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XVII ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

O HOMEM DE BEM DIANTE DA SOCIEDADE DE CONSUMO


(bens, matéria, natureza, etc...)
NO AMBIENTE TERRENO SEGUNDO JESUS
E.S.E. CAP XVII: 3

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO –


CAP XVI: 12

“Quando considero a brevidade da vida, sou dolorosamente atingido pela incessante


preocupação da qual é motivo para vós o bem-estar material, enquanto dedicais tão pouca importância
e consagrais tão pouco tempo ao vosso aperfeiçoamento moral, que vos será levado em conta na
eternidade. Poder-se-ia acreditar, ao ver a atividade que desenvolveis, que se trata de uma questão do
mais alto interesse para a humanidade, quando, quase sempre, trata-se de satisfazer as vossas
necessidades exageradas, a vaidade, ou de vos entregardes a excessos.
Quantas penas, quantos cuidados, quantos tormentos cada um impõe; quantas noites passadas
sem dormir para aumentar uma fortuna muitas vezes mais do que suficiente!
Por cúmulo do absurdo, não é raro verem-se pessoas que, por um amor sem limites à fortuna e
aos prazeres que ela proporciona, sujeitam-se a um trabalho penoso, e se vangloriam por viver em uma
existência de sacrifícios e de méritos, como se trabalhassem para os outros e não para si mesmos.
Insensatos! Então, acreditais, realmente que vos serão levados em conta os cuidados e os
esforços dos quais o egoísmo, a cobiça ou o orgulho são a causa, enquanto negligenciais o cuidado
com o vosso futuro, assim como com os deveres que a solidariedade fraterna impõe a todos aqueles
que desfrutam das vantagens da vida social?
Só haveis pensado no vosso corpo; seu bem-estar e seus prazeres foram os únicos objetivos da
vossa solicitude egoísta; por ele, que morre, negligenciastes vosso espírito, que sempre viverá. Assim,
esse senhor, tão mimado e acariciado, tornou-se vosso tirano, ele comanda vosso espírito que se fez
seu escravo. Seria esse o objetivo da existência que Deus vos deu? (Um espírito protetor. Cracóvia,
1861)”
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PRECE INICIAL
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OBJETIVOS:
• Destacar a importância da influência da família e da mídia nos hábitos de consumo dos
indivíduos;
• Refletir as graves conseqüências físicas e morais do consumismo para a família e
• Analisar como a educação no lar é a base para os bons hábitos.

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A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA E DA MÍDIA NOS HÁBITOS DE CONSUMO DOS INDIVÍDUOS
A família é a mais importante influência nas atitudes e comportamentos dos indivíduos. Como
consumidores, somos a criação de nossas famílias na maior extensão.
As famílias são a unidade de compra para muitos produtos, como casas, carros e cereais matinais entre
muitos outros; e seus membros podem desempenhar diferentes papéis de compra, que se dividem em
iniciador, influenciador, decisor, comprador e usuário. A influência exercida por esposos, crianças e
outros membros da família irá variar conforme o produto, a quantidade de recursos disponíveis, o
estágio de decisão de compra e o estágio do ciclo de vida familiar. Mesmo quando não estão presentes,
os membros da família podem influenciar nas decisões de compra uns dos outros, como quando uma
mãe de família vai ao supermercado e faz compras sozinha, mas escolhe alguns produtos conforme
gosto dos filhos e do marido.
Podemos considerar a família nuclear como sendo o mais importante grupo de convivência
primária dos indivíduos, por constituir-se no seu primeiro agente de socialização. Por ser a primeira fonte
de inteiração social dos indivíduos, a família exerce forte influência na formação dos valores e crenças
dos indivíduos sobre o que comer, vestir, onde freqüentar, quem respeitar, etc. Também teria uma
função mediadora, ao receber e filtrar as normas dos grupos mais amplos do sistema social antes de
transmiti-las a seus membros. Nesta passagem, pode ocorrer a alteração e a adaptação de alguns
aspectos, o que irá refletir no consumo familiar e individual. Os pais, enquanto criadores do núcleo
familiar, vem tendo cada vez menos tempo, contudo, de exercer essa filtragem.
A cultura caracteriza-se como o retrato do modo de viver de um povo. Historicamente, a
transmissão cultural costumava ser feita pessoalmente, de pais para filhos e de professores para alunos.
Contudo, com a evolução dos meios de comunicação, atualmente o ser humano de todas as idades
recebe uma enorme quantidade de informação principalmente por meio da televisão e da internet.
A mídia, divulgando interesses capitalistas, acabou por produzir a era do consumo na qual
vivemos. Sendo este consumo centralizador do estilo de vida, a ponto das empresas que constroem a
cultura de consumo, produzirem sentido. Este sentido serve de base para construção de identidades,
constituindo-nos como sujeitos de determinados discursos. “...em alguma medida somos aquilo que
consumimos.”

O LIVRO DOS ESPÍRITOS – COMENTÁRIO DE KARDEC – QUESTÃO 685

“A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e consumo. Mas,
esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não
deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e
sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a
educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e
sim à que consiste na arte de formar os caracteres, À que incute hábitos, porquanto a educação é o
conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são
lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos,
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serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida,
compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo
mesmo e para com os seu, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar
menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só
uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o
penhor da segurança de todos.”

A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA

A contemporaneidade, “tem-se caracterizado pelas relações de produção e de consumo


permeando as interações sociais”. Importantes mudanças vem se processando nas relações entre
crianças e adultos, paralelamente ao surgimento de uma nova produção de subjetividade, conseqüente
da organização do cotidiano pela mídia e das transformações no dia-a-dia das pessoas e das famílias,
impostas pela sociedade de consumo. As relações intersubjetivas entre crianças, adolescentes e
adultos, estariam sendo alteradas, portanto, em função das influências da mídia e da cultura do
consumo.
O acesso irrestrito a informação, trazido pelas novas formas de tecnologia que estão em
constante evolução acabam por provocar mudanças profundas na construção da subjetividade e nos
relacionamentos dos seres humanos.
As crianças e os adolescentes de hoje já nasceram mergulhados neste mundo de tecnologia da
informação e certamente tv’s e computadores ligados a maior parte do tempo acabam por exercer um
importante papel na construção de valores e da cultura atual. A cultura do consumo, divulgada pela
mídia, molda desde cedo a subjetividade de crianças e adolescentes, que vai se consolidando em
valores centrados no consumo.
Por não requerer treinamento prévio para sua utilização, não fazer exigências complexas à
mente e não segregar seu público, estando aberta ao acesso de pessoas de todas as idades e classes
sociais considera-se “...a televisão destrói a linha divisória entre infância e idade adulta...”.
Juntamente com outros meios de comunicação, a tv torna impossível quaisquer segredos, o que
acaba por desafiar a autoridade do adulto, questionando o lugar de saber que este ocupava. Isto faz
com que, na tentativa de se adaptar e lidar com as exigências do mundo atual, os pais sintam-se
confusos e inseguros quanto à forma correta de agir com os filhos, demonstrando, por vezes,
dificuldades em estabelecer uma hierarquia, impor limites e manejar conflitos. As crianças também são
atingidas por esta ambivalência de papéis, pois ao mesmo tempo em que precisam ser sustentadas por
seus pais e receber uma aprendizagem legitimada pela sociedade na escola, freqüentemente elas
possuem mais habilidade do que seus pais e professores para lidar com as tecnologias do nosso tempo.

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LIVRO: O CONSOLADOR (EMMANUEL) - FRANCISCO CÂNCIDO XAVIER – EDITORA FEB –
PERGUNTA 110
“Qual a melhor escola de preparação das almas encarnadas, na Terra?
A melhor escola ainda é o lar onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter.
Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família
pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode
edificar o homem.
A rotina das famílias também tem se modificado muito, o tempo compartilhado entre pais e filhos
é cada vez mais escasso. Os pais se preocupam com o futuro dos filhos no mercado de trabalho e por
isto os colocam em diversas atividades, como inglês, informática e esportes cada vez mais cedo. Estes
pais também trabalham a cada dia mais para garantir o sustento da família e melhorar seu poder
aquisitivo. As mulheres vem aumentando sua participação no mercado de trabalho e ficando,
conseqüentemente, mais tempo fora de casa. Com crianças atarefadas, pais que chegam tarde em casa
e refeições solitárias, desencontradas, ou feitas fora de casa, a família tem cada vez menos tempo para
se reunir, trocar idéias, dialogar. Este contexto pode prejudicar a união e a preservação da unidade
familiar, contribuindo fortemente para o individualismo e desagregação da família.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - CAP XVI: 12 (2º e 3º parágrafo)

“Quantas penas, quantos cuidados, quantos tormentos cada um impõe; quantas noites passadas
sem dormir para aumentar uma fortuna muitas vezes mais do que suficiente!
Por cúmulo do absurdo, não é raro verem-se pessoas que, por um amor sem limites à fortuna e
aos prazeres que ela proporciona, sujeitam-se a um trabalho penoso, e se vangloriam por viver em uma
existência de sacrifícios e de méritos, como se trabalhassem para os outros e não para si mesmos.”

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - CAP V: 23 ( 1º parágrafo)

“O homem está sempre em busca da felicidade que constantemente lhe foge, porque a felicidade
verdadeira não existe sobre a Terra. Entretanto, apesar das vicissitudes que formam o cortejo inevitável
desta vida, poderia, pelo menos, desfrutar de uma felicidade relativa, mas ele a procura nas coisas
perecíveis e sujeitas às mesmas vicissitudes, isto é, nos prazeres materiais, em vez de buscá-la nos
prazeres da alma que são uma amostra dos eternos prazeres celestes; em vez de procurar a paz do
coração, única felicidade real neste mundo, ele deseja ardentemente tudo o que pode agitá-lo e
perturbá-lo; e, coisa interessante, o homem parece criar para si, propriamente, tormentos que só a ele
pertencia evitar.”

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NECESSIDADES VERSUS DESEJOS

As necessidades humanas são aquelas que fazem parte da Hierarquia das Necessidades. Estas
seriam as necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto-realização, cuja
satisfação sempre seria buscada pelo ser humano nesta ordem. Dentro das necessidades fisiológicas,
por exemplo, todos os seres humanos tem necessidade de se alimentar e se hidratar, a escolha de um
determinado tipo de alimento ou bebida em detrimento de outros é, contudo, fruto do desejo. Este é um
esclarecimento útil no sentido de entender-se que os profissionais do marketing não são capazes de
criar necessidades nos seres humanos, pois estas já existem naturalmente. O que eles podem fazer é
dirigir estas necessidades para determinados bens de consumo, criando desejos.
A mídia é capaz de atribuir significados às mercadorias que a indústria produz, de forma a deixá-
las mais atrativas e criando um desejo de possuí-las nos consumidores potenciais que assistem as
mensagens. “...O novo design de um veículo, por exemplo, deverá ser trabalhado melhor na
comunicação para que a concepção estética encontre um significado que faça vender o bem.” A
significação das mercadorias é imposta pela publicidade, na medida em que apenas um dos
interlocutores participa de sua concepção, enquanto o outro, somente a aceita.
A comunicação utilizada com fins mercantis, que visa aumentar o consumo em função da
produção em grandes escalas, acaba não somente divulgando mercadorias, mas também criando o
desejo daquele determinado produto. Desta forma, a utilização da comunicação entre empresários e
pretensos consumidores tem por pretensão, criar, modificar e extinguir hábitos e costumes de certa
comunidade. “...Os produtos dão às pessoas não apenas a sua utilidade, mas também servem de
instrumento simbólico de algo que querem demonstrar sobre a sua personalidade ou classe social”.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Gozo dos bens terrenos - QUESTÕES: 711 a 714

711. O uso dos bens na Terra é um direito de todos os homens?


“Esse direito é conseqüente da necessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao
homem o meio de cumpri-lo.”

712. Com que fim pôs Deus atrativos no gozo dos bens materiais?
“Para instigar o homem ao cumprimento da sua missão e para experimentá-lo por meio da tentação.”
a) Qual o objetivo dessa tentação?
“Desenvolver-lhe a razão, que deve preservá-lo dos excessos.”

N.K. Se o homem só fosse instigado a usar dos bens terrenos pela utilidade que tem, sua
indiferença houvera talvez comprometido a harmonia do Universo. Deus imprimiu a esse uso o
atrativo do prazer, porque assim é o homem impelido ao cumprimento dos desígnios providenciais.

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Mas, além disso, dando aquele uso esse atrativo, quis Deus também experimentar o homem por
meio da tentação, que o arrasta para o abuso, de que deve a razão defendê-lo.

713. Traçou a natureza limites aos gozos?


“Traçou, para vos indicar o limite do necessário. Mas, pelos vossos excesso, chegais à saciedade e
vos punis a vós mesmos”

714. Que se deve pensar do homem que procura nos excessos de todo gênero o requinte dos
gozos?
“Pobre criatura! Mais digna é de lástima que de inveja, pois bem perto está a morte!”
a) Perto da morte física, ou da morte moral?
“De ambas.”

N.K. O homem, que procura nos excesso de todo o gênero o requinte do gozo, colocar-se abaixo do
bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade. Abdica da razão que Deus
lhe deu por guia e quanto maiores forem seus excessos, tanto maior preponderância confere ele à
sua natureza animal sobre a sua natureza espiritual. As doenças, as enfermidades e, ainda, a morte,
que resultam do abuso, são, ao mesmo tempo, o castigo à sua transgressão da lei de Deus.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Necessário e Supérfluo - QUESTÕES: 715 a717

715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?


“Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e
a sua própria custa.”

716. Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das necessidades?
“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza traçou o
limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades
que não são reais.”

717. Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o
supérfluo, co prejuízo daqueles a quem falta o necessário?
“Olvidam a lei de Deus e terão que responder pelas privações que houverem causado aos outros.”

N.K. Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou
necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não
pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão
regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de
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caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos
outro exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta tem apenas o verniz, como
muitos há que dá religião só tem a máscara.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - CAP XVII: 3 (16º parágrafo)

“Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que se trata de um
depósito do qual terá que prestar contas; sabe também que o emprego que lhes pode da, mais
prejudicial para si mesmo, é o de utilizá-los para a satisfação das suas paixões.”

O SEGUINTE TEXTO FOI EXTRAÍDO DO LIVRO: VEREDA FAMILIAR – pelo Espírito Thereza de
Brito- Autor J. Raul Teixeira – Editora Frater – Livros Espíritas LTDA.

“Em “O Livro dos Espíritos”, o grande mestre Allan Kardec apresenta notável pergunta aos
Sempre Vivos sobre o motivo de o Criador haver posto nas coisas materiais, o visco atrativo, a tentação
por consegui-las (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 45ªed., FEB, pergs. 712 e 712 – a). Os nobre
Emissários do Além disseram-lhe que as tentações serviriam para provocar a criatura para o
cumprimento da sua missão no mundo. A partir daí, à medida que se desenvolve seu raciocínio, vai
compreendendo a improcedência dos excessos. Se o homem não tivesse o desejo de conseguir isso ou
aquilo, certamente, não se interessaria por trabalhar, uma vez que na Terra o labor quotidiano tem o
sabor de castigo e o cheiro de padecimento.
Vemos, dessa forma, que o anseio de possuir, de comprar, de obter é perfeitamente natural, pois
atende aos projetos progressistas que os Céus engendram para os seres humanos.
Entretanto, bastante distinto de adquirir, de comprar será, sem dúvida, o adquirir indefinidamente
e comprar sem razão.
Quantas são as pessoas que compram por comprar, gastam por gastar, sem qualquer
consideração para com a própria vida, sem qualquer reflexão acerca da utilidade que poderia patrocinar
para terceiro, do próprio lar ou da relação social?!
Quantos que adquirem para exibir poder econômico ou pujança social, sem qualquer
necessidade mais nobre?
Tantos que sofrem, obsessivamente, a compulsão psiquiátrica para o consumo inveterado, sem
razão reflexiva.
Ninguém está impedido de consumir, de obter pequenos supérfluos, atendendo ao gosto pela vida e às
possibilidades que ela consente. Contudo, o excesso, conforme afirma o livro acima referido, certamente
será a geratriz de tormento sem conta, nos caminhos terrenos.
... Pensamos, então, que o problema não será ter isso ou ter aquilo. O problema é o modo como
as coisas são tidas, obtidas e mantidas.

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É importante que consigamos viver com pouco ou com muito sem nos escravizarmos aos gastos
improcedentes, frutos da ilusão da propaganda, aquisições que logo estarão em nossas gavetas, nos
cantos de armários, nos porões, sem utilidade.
Quando descobrir que o seu lar, atrelado ao consumismo tresloucado, ajuntou coisas e coisas
que não são usadas, faça-as passar a outras mãos, com a sua vibração de fraternidade, é certo, mas
também com o compromisso de você realizar o esforço da educação das suas despesas, sem que se
faça sovina ou onzenário, porém responsável multiplicador dos bens divinos que, por agora, você
administra.”

CONSUMO, FELICIDADE E PATOLOGIAS

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAP V: 4 ( 1º, 2º, 3º e 4º parágrafo)

“As vicissitudes da vida são de duas espécies ou, se o preferirem, têm duas fontes bem
diferentes que é necessário distinguir, porquanto umas têm sua causa na vida presente, outras, fora
desta vida.
Buscando-se a origem dos males terrenos, reconheceremos que muitos deles são a
conseqüência natural do caráter e do comportamento daqueles que o sofrem.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua própria imprevidência,
de seu orgulho e de sua ambição!
Quantas pessoas arruinadas pela falta de ordem, de perseverança, pela má conduta, ou por não
terem sabido limitar seus desejos!”
A novidade sempre constitui condição de gozo. Em uma sociedade onde acontece a
desagregação dos laços sociais, a diminuição dos sentimentos de inclusão na comunidade, a
fragilização da vida profissional e afetiva e o afrouxamento dos laços familiares, ocorrem, por
conseqüência, sentimentos de isolamento, insegurança interior, fracasso e crises intra e inter subjetivas.
E é este mal estar que os indivíduos buscam compensar através de suas fúrias consumistas,
proporcionando a si mesmo prazer, pequenas e fugazes felicidades e a sensação de estar controlando
algum aspecto de sua vida.
Na sociedade atual “...o consumo aparece como ícone da felicidade, constituindo-se como sua
representação” Contudo, esta promessa de felicidade embutida no consumo, nada mais é do que uma
satisfação momentânea, que o consumidor experimenta ao alcançar o objeto desejado. Logo este
sentimento desaparece, assim que o mercado lhe oferece novos objetos de desejo na vitrine ao lado.
A forma do consumidor se relacionar com as mercadorias acaba se estendendo às suas relações
de afeto, interpessoais e familiares. Assim como o sujeito compra um objeto, o utiliza por um curto
período de tempo e logo o despreza, ele também não consegue criar vínculos estáveis com sua família,
continuando a submeter-se a compulsão de ter mais e mais.

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E.S.E. CAP V: 20 (5º parágrafo)

Um exemplo de patologia da sociedade atual seria a violência, entendida como fruto de um


contexto em que muitos são os chamados pela mídia para a festa prometeica do consumo e muito
poucos são os escolhidos que tem poder aquisitivo para entrar nesta festa.
Quando muitos são seduzidos e poucos são os que podem se satisfazer. Essa frustração dos
que não possuem poder aquisitivo seria uma das causas da violência urbana que banaliza a vida,
Estamos em uma era de ausência do sujeito, onde há uma supremacia dos objetos e um império das
aparências. Estes objetos aparecem e desaparecem rapidamente, fazendo com que os verdadeiros
desaparecidos sejam os sujeitos em sua essência. Estes sujeitos expectadores da mídia ficam
esperando que a próxima tendência da moda, o próximo lançamento de filme ou música venha lhes
arrancar da inexistência. Contudo, isto nunca acontece, porque a efemeridade continua para manter a
velocidade da produção industrial e o crescimento da economia.

E.S.E. CAP XXV: 6 ( 4º e 5º parágrafo)

“Por que vos inquietais também com a vestimenta? Observai como crescem os lírios do
campo; não trabalham, nem fiam, entretanto eu vos declaro que nem Salomão, em toda a sua
glória, jamais se vestiu como um deles. SE Deus tem o cuidado de vestir dessa maneira uma erva
do campo, que hoje existe e que amanhã será lançada ao forno, quanto mais cuidado terá em vos
vestir, homens de pouca fé!
Não vos inquieteis, portanto, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos
vestiremos? Assim fazem os pagãos, que procuram todas as coisas. Vosso Pai sabe que tendes
necessidades delas.”

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LEITURA COMPLEMENTAR

TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO: E A FAMÍLIA, COMO VAI? (Paulo Sérgio R. V. Rodrigues)

ECONOMIA DOMÉSTICA

O mundo atual é extremamente consumista. As propagandas dizem: COMPRE! A televisão, os


jornais, as revistas, as vitrinas, as prateleiras do mercado, as luzes das lojas exercem grande pressão
na criatura. Ou você compra ou vai ser infeliz...
Nem sempre a família pode ter tudo o que quer. É preciso planejar. É preciso estabelecer
prioridades. É preciso que todos se empenhem pelo sucesso do grupo familiar.
Vi um pai ceder aos apelos de um filho na praia. Passava um vendedor de papagaios, num
quadro interessante. Ele tinha várias pipas no ar, numa mesma linha uma a cada cinco metros. A pipa
no alto era a propaganda, o chamariz, mas também prova de que ela era de boa qualidade e subia. A
criança era muito pequena e não tinha idade suficiente para erguer sozinha o papagaio...
-Pai, compre uma pipa!
-Hoje não, meu filho; também, você não tem linha!
-Mas, pai, a que ele vende já vem com linha.
-Filho, se eu comprar, você vai pedir para eu empinar a pipa, e eu quero ler meu jornal!
-Ah, pai! O vendedor já vende ela empinada!
O pai não teve outra alternativa: comprou a pipa. O filho ficou muito feliz, deixou a pipa com o pai
tomando conta e foi fazer castelos na areia da praia. Eu fiquei ali parado, olhando o objeto no chão, e a
criança brincando com outra coisa.
É assim que somos, queremos comprar, comprar, e nem sempre o que queremos vai nos servir,
não terá utilidade, mas compramos assim mesmo.
Quem planeja sua economia doméstica, quem a controla com rédea curta não pode ser vítima
das armadilhas do consumismo desenfreado.
O pai que costuma dar roupa de griffe ao filho e se orgulha de contar a todos as marcas da
calça, do tênis, etc., está deseducando o filho e preparando-o para muitos sofrimentos. Certamente,
aquela criatura vai desejar objetos que suas posses não lhe permitirão ter e vai sofrer, por estar mal
acostumado.
Há pessoas que gastam hoje o que vão ganhar nos próximos meses. Outras não gastam nunca.
É preciso um meio-termo, um equilíbrio, viver de acordo com suas condições. Quem é desequilibrado
neste particular, para mais ou pra menos, não é feliz e prejudica toda a família.
Além de não gastar, é preciso saber economizar, conservar e não desperdiçar. A lei de
conservação é lei de Deus. A humanidade, embora tardiamente, está acordando para esta realidade. É
preciso economizar água e energia, é preciso conservar a natureza, os rios, as matas, o ecossistema.
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O nosso lixo é uma tristeza, há tantos alimentos desperdiçados, que dariam para alimentar uma
multidão, e o triste espetáculo é que alimentam! Quantos famintos não subsistem comendo lixo!
É dentro de casa que se aprende a conservar, economizar, planejar, não jogar lixo nas ruas, no
chão, enfim, isto é questão de cultura, educação, e educação começa em casa.
A moda faz as pessoas comprarem roupas e calçados novos, da estação, das cores que todos
estão usando, ou que o noticiário disse que todos vão usar, embora nem sempre precisem comprar
vestuários novos.
Mas Deus sempre escreve certo por linhas tortas, diz o velho ditado. Muitas vezes as pessoas
doam objetos que não usam mais, embora estejam bons, para os necessitados, praticando a festejada
caridade.
Divagações à parte, a família deve viver dentro do seu limite, com os pés no chão. Não pode
querer ostentar um status fora da sua realidade.
Há pessoas que comprometem grande percentual do orçamento familiar para a aquisição do
carro novo. Querem um veículo zero quilômetro ou pelo menos um automóvel mais novo. Há quem diga,
e com razão, que o carro outra família: metade do dinheiro vai para as despesas com o carro.
É preciso distinguir entre bem necessário e bem supérfluo, aquilo que a família realmente precisa
para a sua subsistência, daquilo outro que só se deve adquirir se as reservas estiverem sobrando.
Os desajustes econômicos, os planejamentos distorcidos pelo desejo de status ou falta de
planejamento levam muitas vezes o barco da família ao naufrágio, gerando desentendimento e
desarmonia dentro de casa.
Muitos são felizes com pouco, muitos são infelizes com muito, o que leva à conclusão que a
felicidade não está em ter muito, nem =em ter pouco, mas em estar satisfeito com o que se tem.
Que seus bens sejam a estrutura de tua família e não o desajuste. Pensemos nisto. Vale a pena!

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DECLARAÇÃO DE BENS

O pai moderno, muitas vezes perplexo e angustiado, passa a vida inteira correndo como um
louco em busca do futuro e esquecendo-se do agora. Nessa luta, renuncia ao presente. Com prazer e
orgulho, a cada ano, preenche sua declaração de bens para Imposto de Renda. Cada nova linha
acrescida foi produto de muito trabalho. Lotes, casas, apartamentos, sítio, casa de praia, automóvel do
ano – tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está sedimentando o futuro de sua
família. Se partir de repente, já cumpriu sua missão: não vai deixá-la desamparada.
Para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um
emprego só – é preciso ter dois ou três; vender parte das férias; levar serviço para casa. É tal de viajar,
almoçar fora, fazer reuniões, preencher a agenda – afinal, ele, um executivo dinâmico, não pode
fraquejar.
Esses homens se esquecem de que a verdadeira declaração de bens, o valor que efetivamente
conta, está em outra página do formulário do Imposto de Renda – naquelas modestas linhas, quase
escondidas, onde se lê: relação de dependentes. São os filhos que colocou no mundo, a quem deve
dedicar o melhor do seu tempo.
Os filhos, novos demais, não estão interessados em propriedades e no aumento da renda. Eles
só querem um pai para conviver, dialogar, brincar. Os anos passam, os meninos crescem, e o pai nem
percebe, porque se entregou de tal forma à construção do futuro, que não participou de suas pequenas
alegrias; não os levou ou os buscou no colégio; nunca foi a uma festa infantil; não teve tempo para
assistir à coroação de sua filha como Rainha da Primavera. Um executivo não deve desviar sua atenção
para essas bobagens. São coisas para desocupados.
Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues” - o pai, para um lado; a mãe, para o
outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. É esta convivência que
solidifica a fraternidade entre irmãos, abre caminhos no coração, elimina problemas e resolve as coisas
na base do entendimento. Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, que só se encontram de
passagem em casa. E para ver os pais, é quase preciso marcar hora.
Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a mensagem que tenho para dar
é: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos.
Dos 18 anos de casado, passei 15 absorvido por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações
e totalmente entregue a um objetivo único e prioritário: construir o futuro para três filhos e minha mulher.
Isso me custou longos afastamentos de casa: viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas
no estúdio da televisão... Uma vida sempre agitada, tormentosa e apaixonante, na dedicação à profissão
– que foi, na verdade, mais importante do que minha família.
Agora, estou aqui com o resultado de tanto esforço: construí o futuro, penosamente, e não sei o
que fazer com ele, depois da perda de Luiz Otávio e Priscila.
De que vale tudo o que juntei, se esses filhos não estão mais aqui, para aproveitar isso com a
gente? Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio e, desses bens
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todos, não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância; não ia provocar o
menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou e o dinheiro passou a ter peso mínimo e
relativo em tudo.
Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura do meu filho amado que se drogou e morreu; não
foi capaz de evitar a fuga de minha filha, que saiu de casa e prostituiu-se, e dela não tenho mais
notícias, para que serve? Para que ser escravo dele?
Eu trocaria – explodindo de felicidade – todas as linhas da declaração de bens por duas únicas
que tive de retirar da relação de dependentes: os nomes de Luiz Otávio e de Priscila. E como doeu
retirar essas linhas na declaração de 1986, ano base de 1985. Luiz Otávio morreu aos 14 anos e Priscila
fugiu um mês de completar 15.

Depoimento de Hélio Fraga – Jornalista em Belo Horizonte

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Referências Bibliográficas

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Texto
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VILHENA, Junia de. Família Individualismo e Consumo. Repensando Famílias.
Disponível em www.psicologia.com.pt (último acesso em 6.03.2008)

INTEGRANTES DO GRUPO:

PENHA SILVA
LORENA NOGUEIRA

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