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RESUMO
Thomaz Baptista Marquez
Faculdade Anhanguera de Campinas - Atualmente para se obter ganhos de força e hipertrofia muscular a
unidade 3 intensidade é prescrita entre 70% a 85% de 1 RM. O objetivo do estudo
thomarquezz@bol.com.br foi verificar o efeito de uma e duas semanas de treinamento de força de
baixa intensidade (20% de 1 RM) com oclusão vascular nos parâmetros
Emerson Luiz Teixeira de força e hipertrofia muscular de mulheres treinadas. Foi empregado
Faculdade Anhanguera de Campinas - (10 sessões em 5 dias) para mulher MT5, e (18 sessões em 9 dias) para
unidade 3 MT9. A força muscular aumentou 5% para (MT5) e 13% para (MT9). A
emerson_nene09@yahoo.com.br área de secção transversa aumentou 3,8% e 12% na MT5 e MT9,
respectivamente. Concluímos que o treinamento de força de baixa
intensidade e oclusão vascular atuou eficientemente na melhora dos
Karla Cristine Hespanhol
parâmetros analisados, possibilitando sua aplicação prática em
Faculdade Anhanguera de Campinas - indivíduos treinados que desejam obter bons resultados mais
unidade 3 rapidamente.
karlaprof.edfisica@yahoo.com.br
Palavras-Chave: oclusão vascular; treinamento de força; hipertrofia; força
muscular.
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
Atualmente na literatura são evidentes resultados demonstrando aumento de força e
hipertrofia muscular com intensidade entre 70% e 85% de 1 RM durante um determinado
período de tempo (COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA DO ESPORTE, 2009)
(ACSM). As variáveis do treinamento são manipuladas, a fim de, otimizar os ganhos
produzidos pelo treinamento de força (TF), e uma das mais importantes é a intensidade
de treinamento. Recomenda-se atualmente para ganhos hipertróficos e de força muscular,
no mínimo 65% de 1 RM (ACSM, 2009).
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nas academias. Portanto o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito do TF de BIOV
nos parâmetros de força e hipertrofia muscular em mulheres treinadas.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Participaram da pesquisa duas mulheres saudáveis com experiência de cinco anos no TF,
que estavam paradas há quatro semanas. As características físicas das mulheres são
descritas na (tabela 1). Estas foram denominadas no estudo de (MT5) a mulher que
treinou durante cinco dias consecutivos, e (MT9) mulher que treinou durante nove dias
consecutivos. Foram esclarecidas previamente as mulheres, sobre os possíveis riscos e
benefícios do estudo, e as mesmas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
para participação.
Tabela 1 – Características físicas das mulheres participantes do estudo.
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30 Efeito do treinamento de força de baixa intensidade com oclusão vascular em mulheres treinadas
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pressão vascular utilizada foi de 160 mmHg (1º dia), sendo acrescentado 20 mmHg a cada
dia, até que atingisse a pressão de 240 mmHg (5º dia). Já a mulher (MT9) executou um
aquecimento prévio de 30 repetições, e após um intervalo de 30 segundos, mais três séries
de 15 repetições com 20% de 1 RM, e intervalo de 30 segundos entre as séries. A pressão
vascular inicial foi de 160 mmHg (1º dia) com aumento de 10 mmHg a cada dia, atingindo
ao final do treinamento 240 mmHg (9º dia). No caso da mulher MT5 a pressão do
manguito era colocada após o aquecimento inicial e retirada ao término de cada série,
além de ser diminuído o tempo de intervalo entre as séries, de 30 para 20 segundos. Isso
ocorreu devido ao desconforto apresentado pela mulher em relação à oclusão vascular,
impossibilitando que a mesma terminasse o protocolo, caso não houvesse alterações no
mesmo. Já a mulher MT9 iniciou a oclusão após o aquecimento, e foi somente retirada
após o término de todas as séries, mantendo um intervalo de 30 segundos entre as
mesmas. Todas as características do treinamento e da pressão vascular são apresentadas
na (tabela 2).
Tabela 2 – Características do treinamento e pressão vascular utilizada nas mulheres (MT5 e MT9).
Dias 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º -
Sessões por dia 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Total de sessões
MT5 (mmHg) 160 180 200 220 240 - - - - 10
MT9 (mmHg) 160 170 180 190 200 210 220 230 240 18
% 1 RM 20% 20% 20% 20% 20% 20% 20% 20% 20% -
3. RESULTADOS
Os valores de força máxima (1 RM) são expressos de forma absoluta (kg) e relativa (%) nas
mulheres MT5 e MT9. Tabela 3.
Tabela 3 – Valores absolutos e relativos de força máxima (1 RM) no exercício de extensão de joelhos nas
mulheres MT5 e MT9.
Mulheres MT5 MT9
- Pré Pós ≠ % Pré Pós ≠ %
1 RM (kg) 39 41 +2 5 39 44 +5 13
≠ = diferenças absolutas em (kg); % = diferenças relativas de força máxima (1 RM).
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32 Efeito do treinamento de força de baixa intensidade com oclusão vascular em mulheres treinadas
Alterações em relação a área de secção transversa (AST) foram medidas por meio de
medidas antropométricas.
Tabela 4 – Resultados das medidas de área de secção transversa do músculo (AST) do quadríceps e
perímetros de coxa proximal (CP) e coxa medial (CM) nas mulheres MT5 e MT9.
Mulheres MT5 MT9
- Pré Pós ≠ % Pré Pós ≠ %
D = 59 D = 59,1 0,1 0,2 D = 58,5 D = 59,6 1,1 1,9
CP (cm)
E = 58,5 E = 58,5 NA NA E = 58,2 E = 59,4 1,2 2,1
D = 53,5 D = 54 0,5 0,9 D = 51,5 D = 53,7 2,2 4,3
CM (cm)
E = 52,6 E = 53 0,4 0,8 E = 52 E = 53,6 1,6 3,1
AST (cm2) 154,6 160,4 5,8 3,8 149,4 167,3 17,9 12
NA = não alterou; ≠ = diferença absoluta; % = diferença relativa; D = coxa direita; E = coxa esquerda.
4. DISCUSSÃO
Conforme a tabela 3, houve aumento de força máxima (1 RM) em 5% e 13% nas mulheres
MT5 e MT9, respectivamente. No caso da mulher MT5, além dos resultados terem sido
menores devido ao menor número de sessões, comparado com a MT9, acreditamos
também que, a modificação do protocolo, com a diminuição do tempo de intervalo entre
as séries e a retirada da oclusão após o término de cada série, interferiu negativamente
nos resultados finais. Laurentino et al., (2008) afirmam que a liberação da pressão de
oclusão entre as séries favorece a reperfusão local e atenua os efeitos no ganho de massa
muscular. Vale lembrar também que, o fato de diminuirmos o intervalo entre as séries,
totaliza um volume menor de treinamento, e possivelmente atenua os ganhos
provenientes da oclusão vascular. Fujita et al. (2008) em um estudo utilizando seis dias de
treinamento com BIOV, duas vezes ao dia (12 sessões) verificaram um aumento de 6,7%
na força muscular no exercício de extensão de joelhos. Abe et al., (2005a) utilizando sete
dias de treinamento com BIOV (14 sessões) constatou aumento de 14% na força muscular.
Outro estudo realizado por Abe et al., (2005b) verificaram após duas semanas de treino
com BIOV (24 sessões) aumento de 17% a 23% na força muscular. No presente estudo a
força muscular aumentou em cinco dias (5%) e nove dias (13%), nas mulheres MT5 e MT9,
respectivamente. Um dos prováveis mecanismos pelos quais o TF de BIOV aumentaria a
força muscular seria pela maior ativação das fibras musculares do tipo II como
consequência do acúmulo de metabólitos, estimulando a via simpática nervosa muscular.
Essa via elevaria o padrão de recrutamento de unidades motoras compostas de fibras do
tipo II, aumentando assim, a força muscular cronicamente. Além disso, a oclusão gerada
diminuiria a disponibilidade de substratos energéticos e oxigênio, obrigando que
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34 Efeito do treinamento de força de baixa intensidade com oclusão vascular em mulheres treinadas
Tabela 5 – Comparações entre o presente estudo e de outros dois trabalhos com metodologia semelhante.
Intensidade Período
Autores Amostra Gênero Exercício Sessões % FM % AST
Séries x reps frequência
Fujita et al., Extensão 20% 1 RM 1 Semana
8 M 8 6,7 3,5
(2008) de joelhos 1X30 + 3X15 4 dias
Presente estudo Extensão 20% 1 RM 1 semana
1 F 10 5,0 3,8
(MT5) de joelhos 1X30 + 3X15 5 dias
Yasuda et al., Extensão 20% 1 RM 2 semanas
3 M 18 14,0 7,8
(2005) de joelhos 1X30 + 3X15 9 dias
Presente estudo Extensão 20% 1 RM 2 semanas
1 F 18 13,0 12,0
(MT9) de joelhos 1X30 + 3X15 9 dias
M = masculino; F = feminino; FM = força máxima 1 RM; AST = área de secção transversa do músculo.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos com o presente estudo que o treinamento de força de baixa intensidade com
oclusão vascular atuou eficientemente no aumento da AST do quadríceps e da força
muscular, sendo obtidos resultados mais expressivos, na mulher que treinou durante
nove dias (MT9). Entretanto, mesmo com a utilização de apenas uma semana de
treinamento, e alterações no protocolo de treino, a mulher (MT5) ainda sim, obteve
melhora nos parâmetros analisados.
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