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Soluções contemporâneas para cidades caóticas – Um breve estudo sobre


Pequim e São Paulo.

Isabelli Oliveira
isabellioli@hotmail.com

Andressa Abdo
andressa.abdo@outlook.com

Miller Gonçalo
millerrenner@hotmail.com

05 de Junho de 2019

Resumo
Desenvolvido para a disciplina de Teoria da Arquitetura e Urbanismo, o artigo tem como
objetivo apresentar duas cidades globais, analisando suas similaridades e diferenças quando
se trata de planejamento urbano. Com base principal em textos apresentados em aula, faz
uma breve crítica a respeito da urbanização consolidada e de quais são as principais soluções
apresentadas atualmente pelas autoridades de Pequim e São Paulo. Devido à dificuldade de
acesso à informação direta a respeito de Pequim e China como um todo, alguns dados são
de fontes secundárias, como jornais e revistas. O objetivo não é apresentar em detalhes as
propostas urbanas, mas sim observar criticamente como o mundo contemporâneo lida com
essas questões, comparando países tão distintos.

Palavras-chaves: China; Pequim; Urbanismo; Planejamento Urbano; São Paulo; Brasil

1 BREVE HISTÓRICO - China e Brasil

A China, um país de cultura milenar, sólida e constante, de economia centrali-


zada até o século XX, só teve o processo de urbanização consolidado a partir de 1978,
com reformas econômicas que abriram a China ao capital externo. Antes disso, o país
era industrializado, apenas não urbanizado, devido à política consolidada – agricultura
de subsistência.
Grandes cidades, metrópoles, se formaram em um piscar de olhos na China,
praticamente instantaneamente, se analisarmos no quesito histórico e todo o processo
do resto do mundo. Mais de 500 milhões de habitantes passaram a viver nas cidades
chinesas nos últimos anos, e a tendência é que esse número não pare de crescer.
Uma urbanização tão rápida e desordenada causa grandes impactos, sociais,
políticos e ecológicos. Não foram apenas as vilas que viraram cidades, paisagens
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naturais também. Desmatamento, rios canalizados, para abrigar o que hoje equivale a
58% da população chinesa.
O Brasil também passou pelo processo de urbanização rapidamente, mas de
forma mais controlada do que a China, já que sua história é mais curta e recente como
um todo. Diferente da China, o Brasil não era industrializado e vem de uma economia
de exploração. O fenômeno começou a ocorrer efetivamente no Brasil anos antes da
China. Na década de 1950, a população urbana brasileira já era maior do que a rural e,
desde então, o número não para de crescer. Mais de 80% da população brasileira vive
em centros urbanos, sendo 46% desse número residentes na região sudeste.
A urbanização brasileira se deu de forma rápida e desordenada, a partir da
industrialização, iniciada na década de 30 no país, movida pela crise de 1929, o que
tornou a necessidade de produção de bens de consumo uma prioridade do governo
brasileiro. O sistema agrário, a cultura do café, não se sustentava mais.

2 PANORAMA GERAL ATUAL - Pequim e São Paulo

Pequim é a capital política da China, mas não a econômica. A cidade tem 21,5
milhões de habitantes e um PIB de CNY 1 trilhão (equivalente a US$446,6 bilhões) –
3,6% do PIB chinês. Sua principal atividade se encontra no setor terciário e a constante
busca chinesa está no setor de tecnologia. Pequim se torna uma cidade de fácil
desenvolvimento de tais assuntos, sendo essa uma das prioridades do governo, local e
federal.
São Paulo não é a capital política do Brasil, mas é o principal centro econômico
brasileiro. Com 12,2 milhões de habitantes e um PIB de R$ 687 bilhões (equivalente a
US$ 177,4 bilhões) – 10% do PIB do país. Após diversos planos e projetos, a cidade
vive uma época de ressignificação, ainda com problemas de quase toda a metrópole
(de países subdesenvolvidos, pelo menos): segregação espacial, financeira e cultural.
Possui um setor de serviços bem desenvolvido e grandes empresas se localizam na
cidade.

3 PROBLEMÁTICAS E PONTOS POSITIVOS DAS CIDADES ANALISADAS

Pequim é caótica. A quantidade de pessoas que andam utilizando máscaras


para tornar o impacto mais ameno causado pela grande névoa de poluição presente
em toda a cidade é enorme. Estações de metrô com acesso controlado em horários
de pico para não sobrecarregar o sistema. O trânsito de automóveis é cada vez mais
impraticável, com congestionamentos a maior parte do dia. Todas essas situações
são causadas pela configuração atual da cidade. As pessoas moram longe de seus
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empregos, a urbanização, baseada em ideais modernistas, configura a cidade em


blocos, o que diminui a qualidade de vida, e aumenta o tempo de percurso de todos os
cidadãos, principalmente aqueles que não possuem um poder aquisitivo tão elevado.
Exceto a questão da poluição e do uso de máscaras, todas as outras podem ser
consideradas paulistanas. São Paulo também é caótica. Porém, a configuração da
cidade é menos modernista e consegue, em uma parcela muito pequena, aproximar as
funções da cidade – moradia, lazer e trabalho.
Moradias degradadas, bairros centrais gentrificados, imposição das autoridades
à retirada da população mais vulnerável como forma de higiene social para limitação
do crescimento da cidade. Parece até que estamos falando do Brasil no início da
urbanização modernista, mas é o cenário atual chinês.
Apesar de problemáticas tão presentes, ambas as cidades possuem pontos
positivos, formas de funcionamento e motivos que as fazem atrair tantas pessoas.
A rede subterrânea de trens, o metrô, de Pequim é imensa. São mais de 500km
que abrangem a cidade toda. O transporte público custa pouco para o cidadão, apenas
5% da renda, o que incentiva o seu uso. São Paulo não pode ser admirada por esses
aspectos. O metrô paulistano tem apenas 100km e o custo de todas as modalidades
de transporte público na cidade é de 20% da renda familiar. Como se não bastasse
o valor, é ineficiente na maioria dos casos. O cidadão paulista demora, em média, 3
horas para chegar ao trabalho.
O uso de bicicletas em Pequim tem aumentado muito e a modalidade de trans-
porte tem se mostrado eficiente em meio ao caos. A mesma cultura vem aumentando
em São Paulo, cada vez mais é possível ver a população utilizando o transporte, seja
pelo valor economizado, facilidade, rapidez ou até para melhora da saúde física. O
fato é, para as cidades, isso tem sido um alívio na mobilidade, que configura um dos
maiores problemas urbanos.
O patrimônio histórico de São Paulo é bem protegido, apenas não muito pre-
servado, valorizando a história e buscando formas de incentivar a sua manutenção. A
cidade permanece viva a todo momento, as pessoas se apropriam das ruas, utilizam
ativamente o comércio local, se familiarizam com a vizinhança na maioria dos bairros.
Podemos afirmar que o maior ponto positivo de São Paulo é sua população. A cidade é
diversa e acolhedora, o que torna a população igualmente diversa e acolhedora, apesar
de caótica.

4 ESTRATÉGIAS DE SOLUÇÃO, PLANEJAMENTO

Pequim aprovou, em 2017, o mais novo máster plan para a cidade, que deve
abranger o desenvolvimento da cidade até 2035. O principal objetivo é melhorar os
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funções da capital, descentralizando as demais, tornando Pequim uma cidade de


“primeira-classe”. No foco do planejamento, destacam-se a superlotação do centro da
cidade e a poluição do ar. Essas seriam as questões mais críticas e mais urgentes a
serem tratadas.
Para iniciar as transformações da cidade, foi proposto um subcentro, dentro
da área central da cidade, para reestruturar sua morfologia e aliviar o caos causado
pelo aumento populacional através dos anos. Serão criados 10 subúrbios, em 2 eixos
principais.
O plano também tem como princípio controlar a população, limitando-a em
23 milhões de habitantes até 2020, devido à escassez de água. Para isso, serão
reduzidos os lotes disponíveis para construção, sejam eles urbanos ou rurais. Também
é mencionado o desejo de conectar regiões próximas a Pequim, criando um eixo
chamado “Beijing-Tanjin-Hebei”, porém, para isso, será necessário um planejamento
muito mais abrangente. É a primeira vez que a postura abordada é de “menos é mais”.
A ampliação do transporte público também entra em pauta.
O plano apresentado é pensado para uma visão geral de Pequim, abrindo
a possibilidade e a necessidade da elaboração de planos complementares e mais
detalhados, que devem abranger até 2050.
O planejamento urbano de São Paulo também vem de uma visão maior. Começa
no planejamento federal, no Estatuto da Cidade, que dá as diretrizes gerais e os
instrumentos reguladores para o cumprimento da função social da cidade. A partir
dele, existe o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, que, juntamente ao
zoneamento, regula e projeta o desenho da cidade no futuro. A propaganda do plano
diretor já nos dá uma boa ideia do que é proposto por ele: “O Novo PDE vai humanizar
São Paulo”.
Um ponto destacável do plano é que ele foi criado com o apoio da sociedade,
em audiências públicas, discussões. A visão e necessidade de quem usa a cidade se
faz presente.
Um aspecto que o PDE já abrange e o plano de Pequim não, é a particularidade
de cada região, muitas vezes lote a lote (com o zoneamento). As diretrizes foram esta-
belecidas considerando o perfil do local, criaram eixos de desenvolvimento, operações
urbanas que oferecem maior estímulo a certa área, abriram a possibilidade de financia-
mento da iniciativa privada. O maior objetivo é levar tudo a todos. É a criação de novos
centros, com base nos eixos de transporte já existentes. A ideia é utilizar a infraestrutura
que a cidade já oferece para melhorar a qualidade de vida e o adensamento qualitativo
nos bairros.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É necessário redesenvolver as cidades chinesas. Unir a indústria com a habi-


tação, com a vida urbana. Incentivar o uso misto do terreno urbano, mas levando em
consideração as particularidades de cada região, evitando, assim, uma migração da
população, tirando o sentido e a função social da cidade. Pequim precisa deixar de ser
segregada em tantos aspectos e o governo precisa aplicar o plano pretendido de forma
que todos sejam atendidos, tornando desnecessária a higiene social tão aplicada até
hoje. Não é apenas sobre o layout urbano ou a redução/controle da população. É sobre
lidar com o que já existe no local, remanejamentos e investimentos são necessários
para garantir a qualidade de vida dos habitantes. A esperança está nos planos mais
específicos, ainda não elaborados, ou divulgados. Que eles levem em consideração
uma cidade consolidada, com suas particularidades, e não apenas o espaço que há
para expansão, que deve ser inibida.
O governo de Pequim não precisa resolver os problemas de forma radical,
demolindo o que não o agrada ao olhar ou ao desenvolvimento, como aconteceu
com os hutongs, casas antigas, históricas, que hoje são reconstruídas para reviver a
memória e retomar a popularidade de tal tipologia.
É compreensível a preocupação chinesa com o desenvolvimento tecnológico,
talvez seja uma preocupação que falta nas discussões brasileiras, mas estar em
primeiro no mundo não é tudo o que deve ser levado em consideração. Os olhos de
todos estão na China, mas os olhos da China deveriam estar voltados àqueles que
tornam a China atual possível, para dentro.
A discussão sobre gentrificação é muito mais comum no Brasil, existe a preocu-
pação de atender a população existente, não se preocupar com uma certa expansão. A
descentralização
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A motivação paulistana
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volvimento local, próximo a transporte de massa. Ainda é algo em desenvolvimento e
aplicação, transformações urbanas não ocorrem facilmente, principalmente quando a
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cidade já está tão consolidada.
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O Plano Diretor Estratégico de São Paulo parece ter tudo sob controle. Ao
menor sinal de dúvida ou possibilidade de interpretação subjetiva, notamos que os
planos e incentivos são bem claros. O controle dos eixos de estruturação, o tamanho
das unidades residenciais, o comércio na fachada ativa, tudo, na medida do possível,
parece funcionar.
Só é possível entender e garantir que tais transformações sejam realmente a
melhor solução para a cidade de São Paulo quando ela for desenhada com esse perfil,
já que, por enquanto, temos apenas projetos, aprovados ou em construção, mas nada
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significativo para uma mudança – para melhor – ser notada.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sarc
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sedoc
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opar
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