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CR�NICA DE UMA NAMORADA

(E DE UMA FAM�LIA PAULISTA NOS ANOS CINQUENTA)

Z�LIA GATTAI

Para Jorge,

na festa dos 50 anos de nosso amor

A NOITE MAIS FRIA DO ANO

A noite mais fria do ano�quem n�o sabe?��, sem d�vida, a de 23 de junho, v�spera
de S�o Jo�o. Daquela vez, no entanto, segundo o servi�o nacional de meteorologia, o
inverno se antecipara. Os jornais abriram manchetes anunciando temperatura baixa, a
mais baixa dos �ltimos cinquenta anos, geada em pleno cora��o de S�o Paulo para
aquela noite de 12 para 13 de junho, v�spera de Santo Ant�nio.

Nessa noite de frio inesperado, cad� a botija de �gua quente para aquecer a cama,
esquentar meus p�s? N�o vou mentir atribuindo a ins�nia a falta da botija, e muito
menos culparei o berreiro de J�nior, meu irm�ozinho por parte de pai, pela noite
mal dormida. J�nior festejara seus tr�s anos naquele dia, comera demais, tivera
indigest�o, e, no ber�o ao lado de minha cama, chorara sem parar.

Dessa noite de Santo Ant�nio, de inverno t�o comentado, guardarei lembran�a. Se


fiquei me revirando na cama, houve motivo; n�o dava para dormir de jeito nenhum.
Verdade seja dita, n�o adianta mentir, o respons�vel foi Beto.

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