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B E L O H O R I Z O N T E , S E G U N D A - F E I R A , 3 1 D E O U T U B R O D E 2 0 2 2

● MG: R$ 2,50 ● NÚMERO 29.210 ● FECHAMENTO DA EDIÇÃO: 2H

LULA DERROTA BOLSONARO E SERÁ PRESIDENTE DO BRASIL PELA 3ª VEZ

’’É PRECISO
RECONSTRUIR A
ALMA DESTE PAÍS’’
PETISTA IMPÕE REVÉS INÉDITO A UM CANDIDATO À REELEIÇÃO E É O PRIMEIRO ESCOLHIDO PELO VOTO PARA
TRÊS MANDATOS PRESIDENCIAIS. PRIORIDADES DA GESTÃO SERÃO COMBATE À FOME E PACIFICAÇÃO DO PAÍS
NELSON ALMEIDA/AFP

Eleito na disputa mais acirrada da história do país pós-

redemocratização, com uma diferença que não chegou a dois
pontos percentuais entre os votos válidos, Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) reassume o Palácio do Planalto em 2023 como
primeiro político brasileiro escolhido três vezes pelo voto
para a Presidência. No primeiro discurso desde que foi
proclamado o resultado, o petista elegeu o combate à fome
como prioridade máxima de sua gestão, pregou a pacificação
do país e prometeu diálogo com todos os partidos e setores
sociais. “Não existem dois ‘Brasis’. Somos um único país, um
único povo, uma grande nação”, discursou o presidente
eleito, afirmando ainda que “o verde e amarelo da bandeira
não pertencem a ninguém, a não ser ao povo” e dizendo ser
necessário reconstruir a alma da nação. Primeiro a derrotar
um presidente no exercício do cargo, Lula se queixou ainda
de ter enfrentado a “máquina do Estado”, e prometeu: “Vou
governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para
os que votaram em mim”. Ontem, antes mesmo do fim da
apuração, chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário se
pronunciaram reconhecendo o resultado das urnas e a lisura
da votação, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) não havia
ainda se manifestado.

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COMO VOTOU O BRASIL fH ˆH

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COMO VOTOU MINAS

O PLACAR NO ESTADO E NAS CINCO MAIORES CIDADES

MINAS GERAIS
LULA: 50,2%
BOLSONARO: 49,8%

1) BELO HORIZONTE ● BOLSONARO: 54,25% – LULA: 45,75%

2) UBERLÂNDIA ● BOLSONARO: 53,12% – LULA: 46,88%
3) CONTAGEM ● BOLSONARO: 55,49% – LULA: 44,51%
4) JUIZ DE FORA ● LULA: 56,09% – BOLSONARO: 43,91%
5) BETIM ● BOLSONARO: 52,43% – LULA: 47,57% ‘‘NOSSO COMPROMISSO
MAIS URGENTE É ACABAR
A VITÓRIA EM MINAS OUTRA VEZ COM A FOME’’
Mais uma vez, Minas repetiu o resultado da votação nacional, com
discreta variação. Entre eleitores mineiros, Lula teve teve 50,2% dos votos, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE ELEITO
contra 49,8% de Bolsonaro. Apesar da vitória do candidato à reeleição
em algumas das maiores cidades (veja quadro), o apoio do governador
Romeu Zema (Novo) não foi suficiente para inverter a vantagem do
petista no estado, que no segundo turno foi de menos de 50 mil votos.

PÁGINAS 2 A 14

ISSN 1809-9874
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E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 3 1 D E O U T U B R O D E 2 0 2 2

POLÍTICA

Morte de eleitor em BH enquanto comemorava a vitória petista manchou o

segundo turno, que seguia em clima de normalidade. Operações controversas da
Polícia Rodoviária Federal (PRF) movimentaram redes sociais
ARQUIVO PESSOAL

Cobrança ilegal no metrô

O metrô em Belo Horizonte começou o
dia de eleições descumprindo decisão
judicial que determinava gratuidade
nas catracas. A Justiça Federal ordenou
que a tarifa fosse de graça, das 7h às
18h, para os cidadãos que
apresentassem o título de eleitor. A
Companhia de Trens Urbanos de Minas
Gerais (CBTU-MG) começou o domingo
cobrando a passagem. A situação foi
normalizada após cinco horas de
cobrança ilegal. A CBTU-MG
informou que aguardava notificação
oficial da Justiça.

Exemplo de cidadania
Deixar de votar? De maneira alguma. Dóris
Sá Fortes vota há tantas décadas que já
perdeu a conta. “Acho que um voto pode
fazer a diferença”, comenta ela, que, aos 96
anos, foi ao Colégio Regina Pacis, no Bairro
Gutierrez, na Região Centro-Sul de BH, para
fazer valer seu direito de cidadã – em
cadeira de rodas, acompanhada de um casal REPRODUÇÃO/TWITTER
de filhos e do genro. O voto é secreto, e ela
prefere mantê-lo desta maneira. “(As
Votação na Morte durante
eleições deste ano) estão muito diferentes. gringa celebração
Sabe de uma coisa? Não acho os dois Lula (PT) alcançou Uma comemoração pela vitória de
candidatos bons, mas um é um pouco Cortaram a êxito na maioria dos Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
melhor do que o outro”, afirmou ela. “Ouço internet do colégios eleitorais terminou na morte de uma pessoa
sempre as notícias e os debates.”
Nikolas?” no exterior. Até por no Bairro Nova Cintra, Região
volta das 20h de Oeste de Belo Horizonte. Amigos
■ André Janones, ontem, o petista estavam celebrando ontem à noite
deputado federal somava 51,11% dos em um bar, quando foram
Nada de foto pelo Avante. O
parlamentar postou votos válidos, contra atingidos por tiros. Além da morte,
A Polícia Militar foi acionada ontem após a frase no Twitter, em 48,89% de Jair outras duas pessoas ficaram
uma mulher de 74 anos tirar foto da urna ironia ao também Bolsonaro (PL). A feridas. De acordo com a Polícia
deputado federal votação foi realizada Militar, há indícios de que a
eletrônica durante a votação, o que é Nikolas Ferreira (PL),
proibido conforme determinação do em 181 cidades motivação do crime seja
que não se
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O caso manifestou nas redes estrangeiras. O divergência política.
foi registrado no Bairro Calafate, na sociais após a petista levou a
confirmação da melhor em Lisboa,
Região Oeste de Belo Horizonte. O vitória de Luiz Inácio Madri, Paris,
mesário solicitou que a mulher
entregasse o celular com a imagem, o que
Lula da Silva (PT)
Londres e Milão. Deixem o
foi negado. Em seguida, ele reteve a
Bolsonaro ficou em
primeiro em Miami,
Nordeste votar
identidade da idosa e acabou empurrado
Los Angeles, Nova O início da votação foi tumultuado em
por ela. Com a chegada de policiais, a
York e Tóquio. alguns estados do Nordeste. Operações
mulher apresentou o celular aos militares
e mostrou que a imagem havia sido de fiscalização do transporte público
excluída. O mesário agredido não feitas pela Polícia Rodoviária Federal
INSTAGRAM/REPRODUÇÃO
(PRF) foram consideradas ilegais, já que
registrou ocorrência.
Mesário preso no sábado (29/10) o Tribunal Superior
Um homem de 31 anos que Eleitoral (TSE) proibiu qualquer ação
Lá vem a noiva... atuava como mesário foi militar que pudesse influenciar o
transporte público de eleitores. Até as
preso após fazer propaganda
Uma empresária roubou a cena ao votar 12h35, a PRF realizou 514 ações de
boca de urna dentro da seção
vestida de noiva e com buquê em Jataí, fiscalização contra ônibus, segundo a
eleitoral. O caso foi
Goiás. Com medo de perder o horário da Folha de S.Paulo. A frase “Deixem o
registrado na Escola Estadual
votação, Alzenice Rocha saiu da festa do Nordeste votar” ficou entre os assuntos
Francisco Escobar, em Poços
próprio casamento e foi votar. Chegou em mais comentados no Twitter. O diretor-
de Caldas, no Sul de Minas
sua zona eleitoral acompanhada do geral da PRF, Silvinei Vasques, teve que
Gerais. De acordo com a
cerimonialista e das damas de honra. A ser intimado pelo TSE para prestar
Polícia Militar, o homem
festa começou às 18h30 do sábado esclarecimentos. Em coletiva de
estava vestido com a camisa
(29/10). “Se eu dormisse, não ia votar”, imprensa, o presidente do TSE,
da Seleção Brasileira e fazia
disse. “Estou só emoção de poder votar. Eu Alexandre de Moraes, afirmou que as
comentários favoráveis a um
acredito muito no poder de exercer a ações policiais não impediram que o
dos candidatos à Presidência
democracia”, festejou. O marido dela, no eleitor chegasse às sessões eleitorais.
da República. Após ser
entanto, não teve a mesma disposição e “Não houve prejuízo aos eleitores.
flagrado descumprindo a lei,
foi para casa descansar. Nenhum ônibus voltou à origem.”
o mesário foi detido.

O POVO FALA
POR QUE VOCÊ ESCOLHEU VOTAR EM LULA (PT) E QUAIS AS SUAS EXPECTATIVAS QUANTO AO GOVERNO DO PETISTA?
DÉBORA ANTÔNIO CARLOS FERNANDA ARTHUR STELA GUSTAVO VILAS ANTÔNIO REBECA
REBOUÇAS, DE OLIVEIRA NOBRE AMARAL SOUTO MARIS, BOAS, JOSÉ RIVKA
27 ANOS, AUXILIAR 64 ANOS, 43 ANOS, 32 ANOS, ENG. 70 ANOS, 42 ANOS, ESTUDANTE 52 ANOS, 19 ANOS, ESTUDANTE
ADMINISTRATIVO ADVOGADO BIÓLOGA ELETRICISTA ASSISTENTE SOCIAL DE MEDICINA MÚSICO DE MATEMÁTICA

“É impossível deixar de “Não vejo o candidato “Eu acredito que ele “Meu voto é para "Ele deu oportunidades "Escolhi o Lula porque ele é “Lula foi quem mais “Voto no Lula porque,
votar nele e não votaria oposto dele com defende a democracia, a acabar com esse assalto para a população de contra tudo aquilo que apoiou a cultura. além de ser estudante
no outro nem se ele fosse nenhuma relevância, ciência, o meio ambiente. das instituições que o baixa renda. O PT Bolsonaro representa. Quero Governar é uma coisa de uma universidade
do PT. A gente viu o Brasil porque nesse período em Ele foi um presidente que governo atual está sempre visou aos direitos que o desmatamento na muito complexa, federal, sou de origem
voltar para o mapa da que ele esteve no governo valorizou muito a fazendo. Eu tenho mais dos trabalhadores e Amazônia diminua, acabar também depende da pobre e a primeira da
fome de novo, então não fez nada em prol do educação, e se hoje eu afinidade pela centro- todos aqueles que com a fome, que não haja conjuntura global e família a conquistar
espero que o Brasil cresça povo, principalmente das tenho até pós-doutorado, esquerda, mas neste tínhamos foram podados mais indígenas e uma coisa está ligada uma vaga na UFMG
na questão econômica, minorias. Espero que Lula com bolsas, foi graças à momento, de fato, é no último governo. quilombolas mortos. Parar à outra, mas estou graças às políticas
além da inclusão social, cumpra as promessas de abertura que o governo tirar o Bolsonaro e Muito nos foi negado e toda a destruição do confiante e otimista públicas desenvolvidas
menos desemprego e campanha na área da do PT deu para pessoas acabar com o tirado, quase ficamos Bolsonaro já é um bom pelo PT, que deram
quanto aos próximos
fome” educação, saúde, de classes mais baixas” desmando do país” sem chão, mas agora ele começo. Será o fim de uma mais chances aos
anos”
moradia e tudo mais” está voltando” tragédia” pobres"
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Após vencer a corrida presidencial com vantagem de 2,1 milhões de votos sobre Bolsonaro,
petista prega a pacificação do país e cita combate à fome como “compromisso número um”
LULA ELEITO PELA 3ª VEZ:
“NÃO EXISTEM DOIS BRASIS”
Depois do discurso da vitória, em que o presidente eleito falou ainda em “reunir famílias”, “refazer laços de amizade” e “baixar armas”, Lula e Alckmin levantaram a bandeira brasileira
GUILHERME PEIXOTO
L
uiz Inácio Lula da Silva, do Partido
dosTrabalhadores(PT),vaivoltarà
Presidência da República após 12
anos do fim do último mandato.
Ontem, ele venceu o candidato à
reeleição Jair Bolsonaro (PL) no segundo
turno da eleição nacional e, agora, se pre-
paraparaassumirogovernofederalem1º
de janeiro. Lula é o primeiro político brasi-
leiroaserescolhidotrêsvezespelapopula-
ção para ocupar o posto de presidente. Foi
a disputa mais acirrada desde a redemo-
cratização do país, na década de 1980. Ao
fimdasapuraçõespelaJustiçaEleitoral,Lu-
la ficou com 50,9% dos votos válidos, ante
49,1% de Bolsonaro. A diferença entre eles
foi de 2,1 milhões de votos. Minutos após
teravitóriaoficializada,Lulasubiuemum
palanque em São Paulo (SP) e, ao lado de
aliados, listou o combate à fome como
“compromisso número um” de seu futu-
ro governo. Ao longo dos 25 minutos de
discurso, o presidente eleito pregou a pa-
cificaçãodopaíseprometeudialogarcom
“todos os partidos” e setores sociais que
quiserem ajudá-lo a administrar a máqui-
na pública.
A vitória de Lula põe fim a uma estatís-
tica que acompanhava a vida política do
paísdesde1998,quandoareeleiçãopassou
a ser permitida. De lá pra cá, Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), Dilma Rousseff
(PT)eopróprioLulaconseguiramrenovar
os mandatos. Bolsonaro é o único que não
obteve sucesso. Até o momento do fecha-
mento deste texto, o presidente não havia
comentado o resultado do pleito. As luzes
doPaláciodoAlvoradaseapagarampouco
depoisdas22he,segundoauxiliares,opre-
sidenteteriaidodormirsemconversarso-
bre o revés com aliados ou componentes
do governo.
Ao advogar por uma união nacional,
Lula, que deixou a prisão menos de três
anos atrás, falou em “reunir famílias”, “re-
fazerlaçosdeamizade”e“baixararmas”.“É
precisoreconstruiraalmadestepaís,recu-
perar a generosidade, a solidariedade, o
respeito às diferenças e o amor ao próxi-
mo.Trazerdevoltaaalegriadesermosbra-
sileiroseoorgulhoquesempretivemosdo
verde e amarelo da bandeira do país, que
não pertencem a ninguém, a não ser ao
povo”,disse.Depoisdodiscurso,eleseguiu
paraaAvenidaPaulistaparacomemoraro
triunfo com militantes.
E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A ,
COMO FICOU
50,9%
Percentual dos votos
válidos obtido por Lula
O resultado nacional da disputa entre
PT e PL foi refletido em Minas Gerais. Lula
teve 50,2% da preferência do estado, con-
tra 49,8% do presidente derrotado. Em so-
lo mineiro, eles foram separados pela es-
colha de 49,6 mil eleitores. “Vou governar
para215milhõesdebrasileiros,enãoape-
nas para os que votaram em mim. Não
existem dois ‘Brasis’. Somos um único
país, um único povo, uma grande nação”,
afirmou o vencedor. Bolsonaro liderou a
maior parte da apuração, mas quando a
totalização das urnas estava às portas dos
68%eorelógiomarcava18h44,aultrapas-
sagemocorreu.Daliprafrente,aliderança
não mudou de mãos.
O discurso da vitória de Lula já estava
pronto, mas, no fim, ele improvisou para
protestar contra a desigualdade social. “O
povo é minha causa. Combater a miséria
é a razão pela qual vou viver até o fim da
minha vida”, assegurou. O petista citou a
produçãoalimentíciabrasileiraeasexpor-
taçõesagrícolasparadefenderanecessida-
dedegarantir,atodososbrasileiros,apos-
sibilidade de fazer três refeições diárias.
“Nosso compromisso mais urgente é aca-
bar com a fome outra vez. Não podemos
aceitarquemilhõesdehomens,mulheres
ecriançasnestepaísnãotenhamoqueco-
mer ou que consumam menos calorias e
proteínas do que o necessário.”
Instantes após Lula discursar em São
Paulo, o ministro Alexandre de Moraes,
presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), falou, em Brasília (DF), sobre a con-
clusão do período eleitoral deste ano. Ho-
ras antes, ele lidou com uma crise aberta
por operações feitas pela Polícia Rodoviá-
ria Federal (PRF) em estradas do Nordeste.
O PT temia que as ações afugentassem
parte do eleitorado da região em que o
partido é historicamente dominante.
Moraes precisou intimar o diretor da PRF,
Silvinei Vasques, para parar com as blitze.
3 1 D E
POLÍTICA
49,1%
Parcela dos votos válidos
destinada a Bolsonaro
FONTE: TSE
À noite, o magistrado ligou para Lula e
Bolsonaro a fim de informá-los do desfe-
cho do embate eleitoral. “O presidente
Bolsonaro me atendeu com extrema
educação, agradeceu a ligação, e não foi
mais nada do que isso. Da mesma forma,
o agora presidente eleito Luiz Inácio Lula
da Silva”, contou.
OpresidentedoSenadoFederal,Rodri-
go Pacheco (PSD-MG), prometeu o empe-
nho do Parlamento na busca por colabo-
rações ao país. Ele pediu que Lula "reunifi-
que" o Brasil e citou a disputa acirrada ao
exemplificar a existência de“clara divisão
da sociedade”. Arthur Lira (PP-AL), presi-
dente da Câmara dos Deputados adotou
tom parecido e pediu que os eleitos“paci-
fiquem”a nação.
“FRENTE AMPLA” Ao lado de apoiado-
res como os senadores Simone Tebet
(MDB-MS) e Alexandre Silveira (PSD-
MG) e os deputados federais André Jano-
nes (Avante-MG) e Reginaldo Lopes (PT-
MG), Lula reforçou o caráter ampliado
que marcou sua campanha. Apoiado
por outros nove partidos da centro-di-
reita à esquerda, como Psol, Solidarieda-
de, PV e PSB, o presidente eleito garan-
tiu abertura para construir pontes com
todas as áreas da sociedade civil dispos-
tas a colaborar com o governo.
“Não é uma vitória minha, do PT, nem
dospartidosquemeapoiaramnessacam-
panha. É a vitória de um imenso movi-
mentodemocráticoqueseformou,acima
dos partidos políticos, dos interesses pes-
soaisedasideologias,paraqueademocra-
cia saísse vencedora”, festejou.
Tebet, que embarcou na campanha de
Lula no segundo turno após terminar a
primeira votação em terceiro lugar, rece-
beu um agradecimento especial do petis-
ta. Chamada de “companheira”, ela foi ci-
tada antes de Geraldo Alckmin (PSB), que
O U T U B R O D E 2 0 2 2
3
NELSON ALMEIRA/AFP
vai ocupar a Vice-presidência a partir do
próximo ano.“A maioria do povo brasilei-
ro deixou bem claro que deseja mais – e
não menos democracia”, pontuou o presi-
dente eleito.
Lula vislumbrou, ainda, criar conferên-
ciasparticipativasparagarantirquesuges- É preciso ir além: fortalecer as
tões populares a respeito de políticas pú-
blicassejamanalisadaspeloPaláciodoPla- políticas de combate à
nalto. Durante a exposição, o presidente violência contra as mulheres e
eleito voltou a comentar a proposta de, lo- garantir que ganhem o
gonoiníciodogoverno,sereunircompre-
feitosegovernadoresparadebaterasobras mesmo salário que os homens
prioritárias de cada localidade. “Não inte- ganham no exercício da
ressa o partido a que pertence o governa-
dor ou o prefeito. Nosso compromisso se- mesma função
rá sempre com a melhoria da vida da po-
pulação de cada estado e município.”
Alckmin, por sua vez, valorizou a pos-
(É preciso) enfrentar, sem
turadeLulaaoenfrentaroquechamoude trégua, o racismo, o
“indústria da mentira”. “Só Lula teria con- preconceito e a discriminação,
dição de enfrentar o uso e o abuso da má-
quina pública, jamais visto neste país.” para que brancos, negros e
indígenas tenham os mesmos
COMUNIDADE INTERNACIONAL Meio
ambiente e relações internacionais tam- direitos e oportunidades. Só
bém ganharam destaque na primeira fala assim seremos capazes de
de Lula após a proclamação do resultado.
OlíderdoPTprometeutrabalharparacoi-
construir um país de todos
bir atividades ilegais de exploração, além
de projetar mecanismos para conter a de- É preciso reconstruir este país
vastação da floresta amazônica. As decla-
rações foram ao encontro de reivindica- em todas as suas dimensões:
ções de integrantes da comunidade inter- na política, na economia, na
nacional, como os Estados Unidos, que já
demonstraram preocupação com o futu- gestão pública, na harmonia
rodobioma.“OBrasileoplanetaprecisam institucional, nas relações
deumaAmazôniaviva.Umaárvoreempé internacionais e, sobretudo, no
valemaisdoquetoneladasdemadeiraex-
traídas ilegalmente por aqueles que pen- cuidado com os mais
sam apenas no lucro fácil, às custas da de- necessitados
terioração da vida na Terra”, assinalou.
Lula, que citou Jesus Cristo e o papa
Francisco, fez menção aos encontros com O que mais escuto é que o
lideranças internacionais que teve depois
que suas condenações no âmbito da Ope-
mundo sente saudade do
raçãoLava-Jatoforamanuladas.Nofimdo Brasil. Saudade do Brasil
ano passado, o petista fez uma espécie de soberano, que falava de igual
“campanhainternacional”esereuniucom
lideranças como Emmanuel Macron, pre- para igual com os países mais
sidente da França, e Olaf Scholz, chanceler ricos e poderosos e, ao mesmo
da Alemanha. “Estamos dizendo ao mun-
do que o Brasil está de volta. Que o Brasil é tempo, contribuía para o
grandedemaisparaserrelegadoaessetris- desenvolvimento dos países
te papel de pária do mundo”, assegurou, mais pobres
prometendoesforçospararecuperaracre-
dibilidadedopaísjuntoaomercadofinan- ■ Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
ceiro e, assim, atrair investimentos. presidente eleito do Brasil
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4 POLÍTICA
Milhares de brasileiros foram às ruas comemorar a vitória de Lula. Em BH, festa passou
pela icônica Praça Sete. No fim da noite, o petista falou a uma multidão em São Paulo
Celebrações por todo o país
MÁRCIA MARIA CRUZ,
LUANA PEDRA E CLARA MARIZ
O grito contido na garganta, desde o
primeiro turno, ecoou às 18h44 de 30 de
outubro: "Olê, olê, olá, Lula, Lula". O mo-
mento em que Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) passou à frente de Jair Bolsonaro (PL)
foi a senha para que a comemoração dos
petistas,adiadapor28dias,ganhasseasru-
as de todo o Brasil. Em Belo Horizonte, os
apoiadores comemoraram a vitória na
Praça Sete, palco de manifestações políti-
cas, como as Diretas já, e futebolísticas, co-
mo os títulos do Cruzeiro, Atlético e Amé-
rica e da Copa do Mundo. A Praça da Liber-
dade foi ponto de encontro dos eleitores
docandidatoderrotado,oatualpresidente
Jair Bolsonaro (PL), além de outras partes
da cidade. Em Minas, estado considerado,
historicamente, um termômetro das elei-
ções presidenciais, Lula obteve 50,2% dos
votos, contra 49,8% de Bolsonaro.
NaAvenidaPaulista,coraçãofinanceiro
dacapitaldeSãoPaulo,estadoqueconcen-
tra o maior número de eleitores do Brasil,
avitóriadopetistaviroufestacomsamba,
churrascoecervejaecontinuavanofimda
noite, quando o presidente eleito discur-
sou para o apoiadores. (Leia texto abaixo.)
As celebrações se repetiram no Rio de Ja-
neiro, em Fortaleza, Salvador, Manaus; en-
fim, se espalharam Brasil afora.
Na Praça Sete, no Centro de BH, os apoi-
adorescantaramoHinoNacionalereivindi-
caram o direito à bandeira brasileira. Mes-
mo com chuva, os eleitores foram às ruas.
NomomentoemqueaapuraçãonoTribu-
nalSuperiorEleitoral(TSE) foiconcluída,os
vitoriosos cantaram a música no ritmo do
piseiro "tá na hora do Jair já ir embora''.
A professora Valesca Athayde, de 52
anos, se juntou à multidão na Praça Sete.
Para ela, a vitória do ex-presidente simbo-
liza a retomada de investimentos do go-
vernofederalnaeducação,pesquisaeciên-
cia.“Representaumaretomadadoproces-
sodeliberdadeedescolonizaçãoqueoBra-
sil vinha passando e que foi interrompido
(...)etudoqueagentemaisquerveréoBra-
sil livre, que é a miséria e fome”, disse.
Também na Praça Sete, Edson Moreira
daSilva,oMestrePrimodaCapoeiraAngo-
la,extravasouafelicidade.“Foiuminvesti-
mento emocional muito grande. Então,
agora está vindo esse retorno emocional
paraagente.Eagoraagentepodeplanejar,
pensar nesse futuro da forma mais segu-
ra, porque a gente tem uma pessoa que
transmite segurança. Então, é só felicida-
de”, comemorou.
AprofessoraMirceValériaEstevesdeLi-
ma,de54,fezquestãodecomemorarabra-
çada à bandeira do Brasil. "A bandeira é
nossa. O Brasil é nosso. Amo o Brasil, amo
Lula, as ideias dele, tudo o que ele fez pelo
Milhares de apoiadores ouviram o presidente eleito em São Paulo
Na Avenida Paulista, samba, churrasco e discurso no fim da noite
ALEX SABINO E LUCIANO TRINDADE
São Paulo – Aglomerados em frente a
aparelhos de televisão em bares na Aveni-
da Paulista, apoiadores de Lula acompa-
nharam o discurso do presidente eleito.
"Nordeste! Nordeste!", gritou a multidão
para lembrar a região do país decisiva na
eleição do petista. Logo a informação de
que ele deixaria o hotel onde estava e iria
ao palanque montado em frente ao Mu-
seu de Arte de São Paulo (Masp) começou
a se espalhar. A espera provocou críticas a
Bolsonaro,aogovernadoreleitoTarcísiode
Freitas (Republicanos) e até a Neymar, ca-
pitão da Seleção Brasileira, que declarou
voto em Jair Bolsonaro.
E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 3 1 D E
povo e vai fazer muito mais", argumenta. cêamanhãhádeseroutrodia".Outracan-
O guarda civil Hector Wagner dos Santos, çãoqueembalouosapoiadoresdeLulana
de 50, também celebrou a conquista do campanha foi "Anunciação", tocada no
petista no coração de BH. "É uma vitória trompetedeErosCaioSouza,doblococar-
importanteparaoBrasil,porquenósestá- navalescoEstagiários."Tuvens.Eujáescu-
vamos vivendo uma síndrome do novo to os teus sinais."
fascismo. O Lula é um político de centro- MelissaMenezes,de17,cantou"olê,ilê
esquerda, o único que vai conseguir unir Lula, Lula". A jovem votou pela primeira
as classes. Nós precisamos superar o dis- vez para presidente. "Fiquei orgulhosa de
curso de ódio, afastar a intolerância reli- poderfazeralgumacoisaparamudarasi-
giosa.Nósprecisamosresgataraspessoas tuação do Brasil. O patriotismo não está
da pobreza. E o Lula pra nós é um sinôni- perdido. Não no sentido sequestrado por
mo de luta que vai trabalhar para mudar Bolsonaro. No sentido de ter orgulho de
isso", afirma. ser brasileiro sem ter medo."
Muitos apoiadores de Lula escolheram No Armazém do Campo, onde são
SantaTereza, naRegiãoLeste,paraacompa- vendidos produtos feitos pelo Movimen-
nharaapuração.Nobairro,queabrigaoClu- to dos Sem-Terra (MST), na esquina das
bedaEsquinaeoutrosmovimentoscultu- avenidasAugustodeLimaedoContorno,
rais da capital, as celebrações também co- que foi um importante ponto de apoio à
meçaramquandooplacardecontagemde campanha petista, os eleitores se junta-
votos virou a favor do petista . Houve uma ram para acompanhar a apuração. Logo
explosãodealegria,comjeitodecomemo- apósaviradadeLulaemrelaçãoaosvotos
raçãodeumgoldaCopadoMundo. de Bolsonaro, quem estava apreensivo
Os apoiadores cantaram músicas que passouacomemorar.Aultrapassagemdo
se tornaram símbolo da campanha petis- petistaemrelaçãoaoatualmandatário si-
ta: "Vermelhou", hino tomado empresta- nalizava a volta do ex-presidente petista
dodoBoiGarantidodeParintinsnoAma- ao Palácio do Planalto. "A gente chegou
zonas.AscançõesdeChicoBuarque,apoi- aqui depois da virada. Apesar de estar
ador de Lula em todos os momentos, fo- bem apertado, depois que virou já deu
ram entoadas com alegria: "Apesar de vo- vontade de comemorar", disse Andressa
MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
No Rio, a ansiedade e a tensão se dissiparam com muito choro e gritos
A chegada de caminhões com equipa- discurso, criaram a rima do "ei, você aí,
mentos que seriam usados no pronun- avisa o Bolsonaro que o sigilo vai cair."
ciamento de Lula foi aplaudida. Ao mes- Com a demora para o início por causa
mo tempo, às 21h15, começava queima de problema no carro de som, o alvo
de fogos de artifício. A aglomeração nes- passou a ser o camisa 10 da Seleção
ta região da Paulista se tornou perigosa Brasileira. A Polícia Militar não tinha
em alguns momentos. O espaço para mo- estimativa de quantas pessoas estive-
vimentação de pessoas era pequeno e o ram na Paulista na noite de ontem. A
empurra-empurra fez com que mães atitude dos oficiais foi relaxada. Fize-
alertassem, aos gritos, que estavam com ram vistas grossas até para quem uri-
crianças. Para tentar ter uma visão do pa- nou na rua, ao lado de viaturas.
lanque, houve quem se pendurasse em A festa já havia começado cedo. Des-
postes ou árvores. de o começo da tarde de ontem, os
A chegada de Lula ao local fez com apoaiadores de Lula dominaram a re-
que as pessoas fizessem a letra L com gião. Quando o anúncio da vitória de Lu-
as mãos e entoassem o nome do presi- la chegou, as cerca de 15 mil pessoas que
dente eleito e, na espera pelo início do já estavam na região explodiram em fes-
O U T U B R O D E 2 0 2 2
Rodrigues, apoiadora do Lula, que estava
celebrando na Avenida do Contorno.
Apesar da comemoração antecipada,
os petistas afirmaram que estavam
receosos.Apequenavantagemmostrava,
ainda,aforçadeBolsonaronoBrasil."Oco-
ração estava na mão, estava apertado.
Achamos que ia virar mais tarde. Mas a
gente já esperava que o Bolsonaro teria
umavotaçãoexpressiva.Sinceramente,fi-
queimaisapreensiva",disseLuísaTempo-
ni, apoiadora do Lula e assistente social.
Comopassardaapuração,aapreensão
foivirandoesperançaecomemoração.Pe-
tistas se abraçaram, celebrando o fim do
atualgovernoapartirde1ºdejaneiro.Aos
carros que passavam na Avenida do Con-
torno, os eleitores faziam o“L”com os de-
dos e recebiam buzinas e gritos de apoio
como resposta."Eu estou feliz porque a
volta do Lula representa esperança, é o
nossoBrasilbemmelhor.Bolsonarofoire-
trocesso total desde o primeiro dia de go-
verno. A política dele exclui as minorias,
elefezumgovernoparaexclusivos",disse
AndressaRodrigues,queseemocionouao
falar da vitória de Lula.
OUTRAS CAPITAIS Assimqueavitóriade
Lulaseconfirmou,milharesdepessoasto-
MAURO PIMENTEL/AFP
Lideranças indígenas não perderam a celebração em Manaus
ta. "Tá na hora do Jair, tá na hora do Jair
já ir embora", começaram a cantar. Ela
serviu para substituir o grito mais popu-
lar enquanto a apuração acontecia. Mes-
mo quando Bolsonaro estava na frente,
os apoiadores do petista gritavam "Lula
ladrão, roubou meu coração".
Foi uma festa desorganizada e total-
mente de iniciativas individuais. Ao con-
trário do que aconteceu no primeiro tur-
no, quando sua aparição era certa, as pes-
soas estavam em dúvida se Lula iria à
Paulista ou não.
Alguém levou uma caixa de som e a
multidão cantou "Apesar de você" (Chi-
co Buarque) e "Vou festejar" (Beth Carva-
lho). Depois, a trilha sonora teve o ritmo
MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS
Na capital mineira, um dos
pontos da festa foi a Praça
Sete, palco de manifestações
políticas históricas, como o
movimento Diretas já
maram as ruas das principais cidades do
país. No Rio de Janeiro, a alegria dos apoia-
doresdeLulaeravistaportodaacidade.Na
Cinelândia, tradicional ponto de manifes-
taçõespolíticasdacidade,eondeLulareali-
zou um dos seus maiores comícios duran-
teacampanha,milharesdepessoassereu-
niram desde o final da tarde para acompa-
nhar a apuração, transmitida em um telão
e por meio de caminhões de som. A ansie-
dade e a tensão visíveis no rosto de todos
sósedissiparam,commuitochoroegritos,
quando a vitória de Lula foi confirmada.
No Amazonas, lideranças indígenas
também se juntaram à população em ge-
ral para comemorar.
Em Fortaleza (CE), os apoiadores de Lu-
la se concentraram no aterro da Praia de
Iracema. Minutos depois da confirmação
da vitória do petista, buzinaços começa-
ram na Avenida Raimundo Girão e fogos
preparados na areia da praia foram lança-
dos. No calçadão que leva até a estátua de
Iracema Guardiã, vendedores colocaram
músicas em alto-falantes que exaltavam
Lula e criticavam Bolsonaro. Coincidente-
mente,opontodeconcentraçãodepesso-
as na Praia de Iracema fica quase em fren-
te ao prédio onde mora o candidato Ciro
Gomes, quarto colocado no 1º turno.
MICHEL DANTAS/AFP
arrocha e música de Anitta, enquanto
cervejas a R$ 10 eram compradas em do-
ses cavalares e ambulantes vendiam es-
petinhos. Era como se Lula, o candidato
que prometera voltar a colocar picanha
no prato dos brasileiros, tivesse transfor-
mado a Avenida Paulista em um enorme
churrasco na laje. Cafés da região, como
Starbucks e Kopenhagen, se transforma-
ram em QG lulista. Pessoas subiam nas
mesas para comemorar. Seguranças per-
guntavam as parciais da apuração. "Ga-
nhamos?", perguntou um deles para ho-
mem que usava camisa do Bahia, clube
do estado onde Lula teve mais de 72%
dos votos válidos. "Acabou. Ganhamos."
(Folhapress)
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E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 3 1 D E O U T U B R O D E 2 0 2 2

POLÍTICA 5

Ministro do TSE destaca processo eleitoral e descarta contestações. Presidentes do Senado

e da Câmara cumprimentam Lula e ressaltam lisura da votação nas urnas eletrônicas

Moraes, Pacheco e Lira

reconhecem o resultado EVARISTO SÁ/AFP YOUTUBE/REPRODUÇÃO EVARISTO SA / AFP

“Agora compete, eu diria muito mais, aos “A partir de janeiro de 2023, quando aqui “A vontade da maioria manifestada nas urnas
vencedores unir o país, porque aqueles que são estaremos a dar posse aos eleitos, que jamais deverá ser contestada e seguiremos
eleitos vão governar para todos os brasileiros, possam exercer os seus mandatos com em frente na construção de um país soberano,
não só para os seus eleitores” dignidade, êxito, espírito democrático” justo e com menos desigualdade”
■ Alexandre de Moraes, ■ Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ■ Arthur Lira (PP-AL),
presidente do TSE presidente do Senado presidente da Câmara dos Deputados

VINÍCIUS PRATES, MATHEUS
MURATORI E ANA MENDONÇA
A vitória nas urnas do presi-
dente eleito Luiz Inácio Lula da Sil-
va (PT) foi reconhecida ontem pe-
los poderes Legislativo e Judiciário
tão logo a apuração confirmou o
terceiro mandato do candidato
petista. Os presidentes da Câma-
ra, Arthur Lira (PP-AL), e do Sena-
do, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), re-
conheceram o resultado anuncia-
do pelo ministro do Supremo Tri-
bunal Federal (STF) e o presidente
do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Alexandre de Moraes, que
destacou a lisura das eleições. “O
Brasil deu mais um exemplo de
eleições limpas e com ampla par-
ticipação popular”, reforçou o mi-
nistro do STF Gilmar Mendes nas
redes sociais.
Arthur Lira, aliado do presiden-
te Jair Bolsonaro (PL), se pronun-
ciou minutos após a confirmação
do resultado. Lira disse que não é
hora de olhar revanchismos polí-
ticos e, sim, trabalhar por um país
unido. Disse ainda que as urnas
não devem ser contestadas e que
vai trabalhar, junto à Câmara dos
Deputados, por um país melhor.
“O Brasil deu mais uma de-
monstração da vitalidade da sua
democracia. Da força das suas ins-
tituições e do nosso povo. A von-
tade da maioria manifestada nas
urnas jamais deverá ser contesta-
da, e seguiremos em frente na
construção de um país soberano,
justo e com menos desigualdade”,
disse o parlamentar.
Rodrigo Pacheco parabenizou
o presidente eleito da República e
o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e
afirmou esperar que ambos pos-
sam exercer mandatos com “dig-
nidade”, “êxito” e “espírito demo-
crático”. Pacheco deu as declara-
çõesduranteentrevistanoSenado,
cerca de duas horas depois de o
TSE confirmar a vitória de Lula so-
bre o candidato do PL à reeleição.
“Cumprimento em especial o
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, e o vice, Geraldo Alckmin.
Desejo que a partir de janeiro de
2023, quando aqui estaremos a
dar posse aos eleitos, que possam
exercer os seus mandatos com
dignidade, êxito, espírito demo-
crático, contribuindo para efetivas
soluções dos problemas re- ais”,
declarou o presidente do Senado.
Ao longo do processo eleitoral, o
parlamentar, que chegou a ser co-
tado como candidato do PSD ao
Palácio do Planalto, não declarou
apoio a nenhum dos candidatos.
Questionado sobre a postura
de Bolsonaro, que até as 23h não
havia se manifestado publica-
mente sobre o resultado da elei-
ção, Rodrigo Pacheco afirmou
acreditar que o presidente reco-
nhecerá que as eleições são “in-
questionáveis”. O senador por
Minas Gerais também disse es-
perar uma “transição” governa-
mental "eficiente", "pacífica",
"equilibrada" e "colaborativa". O
presidente do Senado disse que
ainda não entrou em contato
com Lula e Bolsonaro. “Devo fa-
zer contato com ambos (Lula e
Bolsonaro). Inquestionável que
o presidente Jair Bolsonaro é um
líder nacional. A sua postura vai
contribuir para processo de pa-
cificação do Brasil”, disse.
“Da mesma forma que reafir-
mamos a lisura, a estabilidade e a
confirmação da vontade popular
não podemos aceitar revanchis-
mos ou perseguições de que lado
for”, afirmou Lira ao garantir que
vai trabalhar junto à Câmara dos
Deputados por um país que tra-
balhe para atender a “aspirações
mais amplas”, disse o parlamen-
tar“É preciso ouvir a voz de todos,
mesmo divergentes, e trabalhar
para atender a aspirações mais
amplas. É hora de desarmar os es-
píritos, estender a mão aos adver-
sários, debater, construir pontes,
propostas e práticas que tragam
mais desenvolvimento, empre-
gos, saúde, educação e marcos re-
gulatórios eficientes. Tudo o que
for feito daqui pra frente tem que
ter um único princípio: pacificar
o país e dar melhor qualidade de
vida ao povo brasileiro”, acrescen-
tou o presidente da Câmara.
LIGAÇÕES Alexandre de Moraes
afirmou ontem que ligou para o
presidente Jair Bolsonaro e para
Lula para informar o resultado da
eleição presidencial. A ação é tida
como padrão por parte dos presi-
dentes do TSE. “Liguei pessoal-
mente para conversar com ambos
os candidatos após as eleições,
após a apuração. Conversei com o
candidato, agora presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, e com o
atual presidente, Jair Messias Bol-
sonaro, dizendo que a Justiça Elei-
toral já estava apta e iria procla-
mar o resultado oficial das elei-
ções, e cumprimentando ambos
por terem participado do mais
importante momento da demo-
cracia, que é o momento das elei-
ções”, disse Moraes em pronun-
ciamento no TSE.
“O presidente Bolsonaro me
atendeu com extrema educação,
agradeceu a ligação, e não foi mais
nada do que isso. Da mesma for-
ma que o presidente agora eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva”, comple-
tou. Moraes também afirmou que
o resultado do pleito será acatado
pelos dois candidatos. O presiden-
te do TSE disse que não teme “ne-
nhum risco real”. O ministro é cri-
ticado recorrentemente por Jair
Bolsonaro e seus apoiadores, tan-
to nas ações no STF quanto no TSE.
“Não vislumbramos nenhum
risco real e nenhuma contestação.
O resultado foi proclamado, o re-
sultado será aceito, e aqueles que
foram eleitos a presidente da Re-
pública, o ex-presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva, e a vice-presiden-
te, o ex-governador Geraldo Alck-
min, serão diplomados em 19 de
dezembro e tomarão posse em 1º
de janeiro, sem risco nenhum”,
disse em entrevista coletiva.
Posteriormente, Moraes disse
que “eventuais fissuras” fazem
parte do jogo eleitoral. Segundo o
presidente do TSE, o presidente
eleito precisa “unir o país” após
uma disputa tão acirrada. “Quan-
to a eventuais fissuras, faz parte
do jogo político, do jogo democrá-
tico. Obviamente, houve uma po-
larização maior, e agora compete,
eu diria muito mais, aos vencedo-
res unir o país, porque aqueles
que são eleitos vão governar para
todos os brasileiros, não só para os
seus eleitores", completou.

Tebet e Ciro comemoram

GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS

INSTAGRAM/REPRODUÇÃO
A senadora Simone Tebet muitos famosos, que acompa-
(MDB), terceira colocada na dis- nharam com particular interes-
puta em primeiro turno e aliada se as eleições 2022. Os apoiado-
do presidente eleito, Luiz Inácio res do presidente eleito estavam
Lula da Silva (PT), na reta final em êxtase. Um dos primeiros a
agradeceu os votos ao petista. falar sobre o tema foi o cantor
Tebet atuou ativamente na cam- Gilberto Gil, que foi ministro de
panha de Lula. “Obrigada, Brasil! Lula anteriormente. “Lula carre-
As urnas falaram. Venceu a de- ga consigo hoje a esperança do
Ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil disse mocracia e a verdade. Viva o po- povo brasileiro por dias melho-
que “a luz brilhou no céu da pátria” vo brasileiro! Meus parabéns, res”, afirmou. “Uma responsabi-
presidente Lula. A hora é de co- lidade enorme, mas depositada

Aliados em Minas memorar, porque amanhã vai

ser outro dia”, disse. A senadora,
que ganhou holofote nacional
numa pessoa com uma história
extraordinária e que já se mos-
trou capaz de transformar a vi-

celebram vitória
Estadoconsideradocomochave
na disputa presidencial, Minas Ge-
raisseguiucomonortedaeleiçãoe
manteve a escrita: acompanhou o
resultado do restante do Brasil. Li-
deranças que caminharam com
Luladurantetodacampanhanoes-
tadosemanifestaramapósoresul-
tado,commensagemgeraldepaze
esperança. Candidato ao governo
deMinasapoiadoporLula,Alexan-
dre Kalil escreveu nas redes sociais
que“a luz brilhou no céu da pátria
hoje”.NadisputaaogovernodeMi-
nas,RomeuZema(Novo)foireelei-
to no primeiro turno com 56,18%
dos votos válidos. Kalil foi o segun-
do, com 35,08%.
Outro apoiador de Lula, mas
também derrotado na disputa, o
senador Alexandre Silveira (PSD-
MG)celebrouavitóriadoaliado.“O
Brasilrespiraesperança!Lulaénos-
so presidente!”, escreveu nas redes.
PresidentedaAssembleiaLegislati-
va de Minas Gerais (ALMG) e ou-
tro aliado de Lula no pleito, o de-
putado estadual Agostinho Pa-
trus (PSD) foi outro que celebrou
o triunfo do petista.“Parabéns ao
presidente Lula! Que Deus lhe
ilumine, para que o Brasil tenha
um lindo amanhã!!!”.
Já o deputado federal reeleito
André Janones (Avante-MG), cabo
eleitoral de Lula não apenas em
Minas, mas em âmbito nacional,
disse:“Hoje nós vamos comemo-
rar, amanhã trabalharemos por
todos os brasileiros. Um único
povo, uma única nação. Vamos
recuperar a unidade, vamos levar
o Brasil para a estrada do desen-
volvimento”. (MM)
durante participação na Comis-
são Parlamentar de Inquérito
(CPI) da COVID, ao lado de Lula
foi considerada “carta coringa”
para a transferência dos 4,9 mi-
lhões de votos (41,6%) que rece-
beu em primeiro turno.
Aliado do presidente eleito no
segundo turno, o ex-presidenciá-
vel Ciro Gomes (PDT) cumpri-
mentou Lula pela vitória nas ur-
nas ontem.“Cumprindo o saudá-
vel dever democrático, quero
cumprimentar o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva por sua vitó-
ria nas eleições recém-apuradas.
Desejo ao presidente eleito toda
a felicidade na honrosa missão a
si concedida pela maioria de nos-
so povo brasileiro”, escreveu. Nas
redes sociais, o PDT disse que a vi-
tória trará esperança de futuro
para as crianças e os jovens. “Ho-
je a democracia venceu! Pode-
mos acreditar em futuro melhor
Terceira colocada nas eleições e aliada de Lula no segundo
turno, Simone Tebet agradeceu os votos ao petista
para as crianças e jovens do nos-
so Brasil! Viva a democracia!”.
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) para-
benizou Lula e declarou que a
“democracia” venceu. A declara-
ção foi dada nas redes sociais, lo-
go após o resultado do segundo
turno entre o petista e o presi-
dente Jair Bolsonaro (PL). “Para-
béns, Lula, pela vitória. Venceu a
democracia, venceu o Brasil!”, es-
creveu FHC em seu Twitter. Du-
rante o segundo turno, FHC pe-
diu voto a Lula, em “prol da de-
mocracia”. Fernando Henrique
Cardoso foi presidente por dois
mandatos consecutivos (de 1995
a 1998 e de 1999 a 2002) e em am-
bas as ocasiões teve Lula como
adversário, a quem repassou a
faixa presidencial em 2003.
O ex-ministro da Saúde do go-
verno do presidente Jair Bolsona-
ro (PL) Luiz Henrique Mandetta
(DEM) usou as redes sociais para
parabenizar a eleição do presi-
dente eleito.“Parabéns, Lula, elei-
to pelo povo brasileiro. Vida lon-
ga à democracia. Viva às urnas
eletrônicas. Viva o respeito à vi-
da”, escreveu. Mandetta deixou o
Ministério da Saúde durante a
pandemia de COVID, depois que
ele teve discordâncias com Bolso-
naro sobre isolamento social. Mé-
dico, Mandetta era a favor do dis-
tanciamento. Já Bolsonaro, derro-
tado nas eleições, achava a políti-
ca do “fique em casa” absurda.
FAMOSOS A vitória de Lula para
um terceiro mandato como pre-
sidente foi comemorada por
da de quem mais precisa. Hoje
celebramos sua vida e deseja-
mos serenidade para enfrentar
os desafios e disposição para
manter-se firme na missão que
cumpre pelo nosso Brasil. Viva
Lula! Aquele abraço!.”
Por sua vez, a cantora Anitta
disse estar aliviada. “Se o amor
venceu, agora é hora de colocar
esse amor em prática”, afirmou.
“Colocar a democracia em práti-
ca. Acolher e respeitar o vizinho
que votou diferente, compreen-
der e respeitar a pessoa que vo-
tou igual a você, mas discorda
em algumas coisas. Só assim a
gente nunca mais vive o pesade-
lo que foi essa eleição. Essa guer-
ra social que vivemos. Enquanto
ainda tratarmos o outro com
agressividade, raiva e desrespei-
to, só estaremos sendo o espelho
daquilo que dizemos estar lu-
tando contra.”
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6 POLÍTICA
Presidente optou por não receber ministros e aliados e foi dormir ontem sem falar
com a imprensa. Políticos próximos a ele afirmaram não haver clima para contestações
Derrotado, Bolsonaro silencia
O presidente Jair Bolsonaro
(PL) adotou o silêncio após ser
derrotado nas urnas para o ago-
ra presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva (PT). O ajudante de
ordem do presidente, Mauro
Cesar Cid, avisou a ministros do
governo que tentaram falar
com Bolsonaro que ele tinha
ido dormir. Logo depois, às
22h06, as luzes do Palácio da Al-
vorada foram apagadas. O che-
fe do Executivo evitou falar
com aliados e não fez nenhum
pronunciamento público sobre
a derrota. Pouco depois de ofi-
cializada a vitória do petista,
Bolsonaro se reuniu com seu
candidato a vice, o general da
reserva Braga Netto.
Aliados de Bolsonaro dizem
não haver clima para contestação
da vitória de Lula no pleito de on-
tem, apesar de o atual presidente
ter passado o mandato lançando
dúvidas sobre o sistema eleitoral
brasileiro e já ter ameaçado ante-
riormente não reconhecer o re-
sultado das eleições. Segundo as-
sessores da Presidência, ele pas-
sou toda a tarde no Alvorada com
seu filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ),
que é senador e foi um dos coor-
denadores da campanha. O pre-
sidente não quis falar com minis-
tros ao telefone nem recebê-los.
O principal sinal de que não
haveria apoio a contestações foi
o pronunciamento do presiden-
te da Câmara, Arthur Lira (PP-
AL), um dos primeiros a reco-
nhecer a vitória de Lula e a para-
benizar o petista. Ciro Nogueira,
chefe da Casa Civil do governo
Bolsonaro, seguiu para a residên-
cia oficial de Lira após o resulta-
do das eleições, num gesto de ali-
nhamento à posição do parla-
mentar. Nogueira publicou nas
redes sociais uma foto abraçan-
do Bolsonaro em que diz: "Para
sempre ao seu lado, capitão".
O procurador-geral da Repú-
blica, Augusto Aras, indicado por
Bolsonaro e criticado por oposi-
tores por ter poupado o chefe do
Executivo de investigações, se-
guiu o mesmo tom de Lira. Em
nota, Aras parabenizou o petista
pela vitória no segundo turno
nas eleições. De acordo com o co-
municado, o PGR também con-
gratulou Bolsonaro "pela partici-
pação na disputa democrática".
Apesar de dizerem reservada-
mente não haver clima para
qualquer tentativa de reversão
do resultado, aliados admitem
que Bolsonaro é imprevisível.
Aos poucos, alguns aliados foram
conseguindo contato com o
mandatário. O líder do governo,
Ricardo Barros (PP-PR), telefonou
para Bolsonaro para se solidari-
zar. O presidente não indicou se
daria declarações públicas ou
Bolsonaristas fecham estradas
Apoiadores do presidente Jair
Bolsonaro (PL) fecharam a BR-163,
em Mato Grosso, em quatro mu-
nicípios da Região Norte, e dizem
que não aceitam a vitória do pre-
sidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Eles atearam fogo em
pneus e cruzaram carros nas vias,
o que contingenciou o trânsito.
Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop
e Nova Mutum foram os locais
onde foram registradas as ações.
Alguns trajavam a camisa da Sele-
ção Brasileira.
Umdosvídeosmostraumgru-
po de homens que diz que Lula
roubou e que as pessoas precisam
abastecer, pois irá faltar comida.
“Eleição se conquista. O barbudo
roubou. Vai parar, vem para a rua.
E vão para o mercado, abasteça o
rango,quevaifaltarcomidanapra-
teleira, minha gente”, afirmou.“Vi-
va a democracia”, afirma o mani-
festante. A concessionária Rota
Oeste,responsávelporadministrar
a rodovia, diz que estão monito-
randoasações.Deacordocomaas-
sessoriadaPolíciaRodoviáriaFede-
E STA D O D E M I N A S
não no curto prazo. Auxiliares
aguardam orientação sobre co-
mo proceder.
Integrantes do seu primeiro
escalão seguiram o silêncio do
mandatário. O primeiro a falar
foi Fábio Faria, ministro das Co-
municações. “Você resgatou o
nosso orgulho de ser brasileiro.
Obrigado, Jair”, disse nas redes so-
ciais. Na eleição mais apertada
desde a redemocratização, com
pouco mais de 2 milhões de vo-
tos de diferença, aliados acompa-
nharam em clima de tensão a
apuração dos votos. Em alguns
momentos, afirmavam ser possí-
vel a virada.
Uma das principais decepções
foi São Paulo. No estado, a campa-
nha esperava uma distância de
cerca de 15 pontos. Ao final, Bol-
sonaro teve pouco mais de dez
pontos a mais que Lula, apesar de
seu candidato Tarcísio de Freitas
(Republicanos) ter sido eleito go-
vernador. Interlocutores do man-
datário creditaram a perda da
vantagem ao episódio envolven-
do a deputada aliada Carla Zam-
belli (PL-SP), que perseguiu, no sá-
bado, um homem com uma ar-
ma em punho na capital paulista.
■ REAÇÃO
DOS ALIADOS
Zambelli postou uma mensa-
gem afirmando que será“a maior
oposição que Lula jamais imagi-
nou ter”.“Ainda que eu ande pelo
vale das sombras, não temerei,
porque Tu Senhor Deus estás co-
migo. O sonho de liberdade de
mais de 51 milhões de brasileiros
continua vivo”, disse a deputada
federal. Foi um discurso seme-
lhante ao do ex-juiz Sergio Moro
(União Brasil), eleito senador pelo
Paraná e que afirmou que estará
na oposição em 2023, “respeitan-
do a vontade dos paranaenses”.
Ricardo Salles, ex-ministro do
Meio Ambiente, afirmou em
uma rede social que o resultado
da eleição “traz muitas reflexões
e a necessidade de buscar cami-
nhos de pacificação de um país li-
teralmente dividido ao meio”. Ele
também pediu serenidade.
A senadora eleita Damares Al-
ves (Republicanos-DF) também
foi às redes sociais. Ele reconhe-
ceu a derrota do mandatário e
disse que Bolsonaro deixa “um
legado e formou líderes que hoje
são senadores, deputados e go-
vernadores”. “Perdemos uma
eleição, mas não perdemos o
amor pelo nosso país. Bolsonaro
deixará a Presidência da Repúbli-
ca em janeiro de cabeça erguida,
com a certeza de dever cumprido
e amado por milhões de brasilei-
ros” escreveu.
Na noite de sexta-feira, após o
ral (PRF), não há informações de
nenhum ato de violência. Uma
equipe esteve nos locais tentando
liberar a pista.
Apoiadores do presidente e
candidato derrotado à reeleição
bloquearam a BR-101 na altura de
Palhoça (25 quilômetros de Flo-
rianópolis), em frente a uma loja
da Havan, após a vitória do ex-
presidente Lula. A concessionária
da estrada, Arteris Litoral Sul, in-
formou que havia uma fila de
dois quilômetros no sentido de
Porto Alegre, e sem previsão de li-
beração da pista. Imagens publi-
cadas nas redes sociais mostram
uma van atravessada na estrada e
manifestantes agitando bandei-
ras do Brasil. "Não vamos aceitar
(o resultado)", diz um manifes-
tante em uma das gravações.
ORAÇÕES Mesmo antes do fim da
apuração que deu a vitória a Luiz
InácioLuladaSilva(PT),bolsonaris-
tas se ajoelhavam, faziam orações
e choravam na Esplanada dos Mi-
nistérios, em Brasília. Após o resul-
● S E G U N D A - F E I R A ,
Candidato à reeleição, Bolsonaro se reuniu com o vice, Braga Netto, após confirmação do resultado das urnas
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que vai ser “a maior oposição que Lula jamais imaginou ter”
debate com Lula na TV Globo,
Bolsonaro disse que aceitaria o
resultado das eleições, mesmo
que ele não fosse o mais votado.
A apresentadora Renata Lo Prete,
no Jornal da Globo, perguntou:
“Só para tirar a limpo, de uma vez
por todas, candidato. Suas pala-
vras significam que o senhor res-
peitará o resultado, seja ele favo-
rável ao senhor ou adverso ao se-
nhor?” Bolsonaro então respon-
deu: “Não há a menor dúvida.
Quem tiver mais voto leva. É isso
que é democracia”.
Na segunda metade do man-
dato, o atual presidente adotou
retórica golpista contra o sistema
eleitoral e com ataques sem pro-
tado oficial, organizadores tenta-
ram convocar pelo microfone que
as pessoas fiqcassem no local até o
pronunciamento de Bolsonaro.
“Não desamparem esse país,
meu Deus”, bradava um dos ora-
dores de cima do caminhão. Mas o
clima entre os apoiadores de ver-
de e amarelo passou a ser de desâ-
nimo e incredulidade, com olhos
fixosnoscelularesapósaviradade
Lula,porvoltadas18h50.Às19h20,
algumas pessoas já começavam a
ir embora, apesar de alguns lapsos
de otimismo por parte dos anima-
dores com uma possível virada,
que não ocorreu.
Uma das pessoas no caminhão
questionou a legalidade da vota-
ção, mas não houve muita empol-
gação entre o público, com exce-
ção de bolsonaristas mais emocio-
nados. “Olhe para o Ministério da
Defesa”, disse um dos líderes do
ato. “Vamos aguardar o pronun-
ciamento do nosso presidente”,
disse, convocando os apoiadores a
permanecerem na Esplanada. Ne-
nhuma figura importante do bol-
3 1 D E O U T U B R O
vas às urnas eletrônicas. No Bra-
sil, nunca houve registro de frau-
de nas urnas eletrônicas, em uso
desde 1996. Ao votar em 2 de ou-
tubro, no primeiro turno, Bolso-
naro não respondeu se aceitaria
os resultados das eleições. “Com
eleições limpas, sem problema
nenhum, que vença o melhor”,
disse, antes de votar.
No último dia 5, o presidente
questionou a apuração dos votos
registrada pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) no primeiro turno
das eleições, em que acabou com
43,20% contra 48,43% do ex-pre-
sidente Lula. Na ocasião, o man-
datário comparou a apuração do
dia 2 com a das eleições de 2014,
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro ajoelharam e fizeram orações em Brasília, antes do fim da apuração
sonarismo, como parlamentares,
esteve no local.
NORIO Centenasdeapoiadoresde
Jair Bolsonaro acompanharam a
apuração em tempo real que pas-
sou em um caminhão com telão
em frente ao Condomínio Viven-
das da Barra, onde fica a casa do
D E 2 0 2 2
GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS
EVARISTO SA / AFP
quando a então presidente Dil-
ma Rousseff (PT) se reelegeu por
uma pequena margem de votos.
Bolsonaro afirma que o atual de-
putado Aécio Neves (PSDB-MG)
venceu o pleito, tese já rechaçada
pelo próprio tucano.
Bolsonaro já afirmou em ou-
tras oportunidades que a alegada
fraude no pleito de 2014 está
comprovada pelo fato de Aécio e
Dilma terem aparecido intercala-
dos na liderança de votos recebi-
dos por mais de 200 minutos. Na
teoria propagada pelo presiden-
te e que já foi desmentida pelo
TSE, esse tipo de padrão matemá-
tico não poderia ocorrer de for-
ma espontânea.
presidente, na Barra da Tijuca, na
Zona Oeste do Rio de Janeiro.
No carro de som, apoiadores
com microfone tentaram animar
os presentes aos gritos de “eu não
vou embora”. Uma apoiadora dis-
se que não aceita o resultado.“Não
vamos esquecer que o nosso capi-
tãofoicapitãodoExército.Elesabe
Apoiadores
“tímidos”
em Minas
MATHEUS MURATORI
Apoiador de Jair Bolsonaro
(PL), o senador Carlos Viana (PL-
MG) comentou a vitória de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) para pre-
sidente da República em segun-
do turno. “Que o próximo presi-
dente governe com responsabili-
dade. Estamos de pé para defen-
der nossos princípios e construir
um Brasil onde todos sejam res-
peitados”, escreveu Viana, candi-
dato ao governo de Minas neste
ano, nas redes sociais. Na disputa
pelo governo de Minas, Carlos
Viana ficou em terceiro lugar,
com 7,23% dos votos válidos. Ro-
meu Zema (Novo) foi reeleito go-
vernador no primeiro turno, com
56,18%. O segundo colocado foi
Alexandre Kalil (PSD), candidato
apoiado justamente por Lula,
com 35,08%.
Os bolsonaristas preferiram
manifestações mais brandas. O
vereador belo-horizontino Niko-
las Ferreira (PL-MG), deputado
federal eleito, afirmou que “a
guerra cultural e espiritual con-
tinua”. “Eu nunca lutei só por
eleição. A guerra cultural e espi-
ritual continua. Não espere de
mim desistir. Bolsonaro deixou
vários soldados e eu sou apenas
um deles. A esperança somos
nós. Os gritos de comemoração,
hoje, vão se tornar gritos de de-
sespero amanhã. A esquerda
plantou muita semente ruim e
cabe a nós não deixar florescer”,
disse Nikolas, em vídeo.
Senador eleito por Minas,
Cleitinho também se posicio-
nou brevemente. “Meu posicio-
namento é de estar fiscalizando,
que é minha função, me posicio-
nando, e se fizer as coisas boas
para o país a gente tem que aju-
dar. Agora, o que tiver de errado
a gente vai cobrar e fiscalizar.” O
deputado estadual reeleito Bru-
no Engler (PL) preferiu valorizar
os quatro anos de Bolsonaro no
poder. “O melhor presidente da
história do Brasil, aquele que
resgatou o patriotismo do povo
brasileiro e o amor à nossa ban-
deira e às nossas cores. Não sei o
que vai acontecer daqui pra
frente, mas conte sempre comi-
go, capitão Jair Bolsonaro!.” As-
sim como no restante do Brasil,
Lula venceu Bolsonaro em Mi-
nas Gerais de forma acirrada. No
estado mineiro, o candidato
vencedor teve 50,20%, contra
49,80% do derrotado.
RUY BARON/AFP
comquemestálidando.Eleéestra-
tégico.Elesabeoqueestáfazendo.”
Outro apoiador disparou xinga-
mentos ao ministro do TSE Ale-
xandre de Moraes, chamando o
magistrado de “bandido e safado”.
O público reagiu com aplausos e
ecoaramgritosde“Lula,ladrão,seu
lugar é na prisão”.
 Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais
Logo que foi anunciado o triunfo do candidato do PT como futuro presidente, chefes
de Estado enviaram felicitações. Imprensa internacional fez ampla repercussão
Líderes mundiais reconhecem
vitória e parabenizam Lula
Líderes mundiais cumpri-
mentaram o presidente eleito
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
após a confirmação da vitória
nas urnas sobre o presidente Jair
Bolsonaro (PL). A imprensa in-
ternacional também deu ampla
repercussão à disputa acirrada
pelo Palácio do Planalto. Um dos
primeiros líderes a cumprimen-
tar Lula foi o presidente dos Es-
tados Unidos, Joe Biden. “Parabe-
nizo Luiz Inácio Lula da Silva por
ser escolhido para ser o próximo
presidente do Brasil após elei-
ções livres justas e com credibili-
dade. Espero que trabalhemos
juntos para continuar a coopera-
ção entre nossos dois países nos
meses e anos futuros”, afirmou
o chefe da Casa Branca. “Para-
béns, caro @Lulaoficial, por sua
eleição, que dá início a um novo
capítulo da história do Brasil.
Juntos, vamos unir nossas forças
para enfrentar os muitos desa-
fios comuns e renovar o vínculo
de amizade entre nossos dois
países”, disse o presidente da
França, Emmanuel Macron.
Grandes jornais mundo afo-
ra destacaram a vitória do can-
didato petista. Nos Estados Uni-
dos, o The New York Times deu
como manchete no site: “Brasil
elege Lula, ex-líder de esquerda,
em repreensão a Bolsonaro”. Se-
gundo o jornal, Lula represen-
tou uma rejeição “pungente” ao
presidente Jair Bolsonaro e ao
movimento de extrema-direita
liderado por ele. O periódico
destacou ainda que Lula prome-
teu adotar medidas para prote-
ger a Amazônia, em detrimento
de Bolsonaro, que “destruiu
agências de proteção à floresta”.
O jornal francês Le Monde
ressaltou o “duelo entre presi-
dentes” que terminou com a vi-
tória de Lula contra Bolsonaro.
O veículo pontuou que a dispu-
ta eleitoral foi marcada por acu-
sações da campanha de Lula so-
bre o uso da polícia para obs-
>>E-mail para esta coluna: luizazedo.df@dabr.com.br
Ninguém enfrenta os novos desafios sozinho
Dono de um inédito terceiro man-
dato, com 59.563.912 votos (50,83% dos
votos válidos), contra 57.675.427 votos
(49,17% dos votos válidos) de Jair Bolso-
naro (PL), o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva tem diante de si um desafio
muito, mas muito maior mesmo, do
que aquele que enfrentou ao ser eleito
pela primeira vez, em 2002. Naquela
época, seu governo sinalizava avanço
social no combate à pobreza, num am-
biente saudável de reorganização da vi-
da institucional e econômica do país,
que herdou do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. Agora, não, está
diante de uma ruptura com as políticas
de governo já em curso, protagonizada
pelo presidente Jair Bolsonaro, que é o
primeiro a não se re- eleger desde
2008, quando foi instituída a reeleição.
A vitória de Lula foi muito aperta-
da, obtida às 19h56 de ontem, quando
98,91% das urnas já estavam apuradas
e era impossível reverter o resultado,
apurados 117.305.567 votos válidos.
Foram registrados 1.751.415 votos
brancos (1,43%) e 3.889.466 votos nu-
los (3,16%). A abstenção chegou a
20,90%. Destaca-se a atuação do presi-
dente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), ministro Alexandre de Moraes,
que matou no peito todas as turbulên-
E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A ,
truir a votação em regiões favo-
ráveis ao presidente eleito.
O periódico inglês The Guar-
dian publicou que Lula “ence-
nou retorno surpreendente”
para o “candidato de extrema-
direita” Jair Bolsonaro. O jornal
também relatou que o presi-
dente eleito recuperou a lide-
rança do país e “prometeu reu-
nificar o país. O argentino El
Clarín ressaltou que Lula derro-
tou Bolsonaro por menos de
dois pontos percentuais e vol-
tará à Presidência da República.
Também foi destacado que as
campanhas foram agressivas,
principalmente na reta final, e
trouxeram “um clima histórico
de polarização”.
O jornal português Diário de
Notícias deu destaque ao dis-
curso da vitória de Lula sobre
“baixar as armas” e citou o re-
torno do petista 13 anos após
ter deixado o Palácio do Planal-
to. A publicação também men-
cionou o vice-presidente Geral-
do Alckmin (PSB), “que já havia
sido adversário de Lula nas elei-
ções presidenciais de 2006”. O
veículo alemão Süddeutsche
Zeitung (SZ) fez menção ao “re-
torno dramático” do “político de
esquerda”, ao citar que o ex-pre-
sidente foi preso há três anos,
acusado de corrupção. O SZ res-
saltou também que Lula derro-
tou Jair Bolsonaro, definido pe-
lo jornal como “candidato popu-
lista de direita.”
A Bloomberg, com sede nos
Estados Unidos, chamou de
“amarga e, por vezes, violenta” a
disputa entre Lula e Bolsonaro,
e “despertou preocupação entre
autoridades eleitorais e aliados
internacionais”.
Já a Associated Press desta-
cou o embate entre “um incum-
bente prometendo proteger va-
lores cristãos conservadores e
um ex-presidente prometendo
devolver o país a um passado
mais próspero”.
LUIZ CARLOS AZEDO
ENTRE LINHAS
cias do dia da votação, sobretudo a
atuação de setores das forças policiais
com claro propósito de dificultar o
acesso às urnas da população mais
propensa a votar no petista. No final
do dia, minimizou as ocorrências e
proclamou o resultado oficial.
A vitória apertada de Lula não tisna
a envergadura da mudança que signifi-
ca, porque praticamente retoma o fio
da história interrompido com a impea-
chment da presidente Dilma Rousseff
(PT), com duas preocupações: a centra-
lidade das políticas de combate à po-
breza e a pacificação do país.“Não inte-
ressa a ninguém viver numa família
onde reina a discórdia. É hora de reunir
de novo as famílias, refazer os laços de
amizade rompidos pela propagação
criminosa do ódio. A ninguém interes-
sa viver em um país dividido, em per-
manente estado de guerra”, disse.
Embora o silêncio de Bolsonaro seja
uma preocupação, o stablishment polí-
tico reagiu de forma muito positiva . O
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-
AL), logo após o resultado, reconheceu a
vitória de Lula e defendeu a pacificação
do país. O presidente do Senado, Rodri-
go Pacheco (PSD-MG), foi na mesma li-
nha. Bolsonaro, ao não reconhecer ime-
diatamente a vitória de Lula, sinaliza di-
3 1 D E
POLÍTICA
MANDEL NGAN/AFP
LUDOVIC MARIN / AFP
NELSON ALMEIDA/AFP
TIMOTHY A. CLARY/AFP
ficuldades na transição para o novo go-
verno. Entretanto, Lula conta com am-
plo apoio das instituições e uma solida-
riedade internacional muito robusta,
simbolizada pelo rápido reconheci-
mento de sua vitória pelo presidente
dos Estados Unidos, Joe Biden.
Bolsonaro obteve uma grande vitó-
ria em São Paulo, com a eleição de Tar-
císio de Freitas. Perdeu no Rio Grande
do Sul, com a vitória do tucano Eduar-
do Leite, o primeiro ex-governador do
estado a ser eleito pela segunda vez,
que ferrou seu aliado de primeira ho-
ra, o ex-ministro Onix Lorenzoni. Com
sua grande votação e aliados impor-
tantes nos governos dos três maiores
estados do Sudeste — SP, RJ e MG —,
continua sendo a segunda maior lide-
rança do país. Sua manifestação sobre
o resultado das eleições, aguardada pa-
ra hoje, é muito importante para a nor-
malidade do processo democrático.
Problemas objetivos
A escolha feita pelo povo nas urnas
precisa ser respeitada. Isso depende do
candidato derrotado, mas sobretudo da
força das instituições e da maioria da
sociedade, que deseja a volta à normali-
O U T U B R O D E 2 0 2 2
7
PELO MUNDO
“Parabenizo Luiz Inácio Lula da Silva por ser escolhido para ser o próximo
presidente do Brasil após eleições livres, justas e com credibilidade. Espero
que trabalhemos juntos para continuar a cooperação entre nossos dois
países nos meses e anos futuros”
■ Joe Biden, presidente dos EUA
“Parabéns, caro @Lulaoficial, por sua eleição, que dá início a um novo
capítulo da história do Brasil. Juntos, vamos unir nossas forças para
enfrentar os muitos desafios comuns e renovar o vínculo de amizade entre
nossos dois países”
■ Emmanuel Macron, presidente da França
“Parabéns, Lula, pela sua vitória nestas eleições em que o Brasil decidiu
apostar no progresso e na esperança. Vamos trabalhar juntos pela justiça
social, igualdade e contra as mudanças climáticas. Seu sucesso vai ser do
povo brasileiro”
■ Pedro Sánchez, premiê da Espanha
“Parabéns, Lula! Sua vitória abre um novo tempo para a história da
América Latina. Um tempo de esperança e futuro que começa hoje. Aqui
você tem um parceiro para trabalhar e sonhar alto com a boa vida de
nossos povos”
■ Alberto Fernández, presidente da Argentina
“O presidente da República felicita o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pela eleição como presidente da República Federativa do Brasil, com a
certeza de que o mandato, que vai iniciar em janeiro próximo,
corresponderá a um período promissor nas relações fraternais entre os
povos brasileiro e português e por isso também entre os dois Estados”
■ Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal
"Ganhou Lula, bendito povo do Brasil. Haverá igualdade e humanismo"
■ Andrés Manuel López Obrador, presidente do México
“Lula. Alegria!”
■ Gabriel Boric, presidente do Chile
“Viva Lujla”
■ Gustavo Petro, presidente da Colômbia
“Meu reconhecimento ao povo do Brasil por uma grande jornada
democrática nas eleições2022. Felicito o novo presidente @LulaOficial
por sua vitória. Conte com a OEA para trabalhar no fortalecimento da
democracia, direitos humanos, segurança e desenvolvimento da
nossa região”
■ Luís Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA)
A escolha feita pelo povo nas urnas precisa
ser respeitada. Isso depende do candidato
derrotado, mas, sobretudo, da força das
instituições e da maioria da sociedade”
dade da vida nacional. Teremos um pe- sem os trilhos das mazelas atuais. En-
ríodo de transição de dois meses, no tretanto, os problemas que estão na
qual a cooperação entre o atual gover- esfera do comportamento, dos costu-
no e a equipe de transição do presiden- mes, da tradição, das religiões são de
te eleito será fundamental. As sequelas ordem subjetiva.
da disputa eleitoral serão duradouras, Entretanto, os grandes problemas
mas as feridas precisam ter cicatrização nacionais são de ordem objetiva, estão
acelerada. A sociedade sangra com as na esfera das nossa realidade, impacta-
disputas entre familiares e amigos, di- da pela globalização da economia, as
vergências que perdurarão, mas não novas tecnologias, as novas formas de
comportam inimizades e violências. produção, os novos laços sociais. Nos-
A democracia tem dois pilares, a al- sa integração à economia mundial per-
ternância de poder e o direito ao dis- de complexidade em termos de balan-
senso das minorias. É preciso respeitá- ça comercial. Nossa vocação natural de
los, de um lado os que hoje estão no produtor de commodities de minérios
poder, de outro os que vão assumi-lo. e alimentos na divisão internacional
Diante de uma grande encruzilhada, o do trabalho é uma vantagem estratégi-
país tem um longo caminho a seguir. ca, porém não basta para assegurar o
Não se trata apenas do bem-estar ime- nosso pleno desenvolvimento.
diato, por todos almejado, mas de Temos graves deficiências de in-
construir um futuro melhor para as fu- fraestrutura e é flagrante a deteriora-
turas gerações, diante de um mundo ção do nosso padrão de urbanização.
no qual as mudanças ocorrem numa As abissais desigualdades sociais são
velocidade que muitos não conse- agravadas pela precarização do traba-
guem acompanhar. lho e por nosso secular racismo estru-
Num cenário desses, a reação de
muitos, quiçá até da maioria, é tentar
tural. Velhas práticas políticas patrimo-
nialistas, clientelísticas e fisiológicas,
congelar o tempo ou fazê-lo andar em contradição com o Estado demo-
para trás. Isso não é possível. As ideias crático de direito e suas instituições,
reacionárias vêm de um passado enfraquecem o nosso sistema político
imaginário, no qual os velhos proble- e corrompe os partidos. Ninguém en-
mas são apagados, como se não fos- frenta essas tarefas sozinho.
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8 POLÍTICA
Os desafios de Lula
É
da ordem política e não eco-
nômica ou de qualquer outra
natureza a mãe de todas as
tarefas de Luiz Inácio Lula da
Silva. O futuro governo será
confrontado pelo desequilíbrio fiscal;
pela inflação persistente; pelo ainda
maior enfraquecimento do pacto fede-
rativo; e por demandas sociais premen-
tes como a disseminação da fome, a de-
vastação de florestas, em meio ao des-
monte dos órgãos ambientais e ata-
ques por atividades ilegais aos povos
indígenas; a desintegração da educação
pública fundamental e média, o suca-
teamento das universidades federais e
da pesquisa em ciência e tecnologia.
São investimentos vitais que não ca-
bem no Orçamento da União, engessa-
do pela medida constitucional do teto
de gastos, solenemente ignorada por
Jair Bolsonaro para implementar às
vésperas da eleição políticas com po-
tencial de melhorar o seu desempenho.
Tantos problemas são agravados
pelo contexto político: o Brasil está
perturbado por uma militância de ex-
trema-direita barulhenta e armada;
um Congresso Nacional que seques-
trou o Orçamento da União e cobrará
o preço para pactuá-lo com o Execu-
tivo; pela resistência militar em de-
volver a gestão do país aos civis; além
da politização e aparelhamento de ór-
gãos de controle. Um cobertor tão
curto para acolher tal dimensão de
desafios setoriais só pode ser solucio-
nado pela política, em pacto nacional
alinhavado em torno de valores de-
mocráticos, sociais e ambientais. Em
seu favor, Lula, que conta com apoio
de governantes que combatem, em
vários países, a ascensão da extrema-
direita, tem a reconhecida habilidade
para a articulação política. Ao longo
da campanha, já antevendo o que o
espera, assim como também proces-
sando a baixa tolerância a desvios do
chamado “mercado” com eleitos de
imagem colada mais à esquerda, reor-
denou o seu núcleo político de apoio
em amplo espectro ideológico da es-
querda à direita.
Após a experiência com um presi-
dente da República que, em quatro
anos, dedicou-se a atacar as institui-
ções democráticas e a proferir declara-
ções desastrosas com impacto em vá-
rias dimensões da vida brasileira, é na
política que vão se resolver os proble-
mas da economia. “Lula é experiente,
construiu uma frente ampla durante
a campanha, não se trata apenas de
uma frente eleitoral, mas, antes, sinali-
za as condições de governabilidade”,
afirma o economista Paulo Nogueira
Batista Júnior, que foi vice-presidente
do Novo Banco de Desenvolvimento
(NBD), estabelecido pelos Brics, em
Xangai (2015-2017) e diretor-executi-
vo pelo Brasil e outros países no FMI,
em Washington (2007-2015). Opinião
semelhante manifesta o economista
Benito Adelmo Salomão Neto, doutor
pela Universidade Federal de Uberlân-
dia e um dos organizadores do livro
“Retomada do desenvolvimento”
(Fundação Astrojildo Pereira, 2022).
E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A ,
“Lula abriu diálogo já na campanha
com forças políticas fora de seu espec-
tro partidário, reunindo apoios que
vão de Luciana Genro e Guilherme
Boulos a Geraldo Alckmin e Henrique
Meirelles. Esta é a maior demonstra-
ção de sua habilidade”, acrescenta.
No curto prazo, há boas e más notí-
cias para o futuro governo. As boas no-
tícias apontam para um PIB que deve
crescer em 2023 mais do que o previs-
to pelos analistas no início do ano; e o
desemprego, embora continue alto,
menor em relação ao pico. “No setor
externo, a balança de pagamentos é
favorável e as reservas internacionais
caíram, mas continuam altas”, afirma
Paulo Nogueira Batista. Mas há proble-
mas conjunturais graves: a começar
pela inflação persistente, contida à
véspera das eleições pela concessão de
subsídios para o combustível, telefo-
nia, transporte público e a energia, dis-
torcendo o IPCA. “A inflação caiu nos
últimos meses por medidas temporá-
rias, de contenção de certos preços co-
mo combustível e energia elétrica.
Mas a inflação subjacente continua al-
ta”, considera Paulo Nogueira Batista.
Em articulação com Arthur Lira, Bol-
sonaro aprovou a emenda constitu-
cional com subsídio para a energia su-
ja, o que também gera um desequilí-
brio federativo, pois tira recursos dos
estados, com a intervenção sobre o
principal tributo com o qual contam
governadores, critica Benito Adelmo
Salomão Neto. Estados e municípios
perderam receitas de ICMS para finan-
ciar serviços básicos de segurança,
educação e saúde e a consequência foi
a judicialização do problema, com
ação de 11 estados junto ao Supremo
Tribunal Federal (STF), que estimam
perdas de R$ 87 milhões, além de pe-
dido de compensação.
Piorado nos últimos dois anos pelo
governo Bolsonaro, bate à porta em
2023 também o problema fiscal. “A si-
tuação fiscal do setor público conti-
nua problemática. E há várias pressões
latentes, estourando na mão do gover-
no, que foram apenas postergadas”,
sustenta Paulo Nogueira Batista Jú-
nior. A lista é longa. São demandas so-
ciais, da saúde, da educação, da ciência
e tecnologia, esta, em particular, atin-
gida pelo desmonte das universidades
públicas federais e setores de pesqui-
sa.“É preciso retomar uma política pa-
ra a ciência e tecnologia que não exis-
tiu neste governo. As próprias univer-
sidades públicas federais e centros de
pesquisa estão em modo de sobrevi-
vência, sofreram cortes em mais de
90% dos recursos. Não há concurso pa-
ra reposição de pessoal há muitos
anos, materiais e equipamentos estão
ficando obsoletos. Estamos perdendo
a infraestrutura, a força conquistada
ao longo de 60 anos. Falta tudo. Então,
primeiro estamos no módulo sobrevi-
vência, respirando quase que por apa-
relhos. Num primeiro momento, é
voltar a respirar”, assinala Marcelo
Knobel, ex- reitor da Universidade Es-
tadual de Campinas (Unicamp), pro-
fessor titular de física e divulgador
3 1 D E
ANÁLISE
BERTHA MAAKAROUN
Um cobertor tão
curto para acolher tal
dimensão de
desafios setoriais só
pode ser solucionado
pela política, em
pacto nacional
alinhavado em torno
de valores
democráticos, sociais
e ambientais
científico. Knobel prevê longos anos
para a recuperação dos danos provo-
cados sobre o setor de ciência e tecno-
logia.“Um próximo governo Lula her-
dará anos e anos sem aumentos nas
universidades e outros setores. Possi-
velmente, vai enfrentar mais greves,
dadas as dificuldades que o país en-
frenta”, acrescenta.
CONGRESSO
NACIONAL
Para programar as políticas de go-
verno e investimentos, o governo Lula
terá de se articular com o Congresso
Nacional, dominado pelo Centrão,
cooptado, nos últimos anos, pelo go-
verno Bolsonaro. Para se livrar do teto
de gastos, regra constitucional advo-
gada por Henrique Meirelles, ex-mi-
nistro da Fazenda de Michel Temer,
Bolsonaro fez aprovar a Emenda Cons-
titucional do Estado de Emergência,
que possibilita ao governo gastar por
fora do teto de gastos mais R$ 41,25 bi-
lhões até o fim deste ano. O Projeto de
Lei Orçamentária Anual (PLOA) de
2023, que está no Congresso Nacional,
aponta para a dramática compressão
dos níveis de investimentos discricio-
nários, por exemplo, em infraestrutu-
ra, pesquisa científica e políticas públi-
cas do futuro governo: o teto de gastos
primários foi estimado em R$ 1,8 tri-
lhão, sendo que, no âmbito das despe-
sas obrigatórias, as despesas alcançam
92,7% do teto, inclusive sem contem-
plar a manutenção do atual valor mí-
nimo de R$ 600 para o programa Au-
xílio Brasil. Também foram cortados
pela metade os aportes do Programa
O U T U B R O D E 2 0 2 2
Criança Feliz. Para a saúde, a proposta
orçamentária representa, em valores
reais, o menor nível de investimentos
desde 2014: em comparação com o
ano passado, quando a dotação so-
mou R$ 162,9 bilhões, a redução pre-
vista é de 10,1%, segundo nota técnica
conjunta das consultorias de Orça-
mento do Senado e da Câmara.
No amplo staff de apoiadores lulis-
tas há desde aqueles que defendem a
manutenção do teto a economistas
que advogam a sua eliminação, dando
liberdade ao governo de emitir e insti-
tuir as suas políticas de investimentos.
Também se faz presente no entorno
de Lula o grupo daqueles que pro-
põem a substituição da regra do atual
regime fiscal por outra intermediária.
“Bolsonaro já não respeitou o teto de
gastos e conduziu a política fiscal com
emendas constitucionais. O fato é que,
tal como posta na Constituição, é uma
regra inconveniente, que não tem pa-
ralelo no mundo, e precisa ser substi-
tuída”, afirma Paulo Nogueira Batista.
“Na circunstância atual, o teto teria de
ser substituído por outra regra fiscal
mais flexível. E acho que o governo Lu-
la tende a caminhar na direção desse
meio-termo”, considera ele. Seja qual
for a mudança proposta, terá de ser
aprovada no Congresso Nacional, com
dois terços de apoio exigidos nas mu-
danças constitucionais.
Além das mudanças constitucio-
nais, o governo Lula precisará repac-
tuar com o Congresso Nacional a cons-
trução mais equilibrada do Orçamen-
to da União, inclusive pondo fim a me-
canismos pouco transparentes, como
o chamado orçamento secreto, insti-
tuído no governo Bolsonaro. “O Con-
gresso se agigantou em relação ao
Executivo, praticamente sequestrou
atribuições orçamentárias que são do
Executivo. A razão é conhecida: o go-
verno Bolsonaro, fraco politicamente,
nos últimos anos foi cedendo espaço
para o Centrão. Então, este é um gran-
de problema: restabelecer as atribui-
ções constitucionais do Executivo pa-
ra que não fique subordinado à agen-
da fragmentada do Congresso”, sus-
tenta Paulo Nogueira Batista, assina-
lando que se o Congresso toma conta
do processo orçamentário, este passa
a ser conduzido por uma lógica que
não é a lógica global, mas de interesses
setoriais, regionais.
DESMILITARIZAÇÃO
DO GOVERNO
Se com o Congresso Nacional o go-
verno Lula terá por desafio repactuar
os termos da governabilidade, com as
Forças Armadas precisará negociar a
desmilitarização da administração pú-
blica.“Uma gestão militarizada contri-
buiu com a militarização da política. E
haverá resistência nas Forças Arma-
das: o alto oficialato recebeu muitos
benefícios, cargos e possibilidades de
aumento salarial”, avalia o cientista
político Pedro H. Villas Bôas Castelo
LELIS
Branco, professor associado do Insti-
tuto de Estudos Sociais e Políticos da
Universidade do Estado do Rio de Ja-
neiro (IESP-UERJ) e coordenador do la-
boratório de Estudos Políticos de De-
fesa e Segurança Pública.“Apesar de as
Forças Armadas terem grupos e ten-
sões internas fortes, há em comum
um forte senso de pragmatismo”,
acrescenta Castelo Branco. Se por um
lado, com o senso de oportunidade, os
militares vão querer manter os seus
benefícios, por outro, Lula precisará
ceder em alguns aspectos para recupe-
rar a presença civil nos ministérios,
em particular à frente do Ministério
da Defesa, aponta Castelo Branco.
Apesar das insinuações e ameaças
de Jair Bolsonaro, as Forças Armadas
vão reconhecer os resultados das urnas,
avalia Castelo Branco. Para isso, contri-
bui o posicionamento do governo Joe
Biden, que manifestou apoio público
ao sistema de votação eletrônico brasi-
leiro. Na semana passada, o Senado
americano aprovou resolução apresen-
tada por Berni Sanders e outros parla-
mentares democratas, favorável ao
rompimento de relações e assistência
militar entre países em caso de um gol-
pe.“Acredito que o comando das Forças
Armadas vá reconhecer o resultado das
urnas, apesar de Bolsonaro e seus se-
guidores”, observa o cientista político,
considerando que não é consenso, no
meio militar, o modo bolsonarista de
radicalização contra as instituições. “O
militar que age corretamente se silen-
cia e se necessário vai ter de reprimir in-
surgências, pois os custos para as For-
ças Armadas de se insurgirem, quebra-
rem a hierarquia, é muito alto. Existe
contexto internacional contrário a essa
perspectiva”, afirma.
Diferentemente do oficialato, a ba-
se militar não teve benefícios salariais
no governo Bolsonaro. “O que há é
mais uma identificação com os valo-
res, uma adesão ideológica, uma base
mais evangélica”, aponta Castelo Bran-
co, indicando três elementos que dão
força a Bolsonaro: os evangélicos, os
militares e o populismo, nessa relação
direta com os seguidores, através das
redes sociais. Nessa base militar, os
três elementos se entrelaçam. “Quan-
do as Forças Armadas se voltam para
a política, acabam fabricando inimi-
gos internos. Por isso não podem par-
ticipar da política com autonomia,
têm de se subordinar. E o populismo
tem a mesma lógica. Os líderes popu-
listas sempre se apresentam como an-
tissistema, e quando ascendem ao po-
der, seguem atacando permanente-
mente o sistema, tornam-se oposição
a si mesmos”, considera Pedro Villas
Bôas Castelo Branco.
Para o cientista político, Lula preci-
sará investir muito no fortalecimento
da democracia. “Regredimos. Por isso,
Lula vai ter de voltar a fortalecer as ins-
tituições, como os partidos políticos, a
imprensa, que são filtros importantes
numa democracia. São corpos inter-
mediários que têm por missão evitar
a chegada de um Bolsonaro ao poder”,
conclui o cientista político.
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POLÍTICA 9

Lula teve pequena vantagem entre os eleitores mineiros e ampliou com nordestinos,
enquanto o atual presidente venceu em 14 unidades federativas, mas não foi o suficiente

Minas e o Nordeste
pesam a favor de petista
ÍGOR PASSARINI No Centro-Oeste, onde locali-
GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS

zam-se o Distrito Federal, Goiás,

Adisputadosegundoturnodas
eleições entre Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), on-
tem, aconteceu estado a estado,
com cada um vencendo em 13
unidades federativas. A diferença,
a favor do atual presidente foi jus-
tamentenoDistritoFederal.Ocan-
didato derrotado também venceu
em quatro das cinco regiões do
Brasil,masnãoconseguiuimpedir
a vitória do petista, que repetiu a
vitória em Minas Gerais e em to-
dos os nove estados do Nordeste
para ultrapassar a barreira dos 60
milhõesdevotos,anteos58milhõ-
es do adversário.
Nacomparaçãocomoprimeiro
turno, a única diferença por estado
foi registrada no Amapá, na Região
Norte, onde Lula ganhou no pri-
meiroturnoeBolsonarovenceuno
segundo. Já em Minas Gerais, os
candidatos travaram a disputa
mais acirrada, com apenas 0,4% de
diferença a favor do futuro presi-
dente,queiniciaonovomandatoa
partir de 1º de janeiro de 2023.
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
Bolsonarovenceucompelomenos
58,7% dos votos em cada unidade
federativa, chegando a 65,08%. Já
Lula foi escolhido por 34,92% e
41,29% dos eleitores da região. O
atualpresidentetambémrepetiuo
feito no Sul, onde ganhou no Para-
ná, Rio Grande e Santa Catarina.
Nesteúltimoestado,adiferençafoi
de 69,27% a 30,73%.
As maiores diferenças na vota-
ção do segundo turno foram regis-
tradasemRoraima,noNorte,onde
Bolsonaro recebeu 76,08% dos vo-
tos, e no Piauí, na Região Nordeste,
no qual Lula foi o escolhido por
76,86% da população. Em São Pau-
lo, maior colégio eleitoral do país,
com 34 milhões de votos, Bolsona-
ro venceu de novo, com mais de
10% de vantagem para o petista.
Em Belo Horizonte, a votação no
segundo turno ocorreu de forma
tranquila, com poucas filas na
maioria das seções

Ž`f` <`D`@ ` ‘K”Hri

Žhk…_% h] e_ýk[Y%…] “ Wh[h “ iY%  ‘h]hk%_h kh ]ŠYk“h [Y_kh “%] …|O] eh_ ][%“h

‘h]hk%_h ²µÓÊ°ê
‘h]hk%_h ¸ÈÓ¼µê
Bolsonaro cresceu,
mas não virou
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iY% º°Óµºê iY% ²ÈÓÊ®ê
‘h]hk%_h ¾°Ó®Èê

KK iY% ²µÓ°ºê
”P ‘h]hk%_h ¾¼Óȵê
iY% µ®Ó®²ê
‘h]hk%_h ¼ÊÓʼê JOÃO VÍTOR MARQUES para o segundo turno rendeu Amapá, Amazonas e Roraima).
iY% µ¸ÓÈê frutos especialmente no Su- Até mesmo no Nordeste, re-
”f P” ‘h]hk%_h ¼ºÓ®ê Os 27 dias entre o primeiro deste, onde o presidente teve gião onde ganhou nas nove
f” e o segundo turnos das elei- 3,5 milhões de votos a mais unidades federativas, o presi-
iY% ¸ÈÓʵê iY% µµÓµ¾ê ções presidenciais mostra- do que na primeira parte da dente eleito viu Bolsonaro
‘h]hk%_h º°Ó®ºê iY% ¸ºÓ²ºê Žˆ Kc
‘h]hk%_h º¸Ó¾µê ‘h]hk%_h ¼¼Ó¼°ê ram um avanço mais acelera- disputa – metade do que con- crescer mais.
P‘ do de Jair Bolsonaro (PL) em seguiu em todo o país. São Pesou a favor do petista a
Pr Pˆ iY% µµÓ®¼ê
‘h]hk%_h ¼¼Ó®¸ê
relação a Lula (PT), que, mes- Paulo (1,9 milhão) e Minas vantagem conquistada no pri-
”Ž K` D` ”i mo diante do cenário adver- Gerais (902 mil) foram os es- meiro turno. Apesar da aproxi-
‘” Hˆ iY% ¸°Óµ°ê
fD so, conseguiu se eleger. Der- tados que apresentaram mação de Bolsonaro, Lula se
‘h]hk%_h ²ÊÓ¼Êê iY% ²¾ÓÈ¾ê ‘h]hk%_h ºÈÓ¼¾ê
iY% ¾®Ó²Êê rotado, o atual presidente foi maior crescimento numérico tornou o presidente eleito com
‘h]hk%_h ¾²Ó°°ê
iY% µ²Ó¾Èê mais eficaz na busca por vo- do candidato. a maior votação da história –
‘h]hk%_h ²ÊÓµµê ‹x ‘h]hk%_h ¼¾Ó²®ê tos no Brasil e encurtou a Na prática, Bolsonaro au- mais de 60 milhões de votos.
iY% ¾®Ó¼ºê desvantagem, mas não conse- mentou o número de votos
v` fv
‘h]hk%_h µ¸ÓÊ°ê
‘h]hk%_h ¸°Ó°Èê
guiu a prometida virada. em todas as unidades federa- ❚ EM MINAS GERAIS
iY% ¼ºÓ®¾ê iY% ¸ÊÓ¾Êê Bolsonaro conseguiu 7,1 mi- tivas. Onde perdeu no primei-
fH ‘h]hk%_h ˆH iY% ºÈÓÈ®ê
‘h]hk%_h ¸°Óʺê
lhões de eleitores a mais que ro turno, o presidente mini- LULA
‘h]hk%_h ¸°Ó²Èê º®Ó°Êê
iY% ºÈÓ®µê no primeiro turno. O cresci- mizou a derrota; onde ga-
iY% ºÈÓ¾®ê HP Ko
iY% ¸ÈÓ¼µê ‘h]hk%_h ¸µÓ¸¼ê
mento de Lula foi mais tímido, nhou, aumentou a vantagem 1º turno: 5.802.571 votos
‘h]hk%_h º°Óµºê ‘h]hk%_h ¸®Óº®ê iY% º¼Óº²ê com cerca de 3 milhões de vo- em relação ao adversário. No
iY% ºÊÓ¸Èê PK 2º turno: 6.190.960 votos
‘h]hk%_h ¸¸Ó¾ºê tos. Os dados foram compila- Amapá, conseguiu a reviravol-
iY% ººÎ²µê dos pelo Estado de Minas às ta e venceu Lula, após ficar 388.389 votos a mais
‘h]hk%_h µ®Ó¾²ê
iY% ¼ÊÓ²¼ê HŽ ‘h]hk%_h µ¾ÓºÊê 22h08 de ontem (30/10), quan- atrás em 2 de outubro.
iY% ¼²ÓµÊê do 99,99% das urnas haviam si- Por outro lado, Lula – que BOLSONARO
KH
do apuradas. Para o cálculo, le- recebeu o apoio de Simone Te-
vou-se em conta apenas a vo- bet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) 1º turno: 5.239.264 votos
‘h]hk%_h ¸µÓ¼¸ê
iY% º¼Óµ¸ê tação em cidades brasileiras. – chegou a perder votos em 2º turno: 6.141.310 votos
A estratégia bolsonarista quatro estados do Norte (Acre, 902.046 votos a mais

ANÁLISE

Contas públicas e gasto social desafiam o presidente Lula

MARCÍLIO DE MORAES
Antesmesmodedefinidaavota-
ção, o cenário já mostrava os imen-
sosdesafiosdopresidenteLuizInácio
Lula da Silva (PT) na área econômi-
ca,quevãodesdeocontroledascon-
taspúblicasedainflaçãocomapers-
pectivadedesaquecimentoem2023
até a conciliação das atividades
agropecuárias e extrativas com a
agenda de conservação ambiental,
passandopeloatendimentoa33mi-
lhões de brasileiros em situação de
insegurança alimentar e por medi-
dasparafortaleceromercadodetra-
balhado– emboraodesempregote-
nha recuado para 8,7%, ainda exis-
tem 39,1 milhões de trabalhadores
informais, sem garantias legais. Di-
namizarocrescimentodaeconomia
numambientededesaceleraçãoem
todo o mundo é outro desafio da
equipeeconômicadonovogoverno.
Controlar efetivamente a infla-
ção será o desafio inicial com o va-
lor das commodities e, principal-
mente,dopetróleopressionandoos
índicesdepreçosemtodoomundo.
No Brasil, a inflação voltou a subir
em outubro e os preços dos com-
bustíveis estão defasados em rela-
ção aos valores praticados no
exterior. Redução de impostos e li-
beração de importações podem
ser opções no caso dos alimentos.
Nos combustíveis, a intenção de-
clarada antes da campanha é
mudar a política de preços, medi-
da que exigirá negociação com o
Congresso e deve ser feita de for-
ma clara para o mercado finan-
ceiro. O aumento dos preços é um
problema mundial, mas terá que
ser controlado no país.
Com preços em alta, taxas de
juros continuam elevadas, encare-
cendo dívidas e inibindo investi-
mentos. Eleito, Lula terá como de-
safio a proposta de renegociar as
dívidas de quase 80% das famílias
que hoje têm alguma dívida no
país. Alongar e repactuar essas dí-
vidas exigirá acordo com institui-
ções financeiras, lojas e sites com-
erciais. A medida pode aliviar o or-
çamento das famílias e ter impac-
to no consumo, com efeito sobre a
economia. Mas o alcance será limi-
tado e dificilmente será suficiente
para evitar que o Produto Interno
Bruto (PIB) tenha um baixo cresci-
mento este ano.
O segundo desafio será equili-
brar as contas públicas. O Orça-
mento da União para 2023 prevê
um déficit de R$ 63,7 bi- lhões. Mas
esse valor deve subir, pressionando
a regra do teto de gastos, que o ex-
ministro Henrique Meirelles já afir-
mou será colocado em uma espé-
cie de stand by este ano. Isso por-
que, atingindo o teto, o governo
corre o risco de ver a máquina pú-
blica sem ter como funcionar. Sem
recursos orçamentários, a atração
de investimentos para infraestru-
tura e em produção são mais um
desafio do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que precisará buscar
parcerias com o setor privado pa-
ra obras em estradas, portos, ener-
gia, telecomunicações e em proje-
tos de setores estratégicos, como
fertilizantes.
E o risco fiscal cresce com a ne-
cessidade de honrar as promessas
de campanha, como a isenção do
Imposto de Renda até a faixa sala-
rial de R$ 5 mil e o pagamento do
auxílio emergencial no valor de R$
600, medidas que terão custo ele-
vado para os combalidos cofres
públicos. Apenas a correção da
tabela do IR trará uma perda
anual de arrecadação de mais de
R$ 200 bilhões, que se somam aos
R$ 51,8 bilhões de gastos a mais
para o pagamento do Auxílio
Brasil a 21,6 milhões de famílias,
sem contar a promessa de um
adicional de R$ 150 por filhos me-
nores feita durante a campanha.
O presidente Lula terá o primei-
ro ano de mandato para adotar
medidas para controlar ou enca-
minhar o controle da inflação e
das contas públicas para honrar
outro compromisso de campa-
nha: reajustar o salário mínimo
acima da inflação. Essa recompo-
sição favorece os trabalhadores e
pensionistas que recebem o menor
valor de salários no Brasil. Mas, por
outro lado, pressiona os cofres dos
municípios, sobretudo os menores,
e o caixa da Previdência Social. Ele-
vação do déficit da Previdência
pressiona os gastos públicos, difi-
cultando o equilíbrio fiscal.
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10
Com vantagem de apenas 0,4 ponto sobre o presidente Jair Bolsonaro, o candidato do PT
faz valer mais uma vez a escrita de que quem vence no estado ganha no Brasil também
Lula vence em Minas e mantém
“tradição” que já dura desde 1955
BERNARDO ESTILLAC E ÍGOR PASSARINI
Em Minas Gerais, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) voltou a vencer
no segundo turno das eleições. O
petista conseguiu 50,20% dos vo-
tos no estado contra 49,80% de
Jair Bolsonaro (PL) e manteve a
escrita de todos os candidatos à
Presidência desde 1955: quem
vence nas urnas mineiras triunfa
também no cenário nacional.
No primeiro turno, Lula tam-
bém venceu no estado, conse-
guindo cerca de 5,8 milhões de
votos, 48,29% do total. Bolsonaro,
por sua vez, foi escolhido por 5,2
milhões de eleitores, 43,6% dos
votos válidos.
Além de ser estado decisivo,
Minas também replica o cenário
nacional. A partir das eleições
presidenciais de 1989, a média da
diferença entre a disputa no esta-
do e no cômputo geral é, na mé-
dia, de três pontos percentuais.
Neste ano, o resultado nos dois
recortes foi o mais próximo.
A diferença entre a votação de
Lula em Minas e no Brasil é de
apenas 0,7 ponto porcentual. An-
tes disso, a menor variação havia
acontecido em 2014, quando Dil-
ma Rousseff (PT) foi eleita no es-
tado com 52,41% dos votos e, no
país, teve 51,64%, uma variação
de 0,77 ponto percentual.
Nos períodos democráticos,
desde 1945, quem venceu em Mi-
nas Gerais só não se tornou pre-
sidente em uma oportunidade,
Jair Bolsonaro e Romeu Zema em campanha em Belo Horizonte, na última sexta-feira: adesão sem virada
Efeito Zema foi insuficiente
para virada de Bolsonaro
Algumas horas após a apura-
ção do primeiro turno determinar
vitória de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) em Minas Gerais e decretar
que o petista iria ao segundo tur-
no com Jair Bolsonaro (PL), o can-
didato à reeleição deu entrevista
lamentando a derrota nas urnas
mineiras e dizendo que já tentava
os primeiros contatos com o go-
vernador reeleito Romeu Zema
(Novo). A confirmação da aliança
não demorou 48 horas e, na terça-
feira (4/10), Zema e Bolsonaro
anunciaram, em Brasília, que esta-
riam lado a lado no segundo tur-
no. O apoio do governador minei-
ro não se ateve ao patamar verbal
e ele mostrou engajamento na
campanha pela reeleição presi-
dencial imediatamente.
Na primeira semana do segun-
do turno, o governador organizou
duas agendas para Bolsonaro em
BeloHorizonte.Em6deoutubro,o
presidente se encontrou com em-
presários em evento promovido
pela Federação das Indústrias do
Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Seisdiasdepois,elevoltouàcapital
mineiraparaencontrocomprefei-
E STA D O D E M I N A S
em 1950. Na ocasião, Getúlio Var-
gas (PTB) foi derrotado por
Eduardo Gomes (UDN) no esta-
do, mas ganhou no Brasil.
Jair Bolsonaro (PL) quase con-
seguiu quebrar a escrita, após li-
derar a corrida durante a maior
parte da apuração das urnas. No
final, o candidato foi derrotado
pelo petista com uma diferença
de 0,4%, por 50,20% a 49,80%.
A diferença, que no primeiro
turno era superior a 500 mil vo-
tos, foi diluída com o apoio do
governador Romeu Zema (Novo),
do deputado federal eleito Niko-
las Ferreira (PL) e do futuro sena-
dor Cleitinho Azevedo (PL).
A virada de Lula em Minas só
veio após mais de duas horas e
meia após o início da apuração
e com mais de 93% das urnas
contabilizadas. A partir daí, o
petista abriu vantagem lenta-
mente até assegurar a vitória,
mantendo a escrita.
Desde 1955, foram nove elei-
ções e nove acertos dos mineiros.
Primeiro, com Juscelino Kubits-
chek (PSD), e em 1960, com Jânio
Quadros (PTN).
Após o hiato marcado pela di-
tadura militar, o resultado voltou
a se repetir nas primeiras eleições
diretas, em 1989, com a vitória de
Fernando Collor (PRN).
Na sequência, foi a vez do ex-
presidente Fernando Henrique
Cardoso, que venceu em 1994 e
em 1998, ambas no primeiro tur-
no das eleições.
tosmembrosdaAssociaçãoMinei-
ra dos Municípios (AMM).
Zema esteve com Bolsonaro
nas seis passagens do presidente
peloestadoduranteosegundotur-
no. Em palanque ao lado do presi-
dente, destacou que a aliança se
deu por aversão a Lula e se decla-
rou‘PTfóbico’. Ogovernadornãose
limitou a participar de eventos
com a presença do presidente,
também ladeando a primeira-da-
ma, Michelle, em cultos evangéli-
cosemBHeregiãometropolitana.
Na reta final da campanha, no
entanto, falou sobre a possibilida-
dedetrabalharjuntodoagorapre-
sidente eleito e voltou a falar nos
mesmos termos após o resultado
finaldaseleições.“Comoresultado
da eleição nacional, desejo sucesso
ao presidente eleito. Seguirei co-
brando que Minas seja prioridade,
como merece. Estarei aberto ao
diálogo para que o Brasil possa
crescercomtrabalho,honestidade
e respeito. Que Deus abençoe nos-
sa nação", publicou Zema, em sua
conta no Twitter ontem à noite.
O foco de Bolsonaro em Minas
e o apoio de Zema não foram sufi-
● S E G U N D A - F E I R A , 3 1 D E O U T U B R O D E 2 0 2 2
POLÍTICA
Nas quatro eleições seguintes,
foi a vez de os candidatos do Par-
tido dos Trabalhadores (PT) repe-
DISPUTAS
frc”H ˆ HISTÓRICAS NOHˆv@c‹`
` ‘K”Hri c` SEGUNDOD@Kc`
TURNO
tirem o feito em Minas Gerais: Žh~e%_%|›h “% Wh[%|›h “]“ % _“~hý_%[…7%|›h “h e%s]
duas vezes com Lula (2002 e
2006) e duas vezes com Dilma
Rousseff (2010 e 2014).
©frc”H
Já em 2018, Bolsonaro derro- ¸¸Ó¸¾ê ººÓº°ê µµÓº¸ê ¼¼Ó¸¸ê
tou Fernando Haddad no segun-
do turno das eleições no estado e
Žhh_ iY% iY% H__%
no Brasil.
“Isso é um dado, todo mundo
que ganha eleição, ganha em Mi-
nas. A única explicação plausível È®°® ¾Êʾ
para isso é que Minas é uma es-
pécie de microcosmos do Brasil”,
apontou o pesquisador Carlos µ¸ÓÈ®ê ¼ºÓ°Èê ¸°Óº¸ê ºÈÓ¸¸ê
Ranulfo, professor titular aposen-
tado do Departamento de Ciên- iY% ”ý~…k ‹…~% H__%
cia Política da UFMG e membro
do Observatório das Eleições.
Para o pesquisador, a hetero-
geneidade do estado e a conso-
nância de algumas regiões com
¾Êʵ ¾ÊÈÊ
territórios limítrofes fazem com
que Minas seja um bom termô- ¸¾ÓºÈê º²Ó¸®ê ¸°ÓÈ®ê ºÈÓ°Èê
metro para medir quem vai levar
a melhor no cenário nacional. ‹…~% ”zý…h ‘h]hk%_h t%““%“
“O estado de Minas Gerais
tem muitas relações com outros
pontos do país. As regiões mais
ao Norte têm algo de nordestino;
as regiões de Poços de Caldas e ¾ÊȺ ¾ÊÈ°
Pouso Alegre são muito influen-
ciadas por São Paulo; Juiz de Fora
é mais carioca. O Triângulo Mi-
neiro é uma região à parte: pela ¸ÊÓ¾ê º®Ó°ê
questão do agro, tem influência
tanto de São Paulo como do Cen-
i@i” ‘`iH`c”K`
tro-Oeste. São regiões muito dis-
tintas”, explicou.
JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS
¾Ê¾¾
©‘K”Hri
¸¼ÓÊ¼ê ºµÓ®²ê µÈÓ¾²ê ¼°Ó²¼ê
Žhh_ iY% iY% H__%
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µÊÓ°¼ê ¼®ÓÈ²ê ¸µÓÊ¸ê º¼Ó®¸ê
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¾Êʵ ¾ÊÈÊ
¸ÈÓµºê
‹…~%
º°Ó¼µê
”zý…h
¸¸Óȼê
‘h]hk%_h
ººÓ°²ê
t%““%“
cientes para que o presidente em
campanha pela reeleição conse-
guissevenceremMinase,porcon-
seguinte, lograr uma virada inédi-
¾ÊȺ ¾ÊÈ°
ta no país. No entanto, a disputa
nas urnas do estado foi mais aper-
tada do que no primeiro turno. Na ¸ÊÓ® ê i@i” º®ÓÈê ‘`iH`c”K`
primeira votação, Lula venceu em
Minas com 48,29% dos votos váli-
dos, contra 43,60% de Bolsonaro.
Nosegundoturno,adiferença,que
era de 4,69 pontos percentuais,
caiu para apenas 0,4. Bolsonaro
conseguiu cerca de 900 mil votos a
mais na segunda rodada.
¾Ê¾¾
EmboraoapoiodeZematenha
sido apontado como importante
para conseguir alianças com pre- maior bancada da casa, com nove noestado.“Jávirou.Agenteteveali tar ao governador a esperança de
feitos e conquistar votos no inte- parlamentares eleitos. O PL minei- uma força muito grande do Zema, uma virada em Minas. Bruno En-
rior, foi na Grande BH que o candi- rotambémteveêxitosnoCongres- que entrou de cabeça na campa- gler (PL), eleito para a Câmara dos
dato do PL teve desempenho me- so Nacional e os nomes vitoriosos nha do presidente. Fizemos um Deputados, também se disse certo
lhor, conseguindo cerca de 1,6 mi- também fizeram parte da campa- movimento de 600 prefeitos fe- da vitória nas urnas mineiras. “A
lhão de votos, contra 1,4 milhão de nha ativamente. chados com Bolsonaro e Zema [...] gente tem convicção da virada em
Lula. Nas cidades do interior como Deputado federal mais votado Asensaçãoédequeagentenãoga- Minas Gerais pela maneira como
um todo, Lula levou a melhor. do Brasil, Nikolas Ferreira (PL) co- nhou no primeiro jogo e está se- Zema entrou na campanha no se-
AaliançaentreZemaaBolsona- memorou a entrada de Zema na candooresultadonosegundo.Oti- gundoturno, firmeemuitoatuan-
ro foi condicionada, entre outros campanha e apostou na virada, me fica muito mais animado. O te, pela maneira como os prefeitos
fatores,aoapoiodosdeputadosdo vinculando-aaotrabalhodogover- pessoal está muito mais animado entraram em campo neste segun-
PLnaAssembleiaLegislativadeMi- nador. Em entrevista à Jovem Pan agora do que eu acredito no pri- do turno”, afirmou o deputado no
nas Gerais (ALMG). O partido do adoisdiasdosegundoturno,opar- meiro turno”, afirmou. sábado, antes da última passagem
presidente conseguiu a segunda lamentar chegou a cravar a vitória Nikolas não foi o único a credi- do presidente por Belo Horizonte.
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POLÍTICA 11

Lula continuou como o favorito dos mineiros, mas a margem de frente sobre o
atual presidente foi pequena: 50,2% a 49,8% – foram 49.650 votos de diferença

Como Minas votou

BERNARDO ESTILLAC E MARIANA COSTA
OS VOTOS NAS 10
Desde 1955, todas as eleições demo-
cráticas para presidente tiveram vence- CIDADES MAIS
dor igual em Minas Gerais e no cenário
nacional. Apostando na característica do
POPULOSAS
estado como um espelho do país, Luiz Os candidatos visitaram seis
Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro delas no 2º turno, além de
(PL) fizeram várias visitas durante a Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Montes Claros
campanha do segundo turno. Nesse do- Confira o resultado nos dois
mingo,Lulafoiescolhidopor50,2%doselei- turnos
tores mineiros, enquanto 49,8% optaram
Teófilo Otoni
porBolsonaro.
Apoiado pelo governador reeleito,
Romeu Zema (Novo), e ladeado por no-
mes que tiveram sucesso nas eleições, Governador Valadares
como o senador eleito Cleitinho Azeve- Uberlândia
Ribeirão
do (PSC) e os deputados federais eleitos das Neves Ipatinga
Nikolas Ferreira (PL), Bruno Engler (PL) e Uberaba
Marcelo Álvaro Antônio, Bolsonaro fez Betim Belo Horizonte
seis viagens a Minas na campanha de se-
gundo turno. Contagem
Em Governador Valadares, Bolsonaro BELO HORIZONTE
liderou tanto no primeiro quanto no se- 1° turno
gundo turno. No primeiro, o atual presi- Bolsonaro: 46,60%
ONDE ESTEVE ONDE ESTEVE
dente teve 57,62% dos votos, contra Lula: 42,53%
Juiz de Fora BOLSONARO LULA
36,36% do petista. Já no segundo, o pla- 2° turno
car foi de 62,81% para Bolsonaro, contra Bolsonaro: 54,25%
37,19% de Lula. Já em Juiz de Fora, o pe- Lula: 45,75%
tista também foi vitorioso nos dois tur-
nos. No primeiro, Lula teve 52,62% e Bol- TEÓFILO OTONI CONTAGEM BETIM RIBEIRÃO DAS NEVES GOVERNADOR VALADARES
sonaro 38,41%. No segundo, o placar fi- 1° turno 1° turno 1° turno 1° turno 1° turno
cou 56,09% para o petista e 43,91% para Bolsonaro: 45,34% Bolsonaro: 46,37% Lula: 52,62% Lula: 49,31% Bolsonaro: 57,62%
o atual presidente. Lula: 48,74% Lula: 44,69% Bolsonaro: 38,41% Bolsonaro: 42,74% Lula: 36,36%
Em Montes Claros, Bolsonaro tirou a 2° turno 2° turno 2° turno 2° turno 2° turno
diferença e conseguiu reverter a disputa Bolsonaro: 49,82% Bolsonaro: 55,49% Bolsonaro: 52,43% Lula: 50,63% Bolsonaro: 62,81%
no segundo turno, com 51,25% a 48,75%. Lula: 50,18% Lula: 44,51% Lula: 47,57% Bolsonaro: 49,37% Lula: 37,19%
Na primeira etapa, Lula tinha 46,63% e
Bolsonaro 44,90%. UBERLÂNDIA JUIZ DE FORA MONTES CLAROS UBERABA IPATINGA
Em Teófilo Otoni, o petista manteve 1° turno 1° turno 1° turno 1° turno 1° turno
a liderança. No primeiro turno, foram Bolsonaro: 46,37% Lula: 52,62% Lula: 46,63% Bolsonaro: 46,96% Bolsonaro: 59,40%
48,74% contra 45,34% de Bolsonaro. Já Lula: 44,69% Bolsonaro: 38,41% Bolsonaro: 44,90% Lula: 44,15% Lula: 33,88%
no segundo, o placar ficou em 50,18% 2° turno 2° turno 2° turno 2° turno 2° turno
para o petista e 49,82% para o atual pre- Bolsonaro: 53,12% Lula: 56,09% Bolsonaro: 51,25% Bolsonaro: 54,02% Bolsonaro: 65,12%
sidente. Lula: 46,88% Bolsonaro: 43,91% Lula: 48,75% Lula: 45,98% Lula: 34,88%
Em Uberlândia, Bolsonaro liderou
nos dois turnos. No primeiro, ele teve

Bolsonaro mantém preferência na Grande BH

46,37%, contra 44,69% de Lula. No segun-
do, o placar foi 53,12% contra 46,88%.

MENOS VIAGENS Lula fez menos via-

gens para Minas Gerais, passando pe- SAMUEL RESENDE A maior diferença favorável a Lula foi votos (6,19 milhões), contra 49,8% (6,14 aproximadamente 703 mil eleitores.
lo estado em três oportunidades. O registrada em Raposos: 62,54% a 37,46%. milhões). No primeiro turno, Bolsonaro tam-
petista foi acompanhado por parla- Derrotado na eleição presidencial de Por sua vez, Bolsonaro ganhou com fol- Com 99,99% das urnas apuradas, Lula bém venceu na capital mineira, mas com
mentares eleitos pelo PT, que garantiu domingo (30/10), Jair Bolsonaro (PL) ficou ga em Lagoa Santa: 61,52% a 38,48%. venceu a eleição ao alcançar 50,9% dos uma diferença de 4%, contra quase 10%
a maior bancada da Assembleia Legis- à frente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Em Betim e Santa Luzia, foram regis- votos válidos (60.345.825). Escolhido por no segundo. Além disso, o atual presiden-
lativa de Minas Gerais (ALMG) e a se- considerando os votos dos eleitores da tradas viradas de Bolsonaro sobre Lula. O 58.206.322 pessoas (49,1%), Bolsonaro te recebeu 135 mil votos a mais, enquan-
gunda maior entre representantes mi- Região Metropolitana de Belo Horizonte. presidente também venceu em Conta- não conseguiu o segundo mandato. to o futuro líder do país aumentou em
neiros na Câmara dos Deputados. No segundo turno, o chefe do Executivo gem, segundo maior colégio eleitoral da aproximadamente 65 mil seus números.
A senadora Simone Tebet (MDB) fez teve cerca de 1,66 milhão de votos válidos RMBH, cuja prefeita, Marília Campos, é NA CAPITAL Mesmo derrotado nacional- Jair Bolsonaro encerrou, nesse sábado,
os primeiros atos públicos ao lado de (53%), contra 1,47 milhão de Lula (47%). do Partido dos Trabalhadores. mente e em Minas Gerais, Jair Bolsonaro sua campanha por Minas Gerais em se-
Lula em Minas e o petista também foi Em comparação ao primeiro turno, A Grande BH foi responsável por 3,1 (PL) ampliou a margem de votos para Lu- gundo turno marcado por esforços con-
apoiado pelo prefeito da capital, Fuad Bolsonaro ganhou 255 mil votos na RM- milhões de votos válidos no segundo tur- la (PT) em Belo Horizonte. Nesse domingo centrados no estado. O presidente esteve
Noman (PSD), e Alexandre Kalil (PSD), BH, enquanto Lula foi votado por mais de no. Em todo o território de Minas Gerais, (30/10), o candidato à reeleição recebeu em Belo Horizonte pela quarta vez e reu-
que disputou o governo do estado 114 mil pessoas. Ambos aumentaram o Lula ultrapassou Bolsonaro na reta final 54,25% dos votos, cerca de 834 mil, contra niu apoiadores em motocarreata que
apoiado pelo petista. número de eleitores em todas as cidades. da apuração e encerrou com 50,2% dos 46,75% do petista, que foi o escolhido de atravessou a cidade durante a manhã.
O petista também passou por Juiz
de Fora, na Zona da Mata. Outro muni-
cípio visitado foi Ribeirão das Neves, na
Grande BH. No primeiro turno, Lula te- VOTAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA
ve 49,31% e Bolsonaro, 42,74%. No se- LULA BOLSONARO
gundo turno, o placar foi de 50,63% pa-
ra o petista e 49,37% para o atual presi-
dente. A outra cidade visitada por Lula 1º TURNO 2º TURNO 1º TURNO 2º TURNO
foi Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. CIDADE VOTOS PERCENTUAL VOTOS PERCENTUAL VOTOS PERCENTUAL VOTOS PERCENTUAL
1 1 Baldim 2.670 50,12% 2.808 51,73% 2.160 40,55% 2.620 48,27%
MAIS POPULOSAS O presidente Jair 2 Belo Horizonte 638.002 42,53% 703.755 45,75% 699.105 46,60% 834.548 54,25%
Bolsonaro venceu em oito das 10 cida- 3 Betim 106.684 45,78% 112.360 47,57% 105.877 45,43% 112.360 47,57%
des mais populosas de Minas Gerais. 4 Brumadinho 11.438 46,77% 12.280 49,18% 10.520 43,02% 12.689 50,82%
15
Apesar disso, perdeu no estado. No 20 5 Caeté 12.904 50,66% 14.026 54,26% 9.555 37,51% 11.825 45,74%
primeiro turno, ele venceu em seis de- 6 6 Capim Branco 2.589 41,72% 2.736 42,87% 3.083 49,68% 3.646 57,13%
las, incluindo a capital, Belo Hori- 7 Confins 2.253 42,13% 2.403 44,68% 2.649 49,53% 2.975 55,32%
zonte. No segundo turno, Lula teve 23 7 17 33 8 Contagem 151.516 42,15% 162.786 44,51% 171.682 47,76% 202.910 55,49%
50,20%, contra 49,80% de Bolsonaro. 31 22 9 Esmeraldas 20.127 51,84% 21.117 53,02% 15.575 40,12% 18.715 46,98%
9 10 Florestal
No primeiro turno, Bolsonaro 34 2.436 48,48% 2.699 52,61% 2.086 41,51% 2.431 47,39%
25 29
venceu nas seguintes cidades: Be- 11 Ibirité 46.074 48,13% 48.879 49,81% 41.359 43,21% 49.261 50,19%
lo Horizonte, Uberlândia, Conta- 10 12 Igarapé 10.933 45,89% 11.642 47,72% 10.839 45,49% 12.752 52,28%
gem, Uberaba, Governador Vala- 8 28 5 13 Itaguara 3.502 43,36% 3.849 45,88% 3602 44,60% 4.541 54,12%
2
dares e Ipatinga. Já Lula ficou na 16 3 14 Itatiaiuçu 3.008 38,66% 3.225 40,11% 4.210 54,11% 4.815 59,89%
frente em quatro: Juiz de Fora, 24 15 Jaboticatubas 5.715 50,42% 6.176 52,94% 4.555 40,19% 5.490 47,06%
19 11
Betim, Montes Claros e Ribeirão 12 32 21 16 Juatuba 8.171 47,54% 8.576 49,13% 7.538 43,86% 8.879 50,87%
30 18
das Neves. 26 17 Lagoa Santa 13.752 36,07% 14.906 38,48% 20.728 54,36% 23.835 61,52%
No segundo turno, Bolsonaro 18 Mário Campos 4.270 45,59% 4.604 47,55% 4.297 45,88% 5.079 52,45%
14 4 Mateus Leme
venceu em oito delas: Belo Ho- 19 9.045 45,82% 9.570 47,06% 8.957 45,37% 10.764 52,94%
rizonte, Uberlândia, Conta- 20 Matozinhos 10.803 47,89% 11.329 49,15% 9.629 42,68% 11.720 50,85%
27
gem, Betim, Montes Cla- 21 Nova Lima 27.956 47,60% 30.489 51,13% 24.108 41,05% 29.146 48,87%
ros, Uberaba, Governador 22 Nova União 2.309 57,73% 2.437 58,33% 1.354 33,85% 1.741 41,67%
Valadares e Ipatinga. En- 23 Pedro Leopoldo 15.871 42,50% 17.093 44,80% 17.728 47,47% 21.063 55,20%
quanto Lula ficou na fren- SERRA DA SAUDADE Os eleitores de Ser- 24 Raposos 6.145 58,11% 6.711 62,54% 3.220 30,45% 4.020 37,46%
te em Juiz de Fora e Ribeirão ra da Saudade, o menor município do 25 Ribeirão das Neves 81.560 49,31% 86.681 50,63% 70.704 42,74% 84.526 49,37%
das Neves. Brasil, votaram em sua maioria em Jair 26 Rio Acima 3.548 52,93% 3.754 54,83% 2.502 37,33% 3.093 45,17%
Bolsonaro aumentou a diferença Bolsonaro (PL). A cidade fica na Região 27 Rio Manso 1.987 54,72% 2.092 56,40% 1.330 36,63% 1.617 43,60%
para Lula no segundo turno nas se- Central de Minas Gerais. Com 100% das 28 Sabará 35.019 47,95% 38.119 50,59% 30.855 42,25% 37.228 49,41%
guintes cidades: Belo Horizonte, Uber- urnas do município apuradas, o presi- 29 Santa Luzia 59.518 46,12% 63.793 48,24% 57.627 44,66% 68.438 51,76%
lândia, Contagem, Uberaba, Governa- dente obteve 441 votos, 53,85% do total. 30 São Joaquim de Bicas 8.235 52,13% 8.703 53,78% 6.394 40,48% 7.479 46,22%
dor Valadares e Ipatinga. E conquistou Lula teve 46,15% dos votos (378) e nu- 31 São José da Lapa 6.766 43,86% 7.131 45,52% 7.307 47,37% 8.535 54,48%
a primeira posição nos municípios de los/brancos foram 2,85%, 24 votos. A ci- 32 Sarzedo 8.277 42,69% 8.813 44,03% 9.481 48,90% 11.201 55,97%
Betim e Montes Claros. Já Lula tam- dade tem 1.107 eleitores, de acordo com 33 Taquaraçu de Minas 1.527 43,54% 1.754 48,00% 1.638 46,71% 1.900 52,00%
bém aumentou a diferença em Juiz de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sen- 34 Vespasiano 31.416 46,70% 33.067 47,91% 30.471 45,29% 35.946 52,09%
Fora e Ribeirão das Neves. do também o menor eleitorado do país. TOTAL 1.356.026 1.470.363 1.402.725 1.657.788
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12
Reviravoltas no segundo turno ocorreram no Rio Grande do Sul, Pernambuco, Sergipe e
Mato Grosso do Sul. Reeleição bate recorde, com permanência de 18 governadores no cargo
COMO FICOU O BRASIL
ELEITOS NO 1º TURNO
PARÁ
Helder Barbalho (MDB) -70,4%
RORAIMA
Antonio Denarium (PP)-56,47%
AMAZONAS
WilsonLima(UniãoBrasil) -56,66%
Eduardo Braga (MDB)-43,34%
ACRE
Gladson Cameli (PP)-56,7%
RONDÔNIA
MarcosRocha(UniãoBrasil)-52,47%
Marcos Rogerio (PL) -47,53%
MATO GROSSO
MauroMendes(UniãoBrasil)-68,5%
MATO GROSSO DO SUL
Eduardo Riedel (PSDB) - 56,9%
Capitão Contar (PRTB)-43,1%
RIO GRANDE DO SUL
Eduardo Leite (PSDB) - 57,12%
Onyx Lorenzoni (PL) - 42,88%
Disputa pelo governo teve
viradas em quatro estados
JOÃO PEDRO PITOMBO,
VICTORIA DAMASCENO E
RAFAEL BALAGO
As eleições para governos es-
taduais registraram viradas do
primeiro para o segundo turno
em quatro estados: Rio Grande
do Sul, Pernambuco, Mato Gros-
so do Sul e Sergipe. No domingo
(30/11), houve doze eleições pa-
ra governadores.
Dos quatro governadores que se
elegeram após reviravoltas, três são
do PSDB, desempenho que faz o
partido ganhar novo fôlego após a
amarga derrota em São Paulo, onde
o governador Rodrigo Garcia (PSDB)
foi derrotado ainda no primeiro
turno, encerrando a hegemonia tu-
cana de 28 anos.
Desde o pleito de 1998, ocorre-
ram 19 viradas entre o primeiro e
o segundo turno em eleições para
governos estaduais.
O recorde foi em 2014, com cin-
co reviravoltas. Na última eleição,
em 2018, ocorreram duas viradas,
ambas lideradas por aliados de Jair
Bolsonaro (PL).
No Rio Grande do Sul, Eduardo
E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A ,
ELEITOS NO 2º TURNO
AMAPÁ
Clécio Luís (Solidariedade) -50,7%
TOCANTINS
WanderleiBarbosa(Republicanos)-58%
GOIÁS
RonaldoCaiado(UniãoBrasil)-51,8%
SANTA CATARINA
JorginhoMello(PL)- 70,69%
DécioLima(PT)-29,31%
PARANÁ
Ratinho Júnior (PSD)-69,64%
Leite (PSDB) virou sobre Onyx Lo-
renzoni (PL) e vai governar o esta-
do por mais um mandato. Outra
reviravolta tucana ocorreu em Per-
nambuco, onde a ex-prefeita de
Caruaru Raquel Lyra (PSDB) derro-
tou a deputada federal Marília Ar-
raes (Solidariedade).
Em Mato Grosso do Sul, Capitão
Contar (PRTB) teve no primeiro tur-
no 26,7% dos votos – apenas 22.394
a mais do que o tucano Eduardo
Riedel, que somou 25,16%.
O tucano virou no segundo tur-
no, vencendo com 56,9% de prefe-
rência, somando 808.210 votos.
É a primeira vez que Riedel con-
corre a um cargo eletivo. Ele foi se-
cretário de Governo e de Infraes-
trutura do atual governador, Rei-
naldo Azambuja (PSDB), que ele-
geu o sucessor apesar de o empre-
sário ser considerado desconheci-
do para a maioria da população.
Neste segundo turno, Riedel te-
ve como uma de suas principais
cabos eleitorais a ex-ministra da
Agricultura de Bolsonaro e senado-
ra eleita Tereza Cristina (PP). Tam-
bém foi apoiado por Simone Tebet
(MDB), que ficou em terceiro lugar
3 1 D E O U T U B R O D E 2 0 2 2
POLÍTICA
MARANHÃO PIAUÍ
Carlos Brandão (PSB)-51,2% Rafael Fonteles (PT)- 57,1%
MINAS GERAIS
Romeu Zema (Novo)-56,2%
SÃO PAULO
TarcísiodeFreitas(Republicanos)-55,27%
Fernando Haddad (PT)-44,73%
FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
na disputa pela Presidência.
Contar, por sua vez, cresceu na
reta final e desbancou candidatos
tidos como favoritos após receber
o apoio do presidente Jair Bolso-
naro (PL) durante o debate da TV
Globo. Na ocasião, o presidente
falou sobre o assunto após provo-
cado pela candidata do União Bra-
sil, a senadora Soraya Thronicke.
Em Sergipe, o empresário Fá-
bio Mitidieri (PSD) derrotou o se-
nador Rogério Carvalho (PT). No
primeiro turno, Carvalho havia
obtido 44,7% dos votos, contra
38,9% de Mitidieri, diferença de
43 mil votos. Desta vez, o pesse-
dista teve 51,7% dos votos e Rogé-
rio, 48,3%.
Mitidieri declarou apoio ao ex-
presidente Lula (PT), o que acirrou
o embate com o adversário petista,
que acionou a Justiça Eleitoral. A
ação impediu o candidato do PSD
de usar a imagem de Lula em ma-
teriais de campanha.
A estratégia de Mitidieri con-
sistiu em atrair o eleitorado de
conservadores e progressistas.
O governador Renato Casagrande, Para isso, defendeu que “o voto
do PSB, foi reeleito no Espírito Santo não é agarrado”.
CEARÁ
Elmano de Freitas (PT) -54%
RIO GRANDE DO NORTE
Fátima Bezerra (PT)- 58,31%
PARAÍBA
João Azevedo (PSB) - 52,5%
PedroCunhaLima(PSDB) - 47,49%
PERNAMBUCO
Raquel Lyra (PSDB)- 58,7%
MaríliaArraes(Solidariedade)-41,3%
ALAGOAS
Paulo Dantas (MDB) - 52,33%
RodrigoCunha(UniãoBrasil)-47,67%
SERGIPE
Fábio Mitidieri (PSD) -51,7%
Rogério Carvalho (PT)-48,3%
BAHIA
JerônimoRodrigues(PT)-52,79%
ACM Neto (União Brasil)-47,21%
DISTRITO FEDERAL
Ibaneis Rocha (MDB) -50,3%
ESPÍRITO SANTO
Renato Casagrande (PSB) - 53,8%
Manato (PL)-46,2%
RIO DE JANEIRO
Cláudio Castro (PL)-58,7%
O PT e União Brasil governarão
mais estados: quatro cada um. PSB,
PSDB e MDB fizeram três gover-
nadores cada.
Os seis governadores que dispu-
taram a reeleição neste domingo
conseguiram se reeleger – três de-
les apoiadores do presidente eleito
Lula (PT), dois do presidente Jair
Bolsonaro (PL) e um neutro.
ESQUERDA Os vencedores liga-
dos à esquerda foram Paulo
Dantas (MDB), em Alagoas, Re-
nato Casagrande (PSB), no Espí-
rito Santo, e João Azevedo (PSB),
na Paraíba.
Os apoiadores de Jair Bolsona-
ro eleitos foram Wilson Lima
(União Brasil), no Amazonas, e
Marcos Rocha (União Brasil), em
Roraima. Eduardo Leite (PSDB),
no Rio Grande do Sul, ficou neu-
tro na eleição presidencial.
Somando os resultados do pri-
meiro turno, 18 governadores fo-
ram reeleitos em 2022. É a maior ta-
xa registrada desde 1998, quando a
reeleição foi instaurada. Em 2018,
apenas 10 conseguiram se manter
no cargo. (Folhapress)
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Novo governador de São Paulo, apoiado por Jair Bolsonaro, encerra três décadas de
domínio tucano no estado. Carioca mudou domicílio para São José dos Campos, em 2021
Tarcísio de Freitas vence
Fernando Haddad em SP
CAROLINA LINHARES, CARLOS PETROCILO
E M ARIANA ZYLBERKAN
São Paulo – O ex-ministro
Tarcísio de Freitas (Republica-
nos), de 47 anos, foi eleito o novo
governador de São Paulo, com
55,27% dos votos válidos, derro-
tando Fernando Haddad (PT),
com 44,73%, e pondo fim a 28
anos de hegemonia do PSDB no
Palácio dos Bandeirantes.
AcandidaturadeTarcísiofoipa-
trocinada pelo presidente Jair Bol-
sonaro (PL), que designou seu au-
xiliarnapastadaInfraestruturapa-
ra concorrer em São Paulo, apesar
deoex-ministroternascidonoRio
de Janeiro e vivido em Brasília.
A vitória só não foi completa
porque Bolsonaro perdeu a Pre-
sidência da República para Luiz
Inácio Lula da Silva. São Paulo se-
rá estratégico para dar vida ao
bolsonarismo até 2026. O vice-
governador eleito, Felicio Ramu-
th (PSD), é ex-prefeito de São Jo-
sé dos Campos (SP).
MAIORIA O novo governador terá
ampla maioria na Assembleia Le-
gislativa de São Paulo – os partidos
queoapoiamsomam63das94ca-
deiras da Casa.
Tarcísio foi eleito em meio à in-
vestigação a respeito de um tiro-
teio que interrompeu sua agenda
em Paraisópolis, no último dia 17,
noqualumapessoamorreu.Ojor-
Eduardo Leite derrota Onyx, de virada, no RS
CAUE FONSECA
Porto Alegre – Trilhando um ca-
minho que incluiu renúncia, trope-
ço no primeiro turno e mudanças
de rota, Eduardo Leite (PSDB) se tor-
nou o primeiro governador do Rio
Grande do Sul a conquistar a reelei-
ção.Otucanoatingiu57,11%dosvo-
tos,contra42,89%deseuoponente.
Leite chegou à reeleição fora do
cargo – renunciou ao governo em
março para uma tentativa de con-
correr à Presidência – e derrotou
Onyx Lorenzoni (PL), apoiado pelo
presidenteJairBolsonaro(PL)evito-
riosonoprimeiroturno.
REDES No primeiro turno, Onyx
haviaobtidovantagemde10,7pon-
tos percentuais, ou mais de 679 mil
votosàfrentedeLeite.Apossibilida-
dedeviradafoisinalizadapeloÍndi-
cedePopularidadeDigital(IPD),que
Raquel Lyra será a primeira Jerônimo Rodrigues estreia
governadora de Pernambuco com fracasso de ACM Neto
JOSÉ MATHEUS SANTOS
Recife – A tucana Raquel
Lyra, de 43 anos, foi eleita a pri-
meira governadora de Pernam-
buco, com 58,7% dos votos váli-
dos. A candidata do PSDB ven-
ceu Marília Arraes (Solidarieda-
de), que somou 41,30%.
Filha do ex-governador João
Lyra Neto, ela terá como vice outra
mulher, Priscila Krause (Cidada-
nia). No primeiro turno, Pernam-
buco também elegeu a primeira
senadora, Teresa Leitão (PT), e teve
recordededeputadasfederaiselei-
tas de uma vez só – foram três.
A tucana sucederá a Paulo Câ-
mara (PSB). O antecessor dele foi o
pai de Raquel, que assumiu como
“tampão” por nove meses, após a
saída de Eduardo Campos (1965-
2014) do cargo.
E STA D O D E M I N A S
nal Folha de São Paulo revelou que
integrante da equipe de Tarcísio
mandou um cinegrafista apagar
imagensdoconfronto.Haddadex-
plorouotema,afirmandotratar-se
de dificultar a apuração da polícia.
Tarcísio deve seguir em parte a
cartilhabolsonarista.Aexpectativa
édequeTarcísioconduzaumages-
tão comprometida com a direita e
comoconservadorismo,acenando
para a base que o elegeu.
Apesar de se apresentar como
técnico e não encampar todas as
teses do bolsonarismo, como a
de fraude nas urnas, por exem-
plo, Tarcísio apresentou planos
que seguiam aquela cartilha
ideológica. Chegou a afirmar que
vai rever as câmeras de policiais,
privatizar a Sabesp, desobrigar a
vacinação de servidores e de
crianças, extinguir a Secretaria
de Segurança e trabalhar pela re-
dução da maioridade penal.
Ele acabou voltando atrás em
algumas medidas, como no caso
dascâmerasedaextinçãodasecre-
taria, após repercussão negativa.
EmrelaçãoàSabesp,afirmaquesó
venderá a empresa se isso não tor-
nar a conta de água mais cara.
Além de Bolsonaro, Gilberto
Kassab, presidente do PSD, foi um
patrocinador político de Tarcísio.
O governador eleito também se
ancorou no centrão, com Repu-
blicanos, PL e PP. No segundo tur-
no, obteve adesão do PSDB, MDB,
mede o desempenho dos candida-
tosnasredessociais.
A união dos eleitores gaúchos
emtornodeLeitesedeu,emgrande
parte, para impedir que o bolsona-
rismochegasseaoPalácioPiratinina
figura de Onyx, ex-ministro de cin-
co pastas e um dos mais fiéis escu-
deirosdeBolsonaro.
O tucano por muito pouco não
ficou fora do segundo turno, mes-
mo com aliança robusta de parti-
dos como MDB, PSD e União. Atre-
lando-seàcandidaturadeLuizIná-
cio Lula da Silva (PT) e atacando
Leite, Edegar Pretto (PT) conseguiu
empolgar a esquerda e terminou a
disputa a apenas 2.441 votos do
candidato do PSDB.
Leite foi imediatamente pres-
sionado pela militância de es-
querda a aceitar a troca de apoios
entre PSDB e PT: ele apoiaria Lula
à Presidência e, em troca, recebe-
PORTAL PREFEITURA/DIVULGAÇÃO
Raquel Lyra é a esperança do PSDB
após o fracasso eleitoral dos tucanos
A neutralidade de Raquel Lyra
no segundo turno presidencial
não foi impeditivo para a vitória
dela. No primeiro turno, ela
apoiou Simone Tebet (MDB).
Com a neutralidade, sofreu críti-
cas da adversária Marília Arraes
(Solidariedade), apoiada por Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Marília tentou associar a con-
● S E G U N D A - F E I R A ,
POLÍTICA
Vitória de
Tarcísio de
Freitas em
São Paulo é
estratégica
para o
futuro do
bolsonarismo,
após a vitória
de Lula
União Brasil, Podemos e outras si-
glas. O governador Rodrigo Garcia
(PSDB), que não passou para o se-
gundo turno, deu seu apoio pes-
soal a Tarcísio e a Bolsonaro, der-
rotado ontem por Lula.
EXÉRCITO Tarcísio é oficial do
Exército, analista da Câmara dos
Deputados, formado pela Acade-
mia Militar das Agulhas Negras
(Aman) e serviu na missão de paz
ria apoio de Pretto ao Piratini.
O tucano, no entanto, rejeitou a
hipóteseparapreservaroeleitorado
conservador, que repudiaria uma
aliança formal com petistas. Des-
cumpriu a promessa de anunciar
apoioaumpresidenciáveleseman-
teveneutro,deixandoqueovotope-
tistaviessesozinhoemsuadireção.
Deu certo. Primeiramente, o PT
anunciou posição contrária a Onyx
e, na semana da eleição, fez uma in-
dicaçãode“votocrítico”emLeite.
O mau resultado do primeiro
turno também fez com que Leite
mudasse a identidade visual e a es-
tratégica da campanha. Trocou o
amarelo e o azul do PSDB pelas co-
resdoRioGrandedoSul–verde,ver-
melho e amarelo –, adotou trilhas
sonoras regionalistas, passou a ves-
tirtrajestípicoseaseapresentarco-
mo um defensor dos interesses do
estado em oposição a Onyx, que
corrente ao bolsonarismo. Raquel
rebateu, alegando que também ti-
nha apoio de dissidências do PT.
A estratégia da tucana de se
manter neutra deu certo, permi-
tindo a ela captar votos de lulistas
e bolsonaristas.
A família dela tem origem
política no campo da esquerda.
O pai, João Lyra Neto (PSDB), foi
filiado ao MDB no período da di-
tadura e passou por PSB, PT e
PDT. O tio, Fernando Lyra (1938-
2013), foi candidato a vice-presi-
dente na chapa de Leonel Brizo-
la, em 1989.
No dia da eleição no primeiro
turno, Raquel ficou viúva. O mari-
do, empresário Fernando Lucena,
de 44, morreu ao sofrer mal súbi-
to. Ela ficou mais de uma semana
reclusa com os filhos e a família.
(Folhapress)
3 1 D E O U T U B R O
no Haiti. É graduado em engenha-
ria civil e tem mestrado em enge-
nharia de transportes pelo Institu-
to Militar de Engenharia. Foi dire-
tor-executivo e diretor-geral do
Departamento Nacional de In-
fraestrutura de Transportes (Dnit)
no governo de Dilma Rousseff
(PT). Depois, atuou como secretá-
rio do Programa de Parceria de In-
vestimentos durante os governos
Dilma e Michel Temer (MDB).
buscouseatrelaraBolsonaro.
Leitetambémabandonouapos-
tura defensiva dos debates e trocou
farpas com Onyx nos oito encon-
trosentreosdois.Usouotermo“pi-
poqueiro” para definir o rival, por
saltar de ministério em ministério
aolongodogovernoBolsonaro.
Já o ex-ministro atacou Leite
pela alta evasão e baixo desempe-
nho dos estudantes de escolas es-
taduais, pelas dívidas do plano de
saúde dos servidores e por ter
“trancado os gaúchos em casa”
durante a pandemia.
GAY Onyx dizia que, com ele, o
Rio Grande do Sul teria “um go-
vernador e uma primeira-dama
de verdade”. A fala foi interpreta-
da como insinuação homofóbica
a Leite, gay assumido.
A eleição do tucano é um respi-
ro de alívio ao PSDB, que encolheu
JOÃO PEDRO PITOMBO
Salvador–Emsuaprimeiradis-
puta eleitoral, o ex-secretário esta-
dual da Educação Jerônimo Rodri-
gues(PT)derrotouoex-prefeitode
Salvador ACM Neto (União Brasil)
e será o novo governador da Bahia.
O PT comandará a Bahia pela
quinta vez consecutiva. Com
52,7% dos votos válidos, Jerônimo
repete o feito de seus padrinhos
políticos, o governador Rui Costa e
o ex-governador Jaques Wagner,
eleitos, respectivamente, em 2014
e em 2006. Ancorado no apoio de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de
Rui Costa, Jerônimo fez campanha
com o desafio de se tornar conhe-
cido pelo eleitorado baiano, pois
concorria a um mandato eletivo
pela primeira vez.
Ele foi escolhido apenas em
D E 2 0 2 2
Até hoje, ele compõe o qua-
dro de servidores da Câmara dos
Deputados como analista legis-
lativo e, durante a campanha
eleitoral, recebeu salário mensal
de R$ 31,7 mil. Em outubro de
2021, Tarcísio mudou seu domi-
cílio eleitoral para São José dos
Campos (SP). No primeiro turno,
viralizou nas redes sociais a en-
trevista em que ele não sabia in-
dicar seu local de votação na ci-
Vitória do gaúcho Eduardo Leite sobre Onyx Lorenzoni
tem impacto sobre o bolsonarismo no Sul
no Congresso. Ano passado, ele
disputou as prévias presidenciais
contra João Doria, então governa-
dor de São Paulo, processo trau-
FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
Desconhecido do eleitor, petista
Jerônimo Rodrigues é professor
março deste, ano em meio à crise
no PT baiano após a desistência do
senador Jaques Wagner em con-
correr ao governo estadual.
Agrônomo e professor da Uni-
versidadeEstadualdeFeiradeSan-
tana, iniciou a campanha de um
patamar baixo, registrando 16%
das intenções de voto na primeira
pesquisa Datafolha divulgada em
13
RONNY SANTOS/FOLHAPRESS
dade. Reportagem mostrou que
o ex-ministro não morava no
endereço indicado como seu do-
micílio, um apartamento que
alugou do próprio cunhado.
A campanha do novo governa-
dor foi colada na de Bolsonaro. O
ex-ministro acompanhou o presi-
dente em motociatas e cultos
evangélicos, além de defendê-lo
em debates nacionalizados com
Haddad. (Folhapress)
SILVIO AVILA/AFP
mático que terminou com ambos
renunciando a seus cargos eleti-
vos, mas nenhum se candidatan-
do a presidente. (Folhapress)
24 de agosto, contra 54% de ACM
Neto. Mas ganhou fôlego, sobretu-
do após o início da propaganda
eleitoral na TV e no rádio. Termi-
nou o primeiro turno com 49,45%
dos votos válidos, contra 40,80%
doex-prefeitodeSalvador,queob-
teve 47,21% nesse domingo.
No segundo turno, Jerônimo
reforçou a aposta na nacionali-
zação da campanha e intensifi-
cou a associação com Lula. Pre-
feitos, deputados e líderes polí-
ticos que haviam apoiado ACM
Neto no primeiro turno aderi-
ram ao petista.
ACM Neto se manteve neu-
tro nos dois turnos da eleição
nacional. Foi chamado “candida-
to do tanto faz”, fustigado pelos
dois lados. No segundo turno,
recebeu o apoio do presidente
Bolsonaro. (Folhapress)
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14 POLÍTICA

Na avenida, um Brasil que se

reencontra com a serenidade
Na via da área central de BH que leva o nome do país e pode ser vista como um retrato de sua
realidade, clima no dia decisivo da eleição foi de convivência pacífica após uma campanha tensa
FOTOS GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS

GUSTAVO WERNECK E DANIEL BARBOSA

No abraço entre dois velhos amigos do ensino médio uma

demonstração de que, mesmo com as diferenças partidárias,
é possível manter laços fraternos para garantir a união do Bra-
sil e superar a polarização política. Enquanto todo o país ia às
urnas, na tarde de ontem, na Avenida Brasil, em Belo Horizon-
te, o administrador Lee Disney Pena, morador do Bairro Fun-
cionários, e o advogado Diogo Papa, morador de Brumadinho,
na Região Metropolitana de Belo Horizonte, lembraram dian-
te do Colégio Arnaldo, na Região Centro-Sul da capital, onde es-
tudaram e votam, que esta segunda-feira é outro dia e deve
prevalecer o respeito – e, dependendo do cenário familiar, am-
biente de trabalho, contato coma vizinhançae demaisrelações
cotidianas, deve-se buscar o entendimento.
Perto da placa da Avenida Brasil e diante do Colégio Arnal-
do, Lee, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, mostrou a ta-
tuagem que traz no antebraço: o mapa do Brasil com Minas
Gerais e um foguete, símbolo das startups, sendo lançado de
BH. “Sou um patriota. Favorável ao liberalismo econômico e
contra a mão pesada do Estado interferindo na vida das pes-
soas”, afirmou Lee Disney, casado e sem filhos. Para ele, esse
pensamento se reflete na geração de empregos.
A partir de suas postagens nas redes sociais defendendo
posicionamentos de apoio a Bolsonaro, Lee Disney conta que
perdeu muitos seguidores. “Embora o Diogo pense diferente,
continuamos amigos”, afirmou ao lado do colega, com quem
se formou em 2006, no ensino médio.“Temos muitas histórias
de vida e dos tempos de colégio”, acrescenta Diogo, com um
adesivo do ex-presidente Lula. Casado, pai de duas meninas (de
9 e 5 anos) e de um menino de 1 ano e meio, Diogo espera do Antigos colegas
governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva que haja melhoria
de escola e hoje
social e um olhar mais cuidadoso com os vulneráveis.“Que se-
ja feito o que não pôde ser feito antes”, disse o advogado. em lados
politicamente
CIDADE EM MOVIMENTO Nas duas pistas da Avenida Brasil, distintos, o
que pode ser vista como um retrato do país que escolheu on- advogado
tem seu presidente, pontuavam ontem, aqui e acolá, cenas en- Diogo Papa e o
volvendo apoiadores de Bolsonaroou Lula. Carros com bandei- administrador
ras, faixas nas janelas de apartamentos, eleitores com camisas Lee Disney
vermelhasouverde-amarelas,bandeirasdoBrasilba-lançando Pena votaram
ao vento, ao longo de seus dois quilômetros de extensão, da em clima
Praça Marechal Floriano, no Bairro Santa Efigênia, até a Praça de respeito
da Liberdade.
A movimentação de pessoas, no entanto, foi pouco expres-
siva a partir do cair da tarde, quando veio uma chuva fina per-
sistente. No início da noite, os bares situados no primeiro quar-
teirão da avenida, no Bairro Santa Efigênia, estavam todos fe-
chados. Por volta das 18h30, havia apenas um grupo de meia
dúzia de apoiadores do presidente eleito.
Na outra extremidade, na Praça da Liberdade, também
poucos eleitores com camisas, bonés e bandeiras verme-
lhas dividiam espaço com um grupo de aproximadamen-
te 30 pessoas que ostentavam o verde e amarelo associado
à campanha bolsonarista. O grupo cantava o Hino Nacio-
nal e entoava em coro "já ganhou" e "vai embora", se diri-
gindo aos eleitores de Lula.
Em toda a extensão da avenida, apenas dois bares esta-
vam abertos. Em um deles, um pouco mais cheio, havia uma
mesa na calçada com um grupo de aproximadamente oito
eleitores do candidato vencedor do pleito e outras duas com
casais trajando a camisa da Seleção Brasileira.
Quando quase todas as urnas já haviam sido apuradas e a
vitória de Lula estava tecnicamente consolidada, os apoiado-
res de Bolsonaro pediram a conta e foram embora. Poucos mi-
nutos depois, a mesa com os clientes que trajavam vermelho
comemorava. Usando um boné do MST, a designer Luana Car-
doso dosava a alegria pela vitória de seu candidato com a preo-
cupação com as condições de governabilidade.“O estrago feito
ao longo dos últimos quatro anos foi grande. Não vai ser fácil
botar o país nos eixos, ainda mais com um Congresso cheio de
bolsonaristas. De qualquer forma, acho que a ameaça maior
passou. Fico com a sensação de que estamos começando a sair
de um pesadelo”, disse.
Maiscedo,emoutropontodamesmaAvenidaBrasil,apro-
fessora Christiene Gomes, formada em direito e educação físi-
ca,faloudesuaadmiraçãopeloex-presidenteLula.“Esperoque Nas duas vias da Avenida Brasil, apoiadores de Bolsonaro e de Lula desfilaram suas bandeiras no dia decisivo para a eleição do presidente
tenham continuidade todos os programas do governo petista,
especialmente na área da educação”, contou a professora, na-
tural de Rio Paranaíba, na Região do Alto Paranaíba. Espe- ran-
çosa com novos tempos, Christiene acredita que seja revoga-
da a flexibilização de armas no país.
Na hora do almoço, bares e restaurantes estavam bem mo-
vimentados, com famílias inteiras curtindo o domingo.“Está-
vamos comendo uma picanha”, brincou a auditora Luciana
Madureira, que estava com o marido, Bruno Grossi, e os filhos
Guilherme, de 7, e Gabriela, de 5. No carro da família, bandei-
ras do Brasil de todos os tamanhos.
Já na Praça da Liberdade, uma cena comovente. Pedindo
anonimato e sem falar sua preferência, uma mulher aposenta-
da comprava uma bandeira do Brasil e avisava que era para es-
tendê-la no seu coração.“Peça a Deus pelo nosso Brasil, que na-
da de mal nos aconteça. Precisamos de paz, tranquilidade e de-
trabalho para o povo. Esse é meu desejo”, revelou a mulher, que
guardou a bandeira em um saco plástico e depois seguiu para
casa, em completo silêncio e enxugando as lágrimas.
Como na maior parte do país, com exceção de ocorrências
pontuais,oretratodesteBrasilnodomingodeeleiçõesmostra-
va uma avenida de duas vias aparentemente aliviadas pelo fim
da batalha eleitoral; uma delas provavelmente mais feliz que a
outra,masambassegurasdequevenceuanormalidadedemo- Christiene Gomes espera retomada de programas para a educação Luciana Madureira com o marido e os filhos: fé em verde e amarelo
crática em um país que precisa ser de todos os brasileiros.
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ESPECIAL 15

ANTES DA HORA
Última reportagem da série mostra como iniciativas de educação sexual e planejamento de
vida têm contribuído na formação de jovens. Especialistas cobram tema como política pública

Diálogos para o futuro FOTOS: ANA RAQUEL LELLES/EM/D.A PRES

S

ANA RAQUEL LELLES

Aracaju (SE) – Educação sexual, pla-

nejamento de vida e diálogo sobre au-
toestima e autocuidado com o jovem
são formas de combater a gravidez na
adolescência, explicam especialistas.
Nesta última reportagem da série espe-
cial“Antes da Hora”, do Estado de Minas,
mostramos como a educação e o diálo-
go são a base dessa luta e também con-
tribuem para a formação fomentar o
desejo de crescer na vida de jovens.
A média de idade para a vida sexual
no Brasil é de 14 anos. “Nada impede
que a garota engravide na primeira re-
lação”, afirma a ginecologista e obstetra
Ligia Santos, que é assessora da Área
Técnica da Saúde da População Negra
da Prefeitura de São Paulo. Este foi o ca-
so da jornalista e escritora Renata Vene-
ri, que engravidou do primeiro namo-
rado aos 14 anos. A história dela foi o fo-
co do quarto episódio do podcast“Antes
da Hora”.
A médica explica que os jovens têm
acesso a preservativos e outros métodos
contraceptivos. Mas, a falta de negocia-
ção com o parceiro faz com que, muitas
vezes, o adolescente tenha uma relação
sexual sem proteção, o que pode resul-
tar em uma gravidez ou infecções. “A
questão da educação sexual não é só
usar camisinha. É mostrar para o jovem
que ele pode fazer escolhas”, afirma.
Especialistas dizem que a principal
solução para essa questão sociocultural
seria trabalhar a autoestima e amor
próprio do jovem. Assim, teriam mais
argumentos para resistir às pressões ex-
ternas e negociar uma relação sexual se-
gura. Para fazer isso, deve-se conversar
abertamente com o adolescênte: sem
tabus, julgamentos ou imposições.
“O diálogo faz com que o adolescen-
te tenha mais noção do limite. No caso
das meninas, já que a gente foca a
questão reprodutiva nas meninas, vo-
cê empodera a mulher para saber a for-
ma com que ela quer lidar com a gravi- A professora Nadja Rezende, do colégio Dr. Edélzio Vieira de Melo, em Sergipe, ressalta a importância da disciplina de projeto de vida para os estudantes
dez ou não”, diz a médica. Ela explica
que a educação sexual também incen-
tiva a garota a procurar anticoncepcio-
nais, como pílulas ou o DIU, que é co-
locado gratuitamente pelo Sistema de
Saúde Único (SUS) para garotas a par-
tir dos 14 anos ou quando a menstrua-
ção se regulariza.

RESULTADOS PRÁTICOS A estratégia do

diálogo como forma de combater a gra-
videz na adolescência tem resultados
em São Paulo com o trabalho da ‘Casa
do Adolescênte’, organizado pela gine-
cologista Albertina Duarte. A médica
conta que de 1998 até 2022, a gestação
jovem caiu 69%.
Ela defende o que chama de “alfabe-
tização de emoções”, que é a educação
sexual dos jovens e o empoderamento Estudantes de
por meio do autoconhecimento e amor Santa Rosa de
próprio. A médica completa que o go- Lima, lar do
verno deve criar medidas para promo- projeto Bebê a
ver este diálogo.“Seja nas escolas ou nos Bordo, que se
espaços de saúde, temos que discutir a
tornou exemplo de
‘vacinação’contra a baixa estima, agres-
sões e outras violências”, disse. acolhimento a
A ginecologista Ligia Santos diz que jovens mães e tem
a sociedade deveria pressionar os polí- reduzido casos de
ticos que estão no poder para criar esse evasão escolar
espaço de conversa com adolescentes.
“O governo tem que se apropriar dessa
responsabilidade e tem que treinar.

“Minha mãe não estudava por causa do meu pai”

Saúde não é só não ficar doente, é bem-
estar. Bem-estar é um conjunto de famí-
lia e governo. O governo vai fazer a par-
te dele, com treinamento de pessoas e
leis, mas nada impede a família de par-
ticipar também”, comenta.
OUÇA O PODCAST
Acesse o QR Code acima com a
câmera do seu smartphone para
ouvir todos os cinco episódios da
série especial “Antes da Hora”
para o podcast DiversEM.
A gestação no Brasil está concentrada nas classes
mais baixas, conforme Júnia Quiroga, assistente re-
presentante do Fundo de População das Nações
Unidas (UNFPA). Cerca de 40% dos nascidos vivos
brasileiros em 2021 eram filhos de mães de até 24
anos, sendo que o percentual de até 19 anos foi de
14% dos bebês. O problema é que muitas dessas ges-
tações não são planejadas, conforme explica Júnia
Quiroga, representante do Fundo de População das
Nações Unidas (UNFPA) no Brasil.
Júnia diz que a mudança na perspectiva de futu-
ro dessas mães afeta diretamente a decisão de con-
tinuar ou não os estudos, trazendo consequências
nas perspectivas socioeconômicas da família. Caso a
adolescente seja de classe social baixa, a criança po-
de entrar num ciclo de pobreza, que é quando os
pais não conseguem dispor de ferramentas para os
filhos ascenderem de classe social e ter melhor qua-
lidade de vida.
O Centro de Excelência Dr. Edelzio Vieira de Me-
lo, em Santa Rosa de Lima (SE), oferece aos estudan-
tes aulas de projeto de vida, disciplina do Ensino
Médio Integral para a qual os professores recebem
qualificação especial. A professora Nadja Rezende
diz que a iniciativa é valorizada pelos alunos, que
sempre fazem questão de participar.
“É uma disciplina em que os professores ajudam
a entender quem é você. O primeiro passo é enten-
der quem você é, para depois ir para o projeto pro-
fissional. Se um aluno já tem a ideia do profissional,
que ele tenha as bases, as teorias para concretizar.
Se ele não tiver, que ele tenha força para sonhar. Mas
não só sonhar, mas que ele tenha as ferramentas pa-
ra fazer o sonho se tornar realidade”, explica Nadja.
APRENDIZADO Quando criança, a estudante Édila
Araújo, hoje aos 18 anos, frequentou o colégio Dr.
Edélzio com a mãe, que engravidou antes de con-
cluir os estudos. Atualmente, elas têm um diálogo
aberto dentro de casa, o que facilitou as escolhas de
vida de Édila e abriu caminho para a jovem seguir
seus planos de cursar uma universidade. Crescer na
sala de aula com a mãe estudando deu mais forças
para a jovem. “Antigamente, minha mãe não estu-
dava por causa do meu pai, que não queria que ela
estudasse. Eu via o esforço que ela fazia”.
O colégio de Santa Rosa de Lima é a casa do pro-
jeto Bebê a Bordo, criado em 2019 pela professora
Gleide Leandro e que acolhe mães adolescentes e os
filhos para a sala de aula. Iniciativa que tem evitado
casos de evasão escolar. Além disso, a escola é um
ponto de referência e segurança para outros estu-
dantes que querem um futuro mais próspero do
que o dos seus pais. Édila não pensa em ser mãe por
enquanto e casos como o dela entre as alunas do Dr.
Edélzio têm sido mais comuns.
O professor Alex de Jesus, que dá aulas de biolo-
gia na escola da cidade, afirma que conversas sobre
sexualidade não devem ser feitas para gerar medo
nos jovens.“As pessoas têm essa cultura de falar que
vai pegar uma doença e morrer. Mas é melhor sem-
pre conversar e explicar do que os jovens fazerem a
coisa errada”, diz.
Aluna do terceiro ano do Dr. Edélzio, Emily Félix
é uma das estudantes que elogiam o diálogo manti-
do na escola com os professores.“Acho essa liberda-
de tão‘um máximo’, porque eu vejo que em outros
lugares não tem isso. É só uma relação professor e
aluno. Aqui a gente tem essa relação de amizade”,
comenta. Ela e um grupo de colegas estão com um
projeto para que a escola distribua nos banheiros
absorventes e preservativos.
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EDITORA-EXECUTIVA: RENATA NEVES

EDITORIAL

Hora de superar a
paralisia eleitoral
Totalizadas as urnas, consolidado o resultado da eleição nacional e
escolhido o dono da faixa presidencial para o próximo mandato,
proliferam análises de que o país corre o risco de caminhar, superada a
ESPAÇO DO LEITOR
votação definitiva, para uma espécie de “terceiro turno”: um PELA INTERNET
questionamento mais ou menos institucionalizado do resultado da twitter facebook e-mail site
eleição mais polarizada desde a redemocratização. Pouca coisa seria www.em.com.br/opiniao
mais danosa às urgências de um país que já passou os últimos meses @em_com www.facebook.com/estadodeminas opiniao.em@uai.com.br
imerso em paralisia eleitoral, dividido, não só em nível político, mas POR CARTA
também social, e em clima de expectativa, até mesmo em termos de A S CARTAS DEVEM CONTER NOME , ENDEREÇO COMPLETO, NÚMERO DO TELEFONE E CÓPIA DA CARTEIRA DE IDENTIDADE , PODENDO SER PUBLICADAS NA ÍNTEGRA OU PARCIALMENTE .
atividade econômica. AVENIDA G ETÚLIO VARGAS, 291 - 2º ANDAR - FUNCIONÁRIOS - B ELO H ORIZONTE - MG - CEP 30112-020 - FAX : (31) 3263-5070
Por mais rachado que o Brasil saia das urnas com a vitória
apertada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL), é
imperioso que o país retome o enfrentamento vigoroso de suas CRIANÇAS E ADOLESCENTES ● CLEITINHO: “COM A AJUDA DE ZEMA,
demandas socioeconômicas e administrativas, e que não desperdice
os últimos meses do ano apenas imerso em um debate que só tende a O papel da educação A GENTE ESPERA A VIRADA DO PRESIDENTE”
atrasar essa necessidade urgente. É preciso que o país e seus principais no desenvolvimento “Só uma pergunta: ele ainda não é senador, não tomou posse. Quem
atores políticos desçam do palanque e passem a administrar o fim de
2022, republicanamente, como preparação para os próximos quatro
emocional ele pensa que é para não respeitar o resultado?”
anos de mandato, por mais que a campanha eleitoral tenha deixado ■ @BrunoSa25899782
Anna Paula Jorge Jardim e
feridas abertas, cicatrizes e pendências jurídicas, que não devem ser Valéria Alves da Silveira
ignoradas, mas precisam ser tratadas em seus devidos fóruns. Belo Horizonte ● DEPOIS DE 5 HORAS DE COBRANÇA ILEGAL,
Respeitar a voz soberana das urnas é o primeiro passo para que o METRÔ DE BH LIBERA GRATUIDADE
país, e todos os seus cidadãos, possam começar um processo de “Falar sobre educação é falar do
reconciliação imprescindível para que o desemprego siga recuando, importante papel que exerce na
para que a economia acelere no caminho da recuperação, para que os “O estrago já foi feito, compete às autoridades puni-los.”
construção do ser humano e no
desafios da pauta ambiental sejam atacados e, principalmente, para desenvolvimento da sociedade. Ela ■ @timbaasz
que as demandas da parcela mais permeia o desenvolvimento físico,
vulnerável dos brasileiros, que antes de “Deixem o povo votar!!”
É preciso que o eleitores são cidadãos, sejam ouvidas.
mental e emocional do indivíduo.
Seja em casa ou na escola, pensamos ■ @400tao
país e seus E, no campo social, talvez a maior na construção das aprendizagens por
principais atores urgência a se enfrentar seja o escândalo meio das habilidades que contribuem
da fome no país que se orgulha de ser para nosso crescimento humano. ● NIKOLAS FERREIRA VOTA EM BH E DIZ
políticos passem a uma espécie de celeiro ou despensa do QUE SÓ EXISTE UM CAMINHO PARA O PAÍS
Como sujeitos em sociedade, devemos
administrar o fim planeta. Tema de campanha em um aprender a colocar em prática as
debate sobre o real tamanho do
de 2022, exército de famintos – que, seja qual for,
melhores atitudes para tomar decisões “Se o Nikolas está de um lado eu tô do outro. Ser humaninho
republicanamente, deveria envergonhar a nação do de maneira responsável. pequeno e medíocre.”
Considerando-se os conflitos ■ @sheilasmathias
como preparação agronegócio – a insegurança alimentar emocionais que surgem no mundo
emitiu mais um sinal de alerta
para o próximo máximo, às vésperas do segundo turno
contemporâneo, percebemos uma
● BRASILEIROS ENFRENTAM FILA DE SEIS
busca significativa do ser humano por
mandato das eleições.
orientações que possam contribuir QUARTEIRÕES PARA VOTAR EM PARIS
Levantamento divulgado na última
para o fortalecimento psicológico. E
quarta-feira pelo Observatório de
Saúde na Infância (Observa Infância), da Fundação Oswaldo Cruz, isso é de extrema importância. “Vão votar em Lula mesmo. Está tudo esbanjando vida de rico em
sobre a desnutrição de bebês brasileiros, mostra que apenas no ano Entretanto, não podemos esquecer que Paris, assim fica fácil.”
passado houve 2.979 hospitalizações de crianças abaixo de 1 ano por todos os processos, antes de tudo, ■ @hbsouza_da_oakley
esse motivo no Sistema Único de Saúde. É como se a cada dia oito passam pela educação.
brasileirinhos dessem entrada em leitos de unidades de saúde em Diante desse contexto, qual é, então,
o papel do ensino básico formal? “Lá não tem PF e PRF para barrar eleitores do Nordeste, viu? Isso que
consequência de deficiências nutricionais. está acontecendo é crime eleitoral.”
Pior: o total é o maior dos últimos 13 anos, mas, em números Somente a educação é capaz de
modificar o presente e dar sentido ao ■ @rosamariagomes.bh
relativos, o quadro, que já era péssimo, piorou em 2022. Até 30 de
agosto, a saúde pública havia registrado 2.115 internações de bebês futuro. Para além de ocupar a mente
por desnutrição, elevando a 8,7 a taxa média de hospitalizações a com novas ideias, a educação permite “Vão ferrar com quem está aqui dentro do país, pelo que percebi!”
cada 24 horas, com aumento de 7% em comparação com 2021, que crianças e jovens desenvolvam o ■ @isadorag_motta
aponta o estudo. autoconhecimento e tornem-se
É o ponto mais alarmante de uma realidade que vem se agravando pessoas mais críticas. Dessa forma,
desde 2016, segundo o trabalho de pesquisadores da Fiocruz, quando a torna-se evidente o papel da escola na ● ZEMA VOTA EM ARAXÁ E DECLARA:
taxa de hospitalização começou a subir, chegando à pior marca para vida de todos. “QUEM FOR ELEITO, EU ESTAREI DIALOGANDO”
um ano inteiro em 2021. Foram 113 internações de bebês por A educação básica favorece a saúde
desnutrição para cada 100 mil nascidos vivos – assustadores 51% a mais emocional do sujeito, pois desenvolve “Uai, já mudou o discurso? Quê isso, meu jovem!”
que em 2011, quando houve a menor marca nos 13 anos avaliados. habilidades socioemocionais, ■ @lustangherlin27
Para além de confrontar análises que, durante a campanha inclusive previstas na Base Nacional
eleitoral, questionavam o aumento da fome no país – sob o Comum Curricular (BNCC) –
documento norteador do currículo da “É o mínimo que tem que fazer, dialogar. O extremismo só prejudica o
argumento de que esse crescimento não estaria se refletindo em
educação básica. A instituição escolar cidadão.”
indicadores de saúde ligados à prevalência da fome –, o estudo da
Fiocruz indica que o desafio é tão real quanto urgente, e se reflete promove contextos que ajudam o ■ @maysaohashi
pesadamente sobre os brasileiros mais frágeis e vulneráveis. Mostra aluno a demonstrar emoções de
ainda o retrato de um país que precisa ser pacificado, se reconciliar e maneira saudável. “Gente, quem quer diálogo com um homem desse, que só pensa em
trabalhar, unido, desde já, para resolver problemas Citando Leandro Karnal,‘é no empresário? A resposta: empresário. Escuta só: esse cara,
incomparavelmente mais importantes que debates ideológicos – conhecimento que existe uma chance independentemente de quem ganhar, vai dificultar a vida de nós, que
ainda que esses tendam a continuar – e eventuais queixas sobre o de libertação’, entendemos que a temos uma classe mais baixa, demais! Dificulta vida de médico,
resultado das urnas educação nos capacita a ser os dificulta vida de professor, militar (que votou nele não sei por que).
transformadores da nossa própria vida. Esse cara vai ser o verdadeiro retrocesso de Minas. Está aí o reflexo,
Dessa forma, a educação não pode ser tudo extremamente caro em comparação a outros estados.”
desvinculada do desenvolvimento ■ @evelynmartinsp
emocional, na medida em que é por
FRASE meio dela que podemos fazer a
diferença no mundo.
Portanto, nosso papel como
educadores é fortalecer o estudante no BRASIL reportagem e nem ler certos escritos.
processo de gestão emocional. É Não acreditarão que os presidentes da
Leitor fala quem
Meu reconhecimento à Justiça preciso entender que não há uma
receita a ser seguida, mas também é realmente manda
República, apesar de eleitos pelo povo,
não comandam nada. Se se
Eleitoral, que buscou dirimir importante estarmos cientes de que as
relações contribuem para Hernani José de Castro
aprofundarem um pouco mais,
saberão que os grandes empresários
os conflitos, impedindo que reconhecermos as fraquezas e os
gostos. Com isso, esses laços devem
São Gonçalo do Rio Abaixo – MG são os mandões e algumas instituições,
que deveriam portar homens sérios e
a insegurança jurídica basear-se no respeito, sem
julgamentos.”
“Nós, brasileiros, temos orgulho de
nosso querido Brasil e os que o
nacionalistas, trabalham com
pensamentos ‘imundos’. Se
contaminasse o processo eleitoral * Vice-diretoras do Colégio
visitam saem contagiados com nossa
empatia, pois alegria é contagiante.
conhecerem a Constituição
comparando com os acontecidos, aí
■ Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, ao parabenizar Luiz Inácio Lula da Silva Nossa Senhora das Dores Não devem é ligar a TV em horário de então sairão incrédulos.”
(PT) pela vitória nas eleições
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OPINIÃO 17

Cânabis
medicinal: não é
A polarização desmistificada
hora de retroceder MARCOS PAULO DOS REIS QUADROS
Gerente acadêmico da Estácio Belo Horizonte, bacharel em ciência
política, mestre, doutor e pós-doutor em ciências sociais,
com ênfase em ciência política
MARIANA MACIEL

O
Médica, especialista em medicina canabinoide,
membro da Society of Cannabis Clinicians
binarismo faz parte do
imaginário humano.
A cânabis medicinal já é utilizada no Desde sempre formula-
Brasil na terapêutica de mais de 20 doen- mos díades como dia e
ças, mas, para o Conselho Federal de Me- noite, sim e não, bem e
dicina,elasópoderiaseraplicadanotrata- mal, preto e branco. Tra-
mento de portadores de epilepsias na in- ta-se de uma estrutura
fância e adolescência refratárias às tera- presente no cotidiano, de
pias convencionais, aos pacientes com sorte que dela nos vale-
síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut e mos espontaneamente, a fim de produzir dis-
do complexo de esclerose tuberosa. cernimentos.
Esseé,emresumo,umagrandetenta- Em política, existe a mesma regra, sendo a
tiva de retrocesso que a nova resolução permanente tensão entre direita e esquerda a
do CFM representa. sua manifestação mais conhecida. Carl Schmitt
ÉnítidaavontadedoConselhodeten- afiançava que “todos os conceitos, representa-
tar restringir o acesso à saúde e o esforço ções e vocábulos políticos têm um sentido polê-
paraameaçaraautonomiamédica–con- mico”, o que revela um “antagonismo concreto”
dição esta, aliás, assegurada pelo Código que tem como “consequência última um agru-
de Ética Médica da entidade. Somente es- pamento amigo-inimigo”. Ora, o termo “polari-
ses dois fatos já tornaram esta Resolução zação” traduz essa tendência. Emprestada da fí-
2.324altamentequestionável.Ocorreque sica, a palavra simboliza, na política, a contrapo-
o impedimento em si não é legal. O CFM sição entre duas grandes facções que têm dis-
podeaconselhar,masnãoproibirousodo tintos princípios e modos de governar.
canabidiol. A decisão é inconstitucional, Tal realidade caracterizou a política brasilei-
como muitos juristas já alertaram. A An- ra ao longo do tempo. Para além dos gru-
visa,inclusive,jácomunicouqueasregras pos/partidos “satélites” que orbitam os protago-
para os fármacos continuam as mesmas. nistas, tivemos a oposição entre os partidos li-
Por isso, neste momento, é importan- beral e conservador durante o Império, entre as
tedeixarclaro:aresoluçãonãomudaem oligarquias de Minas Gerais e de São Paulo no
nada o acesso ao tratamento à base de domínio da Presidência na República Velha, en-
cânabis por pacientes, nem a prescrição tre varguistas e antivarguistas depois da Revo-
por médicos. Saúde é um direito consti- lução de 1930, entre a UDN e o PTB no pós-guer-
tucional, e o bem-estar do paciente está ra, entre a Arena e o MDB no regime militar, en-
resguardado por esse princípio básico. tre o PT e o PSDB na redemocratização.
O que acontece é que a resolução con- O modelo se repete em inúmeras democra-
funde. E muitos es- cias. Nos EUA, republicanos e democratas são as
tão vendo este posi- únicas forças competitivas. Governam desde o
O CFM pode cionamento como século 19 e promovem embates homéricos que
um obstáculo (mais fissuram o país. Na Inglaterra, conservadores e
aconselhar, mas um) para o acesso trabalhistas detêm um protagonismo igual-
não proibir o aos produtos de boa
procedência. Eu a ve-
mente histórico que raramente foi rompido por
outros partidos. Na Alemanha, democrata-cris-
uso do jo como uma mola tãos e sociais-democratas costumam se revezar
canabidiol. A propulsora. Anali- na chancelaria. A realidade dos nossos vizinhos

decisão é
sando todos os posi-
cionamentos das en-
não é muito diferente: peronistas e antiperonis-
tas na Argentina; blancos e colorados no Uru- Queiramos ou não, virão sociais conferiram aos indivíduos uma voz pú-
blica que nunca tiveram, mas ideias questioná-
inconstitucional, médicosassociações,
tidades,
prescrito-
guai, e assim por diante.
Como se vê, a polarização, longe de ser exce- outras polarizações veis já estavam presentes na sociedade antes
disso, embora sem meios para se expandir tão
como muitos res, comunidade e ção, é um padrão, especialmente na política bra- rapidamente.
juristas já pacientes nos últi- sileira. A atual divisão do eleitorado é simples- depois da que se Objetivamente, há pouco de dramaticamen-
mos dias, não pude mente a expressão recente e adaptada às cir- te anômalo para justificar o mal-estar que hoje
alertaram deixar de refletir so- cunstâncias de um fenômeno com o qual já de- concretiza em Bolsonaro se verifica quando o assunto é a polarização.
breumexemplovin- veríamos estar acostumados. Queiramos ou Olhando com distanciamento, veremos que no-
do de fora. não, virão outras polarizações depois da que se versus Lula. vamente se trata de escolher entre uma corren-
No Canadá, onde concretiza em Bolsonaro versus Lula. Conserva- te da direita (que no atual contexto defende a
o cultivo da cânabis medicinal legalizada dores e progressistas continuarão por aí, ainda Conservadores e conservação dos costumes e a liberalização eco-
já completa mais de duas décadas, o uso que os personagens se renovem. nômica) e uma de esquerda (que agora advoga o
detratamentosàbasedecanabidiolavan-
çou ao longo dos anos. Em 2008, já havia
É certo que a ideologização que permeia o
bolsonarismo e o lulismo é especialmente agu-
progressistas progressismo diversitário e o nacional-desen-
volvimentismo). Uma vez que seus líderes já ti-
comprovação médica de seus efeitos e
demanda suficiente para que fosse insti-
çada. Há uma disposição centrífuga que reforça
narrativas doutrinárias inflexíveis e investe na
continuarão por aí, veram a oportunidade de governar o país recen-
temente, talvez não seja realista sequer esperar
tuída a figura dos plantadores designa-
dos, em complemento à produção para
deslegitimação moral do adversário. Porém, o
dissenso social, os conflitos, as acusações, as
ainda que os grandes surpresas depois da eleição.
A polarização da vez passará. Ela, ao menos
uso próprio.
Em 2014, porém, houve uma tentati-
mentiras, os slogans de mobilização e os exces-
sos da propaganda não são novidades. As redes
personagens se renovem por si mesma, parece ser incapaz de destruir
nossa imatura democracia.
valegaldefrearesseprocesso.Arepercus-
são foi tão negativa que o assunto foi pa-
rar nas mais altas esferas judiciárias do
país. Diante da reação de médicos e pa-
cientes,aJustiçacanadensedecidiuquea

Entenda a violência política contra as mulheres

proibição da cânabis medicinal trazia da-
nos evidentes para pessoas que por anos
tiveram sua saúde controlada.
No mesmo ano, depois de uma forte
movimentação da sociedade, uma nova
deliberaçãoampliouomodeloexistente, MAYRA MARTINS CARDOZO freram assédio em público nas suas cidades, se- Há menos de 100 anos, o voto feminino foi au-
permitindo que empresas também pu- Advogada com perspectiva de gênero, sócia do escritório Martins gundo estudo feito em 2022 pela ActionAid. Na torizado em todo o Brasil, mas até hoje tivemos
dessematuarnaofertadomedicamento. Cardozo Advogados. Professora e membro permanente da Comissão pesquisa, foram entrevistadas mulheres de três apenas uma única presidente, Dilma Rousseff. A
Ou seja, o que começou como uma ten- Nacional de Direitos Humanos da OAB outros países, sendo que a Tailândia empatou Emenda Constitucional 111, promulgada em se-
tativa de proibição acabou sendo o pon- com o Brasil (86%), e Inglaterra (79%) e Índia (75%) tembro de 2021, determinou a contagem em do-
tapé inicial para que uma maior regula- Sabemos que o Brasil é um país estrutural- tiveram números menores. bro dos votos dados a mulheres e pessoas negras
ção fosse feita. O direito à saúde prevale- mente machista em todos os seus espaços. Para Mesmo com a tentativa de diminuir o machis- no cálculo da distribuição dos recursos dos fun-
ceu e o retrocesso – que muitos estavam se ter ideia, de acordo com pesquisa do Instituto mo durante a época das eleições, muitas vezes ele dos partidário e eleitoral nas eleições. Essa medi-
apreensivos – não ocorreu. Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro já está introjetado na sociedade. Apesar da cria- da irá até 2030.
Agora a história se repete no Brasil e de Segurança Pública (FBSP), no último ano, uma ção de cotas para mulheres nos partidos, ainda Em meio a esse cenário de violência, torna-se
impõe a mobilização de todos os que de- em cada quatro mulheres acima de 16 anos afir- assim podemos notar nas notícias exemplos de ainda mais fundamental questionar essa ordem
pendem do tratamento com a cânabis ma ter sofrido algum tipo de violência. Isso mos- candidatas que só estão fazendo número nos par- patriarcal presente na política, questionar os jul-
medicinalparavivercomdignidade,qua- tra que cerca de 17 milhões de mulheres, totali- tidos, além da usual desacreditação de candida- gamentos, evitar julgar outras mulheres, uma vez
lidadedevidaeterumavivênciasemdor. zando 24,4% das brasileiras, sofreram violência fí- tas mulheres. que isso cria uma lógica de rivalização patriarcal
Só enquanto eu escrevia este texto, sica, psicológica ou sexual no último ano. Somos muitas, mas nem sempre com voz. que cria uma órbita de competição entre as mu-
em apenas um dia, a mídia já havia noti- O indice de violência contra as mulheres é Mais da metade da população brasileira (51,13%) é lheres. Vivemos em uma sociedade baseada na
ciado que o Conselho Federal de Medici- enorme, principalmente quando pensamos no feminina, e elas representam, segundo o Tribunal opressão, que faz com que tenhamos julgamen-
na pressionava a Anvisa para rever nor- cenário político, em que muitas ainda não têm Superior Eleitoral, 53% do eleitorado do país. No tos apressados e generalizados, que julga a mulher
masdevendadosfármacose,poucasho- apoio. Um exemplo, que assustou muitos, foi o as- entanto, ocupam hoje menos de 15% dos cargos frequentemente.
ras depois, a autarquia informou, por sassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de eletivos, segundo dados do IBGE. Por fim, não basta apenas tratar os casos de vio-
meio de seu site e redes sociais, que abri- Janeiro, em 2018, um caso emblemático de violên- O machismo predomina nos arredores políti- lência, também é fundamental prevenir, poden-
ráconsultapúblicasobreoassuntoparaa cia política de gênero. De olho nesse cenário, no cos, que são marcados pela baixa representativi- do poupar várias mulheres de um trauma que
população. Nossa movimentação está ano passado foi sancionada a Lei 14.192, que esta- dade feminina. A sobrecarga de atividades atribuí- perdura pela vida. Portanto, uma forma efetiva
funcionando.Éhoradeparticipar,nãode- belece normas para prevenir, reprimir e combater das às mulheres pela sociedade, os empecilhos do de combate à violência de gênero é investir em
sistir e virar o jogo. a violência política contra a mulher. sistema político-partidário, o preconceito e a des- uma educação não opressora, baseada principal-
Os números podem ser ainda mais surpreen- valorização das mulheres muitas vezes as man- mente na consciência de gênero e na paridade
dentes – 86% das mulheres brasileiras ouvidas so- têm longe da candidatura. entre os sexos.

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18 ECONOMIA
AMAU R I SEGALLA
Lula tem uma missão monumental

MERCADO S/A e todos os brasileiros esperam

que a cumpra com competência”

COM LULA, INVESTIMENTOS NOVO PRESIDENTE

ENFRENTARÁ QUEDA DE RECEITAS
RAPIDINHAS
PÚBLICOS DEVERÃO AUMENTAR Receitas em queda são um problema para pessoas,
■ O Itaú Unibanco investirá
entre R$ 200 milhões e R$
300 milhões na gestora de
CARL DE SOUZA/AFP empresas e, claro, governos. Entre janeiro e setembro de
O que a vitória de Luiz Inácio 2022, a arrecadação federal somou R$ 1,64 trilhão – é o private equity Falconi Capital.
Lula da Silva à Presidência da maior volume desde 1995. Em 2023, será diferente. O ano Segundo o banco, o
República significa para a de 2022 foi atípico, com a reabertura da economia, desembolso será feito por
agenda econômica do país? O inflação em alta e o comércio de commodities em meio do programa Rising
novo presidente disse expansão, fatores que potencializam a arrecadação. No Stars, lançado em 2021, e
inúmeras vezes que ano que vem, os juros altos deverão frear a atividade que é focado no
pretende aumentar os econômica e, com isso, a geração de impostos diminui. desenvolvimento de gestoras
investimentos públicos, independentes. O Grupo
ampliar os aportes em AGÊNCIA BRASIL/DIVULGAÇÃO Falconi tem entre suas
infraestrutura, recuperar empresas uma das maiores
programas sociais e lançar consultorias em gestão
programas capazes de empresarial do país.
reindustrializar o país. No
discurso, isso pode ser ótimo, ■ Elon Musk, novo dono do
mas de onde virá o dinheiro? Twitter, não terá vida fácil
Não existe crescimento para administrá-lo. Depois
econômico sem de o bilionário americano
responsabilidade fiscal – a anunciar a compra da rede
história está aí para provar social por US$ 44 bilhões,
essa lógica incontestável. Por sua vez, Bolsonaro deixará o governo sem entregar quase nada do que alguns anunciantes decidiram
prometeu no campo econômico. Seu governo pouco privatizou, foi irresponsável no trato do dinheiro interromper suas parcerias
público – basta observar a sangria de benefícios ilegais concedidos para fins eleitorais –, trouxe a inflação comerciais. A GM foi uma das
galopante de volta e nem sequer concluiu a prometida reforma tributária. Mas isso agora é passado. Lula primeiras a dizer que
tem uma missão monumental e todos os brasileiros esperam que a cumpra com competência.
MERCADO ESPERA PIB suspendeu, ao menos
temporariamente, os
ESTAGNADO NO QUARTO TRIMESTRE anúncios no Twitter.

CHINA PODE SER UM PROBLEMA PARA FUTURO GOVERNO ■ A rede brasileira de

BETO NOVAES/EM/D.A PRESS

O mercado financeiro
não está nem um academias SmartFit desistiu
O desempenho da economia brasileira em 2023 depende em alto grau de seu parceiro comercial mais pouco animado com da fusão com a mexicana
importante: a China. Nesse aspecto, o presidente eleito, Lula, tem motivos de sobra para se preocupar. o PIB do quarto Sports World. Mesmo assim,
De acordo com projeção realizada pelo banco suíço UBS, o PIB chinês crescerá apenas 2,6% em 2022 e trimestre. Pelo a empresa mantém sua
4,7% no ano que vem. Para se ter ideia do desafio que o futuro governo terá, na história recente, só em contrário. Os bancos participação de 20% no
duas ocasiões a China teve crescimento anual abaixo de 5%: em 1990 (3,9%) e em 2020 (2,2%). Itaú Unibanco e capital da Sports World,
Santander preveem conforme acordo assinado
um cenário de em outubro de 2021. A
estagnação, com SmartFit não informou o que
crescimento zero das atividades econômicas. Por sua vez, a levou a desistir da
o Boletim Macro projeta queda de 0,5%. A exceção é o BTG realização do negócio.
Pactual, que espera leve alta de 0,4%. A verdade é que o
Brasil encerrará 2022 com crescimento econômico ■ A Uber alcançou 30
modesto: a expectativa do mercado é de alta de 2,8%, milhões de usuários ativos no
O presidente da República tem poderes abaixo da média da América Latina. Brasil, número que supera o
nível pré-pandemia, quando
cada vez mais limitados. Quem decide é o 22 milhões de pessoas eram
clientes do aplicativo. Outro
Legislativo e a polarização presidencialista
R$ 63,7 BILHÕES
número interessante
divulgado pelo Relatório de
só beneficia os políticos fisiológicos” Impacto Econômico da
companhia diz que, em 2021,
■ Alvin Klevorick, professor de economia da Universidade de Yale, nos é o déficit previsto para as contas do governo federal em 2023. O a plataforma gerou R$ 36
Estados Unidos, e especialista em relações de poder na América Latina presidente eleito, Lula, portanto, terá pouco espaço para gastar bilhões em negócios no país.

❚ ATIVIDADE ECONÔMICA
Passada a eleição, lojistas apostam na mudança de temas: saem o verde-amarelo e o vermelho
vinculados à política e entram temas ligados à Seleção e a Papai Noel para impulsionar vendas

Comércio vira a chave

e já mira Copa e Natal
LEONARDO GODIM*
Superadas as eleições presiden-
ciais, que há pelo menos dois me-
ses e meio dominam as atenções
dos brasileiros, o comércio entra
em nova fase, impulsionado por
dois poderosos combustíveis. A
Copa do Mundo e o Natal que se
aproximam são estímulos vistos
com otimismo por lojistas. Com-
binados, esses eventos prometem
turbinar as vendas em cidades co-
mo BH até o fim de dezembro e,
desde já, setores do varejo sentem
os efeitos da dobradinha.
ElaineSoares,de38anos,jásen-
te a mudança. Ao lado do marido,
ela toca uma banca no Centro da
cidade com foco em materiais es-
portivos, e diz que seu principal
fornecedor já parou de receber pe-
didos diante da alta demanda.
No mesmo ponto comercial há
duas décadas, desta vez ela obser-
va que a procura por camisetas da
Seleção Brasileira começou mais
cedo, e deve aumentar – em espe-
cialdepoisdaseleições, porque, se-
gundo a comerciante, muitos
clientes estão esperando o fim do
segundo turno para voltar a usar o
verde e amarelo. A versão branca
com gola azul já está em falta no
comércio da região, segundo ela.
O apelo da Copa do Mundo na
propensão ao consumo, tanto no
varejo quanto em bares e restau-
rantes, é expressivo, afirma Ana
Paula Bastos, economista da Câ-
mara de Dirigentes Lojistas
(CDL/BH). Segundo ela, empresá-
rios já disseram à entidade que as
vendas estão aumentando, em es-
pecial porque o Mundial veio se
somar a outras datas, como o Na-
tal e a Black Friday, que neste ano
ocorre em 25 de novembro. “São
três datas muito fortes, e isso im-
pacta muito as vendas.”
A expectativa é de que as ven-
das superem as do segundo se-
mestre do ano passado. Entre os
motivos, a economista aponta a
maior taxa de emprego, que au-
menta a renda em circulação, a en-
trada de capital extra pelas políti-
cas governamentais, como o Auxí-
lio Brasil, o pagamento do 13º e a
queda na inflação.
O Natal também tem um
forte apelo, sobretudo emocio-
nal, segundo Ana Paula. Pesqui-
sa sobre a expectativa das ven-
das ainda está sendo finalizada,
mas um traço da data é um vo-
lume grande de compras, ainda
que o valor médio do tíquete
seja mais baixo. Normalmente,
são vários presentes para toda
a família, diferentemente da
SUPERINTENDÊNCIA FEDERAL DE
AGRICULTURA NO ESTADO DE MINAS GERAIS
PREGÃO ELETRÔNICO SRP Nº 03/2022
Objeto: Aquisição de Materiais de Limpeza, Expediente, Gêneros Alimentícios e Informática
Edital: Poderá ser lido ou obtido no endereço eletrônico: www.gov.br/compras
Sessão Pública:www.gov.br/compras às 08:30 horas (horário de Brasília/DF) do dia 09/11/2022.
Black Friday, por exemplo, em
que o consumidor espera o ano
inteiro para comprar determi-
MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO
nado item.
* Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia
SINDICATO DOS PROPAGANDISTAS, PROPAGANDISTAS VENDEDORES, E VENDEDORES DE
PRODUTOS FARMACÊUTICOS DO MUNICIPIO DE TIMÓTEO E REGIÃO-MG - SINPROAÇO.
CNPJ: 26.855.481/0001-00 CÓDIGO SINDICAL: 915.556.597.27313-0
ATA REGISTRADA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS E CIVIL DE
PESSOAS JURÍDICAS DE TIMÓTEO/MG, CNPJ 02.700.385/0001-25: ELEIÇÕES SINDICAIS 2022/2026
- ATA DE ASSEMBLEIA ORDINÁRIA - ELEIÇÃO E APURAÇÃO DE VOTOS E PROCLAMAÇÃO DE
RESULTADO.; Aos 16 (dezesseis) dias do mês de setembro de 2022, às 17h:30min (dezessete horas e trinta minutos),
na sede do Sindicato, a Presidente da Comissão Apuradora de Votos, Gisele Aquino de Faria, CPF nº 982.420.166-
15, instalou os trabalhos de proclamação do resultado da eleição realizada em 16/09/2022, para apuração de votos
e proclamação de resultado para renovação da Diretoria, Conselho Fiscal e Delegação de Representantes, para o
período de 22/10/2022 a 21/10/2026, contando a mesa com os seguintes componentes, designados pelo Presidente
do sindicato, Breno Dourado Menezes, CPF nº 033.703.126-62: 1.Gisele Aquino de Faria, CPF nº 982.420.166-
15 - Presidente; 2.Magno Venâncio Portes, CPF nº 782.090.566-20 - membro; 3.Edmilson Oliveira Cunha, CPF
nº 753.030.606-59 - membro; contando também com a presença dos Senhores, Breno Dourado Menezes, CPF nº
033.703.126-62, presidente em exercício do SINPROAÇO e, Douglas Andrade Quinto, CPF nº 000.056.436-27,
fiscal da chapa concorrente. Após a instalação da mesa, a Presidente da Comissão Apuradora de Votos proclamou
vencedora a chapa ÚNICA no pleito eleitoral realizado, para renovação da Diretoria e Conselho Fiscal. Nos termos da
legislação vigente, a Presidente da Mesa mandou que se verificasse, pelas folhas de votação, o número de associados
que votaram neste pleito. Constatouse que, de 55 filiados em condições de votar, ali inscritos, 55 compareceram e
votaram, não havendo votos em separado, perfazendo um total de 55 votantes. Atingiu-se assim o quórum mínimo
determinado pelo Estatuto Social do Sindicato, tendo verificado o seguinte resultado: Chapa única 55 votos; em
branco 0 votos; nulos 0 votos. Durante os trabalhos de proclamação não houve qualquer protesto, impugnação e nem
dúvidas levantadas por qualquer membro da categoria. A presidente da Mesa Apuradora proclamou eleita a chapa
única, cuja constituição é a seguinte: A-DIRETORIA: 1.Presidente - Douglas Andrade Quinto, brasileiro, casado,
CTPS nº 42895, Série 0062 MG, RG M6726085 SSP MG, CPF nº 000.056.436-27, residente na Rua Cento e Quarenta
e Três, nº 16, bairro Eldorado, Timóteo/MG. 2. Vice-Presidente - Breno Dourado Menezes, brasileiro, casado, CTPS
nº 25384, Série 0119 MG, RG MG8497738 SSP MG, CPF nº 033.703.126-62, residente na Rua dos Carijós, nº
235, Apto 501, bairro Iguaçu, Ipatinga/MG. 3.Secretário - Fabiano Rodrigues Vieira, brasileiro, casado, CTPS nº
58837, Série 0097 MG, RG MG10736007 SSP MG, CPF nº 043.843.616-45, residente na Rua Aroeira, nº 426,
bairro Cidade Nova, Governador Valadares/MG. 4.Suplente de Secretário - Darlan Campos Camargo, brasileiro,
casado, CTPS nº 76392, Série 0083 MG, RG MG-10001443, CPF nº 042.509.286-08, residente na Rua Macaúbas,
nº 569, bairro Cidade Nova, Governador Valadares/MG. 5.Tesoureiro - Hugsmar Alexsandro de Oliveira Costa,
brasileiro, casado, CTPS nº 82554, Série 0062 MG, RG MG-6882889, CPF nº 982.733.296-15, residente na Rua
Levítico, nº 520, apto 401, bairro Canaã, Ipatinga/MG. 6.Suplente de Tesoureiro - Charles Cleyson de Almeida
Santos, brasileiro, casado, CTPS nº 00942, Série 0029 MG, RG MG-3688598, CPF nº 563.268.076-20, residente na
Rua Síria, nº 153, bairro Cariru, Ipatinga/MG. 7.Diretor Social - Cláudio Roberto Silva Costa, brasileiro, casado,
CTPS nº 1982761, Série 0060 MG, RG MG4547220, CPF nº 552.699.586-00, residente na Rua Tupinambás, nº
230, bairro Iguaçu, Ipatinga/MG. 8.Primeiro Suplente de Diretor Social - Cleber de Matozinhos Alves, brasileiro,
casado, CTPS nº 6122133, Série 0030 MG, RG M6246527 SSP MG, CPF nº 009.759.456-37, residente na Rua
Manoel Cordeiro da Silva, nº 752, bairro Morada do Vale, Governador Valadares/MG. 9.Segundo Suplente de
Diretor Social - Janilson Emerique Caldeira, brasileiro, casado, CTPS nº 9375810, Série 0040 MG, RG M4945840
SSP MG, CPF nº 692.765.286-87, residente na Rua Turquesa, nº 690, bairro Iguaçu, Ipatinga/MG. 10.Diretor de
Relações Públicas - William Fernandes Sathler, brasileiro, casado, CTPS nº 55788, Série 0069 MG, RG M6920226
SSP MG, CPF nº 024.618.636-44, residente na Rua Maria Quirino de Melo, nº 54, bairro Sir, Governador Valadares/
MG. 11.Suplente de Diretor de Relações Públicas - Luigi Almeida Pinto, brasileiro, casado, CTPS nº 17707, Série
0055 MG, RG M5819190 SSP MG, CPF nº 782.424.526-87, residente na Av. Vaticano, nº 110, bairro Grã-Duquesa,
Governador Valadares/MG.12.Diretor de Patrimônio - Marlon Fagundes de Oliveira, brasileiro, casado, CTPS
nº 12728, Série 0083 MG, RG M7868110 SSP MG, CPF nº 029.837.816-74, residente na Av. Paladium, nº 315,
apto 206, bairro Imbaúbas, Ipatinga/MG.13.Suplente de Diretor de Patrimônio - Hérlon Bretas Viana, brasileiro,
divorciado, CTPS nº 05445, Série 0069 MG, RG M5671640 SSP MG, CPF nº 894.556.656-20, residente na Rua
Bélgica, nº 117, bairro Grã-Duquesa, Governador Valadares/MG. B-CONSELHO FISCAL: 1º Conselheiro - Júlio
César de Almeida Mendonça, CPF nº 105.175.536-00, RG M1034644 SSP MG. 2º Conselheiro - Nilo Bueno Júnior,
CPF nº 040.994.946-91, RG MG196265. 3º Conselheiro - Ponciano Pereira da Costa, CPF nº 425.237.886-91,
RG MG2496460. C-SUPLENTES DO CONSELHO FISCAL: 1º Conselheiro Suplente - Hernani Victor Reis,
CPF nº 118.367.926-20, RG M575367 SSP MG. 2º Conselheiro Suplente - Lidio Custódio da Silveira, CPF nº
666.124.036- 91, RG M3858756 SSP MG. 3º Conselheiro Suplente - José Carlos de Oliveira, CPF nº 307.466.396-
00, RG MG1403001. D-DELEGADOS REPRESENTANTES:1º Delegado - Douglas Andrade Quinto, CPF nº
000.056.436- 27. 2° Delegado -Breno Dourado Menezes, CPF nº 033.703.126-62. 3º Delegado - Marlon Fagundes de
Oliveira, CPF nº 029.837.816-74. E-DELEGADOS SUPLENTES: 1º Delegado Suplente - Cláudio Roberto Silva
Costa, CPF nº 552.699.586-00. 2º Delegado Suplente - Hugsmar Alexsandro de Oliveira Costa, CPF nº 982.733.296-
15. 3º Delegado Suplente - Fabiano Rodrigues Vieira, CPF nº 043.843.616-45. Os trabalhos de proclamação foram
encerrados às 18h(dezoito horas) e, para constar, foi lavrada a presente ata que vai assinada, por mim, Gisele Aquino
de Faria, Presidente da Mesa Apuradora de Votos, demais membros da mesa apuradora, um representante da chapa
concorrente e pelo Presidente em exercício do Sindicato. Gisele Aquino de Faria, Presidente da Mesa Apuradora
de Votos, CPF: 982.420.166-15, Magno Venâncio Portes, Membro da Mesa Apuradora, CPF: 782.090.566-
20, Edmilson Oliveira Cunha, Membro da Mesa Apuradora, CPF: 753.030.606-59, Breno Dourado Menezes,
Presidente em exercício do Sindicato, CPF: 033.703.126-62, Douglas Andrade Quinto, Representante da Chapa
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20
❚ FUTEBOL MINEIRO
Título do rubro-negro abre a possibilidade de G-8 no Brasileiro e chances do Galo obter a
vaga na Libertadores agora são de 73,8%, segundo cálculos da UFMG. América tem 9,2%
Conquista do Flamengo
beneficia Atlético e América
Com a conquista da Copa Li-
bertadores pelo Flamengo, neste
sábado (29), no Equador, o Cam-
peonato Brasileiro agora concen-
trará sete vagas para a maior
competição de clubes da Améri-
ca do Sul. Assim, haverá G-8 no
Nacional, já que o clube carioca
está entre os primeiros da tabela.
O regulamento da CBF prevê
que os seis primeiros colocados
do Campeonato Brasileiro carim-
bam vaga na Libertadores. Como
o Flamengo foi campeão do tor-
neio continental e da Copa do
Brasil, dois novos acessos foram
abertos no Brasileirão.
Vale lembrar que o Flamengo
está garantido na próxima Copa
Libertadores por ter vencido o
torneio deste ano.
O título carioca beneficiou o
Atlético e América, que ainda so-
nham com a participação no
torneio internacional. O Galo é o
sétimo colocado da Série A, com
52 pontos. Já o Coelho é o 11°,
com 46. De acordo com o Depar-
tamento de Matemática da
UFMG, o alvinegro tem 73,8% de
chance de se classificar para a Co-
pa Libertadores. O alviverde pos-
sui apenas 9,2%.
Restam quatro rodadas para o
fim do Campeonato Brasileiro.
Na próxima, o Galo enfrentará o
São Paulo, em confronto direto
pelo sétimo lugar – a partida está
marcada para às 21h30 de quar-
ta-feira (1º/11), no Morumbi. Em
caso de vitória, o tricolor ultra-
passa o alvinegro. Atualmente, a
equipe paulista tem 59,7% de
chance de ir à próxima Liberta-
dores, segundo o Departamento
de MAtemática da UFMG.
RODINEI Com contrato até o fim
da temporada 2022, o lateral-di-
reito Rodinei não deve permane-
cer no Flamengo para o próximo
ano. O jogador já teve seu nome
especulado no Atlético e se encai-
xa no modelo de contratações do
clube. Campeão da Copa Liberta-
dores no sábado, o atleta garantiu
que não tem pré-contrato assina-
do com nenhuma equipe.
ALEMANHA NA COPA
À espera de Neuer para apagar vexame de 2018
LUCIANO TRINDADE
A última grande imagem de
Manuel Neuer em uma Copa do
Mundo foi já nos acréscimos da
partida contra a Coreia do Sul, em
2018, aos 48min, quando o golei-
ro foi desarmado por Ju Se-jong
na intermediária do campo de
ataque, onde tentava ajudar sua
equipe a evitar um vexame.
Um minuto antes, a Alema-
nha já havia sofrido um gol de
Kim Young-Gwon e perdia por 1
a 0. Nem mesmo um empate evi-
taria a queda dos alemães. Mas a
bola perdida por Neuer sacra-
mentou a eliminação.
Com um lançamento do cam-
po de defesa, Ju Se-jong fez Son-
Heung min disparar até a grande
área, onde chegou livre para fe-
char o placar: 2 a 0.
Nunca os alemães haviam caí-
do na fase de grupos do Mundial.
A pior campanha até então tinha
ocorrido em 1938, quando o tor-
neio era disputado em mata-ma-
tas desde o início. Na ocasião, caí-
ram na segunda partida, diante
da Suíça.
O resultado na Rússia foi uma
marca muito negativa para a ge-
ração liderada por Neuer, sobre-
tudo pelo favoritismo carregado
após a conquista da Copa de
2014, no Brasil, com direito a 7 a
1 nos anfitriões.
E STA D O D E M I N A S
O lateral-direito Guga tem
sido o preferido de Cuca
para a posição, mesmo
após a volta de Mariano,
recuperado de contusão
“Volto a frisar. Eu não tenho
nada ainda, com nenhum clube.
Não tenho nada assinado, posso
afirmar 100%. Muitas pessoas
Até 2018, nas quatro Copas
disputadas no século 21, a equipe
sempre chegou à semifinal. Além
do título em solo brasileiro, teve
dois terceiros lugares e um vice,
este diante do Brasil na Copa de
2002, na edição realizada na Co-
reia do Sul e no Japão.
Deixar o trauma vivido em so-
lo russo para trás e voltar a brigar
pelo título é o grande objetivo da
Alemanha no Qatar. Mas os obs-
táculos já começaram a surgir
● S E G U N D A - F E I R A ,
SUPERESPORTES
falam muitas coisas, mas já di-
zia o Chorão, do Charlie Brown
Jr.: 'Muitos falam, pouco sabem'.
Eu não tenho nada assinado. Se
tivesse, estaria aqui falando, ain-
da mais depois de um título. O
meu futuro a Deus pertence. Eu
tenho mais quatro jogos de
Campeonato Brasileiro. Meu
contrato, realmente, se encerra
dia 31 de dezembro. É continuar
BENJAMIN CREMEL/AFP - 27/6/18
bem antes da disputa.
A menos de um mês do início
do torneio, Neuer ainda não sabe
se poderá participar do Mundial.
Há pouco mais de duas semanas,
o goleiro vem se recuperando de
um hematoma no ombro.
Por enquanto, o técnico Hans-
Dieter Flick não garante a presen-
ça dele. “Eu não parto do princí-
pio de que ele não poderá jogar o
Mundial, parto do princípio de
que conseguirá fazê-lo. Mas, infe-
3 1 D E O U T U B R O D E 2 0 2 2
PEDRO SOUZA / ATLÉTICO
❚ AS CHANCES
DE CADA UM
Atlético 73,8%
Athletico-PR 72,5%
São Paulo 59,7%
Fortaleza 50,5,7%
Botafogo 30,8%
América 9,2%
guaio Varela como opções no
banco de reservas.
Há pouco mais de um mês,
quando cresceram os rumores de
que Rodinei negociava com o Atlé-
tico, o presidente alvinegro, Sérgio
Coelho, desconversou sobre a pos-
sibilidade de transferência.
“Não conheço nada a respeito
disso. Temos dois bons laterais”
disse o dirigente atleticano, em
entrevista ao jornal 'O Globo'. Ele
negou que a investida tenha par-
tido do diretor de futebol Rodri-
go Caetano. “Se ele soubesse
também teria falado para mim”,
concluiu.
GUGA Os jogadores citados por
Sérgio Coelho são Mariano e Gu-
ga. Ambos têm contrato até o
fim de 2023. O clube alvinegro
também trabalha para ampliar o
vínculo de Guga, que parece ter
se firmado de vez entre os titula-
res do Atlético. Mesmo com a
volta de Mariano, o técnico Cuca
tem optado pelo jovem, que já
emplacou cinco partidas conse-
cutivas entre os 11 iniciais na la-
teral direita.
Mariano se recuperou de uma
trabalhando firme, dando o lesão sofrida na parte posterior
meu melhor a cada dia. Depois da coxa direita no dia 14 de ou-
a gente vai decidir para onde se- tubro. Desde então, o Galo en-
rá o meu destino. Não sei se per- trou em campo em três oportu-
manecerei no Flamengo, se irei nidades, e o camisa 25 participou
para outra equipe. Mas Deus sa- apenas de sete minutos na der-
be de todas as coisas”, declarou rota por 1 a 0 para o Flamengo,
Rodinei. no Maracanã, pela 32ª rodada do
Rodinei atualmente é titular Brasileiro.
do Flamengo. O lateral tem dei- Guga, por sua vez, participou
xado Matheuzinho e o uru- de oito dos últimos nove jogos
guiam mais brigar por vaga na
semifinal.
Apesar de o duelo não valer
muita coisa para ambos os lados,
a Inglaterra saiu de campo mais
Neuer no lance satisfeita, uma vez que os alemães
em que foi chegaram a abrir 2 a 0 no placar,
desarmado por mas permitiram o empate.
Ju Se-jong e Nas Eliminatórias, o elenco di-
propocionou o rigido por Flick foi mais eficiente.
segundo da Com nove vitórias e somente
Coreia, na uma derrota em dez jogos, 36
despedida da gols marcados e apenas quatro
Alemanha na sofridos, classificou-se com certa
tranquilidade no Grupo J.
Copa da
A Alemanha foi a primeira na-
Rússia, ainda ção a garantir sua presença na
na primeira Copa de 2022 após o país-sede.
fase. Goleiro
tenta se SOB NOVA DIREÇÃO No Oriente
recuperar de Médio, pela primeira vez desde
lesão para ir 2004, a comissão técnica alemã
ao Catar não vai contar com Joachim Löw.
Auxiliar de Jürgen Klinsmann no
Mundial de 2006 e treinador
lizmente, eu não sou vidente”, principal nas Copas de 2010, 2014
disse. e 2018, Löw deixou a equipe em
No Bayern de Munique, o go- agosto de 2021, substituído por
leiro de 36 anos tem sido substi- Flick.
tuído por Sven Ulreich. Na sele- O novo comandante se man-
ção, Ter Stegen foi o titular no úl- teve fiel às características que os
timo compromisso, quando a alemães apresentam há anos, in-
Alemanha empatou por 3 a 3 corporando um futebol baseado
com a Inglaterra pela Liga das Na- em posse de bola e um estilo
ções – o confronto foi quase um atraente.
amistoso de luxo, já que os ingle- Ao mesmo tempo, ele acres-
ses estavam rebaixados para a Li- centou o seu toque pessoal que
ga B, e os alemães não conse- os fãs admiravam durante seu
GERARDO MENOSCAL / AFP
Volto a frisar. Eu
não tenho nada
ainda, com
nenhum clube.
Não tenho nada
assinado, posso
afirmar 100%”
■ Rodinei, lateral-direito do
Flamengo, logo após a conquista
do título da Libertadores
do time na temporada, não sen-
do utilizado apenas na derrota
por 1 a 0 para o Palmeiras, no In-
dependência.
O jogador de 24 anos tem
aproveitado as oportunidades e
deu a assistência para Hulk mar-
car na vitória por 2 a 1 sobre o
Santos, na Vila Belmiro. Ao todo,
são quatro passes para gol em 37
jogos na temporada.
Concorrente na posição, Ma-
riano também deu quatro assis-
tências, mas em 40 partidas em
2022. Ele foi o titular absoluto
com o próprio Cuca em 2021 -
ano em que o Atlético conquis-
tou o Campeonato Brasileiro, a
Copa do Brasil e o Campeonato
Mineiro.
tempo no comando do Bayern de
Munique. O técnico gosta de va-
lorizar a flexibilidade em todas as
posições.
Apesar de contar com uma
boa safra de novos talentos, co-
mo Havertz, Sané e Musiala, o co-
mandante considera muito im-
portante esperar pela recupera-
ção de Neuer.
Além de tudo o que o goleiro
representa para a equipe nacio-
nal, a habilidade que ele tem de
jogar com os pés o torna uma
peça fundamental no esquema
alemão. Mesmo com a falha na
Copa do Mundo de 2018, ele
não deixou de ser idolatrado
em seu país.
■ CAVANI VIRA DÚVIDA
NO URUGUAI
A três semanas do início da
Copa do Mundo no Qatar, o tor-
cedor uruguaio está aflito. No sá-
bado (29), durante a derrota do
Valencia para o Barcelona por 1 a
0, o atacante Edinson Cavani dei-
xou o campo lesionado e virou
uma preocupação para a seleção
uruguaia.O jogador sentiu dores
no tornozelo e deixou a partida
aos 17min do primeiro tempo.
Nos próximos dias, será subme-
tido a uma série de exames para
avaliar a gravidade da lesão.
(Folhapress)
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ESTADO DE MINAS ● S E G U N DA - F E I R A , 3 1 D E O UTU B R O D E 2 0 2 2 ● E D I TO R A : S i l va n a A ra n t e s ● E D I TO R A - A S S I ST E N T E : Â n g e l a Fa r i a ● E - M A I L : c u l t u ra . e m @ u a i . co m . b r ● T E L E F O N E : (31) 3263-5 1 2 6

CHÁ COM LETRAS

O DIA É DELE

EM
Hoje, quando se comemoram os
120 anos de Carlos Drummond de
Andrade (foto), será lançado em

★ BH filme sobre a importância de

Mário de Andrade, de quem o
poeta de Itabira era “discípulo”.

PÁGINA 3

Filha e genro do escritor e jornalista mineiro Otto Lara Resende partiram de sua
autodescrição para o amigo Paulo Mendes Campos para fazer sua cinebiografia

RETRATO EM
GUSTAVO WERNECK
PROSA E VERSO GABRIEL LARA/DIVULGAÇÃO

Sentada numa poltrona, a

atriz Julia Lemmertz lê trechos
dos livros “Boca do inferno”, “O
retrato na gaveta”, “O braço direi-
to” e “As pompas do mundo”. Já à
máquina de escrever, o ator Ro-
dolfo Vaz interpreta o escritor e
jornalista Otto Lara Resende
(1922-1992), mineiro de São João
del-Rei e autor das quatro obras,
entre inúmeros outros trabalhos.
As cenas fazem parte do docu-
mentário “Otto: De trás p/ dian-
te”, que estreou recentemente
na Mostra Retratos, no Festival
do Rio 2022 (realizado de 6/10 a
16/10), na capital fluminense,
embora sem data para chegar
aos cinemas.
Dirigido por Helena Lara Re-
sende e Marcos Ribeiro, o docu-
mentário produzido pela TV Ima-
ginária Produções traça a biogra-
fia de Otto e tem como guia sua
carta-resposta ao amigo e belo-
horizontino Paulo Mendes Cam-
pos (1922-1991), que lhe pergun-
ta: “Quem é Otto Lara Resende?”.
Vale lembrar que, neste ano, os
dois amigos, integrantes do quar-
teto mineiro formado ainda por
Fernando Sabino (1923-2004) e
Hélio Pelegrino (1924-1988) e
chamados de “os quatro cavalei-
ros de um íntimo apocalipse”, es-
tariam completando o centená-
rio de nascimento.

HOMENAGEM “Pensamos nessa

homenagem pelo centenário,
embora tudo tenha começado
em 2018, durante uma gravação
informal com minha mãe, Hele-
na Pinheiro de Lara Resende, ho-
je com 94 anos e bem lúcida”,
conta Helena.
“Eu era muito jovem quando
meu pai morreu. Então, por mui-
tos anos, não consegui mexer
nos escritos dele. Só muitos
anos depois li ‘O braço direito’. A
emoção foi grande”, resume, ex-
plicando que, no documentário,
ela e a mãe revelam bilhetes e
cartas inéditas.
Sem querer dar “spoiler”, aí
vai uma parte da resposta da per-
gunta feita por Paulo Mendes
Campos, em 1975, na extinta re-
vista Manchete. “A ideia que faço
de mim? Um sujeito delicado e
violento. Delicado pra fora, vio-
lento pra dentro. Um poço de
contradições. Um falante que
ama o silêncio. Um convivente
fácil e um solitário. (...) Solicitude
e esquivança compõem meu es-
pectro. Gosto de partilhar, de par-
ticipar, sou bisbilhoteiro, abelhu-
do. Gostaria de ajudar todo mun-
do. Gostaria de viver todos os lan-
ces, estar presente. E gostaria
va à reflexão, e mostra, sobretu-
do, sua humanidade”, afirma He-
lena. Ela lembra que Otto gostava
muito do seu nome, que é palín-
dromo: pode ser lido da esquer-
da para a direita e da direita para
a esquerda. Como no título do
doc, de trás para diante.
ESCRITÓRIO Para contar a histó-
ria, foi recriado o escritório de Ot-
to Lara Resende na casa de cam-
po, em Petrópolis (RJ), que per-
tence à família. Helena explica
que foram usadas centenas de fo- roteirista e diretora estreante. O ator Rodolfo Vaz interpreta o
tos, de acervos do Instituto Mo- Formada pela PUC-Rio, estudou escritor em “Otto: De
reira Salles, Arquivo Público Mi- roteiro e direção de filmes do- trás p/ diante”, que fez sua
neiro, Museu da Imagem e do cumentários na SCE New York estreia no Festival do Rio e está
Som de Belo Horizonte, entre ou- University. Na televisão, foi re- inédito nos cinemas
tros, e arquivos em vídeo da TV pórter das TVs Manchete e Glo-
Globo, Band e TV Brasil junto a
imagens de São João del-Rei, na
Eu era muito bo e apresentadora do Canal Fu-
tura. No cinema, roteirizou o abrira uma escola. Otto fez o cur-
Região do Campos das Vertentes,
em Minas Gerais, Belo Horizonte,
jovem quando documentário longa-metragem
“Quem pode jogar” (2020) e faz
so pré-jurídico do Colégio Arnal-
do, ingressou, em 1941, na Facul-
Rio de Janeiro e Lisboa.
“O jornalista e escritor Hum-
meu pai morreu. sua estreia como diretora com
o filme sobre seu pai.
dade de Direito, passou a publi-
car crítica literária em O Diário.
berto Werneck também participa
do filme, ‘costurando’ as cenas,
Então, por VIDA E OBRA Nascido em São
Dois anos depois, seguiu para o
Rio de Janeiro, onde já moravam
A CIGARRA/ARQUIVO EM
muitos anos, não João del-Rei em 1º de maio de
1922, Otto Lara Resende foi o
os amigos Fernando Sabino e
Paulo Mendes Campos, e mergu-
consegui mexer quarto dos 20 filhos do casal
Maria Julieta e Antônio de La-
lhou de cabeça no jornalismo.
Trabalhou no Diário de Notí-
nos escritos dele. ra Resende
Na adolescência, demonstrava
cias, O Globo, Correio da Ma-
nhã, O Jornal, Última Hora e em
Só muitos anos o desejo de ser escritor. Na cidade
natal, aos 15 anos, conheceu Pau-
outras publicações.
Atuou ainda na revista Man-
depois li ‘O braço lo Mendes Campos, quando já ti-
nha pronto “O monograma”,
chete, na Rede Globo e, final-
mente, como cronista, na Folha
direito’. A emoção composto por nove histórias.
Em 1938, a família se mudou
de S.Paulo, onde assinou crôni-
cas até sua morte, em dezem-
foi grande” para Belo Horizonte, onde o pai bro de 1992.

também de estar ausente, sumi- ARQUIVO ORL/MS/REPRODUÇÃO

do, fora do mundo.”
O texto está “vivo” na voz do
ator Rodolfo Vaz, mesclado com
imagens de Otto e gravações do
disco “Os 4 mineiros”, da Som Li-
vre (1981). Já Paulo Mendes
Campos está presente na voz de
Isio Ghelman.
Feliz com o resultado do do-
cumentário, Helena espera que
as novas gerações conheçam
seu pai pela sua produção lite-
rária, e não pelo lado folclórico,
curioso, de frases de efeito e até
mesmo por ser um segundo tí-
tulo de “Bonitinha mas ordiná-
ria”, de Nelson Rodrigues (1912-
1980), que teve a primeira fil-
magem em 1963.
“Tal qual o personagem, o fil-
me é acessível a todos, pois tem
emocão, informação e humor, le-
■ Helena Lara Resende,
roteirista e diretora
pontuando e comentando fatos
da vida de Otto.” A direção de fo-
tografia é de Guy Gonçalves.
Marcos Ribeiro é cineasta, jor-
nalista e radialista. Estudou cine-
ma na Escuela Internacional de
San Antonio de Los Baños, em
Cuba, e cinema documentário na
SCE da New York University. Diri-
giu os longas metragens “Quem
pode jogar?” e “A obra de arte”,
tendo produzido e dirigido docu-
mentários, séries e programas
para diversos canais por assina-
tura, como GNT, Canal Brasil, Ca-
nal Futura, entre outros.
Como jornalista, Otto Lara Resende trabalhou para diversas Helena Lara Resende, casada Fernando Sabino, Helio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo
publicações desde que se mudou para o Rio, em 1943 com Marcos Ribeiro, é jornalista, Mendes Campos, no Rio de Janeiro, em agosto de 1986
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2 CULTURA
Ninguém consegue avaliar que

ANNA MARINA a nossa estabilidade física e

mental depende da coluna”
>>anna.marina@uai.com.br

Queda que derruba

Estava bem, sem problemas, numa
quarta-feira, 11 de maio, com apenas
dois compromissos: ir ao LG, salão de
beleza de Laura Nunes, para cuidar das
unhas, e comparecer à consulta com
meu médico de diabetes, Walter Caixe-
ta. Como o carro estava na oficina, fui
de táxi. Em lugar de pedir ao motorista
para me deixar na entrada do salão, re-
solvi descer em frente. E foi esta simples
mudança que me colocou meses e me-
ses doente.
Desci do táxi e, esquecendo a idade,
resolvi pular a água que corria junto
ao passeio e subir direto nele. Caí de
fio comprido, com todo o corpo segu-
ro pelo meio-fio, e a cabeça pela porta
do carro. Algumas pessoas me ajuda-
ram a levantar, não estava sentindo
nada, fui fazer as unhas. Depois, com
a prima que estava no salão, fui ao
médico. Após a consulta habitual, que
me livra dos problemas do excesso de
açúcar no sangue, o doutor Caixeta
examinou meus ossos, percebeu que
não tinha nada quebrado. Respirei ali-
viada e fui para casa.
Começou aí minha entrada no sur-
preendente desgaste físico e mental
que provoca uma queda tão comum.
Já no dia seguinte, comecei a sentir al-
gumas dores, creditadas à queda. Fui
levando normalmente, até que, umas
duas semanas depois, pedi socorro a
Henrique Salvador, que me recomen-
dou um especialista em ortopedia e
traumatologia.
Apesar de ser noite de sábado, telefo-
nei para o nome que ele me deu, mas
não podia me atender – estava fora do
país. Então, me passou o telefone de seu
substituto, que, numa gentileza única,
saiu de Contagem, onde passava o fim
de semana com a família, e veio me
atender. Em casa, informalmente.
Examinou o local da queixa da dor
maior e, com razão, disse que não podia
fazernadasemveraressonânciamagné-
tica do local. Na segunda-feira, baixei ce-
do no Mater Dei e o exame mostrou a vi-
lã da dor. Havia uma fratura da platafor-
ma superior do corpo vertebral na vérte-
bra T11 e extensão no muro superior,
com leve propulsão óssea comprimindo
o saco dural e tocando levemente a face
ventral da medula subjacente.
Dá para ver que copiei parte do texto
explicativo da ressonância, mas, trocan-
do em miúdos, a queda tinha levado mi-
nha espinha dorsal pro brejo. Se entrasse
emminhamedula,nemseioquepoderia
acontecer. Como, aliás, não sei até hoje.
De qualquer forma, a recomendação
de todos os médicos que me acompa-
nharam era uma só: buscar, por meio
do uso de um colete especial, repouso e
de não trabalhar pelo menos por 90
dias, manter o tronco sem movimento.
Quer dizer, a coluna vertebral comanda
a vida, sem muito auê. A não ser muita
dor. E, no meu caso, aparentemente
sem uma gota de sangue.
Fotografaram a coluna várias vezes
para pesquisar se havia retrocesso ali, a
cabeça ficava de fora. Até que, certo dia,
um daqueles vários médicos que me
atendiam resolveu pedir uma geral da
cabeça. Foi quando se descobriu que do
lado direito, bem na frente e sem ne-
nhum volume exterior, havia uma pe-
quena linha de sangue. O outro ponto
que me afligia, porque se as costas
doíam sem parar, a fala estava igual à de
alguém irracional. Falava tudo, mas a
maioria das coisas sem pé nem cabeça.
Eu não entendia muito a dor que
sentia no braço, nem o palavreado sem
nexo. Até que num dos fins de semana
que passava em casa, estava com uns
primos na sala quando comecei a con-
torcer a boca e falar pelos cocos. Por sor-
te, meu sobrinho médico estava lá e
diagnosticou logo a cena – eu estava
tendo uma convulsão.
Me levaram bem depressa para o
hospital, onde o neurologista confir-
mou o diagnóstico do meu sobrinho. E
receitou o medicamento que devo to-
mar durante algum tempo, para que a
convulsão não se repita. De certa forma,
ela chegou em boa hora – meu braço
parou de doer e o raciocínio lógico, que
tinha sumido, voltou.
A cabeça voltou a funcionar como
sempre, mas o medicamento me dá
uma certa tonteira, principalmente de
manhã. Ela não vai me vencer, não
posso acreditar que uma vértebra que-
brada quebre também o cérebro, a per-
cepção da vida.

HORÓSCOPO CLAUDIA HOLLANDER CRUZADAS

ÁRIES(20mar.a20abr.)
AsvibraçõesdaLuaincidemsobreseusetordasamizadese
possibilitamumclimadeentendimentoecamaradagemcom
todosaoseuredor.Háatéboaschancesdeumarelaçãoamizade
setransformaremalgomaissérioeprofundo.Dica:nãoidealizeas
pessoaseprocureaceitá-lascomosão.
LIBRA (23 set. a 22 out.)
Com o ingresso da Lua em sua casa da paixão, os assuntos do
coração entram em uma fase particularmente propícia. Você
tende a se mostrar mais sentimental. Se está só, conta com
boas chances de conhecer alguém muito especial. Dica: as
atividades de lazer estão particularmente beneficiadas.

TOURO (21 abr. a 20 mai.) ESCORPIÃO (23 out. a 21 nov.)

A Lua transita até depois de amanhã pelo ponto
culminante do seu céu natal, por isso acentua seu carisma
pessoal e lhe dá condições de brilhar e se projetar nas suas
atividades profissionais. O sucesso e a realização estão
mais do que nunca ao seu alcance. Dica: não se
descuide das suas necessidades afetivas.
Nestes dias, a Lua ativa o seu setor doméstico, por isso
anuncia uma fase ótima para você ficar mais tempo em
casa e se instalar e melhor e mais confortavelmente nela.
O período também é excelente para você buscar maior
entendimento com os familiares. Dica: os negócios com
terras e imóveis estão beneficiados.

GÊMEOS (21 mai. a 20 jun.) SAGITÁRIO (22 nov. a 21 dez.)

Agora as românticas vibrações da Lua atingem harmoniosamente
seu signo, por isso dinamizam sua vida sentimental e prometem
momentos muitíssimo estimulantes a dois. As viagens
prometem ser gratificantes e estão particularmente
beneficiadas. Dica: procure não magoar quem você mais ama.
Sua capacidade de se expressar está reforçada pela Lua, que
estimula seu lado verbal e comunicativo, capaz de se relacionar
de modo harmonioso com todos à sua volta. Os próximos dias
serão ótimos para fazer contatos, dar telefonemas e estar com as
pessoas. Dica: você tende a expressar melhor tudo o que sente.

CÂNCER (21 jun. a 21 jul.) CAPRICÓRNIO (22 dez. a 20 jan.)

A nova posição da Lua torna você muito mais consciente do que se
passa em seu íntimo e lhe dá condições de agir de modo mais
coerente.Você tende a se mostrar mais forte psiquicamente, por
isso pode se abrir e expor suas necessidades. Dica: seja prudente
nos negócios e finanças; prefira o pouco certo ao muito duvidoso.
LEÃO (22 jul. a 22 ago.)
Durante estes dias, a Lua transita pelo signo oposto ao
seu, por isso torna seus contatos com todos mais
gratificantes e harmoniosos. Você tende a exercer seu
lado mais altruísta e dedicado aos outros e pode se aliar
às pessoas em torno de interesses comuns. Dica: sua
necessidade de se relacionar está acentuada.
Durante estes dias, a Lua ativa seu setor material, por
isso acentua sua capacidade de realização e lhe dá
condições de se sair particularmente bem em tudo o que
exige bom senso, continuidade e eficiência. Dica:
acautele-se contra comportamentos excessivamente
possessivos no terreno sentimental.
AQUÁRIO (21 jan. a 19 fev.)
Nosso satélite, a Lua, inicia às 12h44 desta tarde o trânsito que
mensalmente faz sobre o seu signo, por isso anuncia uma fase
excelente para você. Os assuntos pessoais tendem a ir de vento
em popa e os cuidados com o visual serão bem-sucedidos.
Dica: você anda mais sensível e seu romantismo está em alta.

VIRGEM (23 ago. a 22 set.) PEIXES (20 fev. a 20 mar.)

Até depois de amanhã, a Lua ocupa sua casa do trabalho,
dando-lhe condições de se projetar naquilo que faz e de
executar suas tarefas com especial competência e boa
vontade. Os cuidados com a saúde prometem ser
especialmente produtivos. Dica: seja tolerante ao se
relacionar com quem você mais gosta.
O fato de a Lua transitar pelo signo anterior ao seu assinala
uma fase em que você deve ser o mais realista possível,
inclusive no amor e nos assuntos financeiros. Não se iluda
nem alimente expectativas demais em relação aos outros,
para não sofrer decepções. Dica: seja realista e evite se
envolver em negócios nebulosos.

SUDOKU

Para jogar basta completar

cada linha, coluna e quadra-
do 3 x 3 com números de 1 a
9. Não há nenhum tipo de
matemática envolvida.

SOLUÇÃO ANTERIOR

QUADRINHOS JUVENTUDE / Chantal

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❚ CINEMA
Filme de Armando Mendz aborda a importância de Mário de Andrade na cultura de Minas e do
Brasil. Lançamento será hoje, dia dos 120 anos de Drummond, interlocutor do autor paulista
O FAROL
MODERNISTA MARIANA PEIXOTO
“Sua opinião me interessa mais do
que a de qualquer outro, e você sabe
que já estou acostumado à sua franque-
za rude.” Corria o ano de 1930 e Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987),
há pouco com seu primeiro livro publi-
cado, queria saber o que Mário de An-
drade (1893-1945) tinha achado de “Al-
guma poesia” – obra que o mineiro ha-
via dedicado ao paulista, vale dizer.
Muito amigos, quase sempre a dis-
tância, trocaram 161 cartas ao longo de
21 anos. Conheceram-se pessoalmente
em 1924, quando Mário capitaneou a
chamada “Viagem de descobrimento
do Brasil”, incursão que os modernistas
participantes da Semana de 1922 –
Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral,
entre eles – fizeram por Minas Gerais. O
encontro foi definitivo – para Drum-
mond, para os paulistas e para o pró-
prio Modernismo.
“Uma carta para Mário”, documen-
tário dirigido por Armando Mendz,
ENTREVISTA DE SEGUNDA
MARIA ESTELA KUBITSCHEK LOPES – FILHA DE JK
“No dia em que completei 15 anos,
JK assinou a Lei de Adoção Legal”
Os 120 anos de nascimento de Jusce-
lino Kubitschek serão comemorados na
próxima segunda-feira (7/11) por inicia-
tiva da Academia Mineira de Letras, cu-
ja cadeira nº 34 foi ocupada por JK.
Na sede da AML, haverá sessão sole-
ne com participação dos professores
João Antônio de Paula e Maurício Cam-
pomori e do acadêmico Angelo Oswal-
do. No dia seguinte, Dom Walmor Oli-
veira de Azevedo, também membro da
Academia, celebrará missa em ação de
graças na Igreja São Francisco de Assis,
na Pampulha.
Filha de Juscelino, Maria Estela Ku-
bitschek Lopes estará presente com a fi-
lha, Jussarah. “Ao reverenciar os 120
anos de nascimento de meu pai, a Aca-
demia Mineira de Letras homenageia o
homem que dedicou a vida ao seu povo
e seu país. Sinto-me muito honrada e,
mais ainda, muito emocionada”, diz.
Ela conta que no dia da posse de JK
E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A ,
que será lançado nesta segunda-feira
(31/10), dia dos 120 anos de nasci-
mento de Drummond, fala tanto
dessa história quanto da influência
do intelectual paulista na cultura e
na vida brasileira.
Filme produzido para o programa
“O Modernismo em Minas Gerais”,
iniciativa da Fundação Clóvis Salga-
do, do Ministério Público e da Appa
Arte e Cultura, será exibido no Cine
Humberto Mauro. A sala apresenta
também os documentários “Poeta de
sete faces”, de Paulo Thiago, e “Uma
divina geometria”, de Lívia Raponi.
Rodado neste ano, “Uma carta pa-
ra Mário” parte de uma provocação.
O escritor Luiz Ruffato foi convida-
do pela produção do filme para es-
crever uma missiva para Mário de
Andrade. “Na carta, ele fala dos des-
dobramentos em Minas, abrindo o
diálogo (para uma série de depoi-
mentos). A carta é como um guia do
filme”, comenta Mendz.
O documentário ainda conta com
ARMANDO MENDZ/DIVULGAÇÃO
na AML, toda a família estava presente.
“A emoção dele era tão grande que con-
tagiou toda a plateia. Naquele momen-
to, lembrei-me de que meu pai me havia
dito que a leitura e a vida eram os melho-
res professores.”
Maria Estela tem três filhos – Jussarah,
João César e Marta Maria – e quatro ne-
tos, as gêmeas Mariana e Gabriela, Va-
lentina e Lucas. Márcia Kubitschek (1943-
2000), irmã dela, era mãe de Anna Chris-
tina, Júlia e Alejandra.
A senhora acompanhou a inauguração de Bra-
sília,dissequeaprimeiramissanacapitalfede-
raladeixouemocionada.Duranteascomemo-
raçõesdos120anosdeJK,haverámissanaIgre-
jaSãoFranciscodeAssis,naPampulha.Asenho-
ratemalgumarelaçãoespecialcomessaigreja?
O dia da inauguração de Brasília foi mar-
cante em minha vida, e hoje o mesmo
sentimento me envolve. A Igreja São
Francisco de Assis, construída durante o
3 1 D E
CULTURA
a participação do poeta Ricardo Alei-
xo, que interpreta “Noturno de Belo
Horizonte”, escrito por Mário sob o
impacto da viagem de 1924.
Para falar sobre o Modernismo em
Minas, o filme reúne entrevistas
com intelectuais de várias áreas –
Daniel Mundukuru, Vera Casa Nova,
João Antônio de Paula, Isabelle An-
chieta, Rodrigo Vivas, Leonardo Cas-
triota e Denise Bahia.
As locações exploram a arquitetu-
ra modernista de BH, como o Palácio
das Artes, o Palácio das Mangabeiras,
a Escola de Arquitetura da UFMG e a
Biblioteca Pública Estadual.
Antes da incursão de 1924, Mário
veio a Minas, em 1919, quando foi a
Mariana visitar Alphonsus de Guima-
raens (1870-1921). O filme traz ima-
gens da residência onde ele vivia, ho-
je Museu Casa que leva o nome do
poeta. Há também passagens por Ou-
ro Preto e imagens de Cataguases, na
Zona da Mata, que tem uma série de
edificações modernistas.
ESPECIAL 120 ANOS CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE
Nesta segunda (31/10), no Cine Humberto Mauro
do Palácio das Artes – Avenida Afonso Pena,
1.537, Centro. Exibição dos filmes “Poeta de sete
faces”, de Paulo Thiago (16h); “Uma divina
geometria”, de Lívia Raponi (18h); e “Uma carta
para Mário”, de Armando Mendz (19h30).
Entrada franca. Ingressos devem ser retirados
na bilheteria uma hora antes de cada sessão
Professora Vera Casa Nova grava
entrevista para o documentário
“Uma carta para Mário”
BRUNO PERES CB/D.A PRESS
período em que meu pai era prefeito de
Belo Horizonte, foi beatificada somente
quando ele já era presidente da Repúbli-
ca. Pude sentir o quanto ele sofreu, du-
ranteanos,esperandoveracelebraçãode
uma missa e poder rezar na sua capeli-
nha, como dizia.
Qual é a sua relação com Belo Horizonte?
Minhas lembranças de Belo Horizonte
sãopassagensimportantesemminhavi-
da.EmBH,conheciMárcia,minhasaudo-
sa e querida irmã. Desde o primeiro dia
do nosso encontro, unimos nossas mãos
eassimvivemospormuitosemaravilho-
sos anos. A vida no Palácio da Liberdade
era uma alegria para as duas meninas,
que, sempre que podiam, participavam
dos eventos, embora fossem ainda mui-
to jovens. Meus pais eram muito atentos
àeducação,diziamquenãoéramosespe-
ciaisporserfilhasdogovernador.Éramos
iguais a todas as outras crianças. Fizemos
O U T U B R O D E 2 0 2 2
Viagens de Mário de Andrade a Minas Gerais foram fundamentais
para as reflexões do intelectual modernista sobre o Brasil
CELEBRAÇÃO NO FLITABIRA
Oficialmente, a segunda edição do
Festival Literário Internacional de
Itabira – Flitabira começa quinta
(3/11). Até domingo (6/11), o evento
vai refletir sobre a trajetória de
Drummond por meio de intensa
programação, presencial e digital.
Mas hoje, dia de seu nascimento, a
vida e a obra do poeta itabirano já
começam a ser celebrados.
Até a meia-noite desta segunda
(31/10) será realizada a “Maratona 24
Horas de Leitura – 120 anos de Drum-
mond”, com transmissão pelas redes
do evento (@flitabira) e do CPF Sesc
Maria Estela Kubitschek
diz que ser filha de
JK e dona Sarah foi
“uma bênção”
para ela
H E LV É C I O C A R LO S
>>helveciofigueiredo.mg@diariosassociados.com.br
o curso primário na Escola 12 de Dezem-
bro. No Palácio da Liberdade, aprendi a
nadar,montaracavalo,dançaretocarpia-
no.EueMárciatínhamosumagovernan-
ta francesa para aprender a língua e nos
acompanhar.
Como era ser filha de JK?
SerfilhadeJuscelinoeSarahfoiumabên-
ção para mim. Nasci em Montes Claros,
filha de Oswaldo e Judith Mata. O destino
mudouorumodeminhavida,fuiadota-
da e perfilhada pelo casal Kubitschek, de
quemmeuspaisbiológicoseramamigos.
Outra preocupação deles era de que sou-
béssemos que Márcia e eu éramos iguais
atodasasoutrascrianças.Aúnicadiferen-
ça era que ele seria governador apenas
por uns tempos. Postura e educação for-
mal também eram princípios que deve-
ríamos ter sempre na vida, em qualquer
circunstância. Porém, muito melhor do
que tudo e motivo de muito orgulho, era
ser filha de Sarah e Juscelino!
OpresidentedaAML,RogérioTavares,disseque
JK prestigiou a educação, a cultura, a preserva-
ção do patrimônio histórico. No governo dele,
trabalharam intelectuais como Alphonsus de
Guimaraens Filho, Autran Dourado e Augusto
FredericoSchmidt.Qualfoiolegadoqueseupai
deixou para as artes?
Foiumgrandeadmiradorepatrocinador
dasartes.Gostavadeestaracompanhado
por pintores escritores, escultores, músi-
cosecantores.Umacaracterísticadosmi-
neiros, em especial dos diamantinenses,
“cidadeondeossinosnãocantamporque
estãosempreviradosdebocaparabaixo”
. a Lei de Adoção Legal. Ele me cha-
Como era a relação de Juscelino Kubitschek
com artistas e intelectuais?
Embora muito pequena, lembro-me de
3
LASAR SEGALL/REPRODUÇÃO
(@cpfsesc), em São Paulo, parceiro do
festival. Durante todo o dia vão acon-
tecer leituras ao vivo e pré-gravadas de
poemas de Drummond.
Estudantes, escritores, artistas e vo-
luntários vão se alternar em dois pal-
cos, com a presença do público no Tea-
tro da Fundação Cultural Carlos Drum-
mond de Andrade, em Itabira, e no au-
ditório do CPF Sesc. Interessados das
duas cidades em fazer a leitura pre-
sencial devem se inscrever pelo e-mail
flitabira@flitabira.com.br (em Itabira)
ou pelo link https://bit.ly/3TsOMn9
(em São Paulo).
O destino mudou
o rumo de minha
vida, fui adotada e
perfilhada pelo casal
Kubitschek, de
quem meus pais
biológicos
eram amigos”
papaisemprecercadodeartistas,escrito-
res, pintores e outros. Quando podia, nos
chamava para nos apresentar e expli-
car quem eram aquelas pessoas. Isso
aconteceu durante o período em que
ele foi presidente e mesmo depois.
Há alguma lembrança que JK, como pai,
deixou e o público desconhece?
Todas as lembranças que tenho de
meu pai são muito importantes. Po-
rém, nunca vou me esquecer de que
um dia ele me falou que eu parecia
com ele em certos momentos – até
mais do que a própria Márcia, sua fi-
lha biológica. E também do dia em
que completei 15 anos e ele assinou
mou e disse: “Minha filha, este é o
seu presente de aniversário.” Emo-
ção inesquecível!
 Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais
4 CULTURA
❚ MÚSICA
Carlos Malta, Guinga, Hamilton de Holanda e Cristovão Bastos, entre outros instrumentistas,
soltam a voz no novo disco do compositor carioca, que está completando 45 anos de carreira
MOACYR LUZ PÕE TODO
MUNDO PARA CANTAR
AUGUSTO PIO
“Amor pela música, devoção e entre-
ga a um trabalho com sintonia um
pouco elevada, mas sem preocupação
com modismos.”Assim Moacyr Luz de-
fine seu novo álbum, que está sendo
lançado nas plataformas digitais.
Com 11 faixas autorais inéditas, o
disco reúne um time de craques: Guin-
ga, Hamilton de Holanda, Cristovão
Bastos, Rogério Caetano, Ricardo Silvei-
ra, Alaan Monteiro, Carlinhos 7 Cordas,
Zé Paulo Becker, Carlos Malta, Bebê Kra-
mer e Paulo Malaguti Pauleira.
Detalhe: o anfitrião fez todo mundo
cantar – enfrentou resistências, mas
conseguiu.
RIO Moacyr Luz, que está completando
45 anos de carreira, diz que se trata de
homenagem ao Rio de Janeiro, onde
nasceu. Participaram das gravações Ita-
mar Assiére (piano), Zé Luiz Maia (bai-
xo), Luiz Augusto Guimarães e Junior
de Oliveira (percussões).
O carioca, de 64 anos, conta que “A
música do músico – Moacyr Luz e con-
vidados” é fruto de seu desejo de apro-
ximar o público do compositor popular.
“O objetivo é dar ao público a pos-
sibilidade de conhecer a canção dire-
tamente das mãos e instrumentos
dos compositores e músicos que ali-
mentam a cena brasileira. Sempre me
identifiquei muito com os instru-
mentistas”, comenta.
Para ele, o compositor instrumen-
tista faz do som a sua palavra, “às ve-
zes, com um lirismo de alta com-
preensão”. Moacyr se empenha em
pôr abaixo o mito de que instrumen-
tista não é músico popular, pois ins-
trumental é “difícil”.
“Pensei em trazer uma expressão
que o povo possa cantar, que as pessoas
possam ouvir e ter outra visão desta
música”, afirma.“Infelizmente, o gênero
instrumental é colocado na prateleira
de coisas ‘cult’, sofisticadas, eruditas.”
ÍNDIA Ele dá como exemplo de seu es-
forço a canção“Índia Flor”, parceria com
Carlos Malta. O letrista inventou a his-
tória da índia que consegue respirar
dentro d’água para poder namorar.
Com esse trabalho, Moacyr revela o
lado cantor, nova faceta dos parceiros.
“Um dos momentos marcantes foi com
Cristovão Bastos, que cantou linda-
mente ‘Sagitário’. Houve resistência
muito forte por parte deles”, admite.
Alok está de olho no mercado chinês
ANA RAQUEL LELLES
O DJ Alok se prepara para expandir
sua carreira para o outro lado do mun-
do. Depois de atingir 5 bilhões de re-
produções de suas músicas no Spotify
e lançar “All by myself” em parceria
com os britânicos Ellie Goulding e o DJ
Sigala, o artista brasileiro traça planos
para o continente asiático, especial-
mente a China.
“O mercado chinês não era algo
que eu imaginava para os próximos
anos. Com o país se reabrindo, virou
um local onde vou desenvolver alguns
projetos. Tenho acompanhado, está
bem frutífero”, revela em entrevista
exclusiva ao Estado de Minas. Para o
DJ, a China é um “lugar fascinante e
cheio de potências sonoras”.
ISOLAMENTO Em 2018, a turnê chine-
sa de Alok teve 15 apresentações, com
mais de 45 mil pessoas em cada show.
O DJ tem shows marcados na Ásia, mas
sem datas em cidades da China, devi-
do à restrição do governo a estrangei-
ros. Exige-se que eles fiquem em isola-
mento por 10 dias.
“Como o país ficou muito tempo fe-
chado, sem receber turistas, isso fez
eclodir novos talentos musicais. Hoje
tem muitos DJs chineses”, afirma.
Alok diz se sentir“bastante querido”
na China. “Fiquei admirado em ter
conseguido chegar lá e ver meu no-
me nos outdoors.” Fãs chineses são
E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A ,
Moacyr Luz com Hamilton de Holanda, que tocou e cantou na faixa “São dois irmãos”
“O próprio Cristovão me disse:‘Poxa,
Moa, estou com 70 anos e nunca gravei
cantando’. Respondi: ‘Bota só um ver-
so, o importante é que você cante’. E a
voz dele tinha uma dramaturgia ma-
ravilhosa, ficou lindo. Quando abriu a
boca e cantou o primeiro verso, fiquei
maluco”, relembra.
Moa, como os amigos o chamam,
batalhou para driblar a resistência
dos parceiros para soltar a voz. Alguns
falaram até em deixar o projeto. Mas
valeu a pena.
“É lindo ver o Hamilton, o Cristovão,
o Guinga e todos os outros cantarem.
Carlos Malta também gravou cantando
pela primeira vez. E mandou muito
bem. Eles não queriam, mas acabei con-
vencendo-os e ficou lindo. Gravei no
melhor estúdio do Rio de Janeiro, o
Companhia dos Técnicos.”
Parceria carioquíssima se deu com
Rogério Caetano. “É um tremendo vio-
lonista sete cordas, fizemos a ‘Peladei-
ros’, homenagem ao jogador clássico, o
cara que sua a camisa, joga com raça,
do tipo bola pro mato que o jogo é de
campeonato. Lembrei-me de '1 x 0', do
Pixinguinha e Benedito Lacerda, cuja
letra foi feita pelo mineiro Nelson Ân-
gelo, que a transformou em um tre-
mendo sucesso”, diz.
Moacyr pretende lançar clipes para
diferentes dos brasileiros, revela. “Na
hora de pedir uma foto ou autógrafo,
esperam a gente chamar ou autorizar
para eles virem.”
3 1 D E
algumas faixas.“Principalmente de‘Pe-
ladeiros’, que fala de futebol e de joga-
dores da antiga com nomes estranhos.
O meu amigo Sergio Pugliese, do Mu-
seu da Pelada, um site muito bacana,
MARLUCE MARTINS/DIVULGAÇÃO
“All by myself”' é o carro-chefe da no-
va fase da carreira internacional de
Alok. “As histórias por trás de cada mú-
sica que faço são curiosas”, brinca. Esse
O U T U B R O D E 2 0 2 2
MARLUCE MARTINS/DIVULGAÇÃO
até quer fazer esse clipe”, conta o autor.
MINAS Agora, ele planeja divulgar o
disco e espera fazer shows em Minas
Gerais.“Tenho um público muito baca-
na no estado. Assim como tem o sam-
ba no Rio de Janeiro, existe a música de
Minas. O Clube da Esquina povoou a
música brasileira de beleza vocal e acor-
des difíceis”, diz.
“Nesse projeto, tive a felicidade de
trabalhar a música do jeito que gosto.
Se for preciso, fico até sem dormir, atrás
da inspiração, embora confie muito
mais no trabalho”, comenta.
“Vi o Hamilton de Holanda, venera-
do no mundo inteiro, como uma crian-
ça tocando ali, feliz da vida. Isso não
tem preço”, revela.
“O barato do lugar”, “Dobrando a ca-
rioca”,“LadeiradeSanta”e“Peladeiros”re-
metem ao Rio de Janeiro e às paixões de
quemvivelá,comoCopacabana,asladei-
ras de Santa Teresa, o carnaval e o futebol.
“Acredito que o público vai entender o
Rio de Janeiro mediante outras vozes,
acordes, tonalidades e cores”, afirma.
Guinga e o amigo Moa
compuseram “Dobrando
a carioca”, homenagem
ao Rio de Janeiro
MAURO PIMENTEL/AFP
hit começou a ser idealizado em 2021,
quando a pessoa responsável pela es-
tratégia dos lançamentos internacio-
nais dele recebeu o vocal de Ellie.
❚ REPERTÓRIO
» “O BARATO DO LUGAR”
De Bebê Kramer e Moacyr Luz
» “PELADEIROS”
De Rogério Caetano e Moacyr Luz
» “O ELEFANTE”
De Ricardo Silveira e Moacyr Luz
» “DOBRANDO A CARIOCA”
De Guinga e Moacyr Luz
» “APLAUSO FINAL”
De Alaan Monteiro e Moacyr Luz
» “LADEIRA DE SANTA”
De Carlinhos 7 Cordas e Moacyr Luz
» “ÍNDIA FLOR”
De Carlos Malta e Moacyr Luz
» “TABERNA E PURPURINA”
De Zé Paulo Becker e Moacyr Luz
» “O TOM DA DESPEDIDA”
De Paulo Malaguti Pauleira e Moacyr Luz
» “SAGITÁRIO”
De Cristovão Bastos e Moacyr Luz
» “SÃO DOIS IRMÃOS”
De Hamilton de Holanda e Moacyr Luz
TRATORE/REPRODUÇÃO
“A MÚSICA DO MÚSICO
MOACYR LUZ E CONVIDADOS”
Disco de Moacyr Luz
11 faixas
Tratore
Disponível nas plataformas digitais
O brasileiro Alok planeja turnês
na Ásia e traça estratégia
para conquistar a China
“Comecei a trabalhar em cima dis-
so, mas parei, achei que não estava fi-
cando da forma que gostaria. Tempos
depois, revendo meus arquivos, depa-
rei com a música novamente”, conta.
Foi então que ele teve a ideia de usar
a melodia de“Enjoy the silence”, do De-
peche Mode, no trabalho. “Achei que fi-
cou perfeito.”Logo depois, conseguiu os
direitos autorais para usar o sample em
“All by myself” e começou a remixar.
A música se inspirou na comuni-
cação entre as pessoas durante a
pandemia. Até o processo de criação
e produção, com Ellie e Sigala foi on-
line. “Tínhamos um grupo de What-
sApp, mas muito se deu na troca de
e-mails”, relembra.
POTENCIAL A canção será o foco do
trabalho do artista nos próximos me-
ses. “É uma música com potencial
mundial, tem o pop da Ellie, mas tem o
eletrônico meu e do Sigala”, afirma.
“Uma coisa interessante foi a Ellie
dar liberdade para fazermos algo
com pegada eletrônica mesmo, acho
que pela experiência dela em traba-
lho com outros DJs”, comenta. A bri-
tânica já trabalhou com Calvin Har-
ris no hit “Outside”, e Major Lazer,
em “Powerful”.
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E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 3 1 D E O U T U B R O D E 2 0 2 2

CULTURA 5

Antena
REPRODUÇÃO

FUNDAÇÃO DARCY RIBEIRO HALLOWEEN

NAS TELAS

Neste 31 de outubro, dia

de Halloween, o
Nickelodeon promete
passar episódios
temáticos, bem no estilo
“gostosuras ou
travessuras”, das
atrações “Patrulha
canina”, “Os
SETE LAGOAS Casagrandes”, “Bob
Esponja”, “Patrick
ARTE DE RUA Estrela”, “The
REPRODUÇÃO
O mineiro Darcy Ribeiro lutou sem trégua pelos indígenas Thundermans” e
A valorização da “Danger Force”. Às 20h, tem “Monster High: O filme” (foto). Por
cultura negra vai dar sua vez, o canal Comedy Central vai exibir o filme “Sabrina, a
o tom ao 4º Festival
Nacional de Arte de
DARCY RIBEIRO aprendiz de feiticeira”, às 18h30.
Rua (Fenar) de Sete NO CANAL BRASIL
●●●
Lagoas, que começa
nesta terça-feira O centenário de nascimento do mineiro Darcy Ribeiro,
sociólogo, educador e, sobretudo, defensor dos indígenas, No canal Prime Box Brasil, estreia hoje o especial “Cine terror”,
(1º/11) e apresentará com 13 episódios que mergulham no universo dos filmes
cerca de 20 atrações é comemorado pelo Canal Brasil com dois
documentários dirigidos por Zelito Viana, que serão brasileiros de terror, contando como os realizadores decidiram
até 13 de novembro. se arriscar optando por esse segmento, considerado pouco
Vão cantar Raça exibidos nesta segunda-feira (31/10). O inédito “Da terra
dos índios aos índios sem terra” traz entrevista de Darcy comercial até pouco tempo atrás. A programação começa às
Negra, Sandra de Sá 21h, com os curtas “Para minha gata Miéze”, “O prometido” e
e Dudu Nobre, entre ao cineasta, concedida em 1977. Registro dado como
perdido após um incêndio, mas recuperado 45 anos “Antônia”. Às 22h, será a vez do longa “S.O.S.”, seguido dos curtas
outros artistas. Os “O depoimento de Ivo Zimmerman” e “Eternidade”.
shows terão entrada depois, o filme traz fotografias de Sebastião Salgado.
franca. Amanhã, a Narrado pelo ator Marcos Palmeira, filho de Zelito, o
festa será aberta às documentário será exibido às 19h40. O filósofo e mestre
em antropologia Gersem Baniwa, de São Gabriel da CONIIIN/DIVULGAÇÃO
20h, na Lagoa Boa
Vista (Parque Cachoeira, no Amazonas, também participa do filme. DJONGA
Náutica), pelo grupo CLIPE
Vira e Mexe. Às ●●●
22h30, Luiz Carlos e Djonga lançou o primeiro
os companheiros do Mais cedo, às 17h50, vai passar “Terra dos índios”, narrado clipe de seu novo disco,
Raça Negra subirão por Fernanda Montenegro. Lideranças indígenas, “O dono do lugar”, que
ao palco. Luiz Carlos e sua banda Raça sobretudo do Mato Grosso do Sul, revelam problemas chegou às plataformas em
Negra abrem o festival enfrentados por suas tribos. O longa mostra a luta dos 13 de outubro. “Conversa
●●● caingangues, cadieus, caiuás-cajabis e xavantes para com uma menina branca”
retomar a posse de suas terras em meio à ocupação traz imagens do rapper
Outras atrações do 4º Fenar serão o grupo de teatro irregular das reservas indígenas. negro tentando dialogar
Estranhos Visitantes e a Guarda Moçambique Nossa Senhora com garotas brancas –
da Conceição. O evento “Cena local em pauta” vai destacar o uma delas chama a polícia
hip-hop, com batalhas de rimas, mesas de debate, shows e NETFLIX/DIVULGAÇÃO e ele é preso
exposição projetada. Fotógrafos do Coletivo Interiorizar violentamente ao final. O
apresentam a exposição “Origens”. O festival faz parte das próprio músico criou o
comemorações dos 155 anos de Sete Lagoas. clipe, que, segundo ele,
propõe a discussão sobre
a masculinidade preta.

●●●
RECITAL Na próxima quarta-feira (2/11), Djonga vai participar do
PROFESSORES DA UFOP
festival Imune, no Odeon Hub, em BH, ao lado de Avelin
Buniacá Kambiwá, Bia Nogueira, Raphael Sales, Cleópatra,
Professores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Maíra Baldaia, Guxta e Afronta MC. O festival vai das 14h
apresentam recital nesta segunda-feira à noite, no teatro da às 22h, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-
Assembleia Legislativa (Rua Rodrigues Caldas, 30, Bairro entrada), à venda no site Sympla. O espaço fica na Avenida
Santo Agostinho). O violonista Victor Vale vai interpretar do Contorno, 1.328, Floresta.
peças de Augustín Barrios Mangoré e Mauro Giuliani. O
pianista Anderson Daher executará criações de Chopin e
Villa-Lobos. O trompetista Erico Fonseca e o pianista Daher
interpretarão obras de Jean-François Michel. O recital
começa às 20h, com entrada franca.
CEMIG
NATAL CULTURAL

Já está disponível edital publicado pela Cemig para

CONSERVATÓRIO
ALUNOS DA UEMG
O projeto Performare, do Conservatório UFMG, recebe
alunos da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg)
nesta segunda-feira (31/10), às 19h, para recital de música
de câmara. O evento tem entrada franca. O espaço fica na
Avenida Afonso Pena, 1.534, Centro.
seleção de projetos para o evento “Natal cultural Cemig
2022”, aprovados na Lei Estadual de Incentivo à Cultura. A
K-DRAMA inscrição é gratuita e o interessado pode fazer cadastro
até as 18h da próxima sexta-feira (4/11), no site da
“AMOR RURAL” empresa, que destinará R$ 4 milhões às propostas
aprovadas. A iniciativa contempla música, teatro, dança,
O drama sul-coreano “Amor rural” (foto) chega ao catálogo da artes plásticas, artesanato, audiovisual, fotografia e
Netflix nesta segunda-feira. Veterinário da cidade grande se muda
preservação do patrimônio imaterial. O edital está à
para o interior a contragosto e conhece policial que guarda um disposição no Portal Cemig.
segredo. Quando ela o ajuda a resolver inconvenientes
raelacionados ao cotidiano na vila, eles se apaixonam.

TELEMANIA
TV ABERTA FILMES
O JORNAL NÃO SE RESPONSABILIZA POR MUDANÇAS DE ÚLTIMA HORA NA PROGRAMAÇÃO FEITAS PELAS EMISSORAS
J. RAPOSO/SBT ESTEVAM AVELLAR/GLOBO REPRODUÇÃO
22:30 Galera esporte clube 22:00 Roda viva
23:30 NFL show 23:45 Camarote 21
00:30 Leitura dinâmica
01:10 João Kleber show –
Melhores momentos
02:00 Ultrafarma
12 GLOBO
CAT: (31) 4002-2884
www.redeglobo.com.br
5 SBT/ALTEROSA
CAT: (31) 3237-6000 04:00 Hora um
www.alterosa.com.br 06:00 Bom dia Minas
08:30 Bom dia Brasil
06:00 Primeiro impacto 09:30 Encontro Channing Tatum é o agente
11:45 Alterosa esporte 10:35 Mais você Tequila em “Kingsman:
12:45 Alterosa alerta 11:45 MGTV 1ª edição O círculo dourado”
13:30 Alterosa agora 13:00 Globo esporte
14:15 Henry Danger 13:25 Jornal Hoje 15h30 na Globo
15:20 Casos de família 14:45 Chocolate com pimenta
16:20 Fofocalizando 15:30 Sessão da tarde
Sérgio (Guilherme Boury) e Joana (Daniela Paschoal) Dada como morta, Clarice (Taís Araujo) reaparece e UMA NOITE NO MUSEU
17:20 Cuidado com o anjo 17:05 A favorita
se desentendem em “Poliana moça”, no SBT/Alterosa EUA, 2006. Direção de
18:30 Vencer o desamor faz discurso na SG, em “Cara e coragem”, na Globo 18:25 Mar do sertão
Shawn Levy. Com Ben Stiller,
19:15 Jornal da Alterosa 19:10 MGTV 2ª edição
Robin Williams, Dick van Dyke,
2 RECORD 00:35 Jornal da Record 24h
00:45 Iurd
19:45
20:30
SBT Brasil
Poliana moça
18:50 Jornal Band Minas 16:30 Órfãos da vida selvagem
17:00 As fascinantes
19:40
20:30
Cara e coragem
Jornal Nacional Carla Gugino, Bill Cobbs e Owen
CAT: (11) 3660-4000 19:20 Jornal da Band Wilson. No primeiro dia de emprego,
www.rederecord.com.br 21:30 Cúmplices de um resgate cidades do mundo 21:40 Travessia

07:00 Jornal da Record 24h

4 REDE TV! 22:15 Programa do Ratinho
20:30
22:45
Faustão na Band
Desafio em dose dupla 18:00 Os imigrantes 22:50 Tela quente vigia noturno do
Museu de História Natural descobre
CAT: (11) 3306-1000 23:30 Arena SBT 19:00 Agenda 01:10 Jornal da Globo
23:15 Jornal da Noite que objetos, esqueletos
07:05 MG no ar www.redetv.com.br 00:45 The noite 19:30 Jornal Minas 02:00 Conversa com Bial
08:40 Fala Brasil 01:45 Operação Mesquita 23:30 NBA 2022/2023 02:40 Cara e coragem – e estátuas ganham vida
2ª edição
10:00 Hoje em dia 05:00 Igreja Internacional da 02:30 Quem não viu vai ver 02:00 Esporte total Reapresentação depois que o Sol se põe.
20:00 Mulhere-se
11:50 Balanço geral Minas Graça de Deus 04:00 Conexão repórter 02:30 Que fim levou? 03:25 Comédia na madrugada
20:30 Opinião Minas
13:45 Iurd 08:30 Ultrafarma
21:00 Jornal da Cultura
13:48
15:30
Balanço geral Minas
Os 10 mandamentos
09:00 Manhã do Ronnie
10:30 Vou te contar
7 BANDEIRANTES 9 REDE MINAS ACERVO PESSOAL
22h50 na Globo
11:50 Igreja Batista CAT: (11) 3742-3011
16:30 Cidade alerta www.redeband.com.br CAT: (31) 3254-3000 KINGSMAN:
17:10 Jornal da Record 24h Avivamento Mundial www.redeminas.tv O CÍRCULO DOURADO
17:15 Cidade alerta 12:30 Eleve 04:00 1º Jornal EUA, 2017. Direção de Matthew
17:40 Jornal da Record 24h 12:45 Polishop 06:00 Show da fé08:00 WSN 06:30 Vale agrícola
No dia de Vaughn. Com Channing Tatum,
17:45 Cidade alerta 13:00 Iurd 09:00 Bora Brasil 07:30 Se liga na educação
Colin Firth, Halle Berry,
18:00 Cidade alerta Minas 15:00 A tarde é sua 09:25 The chef com Edu Guedes 11:15 Se liga no tira dúvidas Halloween, a Julianne Moore, Mark Strong e Taron
18:55 MG Record 17:00 Iurd 12:30 Jornal Minas 1ª edição terapeuta Lígia
11:00 Jogo aberto Egerton. O quartel da Kingsman é
19:55 Jornal da Record 18:30 Alerta Nacional 13:00 Brasil das Gerais
13:00 Os donos da bola Ramos fala sobre destruído. Eggsy e Merlin vão aos EUA
21:00 Reis 19:30 RedeTV! news 13:30 Detetives do Prédio Azul
20:30 Igreja Internacional
14:00 Mundo dos negócios 14:00 Dango Balango bruxas no “Brasil à procura da Statesman, organização
22:00 Amor sem igual
14:30 Melhor da tarde 14:30 Quintal da Cultura das gerais”, na secreta aliada, para combater as
22:45 A fazenda da Graça de Deus
00:00 Chicago P.D 21:30 TV Fama
16:00 Brasil urgente 16:00 Brasil visto de cima Rede Minas ameaças de Poppy.
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6 CULTURA
❚ STREAMING
Sexta temporada da série de animação não aposta em novidades, mas diverte ao abordar temas
como ansiedade, insegurança e autoaceitação. Mais 10 episódios estão disponíveis na Netflix
MATHEUS HERMÓGENES*
Entre a última temporada de
“Big mouth” e a que acaba de es-
trear, já se passaram quase dois
anos. De lá pra cá, um spin-off
com os monstros dos hormô-
nios e companhia limitada foi
lançado pela Netflix.
A sexta rodada da série origi-
nal já começa com o convite ao
espectador para assistir a“Recur-
sos humanos”, também criada
pela equipe formada por An-
drew Goldberg, Nick Kroll, Mark
Levin e Jennifer Flackett.
Não que seja obrigatório, mas
há alguns crossovers entre perso-
nagens das duas atrações ao lon-
go da nova temporada. Presos
por conta da neve, os adolescen-
tes lidam com o caldeirão de
Política roubou a cena
em “A Casa do Dragão”
No fim, havia os dragões. Sim,
parece óbvio em uma série cha-
mada “A casa do dragão”, mas há
de se levar em conta que esta pri-
meira temporada dedicou a es-
magadora parte das cenas a intri-
gas palacianas, traições, alianças
– enfim, à política –, enquanto os
bichões ficavam em segundo pla-
no como arma de dissuasão, um
botão vermelho.
Assim teria prosseguido se
não houvesse uma modificação
crucial sobre o livro original –“Fo-
go e sangue”, de George R. R. Mar-
tin –, promovendo os répteis de
objeto de cena a agentes da histó-
ria. E daqui por diante este texto
trará spoilers da temporada.
TRONO As mortes do garoto Lu-
cerys – Eliot Grihault – e de seu
dragão Arrax servem de estopim
à guerra fratricida dos Targaryen
pelo trono de ferro.
Tanto no livro de Martin
quanto na série criada por Ryan
J. Condal eles são despedaçados
pelo réptil muito maior de Ae-
mond – Ewan Mitchell. Mas, se
no original essa era mesmo a in-
tenção do tio vingativo, nas telas
a morte ocorre por vontade de
seu dragão, irritado com a petu-
lância do bicho menor que lhe
chamusca o pescoço.
É um homicídio culposo cujas
consequências são percebidas
por Aemond – aliás, Mitchell, des-
de que surgiu no sétimo episó-
E STA D O D E M I N A S
“BIG MOUTH”
MANTÉM O PIQUE
hormônios que os leva a apelar
para medidas drásticas e piadi-
nhas escatológicas, como é usual
no desenho.
Nick Birch, Andrew Glouber-
man e Jessi Glaser estão de volta,
acompanhados de seus amigos
da Bridgerton Middle School.
ALÍVIO Missy, Jay, Lola e Matthew
vão além do papel de coadjuvan-
tes. Servem tanto como alívio cô-
mico quando os protagonistas
estão atribulados com as pró-
prias questões, quanto de porta-
vozes de mensagens importan-
tes sobre aceitação.
Assim como nos anos anterio-
res, acompanhamos o cotidiano
da turma, obrigada a lidar com as
mudanças impostas pela puber-
dade, representadas pelos mons-
dio, é um ladrão de cena.
Com isso, “A casa do dragão”
retoma um dos elementos cen-
trais em “Game of thrones”, o
megassucesso encerrado em
2019 para o qual serve de prólo-
go: o imponderável.
Na antecessora, toda tramoia
política estava à sombra de uma
ameaça natural ou sobrenatural,
algo que havia se perdido em “A
casa do dragão”, restrita à tragé-
dia de uma família real específi-
ca e com um verniz de lógica e
paralelos atuais mais espesso.
A guerra que ganhará corpo
na segunda temporada, porém,
deve ter suas reviravoltas deter-
minadas pelos sentimentos
mundanos, como deixam claro
as cenas de luto de Rhaenyra
(Emma D'Arcy) após perder um
bebê e ao receber a notícia de que
o favorito, Luc, morreu.
Esse torvelinho – no meio dele
há uma sequência na qual o ma-
rido, Daemon, vivido por Matt
Smith, se distancia dela a ponto
de se tornar agressivo – deve pas-
sar a mover a personagem muito
mais do que a coroa que ela bus-
ca garantir como herdeira legíti-
ma após a morte do pai, Viserys
(Paddy Considine), que fará falta.
Com isso, a personagem de
D'Arcy, apresentada como a par-
te “emoção” em contraponto ao
calculismo de sua madrasta, Ali-
cent (Olivia Cooke), ganha cama-
das, tornando o conflito menos
● S E G U N D A - F E I R A ,
tros Connie, Maury, Mona e Rick.
Todos assombrados por Lionel, o
Mago da Vergonha.
A nova temporada traz do
spin-off o besouro do amor Flan-
ny, quando Andrew finalmente
se vê apaixonado pela versão sa-
tírica do senador americano Ber-
nie Sanders, a estudante Berna-
dette Sanders.
Horrorizado com as perver-
sões do adolescente, Flanny
tem de aprender a lidar com
Andrew e vice-versa.
Além de Flanny, outros perso-
nagens clássicos que estão de vol-
ta são o fantasma do jazzista Du-
ke Ellington, que vive no sótão da
família Birch; objetos inanima-
dos que se antropomorfizam pa-
ra passar mensagens importan-
tes de conscientização; e Rita St.
maniqueísta, ainda que por ora
pareça inevitável torcer por ela.
Em suas cores soturnas e sua
preferência pela realpolitik,“A ca-
sa do dragão” pode parecer me-
nos atraente do que o multiverso
de “Game of thrones”, com suas
muitas subtramas, linhagens fa-
miliares extensas e conflitos em
diversas escalas.
Ela fala mais alto, porém,
àqueles que apreciam as tramas
políticas e a ironia com a realpoli-
tik. É como se a primeira partisse
do Tolkien e chegasse a Shakes-
peare, e esta já partisse de Shakes-
peare e chegasse aos romances
históricos de Hillary Mantell ou
mesmo a dramas contemporâ-
neos sobre o poder, como “Hou-
se of cards” e “Borgen”.
MUDANÇAS É notável ainda o
efeito do terremoto cultural dos
10 anos que separam as duas
estreias. O uso frequente de es-
tupros como artifício dramáti-
co, o elenco quase integral-
mente branco, a violência pro-
fusa e repetitiva como lingua-
gem – nada disso parece mais
aceitável aos olhos do público
e dos produtores.
Aos poucos, a“prequência”as-
sume identidade própria, e isso
parece ter agradado a Martin,
que mais de uma vez elogiou os
rumos adotados pelos roteiris-
tas, divergentes do livro em al-
gumas ocasiões.
3 1 D E O U T U B R O
Swithens, a maga da vergonha e
mãe de Lionel, que humilha o
próprio filho.
BEBÊ Até Jesus faz participação
especial na série. O destaque, po-
rém, vai para o nascimento do
bebê de Connie e Maury.
Quem viu “Os padrinhos má-
gicos” deve se lembrar da gravi-
dez de Wanda. A fadinha verde
deu à luz Poof, filho do casal.
Quando vimos Maury e Con-
nie pela última vez, em“Recursos
humanos”, o monstro dos hor-
mônios anuncia seu“estado inte-
ressante” à parceira. Ele está grá-
vido até metade da sexta tempo-
rada da série principal.
A cena do parto é uma das
mais engraçadas dos novos epi-
sódios. E a frase de Maury antes
Rhaenyra (Emma D'Arcy)
representa o “lado do bem”
na guerra do poder, mas
sem maniqueísmo
O que a série ainda parece de-
ver é uma dimensão maior para
Alicent, que acabou engolida
pelos demais – a começar do
pai, Otto Hightower, um sober-
bo Rhys Ifans.
A produção da HBO tem rece-
bido mais elogios do que críticas
do público e da imprensa.
Há arestas a ajeitar, mas o fei-
to desta primeira temporada não
foi trivial. (Folhapress)
“A CASA DO DRAGÃO”
Primeira temporada, com 10 episódios.
Disponível na plataforma HBO Max
D E 2 0 2 2
NETFLIX/DIVULGAÇÃO
“Big mouth”, com
adolescentes às voltas
com sexo, hormônios,
puberdade e
vergonha, dialoga
com a derivada
“Recursos humanos”
de batizar o bebê é uma boa refe- beu a educação sexual adequada.
rência aos mais aficionados às Volta e meia, as cenas trazem
discussões no Twitter. experiências pelas quais todos
Os musicais também estão passaram não apenas na adoles-
de volta. Tudo sob clima de bom cência, mas já na vida adulta.
humor e leveza para abordar Com seu trio de protagonistas,
não só o amadurecimento físi- além dos coadjuvantes que rou-
co, mas também psíquico dos bam a cena, a Netflix demonstra
personagens. acreditar que não se mexe em ti-
Depressão, ansiedade e in- me que está ganhando. A sexta
segurança são temas recorren- temporada de “Big mouth” não
tes desde a primeira tempora- traz qualquer novidade. E esse é
da, mas higiene íntima, ma- justamente o seu forte.
chismo e abandono parental
ganham destaque nesta nova * Estagiário sob supervisão da
leva de episódios. editora-assistente Ângela Faria
Recomendada para maiores
de 16 anos devido ao excesso de
piadinhas e conteúdo erótico, a “BIG MOUTH”
série é uma boa opção para adul- Sexta temporada, com
tos – afinal de contas, muita gen- 10 episódios. Disponível na Netflix
te vai se lembrar de que não rece-
FOTOS: HBO MAX/DIVULGAÇÃO
Disputa pelo trono após a morte de Viserys
(Paddy Considine) lembra peças de Shakespeare
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