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GESTÃO ESCOLAR: UM NOVO OLHAR

PARA O BRINCAR COMO INSTRUMENTO


DE APRENDIZAGEM
Marlene de Jesus das Mercês
Prof. Orientador: Amilton Alves
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso (Ped 1006) – Trabalho de Graduação
18/09/17

RESUMO

Diante do tema proposto, estarei realizando uma observação por meio de uma pesquisa
de campo de como gestores de escolas das séries iniciais vem apoiando a ludicidade nas
práticas de sala de aula para melhor aquisição e aprimoramento dos conhecimentos dos
alunos bem como a atuação do coordenador pedagógico frente a este desafio. Por muito
tempo os jogos e as brincadeiras eram considerados um passatempo sem outros
objetivos. Era a forma que as crianças utilizavam o tempo livre. As brincadeiras eram
feitas sem ter qualquer significado pedagógico. Os brinquedos que existiam eram
somente para distrair, enquanto seus pais trabalhavam, faziam suas obrigações ou
conversavam. Atualmente sabe-se que as brincadeiras e jogos infantis são
representações da vida real da criança e que ajudam a desenvolver sua capacidade de
imaginar, pensar e agir por si própria sem depender de um adulto para ensinar. Essas
atividades são essenciais na formação integral da criança, principalmente quando ela
está na fase de desenvolvimento escolar. No entanto, para que tenham efeito na
educação, elas precisam ser trabalhadas de forma pedagógica. O presente estudo teve
como objetivo verificar a influência do lúdico na educação infantil, buscando
embasamento na bibliografia disponível, para entender como a criança aprende através
da ludicidade no processo de ensino/aprendizagem, bem como no desenvolvimento
global da criança. Por meio desta pesquisa foi possível entender o quanto o lúdico pode
ser um instrumento importante e imprescindível na aprendizagem, no desenvolvimento
cognitivo, afetivo e social das crianças. Acredito que os futuros professores podem e
precisam tomar consciência desse potencial educativo viabilizado pelas atividades

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lúdicas. É necessário observar se os professores atuantes têm conhecimento de alguns
conceitos, de como o lúdico pode influenciar na relação do brincar com a aprendizagem
e o desenvolvimento da criança. O propósito desse artigo é, porquanto, mostrar a
importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras para o desenvolvimento e
aprendizagem das crianças. O domínio de novos saberes no campo do lúdico poderá se
tornar uma importante contribuição para o aperfeiçoamento das práticas pedagógica
especialmente dos professores das séries iniciais do ensino fundamental.

Palavras-chave: Ludicidade – Aprendizagem - Séries Iniciais.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a seguinte temática: Gestão Escolar: Um novo olhar para o
brincar como instrumento de aprendizagem visando a realidade de escolas da Rede
Municipal de Teodoro Sampaio. O objetivo geral deste estudo é realizar uma análise de
que maneira os professores da Educação Infantil e dos Anos Iniciais vem inserindo a
prática da ludicidade e como esta prática é encarada pela gestão escolar. Tendo em
vista, observamos como esse fenômeno ocorre nas salas de aula tanto na Educação
Infantil quanto nas séries iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que, mediante a
estudos posteriores, vê-se que a inserção do lúdico nessas etapas da Educação Básica
tem se configurado como um mecanismo facilitador do processo de ensino
aprendizagem por parte dos aprendizes. O foco primordial tem sido a contribuição que o
gestor escolar tem dado a esse processo, no que tange a sua participação e interação com
base na proposta a ser analisada. Antigamente os jogos e as brincadeiras eram
considerados um passatempo para as crianças, As brincadeiras eram feitas sem ter
qualquer significado pedagógico. Os brinquedos que existiam destinavam-se apenas
para distrair.
A partir do início do século XX, segundo Kishimoto (1993) algumas instituições
de educação infantil desenvolveram o jogo a partir de teorias pedagógicas influenciadas
por Frobel, Claparède, Dewey, Decroly e Montessori. Com o passar do tempo foi se
tornando mais visível a possibilidade de utilizar os jogos e brinquedos para desenvolver
a aprendizagem de forma lúdica.

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Sabemos que o lúdico tem sido considerado uma ferramenta importante para o
aprendizado do aluno. Isso se deve ao fato de que o aluno, quando inserido num
ambiente em que esteja envolvido com jogos, dinâmicas, desafios e outros, terá
despertado sua motivação para descobrir o novo e produzir conhecimento.
A escolha do tema deveu-se ao interesse de obter novos conhecimentos a
respeito da prática pedagógica a partir das atividades lúdicas. Percebeu-se pelos estudos
realizados que o ensino e aprendizagem na maioria das vezes continuam sendo
insatisfatório, o que sugere a necessidade de mudanças no âmbito educacional.
Por meio do lúdico é possível melhorar o desenvolvimento social, pessoal e
cultural em qualquer fase da vida do homem, pois é de conhecimento geral que os jogos
e brincadeiras fazem parte da vida de todos, melhorando a comunicação e a socialização
do individuo.
A produção deste trabalho possibilita a ampliação de estudos acerca da temática,
uma vez que o foco na gestão tem sido pouco relatado, mas devemos considerar a sua
importância para que a aprendizagem aconteça.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO JOGO

Ao enfatizar o jogo como instrumento didático pedagógico é possível constatar


teoricamente inúmeras considerações e nomeações a seu respeito, onde se destacam
algumas expressões como: jogos, brincadeiras, brinquedo, atividade lúdica e esporte. As
linhas que separam os jogos, esportes, ginástica, brincadeiras ou danças são muito
tênues, servindo mais para uma definição didática. Na visão de Brotto (2001, p. 12) não
existe uma teoria completa do jogo, nem ideias admitidas universalmente, o autor
apresenta uma síntese dos principais campos culturais e científicos onde os jogos são
utilizados:

- Sociológico: influência do contexto social no quais os diferentes grupos de crianças


brincam.

- Educacional: a contribuição do jogo para a educação; desenvolvimento e/ou


aprendizagem da criança.

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- Psicológico: o jogo como meio para compreender melhor o funcionamento da psique,
das emoções e da personalidade dos indivíduos.

- Antropológico: a maneira como o jogo reflete, em cada sociedade, os costumes e a


história da diferenças culturais.

- Folclórico: analisa o jogo como expressão da cultura infantil através das diversas


gerações, bem como as tradições e costumes através dos tempos nele refletidos.

Mediante tais concepções compreende-se que o jogo é uma atividade ou ocupação


voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço,
segundo regras livremente consentidas no meio cultural do povo, mas absolutamente
obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e
de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana. Nesta perspectiva,
Brougére (2004, p. 16) complementa que:

A palavra "jogos" aplica-se mais às crianças e jovens, exclui qualquer


atividade profissional, com interesse e tensão e, por isso, vai além dos jogos
competitivos e de regras, podendo contemplar outras atividades de mesma
característica como: histórias, dramatizações, canções, danças e outras
manifestações artísticas.

Diante desta afirmativa, percebe-se que o jogo constitui-se numa atividade primária
do ser humano. É principalmente na criança que se manifesta de maneira espontânea;
alivia a tensão interior e permite a educação do comportamento. Sendo assim, verifica-
se que o jogo auxilia no desenvolvimento físico, mental, emocional e social do sujeito. 
Como forma de referendar a importância do jogo como um dos componentes
imprescindíveis da cultura humana, Murcia (2005, p. 9) ressalta que:

O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do ser


humano. É uma constante em todas as civilizações, esteve sempre unido a cultura dos
povos, a sua história, ao mágico, ao sagrado, ao amor, a arte, a língua, a literatura, aos
costumes, a guerra. O jogo serviu de vínculo entre povos, é um facilitador da
comunicação entre os seres humanos.

Dentre todas as contribuições ofertadas ao desenvolvimento do ser humano, o jogo


possui grande relevância em função de viabilizar condições para o aprendizado e entre
estas se destaca um aspecto fundamental que é a socialização, onde através das quais os

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indivíduos constroem seu leque de conhecimentos mediatizadas pelas relações que
estabelecem com o meio.

Nas pesquisas de Murcia (2005, p. 11), evidencia-se o jogo como uma atividade
natural de todo ser humano, ressalta que: “essa palavra está em constante movimento e
crescimento, e faz parte de nossa maneira de viver e de pensar; o jogo é sinônimo de
conduta humana”.

Neste processo é necessário lembrar que desde muito cedo o jogo na vida da criança
é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo
que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo
adulto, começa a ter sentimentos de liberdade e satisfação pelo que faz, dando, portanto,
real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante. Nas pesquisas de Pinto e
Lima (2003, p. 5) verifica-se que:

A brincadeira e o jogo são as melhores maneiras de a criança comunicar-se sendo


um instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças. É através das
atividades lúdicas que a criança pode conviver com os diferentes sentimentos que fazem
parte da sua realidade interior. Ela irá aos poucos se conhecendo melhor e aceitando a
existência dos outros, estabelecendo suas relações sociais.

Como se observa o jogo é um estímulo tanto para o desenvolvimento do intelecto da


criança quanto para sua relação interpessoal, fundamental para o processo de
aprendizagem infantil. Assim sendo, quando jogam ou criam os seus próprios jogos, as
crianças terão uma compreensão maior de como o mundo funciona e de como poderão
lidar com ele à sua maneira. Os jogos, portanto, podem ser afirmações do que está
acontecendo, ou representações do que as crianças entendem. 
No que consiste aos tipos de jogos, é importante destacar que são normais às expressões
como: jogo tradicional e jogo popular, como se constata nos estudos de Murcia (2005,
p. 110):

O jogo tradicional é aquele transmitido de geração em geração, quase sempre


de forma oral. De pais para filhos e de filhos para netos; de crianças mais
velhas para crianças menores. (...) O jogo popular faz referência ao que
procede do povo, por isso se define o ‘jogo popular’ como aqueles que são
praticados pelas massas e não necessariamente são jogos tradicionais, mesmo
que com o tempo possam se perpetuar.

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Na visão deste autor, verifica-se que os jogos podem ser classificados por diferentes
nomenclaturas dependendo da sua origem no meio social e cultural do povo. Contudo, o
jogo está inserido em diversos contextos e modalidades, onde conforme o mesmo autor,
também se destaca os jogos folclóricos por evidenciarem um leque de manifestações
oriundas da realidade sócio-histórica de uma dada sociedade.

Quanto à utilização do jogo, este pode ser direcionado a uma clientela bem
diversificada e com diferentes idades, as pesquisas de Brougère (2004, p. 13)
evidenciam que: “O jogo pode ser destinado tanto à criança quanto ao adulto: ele não é
restrito a uma faixa etária. Os objetos lúdicos dos adultos são chamados exclusivamente
de jogos, definindo-se, assim, pela sua função lúdica.” Portanto, os jogos podem ser
utilizados por qualquer pessoa.

Os jogos em suas diversas fases contribuíram sensivelmente com os aspectos


formativos dos seres humanos, tendo em vista que na Educação Infantil o mesmo serve
como recreação, favorecendo a aprendizagem da leitura e escrita e, ao mesmo tempo,
pode ser utilizado como recurso para adequar o ensino ás necessidades infantis.

Conforme a vasta oportunidade de recursos que envolvem o lúdico, não se pode


perder de vista o referencial da cultura, que por sua vez, é muito importante, pois retrata
a história de um povo e nesse contexto, o jogo tem um elo de ligação com historicidade
dos antepassados da humanidade que deixaram um legado de modalidades lúdicas que
servem como entretenimento e lazer.

2.2 CONCEPÇÕES TEÓRICAS DO QUE É LUDICIDADE

A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Segundo Piaget, o


desenvolvimento da criança acontece através do lúdico, que não representa somente o
jogar, mas sim pode ser encontrado em várias manifestações como na dança, teatro,
brincadeiras, construção de materiais concretos e nas histórias.
Nesse sentido a função educativa do lúdico oportuniza a aprendizagem do
indivíduo, seu saber e sua compreensão de mundo. Para Friedman (1996) os jogos
lúdicos permitem uma situação educativa cooperativa e interacional, ou seja, quando
alguém está jogando está executando regras do jogo e ao mesmo tempo, desenvolvendo
ações de cooperação e interação que estimulam a convivência em grupo. Os jogos são

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importantes para descontrair e fazem bem para a saúde física, mental e intelectual de
todos. Para a criança, os jogos ajudam desenvolver a linguagem, o pensamento, a
socialização, a iniciativa e a auto-estima. Prepara para serem cidadãos capazes de
enfrentar desafios e participar da construção de um mundo melhor. Por isso se configura
adequado para ser utilizado como ferramenta para a aprendizagem escolar em todas as
áreas de conhecimento.
É importante mencionar que o lúdico tem sua origem na palavra latina
“ludus” que quer dizer “jogo”. Se achasse confinado a sua origem, o termo
lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento
espontâneo. O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de
psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou
de ser simples sinônimo de jogo. (LEAL, 2011, P.10)

A definição de ludicidade, foi definida de várias maneiras durante muitos anos por
estudiosos e pesquisadores, dentre outros cada um dando, dominação e conceito de sua
prática e importância, acompanhando suas linhas de pensamentos e estudos. Como
expressão de significados que tem o brincar, “o lúdico representa uma oportunidade de
(re) organizar a vivência e (re) elaborar valores, os quais se comprometem com
determinado projeto de sociedade” conforme Gomes (2004, p.146).
Segundo Kishimoto (1993), foi em meados de década de 1930 que os jogos
educativos começaram a ser inseridos nas instituições infantis. Naquela ocasião, o
Brasil conheceu personalidades importantes no campo da Psicologia, como Claparède,
Pierre Janet, Mira e Lopes, André Reis e outros que auxiliaram na disseminação de
estudos na área da psicologia infantil, inclusive sobre o jogo. O sentido do jogo era
considerado como uma manifestação dos interesses e necessidades das crianças e não
apenas como distração. A formação da criança era viabilizada por meio dos brinquedos
e dos jogos que ela executava.
Também para Piaget (apud Almeida 1974, p 25), “os jogos não são apenas uma
forma de desafogo ou entretenimento para gastar a energia das crianças, mas meios que
enriquecem o desenvolvimento intelectual”.
Segundo Kishimoto (1999), o jogo educativo utilizado em sala de aula na
maioria das vezes vai além das brincadeiras e se torna uma ferramenta para o
aprendizado. Para que o jogo seja um aprendizado e não uma obrigação para a criança, é
interessante deixar que o aluno escolha com qual jogo queira brincar e que ele mesmo
controle o desenvolvimento do jogo sem ser coagido pelas normas do professor. Para

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que o jogo tenha a função educativa não pode ser colocado como obrigação para a
criança.
Na educação infantil é possível utilizar os jogos e as brincadeiras para
desenvolver o cognitivo, a motricidade, a imaginação, a criatividade, a interpretação, as
habilidades de pensamento, tomada de decisão, organização, regras, conflitos pessoais e
com outros, as dúvidas entre outras. A afetividade, o companheirismo, a disciplina, a
organização dos brinquedos após o uso, podem ser adquiridas através das brincadeiras
conjuntas entre as crianças.
Segundo Adamus, Batista e Zamberlan (apud Costa 2006), os jogos, brinquedos
e brincadeiras na infância são atividades essenciais para instigar a curiosidade, a auto-
estima e a iniciativa da criança, com isso desenvolver a linguagem, o aprendizado, o
pensamento, além da atenção e concentração.
Por outro lado, é preciso considerar o que propõe Negrine (apud Costa, 2006
p.104): “a concepção de que o brincar está reservado às crianças nada mais é que a
perda da naturalidade humana, imposta pelo homem ao próprio homem, já que a história
nos diz - o adulto costumava dedicar muitas horas ao lazer”.
É necessário lembrar que qualquer criação do homem até mesmo as brincadeiras
e jogos estão relacionados ao contexto social, histórico e cultural do momento, dessa
forma assume as características da época.

2.3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO/


APRENDIZAGEM

Na atualidade, tem se atribuído atenção especial ao brincar como elemento


fundamental para aprendizagem. Contudo percebe-se que nas instituições escolares há
significativa distância, quando se toma por base a presença de referenciais teóricos e
diretrizes que disseminam privilégio ao brincar e a presença deste na rotina diária,
sobretudo em seguimento iniciais.
Assim o lúdico quando trabalhado numa perspectiva pedagógica pode ser um
instrumento de suma importância na aprendizagem, no desenvolvimento, cognitivo,
afetivo e social na vida da criança.
Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo,
adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser
humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o

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brinquedo desempenha um papel de relevância para desenvolvê-la.
(KISHIMOTO, 1999, p. 36).

Acredito que todos os professores e futuros professores devem adquirir


conhecimentos para trabalhar com a ludicidade no ensino/aprendizagem.
No entanto em conversas que tive com alguns professores que trabalham na rede
pública, me foi relatado que não trabalham com a ludicidade por ser muito complicado
conter as crianças, elas se desentendem e começam brigar ficando difícil controlá-las,
por isso preferem não trabalhar com os jogos e brinquedos. Já outros destacaram que é
muito importante, pois faz com que o aluno aprenda mais. O professor precisa ter
criatividade para poder trabalhar com brincadeiras, as quais precisam ser planejadas,
viabilizar os materiais necessários para a brincadeira, criar regras, para que tudo se
encaminhe de forma pedagógica e produtiva para que os alunos possam brincar e
adquirir conhecimento de forma mais prazerosa.
Para Szymanski (2006), ao trabalhar com o lúdico partindo de ações
pedagógicas que valorizam jogos, brinquedos, histórias infantis, música e poesia, para
que as crianças desenvolvam a representação simbólica, são fundamentais no processo
de aprendizagem. As histórias, músicas e poesias infantis trazem um grande leque de
possibilidades para utilizar o lúdico em sala de aula, onde as crianças poderão
interpretar, dançar, declamar, mostrando suas habilidades que ainda não foram
detectada pelo professor em uma aula “normal”, criando novas possibilidades de
conhecimentos pertinentes para o aprendizado da criança.
Quando o conhecimento é construído através do lúdico a criança aprende de
maneira mais fácil e divertida, estimulando a criatividade, a autoconfiança, a autonomia
e a curiosidade, pois faz parte do seu contexto naquele momento o brincar e jogar,
garantindo uma maturação na aquisição de novos conhecimentos.
É importante que as crianças se expressem ludicamente deixando aflorar sua
criatividade, frustrações, sonhos e fantasias, para aprender agir e lidar com seus
pensamentos e sentimentos de forma espontânea. No entanto, a ludicidade não é apenas
entretenimento, ou um brincar por brincar é algo que deve ser trabalhado pelo educador.

2.4 O PAPEL DO DOCENTE NO PROCESSO DE ENSINO


APRENDIZAGEM JUNTO A LUDICIDADE

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Consideramos relevante o papel do professor cuja ação pedagógica tenha
compromisso em esclarecer para as crianças quais objetivos que querem alcançar
naquela atividade, quais são as regras, porque as crianças precisam compreender que o
brincar é um instrumento de aprendizagem por meio de um momento de diversão. Deste
modo é válido que o professor repense a sua prática pedagógica para um maior domínio
na sua área de conhecimento, apresentando, assim, uma postura consciente para criar
alternativas de enfrentamento que propiciem às suas crianças, ambientes de
aprendizagem que elas se identifiquem.
De acordo com Perrenoud (1995, p.28): “ensinar é organizar as interações e
atividades de modo que cada aluno se defronte constantemente com situações didáticas
que lhe sejam as mais fecundas.” Na formação acadêmica dos professores tem-se pouco
contato com disciplinas voltadas para como o professor deve repassar o seu
conhecimento ao aluno, e muitos acadêmicos se formam sem saber como trabalhar
diretamente com os alunos e repassar os conhecimentos adquiridos dentro da sala de
aula.
Dentro desta perspectiva, é relevante rever quais caminhos seguir para assegurar
práticas concretas comprometidas em questões didático-metodológicas, que estabeleçam
uma relação estreita entre o processo de aprendizagem da criança e a comunidade da
qual faz parte. Assim, o fazer pedagógico tornar-se-á um ideal que vai além do domínio
dos conteúdos. Freire (1996, p.106) diz: “Como professor não me é possível ajudar o
educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha. Não posso
ensinar o que não sei.”
Deste modo, o papel do professor é incentivar a criança para que ela assume uma
postura e possa desenvolver seu senso crítico formando os seus conceitos. Assim, o
desenvolvimento da prática do professor precisa considerar a meta que pretende
alcançar, para que as crianças desenvolvam seus aspectos cognitivos e afetivo,
envolvendo-se com as temáticas propostas garantindo aprendizagens que façam sentido
em relação a sociedade. O papel principal do educador nesse processo é estimular os
alunos à construção dos conhecimentos através das atividades lúdicas, fazendo com que
eles sejam desafiados a produzir e oferecer situações problema que serão impostas pelo
educador, a fim de motivar a percepção e construção de esquemas de raciocínio, além
de ser uma forma de aprendizagem diferenciada e significativa. O professor, como
principal responsável pela organização das situações de aprendizagem, deve saber o
valor da brincadeira para o desenvolvimento do aluno. Cabe a ele oferecer um espaço

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que mescle brincadeira com as aulas cotidianas, um ambiente favorável à aprendizagem
escolar e que proporcione alegria, prazer, movimento e solidariedade no ato de brincar.
O educador não precisa ensinar a criança a brincar, pois este é um ato que acontece
espontaneamente, mas sim planejar e organizar situações para que as brincadeiras
ocorram de maneira diversificada, propiciando às crianças a possibilidade de escolher os
temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar. Dessa maneira, poderão
elaborar de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e
regras sociais (RCNEI, 1998, p. 29).
O professor, como mediador da aprendizagem, deve fazer uso de novas
metodologias, procurando sempre incluir na sua prática as brincadeiras, pois seu
objetivo é formar educandos atuantes, reflexivos, participativos, autônomos, críticos,
dinâmicos e capazes de enfrentar desafios.
2.5 O PAPEL DO COORDENADOR JUNTO AO DOCENTE

Os processos educativos tendem a passar por mudanças ao longo do tempo. Tais


mudanças são necessárias e estão sempre buscando a melhoria da qualidade da
educação. Em meio a isso, a Educação Infantil, como etapa inicial da Educação Básica,
também modificou sua metodologia para atender às necessidades do educando. Nesse
sentido, a participação do coordenador pedagógico como parceiro do professor tem
conduzido os processos de ensino e aprendizagem de forma inovadora. Assim, para
Moyles (2002) as crianças as crianças sentem grande prazer em repetir jogos que
conhecem bem, sentem-se seguros quando percebem que contam cada vez mais
habilidades em responder ou executar o que é esperado pelos outros.
Na construção de um ambiente favorável ao aprendizado tanto na Educação Infantil,
o coordenador pedagógico tem um papel fundamental para a construção de saberes.
Libâneo (2004, p.221) afirma:

As funções da coordenação pedagógica podem ser sintetizadas nesta


formulação: planejar, coordenar, gerir e acompanhar e avaliar todas as
atividades pedagógicas-didáticas e curriculares da escola e da sala de aula,
visando atingir níveis satisfatórios de qualidade cognitiva e operativa das
aprendizagens dos alunos (LIBÂNEO, 2004, P.221).

Assim, o trabalho do coordenador pedagógico deve estar bem definido e claro, para
que todos os envolvidos no processo tenham tranquilidade em executar suas tarefas.
Nesse sentido, o gestor pedagógico poderá operar na Educação Infantil, auxiliando aos

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professores no desenvolvimento de sequências didáticas que envolvam jogos e
brincadeiras, já que, conforme destaca o Referencial Curricular Nacional da Educação
Infantil - RCNEI (BRASIL, 1998, p.58), é importante valorizar lúdicas na Educação
Infantil, pois um dos benefícios trazidos por este tipo de metodologia é a facilidade com
que as crianças incorporam os conhecimentos, diferentes de quando o trabalho é feito de
maneira mais tradicional.
Embora muitos professores, presos a metodologias antigas, não estejam interessados
em dinamizar suas aulas com a presença dos jogos e brincadeiras, o coordenador
pedagógico deve atuar como incentivador desse tipo de atividade, propondo sequências
didáticas dinâmicas, nas quais o professor possa encontrar meios para que seu aluno
interaja e aprenda. Nesse sentido, o coordenador pedagógico deve estar munido de
conhecimento teórico sobre esta prática, contudo não deve pensar em fazer isto sozinho,
mas sim em parceria com toda a equipe de professores envolvida no processo.
Ainda hoje, mesmo depois de tantos estudos que comprovam a eficácia da inserção
de atividades lúdicas nas classes de Educação Infantil, muitos professores ainda não se
sentem seguros para implementar essa proposta em suas aulas. Isso se deve, sobretudo,
ao fato de que é um tema novo, que requer da gestão pedagógica uma atenção maior
para a formação continuada dos professores, a fim de que desmistifique a ideia que os
mesmos têm sobre o assunto.
Diante dos impasses que podem surgir, o coordenador pedagógico pode atuar como
parceiro do professor, contribuindo para que os mesmos possam trabalhar de forma
lúdica e deixar que seus alunos se sintam à vontade para aprender brincando. Isso deve
acontecer de forma natural, conforme afirma Velasco (1996, p.78):

Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou


intelectuais. Quando a criança não brinca, ela deixa de estimular, e até
mesmo de desenvolver as capacidades inatas podendo vir a ser um adulto
inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca a vontade tem maiores
possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso.

O gestor deve criar parceria com os professores e mostrar para os mesmos,


principalmente para que os que ainda não acreditam na construção do conhecimento por
meio da ludicidade, que, como afirma Velasco (1996), a brincadeira é uma atividade
completa para o educando na fase inicial da sua jornada de estudos. Diante disso,
Oliveira (2002) destaca algumas competências desenvolvidas pela criança por meio da

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brincadeira, dentre elas a compreensão das características dos objetos e os elementos da
natureza e os acontecimentos sociais.

2.6 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

            O ato de brincar é fundamental na formação do indivíduo principalmente na fase


da infância tanto para o seu desenvolvimento motor como psicológico, tanto os pais
como os professores devem deixar um tempo livre para a criança brincar dando limites
de horário e tendo a hora da diversão e a hora da obrigação, sendo essas, prazerosas
onde a criança se divirta mesmo na hora da realização de obrigações rotineiras. Esse
limite faz com que a criança tenha disciplina, tanto em casa quanto na sala de aula.
Conforme MELLO e RAMO,2007 p72:
 “Através de atividades lúdicas a criança cria situações imaginária em que se
comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos e quando brinca
seu conhecimento desse mundo se amplia, porque, nesta atividade, ela pode
fazer de conta que age como adulto age imaginado realizar coisas que são
necessárias para operar com objetos os quais os adultos operam e ela não”.

Esse pensamento mostra o quanto é importante a atividade lúdica, trazendo a


criança a imaginação do real introduzindo-se na realidade do mundo de maneira que ele
perceba o concreto com “o concreto” em mãos. A criança brinca sem saber o que
realmente está aprendendo, e essas brincadeiras acabam formando sua própria
personalidade, construindo nela atitudes de como ser que está inserida na sociedade
mesmo que por enquanto seja só na imaginação.
            O brincar enxerido no cotidiano escolar do educando além de ser uma atividade
que traz o enterrasse do mesmo para a realização das atividades, torna-se também
necessário de acordo com Santana (2007), a brincadeira não é apenas uma dinâmica
interna da criança, mas uma atividade dotada de um significado social que necessita de
aprendizagem. Tudo girara em torno da cultura lúdica, pois a brincadeira que se torna
possível quando apodera elementos da cultura para internalizá-los e criar uma situação
imaginaria de reprodução da realidade. É através da brincadeira que a criança consegue
adquirir conhecimento, superar limitações e desenvolver-se como indivíduo.” 
O aprender através de jogos e brincadeiras permitem saber o que já é conhecido,
quando uma atividade difícil é recebida por meio de jogos e brincadeiras essa se torna
fácil de ser compreendida. 

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Segundo BORBA (2006, p. 40);
 “A liberdade do brincar se configura no inverter a ordem, virar o mundo de
ponta-cabeça, fazer o que parece impossível, transmitir em diferentes
tempos-passados, presente e futuro...uma excelente fonte de conhecimento
sobre o brincar e sobre as crianças é observa-los brincando.”

Desta maneira as pessoas iram entender o porquê de tanto movimento no período


inicial da vida escolar da criança, pois nesse tempo eles não param e estão em sua
melhor fase de aprendizagem.

       
2.7 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO DISCENTE.

O lúdico é de grande importância para a formação da criança, pois desde cedo a sua
aprendizagem adquirida, é através de brinquedos e brincadeiras introduzidas pela
participação dos pais na sua formação inicial. E assim juntamente com a ajuda
participativa de todos que o cercam o discente vai se desenvolvendo. Conforme diz
(FERREIRO, 2000 p. 25):
“As crianças não aprendem simplesmente porque veem o outro ler e escrever
e sim porque tentam compreender que classe de atividade é essa as crianças
não aprendem simplesmente porque veem letras escritas e sim porque essas
marcas gráficas são diferentes de outras. As crianças não aprendem apenas
por terem lápis e papel a disposição, e sim porque buscam compreender o que
se pode obter com esses instrumentos. Em resumo não aprendem
simplesmente porque elaboram o que recebem por que trabalham,
cognitivamente como o que o meio lhe oferece”.

Portanto o ato de aprender a ler se dá de acordo com as necessidades do indivíduo,


assim como para saborear uma fruta pela primeira vez tem que se gostar para
experimentá-la novamente. É o mesmo caso dos alfabetizando se eles não tiverem
interesse em saber a aula, ou se a aula não der esse interesse ao educando, ela não será
prazerosa, trazendo apenas o conteúdo sem nenhuma atividade interessante ao olhar do
aluno será desprezada pelo mesmo, mas se transformar esse conteúdo em brincadeira ou
um jogo que esteja inserido no cotidiano do educando ai sim se tornará valorosa e
prazerosa. (ROSA e NISIO 1999, pg.77) dizem que.
“Com as atividades lúdicas espera-se que a criança desenvolva a
coordenação motora, a atenção o movimento ritmado, conhecimento quanto a
posição do corpo, direção a seguir e outras”.

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Só através dessas capacidades citadas acima o alfabetizando terá um bom
desenvolvimento na escola, pois é através da brincadeira lúdica como o simples “pular
corda” que as crianças forma sua coordenação motora, que as vezes os discentes na aula
de educação física não sabe a proposta real dessa atividade essencial para o
desenvolvimento motor da criança.

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A realização da pesquisa nos possibilita a oportunidade de refletir acerca do


processo da construção do conhecimento da mesma forma que este momento para se
fazer um confronto com a realidade e os saberes já construídos.
A presente pesquisa é descritiva e de cunho qualitativo, com coleta de dados através
de um questionário estruturado e observação. O questionário, disponível logo em
seguida, tem como objetivo levantar o processo da utilização do lúdico na formação do
educador e quais as ações e estratégias do professor em sala de aula que envolve a
aplicação do lúdico com forma de ensino para avanço nas aprendizagens dos alunos,
identificar os fatores limitadores, os pontos fortes e fracos da aplicação podendo assim,
ter uma visão ampla da situação da aprendizagem lúdica das crianças.
É importante enfatizar que nos deparamos com professores, que mantiveram a
princípio uma resistência para aplicação do questionário e a realização das pesquisas.
Porém conseguir cumprir esta etapa.
Para melhor compreensão apresento o quadro a seguir com o questionário feito com
alguns professores.
ANEXO - A
QUESTIONÁRIO
1. O lúdico esteve presente na sua formação acadêmica?
Professor 1: Sim, durante os estudos do magistério tínhamos aulas de recreação
e brincávamos muito durante os estágios e as aulas.
Professor 2: Na verdade digamos que sim, eu sou estudante do curso de
Pedagogia e é um assunto bastante abordado.

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2. O que você entende por lúdico?
Professor 1: Pra mim é a arte de brincar.
Professor 2: Eu entendo como que fosse estratégias e metodologias de
dinamizar o trabalho de sala de aula.
3. Você aplica o lúdico em sala de aula? De que forma?
Professor 1: Às vezes. Quando acontece eu brincar faço por meio de dinâmicas
e brincadeiras de roda.
Professor 2: Sim. Minhas atividades são previamente planejadas e eu articulo
de maneira com que os meus alunos possam opinar, não uso apenas durante o
recreio e sim sempre que pretendo iniciar um conteúdo.
4. Você acha que o lúdico interfere na aprendizagem das crianças? Por quê?
Professor 1: Sem dúvidas acredito que sim, por causa das brincadeiras.
Professor 2: Sim com certeza. Porque quando estamos realizando atividades
com estratégias lúdicas as crianças ficam mais atentas e desejosas a aprenderem
e dessa forma possibilita melhor aquisição dos conteúdos.
5. Quais as limitações encontradas na aplicabilidade do lúdico em sala de aula?
Professor 1: O comportamento dos alunos as vezes me deixa nervosa e ai logo
desisto.
Professor: Pra mim as limitações se dão mais por conta da falta de recursos e
ou espaço da escola no mais eu sempre me viro com o que posso e acaba dando
certo.

Diante dos depoimentos e respostas da entrevista constata-se que as brincadeiras são


inseridas nas práticas de sala de aula embora sem intervenções e alguns sem nenhuma
intencionalidade e possível se observar também que por conta da formação dos
professores o fator e a visão sofrem algumas mudanças a se dar como exemplo a
Professora 1 tem 22 anos de regência e tem apenas a formação do antigo Magistério e a
Professora 2 tem 12 anos de experiência e está cursando Pedagogia. É notório que os
docentes das escolas da rede observada possuem o conhecimento acerca da temática
abordada mas precisam de melhor capacitação e orientações pedagógicas bem como da
realização de intervenções e estratégias que possibilitem aos educandos melhores
resultados.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

  A presente pesquisa tem como desígnio demonstrar a grande necessidade do uso


do método lúdico no processo de alfabetização em uma turma da Escola Municipal
Deputado Gastão Pedreira – Teodoro Sampaio - Bahia.
Observou-se que na escola há uma grande necessidade do método lúdico para
atender a demanda de alunos com dificuldade de aprendizagem embora alguns
professores já desenvolvem algumas práticas utilizando recursos lúdicos.
O Objetivo principal é apresentar os benefícios que os professores e seus alunos
terão quando souber a real proposta lúdica no Processo Ensino aprendizagem, desta
forma, deparou-se com dois objetivos específicos sendo: O primeiro é identificar as
principais dificuldades dos professores quanto a pratica de uma aula lúdica. Procurando
de modo facilitador uma forma harmoniosa e produtiva de se administrar a aula. No
segundo permitir que através de pesquisa com professores, coordenadores e gestores
questionar essa forma de aprendizagem.
Sendo abordados a contextualização do lúdico no processo de ensino
aprendizagem na alfabetização da escola acima referenciada bem como a importância
lúdica no processo evolutivo da criança. A temática aqui discutidas demonstram que
muitos têm sido os saberes atribuídos aos jogos, na busca de caracterização das práticas
pedagógicas bem como as concepções que envolvem o processo educativo. Brincar,
jogar, divertir-se na sala de aula constituem atividades estimulantes tanto para o aluno
quanto para o professor. Estar aberto para mudar seus paradigmas a respeito de sua
forma de trabalho é um exercício que o professor precisa fazer.
Não basta dominar as teorias e decidir-se por trabalhar com jogos. É necessário deixar-
se ir junto com a brincadeira, aprender e perceber as diferentes nuances do aprendizado
de uma turma. Tudo isso implica libertar o seu fazer profissional das amarras que
constrói durante a sua escolarização e sua formação, o que implica um conhecimento
pessoal e profissional profundo e muita vontade de mudar, ou seja, de ver algo ser feito
diferentemente.
São relevantes as atividades lúdicas no desenvolvimento infantil, bem como sua função
no processo educativo; para que esse processo de ensino e aprendizagem ocorra de
forma prazerosa, os professores devem estar cientes de seu papel nessa fase de
construção de conhecimento das crianças. Os educadores, por sua vez, devem se

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preparar para trabalhar com o criar, pois a criatividade deve ser vista como um elo
dinâmico e contínuo. Nessa perspectiva, o docente não deve ver a criança como
receptora passiva de estímulos, mas como uma pessoa capaz de ação, que interaja, crie e
recrie possibilidades e novas aprendizagens.
Um desenvolvimento harmônico, lúdico, que inclui aprender a ouvir opiniões diferentes
e a contra-argumentar, estabelecendo comparações objetivas entre várias maneiras de se
compreender um mesmo fato, pouco a pouco vai contribuir para tornar a criança apta a
um intercambio, real com os outros, favorecendo a troca de experiências, por estar
baseada na cooperação e na reciprocidade.
       Rompendo com a aceitação passiva de idéias ou sugestões mal compreendidas, a
criança que desenvolve a ludicidade entra em contato com uma forma mais ampla de
linguagem, passa a ser sujeito ativo de suas ações e as defende nas conversas com os
adultos. Assim, o seu “mundo lógico” passa a ser transformado de acordo com suas
vivências.
         O “fazer” é um dos critérios essenciais para orientar as condutas do professor
frente às crianças. Sendo assim, o que realmente importa é criar o maior número de
situações que promovam o desenvolvimento de habilidades variadas com o objetivo de
alcançar um maior aprendizado.
          As crianças devem sentir-se sempre capazes de exercitar o que foi proposto. O
progresso dos movimentos e das habilidades deve ser de qualidade crescente, superando
obstáculos e aspirando a novos desafios. Esse progresso repercute nos demais
movimentos e possibilita a introdução de outras e mais complexas atividades.
           Para tanto, o professor deve compreender a importância das tentativas
desenvolvidas com atividades lúdicas que conduzem ao desenvolvimento do raciocínio.
Deve aprender a respeitar a criança e valorizar cada descoberta que venha a fazer em
sua vida escolar. O respeito pelas várias etapas deste desenvolvimento constitui uma
conduta que, uma vez refletida, transcendem quaisquer que sejam as características do
meio imediato. O que realmente interessa é atribuir a cada criança o papel de sujeito
ativo na construção de formas cada vez mais aprimoradas de conhecimento, pois
somente o indivíduo ativo é capaz de atuar frente às pressões sociais, compreendendo-as
para transformá-las. O grande desafio é o repensar a Educação em sua totalidade,
enfrentando a fragmentação do conhecimento.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 9. ed.
São Paulo: Edições Loyola, 1974.

COSTA, Wilse Arena da. 50 sugestões didático-pedagógicas para o ensino da leitura


e da escrita em sala de aula. Cuiabá: Entrelinhas: EDUFMT, 2006.

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis,


RJ: Vozes, 1993.

SZYMANSKI, Maria Lídia Sica; PEREIRA JUNIOR, Antonio Alexandre. Orgs:


Diagnóstico e intervenção psicopedagógica: reflexões sobre relatos de experiências.
Cascavel: Edunioeste, 206.

WADSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget.


Tradução Esméria Rovai. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

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