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Material Teórico
Conjuntos, Aplicações e Operadores
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Conjuntos, Aplicações e Operadores
• Aspectos Teóricos
• Conjuntos
• Operações com dois Conjuntos
• Aplicação, Função e Operador
Caro(a) aluno(a),
Nesta unidade, veremos alguns assuntos importantes para o estudo das estruturas algébricas,
como conjuntos, aplicações e operações. Ao término deste estudo, esperamos que você consiga
distinguir o que é uma operação.
Para um bom aproveitamento da aula, realize a leitura integral do conteúdo teórico,
acompanhando e refazendo os exemplos resolvidos. Quando aparecer alguma dúvida, entre
em contato com seu(sua) tutor(a), utilizando a ferramenta Mensagens ou o Fórum de Dúvidas.
Não se esqueça de acessar o link Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as
atividades propostas.
Bons estudos!
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
Contextualização
Observamos que, além de Diophanto utilizar potências maiores que três para designar
a potência da incógnita, ele utilizava esses termos com notação diferente da que utilizamos
atualmente.
Para a representação de igualdade, durante muito tempo, pesquisadores como Kepler,
Galileo, Torricelli, Cavalieri, Pascal, Napier e Fermat utilizaram palavras como aequales,
esgale, faciunt, gheljck ou a abreviatura aeq. Robert Recorde introduziu o símbolo = em
1557. Agora, temos consciência de que é mais adequado à utilização de = do que qualquer
palavra para a representação da igualdade. A aceitação de algo novo, contudo, é sempre
complexa. Para termos uma ideia, apesar do símbolo de igual ter sido introduzido em 1557,
somente em 1618 ele reapareceu em uma obra impressa.
E para representar as operações de adição e subtração, alguns utilizavam as letras p e m,
iniciais das palavras latinas plus e minus. O símbolo + e – aparecem primeiramente em um
material impresso no ano de 1489. O autor desse trabalho foi Johannes Widman; porém,
existe um manuscrito de um aluno seu utilizando esses símbolos em 1486.
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No século VX, Nicolas Chuquet utilizou uma notação de expoente ao descrever expressões.
Podemos ver como representamos as mesmas expressões atualmente na Tabela 2:
Tabela 3: Símbolos utilizados por Simon Stevin para indicar unidades, dízimas, centésimas
Indicação da posição Símbolo utilizado por Stevin
Unidades 0
Dízimas 1
Centésimas 2
Stevin também faz uma notação parecida para representar os diferentes expoentes de uma
variável.
A partir de trabalhos conhecidos, como os de Diophanto e Stevin, Viéte, letras passam a ser
utilizadas para representar tanto a incógnita como os coeficientes, as quantidades conhecidas
de uma equação algébrica. No entanto, havia uma limitação, já que as letras representavam
somente números positivos.
Em 1657, John Hudde é o primeiro a utilizar letras em uma equação algébrica para
representar coeficientes números tanto positivos como negativos. A utilização de letras no
expoente, da maneira como utilizamos atualmente, foi introduzida por Isaac Newton em uma
carta no ano de 1676
Stevin também faz uma notação parecida para representar os diferentes expoentes de uma
variável.
A partir de trabalhos conhecidos, como os de Diophanto e Stevin, Viéte, letras passam a ser
utilizadas para representar tanto a incógnita como os coeficientes, as quantidades conhecidas
de uma equação algébrica. No entanto, havia uma limitação, já que as letras representavam
somente números positivos.
Em 1657, John Hudde é o primeiro a utilizar letras em uma equação algébrica para
representar coeficientes números tanto positivos como negativos. A utilização de letras no
expoente, da maneira como utilizamos atualmente, foi introduzida por Isaac Newton em uma
carta no ano de 1676.
MILIES, C. P. Breve história da Álgebra Abstrata. In: II
Bienal da Sociedade Brasileira da Matemática. Salvador.
2004. Disponível em: http://www.bienasbm.ufba.br/M18.pdf
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
Aspectos Teóricos
Talvez você esteja até este momento acostumado a estudar a Matemática a partir de um
conjunto, dando enfoque à natureza de seus elementos. Mas nesta disciplina daremos um
enfoque diferente, focalizaremos os conjuntos com operações que possuem determinadas
propriedades, isto é, algumas estruturas algébricas.
Mas você poderá estar se perguntando: “Qual o objetivo de estudar as estruturas algébricas?”.
Pois bem, quando estudamos uma determinada estrutura, de imediato, podemos generalizar
todos os teoremas e resultados a todos os conjuntos que satisfazem essa estrutura, sendo então
muito importante para os estudos em outras áreas da Matemática.
Nesta unidade, nossa preocupação estará em recapitular assuntos presentes em toda a
disciplina. Elaboramos um estudo sobre conjuntos, funções e operadores. Assim, estaremos
preparados para estudar as estruturas algébricas, tema central desta disciplina.
Conjuntos
A = {1, 2, 3}
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Para representar conjuntos com um número de elementos que seja complicado
listar todos, utilizamos a reticências entre vírgulas, onde iniciamos descrevendo alguns
elementos do conjunto, que possuem alguma regra, e terminamos com o último elemento
do conjunto. Por exemplo:
B = { 2, 3, 4, 5, ..., 102}
Z: = { −3, − 2, − 1, 0, 1, 2, 3,...}
A = { x ∈ Z | x = 2m onde m ∈ Z }
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
B = { − 2, − 1, 0, 1, 2}
Quando falarmos em conjunto nulo ou vazio, estaremos nos referindo ao conjunto que não
possui elemento, o que representamos pelo símbolo ø ou { }. A seguir, descreveremos outros
conjuntos que utilizaremos:
• O conjunto dos números naturais é representado por N = {0, 1, 2, 3, ...};
• O conjunto dos números racionais é representando por
Q = {p / q | p, q ∈ Z , q ≠ 0}
C = {z = a + bi | a, b ∈ R e i 2 = − 1}
• O conjunto das matrizes quadradas de ordem 2, com as entradas sendo números reais
– Ao nos referirmos a matrizes quadradas, pensamos nas matrizes que possuam a
quantidade de números de linhas iguais à quantidade de números de colunas. Dessa
forma, ao dizermos que a ordem de uma matriz é igual a 2, significa que a matriz tem
2 linhas e 2 colunas. A representação é:
a b
M 2 ( R) = | a, b, c, d ∈ R}
c d
Por exemplo:
3 − 1 0 i 4
Sejam D = , E = , F =
2 1 −2 10 5
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Vejamos, quais desses elementos pertencem ao conjunto M2(R) e expliquemos o motivo:
i. Temos que D ∈ M2(R), pois D é uma matriz quadrada de ordem 2 e suas
entradas (os números 3, -1, 2 e 1) são todos números reais;
ii. Temos que E ∉ M2(R), apesar de E ser uma matriz quadrada de ordem 2, a
entrada i não é um número real e sim um número complexo;
iii. F ∉ M2(R), apesar de F ter todas suas entradas (os números 4 e 5) pertencentes
ao conjunto dos números reais, temos que F não é uma matriz quadrada.
Uma observação interessante é que, para um elemento pertencer a um conjunto, o elemento
tem que satisfazer todas as propriedades do conjunto.
2 = 2 + 0 x + 0 x 2 + 0 x3 + 0 x 4 + 0 x5
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
7 + 2 x − 3 x 2 − 4 x 3 + x 4 − x 5 = 7 + 2 x + ( − 3) x 2 + ( − 4 ) x 3 + (1) x 4 + ( −1) x5
Assim, temos:
a) 7 = a0.
b) 2 = a1.
c) -3 = a2.
d) -4 = a3.
e) 1 = a4.
f) -1= a5.
Desta forma, o polinômio 7 + 2 x − 3 x 2 − 4 x3 + x 4 − x5 tem grau 5 e seus
coeficientes são todos os números reais.
Agora consideremos alguns exemplos de elementos que não pertence ao conjunto P5(R):
i. O número 2 + i, pois não é um número real (é um número complexo), e todos
os coeficientes dos polinômios que pertencem ao conjunto têm que ser números reais;
ii. O polinômio x7 + x, pois o grau desse polinômio é 7, ou seja, o grau é maior
do que 5. Porém, seus coeficientes são todos reais.
São muitos os conjuntos que utilizamos em Matemática. Além de descrever os seus elementos,
podemos compará-los e combiná-los. Esse será o assunto abordado no próximo tópico.
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Operações com dois Conjuntos
Neste tópico, referimo-nos a conjuntos que não são vazios, salvo os momentos que
identificarmos o contrário.
Sejam A e B dois conjuntos, se todo elemento de A
é elemento de B, dizemos que A é subconjunto de B, e B
indicamos isso por A ⊂ B. Graficamente representamos A
da forma apresentada ao lado.
A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B}
A B
AUB
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
A ∪ B = { − 1, 1, 2, 5, 7, 8, 20}
A∪B=Z
A∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}
A B
A B
U
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b) Sejam A = { 1, 2, 7, 8} e B = { -1, 5, 2, 8, 20}, então temos:
A ∩ B = {2, 8}
A∩B=ø
Uma observação interessante é que o conjunto dos números pares e o conjunto dos
números ímpares são conjuntos disjuntos.
A − B = { x ∈ A | x∉ B}
A B
A-B
A B
U
A - B = {1, 7}
c) Sejam A = { x ∈ Z | -10 < x < 10} e B = { x ∈ Z | -15 < x < 5}, temos:
A - B = {5, 6, 7, 8, 9}
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
AxB = {( a, b ) | a ∈ A e b ∈ B}
Sejam (a,b), (c,d) ∈ A x B, dizemos que (a,b) = (c,d) se, e somente se, a = c e b= d.
Vejamos alguns exemplos:
a) Sejam A = {1, 2} e B = {5, 8}. Então, temos:
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Aplicação, Função e Operador
Sejam X e Y dois conjuntos não vazios, então uma aplicação f de X em Y será uma regra
que associa cada elemento x ∈ X a um único elemento f(x) ∈ Y. Denotamos por:
f X →Y
x → f (x)
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
3 − 1
det ( D ) = det =
2 1
= 3. 1 ( −1) . 2 =
= 3 + 2=
5
Portanto, det (D) = 5. Vemos que o domínio da função det é o conjunto M2(R), enquanto o
contradomínio é R. Logo o domínio e contradomínio da aplicação det são distintos.
Vamos agora o considerar a função: f : Z x Z → Z
(n,m) → n+m
f(n,m) = n + m
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Observamos que tanto a abscissa quanto a ordenada do par ordenado do domínio são
números inteiros e a imagem também é um número inteiro. Seja A um conjunto não vazio,
todas as funções que satisfazem:
*:AxA→A
(n,m) → n*m
+:NxN→N
(n,m) ↦ n+m
3 2 1 − 1
Sejam A, B ∈ M2(R), tais que A = , B=
0 − 5 4 2
3 2 1 − 1
+ =
0 − 5 4 2
3 +1 2 + (−1)
=
0 + 4 − 5 + 2
4 1
∈ M 2( R)
4 − 3
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
+ P5 ( R ) x P5 ( R ) → P5 ( R )
(a 0 + a1 x + a2 x 2 + ... + a5 x 5 , b0 + b1 x + b2 x 2 + ... + b5 x 5 ) →
a0 + b0 + ( a1 + b1 ) x + ( a2 + b2 ) x 2 + ... + ( a5 + b5 ) x 5
Vejamos um exemplo no conjunto dos polinômios P5(R). Sejam p, f ∈ P5(R), tais que p(x) =
2x + 3x2 -x5 e g(x) = 1 + 2x2 + x3 + 2x5, temos que:
(p + g ) ( x) = p ( x) + g ( x) =
(2 x + 3 x 2 − x 5 ) + (1 + 2 x 2 + x 3 + 2 x 5 ) =
(0 + 2 x + 3 x 2 + 0 x 3 + 0 x 4 − x 5 ) + (1 + 0 x + 2 x 2 + x 3 + 0 x 4 + 2 x 5 ) =
( 0 + 1) + ( 2 + 0 ) x + ( 3 + 2 ) x 2 + ( 0 + 1) x 3 + ( 0 + 0 ) x 4 + (−1 + 2) x5 =
1 + 2 x + 5 x 2 + 1x3 + 0 x 4 + 1x 5 =
1 + 2 x + 5 x 2 + x 3 + x 5 ∈ P5 ( R )
A operação mutiplicação em Z:
.: Z x Z → Z
(c,d) ↦ c . d = cd.
A operação subtração em Z:
.: Z x Z → Z
(e, g) ↦ e - g.
Mas será que qualquer operação pode valer em qualquer conjunto numérico? Observemos
o próximo exemplo:
Seja (11, 22) ∈ Z x Z, ao utilizarmos a operação subtração, temos:
11 – 22 =
-11 ∈ Z
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Observemos que a subtração não é uma operação em N, pois, apesar de
(11,22) ∈ N x N, temos a 11 - 22 = -11 ∉ N.
As tábuas de operação de dupla entrada também são práticas e muito utilizadas.
Exemplificamos com a e o conjunto A = {1, -1}. Na primeira linha da tábua e a primeira
coluna colocamos os elementos do conjunto A.
As outras posições serão o valor dado pelos elementos que estão em interseção da linha
pela coluna:
Vejamos outro exemplo. Seja A = {-1, 1}, construiremos a tábua com a adição e vejamos
se é uma operação em A.
Observemos que pela tabela a adição não é uma operação sobre o conjunto A, visto que o
elemento -2 pertence ao contradomínio, porém -2 não pertence ao conjunto A.
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
Exemplos:
1) Seja A = {... –5, –3, –1, 1, 3, 5, ...}, descreva os elementos do conjunto A através de
uma propriedade que caracterize seus elementos.
Iniciamos observando o conjunto A, sabemos que:
i. A é um conjunto infinito;
ii. Todo elemento de A é um número inteiro;
iii. Todo elemento de A é ímpar.
Assim, o conjunto A pode também ser representado desta forma:
A = { x ∈ Z | x = 2m+1, m ∈ Z}
2) Sejam P4(R) = {a0 + a1x + a2x2 + ... + a4x4 | a0, ..., a4 ∈ R} e P5(R) = {a0 + a1x + a2x2 +
... + a5x5 | a0, ..., a5 ∈ R}, encontre os seguintes conjuntos:
a) P4(R) ∩ P5(R)
b) P4(R) ∪ P5(R)
c) P5(R) - P4(R)
Resolução:
a) Por definição, temos P4(R) ∩ P5(R) = {p ∈ P(R) | p ∈ P4(R) e p ∈ P5(R)}. Assim, P4(R)
∩ P5(R) = P4(R).
b) Por definição, temos P4(R) ∪ P5(R) = {p ∈ P(R) | p ∈ P4(R) ou p ∈ P5(R)}. Assim,
P4(R) ∪ P5(R) = P5(R).
c) Por definição, temos P5(R) – P4(R) = {p ∈ P(R) | p ∈ P5(R) e p ∉ P4(R)}. Assim, P5(R)
– P4(R) = {ax5 | a ∈ R}.
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Material Complementar
Sites:
Matrizes: HOWARD, A. C. B. R. Álgebra Linear Contemporânea. 2006. [VitalSource
Bookshelf version]. Disponível em: goo.gl/HPJX0m
O pensamento algébrico: WALLE, J. A. V. Matemática no Ensino Fundamental:
formação de professores e aplicação em sala de aula. 6. ed. 2009. [VitalSource Bookshelf
version]. Disponível em: http://goo.gl/XlpHVL
Software para estudar função: http://www.geogebra.org/about
Livros:
ALENCAR FILHO, Edgard de. Elementos de álgebra abstrata. 4. ed. São Paulo:
Nobel, 1988.
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Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores
Referências
ALENCAR FILHO, E. Elementos de Álgebra Abstrata. 3. ed. São Paulo: Nobel, 1982.
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Anotações
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