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VELHOS E NOVOS MUNDOS

ESTUDOS DE ARQUEOLOGIA MODERNA


OLD AND NEW WORLDS
STUDIES ON EARLY MODERN ARCHAEOLOGY

ARQUEOARTE
Estudos de Arqueologia Moderna

VELHOS E NOVOS MUNDOS


ESTUDOS DE ARQUEOLOGIA MODERNA
OLD AND NEW WORLDS
STUDIES ON EARLY MODERN ARCHAEOLOGY
VOLUME 2

587
Velhos e Novos Mundos

TÍTULO / TITLE
Velhos e Novos Mundos. Estudos de Arqueologia Moderna
Old and New Worlds. Studies on Early Modern Archaeology
Volume 2

COORDENADORES / COORDINATORS
André Teixeira, José António Bettencourt

ORGANIZADORES / ORGANIZERS
André Teixeira, Élvio Sousa, Inês Pinto Coelho, Isabel Cristina Fernandes,
José António Bettencourt, Patrícia Carvalho, Paulo Dórdio Gomes, Severino Rodrigues

EDIÇÃO / EDITION
Centro de História de Além-Mar
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa
Universidade dos Açores
Av. de Berna, 26C, 1069 - 061 Lisboa
www.cham.fcsh.unl.pt / cham@fcsh.unl.pt

TIRAGEM / COPIES
500

COLECÇÃO / COLLECTION
ArqueoArte, n.º 1

DEPÓSITO LEGAL
353251/12

ISBN
978-989-8492-18-0

GRAFISMO E PAGINAÇÃO / GRAPHIC DESIGN


Canto Redondo
www.cantoredondo.eu / geral@cantoredondo.eu

IMPRESSÃO / PRINT
Europress

DATA DE EDIÇÃO / FIRST PUBLISHED IN


Dezembro de 2012 / December 2012

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© CHAM e Autores

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Estudos de Arqueologia Moderna

ÍNDICE 163 Fragmentos do quotidiano urbano de Torres Vedras,


entre os séculos XV e XVIII: um olhar através dos
VOLUME 1 objectos do poço dos Paços do Concelho
Guilherme Cardoso e Isabel Luna
9 INTRODUÇÃO
173 A modernidade em Leiria: imagens da vida pública
11 CONFERÊNCIAS e privada na antiga judiaria. O caso do Centro Cívico
de Leiria
13 From español to criollo: an archaeological perspective Iola Filipe e Marina Pinto
on spanish-american cultural transformation, 1493-1600
Kathleen Deagan 181 Arqueologia das cidades de Beja: onde a cidade se
encontra com a sua construção
23 Bahia: aportes para uma Arqueologia das relações Maria da Conceição Lopes
transatlânticas no período colonial
Carlos Etchevarne 189 Fragmentos de vida e morte da Idade Moderna no
centro histórico de Elvas
37 Of sundry colours and moulds: imports of early Teresa Ramos Costa, Cristina Cruz, Gonçalo Lopes e
modern pottery along the atlantic seaboard Ana Braz
Alejandra Gutierrez
201 A intimidade palaciana no século XVII: objectos
51 Velhos e novos mundos em uma perspectiva provenientes de um esgoto do Paço dos Lobos da
arqueológica Gama (Évora)
Marcos Albuquerque Gonçalo Lopes e Conceição Roque

209 Evidências de época moderna no castelo de Castelo


69 CIDADES: URBANISMO, ARQUITECTURA Branco (Portugal)
E QUOTIDIANOS Carlos Boavida

71 Largo do Chafariz de Dentro: Alfama em época moderna 219 Crise e identidade urbana: o Jardim Arcádico
Rodrigo Banha da Silva, Pedro Miranda, Vasco de Braga de 1625
Noronha Vieira, António Moreira Vicente, Gonçalo C. Gustavo Portocarrero
Lopes e Cristina Nozes
223 Ao som da bigorna: os ferreiros no quotidiano
85 Os novos espaços da cidade moderna: uma urbano de Arrifana/Penafiel no século XVIII
aproximação à Ribeira de Lisboa através de Teresa Soeiro
uma intervenção no Largo do Terreiro do Trigo
Cristina Gonzalez 233 A paisagem de Arrifana de Sousa descrita pelo
Arruamento de 1762
95 O mobiliário do Palácio Marialva (Lisboa): discursos Maria Helena Parrão Bernardo
socioeconómicos
Andreia Torres 245 Uma taça de porcelana branca e uma asa de grés na
“Arca de Mijavellas”: História e estórias reveladas pela
111 Um celeiro da Mitra no Teatro Romano de Lisboa: construção da Estação do Campo 24 de Agosto do
inércias e mutações de um espaço do século XVI à Metro do Porto
actualidade Iva Teles Botelho
Lídia Fernandes e Rita Fragoso de Almeida
255 O aqueduto da Mãe d’Água: Vila Franca do Campo
123 Rua do Benformoso 168/186 (Lisboa – Mouraria / N’zinga Oliveira e Joana Rodrigues
Intendente): entre a nova e a velha cidade, aspectos
da sua evolução urbanística 261 La ocupación moderna del Teatro Romano de
António Marques, Eva Leitão e Paulo Botelho Cádiz (España): nuevos datos a luz de las recientes
intervenciones arqueológicas
135 Espólio vítreo de um poço do Hospital Real de J. M. Gutiérrez, M. Bustamante, V. Sánchez, D. Bernal e
Todos-os-Santos (Lisboa, Portugal) A. Arévalo
Carlos Boavida
273 El acueducto de la Matriz de Gijón: investigación
141 Quarteirão dos Lagares: contributo para a história documental y arqueológica
económica da Mouraria Cristina Heredia Alonso
Tiago Nunes e Iola Filipe
277 Processo de contato e primórdios da colonização na
151 Vestígios modernos de uma intervenção de baixa bacia do Amazonas: séculos XVI-XVIII
emergência na Rua Rafael Andrade (Lisboa) Rui Gomes Coelho e Fernando Marques
Sara Brito e Regis Barbosa
285 Crise e rebelião colonial: uma perspectiva urbana
157 Alterações urbanísticas na Santarém pós-medieval: a (Minas Gerais / Brasil – século XVIII)
diacronia do abandono de uma rua no planalto de Marvila Carlos Magno Guimarães, Mariana Gonçalves Moreira,
Helena Santos, Marco Liberato e Ricardo Próspero Gabriela Pereira Veloso, Anna Luiza Ladeia e Thaís
Monteiro de Castro Costa
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Velhos e Novos Mundos

293 Arqueologia e arquitecturas daqui e d’além-mar 431 Do papel da Arqueologia para o conhecimento da
Maria de Magalhães Ramalho expansão portuguesa: notas a partir de algumas
estruturas fortificadas no Oriente
João Lizardo
303 ESPAÇO RURAL: PAISAGENS E MEIOS DE
PRODUÇÃO 445 O papel do Forte do Guincho na estratégia de defesa
da costa de Cascais
305 A paisagem como fonte histórica Soraya Rocha e Guilherme Sarmento
David Ferreira, Paulo Dordio e Alexandra Cerveira Lima

315 Cabeço do Outeiro (Lousada, Portugal): um núcleo 449 EDIFÍCIOS RELIGIOSOS E PRÁTICAS FUNERÁRIAS
rural da Idade Moderna
Manuel Nunes, Joana Leite e Paulo Lemos 451 Sé da Cidade Velha, República de Cabo Verde:
resultados da 1.ª fase de campanhas arqueológicas
323 O ciclo do linho no concelho de Penafiel Clementino Amaro
Ana Dolores Leal Anileiro
465 Divindade, governante ou guerreiro? O personagem
333 As pontes de Pretarouca (Lamego): registo Kukulcán nas crônicas do século XVI e o registro
arqueográfico no âmbito de processos de avaliação arqueológico de Chichén Itzá, México
de impactes ambientais Alexandre Guida Navarro
Carla Alves Fernandes e Cristóvão Pimentel Fonseca
469 Andrés de Madariaga’s mausoleum-church: former
339 Engenho de açúcar da alcaidaria de Silves Jesuit College in Bergara (Gipuzkoa, Basque Country,
Rosa Varela Gomes Spain)
Jesús-Manuel Pérez Centeno e Xabier Alberdi Lonbide
351 Imagens, memórias, ruínas nos tempos do lugar: a
biografia de uma paisagem urbana 475 Os Passos da Paixão de Cristo (Setúbal)
Silvio Luiz Cordeiro João Ferreira Santos, Daniela dos Santos Silva e José
Luís Neto
357 Da aldeia guarani à cidade colonial: o processo de
urbanização e as missões jesuíticas platinas nas 483 O lugar da Torre dos Sinos (Convento Velho de
frentes de colonização ibérica S. Domingos), Coimbra: notas para o estudo da
Arno Alvarez Kern formação dos terrenos de aluvião, em época moderna
Sara Almeida, Ricardo Costeira da Silva, Vítor Dias e João
365 O café, a escravidão e a degradação ambiental: Minas Perpétuo
Gerais /Rio de Janeiro – Brasil – século XIX e XX
Carlos Magno Guimarães, Mariana Gonçalves Moreira, 489 Cerca de Santo Agostinho, Coimbra: estudo preliminar
Gabriela Pereira Veloso, Elisângela de Morais Silva e das fases evolutivas e linhas para a sua recuperação
Camila Fernandes Morais Sara Almeida, Susana Temudo, Joana Mendes, Sofia
Ramos e António Cunha

373 FORTIFICAÇÕES, ESPAÇOS DE 497 Convento de São Francisco da Ponte: novas


GUERRA E ARMAMENTO perspectivas arquitectónicas
Mónica Ginja e António Ginja
375 Excavaciones arqueológicas en la muralla real de
Ceuta: persistencias y rupturas (1415-1668) 505 O último convento da Ordem de Santiago em Palmela:
Fernando Villada Paredes dados arqueológicos da intervenção no pátio fronteiro
à igreja
385 La coracha de Tanger Isabel Cristina Ferreira Fernandes
Abdelatif El-Boudjay
517 Convento quinhentista do Bom Jesus de Peniche:
393 Villalonso: un castillo medieval en la transición hacia primeira intervenção arqueológica
la modernidad Claudia Cunha, Carlos Vilela, Sónia Simões, Tiago Tomé,
Angel L. Palomino, Manuel Moratinos, José M. João Moreira, Mónica Ginja e Gerardo Gonçalves
Gonzalo, José E. Santamaría e Inés M. Centeno
527 Cerâmica dos séculos XV a XVIII do Convento de
407 Pólvora y cal: evidencias arqueológicas de las Santana de Leiria: História e vivências em torno da
fortificaciones costeras de época moderna en Luarca cultura material
(Asturias-España) Ana Rita Trindade
Valentín Álvarez Martínez, Patricia Suárez Manjón e
Jesús Ignacio Jiménez Chaparro 539 Mosteiro de São Francisco de Lisboa: fragmentos e
documentos na reconstrução de quotidianos
419 Museu de Macau e o território da Companhia Joana Torres
de Jesus: resultados e integração dos vestígios
arqueológicos 551 Os painéis de azulejo do adro da Igreja de São Simão
Clementino Amaro e Armando Sabrosa (Azeitão)
Mariana Almeida e Edgar Fernandes

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Estudos de Arqueologia Moderna

561 Para as mulheres pobres, mas honradas: os 683 Projecto de carta arqueológica subaquática do
recolhimentos em Setúbal concelho de Lagos
José Luís Neto e Nathalie Antunes Ferreira Tiago Miguel Fraga

569 Contributo para o conhecimento da população 689 Conservação das estruturas em madeira de um navio
na época moderna na Madeira: abordagem do século XV escavado na Ria de Aveiro: resultados
antropológica aos casos de Santa Cruz preliminares
Rafael Fabricio Nunes João Coelho, Pedro Gonçalves e Francisco Alves

579 O registo arqueológico de uma superstição: o signo-


-Salomão no Alentejo – séculos XV-XVIII 697 CERÂMICAS: PRODUÇÃO,
Andrea Martins, Gonçalo Lopes, Helena Santos, COMÉRCIO E CONSUMO
Manuela Pereira, Marco Liberato e Pedro Carpetudo
699 A olaria renascentista de Santo António da Charneca,
Barreiro: a louça doméstica
VOLUME 2 Luís Barros, Luísa Batalha, Guilherme Cardoso e
António Gonzalez
593 PAISAGENS MARÍTIMAS, NAVIOS
E VIDA A BORDO 711 As formas de pão-de-açúcar da Mata da Machada,
Barreiro
595 O navio como Fait Social Total: para uma Filipa Galito da Silva
epistemologia da arqueologia em contexto náutico
Jean Yves Blot 719 A cerâmica moderna do Castelo de S. Jorge:
produção local de cerâmica comum, pintada a
601 Projecto N-utopia: tratados, nomenclaturas náuticas branco, moldada e vidrada e de faiança
e construções navais europeias Alexandra Gaspar e Ana Gomes
Tiago Miguel Fraga, Brígida Baptista, António Teixeira e
Adolfo Silveira Martins 733 De Aveiro para as margens do Atlântico: a carga do
navio Ria de Aveiro A e a circulação de cêramica na
605 Paisagens culturais marítimas: uma primeira Época Moderna
aproximação ao litoral de Cascais Patrícia Carvalho e José Bettencourt
Jorge Freire e António Fialho
747 Portuguese coarseware in Newfoundland, Canada
613 Do Terreiro do Paço à Praça do Comércio (Lisboa): Sarah Newstead
identificação de vestígios arqueológicos de natureza
portuária num subsolo urbano 757 Muito mais do que lixo: a cerâmica do sítio
César Augusto Neves, Andrea Martins, Gonçalo Lopes e arqueológico subaquático Ria de Aveiro B-C
Maria Luísa Blot Inês Pinto Coelho

627 Ribeira das Naus hoje: a perene relação de Lisboa 771 A cerâmica do açúcar de Aveiro: recentes achados na
com o Tejo. Dos estaleiros navais do Renascimento ao área do antigo bairro das olarias
antigo Arsenal da Marinha. Subsídios da arqueologia Paulo Jorge Morgado, Ricardo Costeira da Silva e
Rui Nascimento Sónia Jesus Filipe

633 Angra, uma cidade portuária no Atlântico do século 783 Portugal and Terra Nova: ceramic perspectives on the
XVII: uma abordagem geomorfológica early-modern Atlantic
Ana Catarina Garcia Peter E. Pope

645 Caractérisations et typologie du Cimetière des 789 Considerações acerca da cerâmica pedrada e
Ancres: vers une interprétation des conditions de respetivo comércio
mouillage et de la fréquentation de la Baie d’Angra do Olinda Sardinha
Heroísmo, du XVI au XIX siècle. Île de Terceira, Açores
Christelle Chouzenoux 797 A importação de cerâmica europeia para os
arquipélagos da Madeira e dos Açores no século XVI
655 La Rucha: deconstruyendo el origen de la  piratería de Élvio Sousa
costa en el Cabo Peñas (Gozón-Asturias-España)
Nicolás Alonso Rodríguez, Valentín Álvarez Martínez e 813 Pottery in Cidade Velha (Cabo Verde)
José Antonio Longo Marina Marie Loiuse Sorensen, Chris Evens e Tânia Casimiro

665 Santo António de Tanná: uma fragata do período 821 A cerâmica no quotidiano colonial português: o caso
moderno de Salvador da Bahia
Tiago Miguel Fraga Carlos Etchevarne e João Pedro Gomes

671 Cada botão sua casaca: indumentária recuperada nas 829 Modern Age Portuguese pottery find in the Bay
escavações arqueológicas da fragata Santo António of Cadiz, Spain
de Taná, naufragada em Mombaça em 1697 José-Antonio Ruiz Gil
André Teixeira e Luís Serrão Gil

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Velhos e Novos Mundos

837 La mayólica del convento de Santo Domingo (siglos 951 Vestígios de um centro produtor de faiança dos
XVI-XVII), Lima (Perú): la evidencia arqueométrica séculos XVII e XVIII: dados de uma intervenção
Javier G. Iñañez, Juan Guillermo Martín, Antonio Coello arqueológica na Rua de Buenos Aires, n.º 10, Lisboa
Luísa Batalha, Andreia Campôa, Guilherme Cardoso,
847 Majólicas italianas do Terreiro do Trigo (Lisboa) Nuno Neto, Paulo Rebelo e Raquel Santos
Cristina Gonzalez
963 Elementos para a caracterização da faiança
855 Produções sevilhanas – azul sobre branco e azul sobre portuguesa do século XVII: a tipologia de Pendery
azul: no contexto das relações económicas e comerciais aplicada à realidade da Casa do Infante (Porto)
entre o litoral algarvio e a Andaluzia (século XVI-XVII) Anabela P. de Sá
Paulo Botelho
975 As produções de louça preta em Trás-os-Montes:
865 As cerâmicas modernas da Fortaleza de N. Sr.ª da caracterização etnográfica e química, seu interesse
Luz, em Cascais: histórias fragmentadas para o estudo das cerâmicas arqueológicas
J. A. Severino Rodrigues, Catarina Bolila, Vanessa Isabel Maria Fernandes e Fernando Castro
Filipe, José Pedro Henriques, Inês Alves Ribeiro e Sara
Teixeira Simões 983 Fábrica de Cerâmica de Santo António de Vale da
Piedade (Vila Nova de Gaia): estruturas construídas e
877 Primeira abordagem a um depósito moderno no espaços de laboração no século XVIII
antigo Paço Episcopal de Coimbra (Museu Nacional Laura Cristina Peixoto de Sousa
de Machado de Castro): a cerâmica desde meados do
século XV à consolidação da Renascença
Ricardo Costeira da Silva 995 GESTÃO E VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO

891 Aldeia da Torre dos Frades (Torre de Almofala) 997 Mosteiro de Santa Clara-a-Velha: da luz dos
através da cerâmica em época moderna archotes aos momentos da contemporaneidade.
Elisa Albuquerque Projeto e fruição
Artur Côrte-Real
897 Um gosto decorativo: louça preta e vermelha
polvilhada de branco (mica) 1005 Preservação arqueológica nas missões jesuítico-
Isabel Maria Fernandes -guaranis
Tobias Vilhena de Moraes
909 Os potes “martabã”: um conceito em discussão
Sara Teixeira Simões 1011 Monumentos restaurados e historias em ruínas:
o programa Monumenta e a problemática
919 Do Oriente para Ocidente: contributo para o da intervenção arqueológica na restauração
conhecimento da porcelana chinesa nos quotidianos arquitetônica no Brasil
de época moderna. Estudo de três contextos Ton Ferreira
arqueológicos de Lisboa
José Pedro Vintém Henriques 1019 Património cultural subaquático:
uma questão de visibilidade
933 Porcelana chinesa em Salvador da Bahia Margarida Génio
(séculos XVI a XVIII)
Carlos Etchevarne e João Pedro Gomes 1023 ABSTRACTS

937 Faiança portuguesa: centros produtores, matérias,


técnicas de fabrico e critérios de distinção
Luís Sebastian

592
CERÂMICAS:
PRODUÇÃO,
COMÉRCIO E
CONSUMO
Estudos de Arqueologia Moderna

A IMPORTAÇÃO DE CERÂMICA
EUROPEIA PARA OS
ARQUIPÉLAGOS DA MADEIRA
E DOS AÇORES NO SÉCULO XVI
ÉLVIO SOUSA Câmara Municipal de Machico, CHAM – FCSH - UNL | UAç

RESUMO Após o povoamento dos arquipélagos atlânticos (Madeira e Açores) e a consequente humanização do espaço, cir-
cuitos comerciais intercontinentais alimentados pelo ensaio e cultivo de novos produtos de exportação (açúcar e pastel) capi-
talizam a entrada e o fluxo de apetrechos que constituem a “civilização material” europeia.
Nos lares abastados das ilhas (Madeira, São Miguel, Terceira e Santa Maria) figuram novas séries cerâmicas de importação de
origem castelhana, italiana, francesa, holandesa e alemã.

PALAVRAS-CHAVE Madeira, Açores, Atlântico, cerâmicas europeias, civilização material

“O mar só constitui um factor de isolamento maior que o fabrico do açúcar, as faianças brancas e pintadas, as
qualquer outro meio físico quando as ilhas estão fora dos esmaltadas sem decoração, a loiça vidrada, a cerâmica
grandes circuitos marítimos. Quando, pelo contrário, se de construção, a loiça fina não vidrada, as séries empe-
encontram nesses circuitos, as ilhas tornam-se (muitas dradas e modeladas e pintadas e a cerâmica comum
vezes por factores externos e de acaso) activos elos de utilitária.
ligação, fortemente abertas ao mundo exterior, e, em
qualquer caso, muito menos isoladas que certas zonas 2. ALGUNS INDICADORES SÓCIO-ECONÓMICOS
montanhosas.” (Braudel, 1983, p.173-74).
Após o processo de ocupação dos arquipélagos da Ma-
1. BREVE COMENTÁRIO PRÉVIO deira e dos Açores iniciou-se a assiduidade das transac-
ções comerciais com o Reino e entre as ilhas. A pouco
O presente texto nasce de uma investigação que o e pouco, os produtos ensaiados nas terras insulares – o
signatário desenvolve nos últimos três anos tendo por açúcar da Madeira, o cereal e o pastel dos Açores – as-
objectivo central o estudo da civilização material da sumem a pujança de “mercadoria de exportação” e,
Época Moderna nos arquipélagos atlânticos da Madei- consequentemente, foram abertos circuitos de comér-
ra e dos Açores (Sousa, 2011). cio e de distribuição para os portos europeus, africanos
Os sítios arqueológicos que versam a presente reflexão e americanos. A situação geográfica dos arquipélagos
são eminentemente espaços analisados em contexto abre a porta a novos produtos e mercadorias. Ganha,
terrestre, na sua maioria da Região Autónoma da Ma- assim, novo expoente a vida e a civilização material.
deira (de Machico: Junta de Freguesia e Casa com a A confluência de bens, gentes e produtos conferem às
Porta Manuelina; de Santa Cruz: Convento da Piedade regiões insulares da Madeira e dos Açores uma quase de-
e Misericórdia; e do Funchal: Casa Colombo e Quinta pendência de longo-curso das manufacturas europeias
dos Padres). Em relação aos Açores, destacam-se o em troca de produtos agrícolas, criando, na asserção de
Mosteiro de Jesus na Ribeira Grande (Sousa, 2010 p. Chaunu, uma espécie de triângulo constituído pelos
42-51 e 61-62) e os dados obtidos em Vila Franca do “Azores al Norte, las Canarias al Sul, un fragmento de
Campo (escavado desde os anos sessenta do século costa que va de Lisboa a Cádiz a Este. Es el cuello de botel-
XX, por Manuel Sousa d’Oliveira). la, todo pasa por ahí y todo entra” (Chaunu, 1983, p. 56).
Por razões de espaço não se abordam os grupos de Este triângulo anotado por Chaunu, no qual também se
cerâmica de importação portuguesa, nomeadamente: inclui a Madeira, foi palco de relações comerciais entre
os objectos utilitários de Aveiro, os contentores para os povos peninsulares, constituindo-se não só autênti-
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Velhos e Novos Mundos

cos pontos de escala no Atlântico mas, também, cen- 1985, p. 94). Hugo de Linschoot, no século XVI, referin-
tros de dinamização da economia local. Dentro deste do-se à Ilha Terceira, anotou a dependência da ilha em
contexto, novos produtos inseridos nos circuitos locais relação aos apetrechos quotidianos e a outros produtos:
multiplicam-se no recheio do quotidiano insular (con- “Há ali muito peixe, carne e outras coisas necessárias (…)
forme o poder de aquisição do comprador). Enquanto ao azeite trazem-no de Portugal, assim como
Os Açores, posicionados geograficamente nas rotas de os potes, pratos e louça de barro e outros utensílios, os
regresso, tiraram partido dos produtos que vieram da quais não se acham na ilha” (ed. Agostinho, 1943, p. 151).
Índia, África e América. João Marinho dos Santos es- Paralelamente a esta economia de mercado, os lucros
creve que o trigo e o pastel eram “mercadorias suficien- rentáveis dos bens exportados, sobretudo do pastel e
tes só por si para animar o grande comércio e funcionarem do açúcar, enriqueceram os intervenientes directos no
como autênticas para-moedas. Através delas, embora comércio, que iniciam a assunção do gosto para bens
recorrendo sempre a uma moeda de conta (o cruzado ou de luxo importados do Norte de Itália, Sul de Espanha,
o real), efectuava-se a troca por azeite, sal, panos, loiças, Países Baixos, França, Flandres, Alemanha e Inglaterra.
vinhos, letras de câmbio e algum dinheiro de contado” Além das loiças exóticas e de qualidade de fabrico eu-
(Santos, 1989, p. 382). Gera-se uma nova economia de ropeu e oriental, a aristocracia insular passa a adquirir
mercado activada por produtos endógenos e outros outros bens sumptuosos, caso das pinturas, esculturas
que, entretanto, foram sendo ensaiados para cultivo e outros móveis flamengos2 que ornamentaram as
nas ilhas: madeiras, pastel, urzela, sangue-de-drago (re- residências solarengas madeirenses, ou das jóias e teci-
sina de dragoeiro), cereais, cana-de-açúcar e vinho. dos adquiridos pela nobreza e pelos ricos comerciantes
A Madeira, por sua vez, assentou o seu comércio com açorianos.3 Neste aspecto, é fundamental precisar que,
os centros europeus,1 abrindo mais tarde, e com a cul- embora uma boa parte da historiografia insular sustente
tura vinhateira, as transacções com a América, ganhan- a aquisição de “obras de arte” flamengas pelos lucros do
do talvez o estatuto de “Encruzilhada do Atlântico”, comércio transatlântico, a arqueologia tem vindo nos
na visão de Albert Silbert (1954 e 1997). Nas ligações últimos tempos a sustentar a fruição de outros bens que
com os portos do Continente português (nomeada- também podiam garantir o “status social” do compra-
mente com Lisboa, Viana e Caminha) a Madeira nos dor, nomeadamente pelos serviços de loiça dourada de
séculos XV e XVI expedia madeiras, cereais e o açúcar. Valência e do Norte de Itália.
Em troca recebia um conjunto variados de bens, tais
como tecidos, ferro, carne, peixe, sal, azeite, barro, 3. AS IMPORTAÇÕES CERÂMICAS EUROPEIAS
louça, telha e ferramentas (Vieira, 1987, p. 148-149).
O regimento do guarda-mor da Cidade do Funchal, de O estudo do espólio arqueológico associado a con-
Janeiro de 1512, ilustra alguns dos produtos chegados textos arqueológicos quinhentistas da Madeira e dos
do Continente: pescado, sardinha, carne, ferro, azeite, Açores mostra a presença de peças de cerâmica de
telha e barro. (AHM, 1974, p. 542). importação europeia, caso das faianças valencianas
A louça, em especial a utilitária ou comum, e pelo menos (tradicionalmente conhecidas pelo grupo de Paterna/
nos primeiros tempos do século XV, terá vindo de Lisboa, Manises) e andaluzas (nomeadamente de Sevilha), a
Porto e Setúbal. Esta situação poderá ser confrontada ar- par das séries de majólicas italianas (Montelupo e Pisa)
queologicamente com a análise macroscópica das pastas e das produções francesas e alemães.
cerâmicas, e onde inclusive o grupo de Aveiro – bastante O estudo deste grupo específico de cerâmica, indepen-
comum nos finais do século XVI e meados do XVII – é ine- dentemente do aspecto tecnológico relacionado com
xistente nos primeiros estratos antrópicos insulares. a sua produção, remete para o aspecto dos circuitos
Pelo lado açoriano, as transacções com o Reino as- económicos subjacentes à sua distribuição, expressan-
sentavam com os portos de Lisboa, Aveiro, Tavira e do, também, o valor económico, social e cultural que re-
Entre-Douro e Minho e Buarcos (actual freguesia da presentaram nos diversos segmentos da sociedade insu-
Figueira da Foz), fornecendo gado, cereais e pastel lar que delas fizeram uso. A afluência de estrangeiros
em troca de vestuário, sal, loiças, couros, azeite, vinhos, atraídos pelo florescente comércio das ilhas (açúcar,
sardinha, frutos secos, e outros apetrechos (Santos, cereal, pastel, vinho), a partir dos finais do século XV,
1989, p. 366-385; Vieira, 1987, p. 149; Gil, 1981, p. 373; terá contribuído para a introdução de outros artigos de
Gil, 1982, p. 368; Ferreira, 1984, p. 290-292; Godinho, referência. Apesar do significativo silêncio das fontes

2. Vide, por exemplo, Zagallo, 1955, p. 7-19; Gouveia, 1991, p. 11-22 e


1. “ Para os portos nórdicos exportava-se quer açúcar, pastel e urzela, Everaert, 1989, p. 442-63.
quer algodão e escravos; em troca, a ilha recebia os panos (Londres, 3. Por exemplo: “12 travesseiros de linho de Ruão”; “hum cobertor
Escócia, Ruão), cereais e peixe seco ou salgado”; “Dos portos de vermelho de pano de Londres”, “8 toalhas de mesa com lavor da
Barcelona e Valência recebiam habitualmente os panos de Castela” Flandres”, “hua pedra bazar das Índias major que um ovo de pomba”
(Vieira, 1987, p. 152). (Gil, 1979, p. 140-185).
798
Estudos de Arqueologia Moderna

escritas em relação à louça corriqueira, os testamen- 6 – Esmaltadas a branco intercaladas a verde, as “Co-
tos e os inventários quinhentistas e seiscentistas dos lumbia Plain withe and green” (Deagan, 1987, p. 56-58
grupos sociais mais endinheirados suscitam elemen- e Gutiérrez, 2000, p. 17-73);
tos que nos servem para entender a presença de de- 7 – Esmaltadas a azul e branco, do tipo azul figurativa,
terminadas peças de importação, com afinidades a “Santo Domingo Blue on White” (Goggin, 1968, p. 131-
este específico status social local. Dentre dos sítios de 34 e Deagan, 1987, p. 9-61);
proveniência destes bens móveis, a documentação lo- 8 – Esmaltadas a branco com azul linear, “Linear blue”
caliza uma predominância do território actualmente ou “Yayal blue on White” (Deagan, 1987, p.58-59) e a
espanhol, designadamente das comunidades autóno- preto linear (Gutiérrez, 2000, p. 17-73);
mas da Andaluzia (Málaga, Sevilha)4 da Catalunha (Ta- 9 – Esmaltadas azul sobre azul;
lavera)5 e da região Valenciana (Valência).6 10 – As séries meladas, decoradas com óxido de man-
ganés.
3.1 A diversidade das produções sevilhanas
Um dos grupos mais representativos da cerâmica de
O grosso do conjunto de cerâmica esmaltada presente importação é o da louça esmaltada, lisa e sem decora-
nos sítios arqueológicos em estudo aponta generica- ção, com paralelos que se enquadram nas diferentes
mente para dez tipos de produções da região de Se- séries andaluzas e que terá sido também produzida
vilha do século XVI: em Lisboa, na segunda metade do século XVI (Calado,
1 – Esmaltada a branco sem decoração, conhecida por 1988; Gomes, 1998, p. 345). É representado, essen-
“Columbia Plain” (Goggin, 1968, p. 117-26; Muñoz e cialmente, pelos pratos com ônfalo e pelas escudelas
Cambra, 1999, p. 160-61) “Plain White” ou “Blanca lisa”; carenadas. Em termos de quantificação é um tipo de
2 – Esmaltada e decorada com motivos a azul e vinoso, loiça que surge em praticamente em todos os sítios
“Isabela polychrome” (Goggin, 1968, p. 126-34) e “azul arqueológicos em estudo dos Açores e da Madeira.
y morada” (Gutiérrez, 2000, p. 17-73); As formas mais comuns são os pratos e as escudelas,
3 – As produções de corda seca; embora também se tenham exumados os saleiros. Os
4 – Esmaltadas com azul liso, conhecidas pelas “mono- pratos (figs. 1 e 2) são compostos por núcleos muito
cromas azules” (Pleguezuelo e Lafuente, 1995, p. 217- semelhantes às escudelas (bege ou rosa claro), com os
-44), “Azul lisa” (Muñoz e Cambra, 1999, p. 160-71) ou bordos não espessados, combinando tipologias de lá-
“Caparra Blue” (Gutiérrez, 2000, p. 17-73), com as con- bios convexos ou afilados. Os fundos mostram, na par-
géneres a verde liso; te inferior um ônfalo rodeado por um filete relevado e
5 – Esmaltadas com cordões plásticos (Gutiérrez, as bases côncavas. Os diâmetros da abertura variam en-
2000, p. 17-73); tre os 180 e os 225 mm. Os exemplares mais íntegros
foram recuperados das escavações do Convento da
4. “2 pratos finos cevilhanos”; e “1paroleira sevilhana”, do inventário Piedade e dos estratos quinhentistas da Junta de Fre-
seiscentista de uma família aristocrata de São Jorge, Açores (Gil,
1979, p.193). guesia de Machico.
5. “9 pratos de talavera fina” e 2 pratos brancos de Talavera”, Ibidem Relativamente ao tipo Isabela polychrome, decorada
(Gil, 1979, p. 193).
6. “malgas de Valencia”, Ibidem (Gil, 1979, p. 60). a azul e vinoso, estão identificados vários fragmen-

1 e 2. Prato esmaltado ( JFM/06-22-3043).

799
Velhos e Novos Mundos

tos de pratos e escudelas, com uma correspondência trama compacta e homogénea. As decorações são
cronológica a apontar para a segunda metade do sé- predominantemente de teor geométrico e floral, com-
culo XVI7. A decoração exibe frequentemente motivos binando os apontamentos a azul e cor de vinho. As es-
decorativos esquemáticos e florais pintados a azul-co- cudelas são frequentemente carenadas (figs. 5 e 6), e
balto e vinoso sobre o esmalte claro e as pastas com- com decoração geometricizante apenas na superfície
pactas de tonalidade clara (variando entre o creme e o estanhada interior. As pastas, tal como os congéneres
rosa). As escudelas mostram as superfícies esmaltadas pratos, são de textura compacta e de cor clara (K51) e
a branco ou rosa claro, também com decoração linear apresentam um diâmetro máximo de 130 mm.
a azul, variando a base entre o pé de anel e de assenta- Temos, de seguida, as séries de louça de mesa deco-
mento em aresta. Estas importações sevilhanas dos radas a azul linear8. As formas mais características
séculos XVI estão bem documentadas em Machico, na dentro desta decoração a azul linear são os pratos e
Ribeira Grande e em Vila Franca do Campo. as escudelas, exumados principalmente nos contex-
Os exemplares azuis e vinados sevilhanos encontrados tos da Junta de Freguesia de Machico, Santa Casa da
na Cidade de Machico (figs. 3 e 4) encontram paralelos Misericórdia, Quinta dos Padres e Mosteiro de Jesus
com as peças de Vila Franca do Campo e com as da da Ribeira Grande. As peças mais comuns são os pratos
Ribeira Grande (representadas essencialmente por pra- (figs.7, 8 e 9), de pastas beges ou rosas claras (K51,
tos). Os pratos machiquenses afiguram graficamente M27, L47, L25, K71), com escassos desengordurantes.
diâmetros que oscilam entre os 282 e os 192 mm, com As escudelas, por um lado, exibem as bases de as-
bordos ligeiramente extrovertidos e lábios afilados e sentamento de aresta ou anelar, com diâmetros a ron-
convexos. As pastas são geralmente claras (K51) e de dar os 164 mm e os bordos de tipologia ligeiramente

7. Com parelelos conhecidos nos estudos de Goggin (1968), de 8. Estas peças estão presentes em vários sítios portugueses (Mendes
Pleguezuelo e Lafuente (1995, p. 230-33), de Katheleen Deagen e Pimenta, 2007, p. 73; Cardoso e Rodrigues, 1991, p. 575-85 e Gomes
(Deagan e Cruxent, 2002, p. 15 e Deagan, 1987, p. 58-59) e de Muñoz e Gomes, 1991, p. 457-90).
e Cambra (1999, p. 161).

3. Prato decorado a azul e vinoso (JFM/06-22-3026). 4. Prato decorado a azul e vinoso de Vila Franca do Campo (VFC/
MSO-5).

5 e 6. Escudela com decoração geométrica a azul e vinoso da Junta de Freguesia de Machico (JFM/06-22-3027).

800
Estudos de Arqueologia Moderna

extrovertida e lábios afilados ou convexas. A decora-


ção compõe-se, essencialmente, por linhas concêntri-
cas na parte interna do bordo e no fundo, ocasional-
mente com motivos simples (espirais ou estilizações
geométricas ao centro). Os pratos, por outro lado,
seguem não só o esquema decorativo das escudelas
(duas linhas concêntricas na superfície interna, com
espessura que variam entre 1 e 3 mm), como a textura
das pastas é muito semelhante. Os diâmetros oscilam
entre os 210 mm e os 223 mm (figs.7 e 8). Os bordos
apresentam inflexão externa, combinando tipologias
de lábios convexos ou afilados. Do ponto de vista
morfo-tipológico são muito idênticos às séries esmal-
tadas lisas, sem decoração, característica bem vincada
pela existência do ônfalo saliente rodeado por um fi-
lete relevado, com bases côncavas.
Algumas escudelas caracterizam-se, também, pelo nú-
cleo da pasta rosa (M27), situação que levanta uma ou-
tra dificuldade quanto à caracterização do fabrico de ori-
gem, pois, tradicionalmente, as pastas mais rosadas são
atribuídas às produções valencianas. No entanto, não
deixamos de parte o facto de esta loiça também ter sido
fabricada nas olarias portuguesas na segunda metade
do século XVI pois observam-se variantes geométricas à
base de linhas paralelas onduladas e concêntricas.
Este conjunto decorativo sevilhano, que se insere tradi- 7 e 8. Prato de mesa decorado a azul linear (JFM/06-22-3044).
cionalmente no grupo mourisco (Muñoz e Cambra, 1999,
p. 160-61), é frequentemente associado à influência di-
recta das produções italianas no mercado europeu. O exem-
plo mais representativo da fase “italinizante” (AAVV,
1997, p. 129-57) com a evolução para paredes menos
espessas, perfis mais sinuosos e bases de assentamento
anelar (pratos e tigelas), assinala-se nas séries azul sobre
azul, de imitação das cerâmicas lígures9 (em que se repre-
sentam diversos motivos decorativos no tom azul escuro
sobre um fundo azul claro) (fig. 10).
Inserido na decoração linear e com um uso multiface-
tado na casa moderna, temos os alguidares vidrados a
óxido de estanho (fig. 11), decorados no interior e área
do bordo através de linhas paralelas, concêntricas e
onduladas em tons de azul.10 São peças que até ao mo-
mento estão referenciadas no recheio do Convento da 9. Exemplares esmaltados a azul e linear do Mosteiro de Jesus da
Ribeira Grande (MJ-VW-99-207; MJ-VW-99-208 ; MJ-VW-99-209 ;
Piedade de Santa Cruz e que tipologicamente apre-
MJ-VW-99-210 ; MJ-VW-99-211;MJ-VW-99-213; MJ-VW-99-214 ;
sentam um bordo com engrossamento externo, lábios MJ-VW-99-215; MJ-VW-99-216; MJ-VW-99-217; MJ-VW-99-218;
semi-convexos ou ligeiramente aplanados. MJ-VW-99-219; MJ-VW-99-220; MJ-VW-99-221; MJ-VW-99-222;
MJ-VW-99-223; MJ-VW-99-224; MJ-VW-99-225).
A sétima tipologia do grupo sevilhano integra as esmal-
tadas a azul e branco, do tipo azul figurativa (“Santo
Domingo Blue on White”), presentes nos sítios arqueo-
lógicos da Madeira (Junta de Freguesia e Convento
9. Na segunda metade do século XVI, os modelos mais seguidos
nas produções de Sevilha são os de tipo lígure, com séries branco,
da Piedade) e Açores (Mosteiro de Jesus). O número
azul sobre branco e azul sobre azul, como técnica local da berettina de fragmentos em estudo é reduzido (doze, entre os
italiana (Pleguezuelo e Lafuente, 1995, p. 240 e Muñoz e Cambra,
1999, p. 162). quais o da figura 12), permitindo a identificação morfo-
10. Com paralelos identificados nos exemplares recolhidos em tipológica (pratos de pastas compactas de cor creme,
Sevilha (Muñoz e Cambra, 1999, p. 167).

801
Velhos e Novos Mundos

K71, e base de assentamento anelar). Nas decorações


predominam os motivos zoomorfos (aves) e fitomór-
ficos, à semelhança de outros recipientes estudados
para as colónias da América e Ilhas Britânicas (Goggin,
1968, p. 131-34; Lister e Lister, 1982, p. 55-57; Deagan,
1987, p. 59-61 e Gutiérrez, 2000, p. 17-73).
O quinto tipo de cerâmica andaluza com cordões plásti-
cos associados está unicamente presente nos estratos
secundários da Junta de Freguesia de Machico, ga-
rantindo, assim, uma vez mais a qualidade dos estratos
daquele sítio para a compreensão do perfil das importa-
ções nos primeiros tempos de povoamento na Madeira.
Recolheram-se, para análise, alguns exemplares de 10. Fragmento de parede das séries azul sobre azul, de imitação
bordo e bojo de escudelas (fig. 13), contendo as pastas das cerâmicas lígures (JFM/00-3-18a).

de textura semi-compacta, de cor clara (L71 ou K30),


com os típicos cordões verticais na área do bojo, pig-
mentados a verde11. Os bordos das escudelas são de
orientação vertical e os lábios apresentam-se ligeira-
mente afilados.
Um outro fragmento de cerâmica esmaltada (figs. 14
e 15) levanta, no entanto, muitas interrogações no que
respeita à sua origem e funcionalidade. Trata-se de um
fragmento de bordo e parede de uma peça quadran-
gular, com as superfícies esmaltadas de cor amarelo
pálido e pasta muito bem depurada de cor creme (L75),
observando-se na superfície externa uma decoração do
tipo relevado, com nuances a verde-claro. Pelo tipo de
decoração, nomadamente os cordões verticais e a tex- 11. Fragmentos de alguidares com decoração a azul-cobalto, pro-
venientes das escavações do Convento da Piedade, Santa Cruz (CP/-
tura da pasta, parece tratar-se de uma peça esmaltada 03-581; CP/03-583; CP/03-571; CP/03-579; CP/03-557).
integrante neste tipo particular de produções sevilhanas
do século XVI, de tradição morisca. A sua utilização na
casa quinhentista é hoje discutível. Alguns exemplares
dos Países Baixos, com vidrado interno, são cuspidores
do século XVI (Janssen e Nijhof, 1992, p. 351).
Algumas cerâmicas com as superfícies vidradas a ver-
de, e individualizadas pelos alguidares, talhas, manilhas
tubulares12 e pias de água benta, podem antever tam-
bém uma importação sevilhana. Um dos fragmentos
de parede (fig. 16) com 12 mm de espessura e pasta
de textura semi-compacta de cor acastanhada (N27),
e com veio de 4mm alaranjado (N35), da unidade es- 12. Fragmento de parede das séries azuis figurativas sevilhanas
tratigráfica 22 da Junta de Freguesia de Machico, (CP/03-576).
mostra equivalência com alguns exemplares recolhidos
em Isabela na América do Sul (“bizcocho, cream-colored
unglazed”, Deagan e Cruxent, 2002, p. 159). Mostra pos-
sivelmente uma decoração geométrica, tratando-se
provavelmente de recipientes de armazenagem e trans-
porte de líquidos nos finais do século XV.

11. Com interessantes paralelos registados por Alejandra Guttiérrez,


em http://www.dur.ac.uk/spanish.pottery/Page14.htm.
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. Estes itens são estudados no sub-capítulo “3.3.Arquitecturas e 13. Perfil de escudela esmaltada com cordões plásticos (JFM/06-22-
equipamentos funcionais”, do estudo citado de Sousa, 2011. 3040).
802
Estudos de Arqueologia Moderna

Outros dois raros exemplares, e que possivelmente as- diciar um uso no enchimento construtivo, tal como nos
sociamos ao culto religioso no Convento da Piedade outros dois exemplares (fig. 17).
(fig. 17) materializam evidências de possíveis pias de Outras produções muito particulares atribuídas às pro-
água benta com as superfícies profusamente decora- duções das oficinas sevilhanas, a partir do século XV,
das na técnica incisa com gramática geométrica13. O são as esmaltadas monocromas a azul e a verde (tipo 4).
bordo é de tipologia espessada e a pasta porosa e com- As séries em azul aparecem, singularmente, associadas
pacta de tonalidade cinza (M31). O diâmetro da aber- a formas fechadas, normalmente recipientes de mesa,
tura (385 mm) pode significar a funcionalidade da peça como sejam os jarros e os canudos para armazenagem
que, por estabelecimento de paralelos, pode integrar a de líquidos e sólidos (Muñoz e Cambra, 1999, p. 62 e
tipologia das produções andalusas vidradas propostas Gutiérrez, 2000, p. 17-73). Destaca-se de um conjunto
por Florence e Robert Lister (1987, p. 114). Estas peças de quinze fragmentos (doze de paredes indetermina-
podem incluir outras produções sevilhanas que também das; um de uma tampa e um outros dois de uma asa),
identificámos como pertencentes às pias de água ben- a exemplaridade da Unidade 22 da Junta de Freguesia
ta, resultantes do espólio arqueológico do Convento da de Machico14 com vários fragmentos exumados, carac-
Piedade escavado por António Aragão nos anos 60. Um terizados pelas pastas de textura semi-compactas, de
dos fragmentos em causa (fig. 18), uma parcela de um tonalidade clara, L71. Um componente associado a re-
fundo côncavo vidrado verde, exibe na superfície externa cipientes cerâmicos fechados (tampa, figs. 19 e 20) e-
uma decoração a baixo-relevo (provavelmente uma fi- xibe o núcleo das pastas bege (K51), com a aplicação da
gura humana), com um orifício de saída de líquidos. Os tonalidade azul apenas na superfície externa. O exem-
vestígios de argamassa existentes na pasta podem in- plar de asa do Convento da Piedade, provavelmente

13. Sobre as pias baptismais sevilhanas consulte Perera, 1992, p. 191- 14. Também nas escavações realizadas em 2000 no espaço da
212 e Suárez, 2000, p. 467-85). Alfândega de Machico (ALF/00-4-65, Sousa, 2006, p. 156).

14 e 15. Fragmento de parede de uma peça quadrangular com cordões plásticos (JFM/00-4-321).

16. Fragmento da parede de cerâmica vidrada, do tipo “bizcocho, 17. Fragmento de bordo e bojo de possíveis pias de água benta de
cream-colored unglazed”, (JFM/06-22-3452). tamanho reduzido do Convento da Piedade, Santa Cruz (CP/03-
987; CP/03-989).

803
Velhos e Novos Mundos

de um jarro (fig. 21), com uma espessura de 13 mm,


revela também uma pasta de homogénea de tonali-
dade creme (L71), com escassos desengordurantes.15
É bem possível que este tipo de cerâmicas esmaltadas
com monocromia a azul corresponda às importações
madeirenses de “mea duzia de pucoros azus”, a que se
refere o manuscrito do primeiro quartel do século XV. 16
Outra forma com representação em Machico é o púca-
ro, com duas tonalidades distintas de verde em ambas
as superfícies, bordos direitos com lábios arredonda-
dos e decoração plástica, em forma de mamilo no ali-
nhamento do lábio (fig. 22). O verde mais intenso surge
na expressiva maioria na superfície externa, exceptu-
18. Fragmento de parede com decoração antropomórfica (CP/03-58).
ando alguns fragmentos de escudelas e pratos de cerne
rosado (M47), com as duas partes esverdeadas com
idêntica intensidade. Segundo Alfonso Pleguezuelo e
Pilar Lafuente, algumas produções a verde e branco
andaluzas, em paredes finas e mais espessas, apresen-
tam variantes de acabamento, nomeadamente com
revestimento interior e exterior esmaltado a verde ou
a verde por fora e branco por dentro (Plegezuelo e La-
fuente, 1995, p. 236).
O tipo 3, ilustrando as produções de corda seca, re-
presenta-se apenas com um fragmento de base e de
arranque de parede de um prato de cerâmica com to-
nalidades de azul, branco e amarelo-torrado (figs. 23 e
24). A coloração do núcleo é muito semelhante aos ou-
tros fabricos sevilhanos (K51) e tipologicamente a base é
assentamento em aresta. São peças que se enquadram
nas manufacturas sevilhanas dos finais do século XV,
princípios do século XVI, com paralelos conhecidos
(Suárez, 2007, p. 169 e Goggin, 1968, plate 5).
São também tradicionalmente atribuídas às oficinas
de Sevilha os pratos (fig. 25) decorados com óxido de
manganés (Pleguezuelo e Lafuente, 1995, p. 228-44). A
decoração a óxido de manganês, conjugada predomi-
nantemente à base de motivos geométricos, surge indi- 19 e 20. Tampa das séries esmaltadas a azul liso da Junta de Fregue-
sia de Machico (JFM/06-22-3012).
vidualizada na superfície interior dos pratos e escudelas
de cor castanha, recolhidas predominantemente nos
estratos arqueológicos do século XVI. As bases são re-
entrantes, algumas com uma fina incisão. A tonalidade
do núcleo varia entre o bege (K91) e a vermelha ou rosa
(N45, N57). É muito provável, não obstante a possível
produção portuguesa, que algumas destas peças te-
nham sido importadas das oficinas andaluzas ou valen-
cianas. Identificaram-se, também, modalidades de pra-
tos, exibindo pastas de textura compacta e tonalidade
creme (K75), com ambas as superfícies vidradas a verde
(com brilho metálico) e outros exibindo nuances verdes.

15. Com paralelos situados em Alejandra Gutiérrez, 2011, http://


www.dur.ac.uk/spanish.pottery/Page14.htm.
16. ANTT, Corpo Cronológico, Parte II, Maço 97, doc. 60, Microfilme 21. Fragmento de parede de um jarro de cerâmica esmaltada a azul
5867, fl.1, publicado inicialmente em Sousa, 2007, p. 24-29. liso (CP/03-549).

804
Estudos de Arqueologia Moderna

3.2 As séries douradas valencianas

Com vários exemplares recolhidos de unidades estra-


tigráficas com uma cronologia relativa atribuída aos fi-
nais do século XV (por exemplo, a unidade 22 da Junta
de Freguesia de Machico), a cerâmica do grupo gótico-
-mudéjar valenciana 17 ou, como tem sido geralmente
designada, louça de Paterna/Manises, marca presença
nos espaços antropizados insulares. Trata-se de uma
louça de excepcional qualidade, que se destaca pelos
motivos decorativos a dourado com um brilho muito es- 22. Púcaro a verde liso da Junta de Freguesia de Machico (CTM/03-
pecial, muito provavelmente peças ao alcance das bol- 23-26).
sas mais abastadas da sociedade dos séculos XV e XVII.
Segundo Mercedes Mesquida Garcia, o final de
Quatrocentos foi um período de viragem na gramática
decorativa valenciana, marcada por uma nova ideolo-
gia do “Renascimento”, em que os contactos sociais,
económicos e culturais com a Itália trouxeram “un nue-
vo aire fresco” que, por sua vez, ajudou a renovar “las
decoraciones de la cerámica dorada, desapareciendo por
completo las últimas reminicencias musulmanas e intro-
duciendo nuevas formas que imitan las vajillas de plata
que comienzan a aparecer en las mesas de los Grandes
de España, así como nuevos motivos animales y vege-
tales que recuerdan la flora y fauna del Nuevo Conti-
nente descubierto” (García, 2002, p. 30-31).
Estas produções gótico-mudejares, de reflexos dou-
rados, estão referenciadas em Vila Franca do Campo,
no Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande e na Junta de
Freguesia de Machico. Nos Açores, e em particular nos
despojos das escavações levadas a cabo por Manuel
Sousa d’Oliveira em Vila Franca do Campo, aparece
nas modalidades formais de pequenas tigelas e de pra-
tos. Um dos exemplares que parece enquadrar-se na
segunda metade do século XV, exibe decoração vege-
tal em azul e dourada (flores de breonia unidas pelas
hastes), um motivo decorativo presente nas produções
clássicas do século XV (Gutiérrez, 2000, p. 15-73). Es-
tão, também, presentes nos escombros do Mosteiro
de Jesus da Ribeira Grande (Fig.26) e nas Casas de João 23 e 24. Prato de corda seca da Junta de Freguesia de Machico
(JFM/06-22-3029).
Esmeraldo-Cristóvão Colombo, no Funchal.
O fragmento da Ribeira Grande, constituindo uma
porção de bordo e de parede de uma escudela de ore-
lhas do grupo gótico mudéjar valenciano (fig. 26), exi-
be uma decoração dourada com tonalidades metáli-
cas, combinado motivos geométricos e vegetalistas
nas superfícies interna e externa. Apresenta uma base
de vidrado estanífero de boa qualidade. Na superfície

17. Adoptando o conceito actualmente proposto por vários autores


(Amigues, 1995, p. 141). Expressão que reforça o desempenho dos
oleiros mudéjares no excepcional fabrico destas séries de louças
caracterizadas essencialmente por dois grandes grupos decorativos:
um grupo em que a cerâmica é pintada com dourado; e um outro
que combina a pintura azul e dourada. 25. Prato melado decorado a óxido de manganés (JFM/06-22-3388).

805
Velhos e Novos Mundos

externa observa-se o arranque facturado de uma pro-


vável pega de orelhas, de orientação horizontal, factura
que também deixa antever a qualidade e a tonalidade
da pasta (compacta, com escassos desengordurantes e
de tonalidade rosada, L35). O bordo é direito e o lábio
surge ligeiramente afilado.
A Junta de Freguesia de Machico forneceu um conjunto
mais numeroso e homogéneo, represado pelas escude-
las (fig. 27) e pelos pratos. A escudela (fig. 27), ostentan-
do uma decoração que pode deduzir a estilização de um
pássaro deformado (observando-se a representação
26. Escudela de orelhas do grupo gótico mudéjar do Mosteiro de
das penas), mostra paralelos com uma escudela dos fi- Jesus, da Ribeira Grande (MJ-VW-99 – peça n.º 26).
nais do século XV e princípios do século XVI (Amigues,
2002, p. 70).

3.3 As importações italianas

As produções italianas de loiça de qualidade, estão do-


cumentadas arqueologicamente em vários sítios arqueo-
lógicos insulares (Convento de Jesus Ribeira Grande,
Junta de Freguesia, Casa com Porta Manuelina, Mi-
sericórdia, Convento da Piedade, Quinta dos Padres e
Casa do Esmeraldo).
Desde muito cedo foi sentida a presença de italianos
(oriundos de Génova, Veneza e Florença) nas ilhas atlân-
ticas, com maior expressão na Madeira e nas Canárias,
fortemente atraídos pelo comércio da urzela e do açúcar 27. Escudela com decoração dourada da Junta de Freguesia de
(Vieira, 1999). Nas relações com o espaço mediterrâneo, Machico (JFM/06-22-3041).

as cidades italianas de Génova, Veneza, Livorno e Pisa


representavam centros de recepção do açúcar, de tábuas
de cedro e vinhático, urzela e couro. Em troca remetiam
tecidos, trigo e outros objectos de luxo (Rau, 1973).
Os estratos arqueológicos do século XVI forneceram
alguns fragmentos de majólicas italianas, sobretu-
do produções da região de Montelupo, na Toscânia.
Aquele centro produtor ganhou preponderância com
a conjuntura político-económica do início do século
XV, em que a supremacia de Florença sobre Pisa per-
mitiu uma maior abertura comercial, em função do
porto local de Pisa e da posição de Montelupo nas
proximidades do Rio Arno (Milanese, 1994, p. 85). O
período que medeia entre os finais do século XV e a
primeira metade do século XVI foi, de facto, extraor-
dinariamente relevante, quer no aspecto tecnológico
e decorativo da indústria cerâmica, quer ao nível das
exportações de Montelupo, grande parte por influên-
cia dos mercadores florentinos, para toda a área do
Mediterrâneo e Noroeste europeu (Milanese, 1993, p.
32) e, também, para as ilhas do Atlântico. O conjunto
mais comum e com representação nas ilhas da Ma-
deira (Junta de Freguesia de Machico, Misericórdia e
Convento da Piedade em Santa Cruz, Quinta dos Pa-
dres, no Funchal) e Açores (Mosteiro de Jesus, Ribeira 28 e 29. Prato de majólica italiana montelupina (JFM/06-22-3017).

806
Estudos de Arqueologia Moderna

Grande) revela-se nas produções montelupinas da pri- de textura compacta, onde a decoração é feita sobre
meira metade do século XVI. As importações da região um engobe amarelado. É um tipo de produção que
de Montelupo coincidem grosso modo com dois tipos está atestada em escavações arqueológicas italianas
de decoração. Um primeiro tipo, representado em par- (Pannuzi, 2003, p. 92; Milanese e Baldassarri, 2004, p.
ticular pelos pratos decorados com orla a azul sobre 293 e Tullio, 2004, p. 292) e nas “colónias” da América
esmalte branco, na técnica “alla porcellana” (Pannuzi, espanhola (Lister e Lister, 1987, p. 209). Berti sintetiza
2003, p. 104-05; Hurst, Neal e Beuningen, 1986, p. 21- a decoração e a cronologia das produções policromas:
22), descrevendo motivos florais, foi exumado nos es- “Nelle versioni policrome si hanno quelle a tre e a quattro
tratos quinhentistas da Junta de Freguesia, em Machico toni cromatici, com lággiunta del marrone o del verde, op-
e na Misericórdia, em Santa Cruz (figs. 28 e 29) e no pure di entrambi. La fabbricazione di questo manufatti era
Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande. É uma produção sicuramente in atto nella seconda metà deo XVI secolo e
típica de Valdarno, iniciada na primeira metade do sé- nella prima del sucessivo” (1997, p. 46). As esgrafitadas
culo XV. São peças que se encontram, também, dis- (fig. 32) fazem-se representar por fundos e bordos de
seminadas pelo comércio espanhol nas Américas, Sul pratos de alegadas produções pisanas do século XVI,
do Mediterrâneo e no Norte da Europa (Lister e Lister, de pastas vermelhas bem cozidas, formando moti-
1976, p. 28-41; Milanese, 1993, p. 32). A decoração dos vos geométricos (círculos concêntricos) e estilizações
pratos é cuidada e forma, geralmente, bandas fitomór- zoomórficas e motivos botânicos polícromos (verde
ficas circundadas por linhas paralelas. As pastas são e amarelo). As superfícies estão esmaltadas a branco
homogéneas, de trama compacta, de cor creme (K33), aderente e as pastas mostram raríssimas inclusões
com escassos desengordurantes visíveis a olho-nu. Os plásticas. Exemplares muito semelhantes, para efeitos
diâmetros variam entre os 224 e os 250 mm e os bordos de paralelos, estão referenciados na Itália (em Campa-
são de inflexão externa e lábios boleados18. O outro con- nia, Crescenzo e Pastore, 1994, p. 138 e em Valdievole,
junto, ainda mais expressivo, integra-se, efectivamente, Milanese e Baldassarri, 2004, p. 191-343 e Berti, 2004,
nas séries polícromas da segunda metade do século XVI, p. 355-92), Inglaterra (Aavv, 2002, p. 84) e na América
exibindo uma maior profusão de cores (azul, vermelho, do Sul21 (Deagan e Cruxent, 2002, p. 159). Do ponto de
verde, laranja) e típicos motivos florais. Na sua maioria vista da sua contextualização, o facto de ter sido iden-
constituem fragmentos de parede de recipientes, cuja tificada apenas nos contextos quinhentistas do Mostei-
identificação tipológica é problemática, embora em de- ro de Jesus na Ribeira Grande e de não termos, até ao
terminados casos fosse possível caracterizar elementos momento, outro termo de analogia no que respeita aos
pertencentes a pequenas taças e pratos. As pastas são sítios das Ilhas Atlânticas em estudo, levanta a hipótese
claras, de textura compacta e muito bem depuradas de se tratar de uma loiça de relevo em termos de aqui-
com esmaltes finos de fraca aderência. Alguns fragmen- sição. Por exemplo, os arqueólogos americanos que
tos, também polícromos, podem pertencer às séries escavaram a povoação de La Isabela, hoje República
montelupinas do segundo quartel do século XVI com Dominicana, chegaram à conclusão de que é um tipo
decoração do tipo “blu graffito” (Aliprandini e Milanese, de cerâmica associada à elite residencial da localidade
1986, �����������������������������������������������
p. 266), que são representadas por vários exem- (Deagan e Cruxent, 2002, p. 159). Marco Milanese e
plares de pratos (fig. 30)19. As importações do Norte de Giovanni Aliprandini anotam que em várias regiões itali-
Itália (Pisa)20, do tipo marmoriado e esgrafitado (Berti, anas foram identificadas séries especializadas para o
2004, p. 355-92)��������������������������������������
dos séculos XVI e XVII, estão presen- uso conventual, na atmosfera de Contra-Reforma, com
tes fisicamente na área urbana de Machico (Junta de figuras de santos (Aliprandini e Milanese, 1986, p. 266).
Freguesia e Casa com a Porta Manuelina), Santa Cruz Também do Noroeste da Itália, nomeadamente da
(Convento da Piedade) e Ribeira Grande (Mosteiro de Ligúria22 são as peças pintadas a azul sobre azul iden-
Jesus). As produções mais comuns são as da aplicação tificadas no Mosteiro de Jesus, Convento da Piedade
de técnica de revestimento marmoriado (listras ama- e na Junta de Freguesia de Machico. São importações
relas, vermelhas alternadas, às vezes, com um toque que se fazem representar, essencialmente, por tigelas
de verde e vermelho), possivelmente fabricadas nas e pratos23. Os exemplares mostram os núcleos de pas-
oficinas pisanas do século XVI (fig. 31). As pastas são ta compacta homogénea de tonalidade creme (K71),

18. Pratos deste tipo estão documentados em Silves (Gomes e Go- 21. Cfr., Jamestown Ceramic Research Group: ��������������������
http://www.preserva-
mes, 1996, p. 190). tionvirginia.org/rediscovery/page.php?page_id=273.
19. O tipo decorativo representado pelo fragmento JFM/00-4- 22. Note-se que Lisboa importava, na primeira metade do século
68 está referenciado nas exportações das “colónias espanholas” XVIII, loiça pintada de Génova, (Vasconcellos, 1883, p. 271).
(Deagan, 1987, p. 108). 23. Alguns paralelos podem ser observados em: Blake, 1981, p. 99-
20. A documentação insular dos séculos XVI e XVII refere-se, por exem- 124; Lister e Lister, 1976, p. 311-20; Hurst, Neal e Beuningen, 1986,
plo, às “malgas” e aos “saleiros” oriundas de Pisa (Gil, 1979, p. 60, 70). p. 27, fig.10 e 19.

807
Velhos e Novos Mundos

com as superfícies decoradas a azul-escuro sobre azul


mais claro, na técnica “berettino” (���������������������
Aliprandini e Milane-
se, 1986, p. 268��������������������������������������
), formando motivos geométricos e flo-
rais. Exceptuando os fragmentos disponíveis das séries
azuis sobre azul da Junta de Freguesia de Machico e
Mosteiro de Jesus, cujo fabrico atribuímos às fábricas
da Ligúria, os restantes exemplares foram remeti-
dos para o grupo de proveniência desconhecida.
As importações dos Países Baixos e da Alemanha
3.4 As importações dos Países Baixos e da Alemanha

Importações dos Países Baixos e da Alemanha estão


igualmente presentes nos sítios arqueológicos insulares 30. Prato das séries “blu graffito” (CTM/03-21-31).
dos séculos XVI e XVII. Alguns exemplares de pratos do
Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande (fig. 33) inserem-se
nas importações da loiça vidrada da Alemanha, nomea-
damente da região de Werra. A figura 33, que caracte-
riza os pratos com a tipologia dos bordos com inflexão
externa e bases mais ou menos côncavas, mostra uma
tonalidade decorativa diversificada (amarelo, esverdea-
do e castanho), formando temas centrais de temática
antropomórfica, zoomórfica, botânica e geométrica.
Mostram bandas alternadas a castanho e a verde, ver-
ticais na aba, e ao centro motivos fitomórficos. As pas-
tas apresentam-se de textura compacta, em tons de
31. Fragmento de importação pisana marmoriada (CP/03-538).
castanho avermelhado (M47), com escassos desengor-
durantes. Esta loiça vidrada insere-se nas produções
utilitárias alemãs dos séculos XV e XVI, bem individuali-
zada pela sua pasta vermelha, e teve um impacto sig-
nificativo nos mercados locais (Wilcoxen, 1987, p. 77).
Ainda do ex-Mosteiro de Jesus são provenientes mais
dois bordos e bojos de pratos da região de Werra (fig.
34). As pastas são semelhantes às anteriores (de trama
compacta, em tons acastanhados avermelhado, M47),
e as decorações sobre o vidrado castanho caracteri-
zam-se por pinceladas a branco na área do bordo e cír-
culos concêntricos no bojo, à semelhança de recipien- 32. Exemplares esgrafitados do Mosteiro de Jesus da Ribeira
tes publicados por Hildyard (1999, fig. 15) e Hume Grande (MJ/98-ValaW-Peça89; MJ/98-ValaW-Peça90; MJ/98-Va-
laW-Peça91).
(2001, p. 55-57 e p. 276-85).
Outras importações germânicas dos séculos XVI e
XVII e que derivam, essencialmente, dos achados for-
tuitos na área urbana do Funchal, consubstanciam a
evidência da aquisição e uso das típicas garrafas de
grés características de várias localidades da Alema-
nha (Colónia, Raeren, Siegburg e Frechen). São exem-
plares conhecidos tecnicamente por “Greybeards”,
embora no meio do coleccionismo e dos arqueólogos
tenham sido baptizados por “Bellarmines”, na assun-
ção da crença de que a representação da figura mas-
culina barbuda representasse o rosto e a figura do
cardeal Bellarmino, um feroz adversário do protes-
tantismo no Norte da Alemanha e nos Países baixos24.
33. Fragmentos de um prato da região de Werra (MJ/99-VW-Peça
60-61).
24. A este propósito consulte-se Caiger, 1967, p. 8-12.
808
Estudos de Arqueologia Moderna

As duas excepcionais garrafas do Funchal FX/1998-3,


fig. 35, semi-perfil de uma garrafa com asa lateral de
secção circular e FX/1998-4, fragmento de parede
com brasão) mostram a ornamentação da figura hu-
mana no gargalo e medalhões armoriados no corpo.
As pastas são de coloração creme (L70) ou cinzenta
(M73)25. Supomos que estes dois exemplos expres-
sam as produções da segunda metade do século XVII,
altura em que o fabrico perde a qualidade das séries
quinhentistas e, gradualmente, a expressões faciais e
os outros motivos são cada vez mais estilizados e me-
34. Fragmentos de um prato da região de Werra (MJ/98-VW-62-63).
nos marcantes.
Com um possível fabrico situado em Antuérpia, nos
Países Baixos, situam-se três fragmentos de um prato
policromo de faiança da segunda metade do século
XVI (figs. 36 e 37). O bordo sujeito a análise exibe uma
pasta de textura semi-compacta de cor creme (K30) e
é detipologia extrovertida e lábio aplanado. A decora-
ção aparece apenas na superfície interna, a azul e ama-
relo e de linhas paralelas com padrão semi-circular26.

3. 5 As importações francesas

Sousa Viterbo escreveu que, antes do reinado de D.


José – que acabou por proibir as importações de loiça
europeias, exceptuando a chinesa em navios portu-
gueses -, a louça ordinária era importada de Chincheos
(China), da França, Holanda e Inglaterra (Viterbo, 1882,
p. 544). Talvez se explique, por este passo a presença 35. Garrafa de grés alemão da área urbana do Funchal (FX/1998-3).
de produções esgrafitadas francesas na Madeira.
As importações da região de Beauvais do século XVI,
Norte de França, estão bem presentes no recheio das
habitações solarengas da actual Cidade de Machico
(Junta de freguesia e Casa com a Porta Manuelina,
fig. 38). O prato da Casa com a Porta Manuelina (fig.
38,CPM/06-5-36) e outros dois fragmentos (JFM/06-
-22-4233; JFM/06-22-4234, que também identificámos
pertencentes a um prato) são confeccionados através
da técnica grafitada, destacando-se os esverdeados e
os castanhos. As pastas distinguem-se das congéneres
alemãs de Werra (Hurst, Neal e Beuningen, 1986, p.
108-16), pelo facto de serem mais claras (Aliprandini
e Milanese, 1986, p. 275), neste caso em particular de
trama semi-compacta de cor creme (L70), com es-
cassos elementos não plásticos. O bordo surge com
um espessado externo e de inflexão extrovertida e o
lábio é boleado.

25. Em termos de paralelismos é possível enquadrá-los nos


exemplares publicados no guia dos artefactos da América (Hume,
2001, p. 56).
26. Colhe paralelos com um prato da majólica de Antuérpia (1550- 36 e 37. Fragmentos de um prato policromo dos Países Baixos
-1600) remetida por Alejandra Gutiérrez. (JFM/06-22-3031; JFM/06-22-3525; JFM/06-22-3526).

809
Velhos e Novos Mundos

COMENTÁRIO FINAL

A importação de bens cerâmicos europeus para os ar-


quipélagos atlânticos no período após o achamento
no século XV surge materializado no registo arqueo-
lógico. As ocorrências levantam inclusive novos dados
sobre o consumo e o uso de cerâmicas de qualidade na
casa insular, em particular nas habitações civis e de as-
sistência do século XVI numa época de confluência de
comerciantes e de produtos alimentados pela “econo-
mia de exportação” liderados pelo açúcar madeirense
e pelo cereal e pastel açoriano.
Da vida material dos ilhéus, em partilha com a utiliza-
ção das produções oláricas locais que a análise arque-
38. Fragmento de bordo e bojo de um prato francês decorado ológica suporta ter início na segunda metade do sé-
pela técnica grafitada (CPM/06-5-36).
culo XVI, fazem parte as loiças de qualidade oriundas
de Espanha, Itália, Países Baixos, França, e Alemanha.
Note-se que estas produções grafitadas de Beauvais Os dados servem de complemento à historiografia que
tiveram o seu apogeu no século XVI, fabricando sustenta a importação de “obras de arte” flamengas, e
grandes quantidades de recipientes, ao que consta que é quase omissa na inventariação de peças cerâmi-
tendo por influência as séries italianas: “i ceramisti locali cas desses locais.
(forse anonimi ceramisti italiani trasferitisi là?) fecere O recheio da casa insular mais ou menos abastada
veramente i “salto mortali” pur di riuscire ad imitarei l é diversificado e reflecte não só a origem e o gosto
vasellame graffito prodotto nella valle dell’Arno, che emergente dos intermediários directos no comércio
alimentava un fiorente mercado nelle zone costiere transatlântico como, também, o estatuto social da ins-
dell’Europa” (Aliprandini e Milanese, 1986, p. 275). tituição individual e colectiva que usufrui do bem.

810
Estudos de Arqueologia Moderna

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RAU, V. (1973) – Portugal e o Mediterrâneo no século XV: in the seventeenth century. Albany, N. York: Albany Institute
alguns aspectos diplomáticos e económicos das relações com of History & Art.
a Itália. Lisboa: Centro de Estudos da Marinha.

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O presente volume reúne os textos redigidos pela grande maioria dos participantes no “Velhos e
Novos Mundos. Congresso Internacional de Arqueologia Moderna”, que decorreu de 6 a 9 de Abril de
2011 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

O evento pretendeu reunir arqueólogos consagrados e jovens, com trabalhos provenientes de con-
textos académicos ou de salvamento, pertinentes para a discussão em torno de diversas temáticas
balizadas nos séculos XV a XVIII, tanto em contexto europeu, como em espaços colonizados.

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cações e a guerra, a vida religiosa e as práticas funerárias, as paisagens marítimas, os navios e a vida
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valorização do património arqueológico.

Além de se pretender dar um impulso ao desenvolvimento da arqueologia moderna, procurou-se


lançar pontes de contacto entre comunidades arqueológicas espalhadas em diversas partes do mun-
do, nomeadamente aquelas que centram a sua investigação em torno dos reinos ibéricos e da sua
expansão mundial.

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