Você está na página 1de 9

Discretização de equações diferenciais ordinárias pelo método das diferenças

finitas
Seja uma função de x: y(x), o valor desta função em xi  x pode ser calculado a partir
da expansão em série de Taylor em torno de xi, assim:
dy  x  1 d yx 
2
1 d y x 
3
y  xi  x   y  xi    x  2  x   6  x   
2 3
2 3
(1)
dx xi dx x dx x
i i

E o valor da mesma função em xi  x pode também ser calculado a partir da expansão


em série de Taylor em torno de xi , assim:
dy x  1 d yx 
2
1 d yx 
3
y  xi  x   y  xi    x  2  x   6  x   
2 3
2 3
(2)
dx xi dx x dx x
i i

Subtraindo (2) de (1) resulta:


dy  x  d 3 y  x
y  xi  x   y  xi  x   2   x  13   x  
3
3
dx x dx x
i i

dy  x  y  x i  x   y  x i  x 
Assim:
dx xi

2  x
  x  , ou seja:
2
 
dy  x  y  xi  x   y  xi  x 
 (3)
dx xi
2  x

Apresentando um erro da ordem de x  .


2

Somando as expressões (1) e (2):


d 2 yx 
y  xi  x   y  xi  x   2  y  xi   2
dx x
 x    x 
2 4
 
i

d yx  y  xi  x   2  y xi   y  xi  x 
 
2
   x  , ou seja:
2
Assim: 2
dx x
i
x  2

d y  x
2
y  xi  x   2  y  xi   y  xi  x   y  xi  x   y  xi     y  xi   y  xi  x  
  (4)
 x   x 
2 2 2
dx xi

Apresentando também um erro da ordem de x  .


2

As expressões (3) e (4) também podem ser obtidas considerando a interpolação


quadrática usando os pontos:
x y(x)
x i  x y  xi  x 
xi y(xi)
xi  x y  x i  x 
x  xi
Considerando a normalização da variável independente:   , tem-se:
x
dy  x  1 dy   d 2 yx  1 d 2 y  
  ,   e
dx xi x d  0 dx 2 x x 2 d 2  0
i

1
x  y(x)
x i  x -1 y  xi  x 
xi 0 y(xi)
xi  x +1 y  x i  x 
Assim, a interpolação parabólica de y   é dada por:
    1   1   
y   
2
 
 y  xi  x   1   2  y  xi  
2
 y  xi  x  , ou seja:

 y  xi  x   y  xi  x    y  xi  x   2  y  xi   y  xi  x   2
y    y  xi         .
 2   2 
O que permite concluir que:
dy    y  xi  x   y  xi  x  d 2 y 
 e  y  xi  x   2  y  xi   y  xi  x 
d  0 2 d 2 0
resultando nas mesmas expressões (3) e (4).
Para calcular as derivadas de y  x  nas duas extremidades do domínio, isto é
x  0 e x  1 , adotam-se os seguintes procedimentos:
1-) Método de Primeira Ordem:
dy  x  1
Em x  0   y1  y0 
dx x  0 x
0

dy  x  1
Em x  1   yn  yn 1 
dx x x
n 1

2-) Método de Segunda Ordem Baseado nos Valores das Derivadas Primeira e Segunda
no Ponto Contíguo à Extremidade:
dy  x  1 d 2 y  x 1
Em x  0, usando   2 0
y  y e  2  2
y  2  y1  y0 
dx x x 2  x
1
dx 2
x x   x  1

e considerando a função linear que satisfaz tais restrições, isto é:


dy  x  1 1
  y 2  y0   2  2
y  2  y1  y0    x  x1  , assim:
dx 2  x  x 
dy  x  1 1
  y 2  y0   2  2
y  2  y1  y0     x1  , como x1  x,
dx x  x  0 2  x
0
 x 
dy  x  1  3 1 
obtém-se:     y0  2  y1  y2 
dx x  x  0 x  2 2 
0

dy  x  1 d 2 y  x 1
Em x  1, usando   yn  yn  2  e   yn  2  yn1  yn  2 
2  x  x 
2
dx x dx 2 x
n 1 1x n 1 1x

e considerando a função linear que satisfaz tais restrições, isto é:


dy  x  1 1
  y n  yn  2   2  n
y  2  yn 1  yn  2    x  xn 1  , assim:
dx 2  x  x 

2
dy  x  1 1
  yn  y n  2   2  n
y  2  yn 1  yn  2    xn  xn 1  ,
dx x  x
n 1
2  x  x 
dy  x  1 1 3 
como  xn  xn 1   x, obtém-se:     yn  2  2  yn 1   yn 
dx x  x x  2 2 
n 1

2-) Método de Segunda Ordem Baseado na Interpolação Linear das Derivadas Primeiras
dos Dois Pontos Contíguos à Extremidade:
dy  x  1 dy  x  1
Em x  0, usando   y 2  y0  e   y3  y1 
dx x x 2  x dx x  2x 2  x
1 2

e considerando a interpolação linear que satisfaz tais restrições, isto é:


dy  x   y2  y0   y3  y1 
   x2  x      x  x1  , assim:
dx  2  x   2  x 
dy  x   y  y0   y3  y1 
 2   x2       x1  , como x1  x e x2  2  x,
dx x  x 0  2  x   2  x 
0

dy  x  1  1 1 
obtém-se:    y0   y1  y2   y3 
dx x  x x  2 2 
0 0

dy  x  1 dy  x  1
Em x  1, usando   yn  yn  2  e   yn 1  yn 3 
dx x 2  x dx x 2  x
n 1 n 2

e considerando a interpolação linear que satisfaz tais restrições, isto é:


dy  x   yn 1  yn 3   yn  yn  2 
   xn 1  x      x  xn  2  , assim:
dx  2  x   2  x 
dy  x   y  yn  3   yn  yn  2 
  n 1   xn 1  xn      x n  xn  2  ,
dx x  2  x   2  x 
n

como  xn 1  xn   x e  xn  xn  2   2  x,


dy  x  1 1 1 
obtém-se:    yn 3  yn  2   yn 1  yn 
dx x  x x  2 2 
n 1

1-) Para exemplificar o procedimento considera-se a equação diferencial linear, de


segunda ordem, de coeficientes constantes e homogênea:
d 2 yx  dy x 
2
 2  10  y  x   0 para 0  x  1 , sujeita às condições de contorno:
dx dx
CC1: em x=0 tem-se y  x  x 0  1 ;
dy  x 
CC2: em x=1 tem-se 0
dx
A solução analítica dessa equação satisfazendo as duas condições de contorno é:
e2  x  e1  x
y  x   e1  x  sendo 1  1  11 e  2  1  11
 2 2 1
1  e
1

3
1
O domínio do problema, 0<x<1, é dividido em n intervalos de tamanho: x  , assim
n
i
o i’ésimo ponto correspondente à coordenada: xi  i  x  .
n
Assim, em cada um desses pontos discretos internos obriga-se a equação diferencial ser
d 2 yx  dy  x 
obedecida, ou seja: 2
 2  10  y  xi   0 .Adotando a notação:
dx x dx xi
i

dy  x  yi 1  yi 1 d y  x 
2
y  2  yi  yi 1
y  xi   y i , tem-se:  e  i 1 .
2  x  
2 2
dx xi
dx x
i
 x
yi 1  2  y i  y i 1  y  y i 1 
Dando origem a:  2   i 1   10  yi  0 para i =1, 2, ...n-1.
x  2
 2  x 
Ou seja: n   n  1  yi 1  10  2  n 2   yi  n   n  1  yi 1  0 .
A condição de contorno 1 se traduz em: y 0  1 .
A condição de contorno 2 pode ser imposta de três formas distintas:
dy  x  dy  x  y  yn 1
(a)   n  0  yn  yn 1 ;
dx x 1 dx x x
n

dy  x  1 1 3  1 3
(b)     yn  2  2  yn 1   yn   0   yn  2  2  yn 1   yn  0 ;
dx x 1 x  2 2  2 2
dy  x  1 1 1  1 1
(c)    yn 3  yn  2   yn 1  yn   0   yn 3  yn  2   yn 1  yn  0
dx x 1 x  2 2  2 2
Resumindo, chega-se a equação de diferenças de segunda ordem, linear, de coeficientes
constantes e homogênea:
 
n   n  1  yi 1  10  2  n 2  yi  n   n  1  yi 1  0 , para i =1, 2, ...n-1, sujeita às
1 3
condições de contorno: y 0  1 e yn  yn 1  0 ou  yn  2  2  yn 1   yn  0
2 2
1 1
ou ainda:  yn 3  yn  2   yn 1  yn  0
2 2
A solução analítica dessa equação de diferenças é:
5  n 2  11  n 2  25 5  n 2  11  n 2  25
yi  1i     2i  1i  sendo 1  e 2  ,
n   n  1 n   n  1
o valor da constante  depende da condição de contorno em n considerada, assim:
 1
 caso yn  yn1  0
 n2 1   2  1
 1  n 1
 1  1  1

 1 1 3
caso  yn2  2  yn 1   yn  0
  1   2  3   2  4   2  1
 n  2 2
2 2
 1  3  1  4  1  1
n2 2


 1 1 1
  n3 2  3   2  2    1 caso 2  yn3  yn 2  2  yn 1  yn  0
1  2  2 2 2 
 1n 3  2  13  12  2  1  1

4
A segguir represeentam-se os perfis exattos, os perfis discretizad
dos nos doiis casos e oss
respeectivos erros.

1 3
U1 diiscretizaçãoo com: yn  yn 1  0 ; U 2 discretizaação com:  yn  2  2  yn 1   yn  0
2 2
1 1
e U3 discretizaçãão com:  yn 3  yn  2   yn 1  yn  0
2 2
2-) UUm segundoo exemplo ilustrativoi é originado de uma mo odificação ddo exemplo 1, de
acorddo com:
d 2 y  x dy  x 
 10   y  x    0 ppara 0  x  1 , sujeita às
2
2
 2 à condiçõees de contorrno:
dxx ddx
CC1: em x=0 teem-se y  x  x0  1 ;
dy  x 
CC2: em x=1 teem-se 0
dx
Este exemplo nãão apresentaa solução annalítica e o método de diferenças ffinitas é apllicado
de foorma análogga à do exem mplo 1, obteendo-se:
Ou sseja: n   n  1  yi 1  10
1  yi  2  n 2   yi  n   n  1  yi 1  0 , que é uuma equaçãão de
diferrenças de seegunda ordem não lineaar.
A coondição de contorno
c 1 se
s traduz em m: y 0  1 .
A coondição de contorno
c 2 se
s traduz em m (selecionaando segundo procedim
mento de cáálculo
1 3
da deerivada em x=1):
x  yn 2  2  yn 1   yn  0 .
2 2
3-) U
Um terceiro exemplo dee ilustrativoo do procediimento é o problema:
p
1 d  s dy ( x)  (1)
 x    f  x, y  x    0
x dx 
s
dx 
no domínio
d :0x<1
Sujeiita às condições de con
ntorno:

5
dy ( x) (2-a)
CC1: 0
dx x 0

dy ( x) (2-b)
CC2:    y  x  x 1  1
dx x 1

O valor médio de uma função de y(x) no domínio: 0  x < 1 é definido através da


integral:
x 1

F   s  1 
 x  F  y  x   dx
s
(3)
x 0

i
O domínio do problema é dividido em n segmentos, assim: xi  para i  0, 1,  , n .
n
Em cada ponto interno de discretização se considera:
dy  x  y y d 2 y  x y  2  yi  yi 1
y  xi   yi ,  i 1 i 1 e  i 1 para i  1,  , n  1,
2  x   
2 2
dx x dx x
x
i i

as aproximações das derivadas primeira e segunda são aproximações de segunda ordem.


dy  x 
Para calcular em x = 0 e em x =1, assim se procede:
dx
Nos pontos internos, obriga-se a equação discretizada satisfazer a EDO original, isto é:

d 2 y ( x) s dy ( x)
2
   f  xi , yi   0 , ou seja:
dx x xi dx x i
i

yi 1  2  yi  yi 1 s y y
  i 1 i 21  f  xi , yi   0 , agrupando os termos, obtém-se:
 x  i 2   x 
2

 s   s  1
1    yi 1  2  yi  1    yi 1   x   f  xi , yi   0 ,
2
identificando: x  ,
 2i   2i  n
resulta:

 s   s  f  xi , yi 
1    yi 1  2  yi  1    yi 1   0 para i  1,  , n  1
 2i   2i  n2

dy ( x) 3 1
Além disso: CC1:  0    y0  2  y1   y2  0 e
dx x 0 2 2

dy ( x)  1 3 
CC2:    y  x  x 1  1     yn  2  2  yn1   yn   yn  1 , agrupando os
dx x 1 x  2 2 

  3  1  1
termos, obtém-se:  yn  2  2    yn 1      yn 
2  2 n n

6
Dando origem ao sistema algébrico não linear de n equações e n incógnitas [y1 ,
y2 , ....., yn] :
 3 1
  y0  2  y1   y2  0
 2 2
 s   s  f  xi , yi 
1    yi 1  2  yi  1    yi 1   0 para i  1,  , n  1
 2  i   2i  n2
  3  1  1
  yn  2  2    yn 1      yn 
2  2 n n
4-) Um quarto exemplo é o modelo estacionário do reator com dispersão isotérmico.
dy( z ) 1 d 2 y ( z )
   Da  g  y  z   , no domínio: 0<z<1 e com as condições de
dz Pe dz 2
contorno:
1 dy ( z )
CC1: na entrada do reator: z =0:    y ( z ) z 0  y f
Pe dz z 0
1 dy ( z )
CC2: na saída do reator: z = 1:   0.
Pe dz z 1
Em cada ponto interno de discretização, tem-se:
yi 1  yi 1 1 y  2  yi  yi 1
=  i 1  Da  g  yi  para i  1,  , n  1 .
2  z  z 
2
Pe
1  3 1 
CC1: na entrada do reator: z =0:      y0  2  y1   y2   y0  y f
Pe  z  2 2 
1 1 3 
CC2: na saída do reator: z = 1:    yn 2  2  yn 1   yn   0 .
Pe  z  2 2 

2-Discretização de equações diferenciais parciais pelo método das diferenças finitas


Método das Linhas

A aplicação do método de diferenças finitas no caso transiente é análoga ao caso


estacionário. Deste modo, aplica-se o método de diferenças finitas à variável y  x, t  na
variável x e a equação diferencial parcial original se transforma em um sistema de n1
equações diferenciais ordinárias em t acoplado a equações algébricas relativa às
condições de contorno do problema. Esse procedimento pode ser classificado como um
método das linhas, que corresponde à transformação de sistemas de equações
diferenciais parciais no tempo e no espaço a um sistema algébrico-diferencial ordinário
na variável t através de aproximações (ou discretizações) aplicadas às variáveis
espaciais. Para ilustrar o procedimento as versões transientes dos exemplos anteriores
são apresentadas a seguir.

7
y ( x, t )  2 y ( x, t ) y ( x, t )
  2  10   y ( x, t ) para 0  x  1 e t  0 , sujeita às
2
1-)
t x 2
x
condições de contorno:CC1: em x=0 tem-se y (0, t )  y f  t  e CC2: em x=1 tem-se
y ( x, t )
 0 e a condição inicial : y ( x, 0)  yinicial  x 
x x 1
A forma discretizada dessa EDP será:
dyi  t 
dt
 
 n   n  1  yi 1  t   10  yi  t   2  n 2  yi  t   n   n  1  yi 1  t  , para i =1, 2,

4  yn 1  t   yn  2  t 
...n1, sujeita às condições de contorno: y0  t   y f  t  e yn  t  
3
e às condições iniciais : yi (0)  yinicial  xi 
y( x, t ) 1   s y( x, t ) 
2-)  s  x   f  x, y  x, t   no domínio 0  x  1 e t 
t x x  x 

Sujeita às condições:
 y ( x, t )
CC1: x 0
 x 0
Condições de contorno:  para t >0
CC2:   y ( x, t )  y  x, t   y  t 
 x x 1 x 1 b

Condição Inicial: y  x, t  t 0  yinicial  x  para 0  x < 1

A forma discretizada dessa EDP será:


dyi  t   s  2  s 
 n 2  1    yi 1  t   2  n  yi  t   n  1    yi 1  t   f  xi , yi  t  
2

dt  2i   2i 
para i  1,  , n  1

3 1 4  y1  t   y2  t 
CC1:   y0  t   2  y1  t    y2  t   0  y0  t   e
2 2 3
CC2:
 1 3  2  yb  t   4    n  yn1  t     n  yn  2  t 
   yn  2  t   2  yn1  t    yn  t    yn  t   yb  t   yn  t  
x  2 2  2  3   n

Dando origem ao sistema algébrico-diferencial não linear de n+1 equações e n+1


incógnitas [y0 ,y1 , y2 , ....., yn] :

8
 dyi  t   s  2  s 
 n 2  1    yi 1  t   2  n  yi  t   n   1    yi 1  t   f  xi , yi  t  
2

 dt  2i   2i 
 para i  1,  , n  1

 4  y1  t   y 2  t 
 y0  t  
 3
 2  yb  t   4    n  y n 1  t     n  y n  2  t 
 yn  t  
 2  3   n
com as condições iniciais : yi (0)  yinicial  xi  para i  1, , n  1

y ( z , t ) y ( z, t ) 1  2 y( z, t )
3-)     Da  g  y ( z, t )  no domínio 0  z  1 e t  0 .
t z Pem z 2
Com as condições de contorno:
1 y ( z , t )
CC1: na entrada do reator: z =0:    y ( z , t ) z 0  y f  t 
Pe m z z 0
1 y ( z , t )
CC2: na saída do reator: z = 1:  0.
Pem z z 1
Condição Inicial: y  z , t  t 0  yinicial  z  para 0 < z< 1
dyi  t  1 yi 1  t   2  yi  t   yi 1  t  yi 1  t   yi 1  t 
    Da  g  yi  t  
 z  2  z
2
dt Pem
para i  1,  , n  1 .
CC1: na entrada do reator: z =0:
4  n  y1  t  n  y2  t 
2  y f t   
1  3 1  Pe m  z Pe m  z
     y0  t   2  y1  t    y2  t    y0  t   y f  t   y0  t  
Pe m  z  2 2  3  n  y1  t 
2
Pe m  z
1 1 3 
CC2: na saída do reator: z = 1:    yn 2  2  yn 1   yn   0 .
Pem  z  2 2 

Você também pode gostar