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BRASÍLIA, SETEMBRO DE 2006

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A Brizola e Darcy,
que deram os primeiros
passos deste caminho.

Às crianças
Vocês não votam,
mas é para vocês que eu quero
ser Presidente.
Cristovam Buarque

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SUMÁRIO

Introdução
Sob inspiração de Brizola,
apresentamos nosso projeto de Nação
Carlos Lupi 7

Cristovam
Toda uma vida de luta por um Brasil moderno
e livre da pobreza 11

Jefferson
Homem público respeitado em todo o País 15

Dedicatórias 17

Introdução
É preciso, é possível e sabemos como fazer
Cristovam Buarque 27
1. Situação do Brasil hoje: riscos e desafios 33

2. Nossas potencialidades para enfrentar os desafios 41

3. Que Brasil podemos e devemos construir:


Metas para 2022 45

4. Vetores da Transformação 51

5. Missão: promover desenvolvimento humano,


integrado e sustentável (Quanto custa não fazer) 57

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6. Cinco eixos para a mudança 61
Eixo 1 – Educação e ciência e tecnologia 63
Revolução na educação de base – Universalização do ensino
médio – Ampliação do ensino técnico – Reforma do ensino
superior – Erradicação do Analfabetismo – Desenvolvimento
da infra-estrutura científica e tecnológica
Eixo 2 – Instituições 65
Segurança pública e paz – Reforma do sistema político e
eleitoral – Justiça: garantia do cumprimento dos contratos
– Reforma da gestão pública – Finanças e moeda
Eixo 3 – Inclusão social 67
Erradicação da pobreza – Retomada do Bolsa Escola
– Programas de proteção à mulher sob risco – Saúde
da Família – Empreendedorismo – Reforma tributária
– Pequeno agricultor e sem-terra – Reforma agrária
Eixo 4 – Crescimento e sustentabilidade 69
Papel do Estado – Política regional – Infra-estrutura e
recursos hídricos – Biodiversidade – Biocombustível,
energia eólica e solar – Transportes
Eixo 5 – Soberania nacional 71
O Brasil e os debates mundiais: meio ambiente, migração,
pobreza, terrorismo, armas de destruição em massa – Paz
e autonomia dos povos – Drogas e crime organizado –
Amazônia – Forças Armadas

7. Como Fazer 73

8. Fontes de Recursos 133

9. Anexo 1 – Cristovam idealizou e realizou 139

10. Anexo 2 – Metas que Cristovam


apresentou e Lula pôs de lado 149

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Apresentação

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Sob inspiração de Brizola,
apresentamos nosso projeto de Nação.

por Carlos Lupi


PRESIDENTE NACIONAL DO PDT

Esta eleição para o PDT é estratégica e de fundamental importância.


É a primeira eleição presidencial sem a presença do nosso líder – razão
de ser do partido e principal fonte de inspiração de todos nós – Leonel
Brizola. Também é a primeira vez em que nosso partido apresenta
candidato próprio à Presidência que não seja Brizola.
Sinto-me profundamente gratificado – como presidente nacional do
PDT – ao verificar que os candidatos à Presidência e Vice-presidência,
senadores Cristovam Buarque e Jefferson Peres, com dignidade e
coerência, abraçam e defendem a causa da Educação como principal
fonte motivadora da luta social dos tempos modernos.
A luta de Brizola, que começou ainda como prefeito de Porto Alegre,
depois como governador do Rio Grande do Sul – onde construiu mais
de 6 mil escolas –, encontrou na figura de Cristovam uma personalidade
com muita vontade, lealdade e coerência, que adota a mesma postura e
a mesma linha de pensamento do PDT: a Educação.
Este Programa de Governo, apresentado para ser discutido com
toda a sociedade, é a base de tudo aquilo que o PDT, Cristovam e
Jefferson pensam sobre o futuro do Brasil. Educação é nossa principal
meta, nossa marca e nosso compromisso. Mas é bom que todos leiam
este documento e vejam que estamos preparados para discutir qualquer
assunto que afete o Brasil hoje.
Acredito nisso, porque defendemos que, com a Educação, os demais
projetos em favor do Brasil caminham, pois ela é a principal fonte

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motivadora do nosso programa: claro, conciso e direto – como tem de ser
um programa para se apresentar à sociedade.
A candidatura de Cristovam Buarque e Jefferson Peres representa
isto: um processo educacional na própria candidatura, em que cada um
de nós aprende um pouco – nós enquanto formuladores, e a população
como parceira deste projeto nacional.
Aqui é o início. Apresentamos ao povo nossas principais idéias;
mas abrimos a oportunidade de discussão, em que todos possam
apresentar sugestões – como deveria ser a prática de todos os governos
democráticos.
Como presidente nacional do PDT, sinto-me orgulhoso desta
candidatura de Cristovam: um homem que dedicou à Educação 40
anos de sua vida. Cristovam Buarque é um orgulho para todos nós,
militantes do Trabalhismo e da causa da Educação.

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Cristovam
Toda uma vida de luta por um
Brasil moderno e livre da pobreza

Cristovam começou no Recife. Nascido em 1944, em 1962 entrou


na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco, onde
passou a militar politicamente na clandestinidade, contra a ditadura e
pelo socialismo. Em 1967, logo depois de formado, reorientou seus
estudos para a economia. Trabalhou como consultor de empresas
beneficiadas pelo sistema de incentivos da Sudene – Superintendência
para o Desenvolvimento do Nordeste.
Em 1970, partiu para a França, onde obteve o doutorado em
Economia pela Sorbonne, em 1973. Então entrou no Bid – Banco
Interamericano de Desenvolvimento – e foi trabalhar em Quito,
Equador; em Tegucigalpa, Honduras; e em Washington, EUA.
Nove anos depois, com o início da redemocratização, voltou ao Brasil
como professor da Universidade de Brasília e foi eleito reitor em 1985.
Em 1989, junto com Darcy Ribeiro, defendeu entre os intelectuais
a candidatura de Leonel Brizola, a quem deu seu primeiro voto para
presidente. Manteve-se em estreito relacionamento, tanto com Darcy
Ribeiro quanto com Leonel Brizola, até a morte de ambos – Darcy em
1996 e Brizola em 2004.
Em 1990 entrou para o PT e fez parte da equipe do governo
paralelo que orientava a oposição ao governo Collor. Em 1995 elegeu-
se governador do Distrito Federal e em 2002, senador pelo Distrito
Federal. Em 2003 tomou posse como ministro da Educação na primeira
equipe do governo do PT, onde permaneceu por 12 meses. Quase dois



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anos depois, em setembro de 2005, deixou o PT e entrou para o PDT.
Por este partido foi escolhido candidato a presidente da República em
maio de 2006.
Ao longo de sua vida acadêmica, Cristovam publicou 21 livros, alguns
traduzidos no exterior. Como político e administrador, criou e executou
diversos programas que se tornaram referência nacional e internacional.
Criou também, em 1998, a organização não-governamental Missão
Criança, que desde então atende milhares de crianças no Brasil e no
exterior.
Cristovam pautou toda a sua carreira política pela coerência e pela
luta por um Brasil moderno e sem pobreza. Foi ele quem criou a palavra
apartação, para indicar o “apartheid social”, o perverso modelo sócio-
econômico brasileiro. Sua cruzada internacional pela Bolsa-Escola,
contra o trabalho infantil e pela universalização da educação com
qualidade trouxe-lhe o reconhecimento de uma longa lista de grandes
personalidades internacionais.
Nos cargos que ocupou, criou e implantou idéias novas, implementou
algumas já defendidas previamente e lançou as bases para diversas outras
(veja no Anexo 1, ao fim deste livro).

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Jefferson
Um homem público
respeitado em todo o País

J efferson Peres, nascido em 1932 em Manaus, é advogado e foi


professor da Universidade do Amazonas. Senador pelo Amazonas reeleito
em 2002, é líder do PDT no Senado. Iniciou a carreira parlamentar
como vereador na Câmara Municipal de Manaus em 1988, reeleito em
1992. Elegeu-se para o Senado pela primeira vez em outubro de 1994.
Jefferson sempre apoiou as reformas necessárias à modernização da
economia, à moralização das finanças públicas, à realização da justiça
social e à construção de um Estado enxuto, eficaz, previdente, capaz
de distribuir paz e justiça, prover segurança pública, saúde, educação,
saneamento e equilíbrio regional na medida certa do bem-estar dos
brasileiros.
Na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, atuou como relator
do processo que cassou o mandato do ex-senador Luiz Estevão (2000);
foi elogiado pela forma séria e eficiente com que conduziu os trabalhos.
Em 2003 deixou a Comissão, por divergir de forças que manobravam
para transformá-la em anteparo da impunidade.
Condecorado inúmeras vezes, em vários Estados e por diversas
instituições, Jefferson recebeu, entre outras: Medalha Ordem do
Mérito Militar, no grau de Grande Oficial, conferida pelo Comando
do Exército, em 15 de abril de 2003; Comenda da Ordem do Mérito
do Chile, no grau de Gran Oficial; Medalha do Pacificador – Ministério
do Exército; Grande Oficial da Ordem do Rio Branco – Ministério das
Relações Exteriores.



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Os meios de comunicação e a grande imprensa nacional têm
destacado seu papel no cenário político brasileiro, como um dos mais
expressivos exemplos de conduta inteligente, dinâmica, eficaz, tido
como um político que imprime seriedade e honestidade ao desempenho
de sua missão.

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Dedicatórias

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Aos jovens

Está na hora de um presidente pedir aos jovens que voltem a se


mobilizar pelo País, antes mesmo de prometer o que o governo fará por
eles. Com este conjunto de ações, quero oferecer-lhes uma bandeira
de luta, tão em falta nestes dias: uma revolução necessária, a revolução
pela educação. Por isso, vocês não encontrarão aqui políticas públicas
específicas para a juventude, porque todo este programa é para vocês, para
o futuro. Se tudo isto for feito, vocês serão os principais beneficiários,
além de protagonistas. E gozarão do privilégio de ter lutado para tornar
este programa realidade.

Às professoras e aos professores

Um presidente precisa cuidar de tudo e de todos, mas a principal


razão da minha candidatura é liderar uma revolução brasileira pela
educação. Nós, professores, somos os guerrilheiros dessa revolução. Por
isso, meu governo será para vocês que conduzem o Brasil para o futuro,
na nave do tempo que é a sala de aula. Vejo o governo como um centro
de apoio aos professores e de seu envolvimento na luta por um novo
Brasil. Cabeça, coração e bolso do professor são as bases do futuro e os
propósitos do meu governo.

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Às mães e aos pais

Aqui há propostas sobretudo para o presente. Mas, diferente dos


outros candidatos, com suas promessas, trago uma proposta para todos,
para a nação, para o futuro. Mais do que promessas para vocês, estas são
medidas para os seus filhos.

Às mulheres

Talvez nenhum outro grupo social seja mais capaz de entender as


razões deste programa e sua importância do que as mulheres brasileiras,
principais vítimas da pobreza e do sofrimento dos seus filhos sem futuro.
Por isso, é com muita convicção que vejo em vocês a principal fonte de
apoio para os pontos que aqui estão.

Aos trabalhadores

Vocês constroem o Brasil, mas são sempre esquecidos na hora de


usufruir da riqueza. Vocês também são os que mais sofrem com o
desemprego provocado pelas crises. Por isso, são os maiores interessados
em um programa para transformar o País. O PDT é o partido do
trabalhismo, comprometido com os avanços nos direitos de vocês. E
esses avanços devem incorporar os pobres excluídos e os jovens, para
construir uma nação eficiente e justa.

Aos idosos

Não é decente o país que não cuida das suas crianças e de seus idosos.
Na minha proposta, a Previdência não será vista como simples caixa
financeira a ser gerenciada, mas como sistema de proteção àqueles
que trouxeram o Brasil até aqui. Por isso, a Previdência irá além
das finanças, e considerará as necessidades dos idosos em termos de
aposentadoria e outros serviços, especialmente a saúde. Mas ela precisa

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ser bem administrada, para ser duradoura e servir, no futuro, tanto aos
que já são idosos quanto aos idosos de amanhã, os jovens de hoje. Esta
proposta não foi elaborada com frieza financista, mas não ignora as
mudanças necessárias para que a Previdência sobreviva.

Aos empresários

O Brasil precisa dar um salto para a modernidade do século 21,


tanto na garantia de oportunidades iguais para todos, quanto no avanço
científico e tecnológico. Precisa saltar da economia do século 20 para
a economia do conhecimento, graças a uma revolução na educação de
base e no ensino superior. Vocês são parte fundamental desse processo.
Se não dermos um salto à frente, na estrutura e na justiça da nossa
economia, não seremos a nação que os nossos recursos nos permitem
ser. Ficaremos para trás. Vocês têm a grande responsabilidade de ser
os empresários que deram o salto para o século 21, como propõe este
programa de governo.

Aos eleitores

Somos um país dividido, que se desfaz em violência, corrupção,


desigualdade, pobreza, ineficiência. Estamos ficando para trás no
mundo, e divididos aqui dentro. Quero ser o presidente que pode
liderar a unidade e guiar o País para o século 21. Estou pronto para isso.
Quero ser o presidente que fará o Brasil derrubar o muro que separa
nossa população nos dias de hoje e nos separa do futuro. Mas a decisão
– se serei eu o escolhido, ou se será outro candidato – é de vocês.

Aos negros

Um país justo não precisa de cotas; um país injusto precisa delas para
corrigir injustiças. O Brasil hoje precisa de cotas para ampliar o número
de universitários negros. Mas este documento, mais do que admitir cotas
para negros na universidade, convoca vocês para juntos implantarmos

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a cota de 100% dos brasileiros, de todas as classes e raças, concluindo
o ensino médio com qualidade. Quando isso acontecer, o Brasil será
justo, e as cotas, desnecessárias. Afrodescendentes, eurodescendentes,
asiadescendentes e nossos índios formarão uma nação integrada, sem
preconceito e sem discriminação disfarçada.

Aos sem-terra

Prova da estupidez com a qual o Brasil vem sendo conduzido em


cinco séculos é a necessidade, em pleno século 21, de um Movimento
dos Sem-Terra, como descendentes políticos do movimento
abolicionista, atravessando todo o século 20. Muito mais que definir
metas para assentamentos, este programa convoca os militantes do
MST para definirmos juntos, em poucos anos, a forma de virar a
página da velha, obsoleta e perversa estrutura fundiária herdada das
capitanias hereditárias.

Aos homossexuais

Este programa de governo quer derrubar os muros da exclusão social,


mas também dos preconceitos. Ele pressupõe que qualquer adulto tem o
direito de fazer suas opções sexuais e seus acordos legais de convivência.
Mas esse compromisso não bastará, se vocês não lutarem conosco para
que o Brasil seja um país diferente para todos.

Aos nordestinos

Este programa pretende reduzir as desigualdades, por isso contém


medidas para promover o desenvolvimento regional. Mas entendemos
que ele só será possível se for encarado da perspectiva da reorientação
do desenvolvimento nacional. Essa reorientação passa pela revolução na
educação de base, que beneficiará especialmente a população pobre do
Brasil, e conseqüentemente a população das regiões pobres.

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Aos ecologistas

Felizmente, o Brasil dispõe de um forte movimento de defesa do meio


ambiente. Sem vocês, o País estaria mais desertificado, mais depredado.
Entretanto, não será com ações limitadas aos grupos não-governamentais
que o Brasil construirá seu desenvolvimento sustentado. Só modificações
no modelo econômico o tornarão possível. Este programa propõe medidas
para corrigir a depredação do ambiente; e uma revolução na educação para
criar uma cultura ambiental desde a infância, abrindo caminho para um
novo modelo social e econômico de um futuro que, esperamos, não esteja
distante.

Aos educacionistas

O Brasil tem hoje uma considerável rede de pessoas de boa vontade, que
apóiam ações de proteção à infância e de patrocínio do processo educacional.
Não fosse a ação desses grupos, a situação estaria muito pior. Porém, em um
país com 40 milhões de crianças em idade escolar, nenhum grupo de entidades
não-governamentais vai conseguir fazer a revolução na educação que essas
crianças merecem e esperam. Este programa pretende fazer de maneira ampla
o que vocês estão fazendo em escalas menores. Mesmo assim, sem vocês, ele
não poderá ser executado. Precisamos do seu envolvimento, para convencer
a população a nos apoiar, e precisaremos da sua ajuda para levar adiante estas
propostas, com o governo trabalhando em colaboração com vocês.

Aos patriotas

O Brasil está se desfazendo pelo egoísmo de cada brasileiro, e se


diluindo pela cobiça da globalização. Não há como, nem é conveniente,
isolar o Brasil do resto do mundo. Mas este programa quer recuperar
a nacionalidade. A educação é o caminho. Com ela, integraremos
socialmente o País, e desenvolveremos os recursos para a defesa de suas
características e sua soberania.

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Aos universitários

Quando eu era jovem, minha geração lutava pela universidade,


mas sobretudo por uma revolução no Brasil. Recebi uma bandeira da
geração anterior. A minha geração não está deixando uma bandeira
nítida para vocês. Mas me recuso a oferecer apenas vantagens para a
universidade, quero também convencer vocês a lutarem por um Brasil
melhor. Este programa tem uma proposta para vocês, mas carrega
também uma mensagem e uma convocação: venham lutar pela
revolução de que o Brasil precisa.

Aos revolucionários, os que ainda sonham

O individualismo e a globalização mataram os sonhos das grandes


revoluções. A frustração com impeachment, mensalão, acomodação
dos líderes eleitos, agravou o desencanto. Felizmente, ainda há pessoas
como vocês, que se identificam como revolucionários, sonhadores.
Este programa não quer apenas propor pequenas correções para cada
problema brasileiro, quer trazer de volta o gosto pelo sonho de quem
ainda quer fazer uma revolução: agora, uma revolução na educação.
Cada um de nós, no passado, pichou muro e carregou faixas com slogans
como “abaixo a ditadura” e “viva o socialismo”. Vamos continuar com
os braços erguidos, com a bandeira “educação é tudo”.

Aos artistas

Vocês constituem grande orgulho para o povo brasileiro, tanto pelas


belezas que criam, quanto pela visão crítica que possuem da nossa
realidade. Revoluções sempre começaram com um verso. É hora de vocês
voltarem a se mobilizar pela revolução possível: a da educação. Com ela,
o Brasil vai florescer em arte, criatividade. Vocês fazem a revolução, e ela
faz vocês e milhões de outros artistas.

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Aos jornalistas

Devemos a vocês a discussão sobre a criminalidade que domina o Brasil.


Mas além da podridão que aflora na superfície da política – a corrupção
no comportamento dos políticos –, há uma ferrugem que entrava o
funcionamento de nossa sociedade e de nossa economia: a corrupção nas
prioridades da política. Vocês precisam denunciar essa ferrugem e criticar
a corrupção nas prioridades. E como cidadãos e cidadãs, ajudar o Brasil a
lubrificar suas engrenagens, com a educação.

Aos militares

O Brasil tem o quinto maior território, a quinta maior população,


a maioruma invejável quantidade do mais cobiçado recurso do planeta
– a água. E tem relegado suas Forças Armadas aos padrões de país
secundário, que perdeu o interesse em ocupar uma posição de destaque
no cenário internacional. Este programa reconhece o papel das Forças
Armadas, de cada um de vocês, e define o trabalho do governo para
fortalecer a defesa nacional. Mas convida seus soldados a defenderem
o princípio de que não haverá defesa em um país sem educação de
qualidade para todos os seus habitantes. Por isso, convido os militares a
tomar parte ativa da revolução pela educação.

Aos servidores públicos

Uma revolução deve levar ao poder forças com vigor transformador.


Mas não se faz uma revolução sem o trabalho cotidiano do servidor público.
Este programa apela aos servidores públicos para que sejam os executores
destas políticas transformadoras, com a convicção de que quem serve o país
constrói um novo tempo, sem o qual nenhum de nós terá futuro. É preciso
reconhecer e prestigiar o papel do servidor, e confiar que vocês querem
servir ao povo executando as mudanças de que o Brasil precisa.

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Aos policiais

O Brasil vive uma guerra civil explícita, visível nas ruas. E vocês são
os guerreiros que enfrentam diariamente as batalhas contra o crime.
Este programa defende que vocês sejam reconhecidos nacionalmente
por essa luta, mas convida-os a lutar também para que um dia a paz
esteja nas ruas. E o caminho para isso é a educação.

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Introdução

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É preciso, é possível e sabemos como fazer

por Cristovam Buarque

H á momentos em que os países precisam apenas de um gerenciamento


efetivo. Em outros, precisam também de uma reorientação no rumo.
O Brasil vive um desses momentos de necessária reorientação. Como
aconteceu em 1889, 1930, 1964, 1985, está novamente diante de barreiras
que o impedem de avançar rumo a uma sociedade moderna. E é preciso
atravessá-las.
De imediato, é fundamental gerenciar os problemas atuais – baixo
crescimento econômico, altas taxas de juros, desemprego, violência, fraco
nível educacional do povo, infra-estrutura insuficiente, meio ambiente
depredado, desigualdade gritante, Previdência ameaçada, soberania
fragilizada. Mas, além do gerenciamento desses problemas, o Brasil precisa
de uma mudança profunda no seu projeto nacional.
Precisa de uma revolução.
Não se trata mais de uma revolução na estrutura da economia ou da
propriedade, como se defendia há alguns anos. Não se trata de modificar
a relação entre estatal e privado; nem o funcionamento democrático da
sociedade. A revolução de hoje se limita a uma radical transformação da
qualidade da educação e ampliação do acesso a essa educação.
Cada um dos problemas imediatos pode e deve ser enfrentado com
medidas paliativas, mas nenhum deles se resolverá sem uma profunda
modificação no quadro educacional.
A taxa de crescimento econômico pode ser maior, mas só será satisfatória
e sustentável se o Brasil aumentar a produtividade da sua mão-de-obra e



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desenvolver novos setores produtivos, compatíveis com a economia de
alta tecnologia que caracteriza os novos mercados do século 21. Isso só
será possível com uma revolução em todos os níveis da educação, com a
criação de eficientes centros de produção de ciência e tecnologia, como foi
o ITA nos anos 1950, para que o Brasil possa exportar chips e softwares,
além de soja e minério.

A desigualdade pode ser menos abismal


com a ajuda de programas assistenciais,
como a Bolsa Família; mas ela só se reduzirá
se houver garantia de oportunidades
iguais para todo brasileiro.

E isso só virá se garantirmos educação de qualidade para cada criança,


independentemente da classe social a que pertença e da cidade onde ela viva.
A violência pode e deve ser enfrentada com o rigor da repressão policial
e jurídica. Mas a paz só será construída com uma revolução na educação
em todo o Brasil e um conseqüente crescimento econômico, que vai criar
oportunidades para todos.
O desemprego pode e deve ser enfrentado de imediato, com a volta do
crescimento e algumas ações do governo; mas só chegará a níveis aceitáveis
se implementarmos um programa radical de qualificação profissional,
para que o Brasil faça parte da nova economia do conhecimento.
Cada problema deve ser enfrentado de imediato, mas o Brasil precisa
de uma revolução na educação. Não podemos continuar com pequenos
jeitinhos, como costumamos fazer. O Brasil precisa dar um salto. Houve
avanços nas últimas duas décadas, mas nenhum salto. O Fundef e o
Fundeb representam para a educação o mesmo que representavam a Lei
do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários para a escravidão: avanços, mas
não abolição.
Eu quero ser o presidente do Brasil para enfrentar os problemas
imediatos que os presidentes anteriores não souberam enfrentar, mas
acima de tudo para liderar a revolução da educação que nenhum
deles quis realizar. Porque eles olhavam para o País como um sistema
econômico que precisava ser dinamizado, e não como uma sociedade

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que precisa ser educada, para que sua economia cresça de maneira
sustentada e bem distribuída.
Estou pronto e preparado para ser o presidente que vai enfrentar os
problemas imediatos e que pode liderar a virada para um novo rumo.
Dirigir um governo capaz de abrir uma porta no muro contra o qual o
Brasil se choca, mesmo quando cresce e constrói.
O PDT será o partido que, junto com os demais e as forças vivas do
País, construirá um pacto para colocar o bem-estar do povo e o futuro
da Nação acima dos interesses partidários e corporativos, para realizar a
revolução pela educação. E o fará de maneira coerente com sua história,
pois desde os anos 1950, quando eleito pela primeira vez, Brizola colocou
a educação como prioridade. Passados mais de cinqüenta anos, o Brasil
descobre que ele tinha razão.
Este documento não é um Plano de Metas, como apresentou Juscelino
em 1954, nem um Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), como
elaboraram os governos militares. Não é tampouco um programa
tradicional de campanha. É uma simples e ambiciosa apresentação de
como fazer para enfrentar os problemas imediatos, com o imenso desafio
da revolução educacional que servirá de base para colocar o Brasil na
direção da modernidade do século 21.
Espero que este pequeno documento desperte a confiança perdida no
futuro e convença os eleitores de que sim, é preciso e é possível, e de que
sabemos como fazer.

Setembro, 



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1
A situação do Brasil hoje:
riscos e desafios



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Sou candidato a Presidente em nome
desta causa: dar a cada brasileiro, rico ou pobre,
o direito a uma educação de qualidade. Só assim
construiremos uma nação digna desse nome:
fazendo uma revolução pela educação.

Cristovam Buarque



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O Brasil entra no século 21 com fisionomia bem diferente daquela
que marcou o início do século 20. Naquela época, éramos uma jovem
república, na qual prevaleciam a economia agrária de exportação e
um sistema político marcado pela hegemonia dos grandes produtores
rurais.
Muita coisa mudou. A população se deslocou do meio rural para
o urbano, desenvolvemos notável parque industrial, passamos de
economia pobre a economia emergente. Fomos o país que mais cresceu
nos primeiros 80 anos do século 20. Mas agora o Brasil chega ao século
21 com o povo empobrecido, uma perversa desigualdade, elite política
descomprometida e corrupta, e sobre todos nós pairam nuvens escuras.
O brasileiro, que sempre se orgulhou de seu otimismo e sua amabilidade,
sente medo, insegurança, desesperança.
Pelo menos treze riscos ameaçam o Brasil neste século. Nossa proposta
para a Presidência da República é vencê-los, juntos.

1. Divisão social
Mais de cem anos depois da Proclamação da República, entramos
no século 21 com o País dividido entre uma minoria rica e uma massa de
pobres. Estes constituem cerca de um terço da população: quase 60 milhões
de brasileiros. Mais de cem anos depois de abolida a escravidão, o Brasil é

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uma sociedade com apartação, ou apartheid social. O grande desafio dos anos
1950, enfrentado por JK, era o da integração nacional; hoje enfrentamos o
risco da desagregação social.

2. Guerra civil
O crime organizado desafia as instituições e toma conta de crescentes
espaços nas grandes cidades, em face de um governo inoperante.
Entre as causas, estão a desagregação social, a ineficiência do sistema
de segurança e a inexistência de programas sociais para a juventude.
Sofremos o risco do caos provocado pelo crime, que domina as ruas
das grandes cidades e se expande como guerra sem ideologias. A certeza
da impunidade serve de incentivo à violência – numa sociedade em
que lideranças políticas dão o mau exemplo da ladroagem e da falta de
compromisso com a coisa pública.

Por não termos investido ontem na inclusão


da maioria, precisamos hoje investir em segurança.

Teria sido bem mais barato investir em educação e prevenir tanta


violência, tanto desperdício de vidas. As classes altas se encastelam
atrás de muralhas e grades, os trabalhadores são prisioneiros da
criminalidade, e os bandidos andam soltos, numa demonstração da
ineficiência das instituições.

3. Deseducação
Com ela, nosso futuro está comprometido. Corremos o risco de
ficar definitivamente para trás na economia internacional, que já entra
na Era do Conhecimento. Continuamos na retaguarda do avanço
técnico-científico e educacional. Nosso tempo médio de escolaridade
não passa dos 6 anos, enquanto a Coréia e outros países desenvolvidos
ultrapassam os 12, em escolas de tempo integral e com ensino de alta



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qualidade. Temos 10% de analfabetos entre a população adulta e
quase metade dela constituída de analfabetos funcionais – sabem ler,
mas não entendem o que lêem, nem são capazes de fazer as operações
matemáticas básicas. O quadro é ainda pior quando se trata do
analfabetismo digital.

4. Economia vulnerável
Enquanto o mundo cresce em média a 4% ao ano e os países
emergentes entre 6% e 9%, o Brasil tem crescido a 2%, pouco
acima do crescimento da população. E isso há mais de 20 anos. No
cenário mundial, nossa economia caiu do 8o para o 15o lugar. Nossas
exportações têm cada vez menos valor agregado, num mundo que
relega a segundo plano exportadores de commodities não-elaboradas.
Assim ficamos cada vez mais vulneráveis. Investimentos em ciência
e tecnologia são irrisórios, a universidade está abandonada e nossa
dependência cresce. A dívida pública já chega à casa do trilhão de reais
e segue aumentando, em função dos juros altos, que também sufocam
as empresas.

A agricultura, importante base de exportação,


está à mercê de uma política que leva os produtores à falência.

A produção de máquinas e implementos agrícolas caiu mais de 70%


no ano passado.

5. Desemprego
Com uma economia sem crescimento e sem capacidade de inovar, o
brasileiro está condenado ao desemprego crescente, que vai corroendo
a estrutura social. Nossas indústrias importam inovações que criam
desemprego; os trabalhadores vão sendo substituídos por robôs, mas não
conseguem fabricá-los.

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6. Infra-estrutura sucateada
O investimento público em infra-estrutura é praticamente inexistente.
Depois de anos sem investimentos, as estradas ameaçam a segurança dos
viajantes e limitam nosso desenvolvimento. Os portos operam com lentidão.
Boa parte da safra se perde por deficiências na estrutura de armazenamento e
transporte. A capacidade energética está no limite. Já tivemos o trauma do apagão
em 2001 e chegamos a uma encruzilhada: não temos condições de promover
um ciclo de crescimento sem antes investir na ampliação da capacidade de gerar
energia e melhorar a logística. Por causa da frágil infra-estrutura, perdemos
competitividade no mercado internacional, o que eleva o Custo Brasil.

7. Corrupção
A apropriação privada dos bens públicos tornou-se regra. Existe uma
opinião generalizada de que o exercício da política se confunde com o
roubo, e a realidade não é muito diferente.

8. Atraso institucional

Por causa dele, o País está condenado ao atraso econômico e corre mais
riscos de perder as oportunidades que o mundo apresenta. Temos um Estado
burocrático, envelhecido; um poder judiciário lento, obscuro e vacilante,
sujeito às influências dos poderosos e aos humores dos juízes. Nossa gestão
pública está ultrapassada, presa ao formalismo. Sucessivos dirigentes têm
lidado com a estrutura governamental como se fosse um grande território
para pilhagem. Os ativos do Estado foram dramaticamente reduzidos, em
função de um processo de privatização açodado e de um sucateamento que
atende às expectativas neoliberais, mas resulta em prejuízos para o povo.
Cargos públicos são distribuídos como no tempo das capitanias hereditárias.
Não há compromisso com resultados. Os servidores, desvalorizados e
desestimulados, simplesmente não recebem formação adequada. O povo
enfrenta filas madrugada afora para tentar uma consulta médica. Os idosos
passam por vexames para receber uma aposentadoria.
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9. Assistencialismo
A velha prática engana as pessoas, consolida a pobreza e alimenta o cliente-
lismo político. Corremos o risco de ver nossa gente transformada em imensa
massa de beneficiários passivos do Estado, submetidos à humilhação da esmola.
Como se bastasse ficar vivo, em vez de se desenvolver e melhorar de vida.

As práticas do coronelismo rural se reproduzem agora em escala


nacional, sob a égide do governo federal.
A maioria do povo, submetida ao assistencialismo,
não é tratada como cidadã. É manobrada como curral eleitoral.

10. Descrença na democracia


O processo democrático vive da credibilidade, mas nossas instituições
a estão perdendo, por causa da corrupção generalizada. O povo vê os
Três Poderes com desconfiança e indignação. Acha que um é corrupto e
inoperante; o segundo, corrupto e irrelevante; um terceiro, arrogante e
leviano. As velhas práticas do nepotismo, do fisiologismo e da ladroagem,
pragas que impediam a democracia e o desenvolvimento, agora se dão
em maior escala. A esmagadora maioria dos partidos perdeu não só a
identidade, mas também a vergonha.

11. Corporativismo e imediatismo


Grandes corporações lutam por seus interesses específicos e imediatos,
sem solidariedade alguma para com o conjunto do País e com as futuras
gerações. Como se a nação fosse feita de pedaços, sem uma alma que a
unificasse. Fizemos leis e mais leis que, com a desculpa de proteger direitos,
criaram privilégios. É como se apenas o presente interessasse. Trabalhadores
defendem seus poucos direitos, sem perceber que o futuro trará novos
direitos e inviabilizará alguns dos atuais. Empresários defendem mudanças
superficiais e não notam que uma nova economia está em construção.

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12. Degradação ambiental
Se continuar, trará conseqüências catastróficas. Já temos rios mo-
ribundos, como o São Francisco. A desertificação cresce no Nordeste
e no Sul. A floresta amazônica se desfaz em queimadas impunes. O ar
das cidades está cada dia mais contaminado e as condições de vida se
deterioram, em função de problemas de saneamento. Nossos recursos
hídricos, grande riqueza brasileira, vão se esvaindo pela erosão, pelo uso
descontrolado e pela falta de proteção aos mananciais.

13. Nacionalidade comprometida


Quase 200 anos após a Independência, a nacionalidade está amea-
çada pelo atraso da nossa base científica e tecnológica; pela permissão
legal para que enclaves estrangeiros se instalem na Amazônia; pela vul-
nerabilidade diante dos bancos e do capital financeiro internacional.
Preso aos interesses da reeleição, o governo deixa o Brasil à deriva.
Não tem metas para agora, nem para amanhã. Só planos para se manter
no poder. Alguns ministros confundem os interesses nacionais com suas
ambições pessoais, ou com seus compromissos partidários. O País está
sendo governado com olhos fixos no presente. É como nau sem rumo;
navega, mas não sabe para onde.
O Brasil está diante de um muro que lhe impede o avanço. Se conti-
nuar batendo contra ele, será despedaçado pela violência, desigualdade,
ineficiência, explosão nas contas públicas.

O Brasil precisa de uma mudança de rumo, de uma revolução.


E essa revolução está na educação.

Ela é a base de um novo projeto nacional que nos leve ao século 21.

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2
Nossas potencialidades para
enfrentar os desafios

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Hoje, em vez de socialista,
eu sou um mero abolicionista.
Eu dei um passo ideológico atrás.
A realidade hoje é do APARTHEID.

Cristovam Buarque



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S omos um país rico, repleto de potencialidades. À diferença de
outras nações, o Brasil dispõe de recursos que nos permitem virar a
página do passado e entrar numa era de bem-estar. Não temos o
engessamento das estruturas sociais do mundo desenvolvido do Norte,
por isso dispomos de melhores condições de mudar.

Não padecemos a pobreza da maior


parte dos países africanos,
com isso temos recursos para
enfrentar a pobreza e a desigualdade.

O Brasil é o quinto país em extensão territorial e em população no


mundo. Temos 14% da água doce do planeta e grandes extensões de
terras agricultáveis. Com riqueza do solo, fartura da água e abundância
de sol, podemos ser o celeiro do mundo, além de alimentar bem nossa
gente. Somos ricos em reservas de ferro, manganês, ouro e diversos
outros minérios.
Temos uma renda nacional de cerca de 2 trilhões de reais por ano, 5%
da renda mundial; uma indústria com capacidade para produzir tudo
aquilo de que o Brasil precisa para competir, no campo internacional,
em diversos setores. Temos um perfil de ciência e tecnologia com bom
potencial de crescimento.

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Somos um dos países mais bem aquinhoados em energia. Depois de
50 anos de sistemáticos investimentos, obtivemos a auto-suficiência de
petróleo, ainda que por algumas décadas. O Brasil é o país que detém
a mais avançada tecnologia de exploração de petróleo e gás em águas
profundas. Conhecemos, como poucos, a tecnologia para produção de
biocombustíveis. Já iniciamos experiências importantes na exploração
de energias alternativas, como a eólica e a solar. E temos a possibilidade
de ampliar a exploração da energia nuclear, quando puder ser produzida
com segurança.
Nossa matriz energética, diferente da maior parte dos países
emergentes, é fundada majoritariamente em energia renovável e não-
poluidora.
Temos 4 milhões de jovens no curso superior; classe operária
organizada; sociedade civil participante; moeda estável, pela primeira
vez em décadas; plena liberdade democrática; imprensa livre. É pouco
para um país rico como o nosso, mas é bastante como base para criar
um Brasil diferente.
Já tivemos provas de nosso potencial político. Saímos da escravidão
sem guerra civil; do império para a república sem revolução; da ditadura
para a democracia sem grandes traumas; da inflação histórica para uma
robusta estabilidade. O apagão de 2001 foi enfrentado com serenidade
e disciplina. Mostramos que sabemos enfrentar adversidades.

A forma de reverter os riscos que nos


assolam é liberar nosso potencial
e usá-lo para atingir os objetivos
que beneficiarão nosso povo
e assegurarão a soberania da Nação.

Para isso, o Estado não precisa substituir a iniciativa privada e os atores


sociais, não precisa subverter a estrutura econômica nem a propriedade,
mas apenas criar as condições para o pleno desenvolvimento dos nossos
recursos, intervindo para proporcionar a todos os merecidos direitos.

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3
Que Brasil podemos
e devemos construir:
metas para 

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Se as crianças serão adultos pobres
porque não estudam no presente,
e se não estudam porque são pobres,
a solução é quebrar o círculo vicioso
da pobreza pagando às famílias pobres
para que seus filhos estudem,
no lugar de trabalharem.

Cristovam Buarque

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D ois grandes males amarram o Brasil e o impedem de dar um
salto para o futuro: o equívoco na estratégia nacional, que relega a
segundo plano a educação; e a descontinuidade nas ações de governo.
Obras são interrompidas e outras iniciadas, as quais, por seu turno,
ficarão em parte pela metade. Desmontam-se programas de sucesso
internacional, como o Bolsa-Escola, para se colocar em seu lugar
programas assistencialistas.
Falta visão estratégica aos governos. Falta um projeto de envergadura,
com objetivos, desafios e metas de longo prazo. Falta a indicação de
para onde queremos ir, de que sociedade queremos construir e deixar
para nossos filhos e netos.

Falta um projeto nacional


e a consciência de que a única revolução
possível, hoje, é a da educação.

Por isso, antes de definir as ações essenciais do próximo governo,


apontamos para onde nos dirigimos e assinalamos o Brasil que
desejamos quando chegarmos a 2022, por ocasião do bicentenário da
Independência.
O quadro a seguir mostra que, crescendo na mesma medida em que
cresce o mundo atualmente, com políticas sociais consistentes, com uma
revolução na educação básica e no ensino superior, ciência e tecnologia, e
uma ação governamental que estimule o empreendedorismo da nossa gente,
é possível ter um Brasil em 2022 mais justo e democrático. Os itens a seguir
dão uma idéia do Brasil que se poderá ter, caso as mudanças comecem já.

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Um Brasil:
1. sem analfabetos;
2. com escolaridade média similar à dos países desenvolvidos de
hoje;
3. com escola adequada para todos os jovens;
4. com oportunidade de melhor escolaridade e qualificação
profissional para todos os adultos que desejarem;
5. sem exclusão social, famílias nas ruas, crianças abandonadas,
pessoas desprovidas do essencial;
6. com substancial redução das desigualdades social, étnica,
regional e de gênero;
7. com maior respeito às populações socialmente vulneráveis;
8. sem crianças e adolescentes submetidos à exploração sexual ou
ao trabalho infantil;
9. com cidades pacíficas;
10. com uma Previdência Social financeiramente equilibrada
e atendendo às necessidades essenciais da população idosa;
11. internacionalmente com menor vulnerabilidade financeira
e tecnológica;
12. com maior competitividade nos mercados globais;
13. com melhor qualidade ambiental;
14. com um Estado mais eficiente e sem corrupção;
15. com elevado nível de emprego;
16. com o trabalho informal reduzido ao mínimo;
17. com todos os brasileiros orgulhosos de serem brasileiros;
18. com uma infra-estrutura eficiente nos setores de transporte e energia.

Duzentos anos depois da Independência, queremos um País onde


prevaleça o bem de todos. É possível construir um Brasil assim, se
tivermos metas para o futuro e governos responsáveis que as cumpra.
Uma visão desse Brasil, perfeitamente factível, encontra-se no
quadro a seguir. Mas, para alcançarmos tais indicadores, precisamos
tomar medidas já.

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O BRASIL QUE PODEMOS TER EM 2022
QUANDO COMEMORARMOS O BICENTENÁRIO
DA INDEPENDÊNCIA

Indicadores 2005 2022


População (milhões de pessoas) 184 221
PIB – R$ bilhões (preços básicos de 2004) 1.851 3.914
PIB per capita (R$ de 2004) 10.058 17.709
Taxa média de crescimento do PIB (% a.a.) 3,5% 4,5%
Média de anos de estudo da população com 6,7 14,1
25 anos ou mais
Qualidade na educação (Média SAEB)
4a Série – Matemática 180 200
a
4 Série – Português 173 200
Média de proficiência em ciências – (PISA-2003) 390 496
Média de proficiência em matemática – (PISA-2003) 356 489
Média de proficiência em leitura – (PISA-2003) 403 488
Esperança de vida ao nascer (anos) 71,9 77,3
Mortalidade infantil (por mil) 25,8 8,2
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano 0,813 0,898
Índice GINI 0,564 0,398
Renda per capita anual dos brasileiros da faixa 817 2.434
10% mais pobre
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes em grandes cidades
Vitória 78 26
Recife 77 26
Rio de Janeiro 63 22
Maceió 57 20
São Paulo 52 20
Belo Horizonte 52 20
Brasília 39 15

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4
Vetores da transformação

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Nenhuma medida tem impacto
maior na luta contra a pobreza
do que a escolarização de todas as crianças.
Com uma medida simples, é possível
a cada governo e ao mundo inteiro
colocar todas as suas crianças na escola.

Cristovam Buarque

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N o momento da Independência, havia condições para que
despontássemos entre os países desenvolvidos. Porém, durante o século 19,
perdemos o passo e entramos numa dinâmica lenta. Isso porque
cometemos erros estratégicos, entre os quais:
a) libertamos os escravos, mas vetamos seu acesso à terra: não
democratizamos o regime fundiário nem fizemos a reforma
agrária, quando países desenvolvidos, como os Estados Unidos,
a fizeram ainda no século 19;
b) não implementamos uma escola universal e de qualidade,
enquanto países como o Japão, mais atrasados que nós no
século 18, o fizeram no século 19;
c) adotamos um processo de industrialização baseado na
concentração de renda, que privilegiou o consumo de alta renda
e a exportação, desprezando nosso vasto potencial de mercado
interno;
d) concentramos a renda como forma de dinamizar a demanda
para os produtos da indústria;
e) fizemos nossa industrialização apoiando-nos nos ombros dos
trabalhadores rurais, submetidos a um regime desumano de
trabalho, sem receber retorno;



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f) dividimos o País em corporações, sem um sentimento comum
de nacionalidade;
g) aprisionamos nossas políticas e ações no imediatismo de
pequenos remendos para cada problema no curto prazo, no
lugar de realizarmos mudanças estruturais para atender ao
interesse comum de longo prazo;
h) não só concentramos renda, como reduzimos o acesso aos
direitos humanos e até hoje temos trabalho forçado, crianças
fora da escola, parte da população sem acesso à saúde, até sem
registro civil, entre outras exclusões.

Tomamos decisões erradas que, apesar de permitir, na primeira


metade do século 20, um forte crescimento econômico por algum
tempo, nos conduziram ao atraso, em relação aos demais países, à
pobreza, a uma das maiores desigualdades do mundo, a um sistema
político corrompido e à violência generalizada nas grandes cidades. E,
sobretudo, não vivenciamos uma revolução que ampliasse a democracia
e o sentimento de identidade nacional da nossa elite; que quebrasse a
apartação social que divide o País entre bairros “nobres” e favelas, como
antes dividia entre casa grande e senzala.
Crescemos nos primeiros 80 anos do século 20 graças à extensão
territorial, aos recursos naturais abundantes e à criatividade de nossa
gente. Alcançamos a urbanização, a industrialização e a ampliação
do acesso aos direitos, fortalecemos as instituições democráticas. E
crescemos, particularmente, quando aproveitamos as oportunidades das
duas guerras mundiais, graças ao governo de Getúlio Vargas; e no início
dos anos 1970, quando a conjuntura internacional nos foi favorável.
Com JK, integramos um território imenso e rico, com a construção de
Brasília, a expansão de nossa infra-estrutura e a ocupação agrícola de
novas fronteiras. Mesmo no regime militar, apesar da brutalidade da
ditadura, construímos uma formidável infra-estrutura.
No entanto, nos anos 1980 perdemos o passo outra vez.
Olhando como os desenvolvidos e os emergentes crescem, podemos
identificar alguns vetores fundamentais:



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a) grande mercado interno;
b) abundância de recursos naturais;
c) acesso ao mar;
d) excelente nível de educação (mais de 12 anos de escolaridade
média), de qualidade (crianças aprendem a ler, jovens a
raciocinar e adultos a trabalhar);
e) boa capacidade de inovação, não só de invenções, mas também
de adaptação das descobertas científicas na criação de novos
produtos ou na melhoria dos processos produtivos;
f) instituições fortes e consolidadas, produzindo um clima de
estabilidade e redução de risco para os investimentos.

Os três últimos vetores são os essenciais. Países que não dispõem de


grande mercado como Irlanda e Finlândia são desenvolvidos. Países que não
têm abundância de recursos naturais como Coréia e Japão são desenvolvidos.
Países sem acesso ao mar como Áustria e Suíça são desenvolvidos.

O que os países desenvolvidos têm em comum


são os três últimos vetores. Justamente os que
nos faltam de maneira extraordinária: educação
universal de qualidade, capacidade
de inovação e instituições consolidadas.

Entre os séculos 19 e 20 o mundo sofreu três revoluções científicas e


tecnológicas. Chegamos atrasados às três, principalmente por falta de
educação universal de qualidade. Agora, o mundo conhece uma nova fase
de grandes transformações, deslocando-se da sociedade industrial para uma
sociedade do conhecimento. A educação ganha ainda mais relevância. O
grande valor da economia hoje está no capital humano, nas pessoas, na sua
capacidade de empreendimento, realização e inovação.
Recursos naturais, se bem que importantes, contam menos que antes.
Gente qualificada é o que distingue as melhores economias das piores, as



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sociedades mais desenvolvidas das menos desenvolvidas, os povos com
acesso a bens e aqueles que vivem na pobreza ou na miséria.
Apesar disso, o Brasil insiste em relegar a educação de suas crianças,
e ainda comemora o atraso: comemoramos ter 5% das crianças fora da
escola, quando enaltecemos os 95% matriculados. Comemoramos a
matrícula, quando sabemos que 50% dos brasileiros ficarão para trás,
sem concluir a 8ª série do ensino fundamental; que quase 70% não
concluirão o ensino médio; e que dos pouco mais de 30% que chegam
até o final, mais da metade estudarão em cursos deficientes.

Temos um modelo suicida para uma


sociedade do conhecimento do século 21,
ainda mais do que era a escravidão
para a economia do século 19.

Se queremos superar o risco da desintegração social, erradicar


a pobreza, reduzir a desigualdade, melhorar a qualidade de vida
de todos os brasileiros e parar de seguir o caminho da desagregação
social e do atraso; se queremos uma economia potente, só existe um
caminho: melhorar e universalizar a educação de base, consolidar nossas
instituições e promover o desenvolvimento científico, tecnológico e
cultural do povo brasileiro.



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5
Missão do próximo
governo: promover um
desenvolvimento humano,
integrado e sustentável

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Se o analfabetismo fosse contagioso,
não haveria mais analfabetismo no Brasil.

Cristovam Buarque



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É preciso fazer muito, para chegarmos ao desenvolvimento
sustentável como queremos. Precisamos partir de cinco eixos estratégicos,
fundamentais para mudarmos o País.

Quanto custa não fazer


No começo dos anos 1960, a Coréia tinha renda per capita da ordem
de US$ 900 e o Brasil, de US$ 1.800, o dobro. Neste começo de século
21, a renda do Brasil encontra-se por volta dos US$ 8 mil (corrigida
pela paridade de compra) e a da Coréia é que se tornou o dobro da
nossa (cerca de US$ 16 mil).

Os coreanos multiplicaram
por 18 sua renda per capita, enquanto
nós a multiplicamos por 4,5.

A opinião geral é de que isso aconteceu, principalmente, porque


os coreanos fizeram uma revolução na educação, e nós não. Caso a
tivéssemos feito, poderíamos ter hoje uma renda per capita em torno
de US$ 32 mil. Quase quatro vezes maior. Perdemos, cada brasileiro,
cerca de US$ 24 mil anuais. Nosso PIB seria de quase US$ 3 trilhões,
em vez de menos de US$ 1 trilhão.



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A falta de uma revolução na educação vai continuar a produzir um
alto custo anual em termos de violência no Brasil, estimado entre R$ 80
bilhões e R$ 200 bilhões, conforme a fonte; e de pelo menos outros R$
9 bilhões em Bolsa Família para 40 milhões de pessoas.
Para não falar do custo moral da vergonha por causa da desigualdade,
da pobreza.
E ainda haverá o custo de um Brasil definitivamente para trás no
cenário das nações, perdida a chance de participar da atual revolução
científica e tecnológica em marcha no mundo.

O custo de não fazermos a revolução


educacional e não tomarmos as demais
medidas aqui propostas é a perda do Brasil,
seu esgarçamento como nação moderna, pacífica,
eficiente, com igualdade de oportunidade,
criadora de riquezas materiais para todos
os brasileiros e, sobretudo, de riqueza
intelectual, científica, tecnológica e cultural
para toda a humanidade.

É um custo da omissão que a geração atual não tem o direito de


permitir. Porque ainda é possível reorientar o futuro do Brasil, com
uma revolução pela educação, como fez a Coréia.
E fazer não custa muito, veja no fim do capítulo 7.



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6
Cinco eixos para a mudança



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Precisamos vender um novo padrão
de riqueza que não seja o consumo,
mas sim a segurança, a dignidade, a satisfação.

Cristovam Buarque



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Eixo 1
Educação e ciência e tecnologia

Mudança em direção à sociedade do conhecimento, que implicará


seis ações estratégicas:
1. Revolução na qualidade do ensino fundamental, assegurando que
todas as crianças aprendam a ler e concluam este ciclo, com expansão do
ensino pré-escolar. Só nesse momento começaremos a universalização
efetiva da escola.
2. Universalização do ensino médio, com uma escola para todos os
adolescentes e jovens, adaptada à sua cultura e ao seu modo de ser. Só
nesse momento teremos concluído a universalização efetiva da escola.
3. Ampliação do ensino técnico. Hoje, cada vez mais jovens
necessitam de uma profissão para entrar com qualidade no mercado de
trabalho.
4. Reforma do ensino superior, que sintonizará as universidades às
novas exigências do mercado de trabalho.
5. Erradicação do analfabetismo e ampliação do ensino de jovens
e adultos, para que tenhamos uma população adulta escolarizada e
qualificada, levando em conta a cultura local, valorizando o conhecimento
universal como forma de compreensão da própria realidade.
6. Apoio ao desenvolvimento de uma forte infra-estrutura científica
e tecnológica, com uma estratégia de longo prazo.


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Serão necessárias muitas mudanças na formação do corpo docente,
na concepção e equipamento das escolas, nos projetos pedagógicos, na
gestão do sistema e na valorização e melhoria salarial dos professores;
isso só se obterá mediante a federalização, espécie de Sistema Único da
Educação Básica, que vai dar a todas as escolas padrões de qualidade
similares, e a todas as crianças e adolescentes as mesmas oportunidades
de aprendizado e desenvolvimento.



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Eixo 
Instituições

Um dos vetores essenciais na transformação recente dos países


desenvolvidos, e dos quais mais precisamos para alcançar melhores níveis
de qualidade de vida para nossa população, é o quadro institucional,
sobretudo em cinco campos essenciais:

1. Segurança Pública
Precisamos de mais coordenação, mais qualidade nos serviços de
inteligência e mais adaptação das instituições às condições particulares
e diferenciadas do País. Sem instrumentos eficazes e coordenados, o
Estado não terá condições de oferecer segurança. Sem articulação entre
ações de repressão e de prevenção, sempre com prioridade para esta,
não teremos resultados eficazes. O governo federal não pode mais se
eximir de suas responsabilidades, nem pode persistir a situação caótica
nas suas relações com os Estados da Federação. A cultura da paz só
será construída se tivermos instituições competentes, com pessoas bem
treinadas.

2. Sistema político e eleitoral


A ameaça à democracia e à credibilidade das nossas instituições
exige uma reforma do sistema político e eleitoral. Ela resultará de um



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pacto a ser estabelecido no início do governo, que remeta à redução
no custo das campanhas e ao seu financiamento público, à adoção de
um novo sistema que aproxime os eleitores dos seus representantes e à
introdução da fidelidade partidária programática, fortalecendo partidos
e ampliando suas responsabilidades.

3. Justiça
A garantia do cumprimento dos contratos, a coerência e permanência
das decisões jurídicas e o acesso rápido à justiça demandam, igualmente,
uma coordenação entre os atores políticos e sociais, para acelerar e
garantir uma reforma no setor. Essa é uma condição imprescindível
para melhorar as condições de investimento e a prestação de serviços
da justiça.

4. Administração pública
O Estado brasileiro necessita, urgentemente, de uma reforma na
gestão para melhorar a qualidade de seus gastos, reduzir desperdícios,
tornar mais eficientes as ações e restringir drasticamente o campo da
corrupção. Não se combate a corrupção que corrói nossas instituições
com promessas ou discursos, mas com medidas. Deve-se fortalecer as
instituições. Para isso, será necessário introduzir a gestão por resultados,
definindo metas e responsabilidades; reduzir os ministérios e órgãos
públicos, incluindo os cargos comissionados de livre nomeação, estes
pela metade; garantir a ocupação de 80% deles, obrigatoriamente, pelos
servidores públicos, e melhorar sua qualificação, com o fortalecimento
e a ampliação das escolas de gestão pública.

5. Finanças
É necessário consolidar as instituições financeiras e monetárias, pois
a estabilidade da moeda é essencial para o desenvolvimento econômico.
A inflação prejudica o País, principalmente os pobres, e as oscilações
na intervenção pública, do tipo “pacotes”, desarticulam mais do que
reorganizam.



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Eixo 
Pacto nacional de solidariedade
pela abolição da exclusão social

Nosso compromisso moral mais importante é o de erradicar a pobreza


e reduzir a desigualdade social. E o enfrentamento dessa questão não é
simples; exige um conjunto de ações articuladas entre si que, ao mesmo
tempo, articulem as diversas instâncias de governo e os distintos atores
da sociedade.
1. É possível erradicar a pobreza extrema em prazo curto, se adotarmos
programas não puramente assistencialistas, mas que proporcionem
oportunidades a quem tem condições de trabalhar. Para isso, será
necessário retomar o programa Bolsa-Escola e continuar assistindo os
necessitados, proporcionando aos desempregados a oportunidade de
assumir funções que melhorem sua qualificação e reinserção no mercado
de trabalho. O apoio aos mais necessitados deve visar a sua autonomia
e emancipação, e não sua subserviência aos governantes.

O sucesso de um programa de inclusão


social não se mede por quantos ingressaram,
mas sim por quantos dele conseguem sair.



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2. Incentivar e apoiar os Centros Integrados de Assistência a Mulheres
sob Risco de Violência Doméstica e Sexual. Trata-se da ampliação
do programa de Casa-Abrigo, moradia protegida, com atendimento
integral que envolva ações de saúde, apoio psicológico, social e jurídico,
orientação ocupacional e pedagógica, visando proteger a mulher em
situação de violência e seus filhos menores, preparando-a para uma vida
em novas bases.
3. Proporcionar a todos, mas sobretudo às famílias pobres, o acesso a
saúde de qualidade, com a ampliação do Saúde da Família (PSF), entre
outras ações. Os idosos não podem ser objeto apenas da Previdência
e Assistência. A Seguridade Social melhorará necessariamente seu
atendimento e condições de acesso com hospitais especializados.
4. A ruptura da pobreza está associada ao estímulo do
empreendedorismo, com ampliação do microcrédito, assistência
e formação dos micro e pequenos empresários e simplificação dos
procedimentos de criação e extinção de empresas.

É imperativo que se simplifique


o sistema tributário brasileiro.

Nosso sistema tributário deixa os empreendedores emaranhados em


mais de 70 impostos, taxas e contribuições, inibindo e dificultando
o investimento e a iniciativa, e prejudicando a geração de emprego e
renda, particularmente para os mais pobres.
5. Ao pensarmos em geração de emprego e renda, não podemos
esquecer que somos também um país de pequenos produtores, dedicados
à agricultura familiar, e de sem-terra. É preciso encerrar de vez o capítulo
da reforma agrária, missão que deveríamos ter cumprido no século
19, logo depois de abolirmos formalmente a escravidão. Precisamos
montar uma força-tarefa extraordinária, com apoio de todos os poderes,
para resolver o problema fundiário brasileiro em suas expressões mais
perversas. A abolição da pobreza remete imprescindivelmente ao apoio
à agricultura familiar, para melhorar sua produtividade, sua inserção
no mercado, e elevar a qualidade de vida dos brasileiros do campo.
O governo federal tem a obrigação de criar as condições para que os
produtores possam exprimir a plenitude de sua capacidade.



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Eixo 
Desenvolvimento regionalmente integrado
e ambientalmente sustentável

Não cabe mais ao Estado o papel de principal protagonista do


desenvolvimento, como ocorreu no passado. Além das mudanças das
últimas décadas com a globalização, o Estado serviu sobretudo, como
previam os textos clássicos da literatura de esquerda, para concentrar
renda e privilégios nas mãos daqueles, capitalistas ou trabalhadores,
com acesso aos mecanismos do poder.
O aumento da densidade e diversidade da sociedade faz com que
nela estejam os principais promotores do desenvolvimento.

Ao Estado cabe, no entanto, preservar


os interesses nacionais, pela erradicação
da pobreza, redução da desigualdade
social, regional e étnica.

Cabe-lhe também assegurar regras de funcionamento que garantam o


bem-estar geral, evitando que interesses individuais se sobreponham aos
públicos, e estimulando iniciativas que permitam ganhos à sociedade.
A concepção de políticas regionais vem tratando as regiões pobres

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como um setor, conduzido por um ministério que atua de forma
isolada, enquanto o restante da máquina governamental federal atua
no território nacional com a lógica da eficiência apenas econômica,
reforçando a concentração e privilegiando as regiões ricas com grandes
investimentos estruturantes.

Uma nova política regional é essencial


para reduzir as desigualdades e garantir
a oferta de oportunidades iguais
para todos os brasileiros.

Um programa ousado para transformar a imensa biodiversidade


em riqueza real deve estar apoiado em práticas como as que fizeram o
sucesso na Petrobras, na Embrapa e no Pro-Álcool. Elas viabilizaram
a auto-suficiência em petróleo e o agronegócio mais competitivo do
mundo. Temos agora de visar a auto-suficiência no aproveitamento
sustentável da nossa biodiversidade.
Não se pode descuidar dos investimentos em infra-estrutura,
particularmente em energia, que devem provir da aliança entre os
setores público e privado, cabendo ao Estado, sobretudo, a regulação
do mercado em função dos interesses nacionais. Precisamos estimular
mudanças em nossa matriz energética, fortalecendo as fontes renováveis
e limpas, estimulando o consumo e a produção de biocombustíveis,
assim como de energia eólica e solar.
Do mesmo modo, cabe ao Estado mobilizar esforços para a melhoria,
ampliação e modernização da infra-estrutura de transporte (multimodal
– rodoviário, ferroviário, marítimo e hidroviário), armazenagem,
abastecimento, portos e aeroportos.
Os recursos hídricos constituem uma das nossas maiores riquezas em
relação a outros países. Porém, não podemos descuidar de sua gestão,
sem o que comprometeremos o futuro de nossa economia e a qualidade
de vida da nossa população.



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Eixo 
Soberania nacional

O Brasil tem de participar ativamente dos grandes debates mundiais


sobre os problemas do aquecimento do planeta e outros desequilíbrios
ecológicos, sobre os problemas da migração e do apartheid social
global. Também sobre os riscos crescentes do terrorismo com armas de
destruição em massa.
O controle das nossas fronteiras, particularmente no Norte, deve ser
aumentado para que armas e drogas ilícitas não entrem impunemente
em nosso território, alimentando o crime organizado e ameaçando a
segurança pública.

O Estado é também crucial para que


a Amazônia seja ocupada e explorada
corretamente, de acordo com as suas
particularidades e os interesses
nacionais de longo prazo.

Para isso, as Forças Armadas devem ter seu papel redefinido e sua
capacidade de ação ampliada por meio de equipamentos modernos.
As Forças Armadas precisam ser fortalecidas como necessidade



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absoluta, diante dos riscos que pesarão no futuro sobre nossos
patrimônios, especialmente a água doce, cada vez mais escassa no
mundo. Um novo serviço, civil, sob coordenação das Forças Armadas,
deve também ser instituído, de forma a permitir que milhares de jovens
aprendam regras morais, absorvam valores, desenvolvam auto-estima
e sentimento nacional e saibam exercer um ofício. As Forças Armadas
podem e devem desempenhar um papel educativo junto a nossa
juventude.

O Brasil deve desempenhar um papel


importante na integração sul-americana,
fortalecendo e ampliando o Mercosul,
e apoiando as iniciativas de independência
dos nossos irmãos continentais.

Os interesses nacionais exigem que tenhamos relações com todos


os países que pregam a paz, valorizam a democracia e o respeito aos
direitos humanos. Relações diversas são a base para uma posição de
independência e responsabilidade no cenário internacional.



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7
Como fazer



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O Brasil vai ser educado
quando ficar rico ou vai
ficar rico quando for educado?

Cristovam Buarque



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N osso programa de governo tem a perspectiva transformadora,
por meio de uma revolução na educação. Esse é o caminho para
romper as amarras e as barreiras que não deixam o Brasil avançar para a
modernidade de um desenvolvimento compatível com as possibilidades
tecnológicas e econômicas e as exigências sociais e ecológicas do século 21.

Estamos ficando para trás e temos


de recuperar o tempo perdido.

Portanto, precisamos de um programa para longo prazo, que precisará


atravessar governos. Como aconteceu com os saltos de transformação
que o Brasil já deu: a abolição da escravatura, a proclamação da
República, a industrialização, a autonomia do petróleo, a erradicação
da poliomielite, a redemocratização, o Plano Real.
Mesmo assim, o governo começará 2007 com o País mergulhado
em uma crise econômica (porque não cresce); moral (por causa
da corrupção); fiscal (por causa do peso dos impostos e dos gastos
excessivos); e financeira (por causa da alta taxa de juros e da desordem no
uso dos recursos da Previdência). Com desemprego, violência, drogas,
filas, idosos maltratados, crianças abandonadas, jovens sem perspectiva,
adultos sem emprego. Somos um País sem causa.
Precisamos de medidas imediatas para enfrentar cada um desses



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problemas. Sem perder por um minuto consciência de que todas as
soluções serão paliativas e não sobreviverão sem uma revolução, por
meio da educação.
Escolhemos um programa que não fica preso ao imediatismo, mas
não esquece o imediato. Escolhemos um programa que não esquece
a necessidade de um marco estratégico, mas tampouco esquece as
necessidades da conjuntura.
Queremos que os brasileiros tenham a chance de conhecer as ações
que executaremos. Por isso, a opção do Como Fazer, com 43 medidas
para enfrentarmos nossos problemas, em cinco eixos de orientação
para o Brasil.
Queremos que as medidas aqui apresentadas (algumas necessárias
para solucionar mais de um problema) sejam analisadas pelo eleitor
brasileiro, antes que ele faça sua escolha. Mas, nos próximos anos, tais
medidas enfrentarão dificuldades e poderão sofrer ajustes e revisões,
segundo a evolução dos próprios problemas. Queremos ser julgados pelas
propostas radicais de mudanças nos rumos do Brasil, transformado graças
à revolução na educação que definirá e construirá o nosso caminho.

Como fazer
para promover uma revolução
na educação de base

1. Transformar o MEC em Ministério da Educação Básica.


2. Criar a Agência Nacional para a Proteção da Criança, junto à
Presidência da República.
3. Definir três Pisos Nacionais para a Educação Básica:
a) padrão nacional para formação e remuneração do professor:
estabelece normas mínimas federais para os concursos de
professores e um piso salarial federal mínimo para todos
eles, com obrigações de dedicação;

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b) padrão mínimo de equipamentos e instalações: estabelece
padrões mínimos para as edificações escolares e o
equipamento pedagógico mínimo de que ela necessita;
c) padrão mínimo de conteúdo: estipula o saber mínimo
que cada criança brasileira, de qualquer escola, em cada
cidade, deverá possuir sobre cada matéria em cada série,
independente de onde estude.
4. Dobrar, em quatro anos, o salário médio dos professores,
exigindo deles uma Certificação Federal. Quadruplicar o salário
em oito anos, elevando a média salarial para R$ 2.200. Garantir
em 2022 o pagamento de salários elevados aos professores
brasileiros, de modo a atrair os melhores quadros da juventude
para o magistério.
5. Garantir a verdadeira universalização da educação fundamental:
a) prestando atenção alimentar e pedagógica à primeira infância,
implantando o programa de assistência educacional;
b) expandindo o ensino infantil, abrindo vaga na escola para
todas as crianças no dia em que completarem quatro anos
de idade;
c) retomando o projeto Escola de Todos, em parceria com os
municípios, identificando as crianças não-matriculadas e
trazendo-as volta para a escola;
d) retomando com vigor o papel educacional da Bolsa-
Escola, separando-a da Bolsa Família, realizando um
rígido controle da freqüência e ampliando-a para o ensino
médio.

6. Garantir a universalização do ensino médio em escolas


de qualidade, mudando a legislação para assegurar a sua
obrigatoriedade, ampliando a duração para quatro anos,
com complementação profissionalizante e a criação da Escola
Jovem, adaptada às peculiaridades dos jovens.

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7. Expandir o ensino técnico e tecnológico em todo o País,
articulando as necessidades de desenvolvimento econômico
regional e os Arranjos Produtivos Locais.
8. Promulgar uma Lei Federal de Responsabilidade Educacional
que estabelecerá os deveres dos governantes nos diferentes
níveis, quanto à educação. Entre os deveres, a obrigação de
enviar anualmente ao respectivo legislativo (Municípios e
Estados) o programa de atividades e metas para o ano seguinte
e, ao cabo de cada ano, apresentar relatório de Estado da
Educação (Município e Estado), a ser apreciado pelo legislativo.
O INEP-MEC se encarregará de consolidar um relatório do
Estado da Educação no Brasil.
9. Implantar o horário integral com um mínimo de seis horas em
todas as escolas brasileiras.
10. Criar o Cartão Escolar de Acompanhamento Federal.
11. Estimular o envolvimento das famílias e dos meios de
comunicação no Sistema Educacional Brasileiro.
12. Aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação, Acompanhamento
e Fiscalização da Educação Básica.
13. Ampliar os recursos da União para a educação básica.
14. Implantar em âmbito nacional o programa Poupança-Escola,
que consiste no depósito de uma quantia em caderneta de
poupança, ao final de cada ano letivo concluído com sucesso
pelos alunos que recebem Bolsa-Escola, a qual só pode ser
retirada após a conclusão do ensino médio.
15. Fortalecer e disseminar o Ensino de Jovens e Adultos (EJA),
para melhorar sua escolaridade e aumentar suas possibilidades
no mercado de trabalho.
16. Qualificar o corpo docente para intervir junto aos temas
transversais (gênero, raça, etnia e educação sexual).

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17. Implantar um sistema especial de ensino à distância para a
qualificação, atualização e aprendizagem dos idosos.
18. Modernizar a gestão do sistema educacional e das unidades
de ensino, garantindo que os diretores sejam eleitos e tenham
formação em gestão.
19. Garantir o transporte escolar em todo o País.

Como fazer
para ampliar o acesso
e melhorar o ensino superior

1. Unificar o Ensino Superior, a Ciência e a Tecnologia em um só


Ministério.
2. Outorgar às universidades federais autonomia para a gerência
financeira e patrimonial.
3. Estabelecer o Pacto de Educação para o Desenvolvimento
Inclusivo, que permitirá recursos adicionais às instituições
universitárias que se engajarem no desenvolvimento de ensino,
pesquisa e extensão nas áreas com prioridades definidas pelo
setor público.
4. Substituir o vestibular pelo Programa de Avaliação Seriada
(PAS), nos moldes já testados e aprovados na Universidade de
Brasília, por meio de exames realizados ao longo dos três anos
do ensino médio.
5. Adotar um novo padrão institucional universitário: a
universidade técnica.
6. Promover uma refundação do ensino superior brasileiro, para
ajustá-lo às exigências do saber no século 21 e da economia do
conhecimento.

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7. Ampliar o Prouni para todos os cursos de interesse público.
8. Fortalecer o portal de periódicos da Capes, por ser instrumento
indispensável de apoio ao desenvolvimento científico e
tecnológico e à formação de profissionais de alto nível. Garantir-
lhe uma situação institucional própria, com orçamento
assegurado pelo governo federal.
9. Romper o ciclo vicioso do acesso elitista à universidade, implan-
tando de forma efetiva e ampla o ensino à distância de qualidade.
10. Disseminar as práticas de ensino à distância como estratégia de
ampliar o atendimento das universidades.
11. Condicionar a criação de novas universidades públicas ao cumpri-
mento das metas definidas para a educação de base no município.
12. Implantar programas de apoio ao estudante carente universitário,
como forma de reduzir a evasão.
13. Reanimar o programa de absorção de recém-doutores.

Como fazer
para desenvolver a ciência,
a tecnologia e a inovação

1. Fortalecer a pesquisa nas universidades, institutos de pesquisa e


empresas, incentivando maior interação com os setores produtivos.
2. Avançar rapidamente em campos de importância estratégica,
como informática, biotecnologia, nanotecnologia e
neurociências. O desenvolvimento dessas esferas requer
elevada qualificação dos recursos humanos e instalações de alto
custo para alcançar níveis adequados. Nos países avançados,
esses campos já são considerados um novo grupo integrado de
tecnologias convergentes.

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3. Estabelecer mecanismos que estimulem o trabalho articulado
entre produtores, cientistas, tecnólogos e outros atores,
buscando soluções inovadoras.
4. Criar Institutos Tecnológicos temáticos, pelo menos um
em cada região brasileira, voltados para os grandes campos
da inovação tecnológica, como: Energia, Biotecnologia,
Informática, Inteligência Artificial, Nanotecnologia, Robótica,
Desenvolvimento Sustentável, Telecomunicações, Ciências da
Informação e Genética.

5. Dirigir parte importante de nossos esforços científicos e tecnológicos


à saúde pública, a áreas da medicina e da indústria farmacêutica.

6. Preparar os brasileiros, desde o ensino básico, para lidar com os


desafios científicos e tecnológicos da modernidade. Fortalecer
ações de difusão científica e de formação da percepção pública da
ciência, em associação com a política educacional. O despertar
de jovens talentos científicos é crucial para nosso País.
7. Fortalecer as ciências humanas e sociais, tendo em vista que
nosso povo, nossa história, nossa diversidade étnica e cultural,
os enormes problemas e injustiças econômicas e sociais, a
corrupção, a insegurança, são assuntos que devem ser estudados,
com o verdadeiro interesse de desenhar políticas públicas cada
vez mais eficientes.
8. Fortalecer a formação em ciências básicas e engenharias, como
condição fundamental para o nosso desenvolvimento. O exame
da situação das matrículas em nossas universidades mostra
grandes distorções na formação de pessoal qualificado em
ciências básicas e engenharias.
9. Avançar na pesquisa de alto nível em inteligência computacional,
com foco em modelos de otimização neurodinâmica, redes
neurais, algoritmos de aprendizado. Garantir a formação
sólida de profissionais nas áreas de matemática pura e aplicada,
computação, estatística, engenharia elétrica, robótica. A



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área da inteligência computacional é fundamental para o
desenvolvimento de novas linhas tecnológicas de alto nível,
com foco na produção de software e hardware especializados,
apresentando um diferencial inovador.
10. Fortalecer sistemas de acompanhamento e avaliação, tanto
para garantir a execução efetiva e eficaz das ações, quanto para
analisar as oportunidades de desenvolvimento e os impactos
atuais e potenciais das novas tecnologias.
11. Valorizar a pesquisa agropecuária, que serviu de alicerce para
uma notável expansão de nossa produção.
12. Fortalecer a participação social em todos os níveis – de
definição de prioridades à avaliação de políticas e tecnologias.
Isso implica: fortalecer o Conselho de Ciência e Tecnologia;
integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social ao
processo de formulação de políticas; e fortalecer a participação
do legislativo na formulação e no acompanhamento da política
de ciência, tecnologia e inovação.
13. Garantir que a cooperação internacional em ciência e
tecnologia focalize as áreas fundamentais para assimilar e
adaptar conhecimentos às nossas condições, formar quadros
qualificados e potencializar nossas capacidades e as de nossos
vizinhos. Dar prioridade às estratégias e ações conjuntas com
países vizinhos para gerar e aplicar conhecimentos quanto
aos recursos e problemas compartilhados. Ao mesmo tempo,
garantir que o Brasil preste assistência solidária a países menos
desenvolvidos.
14. Oferecer oportunidades para a formação de profissionais nas
áreas tecnológicas, aumentando também a possibilidade de que
eles desenvolvam novos produtos com base nessa tecnologia,
incentivando a produção de software e hardware de alto nível.
Dado o alto risco desse tipo de empreendimento, é importante
oferecer incentivos tributários para as empresas de software e
hardware. O mesmo raciocínio se estende a outros setores
estratégicos, como as biotecnologias.



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Como fazer
para desenvolver o esporte
em seus múltiplos aspectos

1. Integrar o programa Segundo Tempo ao ensino em horário integral.


2. Implantar 100 mil quadras esportivas iluminadas em bairros
das periferias das grandes cidades.
3. Estimular e apoiar Municípios e Estados na implantação
de programas de esporte para a juventude, sobretudo nas
periferias urbanas.
4. Implantar 10 centros de excelência esportiva nas diversas regiões
brasileiras, para preparar atletas olímpicos.
5. Implantar 100 centros esportivos para a terceira idade nos
grandes centros urbanos.
6. Construir quadras cobertas para a prática do esporte em qualquer
estação climática, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste.
7. Garantir ao para-esporte e às pessoas portadoras de necessidades
especiais acesso a ginásios e quadras adaptados.
8. Recrutar e selecionar atletas a partir do seu desempenho no
esporte escolar.

Como fazer
para disseminar a cultura
no seio do povo

1. Implantar o programa Arte na Escola, para o desenvolvimento


e o estímulo de atividades artísticas e culturais nas escolas.
2. Implantar o programa Arte nas Ruas, para a promoção de
atividades artísticas nas praças públicas.



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3. Implantar o programa Temporadas Populares, com a implantação
de programação artística a preços populares, disseminando o
contato com as artes pela população brasileira.
4. Recuperar os museus brasileiros, articulando-os às atividades
curriculares em todas as escolas públicas e privadas.
5. Liberar o uso das edificações portuárias e de outros imóveis
públicos desativados para finalidades culturais.
6. Incentivar a implantação de centros de excelência em dança no País.
7. Fazer valer a lei do curta-metragem nacional, a ser exibido antes
das produções estrangeiras nos cinemas.

Como fazer
para construir uma nação de letrados

1. Retomar o Programa Brasil Alfabetizado, para erradicar em


quatro anos o analfabetismo em nosso País.
2. Implantar a Bolsa-Alfa, por meio da qual o governo compra a
primeira carta que o adulto escreve ao final de seu curso de
alfabetização.
3. Fortalecer e disseminar o Ensino de Jovens e Adultos, para
melhorar sua escolaridade e aumentar suas possibilidades de
ingressar no mercado de trabalho.
4. Implantar uma rede de 100 mil bibliotecas domiciliares, à
semelhança do programa Mala do Livro implementado no
Distrito Federal, constituído de pequenas bibliotecas instaladas
em moradias populares, contendo livros de literatura, livros
didáticos, dicionários e jogos de dama e xadrez.
5. Retomar o programa de Leituração implantado pelo Ministério
da Educação, como forma de intensificar o gosto pela leitura
entre as crianças e os adultos recém- alfabetizados.
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Como fazer
para garantir a segurança pública
e construir a paz

1. Criar o Ministério da Segurança Pública, com o papel de


coordenar nacionalmente as políticas de segurança e as polícias
estaduais e municipais.
2. Incorporar 1 milhão de jovens entre 16 e 20 anos, pelo período
de seis meses, em um programa profissionalizante, administrado
por entidades civis ou militares, para que adquiram disciplina,
noções de civismo e um ofício, e sobretudo saiam das ruas,
ficando menos vulneráveis ao risco das drogas e do crime.
3. Implantar programas de lazer, esporte e cultura em bairros popu-
lares, principalmente para os jovens, inclusive no período noturno.
4. Implantar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que
significa normatizar nacionalmente a formação e capacitação
dos policiais; com ênfase em gestão do conhecimento, estrutura
organizacional, perícia e controle externo.
5. Reformar as polícias que se encontram hoje, de modo geral,
organizadas de modo incompatível com as exigências mínimas
de uma gestão racional, tomando como eixos: formação e
capacitação; gestão do conhecimento; estrutura organizacional;
perícia; e controle externo.
6. Federalizar a formação e qualificação profissional, estabelecendo
exigências curriculares mínimas, referentes a um ciclo básico
único nacional para os profissionais da segurança pública.
7. Aprimorar a área da gestão do conhecimento, montando um
sistema único de informações que reúna todas as ocorrências
criminais do País.
8. Modernizar a estrutura, organizando as rotinas, funções, posições
hierárquicas e fluxos decisórios.

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9. Aperfeiçoar a área da perícia, institutos de criminalística,
médico-legais e de identificação civil, definindo procedimentos
mínimos comuns e equipando corretamente as diversas unidades
de perícia.
10. Adotar normas comuns e rígidas na área do controle externo:
sem transparência e participação da sociedade, não haverá
redução da corrupção policial e do desrespeito aos direitos
humanos.
11. Aperfeiçoar as Polícias estaduais, adotando procedimentos
comuns nas áreas de formação e inteligência, mas garantindo
liberdade para que cada polícia defina o modelo mais eficaz
para combater o crime.
12. Reformar os sistemas penitenciário e sócio-educativo, garantindo
aos presos trabalho, educação, respeito, higiene, condições de
salubridade e o cumprimento das regras de progressão, mas
impedindo que continuem a comandar o crime do interior das
penitenciárias, proibindo regalias e o descumprimento das normas
carcerárias. Usar sistemas diferenciados segundo o tipo de crime.
13. Fazer um mutirão nacional sobre o sistema sócio-educativo:
pela adoção de políticas preventivas adequadas a cada situação
regional e local.
14. Usar o Exército no controle rígido das fronteiras nacionais.
15. Qualificar as políticas para o atendimento a mulheres vítimas
de violência e ampliar o número de Delegacias Especiais de
Atendimento à Mulher (DEAMS).
16. Sufocar as operações financeiras do crime organizado, com a
articulação dos serviços de inteligência.
17. Abrir todas as escolas à comunidade para atividades de lazer e cultura
com crianças e adolescentes, especialmente nos finais de semana.
18. Propor e apoiar a inclusão das questões de gênero e da
violência contra a mulher nos projetos de treinamentos para

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profissionais da área de segurança pública, enfatizando o
respeito aos direitos humanos.
19. Ir além da segurança, construir a paz, com uma revolução na
educação básica do Brasil, especialmente com a universalização
do ensino médio de qualidade em horário integral.

Como fazer
para melhorar a gestão
do setor público
1. Reduzir o número de Ministérios, aglutinando aqueles que têm
afinidades.
2. Fazer que o Ministério da Educação se ocupe da educação
de base para crianças, adolescentes e adultos, desde o ensino
infantil até o ensino médio e técnico; e unir o Ensino Superior
ao Ministério de Ciência e Tecnologia.
3. Criar a Agência Nacional de Proteção da Criança
4. O Ministério da Segurança Pública responderá pela coordenação
das diversas polícias, capacitação dos policiais, compatibilização
das políticas salariais e integração dos serviços de inteligência.
5. Adotar a sistemática de trabalho com metas, privilegiando a
eficácia e os resultados, com todos os órgãos definindo suas
metas e respectivos responsáveis.
6. Criar duas Secretarias Estratégicas para coordenar, mobilizar
e acompanhar os ministérios: a Secretaria para Erradicação
da Pobreza, da Apartação Social e Redução das Desigualdades
Sociais e Regionais, a fim de coordenar medidas de inclusão
social, redução das desigualdades regionais e sociais e erradicação
da pobreza; e a Secretaria da Eficiência Econômica, Inovação,
Desenvolvimento e Gestão, para coordenar ações que nos farão
dar o salto para a modernidade econômica e institucional.



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7. Fortalecer a prática de auditorias nos órgãos públicos e o
controle social.
8. Reduzir a 50% os cargos comissionados de livre nomeação e
instituir a obrigação de que 80% deles sejam ocupados por
servidores públicos.
9. Introduzir a obrigação de que o cargo de Secretário-Executivo
seja ocupado por um servidor público de carreira.
10. Restabelecer o papel da ENAP (Escola Nacional de
Administração Pública) como escola de gestão de alta qualidade
para os servidores públicos, formadora de dirigentes e criar uma
em cada uma das regiões brasileiras.
11. Respeitar e fortalecer o papel independente das Agências
Reguladoras como instâncias do Estado, livres de interferências
político-partidárias e das grandes corporações e empresas,
sobretudo multinacionais.
12. Responsabilizar a Secretaria do Patrimônio da União por
transformar em liquidez o patrimônio da União, salvo o da
Previdência e das Forças Armadas, sob a forma de venda ou
concessões de parceria.
13. Determinar que todas as licitações de material sejam realizadas
por pregão eletrônico, aberto ao público em geral.
14. Reformular o programa de PPPs - Parcerias Público-Privadas,
para torná-lo exeqüível.
15. Assegurar a continuidade de planos, programas e políticas públicas
que tenham demonstrado resultados eficazes, comprovados por
mecanismos avaliação que deverão ser criados.
16. Propor a extinção de qualquer tipo de nepotismo, em todas
as instâncias e esferas de governo, com classificação no código
penal como crime.

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Como fazer
para ampliar o governo
eletrônico como instrumento
para democratizar a gestão pública

1. Criar um órgão central para direcionar a política de e-gov,


diretamente ligado à Presidência da República, e com poder
de indução sobre os demais órgãos governamentais.
2. Integrar, a partir de parceria formal, a prestação de serviços e
informações pelos diversos órgãos do Poder Executivo federal,
estadual e municipal, assim como dos Poderes Legislativo e
Judiciário, utilizando um portal de e-gov e soluções de Internet,
acabando, gradativamente, com o pesadelo das filas.
3. Criar um Centro de Informação de Governo, que servirá de base
de dados para uma Central de Contato do governo federal.
4. Definir padrões comuns de banco de dados para facilitar a busca
das informações disponibilizadas na Internet.
5. Eliminar sistemas redundantes existentes dentro do governo.
6. Publicar os planos e intenções dos órgãos governamentais,
especificando as necessidades de Tecnologia da Informação (TI),
para ser distribuído entre as empresas nacionais, e convocar a
indústria nacional para trabalhar junto com o governo federal
na busca de soluções a serem utilizadas no e-gov e na execução
de uma plataforma de TI no Brasil.
7. Criar uma versão simplificada do portal de e-gov para acesso
por telefones celulares e aparelhos móveis.
8. Divulgar e disseminar pontos de acesso públicos a serviços
e informações governamentais, tais como escolas, órgãos
governamentais, bibliotecas, supermercados, centros comuni-
tários, telecentros, e incentivar o uso dos serviços on-line.
9. Orientar as iniciativas de e-gov para resultados focados nas
necessidades dos cidadãos e empresas.

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Como fazer
para reformar o sistema político
e consolidar a democracia

1. “Desmarquetizar” as campanhas, para reduzir drasticamente


seus custos, concentrando o guia eleitoral na apresentação de
propostas e projetos diretamente pelo candidato, e na realização
de debates entre os candidatos.
2. Adotar o financiamento público das campanhas, após ter
reduzido o custo das mesmas, graças à “desmarquetização” da
política.
3. Assegurar a fidelidade do partido ao seu programa e dos
parlamentares ao partido: o partido que romper seus
compromissos pode ter seu registro cassado; o político que sair
do partido perde seu mandato.
4. Propor a extinção do voto secreto dos parlamentares em todas
as decisões legislativas.
5. Adotar o voto distrital misto para as eleições ao legislativo,
tendo representantes eleitos por distrito e outros por estado.
6. Reservar 10% das cadeiras da Câmara dos Deputados para
representantes eleitos nacionalmente, como representantes de
todo o povo brasileiro.
7. Extinguir a reeleição para cargos executivos.
8. Garantir que, em nenhuma cidade, o salário dos vereadores
ultrapasse o maior salário recebido pelos professores da rede
pública local.
9. Renovar as lideranças políticas, permitindo no máximo duas
reeleições sucessivas para cargos legislativos (apenas uma, no
caso de senadores), fazendo da atividade política uma função,
e não uma profissão.

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10. Suspender o direito de participar das eleições no pleito seguinte
daqueles que renunciarem ao seu cargo eletivo.
11. Coibir a manipulação do processo eleitoral com a utilização
de pesquisas de opinião, determinando que elas só possam ser
divulgadas até 15 dias antes do pleito.
12. Atribuir à população o direito de revogar o mandato de
parlamentares e executivos com fortes indícios de corrupção ou
de traição das suas promessas de campanha.
13. Determinar que a manutenção dos partidos políticos se dê
exclusivamente por contribuições dos filiados definidos em
convenções partidárias e do fundo partidário.
14. Ensinar, em todas as escolas, o papel, os deveres e as
responsabilidades do cidadão ante os rumos da Nação.

Como fazer
para combater a corrupção
e construir um país ético

1. Transformar a corrupção em crime hediondo.


2. Reduzir o número de cargos comissionados de livre nomeação e
fortalecer o servidor de carreira (v. Eixo 2, item 4; e Como fazer
para melhorar a gestão do setor público, item 8).
3. Manter abertos os sigilos fiscais e bancários de todos os
representantes políticos, dirigentes do executivo e membros das
altas instâncias judiciárias, durante o exercício de seus cargos.
4. Determinar que toda licitação de material seja aberta e acessível ao
público em geral e, quando conveniente, em forma eletrônica.
5. Criar uma diretoria na Polícia Federal exclusiva para combater
a fraude e a sonegação.

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6. Canalizar, obrigatoriamente, parte da publicidade estatal para
campanhas pela ética na vida pública.
7. Adotar o afastamento automático de todo ocupante de cargo
público sob grave suspeita de praticar irregularidades.
8. Suspender o segredo de justiça em processos relativos a roubo
de dinheiro público.
9. Propor a Lei Anticorrupção e Desvios, para que a sociedade
possa, com livre acesso, acompanhar todas as investigações
sobre desvios de conduta e atos de corrupção que envolvam
agentes públicos.
10. Substituir as expressões “desvio de recursos públicos” por
“roubo de recursos públicos”, “corrupto” por “ladrão” e
“deputado” por “representante do eleitor” em todos os
documentos oficiais.
11. Ensinar em todas as escolas noções fundamentais de promoção
da ética na condução de todas as atividades sociais e políticas,
inclusive a promoção dos símbolos nacionais.

Como fazer
para apoiar o desenvolvimento do Terceiro Setor
1. Instituir a representação e a participação de entidades do Terceiro
Setor, em conformidade com sua área de atuação e finalidades,
nos conselhos e organismos de consulta e deliberação do
governo, incluindo a criação de conselhos assessores no Banco
do Brasil, Banco Central, Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, Caixa Econômica Federal, estatais e
empresas de economia mista.
2. Criar um Fundo Público para financiar as atividades das
organizações não-governamentais de luta pelos direitos, pela
cidadania e pela democracia, sob controle de um Conselho
Nacional formado por representantes dos Três Poderes e de
personalidades da vida pública, academia e movimentos sociais.
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3. Fortalecer o controle social por meio dos conselhos, com o
financiamento da formação e qualificação de seus membros.
4. Estimular a formação de conselhos de municípios consorciados,
principalmente municípios pequenos.
5. Integrar representantes de organizações não-governamentais
que lutam pela transparência da gestão pública e combatem
a corrupção à Comissão de Ética Pública da Presidência da
República, ampliando suas atribuições e articulando-a com o
Conselho da República.
6. Elaborar relatório anual, em conjunto com a sociedade civil,
sobre o cumprimento, pelo Brasil, dos acordos, tratados e
convenções internacionais relacionados aos direitos sociais,
econômicos, culturais e ambientais.
7. Facilitar o acesso dos movimentos sociais e entidades não-
governamentais de luta pela cidadania e democracia aos espaços
culturais, televisões e rádios governamentais, para produção
e difusão de programas e atividades culturais e educativas de
promoção da cidadania e da cultura de direitos.
8. Dar acesso, às entidades da sociedade civil, de todos os sistemas
de acompanhamento e fiscalização das contas públicas,
incluindo o Sistema Integrado e Administração Financeira do
Governo Federal – Siafi.
9. Garantir a participação de representantes da sociedade civil no
Conselho Monetário Nacional.
10. Organizar um processo de discussão e acordo entre os três
poderes e as lideranças nacionais para pôr fim aos procedi-
mentos injustos de criminalização dos movimentos sociais
e suas lideranças.
11. Criar o Conselho Nacional de Políticas Afirmativas, para
a definição de estratégias e prioridades para a execução de
políticas de promoção de direitos e resgate da dignidade
dos afrodescendentes, indígenas, mulheres, portadores de
deficiências, idosos e populações marginalizadas.

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12. Criar mecanismos que assegurem a transparência e a eficácia
das ações desenvolvidas a partir de recursos públicos, seja por
transferência, convênio ou renúncia fiscal.

Como fazer
para cuidar da população pobre
e abolir a apartação

1. Adotar o Orçamento Social, definindo inicialmente os recursos


necessários para educação, saúde e combate à extrema pobreza e
a fome, para somente depois dotar as rubricas dos outros gastos.
2. Transformar a Bolsa Família em sua originária Bolsa-Escola,
para as famílias com crianças em idade escolar, garantindo
um aumento no valor do benefício; transferir as famílias
que tenham adultos desempregados para um programa de
Emprego Social; garantir àquelas com idosos e deficientes o
pagamento de um Auxílio-Família.
3. Criar o programa Emprego Social, para alocar adultos
desempregados em trabalhos úteis à comunidade, tais
como construção de moradias e infra-estrutura nos bairros
populares, manutenção de prédios públicos, recuperação de
matas ciliares, além de fornecer-lhes cursos de qualificação.
4. Criar o Auxílio-Família, benefício a ser concedido às famílias
extremamente pobres, que necessitem de socorro emergencial.
5. Garantir que todos os programas de apoio às famílias pobres
sejam integrados a outros: saúde, educação, qualificação
profissional, microcrédito, economia solidária, cooperativismo.
6. Fortalecer o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
7. Manter o Cadastro Único, que registra todas as famílias
beneficiadas ou suscetíveis de serem beneficiadas, e permite
evitar as duplicidades e focar melhor nos mais pobres.
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8. Realizar a revolução na educação básica como o principal
caminho para a superação da pobreza.

Como fazer
para melhorar a saúde pública


1.
saneamento
Universalizar o abastecimento de água potável e os serviços de
saneamento básico.
2. Implementar sistemas de tratamento e de destino final de
esgotos sanitários.
3. Ampliar os cuidados preventivos nas instituições de saneamento,
que lidam com água, saúde e nutrição, incluindo a distribuição
gratuita de filtros domésticos, integrando-as e sensibilizando
para uma postura de prevenção cujo custo é de 4 a 5 vezes menor
que os de atendimento após a contaminação e ocorrência de
doenças infecto-parasitárias.
4. Institucionalizar a Política Nacional de Saneamento Básico e
fazer gestões para a aprovação do marco regulador do setor (PL
5.296 que tramita na Câmara dos Deputados).
5. Concluir obras inacabadas e melhorar a capacidade de gestão,
operação e manutenção dos setores de saúde e saneamento
dos municípios.
6. Usar o Programa de Emprego Social para criar sistemas de
coleta de lixo em todas as cidades brasileiras.

• prevenção e atendimento médico


1. Expandir o programa Saúde da Família, com equipes que vão
até as casas, prestando atendimento a toda a população.

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2. Dar prioridade máxima a esse novo modelo assistencial,
que garante atenção primária de saúde e um vínculo estável
e duradouro entre médicos, dentistas, a equipe do Programa
Saúde da Família e todo cidadão. Os pacientes encaminhados
por esses serviços aos ambulatórios especializados, laboratórios e
hospitais, só receberão menos prioridade do que as emergências
e urgências clínicas ou cirúrgicas.
3. Garantir que os planos de saúde programem instrumentos para
dar prioridade a idosos, indígenas, afro-brasileiros e todos os
grupos com maior dificuldade de acesso aos serviços: crianças,
gestantes, portadores de deficiência e necessidades especiais.
4. Ampliar o sistema de informações, incluindo prontuário eletrônico
dos usuários, acessível nas diferentes unidades de saúde.
5. Reformar o modelo assistencial do SUS, induzindo em todo
o setor novos compromissos com os trabalhadores e com a
população, novas práticas assistenciais e nova relação entre os
profissionais e os usuários.
6. Concretizar o compromisso com a saúde dos trabalhadores,
organizando um amplo programa assistencial inserido nos
centros de saúde, coordenados pelos Centros Integrados de
Saúde do Trabalhador, que serão os responsáveis pelas atividades
de integração dos trabalhadores e dos serviços.
7. Mobilizar os serviços, públicos e privados, e setores como
educação, assistência social, transportes, defesa civil, para
mutirões preventivos e campanhas de vacinação. Os mutirões
visarão: controle de doenças como a dengue; nutrição; detecção
e tratamento de doenças que dependem de diagnóstico precoce,
como hipertensão, diabetes, câncer de mama.
8. Garantir que os representantes do Conselho Nacional de Saúde
tenham assento no Conselho Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, ajudando a integrar, nos projetos de outros
setores de governo, contribuições para a promoção da saúde e a
prevenção de doenças.
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9. Estabelecer unidades para ensino, pesquisa e
aprendizagem permanente, com a adoção de um Estatuto
dos Serviços de Saúde e de Ensino, Pesquisa e Aprendizagem
Permanente, encaminhando lei específica para a aprovação do
Congresso Nacional.
10. Garantir o atendimento especializado das vítimas de violência sexual.

Como fazer
para garantir a moradia

1. Articular as políticas habitacional e imobiliária com as políticas


urbana e ambiental.
2. Financiar, por meio da Caixa Econômica Federal, a instalação
de fábricas de escolas e de habitações populares, que
reproduzirão padrões construtivos e plantas compatíveis com
as realidades locais.
3. Disponibilizar assistência técnica à construção de habitações
populares, mobilizando estudantes de engenharia e arquitetura,
por meio de convênios com suas faculdades, que ofereceriam
essa atividade como conteúdo de formação.
4. Usar o programa Emprego Social para a construção da
própria moradia e da instalação de infra-estrutura em bairros
populares.
5. Atuar intensamente, por intermédio do Ministério do Trabalho,
na formalização de empregos na área da construção civil e na
capacitação dos trabalhadores, tanto para atuar em empresas
de construção civil quanto para a construção de habitações em
bairros populares.
6. Sensibilizar os bancos privados para atuar no financiamento de
longo prazo da habitação popular.

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7. Reservar habitação, por meio de “cotas”, às mulheres chefes de
família e/ou vítimas de violência.
8. Garantir que, em todas as políticas habitacionais de baixa renda,
a titularidade ou direito de uso esteja em nome da mulher.

Como fazer
para proteger os idosos e demais usuários
da Previdência com uma administração eficiente

1. Tratar o idoso com respeito, garantindo um sistema previdenciário


eficiente e sustentável financeiramente no longo prazo.
2. Transformar o Conselho Nacional da Previdência Social
(CNPS) em Conselho Social do Sistema Previdenciário
(CSSP) e assumir o compromisso de que toda reforma se fará
de forma transparente, com a participação deste Conselho.
3. Ampliar o conceito de aposentadoria, oferecendo uma rede
de serviços, especialmente de saúde, por meio de hospitais
especializados no atendimento dos idosos.
4. Usar os recursos das contribuições previdenciárias apenas para
pagar os benefícios dos contribuintes.
5. Transferir os gastos com a aposentadoria de quem
não contribuiu para um fundo assistencial para idosos
economicamente excluídos.
6. Responsabilizar a Secretaria do Patrimônio da União por trans-
formar em liquidez parte do patrimônio da Previdência, criando um
fundo fiduciário para financiar os custos da parcela pobre aposentada
que não contribuiu por causa da sua exclusão social.
7. Promover reformas que reduzam a informalidade do mercado
de trabalho e aumentem a base de contribuições.

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8. Ajustar o sistema de aposentadoria à nova realidade de redução
no número de jovens e de aumento no número de idosos, com
a participação do CSSP.
9. Criar uma Diretoria da Polícia Federal especializada no
combate a sonegação e fraudes.
10. Realizar a revolução na educação para tornar as pessoas mais
eficientes e produtivas, elevando sua renda, com conseqüências
diretas sobre o equilíbrio das contas previdenciárias, ampliando
a base e a qualidade da contribuição.

Como fazer
para garantir um salário mínimo justo
1. Determinar que o salário mínimo monetário seja sempre
reajustado em taxa superior à taxa de crescimento da renda
real nacional per capita, assegurando o mínimo necessário ao
trabalhador e caminhando para a distribuição mais justa da
renda, sem comprometer a estabilidade monetária, e evitando
que seu poder de compra seja corroído pela inflação.
2. Complementar o salário mínimo monetário com os serviços
púbicos de qualidade colocados à disposição dos trabalhadores
e de toda a sociedade brasileira, especialmente nas áreas de
educação, saúde, moradia, segurança.
3. Garantir emprego e renda para os mais pobres, empregando-os
para produzir bens e serviços de interesse comunitário, com um
programa de Emprego Social.
4. Assegurar que os aposentados recebam pelo menos o valor
monetário do salário mínimo pago aos trabalhadores
empregados.
5. Assegurar a universalização da educação básica de qualidade,
cujo impacto na produtividade do trabalhador de baixa renda
assegurará a igualdade de oportunidades a todos os brasileiros
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e provocará, em poucos anos, uma elevação no valor do salário
mínimo real e a redução na desigualdade entre esse salário
mínimo e as demais rendas na sociedade brasileira.

Como fazer
para garantir o respeito
e o cumprimento dos direitos humanos

1. Garantir a todo cidadão brasileiro o acesso aos direitos civis, polí-


ticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, particularmente
no campo da educação e saúde. A lei de Responsabilidade Educa-
cional preverá punição àqueles que não assegurarem esses direitos.
2. Eliminar o trabalho infantil e a exploração sexual de crianças e
adolescentes:
a) Nomear um coordenador interministerial, diretamente
subordinado ao Presidente da República, para unir e
comandar todas as ações direcionadas ao tema, das mais
diversas áreas do governo federal.
b) Estabelecer o prazo de dois anos para a eliminação do
trabalho infantil e da exploração sexual de crianças e
adolescentes, que se reduziriam apenas a casos raros e
esporádicos.
c) Oferecer às famílias apoio psicológico e oportunidades de
trabalho, por meio do Programa de Emprego Social, para
que possam abrir mão da renda antes obtida pelas crianças.
d) Considerar crime hediondo o abuso e a exploração sexual
da criança e o adolescente, com a tipificação de crime
hediondo para a sua ação.
e) Deportar os estrangeiros flagrados em prática de turismo sexual.
3. Combater com rigor a prática do trabalho escravo:

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a) Criar alternativas de geração de renda para os trabalhadores
rurais, com a reforma agrária e o fortalecimento da agricultura
familiar.
b) Criar programas de reabilitação do trabalhador resgatado do
trabalho escravo, para evitar o seu retorno ao trabalho por
qualquer tipo de remuneração.
c) Incluir as famílias dos trabalhadores resgatados na Bolsa-Escola.
4. Combater o tráfico de pessoas, notadamente de jovens
mulheres:
a) Realizar campanhas permanentes de alerta contra a oferta de
sucesso fácil nas grandes cidades.
b) Oferecer programas de formação profissional, junto com a
ampliação do acesso a cultura e lazer.
c) Oferecer apoio psicológico às vítimas resgatadas e suas famílias.
d) Divulgar publicamente a identidade de todos os integrantes
de redes de tráfico de mulheres.
5. Promover a valorização e a ascensão acadêmica e profissional da
população negra e o aumento em geral de sua escolaridade, com o
objetivo de eliminar os mecanismos de reprodução da desigualdade.
6. Tipificar o crime de preconceito racial pelo Código Penal,
independente da discussão do Estatuto da Igualdade Racial.
7. Agilizar, com metas e prazos, a titulação e o registro das terras
ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos.
8. Agilizar, com metas e prazos, a demarcação e legalização das
terras indígenas.
9. Criar um programa de combate à discriminação funcional da
mulher negra.
10. Combater as discriminações relativas às opções sexuais.
11. Combater a discriminação contra as mulheres, sobretudo

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quanto ao assédio sexual, à violência doméstica e à remuneração
no trabalho.
12. Estimular a expansão das unidades de justiça restaurativa,
particularmente os Juizados de Pequenas Causas.
13. Criar o Conselho Nacional de Direitos Humanos, com
representantes dos ministérios e principais órgãos e
representantes eleitos da sociedade civil, de forma paritária,
ligado diretamente ao presidente da República.
14. Isentar de contingenciamento os recursos orçamentários
ligados a políticas de promoção dos direitos humanos definidas
nas prioridades governamentais de direitos humanos.
15. Reativar o programa Bolsa-Escola como instrumento de
direitos humanos e promoção da criança e do adolescente.
16. Fazer funcionar os postos de saúde em regime de 24 horas,
em condições de atendimento à população, especialmente as
mulheres, em programa de Saúde Integral da Mulher.
17. Criar um programa para a valorização cultural, o resgate
histórico e o reconhecimento da contribuição dos povos
afro-descendentes e indígenas na formação da cultura e da
nacionalidade brasileiras.
18. Efetivar o programa nacional de segurança pública a partir de
diretrizes modernas e de respeito à dignidade humana.

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Como fazer
para defender os direitos dos trabalhadores

1. Aprimorar a legislação vigente para que nenhum trabalhador


fique excluído dos Direitos Trabalhistas, levando em conta:
a) o avanço da tecnologia, que elimina postos de trabalho, e o
fato de que a competitividade exigida das empresas é cada
vez maior no processo de globalização;
b) um olhar para o futuro, em defesa dos interesses e necessidades
das gerações que se preparam para entrar no mercado, sem
se prender a interesses corporativos episódicos.
2. Adotar imediatamente medidas para aumentar a formalização
das empresas e dos contratos de trabalho: simplificação
tributária, redução dos tributos para as micro e pequenas
empresas, agilização dos procedimentos de abertura e
fechamento de empresas.
3. Desvincular os encargos trabalhistas da folha de pagamento,
transferindo-o ao faturamento da empresa, estimulando assim
a ampliação do emprego.
4. Garantir a todo trabalhador o direito à formação continuada.
5. Ampliar a liberdade de negociação entre empresários e
trabalhadores.
6. Criar incentivos fiscais para empresários que negociarem
com seus trabalhadores a redução da jornada de trabalho; e
promover encontros entre as confederações de trabalhadores
e patrões, para definir regras gerais para aquela redução em
todas as empresas.
7. Tomar medidas que defendam os produtores nacionais contra o
dumping social praticado em outros países, como parte de uma
política de abertura comercial responsável e comprometida com
os interesses nacionais.
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8. Fazer a revolução na educação como única forma de incorporar
a todos nos direitos essenciais.

Como fazer
para promover a inclusão digital
1. Criar em todas as escolas do País um centro de informática,
acessível aos alunos e, nos finais de semana, às comunidades.
2. Desenvolver esforços, com os cientistas brasileiros e indústrias
de informática de todo o mundo, para disseminar rapidamente
o computador popular, ao menor custo.
3. Trabalhar para remover todos os obstáculos legais e
políticos para o uso dos recursos do Fust (Fundo Setorial da
Telecomunicação).
4. Criar linhas especiais de crédito para que pequenos
empreendedores possam ampliar seus recursos de tecnologia
de informação e para que os professores e servidores públicos
em geral possam ter acesso ao computador e à internet.
5. Sensibilizar governos e atores sociais para a importância da
inclusão digital, apoiando as iniciativas da sociedade civil e
das empresas neste campo, com o máximo de visibilidade.
6. Garantir o ensino de informática e o uso dos recursos de
teleinformática em todas as escolas do Brasil, graças à revolução
na educação.

Como fazer
para enfrentar a questão das drogas
e construir um país sem dependência química

1. Agir conforme a real dimensão da tragédia e dos riscos que


o Brasil atravessa, por causa do consumo de drogas lícitas e
ilícitas.
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2. Agir com severidade na prevenção ao tráfico de drogas ilícitas e
na punição dos traficantes.

3. Tratar o consumo de drogas como problema de saúde pública e


não apenas como crime.

4. Instituir uma contribuição obrigatória sobre a venda de


produtos alcoólicos e tabagistas, a ser usada em publicidade
direta e indireta contra o uso de bebidas alcoólicas e de tabaco.

5. Ampliar o número de instituições públicas para recuperar


dependentes.

6. Descriminalizar completamente o usuário de drogas ilícitas e


incentivar o reconhecimento da dependência, especialmente no
âmbito familiar.

7. Encorajar o debate que conduza a sociedade a uma posição


mais ativa diante do consumo de drogas.

8. Implantar programas educativos que previnam o uso de drogas


lícitas ou ilícitas entre os jovens e instituir nas escolas programas
educacionais sobre os danos que causam.
9. Apoiar os programas de ação comunitária de acolhimento e
promoção de jovens dependentes.
10. Atrair os jovens para lutar pela bandeira da revolução pela
educação, retirando muitos deles do vazio existencial que leva
às drogas.
11. Assegurar igualdade de oportunidade a todos os jovens, por
meio da revolução na educação, permitindo-lhes pelo menos
seis horas na escola com atividades esportivas, culturais e de
acompanhamento escolar.

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Como fazer
para virar a página da reforma agrária
1. Constituir uma força-tarefa que inclua todos os atores
envolvidos na questão agrária (órgãos governamentais, como
MDA, Mapa, AGU, Incra. MMA, MP e entidades de classe e
movimentos sociais, como MST, Contag, CNA, UDR, CPT)
para discutir a conclusão da reforma agrária, considerando as
exaustivas discussões e recomendações já havidas. Cumprir as
metas previstas no II Plano Nacional de Reforma Agrária.
2. Efetivar o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR), criado
pela Lei nº 10.267/2001, usando os cadastros à disposição da
União (Incra, Receita Federal, Ibama), complementados com
tecnologia de geo-referenciamento.
3. Constituir uma Secretaria no Incra com a atribuição exclusiva
de implementar e gerenciar o CNIR.
4. Agilizar o programa de legitimação de posse de famílias
ocupantes de terras públicas com área de até 100 hectares.
5. Determinar as medidas cabíveis para a retomada das áreas
públicas ocupadas irregularmente.
6. Agilizar a destinação para reforma agrária das terras da União já
arrecadadas.
7. Encaminhar a revogação dos arts. 4º, § 1º, e art. 8º do
Decreto nº 578, de 24 de junho de 1992, que, ao disciplinar
a cláusula de preservação do valor real da terra, fez incidir
juros compensatórios e correção monetária plena sobre
os Títulos da Dívida Agrária, o que representa manifesta
inconstitucionalidade, pois transforma a propriedade que não
cumpre função social em ativo financeiro altamente rentável
no mercado imobiliário.
8. Criar Ouvidorias Agrárias Federais nos Estados, dotadas de
orçamento e estrutura, para maximizar o trabalho de prevenção
extrajudicial e descentralizada dos conflitos no campo.

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9. Prestar permanente assistência técnica, jurídica e social às famílias
beneficiárias da reforma agrária, em coordenação articulada
entre o MDA, o Incra e as diferentes esferas governamentais
e não-governamentais, atendendo aos acampados, assentados,
agricultores familiares, comunidades indígenas, quilombolas,
ribeirinhos, extrativistas, garimpeiros e trabalhadores atingidos
por barragens.
10. Promover atividades agro-florestais, permitidas no Zoneamento
Sócio-Econômico e Ecológico das Unidades da Federação, como
forma de viabilizar assentamentos em Projetos de Desenvol-
vimento Sustentável (PDS) e de produção florestal sustentável.

Como fazer
para distribuir as riquezas
e reduzir as desigualdades sociais

1. Implantar com vigor um programa de Emprego Social.


2. Criar um Serviço Civil obrigatório para jovens, conduzido
pelas Forças Armadas no quadro do serviço militar, com fins
puramente educativos e aprendizagem de disciplina e ofício (v.
Como fazer para garantir a segurança pública e construir a paz).
3. Consolidar o Sistema Único de Assistência Social.
4. Acelerar o processo de reforma agrária.
5. Consolidar a agricultura familiar.
6. Adotar uma política regional eficiente.
7. Estimular o microcrédito e a economia solidária.
8. Instalar um programa de moradia popular.
9. Implementar e disseminar o programa Bolsa-Escola.
10. Revolucionar a educação de base e o ensino superior.

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11. Ampliar os direitos dos trabalhadores.
12. Garantir a Previdência para todos os idosos.
13. Estimular o crescimento da economia.

Como fazer
para retomar o crescimento econômico

1. Garantir a estabilidade da moeda e das regras no cumprimento


dos contratos.
2. Reduzir as taxas de juros por meio de acordo para estancar a
elevação vegetativa dos gastos públicos.
3. Executar os projetos de infra-estrutura e logística que apóiem a
produção e a distribuição.
4. Reorientar o mercado financeiro para empréstimos e
investimentos de longo prazo, graças à redução dos juros.
5. Estabelecer critérios para uma política de incentivo à repatriação de
fundos pertencentes a brasileiros no exterior a partir de estudos de
uma comissão de alto nível, nomeada pelo presidente da República.
6. Ativar plataformas produtivas para alavancar, na economia,
os efeitos multiplicadores da demanda criada pelo setor
público, em áreas como a indústria têxtil (uniformes escolares),
informática (computadores para escolas e programa de inclusão
digital), gráficas (livros didáticos e bibliotecas) e equipamentos
diversos, graças aos produtos derivados do desenvolvimento de
Ciência e Tecnologia, nos moldes do que ocorreu com o ITA-
CTA, Embrapa e Petrobras.
7. Criar um programa de incentivos fiscais para as empresas que
negociarem com seus trabalhadores acordos de redução da
jornada de trabalho (v. Como fazer para defender os direitos dos
trabalhadores, item 6).


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8. Induzir demanda agregada, dentro do rigor imposto pela
responsabilidade fiscal, com a contratação de 400 mil
professores e a execução do Programa Emprego Social.

Como fazer
para obter o equilíbrio cambial,
gerir a política monetária e reduzir juros

1. Dar ao Banco Central um caráter republicano e autônomo em


relação à política partidária e os interesses de qualquer grupo,
especialmente do setor financeiro.
2. Ampliar o número de membros do Copom, incluindo represen-
tantes do mundo acadêmico com notório reconhecimento.
3. Estancar o crescimento vegetativo dos gastos nos próximos anos
graças a um acordo nacional entre todas as lideranças dos três
poderes constitucionais. O acordo quebraria o círculo vicioso
dos gastos altos que elevam juros que elevam os gastos, substituindo-
o por um círculo virtuoso no qual gastos controlados reduzem
juros que reduzem gastos.
4. Aumentar a eficiência na gestão pública, como forma de reduzir
os gastos públicos sem reduzir a oferta e a qualidade dos serviços
públicos.
5. Garantir o compromisso total com a responsabilidade fiscal.
6. Distinguir claramente os papéis do governo e do Banco Central.
O primeiro define as linhas gerais da política econômica,
enquanto o segundo opera o câmbio com autonomia, eficiência
e transparência.
7. Manter a taxa de câmbio com flutuação administrada.
8. Estabelecer que o presidente do Banco Central tenha mandato
de quatro anos, renovável e não coincidente com o do presidente

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da República, e aumentar a quarentena dos ex-diretores do
Banco Central para dois anos após o exercício do cargo.
9. Controlar rigorosamente as CC5.

Como fazer
para reformar o sistema tributário

1. Desarmar a bomba orçamentária que caminha para explodir


em função da elevada carga tributária decorrente da ineficiência da
máquina do Estado e do crescimento vegetativo dos gastos públicos.
2. Reduzir o número de tributos, contribuições e impostos e
simplificar a legislação.
3. Caminhar para um caráter progressivo na tributação.
4. Implantar a tributação seletiva: menos impostos na cesta do
consumidor e nos custos do produtor.
5. Construir uma estrutura tributária que vise o crescimento,
a justiça social, a redução das disparidades regionais e o
desenvolvimento sustentável.
6. Evitar modificar o sistema tributário de forma açodada e sem
fundamentação, para assegurar que não haja perdas nem excesso
de arrecadação.
7. Caminhar para o fim da “guerra fiscal” entre os entes
federados.
8. Adotar o orçamento impositivo.
9. Dar um choque de inovação, eficiência e compromisso do
funcionamento do setor privado.
10. Incluir na educação básica noções do papel e das técnicas
orçamentárias e fiscais, especialmente os direitos e
responsabilidades dos contribuintes. Ensinar em todas as escolas
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os fundamentos da responsabilidade fiscal e a importância do
orçamento público nos destinos na Nação.
11. Manter o compromisso com a responsabilidade fiscal.

Como fazer
para promover o desenvolvimento regional

1. Tratar as desigualdades regionais como problemas nacionais e


enfrentá-los com uma estratégia nacional de reorganização do
desenvolvimento no território brasileiro.
2. Concentrar os esforços de desenvolvimento regional no sentido
de reduzir não apenas a desigualdade entre regiões, mas,
sobretudo as desigualdades, inclusive intra-regionais.
3. Usar incentivos fiscais e financeiros para o desenvolvimento
regional, porém tendo em mente que sejam apenas
complementares e transitórios, já que a causa central das
desigualdades regionais reside no diferencial de competitividade
advindo da diferença de escolaridade e qualificação da força de
trabalho, rede logística e de infra-estrutura e desenvolvimento
da rede de Ciência e Tecnologia.
4. Impedir que a estratégia do Governo Federal seja iniciativa
de um ministério isolado, como o da Integração Nacional, ou
de órgãos regionais de desenvolvimento sem instrumentos
e mecanismos de ação. A reorganização econômica do
território nacional será realizada por todo o governo, a partir
da Presidência, e assumida por todos os ministérios e órgãos
governamentais, coordenados pela Secretaria Presidencial para
a Redução das Desigualdades Sociais e Regionais.
5. Implantar uma estratégia de reorganização do território
brasileiro definindo os diferentes papéis das regiões no
desenvolvimento nacional e as prioridades de ação para
promover a desconcentração da economia e a convergência dos
indicadores sociais.
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6. Retomar as agências ou superintendências de desenvolvimento
regional, com autonomia gerencial e financeira, formadas pela
cooperação do Governo Federal com os governos estaduais
interessados e participação ativa da sociedade civil, como
representantes locais da Secretaria Presidencial.
7. Promover a capacitação técnica e profissional de qualidade e
em larga escala, preparando o povo para inserir-se no moderno
mercado de trabalho.
8. Fortalecer as instituições de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico das regiões menos desenvolvidas, nas áreas de maior
interesse e potencialidade, com equipamentos, instalações
e, principalmente, aceleração da formação e absorção de
pesquisadores.
9. Continuar a construção da Ferrovia Norte-Sul e construir a
Transnordestina, promovendo a integração ferroviária entre
Nordeste e Cerrados.
10. Implantar nessas regiões pelo menos um dos centros de alta
tecnologia a serem criados no Programa de Refundação do
Ensino Superior e Infra-estrutura Científica e Tecnológica.
11. Ampliar e modernizar a hidrovia do Rio São Francisco.
12. Promover a revitalização compartilhada da bacia do São
Francisco, construindo redes e canais de transporte de água
do rio para outras bacias não-perenes e açudes, racionalizando
o uso com rigoroso controle ambiental.
13. Promover a reorganização fundiária e o assentamento de pequenos
produtores capacitados em áreas desapropriadas na margem ao
longo dos canais, para implantação de projetos de irrigação.
14. Montar um qualificado sistema de gestão dos múltiplos usos e
conflitos pela água, com regras gerais que permitam decisões
equilibradas em momentos de menor disponibilidade de água.
15. Investir nas vocações regionais e nos Arranjos Produtivos Locais.

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16. Fazer a revolução da educação básica nas regiões Nordeste, Norte
e Sudeste, igualando, em 10 anos, os indicadores educacionais
dessas regiões como os do resto do mundo; e, em 20 anos, com
os de países como Coréia e Irlanda.

Como fazer
para favorecer o desenvolvimento industrial
com competitividade

1. Dar liberdade de ação aos empreendedores. A melhor política


industrial é aquela em que o Estado não atrapalha a iniciativa dos
empreendedores, desde que obedeçam aos dispositivos legais.
2. Adotar uma política industrial que analise os custos e benefícios
para a sociedade ao longo do tempo, garantindo prioridade
aos setores que gerem maior elevação no bem-estar social, de
forma sustentável.
3. Identificar os setores ineficientes e mapear os eventuais gargalos
e as causas da ineficiência, tomando em consideração toda a
cadeia produtiva.
4. Formar trabalhadores e empreendedores capacitados e
qualificados com boa escolaridade, graças à revolução na
educação que será promovida e nos permitirá recuperar nosso
atraso, incluindo a promoção e as técnicas do empreendedorismo
no novo Ensino Médio.
5. Ampliar e valorizar o ensino técnico, inclusive promovendo
o programa Escola na Fábrica, para assegurar a formação
continuada dos trabalhadores atuais e dos jovens sem emprego
e sua adaptação às rápidas mudanças no perfil do trabalho.
6. Mobilizar os empresários para o avanço científico-tecnológico
e a inovação por meio de plataformas científicas e tecnológicas,
como a do ITA em relação à indústria aeronáutica, criando
condições para que esse processo se acelere.
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7. Encontrar o equilíbrio entre os incentivos concedidos pelo
governo a diferentes setores industriais e o papel disciplinador
do mercado, considerando a realidade de setores específicos da
indústria.
8. Fortalecer o Sebrae para a máxima promoção do
empreendedorismo em todo o território nacional, com uma
gestão estratégica de resultados.

Como fazer
para desenvolver o turismo

1. Consolidar um novo modelo de gestão pública do turismo:


consolidar o Ministério do Turismo e da Embratur, com
a definição de quadros permanentes, definição de papéis e
missões estratégicas de cada ator; consolidar o Programa de
Regionalização do Turismo, resultando na definição de novos
roteiros e produtos turísticos, bem como na aderência de novos
atores institucionais ao modelo descentralizado.
2. Intensificar a promoção, marketing e comercialização turística
nos mercados nacional e internacional, ampliando o número de
representações internacionais da Embratur para 20, cobrindo
os 20 maiores países emissores de turistas para o Brasil.
3. Consolidar a infra-estrutura pública de apoio ao turismo:
Prodetur/Nordeste; Prodetur/Sul; Proecotur/Amazônia;
Prodetur/Centro Oeste.
4. Ampliar o financiamento ao setor privado.
5. Conceder incentivos às empresas que organizarem programas
turísticos nas férias de seus trabalhadores.
6. Apresentar uma cidade brasileira para sede de uma Expo
Internacional, como já aconteceu em várias cidades do mundo,



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mais recentemente Sevilha e Lisboa, que modernizaram as
características espaciais e a mentalidade dos habitantes, além
de projetar os países no exterior.
7. Defender, em associação com o Comitê Olímpico Brasileiro
e o Ministério dos Esportes, a candidatura brasileira para
sediar uma das próximas Olimpíadas, considerando que o
Brasil tem localização estratégica que favorece as transmissões
e telecomunicações para países com maior potencial de
atendimento, em função do fuso horário. Estamos também
fora dos roteiros de risco e temos condições climáticas
excepcionais para esse tipo de evento. O mesmo vale para
sediar uma Copa do Mundo.
8. Aumentar a penalidade e o confisco da concessão para
empresas que facilitarem o turismo sexual e abuso de crianças
e adolescentes.
9. Criar um selo de Empresa Livre de Turismo Sexual para a rede
hoteleira.

Como fazer
para apoiar o agronegócio

1. Recuperar e ampliar a malha viária, principalmente com a


diversificação de modais. Criar condições para a ampliação da
logística, indicando vocações e prioridades regionais (armazéns,
transportes); e condições para o desenvolvimento e a integração
de novas áreas de produção.
2. Tratar agricultura como setor de preocupação estratégica,
explicitando política de longo prazo.
3. Garantir financiamento que reduza os riscos decorrentes de
fenômenos naturais e comerciais, por meio de seguro contra
riscos naturais e cambiais.
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4. Autorizar e facilitar a comercialização de produtos
biocombustíveis.
5. Estabelecer créditos dirigidos do BB, BNDES e dos bancos
regionais para o fortalecimento do setor, principalmente com a
agregação de valor.
6. Garantir a pesquisa (Embrapa e universidades) em sintonia com
tal disposição, porém com um conselho gestor participativo que
definirá prioridades, integrando os objetivos das pesquisas e da
assistência técnica aos anseios e demandas dos setores e usuários.
7. Estimular a aqüicultura e outras atividades com grande potencial
de expansão.
8. Dar prioridade ao controle fito-sanitário e de zoonoses.
9. Fomentar novas oportunidades, valendo-se da criatividade
e de novas demandas do mercado interno e do cenário
internacional. Um bom exemplo são as oportunidades geradas
pelo recentemente criado mercado de créditos de carbono
(Protocolo de Quioto).
10. Integrar e coordenar as políticas ambientais com as políticas de
fomento do setor.
11. Implementar ações públicas de planejamento, zoneamento e
ordenamento territorial.
12. Garantir ao Semi-Árido nordestino, ao Centro-Oeste e à
Amazônia especial apoio ao reflorestamento de espécies nativas
e ao desenvolvimento de atividades alternativas.
13. Garantir que o Brasil adote uma posição mais agressiva – com
continuidade e preparação adequada anterior – nos fóruns
internacionais onde são debatidas as regras de comércio e as
regulamentações de qualidade.
14. Agilizar as autorizações para compra de insumos importados.



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Como fazer
para consolidar a agricultura familiar

1. Incentivar a agregação de valor à produção familiar com a


implantação de 100 mil pequenas agroindústrias.
2. Aumentar a compra direta por parte do governo, usando
também os recursos da merenda escolar.
3. Incentivar, por intermédio da Embrapa, a discussão de uma
nova matriz tecnológica para a agricultura familiar.
4. Duplicar o número de técnicos para a assistência técnica e
extensão rural.
5. Reforçar os espaços democráticos de discussão para a criação
de uma força-tarefa, incluindo todos os atores que atuam no
campo, para encaminhar o processo de reforma agrária.
6. Melhorar a educação no campo, com investimentos de R$ 6
bilhões em quatro anos.
7. Melhorar a infra-estrutura no campo, com prioridade às vias de
acesso aos assentamentos rurais.
8. Aumentar a dotação orçamentária do Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
9. Reforçar o seguro rural e criar um Fundo de Amparo a Vítimas
de Catástrofes.
10. Aumentar os recursos do Programa Nacional de Produção e Uso
do Biodiesel, em suas ações de apoio à agricultura familiar.
11. Adaptar a legislação existente de inspeção de produtos de origem
vegetal e animal para agroindústrias de pequena escala.

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Como fazer
para ampliar e agregar valor
à atividade mineradora

1. Estimular a ampliação de investimentos em ciência e tecnologia


voltados para a mineração, tanto no setor público quanto privado.
2. Ampliar o conhecimento do subsolo, por meio da intensificação
da atuação da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais) e do incentivo aos convênios com os governos
estaduais e com as próprias empresas mineradoras. É inaceitável
que um país com o histórico mineral e a dimensão do Brasil
ainda conheça tão pouco seu subsolo.
3. Facilitar o acesso do subsolo à pequena mineração e propor
linhas especiais de financiamento.
4. Criar um programa de estímulo ao consumo de bens minerais
voltados para o segmento da construção civil, dentro de uma
estratégia de sustentabilidade ambiental.
5. Garantir que a atuação dos órgãos governamentais de outorga
e controle das áreas minerais incorpore em suas políticas os
princípios do desenvolvimento sustentável, para que a sua
atuação não seja apenas cartorial, mas integrada a uma política
de sustentabilidade que considere custos e benefícios da
mineração nas dimensões econômica, social e ecológica.

Como fazer
para consolidar o crescimento
das micro e pequenas empresas

1. Ampliar o crédito para capital e custeio dos Arranjos Produtivos


Locais.

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2. Reduzir fortemente a carga tributária sobre as micros e
pequenas empresas, com a adoção de um imposto único
presumido e mensal, corrigido anualmente, a ser pago no dia
do mês escolhido pelo empresário, conforme a conveniência
do seu fluxo de caixa.
3. Simplificar ao máximo os procedimentos de criação e dissolução
de pequenas e microempresas, permitindo que comecem a
funcionar a partir do protocolo de registro.
4. Apoiar as iniciativas estatais de centros de serviços comuns para
micro e pequenos empresários, com a finalidade de agilizar os
processos de criação e extinção das empresas.
5. Adotar um programa de estímulo à exportação e desenvolver infra-
estrutura de apoio às micro e pequenas empresas no exterior.
6. Comprometer todos os arranjos produtivos locais no processo
de alfabetização e escolarização de seus membros.
7. Estimular a oferta de cursos de qualificação inclusive pelas
universidades federais e escolas técnicas aos empresários e
trabalhadores dos Arranjos Produtivos Locais.
8. Articular a qualificação profissional, a assistência técnica e o
acesso ao microcrédito.

Como fazer
para recuperar e ampliar
a infra-estrutura de transporte

1. Tratar com prioridade os corredores estruturais que ligam


centros produtores com os portos nacionais mais importantes.
2. Apoiar a implantação de sistemas leves de transporte de massa
– metrô de superfície nos principais corredores de transporte
das grandes cidades, transformando os ônibus em sistemas
alimentadores e diminuindo o fluxo de veículos nas áreas centrais.
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3. Modernizar tecnologicamente os principais portos, realizar a
dragagem e introduzir conceitos operacionais mais modernos,
para incrementar as exportações e aumentar a competitividade
dos produtos brasileiros.
4. Complementar a duplicação das principais rodovias do País
que dão suporte às atividades turísticas e exportadoras.
5. Negociar o acesso ao Oceano Pacífico, melhorando a ligação do
Rio Grande do Sul à infra-estrutura portuária do norte do Chile
e ligando o Centro-Oeste à infra-estrutura portuária do Peru.
6. Duplicar a BR-101 em toda a sua extensão, para dar suporte
ao escoamento da produção para grandes cidades, para as
exportações e para o desenvolvimento do turismo no litoral.
7. Implantar imediatamente o Anel Rodoviário da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, para desafogar o tráfego da
Avenida Brasil, na Linha Vermelha, nos trechos entre Niterói e
São Gonçalo e nos acessos à Via Dutra, permitindo um fluxo
mais rápido ao Porto de Sepetiba.
8. Duplicar a rodovia Rio-Santos para favorecer o turismo.
9. Complementar as linhas ferroviárias parcialmente implantadas,
a exemplo da Ferrovia Norte-Sul e da Ferroeste, sobretudo
aquelas voltadas para exportação de grãos e minérios, e reativar
ramais que impactam sobre transporte de passageiros e turismo
regional, além de transporte de cargas para o mercado interno.
10. Consolidar as hidrovias do Amazonas, do Araguaia-Tocantins,
do Rio Paraná e do São Francisco, para diminuir custos
e aumentar a competitividade nessas áreas, obedecendo a
rigorosos critérios ambientais.
11. Recuperar e ampliar os postos da Polícia Rodoviária Federal e
ampliar os contingentes, para reforçar a segurança dos milhares
de caminhoneiros que hoje arriscam suas vidas para transportar
as riquezas e necessidades do povo brasileiro.
12. Estudar e planejar a implantação de um sistema rápido de
trens entre Rio de Janeiro e São Paulo.

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13. Viabilizar, com participação do setor privado, a implantação do
sistema de trens rápidos entre São Paulo e Campinas.
14. Ampliar a ferrovia Norte-Sul e construir a Transnordestina,
promovendo a integração ferroviária entre o Nordeste e Cerrados
(v. Como fazer para promover o desenvolvimento regional, item 9).
15. Respeitar as agências reguladoras da área de transporte como
instituições do Estado encarregadas de zelar estrategicamente
pelos resultados do setor.
16. Definir o marco regulador da aviação civil, para evitar a
repetição do que ocorreu com a Transbrasil, a Vasp e a Varig, e
o que aconteceu com a marinha mercante no passado.

Como fazer
para ampliar e assegurar a energia necessária
ao desenvolvimento econômico e social

1. Estimular a produção de energias renováveis, particularmente


eólica e solar, como também o biocombustível, respeitando os
cuidados ambientais.
2. Manter os investimentos na exploração de óleo e gás, visando
ao suprimento interno, reduzindo a dependência do exterior.
3. Integrar o gasoduto entre Sul e Nordeste, ampliando a exploração
do gás na Bacia de Campos e nas novas descobertas da costa do
Espírito Santo.
4. Considerar a Petrobras empresa estratégica do desenvolvimento
nacional e da defesa nacional, razão pela qual deve ser mantida
a maioria acionária nas mãos do Estado. Estimular sua
competitividade, para que venha a ocupar papel importante na
exploração e produção de petróleo e derivados, conduzidas de
forma estratégica para não provocar o esgotamento precipitado
de nossas reservas.

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5. Implantar um programa de modernização das hidrelétricas,
com o objetivo de aumentar a eficiência, com financiamento
especial do BNDES.
6. Consolidar um programa contra o desperdício de energia (eficiência
energética), como o Brasil já demonstrou que sabe fazer.
7. Criar um Centro Interuniversitário de Cooperação Público-
Privada para o desenvolvimento da pesquisa e inovação na área das
energias tradicionais e alternativas, gerando conhecimento técnico-
científico relacionado ao futuro da matriz energética do País.
8. Estimular a indústria petroquímica, com a modernização e a
expansão de seus pólos e criação de outros, de preferência de
forma descentralizada regionalmente, desde que respeitando as
opções técnicas de maximização de resultados.
9. Respeitar a independência das agências reguladoras da área
de energia como instituições do Estado encarregadas de zelar
estrategicamente pelos resultados do setor.

Como fazer
para estimular o desenvolvimento dos serviços
1. Usar a produção cultural para estimular a geração de emprego
e renda, com os programas Arte na Escola, Arte na Rua e
Temporadas Populares.
2. Conceder incentivos fiscais para o setor de serviços na área da
medicina, como forma de implantar centros de excelência,
capazes de atrair clientes do exterior.
3. Apoiar com qualificação profissional a ampliação dos serviços de
manutenção já existentes, tais como na área de motores de aviação.
4. Estimular a criação de escolas técnicas e de cursos de qualificação
oferecidos pelo Sebrae e Senac como forma de modernizar os
serviços.
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Como fazer
para garantir o emprego

1. Implantar o Programa Emprego Social, atendendo pelo


menos 2 milhões de pessoas, por período médio de três
meses, garantindo um salário e um curso de qualificação
profissional.
2. Contratar 400 mil professores, no prazo de quatro anos (v.
Como fazer para retomar o crescimento econômico, item 8).
3. Realizar as obras previstas neste programa para a recuperação,
manutenção e construção da infra-estrutura.
4. Implantar o Serviço Civil e Militar para 1 milhão de jovens
por um período de seis meses, com o objetivo de oferecer
noções de higiene, disciplina e aprendizagem de um ofício
(v. Como fazer para garantir a segurança pública, item 2).
5. Empregar 100 mil alfabetizadores de adultos pelo prazo de
quatro anos, para erradicar o analfabetismo no País.
6. Implementar as medidas previstas neste Programa, criando
as condições para garantir um crescimento sustentável e
duradouro, em particular a revolução na educação e as
reformas institucionais.
7. Incentivar a redução da jornada de trabalho com garantia
de ampliação de vagas de emprego.
8. Criar o programa de Capacitação Permanente para todos os
trabalhadores, com a redução de um período da jornada,
desde que o trabalhador reduza parte do seu tempo livre para
seguir com sucesso o programa.
9. Cumprir a determinação de aplicar recursos do FAT para
realizar eficazes programas de capacitação

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10. Ocupar 160 mil pessoas como orientadores de saúde, nos
Pontos de Saúde a serem implantados em cada escola, dentro
do Programa Emprego Social.
11. Executar os programas que permitam construir plataformas
produtivas.
12. Incentivar programa de geração de renda priorizando mulheres
chefes de família.

Como fazer
para proteger o meio ambiente e usar
os recursos naturais de forma sustentável

1. Fortalecer a legislação segundo a qual caberá ao produtor de


bens degradadores o ônus da coleta e tratamento (pneus, pilhas,
embalagens plásticas).
2. Empreender iniciativas voltadas à melhoria da qualidade do ar
nas grandes cidades.
3. Integrar a política ambiental às políticas de Cidades, Saneamento,
Desenvolvimento Regional e Ordenamento do Território.
4. Criar o Royalty Verde, que beneficiará os municípios com área
protegidas e/ou projetos de recuperação ambiental. Para fins da
distribuição do FPEM (Fundo de Participação dos Estados e
Municípios), será agregado, aos critérios de população, território
e renda, o critério de áreas protegidas.
5. Encorajar atividades econômicas massivas em geração de
emprego e produtoras de bens ambientalmente saudáveis,
a reciclagem de bens, com desenvolvimento e transferência
de tecnologias pelas universidades e institutos de pesquisa.
Determinar que os bancos oficiais criem linhas de crédito
preferenciais para as atividades de reciclagem.

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6. Pôr instrumentos econômicos à disposição da política ambiental,
obedecendo a princípios como:
a) estímulo tributário à economia baseada na biodiversidade
com agregação de valor e na reciclagem de materiais.
b) crédito a atividades ambientalmente saudáveis;
c) tributos sobre a exploração ambiental segundo o princípio
“poluidor-pagador”;
d) tributos pelo aproveitamento de conhecimentos tradicionais
e pelo uso de princípios ativos da nossa biodiversidade, parte
desta arrecadação restituída às comunidades que geraram o
conhecimento usado.
7. Adotar posição mais ativa no estímulo a atividades sintonizadas
com o Protocolo de Quioto.
8. Revitalizar o Rio São Francisco, usando para isso o Programa
Emprego Social para um reflorestamento radical das margens e a
instalação de estruturas de saneamento nas cidades ribeirinhas.
9. Implantar em todas as escolas o ensino do valor da natureza,
dos direitos das gerações futuras e da responsabilidade com o
meio ambiente.
10. Garantir recursos para a coleta seletiva de lixo nas cidades
brasileiras, tornando-a obrigatória no período de dez anos.

Como fazer
para reordenar as cidades

1. Implantar um Programa Nacional de Promoção e Apoio


às Cidades de Porte Médio. O objetivo é fortalecer a infra-
estrutura dessas cidades, de modo a transformá-las em suporte
do desenvolvimento de suas regiões, com mais empregos e

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serviços, para que sirvam como anteparos aos fluxos migratórios,
ao oferecer melhores condições aos brasileiros que buscam nas
metrópoles mais emprego, educação e saúde.
2. Ampliar a transversalidade das políticas públicas focadas nas
cidades. Associar a política urbana ao ordenamento do território,
à política de infra-estrutura em geral e à política habitacional.
Garantir que todos os organismos de governo, inclusive
de financiamento, atuem seguindo estratégias nacionais.
A coordenação do tema contará com assessoria especial de
coordenação, junto ao presidente da República.
3. Garantir o apoio federal à modernização dos sistemas de
transportes de massa urbanos.
4. Criar um fundo para promover a desmigração de populações
das grandes cidades, financiando a realocação de pessoas que
desejem regressar a seus lugares de origem, ou aquelas que
desejem migrar para cidades pequenas e médias.
5. Usar o Programa Emprego Social como instrumento para executar
um intenso programa de construção e reforma de moradias.
6. Fortalecer a rede de comunicações e transportes entre as grandes
cidades e as de porte médio, principalmente no Nordeste, para
favorecer o desenvolvimento e a consolidação dessas cidades e
de suas regiões.
7. Implementar uma política de Orçamento Priorizado. O objetivo
é viabilizar um conceito de destinação de recursos federais
calculados em função de percentagens diferenciadas para
cidades mais carentes e de regiões de onde saem historicamente
os grandes fluxos migratórios.
8. Criar linhas de financiamento do BNDES para indústrias que
queiram se instalar em regiões menos favorecidas, associando os
recursos ao Programa de Apoio a Cidades Médias e ao Projeto
de Desmigração.

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9. Articular as políticas urbanas e as ambientais, buscando
consensos entre interesses freqüentemente conflitantes entre
órgãos atuantes nas duas áreas.
10. Implementar os dispositivos do Estatuto das Cidades.
11. Criar linhas de financiamento prioritárias para preservação de
cidades históricas (Programa Monumenta) e desenvolvimento
de pólos turísticos (Proecotur e Prodetur).
12. Estabelecer Pólos de Educação e Pólos de Saúde em cidades
estrategicamente situadas, de forma a atender a população de
um entorno abrangente.
13. Articular a política habitacional e imobiliária com a política
urbana, incluindo-se a política ambiental.
14. Oferecer assistência técnica à construção de habitações
populares, de preferência a partir de convênios com faculdades,
que teriam essa atividade como conteúdo de formação (v. Como
fazer para garantir a moradia, item 3).
15. Garantir que o Ministério do Trabalho atue na formalização
dos empregos na construção civil e na capacitação dos
trabalhadores, tanto para atuarem em empresas de construção
civil, quanto para processos de construção de habitações em
bairros populares.

Como fazer
para cuidar da defesa nacional
e das Forças Armadas

1. Usar as Forças Armadas como parte do programa civil-militar


que vai formar 1 milhão de jovens entre 16 e 20 anos por um
período de seis meses (v. Como fazer para garantir a segurança
pública, item 2; Como fazer para garantir o emprego, item 4).



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2. Afirmar com clareza a nacionalidade brasileira e reconhecer
que essa nacionalidade exige Forças Armadas modernas,
profissionalizadas, bem distribuídas nas fronteiras, bem
equipadas, com contingente em número adequado.
3. Tratar as Forças Armadas no padrão necessário a um país que
detém parte importante da população, do território, do espaço
aéreo e dos recursos marinhos de todo o mundo.
4. Retomar o programa de produção própria de armas pesadas,
especialmente aquelas capazes de servir como plataforma para
o desenvolvimento científico e tecnológico e para geração de
empregos.
5. Ampliar o contingente de recrutamento para até 300 mil
homens, recrutas e oficiais, ao longo dos próximos anos, como
forma não apenas de fortalecer as nossas Forças Armadas, mas
também de retirar jovens das ruas e dar-lhes o sentimento de
servir a Pátria.
6. Incluir na educação básica o sentimento de respeito ao papel
das Forças Armadas como símbolo da defesa da Nação.
7. Realizar a revolução na educação como condição fundamental
para garantir nossa defesa, partindo do pressuposto de que
não haverá defesa nacional em um país onde o povo não foi
plenamente educado.

Como fazer
para adotar uma posição independente,
em favor da paz e da autonomia dos povos
1. Posicionar-se em defesa da paz e da autonomia dos povos e das nações.
2. Fomentar as alianças estratégicas e as parcerias diversificadas
como fator de autonomia nacional.

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3. Adotar o princípio de que ao invés de posicionar-se como
último dos ricos, o Brasil deve adotar uma posição de líder dos
pobres na luta pela redução da desigualdade social e erradicação
da fome e indigência no mundo.
4. Contribuir para a integração sul-americana, com a ampliação
do Mercosul.
5. Privilegiar as relações com os países de maior potencialidade
comercial com o Brasil.
6. Fomentar as relações com os países africanos, no plano comercial,
mas também na área da cultura e no apoio ao desenvolvimento
dos países de língua portuguesa.

Como fazer
para manter e explorar
racionalmente nossa Amazônia
1. Lançar o projeto Nacionalização da Amazônia, em contraposição
à doutrina de território da humanidade, e assumir perante
o mundo a responsabilidade de cuidar da Amazônia como
patrimônio da humanidade, da mesma forma que devem ser
cuidados como “patrimônio da humanidade” outros bens
comuns da espécie humana, tanto naturais quanto culturais,
pertencentes a outros países.
2. Fortalecer a governabilidade regional, com a implantação de
ações regulatórias, a formação de quadros e o fortalecimento
institucional.
3. Disciplinar o adensamento populacional das fronteiras já
ocupadas e desencorajar novas frentes de ocupação.
4. Adotar um programa de aproveitamento da biodiversidade, à
semelhança do programa da Petrobras de desenvolvimento de
exploração do petróleo em águas profundas.



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5. Adensar a ocupação das fronteiras já degradadas.
6. Estimular a economia sustentável da biodiversidade, com
agregação de valor aos produtos, tais como madeira, castanha,
palmito, óleos.
7. Aumentar o valor agregado da produção regional, incluindo
industrial (como alternativa aos ilícitos ambientais).
8. Eliminar o dumping ecológico (energia para exportação,
madeira barata sem manejo sustentável, soja barata e pecuária
em pastagens extensivas).
9. Valorizar a economia e o bem-estar (infra-estrutura) nas cidades.
10. Remunerar os serviços ambientais.
11. Disseminar o uso do Selo Amazônia como grife dos produtos
regionais no mercado internacional.
12. Instituir os Royalties Verdes como compensação financeira (por
meio do Fundo de Participação dos Estados e Municípios)
aos municípios que aderirem a um pacto de conservação da
biodiversidade.
13. Assegurar ensino bilíngüe de qualidade às populações indígenas.
14. Implantar em todas as escolas o ensino da afirmação de nossa
nacionalidade, da defesa do meio ambiente e do compromisso
patriótico com a Amazônia.



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Quanto custa fazer
Para realizar este projeto, o custo na educação básica – vetor da
transformação social brasileira – será de R$ 7 bilhões nos próximos
dois anos, além do que se gasta atualmente. Isso corresponde a apenas
0,3% da nossa renda nacional, de R$ 2 trilhões; a somente 1% da
receita do setor público, de R$ 488,4 bilhões; a 20% do sacrifício
fiscal que o governo aceita anualmente (restituições e incentivos).
Nos anos seguintes, esse custo cresce gradativamente e chega a cerca
de R$ 20 bilhões ao ano. Porém, com o crescimento da economia,
esse valor ainda vai representar uma parte insignificante da renda
nacional.
Mesmo considerando o custo total do projeto de revolução na
educação (incluindo a educação básica, o ensino superior e a ciência e
tecnologia), esse total não será de mais do que R$ 50 bilhões ao ano,
após 2010. Um valor perfeitamente possível dentro das possibilidades
futuras, mas que exigirá o deslocamento de recursos de alguns gastos
atuais para realizar o grande salto do Brasil para o futuro.
A velocidade de realização deste projeto vai depender da capacidade
das lideranças políticas brasileiras de se organizarem para apressar
ou adiar sua execução. Quanto mais prevalecerem os interesses
corporativos, mais longo será o tempo de realização das mudanças, e
maior será o custo da omissão no futuro.

Quanto mais unido estiver


o País, mais rápido o programa
poderá ser executado, e mais
rapidamente daremos o salto para
a modernidade e para o século 21.



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8
Fontes de recursos



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A luta contra a pobreza tem
de ser feita na ótica social
e não na ótica econômica.

Cristovam Buarque



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A s novas ações estratégicas do governo implicarão uma economia
de gastos, de um lado, e aumento, de outro. Propiciarão também
uma ampliação de receita sem acréscimo algum na tributação, já
excessivamente alta.

A redução da carga tributária


e a desoneração da produção devem
ser buscadas, na medida em que
o equilíbrio for obtido.

Os recursos para os novos programas serão obtidos com o firme


compromisso da responsabilidade fiscal e advirão da realocação de
recursos entre rubricas do orçamento, das restrições à malversação dos
recursos públicos, do aumento da racionalidade na gestão pública e do
crescimento econômico. Mudanças de cultura serão necessárias, entre
as quais substituir a noção de que o bom gestor é aquele que tudo
gastou pela noção de que o bom gestor é aquele que obteve os melhores
resultados com menos recursos. Para tanto, será preciso trabalhar com
metas e com a prática de acompanhamento e avaliação, centrada em
resultados, e com apoio e fortalecimento dos órgãos de auditoria e dos
atores da sociedade civil organizada.
A previsão de arrecadação para 2006, apresentada pela Secretaria
de Orçamento Federal e do Tesouro Nacional em julho, era de R$

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549,4 bilhões, sendo R$ 123,3 bilhões da Arrecadação Líquida do
INSS e R$ 426,1 bilhões de impostos, contribuições, cota-parte de
compensações financeiras, dividendos etc. Dos R$ 426,1 bilhões
citados acima, R$ 90,9 bilhões devem ser transferidos para os Estados
e Municípios1.
A receita líquida, sem INSS, é, portanto, de R$ 335,2 bilhões.
As despesas obrigatórias previstas consomem R$ 157,8 bilhões, com
destaque para Pessoal e Encargos Sociais (R$ 106,6 bilhões), Seguro-
Desemprego (R$ 14,5 bilhões), Benefício para Idosos e Deficientes
(R$ 11,7 bilhões) e outras (R$ 25 bilhões). Para complementar a
contribuição previdenciária, será preciso aplicar R$ 41 bilhões na
Previdência e garantir o superávit primário de R$ 52,6 bilhões.
A Tabela 1 apresenta resumidamente a situação:
Tabela 1. Lei Orçamentária de 2006 (LOA)
Em milhões de R$
Receita Bruta 426.077,90
Transferências para Estados e Municípios 90.895,20
Receitas Líquidas 335.182,80
Despesas Obrigatórias sem INSS 157.821,60
Déficit do INSS 41.042,00
Superávit Primário 52.600,00
Despesas Discricionárias 83.719,20
Fonte: Rel. 3º bimestre SOF/STN

Das despesas discricionárias, R$ 21,2 bilhões são para investimentos


e R$ 62,5 bilhões para despesas de custeio. Estão aí incluídos, entre
outros, R$ 36,1 bilhões para Saúde (Emenda Constitucional 29), R$ 7,8
bilhões para Educação (cumprimento dos 18%), R$ 10,3 bilhões para o
Fome Zero (lei específica) e R$ 3 bilhões para Ciência e Tecnologia.
Para o financiamento das ações estratégicas propostas no Programa,
apenas no primeiro ano, foram feitas duas simulações de racionalização
do Orçamento da União. A primeira delas, otimista, prevê um

1 Devido a FPE/FPM (71,2 bi) Fundos Regionais (1,7 bi), cota parte do
Salário-Educação (4,0 bi), CIDE -Combustíveis (1,8 bi), Compensações Financeiras
(11,9 bi), e outras.

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crescimento do PIB da ordem de 4,5%, que criaria um aumento da
disponibilidade de recursos da ordem de R$ 44,19 bilhões, ao serem
aplicados novos critérios. A segunda, menos otimista, considera uma
taxa de 3% e poderia gerar uma disponibilidade adicional de recursos
de R$ 34,19 bilhões, conforme a Tabela 2.

Tabela 2. Recursos possíveis para financiar a mudança


PIB + 4,5% PIB + 3%
Receitas adicionais
1. Arrecadação 24,71 13,9
Incremento vegetativo da arrecadação tributária 19,2 10,2
Arrecadação do inss 5,5 3,7
2. Formalização de trabalho 2,8 2,8
3. Redução do gasto público/racionalidade 8,3 6.2
4. Combate à corrupção 4 4
5. Aplicação mais racional dos recursos para 15,29 15,29
o desenvolvimento
Fundos 7,59 7,59
Repasse do pis/pasep para o bndes 7,7 7,7
Total de receitas (1+2+3+4+5) 55,09 42,19
Despesas adicionais
1. Superávit primário 2,4 1,6
2. Inss 3,7 3,7
3. Transferências p/ estados e municípios 4,1 2,7
Total de despesas (1+2+3) 10,2 8
Total de receitas menos despesas 44,89 34,19

Mesmo que se incluam despesas não previstas, reduzindo a disponibilidade


orçamentária, haverá recursos para a revolução na educação orçada em R$
7 bilhões no primeiro ano (2007). Além disso, outras ações, tais como a
Poupança Escola e o Serviço Civil Militar, praticamente não implicam o uso
efetivo de recursos no primeiro ano.
De toda forma, o quadro é apenas um indicativo de que há margem para
obtenção de recursos sem aumentar a tributação. E de que, na medida em
que as ações previstas forem implementadas e o equilíbrio dos gastos públicos
for obtido, será possível não só obter mais recursos, mas também reduzir a
carga tributária, hoje excessivamente alta.
Outra forma de aumentar a disponibilidade dos recursos para investi-
mento sem elevar a tributação é estabelecer um pacto entre os Poderes
para congelar o aumento dos gastos públicos. Apenas para o próximo ano,



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o aumento vegetativo das despesas conforme a LOA é da ordem de R$ 8
bilhões. Se for realizado, esse pacto, sozinho, será capaz de iniciar a revolução
pela educação no ensino fundamental e médio. Até 2022, será possível
economizar R$ 128 bilhões, recursos suficientes para financiar quase dez
anos da revolução pela educação em todos os seus níveis, incluindo a ciência
e tecnologia.

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9
ANEXO 1

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Cristovam idealizou e realizou

N os cargos que ocupou, Cristovam criou e implantou idéias novas,


implementou algumas já defendidas previamente e lançou as bases para
diversas outras.

1. Projetos criados e implantados


• Bolsa-Escola – pagamento de benefício mensal no valor de um
salário mínimo para 20% das crianças das escolas públicas do
Distrito Federal.
• Poupança-Escola – complementar à Bolsa-Escola, depósito de
½ salário mínimo anual para os alunos aprovados, beneficiando
mais de 14% dos alunos da escola pública do Distrito Federal.
• Brasil Alfabetizado – foram matriculados em cursos de
alfabetização 3 milhões e 250 mil pessoas em 2003, ultrapassando
a meta prevista para o primeiro ano do programa de erradicação
do analfabetismo.
• Livro Didático para o Ensino Médio – atendeu 17% dos
alunos do ensino público (1 milhão e 300 mil) em 2004, com
a distribuição de 2 milhões e 700 mil livros.
• Mala do Livro – distribuiu 42 mil acervos (3 milhões e 200
mil livros) para bibliotecas volantes de 3.659 cidades médias e
pequenas do país, beneficiando 62 milhões de pessoas.



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• PAS – Programa de Avaliação Seriada, criado na Universidade
de Brasília e posteriormente copiado por diversas universidades
de todo o país, em substituição ao vestibular.
• Alimentação Escolar para todas as creches públicas – ampliação
do Programa de Merenda Escolar (depois de 54 anos de
existência do programa) para as creches, beneficiando 881 mil
crianças.
• Alimentação Escolar para Escolas Indígenas – ampliação do
Programa de Merenda Escolar para todos os alunos matriculados
em escolas indígenas do país, em 18 Estados, beneficiando 112
mil alunos.
• Biblioteca do Professor – distribuição de 1 milhão e meio de
livros para 724.188 professores de todo o país.
• CEAM – Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares
– criação na Universidade de Brasília de 28 núcleos temáticos,
combinando diferentes departamentos em tornos de termos
variados, unindo ciência e humanismo.
• Telematrícula – garantia da matrícula com a eliminação das
tradicionais filas para obtenção de vagas na escola pública.
• Bolsa-Alfa – compra pelo governo, por R$ 100, da primeira
carta escrita em sala de aula pelos adultos recém-alfabetizados,
beneficiando mais de 10 mil pessoas.
• Cesta Pré-Escola – distribuição de alimentos e brinquedos pe-
dagógicos para crianças da pré-escola pública do Distrito Federal.
• Escola em Casa – contratação de jovens do Ensino Médio
com bolsa de ½ salário mínimo, como monitores no ensino
fundamental no Distrito Federal.
• Paz na Escola – implantado para combater a violência nas
escolas do Distrito Federal.
• Fundo para Educação Básica no Distrito Federal – primeiro



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fundo para desenvolvimento da escola básica no Brasil, anos
antes da Lei do Fundeb.
• Instituto Nacional de Educação Aberta e à Distância Darcy
Ribeiro – início da implantação do ensino à distância pelo
Ministério da Educação.
• Controle de Custos no Ministério da Educação – redução de
mais de R$ 20 milhões anuais nos gastos administrativos.
• PROVE – Agroindústrias Familiares – melhoria da renda do
produtor rural.
• Saúde em Casa – atendimento a 1 milhão e 300 mil pessoas, ou
70% da população do Distrito Federal.
• Controle e Combate à Aids – programa considerado o mais
eficaz do país.
• Paz no Trânsito – o Distrito Federal foi o primeiro Estado em
que o pedestre passou a ter a sua travessia na faixa respeitada.
• Paz no Trânsito – redução de 51% no número de vítimas fatais
no trânsito do Distrito Federal.
• Não dê Esmola, Dê Cidadania – programa de acolhimento de crianças
e mendigos em casas semi-abertas, retirando crianças da rua.
• Temporadas Populares – projeto cultural de maior sucesso da
história do Distrito Federal: chegou a 25% da população da
capital.
• Banco do Trabalho – primeiro banco do povo do setor
governamental do País.
• Asfaltamento de baixo custo com solo local – garantiu economia
de U$ 95 milhões dos cofres públicos em quatro anos.
• Gestão eficiente e exemplar das empresas públicas do Distrito
Federal – recebeu prêmios de melhor empresa do setor de
saneamento e de energia do Brasil.

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• Esgoto Condominial – redução de custos em até 50%.
• Fator K – gerou economia média de 18% nas licitações públicas,
rendendo em quatro anos U$ 120 milhões ao GDF.
• Implantação do SUS no Distrito Federal.
• Obras públicas – execução de mais de 3.000 obras no Distrito
Federal.
• Cada Criança, Uma Árvore – para cada criança que nascia no
Distrito Federal, a mãe era presenteada com uma muda de árvore.
• Missão Criança – organização não-governamental que
disseminou a Bolsa-Escola no Brasil e em vários países.
• Jardineiro de Quadra – manutenção da imensa área verde de
Brasília.
• Laboratório de Sementes Nativas – plantio de espécies do
cerrado.
• Projeto Orla – prioritário para desenvolvimento do turismo no
Distrito Federal.
• Projeto Saber – qualificação de 15% da população
economicamente ativa do Distrito Federal.
• Prêmios – foi a gestão mais premiada em toda a história do
Distrito Federal, pelos seus projetos e ações.
• Frente de Rua – redução em 68% do número de adolescentes
em situação crônica de rua.
• Carroças Verdes – organização dos desempregados dos bairros
pobres para manter limpas as ruas e organizar a coleta de
material reciclável, garantindo-lhes renda.
• Brasília Capital do Debate – série de debates promovidos em
locais públicos pelo GDF, com o objetivo de discutir com
personalidades e intelectuais brasileiros e estrangeiros os grandes
temas contemporâneos do Brasil e do mundo.
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2. Programas implantados a partir
de idéias já conhecidas

• Turno diário de 5 horas em 40% das escolas públicas do Distrito


Federal.
• Biblioteca Escolar – distribuição de 22.178 acervos para 20.021
escolas públicas do Brasil.
• Distribuição de periódicos para as escolas públicas – aumento
de 20%, com distribuição de 3 milhões e 900 mil exemplares
para 159 mil escolas de todo o Brasil.
• Construção e reforma de escolas – média de quase 3 salas de
aula por dia no Distrito Federal.
• Informatização da UnB (Universidade de Brasília) – o parque
computacional da universidade cresceu quase dez vezes em 4
anos.
• Obras na UnB – em 4 anos aumentou em 40% a área construída,
com relação aos 24 anos anteriores, desde a fundação da UnB.
• Aumento de 129% no número de alunos de pós-graduação na
UnB.
• As vagas oferecidas no vestibular da UnB dobraram em 4 anos.
• Nova Colina na UnB – aumento em 50% na oferta de moradia
para professores funcionários.
• TV Escola Digital Interativa transformou as antiquadas classes
em rede interativa, elevando em 20% o número de escolas
conectadas à Internet.
• Aumento de 22% na matrícula da pré-escola no Distrito
Federal.
• Crescimento de 45% nos concluintes do Ensino Fundamental
no Distrito Federal.

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• Crescimento de 37% nos concluintes do Ensino Médio no
Distrito Federal.
• Valorização do professor público no Distrito Federal – aumento
de 23,3% na remuneração dos professores com recursos próprios
do tesouro do GDF.
• Valorização dos servidores da Polícia Civil no Distrito Federal
– aumento médio de 25,4% na remuneração dos servidores
com recursos próprios do tesouro do GDF.
• Valorização dos servidores da Polícia Saúde no Distrito Federal
– aumento médio de 19% na remuneração dos servidores com
recursos próprios do tesouro do GDF.
• Abastecimento com água tratada – o índice de atendimento no
Distrito Federal passou de 93% para 100% em 4 anos.
• Esgoto – o índice de coleta passou de 76% para 97% das casas
do Distrito Federal.
• Saneamento rural – o número de comunidades com
abastecimento de água potável aumentou de 13% para 90%.
• Orçamento Participativo – 30% das obras realizadas no Distrito
Federal foram escolhidas diretamente pela comunidade.
• Reforma de todos os hospitais e postos de saúde da rede pública
de saúde do Distrito Federal.
• Parcerias Público-Privadas na área de energia – 36% do consumo
de energia do Distrito Federal hoje é resultado dessa parceria.
• Medicamentos no Distrito Federal – garantia absoluta de
medicamentos nas farmácias da rede pública.
• Redução da Mortalidade Infantil de 22 para 17,6 por mil
nascidos vivos no Distrito Federal.
• Valorização do patrimônio da UnB – aumento de 58% do
patrimônio econômico-financeiro.

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• Recuperação de asfalto com fresagem – redução de custos de
mais de 40% e economia de mais de US$ 90 milhões.
• Disque-Denúncia – ajudou a polícia a desbaratar quadrilhas,
resolver crimes e evitar que crimes fossem cometidos.

3. Programas elaborados,
mas não executados

• Lei do Fundeb.
• Federalização da Educação Básica no Brasil.
• Ensino Fundamental com 9 anos de duração.
• Troca da Dívida por Educação.
• Certificação Federal de Professores.
• Piso Salarial Nacional para professores do ensino público de R$ 700.
• Garantia de vagas nas escolas para crianças ao completarem 4 anos
de idade.
• Programa Dinheiro Direto na Escola para o Ensino Médio
– recursos enviados diretamente aos diretores de escola para
manutenção escolar.
• Programa de Alimentação Escolar para o Ensino Médio.
• Uniformes Escolares para alunos do Ensino Fundamental do
Brasil.

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10
ANEXO 2

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Quadro de metas de Cristovam

Q uando Cristovam Buarque foi ministro da Educação, em 2003,


apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um quadro com
trinta e uma metas a atingir. O presidente pôs de lado sem demonstrar
interesse algum. Nossa educação seria outra, veja:

1. 100% das crianças até 14 anos na escola até 2006;


2. 100% das crianças até 17 anos na escola até 2010;
3. Trabalho infantil abolido até 2006;
4. Prostituição infantil abolida até 2006;
5. O Brasil alfabetizado até 2006;
6. Toda criança até os 10 anos alfabetizada até 2006;
7. 96% das crianças com 4a série concluída até 2010;
8. 80% das crianças com 8a série concluída até 2010;
9. 80% dos jovens até 17 anos com ensino médio concluído até 2015;
10. O Brasil em posições de destaque no Programa Internacional de
Avaliação dos Estudantes até 2015;
11. Toda escola de ensino fundamental com horário integral até 2010;
12. Toda escola de ensino médio com horário integral até 2015;



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13. Novo ensino profissionalizante implantado em 2004;
14. Matrícula garantida a todas as crianças a partir dos 4 anos até 2006;
15. Apoio nutricional e assistência pedagógica a todas as crianças de
0 a 3 anos até 2006;
16. Todos os professores com formação adequada até 2006;
17. Programa de Valorização e Formação do Professor implantado
em 2003;
18. Salário médio do professor duplicado até 2007;
19. Piso salarial do professor definido em 2003;
20. Fundeb criado em 2004;
21. Valor do Fundef ampliado em 2003;
22. Sistema Brasileiro de Formação do Professor implantado em 2004;
23. Toda escola recuperada em suas instalações, com prédio de boa
qualidade, até 2010;
24. Toda escola com equipamento moderno e incluída digitalmente
até 2010;
25. Novo projeto para a universidade brasileira definido em 2003;
26. Autonomia das universidades federais ampliada a partir de 2003;
27. PAE (novo FIES) criado em 2003;
28. Sistema de Hospitais Universitários recuperado até 2005;
29. Universidades com vagas ociosas preenchidas e número de vagas
aumentado a partir de 2003;
30. Universidade Aberta implantada em 2003;
31. Toda desigualdade de renda, de classe, de gênero, de região, de raça
e de deficiência física no acesso à educação abolida até 2015.



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