalada e aos níveis
de qualidade de produção.
Esta unidade, situada na cidade de João Pessoa – PB, possui uma capacidade instalada
de 3,8 milhões de hectolitros de cervejas ao ano, produzindo 4 marcas nas embalagens de
Descartável Lata 350 ml, Retornável Inteira 600 ml e Descartável Long Neck 355 ml, onde
conta também com o mix de mais 5 tipos de cerveja especial, sendo em algumas destas, a
produtora exclusiva de toda a companhia. Além das cervejas, a unidade também dispõe de
capacidade de produção de 200 mil hectolitros de refrigerantes ao ano, sendo estes divididos
em 5 marcas de refrigerantes em embalagens de Lata 350 ml.
Esta planta possui, ainda, vários recursos diferenciados, a saber: a única linha de Long
Neck da companhia nas regiões Norte e Nordeste, classificada como a de maior eficiência
entre as fábricas da empresa no país; um sistema de descarga de malte por sucção para 40
toneladas/hora; uma sala de Brassagem equipada para fazer até 12 fabricos/dia (11500 hl/dia);
uma usina de CO2 com capacidade para 40.000 kg de CO2/dia; também possui uma linha de
enlatamento com capacidade diária para 6.000 hectolitros; e um estruturado sistema de
tratamento de efluentes ambientais.
A unidade objeto do estudo de caso é dividida em Unidades Gerenciais (UGs), que por
sua vez são divididas em células ou Unidades Gerenciais Básicas (UGBs). Nas seções que se
seguem são descritas sucintamente as UGs da Filial.
Manutenção Industrial
Utilidades
Dentro da unidade objeto do estudo de caso foi analisada a linha que se destina ao
envase de cerveja na embalagem Long Neck (355 ml). O mix de produção da linha abrange
um total de nove produtos. Além destes, a linha se encontra em processo de elaboração de
projeto de modernização, visando à entrada de mais dois produtos do mix da Companhia,
diferenciadas em forma de embalagem e volume. Esta linha é a responsável pelo atendimento
de todo o mercado norte-nordeste e de todo o país, no caso de um de seus produtos.
Nos próximos tópicos serão descritos a composição dos produtos, detalhes do processo
de envase, características do fluxo de produção na linha, as classificações dos tempos de linha
parada, e, por fim, a definição do gráfico V, utilizado como parâmetro para o gerenciamento
da capacidade da linha.
O produto acabado é composto por uma embalagem plástica (filme), contendo quatro
caixas que por sua vez contém seis garrafas de 355 mL de cerveja. A composição das
embalagens (produtos acabados) é semelhante, diferindo basicamente na arte visual dos seus
componentes.
Além do envase propriamente dito, a linha é responsável pela personalização do
produto para a forma como este vai chegar aos clientes e consumidores. Os insumos utilizados
durante o processo são as garrafas âmbar padrão, rolha (tampa metálica), rótulos (gargantilha
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e corpo), cartão six-pack (seis garrafas), filme plástico Shirink (pacote com quatro six-pack) e
finalmente o filme plástico Stretch (paletização).
A descrição acima vale para todos os produtos da linha, com exceção de duas marcas
que se diferenciam apenas por possuir garrafa personalizada, e em um dos casos um terceiro
rótulo na parte de trás da garrafa, ambos sem quaisquer influências no fluxo de produção ou
impacto nos principais índices de desempenho.
O processo de envase das cervejas long keck segue diversas etapas, indo desde a
colocação das garrafas vazias na linha, até a retirada destas devidamente cheias, rotuladas e
paletizadas. Na figura 5 tem-se a visão geral destas etapas, que são fixas e dispostas segundo
as necessidades inerentes de cada etapa, não podendo haver alterações.
Paletizador
Empacotadora Empacotadora
1 2
Rotuladora Despaletizador
Pasteurizador
Enchedora
Rinser
A Empresa estudada utiliza a base “tempo” como sua variável básica, numa
comparação simples entre os tempos de linha operante e inoperante.
Visando maior produtividade, todas as linhas de envase da Empresa alvo da pesquisa
obedecem ao lay-out linear, tendo eventualmente algum pulmão entre as máquinas
componentes, o que pode ficar complexo para distinguir o que caracteriza realmente o estado
de linha parada para a Empresa.
A empresa considera que os tempos de linha parada são determinados pela operação
da Enchedora, pois além desta máquina ser a mais central dentro do fluxo da linha, sua
operação contínua contribui significativamente para a garantia de alguns aspectos de
qualidade do produto e redução de desperdício de insumos. Fato que a caracteriza como o
gargalo do processo de envase.
Em contrapartida ao esforço de atendimento do mercado em alguns períodos, há
também grande parte de tempos de linha parada, sejam as paradas por ineficiência das
máquinas, por falta de algum input ocasionada por ineficiência de áreas externas
fornecedoras, paradas para algum tipo de intervenção programada na linha, ou propriamente a
falta de necessidade de produção.
Desta forma, dentro do modelo de Produtividade da Empresa, a classificação das
paradas obedecem ao seguinte critério:
45000
40000
35000
30000
Rinser
Paletizador
Enchedora
Rotuladora
Pasteurizador
Despaletizador
Empacotadora
Empacotadora
SixPack
Shirink
Gráfico 2: Balanceamento de Capacidade da Linha de Long Neck
Fonte: Tabela de capacidades nominais das máquinas da linha de Long Neck da empresa
4.3.1 – Sazonalidade
A sazonalidade pode ser discutida sob três aspectos diferentes: a eventual, a climática
(dentro do ano) e a guerra de marketing.
Devido às suas particularidades de mercado, a cerveja, que é o principal produto da
Empresa em estudo, sofre grande variação de demanda de acordo com o cancelamento,
adiamento ou atingimento da freqüência de festas ou eventos que possuem características de
consumo destes produtos, tais como, Copa do Mundo, São João, Carnaval, etc. Isto é o que
caracteriza principalmente a demanda eventual.
Pelo mesmo motivo de características de consumo, a demanda sofre grande alteração
com as estações do ano, podendo ter um incremento de demanda na ordem de 100% entre
períodos de verão em relação a períodos de inverno para determinados produtos.
Afora isto, um outro impacto sofrido pela demanda se determina pela forte influência
que as atividades de Marketing fazem sobre a venda desses produtos. Isto pode ser
demonstrado com os números da participação do mercado de cerveja para os produtos da
Empresa, que no seu ano de fundação era de 70% do share total, passando para 64% em 2003,
reagindo para o patamar de 69% devido à interação de estratégias de Marketing sobre a
demanda, primeiro pela concorrência e depois pela retomada da Empresa em estudo.
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Horas Totais (HT) – Representa todo o tempo de análise em horas (exemplo: medição de
1 dia, HT=24 horas)
Horas Utilizadas (HU) – Refere-se ao tempo determinado pela programação da
produção, ou seja, são as Horas Totais menos os tempos de paradas por Manutenção
Programada e Sem mão-de-obra.
Horas Disponíveis (HD) – É o tempo efetivamente destinado à produção. É igual às
Horas Utilizadas menos os tempos destinados às paradas programadas (Set Up, Assepsia
etc)
47
HPL
Ef Equação 1
HEL
É possível notar que este cálculo contempla apenas o que foi perdido de tempo nas
ineficiências das máquinas da linha e as Perdas de produção por Qualidade.
48
HPL
P Equação 2
HU
De acordo com o que foi fundamentado bibliograficamente e o que foi descrito sobre o
sistema de mensuração de Produtividade e o balanceamento de fluxo de produção da empresa
objeto de estudo, pode-se fazer as associações e análises críticas dentre suas concordâncias e
discordâncias, não perdendo o foco sobre as limitações e especificidades do processo em
questão.
Para tanto, as análises são feitas quanto à abrangência que o índice de Produtividade
confere à gerência da empresa para o entendimento do rendimento do sistema produtivo, a
relação entre o sistema de mensuração com a composição do fluxo de produção e as demais
conclusões relevantes ao entendimento de suas capacidades.
possível determinar exatamente o que pode ter contribuído para a queda no seu valor absoluto.
Já se houve um incremento, pode ficar complexa a determinação de quais outros fatores
importantes foram penalizados em seu detrimento.
Apesar de possuir vários outros indicadores para medir estas demais variáveis, a
empresa não utiliza o índice, comumente referenciado como Produtividade, para uma visão
mais global do desempenho de seu negócio.
Assim, dentro do que foi explanado sobre a fundamentação da Teoria das Restrições, a
empresa estará tomando decisões para a formação de ótimos locais, e não do ótimo global, o
que neste caso pode prejudicar o ganho.
Referências
Cox III, James F. Manual da Teoria das Restrições. trad. Fernanda Kohmann Dietrich. Porto
Alegre: Bookman, 2002.
DAFT, R.L. Administração. 4a ed. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos,
1999. 513p.