Dirigível Hindenburg

máquina
do tempo
variedades@oparana.com.br
A companhia de força e luz
abastecia os bondes elétricos.
Nessa histórica cena, o voo do
dirigível Hindenburg sobre
Curitiba, em 1936
C8 - O Paraná Domingo, 12/7/2009

MÁQUINA DO TEMPO

Quando Saraiva virou o jogo

Há 35 anos, Geraldo Marques Saraiva ganhava na Justiça direitos sobre a praça Wilson Joffre
Cascavel - Na primeira
metade da década de 70, pa-
recia impossível que mesmo
sendo secretário municipal e
dono de grande influência no
Município de Cascavel, por
toda sua história como ser-
vidor público e integrando
uma família com relevantes
serviços prestados à região
– inclusive na construção do
primeiro aeroporto local –,
Geraldo Marques Saraiva
passasse a ser considerado
dono da praça Wilson Joffre.
Vencer o Município de Cas-
cavel na Justiça, à qual recor-
reu para se assegurar a pos-
se da quadra em que hoje
está construída a praça, no
centro da cidade, parecia
missão impossível. Essa vitó-
ria improvável se tornou pos-
sível quando, em setembro de
1968, um incêndio crimino-
so destruiu as instalações do
Fórum Desembargador José
Saraiva alegava
possuir um título
foreiro, que teria
comprado de
Argemiro Beira
Magalhães, em
Foz do Iguaçu
Munhoz de Mello, na traves-
sa Willy Barth (hoje, Jarlin-
do João Grando).
As chamas destruíram a
sentença do juiz Alceu Mar-
tins Ricci, de 1966, que dava
ganho de causa ao Município
de Cascavel em ação impetra-
da por Saraiva em 1961 con-
tra o Município de Cascavel.
Saraiva alegava possuir
um título foreiro, que teria
comprado de Argemiro Bei-
ra Magalhães, em Foz do
Iguaçu. O juiz Alceu Martins
Ricci declarou nulo o título
de Saraiva, que depois do
incêndio do Fórum, em
1971, voltou a requerer na
Justiça seu reconhecimento
como proprietário da área.
Se com a vitória do Mu-
nicípio em 1966 Saraiva
não desistiu e voltou à car-
ga, o Município também
não aceitou que uma área
já desapropriada e indeni-
zada fosse novamente paga
com recursos públicos mu-
nicipais. E dessa forma a
questão até hoje se encon-
tra envolta em suspeitas e
alvo das mais diversas in-
terpretações. Uma delas
alega que o título inicial ja-
mais existiu. Ou, se existiu
por concessão da Prefeitu-
ra de Foz do Iguaçu, não po-
deria dispor sobre áreas do
Estado, como era o caso do
Patrimônio de Aparecida
dos Portos, hoje Cascavel. Geraldo Marques Saraiva, então secretário municipal

O ‘acerto amigável’ Calendário

O prefeito Pedro Muffato encaminhou à Câmara,
no final de 1975, projeto propondo “acerto ami-
gável” para o Caso da Praça Wilson Joffre, evitan-
do mencionar o nome de seu secretário:
Art.1º) – Fica o Executivo Municipal autorizado a fazer
acerto amigável, para fins de indenização com o pro-
prietário dos lotes de nºs 01a 16 (um a dezesseis) da
quadra nº 391 (trezentos e noventa e um), onde hoje
está localizada a Praça Wilson Joffre de Cascavel.
Parágrafo Único – O acerto amigável prende-se
ao fato do proprietário ter ganho a questão na
Justiça em todas as instâncias.
Na internet: http://dihitt.com.br/Cascavel
E-mail: naroda@ig.com.br
12 de julho de 1982
Núcleo Regional dos Sindicatos
Patronais Rurais declara inviável
a cultura do trigo na região Oeste
e recomenda a diversificação agrí-
cola.
13 de julho de 1974
Guerrilheiros da Vanguarda Popu-
lar Revolucionária (VPR) são atra-
ídos para armadilha militar e as-
sassinados no Parque Nacional
do Iguaçu na Operação Juriti.
15 de julho de 1889
Expedição pioneira do tenente
José Joaquim Firmino alcança as
barrancas do Rio Paraná depois
de 7 meses e 20 dias de marcha.
16 de julho de 1990
Emancipa-se o Município de São Pe-
dro do Iguaçu, através da lei esta-
dual 9.336.
17 de julho de 1986
4ª Vara da Justiça Federal indefe-
re pedido do PTB de Foz do Igua-
çu propondo a proibição do asfal-
tamento da Estrada do Colono.
18 de julho de 1928
Constituída a Companhia Força e Luz
do Paraná, hoje Copel.
18 de julho de 1990
Lei estadual 9.299 cria Municí-
pio de Pato Bragado, emancipa-
do de Marechal Cândido Rondon.

Histórias do Paraná (60)

A praça Wilson Joffre em 1972, em sua formulação original
Indenização constou em lei
De posse da sentença do juiz Alceu Martins
Ricci, o prefeito Odilon Reinhardt sancionou, em
1966, a lei n° 438/66, aprovada pela Câmara por
iniciativa do vereador Paulo Marques.
A lei autorizava a desapropriação dos terrenos
da quadra 391 e reservou reservou dez milhões
de cruzeiros, a moeda da época, para fazer frente
às indenizações aos proprietários legais. O enten-
dimento de todos os prefeitos desde então, com
exceção de Pedro Muffato, de cuja equipe Saraiva
fazia parte, é de que o Município não pode indeni-
zar duas vezes a mesma área desapropriada.
Muf fato tentou pagar a Saraiva pela praça,
mas seu sucessor, Jacy Miguel Scanagatta,
anulou o ato. Os prefeitos seguintes – os ad-
vogados Fidelcino Tolentino e Salazar Barrei-
ros – mantiveram a posição de Scanagatta,
assim como Edgar Bueno. Lísias Tomé ensaiou
pagamento, mas no geral se manteve alinha-
do com a posição de seus antecessores.
Assim, até hoje o imbróglio continua e a pen-
denga não parece ter data para chegar ao final.
Cada território federal proposto seria “governado por um oficial do
Exército ou da Marinha, que terá atribuições para regularizar a utilização
das terras devolutas e promover o povoamento e localização dos colo-
nos, de modo a atender aos interesses nacionais”, segundo consta do
Relatório do Departamento de Terras e Colonização de 1938 a 1939,
apresentado ao governo do Estado do Paraná por Antônio Baptista Ribas.
A eclosão da II Guerra Mundial, em 1939, voltou a influenciar
negativamente o processo de colonização do Oeste, mas o gover-
no não deixou de estimular as companhias colonizadoras a levar
adiante projetos de ocupação do interior do Estado. Para desenvol-
ver áreas com elevada qualidade produtiva, era preciso selecionar
os colonos. E isto só poderia ser feito pelas colonizadoras, capa-
zes de direcionar a propaganda das terras para famílias de colonos
com razoável poder aquisitivo e experiência no trato da terra.
A Colonizadora Gaúcha, que daria origem a São Miguel do Iguaçu, foi
criada em 1940 pela Colonizadora Pinho & Terras para evitar a predação
da madeira da região por derrubadores argentinos desautorizados. Era
comandada por Arlindo Mosé Cavalca, Luiz Dalcanale, Alfredo Paschoal
Ruaro e Benvenuto Verona, o diretor-gerente. A primeira família a se esta-
belecer na atual São Miguel do Iguaçu foi a do colono Vitório de Toni.
Os decretos 1968 e 2610, de 1940, determinando a realização
de levantamento topográficos na região, sinalizavam claramente para
a breve criação de um território federal. Foram organizadas turmas
para determinar o número de propriedades particulares na faixa de
fronteira e os dados obtidos apontaram a existência de aproximada-
mente 3.600 famílias no trecho pesquisado, embora apenas um
terço da área abrangida fosse objeto de titulação oficial.
(A seguir: A colonização se espalha)