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DIREITO CIVIL

Direito das Coisas – Do Usufruto


Prof.ª Anelise Muniz

DIREITO DAS COISAS – DO USUFRUTO

CONCEITO

De acordo com o artigo 1.390, CC, “o usufruto pode recair em um ou mais


bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangen-
do-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades”.

• É UM DIREITO REAL SOBRE COISA ALHEIA (BENS MÓVEIS OU IMÓVEIS).


• DE GOZO/FRUIÇÃO – UTILIZAR A COISA.
• TEM EFEITO “erga omns”.
• CABE AÇÃO POSSESSÓRIA POR AMBOS.
• Pode recair, portanto, sobre bens móveis ou imóveis.

De acordo com o artigo 1.391, CC – Como se trata de direito real alheio


– o usufruto de imóveis, quando não resultar de usucapião, constituir-se-á
mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis.

• Usufruto Misto – Quando decorre da Usucapião, o prazo é o mesmo


da Usucapião.
Ordinária – 10 anos
Extraordinária – 15 anos

De acordo com o artigo 1.392, caput, CC – O usufruto tem o condão de


transferir ao usufrutuário a posse direta da coisa e o direito de usá-la e fruir de
todas as suas utilidades, por isso, salvo disposição em contrário, estende-se aos
acessórios da coisa e seus acrescidos.

De acordo com o artigo 1.392, § 2º, CC – Ao proprietário, resta a nua-


-propriedade, mantém a posse indireta, mas tem ele o direito à restituição dos
acessórios e acrescidos consumíveis que ainda existirem ao tempo da extin-
ção do usufruto, bem como o equivalente ou o valor daqueles já consumidos.

Embora o usufruto torne nua a propriedade do dono da coisa, esse pode


alienar o seu domínio a terceiro. Este, porém, deve respeitar o direito do usu-
frutuário de usar e fruir a coisa.

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De acordo com o artigo 1.393 e 1.399, ambos do CC

A lei veda ao usufrutuário o direito a alienar a titularidade do direito


ao usufruto.

• Não se pode transferir o usufruto por alienação.


• Pode-se locar ou emprestar (a título gratuito ou oneroso).
• O benefício somente aproveita ao titular (usufrutuário), não se estendendo
aos seus herdeiros.
• Arrendar a coisa recebendo o arrendamento (os frutos – sem precisar co-
lher ele mesmo). Exemplo: arrendar propriedade agrícola.
• Entretanto, não pode ele modificar a destinação econômica da coisa sem
expressa autorização do proprietário. Exemplo de modificação da des-
tinação econômica seria a transformação de prédio residencial, dado em
usufruto, em estabelecimento comercial.
• A nua propriedade pode ser objeto de penhora, mas fica ressalvado o di-
reito real do usufruto ao usufrutuário até sua extinção.

DISTINÇÃO COM OUTROS INSTITUTOS

O usufruto não se confunde com a locação, o arrendamento e o


comodato.

• Tais contratos geram apenas direitos pessoais e, portanto, gera somente


a transferência da posse direta da coisa para o locatário, arrendatário ou
comodatário.

• No usufruto, cria-se direito real em favor do usufrutuário, com todas as


características dessa espécie de direitos e sua respectiva natureza jurídica.

DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO

Regra geral

De acordo com o artigo 1.394, CC “o usufrutuário tem direito à posse,


uso, administração e percepção dos frutos”.

• Percebe-se que o legislador dá ao usufrutuário a posse e os direitos de uso da


coisa, administração e fruição, ou seja, percepção dos frutos advindos dela.

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Direito aos frutos

• Visa proteger o usufrutuário e dar-lhe, na maioria das situações, condições


de subsistência.

• Disciplina o artigo 1.396 que, salvo direito adquirido por outrem, o usu-
frutuário faz seus os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem
encargo de pagar as despesas de produção.

• O parágrafo único do artigo 1.396 prevê que – os frutos naturais,


pendentes ao tempo em que cessa o usufruto, pertencem ao dono, tam-
bém sem compensação das despesas.
• Entretanto, prevê o artigo 95 que “apesar de ainda não separados
do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio
jurídico”. Por isso, antes da constituição do usufruto, pode o proprie-
tário ter constituído negócio jurídico sobre os frutos pendentes, o qual
deve ser respeitado pelo usufrutuário, consoante se observa, inclusive,
no caput do artigo 1.396. Após a constituição do usufruto, no entanto,
não pode mais o proprietário transigir sobre os frutos naturais, porque
passam a pertencer ao usufrutuário.
• Disciplina o artigo 1.397 – Recaindo o usufruto sobre animais, as crias
pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas bastem para inteirar as
cabeças de gado existentes ao começar o usufruto, ou seja, de modo
que o nu proprietário venha a receber o mesmo número de cabeças de
gados entregues ao usufrutuário.
• No tocante aos frutos civis (rendimentos), pertencem ao proprietário
aqueles já vencidos quando da data inicial do usufruto. Aqueles que se
vencerem na constância do usufruto pertencerão ao usufrutuário (salvo
hipótese do artigo 95, já referida acima).

Direito de acrescer

• O direito de acrescer está previsto, genericamente, pelo artigo 1.411 do


Código Civil: “constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas,
extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo
se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente”.

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Assim, se o usufruto for constituído em favor de duas ou mais pessoas, a


morte de uma delas somente gera ao(s) demais o direito de acrescer o objeto do
usufruto se houver estipulação expressa. Se não, a morte de um deles é causa de
extinção do usufruto quanto à parte da pessoa que falecer.

DEVERES DO USUFRUTUÁRIO

Dever de conservação

O usufrutuário tem o dever de conservar a coisa que lhe é dada em usufruto.

Incumbe-lhe (disciplina o artigo 1.403):


• I – as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os
recebeu; e
• II – as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa
usufruída.

Para tanto, o beneficiado deve, antes de assumir o usufruto, inventariar, à sua


custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham.
Pode o proprietário exigir do usufrutuário a prestação de caução, fidejussória
ou real, para garantia da conservação dos bens dados usufruídos e de sua entre-
ga ao final do usufruto.

• Reza o artigo 1.401 que “o usufrutuário que não quiser ou não puder
dar caução suficiente perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste
caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado,
mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento deles, dedu-
zidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia
fixada pelo juiz como remuneração do administrador”.

• Pode o usufruto, no entanto, e aliás, com frequência, decorrer de doação,


reservando-se o doador ao direito de usufruto vitalício da coisa. Neste
caso, por imposição lógica, o legislador prevê, no artigo 1.400, pará-
grafo único, que “não é obrigado à caução o doador que se reservar o
usufruto da coisa doada”.

• Entretanto, o usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resul-


tantes do exercício regular do usufruto – previsto no artigo 1.402.

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Exemplo: se o usufruto é de um veículo, não pode o usufrutuário ser res-


ponsabilizado pela conservação de seu valor de mercado, pois a desvalorização
resulta do exercício regular do usufruto.

Reparações extraordinárias

• Incumbem ao dono as reparações extraordinárias (imprevistas); mas o usu-


frutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem ne-
cessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída
– previsto no artigo 1.404.

• Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e sendo elas indis-
pensáveis à conservação da coisa, pode o usufrutuário realizá-las e cobrar
do proprietário a importância despendida.

Dever de ciência quanto às lesões

• O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão pro-


duzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste – previsto no artigo
1.406.

Pagamento do seguro

• Se a coisa estiver segurada, a obrigação de pagar o prêmio do seguro é do


usufrutuário, mas é do proprietário o direito de cobrar a indenização contra
o segurador, ainda que o seguro tenha sido feito pelo usufrutuário – pre-
visto no artigo 1.407.

• O parágrafo segundo do referido dispositivo reza, porém, que, “em


qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da
indenização do seguro”, OU SEJA, o usufrutuário tem direito a ser ressarci-
do, pelo valor do direito real que perdeu, a ser deduzido da indenização a
ser paga ao proprietário.

Destruição de edifício sujeito a seguro

• Reza o artigo 1.408: “se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem
culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usu-

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fruto se restabelecerá; se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio;


mas se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio,
restabelecer-se-á o usufruto”.

Desapropriação do prédio sujeito a usufruto

• Em caso de desapropriação, extingue-se o usufruto, mas, sendo o proprie-


tário indenizado, aplica-se regra semelhante à do artigo 1.407, pará-
grafo segundo, ou seja, sub-roga-se no ônus do usufruto a indenização
paga (artigo 1.409), devendo deduzir-se do valor dado ao proprietário a
quantia referente ao direito real perdido pelo usufrutuário.

Espécies de usufruto

a) Quanto aos bens: pode ser geral, parcial ou particular; geral quando
recai sobre todo um patrimônio (universalidade de bens); parcial quando
recai sobre parte de um patrimônio; e particular quando recai sobre bens
determinados.

b) Quanto à constituição: o usufruto pode ser legal, quando decorre da lei;


ou convencional, quando decorre de ato inter vivos ou mortis causa.

c) Quanto à duração: pode ser temporário, se estabelecido com termo


final, ou por algum motivo do qual se origina, cessando este; ou vitalício,
quando estabelecido para vigorar até a morte do usufrutuário. Com rela-
ção às pessoas jurídicas, pode o usufruto ser constituído com o prazo
máximo de 30 (trinta) anos (artigo 1.410).

d) Quanto à extensão: usufruto pleno, aquele que abrange os acessó-


rios da coisa e seus acrescidos (artigo 1392); usufruto, o que se limita a
certas utilidades da coisa.

Extinção do usufruto

O usufruto se extingue pelas causas previstas pelo artigo 1.410, a


seguir transcritas.

I – Pela renúncia ou morte do usufrutuário.


II – Pelo termo de sua duração.

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III – Pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi consti-
tuído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se come-
çou a exercer.
IV – Pela cessação do motivo de que se origina.
V – Pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos artigos. 1.407,
1.408, 2ª parte, e 1.409.
VI – Pela consolidação.
VII – Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora ou deixa arruinar os
bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto
de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no
parágrafo único do artigo 1.395.
VIII – Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (artigos
1.390 e 1.399), ressalvado o direito de acrescer.

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