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Às crianças
Vocês não votam,
mas é para vocês que eu quero
ser Presidente.
Cristovam Buarque
Introdução
Sob inspiração de Brizola,
apresentamos nosso projeto de Nação
Carlos Lupi 7
Cristovam
Toda uma vida de luta por um Brasil moderno
e livre da pobreza 11
Jefferson
Homem público respeitado em todo o País 15
Dedicatórias 17
Introdução
É preciso, é possível e sabemos como fazer
Cristovam Buarque 27
1. Situação do Brasil hoje: riscos e desafios 33
4. Vetores da Transformação 51
7. Como Fazer 73
Às mulheres
Aos trabalhadores
Aos idosos
Não é decente o país que não cuida das suas crianças e de seus idosos.
Na minha proposta, a Previdência não será vista como simples caixa
financeira a ser gerenciada, mas como sistema de proteção àqueles
que trouxeram o Brasil até aqui. Por isso, a Previdência irá além
das finanças, e considerará as necessidades dos idosos em termos de
aposentadoria e outros serviços, especialmente a saúde. Mas ela precisa
Aos empresários
Aos eleitores
Aos negros
Um país justo não precisa de cotas; um país injusto precisa delas para
corrigir injustiças. O Brasil hoje precisa de cotas para ampliar o número
de universitários negros. Mas este documento, mais do que admitir cotas
para negros na universidade, convoca vocês para juntos implantarmos
Aos sem-terra
Aos homossexuais
Aos nordestinos
Aos educacionistas
O Brasil tem hoje uma considerável rede de pessoas de boa vontade, que
apóiam ações de proteção à infância e de patrocínio do processo educacional.
Não fosse a ação desses grupos, a situação estaria muito pior. Porém, em um
país com 40 milhões de crianças em idade escolar, nenhum grupo de entidades
não-governamentais vai conseguir fazer a revolução na educação que essas
crianças merecem e esperam. Este programa pretende fazer de maneira ampla
o que vocês estão fazendo em escalas menores. Mesmo assim, sem vocês, ele
não poderá ser executado. Precisamos do seu envolvimento, para convencer
a população a nos apoiar, e precisaremos da sua ajuda para levar adiante estas
propostas, com o governo trabalhando em colaboração com vocês.
Aos patriotas
Aos artistas
Aos militares
O Brasil vive uma guerra civil explícita, visível nas ruas. E vocês são
os guerreiros que enfrentam diariamente as batalhas contra o crime.
Este programa defende que vocês sejam reconhecidos nacionalmente
por essa luta, mas convida-os a lutar também para que um dia a paz
esteja nas ruas. E o caminho para isso é a educação.
Setembro,
Cristovam Buarque
1. Divisão social
Mais de cem anos depois da Proclamação da República, entramos
no século 21 com o País dividido entre uma minoria rica e uma massa de
pobres. Estes constituem cerca de um terço da população: quase 60 milhões
de brasileiros. Mais de cem anos depois de abolida a escravidão, o Brasil é
2. Guerra civil
O crime organizado desafia as instituições e toma conta de crescentes
espaços nas grandes cidades, em face de um governo inoperante.
Entre as causas, estão a desagregação social, a ineficiência do sistema
de segurança e a inexistência de programas sociais para a juventude.
Sofremos o risco do caos provocado pelo crime, que domina as ruas
das grandes cidades e se expande como guerra sem ideologias. A certeza
da impunidade serve de incentivo à violência – numa sociedade em
que lideranças políticas dão o mau exemplo da ladroagem e da falta de
compromisso com a coisa pública.
3. Deseducação
Com ela, nosso futuro está comprometido. Corremos o risco de
ficar definitivamente para trás na economia internacional, que já entra
na Era do Conhecimento. Continuamos na retaguarda do avanço
técnico-científico e educacional. Nosso tempo médio de escolaridade
não passa dos 6 anos, enquanto a Coréia e outros países desenvolvidos
ultrapassam os 12, em escolas de tempo integral e com ensino de alta
4. Economia vulnerável
Enquanto o mundo cresce em média a 4% ao ano e os países
emergentes entre 6% e 9%, o Brasil tem crescido a 2%, pouco
acima do crescimento da população. E isso há mais de 20 anos. No
cenário mundial, nossa economia caiu do 8o para o 15o lugar. Nossas
exportações têm cada vez menos valor agregado, num mundo que
relega a segundo plano exportadores de commodities não-elaboradas.
Assim ficamos cada vez mais vulneráveis. Investimentos em ciência
e tecnologia são irrisórios, a universidade está abandonada e nossa
dependência cresce. A dívida pública já chega à casa do trilhão de reais
e segue aumentando, em função dos juros altos, que também sufocam
as empresas.
5. Desemprego
Com uma economia sem crescimento e sem capacidade de inovar, o
brasileiro está condenado ao desemprego crescente, que vai corroendo
a estrutura social. Nossas indústrias importam inovações que criam
desemprego; os trabalhadores vão sendo substituídos por robôs, mas não
conseguem fabricá-los.
7. Corrupção
A apropriação privada dos bens públicos tornou-se regra. Existe uma
opinião generalizada de que o exercício da política se confunde com o
roubo, e a realidade não é muito diferente.
8. Atraso institucional
Por causa dele, o País está condenado ao atraso econômico e corre mais
riscos de perder as oportunidades que o mundo apresenta. Temos um Estado
burocrático, envelhecido; um poder judiciário lento, obscuro e vacilante,
sujeito às influências dos poderosos e aos humores dos juízes. Nossa gestão
pública está ultrapassada, presa ao formalismo. Sucessivos dirigentes têm
lidado com a estrutura governamental como se fosse um grande território
para pilhagem. Os ativos do Estado foram dramaticamente reduzidos, em
função de um processo de privatização açodado e de um sucateamento que
atende às expectativas neoliberais, mas resulta em prejuízos para o povo.
Cargos públicos são distribuídos como no tempo das capitanias hereditárias.
Não há compromisso com resultados. Os servidores, desvalorizados e
desestimulados, simplesmente não recebem formação adequada. O povo
enfrenta filas madrugada afora para tentar uma consulta médica. Os idosos
passam por vexames para receber uma aposentadoria.
Ela é a base de um novo projeto nacional que nos leve ao século 21.
Cristovam Buarque
Cristovam Buarque
Cristovam Buarque
Cristovam Buarque
Os coreanos multiplicaram
por 18 sua renda per capita, enquanto
nós a multiplicamos por 4,5.
Cristovam Buarque
1. Segurança Pública
Precisamos de mais coordenação, mais qualidade nos serviços de
inteligência e mais adaptação das instituições às condições particulares
e diferenciadas do País. Sem instrumentos eficazes e coordenados, o
Estado não terá condições de oferecer segurança. Sem articulação entre
ações de repressão e de prevenção, sempre com prioridade para esta,
não teremos resultados eficazes. O governo federal não pode mais se
eximir de suas responsabilidades, nem pode persistir a situação caótica
nas suas relações com os Estados da Federação. A cultura da paz só
será construída se tivermos instituições competentes, com pessoas bem
treinadas.
3. Justiça
A garantia do cumprimento dos contratos, a coerência e permanência
das decisões jurídicas e o acesso rápido à justiça demandam, igualmente,
uma coordenação entre os atores políticos e sociais, para acelerar e
garantir uma reforma no setor. Essa é uma condição imprescindível
para melhorar as condições de investimento e a prestação de serviços
da justiça.
4. Administração pública
O Estado brasileiro necessita, urgentemente, de uma reforma na
gestão para melhorar a qualidade de seus gastos, reduzir desperdícios,
tornar mais eficientes as ações e restringir drasticamente o campo da
corrupção. Não se combate a corrupção que corrói nossas instituições
com promessas ou discursos, mas com medidas. Deve-se fortalecer as
instituições. Para isso, será necessário introduzir a gestão por resultados,
definindo metas e responsabilidades; reduzir os ministérios e órgãos
públicos, incluindo os cargos comissionados de livre nomeação, estes
pela metade; garantir a ocupação de 80% deles, obrigatoriamente, pelos
servidores públicos, e melhorar sua qualificação, com o fortalecimento
e a ampliação das escolas de gestão pública.
5. Finanças
É necessário consolidar as instituições financeiras e monetárias, pois
a estabilidade da moeda é essencial para o desenvolvimento econômico.
A inflação prejudica o País, principalmente os pobres, e as oscilações
na intervenção pública, do tipo “pacotes”, desarticulam mais do que
reorganizam.
Para isso, as Forças Armadas devem ter seu papel redefinido e sua
capacidade de ação ampliada por meio de equipamentos modernos.
As Forças Armadas precisam ser fortalecidas como necessidade
Cristovam Buarque
Como fazer
para promover uma revolução
na educação de base
Como fazer
para ampliar o acesso
e melhorar o ensino superior
Como fazer
para desenvolver a ciência,
a tecnologia e a inovação
Como fazer
para disseminar a cultura
no seio do povo
Como fazer
para construir uma nação de letrados
Como fazer
para melhorar a gestão
do setor público
1. Reduzir o número de Ministérios, aglutinando aqueles que têm
afinidades.
2. Fazer que o Ministério da Educação se ocupe da educação
de base para crianças, adolescentes e adultos, desde o ensino
infantil até o ensino médio e técnico; e unir o Ensino Superior
ao Ministério de Ciência e Tecnologia.
3. Criar a Agência Nacional de Proteção da Criança
4. O Ministério da Segurança Pública responderá pela coordenação
das diversas polícias, capacitação dos policiais, compatibilização
das políticas salariais e integração dos serviços de inteligência.
5. Adotar a sistemática de trabalho com metas, privilegiando a
eficácia e os resultados, com todos os órgãos definindo suas
metas e respectivos responsáveis.
6. Criar duas Secretarias Estratégicas para coordenar, mobilizar
e acompanhar os ministérios: a Secretaria para Erradicação
da Pobreza, da Apartação Social e Redução das Desigualdades
Sociais e Regionais, a fim de coordenar medidas de inclusão
social, redução das desigualdades regionais e sociais e erradicação
da pobreza; e a Secretaria da Eficiência Econômica, Inovação,
Desenvolvimento e Gestão, para coordenar ações que nos farão
dar o salto para a modernidade econômica e institucional.
Como fazer
para combater a corrupção
e construir um país ético
Como fazer
para apoiar o desenvolvimento do Terceiro Setor
1. Instituir a representação e a participação de entidades do Terceiro
Setor, em conformidade com sua área de atuação e finalidades,
nos conselhos e organismos de consulta e deliberação do
governo, incluindo a criação de conselhos assessores no Banco
do Brasil, Banco Central, Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, Caixa Econômica Federal, estatais e
empresas de economia mista.
2. Criar um Fundo Público para financiar as atividades das
organizações não-governamentais de luta pelos direitos, pela
cidadania e pela democracia, sob controle de um Conselho
Nacional formado por representantes dos Três Poderes e de
personalidades da vida pública, academia e movimentos sociais.
Como fazer
para cuidar da população pobre
e abolir a apartação
Como fazer
para melhorar a saúde pública
•
1.
saneamento
Universalizar o abastecimento de água potável e os serviços de
saneamento básico.
2. Implementar sistemas de tratamento e de destino final de
esgotos sanitários.
3. Ampliar os cuidados preventivos nas instituições de saneamento,
que lidam com água, saúde e nutrição, incluindo a distribuição
gratuita de filtros domésticos, integrando-as e sensibilizando
para uma postura de prevenção cujo custo é de 4 a 5 vezes menor
que os de atendimento após a contaminação e ocorrência de
doenças infecto-parasitárias.
4. Institucionalizar a Política Nacional de Saneamento Básico e
fazer gestões para a aprovação do marco regulador do setor (PL
5.296 que tramita na Câmara dos Deputados).
5. Concluir obras inacabadas e melhorar a capacidade de gestão,
operação e manutenção dos setores de saúde e saneamento
dos municípios.
6. Usar o Programa de Emprego Social para criar sistemas de
coleta de lixo em todas as cidades brasileiras.
Como fazer
para garantir a moradia
Como fazer
para proteger os idosos e demais usuários
da Previdência com uma administração eficiente
Como fazer
para garantir um salário mínimo justo
1. Determinar que o salário mínimo monetário seja sempre
reajustado em taxa superior à taxa de crescimento da renda
real nacional per capita, assegurando o mínimo necessário ao
trabalhador e caminhando para a distribuição mais justa da
renda, sem comprometer a estabilidade monetária, e evitando
que seu poder de compra seja corroído pela inflação.
2. Complementar o salário mínimo monetário com os serviços
púbicos de qualidade colocados à disposição dos trabalhadores
e de toda a sociedade brasileira, especialmente nas áreas de
educação, saúde, moradia, segurança.
3. Garantir emprego e renda para os mais pobres, empregando-os
para produzir bens e serviços de interesse comunitário, com um
programa de Emprego Social.
4. Assegurar que os aposentados recebam pelo menos o valor
monetário do salário mínimo pago aos trabalhadores
empregados.
5. Assegurar a universalização da educação básica de qualidade,
cujo impacto na produtividade do trabalhador de baixa renda
assegurará a igualdade de oportunidades a todos os brasileiros
Como fazer
para garantir o respeito
e o cumprimento dos direitos humanos
Como fazer
para promover a inclusão digital
1. Criar em todas as escolas do País um centro de informática,
acessível aos alunos e, nos finais de semana, às comunidades.
2. Desenvolver esforços, com os cientistas brasileiros e indústrias
de informática de todo o mundo, para disseminar rapidamente
o computador popular, ao menor custo.
3. Trabalhar para remover todos os obstáculos legais e
políticos para o uso dos recursos do Fust (Fundo Setorial da
Telecomunicação).
4. Criar linhas especiais de crédito para que pequenos
empreendedores possam ampliar seus recursos de tecnologia
de informação e para que os professores e servidores públicos
em geral possam ter acesso ao computador e à internet.
5. Sensibilizar governos e atores sociais para a importância da
inclusão digital, apoiando as iniciativas da sociedade civil e
das empresas neste campo, com o máximo de visibilidade.
6. Garantir o ensino de informática e o uso dos recursos de
teleinformática em todas as escolas do Brasil, graças à revolução
na educação.
Como fazer
para enfrentar a questão das drogas
e construir um país sem dependência química
Como fazer
para distribuir as riquezas
e reduzir as desigualdades sociais
Como fazer
para retomar o crescimento econômico
Como fazer
para obter o equilíbrio cambial,
gerir a política monetária e reduzir juros
Como fazer
para reformar o sistema tributário
Como fazer
para promover o desenvolvimento regional
Como fazer
para favorecer o desenvolvimento industrial
com competitividade
Como fazer
para desenvolver o turismo
Como fazer
para apoiar o agronegócio
Como fazer
para consolidar o crescimento
das micro e pequenas empresas
Como fazer
para recuperar e ampliar
a infra-estrutura de transporte
Como fazer
para ampliar e assegurar a energia necessária
ao desenvolvimento econômico e social
Como fazer
para estimular o desenvolvimento dos serviços
1. Usar a produção cultural para estimular a geração de emprego
e renda, com os programas Arte na Escola, Arte na Rua e
Temporadas Populares.
2. Conceder incentivos fiscais para o setor de serviços na área da
medicina, como forma de implantar centros de excelência,
capazes de atrair clientes do exterior.
3. Apoiar com qualificação profissional a ampliação dos serviços de
manutenção já existentes, tais como na área de motores de aviação.
4. Estimular a criação de escolas técnicas e de cursos de qualificação
oferecidos pelo Sebrae e Senac como forma de modernizar os
serviços.
Como fazer
para proteger o meio ambiente e usar
os recursos naturais de forma sustentável
Como fazer
para reordenar as cidades
Como fazer
para cuidar da defesa nacional
e das Forças Armadas
Como fazer
para adotar uma posição independente,
em favor da paz e da autonomia dos povos
1. Posicionar-se em defesa da paz e da autonomia dos povos e das nações.
2. Fomentar as alianças estratégicas e as parcerias diversificadas
como fator de autonomia nacional.
Como fazer
para manter e explorar
racionalmente nossa Amazônia
1. Lançar o projeto Nacionalização da Amazônia, em contraposição
à doutrina de território da humanidade, e assumir perante
o mundo a responsabilidade de cuidar da Amazônia como
patrimônio da humanidade, da mesma forma que devem ser
cuidados como “patrimônio da humanidade” outros bens
comuns da espécie humana, tanto naturais quanto culturais,
pertencentes a outros países.
2. Fortalecer a governabilidade regional, com a implantação de
ações regulatórias, a formação de quadros e o fortalecimento
institucional.
3. Disciplinar o adensamento populacional das fronteiras já
ocupadas e desencorajar novas frentes de ocupação.
4. Adotar um programa de aproveitamento da biodiversidade, à
semelhança do programa da Petrobras de desenvolvimento de
exploração do petróleo em águas profundas.
Cristovam Buarque
1 Devido a FPE/FPM (71,2 bi) Fundos Regionais (1,7 bi), cota parte do
Salário-Educação (4,0 bi), CIDE -Combustíveis (1,8 bi), Compensações Financeiras
(11,9 bi), e outras.
3. Programas elaborados,
mas não executados
• Lei do Fundeb.
• Federalização da Educação Básica no Brasil.
• Ensino Fundamental com 9 anos de duração.
• Troca da Dívida por Educação.
• Certificação Federal de Professores.
• Piso Salarial Nacional para professores do ensino público de R$ 700.
• Garantia de vagas nas escolas para crianças ao completarem 4 anos
de idade.
• Programa Dinheiro Direto na Escola para o Ensino Médio
– recursos enviados diretamente aos diretores de escola para
manutenção escolar.
• Programa de Alimentação Escolar para o Ensino Médio.
• Uniformes Escolares para alunos do Ensino Fundamental do
Brasil.