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Maceió - 2013
Portfólio de Administração
Insegurança pública.
Cerca de 200 assassinatos foram cometidos no Estado de São Paulo no Carnaval de
1999, alguns deles em chacinas (assassinatos de grupos). Não estivesse a opinião
pública tão acostumada com a violência e as chacinas, teria ficado muito mais chocada
do que ficou com uma delas, ocorrida na cidade de São Vicente, no litoral de São
Paulo. Somente por insistência de parentes das vítimas, as autoridades se
movimentaram, para comprovar que o assassinato de três adolescentes era obra de
policiais militares, que os haviam detido na saída de um baile, para matá-los a sangue
frio algumas horas depois, sob o comando de um oficial.
Esse episódio somou-se a outros na história de uma organização supostamente
dedicada a proteger o cidadão. Criada nos anos 70, a polícia militar funcionou como
tropa de assalto durante a ditadura militar, sendo utilizada para reprimir passeatas e
invadir escolas e sindicatos. Seus integrantes, naquela época, eram doutrinados para
acreditar que estudantes e operários eram o “inimigo”.
Até os anos 70, existiam diversas organizações policiais fardadas nos estados do
Brasil. O sistema jamais funcionou satisfatoriamente. Em diversas ocasiões, foram
feitas propostas para unificar as diferentes corporações, que nunca prosperaram. Além
disso, a existência das milícias estaduais, como a Força Pública em São Paulo, era
motivo de preocupações para as autoridades federais, especialmente para o Exército,
que sempre temeu sua utilização como instrumento de independência dos Estados.
A situação permaneceu assim até os anos 70. Nessa época, a ditadura militar, iniciada
em 1964, fundiu todas as organizações policiais fardadas e as transformou nas polícias
militares, abrangendo os bombeiros. As PMs estaduais foram subordinadas ao
Exército, que criou um órgão, para seu controle. Ficaram as PMs responsáveis pelo
policiamento ostensivo fardado, sendo virtualmente separadas das secretarias de
Segurança Pública, que passaram a administrar a chamada polícia civil, responsável
pelo policiamento judiciário.
As duas organizações, durante todo o período da ditadura, funcionaram como órgãos
de repressão. Os militares (Exército, principalmente) controlavam as secretarias
estaduais de segurança. Isso assegurava certa unidade de comando das duas
corporações, que se perdeu completamente, quando o País foi redemocratizado, em
meados dos anos 80. Quando uma nova Constituição foi promulgada, no final dessa
década, o lobby dos militares conseguiu preservar a independência das PMs.
A criação das polícias militares e sua separação das autoridades civis tornou mais
agudo o problema que havia antes dos anos 70. O que funcionava de forma
relativamente mais bem integrada, quando havia diversas corporações fardadas,
transformou-se em um conjunto sem unidade. Polícia militar e polícia civil tornaram-se
organizações concorrentes, praticamente sem nenhuma interação. Diversos fatores
contribuíram para que, no limiar do século XXI, a criminalidade se tornasse uma das
grandes preocupações da sociedade brasileira, agravada pela ineficácia das duas
corporações. A cada dia, ocorrem 23 assassinatos, 330 furtos e roubos de carros e
cerca de 1.500 roubos de outros tipos somente na Grande São Paulo. O mais
perturbador do aumento da violência no Brasil é o fato de contrariar a tendência de
declínio de longo prazo em outras sociedades civilizadas.
A polícia, em vez de solução, tornou-se parte desse problema. E a violência policial,
apenas um grande problema dentro de uma grande coleção de grandes problemas. Um
estudo publicado em 1999 sobre a polícia apresentou um panorama de seriíssimas
distorções:
A PM de São Paulo, com 83 mil integrantes, transformou-se em uma usina de
desperdícios. Contra 1.400 sargentos na ativa, mantém 14.000 reformados. Para 35
coronéis na ativa, sustenta mais de 1.000, precocemente aposentados, recebendo
pensões de 11.000 reais. A banda da PM tem 620 músicos. Suas tropas de choque
imobilizam 3.595 homens e 300 veículos, o triplo do necessário, e 10 vezes mais do
que o efetivo das forças equivalentes da polícia de Nova Iorque. Milhares de homens e
mulheres fardados não trabalham em qualquer atividade de segurança pública, mas
como cozinheiros, garçons, motoristas, guardas de honra, sentinelas de quartéis,
enfermeiros, mecânicos etc. Mais de 200 homens fardados trabalham como barbeiros.
A atividade-fim, o policiamento, não é valorizada. As unidades operacionais, que
prestam serviços à população, são consideradas local de castigo para os expulsos das
castas superiores, os ociosos que ficam no quartel-general. Estes são promovidos
muito mais por apadrinhamento, apoio político ou algum talento diferenciado. Um oficial
tem duas vezes mais probabilidade de ser promovido no quartel-general, mesmo em
atividades sem importância, como relações públicas, do que arriscando a vida em uma
unidade operacional.
Jovens recém-saídos da academia militar, sem experiência profissional, são
transformados em oficiais que podem chegar aos postos mais elevados sem nunca
prestar qualquer serviço à população. Ao começar a carreira, tentam compensar sua
incompetência com o uso da disciplina militar rigorosa, em relação a soldados mal
remunerados, que estão a muito mais tempo na rua enfrentando a criminalidade.
A incompetência dos oficiais e a excessiva valorização dos princípios militares
produzem distorções gravíssimas. Para um policial militar, é mais fácil se punido por
chegar atrasado do que por assassinar ou torturar. No regulamento disciplinar da PM,
“o uso desnecessário de violência no momento da prisão” é ofensa menor do que
“criticar as ações dos superiores e as autoridades em geral”.
A violência policial tem raízes históricas. As primeiras forças policiais tiveram como uma
de suas principais tarefas a recaptura de escravos fugido. A polícia recebia pagamento
para açoitar escravos, por encomenda dos proprietários. Essa foi uma época em que o
medo das “classes perigosas” assolava a Europa e contaminou o Brasil, quando a
família real portuguesa aqui se refugiou. “Classes perigosas” formavam a “população
hostil e perigosa” do Rio de Janeiro da época, com seu “espaço público dominado
pelos africanos em servidão”. Falavam da brava gente brasileira.
Em 1997, todo o Brasil viu na televisão um destacamento da PM cometendo
atrocidades na Favela Naval, em Diadema, São Paulo. Poucos meses depois, as
polícias militares em sete Estados do Brasil entraram em greve, por questões salariais.
Esses episódios reforçaram as propostas de extinção da PM, ou de fusão das duas
policiais. Mudanças na legislação foram feitas, de modo que os crimes cometidos pela
PM, contra civis, fossem julgados em tribunais civis. No entanto, as propostas de
desmilitarização da segurança pública não prosperaram.
No final de 1998, o relatório da Ouvidoria da Segurança Pública de São Paulo revelou a
dimensão da violência policial. Abuso de autoridade era a principal reclamação da
população; Outros relatórios mostravam o descompasso entre as denúncias contra
policiais e as punições a eles aplicadas. Soldados são punidos com muito mais
frequência do que coronéis. O dado mais alarmante, no entanto, não estava nos
relatórios. Muitos soldados da PM haviam morrido – mais por suicídio do que mortos
em ação. As explicações estavam nos baixos salários, nas condições precárias de
trabalho e no mau tratamento recebido dos oficiais. Nenhuma providência foi tomada a
respeito desse fato.
Nos meses que se seguiram ao massacre de São Vicente, a criminalidade continuou
em seu ritmo normal, dentro e fora da polícia. Todas as propostas para unificar as duas
corporações e para torná-las mais eficientes continuaram esbarrando nos
impedimentos constitucionais e em obstáculos como a falta de poder da Secretaria da
Segurança e a falta de vontade dos políticos de resolver a situação e a inércia das
duas corporações (MAXIMIANO, 2000).
Exercícios propostos:
1) Explique, usando o enfoque sistêmico, as principais variáveis que produzem a
violência na sociedade brasileira.
R. Bem, o texto acima relata o problema da violência do Estado de São Paulo, mas
sabemos que ela existe em todo recanto do nosso Brasil. Tomamos como exemplo real
a nossa cidade (Maceió) que foi considerado em termos proporcionais a mais violenta
do País. Sabemos que a violência poderia ser combatida se houvesse uma política
séria de Segurança Pública, mas o que vemos é a corrupção predominando e a
ganância exacerbada pelo poder a serviço dos traficantes e da lavagem de dinheiro. Os
desvios de verbas públicas impedem que as classes menos favorecidas tenham
acesso à educação e saúde, gerando com isso mais jovens inseridos no mundo do
crime e da violência.
O sentimento de medo e insegurança é uma constante em todos nós desde a década
de 70. Esse sentimento não parece infundado. Todas as estatísticas oficiais sobre a
criminalidade indicam que a partir desse ano, houve um crescimento acelerado de
todas as modalidades delituosas. Os crimes que envolvem a prática de violência
crescem muito mais rápidos, como os homicídios, os roubos, os sequestros, os
estupros. Tal crescimento veio acompanhado de mudanças significativas nos padrões
de criminalidade individual bem como no perfil das pessoas envolvidas com a
delinquência.
No meu ponto de vista e diante desse caos gerado pela violência, podemos afirmar que
as principais variáveis que causam a violência são:
A exclusão; as drogas; a falta de atendimento as necessidades básicas, como saúde,
educação e lazer, a miséria e a falta de inserção profissional da maioria dos jovens.
2) Explique, usando o enfoque sistêmico, a violência da polícia em relação à
população.
5) Você acha que seria possível haver, no Brasil, polícias municipais como há nos
Estados Unidos, com chefes eleitos pela população? Qual sua opinião a respeito
do argumento de que “o povo brasileiro não está preparado para isso”?
R. Tudo é possível se tiver vontade política, seriedade e investimentos para
estruturação. Sabemos que a polícia no EUA é mais enxuta, existem poucas divisões
entre as polícias, como também existem menos cargos, o que acaba reduzindo custos
e diminuindo a burocracia.
Acho que não é o povo brasileiro que não está preparado, quem não está preparada é
a classe política, pois para implantar um sistema igual ao EUA, acabariam com as
indicações que geram votos, os apadrinhamentos, as mordomias, com o excesso de
poder, com as benevolências e uma série de corrupções e de influências que são
comuns nas nossas corporações.
Referências Bibliográficas: