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Dissertação de Mestrado
Orientador na FEUP: Eng.º. Hermenegildo Pereira
Orientador na STA: Eng.º Manuel Casais
2012-06-29
Para a minha família
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Resumo
Num mercado cada vez mais competitivo é essencial que as empresas otimizem os seus
processos de modo a garantirem a satisfação dos clientes. O alcance da Certificação Qualicoat
na qualidade dos produtos da empresa é essencial para uma superioridade sobre os
concorrentes.
Para a Certificação Qualicoat, é necessário que a empresa obedeça a todos os requisitos e
parâmetros presentes nas Diretivas da Qualicoat. Esta certificação irá garantir que os produtos
alcancem melhor qualidade e performance. Os temas abordados nesta dissertação estão
relacionados com Qualicoat.
O projeto começou com a análise de todo o processo de pintura electroestática identificando
as condições e fatores críticos da situação inicial e avaliando os constrangimentos existentes
no processo à luz dos requisitos das Diretivas da Qualicoat. Na análise utilizaram-se
ferramentas estatísticas para caracterizar o grau de estabilidade e variabilidade do processo,
identificando respetivamente as causas comuns e especiais de instabilidade e variabilidade.
A parte final do projeto focaliza-se na melhoria da gestão de armazenamento e utilização da
tinta em pó. Foi feito um estudo do consumo de tintas e apresentou-se uma proposta de
organização com o intuito de implementar a metodologia First In First Out. A implementação
da solução proposta para a correta aplicação do FIFO foi adiada. No entanto, houve
intervenção nas condições de armazenamento e os resultados foram positivos no controlo de
stock e diminuição do tempo desperdiçado pela melhoria alcançada com a gestão visual
utilizada na localização de cada caixa de tinta em pó.
Com este projeto foi possível aprofundar a aprendizagem sobre certificação de qualidade,
análise estatistica e logistica, complementando os conhecimentos adquiridos durante os anos
curriculares.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Abstract
In a increasingly competitive market is essential to enterprises optimize their processes in
order to ensure the customer satisfaction. The acquirement of the Qualicoat Certification in
the quality of the products is essential to develop superiority over their rivals.
The Qualicoat Certification involves that the company complies with all of the requirements
and parameters presented in the Specifications of Qualicoat. This certification will ensure that
products get the best quality and performance. The themes developed in this dissertation are
related to Qualicoat.
The project began with the analysis of electrostatic painting process identifying the
conditions and critical factors of the initial situation, and then evaluate the existing constraints
in the process to the specifications of Qualicoat. In the analysis was used statistical tools to
characterize the stability and the variability of the process, identifying respectively the
common and special causes of instability and variability.
The final part of the project focuses on improving the management of storage and the use of
powder paint. A study was made of the powder consumption and was presented a new
proposal in order to implement the methodology of “First In Fist Out”. The implementation of
the proposed solution for the correct application of the FIFO has been postponed. However,
there was an intervention in the storage conditions and the results were positive in the control
of the stock and in a reduction of wasted time for the improvement achieved with the
management used in the visual location of each powder box.
With this project was possible to deepen learning about quality certification, statistical
analysis and logistics, complementing the knowledge acquired during the academic years.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Agradecimentos
Agradeço primeiramente à empresa STA – Sociedade Transformadora de Alumínios, que me
proporcionou a realização da Dissertação e todas a condições para o alcance dos objetivos.
Agradeço aos meus orientadores, ao Eng. Manuel Casais pela oportunidade concedida, e ao
Eng. Hermenegildo Pereira pela ajuda, dedicação e apoio demonstrado ao longo do projeto.
Agradeço também a todos os colaboradores dos diversos departamentos da STA, em especial
à Eng. Cristina Dantas, ao Eng. Rui Costa e ao Chefe da Secção de Acabamentos Paulo
Renato por todo o apoio, disponibilidade e esclarecimentos durante todo o projeto.
Agradeço aos meus Pais, à minha Irmã, ao meu Cunhado e à Mariana por todo o empenho,
incentivo e paciência durante todas as etapas da minha vida.
A todos, um grande Obrigado!
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Índice de Conteúdos
1 Introdução ........................................................................................................................................... 1
1.1 Apresentação da STA .......................................................................................................................... 1
1.2 Objetivo do Projeto ............................................................................................................................... 3
1.3 Método seguido no projeto ................................................................................................................... 3
1.4 Organização da Dissertação ................................................................................................................ 3
Referências ............................................................................................................................................ 38
ANEXO B: Fatores para a construção das Cartas de Controlo para Variáveis ............................. 40
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Siglas
Cpk – Índice de capacidade real do processo
Cp – índice de capacidade potencial do processo
DMAIC – Define, Measure, Analyse, Improve, Control
FIFO – First In First Out (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair)
ERP – Enterprise Resource Planning (Sistema Integrado de Gestão)
SIPOC – Suppliers, Input, Process, Outputs, Costumers (Fornecedores, Entradas, Processo,
Saídas, Clientes)
STA – Sociedade Transformadora de Alumínios
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Índice de Figuras
Figura 1 – Exemplo de produtos desenvolvidos na STA. .......................................................... 1
Figura 2 – Logótipo da STA ....................................................................................................... 1
Figura 3 – Organigrama da STA (adaptado de STA – Sociedade Transformadora de
Alumínios, Manual da Qualidade, 2012).................................................................................... 2
Figura 4 – Layout da Fábrica da STA......................................................................................... 2
Figura 5 - Logótipo da Qualicoat ............................................................................................... 4
Figura 6 – Esquema do processo de revestimento ...................................................................... 7
Figura 7 – Processo em controlo (Stapenhurst, 2005) ................................................................ 9
Figura 8 – Processo Fora de Controlo (Stapenhurst, 2005)........................................................ 9
Figura 9 - Diagrama de Causa-e-Efeito .................................................................................... 10
Figura 10 – Exemplo de uma carta de controlo (Montgomery, 2009) ..................................... 10
Figura 11 – Zonas para a identificação de causas comuns e especiais nas cartas de controlo
(Montgomery, 2009)................................................................................................................. 11
Figura 12 – Equações para o cálculo da amplitude (adaptado de Montgomery, 2009) ........... 12
Figura 13 – Equações para o cálculo dos limites de controlo das cartas das amplitudes
(adaptado de Montgomery, 2009) ............................................................................................ 12
Figura 14 – Equações para o cálculo da média (adaptado de Montgomery, 2009) .................. 12
Figura 15 – Equações para o cálculo dos limites de controlo das cartas das médias (adaptado
de Montgomery, 2009) ............................................................................................................. 12
Figura 16 – Equação para o cálculo da capacidade potencial do processo (Montgomery, 2009)
.................................................................................................................................................. 13
Figura 17 – Equações para o cálculo da capacidade real do processo (Montgomery, 2009) ... 13
Figura 18 – Logótipo Sage ERP X3 ......................................................................................... 14
Figura 19 – Fluxograma do processo da pintura electroestática na STA ................................. 15
Figura 20 – Túnel de plaforização ............................................................................................ 16
Figura 21 – Cabine Independente de pintura ............................................................................ 16
Figura 22 – Cabine Mista de pintura ........................................................................................ 16
Figura 23 – Pistola tipo “Tribo” ............................................................................................... 17
Figura 24 – Pistola tipo “Corona” ............................................................................................ 17
Figura 25 – Sistema de aspiração para a reutilização da tinta .................................................. 17
Figura 26 – Sistema de cadeado para o transporte das peças ................................................... 18
Figura 27 – Rótulo de tinta em pó com referência ao número de homologação da Qualicoat. 19
Figura 28 – Peça utilizada para o 1º teste da polimerização .................................................... 21
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Métodos de Ensaio exigidos pela Qualicoat para a homologação ............................ 5
Tabela 2 – Análise percentual de artigos com mais consumo .................................................. 31
Tabela 3 – Análise de rotação do stock das tintas em pó ......................................................... 31
Tabela 4 – Capacidade das Prateleiras ..................................................................................... 32
Tabela 5 – Tempos despendidos no carregamento de caixa de tinta entre a cabine de pintura e
o armazenamento das tintas ...................................................................................................... 35
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
1 Introdução
A STA fica situada em Gueifães, no concelho da Maia, e é uma empresa certificada pela
norma ISO 9001 desde 2006, contando com uma equipa de 155 empregados profissionais
qualificados, estando organizada por diversos departamentos identificados na Figura 3.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
2 Estado da arte
2.1 Qualicoat
1
www.qualicoat.net
4
Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Os métodos de ensaio descritos nas Diretivas são estabelecidos por normas internacionais,
sendo que os requisitos mínimos são baseados na experiencia prática de ensaios organizados
pela Qualicoat.
O pós utilizado no processo de lacagem podem ser divididos em três classes, correspondendo
a diferentes condições atmosféricas em redor do mundo, que caracterizam as exigências
mínimas dos métodos de ensaio, sendo:
Classe 1: nível de qualidade mínima para regiões europeias;
Classe 2: maior durabilidade;
Classe 3: super durabilidade.
Como nos encontramos a produzir e a comercializar no mercado Europeu, consideramos as
exigências mínimas para a Classe 1 e os ensaios mínimos para a homologação Qualicoat.
Tabela 1 – Métodos de Ensaio exigidos pela Qualicoat para a homologação
2
μm - micrómetro
3
BH - Resistência de Indentação
5
Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
2.2.1 Pré-tratamento
O pré-tratamento pode ser entendido como um processo que se destina a preparar a superfície
de forma a deixá-la em condições de receber o acabamento de proteção e decoração.
O tratamento da superfície influencia as propriedades mecânicas assim como a resistência
química, pois concede uma boa aderência do acabamento ao substrato e é necessário que a
superfície esteja isenta de matérias estranhas. Uma superfície adequadamente preparada, além
de proporcionar um bom revestimento, assegura que a superfície da peça não contenha
elementos corrosivos ou contaminantes que possam encurtar a vida útil da peça.
O tratamento a realizar depende principalmente do tipo e qualidade do metal. É necessário
também ter em consideração a finalidade, o acabamento que vai receber, o estado da
superfície (grau de contaminação), e também ter em atenção as condições económicas e
ambientais.
O processo de tratamento da superfície deve ser divido em três etapas:
Limpeza da superfície – desengorduramento que elimina da superfície da peça
matérias orgânicas como óleos, gorduras, poeiras, e óxidos, para permitir a
homogeneidade dos tratamentos posteriores.
Conversão química – tem o objetivo de criar na superfície da peça uma camada de um
composto insolúvel de alumínio perfeitamente aderente, com propriedades
anticorrosivas, e que permita, sobretudo uma boa aderência do revestimento. Pode-se
optar entre uma fosfatização ou cromatização dependendo do tipo de aplicação.
Lavagem final com água desmineralizada e por secagem assegurando as condições
para o processo de revestimento.
4
APAL – Associação Portuguesa do Alumínio
5
LNEC – Laboratório Nacional Engenharia Civil
6
RAL – é um sistema de definição de cores desenvolvido na Alemanha
6
Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
2.2.2 Revestimento
Na pintura eletrostática é utilizada uma pistola de pulverização que aplica uma carga
eletrostática às partículas do pó sendo atraídas depois pelo substrato, o metal.
É aplicada uma mistura pó/ar na mangueira até à ponta da pistola, onde são carregados pelos
elétrodos que estão ligados a uma fonte de alta tensão. A peça deve estar ligada à terra, e a
nuvem carregada que se forma entre a pistola e a peça é composta por partículas de pó e iões
livres. Existe a formação de dois campos elétricos, um entre a peça e a pistola, e outro entre a
peça e a nuvem.
2.2.3 Polimerização
Após o revestimento, a tinta deve ser polimerizada para atingir as melhores características
físicas e químicas.
As peças saem da cabine de aplicação do revestimento diretamente para a estufa de
polimerização de forma a evitar problemas de contaminação das peças pintadas.
A polimerização da tinta em pó pode ocorrer sob vários modos de transmissão de calor:
Condução;
Convecção;
Radiação.
O forno de convecção é mais simples de orientar e permite os controlos rigorosos exigidos
pela Qualicoat. A convecção é o fenómeno de deslocamento dos gases do ambiente. O ar
quente constitui um meio de transporte de energia ao suporte. A diferença de temperatura
entre o ar e a peça, bem como a velocidade de deslocamento do ar, servem de facilitadores da
transferência de energia.
Os principais parâmetros para se obter uma boa cura são:
Temperatura do forno – deve situar-se entre os 160ºC e 240ºC devendo ser regulada
no tempo e no espaço do forno para que a temperatura da peça e do pó estejam de
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
As causas comuns são inerentes ao processo, ou seja, não são elimináveis, aleatoriamente e
determinam a variabilidade da característica em análise.
Um processo está sob controlo estatístico se operar na presença de causas comuns.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
As cartas de controlo foram desenvolvidas na década de 1920, pelo Dr. Walter Shewhart nos
laboratórios da “Bell Telephone Laboratories”,com o objetivo de analisar e monitorizar a
variabilidade do processo.
As cartas de controlo são empregadas, essencialmente, em duas vertentes distintas. Primeiro,
são utilizadas como ferramenta de análise retrospetiva de processos, com o objetivo de
identificar a presença (ou ausência) de causas especiais de variação e proceder à sua
eliminação. Apoiando-se em dados históricos, as cartas de controlo constituem assim uma das
técnicas mais eficazes na monitorização e melhoria da capacidade de processos e/ou à sua
estabilização. Na segunda vertente, as cartas de controlo correspondem a ferramentas de
acompanhamento dos processos, funcionando como um sistema de alerta para a ocorrência de
situações de descontrolo.
As cartas de controlo são compostas por três linhas paralelas: a linha central (LC) que
representa o valor médio da característica da qualidade, e as linhas de, limite superior de
controlo (LSC) e limite inferior de controlo (LIC) que representam os limites máximos para
que o processo esteja sob controlo.
Regras para a identificação de causas comuns e especiais nas cartas de controlo de Shewhart:
1. Um ou mais pontos fora dos limites de controlo.
2. Dois a três pontos consecutivos fora dos limites 2σ mas dentro dos limites de controlo.
3. Quatro de cinco pontos consecutivos fora do limite de 1σ.
4. Conjunto de oito pontos consecutivos acima ou abaixo da linha central.
5. Seis pontos consecutivos aumentando ou diminuindo de forma constante.
6. Quinze pontos consecutivos na zona C.
7. Catorze pontos consecutivos alternando acima e abaixo.
8. Oito pontos consecutivos fora da zona C.
9. Surgimento de dados incomuns e não aleatórios.
10. Um ou mais pontos próximos da linha limite de controlo.
As cartas de controlo por variáveis funcionam como ferramenta de prevenção, pois é possível
com aplicação informática a monitorizar o processo ter informação, em tempo real, do seu
desempenho, possibilitando melhorar em contínuo, a qualidade do produto.
Estes tipos de cartas são estruturados por dois parâmetros: o parâmetro da posição
(normalmente a média) e o parâmetro da dispersão (a amplitude ou o desvio padrão). Com as
cartas de controlo da amplitude ou desvio padrão avalia-se a homogeneidade da variabilidade
do processo, e com a carta de controlo das médias testa-se a estabilidade do valor esperado.
As cartas de controlo das amplitudes (R) são as primeiras a ser analisadas, que resultam de
tomar o valor absoluto da diferença do maior e do menor valor mensurado. O interesse desta
estatística reside no facto de ser possível obter boas estimativas da variabilidade. O cálculo da
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
amplitude é realizado através da equação da figura 12. No cálculo dos limites de controlo são
utilizadas as equações na figura 13.
Figura 14 – Equações para o cálculo Figura 15 – Equações para o cálculo dos limites
da média (adaptado de Montgomery, de controlo das cartas das médias (adaptado de
2009) Montgomery, 2009)
As contantes “D4”, “D3”, e “A2” são obtidas na tabela do Anexo B.
Na análise deste tipo de cartas, o afastamento entre os limites de controlo depende apenas do
valor que tiver a amplitude média (carta - R). Se este cálculo estiver inflacionado, os limites
afastam-se mais do que deveriam e a carta de controlo perde sensibilidade.
A amplitude R reflete a variabilidade média que ocorre apenas dentro das amostras. Se nas
amostras recolhidas não se manifestarem causas especiais de variação, a amplitude não terá
uma variação indesejável. Se suceder o contrário, ou seja, se a amplitude R incluir a variação
provocada por causas especiais, a carta de controlo será, no futuro, insensível à sua presença.
Se os dados iniciais, revelarem que a amplitude R não esteve equilibrada durante a recolha das
amostras, os limites estabelecidos com base nesses dados não são validos, nem para a carta
das médias, nem para a carta das amplitudes.
Antes de colocar um processo sob controlo é necessário avaliar a sua potencialidade, ou seja,
a capacidade de produzir nas melhores condições e satisfazer o nível de qualidade a partir das
necessidades do cliente. A capacidade do processo refere-se à uniformidade do processo,
sendo a sua avaliação definida pelos limites de controlo μ ± 3σ.
Índices de capacidade
2.4 DMAIC
A armazenagem é uma das atividades mais tradicionais da logística e tem passado por muitas
transformações nos últimos anos, através da introdução de novos sistemas de informação na
gestão de armazéns.
A implementação de um sistema de gestão de armazéns, num software adequado, é
importante num melhor controlo dos stocks, redução de erros, otimização de processos e
utilização de espaços. Devido ao aumento de encomendas de baixo volume no mercado atual,
a eficiência dos processos de armazenamento diminui, implicando uma perda de tempo para a
procura de artigos menos utilizados, a stocks parados e a áreas aleatoriamente desocupadas.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Para se obter uma melhor gestão de armazenamento das tintas em pó, foi utilizado o software
Sage ERP X3.
O Sage ERP X3, atualmente implementado na STA, é um software ERP7 desenvolvido pelo
Grupo Sage que integra todas as informações e todos os processos de gestão de uma empresa
numa base de dados única. Permite à empresa uma visão global da sua atividade em tempo
real, independentemente do local onde os dados foram criados ou armazenados. O sistema
gere globalmente as operações financeiras, o acompanhamento dos stocks, a gestão de
relacionamento com clientes, as compras e a produção, racionalizando ao mesmo tempo o
conjunto dos processos da empresa.
O Sage ERP X3 é uma solução de gestão completa e integrada, concebido para as médias e
grandes empresas, para responder aos planos de gestão mais elaborados permitindo o acesso a
informações dos produtos em tempo real.
Neste sistema de gestão, é possível gerir distintas áreas de uma empresa, como: Produção,
Finanças, Inventários, Compras, Vendas ou relacionamento com os clientes.
7
ERP – Enterprise Resouce Planning – Sistema Integrado de Informação
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
3 Pintura Electroestática
3.1.1 Pré-tratamento
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
3.1.2 Revestimento
A zona de pintura da STA é composta por duas cabines independentes, para a pintura das
cores branco e preto, e outra cabine mista para diferentes cores.
A cabine utilizada para pintar peças de variadas cores, é somente utilizada num processo
manual, em que o pintor utiliza uma pistola denominada de “corona”, figura 24. Este processo
é utilizado frequentemente em peças com pequenas superfícies e geometria complexa. A
limpeza da pistola de pintura é obrigatória sempre que se altere a cor da tinta, através de um
sistema de sopro e aspiração.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
3.1.3 Polimerização
As Diretivas da Qualicoat são direcionadas para perfis de alumínio obtidos por extrusão. No
entanto, as peças produzidas na STA são obtidas por fundição injetada.
A interpretação das diretivas da Qualicoat tornou-se difícil devido a esta situação, em que
todos os requisitos são definidos para perfis. No Anexo C é exposto o anexo 5 das Diretivas
da Qualicoat, que é especificado para acessórios de alumínio para aplicações arquiteturais
obtidos por vazamento, ou fundição injetada.
3.2.1 Ligas
A certificação da Qualicoat para os perfis extrudidos requer o uso de dois tipos de liga de
alumínio, a liga AA 6060 e a liga AA 6063. Como apenas nos estamos a focalizar nos
produtos obtidos por fundição injetada, a escolha do tipo de liga a utilizar é da inteira
responsabilidade da empresa em questão.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
3.2.2 Tintas em Pó
O fornecedor da tinta em pó deve garantir que os seus artigos sejam homologados pela
Qualicoat, podendo ser posteriormente consultado no site da Qualicoat se o seu “P-Number”
ainda se encontra sob aprovação. Este “P-Number” deverá estar referenciado no rótulo do
artigo, figura 27. O certificado de homologação menciona a classe da tinta em pó
correspondente.
Para a homologação da Qualicoat será necessário assegurar que todas as tintas estejam sob
aprovação da Qualicoat.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
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Carlo Guidetti – Administrador da empresa “http://www.chemtec.it/”
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
O posto de pintura electroestática tem dois operadores e é objetivo deste projeto a comparação
entre os dois.
Para a identificação dos pintores, definiu-se que o “Pintor Nº 1” é o que já revela alguma
e periência, e o “Pintor Nº 2” apenas iniciou esta função à relativamente pouco tempo.
Na análise da espessura, para obter uma menor variabilidade do processo utilizou-se sempre o
mesmo tipo de cor.
A utilização das cartas de controlo na análise da espessura de revestimento tem como objetivo
identificar a presença de causas especiais do processo de pintura.
Na criação das cartas de controlo a escolha de dados incidiu-se na coletânea de dados
presentes no Anexo H, em que cada lote tem 32 amostras.
Então, para o Pintor Nº 1, as cartas das médias e das amplitudes são as seguintes:
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
A análise da capacidade do processo foi realizada através da recolha dos dados de cada pintor.
Os limites de controlo foram definidos em concordância com os requisitos da Qualicoat, ou
seja, foi decidido que para o limite inferior seria uma espessura de 48 µm, porque os dados
selecionados foram as medições individuais. Para a eventual escolha da média de cada peça
teria sido de 60 µm. Não foi designado qualquer valor máximo porque a Qualicoat não
especifica nenhum valor, e por isso não será possível calcular o valor de Cp.
Na figura seguinte, está e posto o gráfico da capacidade do processo para o “Pintor Nº 1”.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
A capacidade do processo, como era previsível, também é abaixo do nível mínimo exigido
para se considerar um processo capaz, tendo um desvio-padrão bem mais elevado que o pintor
anterior. O valor do Cpk também é inferior ao Pintor Nº 1, que evidencia o nível de
experiência adquirido.
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
A gestão do armazenamento das tintas em pó presentes na STA era quase nula. A sua gestão
era feita pelos trabalhadores do posto de pintura eletrostática de memória visual.
Facilmente se conclui que esta situação gerava mais tempo despendido na procura de um
artigo, que fosse menos utilizado. Assim, os inventários realizados mensalmente só seriam
reais no dia da contagem, já no armazenamento das tintas o mesmo artigo em caixa podia
encontrar-se em diferentes prateleiras não sendo controlada a sua utilização de acordo com a
data de validade do lote do fornecedor.
Nas figuras seguintes, é visível a desorganização do armazenamento das tintas em pó. É
possível observar que, na mesma prateleira se tem uma grande variedade artigos.
Estes artigos são identificados pelo número registado na caixa de tinta que indica a cor RAL9.
Para a análise dos consumos, foram consultados os registos de receção das tintas em pó no
SAGE ERP X3. É de salientar que, apenas desde o início de 2010 se começou a fazer esse
registo. Na tabela 1 do Anexo I, encontram-se todos os registos de receção, enquanto que, na
tabela 2 os artigos estão organizados por percentagens de consumo.
Na figura seguinte, é feita uma análise através do diagrama de Paretto para os artigos que
representam o maior consumo de tintas em pó.
9
RAL – é um sistema de definição de cores desenvolvido na Alemanha
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Através da análise percentual, na tabela seguinte, é possível concluir que os seis artigos
representam cerca de 80% de todo o consumo desde 2010.
Tabela 2 – Análise percentual de artigos com mais consumo
Artigo Descrição Qtd [Kg] %
303018 Pó Branco Sobinco Brilhante Polyester 3.050 18,832%
303103 Pó RAL 9S16 Polyester 2.900 17,906%
303015 Pó Preto RAL 9005 Mate Polyester 2.620 16,177%
303101 Pó RAL 9S05 Polyester 2.390 14,757%
303102 Pó RAL 9S10 Polyester 1.000 6,174%
303120 Pó RAL 9006 Silver Mate 960 5,927%
Total 12.920 79,773%
Esta análise foi importante para a definição do novo layout do armazém. Desta forma, se um
artigo tem um elevado consumo, é de bom senso armazenar esse artigo no local mais próximo
da área de pintura.
A análise de rotação de stock destes artigos é também importante, no sentido de garantir que a
data de validade nunca é excedida, sendo então necessário garantir que os trabalhadores do
posto da pintura electroestática utilizem a metodologia de First In First Out.
Tabela 3 – Análise de rotação do stock das tintas em pó
Artigo Descrição Qtd [Kg] Kg / ano
303018 Pó Branco Sobinco Brilhante Polyester 3.050 1220
303103 Pó RAL 9S16 Polyester 2.900 1160
303015 Pó Preto RAL 9005 Mate Polyester 2.620 1048
303101 Pó RAL 9S05 Polyester 2.390 956
303102 Pó RAL 9S10 Polyester 1.000 400
303120 Pó RAL 9006 Silver Mate 960 384
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Analisar o Processo de Lacagem a Pó e Identificar as Melhorias a Implementar para a Certificação Qualicoat
Na tabela 3, é possível verificar que, devido à elevada rotação do stock, a data de validade
destes produtos não será expirada, desde que seja sempre utilizada a tinta de lotes mais
antigos, visto que, normalmente, a data de validade é de dois anos. No cálculo desta rotação,
foi considerada a rotação dos últimos dois anos e meio.
Assim, o problema da validade incide nos restantes artigos devido à pouca utilização.
Na figura 48, é possível visualizar no laboratório de pintura eletrostática a área onde estão
colocadas as prateleiras para o armazenamento das tintas em pó.
Esta área de armazenamento é formada por 12 colunas, e cada coluna composta por 5 níveis
de prateleiras. Na tabela 4, estão os dados alusivos à capacidade da área de armazenamento.
Tabela 4 – Capacidade das Prateleiras
Colunas 12
Níveis 5
Área / Prateleira 130 cm X 60 cm = 7800 cm2
Medida padrão caixa de tinta 40 cm X 26 cm = 1040 cm2
Capacidade Máxima / prateleira 7
Capacidade / coluna 35
Devido a limitações de espaço, e ser uma zona de passagem, não foi possível alterar a
disposição das prateleiras.
Através da análise dos consumos da tinta em pó e, também com a capacidade de
armazenamento das prateleiras, foi proposta a seguinte organização:
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Na compra de um artigo novo, a introdução deste irá criar por definição a nova localização
como a coluna “L”. Os níveis de cada coluna não foram numerados, o SAGE criará uma nova
localização, por defeito, “A1”. O que não é o pretendido para este problema.
No software de gestão da STA, foi introduzida a informação relativa à localização de cada
artigo. Na figura seguinte, é possível verificar que anteriormente apenas se podia associar os
artigos de tinta ao armazém da lacagem “CPLAC”, equivalente a “Pintura Lacagem”.
Através de toda a informação disponibilizada, quer pela identificação de colunas, quer pela
identificação dos artigos, sempre que há um pedido de pintura novo os trabalhadores gastam
menos tempo. Na tabela 5 são expostas as cronometragens de tempos despendidos antes e
depois da alteração do layout. A distância média entre a cabine e o armazém é de 13 metros.
Através desta tabela, é possível concluir que a diferença de tempos é significativa desde que
se se implementou esta nova gestão de armazenamento.
A redução de tempos foi superior a 30%, ou seja, ganha-se quase 20 segundos em cada nova
alteração de cor, o que, no contexto atual de competitividade empresarial, o cumprimento dos
prazos de entrega é fundamental para a satisfação dos clientes.
Para que a metodologia do First In First Out seja positiva para a empresa, foi necessário
informar os operários, sensibilizando-os para as vantagens da introdução desta metodologia e
fazendo-os compreender as suas novas tarefas, pois não lhes irá aumentar a carga, nem a
dificuldade do trabalho. Também era necessário sensibilizá-los para o facto de que se não
cumprissem com as suas novas responsabilidades, a empresa era prejudicada se as tintas
passassem o seu prazo de validade.
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Referências
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Requisitos Qualicoat
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