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Casou-se com dona Brasilia Eugenia da Silva Almeida, com quem teve 19
filhos, sendo dez vivos por ocasião de seu falecimento, cinco homens e cinco mulheres:
Matilde, Adelaide, Cristina, Adelina, Serbelina, Paulo, Artur, Mário, Francisco e Raul.
Na escalada social, conseguiu conquistar e ascender diversas posições nos meios sociais
agrícolas, financeiros e comerciais em: Mar de Espanha e Juiz de Fora em Minas
Gerais; Valença, Conservatória, Paraíba do Sul, Três Rios, Vassouras, Petrópolis, no
estado do Rio, e na Corte.
Iniciou sua vida em sua terra natal como ourives, especializado na confecção de
botões de colarinho e como exímio violinista, suplementava seus ganhos tocando em
enterros, ganhando dois vinténs e uma vela de sebo. Dedicou-se ao negócio de tropas,
viajando de Minas pela estrada geral que passava por Valença – RJ. Em 1860, comprou
sua primeira fazenda no Arraial de São Sebastião do Rio Bonito, então 3º distrito da
freguesia de Nossa Senhora da Glória de Valença, depois a fazenda de Santo Antônio
do Rio Bonito e Conservatória, e fazenda Veneza, no mesmo município de Valença –
Rio de Janeiro. Posteriormente, a de Santa Fé em Mar de Espanha – Minas Gerais, Três
Barras na atual cidade de Três Rios – Rio de Janeiro, Fazenda Boa Vista na cidade de
Paraíba do Sul – Rio de Janeiro, Santa Clara [sic] e Piracema ambas na cidade de Rio
Preto – Minas Gerais. Na República, adquiriu a fazenda Pocinho, da família Faro, em 14
de janeiro de 1897, por 180:000$000, entre os municípios de Vassouras e Barra do Piraí
– Rio de Janeiro. A fazenda de Três Barras, quando do falecimento da Baronesa de
Guaraciaba, por febre amarela, foi vendida ao Dr. José Cardoso de Moura Brasil, em 19
de abril de 1890. Na Corte, possuía uma confortável casa na Tijuca [Rua Moura Brito],
e em Petrópolis, onde costumava veranear, um belo palacete [Palácio Amarelo] no
centro da cidade, cujo prédio serve atualmente de sede do Legislativo Municipal.
Participou da construção da Estrada de Ferro de Santa Isabel do Rio Preto, cujos
trilhos atravessavam as terras de sua propriedade na fazenda Veneza. No dia 21 de
novembro de 1883, assistiu à inauguração na presença de D. Pedro II; em sua
homenagem, quando faleceu, foi dado o nome de Paulo de Almeida à estação
ferroviária situada na sua antiga fazenda Veneza. Participou, como sócio fundador, do
Banco Territorial e Mercantil de Minas Gerais [1887] e do Banco de Crédito Real de
Minas Gerais [1889].
Após o falecimento de José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, a viúva, Maria Emília
Bernardes Mayrink, vendeu o solar em 13 de fevereiro de 1891 para Francisco Paulo de
Almeida, que mesmo após o advento da República, continuava a ser tratado como Barão de
Guaraciaba, conforme se constata na informação anterior do Jornal de Juiz de Fora: Gazeta
Comercial, publicado no ano de 1955. O legislativo fez uma proposta de compra a Francisco
Paulo de Almeida que a negou prontamente. Essa recusa sugere, inclusive nesse embate de
forças, não só poder para se colocar contra a proposta, como resistência ao poder instituído.
Em 17 de junho de 1891, quatro meses após a aquisição do Palácio pelo Barão, a
municipalidade ─ que no período em que Mayrink era proprietário, nunca havia manifestado
sua intenção de adquirir o imóvel ─ autorizou o Dr. Antônio Neves da Rocha e o arquiteto
Achem Naval a constituírem e explorarem no terreno onde hoje se localiza a Praça Visconde
Mauá, um mercado público para abastecimento da cidade. O projeto do mercado fracassou,
porém a Câmara não se deu por vencida e, a 15 de novembro do mesmo ano negociava com
M. de Teelier a instalação de um “kursal” no mesmo local. A palavra correta é “Kursaal” que
corresponde a um edifício para congressos e exposições [contemporânea], no século XIX,
provavelmente lugar para apresentações. O que se deduz é que o Legislativo tinha a intenção
de pôr a prova não só a paciência do Barão de Guaraciaba, como também testar sua força
nesse embate. Porém esse projeto, também, não vingou. Fracassadas suas estratégias para
obtenção do imóvel, a Câmara resolveu abalar de vez as convicções do Barão e, através do
vereador José Tavares Guerra, apresentou um projeto de Lei que autorizava empréstimos para
a construção, no terreno em frente ao Palácio, do novo Paço Municipal. O projeto é
imediatamente aprovado sendo sancionado pela Resolução número 25 de 10 de abril de 1894
e, já no dia 14 de abril do mesmo ano, a Gazeta de Petrópolis publicava edital abrindo
concorrência para a construção do edifício. As propostas seriam recebidas no dia 17 de maio,
às 13 horas, estando às plantas, condições da obra e bases de orçamento à disposição na
Câmara. Nessa relação de força e de poder, a iniciativa da Câmara, de fato, consegue abalar e
esmorecer o posicionamento do Barão de Guaraciaba, a ponto de ele mesmo propor, no dia 11
de junho de 1894, a venda de seu Palácio. O que ocorre é que a construção de um prédio no
terreno em frente ao Palácio, tiraria todo o glamour e esplendor que o mesmo representava,
deixando de ter sentido a sua posse.