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PARAGUASSÚ ÉLERES
Prof. MSc. Direito Agrário, Advogado - Agrimensor
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Belém, PA – paragua@paragua.com.br
Ofereço este modesto
trabalho à memória dos
jovens atletas e membros da
Chapecoense, Verdão do Oeste,
tão cedo levados para os
gramados da Eternidade
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DEMARCAÇÃO DE TERRENOS DE MARINHA E
TERRENOS MARGINAIS DOS RIOS NAVEGÁVEIS
ROTEIRO DA PALESTRA
1. Referencial Legislativo
2. Questão Dominial e Competência para Aforar
3. Questão da Tributação
4. Demarcação do Terreno de Marinha - LPM-1831
5. Causas da imprecisão topográfica na demarcação da
LPM-1831 (Linha do Preamar Médio ocorrido em 1831)
6. Demarcação do Terreno Marginal dos Rios Navegáveis
LMEO (Linha Média das Enchentes Ordinárias)
7. PECs no Congresso Nacional sobre Terreno de Marinha
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ORIGEM LEGAL E TOPOGRÁFICA DA LPM-1831
1. REFERENCIAL LEGISLATIVO
1.1. Lei Imperial Orçamentária de 1831 (para 1832 e 1833),
Art. 51 - dispôs os TERRENOS DE MARINH A às
Câmaras Municipais com foros a cobrar pelo uso
1.1.1. Não fixou marco inicial nem largura do terreno
1.2. Instrução 348 - 14, novembro, 1832 - Art. 4o : “Hão
de considerar-se terrenos de marinha os que,
banhados pelas águas do mar ou dos rios
navegáveis, vão até a distância de 15 braças
craveiras para a parte da terra, contadas desde
os pontos a que chega o preamar médio”.
(Faixa do Terreno de Marinha = 15 br. crav. x 2,2m = 33 m)
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1.3. O art. 64/CF/1891 deu as Terras Devolutas das antigas Províncias
aos Estados-Membros, deixando para a União as Fronteiras, as
Margens das Ferrovias Federais e Áreas para Construção de
Quartéis, mas nem mencionou os Terrenos de Marinha.
1.3.1. Decisão do STF, 1905 (Bahia e Espírito Santo) declarou que
Terrenos de Marinha são bens nacionais, imprescritíveis.
1.4. DECRETO-LEI 24.643 (CÓDIGO DE ÁGUAS) - 10 de julho de 1934
Art. 30... pertencem à União ... "os terrenos de marinha ..."
1.5. CF de 16 de julho de 1934 (6 dias depois...) - Art. 20. São do
domínio da União: "II - os lagos e quaesquer correntes em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
.... limites com paizes ... se estendam a território estrangeiro...“
1.6. Art. 21. São do domínio dos Estados: “II - margens dos rios
e lagos ... uso público, se por algum título não forem do domínio
federal, municipal ou particular“.
A CF/1934 não recepcionou o art. 30 do Código de Águas
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1.7. CF DE 1937 – MANTEVE O TEXTO DE 1934
1.8. DECRETO-LEI 9.760 - 5 de setembro de 1946
Art. 1O - “Incluem-se entre os bens imóveis da União:
“a) os terrenos de marinha”
“b) os terrenos marginais dos rios navegáveis ...”
1.9. CF de 18 de setembro de 1946 (13 dias depois...)
Art. 34 - “Incluem-se entre os bens da União:”
“I - Os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos
de seu domínio ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países ou se estendam
a território estrangeiro, e bem assim as ilhas fluviais
e lacunares nas zonas limítrofes com outros países”
A CF/1946 não recepcionou o art. 1o do Dec-Lei 9.760 /1946 e
não mencionou o Terreno de Marinha
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2. QUESTÃO DOMINIAL E COMPETÊNCIA PARA AFORAR
2.1. A combinação dos arts. 678 e 859 do CÓDIGO CIVIL/1916,
base legal dos aforamentos até o novo CC, cujo art. 2038
vedou o aforamento, salvo para Terrenos de Marinha,
678 - “Dá-se a enfiteuse, aforamento ... quando o
proprietário atribui a outrem o domínio útil do
imóvel”.
859 - “Presume-se pertencer o direito real em nome
de quem inscreveu ou transcreveu”,
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2.2. A QUESTÃO DOMINIAL DA ÁREA DE BELÉM ENVOLVE O
TÍTULO SESMARIAL CONCEDIDO PELO REI DE PORTUGAL
(1627) 204 ANOS ANTES (1831) DA LEI IMPERIAL SOBRE
TERRAS DE MARINHA (DIREITO ADQUIRIDO)
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3 – QUESTÃO DA TRIBUTAÇÃO
Constituição Federal de 1988 :
Art. 145, II – “A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
II – taxas, em razão de exercício do poder de polícia
ou pela realização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à sua disposição”
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Belém, PA: Igarapé das
Armas, 1875, e em 1997,
modificado pelo “Canal
da Doca”,
Urbanização custeada
pela Prefeitura de
Belém, a exemplo do
“Aterro do Flamengo”,
no Rio de Janeiro, e em
outras cidades do país
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3.1. “...o voraz apetite tributário federal é de tal
monta que se em Belém a SPU intentou contra a
lei de propriedade, ..., para declarar como da
União terra de domínio municipal secular doada
pelo Rei de Portugal em 1627, ... em Niterói a
SPU atentou contra a lei da gravidade, ao tentar
mostrar que as marés do Atlântico afetam o
nível das águas das lagoas Piratininga e Itaipu que
estão em patamar de cota topográfica acima ...” *
- Acórdão do STF (1922) declarou as margens das lagoas
como propriedade privada * *
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* ÉLERES, Paraguassú - “Terreno de Marinha e Terreno Marginal dos Rios
Navegáveis”, pg. 182, Ed. do autor, Imprensa Oficial do Estado, Belém, 2014
** Comissão de Foro e Laudêmio da Câmara de Vereadores de Niteró, 2006
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3.2. Exemplo de OBJETIVO ARRECADATÓRIO é a
Medida Provisória 691 – 31.agosto.2015:
“Art. 1o Esta Medida Provisória dispõe sobre a
administração, a alienação, a transferência
de gestão de imóveis da União e seu uso para a
constituição de fundos, permitindo a
delegação para sua execução...”
A MP 691/2015 enseja uso eleitoreiro se delegada a gestor
regional da SPU do mesmo partido político do Ministro do
Planejamento, como ocorreu em Belém (2010) onde foram
distribuídos milhares de Certificados de Habilitação de
Regularização Fundiária Urbana, que atestam o endereço do
ocupante mas não constituem domínio pois veda a matrícula
da ocupação certificada no Registro de Imóveis.
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MARIANA, MG - 5 DE NOVEMBRO DE 2015
Completou um ano o acidente das barragens da
mineradora Samarco (Vale e BHP Billiton) que matou
19 pessoas, mutilou milhões de vidas, destruiu e
afetou centenas de cidades nos municípios dos
estados de Minas Gerais e Espírito Santo, poluiu o
ambiente com escória de minérios de alumínio, ferro,
cromo, cobre e arsênio, nas margens do Rio Doce,
que - conforme a lei federal, constituem Terrenos
Marginais e de Marinha, na parte afetada pelas
marés do Atlântico - Qual o volume de “serviços
públicos” que a União colocou à disposição das
populações rurais e urbanas atingidas por essa
tragédia ambiental que transformou aquela bela
paisagem geográfica num Vale do Rio Amargo ?
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Evento – Mariana/MG
Barragem Fundão - Mineradora Samarco
Município Mariana - Distrito Bento Rodrigues Imagem SPOT-7
SPOT-6 de 14/06/2015
KOMPSAT-2 06/11/2015
de 11/11/2015
Fonte: VISIONA
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3.3. O instituto jurídico do TERRENO DE MARINHA e do
TERRENO MARGINAL DOS RIOS NAVEGÁVEIS é meramente
PATRIMONIAL, não comprova FUNÇÃO SOCIAL e não
atende aos OBJETIVOS ALEGADOS em sua defesa:
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4.6. DEMARCAÇÃO DA LPM-1831 DE
FLORIANÓPOLIS - HÁ QUE LEVAR
EM CONTA A ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO
MAR, AS SESMARIAS EXISTENTES E
SE A POLIGONAL FOI EFETIVAMENTE
IMPLANTADA NO ESPAÇO FUNDIÁRIO
DA ILHA DE SANTA CATARINA
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4.7. Joinville, SC - O Terreno de Marinha afeta a Sesmaria de François
Ferdinand Phillippe Louis Marie, príncipe de Joinville – Lei 166, de 1840,
dote de casamento da princesa Francisca Carolina, filha de D. Pedro I.
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4.7.1. DECISÃO NA DEMARCAÇÃO DE JOINVILLE
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5. CAUSAS DA IMPRECISÃO TOPOGRÁFICA
NA DEMARCAÇÃO DA LINHA DO PREAMAR
MÉDIO (LPM) DE 1831 :
5.1. EROSÃO (INEXISTÊNCIA DA LPM-1831)
5.2. ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR (30cm/Séc., ONU)
2016
TM
33m
LPM SUBMERSA
E INDEMARCAVEL
TM
33m
1831 Erosão
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5.1. ELEVAÇÃO DO NÍVEL DOS OCEANOS - ADAPTADO DA
REVISTA NATIONAL GEOGRAPHIC, Setembro, 2013, pág. 39
As mensurações locais por meio de mareógrafos Médio alto
tornaram-se comuns após 1880. Desde 1992, 1,2 metro
dispomos de medições globais realizadas por
satélites. Todas mostram que o nível dos
oceanos (máximo, não o médio) sobe
duas vezes mais rápido que algumas décadas atrás.
CONVENÇÕES : Médio baixo
Calculado com base em sedimentos simples 0,5 metro
Observado a partir de 1880
Estimado (clima, degelo calotas polares)
Baixo
0,2 metro
Figura 35, Pag. 146 – ÉLERES, Paraguassú - “Terreno de Marinha e Terreno Marginal
dos Rios Navegáveis” - Ed. do Autor, Imprensa Oficial do Estado, 2014, Belém, PA
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7. PROJETOS NO CONGRESSO NACIONAL
1. DEP. ELISEU PADILHA (1996) DEMARCAÇÃO DA LPM E
TRANSFERE A ADMINISTRAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA
AOS ESTADOS E MUNICÍPIOS
2, SENADOR PAULO HARTUNG (ES) 617/1999, ALTERA O CAPUT DO
ART. 2O DO DEC.-LEI 9.760/1946, NOVO CONCEITO DE TERRENO
DE MARINHA E REDUZ LARGURA (33 p/13 METROS),
3. PEC 040/ 1999, REVOGA O INCISO VII ART. 20 CF § 3O ART. 49 ADCT
E EXTINÇÃO DO TERRENO DE MARINHA
4. SENADOR ALMEIDA LIMA (SE) PEC 053/2007, EXTINÇÃO DO
TERRENO DE MARINHA, TRANSFERE AOS MUNICÍPIOS;
5. DEPUTADO ARNALDO JORDY (PA) PEC 39-A/2011, EXTINÇÃO DO
TERRENO DE MARINHA, TRANSFERE AOS MUNICÍPIOS;
6. DEPUTADO ESPIRIDIÃO AMIM (SC) PEC 30/2015, EXTINÇÃO DO
TERRENO DE MARINHA, TRANSFERE AOS ESTADOS E MUNICÍPIOS.
AS PECS NÃO CONTEMPLAM OS TERRENOS MARGINAIS
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PARA REFLETIR
APESAR DA VASTA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA
DOS TRIBUNAIS, AMPLOS ESTUDOS DOUTRINÁRIOS,
JURÍDICOS E DE ENGENHARIA OCEANOGRÁFICA,
CARTOGRÁFICA E URBANA,
VALE INDAGAR :
1 – QUAL A FUNÇÃO SOCIAL DO TERRENO DE MARINHA
E DO TERRENO MARGINAL DOS RIOS NAVEGÁVEIS ?
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E para encerrar
Santa Catarina é um dos estados brasileiros que mais
padeceu intervenção territorial. Além dos 150 km de
jurisdição federal (Lei 6.634/1979), comuns aos estados das
fronteiras Norte, Oeste e Sul, houve a Questão de “Palmas“
com a Argentina, no entrerrios Peperiguassú-Uruguai,
resolvida com a arbitragem do presidente norte-americano
Grover Creveland; a Questão do “Contestado” com o
estado do Paraná decidida pelo STF, e a cessão pelo governo
federal das terras ao longo da ferrovia São Paulo – Porto
Alegre a Percival Farqhuar (o mesmo do porto de Belém, da
ferrovia Madeira-Mamoré e da Cia. Itabira Iron, desapropriada por
Getúlio Vargas em 1942 para criar a Cia. Vale do Rio Doce) fatos esses
objetos de vasta literatura e filmografia insertos na
História como “Guerra dos Pelados” (1912 – 1916) onde
terá morrido mais gente que em Canudos, e cuja memória
está guardada em Caçador.
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Região do “Contestado”
disputa entre os estados
Paraná e Santa Catarina
Ferrovia São Paulo – Porto
Alegre, da empresa norte
americana, “Brazil Railway
Company” - Área cedida
pelo governo federal a
Percival Farquhar, para
exploração de madeira pela
“Southern Brazil Lumber
and Colonization Company”
Zona da “Guerra dos
Pelados”
Rio Uruguai – Navegável ?
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É hora de lutar pelo berço
açoriano da História
desta terra santa.
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OBRAS CONSULTADAS
1. MADRUGA, Manuel – Terrenos de Marinha, Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1923
2. SANTOS, Rosita de Sousa – Terras de Marinha, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1985
3. DERENGOSKI, Paulo Ramos, O Desmoronamento do Mundo Jagunço, Ed. Secretaria de
Cultura de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 1986
4. CAVALCANTI, Walter Tenório, (Guerra) Verdade Histórica – Contestado, Ed. Secretaria de
Cultura de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 1986
5. Determinação da LPM-1831 e LMEO em Cabo Frio, URJ – Instituto de Geociências – Dep.
Cartografia, Plano Piloto para Cadastramento de Imóveis da União, 1988
6. AGUIAR, Ana Cláudia Allet - Natureza Jurídica da Ilha de Santa Catarina, Ed. Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 1993
7. AURAS, Marli, Guerra do Contestado: A Organização da Irmandade Cabocla, 2ª Edição, Ed.
DAUFSC, Florianópolis, SC, 1995
8. Relatório Final da Comissão de Foro e Laudêmio da Câmara Municipal de Niterói, Niterói, Rio
de Janeiro, 2007
9. SANTOS, Walmor, Contestado – A Guerra dos Equívocos – O Poder da Fé, Ed. Record, Rio de
Janeiro, 2009
10. ÉLERES, Paraguassú – Terreno de Marinha e Terreno Marginal dos Rios Navegáveis,
Ed. do Autor, Belém, PA, 2014
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