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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Análise de Sistemas de Energia e Máquinas


Elétricas com recurso a termografia

Tiago Miguel Dias Oliveira

VERSÃO PROVISÓRIA

Dissertação realizada no âmbito do


Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores
Major Energia

Orientador: Professor Doutor Artur Manuel de Figueiredo Fernandes e Costa

Janeiro de 2012
© Tiago Miguel Dias Oliveira, 2012

ii
Resumo

A evolução e a crescente utilização da termografia nos mais diversos campos da indústria


levaram a um aumento de interesse sobre os fundamentos das técnicas termográficas. A
parametrização dos fatores de influência na medição da radiação infravermelha é considerada
fundamental, para que as leituras sejam fiáveis e de precisão elevada.
A dissertação tem como principal objetivo a descrição do trabalho desenvolvido pelo
autor, sobre a análise de sistemas de energia e máquinas elétricas com recurso a termografia
e teve origem numa parceria entre a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP) e a empresa Efacec Energia, Máquinas e Equipamentos Elétricos, SA. Com o crescente
interesse da empresa Efacec em tecnologias termográficas, foi proposto o desenvolvimento
de uma metodologia para aplicação das técnicas termográficas em grandes transformadores
de potência.
Na dissertação descreve-se o procedimento, analisam-se os resultados obtidos e extraem-
se conclusões da investigação experimental realizada com vista à calibração de uma câmara
termográfica disponibilizada pela empresa, em todos os aspetos considerados relevantes e à
elaboração de um protocolo com os passos a seguir numa inspeção termográfica.
Apresenta-se, também, na dissertação, o desenvolvimento de uma folha de cálculo para
uma análise quantitativa de imagens termográficas, de forma a complementar as
funcionalidades do software disponível na FEUP para o efeito.

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Abstract

The evolution and the increasing use of thermography in various fields of industry led to
an increase of interest on the basis of thermographic techniques. The parameterization of the
factors of influence in the measurement of infrared radiation is considered essential so that
the measures are reliable and of high precision.
This dissertation has as main goal the description of the author`s work on the analysis of
power systems and electric machines using thermography and is originated from a partnership
between the Faculty of Engineering of the University of Porto (FEUP) and the company Efacec
Energia, Máquinas e Equipamentos Eléctricos, SA. With the growing interest in the company
Efacec on the thermographic technology, was proposed to develop a methodology for
application of thermographic techniques in large power transformers.
In the dissertation, the procedure is described, the obtained results are analyzed and
conclusions are extracted from the experimental investigation, carried out with sight to the
calibration of a thermal imager, provided by the company, in all aspects considered relevant
and the elaboration of a protocol with the following steps in a thermographic inspection.
It is also stated, in the dissertation, the development of a spreadsheet for a quantitative
analysis of thermographic images, to complement the functionality of the software available
for this purpose in FEUP.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, tenho de expressar todo o meu carinho e admiração aos meus pais, à
minha irmã e restante família, pelo apoio incondicional, pela confiança depositada, pelo
orgulho, pelas palavras amigas e conselhos nos momentos mais difíceis.
Ao meu orientador, o Professor Doutor Artur Manuel de Figueiredo Fernandes e Costa,
pela amizade, pela disponibilidade, apoio, dedicação e organização durante a realização da
dissertação.
A todos os colaboradores do Laboratório de Ensaios da Efacec, pelos conhecimentos
partilhados, pelo apoio e pelo material disponibilizado para a elaboração da dissertação. Em
especial ao Eng.º Dinis Pinto e ao Eng.º Henrique Ribas.
Aos meus amigos Ricardo Bessa, Joaquim Pedro, Pedro Costa, Tiago Azevedo, Pedro
Correia, Vanessa Pina, António Pinheiro e João Pedro Costa pelo companheirismo, pelos
momentos de alegria partilhados e acima de tudo pela amizade.
Por fim, agradeço à Filipa, por todo o amor, pela compreensão, pela motivação e por toda
a paciência.

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Índice

Resumo ...........................................................................................iii

Abstract ............................................................................................v

Agradecimentos ................................................................................ vii

Índice.............................................................................................. ix

Lista de figuras ................................................................................. xii

Lista de tabelas .............................................................................. xvii

Capítulo 1 ........................................................................................ 1
Introdução ....................................................................................................... 1
1.1 - Objectivos e Metodologia .......................................................................... 2
1.2 - Apresentação do trabalho .......................................................................... 3

Capítulo 2 ........................................................................................ 5
Tecnicas termográficas e seus fundamentos .............................................................. 5
2.1 - Fenómenos de transferência de calor ............................................................ 6
2.1.1 - Condução ...................................................................................... 7
2.1.2 - Convecção ..................................................................................... 8
2.1.3 - Radiação ....................................................................................... 9
2.1.3.1 - Lei de Stephan-Boltzmann .......................................................... 10
2.1.3.2 - Lei de Planck .......................................................................... 10
2.1.3.3 - Lei do deslocamento de Wien ...................................................... 12
2.2 - Espetro Eletromagnético ......................................................................... 13
2.3 - Caraterísticas da radiação infravermelha ..................................................... 14
2.4 - Medição da radiação infravermelha ............................................................ 16
2.4.1 - Fatores de influência na medição da radiação infravermelha ..................... 17
2.4.2 - Emissividade ................................................................................. 18
2.4.2.1 - Variação da emissividade com o ângulo de visão ............................... 18
2.4.2.2 - Variação da emissividade com a temperatura do objeto ...................... 19
2.4.2.3 - Variação da emissividade com a condição e forma de uma superfície...... 20
2.4.2.4 - Técnica para determinação da emissividade de um objeto ................... 21
2.4.2.5 - Tabela de emissividade .............................................................. 23
2.4.3 - Influência atmosférica ..................................................................... 24
4.3.3.1 - Transmissão atmosférica ............................................................ 24
4.3.3.2 – Fatores climáticos .................................................................... 26
2.4.4 - Exatidão da medição de temperatura .................................................. 28
2.5 - Ensaios Termográficos: Análise Qualitativa e Quantitativa ................................ 29
2.5.1 - Análise Qualitativa ......................................................................... 29
2.5.2 - Análise Quantitativa ....................................................................... 30
2.6 - Breve História da Termografia .................................................................. 30
2.6.1 - Escalas de temperatura e Termómetros ............................................... 31
2.6.2 - Radiação Infravermelha ................................................................... 33

ix
2.7 - Síntese ............................................................................................... 37

Capítulo 3 ....................................................................................... 39
Técnicas termográficas e suas aplicações ............................................................... 39
3.1 - Aplicação na Ciência .............................................................................. 40
3.1.1 - Medicina ..................................................................................... 41
3.1.2 - Medicina Veterinária ....................................................................... 44
3.1.3 - Astronomia .................................................................................. 45
3.1.4 - Arqueologia .................................................................................. 46
3.1.5 - Geologia...................................................................................... 47
3.1.6 - Monitorização da cobertura do solo..................................................... 48
3.1.7 - Oceanografia ................................................................................ 49
3.1.8 - Meteorologia ................................................................................ 50
3.2 - Aplicação em Segurança e Vigilância .......................................................... 51
3.2.1 - Militar ........................................................................................ 51
3.2.2 - Vigilância .................................................................................... 53
3.2.3 - Buscas e salvamento ....................................................................... 55
3.2.4 - Combate a incêndios ...................................................................... 55
3.3 - Aplicação em Edifícios ............................................................................ 57
3.3.1 - Deteção de zonas com isolamento deficiente......................................... 58
3.3.2 - Deteção de fugas de ar .................................................................... 59
3.3.3 - Deteção de humidade ..................................................................... 60
3.3.4 - Inspeção de tubagens, sistema de aquecimento e ar condicionado ............... 62
3.4 - Aplicação em Sistemas de Fluido e Vapor ..................................................... 63
3.5 - Aplicação em Sistemas Mecânicos .............................................................. 65
3.6 - Aplicação em Instalações Elétricas ............................................................. 66
3.6.1 - Ligações soltas ou deterioradas ......................................................... 67
3.6.2 - Circuitos em Sobrecarga .................................................................. 68
3.6.3 - Circuitos com desequilibrio de cargas .................................................. 69
3.6.4 - Harmónicos .................................................................................. 70
3.6.5 - Equipamentos defeituosos ................................................................ 71
3.6.6 - Transformadores ........................................................................... 72
3.6.7 - Quadros Elétricos ........................................................................... 74
3.7 - Aplicação em Energias Renováveis ............................................................. 76
3.7.1 - Aproveitamentos de Energia Eólica ..................................................... 76
3.7.2 - Sistemas Fotovoltaicos .................................................................... 79
3.8 - Outras aplicações na Indústria .................................................................. 84
3.8.1 - Controlo do Processo de Fabrico ........................................................ 84
3.8.2 - Automação................................................................................... 87
3.8.3 - Eletrónica .................................................................................... 89
3.9 - Síntese ............................................................................................... 90

Capítulo 4 ....................................................................................... 91
Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência ................................. 91
4.1 - Caraterização do problema ...................................................................... 91
4.1.1 - Identificação dos pontos de interesse nos transformadores de potência ........ 93
4.1.2 - Caraterização da câmara termográfica ................................................ 93
4.1.3 - Parametrização revelante e dificuldades intrínsecas ................................ 94
4.2 - Tipos de problemas a considerar e metodologias para os tratar .......................... 94
4.2.1 - Pontos de interesse selecionados ....................................................... 95
4.3 - Resultados Obtidos ................................................................................ 96
4.3.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto ................................ 96
4.3.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão ..................................... 97
4.3.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície ................................... 98
4.3.3.1 - Variação da emissividade com a cor creme...................................... 99
4.3.3.2 - Variação da emissividade com a cor cinzento claro ........................... 100
4.3.3.3 - Variação da emissividade com a cor cinzento escuro ......................... 101

x
4.3.3.4 – Variação da emissividade com a cor verde ..................................... 101
4.3.4 - Testes sobre um transformador de potência em funcionamento ................. 102
4.3.4.1 - Resultados e sua análise............................................................ 103
4.3.5 - Conclusões experimentais ............................................................... 107
4.4 - Modo Operatório Proposto ...................................................................... 108
4.5 - Desenvolvimento de uma folha de cálculo para análise de imagens termográficas .. 109
4.5.1 - Caraterização do problema .............................................................. 109
4.5.1.1 - Caracterização da câmara termográfica ........................................ 109
4.5.1.2 - Caracterização do software FLIR QuickReport ................................. 110
4.5.2 - Desenvolvimento da aplicação .......................................................... 110
4.5.2.1 - Modo Operatório ..................................................................... 111
4.5.3 - Resultados .................................................................................. 114
4.5.3.1 - Linha de Perfil ....................................................................... 114
4.5.3.2 - Gráfico de Superfície 3D ........................................................... 115
4.5.4 - Graduação de cores ....................................................................... 116
4.6 - Síntese .............................................................................................. 117

Capítulo 5 ..................................................................................... 119


Conclusões e trabalho futuro ............................................................................. 119
5.1 - Conclusões ......................................................................................... 119
5.2 - Trabalho futuro ................................................................................... 120

Referências bibliográficas .................................................................. 121

Anexo A ........................................................................................ 125

Anexo B ........................................................................................ 127


B.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto .......................................... 127
B.2 – Variação da emissividade com o ângulo de visão............................................... 128
B.3 – Variação da emissividade com a cor da superfície ............................................. 129
B.3.1 - Variação da emissividade com a cor creme ............................................... 129
B.3.2 - Variação da emissividade com a cor cinzento claro ..................................... 131
B.3.3 – Variação da emissividade com a cor cinzento escuro.................................... 132
B.3.4 – Variação da emissividade com a cor verde ................................................ 134
B.4 – Testes sobre um transformador de potência em funcionamento ............................ 135
B.5 – Gráficos de Superfície ............................................................................... 147

xi
Lista de figuras

Figura 2.1 - Exemplo de fluxo de calor condutivo [4]. ................................................. 8

Figura 2.2 - Exemplo de fluxo de calor convectivo forçado [4]. ..................................... 9

Figura 2.3 - Traçado da emitância espetral de um corpo negro radiante [9]. ................... 11

Figura 2.4 - Traçado da emitância espetral corpo negro em escala logarítmica [4]. ........... 12

Figura 2.5 - Espetro eletromagnético [11]. ............................................................ 13

Figura 2.6 - Variação da emissividade com o comprimento de onda [15]. ....................... 15

Figura 2.7 - Emissão, Reflexão e Transmissão [14]. .................................................. 15

Figura 2.8 - Medição da radiação infravermelha [12]. ............................................... 16

Figura 2.9 - Variação da emissividade com o ângulo de visão [6]. ................................. 19

Figura 2.10 - Variação da emissividade com a temperatura (metais) [15]. ...................... 19

Figura 2.11 - Variação da emissividade com a temperatura (dielétricos) [15]. ................. 20

Figura 2.12 - Variação da emissividade com a condição da superfície [15]. ..................... 20

Figura 2.13 - Fonte de reflexão (1) [12]. ............................................................... 21

Figura 2.14 - Medição da intensidade da radiação da fonte de reflexão [12]. .................. 22

Figura 2.15 - Metodo Refletor [12]. ..................................................................... 22

Figura 2.16 - Transmissão infravermelha (Distância = 0,3Km, Nível do mar) [18]. ............. 26

Figura 2.17 - Transmissão infravermelha (Distância = 1,8Km, Nível do mar) [17]. ............. 26

Figura 2.18 - Redução da Temperatura em função da velocidade do vento [6]. ................ 27

Figura 2.19 – Desenvolvimento dos detectores de infravermelhos ao longo dos anos [22]. ... 37

Figura 3.1 - Termograma com escala de cores. ....................................................... 39

Figura 3.2 - Deteção de cancro da mama [27]. ........................................................ 42

Figura 3.3 - Zonas de Dor [28]. ........................................................................... 42

Figura 3.4 - Procedimentos Cirúrgicos [27]............................................................. 42

Figura 3.5 - Lesão músculo – esquelécticas [27]. ...................................................... 43

Figura 3.6 - Deteção de gripe [29]. ...................................................................... 43

xii
Figura 3.7 - Deteção de lesões em cavalos [30]. ...................................................... 44

Figura 3.8 - Galáxia Maffei2 [31]. ........................................................................ 45

Figura 3.9 - Estrada Arqueológica [32]. ................................................................. 46

Figura 3.10 - Imagem termográfica geológica [10]. .................................................. 47

Figura 3.11 - Monitorização da cobertura do solo [10]. .............................................. 48

Figura 3.12 - Monitorização dos oceanos [10]. ........................................................ 50

Figura 3.13 - Mapa Meteorológico [10]. ................................................................. 50

Figura 3.14 - Aplicações Militares [2,6]. ................................................................ 51

Figura 3.15 - Fiscalização de canais marítimos [20]. ................................................. 52

Figura 3.16 - Inspeção de um Navio [2]. ................................................................ 52

Figura 3.17 - UAV Antex – X03 desenvolvido em Portugal [33]. .................................... 53

Figura 3.18 - Vigilância de suspeitos [2]. ............................................................... 54

Figura 3.19 - Vigilância de instalações [2]. ............................................................ 54

Figura 3.20 - Buscas de vítimas de naufrágio [33]. ................................................... 55

Figura 3.21 - Deteção de vítimas em incêndios [13].................................................. 55

Figura 3.22 - Imagem termográfica de combate a incêndio [2]. .................................. 56

Figura 3.23 - Imagem termográfica de incêndio num navio [33]. ................................. 56

Figura 3.24 - Imagem termográfica de um edifício [35]. ............................................ 58

Figura 3.25 - Deteção de isolamento deficiente [36]................................................. 59

Figura 3.26 - Deteção de fugas de ar [36]. ............................................................. 60

Figura 3.27 - Deteção de humidade [36]. .............................................................. 61

Figura 3.28 - Deteção de humidade em coberturas [35]. ............................................ 62

Figura 3.29 - Inspeção de tubagens e sistema de aquecimento [10,20,35]. ..................... 63

Figura 3.30 - Imagens termográficas de sistemas de vapor [45]. .................................. 64

Figura 3.31 - Imagens termográficas de refratário e tubagem [45]................................ 64

Figura 3.32 - Imagens termográficas de sistemas mecânicos [47]. ................................ 65

Figura 3.33 - Imagens termográficas de ligações soltas [48,49]. ................................... 67

Figura 3.34 - Imagem termográfica de circuito em sobrecarga. ................................... 68

Figura 3.35 - Imagem termográfica de circuito com desequilíbrio de carga. .................... 69

Figura 3.36 - Linha de perfil da imagem termográfica da Figura 2.58. ........................... 69

xiii
Figura 3.37 - Imagem termográfica de efeitos de harmónicos [49]................................ 71

Figura 3.38 - Imagens termográficas de equipamentos defeituosos. .............................. 72

Figura 3.39 - Imagens termográficas de transformadores [49]. .................................... 74

Figura 3.40 - Imagens termográficas de uma pá [60]. ............................................... 77

Figura 3.41 - Imagens termográficas de impactos sofridos por uma pá [60]. .................... 77

Figura 3.42 - Imagem termográfica de termografia ativa [60]. .................................... 78

Figura 3.43 - Imagem termográfica do interior da cabina de uma turbina eólica [61]. ........ 79

Figura 3.44 - Curva característica de uma célula solar [64]. ....................................... 80

Figura 3.45 - Efeito da temperatura na curva característica de uma célula solar [65]. ....... 81

Figura 3.46 - Esquema de termografia ativa [67]. .................................................... 82

Figura 3.47 - Imagens termográficas de derivações em células solares defeituosas [66]. ..... 82

Figura 3.48 - Imagem termográfica de um painel fotovoltaico [65]. .............................. 83

Figura 3.49 - Imagem termográfica de painéis com zonas sobreaquecidas [65]. ................ 83

Figura 3.50 - Imagens termográficas na indústria alimentar [39]. ................................. 85

Figura 3.51 - Imagem termográfica na indústria papeleira [40]. ................................... 86

Figura 3.52 - Imagens termográficas de assento e vidros num automóvel [41].................. 87

Figura 3.53 - Imagens termográficas de pneus e conversores catalíticos [42]. .................. 88

Figura 3.54 - Imagens termográficas de placas de circuitos impressos [44]. .................... 90

Figura 4.1 - Exemplar de um transformador de potência............................................ 92

Figura 4.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão (experimental). .................. 98

Figura 4.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme). ........................ 100

Figura 4.4 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento claro). .............. 100

Figura 4.5 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento escuro). ............ 101

Figura 4.6 - Variação da emissividade com a cor da superfície (verde). ......................... 102

Figura 4.7 - Método de curto-circuito para ensaio de aquecimento (modelo monofássico). . 102

Figura 4.8 - Variação da temperatura de referência ao longo das séries de medidas. ........ 104

Figura 4.9 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (BT Tampa
Superior). .............................................................................................. 105

Figura 4.10 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 1). .. 106

Figura 4.11 - Esquema do processo de geração de gráficos. ....................................... 111

xiv
Figura 4.12 - Marcação de linha e superfície com QuickReport. .................................. 112

Figura 4.13 - Opções para exportação de dados radiométricos. .................................. 112

Figura 4.14 - Indicação de caminho para leitura dos valores radiométricos. ................... 113

Figura 4.15 - Geração do gráfico. ....................................................................... 113

Figura 4.16 - Marcação de linha e exportação de dados radiométricos com QuickReport. ... 114

Figura 4.17 - Superfície total e exportação de dados radiométricos com QuickReport. ...... 115

Figura 4.18 - Superfície 3D. .............................................................................. 116

Figura B.1 - Variação da emissividade com o ângulo de visão (experimental). ................. 129

Figura B.2 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme). ........................ 130

Figura B.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento claro). .............. 132

Figura B.4 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento escuro). ............ 133

Figura B.5 - Variação da emissividade com a cor da superfície (verde). ......................... 135

Figura B.6 - Variação da temperatura de referência ao longo das séries de medidas. ........ 135

Figura B.7 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (BT Tampa
Superior). .............................................................................................. 139

Figura B.8 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Parede
Lateral 1). ............................................................................................. 140

Figura B.9 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Parede
Lateral 2). ............................................................................................. 140

Figura B.10 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Parede
Lateral 3). ............................................................................................. 141

Figura B.11 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 1). .. 141

Figura B.12 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 2). .. 142

Figura B.13 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 3). .. 142

Figura B.14 - Desvios Relativos em todos os pontos de estudo, ao longo das séries de
medidas. ............................................................................................... 146

Figura B.15 – Grafico de superfície 3D rodado 90 graus ............................................. 147

Figura B.16 – Gráfico de superfície 3D rodado 180 graus. .......................................... 148

Figura B.17 – Grafico de superfície 3D rodado 90 graus............................................. 148

xv
xvi
Lista de tabelas

Tabela 2.1 - Valores típicos dos processos para diferentes corpos. ................................ 16

Tabela 2.2 - Valores típicos de emissividade para diferentes materiais. ......................... 24

Tabela 2.3 - Fator de correção devido à ação do vento.............................................. 28

Tabela 4.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto ................................. 96

Tabela 4.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão ...................................... 97

Tabela 4.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme). ........................ 99

Tabela 4.4 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (BT Tampa


Superior). .............................................................................................. 104

Tabela 4.5 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 1). ............... 105

Tabela 4.6 - Erros relativos das leituras efetuadas (BT Tampa Superior). ....................... 106

Tabela 4.7 - Erros relativos das leituras efetuadas (Gola 3). ...................................... 107

Tabela 4.8 - Valor da emissividade para as diferentes cores de tinta. ........................... 108

Tabela A.1 – Valores de emissividade................................................................... 125

Tabela B.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto ................................ 127

Tabela B.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão ..................................... 128

Tabela B.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme). ....................... 129

Tabela B.4 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento claro). ............. 131

Tabela B.5 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento escuro). ............ 132

Tabela B.6 - Variação da emissividade com a cor da superfície (verde). ........................ 134

Tabela B.7 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (BT Tampa


Superior). .............................................................................................. 136

Tabela B.8 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Parede Lateral 1). .. 136

Tabela B.9 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Parede Lateral 2). .. 137

Tabela B.10 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Parede Lateral 3). . 137

Tabela B.11 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 1)............... 138

Tabela B.12 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 2)............... 138

xvii
xviii Introdução

Tabela B.13 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 3). ............. 139

Tabela B.14 - Desvios relativos das leituras efetuadas (BT Tampa Superior). .................. 143

Tabela B.15 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Parede Lateral 1). ..................... 143

Tabela B.16 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Parede Lateral 2). ..................... 144

Tabela B.17 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Parede Lateral 3). ..................... 144

Tabela B.18 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Gola 1). .................................. 145

Tabela B.19 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Gola 2). .................................. 145

Tabela B.20 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Gola 3). .................................. 146

Tabela B.21 - Valor da emissividade para as diferentes cores de tinta. ......................... 147

xviii
Abreviaturas e Símbolos

Lista de abreviaturas (ordenadas por ordem alfabética)

CDI Carrier Density Imaging


CRPS Síndrome de Dor Regional Complexa
CTS Condições de Teste Standard
DEEC Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores
EL Electroluminescência
FEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
FMDUP Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
IRAS Infrared Astronomical Satellite
MPP Ponto de Potência Máxima
NETA InterNational Electrical Testing Association
NOCT Nominal Operating Cell Temperature
QCM Quadro de Comando de Motores
QD Quadro de Distribuição
QM Quadro de Máquinas
QGBT Quadro Geral de Baixa Tensão do Posto de Transformação
QP Quadro Parcial
PITVANT Programa de Investigação e Tecnologia em Veículos Aéreos Autónomos Não –
Tripulados
SI Sistema Internacional
UAV Unmanned Aerial Vehicle

xix
Lista de símbolos

𝑄 Calor (𝐽)
𝑞′′ Fluxo de calor (𝑊/𝑚2 )
𝑞𝑐′′ Quantidade de calor transferido por condução, por unidade de área, na
unidade de tempo (𝑊/𝑚2 )
𝑞𝑐 Quantidade de calor transmitido por condução, através de uma superfície (𝑊)
𝑞ℎ′′ Quantidade de calor transferido por convecção, por unidade de área, na
unidade de tempo (𝑊/𝑚2 )
𝑞ℎ Quantidade de calor transmitido por convecção, através de uma superfície(𝑊)
𝑞𝑟′′ Quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na
unidade de tempo (𝑊/𝑚2 )
𝑞𝑟 Quantidade de calor transmitido por radiação, através de uma superfície (𝑊)
°𝐶 Celsius
℉ Fahrenheit
K Kelvin
𝜔 Frequência angular
𝛼 Ângulo
𝐴 Secção transversal (𝑚2 )
𝑘 Condutividade térmica (𝑊/𝑚 ∗ 𝐾)
𝑙 Comprimento do material condutor (m)
𝑇1 − 𝑇2 Diferença de Temperaturas (K)
𝑇𝑠 Temperatura de superfície (K)
𝑇𝑏 Temperatura do fluido que envolve a superfície (K)
𝑇 Temperatura (K)
ℎ Coeficiente de transferência de calor (𝑊/𝑚2 ∗ 𝐾)
𝜎 Constante de Stephan-Boltzmann (5.67 𝑥 10 −8 𝑊/(𝑚2 𝐾 4 ))
𝑓, 𝜐 Frequência (Hz)
𝑊(𝜆, 𝑇) Emitância espectral do corpo negro radiante (𝑊 ⁄𝑚2 , 𝜇𝑚)
𝜆 Comprimento de onda (m)
ℎ Constante de Planck (6.626 × 10−34 𝐽 ∙ 𝑠)
𝐾 Constante de Boltzmann (1.381 × 10−23 𝐽/𝐾)
𝑒 Número de Euler
𝑐 Velocidade da luz (≃ 3 × 108 𝑚/𝑠)
𝑏 Constante de radiação (2898 𝜇𝑚 ∗ 𝐾)
𝜀 Emissividade
𝜌 Reflexão espectral
𝛼 Absorção espectral

xx
𝜏 Transmissão espectral
𝑈 Sinal de saída detector
𝑊𝑡𝑜𝑡 Quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na
unidade de tempo total (𝑊/𝑚2 )
𝑊𝑜𝑏𝑗 Quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na
unidade de tempo, pelo objeto (𝑊/𝑚2 )
𝑊𝑟𝑒𝑓𝑙 Quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na
unidade de tempo, por uma fonte ambiental (𝑊/𝑚2 )
𝑊𝑎𝑡𝑚 Quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na
unidade de tempo, pela atmosfera (𝑊/𝑚2 )
𝑑𝑅(𝜆,𝑇)
Radiância espectral por comprimento de onda (𝑊/𝑚3 )
𝑑𝜆

𝐼 Intensidade da radiação incidente (𝑊 ∙ 𝑠𝑟 −1 )


𝐼0 Intensidade da radiação incidente inicial (𝑊 ∙ 𝑠𝑟 −1 )
𝐼𝐵 Corrente eléctrica de serviço (A)
𝐼𝑍 Intensidade máxima admissível (A)
𝐸 Irradiância (𝑊/𝑚2 )
𝑃𝑀𝑃𝑃 Potência Máxima sob as Condições de Teste Standard (Wp)
𝐼𝑀𝑃𝑃 Corrente fotovoltaica no MPP (A)
𝑈𝑀𝑃𝑃 Tensão fotovoltaica no ponto MPP (V)
𝐼𝐶𝐶 Corrente do curto-circuito (A)
𝑈𝑂𝐶 Tensão em circuito aberto (V)
𝐹𝐹 Facto de forma
𝜂 Eficiência (%)
𝑉 Velocidade (𝑚⁄𝑠𝑒𝑔)
𝛽 Coeficiente térmico da tensão (𝑉/℃)
𝛼 Coeficiente térmico da corrente (𝐴/℃)
𝑅𝑆 Resistência Série (Ω)
𝑅𝑃 Resistência Paralelo (Ω)

xxi
Capítulo 1

Introdução

Um objeto pode ser caraterizado por uma variedade de parâmetros físicos, tais como,
tamanho, forma e peso. No entanto, a propriedade física mais frequentemente medida é a
temperatura. Variações de temperatura inesperadas podem indicar falhas de projeto,
fabricação deficiente ou componentes danificados. Temperaturas excessivas aparecem pouco
tempo antes da falha, como por exemplo, em motores elétricos, transformadores ou
componentes eletrónicos, sendo que a sua eficiência operacional diminui à medida que a
temperatura aumenta.
Os sistemas de imagem que recorrem a câmaras termográficas são sistemas de formação
de imagens térmicas e medem a distribuição de temperatura superficial em tempo real. A
técnica de deteção da distribuição de temperatura superficial de um objeto denomina-se por
termografia. Uma câmara termográfica faz uso da faixa de infravermelhos, produzindo assim
uma imagem térmica de infravermelhos, também conhecida por termograma.
A termografia sofreu uma rápida evolução como indústria própria, devido aos enormes
progressos verificados, nas últimas duas décadas, nas seguintes tecnologias: desenvolvimento
dos detetores de infravermelhos baseados em microssistemas, desenvolvimento da eletrónica
e desenvolvimento da ciência computacional. O desenvolvimento das câmaras termográficas
originou a introdução de modelos de baixo custo, abrindo novos campos de usos e
acessibilidades aos mais diversos utilizadores. A interpretação de uma imagem termográfica é
um aspeto fundamental nos ensaios termográficos. O objetivo do ensaio e a natureza do
objeto em estudo determinam se a análise deve ser qualitativa ou quantitativa.
A tecnologia tem óbvias vantagens assim como algumas desvantagens sendo que, em
relação às primeiras merece destaque: a facilidade na medição da temperatura de objetos
móveis e de difícil acesso, a facilidade e rapidez na medição de grandes superfícies, a não
interferência com o funcionamento e com o comportamento do elemento a medir, a precisão
elevada, a alta repetibilidade e fiabilidade das medições.
2 Introdução

As desvantagens residem principalmente na dificuldade de avaliar os fatores de influência


na medição da radiação infravermelha, originando calibrações deficientes que podem
influenciar resultados obtidos e conclusões tomadas.
Como, na maioria dos processos e atividades industriais, o parâmetro da temperatura é
muito importante, a medição exata da mesma pode ser afetada pelos seguintes fatores:
emissividade, reflexão, influência atmosférica e fatores climáticos. Interessa que os processos
e atividades industriais tenham o mínimo de perdas, por isso, deve-se corrigir e minimizar
possíveis erros de interpretação de resultados.
As atividades industriais e os serviços fundamentais para as populações dependem do bom
funcionamento dos sistemas de energia e das máquinas elétricas. A termografia é uma
ferramenta com forte implementação em ações de manutenção preditiva, manutenção
preventiva, manutenção condicionada dos sistemas de energia e das máquinas elétricas.
Estre trabalho é sobre a análise de sistemas de energia e máquinas elétricas com recurso
a termografia e teve origem numa parceria entre a Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto (FEUP) e a empresa Efacec Energia, Máquinas e Equipamentos Elétricos, SA. Com o
crescente interesse da empresa Efacec em tecnologias termográficas foi proposto o
desenvolvimento de uma metodologia para aplicação das técnicas termográficas em grandes
transformadores de potência. Foi pedido ao autor a calibração de uma câmara termográfica
disponibilizada pela empresa Efacec Energia, Máquinas e Equipamentos Elétricos, SA, em
todos os aspetos considerados relevantes e a elaboração de um protocolo com os passos a
seguir numa inspeção termográfica.
Na FEUP existe uma câmara termográfica, disponibilizada pelo Departamento de
Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC), que foi utilizada para familiarização das
técnicas termográficas. Verificou-se que ao nível de software não existia a capacidade de
gerar imagens gráficas para realizar uma análise quantitativa mais completa. Paralelamente
ao trabalho de investigação experimental, conduzido em fábrica, foi desenvolvida uma folha
de cálculo para uma análise quantitativa de imagens termográficas, de forma a complementar
as funcionalidades do software disponível na FEUP.

1.1 - Objetivos e Metodologia

Os objetivos propostos para a presente dissertação foram:

• Familiarizar-se com as técnicas termográficas e os seus fundamentos e conhecer as


suas aplicações;
• Desenvolver uma metodologia para aplicação das técnicas termográficas em grandes
transformadores de potência;
Apresentação do trabalho 3

• Calibrar uma câmara termográfica, disponibilizada pela empresa Efacec, em todos os


aspetos considerados relevantes, ou seja, parametrização dos fatores de influência na
medição da radiação infravermelha;
• Desenvolver uma folha de cálculo para uma análise quantitativa de imagens
termográficas, de forma a complementar as funcionalidades do software disponível na
FEUP.

A parte de investigação experimental do trabalho decorreu nas instalações da Efacec,


onde foram realizados todos os ensaios necessários para a parametrização considerada
relevante, contando sempre com o apoio do pessoal do Laboratório de Ensaios da Efacec.
O trabalho de pesquisa bibliográfica com vista à fundamentação das diferentes atividades
desenvolvidas e o desenvolvimento da folha de cálculo foram realizados na FEUP.
O autor trabalhou orientado pelo Professor Doutor Artur Manuel de Figueiredo Fernandes
e Costa.

1.2 - Apresentação do trabalho

O presente documento de dissertação de mestrado encontra-se dividido em 5 capítulos e


dois anexos. A estrutura adotada pelo autor pretende descrever, sequencialmente, a
apresentação e o desenvolvimento de uma metodologia para aplicação das técnicas
termográficas em grandes transformadores de potência.
No presente capítulo, fez-se um enquadramento do tema e fixam-se os principais
objetivos para o trabalho.
No capítulo 2, faz-se uma descrição das técnicas termográficas e seus fundamentos.
Mostram-se as vantagens da aplicação das técnicas termográficas, os fenómenos associados à
transferência de calor e os fatores de influência na medição da radiação infravermelha.
No capítulo 3, faz-se uma descrição dos principais campos de aplicação das técnicas
termográficas, mostrando-se as vantagens da aplicação da termografia nos mesmos.
No capítulo 4, mostra-se o desenvolvimento da metodologia para a aplicação das técnicas
termográficas descritas nos capítulos anteriores. Faz-se uma caracterização do problema,
mostra-se os tipos de problemas a considerar e a metodologia para os tratar, os resultados
obtidos e, por fim, o modo operatório proposto. Na parte final mostra-se a folha de cálculo,
que foi desenvolvida para complementar as possibilidades do software disponível na FEUP.
No capítulo 5, são enunciadas as conclusões e faz-se uma síntese do trabalho
desenvolvido. São também propostos alguns temas para trabalhos de investigação futuros.
4 Introdução

O trabalho possui ainda dois anexos. No anexo A apresenta-se um catálogo de


emissividades de diversos materiais, tendo como fonte a consulta da bibliografia apresentada,
principalmente na informação fornecida por empresas fornecedoras de câmaras
termográficas. No anexo B, mostra-se todos os dados relevantes obtidos nos ensaios efetuados
para a calibração da câmara termográfica.
Capítulo 2

Tecnicas termográficas e seus


fundamentos

A termografia sem contacto é uma técnica de deteção da distribuição de energia térmica


emitida pela superfície de um ou vários corpos ou objetos, por radiação. É um método não
invasivo, capaz de detetar, visualizar e gravar diferentes níveis de distribuição de
temperatura através da superfície de um objeto. A termografia sem contacto permite o
estudo da temperatura dos corpos, através da radiação infravermelha emitida pelos mesmos
usando uma câmara radiométrica [1]. Na maioria dos processos e atividades industriais, o
parâmetro temperatura é muito importante. Uma câmara radiométrica é uma câmara térmica
com capacidade de medir temperaturas apresentando algumas vantagens em relação aos
outros sistemas de medição de temperatura, nomeadamente aos que usam técnicas de
contacto [2,3]:

• Fácil medição da temperatura de objetos móveis e de difícil acesso;


• Técnica sem contacto, não interferindo com o funcionamento e com o
comportamento do elemento a medir;
• Facilidade e rapidez na medição de grandes superfícies;
• Medição da temperatura de vários objetos de forma simultânea;
• Tempo rápido de resposta, permitindo seguir fenómenos transitórios de temperatura;
• Precisão elevada, alta repetibilidade e fiabilidade das medições.

A termografia é aplicável em qualquer situação onde o conhecimento do padrão térmico


através de uma superfície forneça dados significativos de uma estrutura, processo ou sistema,
nomeadamente [2]:

• Sistemas Elétricos;
• Sistemas Mecânicos;
6 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

• Sistemas de Fluidos e Vapor;


• Indústria Automóvel;
• Indústria de processo;
• Perdas de Energia (Edifícios, Fornos e Caldeiras);
• Eletrónica;
• Aeronáutica;
• Vigilância e Segurança;
• Aplicações Médicas: Medicina e Medicina Veterinária.

É uma ferramenta com forte implementação em Manutenção Preditiva, Manutenção


Preventiva, Manutenção Condicionada, Garantia da Qualidade e Forenses e pode ser usada,
com vantagens, em fase de desenvolvimento de novos produtos onde a temperatura seja uma
variável crítica.

2.1 - Fenómenos de transferência de calor

O calor é a energia térmica em transição. A quantidade de calor simboliza-se pela letra 𝑄


e tem como unidades do Sistema Internacional (𝑆𝐼) o joule (𝐽). Outra unidade conhecida para
o calor será a caloria (𝑐𝑎𝑙) [3]. Como todas as outras formas de energia, o calor nem pode ser
criado nem destruído. Pode, no entanto, ser convertido de e para outras formas de energia
como, por exemplo, energia elétrica em bombas de calor, dispositivos termoelétricos e
geradores de vapor. Uma fonte de criação de calor (aquecedor elétrico, por exemplo) é, na
verdade, um sistema de conversão de energia. O calor é dinâmico, ou seja, ele resiste à
estabilidade, fluindo a partir de pontos de maior temperatura para os pontos de temperatura
mais baixa. A transferência de calor continuará até que os dois pontos se encontrem à mesma
temperatura, encontrando assim um equilíbrio térmico [3].
A transferência de calor é quantificada pelo fluxo de calor ou fluxo térmico, que
representa uma taxa de energia térmica (calor) transferida através de uma superfície. Em
unidades 𝑆𝐼, é medido em 𝑊/𝑚2 , ou seja, representa a quantidade de calor transferido por
unidade de área, na unidade de tempo. O fluxo de calor é uma grandeza vetorial com
����⃗
intensidade, direção e sentido e representa-se por 𝑞 ′′ . O seu valor escalar será representado

por 𝑞 ′′ [4].
Existem três modos de Transferência de Calor [2]:

• Condução – A transferência de calor dá-se no interior ou entre corpos;


• Convecção – A transferência de calor dá-se entre uma superfície sólida e um fluido.
• Radiação – A transferência de calor dá-se através de ondas eletromagnéticas,
podendo ocorrer através de meios transparentes ou do vácuo. É o único modo de
transferência de calor detetado diretamente pelo equipamento de infravermelhos.
Fenómenos de transferência de calor 7

Temperatura é diferente de calor e define-se como a medida da velocidade média das


moléculas e átomos que formam a substância. A temperatura é um escalar e pode ser medida
em °𝐶 (Celsius) ou K (Kelvin), no Sistema Internacional de Unidades [2]. Num determinado
espaço, pode definir-se um campo de temperaturas (campo térmico), que é um campo
escalar.

2.1.1 - Condução

O processo de condução é simples, estando associado à transferência de calor efetuada ao


nível molecular. As partículas mais energéticas (maior temperatura), ao colidir com as
partículas contíguas menos energéticas (menor temperatura), transferem parte da sua
energia vibracional, rotacional e translaccional. O movimento da energia térmica é
transmitido ao longo de um átomo para outro. A transferência de calor ocorre em gases,
líquidos ou sólidos [4,5,6,7].
A transferência de calor por condução pode ser avaliada pela sua rapidez, sendo
dependente da condutividade térmica do material. Os metais têm alta condutividade
térmica, enquanto os isolantes têm baixa condutividade térmica. Outros fatores que afetam a
transferência de calor por condução são a diferença de temperaturas, a área de superfície e a
qualidade da superfície de contacto. Estes fatores são diretamente proporcionais à rapidez da
transferência de calor [2,6].
A condução de calor é regida pela Lei de Fourier que estabelece que o fluxo de calor 𝑞′′,
num ponto do meio é proporcional ao gradiente de temperatura nesse ponto [4]:

𝑞𝑐′′ = 𝑘 × (𝑇1 − 𝑇2)⁄𝑙 (2.1)

onde 𝑘 é a condutividade térmica (𝑊/𝑚 ∗ 𝐾), 𝑇1 − 𝑇2 é a diferença de temperaturas (K), 𝑙 é


o comprimento do material condutor (𝑚) e 𝑞𝑐′′ é a quantidade de calor transferido por
condução, por unidade de área, na unidade de tempo (𝑊/𝑚2 ).
A quantidade de calor transferido por condução, através de uma superfície 𝑞𝑐 , é
proporcional à secção transversal 𝐴, através da qual o calor flui e à diferença de temperatura
𝑇1 − 𝑇2 , e inversamente proporcional ao comprimento 𝑙 do material [5]:

𝑞𝑐 = 𝐴 × 𝑞𝑐′′ = 𝐴 × 𝑘 × (𝑇1 − 𝑇2 )⁄𝑙 (2.2)

onde 𝐴 é a secção transversal (𝑚2 ) e 𝑞𝑐 é a quantidade de calor transmitido por condução,


através de uma superfície (𝑊). Pode-se observar um exemplo da transferência de calor por
condução na Figura 2.1.
8 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Figura 2.1 - Exemplo de fluxo de calor condutivo [4].

2.1.2 - Convecção

O fluxo de calor por convecção ocorre quando, um gás ou um líquido flui ao passar numa
superfície sólida, cuja temperatura é diferente da temperatura do fluido [5]. O movimento
pode ser provocado por agentes externos, como por exemplo pela atuação de uma ventoinha,
ou por diferenças de densidade resultantes do próprio aquecimento do fluido. No primeiro
caso, diz-se que a transferência de calor se processa por convecção forçada, enquanto, no
segundo, por convecção natural ou livre. Assim, mesmo que um fluido se encontre em
repouso (do ponto de vista macroscópico), a diferença de temperaturas gera diferenças de
densidade no seio do fluido que poderão ser suficientes para induzir um movimento
ascendente do fluido mais quente (sob a ação da gravidade) [4,7].
A quantidade de calor transferido por condução 𝑞ℎ′′, por unidade de área, na unidade de
tempo (𝑊/𝑚2 ) é dada por [5]:

𝑞ℎ′′ = ℎ × (𝑇𝑠 − 𝑇𝑏 ) (2.3)

onde 𝑇𝑠 é a temperatura de superfície (K) e 𝑇𝑏 é a temperatura do fluido que envolve a


superfície (K), ℎ é o coeficiente de transferência de calor (𝑊/𝑚2 ∗ 𝐾), que depende de
propriedades físicas do fluido, tais como temperatura, e da situação física em que ocorre a
convecção.
A quantidade de calor transmitido por convecção, através de uma superfície 𝑞ℎ , é dada
por [5]:

𝑞ℎ = 𝐴 × ℎ × (𝑇𝑠 − 𝑇𝑏 ) (2.4)
Fenómenos de transferência de calor 9

onde 𝐴 é a área de transferência de calor, perpendicular ao fluxo de calor (𝑚2 ). A diferença


de temperatura 𝑇𝑠 − 𝑇𝑏 ou, ∆𝑇, também se pode designar por driving-force, ou seja, a causa
para a ocorrência da transferência de calor.
A transferência de calor por convecção pode ser afetada por fatores como a diferença de
temperatura entre objeto e fluido, a densidade do fluido, a área da superfície, a velocidade
do fluido e a rugosidade da superfície, como se vê na equação 2.4. Quanto maiores forem a
diferença de temperatura, a área da superfície e a velocidade do fluido, maior será a taxa de
transferência de calor. Em relação à densidade do fluido, uma menor densidade implica uma
maior rapidez da transferência de calor. Em relação à rugosidade da superfície, sabe-se que
superfícies rugosas diminuem a velocidade do fluido o que implica uma transferência de calor
mais lenta [2].
Pode-se observar um exemplo de fluxo de calor convectivo forçado na Figura 2.2.

Figura 2.2 - Exemplo de fluxo de calor convectivo forçado [4].

2.1.3 - Radiação

A radiação térmica é a energia emitida de um dado material, dada a sua temperatura


diferente de zero. A radiação térmica está relacionada com a energia libertada devido às
oscilações ou transições dos eletrões que constituem os átomos, iões ou moléculas mantidos
pela energia interna do material. Toda a forma de matéria com temperatura acima do zero
absoluto emite energia por radiação [1,4]. A energia do campo de radiação é transportada por
ondas eletromagnéticas através do espaço vazio. A transferência de energia por condução ou
convecção exige a presença de um meio material, ao contrário da radiação, que ocorre de um
modo mais eficiente no vácuo [4,8].
Existem alguns fatores que afetam a transferência de calor por radiação. Enquanto uma
maior diferença de temperaturas entre objetos implica maior rapidez de transferência de
calor, a mesma pode ser diminuída por fatores atmosféricos (humidade, CO2, e partículas).
Uma menor distância ao corpo quente e uma maior emissividade do objeto implicam maior
rapidez de transferência de calor [2].
10 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Para uma avaliação do poder emissivo de uma superfície, tem que se explicar o conceito
do corpo negro. Um corpo negro é um corpo capaz de absorver toda a radiação incidente,
independentemente do comprimento de onda e direção da radiação. Para uma determinada
temperatura e comprimento de onda, não existe nenhuma superfície capaz de emitir mais
energia que um corpo negro. Apesar da emissão de radiação ser em função da temperatura e
comprimento de onda, é independente da sua direção, ou seja, é um emissor difuso [4]. Um
corpo negro representa um sistema físico que, em equilíbrio térmico, possui a capacidade
máxima de emitir e de absorver toda a energia recebida por radiação, ou seja, considera-se
teoricamente um emissor perfeito, 𝜀 = 1. Como o corpo negro é um conceito teórico, não
existindo na vida real, iremos sempre encontrar valores de ε inferiores a 1 [9].
Pode-se assim introduzir as leis da radiação [2]:

• Lei de Stephan-Boltzmann: relaciona temperatura e energia


• Lei de Planck: relaciona energia e comprimento de onda
• Lei do deslocamento de Wien: relaciona temperatura e comprimento de onda

2.1.3.1 - Lei de Stephan-Boltzmann

Estabelece que a quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área de
superfície de um corpo negro, na unidade de tempo (radiação do corpo negro), é diretamente
proporcional à quarta potência da sua temperatura [2,4]:

𝑞𝑟′′ = 𝜎 ∗ 𝑇4 (2.5)

onde 𝜎 é a constante de Stephan-Boltzmann (5.67 𝑥 10 −8 𝑊/(𝑚2 𝐾 4 )), 𝑇 é a temperatura (K)


e 𝑞𝑟′′ é a quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na unidade de
tempo (𝑊/𝑚2 ).
A quantidade de calor transmitido por convecção, através de uma superfície 𝑞ℎ , é dada
por [2,4]:

𝑞𝑟 = 𝐴 × 𝑞𝑟′′ (2.6)

onde 𝐴 é a área de transferência de calor, perpendicular ao fluxo de calor (𝑚2 ).

2.1.3.2 - Lei de Planck

A lei de Planck descreve, matematicamente, a quantidade de energia emitida por um


material numa dada temperatura, para cada comprimento de onda 𝜆. Max Planck (1858-1947)
foi capaz de descrever a distribuição espetral da radiação de um corpo negro, através da
seguinte fórmula [4]:
Fenómenos de transferência de calor 11

2𝜋ℎ𝑐 2
𝑊(𝜆, 𝑇) = 𝜆5 �𝑒 (ℎ𝑐⁄𝜆𝑘𝑇)−1� × 10−6 (2.7)

onde ℎ é a constante de Planck (6.626 × 10−34 𝐽 ∙ 𝑠), 𝜆 é o comprimento de onda (m), 𝑇 é a


temperatura do corpo negro (K), 𝐾 é a constante de Boltzmann (1.381 × 10−23 𝐽/𝐾), 𝑒 é o
número de Euler, 𝑐 é a velocidade da luz (≃ 3 × 108 𝑚/𝑠) e 𝑊(𝜆, 𝑇) é a emitância espetral do
corpo negro radiante no comprimento de onda 𝜆 (𝑊 ⁄𝑚2 , 𝜇𝑚). O fator 10−6 é usado desde que
a emitância espetral nas curvas é expresso em 𝑊 ⁄𝑚2 , 𝜇𝑚. Na Figura 2.3, vê-se um traçado
gráfico da emitância espetral do corpo negro radiante, numa escala linear, para várias
temperaturas, produzindo-se uma família de curvas.

Figura 2.3 - Traçado da emitância espetral de um corpo negro radiante [9].

Da observação do gráfico da Figura 2.3 pode-se concluir [4]:

• A radiação emitida varia continuamente com o comprimento de onda;


• Com qualquer comprimento de onda, a magnitude da radiação emitida aumenta com
o aumento da temperatura;
• A região espetral em que a radiação é concentrada depende da temperatura,
aparecendo mais radiação em comprimentos de onda mais curtos à medida que a
temperatura aumenta.
12 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

2.1.3.3 - Lei do deslocamento de Wien

Lei da física que afirma que existe uma relação entre a temperatura e o comprimento de
onda na qual ocorre a máxima emissão de energia [2]:

𝜆𝑚𝑎𝑥 = 𝑏⁄𝑇 (2.8)

onde 𝑏 = 2898 𝜇𝑚 ∗ 𝐾 é uma constante de radiação. Na Figura 2.4, podemos observar a


localização de 𝜆𝑚𝑎𝑥 .

Figura 2.4 - Traçado da emitância espetral corpo negro em escala logarítmica [4].

A Figura 2.4 mostra que o espetro emissivo de potência máxima desloca-se para
comprimentos de onda mais pequenos, à medida que aumenta a temperatura [4].
Uma onda eletromagnética tem duas caraterísticas fundamentais: a frequência e o
comprimento de onda. Define-se frequência 𝑓 como o número de vezes que se repete um
fenómeno, por unidade de tempo. Define-se comprimento de onda 𝜆 como a distância entre
dois pontos consecutivos que se encontram no mesmo estado de fase [8].
Estas relacionam-se pela seguinte fórmula:

𝜆 = 𝑐 ⁄𝑓 (2.9)

onde 𝑐 representa a velocidade da luz (≃ 300000 𝐾𝑚/𝑠). Da análise da fórmula, conclui-se


que a frequência e o comprimento de onda estão inversamente relacionados. A compreensão
das caraterísticas da radiação eletromagnética é importante para a classificação do espetro
eletromagnético [8].
Espetro Eletromagnético 13

2.2 - Espetro Eletromagnético

A energia de um objeto quente é irradiada em diferentes níveis, em todo o espetro


eletromagnético. O espetro eletromagnético divide-se em diferentes faixas espetrais, que vão
desde comprimentos de onda mais curtos, incluindo raios gama e raio-X, até comprimentos de
onda mais longos, incluindo micro-ondas e ondas de rádio transmissão [10]. Existem ainda as
faixas espetrais ultravioleta, visível e infravermelho, tal como se pode observar na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Espetro eletromagnético [11].

A luz que o olho humano pode detetar é a faixa visível do espetro eletromagnético, sendo
uma mistura de comprimentos de onda, percebidos como diferentes cores. Os limites do olho
humano encontram-se entre 0,4 µm (violeta) a 0,7 µm (vermelho), situando-se
intermediamente todas as outras cores tal, como vemos no arco-íris [10].
A faixa do infravermelho encontra-se entre os limites 0,75 µm, no limite da perceção
visual, até aos 1000 µm, onde se funde com as micro-ondas. A faixa do infravermelho é
frequentemente subdividida em quatro faixas menores, onde os limites são escolhidos
aleatoriamente. Definem-se assim o infravermelho próximo (0,75-3 µm), o infravermelho
médio (3-6 µm), o infravermelho distante (6-15 µm) e infravermelho extremo (15-1000 µm)
[12].
A termografia faz uso da faixa de infravermelho, através do uso de uma câmara
radiométrica, usualmente denominadas como câmara termográfica.
14 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

2.3 - Caraterísticas da radiação infravermelha

Todas as leis da radiação discutidas no ponto 2.1.3 são relativas a corpos negros. Os
corpos reais não são corpos negros, apesar de se poderem comportar aproximadamente como
tal em determinados intervalos espetrais. Por isso, as leis enunciadas não podem ser
aplicadas sem se ter em consideração determinadas correções [12].
Existem três processos que impedem um objeto real de agir como um corpo negro: uma
fração 𝛼 da radiação que pode ser absorvida, uma fração 𝜌 da radiação que pode ser
refletida e uma fração 𝜏 da radiação que pode ser transmitida. Todos estes fatores são
dependentes do comprimento de onda [12].
A absorção espetral 𝛼 é a razão entre a radiância absorvida pelo objeto e a radiância
total que incide no objeto, entendendo-se radiância como, a quantidade de luz que passa por
ou que é emitida numa área em particular [12,13].
A reflexão espetral 𝜌 é a razão entra a radiância refletida pelo objeto e a radiância total
que incide no objeto [12,13]. A reflexão depende das propriedades da superfície, da
temperatura e do tipo de material. O ângulo de reflexão da radiação infravermelha refletida
é sempre igual ao ângulo de incidência [12].
A transmissão espetral 𝜏 é a razão entre a radiância transmitida e a radiância total que
incide no objeto [12,13]. A transmissão depende do tipo e da espessura do material, sendo
que a maioria dos materiais são não transmissivos [12].
A soma dos três fatores adimensionais deve ser igual à unidade, para qualquer
comprimento de onda, pela seguinte relação [12]:

𝛼+𝜌+𝜏 =1 (2.10)

Um objeto também tem a capacidade de radiar ou emitir energia infravermelha em


comparação com um corpo negro à mesma temperatura e comprimento de onda, definindo-se
assim a emissividade 𝜀 [2].
A emissividade varia com as propriedades da superfície, do material e, para alguns
materiais, varia com a temperatura do objeto. Materiais não metálicos (PVC, cimento e
substâncias orgânicas) têm alta emissividade para a faixa do infravermelho distante e esta
não depende da temperatura, 0,8 < 𝜀 < 0,95. Metais com superfície brilhantes, têm baixa
emissividade, que varia com a temperatura [12].
Tal como referido no ponto 2.1.3, um corpo negro é um emissor perfeito 𝜀 = 1. Num
corpo negro, tanto a reflexão como a transmissão, são nulas. Um corpo cinzento possui
emissividade constante menor que o corpo negro 𝜀 < 1 e a transmissão é nula. Num corpo não
cinzento possui emissividade que varia ao longo de diferentes comprimentos de onda,
existindo também a reflexão e transmissão da radiação infravermelha [3].
Caraterísticas da radiação infravermelha 15

A maioria dos sólidos, superfícies pintadas ou orgânicas e metais oxidados são corpos
cinzentos com emissividade elevada. Superfícies de metal polidas e brilhantes, e alguns
materiais semicondutores, são corpos cinzentos com baixa emissividade e alta refletividade.
Filme de plástico fino, vidro, gases e materiais óticos são corpos não cinzentos cuja
emissividade varia com o comprimento de onda [3]. Na Figura 2.6, observam-se as curvas da
variação da emissividade com o comprimento de onda.

Figura 2.6 - Variação da emissividade com o comprimento de onda [15].

Segundo a lei de Kirchhoff, para qualquer material a uma determinada temperatura e


para um dado comprimento de onda, a emissividade espetral e a absorção espetral são iguais,
ou seja, 𝛼 = 𝜀 [12]. A lei de conservação de energia enunciada na equação 2.10 pode ser
assim alterada para a seguinte fórmula:

𝜀+𝜌+𝜏 =1 (2.11)

Na Figura 2.7, podemos ver que a radiação registada pelo sensor de imagem térmica
consiste na emissão, reflexão e transmissão de ondas longas da radiação infravermelha
através de um objeto, no campo de visão da câmara termográfica.

Figura 2.7 - Emissão, Reflexão e Transmissão [14].


16 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

A aplicação da Lei de Stephan-Boltzmann para corpos cinzentos e não cinzentos mostra


que a quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na unidade de
tempo (𝑊/𝑚2 ) de um corpo a uma dada temperatura 𝑇 é dado por [12]:

𝑞𝑟′′ = 𝜀 ∗ 𝜎 ∗ 𝑇4 (2.12)

Alguns materiais apresentam valores específicos para os processos descritos, como se


mostra na Tabela 2.1 [12,13].

Tabela 2.1 - Valores típicos dos processos para diferentes corpos.

Corpo Emissividade ε Reflexão ρ Transmissão τ


Negro ε=1 ρ=0 τ=0
Transparente ε=0 ρ=0 τ=1
Espelho
ε=0 ρ=1 τ=0
Perfeito
Superfície
ε+ρ=1 τ=0
Opaca
Cinzento ε=constante ρ=constante τ=0
.

2.4 - Medição da radiação infravermelha

Uma câmara termográfica não mede apenas a radiação emitida a partir de um objeto,
como também mede a radiação do ambiente refletida através da superfície de um objeto.
Ambas as radiações esbatem-se no meio de transmissão, existindo também uma radiação da
atmosfera. Estas considerações ilustram-se na Figura 2.8 [12].

Figura 2.8 - Medição da radiação infravermelha [12].


Medição da radiação infravermelha 17

O sinal de saída do detetor da câmara termográfica pode ser descrito pela seguinte
fórmula [12,16]:

𝑈 = 𝐶 ∗ 𝑊𝑡𝑜𝑡 (2.13)

onde C é uma constante (depende da atmosfera, dos componentes óticos da câmara


termográfica e das propriedades do detetor) e 𝑊𝑡𝑜𝑡 é a quantidade de calor transferido por
radiação, por unidade de área, na unidade de tempo, total.
A potência radiante total é composta em três termos, como mostra a Figura 2.8. A
potência radiante emitida pelo objeto é dada por 𝜀 ∗ 𝜏 ∗ 𝑊𝑜𝑏𝑗 , onde 𝜀 é a emissividade do
objeto. A Quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na unidade de
tempo, refletida por uma fonte ambiental é dada por (1 − 𝜀) ∗ 𝜏 ∗ 𝑊𝑟𝑒𝑓𝑙 , onde (1 − 𝜀) é a
reflexão do objeto. Supõe-se que a temperatura da fonte ambiental é igual para todas as
superfícies emissoras e que a emissividade para o ambiente é 𝜀 = 1 (toda a radiação que
interfere com as superfícies envolventes acabará por ser absorvida pelas superfícies). A
quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na unidade de tempo,
pela atmosfera é dada por (1 − 𝜏) ∗ 𝑊𝑎𝑡𝑚 , onde (1 − 𝜏) é a emissividade da atmosfera.
Concluí-se que a quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área, na
unidade de tempo, total é dada por [12]:

𝑊𝑡𝑜𝑡 = 𝜀 ∗ 𝜏 ∗ 𝑊𝑜𝑏𝑗 + (1 − 𝜀) ∗ 𝜏 ∗ 𝑊𝑟𝑒𝑓𝑙 + (1 − 𝜏) ∗ 𝑊𝑎𝑡𝑚 (2.14)

2.4.1 - Fatores de influência na medição da radiação infravermelha

A análise das medições termográficas pode ser complicada, podendo levar a conclusões
erradas, sendo necessário tomar precauções antes e durante os ensaios termográficos [13]. A
avaliação de erros de medição é muito importante para a precisão do serviço termográfico.
Os erros podem ser classificados como erros de método, erros de calibração e erros
eletrónicos. Em condições reais, os erros da medição podem ocorrer devido a [16]:

• Incorreta avaliação da emissividade do objeto, temperatura atmosférica,


temperatura ambiente e da distância entre o objeto e a câmara,
• Influência da radiação (direta e/ou refletida pelo objeto) que chega ao detetor
da câmara,
• Incorreta avaliação da transmissão e radiação atmosférica
18 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

A emissividade depende do comprimento de onda 𝜆, da temperatura 𝑇, do material, do


estado da superfície e da direção da observação. A influência da radiação emitida pelo
ambiente aumenta quando diminui a emissividade. A influência da radiação do Sol sobre a
precisão da termografia é bastante difícil de avaliar, uma vez que a vizinhança do objeto
pode abranger diferentes valores de emissividade [16].

2.4.2 - Emissividade

A emissividade, descrita na secção 2.3, é um fator muito importante para a medição da


radiação infravermelha e um fator de erro na mesma. A emissividade de um objeto varia com
a temperatura do objeto, ângulo de visão, geometria do objeto e condição da superfície. Em
geral, a emissividade espetral varia lentamente com o comprimento de onda em sólidos,
sendo que varia rapidamente no caso de gases e líquidos.
Para um determinado material, a emissividade é avaliada numa incidência normal e
integrada em todos os comprimentos de onda:

1 ∞ 𝑑𝑅(𝜆,𝑇)
𝜀 = 𝜎∗𝑇 4 ∫0 𝜀(𝜆) 𝑑𝜆 (2.15)
𝑑𝜆

onde 𝑑𝑅(𝜆, 𝑇)⁄𝑑𝜆 é a radiância espetral por comprimento de onda (𝑊/𝑚3 ). A fórmula 2.15
refere-se à emissividade total, que é a relação da energia irradiada por um material na
temperatura 𝑇 e da energia irradiada por um corpo negro à mesma temperatura [15]. Na
Figura 2.6 da secção 2.3, mostra-se como a emissividade varia com o comprimento de onda.

2.4.2.1 - Variação da emissividade com o ângulo de visão

A emissividade de uma superfície diminui quando o ângulo de visão aumenta, em relação


à sua normal. Medidas exatas só podem ser efetuadas com um ângulo menor que 30°. Nas
medidas efectuadas com um ângulo entre 30° e 60°, introduz-se um erro moderado na
medição da radiação infravermelha. Quando o ângulo é maior que os 60° ocorrem grandes
erros na medição da radiação infravermelha [6,17]. Estas observações podem ser vistas na
Figura 2.9.
Medição da radiação infravermelha 19

Figura 2.9 - Variação da emissividade com o ângulo de visão [6].

2.4.2.2 - Variação da emissividade com a temperatura do objeto

Os metais têm uma emissividade total pouco elevada, que aumenta com o aumento da
temperatura do metal. Um aumento de temperatura corresponde à redução da condutividade
elétrica devido ao movimento térmico da estrutura molecular, que produz um aumento da
emissividade [15].

Figura 2.10 - Variação da emissividade com a temperatura (metais) [15].

Para materiais dielétricos, a emissividade total diminui com o aumento da temperatura,


uma vez que o índice de refração desse material aumenta com a temperatura. Na Figura
2.11, podemos ver a variação da emissividade de materiais como borracha (1), cerâmica (2),
cortiça (3), papel (4) e argila (5), em função da temperatura [15].
20 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Figura 2.11 - Variação da emissividade com a temperatura (dielétricos) [15].

2.4.2.3 - Variação da emissividade com a condição e forma de uma superfície

A emissividade depende consideravelmente do estado da superfície do material, como se


pode comprovar nos metais. O nível de oxidação de um metal faz variar a sua emissividade.
Quanto mais baixo for o nível de oxidação, mais baixa será a sua emissividade, como, por
exemplo, em metais polidos. Quando aumenta o nível de oxidação, também aumenta a
emissividade desse material [15].

Figura 2.12 - Variação da emissividade com a condição da superfície [15].

A geometria da superfície também influencia a quantidade de energia emitida por um


objeto. As alterações de forma de um objeto causam variações na emissividade. Formas
côncavas aumentam o valor da emissividade, enquanto formas convexas diminuem o valor da
emissividade. Sendo assim, cabos, tubos e veios emitem uma menor quantidade de energia na
zona exterior, pelo que as câmaras termográficas apresentam uma diferença de temperaturas
nas zonas exteriores, surgindo assim um erro de medição [2].
Cada vez que um feixe de luz é refletido, a sua intensidade é reduzida pela refletividade
de uma superfície. Se o feixe de luz for refletido N vezes, a intensidade resultante é:
Medição da radiação infravermelha 21

𝐼 = 𝐼0 ∗ 𝜌𝑁 (2.16)

onde 𝐼 é a intensidade da radiação incidente (𝑊 ∙ 𝑠𝑟 −1 ) e 𝐼0 é a intensidade da radiação


incidente inicial (𝑊 ∙ 𝑠𝑟 −1 ). Se existirem múltiplas reflexões, isso influenciará a intensidade
refletida. Por exemplo, se uma superfície for altamente refletiva, 𝜌 = 0,9, e o feixe de luz
for refletido 10 vezes, a intensidade diminui significativamente. Pelo contrário, a
emissividade aproxima-se da unidade.
Estes factos são usados para projetar fontes de calibração de corpos negros. Nos primeiros
projetos, usaram-se corpos em forma de cone para aumentar o número de reflexões.
Atualmente, as fontes de calibração têm uma superfície plana, que é pintada com uma tinta
com alta emissividade, produzindo uma superfície muito difusa [6].

2.4.2.4 - Técnica para determinação da emissividade de um objeto

Como decorre do que antes se disse, para se medir os valores reais da temperatura de um
objeto, o parâmetro mais importante a definir é o valor efetivo da emissividade do objeto. O
valor efetivo da emissividade pode ser determinado através de métodos simples. Em seguida
mostra-se, em pequenos, passos como determinar a emissividade de um objeto [12,13,14].

Passo 1. Determinar temperatura aparente refletida: apresentam-se dois métodos para


determinar a temperatura aparente refletida.

1. Método Direto: O primeiro passo é procurar fontes de reflexão possíveis,


considerando que o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. O segundo
passo será medir a intensidade da radiação (igual à temperatura aparente) da fonte
de radiação com as seguintes definições, 𝜀 = 1 𝑒 𝑑𝑜𝑏𝑗 = 0, usando-se um termómetro
pontual de infravermelhos.

Figura 2.13 - Fonte de reflexão (1) [12].


22 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Figura 2.14 - Medição da intensidade da radiação da fonte de reflexão [12].

2. Método Refletor: Usar uma folha de alumínio com superfície áspera, de modo a que a
reflexão seja difusa. Anexa-se a folha de alumínio a um pedaço de papelão do mesmo
tamanho. Coloca-se o pedaço de papelão à frente do objeto a medir, garantindo que
o lado com a folha de alumínio está virado para a câmara. Define-se ainda 𝜀 = 1.

Figura 2.15 - Metodo Refletor [12].

Passo 2. Determinação da emissividade: Apresentam-se os passos para a determinação da


emissividade.

1. Seleção do local para colocação da amostra;


2. Determinar e definir a temperatura aparente refletida de acordo com os
procedimentos anteriores. Se for escolhido o método direto, coloca-se um pedaço de
fita isolante com alta emissividade numa parte da amostra. Se for escolhido o método
refletor, usa-se a folha de alumínio;
Medição da radiação infravermelha 23

3. Aquecer a amostra pelo menos 20°𝐾 acima da temperatura ambiente. O aquecimento


deve ser uniforme;
4. Focar e ajustar a câmara, congelando a imagem;
5. Ajustar o nível e amplitude de brilho e contraste de imagem;
6. Definir a emissividade da fita isolante, normalmente 0,97, ou a emissividade da folha
de alumínio, normalmente 1;
7. Medir a temperatura da fita usando uma das seguintes funções de medição da câmara
• Isotherm: ajuda a determinar tanto a temperatura e como foi aquecida
uniformemente a amostra;
• Spot: simples;
• Box Avg: boa para as superfícies com emissividade variável;
8. Anotar a temperatura;
9. Medir a temperatura na superfície da amostra, sem fita isolante ou folha de alumínio,
com a mesma função usada anteriormente;
10. Alterar a emissividade da configuração até que a leitura da temperatura da superfície
da amostra seja igual à leitura da temperatura da superfície com a fita isoladora ou
com a folha de alumínio;
11. Anotar a emissividade.

2.4.2.5 - Tabela de emissividade

A importância da emissividade foi comprovada nos pontos anteriores. A maioria de


materiais não metálicos, superfícies pintadas e pele humana emitem energia de forma muito
eficiente. Outros materiais, tais como metais não pintados e polidos, são menos eficientes a
emitir energia. A emissividade da maioria dos materiais é conhecida, pelo que se organizou
um catálogo de emissividades, para facilitar a realização de todos os ensaios e inspeções
necessárias.
O catálogo está organizado com várias informações: tipo de material, condição do
material, temperatura ℃, espetro eletromagnético e emissividade. Todos os valores indicados
servem como referência, embora no caso de alguma das especificidades não se verificar a
emissividade deverá ser determinada com mais rigor através dos métodos descritos no ponto
2.4.2.4. O catálogo de emissividades é apresentado no Anexo A, tendo como fonte a consulta
da bibliografia apresentada [6,12,13,14], principalmente na informação fornecida por
empresas fornecedoras de câmaras termográficas. Na tabela 2.2 apresenta-se alguns
exemplos de diversos materiais.
24 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Tabela 2.2 - Valores típicos de emissividade para diferentes materiais.

Material Estado da superfície Espetro Temperatura ℃ Emissividade

Alumínio Anodizado, cinza claro, opaco SW 70 0,61


Alumínio Polido T 50 - 100 0,04 – 0,06
Tijolo Alvenaria SW 35 0,94
Ferro Fundido Oxidado T 38 0,63
Ferro Fundido Polido T 38 0,21
Cobre Polido, comercial T 27 0,03
Cobre Oxidado, profundamente T 20 0,78
Tinta Branca T 40 – 100 0,8 – 0,95
3 Cores, pulverizadas sobre
Tinta LW 70 0,92 – 0,94
alumínio
3 Cores, pulverizadas sobre
Tinta SW 70 0,50 – 0,53
alumínio
Plástico PVC, opaco, estruturado SW 70 0,94

2.4.3 - Influência atmosférica

Define-se atmosfera como o ambiente entre o objeto a medir e a câmara termográfica. A


atmosfera atenua ou reduz o sinal de infravermelhos devido à existência de diversos
componentes [2]. A transmissão atmosférica, a radiação emitida pelo sol, a temperatura
ambiente, o vento, a chuva e a humidade são fatores que podem afetar a distribuição térmica
dos componentes a inspecionar, bem como a radiação infravermelha que chega à câmara
termográfica [17].

4.3.3.1 - Transmissão atmosférica

A transmissão atmosférica varia em função da temperatura, da humidade relativa do ar e


da quantidade de partículas suspensas no ar (poeira, poluição, neblina e nevoeiro). A
atmosfera pode influenciar a radiação emitida pelos objetos por meio dos seguintes
fenómenos [6,17]:

• Absorção: provoca a atenuação da radiação e pode ser de dois tipos, molecular ou


por ação de aerossóis. Na absorção molecular, as moléculas dos gases presentes no
ambiente absorvem a energia de radiação, atenuando-a. Na absorção por ação de
Medição da radiação infravermelha 25

aerossóis, as partículas suspensas no ambiente absorvem e dispersam a energia da


radiação. A absorção molecular tem uma ação mais significante que a absorção por
ação de aerossóis.
• Dispersão: provoca uma redistribuição do fluxo incidente em todas as direções de
propagação, diminuindo o fluxo incidente na direção original. O efeito da dispersão
diminui quando o comprimento de onda da propagação da radiação aumenta.
• Emissão: a radiação emitida pela atmosfera soma-se à radiação emitida pelo
componente sob inspeção. No entanto considera-se desprezável, tal como é explicado
na introdução do ponto 2.4.
• Turbulência: causado por movimentos irregulares do ar. Este movimento provoca a
flutuação aleatória do índice de refração da atmosfera, resultando em imperfeições
nas imagens geradas pela câmara termográfica. No entanto como a distância entre o
objeto e a câmara não é significativa, este fenómeno é desprezável.

A atmosfera terrestre seca é constituída, em ordem decrescente de concentração (%


volume), pelos gases azoto (𝑁2 ), oxigénio (𝑂2 ), árgon (𝐴𝑟), néon (𝑁𝑒), hélio (𝐻𝑒), crípton
(𝐾𝑟), xénon (𝑋𝑒), hidrogénio (𝐻2 ) e protóxido de azoto (𝑁2 𝑂). Todos estes gases têm
tendência a ter uma concentração constante. Existem também os gases ozónio (𝑂3 ),
monóxido de carbono (𝐶𝑂), vapor de água (𝐻2 𝑂) e dióxido de carbono (𝐶𝑂2 ), cujas
concentrações são bastante variáveis [6,17].
Os gases vapor de água e dióxido de carbono têm um papel importante na transmissão da
radiação. O vapor de água está sujeito a grandes variações devido à sua dependência em
relação a fatores como altitude, estação do ano, localização geográfica, hora do dia e
condições meteorológicas. O dióxido de carbono existe em maiores concentrações em áreas
industriais e florestais, enquanto o monóxido de carbono é mais frequente em áreas urbanas
[6].
As caraterísticas de transmissão do ambiente entre o objeto a medir e a câmara
termográfica devem ser tomadas em conta nas medidas sem contacto. Para distâncias curtas,
a maioria dos gases absorvem muito pouca energia, como se pode ver na Figura 2.16. Para
distâncias maiores a absorção pode tornar-se um fator decisivo como se observa na Figura
2.17 [18].
26 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Figura 2.16 - Transmissão infravermelha (Distância = 0,3Km, Nível do mar) [18].

Figura 2.17 - Transmissão infravermelha (Distância = 1,8Km, Nível do mar) [17].

Da observação das duas figuras, identificam-se dois intervalos espetrais com percentagens
de transmissão muito altas, 1 − 5 𝜇𝑚 e 8 − 14 𝜇𝑚 [18].

4.3.3.2 – Fatores climáticos

A imagem térmica de um objeto depende das transferências de calor entre a superfície e


a sua envolvente. Por exemplo, a radiação solar que incide sobre os componentes e
equipamentos de uma subestação elétrica, que estejam ao ar livre, influencia a inspeção
termográfica. Os objetos que aquecem ao sol, como resultado da absorção da luz solar,
afetam consideravelmente a temperatura da sua superfície e o reflexo da luz solar pode levar
a leituras erradas da radiação infravermelha emitida por um objeto. Um objeto com
exposição prolongada à radiação solar, aumenta a sua temperatura e dificulta a distinção
entre defeito e funcionamento normal [14,17]. Outras fontes de calor são, por exemplo,
radiadores, lâmpadas fluorescentes, lâmpadas halogéneas, lâmpadas incandescentes, veículos
automóveis e equipamentos em funcionamento.
Medição da radiação infravermelha 27

A água pode afetar a radiação infravermelha emitida por um objeto de várias maneiras,
devido ao facto de poder existir no estado líquido, sólido e gasoso. A humidade é a
quantidade de vapor de água na atmosfera. Em ambientes com humidade muito alta e devido
à precipitação, à alta condutividade térmica da água e ao processo de evaporação, ajuda a
dissipar o calor produzido por um objeto. A dissipação do calor produzido por um objeto
resulta na redução da temperatura do objeto a inspecionar, dificultando a deteção, análise e
diagnóstico de um defeito [6].
Em inspeções termográficas realizadas em ambientes abertos, o vento tem influência nos
resultados obtidos. O vento é equivalente ao resfriamento por convecção forçada, ou seja,
um arrefecimento forçado proporciona um maior arrefecimento do objeto, aumentando
também o coeficiente de transferência de calor ℎ. À medida que aumenta a velocidade do
vento, desce a temperatura do objeto inspecionado, como é possível verificar na Figura 2.18
[6].

Figura 2.18 - Redução da Temperatura em função da velocidade do vento [6].

Analisando o gráfico da Figura 2.18 verifica-se que a um aumento da velocidade do vento


corresponde a uma diminuição da temperatura. Através de vários estudos, construíu-se uma
tabela com fatores de correção para determinar a temperatura real [2,6].
28 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Tabela 2.3 - Fator de correção devido à ação do vento.

Velocidade do vento Fator de


m/s correção
1 1,00
2 1,36
3 1,64
4 1,86
5 2,06
6 2,23
7 2,40
8 2,54

Um objeto que apresente um defeito, com uma velocidade do vento de 5 𝑚/𝑠, terá uma
temperatura real duas vezes maior.
As inspeções termográficas em ambientes abertos também devem ter em conta a
temperatura ambiente, especialmente nos extremos do verão e do inverno. Em dias quentes,
um aumento da temperatura ambiente pode resultar num aumento de temperatura do
objeto, aumentando a probabilidade de ocorrência de defeito. Em dias frios, a diminuição da
temperatura ambiente pode levar a um resfriamento do objeto e à não deteção de um
possível defeito [17].

2.4.4 - Exatidão da medição de temperatura

Tal como descrito em todo o ponto 2.4, a exatidão da medição da temperatura de um


objeto pode ser afetada por vários fatores. A emissividade, a reflexão, a influência
atmosférica e fatores climáticos são fatores a ter em conta antes da realização de um ensaio
termográfico. Por exemplo, se o objeto de ensaio for de um material com baixa emissividade,
pode-se alterar as caraterísticas da sua superfície com a aplicação de uma tinta com alta
emissividade [13].
Se não for possível eliminar os fatores que afetam a exatidão da medição da temperatura
de um objeto, deve-se referir num relatório final as condições do ensaio que se acharem
relevantes para se corrigir e minimizar possíveis erros de interpretação dos resultados [2,13].
A precisão dos instrumentos de teste infravermelhos modernos é bastante elevada. Ao ver
objetos com emissividade alta, com superfícies moderadamente quente dentro da resolução
Ensaios Termográficos: Análise Qualitativa e Quantitativa 29

de um sistema de medições, a precisão dos testes é geralmente 2%. Os seguintes fatores


podem ser esperados para reduzir a precisão da medição de temperatura [19]:

• Valores de emissividade abaixo de 0,6;


• Variações de temperatura de ±30℃;
• Condições ambientais não ótimas;
• Leitura feita para além da resolução do sistema (alvo muito pequeno ou muito
longe);
• Campo de visão.

2.5 - Ensaios Termográficos: Análise Qualitativa e Quantitativa

Como decorre dos pontos anteriores, a radiometria baseia-se na deteção da radiação


eletromagnética emitida pelos corpos, em função da sua temperatura absoluta. O radiómetro
é o equipamento eletrónico que converte a energia infravermelha emitida pela superfície de
um objeto num valor de temperatura [2].
Embora a gama do infravermelho seja entre 0,75 µ𝑚 𝑎 1000 µ𝑚, as câmaras de infra-
vermelhos, usadas no mercado, são fabricadas para trabalharem em duas gamas diferentes,
escolhendo-se a mais adequada para a aplicação em causa, [2,3,12,14]:

• Onda curta – 2 𝑎 5 µ𝑚 (SW)


• Onda larga - 8 𝑎 14 µ𝑚 (LW)

As câmaras de onda larga são mais usadas em medições de longa distância, de modo a
reduzir atenuações atmosféricas, e em medições exteriores, de modo a reduzir os reflexos
solares. Se o corpo a medir for um objeto com reflexo, aconselha-se o uso de uma câmara de
onda curta, de modo a reduzir os reflexos. Para medição de sistemas interiores podem ser
usadas câmaras dos dois tipos de onda [2].
A interpretação de uma imagem termográfica é um aspeto fundamental nos ensaios
termográficos. O objetivo do ensaio e a natureza do objeto em estudo determinam se a
análise deve ser qualitativa ou quantitativa [13].

2.5.1 - Análise Qualitativa

A análise qualitativa deve ser utilizada sempre que se pretende uma abordagem
superficial do problema, efetuando-se termogramas onde, apenas pela observação e sem
grandes detalhes de medição, se pode avaliar termicamente o objeto em estudo [20].
30 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Os termogramas, ou imagens termográficas, podem ser obtidos com emissividade


constante, uma vez que se pretende visualizar as diferenças de temperatura superficiais. A
interpretação pode ser feita no local do ensaio termográfico [13].
Apesar da simplificação inicial, os ensaios devem ser realizados por uma pessoa
qualificada e capaz de interpretar os resultados, para saber qual o tipo de imagem esperada
quando não existe nenhuma anomalia. Para evitar erros de interpretação, aconselha-se que,
sempre que possível, sejam efetuados termogramas para referência de zonas não afetadas do
objeto em estudo. Desde que as condições do ensaio e envolvente sejam idênticas, a
avaliação do termograma do objeto defeituoso pode ser feita por comparação com o
termograma de referência [2,20].

2.5.2 - Análise Quantitativa

Na análise quantitativa, são calculadas as temperaturas superficiais através de uma


imagem termográfica e parâmetros analíticos [20].
O ensaio termográfico requer mais detalhe e condições de ensaio mais rígidas, demorando
mais tempo, mas é mais eficaz que a análise qualitativa, uma vez que permite medir
temperaturas. Os resultados da análise quantitativa são gravados e anotam-se todos os
parâmetros que se considerem essenciais para análise posterior. Toda a informação recolhida
durante o ensaio é processada no software de análise, por exemplo o QuickReport da FLIR, e
posteriormente interpretada, realizando-se um relatório completo [2,13].
A câmara termográfica deve estar calibrada, uma vez que se pretendem valores reais da
temperatura do objeto em estudo. Os procedimentos de calibração devem ser feitos em
conformidade com o respetivo manual [14].

2.6 - Breve História da Termografia

A associação da ideia de temperatura de um objeto como quente ou frio é uma descrição


qualitativa. Quando dois objetos a diferentes temperaturas estão em contacto ocorrem trocas
de calor entre eles até ser atingido o equilíbrio térmico, durante o qual o valor da
temperatura é idêntico para os dois corpos. Um instrumento calibrado, como por exemplo,
um termómetro é usado para medir a temperatura de forma quantitativa. Em todos os
termómetros inventados até hoje foram utilizadas substâncias com uma determinada
propriedade que varia linearmente com a temperatura, sendo designada como meio
termométrico. O mercúrio é um elemento líquido que, para uma determinada gama de
temperaturas, se expande a uma taxa linear quando aquece e é de fácil calibração [13].
Breve História da Termografia 31

2.6.1 - Escalas de temperatura e Termómetros

Nos tempos mais remotos da história antiga, os antigos filósofos e médicos gregos
Hipócrates e Galeno fascinaram-se com o reconhecimento da relação entre o calor e a vida.
Hipócrates verificou que existiam variações de temperatura em diferentes zonas do corpo
humano considerando o aumento do calor humano em certa zona como principal diagnóstico
de doença localizada. Hipócrates apercebia-se de zonas quentes pelo tato, obtendo a
confirmação científica utilizando um método de cobertura de lama observando qual a zona
onde a lama endurecia primeiro [21].
Os antigos conceitos de calor corporal foram retomados pela descoberta e
desenvolvimento do primeiro termómetro de ar, em 1592, pelo astrónomo Galileu Galilei. O
termómetro de Galileu consiste numa coluna de vidro cheia de um líquido onde se encontram
imersos pequenos globos de vidro cheios do mesmo líquido. A densidade efetiva de cada globo
é ajustada usando diferentes quantidades de líquido. Deste modo quando a temperatura
ambiente é superior a um dado valor, apresentado numa pequena placa que pende do globo,
este flutua no cimo da coluna, caso contrário desce até ao fundo da coluna. Portanto pode
estimar-se a temperatura ambiente verificando qual a temperatura máxima indicada pelos
globos que flutuam junto ao cimo da coluna. Este instrumento rudimentar dava somente
indicações grosseiras das mudanças de temperatura, não havia escalas de medidas e era
influenciado pela pressão atmosférica [21].
Em 1641, foi desenvolvido por Ferdinand II, Grão-duque da Toscânia, o primeiro
termómetro selado utilizando álcool, com 50 divisões marcadas no tubo, mas sem um ponto
fixo que constituísse o zero da escala. Robert Hook, Curador da Royal Society, introduziu em
1644, um pigmento vermelho no álcool e definiu uma escala padrão onde cada divisão
representa um incremento de volume equivalente a cerca de 1/500 do volume do líquido do
termómetro e o ponto fixo adotado correspondia ao ponto de congelação da água [13].
Daniel Gabriel Fahrenheit propôs em 1724 o grau Fahrenheit (℉) como escala de
temperatura, usando o mercúrio como meio termométrico devido às suas vantagens:
expansão térmica acentuada e uniforme, não aderência ao vidro, estado líquido para uma
gama alargada de temperaturas e aparência prateada para uma fácil leitura. Para a
calibração da escala, Fahrenheit considerou como zero a posição obtida após colocar o
termómetro dentro de uma mistura de cloreto de sódio, gelo e água. O segundo ponto da
escala (posição 30) é a temperatura de uma mistura de gelo e água e o terceiro ponto da
escala (posição 96) é a temperatura de um homem saudável. O ponto de ebulição da água
corresponde à posição 212. Mais tarde o ponto de congelação da água foi ajustado para a
posição 32, de modo a que o intervalo entre os pontos de congelação e de ebulição fosse
representado por um número mais racional [13].
32 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Em 1742, um astrónomo sueco Anders Celsius apresentou uma escala de temperaturas à


qual a posição 100 correspondia ao ponto de congelação da água e a posição zero ao ponto de
ebulição da água, definindo 100 intervalos entre os dois pontos de referência. Em 1747,
Carolus Linnaeus estabeleceu a escala centígrada (100 partes), inversa da anterior, ou seja, o
ponto de congelação da água corresponde à posição 0 e o ponto de ebulição da água
corresponde à posição 100. Em 1948, o nome da escala centígrada foi substituída para escala
Celsius com unidade de grau Celsius (℃), para eliminar conflitos de uso do prefixo centi do
Sistema Internacional (SI), sendo mais tarde adotada como unidade SI. A escala Celsius atual
define como valores de referência 0,01 ℃ para o ponto de congelação da água e 99,975 ℃
para o ponto de ebulição da água. Existe uma fórmula de conversão de graus Celsius em graus
Fahrenheit: 𝑇(℉) = 1,8 × 𝑇(℃) + 32 [13].
A escala proposta por Fahrenheit foi utilizada principalmente por países colonizados pelos
britânicos, estando atualmente restringido a poucos países de língua inglesa, como os Estados
Unidos. A escala Celsius ganhou grande aceitação na Europa e atualmente é usada em quase
todo o mundo quotidianamente, principalmente em previsões do tempo [27].
Em 1787, o físico francês Jacques Alexandre César Charles, estudou as variações de
volume de amostras de alguns gases e de ar, causadas por variações de temperatura. Em
1802, o físico e químico francês Louis Joseph Gay-Lussac, definiu a lei de Charles que é uma
lei dos gases perfeitos: à pressão constante, o volume de uma quantidade constante de gás
aumenta proporcionalmente com a temperatura. Surgiu assim o termómetro de gás a volume
constante, uma vez que a sua pressão varia linearmente com a temperatura [13].
Experiências posteriores demonstraram ser possível definir, para os termómetros de gás,
uma escala de temperatura independente do meio termométrico, caso o gás utilizado
estivesse a baixa pressão. Nesta situação todos os gases comportam-se como “Gases Nobres”,
para os quais o produto da pressão pelo volume é diretamente proporcional à temperatura.
Surgiu assim uma nova escala de temperaturas designada por “Temperatura Termodinâmica”.
O zero adotado para esta escala corresponde ao ponto em que a pressão do gás nobre é nula
ou se anula a temperatura. O segundo ponto fixo definido foi o “ponto triplo” da água onde a
temperatura e a pressão nos três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso) coexistem em
equilíbrio termodinâmico correspondendo a 273,16 𝐾. A unidade de temperatura desta escala
é o Kelvin (K), em honra ao Lord William Thompson Kelvin, e existe uma fórmula de
conversão de graus Celsius em graus Kelvin: 𝑇(K) = 𝑇(℃) + 273,16 [13].
Thomas Johann Seebeck foi o físico responsável pela descoberta em 1821 do efeito
termoelétrico, ou seja, uma junção de metais distintos que produz uma tensão elétrica, cujo
potencial depende dos materiais que a compõem e da temperatura a que se encontra.
Conhecido como efeito Seebeck, explica o funcionamento do termopar. Em 1871, Sir William
Siemens, propôs um termómetro cujo meio termodinâmico era um condutor metálico, cuja
resistência varia com a temperatura, como por exemplo, os termómetros termoelétricos.
Breve História da Termografia 33

Atualmente para a medição de temperaturas tem vindo a ser utilizada a sensibilidade


magnética de substâncias paramagnéticas, cuja variação é inversa à temperatura [13].

2.6.2 - Radiação Infravermelha

A descoberta da radiação infravermelha foi feita acidentalmente, durante testes a novos


materiais óticos. Em 1800, Sir Frederick William Herschel, astrónomo real ao Rei George III da
Inglaterra, e já famoso pela descoberta do planeta Úrano, tentava descobrir materiais para
um filtro ótico de forma a reduzir o brilho da imagem do sol durante as observações em
telescópios solares. Embora o teste de diferentes amostras de vidros coloridos mostrarem
reduções semelhantes no brilho, Herschel ficou intrigado ao descobrir que enquanto em
algumas das amostras passou pouco calor do sol, noutras amostras passou tanto calor que
arriscou danos oculares após a observação durante alguns segundos [12].
Herschel começou a repetir as experiências do prisma de Newton, mas com um interesse
particular para o efeito de aquecimento. Para detetor de radiação usou o bulbo de um
termómetro de mercúrio enegrecido, começando a testar o efeito do aquecimento das várias
cores do espetro projetadas num alvo ao passar a luz solar por um prisma de vidro. À medida
que o termómetro enegrecido foi movido lentamente ao longo das cores do espetro, as
leituras de temperatura mostraram um aumento constante desde o violeta ao vermelho. A
temperatura medida no alvo imediatamente a seguir à cor vermelha do espetro, numa zona
sem luz solar aparente, era ainda mais elevada [12,13].
Após a observação dos resultados desta e outras experiencias, Herschel concluiu que as
radiações que se situam para além da luz vermelha, invisíveis ao olho humano, eram
responsáveis pelo aquecimento dos objetos, referindo-se a esta nova porção do espetro
eletromagnético como o espetro termométrico e à radiação como raios invisíveis. Foram
renomeados posteriormente por raios infravermelhos [12,13].
O uso de um prisma de vidro na experiência original levantou alguma controvérsia sobre a
existência real do infravermelho. Outros investigadores, na tentativa de confirmar o trabalho
de Herschel, utilizaram diferentes tipos de vidro com as suas respetivas transparências no
infravermelho. Através das suas experiências posteriores, Herschel estava ciente da
transparência limitada de vidro para a descoberta da radiação térmica e foi forçado a
concluir que a ótica para infravermelhos estaria limitada exclusivamente à utilização de
elementos reflexivos, ou seja, espelhos planos e curvos [12].
Em 1830, o investigador italiano Macedonio Melloni, descobriu que o sal (𝑁𝑎𝐶𝑙), estava
disponível em grande quantidade em cristais naturais usados em lentes e prismas, sendo
extremamente transparente para o infravermelho. O sal tornou-se o principal material ótico
de infravermelhos, permanecendo assim durante os cem anos seguintes, até a arte de
crescimento do cristal sintético ser dominado em 1930 [12].
34 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

Em 1829, o investigador italiano Leopoldo Nobili inventou o termopar. Melloni ligando em


série vários termopares formou a termopilha. Este novo dispositivo era 40 vezes mais sensível
que o melhor termómetro da altura para a deteção de radiação de calor [12,13].
A primeira “imagem de calor” tornou-se possível em 1840 devido ao trabalho de Sir John
Frederick William Herschel, filho de Sir Frederick William Herschel, um pioneiro no campo da
fotografia. Com base na evaporação diferencial de uma fina película de óleo quando exposta
a um padrão de calor, a imagem térmica pode ser vista por luz refletida onde os efeitos da
interferência da película de óleo possibilitam que a imagem seja visível ao olho humano. John
Herschel também conseguiu obter um registo primitivo da imagem térmica em papel,
designando-a por termograma [6,12,21].
As fontes de calor naturais e artificiais começavam a despertar algum interesse junto dos
estudiosos, filósofos e investigadores. A termografia é uma técnica que surge bastante mais
tarde, mas que têm em conta toda a investigação realizada. Em 1884, Boltzmann mostrou
como a lei empírica do corpo negro de Josef Stefan, formulada em 1879, poderia ser derivada
dos princípios físicos termodinâmicos. A Lei de Stephan-Boltzmann está descrita no ponto
2.1.3.1. Consequentemente, Boltzmann foi chamado o pai da termografia infravermelha [1].
Em 1880, o físico norte-americano Samuel Pierpont Langley, inventou o bolómetro. O
aparelho consiste numa tira fina de platina enegrecida ligada a um braço do circuito elétrico
de uma ponte de Wheatstone sobre a qual a radiação infravermelha foi focalizada e para a
qual um galvanómetro sensível responde, sendo capaz de detetar radiação de um corpo a uma
distancia superior a 400 metros [12,22].
Um cientista escocês Sir James Dewar introduziu pela primeira vez o uso de gases
liquefeitos como agentes de refrigeração (nitrogénio líquido a uma temperatura de −196℃)
em pesquisas de baixa temperatura. Em 1892 ele inventou um recipiente isolado a vácuo
sendo possível armazenar gases liquefeitos por dias inteiros. Os termos
usados para armazenar bebidas quentes e frias são baseados na sua invenção. Esta inovação
seria usada anos mais tarde para a refrigeração de detetores presentes nas câmaras
termográficas [12,17].
Em 1900, Max Karl Ernst Ludwig Planck descobriu a lei da radiação térmica mais
conhecida por Lei de Planck que descreve a distribuição espetral da radiação de um corpo
negro, tal como explicado no ponto 2.1.3.2. Em 1905, Albert Einstein descreveu a luz como
constituída por quantuns discretos, mais conhecidos por fotões, ao contrário de ondas
contínuas. Baseado na Lei de Planck, a teoria de Einstein diz a energia de cada quantum de
luz é igual à sua frequência multiplicada por uma constante, mais tarde chamada constante
de Planck. Um fotão absorvido pela matéria, acima de um limiar de frequência tem a energia
necessária para que um eletrão seja emitido a partir da matéria, criando o efeito
fotoelétrico. Esta descoberta levou à revolução na física quântica e Einstein ganhou o Prémio
Nobel de Física em 1921 [22,23,24].
Breve História da Termografia 35

Entre os anos de 1900 e 1920, muitas patentes foram emitidas para os dispositivos de
deteção de pessoal, aeronaves, artilharia, navios e até mesmo os icebergs. A primeira
patente de um pirómetro ótico surge em 1899, por parte de Morse. Holborn e Kurlbaum,
aparentemente sem saber da sua existência, desenvolveram um aparelho similar dois anos
mais tarde, em 1901. Em 1913, L. Bellingham apresentou um método para detetar a presença
de icebergs e navios a vapor usando um espelho e uma termopilha. O seu termómetro de
infravermelhos apresenta melhorias em relação ao pirómetro ótico sendo possível detetar
objetos com temperatura inferior à temperatura ambiente [1,12].
O avanço da tecnologia nestas décadas alterou a natureza da deteção, com o detetor de
infravermelhos ou o sistema detetor agindo como transdutor, ou seja, deixou de ser criado
um sinal eletrónico devido ao efeito da radiação térmica e passou a ocorrer uma conversão
direta da radiação em sinais elétricos. Os detetores de infravermelho podem ser separados
em dois grupos: os detetores de fotões e detetores térmicos. Nos detetores de fotões, a
transdução é uma etapa única que leva a mudanças de concentração ou da mobilidade dos
portadores de carga livres no elemento detetor após a absorção de fotões da radiação
infravermelha. Se a radiação incidente gerar portadores de carga não equilibrados, a
resistência elétrica do elemento detetor é alterado (fotocondutores) ou é gerada uma
fotocorrente adicional (fotodíodos). Os detetores térmicos a transdução engloba duas etapas.
Primeiro, a radiação incidente é absorvida para mudar a temperatura de um material e em
seguida a saída elétrica do sensor térmico é produzida pela mudança das propriedades físicas
de um material (bolómetro) [13,23].
Os primeiros sistemas operacionais, no sentido moderno, começaram a ser desenvolvidos
durante a 1ª Guerra Mundial (1914-18), quando ambos os lados tinham programas de
investigação dedicados à exploração militar do infravermelho. Estes programas incluíam
sistemas experimentais de deteção de intrusão do inimigo, deteção remota de temperatura,
comunicações seguras e orientação de torpedos. Um sistema de infravermelhos testado
durante este período foi capaz de detetar um avião a uma distância de 1,5 km ou uma pessoa
mais de 300 metros de distância [12,17,25].
Os sistemas mais sensíveis da época eram baseados em variações do bolómetro, mas no
período entre as duas Guerras Mundiais desenvolveram-se novos e revolucionários detetores
de infravermelhos: o conversor de imagem e o detetor de fotões. Em 1917, Theodore Willard
Case desenvolveu o primeiro fotodetector, dispositivo baseado na interação direta entre os
fotões da radiação incidente com os eletrões do material (sulfureto de tálio) e cuja
sensibilidade e tempo de resposta eram superiores às do bolómetro. O conversor de imagem
permitia ao observador “ver no escuro”, mas tinha a desvantagem da sensibilidade do
conversor de imagem ser limitada aos comprimentos de onda do infravermelho próximo, e os
alvos militares mais interessantes terem que de ser iluminados por raios infravermelhos de
busca envolvendo o risco de denúncia de posição [12,17,22,25].
36 Tecnicas termográficas e seus fundamentos

No período da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), tanques alemães durante a invasão da


Rússia foram equipados com Sistemas de Visão Noturna. A resposta dos aliados foi a
elaboração e o desenvolvimento do sistema FLIR - Foward Looking Infra Red (visão dianteira
por infravermelho), utilizada pelo exército americano para localização dos inimigos. O
emprego do sistema não se limitou à localização de tropas, abrangendo também o
desenvolvimento de armamento com detetores de calor [26].
Entre 1930 e 1960, foram desenvolvidos diversos detetores de infravermelhos com
diferentes comprimentos de onda conforme o material utilizado no seu fabrico: Sulfureto de
Chumbo (𝑃𝑏𝑆) sensível na banda de 1,5 𝑎 3 𝜇𝑚, Antimónio de Índio (𝐼𝑛𝑆𝑏) sensível na banda
de 3 𝑎 5 𝜇𝑚 e Mercúrio-Cádmio-Telúrio (𝐻𝑔𝑇𝑒𝐶𝑑) sensível na banda de 8 𝑎 14 𝜇𝑚. Todos estes
detetores funcionavam através de sistemas de varrimento ótico-mecânicos com necessidade
de refrigeração criogénica [13].
Em 1946, surgiu o primeiro scanner de linha, ou seja, um detetor de infravermelho que
mostrava o perfil de temperatura ao longo de uma linha com possibilidade de formar uma
imagem bidimensional necessitando do movimento relativo do objeto sob inspeção. A imagem
bidimensional demorava uma hora a ser produzida. Em 1954, com a inclusão de um sistema de
sistema de varrimento ótico-mecânico ou eletrónico, o equipamento formava diretamente a
imagem em 45 minutos. Os primeiros sistemas de imagem térmica eram pesados, lentos a
adquirir dados e com muito fraca resolução, sendo usados sobretudo em aplicações industriais
[6,19,26].
Na década de 1970, o desenvolvimento de aplicações militares, permitiu construir os
primeiros sistemas de imagem térmica portáteis, usados sobretudo nos diagnósticos de
edifícios e em testes não destrutivos de materiais. Estes sistemas de imagem térmica eram
resistentes e fiáveis, mas continuavam com fraca qualidade de imagem [19, 22].
A partir de 1980, a imagem térmica começou a ser largamente usada para fins médicos,
nas principais industrias e em inspeções de edifícios. O desenvolvimento de refrigeradores de
imagem térmica fiáveis, para substituir, o gás comprimido ou liquifeito para arrefecer os
sistemas térmicos permitiu o aparecimento da 2ª geração das câmaras termográficas. O
desenvolvimento da piroeletricidade e do tubo de raios catódicos, levou ao aparecimento de
sistemas térmicos mais leves, portáveis, sem necessidade de arrefecimento e mais baratos.
Contudo continuavam a ser sistemas não radiométricos [19,22,23].
Foi com o aparecimento de um novo dispositivo, o focal-plane array (FPA), que foi
possível o enorme desenvolvimento verificado nos sistemas de imagem térmica, aumentando
a qualidade de imagem e a resolução espacial. O FPA é um dispositivo de sensoriamento de
imagens que consiste num array (tipicamente retangular) de detectores de infravermelhos
num plano focal de uma lente. Os arrays típicos podem ir de 16 × 16 pixeis até 640 × 480
pixeis [19].
Síntese 37

A partir do ano 2000, com o desenvolvimento de novos detetores e da tecnologia dos FPA,
apareceram a 3ª geração das câmaras termográficas, podendo já operar para ondas largas e
ondas médias. O preço de produção das câmaras termográficas foi descendo drasticamente
com o aumento da qualidade, levando a um crescimento exponencial como industria própria.
O desenvolvimento da ciência computacional levou ao aparecimento de software para análise
das imagens radiométricas e elaboração de relatórios [19].

Figura 2.19 – Desenvolvimento dos detectores de infravermelhos ao longo dos anos [22].

2.7 - Síntese

Ao longo deste capítulo fez-se uma descrição pormenorizada dos fundamentos das
técnicas termográficas. Descreveu-se os fenómenos de transferência de calor, com a
explicação das leis que regem este fenómeno. Em relação à radiação infravermelha, explicou-
se todas as suas características e descreveu-se todos os fatores de influência na medição da
mesma. Conclui-se que a emissividade é um fator preponderante para a exatidão da medição
da radiação infravermelha.
Por fim, contou-se uma breve história sobre a termografia, monstrando a desenvolvimento
da medição da temperatura ao longo dos tempos. No capítulo seguinte está uma descrição de
algumas aplicações das técnicas termográficas.
38 Tecnicas termográficas e seus fundamentos
Capítulo 3

Técnicas termográficas e suas aplicações

O desenvolvimento tecnológico das últimas décadas levou ao aparecimento de vários


equipamentos usados nas mais diversas áreas. Esses equipamentos fazem uso de todas as
gamas espetrais do espetro eletromagnético, tais como equipamentos de esterilização (raios
gama), raios X para auxílio de diagnóstico médico, lâmpadas de “luz negra” (radiação
ultravioleta), forno de micro-ondas, redes sem fio bluetooth e WIFI (micro-ondas), estações
de radiodifusão, serviços de comunicação aérea ou marítima (ondas rádio).

Figura 3.1 - Termograma com escala de cores.


40 Técnicas termográficas e suas aplicações

Todos os objetos com uma temperatura superior ao zero absoluto podem ser vistos às
escuras através de câmaras termográficas, uma vez que emitem radiações infravermelhas,
como dito no capítulo anterior. Quanto maior for a temperatura do objeto, maior será a
quantidade de radiação infravermelha por ele emitida, como também se esclareceu ncapítulo
anterior. Os infravermelhos podem ser representados de forma visível através de
termogramas, onde as diferentes temperaturas da superfície do objeto são apresentadas com
diferentes cores, numa escala escolhida pelo utilizador.
Esta tecnologia, inicialmente usada para fins militares especializados, tem evoluído
através do seu desenvolvimento e aperfeiçoamento. Na atualidade, o uso dos infravermelhos
é feito na ciência, na tecnologia, na segurança e vigilância, na construção civil, em sistemas
mecânicos, em sistemas de fluidos e vapor, instalações elétricas e energias renováveis. O
comando da televisão, leitor de CD-ROM, o leitor de códigos de barras, sistemas de fecho e
abertura dos automóveis e sistema de segurança de edifícios são exemplos onde esta
tecnologia é usada por qualquer pessoa no seu dia a dia. As vantagens da tecnologia de
infravermelhos, descritas na introdução do Capítulo 2, permitem o seu uso generalizado para
a melhoria do nível de vida das populações.

3.1 - Aplicação na Ciência

A aplicação da termografia na ciência tem vindo a aumentar significativamente em


diversas áreas. Medicina, medicina veterinária, arqueologia, geologia, meteorologia,
oceanografia são algumas das áreas onde a aplicação do método de termografia tem sido
usado como instrumento de trabalho.
A Deteção Remota é um processo através do qual a energia eletromagnética emitida ou
refletida por uma superfície é captada e medida por um instrumento (sensor) que não está
em contacto direto com essa superfície. Uma vez que as propriedades e o estado de
determinada superfície influenciam as caraterísticas e a quantidade da energia que é emitida
ou refletida, a medição e a análise desta última pode fornecer informação preciosa sobre a
superfície que se pretende estudar. Se considerarmos que o objeto de estudo pode ser por
exemplo a superfície terrestre, a atmosfera, ou os oceanos, facilmente se compreende que a
Deteção Remota representa uma poderosa ferramenta de conhecimento sobre o nosso planeta
[10].
Aplicação na Ciência 41

3.1.1 - Medicina

A temperatura do corpo humano tem sido amplamente utilizada como um indicador de


doença desde a antiguidade. A temperatura corporal é uma consequência da energia térmica
produzida continuadamente pelo metabolismo. O princípio da regulação térmica é que deve
existir um equilíbrio entre o calor produzido dentro dos tecidos do corpo e o calor perdido
para o meio ambiente. A uniformidade da temperatura num corpo saudável é perturbada no
caso de existência de uma doença, mudanças genéticas ou mudanças fisiológicas. Os níveis de
temperatura e a sua mudança ao longo de um período de tempo podem caracterizar
patologias específicas [27].
A termografia é apropriada para o diagnóstico, como ferramenta auxiliar para a
determinação do tipo de desordem funcional, da localização, do grau de desenvolvimento e
do prognóstico do tratamento. O uso da termografia facilita a avaliação do caso em estudo e
a determinação do tratamento mais eficaz [13]. Como a pele humana tem um nível de
emissividade muito alto, recomenda-se o uso de câmaras termográficas com sensibilidade às
ondas eletromagnéticas emitidas na faixa 8 𝑎 14 µ𝑚 (LW) e que detetem variações de
temperatura, de pelo menos 0,08℃ [22].
Os avanços na evolução tecnológica dos sensores infravermelhos, no processamento de
imagem e desenvolvimento de algoritmos inteligentes permitem novos métodos de pesquisa e
protocolos diagnósticos na imagiologia, resolvendo a insuficiência da antiga termografia.
Estes avanços tecnológicos levaram ao aumento de programas de investigação patrocinados
pelos governos da Europa, Estados Unidos da América e Japão. As principais aplicações da
termografia na medicina são nos campos da oncologia (cancro da pele, cancro da mama,
tiroide), dor, doenças vasculares (diabetes, trombose venosa profunda), artrite, reumatismo,
viabilidade tissular (queimaduras, transplantes, enxertos), cirurgias e doenças neuro -
musculares esqueléticas [27].
Com o aumento da eficácia das câmaras termográficas, os investigadores acreditam que
os exames infravermelhos poderiam ser um complemento à mamografia, mais simples e
menos dispendioso, relativamente à biopsia numa deteção precoce. Outra aplicação
promissora dos exames infravermelhos é na determinação de risco de cancro [27].
A termografia é usada na investigação do Síndrome de Dor Regional Complexa (CRPS). O
CRPS assemelha-se a uma reação inflamatória, desenvolvendo um evento traumático, como
um ferimento, fratura ou trauma. O CRPS é acompanhado por, entre outras coisas, em
alterações demonstráveis do fornecimento de sangue para a pele, resultando em alterações
na pele, edemas, mobilidade reduzida e contínua dor [22].
O uso de imagens infravermelhas durante procedimentos cirúrgicos, nomeadamente na
avaliação da microcirculação de órgãos e tecidos. O fluxo de sangue, que através de perfusão
é introduzido num órgão, é determinado pela temperatura [27].
42 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.2 - Deteção de cancro da mama [27].

Figura 3.3 - Zonas de Dor [28].

Figura 3.4 - Procedimentos Cirúrgicos [27].


Aplicação na Ciência 43

Investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e da


Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) apresentaram
recentemente um estudo que, através da captação de imagem biomédica, com recurso a uma
câmara termográfica, avalia alterações ao nível dos músculos posturais e dos músculos da
mastigação do complexo crânio-cérvico-mandibular em músicos de orquestra. Trata-se de
uma investigação que vem contribuir no diagnóstico de lesões músculo – esquelécticas.

Figura 3.5 - Lesão músculo – esquelécticas [27].

Uma área onde a termografia teve uma enorme divulgação foi na utilização de câmaras
termográficas nos aeroportos, para deteção do vírus da gripe. Nos últimos anos o
aparecimento de pandemias de gripe das aves (H5N1) e gripe A (H1N1), provocou algum
pánico nas populações mundiais, levando os aeroportos a aumentar os níveis de alerta em
relação aos vírus da gripe. O local mais prático do corpo humano para deteção do vírus da
gripe, dando um resultado mais confiável, é no canto dos olhos onde o ducto lacrimal vem à
tona [29].

Figura 3.6 - Deteção de gripe [29].


44 Técnicas termográficas e suas aplicações

3.1.2 - Medicina Veterinária

O uso da termografia em medicina veterinária possibilita aos veterinários uma ferramenta


de diagnóstico sem contacto, reduzindo o stress do animal durante o exame médico. É usado
frequentemente nos estudos em populações de animais no estado selvagem, de espécies de
grande porte ou notívagas [13].
As modificações de temperatura de certas zonas do organismo estão diretamente ligadas á
irrigação sanguínea. Um tecido lesionado está mais fortemente irrigado do que o normal
porque necessita de uma maior quantidade de glóbulos brancos, de forma a controlar a lesão.
Um ponto com maior temperatura indica uma inflamação com consequente afluxo de sangue,
enquanto um ponto mais frio indica um edema, trombose ou a existência de tecido
cicatrizado. Em termografia procuram-se assimetrias, ou seja, em condições normais as
imagens dos dois membros são idênticas. Uma alteração de 1º𝐶 em 25% da área observada é
considerada como um caso patológico. Normalmente os tendões e articulações apresentam
alterações de temperatura cerca de duas semanas antes de aparecer uma claudicação.
Problemas no dorso, abcessos do casco, tendinites, lesões nervosas, musculares, atrofias
musculares, são tudo lesões bem visíveis quando se utiliza a termografia como ferramenta de
diagnóstico. Cavalos de grande valor fazem regularmente exames termográficos como medida
de prevenção, antes de competições importantes [30].

Figura 3.7 - Deteção de lesões em cavalos [30].

Em medicina veterinária, os aparelhos estão graduados para detetar variações de


0,5 ℃ 𝑎 1℃ e recomenda-se que se deixe o animal aclimatizar-se durante 15 a 20 minutos à
temperatura ambiente do local onde se realiza o exame. As câmaras termográficas já são
usadas em larga escala, desde os Jogos Olímpicos de Atlanta [30]. A termografia pode ser
usada em todos os tipos de animais, fazendo-se uma prevenção precoce de lesões e doenças.
Aplicação na Ciência 45

3.1.3 - Astronomia

A existência de regiões no espaço envoltas em gases e poeiras muito densas desaconselha


a utilização dos telescópios óticos. A radiação infravermelha, com maior comprimento de
onda consegue atravessar as regiões referidas sem sofrer dissipação, pelo que passou a ser
possível conhecer e estudar, por exemplo, a região central da Via Láctea [13].
O Infrared Astronomical Satellite (IRAS) foi lançado em 1983 e digitalizou mais de 96% do
céu em quatro bandas do infravermelho centrado em 12, 25, 60 𝑒 100 𝜇𝑚. O IRAS aumentou o
número de fontes astronómicas catalogadas em 50%, detectando cerca de 250000 fontes de
infravermelho. O Telescópio Espacial Spitzer, lançado em Agosto de 2003, tem como missão
obter imagens e espetros, detetando a energia infravermelha irradiada por objetos no espaço
entre os comprimentos de onda de 3 𝑒 180 𝜇𝑚 [31].

Figura 3.8 - Galáxia Maffei2 [31].

Na Figura 2.26, podemos ver uma imagem termográfica de uma galáxia cujos 99,5% da
sua luz vísivel era bloqueada por uma nuvem de poeiras na região central da Via Láctea.
Quando existem grandes quantidades de poeiras e gás, ocorrem explosões de formações de
estrelas, sendo dirigidas para o centro da galáxia, muitas vezes por interações gravitacionais
que criam estruturas em espiral [31].
46 Técnicas termográficas e suas aplicações

3.1.4 - Arqueologia

O espetro da luz solar refletida pela superfície da Terra contém informações sobre a
composição da superfície e pode revelar traços do passado atividades humanas, como, por
exemplo, a agricultura. Todos os tipos de rocha têm temperaturas distintas, por isso emitem
calor em diferentes taxas. Diferenças na textura do solo são reveladas pelas variações de
temperatura fracionárias sendo possível identificar terra solta, onde existiram campos
agrícolas pré-históricos. A calçada Maya foi detetada através das emissões de radiação
infravermelha de comprimento de onda diferente da vegetação circundante. As versões mais
avançadas de câmaras termográficas podem detetar valas de irrigação preenchidas com
sedimentos, retendo mais humidade e apresentando uma temperatura diferente de outro
solo. O terreno acima de um muro de pedra enterrada, por exemplo, pode apresentar
temperaturas mais quentes que o terreno circundante, porque a pedra absorve mais calor.
Um radar pode penetrar a escuridão, a cobertura de nuvens, a copa de mata fechada, e até
mesmo o chão [32].
A Deteção Remota pode ser uma técnica de descoberta, uma vez que se pode procurar
radiações de energia emitida distintas em locais conhecidos ou em áreas onde as pesquisas
nunca foi realizada. As imagens termográficas servem como recursos de reconhecimento ou
impressões digitais. Caraterísticas como a altitude, a distância da água, a distância entre os
locais ou cidades, caminhos e rotas de transporte podem ajudar a prever a localização de
potenciais sítios arqueológicos [32].

Figura 3.9 - Estrada Arqueológica [32].


Aplicação na Ciência 47

3.1.5 - Geologia

A geologia envolve o estudo de formas de relevo, estruturas e do subsolo, para entender


os processos físicos da criação e da modificação da crosta terrestre. Normalmente está ligada
à prospeção e exploração de recursos minerais e de hidrocarbonetos, geralmente para
melhorar as condições e a qualidade de vida na sociedade, tais como, o petróleo, o carvão,
metais variados e calcário. A Geologia também inclui o estudo de riscos potenciais, como
vulcões, deslizamentos de terras e terramotos, constituindo um fator crítico para estudos
geotécnicos relativos à construção e engenharia.
A Deteção Remota é utilizada como uma ferramenta para extrair informações sobre a
estrutura, a composição ou subsolos da superfície da terra, muitas vezes combinada com
outras fontes de dados fornecendo medidas complementares. Um radar fornece uma
expressão topográfica de superfície e a sua rugosidade sendo extremamente valioso,
principalmente quando integrado com outra fonte de dados para prestar informações
detalhadas.
Um mapeamento estrutural consiste na identificação e caracterização da expressão
estrutural, incluindo falhas, dobras sinclinais e anticlinais e alinhamentos. A compreensão das
estruturas é importante para a interpretação os movimentos da crosta terrestre que deram
forma ao terreno atual. As estruturas podem indicar os potenciais locais de petróleo e gás,
por exemplo [10].

Figura 3.10 - Imagem termográfica geológica [10].


48 Técnicas termográficas e suas aplicações

3.1.6 - Monitorização da cobertura do solo

O mapeamento da cobertura do solo serve como base para um inventário dos recursos da
terra, interessando aos governos, aos órgãos ambientais e ao setor privado, em todo o mundo.
De âmbito regional ou local, a Deteção Remota oferece um meio de aquisição e apresentação
da cobertura da terra de dados em tempo útil. A cobertura da terra inclui tudo, desde tipo de
culturas, gelo e neve, os principais ecossistemas, incluindo floresta de coníferas, floresta e
terra árida [10].
O mapeamento regional da cobertura do solo é realizado por qualquer um que esteja
interessado em obter um inventário dos recursos da terra, para ser usado como um mapa de
base para a futura monitorização e o uso da terra. Os programas são realizados em todo o
mundo para observar as condições das culturas regionais, bem como investigar as alterações
climáticas a nível regional através da monitorização dos ecossistemas. O mapeamento da
biomassa fornece estimativas quantificáveis de cobertura vegetal, e as informações biofísicas,
tais como o índice de área de folhagem, a produtividade primária líquida e a acumulação
total de biomassa. Estas medições são parâmetros importantes para medir a saúde das
florestas [10].

Figura 3.11 - Monitorização da cobertura do solo [10].


Aplicação na Ciência 49

3.1.7 - Oceanografia

Os oceanos não só fornecem alimento e valiosos recursos biofísicos, como também servem
de rotas de transporte, são de importância crucial na formação do sistema climático, no
tempo de armazenamento de dióxido de carbono (𝐶𝑂2 ) e são um elemento importante no
equilíbrio hidrológico da Terra.
Compreender a dinâmica oceânica é importante para a avaliação de recursos pesqueiros,
rotas de navios, a previsão de circulação global em consequência de fenómenos como o El
Niño. A previsão e acompanhamento de tempestades são muito importante de modo a reduzir
o impacto do desastre na navegação marítima, exploração offshore, e a consolidação
costeira. Estudos sobre a dinâmica oceânica incluem o vento, a recuperação de onda
(direção, velocidade, altura), a identificação de sistema de tempo em mesoescala, o estudo
da profundidade subaquática de lagos ou oceanos, temperatura da água, e a produtividade do
oceano [10].
O Litoral é uma zona costeira sensível ao ambiente entre o mar e a terra e responde às
mudanças trazidas pelo desenvolvimento económico às e mudanças no uso da terra.
Frequentemente o litoral é biologicamente diverso em certas zonas, e também pode ser
altamente urbanizadas. Mais de 60% da população mundial vive perto do mar, logo a zona
costeira é uma região sujeita ao aumento de stress da atividade humana.
As agências governamentais envolvidas com o impacto das atividades humanas nessas
regiões precisam de novas fontes de dados com as quais podem acompanhar
alterações diversas como a erosão costeira, perda de habitat natural, a urbanização,
efluentes e poluição no mar. Muitas das dinâmicas do oceano aberto e as mudanças na região
costeira podem ser mapeados e monitorizados utilizando técnicas de deteção remota. As
aplicações de deteção remota no Oceano são as seguintes [10]:

• Identificação de padrões do Oceano: correntes, padrões de circulação regional,


zonas frontais, ondas internas, ondas de gravidade, remoinhos, zonas de
afloramento de águas rasas;
• Previsão de tempestade: vento e onda de recuperação;
• Stock de peixe e de avaliação de mamíferos marinhos: monitorização da
temperatura da água, qualidade da água, produtividade do oceano e a
concentração de fitoplâncton e inventário e monitorização da aquicultura;
• Derramamento de óleo: mapeamento e extensão do derramamento,
derramamento de óleo em decisões de emergência e identificação de áreas de
infiltração natural de petróleo para a exploração;
• Frete: rotas de navegação, estudos de tráfego, operações de vigilância da pesca,
mapeamento da profundidade perto da costa.
50 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.12 - Monitorização dos oceanos [10].

3.1.8 - Meteorologia

A medição da temperatura é fundamental no estudo e previsão do tempo. Satélites de


infravermelhos são utilizados para monitorizar o tempo na Terra, através da medição da
temperatura das nuvens e da altitude a que se situam do solo. Os mapas usados nos
programas televisivos são mapas de infravermelhos. Os satélites de infravermelhos também
são utilizados para estudo de ciclones e tornados, sendo detetada a sua formação durante a
noite. O uso dos satélites infravermelhos facilita a compreensão das transferências de energia
entre o Sol e a Terra, fator que condiciona as condições climatéricas [13].

Figura 3.13 - Mapa Meteorológico [10].


Aplicação em Segurança e Vigilância 51

3.2 - Aplicação em Segurança e Vigilância

Os desenvolvimentos verificados pelos sensores infravermelhos devem-se em grande parte


à sua utilização nas áreas militares e policiais, principalmente após a 2ª Guerra Mundial, para
deslocação do utilizador ou então para deteção de um alvo. As aplicações militares nos dias
de hoje são mais variadas e atualmente a termografia é usada em áreas de busca e
salvamento, combate de incêndios e navegação.

3.2.1 - Militar

A utilização inicial para fins militares, após a 2ª Guerra Mundial, foi a deslocação de
forças militares durante a noite. Em aplicações militares, as câmaras de infravermelho são
fixadas em armas, tanques, helicópteros e vários tipos de equipamento militar para efeitos de
digitalização do campo de batalha e de fácil deteção e infiltração de alvos durante a noite.
Com o desenvolvimento dos sensores infravermelhos, a termografia é agora usada para
localização de alvos, recolha de informações em terreno inimigo, sistemas de deteção de
minas terrestres e prevenção de ataques, quer aéreos, quer terrestre [6].

Figura 3.14 - Aplicações Militares [2,6].

O uso da termografia por parte da Marinha é bastante diversificado. A termografia é usada


para patrulha das vias navegáveis para ajudar a garantir que estes canais marítimos são
seguros, além de ser uma ferramenta muito utilizada na manutenção dos submarinos e navios.
Devido aos longos percursos efetuados, muitas vezes com alteração das condições de
operação (climatéricas, carga), as reparações tem que ser da maior eficácia possível, de
forma a não comprometer uma navegação segura [6].
52 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.15 - Fiscalização de canais marítimos [20].

Figura 3.16 - Inspeção de um Navio [2].

A aplicação dos desenvolvimentos tecnológicos em instrumentos de defesa é


inquestionável em todas as áreas de aplicação do Poder Aéreo. Na procura de soluções que
reduzam os riscos de perda de recursos de alto valor, a Ciência tem vindo a aplicar os
conhecimentos em tecnologias que potenciam, sem diminuição da eficácia, a consecução dos
objetivos militares e políticos superiormente definidos, através de soluções menos onerosas,
de que o uso de aeronaves não - tripuladas parece constituir uma das opções mais aplicadas.
Desde a Guerra do Vietname que os Estados Unidos já utilizaram veículos aéreos não –
tripulado, mais conhecidos por UAV, para missões de reconhecimento, vigilância e
informações sendo, no entanto, a tecnologia neles envolvida ainda bastante embrionária
quando comparada com os padrões atuais. De facto, não tem cessado de aumentar, desde
então, a contribuição destes sistemas no contexto de operações militares, quanto ao número
de saídas, horas de voo acumuladas e tipos de missões desempenhadas.
Aplicação em Segurança e Vigilância 53

De acordo com o Unmanned Aircraft Systems Roadmap 2007-2032 do Departamento de


Defesa dos Estados Unidos da América, os veículos aéreos autónomos não tripulados
classificam-se em seis categorias que vão do nível 0 ao nível 5, caracterizando-se cada nível
pela velocidade máxima da plataforma, peso e altitude máxima de operação.
É notório o esforço que várias Forças Armadas Europeias estão a fazer no sentido de se
equiparem com sistemas desta natureza. Em Portugal encontra-se em desenvolvimento o
Programa de Investigação e Tecnologia em Veículos Aéreos Autónomos Não Tripulados
(PITVANT) da Academia da Força Aérea com a colaboração da FEUP, uma vez que esta Escola
dispõe de knowhow tecnológico e experiência operacional reconhecidos no âmbito de
sistemas de controlo para veículos submarinos autónomos não - tripulados o que, desde logo,
fazia prever a possibilidade de uma rápida adaptação destas competências a veículos aéreos
autónomos não tripulados. É ainda de referir que, tanto a AFA como a FEUP mantiveram
colaborações e contactos frequentes com diversas Instituições, de entre as quais se destacam:
a Universidade da Califórnia em Berkeley, a Universidade de Munique, a Agência de Defesa
Sueca, as Empresas Brasileiras de Aeronáutica S.A.-Embraer em São José de Campos, Brasil, a
Honeywell e a Universidade de Michigan [33].

Figura 3.17 - UAV Antex – X03 desenvolvido em Portugal [33].

3.2.2 - Vigilância

As câmaras digitais de infravermelho são muito úteis na indústria de segurança e


vigilância, sendo já de uso corrente. As forças policiais conseguem com a utilização de
câmaras termográficas, uma vigilância mais eficaz relativamente a qualquer atividade
suspeita, sem denunciar a mesma. A segurança de instalações pode detetar qualquer ameaça
54 Técnicas termográficas e suas aplicações

sem a utilização de luz artificial, como por exemplo, stands de automóveis que têm os carros
expostos ao ar livre, refinarias e subestações elétricas prevenindo vandalismo e roubos.
Muitas instalações que possuem grandes parques de estacionamento mal iluminados,
apresentando riscos para os seus utilizadores, usam câmaras termográficas para o aumento do
nível de segurança. Eventos noturnos podem ser policiados com mais eficácia na deteção de
elementos perturbadores. Na fiscalização de fronteiras, podem-se procurar produtos ilegais,
armas e emigrantes ilegais escondidos [6].

Figura 3.18 - Vigilância de suspeitos [2].

Figura 3.19 - Vigilância de instalações [2].


Aplicação em Segurança e Vigilância 55

3.2.3 - Buscas e salvamento

Nas operações de salvamento, durante a noite e com condiçoes climatéricas adversas, o


uso de infravermelhos pode ajudar a encontrar pessoas em perigo. Deteção de pessoas
soterradas, devido a avalanches ou terramotos, ou localização de vítimas de naufrágio
mostram a vantagem do uso da termografia.

Figura 3.20 - Buscas de vítimas de naufrágio [33].

3.2.4 - Combate a incêndios

O combate do fogo sejam eles, incêndios de recursos naturais, incêndios acidentais ou


incêndios urbanos, apresentam muitos desafios para aqueles que estão envolvidos no combate
dos incêndios. Uma câmara de infravermelhos é uma ferramenta para os bombeiros e equipas
de socorro no esforço para obter essas informações em tempo real. Uma vez que é uma
tecnologia destinada a assinaturas de calor sentido e exibição de imagem, as câmaras
permitem a visualização em ambientes escuros e cheio de fumo, cujo valor é inestimável no
processo de decisão. É uma ferramenta muito útil no auxílio da procura de vítimas em
ambientes com muito fumo [6].

Figura 3.21 - Deteção de vítimas em incêndios [13].


56 Técnicas termográficas e suas aplicações

A instalação de câmaras de infravermelhos em satélites, helicópteros e aviões de


reconhecimento permite a identificação de zonas de maior calor em florestas densas, deteção
de incêndios em alto mar e focos de incêndio encobertos por fumo muito denso. Em incêndios
em edifícios as câmaras termográficas são utilizadas para deteção de pontos quentes no
interior de paredes e telhados, determinado se existe fogo ou não por trás de um elemento
construtivo [13].

Figura 3.22 - Imagem termográfica de combate a incêndio [2].

Figura 3.23 - Imagem termográfica de incêndio num navio [33].


Aplicação em Edifícios 57

3.3 - Aplicação em Edifícios

A termografia é utilizada na construção civil como ferramenta de diagnóstico de edifícios,


diques, barragens e pontes. Nos edifícios a termografia é utilizada na manutenção e na
reabilitação, permitindo a identificação de defeitos e a realização de estudos do desempenho
térmico de elementos construtivos ou do próprio edifício. A termografia também pode ser útil
nas diversas fases do processo construtivo, desde a conceção do projeto até à avaliação da
execução em obra, facilitando a investigação de novos materiais [13].
O setor da construção civil representa 40% dos gastos de energia na União Europeia e
oferece um potencial único para o aumento da eficiência energética. Devido ao enorme
potencial, a Comissão Europeia criou uma diretiva de regulamentação do rendimento
energético de edifícios, posteriormente adotada pelas leis nacionais dos países integrantes da
União Europeia. Os Certificados Energéticos tornaram-se obrigatórios para edifícios novos,
para reabilitações importantes de edifícios já existentes (custo da obra > 25% do custo do
edifício) e para locações ou vendas de edifícios de habitação e de serviços existentes [35].
A termografia permite ao dono da obra, à fiscalização e aos utilizadores verificarem se o
trabalho em obra foi executado conforme o projeto e identificar anomalias e áreas
degradadas. Através de ensaios termográficos, é possível de uma forma eficaz e localizada
delimitar as áreas com problemas, facilitando assim a manutenção dos edifícios e evita-se a
danificação dos componentes [13].
Uma inspeção termográfica ajuda nos diagnósticos de construção [35,36]:

• Visualização de perdas de energia;


• Deteção de falta de isolamento ou áreas mal isoladas;
• Deteção de fugas ou infiltrações de ar;
• Deteção de humidade no isolamento, no teto e paredes (interno e externo);
• Localização de fugas em telhados;
• Inspeção de tubagens, sistema de aquecimento e ar condicionado.
58 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.24 - Imagem termográfica de um edifício [35].

3.3.1 - Deteção de zonas com isolamento deficiente

A termografia permite a monitorização e a avaliação do desempenho das diversas técnicas


de isolamento térmico. Se o isolamento térmico for menor numa zona delimitada do
elemento construtivo, com emissividade uniforme, o termograma mostra uma variação da
temperatura superficial, resultante da não existência do isolamento térmico ou da sua
deficiente aplicação.
Os defeitos em elementos construtivos são identificados por variação do fluxo de calor ou
do fluxo de ar, facilitando a transferência de calor. Uma área com maior fluxo de calor
corresponde a uma zona de menor isolamento. A deficiente colocação de isolamento numa
caixa de ar ou a rutura dos pontos de fixação ao suporte do isolamento rígido permite a
circulação de ar frio na caixa de ar, entre as placas de isolamento e a parede interior. Uma
ponte térmica corresponde ao local onde a caixa de ar e o respetivo isolamento térmico da
parede exterior do edifício estão interrompidos. Devido a uma maior condutibilidade térmica
nesta zona, a transferência de calor do interior para o exterior é facilitada, sendo
identificado num termograma com a forma do componente com menor resistência térmica
[13].
A espessura típica do isolamento varia de país para país. Em climas frios o isolamento
normalmente é espesso, enquanto nos países com climas temperados mais quentes, a
espessura é reduzida. Deve existir no mínimo 10 ℃ de diferença de temperatura entre o
exterior e o interior dos lados da parede, para que o ensaio termográfico seja fiável. Se for
usada uma câmara termográfica com maior resolução e com maior sensibilidade, a diferença
de temperatura pode ser menor [35].
Aplicação em Edifícios 59

Figura 3.25 - Deteção de isolamento deficiente [36].

A diferente absorção da radiação solar pelos elementos constructivos pode influenciar os


resultados do ensaio termográfico. Durante as épocas do ano mais quentes, a assinatura
térmica mostra o interior mais frio e o exterior mais quente. Durante as épocas do ano mais
frias, a assinatura térmica é o oposto. Também é importante saber qual o tipo de isolamento
presente uma vez que cada tipo de isolamento tem a sua assinatura térmica [19].

3.3.2 - Deteção de fugas de ar

Uma fuga de ar é a passagem de ar através do revestimento de um edifício, parede,


janela ou junta. O movimento excessivo de ar reduz significativamente a integridade térmica
e o desempenho do revestimento e é, por isso, um grande responsável pelo consumo de
energia num edifício. Para além da perda de energia causada pela fuga excessiva de ar, pode
causar a formação de condensação no interior das paredes e no seu exterior. Isto pode causar
diversos problemas, tais como, reduzir o valor da resistência do isolamento, danificar
permanentemente o isolamento e degradar gravemente os materiais. Pode causar o
apodrecimento da madeira, a corrosão de metais e tijolos ou superfícies de cimento, e em
casos extremos pode mesmo levar à separação entre tijolos, lascas no cimento, porosidade na
argamassa e à queda de secções de uma parede, colocando em risco a segurança dos
ocupantes. Pode corroer o aço estrutural, barras e hangar e parafusos de metal, com
problemas de segurança e manutenção muito graves. A acumulação de humidade nos
materiais de construção pode causar a formação de bolor, que pode necessitar de uma
reparação extensiva [20].
Dependendo da quantidade condensada e dos materiais que constituem a envolvente, as
condensações superficiais junto aos pontos de fuga podem agravar a variação da temperatura
superficial. A extensão da variação de temperatura em torno do ponto de fuga depende da
60 Técnicas termográficas e suas aplicações

natureza e tamanho do ponto de fuga, da pressão diferencial a que está sujeito o elemento
construtivo e da diferença de temperatura entre o interior e o exterior. Fuga para o interior é
denominado infiltração e fuga para o exterior é denominado exfiltração [13].
As perdas de calor em janelas ocorrem por condução ou por transferência ocorrem por
condução ou por transferência de ar através dos pontos de fuga. Para detetar as perdas de
calor devido a pontos de fuga no caixilho, nas dobradiças ou nos encaixes das janelas, deve
recorrer-se à diminuição artificial da pressão interior para evidenciar o fenómeno. As perdas
por condução só podem ser detetadas se forem eliminadas as radiações visíveis, transmitidas
através do vidro, recorrendo a filtros espetrais [13].
Para a identificação dos pontos de fuga basta uma diferença de temperatura entre o
interior e o exterior de pelo menos 5℃. Para um estudo mais detalhado, estabelece-se uma
diferença de pressão artificial no edifício com recurso a equipamentos mecânicos, de modo a
que os padrões da fuga de ar sejam conhecidos e quantificados. Os equipamentos de extração
mecânica de ar reduzem a pressão no interior do edifício, tornando-a inferior à pressão do ar
no exterior. A diminuição da pressão provoca um aumento do fluxo de ar frio vindo do
exterior, arrefecendo a superfície interior adjacente ao ponto de entrada de ar do edifício
[13,19].

Figura 3.26 - Deteção de fugas de ar [36].

3.3.3 - Deteção de humidade

Os danos causados pela humidade são a forma mais comum de deterioração de um


edifício, devido à degradação causada nos materiais de construção. Os pontos de penetração
típicos são juntas estruturais e pontos de emenda (falhas intermitentes, revestimentos).
A humidade também pode resultar através da condensação. A condensação é
normalmente causada por fugas de ar quente e húmido dos edifícios para as cavidades mais
Aplicação em Edifícios 61

frias da construção, tais como, o interior de paredes, pisos ou tetos e isolamentos molhados
que levam muito tempo para secar, tornando-se locais privilegiados para a formação de
bolores e fungos. Uma inspeção termográfica vai determinar a localização inerente das áreas
com humidade que promovem o aparecimento de bolores e consequentemente problemas de
saúde. As outras fontes de humidade típicas são inundações, águas subterrâneas e fugas dos
sistemas de canalização e aspersão [19,35].
A assinatura térmica da humidade é visível com muita facilidade através das câmaras
termográficas, especialmente se as condições forem adequadas para que exista evaporação
das superfícies molhadas. Neste caso a temperatura dessas superfícies vai mudar mais
lentamente que as superfícies secas, aparecendo mais frias. Contudo materiais de construção
molhados são mais propícios à transmissão de calor por condução e durante a transição
térmica, apresentam uma maior capacidade térmica do que os materiais secos. Nesta
situação as assinaturas térmicas não são claras ou óbvias, recomendando-se o uso de um
medidor de humidade para a confirmação da imagem termográfica da área detetada [19,35].

Figura 3.27 - Deteção de humidade [36].

Por razões relacionadas com o design, instalação e manutenção, a maioria dos telhados
com baixo declive desenvolvem problemas ao fim de dois anos após a instalação. Os telhados
de baixo declive são telhados planos com ligeiros graus de inclinação para drenar a
precipitação, sendo composto por uma plataforma estrutural onde é colocado um isolamento
rígido e uma membrana impermeável. Os danos causados a longo prazo pela humidade são
geralmente muito dispendiosos uma vez que provocam a degradação e falhas prematuras no
telhado [19].
A assinatura térmica vista numa câmara termográfica depende da condição e do tipo de
isolamento térmico aplicado. Isolamentos absorventes como fibra de vidro, fibra de madeira
ou perlite expandida são o tipo de isolamento mais usado, mostrando assinaturas térmicas
claras. Isolamentos não absorventes como placas de espuma sintética laminada usadas em
62 Técnicas termográficas e suas aplicações

sistemas de telhados de camada simples são mais difíceis de inspecionar, porque absorvem
pouca água. Os telhados de camada simples são muitas vezes cobertos por uma pesada
camada de pedra influenciando a sua assinatura térmica. As condições meteorológicas, a
forma do edifício e o tipo de construção também podem influenciar as assinaturas térmicas
[19].
Idealmente deve ser feita uma inspeção termográfica à cobertura pouco tempo após a sua
instalação de modo a estabelecer uma assinatura térmica de base. Quando ocorrer uma fuga,
deve-se realizar rapidamente uma inspeção termográfica para determinar o local exato da
fuga e a extensão dos danos no isolamento. A poupança de custos é significativa quando se
consegue reparar as áreas com humidade em vez da substituição total do telhado. O sol
funciona como um aquecedor do telhado, sendo verificado um arrefecimento do isolamento
durante a noite. A câmara termográfica deteta humidade quando encontra áreas molhadas
que arrefecem mais lentamente, aparecendo o isolamento húmido como áreas mais quentes
nas imagens termográficas. Uma grande vantagem das câmaras termográficas é a
possibilidade de conseguir mostrar grandes áreas com humidade, mostrando as suas
temperaturas enquanto os outros métodos apenas conseguem medir pontos simples [35].

Figura 3.28 - Deteção de humidade em coberturas [35].

3.3.4 - Inspeção de tubagens, sistema de aquecimento e ar condicionado

A termografia é uma ferramenta útil e de fácil utilização para a deteção e análise de


infiltrações em tubagens e canalizações, independentemente da sua localização (chão ou
parede). Em sistemas típicos como pavimentos aquecidos ou sistemas de aquecimento
urbano, o calor irradia dos tubos através da superfície e o padrão pode ser facilmente
detetado com uma câmara termográfica. A determinação da localização exata das infiltrações
impede obras destrutivas desnecessárias e redução de custos [35].
A temperatura interna tem um efeito considerável sobre o sentimento de bem-estar e
desempenho. A termografia pode fornecer informações sobre o estado das saídas de ar
condicionado e sistemas de ventilação, pode mostrar uma distribuição de temperatura
irregular e consegue detetar a obstrução e bloqueios em radiadores [20].
Aplicação em Sistemas de Fluido e Vapor 63

Figura 3.29 - Inspeção de tubagens e sistema de aquecimento [10,20,35].

3.4 - Aplicação em Sistemas de Fluido e Vapor

A termografia pode ser utilizada também na monitorização da condição de funcionamento


e da operação dos componentes integrantes dos sistemas de fluido e vapor. Problemas de
caudais de fluidos, fugas e bloqueios em sistemas de vapor e em sistemas de fluidos quentes
ou frios, danificação e defeitos no isolamento de refratários são acompanhados por uma
mudança na temperatura de operação [45].
Em sistemas de vapor, devem ser inspecionados as linhas de transmissão de vapor,
purgadores e válvulas de vapor, permutadores de calor, caldeiras e outros equipamentos de
utilizem vapor. Os purgadores de vapor são válvulas destinadas à remoção de condensados e
ar do sistema de vapor, devendo ser sujeitos a teste na abertura e no fecho. De modo a
procurar-se bloqueios nas linhas de transmissão e nos permutadores de calor devem procurar
diferenças de temperatura significativas. Nas válvulas fechadas e linhas de vapor
subterrâneas, a termografia é útil para encontrar fugas de vapor [20,45].
A indústria petroquímica está entre os setores que apostam mais em sistemas de vapor
devido à sua elevada intensidade energética, requerendo uma monitorização térmica
cuidadosa para adquirir níveis de eficiência de segurança e térmico de cada processo. As
refinarias podem atingir um elevado nível de produtividade e aumentar a rentabilidade ao
utilizar câmaras termográficas para executar a verificação do nível do depósito, o diagnóstico
da aleta do condensador, a manutenção do forno, a gestão das perdas refratárias [20].
64 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.30 - Imagens termográficas de sistemas de vapor [45].

Nos sistemas de fluido, a inspeção de fornos e caldeiras é essencial de modo a eliminar


fontes de perdas de energia. As perdas de energia podem ocorrer por oxidações, fugas de ar e
pela danificação do refratário [45].
As câmaras termográficas facilitam a inspeção de tubos do aquecedor em fornos para
deteção de áreas com acumulação de coque, aparecendo como mais quentes do que as outras
áreas da superfície do tubo. Isto mostra que o coque impede que o produto absorva
uniformemente o calor do tubo. As desvantagens adicionais da coqueificação incluem
elevadas taxas de acendimento do forno e vida útil do tubo reduzida. As fugas e os acidentes
devidos a isso podem ocorrer após um determinado período de tempo devido a corrosão dos
meios, fendas devido aos defeitos de soldadura ou tensão e deterioração do material. Para
assegurar um funcionamento seguro dos tubos é necessário ter uma ideia da integridade das
paredes dos tubos e substituir apenas os tubos criticamente danificados. Através da
termografia pode-se observar as descontinuidades nos padrões de fluxo de calor resultantes
de defeitos na parede para tubos de pressão de alta temperatura [20].

Figura 3.31 - Imagens termográficas de refratário e tubagem [45].


Aplicação em Sistemas Mecânicos 65

3.5 - Aplicação em Sistemas Mecânicos

Em muitas indústrias, os sistemas mecânicos servem de espinha dorsal das operações a


realizar, podendo afetar tanto a quantidade como a qualidade do produto final. O principal
método de inspeção de sistemas mecânicos é a análise de vibrações, mas a termografia é uma
excelente fonte de informações complementar para estudos de monitorização de vibrações
em equipamentos mecânicos [46].
Quando os componentes mecânicos trabalham, é gerado calor. Forças originadas por
fricção, desalinhamentos, lubrificação e tensão impróprias das correias de transmissão podem
originar aquecimento excessivo ou podem provocar a danificação do equipamento. As
inspeções são normalmente direcionadas a ligações elétricas, acoplamentos, rotor e estator
de motores e geradores, rolamentos, correias de transmissão e caixas de engrenagem [47].

Figura 3.32 - Imagens termográficas de sistemas mecânicos [47].

As ligações elétricas devem ser inspecionadas nas caixas de junção, devendo estar todas
as ligações á mesma temperatura. É uma anomalia muito usual uma vez que as ligações
elétricas são ignoradas nas ações de manutenção. Na inspeção das carcaças dos motores, a
imagem termográfica deverá apresentar uma temperatura uniforme. Motores que apareçam
mais quentes poderão indicar problemas nos enrolamentos ou curto-circuitos. Na inspeção de
rolamentos, caso eles se encontrem quentes podem indicar problemas de lubrificação ou um
elevado desgaste do mesmo. Um rolamento em bom estado apresenta uma temperatura de
funcionamento de 60℃.
66 Técnicas termográficas e suas aplicações

Se existir um diferencial de temperaturas alto entre dois rolamentos, pode-se suspeitar


de desalinhamento ou desequilíbrio. O desalinhamento de motores provoca forças que causam
um aumento de temperatura nas uniões do acoplamento sendo essa temperatura maior
quanto maior for o desalinhamento. Caixas de engrenagem e correias de transmissão em boas
condições devem funcionar a uma temperatura próxima da temperatura ambiente. O
aumento de calor é gerado por forças de fricção, desalinhamento e lubrificação imprópria
[47].

3.6 - Aplicação em Instalações Elétricas

A importância da segurança nas instalações elétricas é vital, quer a nível doméstico quer
a nível industrial. A temperatura é a principal variável detetável no processo de falha de uma
instalação elétrica, sendo a termografia um recurso valioso para uma manutenção eficaz. O
aumento de temperatura em material elétrico aumenta o risco de incêndio numa instalação
elétrica, pode causar avarias irreparáveis em equipamentos fundamentais e pode provocar
acidentes em pessoas e bens.
Quando a corrente elétrica passa num condutor, é gerado calor. Todos os componentes
elétricos começam a deteriorar-se após a instalação, devido à carga elétrica, vibrações,
corrosão e envelhecimento. As anomalias aparecem com o aumento da temperatura durante
um largo período de tempo, antes da ocorrência de uma falha. A lei de joule mostra que a
energia elétrica se transforma em energia calorífica num recetor ou condutor, sendo
diretamente proporcional à resistência deste, ao quadrado da intensidade de corrente e ao
tempo de passagem de corrente. O aquecimento anormal associado à resistência elevada ou à
excessiva passagem de corrente é a causa principal de muitos problemas elétricos.
Uma inspeção termográfica em instalações elétricas identifica problemas causados devido
à elevada resistência causada por superfícies com contacto deficiente, a um circuito
sobrecarregado, a um problema de desequilíbrio de cargas e harmónicos. O contacto
deficiente deve-se a ligações soltas, corroídas ou oxidadas e por falhas de componentes. As
sobrecargas podem-se dever a erros de projeto, falhas de montagem e falta de manutenções
preventivas. Um desequilíbrio de cargas mostra uma errada distribuição de carga num sistema
trifásico, sendo que uma das fases transporta mais corrente que as outras. Se existir neutro,
este aparecerá sobrecarregado. A utilização intensiva de cargas não lineares no setor de
serviços e em muitas indústrias e uma intensa transformação tecnológica está na base dos
problemas dos harmónicos. Os harmónicos geram sobreaquecimento nos condutores, podendo
afetar as três fases (efeito pelicular) ou só o neutro (harmónico homopolar). Um caso
particular é a deteção de circuitos abertos, onde a imagem termográfica mostra os
componentes frios [20,48,49].
Aplicação em Instalações Elétricas 67

Os equipamentos normalmente inspecionados são motores, geradores, transformadores,


disjuntores, interruptores, fusíveis, cabos elétricos, quadros elétricos e todos os dispositivos
de passagem de corrente em carga. A inspeção termográfica tem de ser feita com a
instalação elétrica em carga, sendo necessária uma visão desimpedida do ponto de medição.
As portas dos armários e painéis têm de ser abertos ou removidos, incluindo os acrílicos [48].

3.6.1 - Ligações soltas ou deterioradas

Sempre que existe um contacto defeituoso numa ligação elétrica, cria-se uma resistência
de contacto. Esta condição leva à geração por “efeito de joule” de uma energia térmica
proporcional à resistência de contacto e ao tempo durante o qual passa a corrente, elevando
a temperatura no ponto de defeito. O aumento da temperatura pode alterar a superfície dos
contactos, aumentando a sua resistência de contacto e agravando o “efeito de joule”. A
corrosão e deterioração de ligações elétricas podem ser causadas por causas ambientais,
enquanto a vibração, a fadiga e a idade fazem com que as ligações estejam soltas.
A termografia é muito útil para a deteção de ligações soltas ou deterioradas, mostrando
pontos quentes em elementos de aperto, como por exemplo, parafusos. Os pontos quentes
são causados por elevada resistência de contacto e estão localizados nas ligações. A deteção
e a correção deste tipo de falhas são essenciais de modo a evitar incêndios e interrupções que
podem ser críticas em operações de fabrico e comerciais. As ligações devem ser
desmontadas, limpas, reparadas e montadas novamente e em seguida alvo de uma nova
inspeção termográfica. Se a anomalia persistir sugere-se o uso de um multímetro para
investigar a causa da anomalia [20,48].
As condições dos equipamentos que geram riscos à segurança devem ser as prioridades
mais altas de reparação. As diretrizes da NETA afirmam que, quando a diferença de
temperatura entre componentes similares sob carga semelhante é superior a 15℃, devem
ocorrer reparações imediatamente [20].

Figura 3.33 - Imagens termográficas de ligações soltas [48,49].


68 Técnicas termográficas e suas aplicações

3.6.2 - Circuitos em Sobrecarga

Se a corrente 𝐼𝐵 ultrapassar o valor máximo 𝐼𝑍 permitido nos condutores, diz-se que


existe sobreintensidade. Uma sobrecarga é uma sobreintensidade em que a corrente de
serviço no circuito é superior ou ligeiramente superior à intensidade máxima permitida nos
condutores 𝐼𝐵 > 𝐼𝑍 .
O excesso de corrente origina que os condutores funcionem mais quentes, aquecendo ao
longo de todo o seu comprimento. O aquecimento dos condutores poderá ser igual em todas
as fases e deve ser confirmado com um amperímetro. Através de imagens termográficas é
possível detetar e localizar sobrecargas sem necessidade de contacto [48].
Erros de projeto, como por exemplo, demasiados aparelhos ligados simultaneamente num
mesmo circuito, falhas de montagem e falta de manutenções preventivas são as causas
principais da ocorrência de sobreintensidades. As medidas de proteção contra
sobreintensidades residem numa execução e exploração mais criteriosas das instalações e na
instalação de instrumentos (disjuntores magnetotérmicos e corta circuitos fusíveis) que
interrompem automática e seletivamente os circuitos em caso de anomalia. Outros tipos de
sobreintensidades, como o curto-circuito e defeito de isolamento, também podem provocar
um sobreaquecimento.

Figura 3.34 - Imagem termográfica de circuito em sobrecarga.


Aplicação em Instalações Elétricas 69

3.6.3 - Circuitos com desequilibrio de cargas

Os desequilíbrios de corrente ocorrem quando as intensidades de corrente que circulam


pelas três fases de um sistema trifásico não são iguais, devido à má distribuição das cargas da
instalação. O desequilíbrio provoca uma corrente no condutor neutro, levando a um aumento
de temperatura geral nos componentes da instalação. O desequilíbrio de cargas deve ser
previsto na fase de projeto das instalações elétricas, de modo a evitar problemas graves, quer
em equipamentos, quer para a segurança das pessoas.
O desequilíbrio pode ser provocado por diferentes causas: problemas na qualidade de
energia, subtensões devido a excesso de carga ligada, um defeito de isolamento em cablagem
ou um mau dimensionamento de cargas na instalação elétrica [20].

Figura 3.35 - Imagem termográfica de circuito com desequilíbrio de carga.

Na Figura 3.35 podem-se observar diferentes temperaturas nas diferentes fases,


indiciando um problema de desequilíbrio de cargas. Uma linha de perfil é útil para ajudar na
avaliação da inspeção termográfica ao circuito elétrico.

Figura 3.36 - Linha de perfil da imagem termográfica da Figura 2.58.


70 Técnicas termográficas e suas aplicações

3.6.4 - Harmónicos

A qualidade de energia, além de ter em atenção os aspetos relativos a serviços


(fornecimento sem interrupções) e de qualidade da onda de sinal, também tem que ter em
conta a qualidade comercial. A utilização intensiva de cargas não lineares no setor de serviços
e em muitas indústrias e uma intensa transformação tecnológica está na base dos problemas
na qualidade de energia, através da deformação das formas de onda resultante da presença
de harmónicos [50].
Uma harmónica de tensão ou corrente não é mais que um sinal sinusoidal, cuja frequência
é múltipla inteira da frequência fundamental do sinal principal. Os sinais harmónicos são
classificados quanto à sua ordem, frequência e sequência. Existem harmónicas de ordem
impar e harmónicas de ordem par. As harmónicas de ordem impar são frequentes nas
instalações elétricas em geral e as de ordem par existem nos casos de haver assimetrias do
sinal devido à presença da componente contínua. As harmónicas têm uma sequência podendo
esta ser positiva, negativa ou nula (zero). As harmónicas de sequência positiva e negativa
provocam sobreaquecimentos, enquanto as harmónicas de sequência nula (harmónicas
homopolares) são as que mais preocupam os responsáveis por instalações e redes elétricas
[51].
Os efeitos da poluição harmónica revelam-se quer ao nível das redes de distribuição de
energia quer ao nível do funcionamento dos equipamentos dispersos pelo sistema. Assim os
problemas que podem ocorrer são, entre outros, os seguintes [50,51]:

• A presença de harmónicas de terceira ordem e suas múltiplas (Sequência nula)


conduz a uma corrente no condutor de neutro muito superior á esperada,
podendo por vezes ser superior á das fases (IN=IR+IS+IT). Uma corrente muito
superior leva ao aumento da temperatura no condutor de neutro e consequente
sobreaquecimento;
• À medida que a frequência do sinal de corrente aumenta, devido às harmónicas, a
corrente tende a circular pela periferia do condutor, o que significa um aumento
da sua resistência elétrica e, consequentemente, um aumento das perdas por
efeito Joule (efeito pelicular);
• Os harmónicos de corrente provocam perdas óhmicas suplementares nos
enrolamentos principais e nos enrolamentos amortecedores dos alternadores. Por
outro lado a interação entre correntes harmónicas e o campo magnético
fundamental pode originar binários oscilatórios que provocam vibrações no veio
dos alternadores e consequentemente o aumento da fadiga mecânica das
máquinas;
Aplicação em Instalações Elétricas 71

• Nos transformadores, os harmónicos de corrente provocam o aumento das perdas


nos enrolamentos e os harmónicos de tensão criam correntes de Foucault e perdas
por histerése suplementares nos circuitos magnéticos;
• Nos motores assíncronos ocorrem aumentos nas perdas por efeito de Joule, com o
consequente sobreaquecimento dos enrolamentos estatóricos, e por efeito
pelicular uma distribuição assimétrica da corrente induzida nas barras rotóricas, o
que por sua vez provoca vibrações com torção do veio da máquina;
• O corte das correntes com elevada taxa de distorção harmónica provoca
dificuldades acrescidas ao funcionamento dos disjuntores. As componentes de alta
frequência têm uma variação mais rápida na passagem por zero da corrente o que
dificulta o corte da corrente.

Um analisador de qualidade de energia é a ferramenta mais indicada para a deteção de


harmónicos mas não consegue detetar os efeitos provocados pelos harmónicos nos elementos
de uma instalação elétrica. A termografia é um excelente complemento para uma
manutenção preditiva mais eficaz.

Figura 3.37 - Imagem termográfica de efeitos de harmónicos [49].

3.6.5 - Equipamentos defeituosos

A manutenção preditiva é o acompanhamento periódico de equipamentos, baseado na


análise de dados recolhidos através de monitorização ou inspeções no local. Uma manutenção
preditiva é uma poderosa ferramenta para garantir um funcionamento contínuo de uma
instalação elétrica. Uma das técnicas de análise não destrutivas da manutenção preditiva é a
termografia que é capaz de detetar, visualizar e gravar diferentes níveis de distribuição de
temperatura através da superfície de um equipamento elétrico.
72 Técnicas termográficas e suas aplicações

A monitorização da temperatura de equipamentos elétricos é útil para indicar a existência


ou evolução de problemas internos dos mesmos. O aquecimento de um equipamento elétrico
depende da sua capacidade térmica. O controlo da temperatura de operação é muito
importante, porque o funcionamento a um nível de temperatura acima do nível máximo de
temperatura permitido pela sua classe de isolamento. Por exemplo, um incremento de 10℃
sobre a temperatura máxima especificada para um motor reduz a sua esperança de vida em
50% [20,49].
Na origem de problemas podem estar erros de projeto, aplicações indevidas e operações
indevidas. As causas desses problemas podem ser sobrecargas, lubrificação, humidade,
sujidade e envelhecimento.

Figura 3.38 - Imagens termográficas de equipamentos defeituosos.

3.6.6 - Transformadores

Uma das máquinas electricas mais utilizadas em instalações elétricas é o transformador,


dado que permite ajustar tensões e correntes às necessidades existentes. A utilização do
transformador em baixa tensão é feita em diversas aplicações, desde a alimentação de
circuitos de comando, alimentação de cargas lineares e de instalações com presença
acentuada de cargas não lineares, sendo próprios para instalações elétricas em plantas
comerciais e industriais [52].
Aplicação em Instalações Elétricas 73

Em baixa tensão são usados transformadores secos. Nos postos de transformação cuja
função é reduzir a média tensão para baixa tensão, os transformadores podem ser
transformadores secos ou transformadores imersos em óleo. Os transformadores secos e os
transformadores imersos em óleo são fabricados para operarem a temperaturas mais altas do
que a temperatura ambiente.
Para os transformadores imersos em óleo, a temperatura máxima de operação é de 65℃
no ponto mais quente dos enrolamentos, sendo que as partes metálicas não devem atingir
temperaturas superiores à máxima especificada para o ponto mais quente do isolamento [53].
Os defeitos internos em transformadores imersos em óleo podem detetar-se como um
sobreaquecimento superficial [49].
Para os transformadores secos, os limites de elevação de temperatura dependem da
classe de isolamento dos materiais isolantes empregados nos transformadores. Os materiais
isolantes empregados nos transformadores secos devem ser das classes F (155℃) ou H
(180℃). Em condições normais de funcionamento, um transformador secos, deve funcionar a
uma temperatura ambiente não superior a 40℃ e com temperatura média, em qualquer
período de 24 horas, não superior a 30℃ [54].
Uma inspeção termográfica consegue facilmente identificar sobreaquecimentos no
transformador, nos terminais de alta tensão, média tensão e baixa tensão, nos pontos de
conexão, nos painéis de comutação, nos tubos de refrigeração, nos ventiladores e bombas de
refrigeração. A origem do sobreaquecimento pode ser de ligações soltas ou deterioradas,
sobrecargas, circulação de ar de refrigeração insuficiente e temperatura do ar de refrigeração
acima da temperatura prevista [20,49,53,54].
Nos terminais e nos pontos de conexão, o sobreaquecimento indica pontos de alta
resistência, devendo ser limpos e apertados novamente. Além disso deve-se comparar as
temperaturas das diferentes fases, procurando-se sobrecargas e desequilíbrios de cargas
[20,54]. Nos tubos de refrigeração dos transformadores imersos em óleo aparecem
normalmente quentes. Se um tubo aparecer mais frio recomenda-se uma limpeza dos canais
de ar de refrigeração e verificação de ductos e aberturas para a circulação de ar de
refrigeração, quanto ao dimensionamento e a obstruções [20,53]. Se for detetado um
sobreaquecimento do transformador deve-se aumentar a circulação de ar da refrigeração
[54].
74 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.39 - Imagens termográficas de transformadores [49].

3.6.7 - Quadros Elétricos

Na estrutura de uma instalação elétrica industrial são contemplados diferentes painéis


elétricos, cada um com uma função específica. A partir do Quadro Geral de Baixa Tensão do
Posto de Transformação (QGBT) existem quadros de distribuição (QD), quadros parciais (QP) e
quadros de máquinas (QM).
Os quadros elétricos contêm equipamentos para proteção, seccionamento e manobra de
energia elétrica. A complexidade e o projeto do sistema de distribuição estão diretamente
relacionados com as necessidades inerentes a cada aplicação ou instalação, industrial ou
comercial. Nos quadros de distribuição é comum encontrar diversas funções montadas na
mesma estrutura, mas também podemos encontrar colunas com funções específicas como:
entrada, interligação e saída. Estas funções em colunas poderão ser montadas num único
quadro ou em quadros separados fisicamente, porém interligados eletricamente [55].
Nos quadros de máquinas, existem os quadros de comando de motores (QCM), que contêm
equipamentos para proteção, seccionamento e manobra de cargas. Apesar de
aproximadamente 85% das cargas industriais serem motores (motivo do nome QCM), o termo
cargas é mais abrangente, podendo significar qualquer equipamento que consuma energia
elétrica. Cada unidade tem um interruptor geral externo, um ramal, proteção contra
sobreintensidade do motor, um acionador magnético de arranque do motor, barramentos,
controladores, contactores, relés, fusíveis, disjuntores, alimentadores, transformadores, etc.
[20,55].
Uma inspeção termográfica incide em todos os problemas já descritos no ponto 2.6.7,
sempre que possível com as portas e proteções removidas de modo a existir uma visão
desimpedida. O aquecimento excessivo dos equipamentos existentes nos quadros elétricos
pode levar à ocorrência de um arco elétrico, que, por sua vez, pode originar um incêndio do
quadro elétrico.
Aplicação em Instalações Elétricas 75

Um arco elétrico é um curto-circuito através do ar, devido à passagem de corrente


elétrica através do ar entre condutores expostos entre si ou à terra. O arco elétrico pode
ocorrer por danificação do isolamento dos condutores elétricos, isolamentos que não
suportam a tensão aplicada, desapertos, acumulação de poeiras condutoras, corrosão e
contacto acidental com equipamento elétrico. No arco elétrico, uma enorme quantidade de
concentração de energia radiada explode para fora do equipamento, criando faíscas
brilhantes, ruído elevado e temperaturas que podem ser superiores a 2760℃ [56,57].
Com o aumento do nível de consciência em relação à segurança elétrica e redução do
nível de riscos, a instalação de janelas de infravermelho oferecem às empresas um lugar mais
seguro e mais eficiente para realizar uma inspeção termográfica, mantendo fechados e
guardados os condutores e peças do circuito, preservando um estado de equilíbrio dentro do
quadro elétrico. Um quadro elétrico fechado durante o processo de inspeção irá eliminar o
aumento do nível de risco associado com inspeções de painel aberto. Janelas de IR ajudam as
empresas a cumprir as normas e diminuem o tempo de inspeção, aumentam a segurança dos
inspetores, das plantas industriais e dos processos de fabrico. Em última análise, ajuda as
empresas a economizar tempo e dinheiro [57].
A janela de infravermelho é utilizada para ambientes separados de diferentes pressões e
temperaturas, permitindo que a energia de um determinado comprimento de onda
eletromagnética passe entre os dois ambientes. Janela de infravermelho é um termo genérico
usado para descrever um ponto de inspeção que é projetado para permitir que a radiação
infravermelha seja transmitida para o ambiente externo. Todas as janelas de infravermelho
devem cumprir a resistência, rigidez e exigências ambientais do tipo de equipamento em que
está instalado. Também deve ser compatível com a câmara infravermelha utilizada. Algumas
janelas de infravermelho são simplesmente uma caixa com um centro aberto e uma tampa
que protege a abertura. Normalmente, a janela de infravermelho irá conter uma grelha ou
uma ótica. O design, tamanho e material utilizado são motivados por especificações da
câmara termográfica como o campo de visão, a compatibilidade da lente da câmara,
considerações ambientais, requisitos de vedação e segurança [58].

Figura 2.63 – Imagens termográficas através de janelas de infravermelhos [58].


76 Técnicas termográficas e suas aplicações

3.7 - Aplicação em Energias Renováveis

A forte penetração das energias renováveis nas últimas décadas levou a um aumento da
energia elétrica produzida a partir de fontes de energias renováveis. Equipamentos, como por
exemplo, painéis solares e turbinas eólicas, sofreram um desenvolvimento tecnológico ao
longo dos anos, sendo muito importante uma manutenção cuidada para que a eficiência
destes equipamentos não diminua.
A termografia, passiva ou ativa, é uma técnica poderosa para a deteção de diferentes
defeitos. No campo das energias renováveis, há inúmeras aplicações, muitas de grande
simplicidade, que permitem a deteção de elementos com defeitos. Quer seja no fabrico, na
instalação ou na manutenção, há vantagens claras em utilizar esta técnica [59].

3.7.1 - Aproveitamentos de Energia Eólica

As pás das turbinas são dos elementos mais importantes presentes nos parques eólicos.
São estruturas que suportam forças aerodinâmicas, gravitacionais e centrífuga, tendo que
sustentar cargas de vento forte e condições ambientais severas. Devido a estas situações de
stress, diferentes tipos de defeitos podem aparecer, como por exemplo, delaminações e
fendas. A maioria das pás é constituída por duas placas de fibra de vidro reforçadas com
meias conchas de plástico, sendo posteriormente coladas as duas faces da pá. Para reforçar a
rigidez da pá são introduzidos diferentes tipos de vigas. Durante o processo de colagem das
duas metades da pá, podem ocorrer defeitos na peça final, comprometendo a sua estrutura
[59,60].
Uma inspeção periódica, através da termografia, previne este tipo de situações. Existem
dois tipos de técnicas que podem ser utilizadas: termografia passiva e termografia ativa. A
termografia passiva mede a distribuição de temperatura superficial de um objeto. A
termografia ativa utiliza sistemas de excitação adicionais para causar transferência de
energia nos materiais [59].
A inspeção termográfica durante o processo de produção das pás pode fornecer
informações sobre possíveis defeitos internos. Depois da colagem das duas faces da pá é
necessário realizar um acabamento superficial da pá. A penetração de ar durante a injeção a
vácuo da cola cria zonas de má ligação entre o material laminado, podendo ser detetados
com uma câmara termográfica. Na Figura 3.40 vê-se dois exemplos de uma inspeção
termográfica. A imagem termográfica de cima é do interior da pá e mostra a distribuição de
temperatura pouco tempo depois da colagem das duas metades. A imagem termográfica de
baixo mostra os defeitos ocorridos durante a colagem das duas metades, vistos na parte
exterior da pá no seu flanco ou borda. Os pontos de defeito estão identificados com as setas
vermelhas na imagem termográfica [60].
Aplicação em Energias Renováveis 77

Figura 3.40 - Imagens termográficas de uma pá [60].

Vento forte e mudanças de pressão de ar têm um grande impacto sobre o material


laminado das pás. A influência contínua de cargas cíclicas afeta o material, aparecendo
fendas degradando a pá. A constante mudança das cargas irá produzir diferenças de
temperatura nas pás durante a rotação, indicando tensões em diferentes áreas da lâmina.
Para além da distribuição de tensões, pequenas fissuras e laminados secos produzem calor por
atrito devido à excitação cíclica. A Figura 3.41 mostra imagens termográficas dos impactos
sofridos pelas pás. Na imagem da esquerda, o efeito das cargas mecânicas na pá vê-se nas
áreas mais claras (mais quentes) que provocam a degradação do material. Na imagem da
direita identificam-se as delaminações (setas vermelhas) derivadas do calor produzido pelo
atrito das fendas [60].

Figura 3.41 - Imagens termográficas de impactos sofridos por uma pá [60].


78 Técnicas termográficas e suas aplicações

As condições ambientais severas podem causar defeitos tanto na superfície da pá como na


própria pá. A diferença de temperatura que pode existir entre as duas metades de uma pá
pode levar a um desgaste mais rápido da mesma [60].
Devido à elevada dificuldade para o transporte e montagem das pás, a fase de teste das
pás é extremamente importante. A termografia ativa é um método de inspeção muito útil na
fase de testes, de forma a descobrir os defeitos do processo de fabrico. Quer seja integrado
num sistema de inspeção móvel, quer seja num laboratório com recurso a radiadores
infravermelhos, podem-se encontrar bolhas de ar, delaminações, fendas e fazer-se uma
avaliação da degradação do material, de modo a garantir a máxima qualidade da pá. As
diferentes distribuições de temperatura em diversas partes da pá, no aquecimento controlado
ou no arrefecimento, indicam danos. Na Figura 3.42, as áreas brancas mostram delaminações
e as áreas mais escuras mostram as vigas usadas no reforço da rigidez da pá. Os custos
implicados na substituição de uma pá e consequente paragem de funcionamento de uma
turbina eólica, principalmente em parques offshore, podem ser muito prejudiciais para
qualquer empresa, levando a prejuízos avultados [60].

Figura 3.42 - Imagem termográfica de termografia ativa [60].

Uma turbina eólica incorpora muitos outros componentes, elétricos e mecânicos,


suscetíveis a desgaste e avarias que podem causar tempos de inatividade com elevados custos
e acidentes perigosos. Falhas no travão de disco ou na caixa de velocidades incorporadas na
turbina eólica, permite que as pás rodem com uma velocidade acima do normal e por
consequência um aumento de cargas nas pás. O desgaste do gerador, dos rolamentos, dos
veios do rotor e do gerador, das engrenagens devem ser monitorizados de forma a evitar
falhas mecânicas não desejadas. Todos os componentes elétricos como retificadores,
controladores, sensores, mecanismos de orientação, transformadores, cabos elétricos devem
ser incluídos na manutenção periódica de forma a prevenir sobreaquecimentos causadores de
incêndios. A Figura 3.43 é de uma imagem termográfica do interior de uma cabina a 50 m de
altura [61].
Aplicação em Energias Renováveis 79

Figura 3.43 - Imagem termográfica do interior da cabina de uma turbina eólica [61].

3.7.2 - Sistemas Fotovoltaicos

Um sistema fotovoltaico faz a transformação direta da luz em energia elétrica,


recorrendo a células solares. Painéis fotovoltaicos constituídos por células de silício
monocristalino têm uma eficiência de 15 − 18% [62,63].
Para se poder comparar diferentes células ou mesmo diferentes módulos fotovoltaicos,
encontram-se especificadas condições uniformes de teste, sob as quais os dados elétricos da
curva característica da célula solar são identificados. Estas “Condições de Teste Standard”
(CTS) estão em consonância com as normas IEC 60904 / DIN EN 60904 [62]:

1. Irradiância 𝐸 de 1000 𝑊/𝑚2 ;


2. Temperatura 𝑇𝑐 na célula de 25℃, com uma tolerância de ±2℃;
3. Espetro de luz definido (distribuição do espetro da irradiância solar de referência
de acordo com a norma IEC 60904-3) com uma massa de ar AM = 1,5.

A curva característica de uma célula solar é caracterizada pelos seguintes pontos [62,64]:

1. MPP (Ponto de Potência Máxima) é o ponto da curva característica onde a célula


solar funciona à máxima potência. Para este ponto estão especificadas a potência
𝑃𝑀𝑃𝑃 , a corrente 𝐼𝑀𝑃𝑃 e a tensão 𝑈𝑀𝑃𝑃 ;
2. A corrente do curto-circuito 𝐼𝐶𝐶 é aproximadamente 5 𝑎 15% maior do que a
corrente 𝐼𝑀𝑃𝑃 . Com células standard cristalinas (10cm x 10cm) sob condições de
referência CTS, a corrente de curto-circuito é cerca de 3 𝐴;
3. A tensão em circuito aberto 𝑈𝑂𝐶 regista, com células cristalinas,
aproximadamente 0,5 𝑎 0,6 𝑉 e para células amorfas, aproximadamente
0,6 𝑎 0,9 𝑉.
80 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.44 - Curva característica de uma célula solar [64].

Um dos indicadores de qualidade de uma célula solar é o fator de forma 𝐹𝐹. É definido
como o quociente entre a potência 𝑃𝑀𝑃𝑃 e a potência máxima teórica que surge como o
produto da corrente do curto-circuito 𝐼𝐶𝐶 e da tensão em circuito aberto 𝑈𝑂𝐶 . Para as células
cristalinas solares, o fator de forma tem um valor que se situa entre 0,75 𝑎 0,85 [62,64].
A eficiência 𝜂 ou rendimento das células solares é o resultado do rácio entre a potência
entregue pela célula solar 𝑃𝑀𝑃𝑃 e a potência da radiação solar. A potência da radiação solar é
o produto da irradiância 𝐸 e da área da superfície 𝐴 da célula solar [62].
O fator de forma e a eficiência das células solares cristalinas decrescem com o aumento
da temperatura. Por este motivo, as células solares cristalinas atingem a sua maior eficiência
a baixas temperaturas. No caso do silício cristalino, o coeficiente de variação da eficiência
em função da temperatura toma o valor aproximado de 0,45 %/℃ [62].
Um aumento da temperatura da célula solar provoca uma diminuição da tensão da célula,
o que implica um ligeiro aumento da corrente da célula. Sendo mais significativa a diminuição
da tensão que o aumento da corrente, resulta numa diminuição da potência. Quando diminui
a potência retirada de uma célula aumenta ainda mais a sua temperatura, amplificando o seu
efeito [64].
Os coeficientes térmicos da corrente e da tensão podem ser determinados. A tensão em
circuito aberto 𝑈𝑂𝐶 diminui com o aumento da temperatura, segundo o coeficiente 𝛽 (𝑉/℃).
A corrente do curto-circuito 𝐼𝐶𝐶 aumenta com a temperatura, segundo o coeficiente 𝛼 (𝐴/℃).
As unidades dos coeficientes térmicos também podem aparecer em %/℃. Tipicamente 𝛽 tem
uma ordem de grandeza 10 vezes superior a 𝛼 [64].
Aplicação em Energias Renováveis 81

Figura 3.45 - Efeito da temperatura na curva característica de uma célula solar [65].

Os painéis fotovoltaicos têm uma folha de caraterísticas onde vêm descritas todas as suas
caraterísticas elétricas e mecânicas, tal como os dados recolhidos em ensaios. Um desses
dados será a gama de temperaturas em que a célula opera e que está compreendida entre os
−40℃ 𝑒 + 85℃ [62].
Os benefícios ambientais da produção de energia a partir de fontes de energia renováveis
são inegáveis, no entanto o custo de produção de energia fotovoltaica ainda é elevado em
comparação ao custo de produção de energia a partir de fontes não renováveis. Projetos de
investigação e desenvolvimento destinam-se ao aumento da eficiência da tecnologia das
células solares e à redução dos custos de produção, através da eliminação de defeitos [66].
As células solares sofrem de uma variedade de defeitos que limitam a eficiência de
conversão. A frequência e gravidade destes problemas dependem da tecnologia utilizada no
fabrico das células solares e sua posterior montagem em painéis fotovoltaicos. As inspeções
devem ser contínuas ao longo do ciclo de vida do painel [67].
A termografia, passiva e ativa, é uma excelente técnica não destrutiva que permite o
mapeamento e deteção de defeitos em células solares desde a investigação e
desenvolvimento, no fabrico, na instalação e manutenção dos diversos sistemas fotovoltaicos,
térmicos e termodinâmicos. A termografia ativa permite detetar derivações com modulação
ótica ou elétrica, fazer análise de emissões, detetar fissuras e avaliar o CDI (Carrier Density
Imaging). Ao estimular-se uma célula solar com luz pulsada, calor ou sinais elétricos, permite
que o sistema detete as respostas térmicas da célula [53,68].
A Eletroluminescência (EL) é um fenómeno ótico e elétrico durante o qual um material
emite luz em resposta a uma corrente elétrica que o atravessa. A célula solar ao ser
estimulada por EL emite luz no infravermelho próximo (0,75-3 µm) permitindo uma inspeção
capaz de examinar a uniformidade da célula solar em relação á sua capacidade de converter
os fotões em eletrões. A inspeção deve ser feita com uma câmara de onda curta [67].
82 Técnicas termográficas e suas aplicações

Figura 3.46 - Esquema de termografia ativa [67].

A termografia ativa também é muito útil para a descoberta de derivações na célula solar
na fase de teste. Muitas vezes há pontos quentes na fronteira da célula solar devido a um
condicionamento insuficiente das bordas de silício durante a abertura do díodo de proteção. A
qualidade do material também pode ser responsável por pontos quentes, principalmente em
células de silício policristalinas onde as recombinações dos portadores podem ocorrer nos
contornos do grão. Outra origem de pontos quentes pode ser as conexões dos fios de cobre
que ligam os contactos das células solares e a caixa de junção. Uma soldadura defeituosa leva
ao aparecimento de resistência elevada nos contactos, elevando a temperatura da célula
[68]. Na Figura 3.47, podemos observar pontos negros que representam pontos quentes
resultantes de derivações.

Figura 3.47 - Imagens termográficas de derivações em células solares defeituosas [66].

Na área de investigação existe muito interesse na caracterização do comportamento dos


portadores de carga nas células solares. Uma das técnicas é o CDI, ou seja, imagens de
densidade de carga usadas para avaliar a saturação da célula. O processo de metalização
pode influenciar o tempo de vida dos portadores de carga, sendo importante monitorizar este
processo. Com a ajuda de termografia ativa consegue-se fazer rapidamente um mapeamento
da densidade de saturação de um painel fotovoltaico [66].
Aplicação em Energias Renováveis 83

Para inspeçõs em painéis fotovoltaicos já em funcionamento a termografia passiva é


muito útil como ferramenta de controlo de qualidade devido à rapidez com que é executada
em comparação a outros testes. Uma inspeção termográfica deve ser feita com o maior nível
de irradiância possível, uma vez que a temperatura de uma célula solar defeituosa aumenta
com a carga solar. Uma célula solar defeituosa, em vez de produzir energia, consome energia
das células vizinhas, aumentando a sua temperatura. As inspeções devem-se realizar de
ambos os lados, anterior e posterior. Visto que o painel fotovoltaico tem uma garantia ligada
à temperatura de funcionamento das células, é necessário identificar sobreaquecimentos e
defeitos iniciais o mais cedo possível, para poder determinar garantias futuras [65].

Figura 3.48 - Imagem termográfica de um painel fotovoltaico [65].

Na Figura 3.48, podemos ver uma imagem termográfica de um painel fotovoltaico. Na


imagem da esquerda vê-se um painel fotovoltaico sem defeitos aparentes. Com a inspeção
termográfica detetou-se uma célula solar defeituosa que compromete o rendimento do painel
fotovoltaico. Uma célula solar com uma temperatura elevada embora inferior a 85℃, é
classificada como uma célula solar sobreaquecida quando comparada com as restantes células
do painel fotovoltaico.

Figura 3.49 - Imagem termográfica de painéis com zonas sobreaquecidas [65].


84 Técnicas termográficas e suas aplicações

3.8 - Outras aplicações na Indústria

Os processos de engenharia e os processos fabris estão sob constante pressão para tornar
os sistemas e os processos de produção mais eficientes e com menos custos. A termografia
pode ser utilizada numa série de aplicações industriais, para além das já descritas, incluindo
a monitorização e controlo de processos, garantia de qualidade, gestão de ativos e
monitorização das condições da maquinaria. Com o uso da termografia, a indústria valida e
aumenta a qualidade dos seus produtos, ganhando evidentes vantagens competitivas e um
aumento de rentabilidade [37].

3.8.1 - Controlo do Processo de Fabrico

Um programa de manutenção é fundamental para o funcionamento dos equipamentos com


o máximo rendimento, detetando-se as falhas nos diversos componentes da linha de
montagem antes que se tornem demasiado graves e obriguem a uma interrupção da produção
[13].
Em processos de fabrico, a temperatura é uma das variáveis mais significativas para a
uniformidade em todos os setores de processos. A uniformidade é verificada na monitorização
de sensores de montagem fixa, nos componentes do sistema de fornecimento em
sobreaquecimento, no acompanhamento das condições dos produtos e na inspeção dos
equipamentos críticos [20].
O aparecimento de alimentos pré-cozinhados gerou uma grande revolução na indústria
alimentar. Com o aumento da conveniência deste tipo de alimentos, o processo de fabrico
tem que ser cada vez mais preciso de forma a cumprir os limites impostos de segurança,
qualidade do produto e economia. A segurança exige que todas as partes de um produto de
alimentos sejam mantidos acima de uma temperatura limite por um período específico para a
eliminação de bactérias perigosas. No entanto, se a temperatura for muito elevada ou o
período for excessivo, o produto apresenta uma qualidade inaceitável. Para que exista
economia na produção, a linha tem que se mover rapidamente para atingir os volumes
desejados e para que o forno opere a uma temperatura mínima de modo a reduzir as despesas
de combustível. As economias diárias de produção são moderadas pela constatação de que
uma única violação de segurança pode ter consequências, económicas e morais, desastrosas
para toda a empresa. Da mesma maneira, uma quebra na qualidade do produto pode desfazer
anos de conquistas num mercado competitivo. As imagens termográficas representam um
recurso para atingir a alta qualidade de um produto, segura e economicamente, através da
monitorização constante das temperaturas do próprio produto.
Outras aplicações na Indústria 85

As temperaturas do produto podem variar significativamente de acordo com parâmetros,


como a temperatura do forno, a velocidade da correia, o volume do produto, a composição do
produto e a separação e instalação do produto [20,38].

Figura 3.50 - Imagens termográficas na indústria alimentar [39].

A natureza do processo de fabrico do vidro é termica, pelo que a qualidade do vidro


fabricado depende de leituras de temperatura precisas de vários elementos, como o molde de
vidro, a "gota", a correia transportadora de aço e o forno, resultando num produto com mais
qualidade e na minimização dos custos com a prevenção de falhas. O vidro é transportado do
forno para o molde num corredor. No final do corredor, uma ventosa força o vidro para fora
em esferas chamadas "gotas" para calhas que levam até à máquina de molde. É extremamente
importante monitorizar a temperatura das "gotas", porque controla o peso do vidro, a sua
viscosidade e a formação do recipiente no molde. Os recipientes de vidro são transportados
numa correia transportadora de aço da máquina de molde para a arca de recozimento em
forma de túnel. Para evitar que a correia arrefeça as partes inferiores dos recipientes de
modo irregular, causando assim a rutura, a correia é aquecida com chamas de gás antes de
atingir as máquinas de engarrafamento. É crítico para os fabricantes medir a temperatura da
correia em intervalos regulares de modo a evitar a rutura e garantir um retorno bastante
elevado para manter a rentabilidade numa indústria competitiva. A monitorização da
temperatura do molde é importante porque pode afetar a qualidade do recipiente. Se o
molde não estiver a refrigerar de forma adequada, o recipiente não irá reter a sua forma após
sair do molde, ou se o molde estiver demasiado frio, o recipiente não será moldado de forma
adequada.
86 Técnicas termográficas e suas aplicações

A fusão económica de matérias-primas em vidro requer supervisão e monitorização


constantes. A maioria dos fornos são acionados por gás natural através das portas laterais e a
temperatura de fusão é de cerca de 1200℃. O vidro fundido sai do forno através dos
alimentadores para as máquinas de formação anexadas a cada forno. A condição e a
segurança da estrutura refratária de todo o forno e refinador são extremamente importantes
[20].
O processo de fabrico de papel é um setor industrial competitivo no qual a redução de
custos operacionais e o aumento de lucros é um desafio constante. É baseado na remoção de
água por meio de drenagem, prensagem mecânica e na aplicação de calor, sendo constituído
por várias etapas diferentes que mostram diferentes imagens termográficas. Na etapa de
secagem, A raia de frio em direção ao extremo do rolo de papel é causada pelo arrefecimento
por evaporação, correspondendo a variações de humidade resultantes de uma secagem
irregular. As alterações feitas no processo de secagem para corrigir esse problema podem ser
imediatamente monitorizadas em todas as etapas da produção. Os chuveiros de alta pressão
são utilizados para manter a secção de prensagem de tecidos limpa. Por vezes, o padrão de
fluxo do chuveiro é transferido para o rolo de papel e estes padrões podem ser identificados
numa imagem termográfica. Esta condição pode causar problemas na secção de secagem, tais
como o enferrujamento de rolos de retorno que leva ao desgaste prematuro do tecido do
secador. Se o papel tiver listras molhadas pode ter um efeito prejudicial na qualidade e no
desempenho do papel num processo de conversão e impressão subsequente. As fugas de vapor
nas bobinas de vapor do sistema de ventilação da secção do secador podem ser identificadas
durante uma inspeção termográfica à máquina de papel. As fugas de vapor podem fazer com
que a máquina de papel passe por falhas frequentes de papel prejudicando a produção [20].

Figura 3.51 - Imagem termográfica na indústria papeleira [40].


Outras aplicações na Indústria 87

A indústria farmacêutica, aproveitando os recentes desenvolvimentos das câmaras


termográficas, está a desenvolver novos medicamentos com a ajuda de imagens
termográficas. Os cientistas usam placas de titulação, constituídas por múltiplas células
usadas como pequenos tubos de ensaio. Nessas células ocorrem reações químicas, onde os
cientistas monitorizam as mudanças de temperatura com recurso a câmaras termográficas
[39].

3.8.2 - Automação

O objetivo da indústria automóvel é desenvolver novos modelos de um modo mais rápido e


mais eficiente ao nível dos custos, de forma a alcançar o sucesso comercial. Os investigadores
procuram soluções para a gestão de calor num automóvel. A termografia permite testar o
desempenho de motores, pneus, travões, sistemas de descongelação do para-brisas, sistemas
de aquecimento de assentos, correias de transmissão e conversores catalíticos [39].

Figura 3.52 - Imagens termográficas de assento e vidros num automóvel [41].

Os assentos de automóveis modernos são feitos de materiais diferentes em relação aos


assentos tradicionais. A base de produção dos assentos é um esqueleto com suportes de aço,
que numa fase posterior de produção é preenchido com plástico espumado.
88 Técnicas termográficas e suas aplicações

A configuração destes componentes varia conforme o modelo de carro. Devido ao pouco


contraste entre o material de moldagem brilhante e os suportes de aço, o processamento de
imagens de vídeo tradicionais não serve para inspecionar o processo de moldagem. As
câmaras termográficas conseguem eliminar esse problema, permitindo um controlo
automático de montagem ao verificar a presença de elementos, ao selecionar a posição para
os elementos de suporte e ao inspecionar o produto final. Um elemento preponderante para a
segurança do automóvel são os vidros dianteiro e traseiro. Uma câmara termográfica
consegue detetar defeitos como pontos quentes sobre os fios de aquecimento do vidro
traseiro, detetar defeitos no para-brisas aquecido (ponto quente) e ajuda na otimização da
descongelação do para-brisas [41].
A Audi é reconhecida como um das melhores marcas mundiais no segmento Premium,
devido aos elevados requisitos para peças e componentes assegurando padrões de alta
qualidade na segurança dos veículos e uma condução dinâmica. As câmaras termográficas são
usadas em teste de motores para conhecer os padrões de acumulação e distribuição de calor,
para visualização de ciclos de funcionamento e para a determinação do ponto de falha.
Correias de transmissão, turbocompressores, conversores catalíticos e pneus são
exaustivamente testados antes de estarem disponíveis para a produção final do carro de
forma a evitar campanhas de recolha de carros, prejudiciais em termos económicos e de
imagem para as marcas [42].

Figura 3.53 - Imagens termográficas de pneus e conversores catalíticos [42].

Na indústria aeronáutica a termografia tem um papel muito importante nas questões de


pesquisa e desenvolvimento. É usada para análise de estruturas e do comportamento térmico
de componentes mecânicos e elétricos em fase de protótipo e em fase de produção.
A capacidade de controlar e medir a temperatura de materiais compostos e o
conhecimento das distribuições relativas dos parâmetros permitem um aumento de segurança
em geral. As principais aplicações são a medição da temperatura dos pontos críticos, a análise
Outras aplicações na Indústria 89

do comportamento térmico das pás e caracterização térmica dos reatores, a avaliação da


distribuição térmica da placa eletrónica, a avaliação da integridade das estruturas e testes
dinâmicos de materiais compostos [13].
Num estudo de inspeção dos danos por impacto em laminados de matriz polimérica
reforçados por fibras de carbono mostra que a termografia é um método de ensaio simples,
robusto e confiável para a deteção de danos por impacto mostrando a presença de defeitos
superficiais causando a perturbação do fluxo de calor [43].
Na indústria de transformação e reciclagem de resíduos a termografia é usada como
medida de segurança. Os resíduos são submetidos a processos de compostagem, correndo o
risco de combustão espontânea em materiais altamente inflamáveis como o plástico. Uma
câmara termográfica consegue identificar bolsas de fogo numa primeira fase e em seguir
desencadear alarmes de incêndio quando se atinge uma determinada temperatura [41].

3.8.3 - Eletrónica

O desenvolvimento eletrónico nas últimas décadas tem sido muito expressivo. À medida
que o nosso mundo se torna cada vez mais informatizado, a tendência é para projetar e
fabricar produtos mais pequenos, com melhor desempenho e fáceis de usar. Os cientistas e
engenheiros envolvidos na conceção destes produtos são desafiados a controlar a dissipação
de calor, sem sacrificar desempenho ou custo. Equipamentos como telemóveis, computadores
portáteis, televisões LCD e plasma, leitores de música e DVD são exemplos dos equipamentos
que ganharam com o aumento de qualidade no setor eletrónico. Até recentemente, a
compreensão exata do fluxo de calor era extremamente difícil. Com a termografia, consegue-
se facilmente visualizar e quantificar padrões de calor nos dispositivos criados. A termografia,
além de ser útil na prevenção de incêndios ou no controlo de qualidade, tem um papel
importante na fase de projeto. Com as câmaras termográficas, consegue-se fazer uma análise
térmica e conhecer-se a distribuição de temperatura de placas de circuitos impressos, detetar
e localizar curto-circuitos e realizar o controlo das especificações dos componentes. [39, 44].
Nas placas de circuitos impressos podem-se localizar problemas, tais como, soldagem
imprópria de circuitos, identificação reduzida entre componentes, flutuação de energia de
cabos que foram levantados, componentes em falta ou indevidamente soldados, polaridade
invertida de um componente e substituições erradas de componentes que levam ao
aquecimento do circuito. As placas de circuito desprotegidas, feitas de fibra de vidro e
resina, têm de ser cozidas em fornos de ar quente. Estas placas são constituídas por múltiplas
camadas que têm de ser aquecidas diversas vezes de modo a cozer cada camada. A
temperatura à qual estas camadas são aquecidas é extremamente de modo a não inutilizar a
placa.
90 Técnicas termográficas e suas aplicações

Dado que os fabricantes de placas têm margens de lucro reduzidas, tal desperdício pode
afetar drasticamente o lucro. De modo a prevenir a eliminação e a maximizar o lucro, os
fabricantes de placas são aconselhados a usar câmaras termográficas para medir a
temperatura de cozedura das placas e assim controlar eficazmente a temperatura. A fase de
ligação de fios durante a produção do circuito integrado pode ser um ponto de
estrangulamento. Isto deve-se a um elevado número de soldaduras envolvidas e à necessidade
de controlar o aquecimento e arrefecimento. As temperaturas de soldadura às quais os fios
são soldados ao circuito integrado baseiam-se no diâmetro e material do fio. Os fabricantes
de circuitos integrados devem monitorizar o perfil térmico bem como as temperaturas do
processo imediatamente antes e após os fios serem soldados ao circuitos integrados. Isto
permite-lhes aumentar a produtividade ajustando os tempos de soldadura com base em dados
recolhidos na monitorização térmica do processo. Além disso, permite-lhes diminuir a
eliminação do produto final porque poucos circuitos integrados têm falhas de calor e poucas
placas se perdem devido a uma soldadura fraca [20].

Figura 3.54 - Imagens termográficas de placas de circuitos impressos [44].

3.9 - Síntese

Tal como descrito ao longo do capítulo, a termografia pode ser uma ferramenta muito
útil, como por exemplo, detetar problemas elétricos antecipadamente a riscos sérios para a
instalação e para o utilizador. Cada vez mais, importa reduzir custos e obter a maxima
eficiência, sendo necessário ter ferramentas adequadas para as tarefas. Uma boa calibração
de uma câmara termográfica é fundamental, para que o processo de medição da radiação
infravermelh seja fiável.
No capítulo seguinte descreve-se o desenvolvimento de uma metodologia para aplicação
das técnicas termográficas em grandes transformadores de potência.
Capítulo 4

Aplicação da termografia a grandes


transformadores de potência

Um dos objetivos definidos no Capítulo 1 foi o desenvolvimento de uma metodologia para


aplicação de técnicas termográficas em grandes transformadores de potência (imersos em
óleo). A investigação experimental tem como objetivo a definição de procedimentos padrões
para o uso das técnicas termográficas, apresentadas no Capítulo 2, para validação de leituras
efetuadas através de uma câmara termográfica. A investigação experimental vai ser
apresentado em quatro partes distintas: caraterização do problema, tipo de problemas a
considerar e metodologia para os tratar, resultados obtidos e, por fim, o modo operatório
proposto.

4.1 - Caraterização do problema

A investigação experimental foi realizada com a colaboração da empresa Efacec, onde se


teve acesso aos transformadores de potência. Um transformador é uma máquina elétrica que,
por indução, promove uma transferência de energia, com alteração das caraterísticas das
grandezas do respetivo sistema elétrico. Um transformador de potência é um equipamento
importante e de alto custo num sistema elétrico de energia, destinado a baixar ou elevar a
tensão e, consequentemente elevar ou reduzir a corrente de um circuito, de modo que não se
altere a potência do mesmo.
A transferência de energia é acompanhada de perdas que dependem normalmente, da
construção do transformador, do seu regime de funcionamento e da sua manutenção.
As atividades de empresas industriais e de serviços fundamentais para as populações,
dependem do bom funcionamento do transformador elétrico.
Um transformador em regime de funcionamento contínuo necessita de um conjunto de
ações de manutenção capazes de detetarem, ou de preverem, processos de desgaste e de
92 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

envelhecimento no seu sistema de isolamento. Os efeitos de fadiga térmica, química, elétrica


e mecânica, tais como, pontos quentes, sobreaquecimentos, sobretensões e vibração são
responsáveis por alterações do sistema isolante, devendo ser monitorizadas para garantir a
máxima eficiência do equipamento, permitindo intervenções de manutenção preditiva e
preventiva.
A termografia é um método muito útil utilizado, quer na manutenção preditiva, quer na
manutenção preventiva, para localizar e quantificar os pontos quentes e os
sobreaquecimentos. O objetivo principal será a calibração da câmara termográfica
disponibilizada pela empresa Efacec, em todos os aspetos considerados relevantes.

Figura 4.1 - Exemplar de um transformador de potência.


Caraterização do problema 93

4.1.1 - Identificação dos pontos de interesse nos transformadores de potência

Foram definidos pela empresa Efacec os pontos de interesse no transformador para


futuras inspeções com recurso a uma camara termográfica:

• Paredes Laterais do transformador


• Golas do transformador
• Tampa Superior de Baixa Tensão

Os pontos de interesse foram escolhidos por se considerar que serão os locais onde a
informação obtida é mais relevante para caracterizar eventuais pontos quentes. Todas as
superfícies dos pontos de interesse são lisas e pintadas, sendo as cores mais comuns o
cinzento claro, o cinzento escuro, o verde e o creme, conforme a indicação do fabricante.

4.1.2 - Caraterização da câmara termográfica

A camara termográfica disponibilizada pela empresa é a Câmara Termográfica Industrial


Fluke Ti32, com as suas principais caraterísticas a serem enumeradas em seguida:

• Tipo de Detetor: Sistema FPA (Focal Plane Array) de 320 x 240, com microbolómetro
não refrigerado;
• Gama de medição de temperatura: −20 °𝐶 𝑎 + 600 °𝐶;
• Precisão de medição de temperatura: ± 2 °𝐶 𝑜𝑢 2 %;
• Sensibilidade térmica (NETD): ≤ 0,045 °𝐶 (45 𝑚𝐾);
• Total de pixéis: 76800;
• Banda espetral IR: 7,5 𝜇𝑚 𝑎 14 𝜇𝑚 (onda longa);
• Tipo de lente de infravermelho standard:
− Campo de visão 23 ° 𝑥 17 °;
− Resolução espacial (IFOV) 1,25 𝑚𝑅𝑎𝑑;
− Distância mínima de focagem 15 cm.

Na Câmara Termográfica Industrial Fluke Ti32 é permitido ajustar a palete de cores, a


mistura e o nível de imagens visuais com infravermelhos (modo IR-Fusion), a emissividade, a
compensação da temperatura de fundo refletida e a correção de transmissão de uma imagem
capturada antes de a armazenar.
94 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

4.1.3 - Parametrização revelante e dificuldades intrínsecas

Tal como descrito no Capítulo 2, na subsecção 2.4.1, existem fatores de influência na


medição da radiação infravermelha.
A parametrização da emissividade, a avaliação da reflexão, a influência atmosférica e os
fatores climáticos são fatores a ter em conta antes da realização de um ensaio termográfico.
Tendo em conta que são superfícies lisas em objetos de grande dimensão, considerou-se
que a reflexão será constante.
Os ensaios foram realizados em ambiente laboratorial, ou seja, não existe influência
atmosférica nos ensaios realizados, uma vez que não existe humidade, não há radiação solar a
incidir no objeto e verifica-se a ausência de vento. Em relação à transmissão atmosférica, foi
considerada 100%, tendo em conta a banda espetral de infravermelhos em que a câmara
termográfica funciona.
Em relação à emissividade, foi necessário considerar a distância ao objeto, o ângulo de
observação, as condições e forma da superfície e a temperatura do objeto.
Sempre que existiu disponibilidade do laboratório da empresa Efacec, todos os ensaios
foram realizados sem que o transformador de potência estivesse em ação, ou seja, todas as
superfícies estavam a frio. Para testar a variação da emissividade com a variação da
temperatura do transformador só foi possível realizar um único ensaio com o transformador a
funcionar, durante um ensaio de aquecimento do mesmo.

4.2 - Tipos de problemas a considerar e metodologias para os


tratar

Tendo em conta que o transformador de potência é ensaiado em ambiente laboratorial, o


único aspeto considerado relevante para a calibração da câmara termográfica será a
parametrização da emissividade. Todos os aspetos que podem influenciar a emissividade
estão descritos no Capítulo 2, na subsecção 2.4.2.
A variação da emissividade com a condição e forma de uma superfície não é considerada
pois as superfícies do transformador são superfícies planas, lisas e pintadas.
A variação da emissividade com o ângulo de visão, com a distância, com a temperatura do
objeto foi determinada por um método experimental, parecido ao explicado no ponto 2.4.2.4,
que é descrito em seguida. Todas as regras descritas respeitam as normas de segurança da
empresa Efacec.
Tipos de problemas a considerar e metodologias para os tratar 95

Passo 1. Determinar temperatura refletida aparente: usado Método Refletor descrito no


Capítulo 2, no ponto 2.4.2.4.

Passo 2. Determinação da emissividade: Apresentam-se os passos para a determinação da


emissividade.

1. Seleção dos pontos de interesse no transformador de potência;


2. Determinar e definir a temperatura aparente refletida;
3. Colocar um termopar do tipo K no ponto de interesse a medir e realizar a leitura da
temperatura com um instrumento de medição de temperatura de 2 canais TP Tipo K;
4. Considera-se que a temperatura do termopar como Temperatura de Referência;
5. Focar e ajustar a câmara, congelando a imagem;
6. Ajustar o nível e amplitude de brilho e contraste de imagem;
7. Medir a temperatura na superfície da amostra com a câmara termográfica;
8. Alterar a emissividade da configuração até que a leitura da temperatura da superfície
da amostra, seja igual ou aproximada, à temperatura indicado pelo termopar;
9. Se a temperatura da câmara for aproximada, considera-se como desvio máximo em
relação à Temperatura de Referência ∆𝑚𝑎𝑥 = 1℃;
10. Anotar a emissividade.

Passo 3. Determinação da distância/do ângulo

1. Considerar como distância mínima de segurança 2 metros;


2. Medir a distância/o ângulo relativamente ao ponto de interesse;
3. Alterar a emissividade da configuração até que a leitura da temperatura da superfície
da amostra seja igual ou aproximada à temperatura indicado pelo termopar;
4. Anotar a emissividade.

4.2.1 - Pontos de interesse selecionados

Os diferentes pontos de interesse, selecionados previamente, encontram-se em diferentes


posições e alturas, podendo variar para os diferentes transformadores:

1. Paredes Laterais - O termopar deve ser colocado a uma altura tal, de modo a que a
câmara termográfica forme um ângulo reto relativamente a uma linha, imaginária e
paralela ao chão;
96 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

2. Golas do transformador – A sua posição varia para diferentes transformadores,


variando também a sua altura relativamente ao chão. Sempre que possível, o
utilizador deve utilizar um escadote, de modo a que a câmara termográfica forme um
ângulo reto relativamente a uma linha, imaginária e paralela ao chão. Se a altura do
escadote não for suficiente (por exemplo, Figura 4.1), o utilizador deve-se colocar à
máxima altura possível e fazer com a câmara termográfica o menor ângulo agudo
possível relativamente a uma linha, imaginária e paralela ao chão;
3. Tampa Superior de Baixa Tensão – o procedimento é igual ao das golas do
transformador.

4.3 - Resultados Obtidos

Nesta secção vão ser apresentados os resultados obtidos durante o período experimental
para a parametrização da emissividade. Foi testada a variação da emissividade em relação à
distância, ao ângulo de visão, à cor da superfície e à variação da temperatura. Neste Capítulo
só vão ser apresentados, os gráficos ou tabelas mais significativos, sendo apresentados na sua
totalidade no Anexo B.

4.3.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto

Seguindo os passos apresentados na secção 4.2, apresentam-se na Tabela 4.1 os valores da


variação da emissividade com a distância. Refira-se que existe uma distância mínima de
segurança de 2 metros.

Tabela 4.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto

Distância Temp. Temp.


Emissividade
(m) Câmara (℃) Termopar (℃)
2 0,9 15.1 14,7
3 0,9 15,1 14,7
4 0,89 15,1 14,7
5 0,88 15,1 14,7
6 0,88 15,1 14,7
7 0,87 14,4 14,7
8 0,86 14,4 14,7
9 0,85 14,4 14,7
10 0,85 14,4 14,7
11 0,84 14,3 14,7
12 0,83 14,1 14,7
13 0,83 14,1 14,7
14 0,82 14,1 14,7
Resultados Obtidos 97

Da análise da Tabela 4.1, pode-se concluir que a variação da emissividade com a distância
ao objeto é muito pouco significativa. Como os ensaios foram realizados num ambiente
laboratorial, todos os fatores que influenciam a emissividade na atmosfera entre o objeto a
medir e a câmara termográfica são considerados desprezáveis. Respeitando sempre a
distância de segurança, recomenda-se que se use a menor distância possível.

4.3.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão

Seguindo os passos apresentados na secção 4.2, apresentam-se na Tabela 4.2 os valores da


variação da emissividade com o ângulo de visão. Para cada ângulo, foi medido a uma
distância de 2 metros do transformador.

Tabela 4.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão

Ângulo Temp. Temp.


Emissividade
(°) Câmara (℃) Termopar (℃)
0 0,9 15,1 14,7
5 0,9 15,1 14,7
10 0,9 15,1 14,7
15 0,89 15,1 14,7
20 0,89 15,1 14,7
25 0,88 15,1 14,7
30 0,87 14,4 14,7
35 0,82 14,1 14,7
40 0,81 14 14,7
45 0,8 13,9 14,7
50 0,74 13,4 14,7
55 0,72 13 14,7
60 0,7 12,6 14,7
65 0,68 12,3 14,7
70 0,59 10,9 14,7
75 0,56 10,3 14,7
80 0,46 9,1 14,7
85 0,34 5,1 14,7
90 0,1 0 14,7
98 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Da análise da Tabela 4.2 pode-se concluir que a variação da emissividade com o ângulo de
visão segue aproximadamente o que foi dito no ponto 2.4.2.1:

• Para ângulos menores que 30°, as medidas efetuadas são muito próximas da
temperatura de referência;
• Para ângulos entre 30° e 60°, introduz-se um pequeno erro na medição das
temperaturas;
• Para um ângulo maior que os 60° ocorrem grandes erros na medição da temperatura.

Na Figura 4.1, pode-se ver a curva da variação da emissividade com o ângulo de visão,
muito próxima da curva teórica apresentada na Figura 2.9.

Variação da emissividade com o ângulo


1
0,9
0,8
0,7
0,6
Emissividade

0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Ângulo (⁰)

Figura 4.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão (experimental).

4.3.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície

Seguindo os passos apresentados na secção 4.2, apresentam-se na Tabela 4.3, os valores


da variação da emissividade, em todo o intervalo possível (entre 0 e 1), com as respetivas
temperaturas. Cada valor de emissividade, todas as medições foram feitas a uma distância de
2 metros do transformador e com um ângulo de 0°. Foram efetuadas medidas para as quatro
cores predominantes, indicadas pela empresa Efacec: cor creme, cor cinzenta claro, cor
cinzento escuro e cor verde.
Resultados Obtidos 99

4.3.3.1 - Variação da emissividade com a cor creme

Tendo como temperatura de referência o valor de 14,7℃, variou-se a emissividade desde


o seu valor máximo (1) até ao seu valor mínimo (0,01), apontando-se o valor das
temperaturas lido pela câmara termográfica. O valor da temperatura lido pela câmara
termográfica, superior e mais próximo, ao valor da temperatura de referência, corresponderá
ao valor de emissividade para a cor selecionada.

Tabela 4.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme).

Emissividade Temp. Câmara (℃) Emissividade Temp. Câmara (℃)

1 16,3 0,89 15,1


0,99 16 0,88 15,1
0,98 16 0,87 14,4
0,97 15,8 0,86 14,4
0,96 15,7 0,85 14,4
0,95 15,6 0,84 14,3
0,94 15,5 0,83 14,1
0,93 15,5 0,82 14,1
0,92 15,4 0,81 14
0,91 15,2 0,8 13,9
0,9 15,1 0,79 13,8

Da análise da Tabela 4.3 pode-se concluir que, com a variação da emissividade em todo o
seu intervalo, a temperatura mais próxima da temperatura de referência foi de 15,1℃. Sendo
assim, a emissividade para a cor creme será de 0,9. Na Figura 4.3 vê-se a variação da
temperatura ao longo de um intervalo da emissividade.
100 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Emissividade Cor Creme


16,5

16

15,5
Temperatura (⁰C)

15

14,5

14

13,5
0,79 0,89 0,99
Emissividade

Figura 4.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme).

4.3.3.2 - Variação da emissividade com a cor cinzento claro

Tendo como temperatura de referência o valor de 14,4℃, variou-se a emissividade desde


o seu valor máximo (1) até ao seu valor mínimo (0,01), apontando-se o valor das
temperaturas lido pela câmara termográfica. O valor da emissividade para esta cor será de
0,86, como se pode verificar na Tabela B.4 do Anexo B.

Emissividade Cor Cinzento Claro


17

16,5

16
Temperatura (⁰C)

15,5

15

14,5

14

13,5

13
0,8 0,85 0,9 0,95 1
Emissividade

Figura 4.4 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento claro).


Resultados Obtidos 101

4.3.3.3 - Variação da emissividade com a cor cinzento escuro

Tendo como temperatura de referência o valor de 13,6℃, variou-se a emissividade desde


o seu valor máximo (1) até ao seu valor mínimo (0,01), apontando-se o valor das
temperaturas lido pela câmara termográfica. O valor da emissividade para esta cor será de
0,86, como se pode verificar na Tabela B.5 do Anexo B.

Emissividade Cor Cinzento Escuro


17
16,5
16
Temperatura (⁰C)

15,5
15
14,5
14
13,5
13
12,5
0,8 0,85 0,9 0,95 1
Emissividade

Figura 4.5 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento escuro).

4.3.3.4 – Variação da emissividade com a cor verde

Tendo como temperatura de referência o valor de 15,9℃, variou-se a emissividade desde


o seu valor máximo (1) até ao seu valor mínimo (0,01), apontando-se o valor das
temperaturas lido pela câmara termográfica. O valor da emissividade para esta cor será de
0,70, como se pode verificar na Tabela B.6 do Anexo B.
102 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Emissividade Cor Verde


17

16,5
Temperatura (⁰C)

16

15,5

15
0,6 0,65 0,7 0,75 0,8
Emissividade

Figura 4.6 - Variação da emissividade com a cor da superfície (verde).

4.3.4 - Testes sobre um transformador de potência em funcionamento

Para testar a variação da emissividade com o aumento de temperatura do objeto,


realizou-se um ensaio de aquecimento num transformador de potência.
O ensaio de aquecimento é realizado para cada par de enrolamentos, sendo curto-
circuitado um dos sistemas de enrolamentos, tal com se vê na Figura 4.6.

Figura 4.7 - Método de curto-circuito para ensaio de aquecimento (modelo monofássico).


Resultados Obtidos 103

O transformador é sujeito á corrente de perdas totais, calculada pela determinação da


corrente das perdas em carga, à temperatura de referência, mais a corrente das perdas sem
carga. O ensaio de aquecimento é realizado em duas etapas: primeiro, injeta-se a corrente de
perdas totais, para se obter o aumento de temperatura do óleo superior, e, segundo, passa-se
para a corrente nominal, para descobrir o aumento médio da temperatura nos enrolamentos.
A tensão de alimentação para este ensaio é a mesma que a tensão de curto-circuito,
significando que não há praticamente perdas no núcleo de ferro. No entanto, são necessárias
as perdas totais para obter corretamente o aumento de temperatura do óleo superior.
Portanto as perdas sem carga devem ser simuladas nos enrolamentos pela injeção de uma
corrente ligeiramente superior à corrente nominal.
O propósito do ensaio de aquecimento é o de verificar a garantia da subida de
temperatura no óleo e nos enrolamentos. Também é útil para se estabelecer os possíveis
pontos quentes.

4.3.4.1 - Resultados e sua análise

Foram definidos 7 pontos de interesse no transformador ensaiado e são os seguintes:

• Paredes Laterais (3)


• Golas do transformador trifásico (3)
• Tampa Superior da Baixa Tensão

Foram realizadas 9 séries de medições, ao longo do tempo, durante o ensaio de


aquecimento: a primeira série é com o transformador ainda a frio, sendo as restantes já com
a injeção da corrente de perdas totais e a última com a passagem para corrente nominal.
O objetivo é identificar o comportamento da emissividade, de um transformador pintado
com a cor creme, relativamente ao aumento da temperatura. A metodologia é igual à
indicada na secção 4.2, respeitando sempre as regras de segurança. Em todos os pontos de
interesse, foi escolhida a distância de 2 metros. Para o ângulo de visão foi escolhido o ângulo
0° para todos os pontos de interesse, em exceção das golas onde foi escolhido o ângulo 15°.
Na Tampa Superior da Baixa Tensão escolheu-se uma altura de modo a que a câmara
termográfica forme um ângulo reto relativamente a uma linha, imaginária e paralela ao chão,
tal como na Parede Lateral 2.
O primeiro resultado relevante a apresentar, mostra a evolução da temperatura de
referência nos pontos de interesse escolhidos, onde facilmente se encontra os locais, nos
quais a temperatura atingiu maiores valores.
104 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Evoluçao da temperatura de referência


(termopar)
51

46

41 BT Tampa
superior
Temperatura (⁰C)

Parede
36 Lateral 1
Parede
31 Lateral 2
Parede
Lateral 3
26 Gola 1

Gola 2
21
Gola 3
16

11
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Série de Medidas

Figura 4.8 - Variação da temperatura de referência ao longo das séries de medidas.

Em todos os pontos selecionados, monitorizou-se o comportamento da emissividade com o


aumento da temperatura de referência. Como o transformador era de cor creme, a
emissividade inicial será de 0,9.

Tabela 4.4 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (BT Tampa Superior).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 BT Tampa Sup 17,5 16 16,5 0,9 2 4 0

1 BT Tampa Sup 17,5 31,1 31,8 0,9 2 4 0

2 BT Tampa Sup 19,6 39,6 40,2 0,9 2 4 0

3 BT Tampa Sup 20,6 43,1 43,6 0,9 2 4 0

4 BT Tampa Sup 22,3 49,9 50,4 0,9 2 4 0

5 BT Tampa Sup 23,8 46,4 47,0 0,9 2 4 0

6 BT Tampa Sup 22,7 46,1 46,6 0,9 2 4 0

7 BT Tampa Sup 22,4 45,3 46,2 0,9 2 4 0

8 BT Tampa Sup 21,6 45,2 45,7 0,9 2 4 0


Resultados Obtidos 105

Tabela 4.5 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 1).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 Gola 1 16,8 15,3 15,9 0,9 2 0 15

1 Gola 1 16,8 19,5 19,7 0,9 2 0 15

2 Gola 1 19,1 29,5 29,7 0,9 2 0 15

3 Gola 1 19,3 35,8 35,9 0,9 2 0 15

4 Gola 1 22,1 41,4 41,9 0,9 2 0 15

5 Gola 1 23,2 39,4 40,0 0,9 2 0 15

6 Gola 1 23,8 40,9 41,3 0,9 2 0 15

7 Gola 1 22,8 38,3 38,8 0,9 2 0 15

8 Gola 1 20,8 38,4 38,7 0,9 2 0 15

Aqui estão apresentadas as tabelas para os pontos Tampa Superior da Baixa Tensão e Gola
1, sendo que, para os restantes pontos, as tabelas encontram-se no Anexo B, na secção B.4.
Analisando as tabelas apresentadas, conclui-se que não existe variação da emissividade com o
aumento da temperatura, sendo válida para os diferentes locais de inspeção.
Outro aspeto relevante é o facto de a temperatura indicada pela câmara termográfica
nunca ultrapassar o desvio máximo em relação à Temperatura de Referência ∆𝑚𝑎𝑥 = 1℃. Nas
Figuras 4.9 e 4.10, pode-se verificar a boa aproximação das leituras efetuadas com recurso a
uma câmara termográfica.

BT Tampa Superior
0,95
Emissividade

0,9 T termopar
T camara
0,85

0,8
15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53
Temperatura (⁰C)

Figura 4.9 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (BT Tampa Superior).
106 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Gola 1
0,94
0,92
Emissividade

0,9
0,88
0,86 T termopar

0,84 T camara
0,82
0,8
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44
Temperatura (⁰C)

Figura 4.10 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 1).

Considerando-se como 𝑈0 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑇𝑒𝑟𝑚𝑜𝑝𝑎𝑟 e 𝑈𝑚𝑒𝑑 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐶â𝑚𝑎𝑟𝑎, é


possível calcular os erros relativos para todos os pontos estudados. Nas Tabelas 4.6 e 4.7
podemos ver que os erros relativos nunca ultrapassam o valor de 4%, o que se pode
considerar um erro bastante aceitável. Na Figura 4.10, podemos ver os erros relativos de
todos os pontos inspecionados, ao longo das séries de medidas efetuadas.

Tabela 4.6 - Erros relativos das leituras efetuadas (BT Tampa Superior).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo (%)


0 0,5 3,13%

1 0,7 2,25%

2 0,6 1,52%

3 0,5 1,16%

4 0,5 1,00%

5 0,6 1,29%

6 0,5 1,09%

7 0,9 1,99%

8 0,5 1,11%
Resultados Obtidos 107

Tabela 4.7 - Erros relativos das leituras efetuadas (Gola 3).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo (%)

0 0,2 1,30%

1 0,3 1,42%

2 0,2 0,66%

3 0,5 1,39%

4 0,6 1,46%

5 0,4 1,02%

6 0,2 0,49%

7 0,9 2,34%

8 0,6 1,55%

4.3.5 - Conclusões experimentais

Através dos resultados experimentais obtidos, podemos concluir que:

• A emissividade varia com o ângulo de visão;


• A emissividade varia para as diferentes cores das superfícies pintadas;
• A emissividade não depende da variação da temperatura;
• A emissividade não varia nos diferentes pontos de interesse identificados;
• A distância, em ambiente laboratorial, não é decisiva para uma grande variação da
emissividade.

Com estas conclusões, podemos afirmar que um transformador de potência, operando


nesta gama de temperaturas (0℃ ≥ 𝑇 ≥ 100℃), comporta-se como um corpo cinzento, tal
como é afirmado no Capítulo 2, na secção 2.3. Ou seja, num transformador de potência com
as suas superfícies pintadas, não existe variação da emissividade para os diferentes
comprimentos de onda.
Pode-se então definir os diferentes valores de emissividade, consoante a cor da
superfície:
108 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Tabela 4.8 - Valor da emissividade para as diferentes cores de tinta.

Cor Emissividade

Creme 0.9

Cinzento Claro 0,86

Cinzento Escuro 0,86

Verde 0,7

4.4 - Modo Operatório Proposto

Nesta secção vai-se enumerar um conjunto de regras a cumprir numa inspeção


termográfica. Essas regras fazem parte de um protocolo autónomo desenvolvido para a
empresa Efacec.
1. Respeitar todas as regras de segurança do local onde é realizado a inspeção
termográfica;
2. Manter uma distância de segurança mínima de 2 metros;
3. Sempre que possível realizar as leituras com um ângulo de visão de 0℃. Se tal não se
verificar, nunca ultrapassar os 30℃, por forma a não introduzir erros nas leituras
efetuadas;
4. Colocar sempre o termopar a uma altura em que seja possível a câmara termográfica
formar um ângulo reto relativamente a uma linha, imaginária e paralela ao chão;
5. Sempre que possível, eliminar todos os fatores climáticos que prejudiquem uma
inspeção termográfica, como, por exemplo, vento, humidade e radiação solar;
6. Calibrar a câmara termográfica, na sua emissividade, para a cor da superfície pintada
7. Nunca ultrapassar o desvio máximo em relação à Temperatura de Referência ∆𝑚𝑎𝑥 =
1℃. Assim existe, a garantia das medições possuírem uma precisão elevada, alta
repetibilidade e fiabilidade.
Desenvolvimento de uma folha de cálculo para análise de imagens termográficas 109

4.5 - Desenvolvimento de uma folha de cálculo para análise de


imagens termográficas

Um dos objetivos definidos no Capítulo 1 foi a ampliação do potencial do software FLIR


QuickReport para análise de imagens termográficas da câmara termográfica disponibilizada
pela FEUP e pelo Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores.
A ampliação do software tem como objetivo melhorar a análise quantitativa e as
ferramentas para interpretação das imagens termográficas, depois de realizada a calibração
recomendada, de modo a descrever os resultados obtidos. A interpretação dos resultados
obtidos é normalmente apresentada sob a forma de um relatório.
A secção vai ser apresentado em três partes distintas: caraterização do problema,
desenvolvimento da aplicação e resultados obtidos.

4.5.1 - Caraterização do problema

Nesta subsecção é apresentada uma caracterização da câmara termográfica e do software


base que acompanha a câmara termográfica. O objetivo será desenvolver um software
“universal”, Microsoft Office Excel 2007, para realizar uma análise gráfica, ampliando as
possibilidades do software FLIR QuickReport.

4.5.1.1 - Caracterização da câmara termográfica

A camara termográfica disponibilizada pela empresa é a Câmara Termográfica Industrial


Flir i60, com as suas principais caraterísticas a serem enumeradas em seguida:

• Tipo de Detetor: Sistema FPA (Focal Plane Array) de 180 x 180, com microbolómetro
não refrigerado;
• Gama de medição de temperatura: −20 °𝐶 𝑎 + 120 °𝐶 𝑜𝑢 0 ℃ 𝑎 350 ℃;
• Precisão de medição de temperatura: ± 2 °𝐶 𝑜𝑢 2 %;
• Sensibilidade térmica (NETD): ≤ 0,10 °𝐶 (100 𝑚𝐾);
• Total de pixéis: 32400;
• Banda espetral IR: 7,5 𝜇𝑚 𝑎 13 𝜇𝑚 (onda longa);
• Tipo de lente de infravermelho standard:
− Campo de visão 25 ° 𝑥 25 °;
− Resolução espacial (IFOV) 2,42 𝑚𝑅𝑎𝑑;
− Distância mínima de focagem 0,4 m.
110 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Na Câmara Termográfica Industrial Flir i60 é permitido ajustar a palete de cores, a


mistura e o nível de imagens visuais com infravermelhos (modo IR-Fusion), a emissividade, a
compensação da temperatura de fundo refletida e a correção de transmissão de uma imagem
capturada antes de a armazenar. A câmara incorpora um ponteiro de laser com um marcador
na imagem de infravermelho, facilitando a localização precisa do objeto a inspecionar.

4.5.1.2 - Caracterização do software FLIR QuickReport

O software FLIR QuickReport é a versão base do software disponibilizado juntamente com


a Câmara Termográfica Industrial Flir i60.
No software, é possível realizar todas as operações básicas, tais como, ajuste da escala de
temperaturas, da palete de cores, da emissividade, da compensação da temperatura de fundo
refletida, da distância. Para a análise quantitativa, é possível saber a temperatura máxima, a
temperatura mínima, a temperatura média de toda a imagem ou de partes relevantes. Uma
das ferramentas disponíveis no software FLIR QuickReport é a criação de uma área relevante
ou de uma linha de perfil, sendo possível analisar o comportamento da temperatura nas
mesmas.
Numa imagem radiométrica, cada pixel corresponde a uma determinada temperatura, ou
seja, a uma imagem radiométrica de 180 × 180 pixeis corresponde uma matriz de
temperaturas com 180 linhas e 180 colunas. Outra ferramenta disponível no software FLIR
QuickReport é a exportação de uma matriz de temperaturas (ferramenta área) ou de um
vetor de temperaturas (ferramenta linha) para o Microsoft Office Excel 2007.
Não sendo possível realizar uma análise gráfica no software FLIR QuickReport, pode-se
usar a exportação dos dados radiométricos para o Microsoft Office Excel 2007 e a capacidade
de gerar gráficos no mesmo, para construir uma ferramenta útil para uma melhor análise
quantitativa.

4.5.2 - Desenvolvimento da aplicação

O esquema apresentado na Figura 4.11 mostra os passos para gerar gráficos num
simulador gráfico. O simulador gráfico lê os dados armazenados em cada folha de Excel
individual, conforme seja linha ou superfície, e constrói os gráficos a partir desses dados.
Desenvolvimento de uma folha de cálculo para análise de imagens termográficas 111

Passo 1:
Análise da
imagem IR
QuickReport

Passo 2: Exportação de
dados radiométricos

Folha de Excel

Passo 3: Guardar Folha de Excel


Pasta Imagem X
(Linha/Superfície)

Passo 4: Correr
Simulador Gráfico

FIM

Figura 4.11 - Esquema do processo de geração de gráficos.

4.5.2.1 - Modo Operatório

O modo de tratar os dados radiométricos, por forma a gerar os gráficos necessários para a
análise quantitativa, está representado na Figura 5.1. A seguir vão ser descrito os passos,
desde a análise da imagem até à geração dos gráficos.

xPasso 1. Análise e uso das ferramentas do software QuickReport: marcação de uma linha
ou mais linhas e de uma ou mais superfícies. Repare-se que a linha e a superfície indicam
automaticamente a temperatura mínima e a temperatura máxima, informações úteis para a
indicação dos limites mínimos e máximos do gráfico. Na Figura 4.12 está representado um
exemplo demonstrativo.
112 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Figura 4.12 - Marcação de linha e superfície com QuickReport.

Passo 2. Exportação de dados radiométricos: utilizar a ferramenta de exportação de dados


para uma folha de Excel. A exportação pode ser feita relativamente à imagem inteira, a uma
linha ou a uma superfície (Figura 4.13).

Figura 4.13 - Opções para exportação de dados radiométricos.

Passo 3. Guardar Folha de Excel: a exportação é sempre feita para uma folha temporária de
Excel, que será guardada num ficheiro Excel (.xlsx), numa pasta da Imagem X, com uma
subpasta para linhas e uma subpasta para superfícies. Para que a identificação do ficheiro
seja fácil e rápida, convêm guardar com o respetivo nome e índice numérico, da linha ou
superfície, que são automaticamente atribuídos.
Desenvolvimento de uma folha de cálculo para análise de imagens termográficas 113

Passo 4. Correr Simulador Gráfico: no simulador gráfico existe uma folha de Excel para
linhas de perfil e outra folha de Excel para superfícies:

• Se for escolhido a folha de linhas, será desenhado um gráfico com uma linha de perfil
onde mostra a variação da temperatura ao longo dessa linha. A variação da
temperatura será mostrada na linha de perfil, através da variação de cores conforme
uma escala;
• Se for escolhido a folha de superfície, será desenhado um gráfico de superfície 3D
onde mostra a tendência dos valores de temperatura. As faixas coloridas de um
gráfico de superfície 3D mostram a distinção entre os diferentes valores de
temperatura na superfície;
• No espaço de inserir função do Microsoft Office Excel 2007 indica-se o caminho para
ler os valores radiométricos, guardados previamente no Passo 3 (Figura 4.14);

Figura 4.14 - Indicação de caminho para leitura dos valores radiométricos.

• Depois de indicado o caminho, carrega-se no botão Executar, gerando-se


automaticamente o gráfico desejado

Figura 4.15 - Geração do gráfico.


114 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

4.5.3 - Resultados

Mostra-se agora alguns resultados demonstrativos da aplicação desenvolvida, com um


exemplo para linha de perfil e um exemplo para uma superfície.

4.5.3.1 - Linha de Perfil

Passo 1 e 2: Traçado de uma linha de perfil e exportação dos dados radiométricos da linha no
QuickReport;

Figura 4.16 - Marcação de linha e exportação de dados radiométricos com QuickReport.

Passo 3: Guardar folha de Excel numa pasta indicada, como por exemplo,
E:\TERMOGRAFIA\IMAGEM X\LINHAS\LINHA 1.xlsx;

Passo 4: Indicar no simulador o caminho para o ficheiro a ler (E:\TERMOGRAFIA\IMAGEM


X\LINHAS\LINHA 1.xlsx) e carregar no botão Executar para obter o gráfico pretendido. Na
Figura 5.7, podemos observar a variação da temperatura ao longo da linha de perfil, desde o
ponto mais quente ao ponto mais frio.
Desenvolvimento de uma folha de cálculo para análise de imagens termográficas 115

Linha de Perfil
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11

Figura 5.7 – Linha de Perfil da linha 1.

4.5.3.2 - Gráfico de Superfície 3D

Passo 1 e 2: Imagem radiométrica da superfície total e exportação dos dados radiométricos


da superfície no QuickReport;

Figura 4.17 - Superfície total e exportação de dados radiométricos com QuickReport.


116 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência

Passo 3: Guardar folha de Excel numa pasta indicada, como por exemplo,
E:\TERMOGRAFIA\IMAGEM X\SUPERFICIES\SUPERFICIE 1.xlsx;

Passo 4: Indicar no simulador o caminho para o ficheiro a ler (E:\TERMOGRAFIA\IMAGEM


X\LINHAS\LINHA 1.xlsx) e carregar no botão Executar para obter o gráfico pretendido. Na
Figura 5.9, podemos observar a variação da temperatura ao longo de toda a superfície,
identificando-se facilmente as zonas mais quentes e as zonas mais frias.

Superfície 3D

20,2-21,9
18,5-20,2
16,8-18,5
15,1-16,8
13,4-15,1
21,9 11,7-13,4
20,2 10-11,7
18,5
16,8
15,1
13,4
11,7
10

Figura 4.18 - Superfície 3D.

4.5.4 - Graduação de cores

Foi definido uma graduação de cores, para tornar mais fácil a identificação de zonas mais
quentes e de zonas mais frias. A graduação adotada tem como base a faixa espetral do
espetro eletromagnético e é dividida em 7 zonas. A marca 1 representa a zona mais quente e
a marca 7 representa a zona mais fria:
Síntese 117

• Marca 1: Cor de laranja


• Marca 2: Dourado
• Marca 3: Amarelo
• Marca 4: Verde
• Marca 5: Azul
• Marca 6: Púrpura
• Marca 7: Púrpura Escuro

4.6 - Síntese

De acordo com os objetivos propostos, a metodologia desenvolvida para aplicação das


técnicas termográficas foi bem sucedida. Os resultados experimentais mostram que a câmara
termográfica consegue-se aproximar dos resultados esperados, ou seja, as suas medições são
fiáveis. Através dos procedimentos padrão, foi possível chegar a um valor para a
emissividade, para as diferentes cores, por forma a atingir correta calibração da câmara
termográfica.
De acordo com o objetivo proposto, conseguiu-se desenvolver uma ferramenta simples,
com recurso a software facilmente acessível a qualquer utilizador. A visualização de um
gráfico é uma ferramenta muito útil para interpretação do comportamento da temperatura,
especialmente, para utilizadores que não estejam familiarizados com as técnicas
termográficas descritas no Capítulo 2. Os gráficos gerados também são importantes para
constar em documentos, como por exemplo, relatórios, de modo a que a análise quantitativa
seja mais eficaz.
118 Aplicação da termografia a grandes transformadores de potência
Capítulo 5

Conclusões e trabalho futuro

5.1 - Conclusões

Após análise do trabalho desenvolvido e apresentado na dissertação, considera-se que


todos os objetivos propostos foram atingidos de forma muito satisfatória.
Nos capítulos 2 e 3, conseguiu-se mostrar todo o potencial da termografia como
ferramenta muito útil para ações de manutenção preditiva, manutenção preventiva,
manutenção condicionada. Também foi possível dar a conhecer múltiplas aplicações das
técnicas termográficas. Foi descrito o processo de medição da radiação infravermelha e os
fatores de influência desse processo. Conclui-se que a emissividade é um fator muito
importante para a medição da radiação infravermelha e um fator de erro na mesma.
No capítulo 4, foram identificados os pontos de interesse no transformador para futuras
inspeções: paredes laterais do transformador, golas do transformador e a tampa superior da
baixa tensão. A parametrização dos fatores de influência na medição da radiação
infravermelha foi executada com sucesso, ou seja, foi feita uma correta calibração da câmara
termográfica. Dos resultados experimentais pode-se concluir que a emissividade varia com o
ângulo de visão e para as diferentes cores das superfícies pintadas, e que não depende da
temperatura nem varia nos diferentes pontos de interesse. Através dos resultados
experimentais, podemos afirmar que o transformador de potência, na gama de temperaturas
em que opera, comporta-se como um corpo cinzento. Num transformador de potência, com
superfícies pintadas, não existe variação da emissividade para os diferentes comprimentos de
onda. Foram ainda definidos os valores de emissividade para as cores mais comuns, indicadas
pelo fabricante.
Relativamente ao desenvolvimento da folha de cálculo, conseguiu-se uma ferramenta
simples, com recurso a software universal e facilmente acessível a qualquer utilizador.
120 Conclusões e trabalho futuro

As novas imagens gráficas geradas são um importante auxiliar para a avaliação do


comportamento da temperatura, aumentando-se assim a eficácia da análise quantitativa de
imagens termográficas.

5.2 - Trabalho futuro

Como foi possível demonstrar ao longo da dissertação, a diversidade de aplicações das


técnicas termográficas mostra o potencial de investigação para futuros trabalhos.
A calibração de câmaras termográficas para a inspeção termográfica dos diversos
componentes dos sistemas de energia e das diferentes máquinas elétricas será muito
importante para a definição de mais procedimentos padrão para o uso das técnicas
termográficas.
A definição, através de ensaios experimentais, de níveis de prioridade de intervenção
para os diferentes equipamentos, de acordo com a sua condição de funcionamento ou de
conservação, também seria muito importante para uma melhoria de serviço nos istemas de
nergia e nas máquinas elétricas.
Relativamente ao software disponibilizado na FEUP, aconselha-se o desenvolvimento de
aplicações para melhorar a análise quantitativa e para elaboração de relatórios mais
completos. Se existir possibilidade, devia-se adquirir a aplicação ThermoVision SDK da FLIR
para o desenvolvimento de aplicações através de programação. Assim poder-se-ia desenvolver
o software base disponível.
Referências bibliográficas

[1] ITEAG, “Termografia: Teoria, Procedimentos e Vantagens”, Portugal, março 2010.

[2] SPECMAN, “Medição e Análise Termográfica Capítulo I, Conceitos Básicos de Termografia”,


Portugal 2010.

[3] EPRI, “Infrared Thermography Field Application Guide”, Palo Alto, CA: 1999,
Report TR-107142.

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“Fundamentals of Heat and Mass Transfer (6th edition)”, Wiley, October 2006.

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[6] Holst, Gerald C., “Common sense approach to thermal imaging”, JCD Publishing and SPIE –
The International Society for Optical Engineering, 2000.

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http://labvirtual.eq.uc.pt. Acesso em 29/novembro/2011.

[8] Arpaci, Vedat S.; Selamet, Ahmet; Kao, Shu-Hsin, “Introduction to Heat Transfer”,
Prentice Hall, 2000.

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São Paulo, Brasil, 2010.

[10]Natural Resources Canada, “Fundamentals of Remote Sensing”, Canada 2007


http://ccrs.nrcan.gc.ca/resource/index_e.php#tutor.

[11]Instituto Geográfico Português, Grupo de Deteção Remota, “Tutorial de Deteção


Remota”, novembro 2010, http://www.igeo.pt/gdr/tutorial_gdr.php.

[12] FLIR, “ThermaCAM Researcher Professional (Version 2.10)”, September 2010.

[13] Eva Sofia Botelho Machado Barreira, “Aplicação da Termografia ao Estudo do


Comportamento Higrotérmico dos Edifícios”, Tese de Mestrado em Construção de
Edifícios, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, março 2004.

[14] TESTO, “Pocket Guide Thermography”, outubro 2010.

[15] Gaussorgues, Gilbert; “Infrared Thermography”, Chapman & Hall, 1994.

[16] Minkina, Waldemar; Dudzik, Sebastian, “Infrared Thermography: Errors and


Uncertainties”, John Wiley & Sons, 2009.

[17] Craveiro, Marco Antonio Conti, “Desenvolvimento de um Sistema para Avaliação dos
Fatores de Influência sobre Análises Termográficas em Subestações Desabrigadas”,
Dissertação Submetida ao Programa de Pós-Graduacão em Engenharia de Automação
122 Referências bibliográficas

como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia da


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Anexo A

Neste anexo é apresentado uma tabela com os valores de emissividade mais comuns.

Tabela A.1 – Valores de emissividade

Estado da
Material Espetro Emissividade
superfície
Fita eléctrica
3M tipo 35 LW 0,96
(várias cores)
Fita elétrica
3M tipo 88 MW 0,96
vinil preto
folha, não tratado,
Aço inoxidável LW 0,28
estriado
Aço inoxidável folha, polido LW 0,14
Aço inoxidável folha, polido SW 0,18
Aço inoxidável laminado T 0,45
Água gelo T 0,96
Água neve T 0,85
Água destilada T 0,96
Alcatrão T 0,79 – 0,84
Alumínio Anodizado, opaco LW 0,97
Alumínio Anodizado, folha LW 0,55
Alumínio polido T 0,04 – 0,06
Barro Refratário T 0,91
Betão T 0,92
Borracha dura T 0,97
Cobre Comercial T 0,07
Cobre oxidado T 0,6 – 0,7
Cobre polido T 0,03
Couro T 0,75 – 0,8
Ferro moldado T 0,81
Ferro oxidado T 0,65
126 Anexo A

Ferro Polido T 0,21


Ferro galvanizado T 0,07
Granito rugoso LW 0,87
Latão laminado T 0,06
Latão oxidado T 0,61
Madeira T 0,8 – 0,9
Papel Diferentes cores T 0,92 – 0,94
Pele Humana T 0,98
Plástico Fibra de vidro LW 0,91
Plástico PVC T 0,93
Tijolo Alvenaria SW 0,94
Cores e Qualidades
Tinta SW 0,88 – 0,96
Diferentes
Tinta Verde crómio SW 0,64 – 0,7
Tinta Plástica SW 0,84
Titânio oxidado T 0,6
Titânio Polido T 0,15
Zinco folha T 0,2
Zinco Oxidado T 0,5 – 0,7
Zinco Polido T 0,04 – 0,05
Anexo B

Neste anexo são apresentados, em forma de tabelas e gráficos, todos os dados recolhidos
durante a investigação experimental descrita no Capítulo 4.

B.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto

Tabela B.1 - Variação da emissividade com a distância ao objeto

Distância(𝒎) Emissividade Temp. Câmara(℃) Temp. Termopar(℃)


2 0,9 15.1 14,7
3 0,9 15,1 14,7
4 0,89 15,1 14,7
5 0,88 15,1 14,7
6 0,88 15,1 14,7
7 0,87 14,4 14,7
8 0,86 14,4 14,7
9 0,85 14,4 14,7
10 0,85 14,4 14,7
11 0,84 14,3 14,7
12 0,83 14,1 14,7
13 0,83 14,1 14,7
14 0,82 14,1 14,7
128 Anexo B

B.2 – Variação da emissividade com o ângulo de visão

Tabela B.2 - Variação da emissividade com o ângulo de visão

Ângulo (°) Emissividade Temp. Câmara (℃) Temp. Termopar (℃)

0 0,9 15,1 14,7

5 0,9 15,1 14,7

10 0,9 15,1 14,7

15 0,89 15,1 14,7

20 0,89 15,1 14,7

25 0,88 15,1 14,7

30 0,87 14,4 14,7

35 0,82 14,1 14,7

40 0,81 14 14,7

45 0,8 13,9 14,7

50 0,74 13,4 14,7

55 0,72 13 14,7

60 0,7 12,6 14,7

65 0,68 12,3 14,7

70 0,59 10,9 14,7

75 0,56 10,3 14,7

80 0,46 9,1 14,7

85 0,34 5,1 14,7

90 0,1 0 14,7
Anexo B 129

Variação da emissividade com o


ângulo
1

0,8

0,6
Emissividade

0,4

0,2

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Ângulo (⁰)

Figura B.1 - Variação da emissividade com o ângulo de visão (experimental).

B.3 – Variação da emissividade com a cor da superfície

B.3.1 - Variação da emissividade com a cor creme

Tabela B.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme).

Temp Temp Temp


Emissividade Emissividade Emissividade
Câmara(℃) Câmara(℃) Câmara(℃)

1,00 16,3 0,71 12,9 0,42 8,4

0,99 16,0 0,70 12,6 0,41 7,8

0,98 16 0,69 12,6 0,4 7,5

0,97 15,8 0,68 12,3 0,39 7,2

0,96 15,7 0,67 12,3 0,38 6,8

0,95 15,6 0,66 12,1 0,37 6,5

0,94 15,5 0,65 12,1 0,36 6,4

0,93 15,5 0,64 12,1 0,35 6

0,92 15,4 0,63 11,8 0,34 5,4

0,91 15,2 0,62 11,8 0,33 4,8

0,9 15,1 0,61 11,7 0,32 3,7

0,89 15,1 0,60 11,3 0,31 3,2

0,88 15,1 0,59 10,9 0,30 2,6

0,87 14,4 0,58 10,7 0,29 2,1

0,86 14,4 0,57 10,5 0,28 1,4


130 Anexo B

0,85 14,4 0,56 10,3 0,27 1,0

0,84 14,3 0,55 10,1 0,26 0,2

0,83 14,1 0,54 9,8 0,25 0,0

0,82 14,1 0,53 9,6 0,24 0,0

0,81 14,0 0,52 9,4 0,23

0,8 13,9 0,51 9,3 0,22

0,79 13,8 0,5 9,3 0,21

0,78 13,7 0,49 9,3 0,2

0,77 13,7 0,48 9,2 0,19

0,76 13,6 0,47 9,2 0,18

0,75 13,5 0,46 9,1 0,17

0,74 13,4 0,45 9,0 0,16

0,73 13,1 0,44 9,0 0,15

0,72 13,0 0,43 8,7 0,14

Emissividade Cor Creme


18
17
16
15
14
13
12
Temperatura (⁰C)

11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0,25 0,35 0,45 0,55 0,65 0,75 0,85 0,95
Emissividade

Figura B.2 - Variação da emissividade com a cor da superfície (creme).


Anexo B 131

B.3.2 - Variação da emissividade com a cor cinzento claro

Tabela B.4 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento claro).

Temp Temp Temp


Emissividade Emissividade Emissividade
Câmara(℃) Câmara(℃) Câmara(℃)

1 16,5 0,71 12,3 0,42 6,9

0,99 16,2 0,7 12,2 0,41 6,7

0,98 15,9 0,69 12,1 0,4 6,6

0,97 15,8 0,68 12 0,39 6

0,96 15,8 0,67 12 0,38 5,6

0,95 15,7 0,66 11,9 0,37 5,4

0,94 15,5 0,65 11,6 0,36 4,8

0,93 15,4 0,64 11,5 0,35 4,3

0,92 15,2 0,63 11,5 0,34 3,8

0,91 15,2 0,62 11,4 0,33 3,6

0,9 15,2 0,61 11,2 0,32 3

0,89 15 0,6 11,2 0,31 2,6

0,88 15 0,59 10,8 0,3 2

0,87 14,7 0,58 10,6 0,29 1,4

0,86 14,6 0,57 10,4 0,28 0,7

0,85 14,1 0,56 10,2 0,27 0

0,84 13,7 0,55 10 0,26 0

0,83 13,6 0,54 9,9 0,25 0

0,82 13,5 0,53 9,8 0,24 0

0,81 13,4 0,52 9,8 0,23

0,8 13,3 0,51 9,5 0,22

0,79 13,2 0,5 9 0,21

0,78 13 0,49 8,7 0,2

0,77 13 0,48 8,4 0,19

0,76 12,8 0,47 8 0,18

0,75 12,6 0,46 7,9 0,17

0,74 12,6 0,45 7,6 0,16

0,73 12,6 0,44 7,4 0,15

0,72 12,4 0,43 7,2 0,14


132 Anexo B

Emissividade Cor Cinzento Claro


18
17
16
15
14
13
Temperatura (⁰C)

12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,75 0,8 0,85 0,9 0,95 1
Emissividade

Figura B.3 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento claro).

B.3.3 – Variação da emissividade com a cor cinzento escuro

Tabela B.5 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento escuro).

Temp Temp Temp


Emissividade Emissividade Emissividade
Câmara(℃) Câmara(℃) Câmara(℃)

1 16,5 0,71 11,9 0,42 6,3

0,99 16,2 0,7 11,8 0,41 6

0,98 16,1 0,69 11,7 0,4 5,6

0,97 15,8 0,68 11,7 0,39 5,1

0,96 15,4 0,67 11,4 0,38 4,8

0,95 15 0,66 11,3 0,37 4,4

0,94 14,6 0,65 11,3 0,36 4,2

0,93 14,4 0,64 11,1 0,35 3,7

0,92 14,2 0,63 10,9 0,34 2,9

0,91 14,1 0,62 10,8 0,33 1,4

0,9 13,9 0,61 10,8 0,32 0,9

0,89 13,9 0,6 10,4 0,31 0,7

0,88 13,8 0,59 10,2 0,3 0

0,87 13,8 0,58 10,2 0,29 0

0,86 13,7 0,57 10 0,28 0


Anexo B 133

0,85 13,7 0,56 9,7 0,27 0

0,84 13,4 0,55 9,2 0,26 0

0,83 13,2 0,54 9,1 0,25 0

0,82 13,1 0,53 9,1 0,24 0

0,81 12,9 0,52 8,8 0,23

0,8 12,8 0,51 8,5 0,22

0,79 12,7 0,5 8,5 0,21

0,78 12,7 0,49 8,3 0,2

0,77 12,6 0,48 8,1 0,19

0,76 12,4 0,47 7,8 0,18

0,75 12,2 0,46 7,5 0,17

0,74 12,1 0,45 7,3 0,16

0,73 12,1 0,44 7 0,15

0,72 12 0,43 6,6 0,14

Emissividade Cor Cinzento Escuro


18
17
16
15
14
Temperatura (⁰C)

13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,75 0,8 0,85 0,9 0,95 1
Emissividade

Figura B.4 - Variação da emissividade com a cor da superfície (cinzento escuro).


134 Anexo B

B.3.4 – Variação da emissividade com a cor verde

Tabela B.6 - Variação da emissividade com a cor da superfície (verde).

Temp Temp Temp


Emissividade Emissividade Emissividade
Câmara(℃) Câmara(℃) Câmara(℃)

1 17,5 0,71 16,1 0,42 12,9

0,99 17,4 0,7 16 0,41 12,7

0,98 17,4 0,69 15,7 0,4 12,5

0,97 17,4 0,68 15,7 0,39 12,2

0,96 17,3 0,67 15,6 0,38 12,2

0,95 17,3 0,66 15,6 0,37 12,1

0,94 17,3 0,65 15,4 0,36 12,1

0,93 17,2 0,64 15,3 0,35 12

0,92 17,2 0,63 15,3 0,34 12

0,91 17,1 0,62 15,2 0,33 11,9

0,9 17,1 0,61 15,2 0,32 11,7

0,89 17,1 0,6 15,2 0,31 11,4

0,88 17 0,59 15,1 0,3 10,9

0,87 17 0,58 15 0,29 10,6

0,86 17 0,57 14,9 0,28 10,2

0,85 16,9 0,56 14,9 0,27 9,9

0,84 16,9 0,55 14,8 0,26 9,5

0,83 16,9 0,54 14,7 0,25 9


0,82 16,8 0,53 14,7 0,24 8,5

0,81 16,8 0,52 14,5 0,23 7,7

0,8 16,6 0,51 14,4 0,22 7

0,79 16,6 0,5 14,3 0,21 6,5

0,78 16,5 0,49 14,2 0,2 5,9

0,77 16,4 0,48 14 0,19 5

0,76 16,4 0,47 13,9 0,18 3,9

0,75 16,4 0,46 13,7 0,17 3,2

0,74 16,3 0,45 13,6 0,16 2,4

0,73 16,3 0,44 13,4 0,15 1,8

0,72 16,2 0,43 13,2 0,14 1,2


Anexo B 135

Emissividade Cor Verde


19
18
17
16
15
14
13
12
Temperatura (⁰C)

11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0,14 0,19 0,24 0,29 0,34 0,39 0,44 0,49 0,54 0,59 0,64 0,69 0,74 0,79 0,84 0,89 0,94 0,99
Emissividade

Figura B.5 - Variação da emissividade com a cor da superfície (verde).

B.4 – Testes sobre um transformador de potência em


funcionamento

Evoluçao da temperatura de referência


(termopar)
51

46

41
BT Tampa superior
Temperatura (⁰C)

36 Parede Lateral 1
Parede Lateral 2
31
Parede Lateral 3
26 Gola 1
Gola 2
21
Gola 3

16

11
0 2 4 6 8
Emissividade

Figura B.6 - Variação da temperatura de referência ao longo das séries de medidas.


136 Anexo B

Tabela B.7 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (BT Tampa Superior).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 BT Tampa Sup 17,5 16 16,5 0,9 2 4 0

1 BT Tampa Sup 17,5 31,1 31,8 0,9 2 4 0

2 BT Tampa Sup 19,6 39,6 40,2 0,9 2 4 0

3 BT Tampa Sup 20,6 43,1 43,6 0,9 2 4 0

4 BT Tampa Sup 22,3 49,9 50,4 0,9 2 4 0

5 BT Tampa Sup 23,8 46,4 47 0,9 2 4 0

6 BT Tampa Sup 22,7 46,1 46,6 0,9 2 4 0

7 BT Tampa Sup 22,4 45,3 46,2 0,9 2 4 0

8 BT Tampa Sup 21,6 45,2 45,7 0,9 2 4 0

Tabela B.8 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Parede Lateral 1).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 Parede Lateral 1 16,3 14,9 15,2 0,9 2 0 0

1 Parede Lateral 1 16,3 21 21,4 0,9 2 0 0

2 Parede Lateral 1 18,7 31,9 32 0,9 2 0 0

3 Parede Lateral 1 19,9 37,2 37,9 0,9 2 0 0

4 Parede Lateral 1 22,3 41,8 42 0,9 2 0 0

5 Parede Lateral 1 23,7 38,6 38,8 0,9 2 0 0

6 Parede Lateral 1 22,6 38 38,1 0,9 2 0 0

7 Parede Lateral 1 22,5 38 38,3 0,9 2 0 0

8 Parede Lateral 1 21,4 38,4 39,3 0,9 2 0 0


Anexo B 137

Tabela B.9 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Parede Lateral 2).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 Parede Lateral 2 17 15,8 16 0,9 2 3 0

1 Parede Lateral 2 17,1 22,4 22,6 0,9 2 3 0

2 Parede Lateral 2 19,4 35,2 36,1 0,9 2 3 0

3 Parede Lateral 2 20,2 39,7 40,3 0,9 2 3 0

4 Parede Lateral 2 21,4 45,1 45,6 0,9 2 3 0

5 Parede Lateral 2 22,4 41,4 42,1 0,9 2 3 0

6 Parede Lateral 2 21,9 42,4 42,7 0,9 2 3 0

7 Parede Lateral 2 21,4 40,9 41,2 0,9 2 3 0

8 Parede Lateral 2 20,2 40,9 41,6 0,9 2 3 0

Tabela B.10 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Parede Lateral 3).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 Parede Lateral 3 16,8 15,4 15,7 0,9 2 0 0

1 Parede Lateral 3 16,8 30,2 31,1 0,9 2 0 0

2 Parede Lateral 3 19,5 38,8 39,2 0,9 2 0 0

3 Parede Lateral 3 19,9 40,9 41,5 0,9 2 0 0

4 Parede Lateral 3 22,4 42,2 42,9 0,9 2 0 0

Parede
5 23,1 39,8 39,9 0,9 2 0 0
Lateral 3

6 Parede Lateral 3 22,4 41,6 41,7 0,9 2 0 0

7 Parede Lateral 3 22,1 39,1 39,5 0,9 2 0 0

8 Parede Lateral 3 21,2 39,6 39,9 0,9 2 0 0


138 Anexo B

Tabela B.11 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 1).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 Gola 1 16,8 15,3 15,9 0,9 2 0 15

1 Gola 1 16,8 19,5 19,7 0,9 2 0 15

2 Gola 1 19,1 29,5 29,7 0,9 2 0 15

3 Gola 1 19,3 35,8 35,9 0,9 2 0 15

4 Gola 1 22,1 41,4 41,9 0,9 2 0 15

5 Gola 1 23,2 39,4 40 0,9 2 0 15

6 Gola 1 23,8 40,9 41,3 0,9 2 0 15

7 Gola 1 22,8 38,3 38,8 0,9 2 0 15

8 Gola 1 20,8 38,4 38,7 0,9 2 0 15

Tabela B.12 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 2).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 Gola 2 16,8 15,2 15,8 0,9 2 0 15

1 Gola 2 16,8 18,4 18,5 0,9 2 0 15

2 Gola 2 18,9 27,8 28,3 0,9 2 0 15

3 Gola 2 19 33,1 33,3 0,9 2 0 15

4 Gola 2 21,6 39,1 39,5 0,9 2 0 15

5 Gola 2 22,7 37,9 38,3 0,9 2 0 15

6 Gola 2 22,3 38,6 38,9 0,9 2 0 15

7 Gola 2 21,9 36,8 37,3 0,9 2 0 15

8 Gola 2 19,9 36,8 37,2 0,9 2 0 15


Anexo B 139

Tabela B.13 - Variação da emissividade com aumento da temperatura (Gola 3).

Temp Temp Temp


Medidas Local Emissividade Dist Alt Âng
Refletida Termopar Câmara

0 Gola 3 16,6 15,4 15,6 0,9 2 0 15

1 Gola 3 16,6 21,2 21,5 0,9 2 0 15

2 Gola 3 19,2 30,4 30,6 0,9 2 0 15

3 Gola 3 19,4 35,9 36,4 0,9 2 0 15

4 Gola 3 22,2 41,2 41,8 0,9 2 0 15

5 Gola 3 23,1 39,4 39,8 0,9 2 0 15

6 Gola 3 23,8 40,7 40,9 0,9 2 0 15

7 Gola 3 22,7 38,4 39,3 0,9 2 0 15

8 Gola 3 20,8 38,6 39,2 0,9 2 0 15

BT Tampa Superior

0,94

0,92

0,9
Emissividade

0,88
T termopar
0,86 T camara

0,84

0,82

0,8
15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53

Temperatura (⁰C)

Figura B.7 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (BT Tampa Superior).
140 Anexo B

Parede Lateral 1
0,94
0,92
0,9
Emissividade

0,88
T termopar
0,86
T camara
0,84

0,82
0,8
14,5 16,5 18,5 20,5 22,5 24,5 26,5 28,5 30,5 32,5 34,5 36,5 38,5 40,5 42,5 44,5
Temperatura (⁰C)

Figura B.8 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Parede Lateral 1).

Parede Lateral 2

0,94

0,92

0,9
Emissividade

0,88
T termopar
0,86 T camara

0,84

0,82

0,8
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48
Temperatura (⁰C)

Figura B.9 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Parede Lateral 2).
Anexo B 141

Parede Lateral 3

0,94

0,92

0,9
Emissividade

0,88
T termopar
0,86 T camara

0,84

0,82

0,8
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46
Temperatura (⁰C)

Figura B.10 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Parede Lateral 3).

Gola 1
0,94

0,92

0,9
Emissividdade

0,88
T termopar

0,86 T camara

0,84

0,82

0,8
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44
Temperatura (⁰C)

Figura B.11 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 1).
142 Anexo B

Gola 2
0,94

0,92

0,9
Emissividade

0,88
T termopar
0,86 T camara

0,84

0,82

0,8
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Temperatura (⁰C)

Figura B.12 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 2).

Gola 3
0,94

0,92

0,9
Emissividade

0,88
T termopar
0,86 T camara

0,84

0,82

0,8
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44

Temperatura (⁰C)

Figura B.13 - Comparação dos valores de referência com as leituras da câmara (Gola 3).
Anexo B 143

Tabela B.14 - Desvios relativos das leituras efetuadas (BT Tampa Superior).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo %

0 0,5 0,03125 3,125%

1 0,7 0,022508039 2,251%

2 0,6 0,015151515 1,515%

3 0,5 0,011600928 1,160%

4 0,5 0,01002004 1,002%

5 0,6 0,012931034 1,293%

6 0,5 0,010845987 1,085%

7 0,9 0,01986755 1,987%

8 0,5 0,011061947 1,106%

Tabela B.15 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Parede Lateral 1).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo %

0 0,3 0,020134228 2,013%

1 0,4 0,019047619 1,905%

2 0,1 0,003134796 0,313%

3 0,7 0,018817204 1,882%

4 0,2 0,004784689 0,478%

5 0,2 0,005181347 0,518%

6 0,1 0,002631579 0,263%

7 0,3 0,007894737 0,789%

8 0,9 0,0234375 2,344%


144 Anexo B

Tabela B.16 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Parede Lateral 2).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo %

0 0,2 0,012658228 1,266%

1 0,2 0,008928571 0,893%

2 0,9 0,025568182 2,557%

3 0,6 0,01511335 1,511%

4 0,5 0,011086475 1,109%

5 0,7 0,016908213 1,691%

6 0,3 0,007075472 0,708%

7 0,3 0,007334963 0,733%

8 0,7 0,017114914 1,711%

Tabela B.17 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Parede Lateral 3).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo %

0 0,3 0,019480519 1,948%

1 0,9 0,029801325 2,980%

2 0,4 0,010309278 1,031%

3 0,6 0,014669927 1,467%

4 0,7 0,016587678 1,659%

5 0,1 0,002512563 0,251%

6 0,1 0,002403846 0,240%

7 0,4 0,010230179 1,023%

8 0,3 0,007575758 0,758%


Anexo B 145

Tabela B.18 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Gola 1).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo %

0 0,6 0,039215686 3,922%

1 0,2 0,01025641 1,026%

2 0,2 0,006779661 0,678%

3 0,1 0,002793296 0,279%

4 0,5 0,012077295 1,208%

5 0,6 0,015228426 1,523%

6 0,4 0,009779951 0,978%

7 0,5 0,01305483 1,305%

8 0,3 0,0078125 0,781%

Tabela B.19 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Gola 2).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo %

0 0,6 0,039473684 3,947%

1 0,1 0,005434783 0,543%

2 0,5 0,017985612 1,799%

3 0,2 0,006042296 0,604%

4 0,4 0,010230179 1,023%

5 0,4 0,01055409 1,055%

6 0,3 0,007772021 0,777%

7 0,5 0,013586957 1,359%

8 0,4 0,010869565 1,087%


146 Anexo B

Tabela B.20 - Desvios relativos das leituras efetuadas (Gola 3).

Medida |Uo-Umed| |Uo-Umed|/Uo %

0 0,2 0,012987013 1,299%

1 0,3 0,014150943 1,415%

2 0,2 0,006578947 0,658%

3 0,5 0,013927577 1,393%

4 0,6 0,014563107 1,456%

5 0,4 0,010152284 1,015%

6 0,2 0,004914005 0,491%

7 0,9 0,0234375 2,344%

8 0,6 0,015544041 1,554%

Erro relativo
4,000%

3,500%
Medida 0
3,000%
Medida 1
2,500% Medida 2
Medida 3
2,000%
Medida 4
1,500%
Medida 5
1,000% Medida 6
Medida 7
0,500%
Medida 8
0,000%
BT Tampa Parede Parede Parede Gola 1 Gola 2 Gola 3
Sup Lateral 1 Lateral 2 Lateral 3

Figura B.14 - Desvios Relativos em todos os pontos de estudo, ao longo das séries de medidas.
Anexo B 147

Tabela B.21 - Valor da emissividade para as diferentes cores de tinta.

Cor Emissividade

Creme 0.9

Cinzento Claro 0,86

Cinzento Escuro 0,86

Verde 0,7

B.5 – Gráficos de Superfície

Superfície 3D
21,9
20,2
18,5
16,8
15,1
13,4 20,2-21,9
11,7 18,5-20,2
10
16,8-18,5
15,1-16,8
13,4-15,1
11,7-13,4
10-11,7

Figura B.15 – Grafico de superfície 3D rodado 90 graus


148 Anexo B

Superfície 3D
21,9
20,2
18,5
16,8
15,1
13,4 20,2-21,9
11,7
10 18,5-20,2
16,8-18,5
15,1-16,8
13,4-15,1
11,7-13,4
10-11,7

Figura B.16 – Gráfico de superfície 3D rodado 180 graus.

Superfície 3D

20,2-21,9
18,5-20,2
16,8-18,5
15,1-16,8
13,4-15,1
11,7-13,4
10-11,7

10
11,7
13,4
15,1
16,8
18,5
20,2
21,9

Figura B.17 – Grafico de superfície 3D rodado 90 graus.

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