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Universidade Rovuma

DCSF. Curso de Sociologia com Habilitação em Desenvolvimento Rural, 3oano,

2019

Cadeira de Sociologia Ambiental

Issa Caimo Adremane

O presente resumo feito a partir da obra intitulada justiça ambiental e construção social do
risco, pertencente ao autor Henri Acselrad. Ele procura analisar a influência dos movimentos
ambientalistas na busca pela justiça ambiental. Uma vez que os defensores da modernidade
ecológica, e os teóricos da sociedade de risco não levaram em consideração as questões de
diversidade social na construção do risco, assim como a presença de uma lógica política a
orientar a distribuição desigual dos danos ambientais. Neste sentido o autor remete-nos numa
discussão de como os agentes sociais envolvidos na denúncia de injustiças ambientais
accionam um quadro discursivo que contesta ao mesmo tempo a modernização ecológica e os
pressupostos da teoria da sociedade de risco, mostrando a lógica social que associa a dinâmica
da acumulação capitalista a distribuição discriminatória dos riscos ambientais.

Em princípio, Acserlrad (2002), argumenta que, o movimento de justiça ambiental surge na


década 60, com o objectivo de reivindicar direitos civis das populações dos EUA, um dos
iniciais protestos foi contra a exposição humana a contaminação tóxica de origem industrial
assim como de condições inadequadas de saneamento na contaminação química dos locais de
moradia e de trabalho. Em meados dos anos 70 diversos grupos ambientalistas tentaram criar
uniões tradicionais destinadas a combater a localização inadequada de lixo tóxico e perigoso,
encontradas nas áreas de concentração residencial de população negra.

No entanto Acserlard considera que, para além da injustiça ambiental estar ligada nos
aspectos geográficos, em que os indivíduos afectados pelos danos ambientais serem os que
habitam em regiões próximas aos grandes depósitos de lixo tóxico, verifica-se também que, os
mais afectados pelos prejuízos ambientais como o da contaminação tóxica são as populações
de baixa renda. Embora os factores raça e classe de renda tenham se mostrado fortemente
interligados, para o autor a raça revelou-se um indicador mais potente da coincidência entre os
locais onde as pessoas vivem e aqueles onde os resíduos tóxicos são depositados.

Nesse sentido, segundo Acselrad, foi cunhado a expressão racismo ambiental pelo Benjamin
chavis, para designar a imposição desigual – intencional ou não de rejeitos perigosos as
comunidades de cor. O autor diz que as forças do mercado e práticas discriminatórias das
agências governamentais concorriam de forma articulada para a produção das desigualdades
ambientais.

Entretanto Acselrad apresenta no seio das suas abordagens referentes ao movimento da justiça
ambiental, momentos objectivistas e subjectivistas, em que a justiça ambiental fez com que
houvesse forças sociais dotadas de legitimidade no espaço público. De acordo com o autor o
momento objectivista iniciou-se com um confronto de forças no terreno prático, a comunidade
organizada manifestou a sua vontade de recusar a reprodução da desigualdade de poder e a
subordinação continuada a dominação exercida pela imposição desigual dos danos
ambientais.

No momento subjectivista segundo Acselrad, a luta radicalizou-se por causa da percepção e


do critério racional presente na escolha da localização do depósito da carga tóxica. A
população de Afton era composta de 84% de negros, o condado de Warren, de 64% e o estado
de Carolina do Norte, de 24%. Deste modo, tais evidências criaram condições para o
estreitamento das convergências entre o movimento dos direitos civis e dos direitos
ambientais.

Para Acselrad, o momento objectivista era caracterizado pelas desigualdades de poder, uma
vez que a raça é um factor independente e não mudável a classe de renda, por outras palavras,
a falta de poder das comunidades, a baixa renda e a distância do poder político, faz com que
os mais prejudicados sejam os que menos influenciam por meios directos e indirectos as
decisões. Para o autor no momento subjectivista os assuntos referentes a desigualdade
ambiental passa a integrar as estratégias argumentativas que concorrem para a constituição de
alianças potências com outros grupos sociais, desta forma, a desigualdade de poder sobre os
recursos ambientais estaria presente na raiz dos processos de degradação ambiental, quando
os beneficiários de uso do meio ambiente estão concentrados em poucas mãos.

Em jeito conclusivo, percebe-se que, os momentos objectivistas e subjectivistas no que se


refere a justiça ambiental, foram claros na questão da desigualdade ambiental/ poder, uma vez
o racismo ambiental exprime o fenômeno pelo qual muitas das políticas públicas ambientais,
práticas ou diretivas acabam afetando e prejudicando de modo desigual, intencionalmente ou
não, indivíduos e comunidades de cor. Foi o movimento norte-americano contra o racismo
ambiental que, efetivamente, popularizou e consagrou a expressão justiça ambiental.

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