Você está na página 1de 2

Representante da República dos Açores pede

apreciação sucessiva da constitucionalidade de


diploma regional
Novembro 27, 2023

O representante da República para os Açores vai solicitar a apreciação sucessiva do


Tribunal Constitucional do diploma regional sobre a desafetação do domínio público
marítimo do terreno das ruínas do Forte de São João Batista, foi hoje anunciado.

De acordo com uma nota de imprensa do gabinete de Pedro Catarino, “é entendimento


do representante da República que o referido decreto padece de ilegalidade, por violação
do n.º3 do artigo 22.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos
Açores”.

O estatuto “exclui do domínio público regional o denominado ‘domínio público marítimo’”,


de acordo com o representante da República.

Em 23 de novembro, Pedro Catarino assinou o decreto legislativo regional que desafeta


do domínio público marítimo a parcela do terreno das ruínas do Forte de São João
Batista, na Praia Formosa, em Vila do Porto, na ilha de Santa Maria.


Segundo Pedro Catarino, “sem prejuízo do importante princípio da gestão partilhada,
constante do artigo 8.º do Estatuto, é sabido que o domínio público marítimo integra a
titularidade do Estado”.

“Tal como delimitado pelo artigo 11.º da Lei n.º 54/2005, de 15 de novembro, abrange
uma faixa da margem das águas do mar com a largura de 50 metros ou até uma estrada
regional ou municipal”, lê-se na nota de imprensa.

O representante da República para os Açores refere que, “considerando assim que, como
se reconhece no preâmbulo do decreto legislativo regional em causa, ‘o Estado é dono e
legítimo possuidor’ do Forte de São João Batista, na Praia Formosa, a sua desafetação do
domínio público marítimo estadual não pode ser efetuada por decreto legislativo
regional”.

O gabinete adianta que “tão pouco poder ser efetuado qualquer outro ato unilateral dos
órgãos de governo próprio da região, sem a anuência prévia e sem qualquer outro
procedimento de concertação com os órgãos competentes da República”.

O representante da República, para além da apreciação sucessiva do diploma regional,


vai pedir a declaração de ilegalidade do artigo 15.º do decreto legislativo regional
nº8/2020/A, de 30 de março.

Esta disposição legal “é invocada como norma habilitante do decreto nº36/2023, na


interpretação segundo a qual a região pode unilateralmente, sem qualquer procedimento
prévio de concertação e à margem do principio de gestão partilhada, proceder à
desafetação de bens do domínio marítimo do Estado e à sua transferência para o domínio
(privado ou público) regional”.

O representante da República vai também requerer a ilegalidade do diploma regional


nº26/2020/A, de 15 de outubro, que desafeta do domínio público marítimo, por motivos
de interesse público, uma parcela de terreno situada na freguesia de Vila do Porto, em
Santa Maria.

SIGA - N O S NO INSTAGRAM
@JOR N A L ACORES9 .PT

Você também pode gostar