Você está na página 1de 132

Selgron: 20 anos integrando

tecnologia e resultado

Fiéis à nossa vocação de desenvolver tecnologias integradas em &ODVVLÀFDomR


6HOHFLRQDPHQWR(PSDFRWDPHQWRH$JUXSDPHQWRHOHWU{QLFRV, acreditamos
na inovação e no potencial produtivo do agronegócio nacional e permanecemos
focados no crescimento de nosso seleto grupo de clientes, o que resulta em
mais valor ao seu produto.

Há duas décadas no campo do desenvolvimento de soluções produtivas,


nos orgulhamos de poder citar aqueles que mais contribuíram para nossa
permanente evolução: QRVVRVFOLHQWHV.

E é a eles que dedicamos nossos 20 anos de história.


1
Inor Ag. Assmann
Sílvio Ávila

Expediente PUBLISHERS AND EDITORS

EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA. Rua Ramiro Barcelos, 1.224,


CNPJ 04.439.157/0001-79 CEP: 96.810-900, Santa Cruz do Sul, RS
Diretor Presidente: André Luís Jungblut Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940
Diretor de Conteúdo: Romeu Inacio Neumann Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944
Diretor Comercial: Raul José Dreyer E-mail: redacao@anuarios.com.br
Diretor Administrativo: Jones Alei da Silva comercial@anuarios.com.br
Diretor Industrial: Paulo Roberto Treib Site: http://www.anuarios.com.br

ANUÁRIO BRASILEIRO DO CAFÉ 2011


Editor: Romar Rudolfo Beling
Editora assistente: Angela Zamberlan Vencato
Textos: Benno Bernardo Kist, Angela Zamberlan Vencato, Cleiton Santos,
Cleonice de Carvalho, Erna Regina Reetz, Heloísa Poll e Romar Rudolfo Beling
Supervisão: Romeu Inacio Neumann
Tradução: Guido Jungblut
Fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann)
e divulgação de empresas e entidades
Projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado
Arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre tela gentilmente cedida
pela artista plástica Valéria Vidigal
Edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado e Juliane Mai
Marketing: Maira Trojan Bugs, Andréa Lenz e Rafaela Jungblut
Supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado
Distribuição: Simone de Moraes
Impressão: Coan Gráfica e Editora,Tubarão (SC)

ISSN 1808-3439
É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte.
Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited.

2
A melhor solução para cada etapa
na produção de café
A Husqvarna possui uma linha completa de equipamentos para facilitar o seu dia a dia na lavoura. Prático e
versátil, o "Kit Café Husqvarna" é composto por motosserra para poda, podador para esqueletamento,
aparadores que podem acoplar derriçadeira, potente atomizador para pulverização de insumos, além de
robusto soprador para limpeza geral na fazenda e secagem dos grãos no terreiro.

Localize a revenda mais próxima


www.husqvarna.com.br
Ou ligue 0800 77 323 77. Horário de atendimento: segunda a sexta das 8h30 às 17h30.
Sílvio Ávila

Sumário summary

08. Apresentação.Introduction
12. CENÁRIO.SCENARIO
32. ESTADOS.STATES
60. PERFIL.PROFILE
82. PESQUISA.RESEARCH
102. INDÚSTRIA.INDUSTRY
114. CONSUMO.CONSUMPTION
126. EVENTOS.EVENTS

4
Inor Ag. Assmann

Sem café
não dá
V
Vamos sugerir um pequeno exercício. É de se pressupor qualquer circunstância e em qualquer época do ano, é mais do
que o leitor do Anuário Brasileiro do Café seja, em maior ou que provável que ali esteja, junto, uma parcela de grão que foi
menor grau (em maior, esperamos), um apreciador desta colhido nos cafezais brasileiros.
bebida. Logo, é um consumidor do produto que, afinal, mo- Maior produtor mundial, maior exportador do grão, se-
vimenta toda essa cadeia de produção. E assim sendo, não gundo maior consumidor global, o Brasil reverbera pelo
haverá maior dificuldade em ensaiarmos juntos um voo da mundo todo o aroma, o sabor, o encanto e o convite de so-
imaginação. cialização, de interação e de integração que é inerente, como
Em cada xícara de café que alguém tiver em mãos ou que marca inconfundível, ao café.
estiver à sua frente, não importa que se trate de bebida pura E é de acreditar, com convicção, que onde houver uma xí-
ou com outro tipo de elaboração (com leite ou aromas, por cara de café haverá nada menos que uma pessoa feliz, haverá
exemplo), nos mais diversos recantos nacionais ou mesmo uma prazerosa e salutar sensação de conforto, um contexto
em países distantes, mundo afora; em casas suntuosas, em de bem-estar. Quem saboreia essa bebida, aromatizada, ener-
elegantes recepções sociais, ou em lares mais humildes; em gizada, esteja essa pessoa em casa, sozinha ou no convívio

8
com familiares, em diferentes horas do dia; ou esteja em al- mais um gole dessa bebida.
gum ambiente externo, naturalmente estará vivenciando um Por isso, não poderíamos deixar de sugerir a forma ideal
dos seus agradáveis momentos de interação ou de satisfação de ler este Anuário. Em casa ou em seu ambiente de estar pre-
pessoal. dileto, que o leitor se sirva - ou providencie que lhe sirvam - de
Assim sendo, o amplo conteúdo associado ao cenário de uma generosa xícara de café brasileiro e, ao virar as páginas,
produção, ao perfil regional, ao beneficiamento, às inovações vá provando. E aprovando. Seja consultando este Anuário,
tecnológicas, ao comércio e ao consumo de cafés, que o Anuá- seja lendo um livro, seja apreciando outros atrativos artísti-
rio apresenta nas próximas páginas, em sua edição 2011, nada cos e culturais, seja desfrutando do convívio das pessoas que
mais é do que a sinalização de um estado de satisfação. merecem a estima, todos esses momentos, de bom requinte,
Que o leitor possa, a cada reportagem, a cada matéria, a parece que se tornam melhores, maiores e mais inesquecíveis
cada fotografia, apreciando os textos em português ou em in- se vierem acompanhados de... um bom café, servido a seu
glês, deixar-se inspirar. Que ali vá antevendo aquele momen- gosto.
to que é o mais importante, em que, enfim, estará saboreando Então, o que você está esperando? Sirva-se!

9
no way
No coffee,
Let us suggest a small exercise. We take if it is pure beverage or some type of combina- tes throughout the entire world the aroma,
it that the reader of the Brazilian Coffee Ye- tion (with milk or aromas, for example), in the flavor, charm and a call for socialization, inte-
arbook is, to a minor or major extent (major, most remote corners around the country or in raction and integration inherent to coffee as a
we hope) an aficionado of this beverage. And distant countries around the globe; in luxury distinguished and discerning mark.
so, he is a consumer of a product that, after homes, at upscale social events, or even in Unmistakable belief has it that where
all, drives the entire production chain. The- humble households; at any circumstance and there is a cup of coffee, there is at least one
refore, it will not be difficult for us to embark at any time of year, it is more than likely that a person happy, a pleasant and lovely feeling
on an imaginary journey. portion of the bean harvested from the Brazi- of comfort, a cozy atmosphere of wellbeing.
In every cup of coffee someone happens to lian coffee fields will also be there. Those who savor this aromatized, energized
hold in their hands, or is right in front of them, Largest world producer, leading coffee beverage, whether at home, alone or with
no matter bean exporter, second dear ones, at different hours; or out of home,
largest global will naturally be living through pleasant
consumer, moments of interaction and personal satis-
Brazil faction.
rever- Within this context, the vast content as-
Inor Ag. Assmann

be- sociated to the production scenario, to the re-


ra- gional profile, to the benefit, to technological
innovations, to the market and the consump-
tion of coffee, the Yearbook, in the following
pages of its 2011 edition, features nothing
else than a feeling of satisfaction.
It is our hope that the readers get inspi-
red from every article, topic or picture, ap-
preciated either in Portuguese or in English.
May they anticipate that important moment
when, at last, they are savoring another cup
of satisfying coffee.
Therefore, we cannot afford not to sug-
gest the ideal manner to read this yearbook.
At home or at the favorite environment, may
the readers help themselves for – or have so-
meone else serve them – a generous cup of
Brazilian coffee and, upon turning the pa-
ges, just continue savoring. Whether going
through this yearbook, or reading a book,
or enjoying other art or cultural works, or
having a good time with dear ones, all these
moments where refinement prevails, seem to
be more magical, better and unforgettable if
they come in the company of a good cup of
coffee, served the way you like it.
So, what are you waiting for? Help
yourself!

10
Sílvio Ávila

Cenário scenary

12
Rompendo
diferenças
Produtores brasileiros de café devem colher 43,54 milhões de sacas

E
de 60 quilos em 2011, volume recorde para um ano de baixa do ciclo

Enquanto o aroma do café, preparado possibilitou que produtores optassem 11,02 milhões de sacas. Em São Paulo, ter-
de acordo com sua preferência, invade a por tratos culturais mais eficientes, o que ceiro no ranking, com 8% de participação,
cozinha, o escritório ou as rodas de con- potencializou ainda mais a produção. a estimativa é de obter 3,475 milhões de
versa na cafeteria, produtores e especia- Em Minas Gerais, no Espírito Santo e sacas.
listas trabalham para aprimorar a cultura em São Paulo, os três principais estados Na opinião do diretor-geral do CeCa-
em solo brasileiro. Os resultados podem produtores, essa redução na oscilação, fé, Guilherme Braga Filho, a abrangência
ser conferidos a cada safra, quando os nú- segundo análise da Conab, ocorreu devi- da produção nesses estados e também na
meros comprovam o bom desempenho do à melhoria no manejo e à substituição Bahia, no Paraná, em Rondônia e no Pará
da produção no País. Em 2011, não vai de lavouras envelhecidas por adensadas, foram determinantes para os bons resul-
ser diferente, pois, de acordo com estima- entre outros esforços. tados da safra. Além disso, acredita que
tiva de maio da Companhia Nacional de Ainda em termos de volume, a maior as tecnologias diferenciadas, utilizadas no
Abastecimento (Conab), deverão ser obti- diminuição observada é a de café ará- momento do plantio, associadas aos siste-
das 43,54 milhões de sacas de 60 quilos do bica, com queda de 12,6%, ou seja, 4,64 mas de irrigação e à colheita mecanizada,
produto beneficiado (arábica e conilon). milhões de sacas. A produção do robusta elevaram os níveis de produtividade em
Ao comparar com o resultado da (conilon) deve crescer 0,8%, o que cor- anos de baixa bienalidade. Braga Filho
temporada anterior, a redução é de 9,5%, responde a 90,7 mil sacas. Quanto à área destaca ainda o crescimento de outras áre-
visto que, em 2010, o País somou 48,09 cultivada, a Conab estima 2,282 milhões as de produção no Brasil, como em Goiás,
milhões de sacas. Porém, ao se conside- de hectares, 0,31% inferior ao período Belém e Maranhão. Fatores como esses
rar que o período é de baixa bienalidade passado. Desse número, porém, 2.057,8 prometem o desenvolvimento da cadeia
(característica da cultura), o total supera ha (0,9% menos que em 2010) estão em produtiva por muitas outras safras.
o volume de 2009, quando foram produ- produção, enquanto o parque em forma-
zidas 39,47 milhões de sacas. Conforme ção apresentou crescimento de 6%. EXPRESSIVA • EXPRESSIVE
a Conab, a adoção de medidas técnicas Evolução da produção
diferenciadas e as condições climáticas ESSENCIAIS No Brasil, a produ- brasileira de café beneficiado
favoráveis influenciaram no desempe- ção cafeeira se concentra, principalmente, Ano Produção
nho positivo. em três estados. Segundo levantamento (milhões sacas 60Kg)
Para o diretor-geral do Conselho dos da Conab, Minas Gerais, principal pro- 2007 36,07
Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), dutor, tem participação de 50,8% no País. 2008 45,99
Guilherme Braga Filho, a previsão é de Sua colheita, para 2011, está estimada em 2009 39,47
que as diferenças, em termos de produ- 22,124 milhões de sacas de café beneficia- 2010 48,09
ção, sejam menores a cada safra. Salienta do. No Espírito Santo, responsável por 2011 43,54*
que a melhora nos preços, por exemplo, 25,3% do todo nacional, a previsão é de Fonte: Conab/Maio de 2011 - *Estimativa

13
differences
Putting an end to

Brazilian coffee producers are to harvest 43.54 million sixty-kilo sacks of


coffee in 2011, a record volume for a bi-annual cycle of low yields
While the aroma of the coffee, prepared according to your preferen- São Paulo, three leading producers in Brazil, the more stable volumes,
ce, pervades every corner of the kitchen, offices or coffee tables in coffee according to an analysis by Conab, result from better management
houses, producers and specialists are deeply engaged in enhancing the practices and from the replacement of degraded coffee fields with den-
crop in Brazilian territory. The results surface at every season, when ser plantations, among other variables.
the figures corroborate the good performance across Brazil. In 2011 Still, in terms of volume, it is Arabica coffee that drops the most,
things will not be different, since, relying on the estimate released by 12.6%, representing 4.64 million sacks. The production of robusta
the National Supply Company in May, the crop is to reach 43.54 coffee (conilon) is estimated to rise 0.8%, corresponding to 90.7 thou-
million sixty-kilo sacks of milled coffee (Arabica and conilon). sand sacks. As for the planted area, Conab estimates a total of 2.282
In comparison to last year, the volume is down 9.5%, seeing that million hectares, down 0.31% from the previous season. Of this num-
in 2010, the total volume in the Country amounted to 48.09 million ber, however, 2,057.8 ha (0,9% less than in 2010) are under produc-
tons. Nevertheless, considering that we are in a bi-annual cycle of low tion, while the park now being established soared 6%.
yields (a characteristic of this crop), the total outstrips the volume of
2009, when 39.47 million sacks were produced. According to Conab, ESSENTIAL In Brazil, the production of coffee is particu-
the introduction of distinct technical measures and the favorable cli- larly concentrated in three states. According to surveys conducted
mate conditions had a positive influence on the performance. by Conab, Minas Gerais, leading producer, accounts for a share of
The chief executive director of the Brazilian Coffee Exporters 50.8% in the Country. Its harvest in 2011 is estimated at 22,124
Council (CeCafé), Guilherme Braga Filho, understands that the diffe- million sacks of milled coffee. In Espírito Santo, responsible for
rences in terms of production will gradually shrink at every crop. He 25.3% of the total in Brazil, the crop is estimated at 11.02 million
emphasizes that the rising prices, for example, made it possible for the sacks. In São Paulo, ranking third, with 8% of the total, a crop of
growers to opt for more efficient cultural practices, boosting even fur- 3.475 million sacks is expected.
ther the potential of the crop. In Minas Gerais, Espírito Santo and in In the opinion of Guilherme Braga Filho, chief executive di-
rector of CeCafé, the production volumes in the above
states and equally in Bahia, Paraná, Ron-
Inor Ag. Assmann

dônia and in Pará played a decisive


role in the good results of the crop.
Furthermore, he believes that the
distinct technologies, utilized at
planting time, associated with
the irrigation systems and
mechanized harvesting, made
the productivity rates soar in
years of low bi-annual cycles.
Braga Filho also refers to the
growth in other production
areas across Brazil, like Goiás,
Belém and Maranhão. Factors
like these sustain the develop-
ment of the production chain for
years to come.

14
Seu portal para fazer
negócios com o Brasil!

www.brasilglobalnet.gov.br
Ÿ Informações sobre 8.700 empresas exportadoras brasileiras;

Ÿ Dados sobre 2.700 produtos relacionados a comércio exterior;

Ÿ Indicadores econômicos, tabelas e gráficos sobre comércio exterior;

Ÿ Mais de 300 feiras comerciais a serem realizadas no Brasil em 2011;

Ÿ Oportunidades de investimento em infraestrutura, energia, indústria


pesada e megaeventos esportivos.

Ministério das Relações Exteriores


Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial
Departamento de Promoção Comercial e Investimentos
Além das
fronteiras
M
Momento para não desanimar e seguir em frente. É assim
que o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do
Brasil (CeCafé), Guilherme Braga Filho, resume o cenário atual
da cultura no País. No ramo das exportações, os números reve-
lam o bom desempenho frente aos principais países importado-
res. Avanço na qualidade dos grãos e bom resultado na colheita
são alguns dos fatores que influenciaram positivamente.
De acordo com balanço preliminar do CeCafé, os embar-
ques entre junho de 2010 e maio de 2011 devem somar 34,392
milhões de sacas de 60 quilos. Com isso, a receita é estimada em
US$ 7,02 bilhões. A boa performance do País no mercado inter-
nacional também é notável ao se comparar com os números da
temporada anterior. De janeiro a maio de 2010, foram exporta-
das 12,240 milhões de sacas de 60 quilos. Nos mesmos meses
em 2011, a apuração preliminar aponta para a comercialização
de 13,606 milhões de sacas, o que representa variação positiva
de 11%. Somente em maio o volume deveria chegar a 2,622
milhões de sacas. O arábica representou 84% dos embarques
de janeiro a maio, enquanto o robusta e o solúvel registraram
participação de 7% e 9%, respectivamente.
Quanto aos mercados, calcula-se que o País tenha enviado
7,532 milhões de sacas de 60 quilos à Europa, acréscimo de
13% em relação a 2010 (considerando-se o período de janeiro
a maio). Para a América do Norte, os embarques totalizariam
3,111 milhões de sacas e para a Ásia, 2,232 milhões. Entre os pa-
íses consumidores do produto brasileiro, entretanto, o volume
mais expressivo seguiria para os Estados Unidos, com 2,703 mi- Um deles refere-se à colheita em 2010, quando a produção no
lhões de sacas. Em segundo lugar deve ficar a Alemanha, para País alcançou a 48,094 milhões de sacas de 60 quilos. A boa dis-
onde seriam enviadas 2,551 milhões de sacas. ponibilidade, por sua vez, significou maior oferta.
Embora os resultados da safra não sejam ligados, direta-
AVALIAÇÃO Para o diretor-geral do CeCafé, Guilherme mente, com os volumes de exportação, Braga Filho destaca que
Braga Filho, as exportações, que podem chegar a 35 milhões de a melhoria na qualidade do café colhido também influenciou
sacas de 60 quilos entre junho de 2010 e junho de 2011, são vis- nas vendas externas. Como há crescimento na demanda por
tas como um recorde para o setor. Nesse sentido, acredita que produtos de qualidade avançada, existem segmentos específi-
três fatores foram fundamentais para o desempenho positivo. cos que, ao longo dos anos, encontram-se em expansão. Junto

Safra recorde do café brasileiro em 2010 é um dos fatores que


influenciam na boa performance do País no mercado externo

16
Inor Ag. Assmann
CAMINHO DE IDA • DESTINATION
Exportações brasileiras de café (sacas de 60 kg)
Países de destino Jan-mai 2011* Jan-mai 2010 Variação
a isso, os preços satisfatórios registrados junto ao Estados Unidos 2.703.185 2.238.436 20,76%
segmento motivaram o produtor a investir mais Alemanha 2.551.385 2.286.185 11,60%
em tecnologias para aprimorar o grão. Itália 1.223.269 1.084.735 12,77%
O diretor-geral do CeCafé acredita que, ao Bélgica 1.124.124 846.519 32,79%
qualificar o produto, foi possível ampliar a par- Japão 905.339 868.936 4,19%
ticipação no mercado. Com a quebra de safra na Espanha 355.007 335.858 5,70%
Colômbia, onde houve retração na produção de Rússia 314.478 331.975 -5,27%
arábica, as possibilidades de vendas brasileiras Holanda (Países Baixos) 305.244 213.556 42,93%
cresceram. A consequência foram os bons núme-
Finlândia 266.695 170.249 56,65%
ros de exportação observados. Para o próximo
França 258.112 259.363 -048%
período, contudo, os embarques podem registrar
Subtotal 10.006.838 8.635.812 15,88%
queda de até 10%. Devido à bienalidade da cul-
tura, em 2011 o Brasil deve colher 43,543 milhões Outros 3.599.283 3.605.135 -0,16%
de sacas de 60 quilos, o que deverá refletir nos Total geral 13.606.121 12.240.947 11,15%
embarques, observa Braga Filho. Fonte: CeCafé e Abics - *Preliminar

17
Overseas
Record coffee crop in 2010 is a factor that accounts for the good
performance of the Country in the foreign market
Inor Ag. Assmann

18
It is no time for discouragement but for were shipped to Europe, up 13% from 2010 by the segment have encouraged the growers
looking ahead. This is how the chief executi- (considering the January-May period). Nor- to invest more money in bean quality enhan-
ve director of the Brazilian Coffee Exporters th America imported 3.111 million sacks and cement technologies.
Council (Cecafé), Guilherme Braga Filho, Asia, 2.232 million. Among the countries The general director of CeCafé believes that,
summarizes the present scenario of the coffee that consume our coffee, nonetheless, the most by qualifying the product, the segment ma-
in the Country. In the segment of exports, the expressive volume was to be shipped to the naged to push up its share in the market. The
figures reveal the good performance regarding United States, totaling 2.703 million sacks, crop frustration in Colombia, where Arabica
the countries that are major importers. Strides followed by Germany, with a total of 2.551 coffee was severely affected, paved the way for
in bean quality and good harvest performance million sacks. Brazilian exports to soar considerably. The con-
are some of the factors that exerted a positive sequence was the promising figures that came
influence. EVALUATION The chief executive from exports. For the next seasons, nonetheless,
According to a preliminary assessment director of CeCafé, Guilherme Braga Filho, the shipments might register up to 10-percent
by CeCafé, shipments from June 2010 to understands that our exports, which are like- declines. Due to the crop’s bi-annual cycle,
May 2011 should amount to 34.392 million ly to reach 35 million 60-kilo sacks from June in 2011 Brazil is estimated to harvest 43.543
60-kilo sacks. This will bring in revenue of 2010 to June 2011, are viewed by the sector as million 60-kilo sacks, which should have reflec-
approximately US$ 7.02 billion. The good a record operation. Within this context, he be- tions on exports, Braga Filho notes.
performance of the Country is also notewor- lieves that that there were three fundamental
thy if compared to the figures of the previous factors that explain the positive performance. APRECIADORES •
crop. From January to May this year, 12.240 One of them has to do with the 2010 harvest, AFICIONADOS
million 60-kilo sacks were shipped abroad. which totaled 48.094 million 60-kilo sacks.
Principais mercados do café
Over the same period in 2011, a preliminary The availability of huge volumes, in turn, re-
assessment points to 13.606 million sacks, up sulted into expressive supply. brasileiro (janeiro a maio de 2011)
11% from last year. In May alone, the volume Although crop results are not directly País Participação
was supposed to reach 2.622 million sacks. linked to the amount of exports, Braga Filho Estados Unidos 20%
Arabica coffee accounted for 84% of the shi- maintains that the enhanced quality of our be- Alemanha 19%
pments from January to May, while robusta ans has also influenced foreign sales. As there Itália 9%
and soluble coffees represented 7% and 9%, is soaring demand for products of distingui- Bélgica 8%
respectively. shed quality, there are also specific segments, Japão 7%
Regarding the different destinations, it which, over the years, expand considerably. Outros 37%
is estimated that 7.532 million 60-kilo sacks Along with this, the satisfactory prices fetched Fonte: CeCafé

Columbia, tradição em
trading de commodities
e manufaturados.
O Grupo Columbia alia a experiência e a tradição de quase
70 anos em trading de commodities e manufaturados, ao
empenho de uma equipe de negócios totalmente dedicada à
logística e às operações de compra e venda de mercadorias.
Globalmente
bom
Resultado positivo na maioria das regiões produtoras de café deve
significar aumento de 8% na oferta em 2010/11

20
O Brasil não foi o único A FONTE • THE ORIGIN deve totalizar 62,8 milhões de
país a registrar bom desem- sacas no ciclo.
penho quanto à produção e Principais países produtores de café (em milhões de sacas) Para a temporada
exportação de café na última País 2009 2010 Variação (%) 2011/12, no entanto, as
safra. De acordo com relató- Brasil 39,470 48,095 21,9 perspectivas são variadas.
rio de maio da Organização Vietnã 18,200 18,500 1,6 Enquanto o Brasil, maior
Internacional do Café (OIC), a Colômbia 8,098 9,200 13,6 produtor mundial, prevê
maioria das regiões obteve in- Indonésia 11,380 8,500 -25,3 redução da colheita, é pos-
cremento nos dois segmentos. Etiópia 6,931 7,450 7,5 sível que haja aumentos em
Com isso, foram embarcadas Índia 4,823 4,733 -1,9 outros países. A Indonésia,
62,7 milhões de sacas de 60 México 4,200 4,400 4,8 porém, também estima di-
quilos no período de outubro Guatemala 3,835 4,000 4,3 minuição, e o Vietnã, segun-
de 2010 a abril de 2011. O re- Honduras 3,575 3,830 7,1 do maior produtor, calcula
sultado significa aumento de Peru 3,286 3,718 13,1 estagnação nos números de
16,7% em comparação a igual Fonte: OIC colheita. O volume total da
intervalo na safra 2009/10. produção mundial, no ano-
Somente em abril de 2011, otimismo ao setor. safra 2011/12, poderá
as vendas externas de todos os países ser de aproximadamente 130
exportadores somaram 9,7 milhões de PANORAMA Se as condições milhões de sacas de 60
sacas. climáticas se mantiverem favoráveis, al- quilos.
Em decorrência da estabilidade dos guns países exportadores de café devem
preços altos, muitas nações elevaram registrar aumento de safra. Conforme re-
o volume de embarques. Com isso, os latório sobre o mercado cafeeiro da OIC,
quatro grupos de café – colombianos su- publicado em maio de 2011, a produção
aves, outros suaves, brasileiros naturais na temporada 2010/11 é estimada em
e robustas – registraram crescimento de 133 milhões de sacas, o que represen-
vendas. De outubro de 2010 a abril de ta acréscimo de 8,1% em relação ao
2011, as transações de robustas totaliza- volume anterior. Das regiões pro-
ram 21,423 milhões de sacas de 60 quilos, dutoras em todo o mundo, ape-
acréscimo de 14,4%. No mesmo período, nas Ásia/Oceania não obteve maior
as vendas externas de arábicas chegaram colheita devido, principalmente, a
a 41,240 milhões de sacas, alta de 17,9%. uma quebra na Indonésia. A produ-
Conforme relatório da OIC, no ano ção colombiana voltou a crescer, de-
civil de 2010 o total exportado foi 96,7 pois de dois anos de queda, e deve
milhões de sacas, em comparação com ficar em 9,2 milhões de sacas. A
as 96,1 milhões em 2009. As importações América do Sul, que respon-

Sílvio Ávila
também registraram evolução e soma- de por 47,2% da oferta
ram 131,6 milhões de sacas em 2010, con- mundial do grão,
tra 127,1 milhões no período anterior. O
relatório salienta que a alta dos preços e
o crescimento do consumo
mundial continuam
a incentivar o comér-
cio internacional,
o que também
proporciona

21
Excellent performance in the
majority of the coffee
producing regions should
translate into an 8-percent rise

good
in supply in the 2010/11 crop

Globally

Sílvio Ávila
Brazil was not the only country to celebrate an excellent coffee VENDEDORES • VENDORS
production and export performance in the past season. According to
a report by the International Coffee Organization (ICO), published in Principais exportadores de café (em milhões de sacas)*
May, most regions made strides in the two segments. This made ex- País 2009/10 2010/11 Variação (%)
ports soar to 62.7 million 60-kilos sacks from October 2010 to April Brasil 17,678 21,026 18,9
2011. The result represents an increase of 16.7% from the same period Vietnã 9,140 10,975 20,1
in the 2009/10 crop. Only in April 2011, foreign sales of all coffee ex-
Colômbia 4,234 5,567 31,5
porting countries amounted to 9.7 million sacks.
Due to the stable high prices, several nations shipped more coffee Índia 2,143 3,564 66,3
abroad. As a result, the four coffee groups – mild Colombian coffees, Indonésia 3,873 3,065 -20,9
other mild coffees, Brazilian natural and robusta – celebrated soaring Honduras 1,998 2,633 31,8
sales. From October 2010 to April 2011, robusta shipments totaled
Guatemala 1,896 1,889 -0,4
21.423 million 60-kilo sacks, up 14.4% from the same period last year.
During the same period, foreign sales of Arabica amounted to 41.240 Etiópia 972 1,734 78,3
million 60-kilo sacks, up 17.9%. Peru 1,354 1,730 27,8
According to a report by the ICO, in the civil year of 2010, total Uganda 1,603 1,502 -6,3
shipments reached 96.7 million sacks, compared to 96.1 million sacks Fonte: OIC - *Outubro a abril
in 2009. Imports also soared and registered a total amount of 131.6
million sacks in 2010, against 127.1 million in the previous period. The
report stresses that the high prices and world consumption continue SELECIONADOS • SELECTED
encouraging the international market, which is also reason for the sec- Exportações mundiais de café (em milhões de sacas)*
tor to rejoice. Grupo 2009/10 2010/11 Variação (%)
Colombianos suaves 4,895 6,290 28,5
PANORAMA Should climatic conditions remain favorable,
some coffee exporting countries are likely to expand their coffee plan- Outros suaves 11,969 14,488 21,0
tations. According to a report by the ICO on the coffee market, pu- Brasileiros naturais 18,104 20,461 13,0
blished in May 2011, the volume of the 2010/11 crop is estimated at Robustas 18,719 21,423 14,4
133 million sacks, up 8.1% from the previous crop. Of all other coffee
Arábicas (subtotal) 34,967 41,240 17,9
producing regions around the world, only Asia and Australia did not
harvest bigger crops, mainly due to the smaller than expected crop in Fonte: OIC - *Outubro a abril

Indonesia. In Colombia, production is back on track, after two years of


smaller harvests, and should reach 9.2 million sacks. South America, are likely in other countries. However, Indonesia is also bracing for
responsible for 47.2% of the global production volumes, should reach a a reduction in the volume, while Vietnam, second biggest producer,
total of 62.8 million sacks in the season. views no progress in the volume to be harvested. The total volume in
For the 2011/12 cycle, nevertheless, there are variable perspectives. the world, for the 2011/12 cycle, could reach approximately 130 million
Brazil, largest global producer, foresees a smaller crop, but increases 60-kilo sacks.

22
Por
conquistar
Incremento do consumo mundial,
aliado aos números positivos do Brasil em
produção e exportação, devem abrir
as portas para novos mercados
O time de apaixonados pelo aroma, com o crescimento do consumo, também
pelo sabor e pela qualidade do café cres- houve elevação na demanda por grãos
ce ano a ano. No lar, no escritório, nas de qualidade. Segundo ele, existe uma
cafeterias e nas boutiques especializa- tendência mundial de consumidores
das, entre outros lugares, o aumento da mais exigentes e com poder aquisitivo
demanda é evidente. Prova disso foram maior. Por isso, segmentos de mercado
as 134 milhões de sacas consumidas voltados à qualificação do grão vêm se
mundialmente em 2010, 2,4% a mais expandindo. Vendas em pontos inova-
que no ano anterior. No Brasil, junto ao dores, preparo mais elaborado e apre-
desempenho positivo nas últimas safras, sentação diferenciada são atrativos para
nos próximos anos o setor deve aprovei- induzir a compra da bebida.
tar o bom momento para ganhar novos Dados da Abic revelam que, somen-
mercados e impulsionar os negócios da te em 2010, os brasileiros demandaram
cadeia produtiva. 19,13 milhões de sacas, 4,03% a mais que
Em solo brasileiro não foram ape- em 2009. Ainda conforme a entidade, o outros mercados mundiais. Esse movi-
nas os índices de exportação e produ- segmento de cafés finos e diferenciados, mento ocorre desde 2008, na avaliação
ção que registraram recordes. O con- embora represente a menor parte do do diretor-geral do CeCafé, Guilherme
sumo per capita também atingiu nível consumo, continua apresentando taxas Braga Filho, quando se estabeleceu a
histórico em 2010, alcançando a 4,81 de crescimento anual entre 15% e 20%. crise econômica mundial. Problemas de
quilos por habitante ao ano, conforme De acordo com Braga Filho, a alta dos queda na produção de alguns países lí-
a Associação Brasileira da Indústria de preços possibilitou o processo de conso- deres impulsionaram as exportações bra-
Café (Abic). O volume supera a marca lidação desse segmento cafeeiro. sileiras. Com isso, o País se viu diante da
atingida em 1965, que foi de 4,72 kg/ O consultor da P&A Marketing Car- oportunidade de ampliar a presença nos
habitante/ano. Se comparado a 2009, los Henrique Brando resume o cenário Estados Unidos, no Japão e na Europa,
quando se registrou 4,65 kg per capita, atual do café no mundo como um des- líderes no consumo da bebida.
o incremento foi de 3,5%. pertar positivo. A demanda global em Além de intensificar as vendas para
O diretor-geral do Conselho dos Ex- expansão, com crescimento de 2% a os principais países importadores, Bran-
portadores de Café do Brasil (CeCafé), 2,5% ao ano, e os bons preços registrados do salienta que o Brasil almeja ampliar
Guilherme Braga Filho, ressalta que, podem auxiliar o País na conquista de o número de apreciadores na China, na

24
SUBINDO
Consumo interno de café no

Sílvio Ávila
Brasil (em milhões de sacas)
Ano Volume
2010 19,1
2009 18,4
2008 17,7
2007 17,1
2006 16,3
2005 15,5
Fonte: Abic

Índia, na Rússia e em países do leste da em todo o mundo. Exemplo disso é o ferir a qualidade do grão produzido, o
Europa. Com o aumento da produção e Programa de Degustação dos Cafés do que estimula o aumento do consumo.
da exportação nacionais e a estagnação Brasil, desenvolvido pela Associação A participação do Brasil como país
de alguns concorrentes, é essencial que o Brasileira da Indústria de Café Solúvel tema da principal feira de cafés especiais
País aproveite o momento para alavan- (Abics) com apoio do Fundo de Defesa do mundo, a 23rd Annual SCAA (Special-
car o potencial competitivo do grão pro- da Economia Cafeeira (Funcafé) e do ty Coffee Association of America), também
duzido em seus cafezais. Para dar certo, Ministério da Agricultura, Pecuária e foi de extrema importância para refor-
apostar em qualidade e em estratégias Abastecimento (Mapa). çar a imagem do produto brasileiro no
diferenciadas será fundamental. Por meio do programa, realizado exterior. Realizado de 28 de abril a 1º de
desde 2006, a marca Cafés do Brasil é maio de 2011 em Houston, nos Estados
EM AÇÃO Participações em fei- promovida internacionalmente. Em Unidos, o evento contou com exibição de
ras, elaboração de material informativo 2010, nos meses de junho e julho, foram filmes, palestras e sessões de degustação,
diferenciado e criação de programas de realizadas ações no Chile e no Uruguai. entre outras atividades que visavam a
degustação são algumas das estraté- Ao degustar o café solúvel brasileiro, os ampliar os horizontes do sabor e da qua-
gias nacionais para divulgar seus cafés estrangeiros têm a oportunidade de con- lidade para os grãos do Brasil.

25
Inor Ag. Assmann

26
To be
conquered
Soaring global consumption, along with the good performance of Brazil in
production and exports, should pave the way for the Country to make it to new markets
The number of coffee aficionados and fond of performance in the past seasons, the sector is set executive director at Cecafé, Guilherme Braga
its aroma, flavor and quality has been rising year to take advantage of the good moment to con- Filho, this situation has been occurring since
after year. At home, in the office, in coffeehouses quer new markets and promote the businesses of 2008, when the global financial crisis set in.
and refined boutiques, among other places, de- the production chain. Crop reduction problems in some leading
mand is on the rise. The fact is, 134 million sacks In the Brazilian territory, records were countries pushed up Brazilian exports con-
were consumed worldwide in 2010, up 2.4% celebrated not only by the production and ex- siderably. Within this context, the Country
from the previous year. In Bra- port sectors. Per capita consumption also hit envisioned an opportunity to expand its pre-
zil, along with the all-time records in 2010, reaching 4.81 kilos sence in the United States, Japan and Europe,
excellent per person a year, according to the Brazilian leading consumers of coffee.
Coffee Industry Association (Abic). The vo- Besides intensifying the sales to the ma-
lume outstrips the mark achieved in 1965, jor importing countries, Brando mentions
which totaled 4.72 kg/person/year. Compared that Brazil intends to increase the number
to 2009, when consumption per capita hit of consumers in China, India, Russia and in
4.65 kg, representing a 3.5% rise. Eastern European countries. With produc-
The chief-executive director of the tion and exports on a rising trend in Brazil,
Brazilian Coffee Exporters Council along with the stagnation environment in
(Cecafé), Guilherme Braga Filho, some competitor countries, it is essential for
maintains that, along with the so- the Country to take advantage of the moment
aring consumption, the demand to strengthen its competitive edge, as far as co-
for quality beans also soared. Ac- ffee shipments are concerned. For rewarding
cording to him, a global trend results, an essential step is to bet on quality
is pointing to more discerning and distinguished strategies.
consumers with higher purcha-  
sing power. Within this context, IN ACTION Participations in fairs,
segments geared towards bean confection of informative materials and the
enhancement initiatives are creation of Tasting Programs are some of the
expanding greatly. Sales in in- national strategies intended for announcing
novative outlets, more elaborate the Brazilian coffees around the world. An
preparation and distinguished example is the Brazilian Coffee Tasting Pro-
presentation are attractions gram, developed by the Brazilian Soluble
that lure people into the habit of Coffee Industry Association (Abics) with
drinking coffee. financial support from the Coffee Economy
Data released by the Abic Defense Fund (Funcafé) and from the Mi-
reveal that, in 2010 alone, Bra- nistry of Agriculture, Livestock and Food
zilian people consumed 19.13 Supply (Mapa).
million sacks, up 4.03% from Through the program, conducted since
2009. And there is more, accor- 2006, the Brazilian Coffee brands are promo-
ding to the entity, the segment of ted internationally. In 2010, in the months of
fine and specialty coffees, althou- June and July, sessions were staged in Chile
gh accounting for the smallest and Uruguay. Upon savoring soluble coffee
portion in consumption, continues from Brazil, foreigners have the chance to
thriving, annually soaring from check the quality of the beans, which leads to
15% to 20%. Braga Filho unders- rising consumption.
tands that high prices led to the con- The role of Brazil as theme country in the
solidation of this coffee segment. 23rd Annual Fair, promoted by the Specialty
P&A Marketing consultant Car- Coffee Association of America, was also extre-
los Henrique Brando summarizes mely relevant for strengthening the image of
the present global scenario of coffee as the Brazilian beverage abroad. Held from 28th
a promising wake-up scene. Global de- April to 1st May, in Houston, United States,
mand on the rise, at a 2% to 2.5% rate the event featured films, lectures and tasting
a year, along with the good prices, could sessions, among other activities, all geared
pave the way for Brazil to conquer other towards widening the horizons for the flavor
global markets. In the opinion of the chief- and quality of the Brazilian beans.

27
Bem
Sílvio Ávila

apreciado
Melhora nas cotações do café proporciona valorização inédita do grão
e deve impulsionar novos investimentos nos cafezais brasileiros

D Da tela do computador, acompanhar as cotações de café nas


bolsas de valores é rotina para Carlos Aurélio de Freitas Júnior.
Nos últimos meses, a atividade, realizada no departamento de
comercialização e classificação de café da Cooperativa de Ca-
feicultores e Agropecuaristas (Cocapec), se mostrou bastante
animadora para o supervisor. Mas o otimismo proporciona-
do pela alta dos preços ultrapassa as fronteiras de Franca (SP),
onde trabalha. As boas perspectivas tomam conta dos cafezais
de todo o País.
Aelevação nas cotações acompanham o setor desde o segun-
do semestre de 2010. Em 2011, entretanto, a saca de 60 quilos do
arábica chegou a ser comercializada por R$ 550. Conforme da-
dos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
maio. No mês, o indicador do Cepea registrou média de R$
231,70 a saca de 60 quilos do grão, alta de 4,9% em relação ao
mês anterior. Um dos fatores que motivam a valorização da va-
riedade é a atual demanda (interna e externa) superior à oferta.
As cotações dos cafés brasileiros também foram positivas
no mercado exterior. De acordo com relatório de maio da Or-
ganização Internacional do Café (OIC), no mês os preços dos
arábicas registraram queda em relação a abril, enquanto os va-
lores pagos pelos robustas registraram alta significativa. Com
isso, a média mensal do preço indicativo composto caiu 1,4%,
passando de 231,24 centavos de dólar por libra-peso, em abril,
para 227,97 no mês seguinte.
Segundo a OIC, mesmo com o declínio, a média representa
(Cepea), em maio os preços seguiram firmes, sustentados pela acréscimo de 78% frente ao patamar de maio de 2010 e de 54,8%
oferta restrita de grãos de qualidade. A média registrada foi de em relação à média anual. Apesar das quedas, e de diminuir
R$ 530,76, montante 1,2% superior ao mês de abril. as diferenças nas cotações entre arábicas e robustas, os preços
Os valores da saca do robusta, que chegaram a R$ 240 no devem se manter firmes. Para o analista de mercado da Com-
ano, também continuam em alta no mercado brasileiro. A ele- panhia Nacional de Abastecimento (Conab) Jorge Queiroz, o
vação, observada desde o início de 2011, também ocorreu em cenário atual deve se manter por pelo menos mais um ano.

28
Fatores como melhor distribuição de renda e expansão da de a crescer. De acordo com Brando, com novas plantações e
classe média brasileira, aumento do poder de consumo e taxas elevação no potencial de produtividade, as colheitas de 2012 e
de juros baixas nos países desenvolvidos, como os Estados Uni- 2013 devem mostrar aumento significativo. O consultor ainda
dos, que enfrentam problemas de desemprego, foram determi- prevê que em 2014, ano de alta do ciclo e com fatores climá-
nantes para a formação do cenário atual, com alta remuneração ticos favoráveis, o País poderá colher uma das maiores safras
e produção elevada. Queiroz ressalta, no entanto, um descom- da história.
passo no setor, visto que a resposta da oferta não acompanha o
ritmo de demanda. NA BOLSA
No atual cenário do mercado externo, o analista de merca-
PERSPECTIVAS Com os preços elevados, a tendência é do da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Jorge
que os produtores intensifiquem os investimentos tecnológicos Queiroz ressalta que houve maior procura pelo grão brasileiro
nas lavouras. O consultor da P&A Marketing Carlos Henrique pelos países importadores. O desempenho desfavorável de al-
Brando acredita que o processo vai ocorrer em vários níveis. No guns países produtores, como a Colômbia, levou à valorização.
imediato, salienta que serão promovidas modificações nos sis- Com isso, após anos de discussão, o Brasil passou a negociar o
temas de podas e irrigação. A médio prazo, no entanto, devem café lavado, despolpado ou cereja descascado na bolsa de Nova
figurar melhorias na fertilização e em técnicas de cultivo. York, principal mercado de formação de preços desse tipo de
A tendência para longo prazo (daqui a três ou quatro anos) produto. Segundo Queiroz, a cotação dos grãos é bastante fa-
refere-se ao aumento da área plantada. O risco da expansão, vorável entre os países compradores. Destaca, contudo, que a
entretanto, está no excesso de oferta, visto que a produção ten- qualidade do produto nacional é um dos principais atrativos.

29
Much
appreciated
Inor Ag. Assmann

30
Soaring coffee quotes make the beans fetch unprecedented prices,
encouraging new investments in the Brazilian coffee fields
Following the coffee quotations in the sto- ging the sector since the second half of 2010. ler difference between the Arabica and conilon
ck market on the computer screen is part of In 2011, nonetheless, a 60-kilo sack of Ara- quotes, prices are expected to remain stable.
Carlos Aurélio de Freitas Júnior’s daily routi- bica feched as much as R$ 550. From data Jorge Queiroz, market analyst with the Na-
ne. Over the past months, the activity, carried released by the Center for Advanced Studies tional Supply Company (Conab), maintains
out in the coffee classification department of on Applied Economics (CEPEA), n May, that the present scenario should hold for at
the Coffee Producers, Farmers and Livestock prices were holding on to their steady course, least one more year.
Rearer’s Cooperative (Cocapec), turned out to sustained by tight supplies of superior beans, Such factors as fair income distribution
be very promising for the supervisor. And the reaching an average of R$ 530.76, up 1.2% and the gradual expansion of the Brazilian
optimism stemming from the high prices goes from April. middle class, along with the rising purcha-
beyond the frontiers of Franca (SP), where he The robusta coffee prices, which climbed to sing power and low interest rates in the
works. The bright perspectives are now perva- R$ 240 a sack over the year, are also holding developed countries, like the United States,
ding all coffee fields across Brazil. to the rising trend in the Brazilian market. now facing unemployment problems, played
The soaring quotations The uptrend in effect since early 2011, also a determining role in the development of the
have been en- occurred in May. Over that month, the Cepea present scenario, where high remuneration
coura- indicator registered an average of R$ 231.70 and huge production prevail. Nonetheless,
per 60-kilo sack, up 4.9% from the previous Queiroz refers to the fact that supply has not
month. One of the factors that encourage the managed to keep pace with the rhythm impo-
higher value of the variety is soaring de- sed by demand.
mand at home and abroad.
In terms of prices, the Brazilian PERSPECTIVES With prices on
coffees also performed well in the the rise, the trend is for the producers to opt
international marketplace. Ac- for technology-oriented investments in their
cording to the report of the In- fields. P&A Marketing consultant Carlos
ternational Coffee Association Henrique Brando has it that the process will
(ICA), in May, prices of Ara- occur in several levels. Immediate measures
bica dropped in comparison include alterations to the pruning and irri-
with April, while the prices gation systems. In the medium run, however,
fetched by the robusta varie- there should be improvements to fertilization
ties soared considerably. As a and cultivation practices.
result, the monthly average For the long run, within three to four
of the indicative price went years, increases in planted areas are expec-
down 1.4%, from 231.24 ted. The expansion risk lies in excessive sup-
dollar cents per pound, in plies, seeing that the production volumes are
April, to 227.97 the follo- bound to expand. According to Brando, with
wing month. new plantations and soaring productivity ra-
According to the ICA, in tes, the trend is for the 2012 and 2013 crops
spite of the decline, this avera- to expand considerably. The consultant also
ge is up 78% from May 2010 predicts that in the 2014 crop, a bi-annual
and up 54.8% considering the cycle of high yields, if climate conditions are
annual average. In spite of the favorable, Brazil might harvest the biggest
receding prices, and the smal- crop on record.

ON THE STOCK MARKET


Regarding the current scenario abroad, market analyst with the National Su-
pply Company (Conab), Jorge Queiroz mentions that coffee importing countries
have shown soaring interest for Brazilian coffees. The crop frustrations in some coffee
producing countries, like Colombia, account for this phenomenon. In light of this si-
tuation, after years of debates, Brazil began to trade washed coffee, depulped or unhul-
led cherry in the New York stock exchange, major market responsible for dictating the
prices for this commodity. According to Queiroz, the quotations of the coffee beans are
rather favorable among the purchasing countries. Nonetheless, he makes a point of men-
tioning that the quality of the Brazilian product is a major attraction.

31
Inor Ag. Assmann

32
Estados
states
Sem
descanso
Cafeicultores de Minas Gerais melhoram tratos culturais e renovam
a lavoura para obter mais qualidade e valorização dos grãos
O Estado que concentra a metade da Mesmo assim, observa Felipe, a diferen- dade dos Cafés de Minas. O coordenador
produção de café no Brasil está em cons- ça em relação ao ano de alto rendimento técnico regional da Emater, Marcos Fabri
tante busca por maior qualidade do grão. tem sido menor devido à adoção correta Júnior, que atua em Lavras, no sul do
Em Minas Gerais, cresce a cada safra o de tratos culturais. Estado, é o responsável pelo evento. Ele
número de cafeicultores que dispensam Além da qualidade, outra preocu- explica que o foco é o processo educati-
mais cuidados à lavoura e se preocupam pação do setor é a produtividade, que vo e sustentável da atividade. “A Emater
com a renovação da área produtiva. O também deve se beneficiar com a melhor desenvolve laudos dos cafés participan-
melhor tratamento na condução dos ca- condução das tarefas de lavoura. O coor- tes do concurso e presta assistência técni-
fezais, o que nem sempre significa gran- denador técnico da Emater explica que ca para ajudar no processo de melhoria
de aumento nos custos, resulta em bons os cafezais mineiros têm potencial de contínua dos cafezais”, enfatiza.
frutos e, como consequência, em maior chegar a 30 sacas por hectare. Mas, mes- Os produtores podem contar ainda
valorização do produto. mo com algumas lavouras atingindo de com o programa Certifica Minas Café,
O engenheiro agrônomo Marcelo de 60 a 70 sacas/ha, a média dos últimos que ocorre desde 2008 e até 2010 havia
Pádua Felipe, coordenador técnico esta- dez anos alcançou apenas a 17 sacas/ha. certificado 1.230 propriedades. Confor-
dual de café da Empresa de Assistência A mecanização da colheita é outra me o coordenador do programa, Julian
Técnica e Extensão Rural do Estado de tecnologia que vem se ampliando no Es- Carvalho, que atua na Emater, a meta
Minas Gerais (Emater-MG), enfatiza que tado em função de a mão de obra estar para 2011 é atingir a 1.500 propriedades.
nos últimos dez anos o parque cafeeiro cada vez mais cara e escassa. Felipe ex- “Os cafeicultores aprendem a ter mais
do Estado passou de dois bilhões para plica que os pequenos produtores estão profissionalismo e a agregar valor a sua
três bilhões de covas, número que mos- utilizando derriçadeiras e roçadeiras, produção, identificando onde estão ga-
tra a preocupação dos produtores com a enquanto cafeicultores considerados nhando e perdendo”, destaca Carvalho.
renovação e o incremento da área cultiva- médios trabalham com colheitadeiras O cadastro no programa, a assistência
da. Segundo ele, o bom preço pago pelo e tratores. Para reduzir o custo com os técnica e as orientações para adequações
grão na atual temporada tem estimulado equipamentos, o engenheiro agrônomo das propriedades são feitas pela Emater. As
os cafeicultores a realizarem os tratos cul- aconselha que sejam formados polos auditorias preliminares de checagem das
turais de forma adequada. para a colheita coletiva das lavouras. modificações, que devem estar de acordo
Na safra 2011, conforme dados da com as exigências internacionais, são rea-
Companhia Nacional de Abastecimento CONCURSO Para valorizar o café lizadas pelo Instituto Mineiro de Agrope-
(Conab) divulgados em maio, Minas Ge- dos produtores que se dedicaram com cuária (IMA). A auditoria final fica a cargo
rais terá produção de 22,124 milhões de mais afinco às suas lavouras, a Secreta- da certificadora suíça IMO Control, um
sacas beneficiadas, contabilizando redu- ria de Estado de Agricultura, Pecuária e organismo de avaliação de conformidade
ção de 12,05% em relação ao período an- Abastecimento realiza, junto com a Ema- independente que verifica a adaptação das
terior. O decréscimo tem como principal ter e a Universidade Federal de Lavras propriedades e emite um certificado de re-
fator a bienalidade negativa da cultura. (Ufla), a 8ª edição do Concurso de Quali- conhecimento internacional.

33
rest
No time for
Coffee farmers in Minas Gerais improve cultural practices and
renew their fields with an eye towards quality and profits
The State that concentrates 50% of all
coffee produced in Brazil is constantly se-
eking better bean quality. In Minas Gerais,
the number of growers who carefully look
after their crop and are concerned with field
renewal practices is constantly soaring. The
best treatment in the conduction of the coffee
fields, which does not always translate into
higher costs, results into good fruit and, as
a consequence, in more remuneration for the
product.
Agronomic engineer Marcelo de Pádua
Felipe, state technical coordinator of the
Technical Assistance and Rural Extension
Corporation of Minas Gerais (Emater-MG),
Inor Ag. Assmann

34
mentions that over the past ten years, the co- to 70 sacks per hectare, the average over the activity. “Emater issues reports of the co-
ffee park of the State jumped from two billion past ten years has remained at only 17 sacks/ ffees that take part in the contest and provi-
to three billion new trees, attesting to the pre- hectare. des technical assistance towards constantly
occupation of the growers with the renewal Harvest mechanization is just one more improving the coffee fields”, he notes. The
and the expansion of the cultivated areas. technology on the rise throughout the State producers can also rely on the Certify Mi-
According to him, the good price fetched by in light of the shortage of workers and ever nas Coffee program, in force since 2008, ha-
the beans in the current season has encou- more expensive labor costs. Felipe explains ving certified 1,230 farms up to 2010. Ac-
raged the farmers to carry out all cultural that the small-scale farmers are resorting cording to the coordinator of the program,
practices in appropriate manner. to machine stripping and harvesters, while Julian Carvalho, who works with Emater,
In the 2010/11 crop year, according to medium-sized coffee growers are resorting the target for 2011 is to certify 1,500 hol-
data from the National Supply Company to harvesters and tractors. In order to reduce dings. “The coffee growers learn how to be
(Conab), released in May 2011, Minas Ge- the costs with the equipment, the agronomic more professional and how to add value to
rais is to harvest a crop of 22.124 million engineer recommends the farmers to get or- their crop, clearly perceiving where they are
sacks of milled coffee, down 12.05% from ganized in hubs for collective harvesting. making or losing money”, says Carvalho.
the previous year. The bi-annual cycle of low The record of the program, technical as-
yields is responsible for the smaller crop size. CONTEST To add value to the sistance and the guidelines geared towards
In spite of this, Felipe observes, the difference coffee of those farmers who devoted more the adjustments of the farms are done by
in comparison to the bi-annual cycle of high time to their fields, the State Secretariat of Emater. The preliminary audits checking
yields has shrunk due to the adoption of cor- Agriculture, Livestock and Supply, holds the alteraions, which must comply with in-
rect cultural practices. the 8th edition of the Minas Coffees Qua- ternational Standards, are conducted by the
Besides quality, another concern of the lity Contest, jointly with Emater and the Minas Gerais Agriculture and Livestock
sector is productivity, which is also expected Federal University of Lavras (Ufla). Ema- Institute (IMA). The final audit is under the
to benefit from the better field practices. The ter regional technical coordinator, Marcos responsibility of the Swiss IMO corporation,
technical coordinator at Emater explains Fabri Júnior, based in Lavras, in the sou- an independent compliance assessment or-
that the coffee fields in Minas Gerais have thern portion of the State, is responsible for gan which checks the adaptation of the far-
the potential to produce 30 sacks per hectare. the event. He explains that the focus is the ms and issues an international recognitions
However, although some fields produce 60 educational and sustainable process of the certificate.
Visão
ampliada
Cerrado mineiro trabalha
com estratégia de valorização
das pessoas e da região
envolvidas na cafeicultura

N
Não é de hoje que o café do Cerrado mineiro é reconhecido de conquistas da cafeicultura do Cerrado mineiro desde 1992,
pela excelente qualidade e alta produtividade. Mas os produto- quando foi criado o Conselho das Associações dos Cafeiculto-
res da região querem mais. A proposta, lançada em dezembro res do Cerrado (Caccer), embrião da atual federação, fundada
de 2010, é mudar a percepção sobre o processo produtivo, hoje em 2009.
focada no produto, para as pessoas e a região envolvidas. Com O projeto Café de Atitude está calcado em um tripé. A éti-
essa determinação, a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, ca pressupõe o uso de práticas sustentáveis e a rastreabilidade
com assessoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe- foca o processo de produção com base nos preceitos da Indica-
quenas Empresas (Sebrae) de Minas Gerais, trabalha com uma ção Geográfica. O terceiro ponto é a alta qualidade do grão para
nova estratégia, batizada de Café de Atitude. obtenção de cafés diferenciados. O processo foi conduzido em
O superintendente da federação, José Augusto Rizental, en- três fases distintas. Na primeira etapa foram realizadas pesqui-
fatiza que a intenção é fazer o consumidor perceber que não sas internas e externas e análises de mercado e de tendências de
está adquirindo apenas um café, mas toda a experiência e a his- comportamento dos consumidores. Em seguida, definiu-se a
tória da região e de suas comunidades. Uma das novidades é plataforma estratégica junto com as ações organizacionais e es-
que o nome Café do Cerrado foi substituído pela nomenclatura truturais a serem realizadas. Por fim, foi criada a nova expressão
Região do Cerrado Mineiro. Esta é a forma oficial da Indica- para a marca em termos verbais, visuais e comportamentais.
ção Geográfica, sendo esta a primeira área cafeeira no mundo a A Região do Cerrado Mineiro tem 4.500 cafeicultores distri-
conseguir a distinção. buídos em 55 municípios. Em cada safra são colhidos, em mé-
Em outubro de 2010, foi dada entrada no pedido de con- dia, 5 milhões de sacas, principalmente do tipo arábica, e cerca
cessão da Denominação de Origem no Instituto Nacional da de 70% é vendido para torrefadoras da Europa, dos Estados
Propriedade Industrial (Inpi). A certificação protege e garante Unidos e do Japão. O clima ameno, o solo, os métodos de cul-
a origem e o processo de produção do café da região. Além tivo e o plantio em altitudes que variam de 800 a 1.300 metros
da nova denominação, o projeto inclui o resgate da trajetória resultam em um café com caracterísitcas únicas.

36
Sílvio Ávila
visionWidened
Cerrado region in Minas Gerais is strategically focused on adding
value to the people and regions engaged in coffee growing
For years, the coffee produced in the
Minas Gerais Cerrado region has been
ffee with Minas Gerais Cerrado Region. This
is the official wording of the Geographic In-
third point is the high quality of the bean
for making distinguished coffees. The pro-
acknowledged for its excellent quality and dication, and it is the first coffee farming area cess unfolded through distinct phases. The
high yields. Nonetheless, the producers of in the world to conquer this distinction. first stage comprised internal and external
the region want more. The proposal, laun- In October 2010, an application for the surveys, along with market analyses and
ched in December 2010, is a change to the Denomination of Origin was filed with the consumer behavior trends. Then, the stra-
perception of the production process, now National Institute for Intellectual property tegic platform was defined, along with the
focused on the product, to the people and (Inpi). The certification protects and gua- organizational structures and actions to
the regions involved in the activity. Relying rantees the origin and the coffee production be carried out. Finally, a new wording for
on such determination, the Cerrado Coffee process in the region. Besides the new deno- the brand was created in verbal, visual and
Growers’ Federation, assisted by the Brazi- mination, the project includes the reconsti- behavioral terms.
lian Service of Support to Micro and Small tution of the trajectory of conquests of the The Minas Gerais Cerrado region is
Companies (Sebrae) of Minas Gerais, is coffee farming operation in the Minas Gerais home to 4,500 coffee farmers scattered across
now working with a new strategy, referred Cerrado region since 1992, when the Cerra- 55 municipalities. On average, 5 million
to as Attitude Coffee. do Coffee Growers’ Council of Associations sacks are harvested at every crop, particu-
The superintendent of the federation, José (Caccer) was created, the embryo of the cur- larly Arabica coffee, of which about 70% is
Augusto Rizental, insists that the intention rent association, founded in 2009. shipped to coffee roasting industries in Eu-
is to make the consumers perceive that they The Attitude Coffee Project is based on a rope, the United States and Japan. The mild
are not just acquiring coffee, but the entire tripod. Ethics presupposes the use of sustai- temperatures, the soil, the cultivation metho-
experience and history of the region and its nable practices and traceability focuses on ds and plantings in high altitudes that vary
communities. One of the novelties consists the production process in compliance with from 800 to 1,300 meters result into coffee
in the replacement of the name Cerrado Co- the Geographic Indication standards. The with unique characteristics.

37
No trilho
Inor Ag. Assmann

Depois de conseguir aumentar a produtividade, cafeicultores


do conilon capixaba trabalham para obter qualidade

O Espírito Santo é o segundo maior o engenheiro agrônomo Romário Gava melhoria da qualidade do grão.
produtor de café do Brasil, com pre- Ferrão, pesquisador do Instituto Capi- Batizado de É o Espírito Santo Pro-
visão de cultivo de um quarto do total xaba de Pesquisa, Assistência Técnica e duzindo Café de Qualidade, o progra-
nacional na safra 2011. O carro-chefe Extensão Rural (Incaper) e coordenador ma busca a adesão dos produtores às
no Estado é o conilon, que representa do Programa Estadual de Cafeicultura, recomendações na condução das la-
73,4% da estimativa de colheita. Isso existe demanda pelo robusta com mais vouras, que são consideradas simples.
significa que das 11,022 milhões de sa- qualidade e esta deve ser a preocupação As ações passam pela colheita do café já
cas beneficiadas a serem obtidas, 8,090 dos produtores. maduro, a secagem de forma mais lenta
milhões devem ser desse tipo, com Ferrão observa que, nos últimos 15 e as boas práticas agrícolas na lavoura
produtividade média indicada de 28,87 anos, houve uma campanha maciça na e na armazenagem. De acordo com Fer-
sacas por hectare. Os números são do busca de aumento de produtividade rão, em 2011 deverá haver um salto de
levantamento da Companhia Nacional para o conilon capixaba. Ele estima que qualidade no conilon.
de Abastecimento (Conab), divulgado nesse período, por conta das ações de- O Estado passa ainda pela renovação
em maio de 2011. senvolvidas, houve incremento em tor- no parque cafeeiro, com o plantio de no-
A boa valorização do grão arábica no de 200% no rendimento das lavouras. vas lavouras cuja colheita ocorre a partir
atingiu também o conilon, utilizado Agora o programa estadual, que envolve da segunda ou terceira safra. As antigas
para blends, solúvel e espresso. Segundo mais de 30 instituições, se volta para a áreas passam por revigoramento com a

38
On the
right path
After achieving higher
productivity rates, coffee
growers in Espírito Santo
are now betting on better quality
Espírito Santo is the se- geared towards quality enhancement.
cond largest coffee producer The program is referred to as Espírito San-
in Brazil, with an expected to Producing Quality Coffee, and it is meant
production corresponding to one to convince the producers to follow the simple
fourth of the entire national crop recommendations on how to conduct their
in 2011. The leading variety in fields. These recommendations start with
the State is conilon coffee, which ac- harvesting only mature beans, followed by a
counts for 73.4% of the estimated crop slower drying process, preceded by best agri-
size. It means that of the 11.022 million cultural practices and correct warehousing.
sacks of milled coffee of this year’s crop, 8.090 According to Ferrão, a leap in the quality of
million should come from this type, with an conilon coffee is expected for 2011.
técni- average productivity rate expected to reach The State is also going through the re-
ca da poda 28.87 sacks per hectare. The figures come from newal process of the coffee farming park, whe-
de esqueletamento. the survey conducted by the National Supply reby new varieties are to be planted, and they
Conforme o pesquisador do Incaper, Company (Conab), released in May 2011. start bearing beans after the second or third
muitos são os fatores que contribuem The good prices reached by the Arabica be- year. The old areas go through a reinvigora-
para aprimorar a qualidade do grão, ans have rebounded on conilon, too, since the ting process with the radical pruning tech-
como o uso de melhores variedades, variety is used for soluble and espresso blends. nique. According to the Incaper researcher,
o plantio adensado e a irrigação. According to agronomic engineer Romário many factors contribute towards enhancing
Para 2011, o Incaper tem programa- Gava Ferrão, researcher at the Espírito Santo the quality of the beans, like the use of impro-
da uma série de ações relacionadas à Institute for Research, Technical Assistance ved varieties, dense planting and irrigation.
melhoria da qualidade do conilon. Es- and Rural Extension (Incaper) and coordi- For 2011, Incaper has scheduled a series
tão na agenda demonstrações de méto- nator of the State Coffee Farming Program, of initiatives related to the enhancement of
dos adequados de cultivo, envolvendo there is demand for good quality robusta and the quality of conilon coffee. The agenda
unidades demonstrativas, dias de cam- this should be every grower’s concern. includes the demonstration of suitable cul-
po, excursões técnicas, encontros de Ferrão observes that, over the past 15 years, tivation methods, field days, technical trips,
produtores e cursos de capacitação de massive campaigns were staged in pursuit of meetings and capacity building courses for
técnicos e produtores em parceria com higher yields for the conilon coffee in the State technicians and producers, jointly with the
o Serviço Nacional de Aprendizagem of Espírito Santo. He maintains that over the National Rural Training Service (Senar). It
Rural (Senar). Estima-se que serão as- period, as a result of all the initiatives, yields is estimated that 26 thousand producers of
sistidos em torno de 26 mil produtores soared around 200%. Now the state program, Arabica and conilon coffee will receive some
de arábica e conilon. which involves upwards of 30 institutions, is kind of assistance.

39
Atenção
integral
Mesmo sendo o principal
Estado com produção de conilon,
Espírito Santo também
cuida da qualidade do arábica

N
Nem só de conilon vive o Espírito Santo. Na safra 2011,
pelo levantamento de maio de 2011 da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), a colheita de arábica deve atingir a
2,932 milhões de sacas beneficiadas, o equivalente a 26,6% do
total da cafeicultura estadual. Em comparação com o período
anterior, representa acréscimo de 5%, mesmo sendo este um
ano de bienalidade baixa. A produtividade estimada é de 16,70
Inor Ag. Assmann

sacas por hectare.


A preocupação com a qualidade do grão é a mesma dispen-
sada ao conilon. O governo estadual trabalha com o programa
Renovar Café Arábica, que tem como objetivo agregar valor
ao produto cultivado no Espírito Santo, resultando em melhor
renda ao produtor. O pesquisador do Instituto Capixaba de
Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Romá-
rio Gava Ferrão, que coordena o Programa Estadual de Cafei- em formação. Ferrão avalia que mais da
cultura, explica que a área com arábica está um pouco menor, metade dos cafezais foram instalados há pelo menos 12 anos,
em função da renovação nos cafezais. com espaçamento mais largo e variedades com menor poten-
As ações realizadas buscam auxiliar os produtores a melho- cial produtivo. Nos últimos seis anos, com as ações voltadas
rar a qualidade do café e assim aproveitar o bom momento da à melhoria do rendimento, o arábica obteve crescimento na
atividade, em termos de remuneração e mercado. O pesqui- produtividade de cerca de 50%.
sador do Incaper observa que as novas lavouras estão sendo As perspectivas para a cafeicultura capixaba são as melho-
implantadas de forma mais adensada, com cerca de cinco mil res possíveis, com a atividade contando com planejamento
plantas por hectare, contra três mil plantas aplicadas anterior- até 2025. A cultura está presente em todos os municípios, com
mente. “Esse ajuste tem contribuído para o aumento da produ- exceção da capital Vitória, e é a maior geradora de empregos
ção”, destaca. do Estado, com cerca de 400 mil postos em toda a cadeia, dos
O Espírito Santo possui em torno de 60 mil propriedades quais 130 mil somente no setor produtivo. Sozinho o café re-
cafeeiras, prioritariamente de base familiar, que na safra 2011 presenta 43% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do Es-
está com 175.523 hectares em produção e outros 14.792 hectares pírito Santo.

40
Conilon coffee is not Espírito
Santo’s only business. A survey of the
crop conducted in May 2011, by the
National Supply Company (Conab),
reveals that the Arabica crop should
reach 2,932 million sacks of milled
coffee, equivalent to 26.6% of the
state’s total coffee crop. Compared
to the previous year, it represents
a 5-percent rise, in spite of the bi-
annual coffee cycle of low yields.
Productivity has been estimated
at 16.70 sacks per hectare.
The concern with the quality
of the beans is in line with the
concern with conilon coffee.
The state government has cre-
ated the Renew Arabica Coffee
program, whose goal consists
in adding value to a crop culti-
vated in Espírito Santo, making
grower remuneration soar.

Full
The researcher of the Espírito
Santo Institute for Research,
Technical Assistance and Rural
Extension (Incaper), Romário
Gava Ferrão, who coordinates
the State Coffee Farming Pro-
gram, explains that the area
planted to Arabica is somewhat
smaller, in light of the coffee far-
ms renewal program.
The initiatives help the gro-
wers with enhancing the quality

attention
of Arabica coffee, thus taking ad-
vantage of the good moment the
activity is going through, in terms of
remuneration and market. The Incaper
researcher observes that the new farms
are being established in a denser manner,
with about five thousand plants per hectare,
compared to three thousand plants under the pre-
vious system. “This adjustment has been a factor in the
soaring production volumes”, he stresses.
Espírito Santo comprises some 60 thousand coffee growing hol-
dings, most of them family operations, and in 2011 there are 75,523
hectares in full production and another 14,792 hectares in the deve-
Although being the loping stage. Ferrão maintains that more than half of all the coffee
fields were established some twelve years ago, with wider spacing
leading producer of between rows and varieties with smaller production potential. Over
the past six years, with all efforts geared towards improving the pro-
conilon coffee in ductivity rates, the yields of the Arabica variety soared about 50%.
Brazil, the State of There are bright perspectives for the coffee farming operation in
the State of Espírito Santo, with all the crops carefully planned until
Espírito Santo is also the year 2025. Coffee farming is present in all municipalities, with
the exception of the capital city Vitória, and is a major source of jobs
concerned with the throughout the State, with some 400 thousand job positions in the
entire chain, of which, 130 thousand in the production sector alone.
quality of Arabica coffee As a single crop, coffee accounts for 43% of the state’s agricultural
Gross Domestic Product.

41
Mais
no mesmo Cafeicultura paulista tem obtido melhor desempenho em função

O
da utilização de tecnologia simples, como o cultivo adensado

O cultivo de café em São Paulo tem ganhado incremento de pela falta de chuvas, o que afetou bruscamente a agricultura
produtividade e produção sem aumento da área plantada. Isso paulista em 2010 e repercutiu na safra cafeeira como um todo.
graças ao uso de tecnologia para o revigoramento do parque “É elevada a proporção de cafeicultores que optaram por podar
cafeeiro, que resulta em um melhor desempenho das lavouras. as lavouras, aproveitando o contexto de baixa produção que se
Uma das ações implantadas, e plenamente disseminada pelas seguiria após a incidência de estiagem”, observa.
regiões produtoras, é o plantio adensado. O número de plantas De acordo com levantamento feito pelo IEA e divulgado
por hectare chega a 3.200, contra a média de 2.500 em 2007. pela Conab, a chamada Safra Zero, quando é feita poda de es-
Os dados do levantamento da Companhia Nacional de queletamento mais drástica, foi adotada em 427 propriedades,
Abastecimento (Conab), divulgado em maio de 2011, revelam perfazendo 5.807 hectares de lavouras de café. Vegro acredita
que a safra paulista deve chegar a 3,475 milhões de sacas be- que os próximos ciclos serão conduzidos a partir da intensifi-
neficiadas no ciclo 2011, com produtividade de 20,65 sacas por cação da área produtiva, combinada com a pequena expansão
hectare em uma área em produção de 168.283 ha e ou- das lavouras e as tecnologias de manejo, especialmente a poda.
tros 13.704 ha em formação. Se for confirmada a Essas ações devem levar ao aumento da produtividade e da
produção estimada, a redução será de 25,5% so- produção. “Esse resultado é altamente desejável no contexto
bre a temporada anterior, o que é considerado de acentuadíssima escassez global do produto”, ressalta.
normal para o período de baixa bienalidade. O especialista vê com bons olhos a possibilidade da
O engenheiro agrônomo Celso Vegro, pes- adoção do robusta, espécie atualmente inexistente em
quisador do Instituto de Economia São Paulo. Ele considera ser uma boa alternativa, principal-
Agrícola (IEA), órgão da Secretaria mente em função da entrada no mercado de novas varieda-
de Agricultura e Abastecimento des do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o que
de São Paulo, explica que a Alta deve ocorrer em breve. “São plantas com altíssimo in-
Mogiana, principal região teresse comercial, pois a prova de xícara se mostra
produtora de café no Estado, promissora”, enfatiza.
foi severamente castigada
Sílvio Ávila

42
Gaining efficiency
Coffee farming operations in São Paulo have improved
their performance through the use of simple technologies
Coffee crops in São Paulo have made annual cycle of low yields. coffee fields. Vegro believes that the next
strides in productivity rates and pro- Agronomic engineer Celso Vegro, re- cycles will be characterized by an intensi-
duction volumes without increasing the searcher with the Agricultural Economy fication of the production area, combined
planted area. The credit goes to the use of Institute (IEA), an organ of the Secretariat with minor field expansion and field ma-
technology for reinvigorating the coffee of Agriculture and Supply of São Paulo, nagement practices, particularly the pru-
park, leading to a better performance of explains that Alta Mogiana, leading co- ning process. These moves should lead
the fields. One of the initiatives that was ffee producing region in São Paulo, was to higher yields and bigger production
implemented and fully disseminated severely hit by dry spells, clearly jeopar- volumes. “This is a highly desired result
throughout the producing regions, is the dizing most agricultural crops across the in a context where there is an acute shor-
dense planting system. The number of state in 2010, with repercussions on the tage of the product around the world”,
plants per hectare reaches 3,200, against coffee crop as a whole. “There is a great he emphasizes.
an average of 2,500 in 2007. number of coffee farmers who opted for The specialist lends a sympathetic
The figures of the survey conducted pruning their fields, taking advantage of eye on the chances to switch to robusta
by the National Supply Company (Co- the low production context that follows a coffee, a variety that does not exist in São
nab), released in May 2011, point to a crop drought-stricken period”, he observes. Paulo. He thinks it is a good alternative,
of 3.475 million sacks of milled coffee in According to a survey conducted by especially because there are new varieties
São Paulo in the 2011 cycle, with an ave- the IEA and disclosed by Conab, the so- from the Agronomic Institute of Campi-
rage yield of 20.65 sacks per hectare, in a called Zero Crop, when the plants are nas (IAC) now about to make it to the
planted area of 168,283 ha, while there submitted to a radical pruning process, market. “In commercial terms, these new
are 13,704 hectares in the developing sta- referred to as “esqueletamento” (cutting varieties are highly valuable, because the
ge. If the estimated production confirms, off all plagiotropic branches at 20-30cm from coffee cup test has shown very promi-
it will be down 25.5% from the previous the orthotropic branch), was adopted in sing”, he concludes.
season, which is taken as normal in a bi- 427 holdings, totaling 5,807 hectares of

43
Avanço
das máquinas
Mecanização da colheita em São Paulo está disseminada pelas

O
regiões produtoras devido ao custo e à escassez da mão de obra

O plantio de café está consolidado em várias regiões de tística, e o matemático José Alberto Ângelo. As informações
São Paulo. Como ocorre em todo o País, também neste Es- foram publicadas em maio de 2011 na revista Informações
tado a escassez e o custo elevado da mão de obra levam os Econômicas.
produtores a se voltarem para uma maior mecanização da Ao analisar uma amostra de 610 unidades produtivas,
lavoura. O uso de equipamentos nas várias fases de condu- tendo como base a safra 2010/11, os autores concluíram que
ção da safra cafeeira paulista é bastante significativo em boa 43,72% das lavouras foram colhidas de forma mecanizada,
parte das propriedades. com destaque para a Alta Mogiana, principal região produ-
Estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão tora de café, que atingiu a 54,70%. Os equipamentos mais
da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, utilizados são as derriçadeiras, em função da possibilidade
mostra que o uso de derriçadeiras ou de máquinas automo- de emprego em condições de acentuada declividade.
trizes e de arrasto na colheita do grão está disseminado pelo Os autores avaliam que a mecanização tem sido adotada
Estado. O trabalho foi conduzido pelo pesquisador da en- para reduzir custos, que têm aumentado significativamente
tidade, o engenheiro agrônomo Celso Vegro, junto com os na contratação de mão de obra braçal, que muitas vezes pre-
colegas Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco, que é esta- cisa ser arregimentada em outros estados. Uma das conclu-

44
Inor Ag. Assmann
sões do estudo do IEA é que a colheita mecanizada torna-se 75 funcionários.
mais econômica que a manual. A única exceção verificada foi O IEA estimou que, entre junho e agosto de 2010, o valor
com os custos advindos do uso de derriçadeira nas áreas que da diária paga aos trabalhadores braçais foi de R$ 30,00. Des-
obtiveram produtividade superior a 90 sacas por hectare. sa forma, a projeção de desembolso dos cafeicultores, que
O levantamento preocupou-se também em contabilizar o implementam a colheita com o uso de derriçadeiras, chegou
número de equipamentos usados em cada uma das proprie- próximo de R$ 20 milhões, enquanto o valor economizado
dades analisadas, não distinguindo os que foram alugados em diárias ultrapassou os R$ 35 milhões. A mesma base de
ou arrendados. Dessa forma, os autores puderam estimar, de dados indicava que, em junho de 2010, o salário mensal do
forma aproximada, as diárias economizadas com o uso da tratorista era de R$ 800,00. Como havia 5.008 trabalhadores
mecanização. Algumas hipóteses foram apuradas: a derriça- empregados na colheita com o uso de máquinas, o valor
deira, operando com dois funcionários, substitui o trabalho desembolsado pelos produtores foi estimado em R$ 12 mi-
manual de seis pessoas; a colhedora de arrasto, que necessita lhões, com economia superior a R$ 55 milhões em diárias
de quatro funcionários, substitui 60 trabalhadores; e a colhe- não pagas, devido à substituição dos apanhadores de café
dora automotriz, operada por três pessoas, faz o trabalho de pela mecanização.

45
machines
Switching to
Sílvio Ávila

46
Mechanical coffee harvesting in São Paulo has spread across the
producing regions due to the shortage and high cost of labor
Coffee farming has consolidated in various regions across São Paulo. Like in the rest of the Coun-
try, it is also the shortage and the high cost of labor that has led the growers to use mechanization
systems. The use of equipment in the different stages of the coffee plantations in São Paulo
is rather significant in most holdings. A study by the Agricultural Economy Ins-
titute (IEA), an organ of the São Paulo State Secretariat of Agriculture and
Supply, shows that mechanical harvesters, self-propelled machines and
hauling equipment have become quite popular throughout the State.
The work was conducted by the entity’s researcher, agronomic en-
gineer Celso Vegro, jointly with his colleagues Vera Lúcia Fer-
raz dos Santos Francisco, who graduated in statistics and ma-
thematician José Alberto Ângelo. These data were published
in May 2011 in the Economic Information magazine.
Upon analyzing a sample of 610 productive units,
in the 2010/11 crop year, the authors concluded that
43.72% of the fields were harvested mechanically, par-
ticularly in Alta Mogiana, a major coffee growing re-
gion, where it was 54.70%. Mechanical harvesters are
very popular, as they can be used in rough terrain and
steep declivity areas.
The authors take it that mechanization was adop-
ted for cost reduction purposes, as manual labor costs
have risen considerably, and such labor is frequently
not available in the region and has to be imported
from other states. One of the conclusions drawn by
the IEA study is that mechanized harvesting turns
out to be less costly than manual harvesting. The
only exception detected by the authors is related to
the costs incurred by the mechanical harvesters in
areas where yields exceed 90 sacks per hectare.
The survey was also concerned with the num-
ber of equipment devices used in every surveyed
holding, making no distinction between owned or
leased equipment. This gave the authors the chance
to roughly estimate the daily expenses saved through
the use of mechanization. Some hypotheses were as-
certained: Mechanical harvesters, requiring two ope-
rators, do the work of six people; the hauling harvester,
which requires four operators, replaces 60 employees,
and the self-propelled harvester, operated by three per-
sons, does the work of 75 people.
The IEA estimated that, from June to August 2010,
the daily pay for the manual workers was R$ 30. Therefo-
re, the projections for the expenditure of the coffee farmers
that switched to mechanical harvesters, reached nearly R$
20 million, while the amounts saved in daily wages exce-
eded R$ 35 million. The same basic data indicated that, in
June 2010, operators were paid monthly wages of R$ 800.
As there were 5,008 employees operating mechanical harves-
ters, the growers had to shell out around R$ 12 million, saving
upwards of R$ 55 million in daily wages, due to the replace-
ment of the coffee pickers with machines.

47
Vocação
reconhecida
Oeste da Bahia firma-se como grande polo de produção de café de
qualidade no Brasil, com recorde de produtividade
Sílvio Ávila

A A Bahia firmou-se nos últimos anos como um dos prin-


cipais estados produtores de café no Brasil, cultivando tanto
arábica quanto conilon. Na safra 2010, ocupou o quinto lugar
no ranking, mas, em 2011, deve passar à quarta colocação, dei-
xando para trás o Paraná, que teve grande retração de colheita
em decorrência do período de baixa bienalidade. Essa é a es-
timativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
em levantamento divulgado em maio de 2011, que aponta co-
lheita de 2,475 milhões de sacas beneficiadas, 8% a mais que
no ano anterior.
Nas regiões baianas que se dedicam ao cultivo do arábica, o
oeste se destaca, área que pertence ao bioma Cerrado. No polo
instalado há pouco mais de 15 anos, as lavouras são altamente
tecnificadas. Com 12.606 hectares em produção na safra 2011,
Enquanto outras regiões produtoras não têm terras para
expandir o plantio, o Cerrado baiano possui disponibilidade
de aumento de área plantada de pelo menos 30 mil hectares,
segundo dados da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Refor-
ma Agrária do Estado. Além da fartura em termos de espaço,
o oeste possui características que colaboram para o bom desen-
volvimento do grão arábica, como altitude média de 800 me-
tros e alta luminosidade. Toda essa condição privilegiada faz
com que o produto da região seja de excelente padrão.
O café arábica também é produzido no Planalto, predomi-
nantemente em municípios do sul e do centro do Estado. Es-
sas são áreas mais tradicionais, com cultivo em sequeiro, e que
apresentam baixa produtividade, com média de 12,02 sacas por
hectare na safra 2010 e previsão de 12,37 sacas no período se-
estima-se que mais de cinco mil sejam irrigados. A dedicação guinte. O presidente da Associação dos Produtores de Café da
dos produtores à atividade resulta na maior produtividade mé- Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, destaca que o Planalto não
dia do Brasil, que chegou a 39,56 sacas por hectare em 2010 e tem condições de expandir a lavoura e ainda pode ser atingido
deve alcançar a 38,38 sacas em 2011. por problemas climáticos.

48
vocation
Acknowledged
Western Bahia is steadily turning into a big production hub
of quality coffee in Brazil, with record yields

Over the past years, Bahia has turned on technology. With 12,606 hectares in their tude of 800 meters and plenty of sunshine.
into a major coffee producer state in Brazil, production stage in the current crop, it is Under such privileged conditions, the crops
growing both Arabica and conilon varie- estimated that upwards of five thousand hec- that come from these regions are obviously of
ties. In the 2010 crop, the state ranked fifth, tares are irrigated. The dedication of the gro- excellent quality.
but in 2011, it is supposed to move to the wers to the activity results into the highest Arabica coffee is also grown on the Pla-
fourth position, leaving behind the State of average productivity rates all over Brazil, teau, predominantly in the municipalities
Paraná, where the crop dropped conside- reaching 39.56 sacks per hectare in 2010 and of the South and center portion of the Sta-
rably in the bi-annual cycle of low yields. estimated to remain at 38.38 sacks in 2011. te. These are more traditional areas, where
This is the estimate by the National Supply While in other coffee farming regions dryland crops prevail, and, therefore, the
Company (Conab), in a survey disclosed every stretch of land has already been devo- productivity rates are low, with an average
in May 2011, which points to a harvest of ted to agriculture, in Western Bahia there of 12.02 sacks per hectare in the 2010 crop
2.475 million sacks of milled coffee, up 8% are some 30 thousand hectares available for year, while for the coming crop it is estima-
from the previous season. coffee farming purposes, according to data ted at 12.37 sacks. The president of the Coffee
In Bahia, of the regions that are devoted released by the State’s Secretariat of Agricul- Producers’ Association of Bahia (Assocafé),
to growing Arabica coffee, the western por- ture, Irrigation and Land Reform. Besides João Lopes Araújo, clarifies that there is no
tion, which is part of the Cerrado biome, is a the vast areas, the west is rich in characteris- way for the Plateau region to expand its
major player. In the hub that was established tics that contribute towards the development coffee fields and it is also likely to be hit by
more than 15 years ago, all fields rely heavily of Arabica coffee fields, like the average alti- unfavorable climate conditions.

49
Brisa
marinha Conilon da Bahia é produzido no
litoral e lidera em produtividade
no Brasil, superando o maior
produtor do grão, Espírito Santo

A A Bahia registra as maiores produtividades em lavoura de café do Brasil.


O destaque do Cerrado, no oeste, área de plantio de arábica, é dividido com o
Atlântico, que abrange boa parte do litoral e onde reina o robusta. Esta espécie,
conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastacimento (Conab) no
levantamento de maio, deve atingir a 29,11 sacas por hectare na safra 2011. No
Espírito Santo, por exemplo, maior produtor nacional com 70% de todo o coni-
lon cultivado no País, o rendimento deve ser de 22,58 sacas por hectare.
A região de conilon na Bahia, que teve início com a migração de produto-
res capixabas, conta com quase 25 mil hectares em produção e outros 3,146
mil em formação, predominantemente de sequeiro. A colheita na temporada
2011 deve chegar a 726 mil sacas beneficiadas, contra 564,8 mil sacas do ano
Inor Ag. Assmann

anterior, o que perfaz aumento de 28,5%. O expressivo incremento se deve à


ampliação do parque cafeeiro, estimulada pelos bons preços pagos e à ocor-
rência de boas floradas.
Segundo dados da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
do Estado, a região do Atlântico tem potencial para ampliar a produção para
até 900 mil sacas beneficiadas devido à boa infraestrutura regional e a índices
pluviométricos favoráveis. Pelo menos metade do parque cafeeiro passou por
renovação. A área tem ainda como importantes vantagens a proximidade dos
centros consumidores e dos portos de Ilhéus (BA) e de Vitória (ES).
O presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé),
João Lopes Araújo, estima que no Estado haja em torno de 15 mil cafeiculto-
res. A entidade deve fazer um diagnóstico da atividade em breve. A última
avaliação foi realizada em 2000. Na época, 12 mil agricultores se dedicavam
ao cultivo do grão. Do total de produtores estimados por Araújo, apenas 1,5
mil são considerados grandes. Os demais plantam em áreas pequenas e mé-
dias, prioritariamente conduzidas em propriedades familiares. “O pequeno
produtor cria galinha, vaca, planta mandioca, mas, para fazer dinheiro, cul-
tiva café”, constata.

50
breeze
Coastal
In Bahia, conilon is produced on the
coastal region and celebrates the
highest productivity rates in Brazil,
outstripping the leading coffee bean
producer, the State of Espírito Santo

Bahia registers the highest productivity rates of all Brazilian coffee fields.
The highlight is the Cerrado region, in the west, where Arabica coffee predo-
minates, and the border line is the Atlantic Ocean, which comprises a huge
area along the coast, where robusta is predominantly cultivated. This varie-
ty, according to an estimate by the National Supply Company (Conab), in
its May 2011 survey, should reach 29.11 sacks per hectare in the 2011 crop
year. In Espírito Santo, for example, leading national producer, accounting
for 70% of all conilon fields cultivated in the Country, yields should remain
at 22.58 sacks per hectare.
The conilon region in Bahia, which owes its beginning to settlers coming
from Espírito Santo, is now home to 25 thousand hectares in full production,
while another 3.146 thousand hectares are in the development stage, predo-
minantly dryland coffee farms. The total volume to be harvested in the 2011
crop is estimated at 726 thousand milled coffee sacks, compared to 564.8 thou-
sand sacks the previous year, representing a 28.5-percent rise. The expressive
increase in planted area is in line with the expansion of the coffee farming park,
stimulated by the good prices fetched by the crop, along with the occurrence of
timely blossoming.
According to data released by the State Secretariat of Agriculture, Irrigation
and Land Reform, the Atlantic region has the potential to expand its production
volumes to 900 thousand sacks of milled coffee due to its good regional infrastruc-
ture and timely rainfalls. At least half of the coffee park went through a renewal
process. Other relevant advantages of the area include its proximity to the consu-
mer centers and to the ports of Ilhéus (BA) and Vitória (ES).
The president of the Association of Coffee Producers of Bahia (Assocafé), João
Lopes Araújo, reckons that there are approximately 15 thousand coffee farmers in
the State. The entity is soon to conduct a diagnosis of the activity. The last survey
was conducted in 2000. Back then, 12 thousand farmers were devoted to coffee far-
ming. Of the total number of producers, Araújo maintains that only 1.5 thousand
fall into the commercial producers’ category. All others cultivate small or medium-sized
areas, the vast majority of them run by small-scale farmers, also known as family farming
operations. “The small-scale farmers raise chicken, cows, grow cassava, but for their cash needs
they grow coffee”, he clarifies.

51
Rumo
certo Safra Zero tem sido
adotada nas lavouras de café
do Paraná em anos de baixa
bienalidade, resultando

O
em maior produtividade
O Paraná, que já foi um dos principais produtores de café
do Brasil, está renovando seu parque cafeeiro com uma técnica
simples, que independe de aumento de área plantada. Com o
Inor Ag. Assmann

cultivo adensado – acima de cinco mil plantas por hectare, con-


tra 1.500 de anos atrás –, os agricultores estão optando pelo uso
da chamada Safra Zero. O sistema consiste na poda de esquele-
tamento e decote das plantas, de forma intensa, o que na prática
leva ao aumento do potencial produtivo.
O economista Paulo Sérgio Franzini, responsável pelo setor
do café no Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da vidade ficava em torno de sete
Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), sacas por hectare e, atualmente, ultrapassa as 20 sacas. O levan-
explica que a técnica se aplica nas safras de baixa bienalidade. tamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
“Neste ano, não produz nada na área que sofreu a poda mais de maio, indica que o rendimento da lavoura paranaense foi
drástica, mas, no outro, a produtividade aumenta”, enfatiza. O de 27,90 sacas por hectare na safra 2010, com previsão de 22,58
resultado, segundo ele, é a redução em torno de 15% no custo sacas para 2011.
da saca. “É uma forma de minimizar o grave problema da falta
e do valor da mão de obra”, avalia. DESEMPENHO O Paraná deve somar 1,705 milhão de
A escassez de trabalhadores na lavoura de café fez surgir sacas beneficiadas em 2011. A redução é de 25,4% em relação
uma discussão nova no Paraná: a do uso da colheita mecani- ao ano anterior, quando a produção atingiu a 2,284 milhões de
zada, que vem sendo adotada por alguns produtores. A meta sacas. O índice, no entanto, é considerado normal por se tratar
da Seab para os próximos quatro anos é que em torno de 40% do período de baixa bienalidade. O parque cafeeiro é compos-
da colheita deixe de ser feita manualmente. Conforme Franzi- to de 75,5 mil hectares de plantas em produção e 14,0 mil em
ni, aumentou muito a utilização de derriçadeiras de mecânica formação.
manual. A próxima etapa é criar condições para introdução das A estimativa do Deral é de que 12 mil propriedades tenham
colheitadeiras automotrizes. “O maior problema é a topografia plantio de café no Estado. Paulo Sérgio Franzini, que também
e o tamanho das propriedades”, destaca. A maior parte das la- é secretário executivo da Câmara Setorial do Café no Paraná,
vouras tem no máximo seis hectares. adianta que em breve será realizado um cadastro para que se
Com a adoção gradual de tecnologias que priorizam a oti- possa apurar o número exato de cafeicultores. Ele enfatiza que
mização do tempo e o menor uso de mão de obra, os cafeicul- na maioria das áreas, de pequenos cultivadores, o grão não é a
tores do Paraná já estão com uma colheita mais farta. De acordo atividade principal. A renda maior vem das granjas de aves de
com o economista do Deral, antes da década de 2000 a produti- corte, da pecuária leiteira e da fruticultura.

52
manual harvesting to 40% only.
According to Franzini, there has
been a huge increase in the num-
ber of portable coffee harvesting
machines. The coming step con-
sists in creating the necessary
conditions for the introduction
of mechanized harvesters. “The
biggest problem is the topogra-
phy of the coffee producing are-
as and the extension of the far-

track
ms”, he mentions. Most coffee
planting farms comprise only
six hectares.
With the gradual introduction
of the new technologies, which

On the right
lend priority to time maximization
and to the minimum amount of la-
bor, the coffee growers in Paraná are
anticipating a lush crop. According
to economist Deral, before the 2000s,
productivity used to remain at about
seven sacks per hectare and, currently, it is
upwards of 20 sacks. The survey by the Natio-
nal Supply Company (Conab), conducted in
May 2011, points to productivity levels of 27.90
the main branches, sacks per hectare in 2010, with projections for
a practice that leads to a higher 22.58 in 2011.
production potential.
Zero Crop has been Economist Paulo Sérgio Franzini, res- PERFORMANCE Paraná is sup-
adopted in the coffee ponsible for the coffee division in the Rural posed to harvest 1.705 million sacks of milled
coffee in 2011, down 25.4% from the previous
Economy Department (Deral), an organ of
fields in Paraná in the Secretariat of Agriculture and supply of year, when total production reached 2.284
years of bi-annual Paraná (Seab), explains that the practice is
adopted in years of bi-annual cycles of low
million sacks. The rate is, nevertheless, taken
as normal for a bi-annual cycle of low yields.
cycles of low yields, yields. “During the year, the plants do not The coffee park comprises 75.5 thousand hec-
produce any beans on the branches that tares of plants in their bean production phase
resulting into higher were drastically pruned, but productivity and 14.0 thousand in the growing stage.
productivity rates soars in the next crop”, he emphasizes. Ac- Deral estimates that 12 thousand rural
cording to him, the results translate into an holdings produce coffee throughout the Sta-
approximate reduction of 15% in the cost te. Paulo Sérgio Franzini, who is also the
Paraná, once one of the biggest producers of a sack. “It is a manner to minimize the executive secretary of Paraná’s Coffee Secto-
of coffee in Brazil, is now renewing its coffee serious problem of labor shortages and high rial Chamber, anticipates that soon a survey
park with a very simple technique, which labor costs”, he argues. will be conducted in order to ascertain the
does not depend on bigger planted areas. The small number of workers available exact number of coffee producers. He insists
With dense cultivations – over 5 thousand for the coffee farms gives rise to a new debate that in most areas, where small-scale farmers
plants per hectare, compared to 1,500 in the in Paraná: the switch to mechanized harves- prevail, coffee is not the main activity. Most
past —, the growers are opting for what is ting systems, which have become more and income comes from poultry and beef cattle
known as Zero Crop. The system consists in more popular with some producers. Seab’s farming and also from dairy operations and
intensely pruning the trees and cutting off target for the coming four years is to reduce fruit growing.

53
Sílvio Ávila

Trabalho
com união
Norte Pioneiro do Paraná retomou a cafeicultura com projeto conjunto
entre produtores e entidades representativas voltado aos grãos especiais

A
A maior área produtora de café no Pa- planejar as ações a serem implementadas (Cocenpp). O presidente da Acenpp,
raná se voltou para o segmento de grãos para chegar ao objetivo pretendido. Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, ex-
especiais como forma de retomar a ativi- Como consequência natural das plica que os produtores necessitavam
dade na região. Foi a partir de agosto de ações desenvolvidas no projeto, foi fun- de um braço comercial para se tornarem
2006 que a articulação de várias entida- dada em março de 2008 a Associação mais competitivos e organizados para
des tornou possível a elaboração do pro- de Cafés Especiais do Norte Pioneiro cumprir as expectativas e exigências dos
jeto Cafés Especiais do Norte Pioneiro do do Paraná (Acenpp), que conta com 100 clientes nacionais e internacionais.
Paraná. Em cinco anos de implantação associados e abrange 45 municípios. Na No segundo semestre de 2010, a
da proposta, os produtores têm muito a região, 7.500 produtores cultivam 42 mil Acenpp apresentou ao Instituto Nacio-
comemorar. hectares e produzem em torno de 1 mi- nal da Propriedade Industrial (Inpi) um
O projeto foi desenvolvido em par- lhão de sacas beneficiadas a cada safra. pedido de reconhecimento da região
ceria entre Serviço Brasileiro de Apoio Entre os integrantes da entidade, em tor- como área de Indicação Geográfica (IG),
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ no de 85% têm área cultivada de até 30 distinção já conquistada pelos produto-
PR), Federação da Agricultura do Estado hectares. res do Cerrado mineiro. Até junho de
do Paraná (Faep) e cafeicultores da região. Em abril de 2011, um novo passo foi 2011, o processo ainda não havia sido
Depois do trabalho inicial de realização dado, com a fundação da Cooperativa concluído. Com a concessão da distinção,
de um diagnóstico sobre a atividade, foi de Cafeicultores de Cafés Certificados e os atributos sensoriais do café poderão
criado um grupo gestor, responsável por Especiais do Norte Pioneiro do Paraná ser associados à sua origem geográfica

54
efforts
Concerted

Norte Pioneiro in Paraná resumed


coffee farming with joint projects
of growers and representative
entities focused on specialty beans

The leading coffee pro- ve of Certified Specialty Coffee Producers in


ducing area in Paraná has Norte Pioneiro do Paraná (Cocenpp). The
switched to the segment of president of Acenpp, Luiz Roberto Saldanha
specialty beans as a manner Rodrigues, explains that the producers needed
to resume the activity in the a commercial division in order to get more
region. A move that started in competitive, organized and prepared to com-
August 2006, which included ply with the expectations and requirements of
the engagement of several enti- both national and international clients.
ties, made it possible to devise the In the second half of 2010, Acenpp filed
Specialty Coffees project in Norte an application with the National Institute for
Pioneiro do Paraná. Since then, five ye- Industrial Property (Inpi) for acknowledging
ars have passed and the growers have a lot the region as a Geographical Indication (GI)
to celebrate. area, a distinction already conquered by the
e isso The project was developed jointly by the producers in the Cerrado region of Minas
agrega va- Brazilian Micro and Small Business Support Gerais. In June 2011, the process had not yet
lor ao produto. Service (Sebrae/PR), Federation of Agricul- been concluded. By granting the distinction,
Mesmo ainda sem a definição da ture in the State of Paraná (Faep) and coffee the sensory attributes of the coffee are associa-
IG, o produto do Norte Pioneiro tem producers of the region. After the initial work ted with its geographical origin and this adds
obtido reconhecimento por sua qua- that consisted of a diagnosis of the activity, a value to the product.
lidade. Segundo Rodrigues, os grãos management group was created, responsible Although no GI has been defined, the coffee
estão sendo exportados para Ásia, for planning the actions to be implemented to produced in Norte Pioneiro has earned recog-
Europa e América do Norte e, no mer- achieve the previously set goals. nition for its quality. According to Rodrigues,
cado nacional, são comercializados As a natural consequence of all the initia- the beans are being shipped to Asia, Europe
em algumas das mais conceituadas tives that were developed through the project, and North America, while in the domestic
cafeterias do País. “A partir de 2011, the Specialty Coffees Association in Norte market they are present in some of the most
um novo cenário vai se abrir com a Pioneiro do Paraná (Acenpp) was created in famous coffeehouses in Brazil. “As of 2011, a
certificação Fair Trade para os peque- March 2008, and now comprises 100 associa- new scenario is going to unfold with the Fair
nos produtores do projeto, ação que te members spread across 45 counties. In the Trade certification of the small-scale farmers
atrairá, a partir de julho, visitas de region, 7,500 farmers cultivate 42 thousand of the Project, which is expected to attract
clientes internacionais”, comemora. hectares and produce about 1 million sacks of international clients from July onward”, he
O Fair Trade (ou comércio justo) é um processed coffee at every crop. Approximately celebrates. Fair Trade is a system that makes
sistema que possibilita aos pequenos 45% of the members of the association culti- it possible for small-scale farmers to sell their
agricultores acesso ao mercado inter- vate up to 30 hectares. products in the international marketplace,
nacional, mediante a observação de In April 2011, a new step forward was provided social and environmental criteria are
critérios sociais e ambientais. made, with the foundation of the Cooperati- complied with.

55
Na sala
de aula O
Inor Ag. Assmann

56
Cafeicultores de Rondônia estão aprendendo na prática a melhor

O
forma de conduzir as lavouras de conilon e melhorar o rendimento
Os cafeicultores de Rondônia estão não forem colhidos, o Estado amarga de que a cafeicultura em Rondônia está
sendo orientados quanto à melhor for- prejuízos. Os problemas climáticos afe- no caminho da profissionalização está
ma de condução da lavoura, o que deve taram significativamente os cafezais na diminuição da área plantada. Se-
resultar em maior rendimento por hec- rondonienses e o resultado da safra 2011 gundo o técnico da Seagri, nos últimos
tare. O Estado apresenta uma das me- não deve ser satisfatório. Conforme o dez anos o parque cafeeiro passou de
nores produtividades do País, estimada levantamento da Companhia Nacional 222 mil para 154 mil hectares, sem que
em 10,49 sacas de conilon por hectare na de Abastecimento (Conab), de maio, a houvesse retração significativa na pro-
safra 2011. O Espírito Santo, que lidera produção não vai passar de 1,624 mi- dução. “Isso significa que estão ficando
o plantio dessa espécie, deve alcançar a lhão de sacas beneficiadas, o que repre- na atividade apenas os produtores que
média de 24,18 sacas por hectare. senta 31,4% menos que na temporada querem se dedicar ao café”, observa. Ele
Para mudar essa realidade, a Secre- anterior. lembra que os agricultores que abando-
taria de Estado da Agricultura, Pecuária O técnico da Seagri Milton Messias naram o cultivo do grão migraram para
e Regulação Fundiária (Seagri) põe em dos Santos avalia que a quebra possa a pecuária leiteira. Nesse mesmo perío-
prática o programa Unidades de Sis- ser maior ainda, situando-se entre 40% do, a produção diária de leite passou de
tema de Condução de Cafeeiros. Em e 45%. Ele acredita que a produção fi- 800 mil litros para mais de 2 milhões.
locais pré-determinados, os produtores cará em torno de 1,400 milhão de sacas O aumento do preço do café e a pers-
participam de atividades que abrangem beneficiadas. O culpado pelo baixo de- pectiva de estabilização da remuneração
as etapas de poda, desbrota, colheita, sempenho foi o déficit hídrico. Santos também estão colaborando para qualifi-
secagem e comercialização do grão. Em explica que no período da floração, en- car a atividade no Estado. Milton Mes-
outras unidades de observação, são re- tre junho e agosto de 2010, faltou chu- sias dos Santos, da Seagri, enfatiza que
passadas informações sobre irrigação va em boa parte do Estado. “A solução um dos motivos que leva os agricultores
das lavouras e adaptação do procedi- seria entrar com irrigação”, enfatiza. A a deixaram de cultivar o grão está na fal-
mento à quantidade de água disponível tecnologia, no entanto, ainda é pouco ta de mão de obra, basicamente familiar.
em cada região. utilizada em Rondônia. “A produção vai ser mantida, porque
Enquanto a semente é plantada e os quem ficar na cafeicultura vai ter mais
frutos que virão dessa investida ainda MENOS ÁREA Um dos indícios cuidados com a lavoura”, observa.

57
Inor Ag. Assmann

classroom
In the

58
Coffee growers in Rondônia are
learning in practice
the best manner to conduct
their conilon fields and
improve their yields

The coffee growers in Rondônia are being guided as to the best man-
ner to conduct their fields, a move that is expected to result into higher
yields per hectare. The State has to put up with one of the lowest produc-
tivity rates per hectare in the entire Country, estimated at 10.49 sacks
of conilon per hectare in the 2011 crop year. The State of Espírito Santo,
the leader of this variety of coffee, is expected to harvest 24.18 sacks per
hectare, on average.
To change this reality, The State Secretariat of Agriculture, Livesto-
ck and Land Regulation (Seagri) is now putting into practice the Sys-
tem Units Program for the Conduction of Coffee Fields. In pre-elected
locations, the producers take part in activities that comprise the follo-
wing phases: pruning, sucker killing, harvesting, drying and bean sa-
les. In other observation units, information is passed on field irrigation
systems and on the adjustment of the entire process to the amount of
water available in the region.
In the meantime, while the seeds are planted and the fruits they
produce have not been reaped, the State continuous putting up with
the losses. Climate problems have significantly affected the coffee fields
in Rondônia and the results of the 2011 crop will certainly bring no
smiles to the growers. According to a survey conducted by the Natio-
nal Supply Company (Conab), of May 2011, the production volume is
not to surpass 1.624 million sacks of milled coffee, down 31.4% from
the previous year.
Seagri technician Milton Messias dos Santos believes in an even big-
ger reduction, something between 40% and 45%. He estimates the total
volume at approximately 1.400 million sacks of milled coffee. The culprit
of the low performance was the shortage of water. Santos explains that
during the flowering period, from June to August 2010, rainfalls were be-
low normal in that part of the State. “Irrigation would be the solution”, he
stresses. Nonetheless, the technology is scarcely used in Rondônia.

SMALLER AREA One of the signs that coffee farming is now on a


professionalizing track lies in the smaller planted area. According to the Seagri
technician, over the past ten years the coffee park shrank from 222 thousand to
154 thousand hectares, without significant reduction in crop size. “It means that
only those growers who really want to devote their activities to coffee farming are
staying in the business”, he observes. He recalls that the farmers who got out of the
coffee growing business have shifted to dairy cattle. During the same period, daily
milk production jumped from 800 thousand liters to 2 million liters.
The soaring coffee price and the perspective for stable remuneration are also gi-
ving their contribution towards qualifying the activity in the State. Milton Messias
dos Santos, of Seagri, stresses that one of the reasons that explains why many farmers
get out of the coffee business is the lack of labor, which consists basically of family labor.
“Production will continue, as those who have opted for staying in the business will care more
for their fields”, he observes.

59
Perfil profile

A
Sílvio Ávila

60
Driblando
a natureza
Em ano de baixa bienalidade do café, produção é favorecida pelo clima e
por investimento em tratos culturais, motivados pela melhora dos preços

A
A safra 2011 de café deve render vo- bem aos tratos culturais mencionados”, bienalidade foi favorecida pela poda pro-
lume bem superior ao obtido em outros destaca o gerente. No Estado foram im- gramada do ciclo do café conilon. A técni-
ciclos de baixa bienalidade. O estimado plantados programas de renovação e ca foi pesquisada e recomendada desde
para a temporada é a colheita de 43,54 revigoramento do café para diminuir o 1993 pelo Instituto Capixaba de Pesqui-
milhões de sacas de 60 quilos de arábica impacto da baixa bienalidade. Algumas sa, Assistência Técnica e Extensão Rural
e conilon beneficiados, conforme o le- orientações dos programas foram subs- (Incaper), que participa do Consórcio
vantamento da Companhia Nacional de tituir lavouras envelhecidas e depaupe- Pesquisa Café, executado pela Embrapa
Abastecimento (Conab), divulgado em radas por adensadas, com variedades de Café, de Brasília (DF). A tecnologia tem
maio. Observando a evolução das safras maior potencial produtivo associadas a sido adotada pela maioria dos cafeiculto-
de 1999 a 2010, verifica-se que o volume outras tecnologias. res de conilon do Espírito Santo.
colhido em períodos de baixa ficou entre Também em determinadas regiões de Segundo o pesquisador Aymbiré
28 e 39 milhões de sacas, enquanto nos Minas Gerais foram adotadas técnicas Fonseca, da Embrapa Café e do Incaper,
de alta bienalidade o rendimento foi de que reduziram a oscilação da produção o cafeeiro conilon é uma planta de cresci-
39 a 48 milhões. de uma safra para outra. O gerente da mento contínuo e possui hastes verticais
“A diferença menor entre um ano e Conab ressalta a adoção sistemática de e ramos horizontais. Após determinado
outro está sendo verificada desde a safra manejo diferenciado com diversos tipos número de colheitas, os ramos ficam en-
passada, mas é nesta que a expectativa é de poda, novas técnicas de manejo e re- velhecidos e pouco produtivos, tornan-
maior, porque aliado às práticas culturais, novação gradual das lavouras. Uma ou- do-se necessária a poda da lavoura. Ele
o clima também foi bastante favorável à tra motivação para os produtores inves- explica que a técnica consiste no corte das
cultura”, explica Carlos Bestétti, gerente tirem mais nas lavouras, além do clima hastes verticais e dos ramos horizontais,
de Levantamento e Avaliação de Safra da favorável, foi a recuperação dos preços que vão se tornando improdutivos, para
Conab. Ele destaca que, em 2008/09, os de comercialização do produto. que sejam substituídos por outros mais
produtores aproveitaram o período de Segundo Bestétti, qualquer gasto em novos. Também os ramos estiolados, de
preços baixos do café em grão para rea- tratos não rotineiros representa aumento baixo vigor, e o excesso de brotação são
lizar os tratos culturais. considerável nas despesas dos cafeicul- eliminados.
As práticas mais utilizadas foram tores. O robusta tem custo na faixa de As vantagens obtidas são aumento
podas, recepas, esqueletamento, coroa- R$ 5.000,00 a R$ 7.000,00 por hectare, da produtividade, maior estabilidade de
mento e outros mais simples para recu- enquanto o do arábica é superior a R$ produção por ciclo e melhor qualidade fi-
perar o potencial produtivo das plantas. 8.000,00. Ele acrescenta que o setor en- nal do produto. Além disso, resulta na re-
Conforme Bestétti, o melhor resultado frenta dificuldades para encontrar mão dução de mão de obra, maior facilidade
está previsto para ocorrer no Estado do de obra e o valor cobrado tem sido alto. para realização de desbrota e tratos cul-
Espírito Santo, responsável por cerca de turais, maior uniformidade das floradas
70% da produção de robusta do Brasil. TÉCNICA A redução da diferença e da maturação dos frutos e ainda me-
“A variedade aceita e responde muito de produção entre os anos de baixa e alta lhoria no manejo de pragas e doenças.

61
nature
Outsmarting
Inor Ag. Assmann

62
In a bi-annual cycle of low yields, coffee production
takes advantage of climate conditions and investments
in cultural practices, steming from better prices
The 2010/11 coffee crop is expected to reach a the National Supply Company (Conab), dis- adopt different management practices inclu-
much higher volume compared other bi-annual closed in May 2011. A careful look at the crops ding different types of pruning systems, new
cycles of low yields. The harvest of the current from 1999 to 2010, reveals that the harvested vo- management technologies and gradual field
season is estimated at 43.54 million 60-kilo sa- lumes in bi-annual cycles of low yields remained renewal. Another motivational factor for the
cks of milled Arabica and conilon, between 28 and 39 million sacks, while in the growers to invest more in their fields, besides
according to a survey years of bi-annual cycles of high yields the crops the favorable climate conditions, was the reco-
conducted amounted to 39 to 48 million sacks. very of the prices in the market.
b y “A smaller difference between one year According to Bestétti, any money spent
and the next has been holding since the past on non-usual practices represents a big bur-
crop, but it is in the current crop that there is den for the coffee growers. The production cost
mounting expectation, because, along with of robusta coffee ranges from R$ 5,000 to R$
the cultural practices, the climate was 7.000 per hectare, while the cost of a hectare of
very favorable during the development Arabica exceeds R$ 8,000. He adds that the
stage”, says Carlos Bestétti, Conab sector faces difficulties to find labor, which is
Crop Survey and Assessment mana- scarce and expensive, not to mention the re-
ger. He mentions that in 2008 and quirements set forth by the Regional Labor
2009, the producers took advanta- Tribunal (TRT).
ge of the low price fetched by the
coffee beans to carry out cultural TECHNIQUE The reduction of the
practices.  difference in production between the bi-annu-
The most common practices al cycles of low and high yields was favored
consisted in pruning opera- by scheduling the pruning cycle of conilon
tions, esquelatemento (cutting coffee. The technique is the result of research
off all plagiotropic branches at work carried out in 1993 by the Espírito San-
20-30 cm from the orthotropic to Institute for Research, Technical Assistance
branch), recepa (trimming), and Rural Extension (Incaper), a member of
crowning and other more sim- the Coffee Research Consortium, run by Em-
ple ones, all intended to recover brapa Coffee, in Brasília (DF). The technology
the productive potential of the has been adopted by most conilon coffee pro-
plants. According to Bestétti, ducers in Espírito Santo.
the best result is likely to happen According to researcher Aymbiré Fon-
in the State of Espírito Santo, seca, of Embrapa Coffee and Incaper, the co-
responsible for about 70% of the nilon coffee tree grows continuously and has
production of robusta coffee in vertical stems and horizontal branches. After
Brazil. “The variety is very re- a certain number of harvests, the branches get
ceptive and responds well to these old and little productive, and then it is time to
cultural practices”, the manager prune the entire field. He explains that the te-
says. Coffee renewal and reinvigo- chnique consists in cutting off the vertical ste-
rating programs were implemen- ms and the horizontal branches, which have
ted throughout the State to reduce gradually become unproductive, and are then
the impact of the bi-annual cycles of replaced with new ones. The etiolated bran-
low yields. Some recommendations ches, of low vigor and with excessive buds, are
of the programs suggested the re- also eliminated.
placement of old and degraded coffee The advantages derived from these practi-
fields with dense plantations, using ces consist in higher yields, stable production
varieties of higher productive potential per cycle and improved quality of the final
associated with other technologies. product. Furthermore, less labor is needed,
In some regions in Minas Gerais the sucker killing gets easier and the same goes for
producers introduced cultural practices cultural practices, there is more uniformity in
that reduced the production oscillations blossoming and bean maturing, while disease
from one crop to the next. The Conab ma- and weed management practices are conside-
nager stresses the need to systematically rably improved.

63
Clima de
prosperidade
Na Alta Mogiana, que responde por 30% da área de café do Estado
de São Paulo, produtores constroem histórias de sucesso

S
Seja no crescimento do consumo, à residência de Geraldo Augusto Ferrei- to ano em que parte dos grãos é obtida
seja nas boas expectativas quanto à pro- ra. Acomodado na sacada, ele admira a de forma mecanizada na fazenda. Ele
dução ou nos recordes em exportação, propriedade, uma das mais tradicionais ressalta que essa mudança torna-se ne-
o otimismo quanto ao cenário atual do da Alta Mogiana paulista. Hoje a pro- cessária uma vez que há dificuldades
café no Brasil é notável entre produto- dução, toda de grãos arábica, se concen- em encontrar mão de obra qualificada,
res, comerciantes, especialistas e repre- tra em 40 hectares; há 30 anos, quando a além dos entraves burocráticos que di-
sentantes da cadeia produtiva. Projetos atividade foi iniciada na fazenda, eram ficultam a relação entre empregador e
para aumento de área, inserção de novas apenas 10 ha cultivados. empregado.
tecnologias e preços elevados dominam Para cuidar do plantio, Ferreira conta O trabalho junto aos cafezais garante
as conversas nas fazendas e instituições. com o auxílio da esposa, dos dois filhos produção média de 1,5 mil sacas da 60
Nos grãos colhidos e nas sacas comer- (uma administradora de empresas e um quilos em anos de bienalidade baixa. Os
cializadas o ânimo se revela. engenheiro agrônomo) e de seis funcio- mesmos resultados são observados nos
O clima na fazenda Salto Alegre, lo- nários fixos, sendo que no período de outros 35 ha arrendados, divididos em
calizada no município de Pedregulho safra são realizadas mais vinte contrata- duas propriedades que Ferreira possui
(SP), não é diferente. Do alto, ao passar ções. O cafeicultor salienta, no entanto, no mesmo município. As diferenças,
pelo portão de madeira, os cafezais vis- que os números podem reduzir, pois a contudo, surgem quando o assunto é
tosos chamam a atenção. Mais adiante, tendência é mecanizar cada vez mais a produtividade. Na fazenda são 3,5 mil
após trilhar caminhos de terra, chega-se colheita. A safra de 2011 marca o quar- pés por hectare, enquanto as outras

64
Inor Ag. Assmann
lavouras apresentam 4,7 mil pés/ha. sabe que cada safra do grão possibilitou Ferreira salienta que o cenário atual
Considerando que algumas áreas estão alcançar objetivos que antes pareciam do produto brasileiro, com a comerciali-
em formação, Ferreira calcula que o ren- impossíveis. zação da saca em torno de R$ 500 e com
dimento seja, em média, de 40 sacas de Em termos de maquinário, atual- o apoio de instituições para a busca de
60 quilos por ha. mente Ferreira possui um secador ro- novas tecnologias, deve ser aproveita-
tativo horizontal. Além de resultar em do ao máximo. Para o produtor, que já
TECNOLOGIA Com tratores, grãos de melhor qualidade, o equipa- enfrentou tempos de preços baixos e de
carretas e equipamentos para manuten- mento é 30% mais eficiente que o se- cafezais destruídos por temporais e chu-
ção da lavoura, como pulverizadores e cador vertical, também utilizado pelo vas de granizo, o momento é favorável
roçadeiras, entre outros recursos, o ca- produtor. Para o futuro, entretanto, seu para o desenvolvimento do segmento.
feicultor Geraldo Augusto Ferreira cons- maior sonho é adquirir a própria colhei- Poder manter a propriedade, ofere-
truiu seu patrimônio. Na região da Alta tadeira e deixar de terceirizar o serviço, cer qualidade de vida à família e comer-
Mogiana, a fazenda Salto Alegre figura prática realizada nas últimas safras. O cializar um produto ainda mais qualifi-
entre as de porte médio e grande. Filho cafeicultor acredita que investir, encon- cado são aspirações que almeja colher
de cafeicultor, viu na cultura a possibili- trar meios para qualificar a produção nesta e em muitas outras safras. Um de-
dade de negócio e de crescimento. Ape- e buscar alternativas são ações que de- sejo que, por sinal, rege as plantações de
sar de dividir o dia a dia com a pecuária vem fazer parte do cotidiano de qual- muitos outros Geraldos concentrados
de corte – são 300 cabeças de gado –, quer produtor. nas regiões produtoras do País.

65
prosperity
An atmosphere of

Whether it is soaring consumption, or


good production perspectives, or record
atmosphere in the farm known as Salto Ale-
gre, located in the municipality of Pedregulho
thirty years ago, when coffee made it to the
farm, only 10 hectares were cultivated.
exports, the positive feeling regarding the (SP), is not different. From the higher portion To look after his farm, Ferreira relies on his
present scenario of the Brazilian coffee of the farm, while passing the wood gate, the wife and two children (a business administra-
prevails among the growers, merchants, lush coffee plantations capture the attention. tor and an agronomic engineer) and six perma-
specialists and representatives of the produc- Walking farther on down the dirt road, one nent employees and, at harvest time, 20 more
tion chain. Projects for area increases, incorpo- arrives at Geraldo Augusto Ferreira’s homes- seasonal workers are hired. Nonetheless, the
ration of new technologies and high prices are tead. From the balcony, he admires his farm, coffee grower stresses that this number might
subjects that commonly surface at farms and one of the most traditional in Alta Mogiana go down, since the trend is for mechanizing the
institutions. Harvested beans and marketed Paulista. His present production, exclusively harvest operations. The 2011 crop marks the
sacks of coffee bring smiles to the farmers. The Arabica coffee, is concentrated on 40 hectares; fourth year in which part of the beans are har-
Sílvio Ávila

66
In Alta Mogiana,responsible for 30% of the coffee area in the
State of São Paulo, producers build histories of success
vested mechanically. He insists that this chan- chemical application equipment and bush the farm, as has happened over the past crops.
ge is necessary because it is getting more and cutting machines, among other resources, The coffee farmer believes that investing and
more difficult to find qualified labor, besides the coffee grower Geraldo Augusto Ferreira finding means for qualifying the production
bureaucratic hurdles that make the employer- built his asset. In the Alta Mogiana region, operations should be part of the everyday life
employee relation very complicated. his farm Salto Alegre is seen as a medium- of a coffee grower.
The work at the coffee fields results into sized to big property. Son of a coffee farmer, Ferreira stresses that great advantage
a harvest of 1.5 thousand 60-kilo sacks in bi- he viewed the crop as a chance to start big should be taken of the present scenario of the
annual coffee crop cycles. The same results businesses and make progress. Although Brazilian product, with a sack fetching around
are achieved from the other 35 leased hectares, splitting his everyday life into cattle far- R$ 500, and rely on the support of institutions
split into two farms owned by Ferreira in the ming, with a total of 300 head of beef cattle, in pursuit of new technologies. The grower,
same municipality. The differences, however, and agriculture, he is perfectly aware of the who had to put up with low prices in the past,
surface when the subject is productivity. On fact that the grain crops have made it pos- not to mention coffee fields destroyed by wind
the farm, there are 3.5 thousand trees per hec- sible for him to achieve his objectives that storms and hail storms, views the moment as
tare, while in the other areas, the number of seemed unachievable in the past. favorable for the development of the segment.
trees per hectare reaches 4.7 thousand. Con- In terms of machinery, at the moment Fer- To maintain the farm and offer quality of
sidering that some areas are under formation, reira owns a Horizontal Rotary Drier. Besides life to his family and sell an even more qua-
Ferreira estimates the productivity rates at 40 resulting into better quality beans, the equip- lified product are aspirations he wishes to
sixty-kilo sacks per hectare, on average. ment is 30-percent more efficient than vertical reap from the present crops and the ones that
driers, also used by the grower. For the future, follow. A desire which, by the way, rules the
TECHNOLOGY With tractors, nonetheless, his big dream is to acquire a har- plantations of lots of other Geraldos that live
carts and field maintenance equipment, like vester and no longer outsource the work on in the coffee growing regions across Brazil.

Tecnologia para otimizar


Lider mundial
em enfardamento

sua produção.
automático.

FAST BALER GOLD


Enfardadora Automática
Enfardadora Automática
com certificação CE.

Sistema de segurança nível 3.

Troca rápida de formatos


juntamente com mecanismo superior.

Desbobinador automático de série.

IHM Touch Screen, com informações


rápidas sobre operação do equipamento.

Pode ser interligada a 2 empacotadoras automáticas


com a produção de até 140 pacotes por minuto.

www.raumak.com.br
(47) 3370-4540
Força
mecânica
Cafeicultores familiares contam com o Programa Mais Alimentos,do

O
governo federal,para financiar colheitadeiras com condições facilitadas
Os produtores familiares de café po- Foram incluídas duas colheitadeiras anos, que juntos plantam 50 hectares do
dem adquirir, desde maio de 2011, co- da CASE IH e uma da empresa Matão, grão. Ambos afirmaram que sem o Mais
lheitadeiras financiadas pelo Programa com valores que vão de R$ 190 mil a R$ Alimentos não teriam condições de com-
Mais Alimentos, do Ministério do Desen- 440 mil. Segundo Matos, a oferta de cré- prar a máquina. A projeção deles é que
volvimento Agrário (MDA). Os modelos dito e os melhores preços pagos ao café o equipamento representará redução de
foram lançados durante a Agrishow, deverão alavancar as vendas desse tipo até 30% nos gastos com a colheita. Outra
ocorrida entre 2 e 6 de maio em Ribeirão de máquina. A comercialização anual do conquista com a nova aquisição será o
Preto (SP). Segundo o coordenador do segmento não passa de 200 unidades. A fim da dependência do aluguel de má-
programa, Hercílio Matos, a inclusão do principal empresa do ramo, por exem- quinas de terceiros.
produto nessa modalidade de financia- plo, vende cerca de 40 unidades ao ano. Além de reduzir custos, a mecanização
mento foi solicitada por cooperativas de Matos cita o exemplo de dois irmãos contribui para a melhoria da qualidade
pequenos cafeicultores. Ele destaca que do município de Claraval, no sul de Mi- do grão. “Isso se dá pela velocidade que é
os modelos foram definidos com a par- nas Gerais, que financiaram uma colhei- possível realizar a operação e a colheita se-
ticipação de produtores e representantes tadeira no valor de R$ 193 mil, a ser paga letiva. Hoje, no País, é possível fazer meca-
do setor de máquinas. “Conseguimos em dez anos com juros de 2% ao ano. Os nicamente o que a Colômbia faz à mão na
descontos significativos e prazo para a dois agricultores são Paulo Pedro Barbo- colheita seletiva”, analisa Walmi Gomes
vigência dos preços”, salienta Matos. sa, de 36 anos, e Adjar José Barbosa, de 52 Martin, gerente de produtos da empresa

68
Inor Ag. Assmann
Jacto. De acordo com ele, o grau de meca- solução para enfrentar problemas rela- o objetivo de promover a modernização
nização na atividade vem crescendo, mas cionados à falta de mão de obra, prin- produtiva das unidades familiares agrí-
está muito aquém quando comparado cipalmente na colheita do café. Martin colas de todo o Brasil. Atende a projetos
ao setor de cereais ou mesmo de cana-de- observa que, atualmente, está ocorrendo individuais de até R$ 130 mil e coletivos
açúcar. Porém, em relação a outros países um grande ganho de renda em todos os de até R$ 500 mil, com juros de 2% ao
produtores, o Brasil é o que tem a cafeicul- níveis da sociedade. Com isso, os traba- ano, até três anos de carência e prazo de
tura mais mecanizada. lhadores estão buscando nos centros ur- pagamento de até dez anos.
Os grandes produtores nacionais são banos trabalhos com melhores remune- O programa financia máquinas, im-
os mais adeptos, mas o uso de equipa- rações e a agricultura como um todo não plementos agrícolas, colheitadeiras, ve-
mentos vem aumentando em proprie- suporta os novos patamares salariais. Ele ículos de transporte de carga, projetos
dades de portes variados. Nesse caso, a destaca que a primeira colhedora de café para construção de armazéns e silos,
preparação da lavoura é fundamental foi lançada pela Jacto em 1979. cerca elétrica para isolamento do reba-
para que se obtenha bons resultados na nho, melhoramento genético, correção
colheita à máquina “Hoje em dia, os no- INICIATIVA O Mais Alimentos, de solo, formação de pomares e melhoria
vos plantios já vem contemplando itens criado em 2008, é uma linha de crédito da logística administrativa das proprie-
fundamentais para isso”, relata. do Programa Nacional de Fortalecimen- dades rurais, como informatização dos
A mecanização também surge como to da Agricultura Familiar (Pronaf). Tem estoques, entre outras ações.

69
Small-scale coffee growers count on the More Food Program of the Federal

power
Government and finance harvesters on a low-interest installment plan

Mechanical
Since May this year, the small-scale coffee
growers are entitled to acquire harvesters fi-
nanced by the More Food Program, of the Mi-
nistry of Agrarian Development (MDA). The
models were launched during the Agrishow
Fair, held from 2 to 6 May in Ribeirão Preto
(SP). According to the coordinator of the pro-
gram, Hercílio Matos, the inclusion of the pro-
duct in this financing scheme was decided at
the request of the small-scale coffee gro-
wers’ cooperative. He recalls
that the models were
defined jointly by
the growers and
representatives
of the machi-
ne sector.
“We were
granted
signi-
ficant
Sílvio Ávila

70
discounts and a considerable time during Besides being a cost reduction factor, me- observes that, nowadays, people of all walks o
which their prices hold”, says Matos. The ma- chanization contributes towards preserving life are earning more money. This leads most
chines included in the Program comprise two the quality of the beans. “This is due to the workers to look for jobs in urban centers,
harvesters, one manufactured by CASE IH speed at which the operation and selective har- where wages are higher, and agriculture as a
and the other, by Matão, with prices ranging vest is carried out. In Brazil it is now possible whole is not in a position to put up with big-
from R$ 190 thousand to R$ 440 thousand. to do mechanically what is done by hand in ger salary levels. He recalls that the first coffee
According to Matos, the credit line and the Colombia when it comes to selective harves- harvester was launched by Jacto in 1979.
good prices fetched by coffee are expected to ting”, notes Walmi Gomes Martin, products
leverage the sales of this type of equipment. manager at Jacto, a machine manufacturing INITIATIVE The More Food Pro-
Annual sales in the segment remain at or company. According to him, the degree of gram, created in 2008, is a credit line of the
below 200 units. The leading company of the mechanization in the activity has been rising, National Program for Strengthening of Fami-
segment, for example, sells about 40 units but is lagging behind compared to the sector ly farming (Pronaf). Its target is to modernize
per year. of cereals and even sugarcane. Nonetheless, the family farming operations all over Brazil.
Matos cites the example of two brothers compared to other coffee producing countries, It serves individual projects that involve up to
in the town of Claraval, in South Minas Ge- Brazil is home to the most mechanized coffee R$ 130 thousand, and collective ones of up to
rais, who financed a harvester worth R$ 193 farming operations in the world. R$ 500 thousand, at 2-percent interest rate a
thousand, on a ten-year installment plan, at The national commercial farmers are the year, with up to three-year grace periods, to be
an interest rate of 2% a year. The two farmers most mechanized, but the use of equipment amortized over a 10-year period.
are Paulo Pedro Barbosa, 36, and Adjar José has been soaring in farms of different sizes. The program finances machines, farm im-
Barbosa, 52, together they grow 50 hectares of In this case, soil preparation plays a basic role plements, harvesters, cargo vehicles, projects
coffee. Both admitted that without the More for achieving good results with the use of ma- for the construction of warehouses and silos,
Food Program they would not have been able chinery. “Nowadays, the new fields that are electric fences for cattle farming operations,
to purchase the machine. In their projections, established care a lot about the fundamental genetic enhancement programs, soil correc-
the equipment should reduce by 30% their topics”, he admits. tion, the establishment of orchards and admi-
harvest costs. Another achievement stem- Mechanization also comes in as a solution nistrative logistics projects in rural holdings,
ming from the new acquisition is the end of for problems related to the lack of labor, parti- such as stock control computer programs, and
the need to lease machines from third parties. cularly at the coffee harvesting season. Martin other initiatives.
Origem
comprovada
Produtores da região da
Serra da Mantiqueira, em
Minas Gerais, obtêm
Indicação de Procedência

A
Inor Ag. Assmann

AAssociação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Apro-


cam) venceu uma etapa importante em favor do café produzi-
do na região. Foi aprovado o pedido de Indicação de Procedên-
cia (IP) para o grão denominado como da Região da Serra da
Mantiqueira de Minas Gerais. A distinção foi concedida em 31
de maio de 2011 pelo Instituto Nacional da Propriedade Indus-
trial (Inpi). Esse foi o nono Selo de Indicação Geográfica, na mo-
dalidade de IP, dado no Brasil, o segundo para o café de Minas processo de IP junto ao Inpi.
Gerais e o primeiro na microrregião do sul mineiro. Neste percurso, a Aprocam contou com vários parceiros
Atualmente, outras quatro regiões cafeicultoras estão com nacionais, estaduais e regionais. Segundo o diretor presidente
pedidos de Indicação de Procedência tramitando no Inpi. Duas da Aprocam, o maior desafio será operacionalizar a indicação.
delas – Terras Altas e Alto Paraíso – são representadas pela Co- “Teremos que colocar em prática todos os regulamentos relati-
operativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraí- vos à IP”, detalha. Além disso, seguem as iniciativas em busca
so (Cooparaíso), em Minas Gerais. As outras são Alta Mogiana, da Denominação de Origem, meta que conta com uma equipe
com iniciativa liderada pela Associação dos Produtores de Ca- de pesquisadores que desenvolve o embasamento técnico e
fés Especiais da Alta Mogiana, em São Paulo; e Norte Pioneiro científico para a conformidade de padrões de identidade e qua-
do Paraná, que tem à frente do processo a Associação dos Cafés lidade do café da região.
Especiais do Norte Pioneiro do Paraná.
Na avaliação do diretor presidente da Aprocam, Hélcio Car- PARTICULARIDADES As propriedades associadas à
neiro Pinto, “o selo de IP trará vários benefícios para a micror- Aprocam estão localizadas na microrregião localizada na Face
região, como proteção e reconhecimento, agregação de valor Minas Gerais da Serra da Mantiqueira, dentro do entorno de-
ao produto e desenvolvimento sustentável”. Além disso, será nominado Circuito das Águas, uma das regiões cafeicultoras
favorável ao turismo rural e urbano, pois a microrregião se en- mais tradicionais do Estado. A microrregião tem cerca de oito
contra no Circuito das Águas. A busca pela indicação começou mil produtores, dos quais mais de 80% são agricultores familia-
em 2000 com a contratação da consultoria especializada de En- res, e os cafezais abrangem 50 mil hectares, conforme o diretor-
sei Uejo Neto. A partir do trabalho do consultor, foi identificado secretário da Aprocam, Antônio José Junqueira Villela. A cada
que a localidade possuía todos os requisitos para o desenvol- safra são beneficiadas em torno de 1 milhão de sacas e o produ-
vimento de uma Indicação Geográfica, tais como clima, solo, to é exportado para Europa, Estados Unidos e Japão.
altitude e características sensoriais diferenciadas do café. Estudos técnicos da região e resultados nos diversos con-
O passo seguinte foi elaborar um plano estratégico abran- cursos nacionais mostram que a localidade possui condições
gendo capacitação dos produtores, implantação de novos pro- edafoclimáticas diferenciadas e propícias para a produção de
cessos de produção, participação em concursos de qualidade e cafés de qualidade superior. A Serra da Mantiqueira é conhe-
em feiras nacionais e internacionais. Incluiu a consagração da cida pelo clima de montanha, rica em estâncias hidrominerais,
microrregião como produtora de café especial, o início do pro- cujas águas são famosas por suas qualidades terapêuticas. Es-
jeto de Indicação de Procedência, a delimitação territorial, feita sas combinações contribuem para alta qualidade dos grãos e
pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), e o depósito do pela consistência na produção e no fornecimento.

72
for an Indication of Origin
project, territorial demar-
cation, carried out by the
Minas Gerais Agricultu-
re Institute (IMA), and
the submission of the
IO application to the
Inpi.
During the entire
application period,
Aprocam relied on
the support from na-

origin
tional, state and re-
gional partners. Ac-

Acknowledged
cording to the presi-
dent of Aprocam, the
biggest challenge will
consist in putting the
Indication into opera-
tion. “We will have to
comply with all the ru-
les regarding the IO”, he
comments.
Furthermore, the efforts
aimed at getting the Denomi-
nation of Origin have not stopped.
The achievement of this goal counts on
the concerted efforts of a team of researchers
São Sebastião do Pa- that is in charge of the technical and scienti-
raíso (Cooparaíso), in Minas Gerais. The two fic foundations for the purpose of compliance
Producers in the Serra others are Alta Mogiana, under the initiative
of the Specialty Coffee Producers’ Association
with quality and identity standards of the co-
ffee produced in the region.
da Mantiqueira of Alta Mogiana, in São Paulo; and Norte Pio-
PARTICULARITIES The farms
region, State of neiro do Paraná, where the entire application
process is under the responsibility of Specialty members of Aprocam are based in the micro-
Minas Gerais, obtain Coffee Producers’ Association of Paraná.
Hélcio Carneiro Pinto, president of Apro-
region located in Face Minas Gerais da Serra
da Mantiqueira, within the surroundings
Indication of Origin cam views the “certification as a boon for the known as Water Circuit, one of the most tra-
microregion, representing protection and ack- ditional coffee producing regions in the State.
nowledgement, higher value for the product The microregion is home to about 8 thousand
The Coffee Producers’ Association of and sustainable development”. Furthermore, producers, of which more than 80% run fa-
Mantiqueira (Aprocam) has conquered an it will attract rural and urban tourists, as the mily operations, and the coffee fields total 50
important distinction on behalf of the coffee microregion is located in the so-called Water mil hectares, according to the chief executive
harvested in the region. Their application for Circuit. The pursuit for the indication started director of Aprocam, Antônio José Junqueira
Indication of Origin (IO) was approved for the in 2000, when Ensei Uejo Neto, a renowned Villela. Some one million sacks are milled at
coffees produced in the Serra da Mantiqueira consultancy company, was hired for this pur- every season, and the coffee is exported to Eu-
region in Minas Gerais. The distinction was pose. The consultant soon came to the conclu- rope, the United States and Japan.  
granted on 31st May 2011 by the National sion that the region fulfilled all the requisites Technical studies of the region and the
Institute for Industrial Property (INPI). This for applying for the Geographical Indication, results of several national contests attest to
was the first Geographical Indication, granted including climate, soil, altitude and coffee region’s distinguished edaphoclimatic con-
in Brazil, the second for Coffee produced in with distinct sensory attributes. ditions very appropriate for the production
Minas Gerais and the first in the micro region The following step consisted in devising a of superior quality coffees. Serra da Manti-
of South Minas Gerais. strategic plan comprising capacity building queira is known for its mountain climate,
Currently, four other coffee producing initiatives for the growers, the implementation rich in hydro-mineral water sources, having
regions have filed Indication of Origin appli- of new production processes, attendance at a reputation for their excellent therapeutic
cations with the Inpi. Two of them — Terras quality contests and fairs at home and abroad. properties. Such combinations contribute to-
Altas and Alto Paraíso — are represented by The procedure includes the microregion as a wards the excellent quality of the beans and
the Regional Coffee Growers’ Cooperative of producer of specialty coffees, the starting point for consistent production and supply.  

73
Inor Ag. Assmann
Ao alcance
da mão Ministério da Agricultura disponibiliza
aplicativo sobre o café brasileiro para ser baixado
com exclusividade para o Ipad, da Apple

U
Uma nova ferramenta está divulgando acidez e corpo.
o café brasileiro e facilitando ainda mais os Segundo o Mapa, até o dia 12 de junho,
contatos com potenciais clientes e compra- o material havia sido baixado 716 vezes,
dores desde 27 de abril de 2011. Na data, o em mais de 30 países. Além do Brasil, com
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- o maior número de downloads, adquiriram o
cimento (Mapa) lançou um aplicativo sobre aplicativo internautas de países como Esta-
o produto brasileiro exclusivo para Ipad, que dos Unidos, Argentina, China, Reino Unido,
pode ser adquirido sem custo na Apple Sto- Canadá, Japão, Alemanha, Itália, Portugal,
re, fabricante do aparelho. Austrália, Suíça, Emirados Árabes, Arábia
O Mapa desenvolveu o material que apre- Saudita e outros. O download pode ser feito
senta informações sobre produção, topogra- no link http://itunes.apple.com/gb/app/
fia, tipos de café, área plantada e sistema de cafes-do-brasil/id433533746?mt=8.
processamento nas 12 regiões produtoras em A ferramenta foi apresentada durante a 23ª
seis estados do País – Minas Gerais, Espírito Feira da Associação Americana de Cafés Espe-
Santo, São Paulo, Paraná, Rondônia e Bahia. ciais (SCAA, na sigla em inglês), realizada entre
Além disso, disponibiliza vídeos e galeria de 29 de abril e 1º de maio, em Houston, nos Esta-
imagens dos locais de plantio. Oferece tam- dos Unidos. O público que visitou o estande do
bém dados sobre o perfil da xícara, que são as Brasil no maior evento de café do mundo co-
características da bebida, como sabor, aroma, nheceu o aplicativo instalado em quatro totens.

UNIÃO NA DIVERSIDADE
Em abril de 2011, foi criada uma entidade representativa dos cafeicultores batizada de
Associação Brasileira das Origens Produtoras de Café (Abop Café). O objetivo é valorizar a
diversidade de sabores, qualidades e histórias que compõem o cenário da atividade de Sul
a Norte do País. A associação é presidida por José Augusto Rizental, que também é supe-
rintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado. Ele explica que, em parceria com o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) nacional, será realizado
um trabalho para mostrar como funciona a cafeicultura brasileira. “Vamos ter que começar
do zero”, enfatiza.
Será feito um banco de imagens de cada região de origem para confecção de folders, além
da produção de vídeos. Está previsto ainda o mapeamento de todo o parque cafeeiro nacio-
nal. Segundo Rizental, o trabalho da Abop Café será realizado de forma construtiva, ajudando
os produtores de grãos de qualidade, que em grande parte é exportado, a ampliar as vendas
também no mercado interno.
Das 12 regiões produtoras de café no Brasil, oito aderiram à nova associação. São elas: Sul
de Minas, Cerrado de Minas, Mogiana, Centro-Oeste de São Paulo, Montanhas do Espírito
Santo, Norte Pioneiro do Paraná, Planalto da Bahia e Cerrado da Bahia. As demais regiões
produtoras do País, que também foram convidadas a participar, são Chapada de Minas, Ma-
tas de Minas, Conilon Capixaba e Rondônia.

74
reach
Within hand’s

Ministry of Agriculture offers an application


software on coffee to be exclusively
downloaded to the Ipad, of Apple
Launched on 27th April 2011, a clude the profile of the cup, which includes
new tool is giving publicity to Brazi- the characteristics of the beverage, like taste,
lian coffee and further facilitating the acidity and body.
contacts with potential clients and According to Mapa officials, up to 12th
buyers. On that occasion, the Minis- June, the material had been downloaded 716
try of Agriculture, Livestock and Food times, in more than 30 countries. Besides
Supply (Mapa) launched an APP on Brazil, with the biggest number of down-
the Brazilian product, exclusive for loads, the APP was acquired by internet
Ipad, which can be acquired without users from countries like United States, Ar-
any cost at the Apple Store, manufac- gentina, China, United Kingdom, Canada,
turer of the device. Japan, Germany, Italy, Portugal, Australia,
The Ministry of Agriculture de- Switzerland, Arab Emirates, Saudi Arabia
veloped the material which features and others. Download can be done at link
information on production, topogra- http://itunes.apple.com/gb/app/cafes-do-
phy, types of coffee, planted area and brasil/id433533746?mt=8.
processing system in the twelve coffee  The tool was presented during the 23rd
producing regions in six Brazilian sta- Fair of the Specialty Coffee Association of
tes - Minas Gerais, Espírito Santo, São America (SCAA), held from 29th April to
Paulo, Paraná, Rondônia and Bahia. 1st May, in Houston, United States. Peo-
Furthermore, videos and an image ple who happened to visit Brazil’s stand in
gallery of the coffee growing regions in the biggest coffee event in the world came to
Brazil are also available. Other data in- know the APP installed in four totens.

united in Diversity
The Brazilian Association of Coffee Producing Regions (Abop Café) was created
in April 2011, and it represents the coffee growers. The goal is to value the diversity of
flavors, qualities and stories that compose the scenario of the activity from the South to
the North of the Country. The association is presided over by José Augusto Rizental, who
also serves as superintendent of the Federation of Cerrado Coffee Growers. He explains
that, jointly with the national Brazilian Service of Support to Micro and Small Com-
panies (Sebrae), a pioneer initiative will be conducted with the aim to show how coffee
farming functions in Brazil. “We will have to start from scratch”, he emphasizes.
The first step is the creation of a database featuring images of every different region,
for the confection of folders, and the production of videos. A map of the entire coffee park in
Brazil is also a priority. According to Rizental, the work by Abop Café will be carried out in
constructive manner, lending support to the farmers that produce quality beans, which are
exported, providing them with the chance to expand their sales in the domestic market, too.
Of the 12 coffee producing regions in Brazil, eight have joined the new association. They are
as follows: South Minas, Cerrado de Minas, Mogiana, Center-West of São Paulo, Montanhas do
Espírito Santo, Norte Pioneiro do Paraná, Planalto da Bahia and Cerrado da Bahia. The other coffee
producing regions throughout the Country, which were also invited to join, are as follows: Chapada de
Minas, Matas de Minas, Conilon Capixaba and Rondônia.

75
Um bom
começo
Setor deve investir em capacitação
e infraestrutura para produzir cafés de

Inor Ag. Assmann

A
qualidade em maior volume
A demanda mundial é por café de qualidade. Quanto a isso
o setor cafeicultor não tem dúvidas. Dados apontam que en-
quanto a procura pelo café considerado comum avança 2% ao Outra carên-
ano, o de melhor qualidade aumenta entre 15% e 20%. Outro cia de eficiência ocorre no pós-colheita, quando se colhe mais
exemplo é que o quilo de um produto de qualidade chega a do que é possível acomodar na propriedade. Conforme Gio-
custar R$ 30,00. As observações são do engenheiro agrônomo mo, é muito comum faltar espaço para secar o fruto. Quando
Gerson Silva Giomo, pesquisador do Instituto Agronômico de isso ocorre, o produtor coloca uma camada muito extensa de
Campinas (IAC). Para ele, é o reconhecimento e a valorização grãos, o que pode provocar a fermentação do café. “O terreiro é
da qualidade do produto que estimula uma produção mais a principal infraestrura na propriedade, porque possibilita fazer
qualificada. uma secagem ideal, importante para garantir a qualidade do
Esse cenário é visto como oportuno para o pequeno pro- produto”, aponta.
dutor, que poderá agregar mais renda ao seu produto, visto Na opinião do pesquisador, “muitas vezes o pequeno pro-
que seus ganhos maiores poderão vir da qualidade e não da dutor colhe no ponto errado e conduz o manejo de maneira
quantidade. “O segmento tem mais condições para cuidar da inadequada não só por falta de espaço, mas também por desco-
condução da cultura por ter mão de obra própria”, avalia o nhecimento”. O manejo correto não implicaria maiores investi-
agrônomo. Mas alguns entraves precisam ser vencidos. mentos, mas uma melhor capacitação do agricultor. Conforme
Um deles, segundo Giomo, é a falta de infraestrutura ade- Giomo, a maioria dos cafeicultores produz café de qualidade
quada para fazer um bom processamento do café. “Ainda é mediana, próprio para o mercado de commodities.
muito comum usar o terreno para a secagem do grão”, obser- Uma alternativa para melhorar o padrão de qualidade é in-
va. Outro está relacionado à falta de planejamento da colheita. vestir em treinamento e infraestrutura. “Existe um diferencial
“Muitos não se organizam para desenvolver todas as estapas de preço para um café de qualidade, então não devemos nos
de acordo com a maturação do fruto”, relata. contentar com o de bebida dura, porque a espécie é adequada
O pesquisador explica que se a colheita for feita antes da para produzir bebida mole”, argumenta. Muitas vezes, observa
hora, resultará em uma grande quantidade de frutos verdes o engenheiro agrônomo, o produtor não tem força nem volu-
e em uma bebida de qualidade inferior, denominada como me para exigir maior valorização do seu produto. Uma solução
dura. Se retardar o processo, o resultado será muitos frutos seria integrar cooperativas e associações que possuem mais for-
secos. Nesse caso, se a região for úmida, o grão poderá fer- ça para negociar.
mentar na planta ou cair no chão. “O ponto ideal para reali-
zar a colheita é quando a maioria dos frutos estão maduros, PÓS-COLHEITA Pequenos e grandes cafeicultores
em estado cereja”, diz. encontram no mercado uma linha completa de equipamen-
É nesse estágio de maturação que o fruto vai gerar a bebida tos que contribuem para o perfeito preparo do produto após
normal, considerada mole, de qualidade e que qualquer ca- a colheita. Segundo o gerente de vendas da Palini & Alves,
feicultor poderá produzir. “A colheita é o principal momento Adalberto Golfieri, a empresa possui uma linha extensa de má-
para definir a qualidade do produto. Isso se o ambiente tam- quinas, desde equipamentos da “via úmida”, para lavagem,
bém tiver sido adequado”, reforça. Torna-se essencial progra- separação, limpeza, descasque, desmucilagem e pré-seca; até
mar quanto tempo levará para conluir a etapa, quantas pes- os da “via seca”, como secadores e máquinas de benefício e re-
soas serão necessárias e se o espaço disponível será adequado benefício dos grãos. Golfieri destaca que quanto mais apurado
para secar a safra. o preparo, maior é a qualidade “provável” na xícara.

76
still common practice”, he observes. Another hurd-
le has to do with the lack of crop planning. “Many
farmers do not get organized in order to carry out
every step in accordance with the fruit maturing
process”, he notes.
The researcher explains that if harvest is
done before the ideal time, it will result into
a huge amount of green berries and into a
beverage of poor quality, referred to as bold
coffee. If harvest is delayed, there will be big
amounts of dry beans. In this case, if it is a
region where humidity prevails, the beans
might start fermenting while still on the tree
and fall down. “The ideal harvesting point is
characterized by the maturity of most fruit, in
a cheery-like state”, he explains.
It is in this maturing stage that the beans
generate a normal beverage, considered light and
of good quality, which could be produced by any gro-
wer. Harvest is the right moment to define the quality
of the product, if weather conditions have been favorable”, he
adds. It is essential to program the time needed to carry out the har-
vesting operation, the number of people needed and the available space

Off to a
for drying the crop.

good start
Another deficiency occurs in the post-harvest stage, and it happens
when the warehousing structure is too small to accommodate the crop.
According to Giomo, the lack of space for drying the product is very
common. When this occurs, producers tend to resort to thick layers
of beans, which, in turn, could create fermentation problems. “The
terrain is the main infrastructure on the farm, and it provides ideal
drying conditions, an important factor for ensuring the quality of the
product”, he notes.
In the researcher’s view, “Frequently, small-scale farmers harvest at
the wrong time and resort to non recommended management practices,
Sector is set to invest in capacity not because of the lack of space, but because of the lack of knowledge”.
building moves and Correct management practices do not necessarily require more invest-
infrastructure to produce higher ments, but improved grower qualification. Giomo maintains that the
majority of the coffee farmers produce medium quality coffees, ideal for
volumes of good quality coffees the commodities market.
An alternative for improving the quality standards is to invest in
training and infrastructure. “Quality coffees fetch better prices, sug-
Global demand is focused on quality coffee, and the sector has no gesting we should not just produce bold beverages, since the variety
doubt about it. Surveys show that while demand for the so-called com- is appropriate for the production of light beverages”, he argues. Very
mon coffees advances 2% a year, demand for quality coffees rises from often, the engineer observes, the producers are in no condition to dictate
15% to 20%. Another example is the fact that one kilo of quality coffee the prices for their product. A way out for these farmers could consist in
fetches up to R$ 30. The observations come from agronomic engineer joining cooperatives and associations, which are more powerful when it
Gerson Silva Giomo, researcher with the Agronomic Institute of Cam- comes to negotiations”.
pinas (IAC). In his view, it is the acknowledgement and the high quali-
ty of the product that stimulate more qualified productions. POST-HARVEST Small-scale and commercial farmers find
The scenario is seen as very appropriate for small-scale farmers, in the market a complete range of equipment for all the correct post-
now in a position to derive more income from their product, since gains harvest procedures. According to the sales manager at Palini & Alves,
can be derived from quality rather than from quantity. “The segment Adalberto Golfieri, the company offers a complete range of machinery,
is in a better position to look after the crop as these farmers rely on including “humid line” equipment for washing, separation, cleaning,
their own labor”, the agronomist notes. But some hurdles need to be hulling, depulping and pre-drying; and “dry line” equipment, like
surmounted. driers and bean milling and re-milling machines. Golfieri stresses that
One of them, according to Giomo, is the deficient infrastructure for the more accurate the preparation, the better the “possible” quality of
the coffee processing needs. “Drying coffee beans on unpaved terrain is the coffee in the cup.

77
Operação
robusta
Produtores de conilon
buscam mudar o perfil comercial
da commodity com melhoria da
qualidade e aperfeiçoamento
dos processos

A
A cadeia produtiva do café conilon do Brasil melhorou seu
perfil de produção e qualidade na última década ao custo de
investimentos em tecnologia, manejo dos cafezais e aperfeiço-
amento dos processos de pós-colheita e beneficiamento. Mas,
para um produto comercializado por volume, os desafios de
ampliar mercados e obter valorização são grandes. O analis-
ta da consultoria Safras & Mercado Gil Barabach destaca que
cresceu a presença do conilon nos blends mundiais nos últimos
anos por causa da postura mais agressiva do Vietnã, maior ex-
portador global.
Em razão dos altos volumes e das cotações internacionais
mais baixas, as indústrias, inclusive do Brasil, flexibilizaram
seus blends. De uma participação de até 30%, o robusta passou
a fazer parte em até 40% das misturas no mundo, dependendo
da safra. Como não há distinção de qualidade de bebida, como
no arábica, apesar de esforços pontuais nesse sentido, o conilon cado interno estiver em crescimento, e o potencial é enorme, a
é uma commodity classificada por defeitos e sua luta é por preço. produção brasileira de robusta será crescente. Nas exportações
“O Brasil não é competitivo no mercado internacional, seja pela do solúvel, contudo, existem barreiras tarifárias europeias, que
ação vietnamita seja pelo alto custo de produção local ou pela tornam o produto nacional muito caro. “Além disso, há na
política cambial”, destaca Barabach. Europa a concorrência de países como Alemanha e Itália, que
O presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de compram robusta do Vietnã, processam e vendem com vanta-
São Gabriel da Palha (Cooabriel), do Espírito Santo, Antonio Jo- gens competitivas. Isso também se aplica ao arábica”, observa o
aquim de Souza Neto, complementa: “Não dá para competir”. analista. Na opinião dele, o futuro do solúvel no mercado inter-
Para ele, com o câmbio e os níveis de competitividade atuais do nacional dependerá também do conilon.
Brasil, exportar é prejuízo. “Se no futuro o câmbio favorecer e
pudermos competir, será interessante, mas precisaria chegar à GARANTIA Na avaliação do presidente da Cooabriel,
relação de R$ 2,20 o dólar”, afirma. Diz ainda que, em 32 anos Antonio Joaquim de Souza Neto, o desafio do conilon no mo-
na Cooabriel, jamais conseguiu uma exportação. “Tentamos, mento é alcançar preços de mercado que superem o custo de
mas não conseguimos e vimos quem exportou quebrar porque produção e garantam renda ao cafeicultor. “É uma operação e
teve prejuízo”. tanto, pois hoje o pior café arábica vale mais que o melhor co-
O café solúvel, explica Barabach, é o produto que garante nilon, pois tem garantia de preços do governo, inclusive para
a exportação, por vias indiretas, do conilon. Enquanto o mer- compra e formação de estoques. O robusta não tem esse trata-

78
Inor Ag. Assmann
mento”, enfatiza. Sem garantia de preços mínimos, o cafeicul- interessantes nas últimas safras desviou a atenção do governo
tor entrega o conilon pelo valor que a indústria quiser pagar, e da cadeia produtiva. “O arábica passou por momentos mais
argumenta Souza Neto. críticos ultimamente”, analisa. Ele crê, no entanto, que a falta
“O pessoal do arábica resiste em valorizar o conilon, mas de preço mínimo não é limitante ao desenvolvimento do co-
está atrelando seu produto à referência de preço baixo. Isso nilon. “As barreiras internacionais e a falta de competitividade
ajuda para que nem arábica nem conilon obtenham a valoriza- no mercado externo podem ser problemas maiores num futuro
ção que precisam. Infelizmente, muitos ainda não perceberam próximo”, cita.
que, atualmente, onde vai um tipo de café, vai o outro”, frisa. O Para Barabach, a cafeicultura brasileira chegou a uma
dirigente cooperativista entende que é necessário desenvolver encruzilhada. O cenário indica que ou o produtor se torna
uma política federal de longo prazo para o conjunto do setor grande em termos tecnológicos, com mecanização, ganhos
cafeeiro, que parta da segurança de preços mínimos. “No ára- em qualidade, produtividade e baixos custos, ou se torna pe-
bica a política federal também é de apagar incêndio, renegociar queno e trabalha em nichos de mercado, com selos de origem,
dívidas e resolver problemas pontuais. Não há uma proposta ambientais e sociais e características de bebida diferenciada.
de longo prazo”, destaca. Ao médio cafeicultor, que não alcança a escala de produção
O analista da Safras & Mercado reconhece que há uma pro- em nível competitivo ou tem alto custo, o momento preocu-
teção maior do governo brasileiro ao arábica frente ao conilon. pa. “No conilon, pela característica de commodity, é preciso ter
Conforme Barabach, o fato de o robusta vir de cotações mais ganho em escala”, ressalta.

79
robusta
Operation
Inor Ag. Assmann

80
Conilon producer in pursuit of a change to the commercial profile of
the commodity through quality enhancement and process improvement
The production chain of Brazil’s conilon initiatives, or for the high local production caring about the prices the industries are pre-
coffee operations has improved its production costs, or for the exchange rate policy in force”, pared to pay, argues Souza Neto.
and quality profile over the past decade, at the Barabach notes. “The Arabica people are against giving
cost of investments in technology, coffee field The president of the Agrarian Cooperative conilon coffee its due value. This is a factor
management and through considerably im- of the Coffee Growers in São Gabriel da Palha that prevents both Arabica and conilon coffees
proving its post-harvest and processing ope- (Cooabriel), in Espírito Santo, Antonio Joa- from achieving the real values that they deser-
rations. Nevertheless, for a product marketed quim de Souza Neto, complements: “There is ve. Unfortunately, lots of people have not yet
by volume, the challenges in pursuit of no way competing”. In his opinion, with the come to grips with the reality of whatever the
better remuneration and other ma- present exchange rate policy and competitive destination of one type of coffee is, the other
rkets, are countless. Gil Baraba- levels in Brazil, exports represent losses. “If in follows suit”, he says. The cooperative official
ch, market analyst with Sa- the future the exchange rate becomes favora- maintains that it is necessary to develop a fe-
fras & Mercado, mentions ble, making it viable for us to compete, such a deral policy for the long run for the coffee sec-
that the share of conilon situation will favor us greatly, but a relation tor as a whole, under condition that it starts
in the blends around the of R$ 2.20 to the dollar must be achieved”, from minimum price tables. “Regarding the
world has soared, over he declares. He also reveals that in 32 years Arabica, the federal government is enacting a
the past years, becau- working with Cooabriel, he has never mana- fire extinguishing policy, renegotiating debts
se of Vietnam’s more ged to export any coffee. “We tried, but to no and solving timely problems. There is no po-
aggressive stance, avail and we have witnessed companies going licy for the long run”, he argues.
as leading global bankrupt because of their exports”. The Safras & Mercados analyst recog-
coffee exporter. Soluble coffee, Barabach explains, is the nizes that the Brazilian government makes
By virtue of product that sustains conilon exports, throu- no secret of its preference for protecting the
the high volumes gh indirect means. If the domestic market Arabica coffees to the detriment of the conilon.
and lower inter- sustains its upward trend, and there is an According to Barabach, the fact that robusta
national quotes, enormous potential for this, Brazil’s robusta coffees have been catching better prices over
the industries, coffee production will continue soaring. In the the past crops, deviated the attention of the go-
including the exports of soluble coffee, nonetheless, there are vernment and of the production chain. “The
Brazilian ones, European tariff barriers, which press up the Arabica has gone through more critical mo-
became more re- price of the national product considerably. ments lately”, the analyst recalls. However,
silient with their ‘Furthermore, in Europe Brazil faces compe- he believes that the lack of minimum prices is
blends. From tition from such countries as Germany and not a limiting factor for conilon coffees. “The
30% robusta Italy, which purchase beans from Vietnam, international barriers and the lack of competi-
coffee’s share jum- process them and sell the coffee at very com- tiveness in the foreign marketplace could turn
ped to 40% in the petitive prices. This also holds for Arabica out to become very serious problems in a not-
coffees marketed coffee”, the analyst observes. In his opinion, so-distant future”, he cites.
around the world, the future of the soluble in the international Barabach takes it that Brazilian coffee far-
depending on the marketplace also depends on conilon. ming has reached a crossroads. The scenario
crop. As there is leaves few options for the growers, and they
no distinction re- GUARANTEE The president of have to decide whether to make strides in
garding the quality Cooabriel, Antonio Joaquim de Souza Neto, terms of technological advances, resorting to
of the beverage, as it understands that the challenge of the conilon mechanization, gains in quality, productivi-
happens with Ara- at the moment is to fetch market prices that ty and low costs, or they turn small and look
bica coffee, in spite of exceed the production cost and bring in inco- for market niches, with social, environmental
timely efforts towards me for the growers. “It is quite an operation, and origin labels, supplying beans for coffees
this end, conilon is a since nowadays the worst Arabica is worth of distinguished characteristics. Medium-
commodity classified by more than the best conilon, as it is under the scale growers, not in a position to compete
a flaw detection system, price protection umbrella of the government, with commercial farmers, having to put up
and its fight is for bet- even for purchases and for the arrangement with high production costs, are going through
ter prices. “Brazil is not of stocks. “No such treatment is bestowed on difficult times. “Regarding the conilon coffee
competitive in the inter- the rubusta”, he emphasizes. Under no mi- business, in view of the characteristics of the
national market, whether nimum price protection system, the growers commodity, scale gains are needed”, he re-
because of the Vietnamese deliver their conilon to the industries without commends.

81
Inor Ag. Assmann

Pesquisa RESEARCH

82
Para
esfriar
Pesquisa dimensiona a emissão de gases do efeito estufa na
cafeicultura para verificar como diminuir o seu impacto ambiental

H
Historicamente os centros de pes- a qualidade do café, mas, ao mesmo na Cafeicultura, realizada de setembro
quisa buscaram na eficiência dos in- tempo, reduzir a contribuição do setor de 2009 a agosto de 2010, mostrou que
sumos e no melhoramento genético para o aquecimento global. a atividade não é uma grande emissora
formas de ampliar a produção de café. A pesquisa, desenvolvida em Minas de GEE se comparada a outras cultu-
Desde a “Revolução Verde” as pes- Gerais, Estado que concentra dois terços ras. O coordenador do estudo, Carlos
quisas sobre o desempenho da planta da safra nacional do grão, é coordenada Clemente Cerri, argumenta que outros
estiveram ligadas ao desenvolvimento pelo especialista em mudanças climáti- grãos emitem de três a quatro vezes
e às dosagens de fertilizantes que asse- cas Carlos Clemente Cerri, pesquisador mais. Sustenta, contudo, que é possível
gurassem a expressão máxima do po- do Cena/USP. As análises, seguindo pa- reduzir as emissões da cafeicultura.
tencial produtivo das cultivares. drões internacionais, foram concentra- Entre os resultados preocupantes da
No entanto, à medida que cresce a das em três regiões mineiras: o Cerrado, pesquisa está o fato de o uso de adu-
preocupação da ciência com o aqueci- no município de Presidente Olegário; bação nitrogenada ter enorme impacto
mento global e os fenômenos relaciona- Matas de Minas, em São João de Ma- sobre as emissões da produção cafeeira.
dos ao clima, os conceitos mudam e no- nhuaçu; e Sul de Minas, nas fazendas Esse tipo de adubação libera N2O, gás
vos desafios surgem para a cafeicultura. de Cabo Verde. Nesses locais, o estudo que muito contribui para agravar o efei-
É preciso evoluir em produção e quali- identificou os maiores focos de emissão to estufa. Nas Matas de Minas, 78% das
dade, mas também reduzir ou compen- de gases como o dióxido de carbono emissões analisadas são provenientes
sar a geração de gases do efeito estufa (CO2), o metano (CH4) – 25 vezes mais do uso de adubos com nitrogênio em
e seu impacto ambiental. Nesse sentido, potente que o CO2 – e o óxido nitroso sua composição; no Cerrado, respon-
estudos estão em andamento no Brasil. (N2O), 300 vezes mais forte que o CO2. dem por 75%; e, no Sul de Minas, por
Os primeiros diagnósticos do Inven- A liberação dos gases ocorre ao lon- 50%. A vantagem do Sul está no maior
tário de Emissão de Gases do Efeito Estufa go do processo produtivo: do plantio uso de adubação organomineral.
(GEE) na Cafeicultura foram divulgados ao beneficiamento, passando por co- O diagnóstico indica que a utilizacão
em março de 2011 pela empresa illyca- lheita, transporte e secagem. A conclu- de calcário, combustíveis fósseis e eletri-
ffè e pelo Centro de Energia Nuclear na são inicial é de que as principais fontes cidade tem contribuição menor para o
Agricultura da Universidade de São de emissão se concentram no solo e em total de gases emitidos na comparação
Paulo (Cena/USP), que, em parceria, resíduos decorrentes da cafeicultura. com os fertilizantes. Levando em con-
desenvolvem o estudo inédito. O pro- “Em breve essa informação será exi- sideração a intensidade das emissões
jeto identifica as emissões com a meta gência do mercado. Estamos nos ante- em CO2 equivalente, o Cerrado lidera o
de desenvolver medidas que reduzam cipando”, afirma Cerri. ranking. Nesta região, constatou-se que
o seu impacto e ampliem a fixação de são lançadas na atmosfera 4,95 tonela-
carbono. O objetivo é ajustar o manejo CONSIDERAÇÕES A con- das de dióxido de carbono (CO2 eq) por
da lavoura – e, futuramente, da cadeia clusão da primeira fase do Inventário de hectare. Na Zona da Mata, são 2,83 t/ha
produtiva – sem afetar a produção e Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) e no Sul de Minas, 2,03 t/ha.

83
down Cooling
Historically, most research centers have been seeking
manners to expand the production of coffee through input
efficiency and genetic enhancement. Since the “Green Revo-
lution” research works into the performance of the plant have
been linked to the development and fertilizer proportions able
to ensure the maximum expression of the production potential
of the cultivars.
CONSIDERA-
TIONS The conclusion of
the first phase of the Gree-
nhouse Gas Emission Inven-
tory (GEE) in Coffee Farming,
held from September 2009 to
August 2010, showed that
Nonetheless, as there is mounting concern regarding the activity is not a relevant
global warming and all phenomena related to the climate, producer of Greenhouse Ga-
concepts tend to change and coffee farming has to face new ses if compared to other crops.
challenges. There is a need to improve both quality and pro- The coordinator of the study,
duction, but the generation of greenhouse gases must also Carlos Clementi Cerri, argues
be reduced or compensated, thus reducing the impact on that other cereals release three
the environment. Within this context, there are studies un- to four times more gas. Howe-
derway in Brazil. ver, he maintains that it is pos-
The first diagnoses of the Greenhouse Gas Emission In- sible to reduce the emissions in
ventory (GEE) of Coffee Farming were disclosed in March coffee farming operations.
2011 by the Illycaffé company and by the Agriculture Nu- Among the worrying re-
clear Energy Center of the University of São Paulo (Cena/ sults of the research is the fact
USP), which, in partnership, developed this unprecedented that the use nitrogen-based
study. The project identifies the emissions with the target to fertilization has an enormous
develop measures that reduce their impact and intensify the impact on the emissions deri-
fixation of carbon. The goal is to adjust field management ved from coffee plantations. This
practices – and, in the future, the production chain –wi- type of fertilization releases N20,
thout affecting the quality of the coffee and its production a type of gas that aggravates the
volumes, but, at the same time, diminish the sector’s share effects of the greenhouse gases.
in global warming In Mata de Minas, 78% of all
The research work, conducted in Minas Gerais, State that analyzed emissions stem from the
concentrates two thirds of the national coffee crop, is coordi- use of fertilizers that contain ni-
nated by Cena/USP researcher Carlos Clemente Cerri, spe- trogen in their composition; in the
cialist in climate changes. The analyses, complying with in- Cerrado region, they account for
ternational standards, were focused on three regions in Minas 75%; and, in South Minas Gerais,
Gerais: Cerrado, in the county of Presidente Olegário; Matas for 50%. The South enjoys an advan-
de Minas, in São João de Manhuaçu; and Sul de Minas, on tageous position because of the use of
the Cabo Verde farms. In these locations, the study identified organomineral fertilizers.
the biggest emission centers of such gases as carbon dioxide The diagnosis points out that the use
(CO2), methane (CH4) — 25 times as powerful as CO2 — of lime, fossil fuels and electricity represents
and nitrous oxide (N2O), 300 times as strong as CO2. a smaller share in total gas emissions, com-
The liberation of the gases takes place along the producti- pared to fertilizers. Taking into consideration
ve process: from planting to processing, going through har- the intensity of CO2 emissions equivalent, The
vest, transport and drying. The initial conclusion is that the Cerrado region comes first. In this region, it was
main sources of emissions are concentrated on the soil and ascertained that 4.95 tons of carbon dioxide (CO2
in wastes from coffee farming operations. “Soon this piece of eq.) per hectare are launched into the air. In Zona da
information will be required by the market. “We are acting Mata, it is 2.83 thousand tons and in Minas, 2.03 thousand
in advance”, Cerri says. tons per hectare.

84
Sílvio Ávila
Research dimensions the emission of greenhouse gases by coffee farming
operations to verify how to reduce the environmental impact of the activity

85
Sequestro O
festejado
Além de identificar as emissões de gases da cafeicultura,estudo verifica
quanto de carbono é fixado na atividade e como melhorar essa equação
Inor Ag. Assmann

86
O O diagnóstico do Inventário de Emissão
de Gases do Efeito Estufa (GEE) na Cafeicul-
tura indica conclusões importantes sobre
medidas capazes de minimizar o impac-
to ambiental e a contribuição da cadeia
produtiva para o aquecimento global. O
coordenador do estudo e pesquisador do
Centro de Energia Nuclear na Agricultu-
ra da Universidade de São Paulo (Cena/
USP), Carlos Clemente Cerri, diz que re-
duzir a emissão de gases na cafeicultura,
como a do óxido nitroso (N2O), exigirá
ajustes no sistema produtivo.
nas entrelinhas do café e/ou em quebra-
ventos nas áreas de produção. São prá-
ticas capazes de imobilizar o CO2 da
atmosfera ao fixar o carbono nas árvores.
O uso da madeira para fabricar móveis
ou na construção civil mantém o dióxido
de carbono aprisionado, eliminando a
produção do gás.
A evolução do uso de máquinas nos
procedimentos da lavoura e o transporte
também ampliam a queima de combus-
tíveis derivados de petróleo. Nesse caso,
os pesquisadores recomendam substituí-
Ao final, a pesquisa indicará o volu-
me total de gases emitidos, menos o car-
bono fixado, com um resultado real. Os
comparativos são feitos entre as lavou-
ras de café, a mata nativa – antigamente
derrubada para formar as lavouras – e
as pastagens, substituídas por cafezais
atualmente. Nesse caso, são comparadas
as mudanças do estoque de carbono. As
pesquisas de campo estão em fase final
de contagem nos laboratórios e são foco
de teses de doutorado e dissertações de
mestrado da universidade, que forne-
Uma saída é o uso de fertilizantes com los por etanol, medida capaz de gerar cerão base importante às pesquisas e às
inibidores. “É o caso da adoção de insumo economia de até 70% nas emissões de práticas recomendadas à cadeia produti-
com inibidores de uréase (enzima responsá- CO2 em uma propriedade. “O etanol é va para minimizar o impacto da cultura
vel por decompor a ureia em amônia), nitrifica- considerado um produto neutro, pois o no aquecimento global.
ção (processo formador de nitrito no solo pela gás emitido no cultivo da matéria-prima “Com esses resultados saberemos o
ação de bactérias) e desnitrificação (formação é compensado pela baixa emissão na for- volume médio emitido e capturado de
de gás nitrogênio a partir de outras substâncias ma do combustível”, explica Cerri. carbono, o que será importante para en-
que também sofrem ação de bactérias)”, cita. contrar formas de conciliar rendimento,
Para Cerri, o diagnóstico evidencia CARBONO Na segunda fase das produção e sustentabilidade da cafeicul-
que técnicos e produtores devem ade- pesquisas de campo do Inventário de tura mineira e, mais adiante, do Brasil”,
quar as doses, as fontes e a forma de Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) na relata Cerri. Para o pesquisador, a partir
aplicação desse insumo. Uma solução é Cafeicultura, desenvolvido pelo Cena/ de trabalhos como este pode se tornar
seguir o exemplo da cafeicultura do Sul USP, com apoio da empresa illycaffè, possível a fixação de carbono em outras
de Minas Gerais, onde há maior uso de serão incluídos dois fatores que comple- áreas do ciclo produtivo. Dessa forma, o
fertilizantes organominerais, o que reduz tam a equação que determina o índice de Brasil seria capaz de atingir a produção
custos, dá mais rendimento e diminui a emissões de GEE. O estudo irá mensurar de um café com carbono zero, o suficiente
geração de gases. “Adotar máquinas e o carbono do solo e da biomassa para para torná-lo um referencial diferenciado
formas de energia mais eficientes tam- identificar o total fixado. “Os primeiros na cafeicultura mundial. Os cálculos não
bém é importante”, acrescenta. resultados identificaram o volume emi- devem parar nesta amostragem e deve-
As medidas capazes de minimizar as tido, mas agora vamos mostrar quanto rão alcançar outras áreas da cadeia pro-
emissões de gases do efeito estufa na pro- é sequestrado para ter um resultado lí- dutiva, como o beneficiamento. Os resul-
dução de café também podem incluir o quido”, explica Carlos Clemente Cerri, tados da segunda fase de estudos devem
sombreamento, com o cultivo de árvores coordenador do estudo. ser divulgados até agosto de 2011.

87
Sequestration
celebrated
Sílvio Ávila

88
Besides identifying greenhouse gas
emissions from coffee plantations, study
ascertains how much carbon is fixed in
the activity and how to improve this equation
The diagnosis by the Inventory of Greenhouse Gas Emissions (GEE) in Coffee Farming reaches
relevant conclusions on measures able to minimize the environmental impact and the production
chain’s share in global warming. The coordinator of the study and researcher with the Center for
Nuclear Energy in Agriculture of the University of São Paulo (Cena/USP), Carlos Clemente
Cerri, maintains that if it comes to reducing gas emissions in coffee farming, like nitrous oxide
(N2O), adjustments in the production system will have to be implemented.
A way out could be the use of fertilizers with inhibitors. “It is the case of inputs with urease
inhibitors (enzyme that decomposes urea into ammonia), nitrification (process that creates nitri-
tes through nitrobacteria action) and denitrification (a process that produces nitrogen gas from
substances under the action of bacteria), he explains.
Cerri takes it that the diagnosis makes it clear that technicians and producers should adjust
the doses, the sources and the manner the input is applied. A solution could come from the
coffee plantations in South Minas Gerais, where organo-mineral fertilizers are lushly applied,
because they lower costs, boost yields and reduce gas emissions. “The use of more efficient
machinery and energy sources is also a factor”, he adds.
The measures capable of minimizing greenhouse gas emissions in the production of
coffee could also include shade coffee plantations where the plants grow under the canopy
of shade trees planted within the rows and/or protected by windbreaks. These practices
could immobilize the CO2 of the atmosphere by fixing the carbon in the trees. The use of
the timber for manufacturing furniture in civil construction arrests the carbon dioxide,
eliminating the production of gas.
The ever-soaring use of machinery for cultural practices and transport purposes also
increase the amount of fossil fuels burned in these operations. In this case, researchers
recommend their replacement with ethanol powered engines, a move that could reduce
greenhouse gas emissions by up to 70% on the farm. “Ethanol is viewed as a neutral fuel,
since the gas produced by the raw material is compensated by the low emission rates in its
fuel state”, Cerri explains.

CARBON In the second stage in the Field experiments of the Inventory of Gree-
nhouse Gas Emissions (GEE) in Coffee Farming, developed by Cena/USP, under support
from illycaffè, a coffee company, two factors that complete the equation that determines the
Gee index will be included. The study is set to measure the soil and biomass carbon levels to
identify the fixed amount. “The first results identified the volume, but now we are going to
show how much is sequestered for achieving a net result” explains Carlos Clemente Cerri,
coordinator of the study.
At the end, the research will show the total volume of gases, except the fixed carbon, with
a real result. The comparisons are conducted between coffee plantations, native forests – in
the past cut down for the establishment of fields – and pasturelands, currently replaced by
coffee fields. In this case, the changes in carbon stocks are compared. The field experiments are
now in their counting phase in the labs and are used as subjects for PhD and Master Degree
theses in universities, which, in turn, will furnish an important base for the research works,
along with recommendations to the production chains on how to minimize the impact of the crop
on global warming.
“From these results we will learn about the amount of gas emissions and sequestered carbon, which
will play a relevant role in the process of coming up with formulas for equating yields, production volu-
mes and sustainability of coffee farming in Minas Gerais and, later, in Brazil”, Cerri notes. The researcher
understands that on the grounds of such research works it might make carbon fixation possible in other areas of
the production cycle, leading Brazil to achieve a stage in which coffee is produced at zero carbon levels, quite a good
chance for turning it into a distinct reference in global coffee farming. The calculations are not to stop at this sampling
operation and are likely to reach other areas in the production chain, like processing, for example. The results of the second phase
of the study are due to be published by August 2011.

89
Livre
escolha
IAC encaminha o registro de
três novas cultivares de café arábica,
que se destacam pelo porte baixo

O
e pela qualidade da bebida

Os produtores brasileiros contarão em breve com três no-


vas cultivares de café arábica desenvolvidas pelo Instituto
Agronômico de Campinas (IAC) para ampliar a tecnologia
das lavouras. São variedades com características importantes
Sílvio Ávila

para a cultura, como alta produtividade, porte baixo, ótima


qualidade de bebida e resistência a doenças. O pesquisador
Oliveiro Guerreiro Filho, do Centro do Café do IAC, explica
que a fase é de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa). Contudo, elas estarão disponíveis
para a produção de sementes e mudas em todas as regiões
cafeeiras do Brasil na safra 2012. regiões, identificadas com demandas da indústria e do consu-
As variedades lançadas pelo IAC são Tupi RN IAC 1669- midor”, destaca o pesquisador. A adoção, assegura, é lenta e
13, Ouro Verde IAC H 5010-5 e Obatã Amarelo IAC 4739. O gradual. “O produtor planta uma área pequena, experimenta,
pesquisador ressalta que duas, Tupi e Obatã Amarelo, são e só aumenta de acordo com os resultados das primeiras sa-
resistentes à ferrugem, principal doença do cafeeiro. Essa ca- fras e a qualidade da bebida.”
racterística genética pode reduzir em 10% o uso de defensivos
agrícolas, com menor custo de produção e impacto ambiental. DIFERENCIAIS Pelo porte baixo, as novas cultiva-
A cultivar Tupi também é resistente ao nematoide Meloidogyne res do IAC facilitam a colheita, reduzindo o custo de mão de
exigua, espécie mais disseminada nos polos de produção na- obra, e garantem o cultivo de mais plantas por área. A Tupi é
cional, o que a torna alternativa importante aos cafeicultores. a mais precoce na maturação dos frutos, seguida da Ouro Ver-
As cultivares têm produtividade média entre 40 e 60 sa- de, com ciclo médio, e da Obatã Amarelo, de médio a tardio.
cas por hectare de café beneficiado em áreas irrigadas, para Dessa forma o cafeicultor pode colher em períodos diferentes,
as quais são especialmente recomendadas. Nas regiões não com uma gestão mais eficiente da mão de obra e dos recursos
irrigadas, o rendimento varia entre 30 e 45 sacas por hectare. de colheita.
Guerreiro Filho relata que 75% da produção nacional é do tipo A qualidade das bebidas também é um ponto fundamen-
arábica, dos quais 45% utilizam a variedade Catuaí e 35% a tal dos novos materiais. Se um ranking fosse feito com essas
Mundo Novo, lançadas nas décadas de 1970 e 1950, respec- cultivares, segundo o pesquisador Oliveiro Guerreiro Filho,
tivamente. do IAC, a Ouro Verde ficaria na primeira posição, com quali-
“Apesar de o cafeicultor ser tradicional na escolha das dade de bebida considerada excelente. As outras duas viriam
plantas, os centros de pesquisas lançam variedades cada vez logo atrás, classificadas com boa qualidade. “Todas são boas,
mais adaptadas às características agronômicas e climáticas das mas há pequenas variações”, explica o pesquisador.

90
Oliveiro Guerreiro Filho, of the IAC
Coffee Center, explains that the time
has come to register the varieties
with the Ministry of Agricultu-
re, Livestock and Food Supply
(Mapa). Nevertheless, they will
be available for the production of
seeds and seedlings in all coffee
producing regions across Bra-
zil in the 2012 crop year.
The varieties launched by
IAC are Tupi RN IAC 1669-
13, Ouro Verde IAC H
5010-5 and Obatã Amarelo
IAC 4739. The researcher
points out that two of them,
Tupi and Obatã Amarelo,
are resistant to rust, a ma-
jor coffee tree disease. This
genetic trait could reduce
by 10% the use of agroche-
micals, resulting into smal-
ler production cost and lo-
wer environmental impact.
The Tupy cultivar is also
resistant to the Meloidogyne
exígua nematode, the most
disseminated strain in the na-
tional production hubs, turning
it into an important alternative
for the coffee growers.
Average productivity rates of the
cultivars range from 40 to 60 sacks of
processed coffee per hectare in irrigated areas,
for which there are particularly recommended. In
the non-irrigated regions, the yield reaches from 30 to 35
sacks per hectare. Guerreiro Filho maintains that 75% of the national

choice Free
production is Arabica coffee, of which, 45% come from the Catuaí variety
and 35%, Mundo Novo, launched in the 1970s and 1950s, respectively.
“Although growers continue very traditional in their choice of the
plants, research centers always launch varieties more and more adapted to
the agronomic and climatic characteristics of the regions, identified throu-
gh demands from the industry and from the consumers”, the researcher
explains. The adoption of a variety, he says, is slow and gradual. “Growers
plant a small area as a trial field, and expand the plantations according to
the results of the first crops and the quality of the beverage is also a factor”.

IAC is registering three new DISTINCTIONS Because of their small size, the IAC culti-
vars facilitate the harvesting operations, reduce labor costs and allow for
cultivars of Arabica coffee and bigger number of plants per area. Tupi is the most premature variety if
they stand out for their small size fruit maturation is considered, followed by Ouro Verde, with a medium
cycle, and by Obatã Amarelo, from medium to long cycle. This makes it
and quality of the beverage possible for the farmers to harvest in different periods, making a better use
of labor and other resources.
Beverage quality is also a basic trait of the new cultivars. If we ranked
The Brazilian coffee producers will soon have three new Arabica co- these new cultivars in order of importance, says researcher Oliveiro Guer-
ffee cultivars developed by the Agronomic Institute of Campinas (IAC) reiro Filho, of IAC, Ouro Verde would be n° one, with the quality of the
for the purpose of expanding field technologies. These are varieties that beverage considered excellent. The other two would come next, classified
carry important traits for the crop, like high productivity rates, small as good quality. “All of them are good, but there are minor variations”,
size, excellent beverage quality and resistance to diseases. Researcher the researcher explains.

91
Caça
tesouro
ao
Programa de Cafés Especiais
do IAC visa a acelerar o
desenvolvimento de materiais e Inor Ag. Assmann
prioriza a seleção de plantas com

O
qualidade de bebida superior

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à


Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, lançou em maio de 2011, na abertura da safra paulista,
o Programa de Cafés Especiais. Segundo o pesquisador do
instituto Gerson Silva Giomo, o programa tem por meta com-
plementar ações do melhoramento genético convencional do
cafeeiro desenvolvido pelo Centro de Café do IAC.
Serão concentrados esforços de diferentes áreas de pesqui-
sas, como pré e pós-melhoramento, para acelerar a obtenção de características qualitativas e vanta-
cultivares de café arábica adaptadas aos diversos ambientes de gens em relação ao tamanho do grão e à bebida se comparadas
produção, com maior aptidão genética para produzir bebidas às testemunhas, além de produtividade igual ou superior. Con-
especiais com perfil sensorial diferenciado em sabor e aroma. siderando-se a diversidade do Banco de Germoplasma do IAC,
“O objetivo é garantir qualidade ao café, da semente à xícara”, existem inúmeras características que podem ser exploradas nas
diz o pesquisador. novas cultivares, com potencial para produzir cafés superiores.
A iniciativa une pesquisadores, produtores, torrefadores e “São matérias-primas que possuem atributos sensoriais distin-
comerciantes com a meta de aprimorar a qualidade do produto tos, nos quais destacam-se aroma, sabor, doçura, corpo e acidez
brasileiro. Além desse diferencial, o programa prevê o desenvolvi- da bebida”, frisa.
mento de novas cultivares em prazo menor que os até 30 anos do Ele explica que o programa se distingue de outras iniciativas
sistema convencional. Com técnicas modernas de seleção e propa- por priorizar a qualidade de bebida e o perfil sensorial diferen-
gação de plantas, esse prazo poderá ser reduzido à metade. ciado na seleção de plantas. “Em outros programas a qualidade
Aprevisão é desenvolver, inicialmente, três tipos de café para da bebida fica por último ou sequer é avaliada”. Diz ainda que
filtro (coador) e outros três para espresso. São grãos obtidos de há materiais resgatados e outros desenvolvidos a partir de no-
cultivares ainda em fase de melhoramento genético, incluindo vas combinações genéticas.
as de alta qualidade de bebida, como o Bourbon Amarelo. Os Os grãos especiais se diferenciam pela qualidade superior
híbridos em seleção foram obtidos a partir de materiais nacio- da bebida. São cafés finos, aromáticos, agradáveis ao paladar e
nais e importados, com foco no produto com aroma e sabor di- sem defeitos. Quanto mais complexo e diferenciado for o perfil
ferenciados das cultivares comerciais. Participaram da forma- sensorial, maior o valor no mercado. Bem preparados, não re-
ção variedades como Bourbon (vermelho e amarelo), Caturra, querem qualquer aditivo para serem consumidos. É uma bebi-
Catuaí, Icatu, Obatã e Mundo Novo, entre outras. da que se ingere pura, sem adição de açúcar, leite, chocolate ou
De acordo com Giomo, os materiais em seleção têm boas outro complemento.

92
hunting
Treasure
to, initially, produce three
types of filter coffees and
three others for espresso.
These are beans that come
from cultivars still in the
genetic enhancement
phase, including the
ones for high quality
beverage, like
Bourbon Ama-
relo. The selected
hybrids came from
national and impor-
ted strains, focused
on products with
aroma and flavor
distinct from com-
mercial cultivars.
The following
varieties are inclu-
ded in the process:
Bourbon (red and
yellow), Caturra,
Catuaí, Icatu, Obatã
and Mundo Novo,
among others.
According to Gio-
mo, the materials under
selection present excellent
qualitative traits and advan-
tages with regard to bean size
and to the beverage if compared to
the counterparts, besides equal or superior
productivity. Considering the diversity of the
the conventional coffee IAC program, there are countless traits that
tree genetic enhancement developed by the could be explored in the new cultivars, with the
IAC Coffee Center. potential to produce premium coffees. “These
IAC’Specialty Coffees Concerted efforts will include different are raw materials with distinct sensory attri-
Program intends research areas like pre and post-enhancement butes, especially aroma, flavor, sweetness, body
to speed up the to speed up the creation of new Arabica coffee
cultivars, adapted to various production en-
and acidity”, he explains.
He makes it clear that the program is diffe-
development of vironments, with improved genetic aptitude rent from other initiatives in that it lends priority
cultivars and gives for the production of special beverages, with a
different sensory profile both in aroma and fla-
to the quality of the beverage and to the distinct
sensory profile in the selection process of the
priority to plants vor. “The goal is to make sure the quality of the plants. “In other programs the quality of the be-
coffee is preserved, from seed to cup”, says the verage comes last, or is not considered”. He also
that yield superior researcher. recalls that there are rescued materials and others
quality beverage The initiative brings together researchers, developed from new genetic combinations.
producers, coffee roasting industries and mer- What makes a difference with special beans
chants with the target to enhance the quality of is the superior quality of the beverage. These
The Agronomic Institute of Campinas the Brazilian product. Besides this distingui- coffees are fine, aromatic, pleasant to the palate
(IAC), linked to the Secretariat of Agriculture shed trait, the program is set to come up with and flawless. The more complex and distinct
and Supply of the State of São Paulo, launched the development of new cultivars in a shorter the sensory profile, the bigger the market va-
the Specialty Coffees Program at the start of the period of time compared to the 30 years in the lue. If well prepared, they will not require any
season in São Paulo, in May 2011. According conventional system. Relying on modern plant additive for consumption. It is beverage that is
to Gerson Silva Giomo, researcher of the insti- selection and propagation technology, this ti- ingested pure, without sugar, milk, chocolate or
tute, the target of the program is to complement meframe could be reduced by half. The Idea is other component.

93
Preparadas
para o calor
Iapar desenvolve variedades
adaptadas às mudanças climáticas
geradas pelo aquecimento global

E Em seu programa de melhoramento genético, que integra o


Modelo Tecnológico de Café Adensado, o Instituto Agronômi-
co do Paraná (Iapar) está desenvolvendo cultivares adaptadas à
seca e ao calor, antevendo o aumento das temperaturas médias
globais decorrentes do aquecimento global. O coordenador do
Programa de Melhoramento Genético de Café da instituição,
Tumoru Sera, destaca que esta é apenas uma das linhas de pes-
quisa, que também tem foco em qualidade de bebida, produ-
tividade, mecanização da lavoura e resistência a doenças e ne-
matoides. Soma-se à proposta um sistema de manejo capaz de
minimizar os riscos e os danos da geada e de fortes oscilações
da temperatura.
O projeto de adaptação das cultivares à seca e ao calor tem
da que ferramentas da biotecnologia, como marcadores mole-
culares, passarem a ser usadas associadas ao suporte de cultiva-
o apoio do Consórcio de Pesquisa do Café. “A partir de retro- res híbridas e clonagem. Assim, será possível reduzir o tempo
cruzamentos tradicionais do Coffea arabica com Coffea canephora gasto na produção de cultivares do tipo linhagem de 30 anos
e Coffea liberica, mantendo as características de bebida do ará- para oito a 12 anos. Das 13 cultivares que o Iapar registrou no
bica, mas transferindo a robustez, a rusticidade e a adaptabili- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
dade das outras espécies ao ambiente, chegamos a excelentes três são oriundas de cruzamento com o C. liberica e 11 com o
resultados”, afirma Sera. “Foram geradas 13 cultivares arábicas C. canephora, mas que ainda exigem pesquisas complementares
com genes dessas espécies, sendo quatro delas potencialmen- sobre o grau de adaptabilidade em ambiente quente e seco. Es-
te adaptadas às regiões mais quentes e secas, com variação de tudos para aproveitamento de características de germoplasma
média climática até dois graus acima do atual limite superior portador de genes da espécie Coffea racemosa com 93% de genes
de 23ºC anuais do café arábica, isto é, 25ºC.” O trabalho é desen- de arábica, ainda mais adaptada à seca e ao calor e com resis-
volvido há mais de 30 anos. tência ao bicho mineiro, também estão em andamento. “Nesse
No estudo constatou-se que a espécie C. liberica tem raízes caso a tolerância será maior”, destaca o pesquisador.
mais robustas que, mesmo frente às adversidades ambientais, A faixa de adaptação das cultivares de arábica é de tempera-
são capazes de nutrir com eficiência a planta. Essa é uma das turas médias de 20ºC a 21ºC, com margens inferiores de 18ºC a
características genéticas desejáveis para fortalecer as cultivares 19ºC e superiores de 22ºC a 23ºC. Sera observa que, “se o aque-
de arábica por tecnologia tradicional (não transgênica), além da cimento global elevar essas médias para 24ºC a 25ºC, afetará
resistência a doenças e pragas. Em produtividade, característi- a produção. Daí a busca por variedades resistentes que agre-
cas de fruto e qualidade de bebida, no entanto, mantém-se os guem características desejáveis, como qualidade de bebida, re-
padrões das melhores plantas arábicas do Brasil. sistência a doenças, pragas e produtividade”. Para a próxima
Na avaliação de Sera, este é um avanço significativo para a década, confirmadas as previsões de aquecimento do planeta,
cafeicultura no Paraná, que deve se tornar mais efetiva à medi- os cruzamentos com C. canephora e C. liberica serão suficientes;

94
Inor Ag. Assmann
mas no caso de uma piora da previsão, as experiências com C. entre 23ºC e 25ºC, têm ciclo até 20% mais tardio que as principais
racemosa serão a base da adaptação de novas cultivares, num cultivares usadas no Brasil. O sistema de manejo desenvolvido
prazo que vai de 10 a 15 anos. pelo Iapar, com zoneamento climático por cultivar e população
de plantas, estabelece padrões que minimizam o risco de danos
REFORÇO Das 13 cultivares arábica registradas pelo Ia- por geadas, pois no início de junho estão com 80% ou mais frutos
par, foram lançadas quatro: Iapar 59, IPR 98, IPR 99 e IPR 103. maduros e favorecem colheita mecanizada. O ciclo maior agrega
Nenhuma delas, porém, foi difundida para plantio em larga rendimento. Plantas com essa característica têm um robusto sis-
escala, resumindo-se ao cultivo em testes de campo. As va- tema de raízes, mais eficiente na absorção de nutrientes.
riedades, testadas nas quatro últimas safras sob temperaturas Sera destaca que só as cultivares não bastam para obter me-
médias de 22ºC a 23ºC, indicam boa produtividade, menores lhores resultados na lavoura. “Trabalhamos com todo o siste-
danos causados por seca e calor, melhor adaptação do que a ma de produção, de pequenas propriedades a megafazendas,
cultivar Catuaí e muito boa qualidade de bebida. preferencialmente com café adensado e processos mecanizados
Em 2011, o Iapar lançará a cultivar IPR 100, arábica com ge- adequados à realidade de cada propriedade”, diz. Ele observa
nes do Coffea liberica. A maturação é uniforme, com característi- que o maior problema visualizado pelos cientistas até o mo-
cas da Catuaí e resistência até 10% maior ao estresse climático. mento não é apenas a elevação das temperaturas médias, mas
O novo material é indicado a regiões com temperatura média o efeito sobre a regularidade na distribuição das chuvas. “Atu-
acima de 21ºC a 23ºC, o que inclui a região do Arenito Caiuá, almente, se nota que a média é igual, mas as chuvas são concen-
no Paraná. A região tem solo arenoso, com menor capacidade tradas e intensas, enquanto a seca é prolongada. A quebra do
de retenção de água, característica que afeta o enchimento de ciclo das águas representa mais riscos. Quando chove demais,
grãos e a produtividade. “A adaptação à seca e ao calor é im- são as doenças. Quando estia, pragas e falta de enchimento do
portante por agregar produtividade pela melhor nutrição da grão”, explica. A outra variedade resultante do cruzamento do
planta”, diz Tumoru Sera, melhorista do Iapar. C. arabica com o C. liberica é a IPR 105, que tem expectativa de
As variedades adaptadas a uma temperatura média superior, ainda melhor adaptação ao calor.

95
Bracing
for hot
weather
In its genetic enhancement program, which part of the Technologi-
cal Model for Dense Coffee Fields, the Agronomic Institute of Paraná
(Iapar) is developing cultivars adapted to drought conditions and hot
weather, anticipating the higher average global temperatures induced
bearing the genes of
the Coffea racemosa,
with 93% of coffee
Arabica genes, more
by global warming. The coordinator of the Coffee Genetic Enhance- adapted to hot weather,
ment Program of the institution, Tumoru Sera, mentions that this is drought conditions and
just one research line, which is also focused on beverage quality, pro- to the leaf miner, are
ductivity, adjustment to field mechanization and resistance to nema- also being conducted.
todes and diseases. Furthermore, there is a management system able to “In this case there will be
minimize risks and damages induced by frost conditions and by sharp a wider range of toleran-
temperature oscillations. ce”, says the researcher.
The project focused on adapting the cultivars to drought conditions The adaptation range of
and warm temperatures relies on support from the Coffee Research the Arabica cultivars varies
Consortium. Based on traditional retro-crossings of Coffea arabica with from average temperatures of
Coffea canephora and Coffea liberica, maintaining the characteristics of 20ºC to 21ºC, with lower mar-
the Arabica-based beverage, but transferring the sturdiness, rusticity gins of 18ºC to 19ºC and upper
and adaptability of the other species to the environment, we achieved margins of 22ºC to 23ºC. Sera ob-
excellent results”, says Sera. “In all, there are 13 Arabica cultivars, and serves that, “if global warming raises
four of them are potentially adapted to the warmest and driest regions, these average temperatures to 24ºC or
with average climate changes of up to two degrees above the current 25ºC, it will affect production. This explains
upper limit, of the annual 23ºC of the Arabica variety, that is to say, the search for resistant varieties with desirable
25°C”. The work has been conducted for more than 30 years. characteristics, like beverage quality, resistance to dise-
The study ascertained that the C. liberica species has more robust ases and pests, plus productivity”. For the coming decade, if the
roots, which, although facing environmental adversities, is capable of predicted warmer temperatures of the planet confirm, the crossings with
efficiently nourishing the plant. This is a desirable trait for strengthe- C. canephora and C. liberica will be sufficient; but in the case the forecast
ning the Arabica cultivars through traditional technology (non-trans- temperature is surpassed, the experiments with C. racemosa will turn
genic), besides the resistance to diseases and pests. In terms of produc- into the basis for adapting new cultivars, over a 10 to 15 year period.
tivity, fruit traits and quality of the beverage, it keeps the standards of
the best Arabica plants in Brazil. REINFORCEMENT Of the 13 Arabica cultivars registe-
In Sera’s view, this represents a significant step forward for the co- red by the Iapar, four have so far been launched: Iapar 59, IPR 98, IPR
ffee farming business, which should become even more effective once 99 and IPR 103. None of them, nevertheless, have been released for
biotechnology tools, like molecular markers, are used associated with commercial operations, as they are still in their field trial stage. The
the support from hybrid cultivars and clones. Therefore, it will be pos- varieties, tested over the past four crops under average temperatures
sible to reduce the time for developing cultivar strains from 30 to 12 ye- of 22ºC to 23ºC, point to good productivity rates, less damage caused
ars. Of the 13 cultivars registered Iapar in the Ministry of Agriculture, by drought conditions and hot weather, better adapted compared to the
Livestock and Food Supply (Mapa), three come from crossings with the Catuaí cultivar and very good beverage quality.
C. liberica and 11 with the C. canephora, but still require complementa- In 2011, the Iapar will launch the IPR 100 cultivar, Arabica with
ry research works regarding their adaptability to hot and dry environ- Coffea liberica genes. The maturation process shows uniformity, with
ments. Studies for taking advantage of the germ plasm characteristics the characteristics of the Catuaí and resistance up to 10% higher to cli-

96
Sílvio Ávila
Iapar develops varieties able to sustain climate
changes induced by global warming

root system, and are


more efficient at nutrient absorption.
mate stress. The new variety is recommended for regions with average Sera recalls that cultivars alone are not enough to yield good field
temperatures above 21ºC to 23ºC, which includes the region of Arenito results. “We involve the entire production system, from small-scale fa-
Caiuá, in Paraná. Sandy soil predominates in the region, with smal- mily operations to huge commercial farms, preferably with dense coffee
ler water retention capacity, characteristic that affects the grain filling plantations and mechanized processes, in line with the reality of every
process and productivity. “The capacity to endure drought conditions different farm”, he says. He observes, nonetheless, that a major problem
and hot temperatures is important in terms of adding productivity for up to the moment, detected by the scientists, is not only the higher ave-
better plant nutrition”, says Tumoru Sera, ameliorator with Iapar.  rage temperatures but the effect on the timely distribution of the rain-
The varieties adapted to higher average temperatures, between falls. “Nowadays, it is clear that the average temperature is the same,
23ºC and 25ºC, have a 20-percent longer maturing cycle compared to but the rainfalls are rather concentrated and very intense, while drou-
the main cultivars used in Brazil. The management system developed ght conditions tend to last longer. A rupture in the cycle of the rainfalls
by the Iapar, with climatic zoning per cultivar and plant population, represents more risks. In the case o excessive precipitation, diseases will
sets standards that minimize the risk of frost induced damages, seeing surface. Under drought conditions, it is pests and poor grain filling”,
that, in early June, over 80% of their fruit have already matured and he explains. The other variety resulting from the crossing of C. arabica
they respond well to mechanized harvesting. The longer cycle makes with C. liberica is known as IPR 105, which is expected to further im-
productivity soar. Plants that bear such characteristics have a robust prove its adaptation capacity to hot weather conditions.

97
Morro
acimaCultivar Paraíso,desenvolvida pela
Epamig,exige menos aplicações de defensivos e

R
é indicada para a cafeicultura de montanha
Resistência à ferrugem e ao nematoide, alta produtividade e excelente quali-
dade de bebida são algumas das características da cultivar Paraíso (MGH 419-1),
desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epa-
mig) para ambiente de montanha. Caracterizada por pequenas propriedades
e agricultura familiar, a cafeicultura de montanha tem entre suas limitações o
clima ameno e os terrenos em declive, que dificultam a mecanização. Nesses am-
bientes o manejo é feito, basicamente, por mão de obra familiar.
Adaptada às temperaturas amenas das regiões mais altas, a Paraíso tem na
resistência à ferrugem – uma das principais doenças do cafeeiro – e ao nematoi-
de um trunfo que facilita o manejo da lavoura, pois reduz a exigência de aplica-
ções manuais de defensivos. A resistência ao nematoide também permite seu
uso em renovação de área. Além disso, o porte baixo diminui o distanciamento
de plantio, melhorando o aproveitamento da área. O pesquisador Antonio Al-
ves Pereira, da Epamig Zona da Mata, revela que em diversas regiões de Minas
Gerais o material mostra elevado vigor vegetativo e produtividade acima das
variedades tradicionais.
Na Fazenda Experimental de Machado, região com média anual de tempe-
ratura abaixo dos 18°C, a cultivar mostrou bons resultados, o que se repete em
zonas com temperaturas superiores. Segundo Pereira, avaliações na Fazenda
Experimental da Epamig em São Sebastião do Paraíso (MG) apontaram que o
material teve melhor produtividade, com média de 61,1 sacas por hectare, em
oito colheitas.
Entretanto, alerta que o desenvolvimento inicial da variedade é lento se com-
parado à Catuaí. O pesquisador aconselha o cafeicultor a estudar bem as possi-
bilidades antes de inserir novo tipo de plantas em sua lavoura. “Recomenda-se
Inor Ag. Assmann

iniciar com pequenos talhões de diferentes cultivares antes de começar o plantio


em escala. Depois de três a quatro colheitas, deve-se avaliar os resultados e iden-
tificar aquela cultivar que melhor se adapta à sua realidade”, indica.
A Paraíso requer cuidados específicos no momento do plantio. É recomen-
dado o uso de sementes certificadas, compradas de instituições idôneas, para
ter garantia da pureza genética do material. Além disso, o solo deve passar por
correção e adubação baseadas em eficiente análise. A adubação de cobertura
também deve se basear na análise de solo, preferencialmente com uso associado
de matéria orgânica.

98
Uphill Paraíso Cultivar,developed by
Epamig,requires fewer chemical
applications and is recommended
for highland coffee farms
Resistance to rust and nematodes, high yield and excellent be-
verage quality are some of the characteristics of the Paraíso cultivar
(MGH 419-1), developed by the Agricultural Research Corpora-
tion of Minas Gerais (Epamig) for hilly areas. Very common in
small-scale farms and family farming operations, highland coffee
farming is influenced by such limitations as mild climate condi-
tions and steep terrain, which make mechanization very difficult.
In such environments most cultural practices are carried out by fa-
mily labor. Adapted to the mild climate conditions in the highlan-
ds, the Paraíso cultivar owes its success to its resistance to rust – a
major coffee plant disease – and to nematodes, as there is no need
for many manual chemical applications.
Its resistance to nematodes also makes it appropriate for area
renewal purposes. Furthermore, because of its small size no big
spacing between rows and plants is needed, leading to good use
of the area. Researcher Antonio Alves Pereira, of Epamig Zona da
Mata, maintains that in several regions across Minas Gerais the
cultivar boasts high vigorous vegetative Power and productivity
rates that exceed traditional varieties.
In an Experimental Farm located in Machado, region where
average annual temperatures remain below 18°C, the cultivar has
proved very efficient, a fact that is repeated in regions with higher
temperatures. According to Pereira, assessments carried out at
Epamig’s Experimental Farm in São Sebastião do Paraíso (MG)
attested to the higher-than-normal yield of this cultivar, with 61.1
sacks per hectare, on average, in eight consecutive harvests.
Nevertheless, he warns that the initial development stage of this
variety is low compared to the Catuaí cultivar. The researcher recom-
mends the coffee farmers to carefully evaluate the possible consequen-
ces, either bad or good, before introducing a new variety in their farm.
“The recommendation is for starting with small stretches of the new
cultivars before doing huge plantations. After three or four crops, the re-
sults should be evaluated in order to identify the cultivars that Best adap-
ted to the specific reality”, he notes.
Paraíso is a cultivar that requires special attention at planting time. The
recommendation is for using certified seed, purchased from acknowledged insti-
tutions, so as to guarantee genetic purity. Soil correction and fertilization, based on
careful analysis, are also a requirement. Sidedressing fertilization should also be based
on soil analysis, preferably with the associated use of organic matter.

99
Inor Ag. Assmann

Não passa nada


Equipamento desenvolvido pela Embrapa analisa com precisão
a pureza de cafés torrados e moídos e elimina riscos de fraude

E Em 2010, quando passou a vigorar


a Instrução Normativa nº 16/2010, que
definiu regras para medir impurezas e
a qualidade de bebida do café torrado e
moído, a preocupação da cadeia produ-
tiva era com os mecanismos de fiscali-
zação. A IN16, do Ministério da Agricul-
tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
estabeleceu três regras a serem  cumpri-
das para a comercialização interna e a
importação do café torrado e moído no
Brasil: percentual máximo de umidade
de 5%; percentual máximo em conjun-
to de impurezas, sedimentos e matérias
tor, que busca elevar a qualidade do café,
mas o grande gargalo era encontrar uma
forma eficiente de fiscalizar a aplicação
da norma. Com investimento de R$ 12
mil em materiais, cinco anos de pesquisa
e tecnologia de ponta, a Embrapa Instru-
mentação, de São Carlos (SP), apresentou
a resposta que a cafeicultura aguardava:
desenvolveu o Analisador de Alimentos
e Café (ALI-C).
O equipamento é um passo impor-
tante para coibir as diversas formas de
fraude no produto. Mesmo a borra do
próprio café pode ser detectada. Segun-
lho similar com essa finalidade. O estudo
foi desenvolvido a partir da demanda de
cafeicultores e da Associação Brasileira
da Indústria de Café (Abic).
Com o equipamento, uma análise de
pureza e qualidade cai de quatro horas,
em média, para 20 segundos. O processo
não é destrutivo, não altera as caracte-
rísticas do café e não envolve adição de
substâncias químicas. O ALI-C analisa
amostras do café torrado por dados ob-
tidos através do efeito fototérmico do pó,
comparando os dados obtidos de impu-
rezas, cascas-paus, palhas e serragens,
estranhas de 1%; e Qualidade Global da do o físico que coordenou e  executou entre outras, com aqueles das amostras
Bebida menor que quatro pontos. o projeto,  Washington Luiz de Barros de café puro e os dados das amostras em
A medida atende à demanda do se- Melo, inexiste em todo o mundo apare- análise. Com essas informações e uma

100
escapes
Nothing
Equipment developed by Embrapa
accurately analyzes the degree
of purity of roasted and ground
coffees and eliminates any risk of fraud

In 2010, when Norma- nated and executed the project, Washington


tive Instruction nº 16/2010 Luiz de Barros Melo, there is no similar appa-
entered into force, defining ratus in the world for this purpose. The stu-
the rules for measuring the dy was based on the demand by some coffee
impurities and the quality of growing farmers and by the Brazilian Coffee
the beverage made from ro- Industry Association (Abic).
asted and ground coffee, the With the equipment, a purity and quality
production chain had been very analysis drops from four hours, on average, to
concerned with the inspection 20 seconds. The process is not destructive, it
mechanisms. The IN16, of the Mi- does not alter the characteristics of the coffee
nistry of Agriculture, Livestock and and does not require any addition of chemical
Food Supply (Mapa), set forth three substances. The ALI-C analyzes roasted coffee
rules to be complied with at sales in the from data obtained through the photo-thermal
domestic market and imports of roasted and effect of the powder, comparing the data in-
ground coffee in Brazil: maximum degree of volving impurities, barks, sticks, straw and
relação mate- moisture: 5%; maximum percentage of the sawdust and others, with the samples from
mática destas chega-se amount of impurities, sediments and foreign pure coffee, and the data of the samples under
à determinação do teor daquela impu- matter: 1%; and Total Quality of the drink, analysis. With such information and a mathe-
reza. Esse é o único método que detecta below four points. matical relation between them, it is possible to
borra de café. Este adulterante é o café The measure meets the demand of the sec- determine the rate of such impurity. This is
usado que retorna ao comércio e não é tor, engaged in enhancing the quality of the the only method that detects coffee dregs. This
detectado pelos métodos tradicionais. coffee, but the big hurdle consisted in coming adulterating element is the used coffee that re-
A empresa Quimis Aparelhos Cientí- up with an efficient manner to inspect the turns to the market and is not detected by the
ficos, sediada em Diadema (SP), colocará compliance with the standard. With invest- traditional methods.
o aparelho no mercado ainda em 2011. ments of R$ 12 thousand in materials, five The company Quimis Aparelhos Científi-
Além de uma arma contra fraudes, o years of research works and state-of-the-art cos, based in Diadema (SP), is to launch the
ALI-C é importante também para instru- technology, Embrapa Instrumentation, based device in the market before the end of 2011.
mentar a armazenagem e a comercializa- in São Carlos (SP), came up with the respon- Besides being a weapon against frauds, the
ção do café ainda em grão. Armazenado se long-awaited by all coffee farming opera- ALI-C is also important for instrumenting
fora de padrões  adequados, o produto tions: the development of the Food and Coffee the warehousing and marketing of coffee be-
perde qualidade e preço, o que poderá Analyzer (ALI-C). ans. Stored under inadequate standards, the
ser evitado com testes realizados pelo The equipment represents a huge step to- product loses its quality and price, which can
aparelho. O envelhecimento do café, por wards preventing the different types of coffee be prevented with the tests conducted with
exemplo, é facilmente detectado pelo frauds. The dregs of the coffee itself can be de- this device. Aged coffee, for example, is easily
equipamento. tected. According to the physicist who coordi- detected by the equipment.

101
Sílvio Ávila

Indústria
industry

R
102
Lado a lado
Indústrias cafeeiras produziram 4% a mais no período entre novembro
de 2009 e outubro de 2010, acompanhando a elevação no consumo

R
Respaldada pelo consumo crescente infraestrutura, maquinário e instalações perspectiva de aumentar essa participa-
dos últimos anos, a indústria brasileira do fabris. A estes recursos somam-se as ção a longo prazo, pela via já recomen-
café investe para estar pronta a continuar aplicações em marketing e publicidade, dada atualmente, de produtos de alta
nessa escalada, tanto quantitativa como que ficam ao redor de R$ 50 milhões, im- qualidade e maior valor.
qualitativamente. O setor é integrado pulsionando as vendas das marcas mais
por 1.222 torrefadoras, a grande maioria conhecidas. Também são lançadas men- CONSTANTE No caso do
de pequeno porte e abrangendo mais de salmente novas opções de cafés especiais produto solúvel, o País é tradicional
2 mil marcas, e forneceu ao mercado vo- para atender a esse segmento específico, e grande exportador. A Associação
lume correspondente a 19,1 milhões de que apresenta taxas maiores de cresci- Brasileira da Indústria de Café Solú-
sacas no período de novembro de 2009 a mento (entre 15% e 20% ao ano). vel (Abics) divulga que a capacidade
outubro de 2010. O desempenho supera Em relação a mercados, a indústria instalada do setor, de l04 a 115 mil
em 4,03% o da temporada anterior, se- brasileira atende basicamente ao inter- toneladas ao ano, equivalente a 4,5 a
gundo os dados da Associação Brasileira no, enquanto em nível externo se des- 5,0 milhões de sacas de grão verde,
da Indústria de Café (Abic). taca a comercialização do grão verde. responde por mais de 60% de todo
Para os próximos dois anos, a enti- Os industrializados (torrado em grão e solúvel exportado pelos países produ-
dade estima que os números de pro- torrado e moído, com marca brasileira), tores. Em 2010, o Brasil vendeu ao ex-
dução e consumo interno evoluam 5% contudo, são exportados regularmente terior 74.384 toneladas (corresponden-
ao ano, chegando a 21 milhões de sacas desde 2002, quando a Abic e a Agência tes a 3,223 milhões de sacas), obtendo
em 2012. Em termos de faturamento, as Brasileira de Promoção de Exportações receita de US$ 518,79 milhões.
vendas de café industrializado em 2010 e Investimentos (Apex-Brasil) estabe- A entidade enfatiza que a moder-
atingiram a R$ 7 bilhões e, no corrente leceram convênio de Projeto Setorial na indústria brasileira do setor produz
ano, a expectativa é de que o valor obti- Integrado (PSI). todos os tipos de café que os clientes
do na comercialização do produto pos- Os valores neste comércio saltaram externos demandam e com alto padrão
sa alcançar a R$ 7,5 bilhões. de US$ 2 milhões para mais de US$ 30 qualitativo e tecnológico. Vê ainda
Os investimentos na área, especial- milhões, embora se verificasse um recuo forte e geral expansão na demanda e,
mente entre as empresas de maior por- recentemente em razão da crise mundial, no mercado mundial, estima que, em
te, que buscam a concentração, estão ao mesmo tempo em que o câmbio con- 2015, cerca de 52% do consumo ocorra
em torno de R$ 80 milhões por ano em tinua problemático. Trabalha-se com a sob a forma de solúvel.

103
by side
Side
Sílvio Ávila

104
Production at coffee industries went up 4% from November 2009
to October 2010, keeping pace with soaring consumption
Propped up by soaring consumption over the past years, the Brazilian coffee industry is making investments to keep in line with this
upward trend, both qualitatively and quantitatively. The sector comprises 1,222 coffee roasting industries, most of them small companies,
and a total of upwards of 2 thousand brands, and supplied the market with a volume of 19.1 million sacks from November 2009 to October
2010. The performance is up 4.03% from the same period last year, according to data released by the Brazilian
Coffee Industry Association (Abic).
For the next two years, the entity expects the production volumes to rise 5% a year, re-
aching 21 million sacks in 2012. In terms of revenue, sales of industrialized coffee
amounted to R$ 7 billion in 2010 and, in the current year, revenues from
coffee sales are estimated at R$ 7.5 billion.
Investments in the area, particularly by the big companies,
which are in pursuit of concentration, reach about R$ 80
million a year in infrastructure, machinery and manufac-
turing plants. Investments in marketing and publicity
amount to around R$ 50 million, driving the sales of the
best known brands. New options of special coffees are
also launched on a monthly basis to meet the needs of
this specific segment, which presents higher growth
rates (from 15% to 20% a year).
With regard to the markets, the Brazilian indus-
try basically supplies the domestic consumers, while
foreign sales involve green coffee beans. Nevertheless,
industrialized coffees (roasted beans, roasted and
ground coffee – all Brazilian brands) have been ex-
ported regularly since 2002, when Abic and the Bra-
zilian Investments and Export Promotion Agency
(Apex-Brasil) entered into an Integrated Sectorial
Project (PSI) agreement.
The values in this market initiative jum-
ped from US$ 2 million to upwards of US$ 30
million, in spite of a minor setback stemming from
the global financial downturn and the recent un-
favorable exchange rate fluctuations. In the long
run, the expectation is for this share to go up,
through the already recommended course of high
quality and value added products.

CONSTANT In the case of soluble coffees, Bra-


zil is a huge and traditional exporter. According to the
Brazilian Soluble Coffee Industry Association (Abics),
the installed capacity of the sector, from l04 to 115 thou-
sand tons a year, equivalent to 4.5 to 5.0 million sacks of
green beans, accounts for upwards of 60% of all soluble
coffees exported by the coffee producing countries. In 2010,
Brazil shipped abroad 74,384 tons (corresponding to 3.223
million sacks), bringing in revenue of US$ 518.79 million.
The entity maintains that the modern Brazilian indus-
try of the sector produces all types of coffee demanded by the
foreign clients and with high qualitative and technological pat-
terns. The entity also views demand rising steadily, while for
the global market, it is estimated that by 2015, about 52% of all
coffee consumed will be in soluble form.

105
Sílvio Ávila
Poder
concentrado
Fusões e aquisições têm NA LINHA DE FRENTE • ON THE FRONTLINE
modificado o cenário industrial As 10 maiores indústrias de café associadas da Abic
Classificação UF Empresa
brasileiro,com destaque para o avanço 1 SP Sara Lee Cafés do Brasil Ltda.
da participação estrangeira 2 CE Três Corações Alimentos S/A

O
3 SP Melitta do Brasil Ind. e Com. Ltda.
4 SE Inds. Alimts. Maratá Ltda.
5 SP Cia. Cacique de Café Solúvel
O setor industrial do café está apresentando crescente con- 6 SP Mitsui Alimentos Ltda.
centração da produção em empresas maiores, que aumentam 7 MG Café Bom Dia Ltda.
as operações na sua estrutura e efetuam aquisições. O fenôme- 8 PB São Braz S/A Ind. e Com. de Alimentos
no, presente com maior ênfase na última década, vem se acen- 9 PR Odebrecht Com. e Ind. de Café Ltda.
tuando. Assim, em outubro de 2010, as dez organizações mais 10 MG Veloso e Tavares Ind. de Alims. Ltda.
expressivas já respondiam por 75,28% do total produzido pelas Fonte: Abic (outubro de 2010)

vinculadas à Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).


No ano anterior, o percentual era de 72,90% e, em 2003, o índice
ficava em 43,1%. rações, com sede no Ceará, que já detinha esta colocação no ano
Seguindo uma tendência verificada em outros segmentos, anterior, então sob o nome de Santa Clara. Recentemente, am-
empresas grandes, com maior fôlego financeiro, aproveitam pliou sua fatia, assumindo as operações da mineira Fino Grão.
oportunidades de negócios que possibilitam ampliar vendas e Seu faturamento, que foi de R$ 1,650 bilhão no período, pode
atingir outras regiões e estados, expandindo a penetração no atingir a R$ 2 bilhões em 2011.
mercado nacional, analisa o diretor executivo da Abic, Nathan A alemã Melitta, sediada em São Paulo, ocupa o terceiro
Herszkowicz. lugar, após ter avançado entre as líderes com a integração da
O processo se acelerou com a recente valorização dos preços Bom Jesus em 2006. A empresa vem registrando crescimento e
do grão verde, apertando as margens da indústria no varejo, aumentou o faturamento em 9% em 2010 em produtos à base
constata o consultor Carlos Brando, da P&A International Ma- de café, com expansão geográfica de suas marcas e avanço tam-
rketing. A absorção ocorre principalmente em empresas mé- bém no solúvel internamente, bem como nas exportações.
dias, com menor escala para adequar custos. As pequenas, que Ainda entre as as dez primeiras, na comparação entre 2010
mantiveram a produção estável, mostram-se mais sustentáveis, e 2009, o quadro se alterou a partir da sétima posição, onde es-
com atuação em nível local e regional. tava a Damasco, adquirida pela Sara Lee, sendo ocupada pela
Três empresas concentram a maior parte do café industriali- mineira Café Bom Dia e, na sequência, pela São Braz, da Paraí-
zado no País e as compras de outras marcas. A americana Sara ba. Ainda ingressaram duas novas empresas nesta relação — a
Lee conquistou a liderança brasileira nos últimos anos com vá- Odebrecht, do Paraná (antes 11ª), e a Veloso e Tavares, de Minas
rias aquisições, a partir da Café do Ponto e da Seleto, em 1998, e Gerais (13ª no ano anterior).
dos cafés Pilão e Caboclo, em 2000. Em 2006, inaugurou a maior As grandes organizações na área, segundo as informações
fábrica do setor na América Latina, em Jundiaí (SP), enquanto divulgadas, mostram-se dispostas a investir e crescer, pre-
em 2008 incorporou a Moka, de São Paulo. Em 2010, foi a vez vendo-se continuidade na concentração. Ocorre assim uma
da Damasco, no Sul do País, com várias marcas. A empresa es- diminuição de empresas, mas acredita-se que, a exemplo do
taria em negociação também com a quarta colocada, a sergipa- que ocorreu em outros países, como Itália e Estados Unidos, o
na Maratá. número deve voltar a crescer após a redução, particularmente
Na segunda posição, conforme dados de 2010, está a 3 Co- entre as de pequeno porte e especializadas.

106
2006, the group inaugurated the biggest
factory in Latin America, in the town
of Jundiaí (SP), while in 2008 it in-
corporated Moka, a company in São
Paulo. In 2010, it was Damasco’s
turn, in South Brazil, with seve-
ral brands. Rumor has it that the
company is negotiating with the
fourth largest company in Brazil,
known as Maratá, based in the
State of Sergipe.
The company that ranks
second, according to data re-
leased in 2010, is 3 Corações,
located in Ceará, which was

power
holding this position the pre-
vious year, then called Santa
Clara. Recently, it expanded
its share, taking over the opera-

Concentrated
tions of Fino Grão, a company
in Minas Gerais. Its sales which
amounted to R$ 1.650 billion
over the period, are likely to reach
R$ 2 billion in 2011. 
The German industry Melitta,
based in São Paulo, ranks third, after
joining the select group of the leading
companies with the acquisition of Bom Jesus
in 2006. The company has been celebrating
it was advances and its sales rose 9% in 2010 invol-
43.1%. ving coffee based products, by geographically
Following on the heels of a trend expanding its brands and, in the meantime,
common in other segments, huge companies, making strides in the domestic market with
Mergers and acquisitions in good financial standing, take advantage of soluble coffees, as well as export operations.
have changed the business opportunities that lead to soaring
sales and market opportunities in other re-
Meanwhile, among the ten leading
companies, in terms of comparison between
Brazilian industrial gions and states, broadening their share in the 2010 and 2009, the picture suffered chan-
national market, comments Abic executive ges from the seventh position onwards,
scenario, with an director Herszkowicz.  occupied by Damasco, acquired by Sara
ever-increasing The process picked up steam with the Lee, with Café Bom Dia, a company based
recent price increase of green coffee beans, in Minas Gerais, climbing to this position,
participation of foreign tightening the margin of the industries in followed by São Braz, in Paraíba. The list
companies the retail stores, ascertains consultant Car- was joined by two other companies —
los Brando, of P&A International Marke- Odebrecht, in Paraná (previously ranking
ting. This absorption process is particularly 11th) and Veloso and Tavares, based in Mi-
The coffee industry sector is now going common in medium-sized companies, with nas Gerais (13th the year before.
through a production concentration process smaller cost adjustment ranges. The small The huge organizations in this area, accor-
with the big companies expanding their companies, which kept production stable, ding to information previously released, have
operational structures and acquiring smal- prove more sustainable in their regional and shown their intentions to make investments
ler companies. The phenomenon reached its local operations. and expand, hinting at the continuity of the
peak in the past decade but seems to be pi- Three companies concentrate most indus- concentration trend. This results into a smal-
cking up steam again. In October 2010, the trialized coffee in the Country and the acqui- ler number of companies, but it is believed
ten most expressive corporations accounted sitions of other brands. American Sara Lee that, in line with what has happened in other
for 75.28% of the total volumes produced by climbed to the leadership position in Brazil countries, like Italy and the United States,
the companies affiliated with the Brazilian over the past years with several acquisitions, the number should continue rising after this
Coffee Industry Association (Abic). In the including Café do Ponto and Seleto, in 1998, reduction, particularly among the small and
previous year, it was 72.90% and, in 2003, and Pilão and Caboclo coffees, in 2000. In specialized companies.

107
Obsessão
por qualidade
Ministério da Agricultura passa
a fiscalizar a qualidade dos cafés nos
pontos de venda, exigindo menor
presença de impurezas

O
O que vinha sendo estimulado e acompanhado pela in-
dústria agora virou exigência legal. Desde 23 de fevereiro de
2011 está em vigor no País a Instrução Normativa nº 16, de
25 de maio de 2010, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), que institui o Padrão Oficial de Clas-
sificação do Café Torrado em Grão e do Café Torrado e Moí-
do. Quem não seguir as especificações estará sujeito a sanções,
que vão de advertência a suspensão da comercialização, apre-
Inor Ag. Assmann

ensão ou multa.
É mais uma iniciativa voltada à qualidade, que já se destaca
no produto nacional. “A norma permitirá que o consumidor
brasileiro tenha à sua disposição um café absolutamente puro,
o que atende ao principal requisito de qualidade do produto”,
ressalta Manoel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia
do Mapa. Para o presidente da Associação Brasileira de Cafés zas e o percentual de umidade. Em termos de impurezas, como
Especiais (BSCA), Luiz Paulo Dias Pereira Filho, “quem ganha cascas, paus e restos de folha do cafeeiro, o limite admitido fica
é a cadeia produtiva como um todo, pois terá a certeza de um em 1%; em material estranho, a tolerância é de apenas 0,1%, e o
produto que segue rigorosos padrões de qualidade”. teor de água pode chegar no máximo a 5%.
Conforme o Ministério da Agricultura, trata-se de uma nor- A norma prevê ainda a análise sensorial, que avaliará fra-
ma inédita no mundo, de valorização do produto e defesa dos grância do pó, aroma, acidez e sabor da bebida. A sua vigência,
consumidores, construída durante três anos por representantes no entanto, foi prorrogada, no dia 23 de fevereiro de 2011, por
do governo, instituições de pesquisa, produtores, indústria e mais dois anos, até quando serão feitas as adequações exigidas,
empresas privadas. “A instrução oficial vem se somar ao Pro- como a preparação de técnicos especializados para um controle
grama Selo de Pureza, que desenvolvemos há 22 anos, e reforça mais detalhado.
o conceito de qualidade associada à pureza”, destaca Nathan Paralelamente à instrução normativa, a Abic continuará e re-
Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da In- forçará o seu Programa Selo de Pureza, pelo qual coleta mais de
dústria de Café (Abic). 2,8 mil amostras todos os anos e, segundo o presidente da enti-
O programa da entidade serviu de base para essa normati- dade, Almir José da Silva Filho, tem inibido a ação de empresas
zação, que adota oficialmente limites de impurezas já utilizados que tentam adulterar produtos. Outras atividades e projetos da
e condutas como a coleta de amostras nos pontos de venda, e instituição também buscam e certificam os cafés de qualidade,
não nas fábricas. Serão analisadas, inicialmente, nas ações dos objetivo sempre presente, de ponta a ponta, no setor, que assim
fiscais do ministério a presença de matérias estranhas e impure- cresce a cada ano.

108
have access to genuinely pure
coffee, in compliance with pro-
duct quality patterns”, says
Manoel Bertone, Secretary
of Mapa’s Production and
Agroenergy division. Luiz
Paulo Dias Pereira Filho,
president of Brazil’s Spe-
cialty Coffee Association
(BSCA) understands
that “the beneficiary is
the production chain
as a whole, once it will
have an assurance of a
product that complies
with the strictest qua-
lity Standards”.
According to the
Ministry of Agri-
culture, there is no
similar standard in
the world, concer-
ned with the value
of the product and
its consumers, re-

Obsession
sulting from a three-
year period work,
conducted jointly by

with quality
research institutions,
producers, industries
and private companies.
“The official instruction
complements the Purity
Seal Program, which has
been in force for 22 years,
strengthening the concept of
quality associated with purity”,
says Nathan Herszkowicz, exe-
cutive director of the Brazilian Coffee
Industry Association (Abic). 
The program of the entity served as basis for this stan-
dardization move, which officially adopts previously introduced impu-
rity limits and such procedures as the collection of samples at retail sto-
res, instead of factories. The initial works conducted by the Agriculture
Ministry of Agriculture undertakes Ministry inspectors will consist in detecting the presence of foreign
to inspect the quality of the matter, impurities and moisture levels. In terms of impurities, pieces of
bark, twigs and leaf bits, the limit remains at 0.1%, and a maximum of
coffees in retail outlets, requiring 5-percent water content.
The standard also includes a sensory analysis, which evaluates po-
smaller percentages of impurities   wder fragrance, aroma, acidity and flavor. Nevertheless, the time limit
for the Normative Instruction to enter into full force has been postpo-
ned for two years on 23rd February 2011, allowing more time for the
What had been encouraged and supervised by the industry has required adjustments, like the qualification of specialized technicians
now turned into a legal requirement. Normative Instruction nº 16, of for detailed control.
25 May 2010, of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Su- Along with the normative instruction, ABiC will continue streng-
pply (Mapa) has been in force since 23rd February 2011. The Instruc- thening its Purity Seal Program, whereby it collects more than 2.8
tion presents the Official Classification Standard of Roast and Ground thousand samples a year and, according to the president of the entity,
Coffee. Companies that do not comply with the specifications are sub- Almir José da Silva Filho, has inhibited the initiatives of companies
ject to penalties, ranging from official notices to sales suspension, loss that adulterate their products. Other activities and projects of the ins-
of product or fines. titution also go in pursuit of and certify quality coffees, a goal always
It is one more initiative focused on quality, a characteristic of the present, from beginning to end, in the sector, which, as a result, never
national product.”The standard will allow the Brazilian consumers to stops growing.

109
A alma
do negócio
Baggio Coffees desponta
nacionalmente com linha de cafés
especiais e previsão de duplicar

E
produção até o fim de 2011
Em pouco tempo no ramo de cafés torrados especiais tipo
gourmet, a Baggio Coffees comprova que determinação e garra
continuam acompanhando a família, que está na quarta ge-
ração de cafeicultores desde que chegou ao Brasil. Os muitos
contratempos não impediram o imigrante italiano Salvatore
Baggio de, com muito trabalho e economia, comprar o primeiro
pedaço de terra em 1890.
O protagonista dessa história, que veio para o País trabalhar
nos cafezais de São Paulo, passou aos filhos e netos um ingre-
diente essencial para o sucesso: o amor pela cultura. A resposta
aos ensinamentos do desbravador foi a expansão dos negócios
em São Paulo, no Paraná e no Sul de Minas Gerais. Em 2006,
é a bisneta Liana Baggio Ometto quem dá um novo rumo à
história da família, criando a marca de cafés finos. Atualmente,
a Baggio Coffees possui fazendas localizadas no Sul de Minas
Gerais e na Mogiana paulista, regiões de clima e altitude propí- crescimento anual superior a 100%.
cios à produção cafeeira. A torrefação está localizada em Araras, Os principais consumidores da Baggio estão no Estado de
no interior do Estado de São Paulo. São Paulo, para onde é destinado 50% da produção, mas a em-
A empresa conta com três linhas de produtos – Baggio Bour- presa também conquistou paladares em Santa Catarina, Para-
bon, Baggio Gourmet e Baggio Aromas, este oferecido em seis ná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até no
versões: Chocolate com Menta, Chocolate Trufado, Caramelo, Pará. “Nosso carro-chefe é o Baggio Gourmet, mas o Boubon
Amaretto, Limão e Açaí. O diretor industrial da empresa, Clo- está surpreendendo pela boa aceitação no Sul do País por ser
doaldo Iglezia, aponta a dedicação ao negócio como um des- naturalmente mais doce”, revela Iglezia.
taque da companhia. “Tudo o que fazemos é com a alma, com
paixão. Queremos oferecer ao consumidor brasileiro um café QUALIDADES EXTRAS Além da linha de cafés, que
de altíssima qualidade, que antes ele só poderia consumir fora passam por um criterioso processo de qualidade comandado
do Brasil”. A resposta ao esforço vem do consumidor. Confor- pelo diretor industrial, Clodoaldo Iglezia, a Baggio Coffees tam-
me Iglezia, em 2009 os resultados das vendas foram o dobro bém se destaca na apresentação do produto. As embalagens
de 2008 e, em 2010, a empresa também conseguiu duplicar a são feitas com um filme especial e possuem uma válvula que
comercialização em relação ao ano anterior. Para 2011, a meta é permite que os gases gerados pelos grãos saiam sem romper
superar 2010, fazendo com que a empresa registre sempre um a embalagem, impedindo a entrada de oxigênio e garantindo

110
Divulgação
a qualidade e a oportunidade de o cliente sentir o aroma ainda dade na hora de preparar o café”. E tudo isso sem prejudicar o
no ponto de venda. Essa inovação recebeu prêmio da Associa- gosto e o aroma.
ção Brasileira de Embalagem (Abre) e o World Star, importante Sempre pensando em inovar e oferecer produtos de quali-
distinção mundial de embalagens. dade ao cliente, a Baggio lançou recentemente o Caffé.com, um
Outro destaque é a cadeia de food service, na qual oferece café superior destinado principalmente a padarias que querem
um programa de treinamento inovador. Para garantir que a qualidade a um bom preço. “É um café 100% Mogiana que cai
qualidade se mantenha até a xícara do cliente, a empresa in- muito bem com leite, compondo a nossa famosa ‘média’”, afir-
veste em treinamentos de baristas, orienta sobre manutenção ma o diretor.
de máquinas e promove visitas dos clientes à torrefação. O A empresa busca agora o reconhecimento de sua marca e
treinamento capacita os profissionais de bares, restaurantes e qualidade em outros países. Para isso, a Baggio está desenvol-
cafeterias a manipularem corretamente o produto e a servi-lo vendo um trabalho de divulgação no Chile. Juntamente com
mantendo o sabor ideal. um parceiro local, a empresa participou de uma das feiras mais
De olho nas tendências de mercado, Iglezia adianta que a importantes para o setor no país, a ExpoGala. Segundo Iglezia,
empresa deve apostar nas monodoses. “A ideia é oferecer o a aceitação está sendo grande, de modo especial num momen-
produto para um público que cada vez mais cresce na socie- to em que os chilenos passam a valorizar ainda mais a qualida-
dade, o da pessoa que mora sozinha e quer praticidade e agili- de da bebida.

111
The soul of
business
Having joined the gourmet type special roasted coffee segment only
recently, Baggio Coffees attests to the fact that determination and en-
deavor have always been present in the family since their arrival in
Brazil, now in the fourth generation of coffee producers. In spite of all
good quality stan-
dards and giving
clients a chance to
smell the aroma in
setbacks, Italian immigrant Salvatore Baggio managed to save enough the retail outlet. This
money to buy a piece of land in 1890. innovation was gi-
The protagonist of this story, who came to Brazil to work on coffee ven an award by the
farms, passed down to his children and grandchildren an essential in- Brazilian Packaging
gredient for success: the love for the crop. The response to the teachings Association (Abre)
of the Pioneer was the expansion of the businesses in São Paulo, Para- and by World Star,
ná and South Minas Gerais. In 2006, it is his granddaughter Liana important global pa-
Baggio Ometto who sets a new course to the family history, creating ckaging distinction.
the fine coffees brand. Nowadays, Baggio Coffees runs farms located in Another highli-
the southern portion of Minas Gerais and in Mogiana paulista, regions ght is the food service
where both climate conditions and altitudes are very appropriate for chain, which provi-
coffee farming. The coffee roasting plant is located in Araras, interior of des for an innovative
the State of de São Paulo.  training program. To
The company is focused on three product lines – Baggio Bourbon, make sure that quality
Baggio Gourmet and Baggio Aromas, which comes in six versions: holds until the coffee
Chocolate with Mint, Truffled Chocolate, Caramel, Amaretto, Lemon reaches the consumer
and Açaí. The industrial director of the company, Clodoaldo Iglezia, cup, the company in-
points to the dedication to the business as an outstanding trait of the vests in training pro-
company. “We put our heart in whatever we do, and we are driven grams for coffeehouse
by passion”. It is our intention to offer the Brazilian consumers really bartenders, provides
high quality coffee, which in the past was only available abroad”. It is guidelines for machinery
the consumers that reply to our efforts. According to Iglezia, in 2009 maintenance and promotes
sales results were up 100% from 2008 and, in 2010, the company also visits of clients to roasting
managed to double its market Sales compared to the previous year. For plants. The training progra-
2011, the target is to outstrip the 2010 result, leading the company to ms prepare the professionals
celebrate annual increases of more than 100%. that work in bars, restaurants
The Baggio’s leading consumers live in the State of São Paulo, and coffeehouses to handle the
the destination of 50% of the entire production volumes, but the product appropriately and serve it
company has also conquered aficionados in Santa Catarina, Paraná, in ideal flavor conditions.
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais and even in Pará. With an eye towards the market
“Our Best-selling brand is Baggio Gourmet, but the Bourbon has trends, Iglezia anticipates that the company
been surprisingly well accepted in South Brazil, as it is naturally is to bet on mono doses of coffee products. “The
sweeter”, says Iglezia. idea is to offer the product to a public that is cons-
tantly soaring in modern society, persons who live alone
EXTRA QUALITIES Besides the coffee brands, which go and look for practicality and speed when it comes to preparing a
through a strict quality process under the control of commercial direc- cup of coffee”. Obviously, without impairing the taste or aroma.
tor Clodoaldo Iglezia, Baggio Coffees also excel in product presentation. Always with an eye towards innovation and quality products
All packagings are made of a special film and are equipped with a valve that please the consumers, Baggio recently launched the Caffé.com,
that allows the gases generated by the beans to be released without rup- superior coffee destined mainly for bakers shops interested in quali-
turing the packaging, preventing oxygen from coming in, ensuring ty and affordable prices. “It is 100% Mogiana coffee and goes well

112
Inor Ag. Assmann
Baggio Coffees, a company that stands out nationally with its special
coffee line and expectation to double production by the end of 2011

ting publicity work in Chile. Jointly


with a local partner, the company took part in the one of
with milk, composing our famous cup of “coffee-with-milk”, the the most important fairs of the sector in that country, the fair known as
director comments. ExpoGala. According to Iglezia, there has been great acceptance, par-
The company is now seeking the recognition of its brands and qua- ticularly at a moment when the Chilean consumers are getting more
lity standards in other countries. To this end, Baggio is now conduc- and more discerning about the quality of coffee.

113
Consumo
consumption

O
Inor Ag. Assmann

114
Hora do
cafezinho
Consumo per capita da bebida atinge marca recorde

O
no Brasil e resultado de 2010 é o melhor em 45 anos
O gostoso café produzido no País está chegou a experimentar recuo nos anos cimento (Mapa), mostra que, de 2003 até
sendo pedido cada vez mais pelos brasi- 1980. Foi quando a Abic lançou, em 1989, 2010, esse crescimento alcançou a 307%.
leiros nos últimos anos. Prova disso é o o Programa Selo de Pureza, primeira O número de cafeterias, por exemplo, é
recorde no consumo per capita alcançado iniciativa setorial de certificação de quali- ampliado mês a mês e nelas procura-se
em 2010 com 4,81 quilos por habitante dade em alimentos no Brasil. A ele aliou, oferecer bebidas de excelente qualida-
ao ano, superando pela primeia vez o em 2004, o Programa de Qualidade do de e obter a fidelização do cliente, cada
de 1965, que havia sido de 4,72 kg/hab/ Café (PQC), hoje a mais abrangente ação vez mais atento a esse aspecto, nota o
ano. O volume fica distante dos campe- de qualificação e certificação para o grão executivo. Outro fator de influência no
ões na área, os países frios do Norte – torrado e moído no mundo, complemen- incremento da demanda é a melhoria de
Finlândia, Noruega e Dinamarca –, onde tado, em 2006 e 2007, pelo Cafés Susten- renda da população, que busca cafés de
cada habitante bebe perto de 13 kg/ano, táveis do Brasil (PCS) e pelo Círculo do qualidade superior e, por consequência,
mas próximo de grandes consumidores, Café de Qualidade. mais caros. O gourmet, por exemplo, che-
como Alemanha (5,86 kg/hab/ano). A melhoria qualitativa justamente é ga a custar quatro vezes mais.
Se forem considerados os números uma das razões apontadas para a reação
totais, o país maior produtor não está na demanda pelo produto, segundo o A TODA HORA Na análise des-
longe de se tornar também o principal diretor executivo da Abic, Nathan Her- sa conjuntura favorável acrescenta-se a
consumidor mundial, posto hoje ocupa- szkowicz. Passou-se a oferecer, desde a disponibilidade do café a qualquer mo-
do pelos Estados Unidos. Para tanto, o fazenda, grãos de alto nível, superiores, mento, propiciada pela novas tecnolo-
Brasil precisará manter as previsões do diferenciados por origem e certificação, gias (máquinas) de preparo do espresso
setor industrial de crescer na ordem de com características especiais. Enfim, uma e do filtrado. Isso sem esquecer seu apelo
5% ao ano em 2011 e 2012. Entre novem- grande diversidade de opções, também saudável, o que igualmente interfere nas
bro de 2009 e outubro de 2010, com um para combinações de grãos, indo ao en- decisões de consumo. A informação mais
total de 19,13 milhões de sacas consumi- contro do mercado. Se até 2000 pratica- recente divulgada nesse sentido refere-se
das, a Associação Brasileira da Indústria mente não era oferecido café tipo gour- à pesquisa da Universidade de Harvard,
de Café (Abic) registrou, em todo seg- met, a não ser em restritos pontos, agora, nos Estados Unidos, de que a bebida
mento, acréscimo de 4,03% na compara- comenta o dirigente, só no programa de pode prevenir câncer de próstata.
ção ao período anterior correspondente, qualidade da entidade são 110 marcas Ainda entre as inovações, o diretor
enquanto junto às empresas associadas o certificadas, sem considerar outro volu- executivo da Abic, Nathan Herszkowicz,
índice chegou a 5,93%. me de alta qualidade não abrangido. menciona a introdução da monodose,
Para 2012, a indústria estabeleceu o Mais um motivo destacado por Her- com o preparo de espresso em sachê. A
desafio de atingir a 21 milhões de sacas. szkowicz para o resultado é o acentuado alternativa atende à demanda específica
Nos levantamentos até o primeiro se- acréscimo no consumo fora do lar. Pes- e atual, oferecida por diversas empresas,
mestre de 2011, apurava-se que a evolu- quisa da Abic, feita junto com o Minis- que estão indo ao encontro das exigên-
ção ficava em torno de 4,5%. O consumo tério da Agricultura, Pecuária e Abaste- cias apresentadas pelo mercado.

115
coffee break
Time for a
Inor Ag. Assmann

116
Per capita consumption of the beverage reaches record
high in Brazil and the 2010 result is the best in 45 years
Over the past years the delicious coffee Coffee Industry Association (Abic) registe- drinking coffee outside the home. The survey
produced in Brazil has been getting more red an increase of 4.03% in the entire sector, conducted by Abic with the assistance of the
and more popular with the Brazilian people. compared to the same period last year, while Ministry of Agriculture, Livestock and Food
Attesting to this fact is the record per capita the associated companies reported an increa- Supply (Mapa), showed that from 2003 to
consumption reached in 2010 with 4.81 kilos se of 5.93%. 2010, this increase was as high as 307%.
per person a year, for the first time outdoing For 2012, the industry has set a target The number of coffee houses, for example,
the 1965 record of 4.72 kg/person/year. The for achieving 21 million sacks. The surveys has been rising month after month, and they
volume is still a long way from the leaders conducted in the first half of 2011 showed offer coffee of excellent quality with the aim
in the area, the cold Northern coun- an evolution rate around 4.5%. Consump- to conquer loyal clients, who are getting
tries — Finland, Norway and tion experienced a decline in the 1980s. It more and more discerning and tasteful with
Denmark —, where every inha- was the time when Abic launched the Puri- regard to this beverage, the official com-
bitant consumes around 13 ty Seal Program in 1989, the first sectorial ments. Another factor with an influence on
kg/year, but close to huge action towards food quality certification the soaring demand is the rising purchasing
consumers, like Germany initiatives in Brazil. In 2004, it was follo- power of the population, now eager for supe-
(5.86 kg/person/year). wed by the Coffee Quality Program (CQP), rior quality coffees and, consequently, more
If the total numbers now the most comprehensive qualification expensive. Gourmet coffees, for example, are
are taken into consi- and certification initiative regarding roas- sometimes four times more expensive than
deration, the leading ted and ground coffee in the world, comple- common coffees.
coffee producer in mented, in 2006 and 2007, by Brazil Sus-
the world is not far tainable Coffees (PCS) and by the Quality ANY TIME The analysis of this fa-
away from beco- Coffee Circle. vorable scenario should not overlook the fact
ming the leading Qualitative enhancement is one of the re- that coffee is available any time, thanks to
global consumer, a asons that accounts for the soaring demand the new technologies like espresso machines
position now occu- of the product, says Abic executive director and filtered coffee. Not to mention its healthy
pied by the United Nathan Herszkowicz. And quality concerns allure, which equally has a say in consump-
States. For this to began on the farms, with high level and su- tion decisions. The most recent breakthrough
happen, Brazil will perior beans, distinguished by origin and regarding the consumption of coffee is related
have to maintain certification, carrying special characteristics. to the research work conducted by the Uni-
the 5-percent gro- It is in fact a great variety of options, also for versity of Harvard, USA, suggesting that
wth rate predicted bean combinations, meeting all market requi- the beverage might ward off prostate cancer.
by the industrial rements. If practically no gourmet coffee was Still with regard to innovations, Abic
sector for 2011 offered up to the year 2000, except for special executive director Nathan Herszkowicz
and 2012. From occasions, now, the official comments, there mentions the introduction of the monodose
November 2009 to are 110 certified brands, without taking into capsule, with the preparation of instant es-
October 2010, with consideration another volume of high quali- presso coffee sachets. The alternative meets
a total consumption ty coffees not included in the former ones. specific and present demand, offered by se-
of 19.13 million sa- Another reason recalled by Herszkowicz veral companies, which are now trying to
cks, the Brazilian for the result is the upward trend in people conform to market requirements.

EVOLUÇÃO • EVOLUTION
Produção e consumo interno de café – 2009 e 2010
Ano atual Crescimento (%)
Categoria Ano anterior
(Nov/08 a Out/09) (Nov/09 a Out/10)
Empresas associadas 11.659.750 12.350.750 5,93
Empresas não associadas 3.758.590 3.758.590 -
Total de empresas cadastradas 15.418.350 16.109.340 4,48
Consumo não cadastrado 1.953.260 1.953.260 -
Total geral de café torrado e moído 17.371.600 18.062.600 3,98
Empresas de café solúvel (1) 1.018.300 1.069.240 5,00
Total nacional de consumo de café* 18.389.920 19.131.830 4,03
Consumo per capita: café em grão cru 5,81 6,02
Consumo per capita: café torrado e moído 4,65 4,81
Fonte: Abic - (1) Fonte: Mercado - *Em sacas de 60 kg

117
Inor Ag. Assmann

118
O
Boa
pedida
Levantamento mostra aumento do consumo de café entre os jovens

O
até 19 anos no Brasil; índice segue alto nas demais faixas etárias

O número de apreciadores de café no As vantagens do consumo regular são sumo de espresso e de gourmet aumen-
Brasil vem crescendo em todas as faixas conhecidas por 50% dos entrevistados, tou 21,3%. Nas classes de consumidores,
de idade. Sempre esteve alto entre os que enquanto 70% apontaram a sua carac- aparecem à frente a C – no espresso, o
tem mais de 36 anos, mas mostra avan- terística de propiciar mais disposição. A predomínio é da A – e no gênero, o públi-
ço considerável também entres os mais melhoria da memória e da concentração co feminino, que também responde, na
jovens. É o que confirmou a pesquisa re- foi mencionada por 30% dos consulta- maioria, pela compra e pelo preparo.
alizada desde 2003 pela Associação Bra- dos. “Associa-se o consumo a sensações Por outro lado, a tradição, em menor
sileira da Indústria de Café (Abic) com o positivas, dizendo que anima e melhora proporção, continua a liderar a influência
apoio do Ministério da Agricultura, Pe- o humor, por exemplo. Isso é resultado no hábito, mas crescem em importância
cuária e Abastecimento (Mapa). de todas as campanhas educativas na o sabor e o aroma. Para 55% dos entre-
O levantamento, denominado Ten- área de café e saúde, cujo objetivo é justa- vistados, por exemplo, um bom café é
dências de Consumo de Café, entrevistou, mente mostrar os benefícios do consumo aquele que é saboroso e deixa um sabor
em 2010, 1.680 pessoas acima de 15 anos diário e moderado”, comenta Almir José gostoso na boca. Esse fato vem ao encon-
em 19 municípios de todas as regiões do da Silva Filho, presidente da Abic, . tro dos esforços que o setor tem feito em
País. Na faixa até 19 anos, o índice dos buscar cada vez maiores avanços quali-
que tomam habitualmente a bebida su- CONSISTENTE A pesquisa con- tativos em diversos programas.
biu de 85% para 91% nesse período de fere diversos aspectos do consumo, que “A nova percepção decorre do inten-
oito anos. Nas idades intermediárias (19 de forma geral mostra consistência em so trabalho realizado pela Abic com o
a 26 anos e de 27 a 35 anos), os avanços patamares elevados, ficando na ordem de Programa de Qualidade do Café (PQC),
ocorreram em níveis semelhantes e, no 95% de penetração entre os entrevistados que certifica os produtos nas categorias
outro extremo (com 36 anos ou mais), em 2010. “Não é um produto sazonal. É Tradicional, Superior e Gourmet”, men-
onde já se alcançava patamar de 96%, um consumo consistente identificado ao ciona Almir José da Silva Filho, presiden-
chegou-se a apurar 98% de declaração longo dos anos”, afirma Ivani Rossi, res- te da entidade. Reitera a relevância do
de consumo. ponsável pelo estudo. Inclusive subiu de Selo de Pureza Abic, lançado há 22 anos e
Na percepção do diretor do Departa- 65% para 69% o número de consumido- que, no entendimento da associação, foi
mento do Café do Mapa, Robério Silva, res que dizem que não haverá substituto determinante para que o mercado brasi-
“o café se tornou fashion e os jovens se para o café, o qual ficou atrás apenas da leiro do grão passasse de pouco mais de
juntaram aos seus pais no gosto pelo nos- água entre as bebidas preferidas, situan- 6,4 milhões de sacas, no fim da década de
so cafezinho”. A Abic, por sua vez, avalia do-se à frente dos refrigerantes. 1980, para 19,1 milhões em 2010.
que o consumidor jovem se sentiu atra- Entre os tipos de café, o moído-coado- O maior crescimento de consumo ve-
ído pela maior divulgação dos estudos filtrado é de longe o mais consumido rificado pelo estudo, nos últimos anos, é
científicos que comprovam benefícios do (96%), seguido do instantâneo-solúvel o que ocorre fora do lar. Saltou de 14%,
produto para a saúde e pela oferta nas (17%), ambos com crescimento nos ín- em 2003, para 57% em 2010 – variação
cafeterias de maior variedade de recei- dices, destacando-se também o espres- de 307%. Entre as questões averiguadas,
tas mais suaves, como as combinações so e começando a aparecer os especiais, incluem-se perspectivas sobre novos
com leite vaporizado, calda de chocolate, como gourmet, descafeinado, orgânico, produtos, com ênfase para misturas com
chantilly e até sorvete. de região certificada e de origem. O con- leite e cafés prontos para beber.

119
Good
choice
The number of coffee aficionados in Brazil has been rising in all age groups. It has always been
high among over 36 year olds, but it is now rising considerably among younger people. The confir-
mation comes through a survey conducted since 2003 by the Brazilian Coffee Industry Association
(Abic) jointly with the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa).
In 2010, the survey, known as Coffee Consumption Trends, interviewed 1,680 over 15 year
old people in 19 municipalities across all regions in Brazil. In the up to 19 year old age group,
the number of those who regularly drink coffee went up from 85% to 91% over this eight-year
period. In the intermediate age groups (19 to 26 years and from 27 to 35 years) there were similar
advances and, at the other extreme (36 years or more), where coffee was consumed by 96%, the
proportion of coffee consumers reached 98%.
In the view of Roberto Silva, director of Mapa’s Coffee Division, “Coffee has become fashio-
nable and the young are following in their parents’ footsteps and are beginning to like coffee, too”.
Abic, in turn, credits the publication of scientific studies, which attest to the health benefits of
coffee, with the soaring consumption of the beverage among young people. Other factors include
the variety of coffee recipes offered by coffee houses, combinations including vaporized milk, cho-
colate juice, Chantilly and even ice-cream.
The benefits from regular consumption are well known by 50% of the interviewees, while 70% of
them pointed to its characteristic of cheering people up. Memory and concentration improvement was
mentioned by 30% of the interviewees. “Consumption is associated with positive sensations and is also
credited with good humor, for example. This is the result of all publicity campaigns equating coffee and
health, whose goal is to point out the benefits from daily and moderate consumption of coffee”, comments
Abic president Almir José da Silva Filho.

CONSISTENT The research ascertains several types of consumption, which usually


show consistence with high rates, reaching 95% of the people interviewed in 2010. “It is not
a seasonal product. It is consistent consumption identified over the years”, says Ivani Rossi,
responsible for the study. And the number of consumers who think there will be no substitute for
coffee rose from 65% to 69%, and coffee comes only after water among the preferred beverages,
followed by soft drinks.
Among the different types of coffees, the filter strained is by far the most consumed (96%), followed
by instant/soluble coffees (17%), both on a rising trend, special espressos, like gourmet coffees, decaffei-
nated, organic, from certified regions and bearing certificate of origin. Consumption of espressos and
gourmet went up 21.3%. Among the consumers in general, class C is the leader, while espressos are
mostly consumed by class A people and, with regard to gender, the women lead consumption, and they
are also responsible for most coffee purchases and preparations.
On the other hand, tradition, on a smaller scale, is still a factor with a great influence on the habit, but
flavor and aroma are playing a relevant role, too. The majority of the interviewees, 55% in fact, have it
that coffee must be delicious and leave a pleasant aftertaste. This ascertainment is in line with the efforts of
the sector in search of constant qualitative advances through different programs. “The new perception stems
from the intense work conducted by Abic with the Coffee Quality Program (CQP), which certifies the pro-
ducts in the following categories: Traditional, Superior and Gourmet”, says Almir José da Silva Filho, president
of the entity. He reiterates the relevance of the Abic Purity Seal, launched 22 years ago which, in the association’s
view, was a determining factor for the Brazilian market to jump from a consumption of 6.4 million sacks at the end
of the 1980s to 19.1 million in 2010.
The highest consumption rates ascertained by the study, over the past years, occur outside the home. They jumped from
14% in 2003 to 57% in 2010 – up 307%. Among the questions that were ascertained, the most relevant ones include the pers-
pective for new products, especially combinations with milk and ready-to-drink coffees.

120
Inor Ag. Assmann
Survey attests to soaring consumption of coffee among up to 19 year olds
in Brazil; the same holds true for all other age groups

121
Segredos
da xícara
Com amplas opções de
formação, cresce o número
de baristas atuando no Brasil,
profissionais responsáveis pela arte
de preparar bons cafés

E Extrair o melhor do bom café brasileiro – e de forma origi-


nal – é o papel que assume, com destaque cada vez maior, o
barista. O expert no preparo do produto ganhou importância
paralelamente à evolução do hábito de seu consumo fora de
casa. Sua arte na criação de novas receitas e apresentações de
café está mais em evidência e a sua formação está recebendo
toda a atenção com a promoção de cursos e eventos.
A atuação do barista alinha-se com a tendência de aperfeiço-
amento que o mercado de trabalho exige hoje, diz a profissio-
nal do setor Silvana Leite, que está sediada em Salvador (BA).
“A abertura de novas marcas de cafés especiais, a preocupação
com o conhecimento mais aprofundado sobre estes e até mes-
mo as regras estipuladas pelos regulamentos para obter um
perfeito espresso abriram, sobremaneira, os horizontes dessa
área”, pondera.
Esses fatos, segundo ela, deram-se em especial na última
década. Como a expectativa do consumidor é sempre surpre-
ender-se com o produto, avalia que é natural que procure, em CONHECIMENTO A realização de cursos de baris-
cada estabelecimento, uma bebida diferente e melhor. Destaca ta está presente nos mais diversos estados e por iniciativas
também o papel da mídia na divulgação do novo hábito de fre- de diferentes organismos. Um dos ministrados pela instru-
quentar cafeterias, estimulando mudanças de comportamento tora Silvana Leite ocorreu durante o 12º Agrocafé – Simpósio
de quem não estava acostumado a fazer uma pausa em seu tra- Nacional do Agronegócio Café, realizado em Salvador, de 21
balho para tomar um café fora do escritório. a 23 de março de 2011, pela Associação dos Produtores de
Impressiona-se a barista com o nível de interesse pelos cafés Café da Bahia (Assocafé) e pela Associação de Agricultores e
de alta qualidade por parte dos consumidores. Observa que é Irrigantes da Bahia (Aiba), entre outras entidades.
notável a boa receptividade quando se apresenta uma xícara de A Associação Brasileira de Café e Barista (ACBB),
café especial – “única, prazerosa e original”. Identifica uma re- existente há seis anos, promove vários cursos, workshops
educação ou reciclagem do paladar. O consumidor está sendo e campeonatos em muitas cidades do País. O Museu do
apresentado a sabores que ele tinha expectativa em encontrar, Café, em Santos (SP), prepara baristas todos os meses,
mas até então não sabia onde. Essa realidade, associada ao pre- com apoio didático do Sindicato da Indústria do Café do
ço diferenciado e mais caro do produto, estimula o profissional Estado de São Paulo. O Centro de Preparação do Café
a buscar ainda maior avanço na sua jornada de qualificação. (CPC), do mesmo sindicato, realizou em maio um curso

122
Inor Ag. Assmann
PERFIL
Apresentada ao mundo do café pelo ma-
rido, Silvio Leite, que tem sua trajetória de
vida entrelaçada à cultura, Silvana Leite de-
cidiu há sete anos adentrar no ramo dos cafés
especiais e gourmets criando a empresa BBC
Café Gourmet, em Salvador (BA). Atualmen-
te, é responsável pelas marcas de grãos espe-
ciais BBC Café Gourmet, Sweet Bahia Café e
Agricafé, dando foco a blends elaborados pelo
marido com os mais finos cafés produzidos
no País. Silvana teve como tutora a tricampeã
brasileira de baristas Silvia Magalhães.
O projeto iniciou-se na Loja Select do
Posto Novo Bairro, localizado no bairro Itai-
gara, onde foi construída uma cafeteria para
servir os mais finos drinques à base de café.
Silvana passou a acompanhar os campeona-
tos de barista que se realizavam pelo Brasil,
estando sempre envolvida diretamente com
os principais profissionais do setor em nível
nacional e internacional e com a logística dos
cursos. Além disso, trabalha na montagem
de cafeterias, elaboração de drinques, capa-
citação de funcionários e no fornecimento
de um dos blends mais apreciados na Bahia,
no Brasil e no mundo.
Há quatro anos, deu início ao primeiro
Campeonato de Barista do Nordeste, o qual
mantém regularidade anual. Neste, os prin-
cipais profissionais das melhores cafeterias
da capital baiana passam pelo crivo de juízes,
que avaliam a melhor desenvoltura na ela-
boração, preparação e execução das bebidas
apresentadas pelos competidores. Silvana é
referência no cenário baiano do setor. Dedica-
da à evolução dos cafés especiais no Estado,
tornou-se a responsável no Nordeste pela
certificação de baristas conduzida pela Asso-
ciação Brasileira de Café e Barista (ACBB).

em fazenda. Em Belo Horizonte (MG), a capacitação de ter suas dúvidas esclarecidas.


baristas integrou o primeiro Circuito de Cafeterias, pro- Destaca-se ainda a possibilidade de o barista buscar sua
movido entre 24 de maio, Dia Nacional do Café, e 24 de certificação, por meio de programa lançado em 2009 pela
junho de 2011 com a participação de representantes de 18 ACBB, que reúne pessoas atuantes dentro do mundo dos ca-
casas especializadas. Atividades nessa área são igualmen- fés especiais, abrangendo produção, comercialização, indus-
te realizadas por empresas. trialização, serviços de apoio, produção de equipamentos
Os cursos, explica Silvana, são direcionados especialmen- e distribuição. Para alcançar a distinção, é realizado exame
te aos funcionários das cafeterias, buscando transferir todo o sensorial, teórico e prático, com conteúdo programático bem
conhecimento necessário sobre a cultura, desde o plantio até definido. Durante o processo avaliativo, somam-se a valori-
a xícara. Também é enfocada de modo específico a função de zação do profissional e o estímulo ao estudo continuado, ao
barista e a melhor forma de exercê-la, incluindo a extração aprimoramento de técnicas e à criatividade na formulação
adequada e a limpeza da estação de trabalho. O fato de inte- de novas opções de consumo. Mostra-se uma efervescência
grar a formação teórica e prática traz resultados muitos sa- na área, levando o tradicional hábito de tomar café às dimen-
tisfatórios, tanto para os funcionários, que apresentam mais sões e sensações vivenciadas pelo mundo da arte, inspirado
segurança no atendimento, quanto para o cliente, que pode pelo mais puro e divino sabor dessa bebida.

123
the cup
Secrets of
With a wide spectrum of options for training
courses, the number of baristas,
responsible for the art of preparing
good coffee, is on the rise in Brazil

To extract the best out of the good Brazilian coffee – and in origi- lian towns.
nal manner – is a role increasingly assumed by baristas. The experts The Coffee
in the preparation of the product have gained momentum as the habit Museum,
of drinking coffee outside the home set in. Their art in the creation of in Santos
new recipes and coffee presentations has become more evident and their (SP), prepa-
qualification skills have captured much public attention through the res baristas
promotion of training courses and events. every mon-
The work of the baristas is much in line with the qualification- th, under
oriented trend required by the present labor market, says Silvana Leite, the didactic
a professional of the sector based in Salvador (BA). “The launch of new support from
specialty coffee brands, the concern with a deeper knowledge of this the Coffee In-
type of beverage, along with the rules and regulations, have overwhel- dustry Union
mingly widened the horizons of this particular area”, she ponders. of São Paulo.
These facts, she maintains, have particularly surfaced over the past The Coffee Pre-
decade. As consumers are always in for surprising products, she takes paration Center
it as a natural course for them to look for something special and better (CPC), of the
in every shop or coffeehouse they happen to step in. She also refers same union, sta-
to the role played by the media in giving publicity to the new habit ged a course on a
of going to coffeehouses, suggesting behavioral changes to those who coffee farm in May.
have not yet adhered to the habit of going for a coffee break outside their In Belo Horizonte
homes or offices. (MG), the qualifica-
The barista admits she is surprised at the great interest consumers tion of baristas was in-
are openly showing in premium coffees. She observes that there is great cluded in the first Coffe-
enthusiasm around the cupping-table when specialty coffees – unique, ehouse Circuit, held from
pleasant and original - show up. She identifies a recycling or reeducation May 24th, National Coffee
of the palate. Consumers are now being introduced to flavors that they Day, to June 24th 2011, at-
had yearned for, but did not know where to find them. This reality, asso- tended by 18 specialty coffee
ciated with the distinctive and higher price of the product, is reason for the houses. Activities in this area are
professionals of the area to further invest in their qualification skills. equally promoted by companies.
The courses, Silvana explains, are
KNOWLEDGE Training courses for baristas are now com- particularly geared towards the employees of co-
mon throughout the country, at the initiative of different organs. One ffeehouses, where they learn everything they must know
of the courses given by Silvana Leite occurred during the 12th Agrocafé about coffee, from seedling planting to cup. What is also given special
– National Coffee Agribusiness Symposium, held in Salvador, 21 - 23 attention is the job of a barista and the best manner to carry it out,
March 2011, by the Coffee Producers’ Association of Bahia (Assocafé) including appropriate preparation methods and work station cleaning
and by the Association of Farmers and Irrigators of Bahia (Aiba) and procedures. By integrating both theoretical and practical qualification
some other entities.  steps the results are very satisfactory for employees and consumers ali-
The Brazilian Coffee and Barista Association (ACBB), created six ke. The former perform their job with confidence and assurance, while
years ago, promotes courses, workshops and contests in many Brazi- the latter have a chance to clarify all their doubts.

124
Inor Ag. Assmann
PROFILE
Introduced to the world of coffee by her husband, Sílvio Leite,
whose life is deeply intertwined with this crop, seven years ago, Sil-
vana Leite decided to dive into the world of specialty and gourmet
coffees and created the BBC Café Gourmet company, in Salvador
(BA). At the moment, she is responsible for the special bean brands
BBC Café Gourmet, Sweet Bahia Café and Agricafé, focusing on
blends created by her husband with the finest beans produced in
Brazil. Silvana’s tutor was Silvia Magalhães, three times winner
in the Brazilian baristas contests.
The project started at Loja Select do Posto Novo Bairro, lo-
cated in the district of Itaigara, where a coffeehouse was built
for serving the finest coffee-based beverages. Silvana started to
follow all barista contests throughout Brazil and kept in touch
with the most experienced professionals of the sector at national
and international level, while keeping an eye towards the logis-
tics of the courses. Furthermore, she is also involved with the ins-
tallation of coffeehouses, the preparation of drinks, qualification
of employees and she supplies one of the most cherished blends in
Bahia and the world.
Four years ago, she staged the first Barista Contest in the Nor-
theast, which is now being held on a yearly basis. In these contests,
the most renowned professionals of the coffeehouses in the capital
city of Bahia are evaluated by a panel of judges, who consider such
variables as the most efficient manner to prepare the drink, the
way it is served and the manner the contesters deal with the coffee
serving scenario. Silvana is a reference in the sector’s scenario in
Bahia. Devoted to the ever-evolving segment of specialty coffees
throughout the world, she was entrusted by the Brazilian Coffee
and Barista Association (ACBB) with the responsibility to issue
barista certifications in the Northeast.

evalu-
ation process, what is equally
There is also the chance for the baristas to seek certification, through a considered is the importance of the professional and their dedica-
program launched by the ACBB in 2009, which brings together people tion to continued studies, leading to technical improvements and creativi-
activelyinvolvedinspecialtycoffees,comprisingproduction,marketing, ty in the formulation of new consumption options. There is much bustling
industrialization, support services, equipment manufacturing and dis- and excitement in the area, leading the traditional habit of taking coffee to
tribution. To achieve the distinction, the applicants take a sensory, the- the dimensions and sensations experienced in the world of art, inspired by
oretical and practical exam that covers well defined topics. During the the overwhelmingly pure and fine flavor of this beverage.

125
Inor Ag. Assmann

Eventos events

126
Comemorar
e planejar
A
As belezas naturais e culturais da capital baiana, Salvador, alpinista brasileiro Waldemar Niclevicz, que abordou o tema
dividiram os holofotes, mais uma vez, com uma de suas ri- Conquistando o seu Everest, no qual relacionou a conquista da
quezas agrícolas. No 12º Agrocafé – Simpósio Nacional do montanha mais alta do mundo com os desafios enfrentados
Agronegócio Café, realizado de 21 a 23 de março de 2011, o pelos produtores. “O cafeicultor brasileiro tem espírito de
destaque foi o grão brasileiro. Com o tema “Café, a estrela luta. É um vencedor. A cultura já passou por muitos momen-
guia do desenvolvimento sustentável”, o evento proporcio- tos, desde a chegada, a adaptação, os altos e baixos do merca-
nou debates visando a qualificar a cadeia produtiva. do, e continua sendo importante e definitiva não apenas para
No Centro de Convenções do Bahia Othon Palace Hotel, a economia, mas como um valor cultural do brasileiro”, des-
os participantes tiveram a oportunidade de trocar informa- tacou durante a apresentação, a oitava que fez para a cadeia
ções sobre inovação tecnológica, produção sustentável, uti- produtiva do grão.
lização de novas ferramentas, manejo e controle racional, O foco do evento também foi a cafeicultura familiar, que
entre outros temas ligados à área. Por meio do Agrocafé, representa a maioria das propriedades cafeeiras baianas. Da
produtores, líderes e representantes puderam ampliar a dis- mesma forma, no encerramento foram abordados temas
cussão sobre a evolução e o direcionamento da produção no como crédito, cooperativismo e assistência técnica. Em 2012,
cenário nacional e internacional, tendo em vista o período de a 13ª edição do evento está agendada para 12 a 14 de março.
cotações em alta do produto. A cidade onde será realizado, no entanto, poderá ser uma das

and plan
Um dos destaques da programação foi a palestra com o muitas novidades do próximo Agrocafé.

Celebrate
The natural and cultural beauties of Sal- topics linked to the area. Through the Agrocafé, adaptation periods, the ups and downs of the
vador, the capital city of Bahia, once again di- producers, leaders and representatives focused market, and continues important and definiti-
vided the searchlights with one of its agricul- the debate on the evolution and the course of the ve not only for the economy, but as a cultural
tural riches. In the 12th Agrocafé – National national and international production scenario, boon of the Brazilian people”, he stressed du-
Coffee Agribusiness Symposium, held on 21 considering that this is a period the product is ring his presentation, in fact, his eighth lecture
-23 March 2011, the highlight was the Brazi- experiencing high remuneration. to the coffee production chain.
lian coffee bean. With the theme “Coffee, the One of the highlights of the program was The event was also focused on small-scale
guiding star of sustainable development”, the the lecture by Brazilian mountain climber coffee growers, who represent the majority of
event featured debates aimed at qualifying the Waldemar Niclevicz, who addressed the the- the farmers in Bahia. Likewise, at the end of
production chain. me Conquering your Everest, equating the the event, themes like credit lines, cooperatives
In the Convention Center at Bahia Othon conquest of the highest mountain in the world and technical assistance were also approached.
Palace Hotel, the attendees had the opportunity with the challenge faced by the producers. “The In 2012, the 13th edition of the event has been
to exchange information on technological inno- Brazilian coffee grower incarnates a fighting scheduled for 12 – 14 March. The venue of the
vations, sustainable production, use of new tools, spirit. He is a winner. The crop has already coming Agrocafé might turn out to be one of
rational management and control, among other endured different moments, since its arrival, the surprises of the event.

127
Divulgação

Está marcado Scheduled


19º Seminário do Café do Cerrado
Data: 27 a 30 de setembro de 2011
Local: Espaço Cultural Municipal Joaquim Constantino Neto – Patrocínio (MG)
Contato: (34) 3831.8080 – www.acarpa.com.br

10º Concurso de Qualidade – Cafés da Bahia


Data: 28 de outubro de 2011
Local:Vitória da Conquista (BA)
Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br – www.assocafe.com.br

12º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Cup of Excellence 2011


Data: Novembro de 2011
Local: Centro de Excelência do Café do Sul de Minas – Machado (MG)
Contato: (35) 3295-7622 – info@bsca.com.br – ww.bsca.com.br

13º Agrocafé – Simpósio Nacional do Agronegócio Café


Data: 12 a 14 de março de 2012
Local: A definir
Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br – www.assocafe.com.br

Fenicafé 2012 – Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado


Data: 28 a 30 de março de 2012
Local: Pica-pau Country Club – Araguari (MG)
Contato: (34) 3242-8888 – fenicafe@hotmail.com – www.fenicafe.com.br

6º Encontro Nacional do Café


Data: Maio de 2012
Local:Vitória da Conquista (BA)
Contato: (71) 3241-4494 – assocafe@terra.com.br – www.assocafe.com.br

Expocafé 2012
Data: 19 a 22 de julho de 2012
Local: Fazenda Experimental da Epamig – Três Pontas (MG)
Contatos: (31) 3489-5078/3489-5001 – expocafe@epamig.br – www.expocafe.com.br

128

Você também pode gostar