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A QUANTIZAÇÃO DOS SISTEMAS

José Luis P. B. Silva

A quantização dos sistemas foi ocorrendo por postulação, à medida que possibilitava explicar
fenômenos cada vez mais numerosos: espectro do corpo negro (Planck), efeito fotoelétrico (Einstein),
espectros atômicos de emissão e absorção (Bohr, Sommerfeld etc.), além de outros fenômenos não
estudados por nós: capacidades caloríficas (Einstein), efeito Compton (Compton) etc.
Em cada caso, a quantização foi inserida como postulado. No caso que mais nos interessa — o
modelo atômico — Bohr, em 1913, postulou a quantização do momento angular do elétron (L = nħ, onde ħ =
h/2) e Sommerfeld, em1915, ampliou tal critério pelo postulado da integral de fase em trajetória fechada
(pk dqk = nh).
Em 1926, Schrödinger propôs uma equação (diferencial) de onda, de cuja resolução surgem os
números quânticos relativos ao sistema sob estudo. Desse modo, a quantização deixou de ser postulada.
Porém, uma vez que a equação de Schrödinger não é obtenível por dedução de outros conceitos, mas sim,
por um raciocínio analógico físico-matemático, a equação é admitida como um postulado.

Os números quânticos e os modelos atômicos


Bohr introduziu um número quântico no modelo atômico pela primeira vez, relacionado à
descontinuidade dos valores do momento angular. Por dedução, dá-se a quantização do raio da órbita
eletrônica e da energia total do elétron. Como momento angular e energia são propriedade dos estados do
elétron no átomo, o número quântico tornou-se um indicador desses estados. O conceito de número
quântico que emerge deste modelo é de um número inteiro, logo, descontínuo no conjunto dos números
reais.
O modelo de Bohr foi refinado por Sommerfeld, que desenvolveu condições de quantização
vinculadas aos três graus de liberdade espaciais, introduzindo três números quânticos: radial, azimutal e
equatorial, este também denominado magnético. Esses números, separados ou combinados, aparecem nas
explicações de fenômenos para os quais o modelo de Bohr não era suficiente. Os números quânticos estão
relacionados ao momento angular do elétron e sua componente na direção z, ao tamanho, excentricidade e
posição da órbita do elétron, ao desdobramento das linhas espectrais (estrutura fina, efeito Zeeman, efeito
Stark) e à energia total do elétron. A soma dos números quânticos radial e azimutal corresponde ao número
quântico proposto por Bohr.
Em seguida, Schrödinger desenvolveu a equação que leva seu nome, a qual, aplicada ao átomo de
hidrogênio faz surgir três números quânticos, vinculados ao momento angular total do elétron, à sua
componente na direção z e à energia total do elétron. O trabalho de Schrödinger teve pronto
reconhecimento por se tratar de um procedimento padrão da física — resolução de equação diferencial — e
pelo fato dos números quânticos não surgirem de condições ad hoc, como as propostas por Bohr e
Sommerfeld.
Portanto, o sistema dos números quânticos abarca os conceitos de valores discretos de grandezas
físico-químicas, momento angular, órbitas (circulares e elípticas) eletrônicas, espectro atômicos, níveis de
energia, coordenadas esféricas, vetores, espaço de fase, equação de Schrödinger.
Ao longo do desenvolvimento do modelo atômico, o conceito de número quântico permaneceu como
o de um número descontínuo no conjunto dos números reais, indicador dos estados eletrônicos no átomo.

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