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VELHOS E NOVOS MUNDOS

ESTUDOS DE ARQUEOLOGIA MODERNA


OLD AND NEW WORLDS
STUDIES ON EARLY MODERN ARCHAEOLOGY

ARQUEOARTE
Estudos de Arqueologia Moderna

VELHOS E NOVOS MUNDOS


ESTUDOS DE ARQUEOLOGIA MODERNA
OLD AND NEW WORLDS
STUDIES ON EARLY MODERN ARCHAEOLOGY
VOLUME 1

3
Velhos e Novos Mundos

TÍTULO / TITLE
Velhos e Novos Mundos. Estudos de Arqueologia Moderna
Old and New Worlds. Studies on Early Modern Archaeology
Volume 1

COORDENADORES / COORDINATORS
André Teixeira, José António Bettencourt

ORGANIZADORES / ORGANIZERS
André Teixeira, Élvio Sousa, Inês Pinto Coelho, Isabel Cristina Fernandes,
José António Bettencourt, Patrícia Carvalho, Paulo Dórdio Gomes, Severino Rodrigues

EDIÇÃO / EDITION
Centro de História de Além-Mar
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa
Universidade dos Açores
Av. de Berna, 26C, 1069 - 061 Lisboa
www.cham.fcsh.unl.pt / cham@fcsh.unl.pt

TIRAGEM / COPIES
500

COLECÇÃO / COLLECTION
ArqueoArte, n.º 1

DEPÓSITO LEGAL
353251/12

ISBN
978-989-8492-18-0

GRAFISMO E PAGINAÇÃO / GRAPHIC DESIGN


Canto Redondo
www.cantoredondo.eu / geral@cantoredondo.eu

IMPRESSÃO / PRINT
Europress

DATA DE EDIÇÃO / FIRST PUBLISHED IN


Dezembro de 2012 / December 2012

ORGANIZAÇÃO

APOIOS

Os artigos são da exclusiva responsabilidade dos autores.


Os textos e imagens desta publicação não podem ser reproduzidos por qualquer processo digital, mecânico ou fotográico.

© CHAM e Autores

4
Estudos de Arqueologia Moderna

ÍNDICE 163 Fragmentos do quotidiano urbano de Torres Vedras,


entre os séculos XV e XVIII: um olhar através dos
VOLUME 1 objectos do poço dos Paços do Concelho
Guilherme Cardoso e Isabel Luna
9 INTRODUÇÃO
173 A modernidade em Leiria: imagens da vida pública
11 CONFERÊNCIAS e privada na antiga judiaria. O caso do Centro Cívico
de Leiria
13 From español to criollo: an archaeological perspective Iola Filipe e Marina Pinto
on spanish-american cultural transformation, 1493-1600
Kathleen Deagan 181 Arqueologia das cidades de Beja: onde a cidade se
encontra com a sua construção
23 Bahia: aportes para uma Arqueologia das relações Maria da Conceição Lopes
transatlânticas no período colonial
Carlos Etchevarne 189 Fragmentos de vida e morte da Idade Moderna no
centro histórico de Elvas
37 Of sundry colours and moulds: imports of early Teresa Ramos Costa, Cristina Cruz, Gonçalo Lopes e
modern pottery along the atlantic seaboard Ana Braz
Alejandra Gutierrez
201 A intimidade palaciana no século XVII: objectos
51 Velhos e novos mundos em uma perspectiva provenientes de um esgoto do Paço dos Lobos da
arqueológica Gama (Évora)
Marcos Albuquerque Gonçalo Lopes e Conceição Roque

209 Evidências de época moderna no castelo de Castelo


69 CIDADES: URBANISMO, ARQUITECTURA Branco (Portugal)
E QUOTIDIANOS Carlos Boavida

71 Largo do Chafariz de Dentro: Alfama em época moderna 219 Crise e identidade urbana: o Jardim Arcádico
Rodrigo Banha da Silva, Pedro Miranda, Vasco de Braga de 1625
Noronha Vieira, António Moreira Vicente, Gonçalo C. Gustavo Portocarrero
Lopes e Cristina Nozes
223 Ao som da bigorna: os ferreiros no quotidiano
85 Os novos espaços da cidade moderna: uma urbano de Arrifana/Penaiel no século XVIII
aproximação à Ribeira de Lisboa através de Teresa Soeiro
uma intervenção no Largo do Terreiro do Trigo
Cristina Gonzalez 233 A paisagem de Arrifana de Sousa descrita pelo
Arruamento de 1762
95 O mobiliário do Palácio Marialva (Lisboa): discursos Maria Helena Parrão Bernardo
socioeconómicos
Andreia Torres 245 Uma taça de porcelana branca e uma asa de grés na
“Arca de Mijavellas”: História e estórias reveladas pela
111 Um celeiro da Mitra no Teatro Romano de Lisboa: construção da Estação do Campo 24 de Agosto do
inércias e mutações de um espaço do século XVI à Metro do Porto
actualidade Iva Teles Botelho
Lídia Fernandes e Rita Fragoso de Almeida
255 O aqueduto da Mãe d’Água: Vila Franca do Campo
123 Rua do Benformoso 168/186 (Lisboa – Mouraria / N’zinga Oliveira e Joana Rodrigues
Intendente): entre a nova e a velha cidade, aspectos
da sua evolução urbanística 261 La ocupación moderna del Teatro Romano de
António Marques, Eva Leitão e Paulo Botelho Cádiz (España): nuevos datos a luz de las recientes
intervenciones arqueológicas
135 Espólio vítreo de um poço do Hospital Real de J. M. Gutiérrez, M. Bustamante, V. Sánchez, D. Bernal e
Todos-os-Santos (Lisboa, Portugal) A. Arévalo
Carlos Boavida
273 El acueducto de la Matriz de Gijón: investigación
141 Quarteirão dos Lagares: contributo para a história documental y arqueológica
económica da Mouraria Cristina Heredia Alonso
Tiago Nunes e Iola Filipe
277 Processo de contato e primórdios da colonização na
151 Vestígios modernos de uma intervenção de baixa bacia do Amazonas: séculos XVI-XVIII
emergência na Rua Rafael Andrade (Lisboa) Rui Gomes Coelho e Fernando Marques
Sara Brito e Regis Barbosa
285 Crise e rebelião colonial: uma perspectiva urbana
157 Alterações urbanísticas na Santarém pós-medieval: a (Minas Gerais / Brasil – século XVIII)
diacronia do abandono de uma rua no planalto de Marvila Carlos Magno Guimarães, Mariana Gonçalves Moreira,
Helena Santos, Marco Liberato e Ricardo Próspero Gabriela Pereira Veloso, Anna Luiza Ladeia e Thaís
Monteiro de Castro Costa
5
Velhos e Novos Mundos

293 Arqueologia e arquitecturas daqui e d’além-mar 431 Do papel da Arqueologia para o conhecimento da
Maria de Magalhães Ramalho expansão portuguesa: notas a partir de algumas
estruturas fortiicadas no Oriente
João Lizardo
303 ESPAÇO RURAL: PAISAGENS E MEIOS DE
PRODUÇÃO 445 O papel do Forte do Guincho na estratégia de defesa
da costa de Cascais
305 A paisagem como fonte histórica Soraya Rocha e Guilherme Sarmento
David Ferreira, Paulo Dordio e Alexandra Cerveira Lima

315 Cabeço do Outeiro (Lousada, Portugal): um núcleo 449 EDIFÍCIOS RELIGIOSOS E PRÁTICAS FUNERÁRIAS
rural da Idade Moderna
Manuel Nunes, Joana Leite e Paulo Lemos 451 Sé da Cidade Velha, República de Cabo Verde:
resultados da 1.ª fase de campanhas arqueológicas
323 O ciclo do linho no concelho de Penaiel Clementino Amaro
Ana Dolores Leal Anileiro
465 Divindade, governante ou guerreiro? O personagem
333 As pontes de Pretarouca (Lamego): registo Kukulcán nas crônicas do século XVI e o registro
arqueográico no âmbito de processos de avaliação arqueológico de Chichén Itzá, México
de impactes ambientais Alexandre Guida Navarro
Carla Alves Fernandes e Cristóvão Pimentel Fonseca
469 Andrés de Madariaga’s mausoleum-church: former
339 Engenho de açúcar da alcaidaria de Silves Jesuit College in Bergara (Gipuzkoa, Basque Country,
Rosa Varela Gomes Spain)
Jesús-Manuel Pérez Centeno e Xabier Alberdi Lonbide
351 Imagens, memórias, ruínas nos tempos do lugar: a
biograia de uma paisagem urbana 475 Os Passos da Paixão de Cristo (Setúbal)
Silvio Luiz Cordeiro João Ferreira Santos, Daniela dos Santos Silva e José
Luís Neto
357 Da aldeia guarani à cidade colonial: o processo de
urbanização e as missões jesuíticas platinas nas 483 O lugar da Torre dos Sinos (Convento Velho de
frentes de colonização ibérica S. Domingos), Coimbra: notas para o estudo da
Arno Alvarez Kern formação dos terrenos de aluvião, em época moderna
Sara Almeida, Ricardo Costeira da Silva, Vítor Dias e João
365 O café, a escravidão e a degradação ambiental: Minas Perpétuo
Gerais /Rio de Janeiro – Brasil – século XIX e XX
Carlos Magno Guimarães, Mariana Gonçalves Moreira, 489 Cerca de Santo Agostinho, Coimbra: estudo preliminar
Gabriela Pereira Veloso, Elisângela de Morais Silva e das fases evolutivas e linhas para a sua recuperação
Camila Fernandes Morais Sara Almeida, Susana Temudo, Joana Mendes, Soia
Ramos e António Cunha

373 FORTIFICAÇÕES, ESPAÇOS DE 497 Convento de São Francisco da Ponte: novas


GUERRA E ARMAMENTO perspectivas arquitectónicas
Mónica Ginja e António Ginja
375 Excavaciones arqueológicas en la muralla real de
Ceuta: persistencias y rupturas (1415-1668) 505 O último convento da Ordem de Santiago em Palmela:
Fernando Villada Paredes dados arqueológicos da intervenção no pátio fronteiro
à igreja
385 La coracha de Tanger Isabel Cristina Ferreira Fernandes
Abdelatif El-Boudjay
517 Convento quinhentista do Bom Jesus de Peniche:
393 Villalonso: un castillo medieval en la transición hacia primeira intervenção arqueológica
la modernidad Claudia Cunha, Carlos Vilela, Sónia Simões, Tiago Tomé,
Angel L. Palomino, Manuel Moratinos, José M. João Moreira, Mónica Ginja e Gerardo Gonçalves
Gonzalo, José E. Santamaría e Inés M. Centeno
527 Cerâmica dos séculos XV a XVIII do Convento de
407 Pólvora y cal: evidencias arqueológicas de las Santana de Leiria: História e vivências em torno da
fortiicaciones costeras de época moderna en Luarca cultura material
(Asturias-España) Ana Rita Trindade
Valentín Álvarez Martínez, Patricia Suárez Manjón e
Jesús Ignacio Jiménez Chaparro 539 Mosteiro de São Francisco de Lisboa: fragmentos e
documentos na reconstrução de quotidianos
419 Museu de Macau e o território da Companhia Joana Torres
de Jesus: resultados e integração dos vestígios
arqueológicos 551 Os painéis de azulejo do adro da Igreja de São Simão
Clementino Amaro e Armando Sabrosa (Azeitão)
Mariana Almeida e Edgar Fernandes

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Estudos de Arqueologia Moderna

561 Para as mulheres pobres, mas honradas: os 683 Projecto de carta arqueológica subaquática do
recolhimentos em Setúbal concelho de Lagos
José Luís Neto e Nathalie Antunes Ferreira Tiago Miguel Fraga

569 Contributo para o conhecimento da população 689 Conservação das estruturas em madeira de um navio
na época moderna na Madeira: abordagem do século XV escavado na Ria de Aveiro: resultados
antropológica aos casos de Santa Cruz preliminares
Rafael Fabricio Nunes João Coelho, Pedro Gonçalves e Francisco Alves

579 O registo arqueológico de uma superstição: o signo-


-Salomão no Alentejo – séculos XV-XVIII 697 CERÂMICAS: PRODUÇÃO,
Andrea Martins, Gonçalo Lopes, Helena Santos, COMÉRCIO E CONSUMO
Manuela Pereira, Marco Liberato e Pedro Carpetudo
699 A olaria renascentista de Santo António da Charneca,
Barreiro: a louça doméstica
VOLUME 2 Luís Barros, Luísa Batalha, Guilherme Cardoso e
António Gonzalez
593 PAISAGENS MARÍTIMAS, NAVIOS
E VIDA A BORDO 711 As formas de pão-de-açúcar da Mata da Machada,
Barreiro
595 O navio como Fait Social Total: para uma Filipa Galito da Silva
epistemologia da arqueologia em contexto náutico
Jean Yves Blot 719 A cerâmica moderna do Castelo de S. Jorge:
produção local de cerâmica comum, pintada a
601 Projecto N-utopia: tratados, nomenclaturas náuticas branco, moldada e vidrada e de faiança
e construções navais europeias Alexandra Gaspar e Ana Gomes
Tiago Miguel Fraga, Brígida Baptista, António Teixeira e
Adolfo Silveira Martins 733 De Aveiro para as margens do Atlântico: a carga do
navio Ria de Aveiro A e a circulação de cêramica na
605 Paisagens culturais marítimas: uma primeira Época Moderna
aproximação ao litoral de Cascais Patrícia Carvalho e José Bettencourt
Jorge Freire e António Fialho
747 Portuguese coarseware in Newfoundland, Canada
613 Do Terreiro do Paço à Praça do Comércio (Lisboa): Sarah Newstead
identiicação de vestígios arqueológicos de natureza
portuária num subsolo urbano 757 Muito mais do que lixo: a cerâmica do sítio
César Augusto Neves, Andrea Martins, Gonçalo Lopes e arqueológico subaquático Ria de Aveiro B-C
Maria Luísa Blot Inês Pinto Coelho

627 Ribeira das Naus hoje: a perene relação de Lisboa 771 A cerâmica do açúcar de Aveiro: recentes achados na
com o Tejo. Dos estaleiros navais do Renascimento ao área do antigo bairro das olarias
antigo Arsenal da Marinha. Subsídios da arqueologia Paulo Jorge Morgado, Ricardo Costeira da Silva e
Rui Nascimento Sónia Jesus Filipe

633 Angra, uma cidade portuária no Atlântico do século 783 Portugal and Terra Nova: ceramic perspectives on the
XVII: uma abordagem geomorfológica early-modern Atlantic
Ana Catarina Garcia Peter E. Pope

645 Caractérisations et typologie du Cimetière des 789 Considerações acerca da cerâmica pedrada e
Ancres: vers une interprétation des conditions de respetivo comércio
mouillage et de la fréquentation de la Baie d’Angra do Olinda Sardinha
Heroísmo, du XVI au XIX siècle. Île de Terceira, Açores
Christelle Chouzenoux 797 A importação de cerâmica europeia para os
arquipélagos da Madeira e dos Açores no século XVI
655 La Rucha: deconstruyendo el origen de la piratería de Élvio Sousa
costa en el Cabo Peñas (Gozón-Asturias-España)
Nicolás Alonso Rodríguez, Valentín Álvarez Martínez e 813 Pottery in Cidade Velha (Cabo Verde)
José Antonio Longo Marina Marie Loiuse Sorensen, Chris Evens e Tânia Casimiro

665 Santo António de Tanná: uma fragata do período 821 A cerâmica no quotidiano colonial português: o caso
moderno de Salvador da Bahia
Tiago Miguel Fraga Carlos Etchevarne e João Pedro Gomes

671 Cada botão sua casaca: indumentária recuperada nas 829 Modern Age Portuguese pottery ind in the Bay
escavações arqueológicas da fragata Santo António of Cadiz, Spain
de Taná, naufragada em Mombaça em 1697 José-Antonio Ruiz Gil
André Teixeira e Luís Serrão Gil

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Velhos e Novos Mundos

837 La mayólica del convento de Santo Domingo (siglos 951 Vestígios de um centro produtor de faiança dos
XVI-XVII), Lima (Perú): la evidencia arqueométrica séculos XVII e XVIII: dados de uma intervenção
Javier G. Iñañez, Juan Guillermo Martín, Antonio Coello arqueológica na Rua de Buenos Aires, n.º 10, Lisboa
Luísa Batalha, Andreia Campôa, Guilherme Cardoso,
847 Majólicas italianas do Terreiro do Trigo (Lisboa) Nuno Neto, Paulo Rebelo e Raquel Santos
Cristina Gonzalez
963 Elementos para a caracterização da faiança
855 Produções sevilhanas – azul sobre branco e azul sobre portuguesa do século XVII: a tipologia de Pendery
azul: no contexto das relações económicas e comerciais aplicada à realidade da Casa do Infante (Porto)
entre o litoral algarvio e a Andaluzia (século XVI-XVII) Anabela P. de Sá
Paulo Botelho
975 As produções de louça preta em Trás-os-Montes:
865 As cerâmicas da Idade Moderna da Fortaleza caracterização etnográica e química, seu interesse
de Nossa Senhora da Luz, Cascais para o estudo das cerâmicas arqueológicas
J. A. Severino Rodrigues, Catarina Bolila, Vanessa Isabel Maria Fernandes e Fernando Castro
Filipe, José Pedro Henriques, Inês Alves Ribeiro e Sara
Teixeira Simões 983 Fábrica de Cerâmica de Santo António de Vale da
Piedade (Vila Nova de Gaia): estruturas construídas e
877 Primeira abordagem a um depósito moderno no espaços de laboração no século XVIII
antigo Paço Episcopal de Coimbra (Museu Nacional Laura Cristina Peixoto de Sousa
de Machado de Castro): a cerâmica desde meados do
século XV à consolidação da Renascença
Ricardo Costeira da Silva 995 GESTÃO E VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO

891 Aldeia da Torre dos Frades (Torre de Almofala) 997 Mosteiro de Santa Clara-a-Velha: da luz dos
através da cerâmica em época moderna archotes aos momentos da contemporaneidade.
Elisa Albuquerque Projeto e fruição
Artur Côrte-Real
897 Um gosto decorativo: louça preta e vermelha
polvilhada de branco (mica) 1005 Preservação arqueológica nas missões jesuítico-
Isabel Maria Fernandes -guaranis
Tobias Vilhena de Moraes
909 Os potes “martabã”: um conceito em discussão
Sara Teixeira Simões 1011 Monumentos restaurados e historias em ruínas:
o programa Monumenta e a problemática
919 Do Oriente para Ocidente: contributo para o da intervenção arqueológica na restauração
conhecimento da porcelana chinesa nos quotidianos arquitetônica no Brasil
de época moderna. Estudo de três contextos Ton Ferreira
arqueológicos de Lisboa
José Pedro Vintém Henriques 1019 Património cultural subaquático:
uma questão de visibilidade
933 Porcelana chinesa em Salvador da Bahia Margarida Génio
(séculos XVI a XVIII)
Carlos Etchevarne e João Pedro Gomes 1023 ABSTRACTS

937 Faiança portuguesa: centros produtores, matérias,


técnicas de fabrico e critérios de distinção
Luís Sebastian

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CIDADES:
URBANISMO,
ARQUITECTURA
E QUOTIDIANOS
Estudos de Arqueologia Moderna

O MOBILIÁRIO DO
PALÁCIO MARIALVA (LISBOA)
DISCURSOS SOCIOECONÓMICOS

ANDREIA TORRES CHAM – FCSH - UNL | UAç

RESUMO O trabalho apresentado pretende ser uma relexão sobre os elementos de mobiliário exumados na escavação do
Palácio dos Marqueses de Marialva, levada a cabo pelo Serviço de Arqueologia do Museu da Cidade. As circunstâncias de
ocupação deste espaço, primeiro pela família Marialva e a sua posterior transformação em casebres, permitem ter um espectro
da evolução do móvel usado na capital. Neste sentido, pareceu-nos relevante relacionar a sua presença com os aspectos
económicos e sociais que caracterizaram e Época Moderna, bem como os diálogos culturais motivados pela globalização e
que se expressam neste âmbito da cultura material.

PALAVRAS-CHAVE Lisboa, mobiliário, Marqueses de Marialva, Casebres do Loreto, comércio e


sincretismo

Este estudo insere-se no marco de uma investigação A consecutiva ocupação do espaço permite-nos ter
mais alargada sobre o mobiliário proveniente da es- um espectro do interior de uma casa nobre Lisboeta,
cavação da Praça Luís de Camões, em Lisboa. Dada a desde o seu período de ocupação pelos marqueses de
impossibilidade de apresentar aqui a totalidade dos re- Marialva até à sua transformação em casebres, onde
sultados, seleccionamos apenas as peças que, pela sua o nível económico predominante terá ocasionado mu-
cronologia, se enquadravam no âmbito deste evento e danças signiicativas no carácter do móvel em uso.
que nos pareciam mais relevantes. As condições de deposição dos materiais, marcadas
pelo terramoto e a subsequente criação de platafor-
1. CONTEXTO HISTÓRICO-ARQUEOLÓGICO mas de terra batida conformadas pelos escombros,
conservaram e isolaram um grande número de arte-
A história do mobiliário encontrado durante as escavações factos cujos contextos se encontram perfeitamente
da Praça Luís de Camões terá necessariamente de ser con- deinidos estratigráica e cronologicamente. Nos ca-
siderada no contexto da família Marialva, proprietária do sos em que tal não se veriica, e ao contrário do que
palácio que aí se instalou desde o século XV e que, após costuma suceder com a cerâmica, a interpretação dos
o terramoto de 1755 icou gravemente prejudicado. Este caracteres estilísticos das ferragens não é suiciente
momento é caracterizado por um período de indeinição, para determinar a cronologia de uso, uma vez que o
com algumas tentativas dos marqueses em realizar obras e móvel é um objecto de valor considerável e portanto
torna-lo novamente habitável. No entanto, estes esforços com tendência a conservar-se durante mais tempo. No
acabariam por se materializar na subdivisão dos espaços e que respeita aos metais decorativos poder-se-á verii-
transformação dos mesmos em residências ou estabeleci- car ainda a sua reutilização em suportes de execução
mentos comerciais arrendados pelos proprietários. A partir recente, sobretudo em âmbitos socioeconómicos me-
de então esta zona passa a ser designada de Casebres do nos privilegiados. A presença de uma ferragem com
Loreto, topónimo vulgarmente utilizado até ao século XIX, uma estética mais antiga que o resto do contexto es-
quando se procedeu à demolição dos mesmos para a cons- tratigráico não é sintomático de que se produzisse
trução da actual praça. nesse período mas sim de que, pela sua qualidade ou
do móvel, ela continuava a ser um objecto de ostenta-
2. ESTUDO DA COLECÇÃO ção. Tal facto é revelador da sua importância e, longe
de ser visto como velho, ele certamente seria um sím-
A colecção em estudo destaca-se pela enorme quan- bolo de prestígio. Por esse motivo não foi substituído
tidade e diversidade de componentes de mobiliário, por outro mais moderno, pelo menos em contextos de
constituindo uma oportunidade única para a análise ocupação do palácio como tal, já que a família Marial-
da evolução do uso deste aspecto da cultura material. va disporia de recursos económicos suicientes e uma

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Velhos e Novos Mundos

condição social que se espelharia nos seus bens. uma cifra considerável de importações, de origem
Antes de nos centrarmos no mobiliário do palácio, impor- muito diversa e que não se circunscreveu ao âmbito
taria contextualizar o seu uso no âmbito da economia por- europeu. Se por um lado estas encomendas respon-
tuguesa durante o período em análise, pontualizando a es- diam ao gosto do comprador e adequadas às suas
peciicidade do caso capitalino, que seria muito distinto do necessidades, elas acabaram por inluir na estética do
meio rural, bem como do espectro social que caracterizou móvel nacional, ocasionando um processo de assimi-
o edifício nas suas duas distintas fases de ocupação. lação e transformação que resultou numa proliferação
O alargamento dos mercados a partir do século XV e a de modelos e formas sincréticas. O móvel surge-nos
consequente intensiicação do comércio a nível europeu como um claro exemplo deste sincretismo que pos-
e intercontinental permitiu o acesso a uma enorme di- sibilitou o aparecimento de exemplares executados
versidade de matérias-primas e em quantidades nunca num dado sítio, mas cujas matérias-primas provinham
antes vistas. Estas circunstâncias possibilitaram a forma- de diferentes pontos do globo, como podem ser as
ção de um mercado de consumo com poder aquisitivo, madeiras ou inclusive as guarnições5.
e estimularam o desenvolvimento das artes sumptuárias Não poderemos esquecer que os processos culturais/so-
como o mobiliário. De um modo geral, a produção na- ciais que caracterizaram a época moderna e que foram
cional encontrava-se dispersa por todo o território mas a motivados precisamente por estes movimentos realiza-
sua difusão foi algo limitada e circunscreveu-se essencial- dos à escala global, acarretaram mudanças signiicativas
mente à escala regional, dadas as deicientes redes de co- nas formas de estar. Este intercâmbio multilateral de
municação terrestre. No entanto, destacaram-se alguns inluências de todo o tipo relecte-se no móvel, ou seja,
centros no Norte de Portugal, nomeadamente no Porto na maior ou menor difusão do seu uso, na forma como
e em Braga que constituíram os principais abastecedores é aplicado ou colocado no âmbito doméstico, e do seu
do país (Proença, 2002, p. 28). Contrariando esta tendên- carácter. Com este último aspecto referirmo-nos ao facto
cia foi-nos possível identiicar mobiliário português além- de passar de ser um objecto de cunho essencialmente
-fronteiras, nomeadamente em Espanha1, no México e funcional para desempenhar um papel decorativo. A
no Peru2, onde parece ter gozado de alguma divulgação sua utilidade adapta-se à nova realidade, respondendo a
entre as classes privilegiadas. renovadas necessidades de uso e aplicabilidade, factores
Além das pequenas oicinas de metalurgia onde se rea- que vão moldar claramente os seus aspectos formais.
lizavam ferragens de carácter funcional/decorativo, a 1 A colecção em estudo espelha precisamente estes pres-
de Agosto de 1767 (Sequeira, 1934, p. 218 e 219) é criada supostos, pelo menos no que concerne ao âmbito esté-
em Lisboa a Real Fábrica de Metais. Esta teria permi- tico, já que não nos foi possível fazer análises químicas
tido a liberalização do consumo destes componentes3 à composição das ligas e dispusemos apenas de um mi-
mas, apesar dos grandes incentivos à manufactura na- croscópio binocular.
cional – como as limitações impostas às importações
estrangeiras e as vantagens iscais relacionadas com 2.1 Puxadores
a isenção de taxas na introdução de matérias-primas,
ela nunca foi rentável e os fracos resultados económi- Os puxadores constituem o grupo mais representativo do
cos terão conduzido ao seu encerramento4. conjunto de ferragens, quer pela sua quantidade como
A par das criações nacionais, o mercado proporcionou qualidade. A maior parte dos exemplares encontrados
pertencem à primeira fase de ocupação do edifício e
1. No inventário do conde de Miralores consta “un escritorio de evidenciam a riqueza e diversidade dos móveis a que
Portugal embutido con labores menudas y primorosas” (AHPS, 696 terão pertencido originalmente. Durante o século XVII
Manuel Martínez Briceño, 1724, ofício 1: livro 1, f. 692).
2.. Uma cómoda de ébano embutida em nogueira, taxada por 70 pe- e XVIII assistiu-se ao incremento do gosto pelo metal
sos, entre os bens de um apoderado do grémio de pulpero (seme- dourado sobre madeiras escuras e isso repercute-se
lhante a mercearia), de nome Don Ildefonso Ponce de Leon y Armas
(AGL, Protocolos Notariales, 586 Lumbreras, 1793, f.128v). Agrade- também nesta amostra, constituída essencialmente por
cemos esta referência ao historiador Alberto Baena.
3 Os registos contabilísticos dão-nos conta de uma variedade de
ferragens em ligas de cobre, algumas das quais poste-
tipologias que aqui foram produzidas como “guarniçoens de có- riormente douradas.
moda”, “guarniçoens lizas”, “escudetes de chave”, “guarniçoens de
cómoda à francesa”, “guarniçoens grandes” e “girandelas”. (A.N.T.T., As características estilísticas evidenciam inluências diver-
Real Fábrica das Sedas e Fábricas Anexas, Lº 438). Além das fontes sas, destacando-se os complementos metálicos de móveis
primárias Matos Sequeira refere também “guarnições de cómoda e
papeleiras (douradas, à francesa, com iguras, e à inglesa), escude- de origem oriental e que aqui se fazem representar por
tes, fechos de armário, carrancas, asas de papeleira, asas com argo-
las e corpos de fechadura” (Sequeira, 1934, p. 221).
4. Os grandes investimentos com a construção do edifício e fornos 5. A importação de elementos metálicos para móveis, sobretudo
de altas temperaturas exigiam uma produção a grande escala para de Inglaterra, encontra-se bem documentada. Mesmo depois da
poder amortizar esse investimento inicial. Tal facto não se coadu- criação da Real Fábrica de Metais, esta situação manter-se-ia a
na com os elevados preços que atingiram essas produções quando par da proibição da importação de bens em que o país fosse auto-
comparadas com as suas congéneres estrangeiras. -suiciente.

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Estudos de Arqueologia Moderna

QUADRO 1- Puxadores

Peça n.º 135 Peça n.º 139


Dim.: largura máx. do arco-0,8cm, largura mín. do arco-0,6cm, esp. Dim.: esp. média-0,05cm, largura máx.-5,1cm, comp. máx.-7,7cm � dos
do arco-0,5cm, � do arco-8,2cm, comp. do encaixe-0,65cm,� do orifícios para pregaria-0,7cm
encaixe-0,3/0,4cm Cron.: Finais do século XVIII/inícios do século XIX.
Cron.: Século XVI/XVII. Prov.: Sector SE, zona de terra preta com carvões.
Prov.: Sector Sul, Compartimento L, Camada 9 (Fase II). Obs.: Integra um conjunto de seis escudetes encontrados sobrepostos.

Peça n.º 151 Peça n.º 157


Dim.: � exterior-3,3cm esp.-0,35cm, largura-0,8cm Dim.: largura máx. do arco-0,5cm, largura mín. do arco-0,35cm, � do arco-
Cron.: Meados do século XVIII (?). 8,2cm, comp. do encaixe-0,7cm, � do encaixe-0,35cm
Prov.: Sector NW, Compartimento A, Sond. 13, Camada 2. Esta camada Cron.: Século XVII-inícios século XVIII.
corresponde ao período intermédio do palácio, entre o terramoto e os Prov.: Sector Centro Este, Compartimento 3,
casebres. Camada Supericial (Fase II). Corresponde a um nível de ocupação do
palácio pelos marqueses.
Obs.: Deformado devido às condições do seu uso.

Peça n.º 155 Peça n.º 156


Dim.: esp. média-0,1cm, largura máx.-6cm, comp. máx.-4,9cm, � dos orifícios de Dim.: esp. média-0,1cm largura média-4,9cm comp. médio-8,6cm � dos orifícios
encaixe do puxador-0,45cm, � dos orifícios para pregaria-0,1cm de encaixe do puxador-0,5cm � dos orifícios para pregaria-0,1-0,3cm
Cron.: 1702-1714/1720. Cron.: 1702-1714/20.
Prov.: Sector Centro-Sul, Camada 12 (Fase II). Prov.: Sector Centro Este, Compartimento 1B, Camada 4 (Fase II).
Obs.: A elaboração das duas iadas de círculos foi anterior à das linhas
incisas visto que estas se sobrepõem aos mesmos.

Obs.: Em termos iconográicos estas peças encontram semelhanças com os motivos representados numa faiança do Museu Nacional de Arte Antiga atribuída
ao século XVIII (SANTOS s.d: 63, ig. 85).

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Velhos e Novos Mundos

Peça n.º 158


Dim.: esp. média-0,25cm, largura média-5,3cm, comp. médio-8,6cm, � dos orifícios de
encaixe do puxador-0,5cm
Cron.: 1750-1755
Prov.: Sector Centro Este, Compartimento 3, Camada 5 (Fase II).

Peça n.º 162


Dim.: largura máx. do arco-0,5cm, largura mín. do arco-0,35cm,
Peça n.º 163 � do arco-8,2cm, comp. do encaixe-0,7cm, � do encaixe-0,35cm
Dim.: esp. média-0,1cm � máx.-2,9cm, largura das arestas do orifício quadrado-0,7cm Cron.: Século XVI/XVIII.
Cron.: Século XVII/ primeira metade do século XVIII. Prov.: Sondagem 9, Camada Supericial (dentro da
Prov.: Sondagem 9, Camada 34. Nível correspondente ao terramoto. abobadilha).

dois originais. O puxador n.º 135 foi elaborado a molde, XVIII (Coelho, 2010), pelo que considerámos mais provável
possivelmente de areia e posteriormente polido com apontar para uma produção asiática.
lima6, com uma decoração retocada a cinzel. Trata-se A proliferação e incremento do gosto por tudo o que
de uma peça relativamente simples e de acabamentos vinha do Oriente originaram um processo de assimi-
pouco cuidados, que foi usada num contador dito mo- lação de componentes de inspiração oriental por toda
gol, datado do século XVI (Carita, s.d, ig. 71). Europa ou inclusive na América, e os móveis foram um
O exemplar n.º 157 foi manufacturado seguindo aspecto importante na recriação dessa cenograia.
as mesmas técnicas que o anterior mas apresenta Mais do que uma reprodução tratava-se de uma se-
vestígios, nas zonas menos expostas, de uma espé- lecção relativamente consciente do que se considerava
cie de pintura ou verniz. Este terá sido aplicado num ser a estética vigente de uma cultura que se desenhava
momento posterior à elaboração do puxador, muito ante o olhar ocidental como exótica e, portanto, espe-
provavelmente depois da sua colocação no móvel, uma cialmente atractiva. A forte procura destes objectos
vez que o recobrimento não se preserva nas zonas de terá promovido a criação, a nível local, de mobiliário
encaixe. Neste sentido, é possível que estejamos ante com um estilo muito particular, onde se sintetizam
uma tentativa de remodelação do objecto, adaptando- elementos ocidentais com outros de origem asiática.
-o aos padrões estéticos vigentes nesse momento. Estas obras, vulgarmente designadas de chinoiseries,
O uso deste modelo de puxador foi muito diversiicado, obedecem a uma gramática onde cada detalhe ganha
com paralelos em suportes tão distintos como baús ditos um novo signiicado, formando uma linguagem que
de estilo “luso-oriental” do século XVII e escritórios “indo- nasce justamente pelo contacto intra-cultural que re-
-portugueses” (Pinto, 1992, inv. 469), ou em congéneres sulta da circulação de produtos de diferentes culturas.
brasileiros da primeira metade do século XVIII (Macedo, É neste contexto que devemos enquadrar o espelho
1966). No entanto, o detalhe dos encaixes virados para de puxador catalogado com o n.º 158. Este é o único
o exterior foi detectado unicamente na tampa de cofres exemplar elaborado em liga de ferro e foi executado
“indo-portugueses” e numa papeleira chinesa do século a molde de areia, apresentando bastantes irregulari-
dades / rugosidades no reverso mas que, uma vez apli-
cado, não seriam visíveis. A decoração é algo imper-
6. Mais acentuado na zona dos “gitos”.
98
Estudos de Arqueologia Moderna

feita e o vazamento central elimina parte dos motivos aprofundado11. Atendendo a estas circunstâncias é
desenhados primeiramente, embora houvesse algum difícil asseverar a origem destas guarnições mas pa-
cuidado com os acabamentos e em lhe conferir o tom rece-nos que não deveremos excluir a hipótese de que
dourado distintivo das ferragens desta época7. a peça em estudo seja de proveniência inglesa, dado o
No que concerne à estética deste puxador, aspecto volume constante de importação deste tipo de objectos
que nos merece especial atenção, ele destaca-se por nos registos do porto de Lisboa. Outra possibilidade é a
uma profusa decoração em relevo e uma simetria pou- de que a escrivaninha referida possa eventualmente ser
co rigorosa, muito características das peças de meados portuguesa, já que este modelo foi usado em móveis
do século XVIII. A variedade iconográica deste período de factura nacional e a nossa investigação no Archi-
é assinalada pela presença de motivos itomóricos vo General de la Nación (México) permitiu identiicar
estilizados como os enrolamentos ou “ss”, concheados, mobiliário português entre os inventários da família
uma grinalda e lores com ramagem. Por outro lado, do Marquesado del Valle12, evidenciando um comércio
aliados a esta temática e em perfeita conjugação, en- destes bens pelo menos entre as elites.
contramos ícones8 orientais com referentes arquitec- Outro grupo considerável é o de puxadores que obede-
tónicos como um pagode de modelo curvo e dois frets cem aos cânones estilísticos ingleses, com especial des-
com interior vazado. taque para o estilo “Queen Anne”. Os n.os 155 e 156 estão
Esta peça foi exumada em contextos do terramoto e, elaborados em chapa metálica recortada, posterior-
a julgar pelos aspectos formais, terá pertencido a um mente polida, e decorados com recurso a escopo e cinzel.
exemplar recentemente adquirido pela família Marialva As semelhanças entre ambos sugerem a possibilidade de
à data da sua destruição. terem pertencido a um mesmo suporte ou a dois exem-
Ainda que desconheçamos o suporte no qual estaria plares a jogo, e eventualmente executados numa mesma
aplicado, os paralelos encontrados para este puxador oicina. A análise mais atenta dos motivos representados
relectem a difusão do modelo em vários tipos de mó- permite-nos veriicar que alguns dos cinzéis empregues
vel e mais além das fronteiras europeias. Em Portugal na decoração das duas peças terão sido os mesmos e,
identiicamos uma miniatura pertencente ao Museu no segundo caso, a sua impressão fornece-nos alguns
da Fundação Ricardo Espírito Santo9 cujo espelho se dados sobre os processos de produção. Além da eviden-
diferencia apenas pela ausência do motivo geomé- te reutilização dos cinzéis para a composição dos dife-
trico (fret), disposto ao longo da parte inferior do pa- rentes ornamentos, mediante o apoio total ou parcial
gode. Igualmente semelhante é a decoração das fer- dos mesmos sobre o metal, a punção das duas iadas de
ragens de uma secretária do Museu de Lamego e que círculos que decoram o losango evidencia o sentido com
ostentam “volutas de folhagem, concheados, lores e que foi executada e denota várias paragens. Os círculos
reticulado”, mas com uma composição distinta (Bas- vão sendo impressos com um registo cada vez menos
tos, 1999, p. 103). O único puxador igual, detectado marcado e, a determinado momento, tornam-se nova-
em território nacional, está aplicado numa cómoda mente mais vigorosos. Tal facto pode ser indicador de
marchetada do século XVIII (Sandão, 1999, ig. 61). que o artíice tenha feito uma pausa antes de retomar
Embora em todos os casos mencionados com ante- novamente o trabalho ou sido substituído por outro co-
rioridade se tratarem de móveis portugueses – ainda lega, menos cansado ou mesmo mais forte.
que as suas ferragens possam ser fruto do comér- Estes dois exemplares encontram paralelos em pro-
cio exterior – o âmbito do uso deste modelo foi mui- duções inglesas datadas entre 1690 e 1730 (Nutting,
to mais vasto, chegando inclusive ao vice-reino da 1954, ig. 340, 344, 2565, 2806 e 3603) e identiicou-
Nova Espanha. Propriedade do Museo José Luis Bello -se uma ferragem muito semelhante ao n.º 156, apli-
de Puebla (México)10 e adquirido por Mariano Bello y cada numa cómoda portuguesa de castanho e pintura
Acedo nos inícios do século passado, encontramos acharoada, datada do século XVIII (Proença, 2002, ig.
uma escribania com ferragens exactamente iguais. A 11). Neste caso, o contexto estratigráico permite-nos
mesma está datada de inais do século XVIII/XIX e con- reduzir o âmbito cronológico, uma vez que o mesmo
siderada como uma possível importação inglesa, ainda foi perfeitamente datado através de numismas, suge-
que não tenha sido todavia alvo de um estudo mais rindo uma cronologia entre 1702-1714/20.
Também de inluência inglesa, e com grande difusão

7. Para o efeito recorreu-se ao processo de galvanoplastia que con-


siste na total imersão da peça numa solução dourada. 11. Esta informação foi-nos proporcionada por Ana Martha Hernán-
8. Entenda-se “ícone” em toda a sua signiicação no âmbito dos es- dez Castillo, subdirectora de Museus do Consejo Estatal para la Cul-
tudos iconológicos desenvolvidos por Panofsky. tura y las Artes.
9. Na vitrina da sala das esteiras, junto à colecção de livros franceses. 12. “tocador de portugal espejo cerrado llave – 12.9 pesos” (AGN, Ar-
10. Este armário está em exibição na “Casa del Alfeñique”, na mesma cidade. chivo Historico de Hacienda, vol. 992, Exp. 1. 16 de Agosto de 1726).

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Velhos e Novos Mundos

entre as produções nacionais, são os puxadores de estilo feito por meio de um io de cobre que atravessa o orifício
lágrima, dos quais possuímos igualmente dois exem- da pega, dobrando-se em dois, e cujas extremidades se
plares. O n.º 162 é o mais completo, preservando o espe- encontram unidas de modo a atravessar também o espe-
lho de recorte loral e a pega em lágrima, bem como o lho. Este arame seria cravado na madeira e ulteriormente
elemento de articulação entre os mesmos. A pega e o es- reviradas as extremidades para ixar o puxador na ma-
cudete parecem ter sido produzidos a molde ou chapa re- deira, forma que aliás apresenta actualmente.
cortada e posteriormente polidos, com excepção da face As condições actuais do objecto em questão sugerem
posterior do espelho. A ligação entre estas duas peças é que a sua conservação em detrimento do suporte não

QUADRO 2- Fechaduras

Peça n.º 164 Peça n.º 169 Peça n.º 171


Dim.: esp. média-0,05cm, largura máx.-5,1cm, Dim.: esp. média-0,1cm, largura máx.-4cm, comp. Dim.: esp. média-0,1cm, largura máx.-2,5cm, comp.
comp. máx.-7,7cm, � dos orifícios para pregaria- máx.-7,1cm, � dos orifícios para pregaria-03cm máx.-2,9cm, � dos orifícios para pregaria- 0,3cm
0,2cm e 0,3cm Cron.: Século XVII. Cron.: Século XVII (?).
Cron.: Finais do século XVIII/ inícios do século XIX. Prov.: Sector Centro Este, Compartimento 1A, Prov.: Sector SW, Camada 2 - a Sul do muro 8.
Prov.: Sector SE, zona de terra preta com Camada 20A - segue estratigraia do sector SE.
carvões.

Peça n.º 170 Peça n.º 173


Dim.: esp. média-0,1cm, largura máx.-5,3cm, comp. máx.-7,5cm, � dos orifícios Dim.: esp. média-0,2cm, largura máx.-4,3cm, comp. máx.-9,3cm, � dos orifícios
para pregaria-0,2cm para pregaria-0,4cm
Cron.: Século XVII. Cron.: Século XVII/XVIII.
Prov.: Sector SW, Compartimento J, Camada 3. Prov.: Sondagem 9, Camada Supericial.
Obs.: Ligeiramente deformada. Obs.: Deformada e fracturada.

100
Estudos de Arqueologia Moderna

terá sido um acto intencional, uma vez que neste caso de preparação13. O emprego desta técnica indica-nos
as pontas reviradas ter-se-iam partido. Poderemos que se trata de uma peça mais antiga e que conheceu
portanto estar perante uma peça que sofreu os efeitos maior difusão durante o século XVII. Os acabamentos
destrutivos do terramoto. da face anterior foram executados com perfeição, os-
Além do mobiliário inglês, este modelo foi usado num tentando recortes e vazamentos bem deinidos e su-
móvel francês de 1570/80 (Boccador, 1988, ig. 132), nas perfície muito polida.
gavetas de uma mesa do Palácio de Vila Viçosa (Carita, É difícil apontar paralelos para este tipo de ferragem,
s.d, p. 67, ig. 65), e num bufete de inais século XVII/iní- principalmente porque na maioria dos casos não nos
cios século XVIII pertencente ao Museu Condes de Cas- é possível observar o móvel com a minúcia necessária
tro Guimarães, em Cascais (Proença, 2008, p. 124). para perceber detalhes acerca da composição e técni-
O exemplar n.º 162 dispõe apenas do escudete de de- cas decorativas que aqui se assinalaram. No entanto,
senho loral, elaborado em chapa metálica recortada e existem várias guarnições análogas, salientando-se
depois polida. A sua deposição em níveis do terramo- um contador português de inais do século XVII/inícios
to, aliada às suas características estilísticas, permite- do século XVIII, com uma fechadura exactamente igual
-nos datá-lo entre o século XVII e a primeira metade mas em latão dourado. (Proença, 2008, p. 125)
do século XVIII. Não obstante as semelhanças com o O artefacto n.º 171, tal como a maioria da colecção, foi
puxador anterior encontramos paralelos em supor- produzido em chapa metálica (liga de cobre) recortada e
tes de origem distinta, nomeadamente em colecções posteriormente limada, correspondendo possivelmente
americanas do século XVII (D’Allemagne, 1968, ig. a uma manufactura do século XVII, uma vez que foi exu-
147) e num móvel brasileiro da primeira metade do sé- mado em contextos de ocupação dos marqueses de Ma-
culo ulterior (Macedo, 1966). rialva e o único paralelo exactamente igual encontrado
No que concerne aos puxadores usados no contexto dos pertence a um contador deste período (Sandão, 1999, ig.
casebres seleccionamos apenas uma colecção de exem- 12). Porém, este estilo de espelho foi bastante comum e
plares de estilo Sheraton e que trataremos mais à fren- existem variadíssimas peças com uma forma semelhante
te, quando falemos das fechaduras. Optámos por não mas com um recorte de vazamento distinto.
incorporar aqui os outros modelos de puxador de crono- Seguindo os padrões das ferragens aplicadas no móvel
logias mais tardias essencialmente por dois motivos. O oriental, com decoração vazada e forma de volutas ou
primeiro devido a que os contextos não são suiciente- motivos itomóricos, cabe destacar a peça n.º 170. Esta
mente claros para poder classiicar as peças como per- obedece a uma estética de transição onde se conjugam
tencentes a esta fase de ocupação, e o segundo prende- formas orientais mas com elementos de carácter portu-
-se com o facto de nem sempre ser fácil determinar o seu guês, que a tornam num exemplar claramente distinto
uso indubitável como ferragem de um móvel. Exemplo dos que previamente referimos. Realizado em chapa re-
disso são as argolas, encontradas em grande número e cortada e posteriormente limada, conhece-se o seu em-
com diâmetros bastante uniformes, cuja classiicação prego em móveis de produção local (Guimarães, 1949,
como pega de puxador não podemos estar seguros p. 78), nomeadamente numa mesa datada de inícios do
dada a diversidade de aplicações que conheceram. século XVII (Moncada, 2008, p. 163).
O modelo de fechadura representado pelo n.º 173 foi
2.2 Fechaduras amplamente difundido no móvel nacional e em distintos
tipos de suporte, sobretudo durante os séculos XVII e
O conjunto de fechaduras relecte as mesmas tendên- XVIII. Neste caso o exemplar foi elaborado numa chapa
cias que observamos nos puxadores, tanto no que con- de liga de cobre, com recorte lordelisado e posterior-
cerne aos materiais como a nível da forma. mente limado, embora com um acabamento muito gros-
As produções com uma estética oriental encontram- seiro que se relecte nas marcas diagonais que se con-
-se representadas pelos n.os de inventário 169 e 171. servam na face posterior. É possível que se trate de uma
Apesar das similitudes entre estas duas peças - com produção nacional e existem várias peças iguais aplicadas
decoração vazada de inspiração itomórica e meda- em diversos tipos de armário (Dinastia, Junho de 2002, p.
lhão central côncavo, com orifício para inserção da 84 e 73), destacando-se um arcaz de sacristia cujas ferra-
chave - elas apresentam características muito distintas gens foram feitas por encomenda a um artesão da capital
que merecem ser aqui brevemente assinaladas. (Bastos, 2008, p. 256). O seu uso encontrava-se bastante
O primeiro exemplar foi elaborado em liga de ferro difundido também na variante horizontal, como se
moldado e posteriormente dourado, e a visualização
do mesmo à lupa binocular permitiu identiicar a sua
presença apenas na face anterior e sobre uma camada 13.. Muito embora cobrisse a totalidade da peça só se conservam
pequenos vestígios da mesma nas zonas menos expostas ao atrito.

101
Velhos e Novos Mundos

constata pelas colecções de alguns museus, nomeada- 2.3 Fechos


mente uma arqueta do século XVII/XVIII (Bastos, 1999,
inv. 503). Os dois fechos encontrados durante a escavação cor-
Após o terramoto e a transformação do palácio em case- respondem a um modelo muito simples formado, nu-
bres, a qualidade e quantidade de ferragens diminui con- ma das extremidades, por um orifício onde encaixaria
sideravelmente. Contudo, as guarnições metálicas de o prego, e no lado oposto por um gancho que ema-
estilo Sheraton ou Imperial, encontradas numa mesma lhetaria numa argola.
zona e camada estratigráica da escavação, constituem A propagação deste modelo de fecho abrangeu todo
um grupo bastante homogéneo e que merece ser tratado o tipo de móvel (Macedo, 1966), desde peças relati-
como conjunto. Este está composto por três subgrupos: vamente simples a outras de grande qualidade como
o primeiro formado por seis exemplares sobrepostos uma maquineta do último quartel do século XVIII (Pro-
(três espelhos de fechadura e outros três de puxador); o ença, 2002, inv. 748). Neste sentido, e considerando
segundo por dois espelhos de puxador e um de fechadu- que os museus conservam essencialmente peças de
ra, também justapostos; e o terceiro por um recipiente luxo, os paralelos que apontamos devem ser conside-
metálico com cinco pegas, um espelho, e uma fechadura, rados apenas como uma amostra muito limitada que
além de pregaria diversa14 e muitas cinzas. não relecte as possibilidades de uso destes objectos.
Trata-se de um modelo de formato pentagonal que
regularmente reproduzia iconograia associada a uma
proissão ou labor e que neste caso, tanto nas fechadu- QUADRO 3 - Fechos
ras como nos espelhos, apresenta um motivo de ma-
çaroca ao centro. A pega tem forma de “u” com face-
tado pentagonal e encaixes virados para o exterior, e
todas as peças estão moldadas em liga de cobre, com
decoração repuxada muito bem executada15.
Atendendo à uniformidade destes objectos e às cir-
cunstâncias do contexto da escavação em que apare-
ceram, existem várias hipóteses que explicam esta
concentração de ferragens Sheraton. No interior dos
casebres do Loreto instalaram-se vários marceneiros
que aí tinham lojas e é possível que se tratassem de
ferragens novas, adquiridas para serem aplicadas num
dos inúmeros móveis que terão aí sido talhados. Além
de estabelecimentos comerciais, existia ainda um ar-
mazém de móveis e não seria de estranhar a reutiliza-
ção dos metais decorativos de algum exemplar dana-
do. Tal facto justiicaria o acondicionamento destas pe-
ças num receptáculo metálico.
Se considerarmos o número total de fechaduras (5), de
escudetes (6) e de pegas (5) é possível apontar para um
suporte semelhante a um armário de duas portas e
três gavetas. Cada uma das portas disporia de uma
fechadura e todas as gavetas se abririam mediante
dois puxadores, colocados a ambos lados, e uma
fechadura ao centro. Neste caso, faltar-nos-ia apenas
uma pega deste móvel e cuja existência se supõe pelo
número de espelhos de puxador.

Peças n.º 174 e 175


Dim.: esp.-0,12-0,4cm (o exemplar não restaurado), largura máx. do
gancho-0,5cm, largura máx. do corpo-0,5cm, comp. máx.-3,4cm, � do
14. Cabe destacar que alguma desta pregaria apresenta forma em
orifício para pregaria-0,3cm
rosca, dispondo de um sistema semelhante ao de um parafuso. Cron.: Século XVIII.
15. Este modelo foi encontrado numa colecção americana e está da- Prov.: Sondagem 9, Camada 34.
tado entre o último quartel do século XVIII até inícios do século XIX
(Nutting, 1955, inv. 2712).

102
Estudos de Arqueologia Moderna

2.4 Dobradiças retocadas com lima16. Os mesmos caracterizam-se por um


corpo quadrangular e um eixo cilíndrico que sobres-
As dobradiças são um componente importante do móvel sai para a face posterior (que assentaria sobre o mó-
mas também aquele cuja atenção tem sido mais me- vel) que seria o único elemento visível com o armário
nosprezada pelos historiadores de arte que se dedicam fechado. No primeiro caso, sobressai um motivo deco-
ao tema do mobiliário. Neste sentido, e considerando rativo no extremo superior e que integra o espigão da
que na maioria dos móveis estes acessórios não têm outra peça com a qual formaria par, ao contrário do
uma função decorativa e se encontram relativamente segundo, onde o componente decorativo pertence a
ocultos, resultou algo difícil localizar o seu uso em ca- essa dobradiça e permitiria que uma peça semelhante,
tálogos ou em museus. mas sem espigão, encaixasse no eixo.
Os exemplares aqui expostos correspondem à totali- As dimensões destes objectos não sugerem o seu uso
dade de dobradiças exumadas durante a escavação e numa porta, pertencendo eventualmente a um móvel
existe um claro predomínio destes objectos durante a decorativo. No entanto, a maioria do mobiliário obser-
primeira fase de ocupação do palácio. vado possui charneiras de eixo triplo.
A peça n.º 176 consiste numa dobradiça de eixo triplo, em As dobradiças mais elaboradas são um conjunto de qua-
cobre moldado e espigão de ferro, e não estamos seguros tro exemplares (catalogados com os n.os 179, 181, 182
de que pertencesse a um móvel. No entanto, encontramos e 183) de estilo Tudor-Estuardo e que estão compos-
semelhanças com uma dobradiça de mesa datada da se- tas por dois corpos e eixo triplo, elaboradas em chapa
gunda metade do século XVI (Carvalho, 2001, Il.4) e é pos-
sível que tenha pertencido a um suporte semelhante. 16. No exemplar restaurado (n.º 178) foi possível identiicar um
acabamento inal pouco cuidado, com imperfeições nas margens,
Os exemplares 178 e 180 correspondem a um modelo muito e marcas de limagem verticais (na face posterior do elemento qua-
idêntico de dobradiça de eixo duplo, elaboradas a molde e drangular) e horizontais (na face anterior).

QUADRO 4 - Dobradiças

Peça n.º 176 Peça n.º 177


Dim.: esp. do corpo-0,2cm, largura máx.. do corpo-2,5cm, comp. total- Dim.: esp. do corpo-0,2cm, larg. máx. do corpo-2,5cm, comp. total-5,2cm,
5,2cm, � dos orifícios para pregaria-0,2cm, comp. do eixo-3cm, � do eixo- � dos orifícios para pregaria-0,2cm, comp. do eixo-3cm, � do eixo-0,7cm
0,7cm Cron.: Século XVII (?).
Cron.: Finais do século XVI (?). Prov.: Sector SW, Compartimento F1, Camada supericial (máquina).
Prov.: Sector SW, Camada 14 - a Sul do esgoto semi-circular. Nível Este é um nível posterior ao terramoto.
anterior ao terramoto.

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Velhos e Novos Mundos

Peças n.º 179, 181, 182 e 183


Dim.: comp. do eixo-3,5cm, � do eixo-0,5cm, � do orifício para pregaria-0,3cm,
esp. dos corpos-0,2cm, largura dos corpos-2,2cm, altura dos corpos-8,1cm, Peça n.º 178
altura do elemento triangular-2,5cm, esp. do elemento triangular-0,15cm, � dos Dim.: esp.-0,4cm, largura máx. do gancho-5,1cm, largura máx. do
orifícios para o prego-0,5cm, � da cabeça do prego-0,3cm, comp. do espigão do corpo-0,5cm, comp. máx.7,7cm, � do orifício para pregaria-0,3cm
prego-2cm Cron.: Século XVII/Primeira metade do século XVIII.
Cron.: Século XVII/primeira metade do século XVIII. Prov.: Sondagem 9, Camada 33. Este é um nível do terramoto.
Prov.: Sondagem 9, Camada 17 da sondagem 1. Nível do terramoto.

de cobre recortada. Estas peças remetem-nos para


um horizonte britânico ainda que possam tratar-se
perfeitamente de produções nacionais de imitação e
pudemos encontrá-las num aparador do século XVII,
precisamente de estilo inglês (Rubira, 1948, p. 90). To-
davia, este paralelo possui apenas quatro orifícios para
os pregos e não dispõe do elemento central triangular
que tem também uma função de ixação - embora não
seja muito clara a sua funcionalidade especíica, bem
como a sua articulação.
O único artefacto encontrado em contexto dos case-
bres é de uma cronologia anterior aos mesmos, o que
nos leva a pensar que se trataria de um móvel de família
ou de uma espécie de antiquário que aí se teria instalado
até pouco tempo antes da construção da praça, uma vez
que foi encontrado numa camada supericial. Referimo-
-nos ao exemplar n.º 177, elaborado em liga de cobre,
mediante a técnica de molde e que apresenta uma
forma muito característica de alguns móveis orientais.
A deformação desta peça não se deve às circunstâncias
de deposição e está relacionada com o formato do su-
porte. Foram encontrados paralelos semelhantes num
cofre de reserva do Santíssimo Sacramento, de factura
Peça n.º 180 indiana (Guzarate), datado do século XVII17 (Pinto, 1992,
Dim.: esp. do elemento quadrangular-0,2cm, largura do elemento
quadrangular-3,5cm, altura do elemento cilíndrico-5,7cm, comp. máx.- p. 48); e numa papeleira do século XV/XVI proveniente
7,7cm, � da base do elemento cilíndrico-1cm
Cron.: Século XVII/inícios século XVIII. Nível anterior ao terramoto.
Prov.: Sondagem 11, Camada 26 (sob o pavimento).
17. Embora o autor aponte para a possibilidade das ferragens serem
posteriores ao móvel

104
Estudos de Arqueologia Moderna

da Ligúria (Montenegro, 1955, p. 18). Em ambos casos, O exemplar 186 foi executado a molde e mostra um
a dobradiça está aplicada numa tampa abaulada à qual desenho bastante original, em forma de volutas, com
se adapta a forma de ferragem. uma decoração loral cujos detalhes se perderam pelo
facto de estar fracturada. Não foi detectada qualquer
2.5 Cantoneiras cantoneira de formato semelhante mas o seu desenho
grosseiro encontra paralelos nos trabalhos portugueses
As cantoneiras constituem um grupo relativamente que adoptam elementos orientais, devendo ser rela-
pequeno, representado apenas por três peças em liga tivamente tardia. O adorno loral é muito semelhante
de cobre, com características muito distintas. ao que remata o escudete n.º 158 e, ainda que a com-
O exemplar de maior qualidade ostenta uma decoração posição seja distinta, poderemos aproximar cronologi-
vazada e, apesar do facto de não ter sido ainda restau- camente estas peças, facto atestado pela presença na
rado nos impeça avaliar os detalhes da sua decoração, mesma camada de exemplares datados do século XVIII.
esta seria muito semelhante à dos espelhos de estilo
“indo-português” apresentados anteriormente. Não 2.6 Garras/Pés
obstante as limitações expostas, poderemos encontrar
vários móveis deste estilo com decorações de metal As garras são uma categoria que levanta algumas pro-
dourado análogas, remetendo-nos para uma cronologia blemáticas, na medida em que constituem o suporte de
entre o século XVII e a primeira metade do século XVIII, peças sobre as quais se gerou muito pouca documenta-
posto que foi encontrada numa camada estratigráica ção e não foi possível encontrar paralelos exactamente
anterior ao terramoto. Várias destas peças, como conta- iguais. No entanto, pelas dimensões e peso que apre-
dores, escritórios ou ventos, conservam-se em distintos sentam, podemos colocar a hipótese de terem pertenci-
museus nacionais, dos quais se poderão destacar o Mu- do a relógios, salvas ou inclusive a estojos de faqueiros.
seu Nacional de Arte Antiga e o Museu Soares dos Reis. Cabe porém destacar que a peça n.º 190 apresenta um
Os restantes materiais desta categoria parecem reportar polimento ao nível da espessura da base de assenta-
para o âmbito das produções nacionais. O objecto cataloga- mento e que, muito possivelmente, se destinaria a
do com o n.º 185 foi elaborado em chapa metálica recorta- facilitar o encaixe18. A visualização do exemplar à lupa
da e a terminação em lor-de-lis estilizada corresponde a binocular permitiu ainda identiicar vestígios muito
uma forma recorrente nas chapas de reforço das arcas, en-
contrando vários paralelos semelhantes, nomeadamente
18. Ao contrário das restantes superfícies onde encontramos várias
uma arca do Museu de Lamego (Bastos, 1999, p. 40 e 41). imperfeições, esta zona está muito bem limada.

QUADRO 5- Cantoneiras

Peça n.º 184 Peça n.º 185 Peça n.º 186


Dim.: comp.-3,8cm x 3,6cm, largura máx.-2,3cm, Dim.: comp.-7,7cm x 4,3cm, largura máx.-3,3cm, Dim.: comp.-3,8cm x 3,6cm, largura máx.-
largura mín.-1,55cm esp.-1mm 2,3cm, largura mín.-1,55cm
Cron.: Século XVII/primeira metade do século XVIII. Cron.: Século XVII/ XVIII (?). Cron.: Fins do século XVII/XVIII (?).
Prov.: Sector SE, Compartimento 1, Camada 1 Prov.: Sector SW, Camada supericial. Prov.: Sondagem 9- Alargamento (a Sul da
(Fase II). sondagem 1 e 3), Camada 17 da sondagem 1.
Obs.: A peça encontra-se ligeiramente abaulada
devido ao formato da estrutura de suporte,
como o paralelo encontrado.

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Velhos e Novos Mundos

QUADRO 6- Garra / pés

Peça n.º 188 Peça n.º 189 Peça n.º 190


Dim.: altura-3,5cm largura máx.-2cm largura Dim.: comp. do pé-2,4cm, largura máx. do pé-1,9cm, Dim.: comp. do pé-2,8cm, largura máx. do pé-2,3cm,
mín-1,3cm esp.-0,3cm base de assentamento largura mín. do pé-0,7cm, esp. do pé-0,5cm, largura largura mín. do pé-0,8cm, esp. do pé-1,7cm, largura
superior-3,4cm x 4cm dos dedos-0,5cm, altura da garra-1,4cm, esp. da dos dedos-0,5cm e 1,3cm, altura da garra-3,3cm,
Cron.: Século XVIII/XIX. perna-0,7cm, largura da base sup.-1cm, comp. da esp. da perna(?)-1cm/1,2cm, largura base sup.-
Prov.: Sector Centro Este, Camada 9. base sup.-2cm 1,8cm, comp. base sup.-2,5cm
Cron.: Século XVII/XIX. Cron.: Século XVII-XIX.
Prov.: Sector Centro, Compartimento E, Prov.: Sondagem 15, Camada supericial (Fase II).
Camada 9.

ténues de uma pintura de tom avermelhado, original- A peça n.º 195 apresenta as características formais de
mente aplicada em toda a superfície. um pináculo, no entanto, é completamente maciça e
A garra é um motivo que, embora conheça uma não possui qualquer espigão para encaixe. Neste senti-
grande divulgação no século XVIII e mesmo XIX, tem do, é possível que a sua ixação se realizasse mediante
antecedentes mais recuados e não poderemos, dada a a incrustação da base na madeira mas não localizamos
incerteza estratigráica, avançar com mais resultados nenhuma peça semelhante.
acerca da sua cronologia. Ao contrário dos objectos referidos anteriormente, o
n.º 193 pertenceu claramente a uma cadeira, corres-
2.7 Pináculos metálicos pondendo a um modelo frequentemente usado nas
produções nacionais, durante o século XVII. Neste con-
Os pináculos metálicos foram empregues na decoração texto, encontramo-lo em assentos de couro lavrado,
de armários, relógios de mesa, mas também no topo do podendo ou não ter braços, mas também estofados21 e
encosto de cadeiras (um em cada ponta). Nos casos em que normalmente eram decorados com pregaria dou-
que a sua classiicação como pináculos é indubitável, a rada de diferentes dimensões, completando assim o
determinação do tipo de suporte é também clara, visto contraste de cores entre o metal brilhante a o castanho-
que adquirem formas e dimensões distintas nos diferen- -escuro da madeira e/ou do couro.
tes casos. No entanto, é possível que alguns modelos No que concerne ao modelo do n.º 191 constatamos o
pudessem ter sido usados simultaneamente como piná- seu uso numa cómoda acharoada, do século XVIII (?)
culo ou pé de pequenos móveis, como sucede com as (Proença, 2002, inv. 671 e 785) e não obstante o exem-
peças n.os 196 e 197. No primeiro caso, detectamos a sua plar desta colecção ter sido encontrado na cozinha do
utilização no topo de papeleiras e oratórios de produção palácio, o facto de pertencer a um contexto de entu-
inglesa e nacional19, mas em madeira, e como suporte de lhos correspondentes à fase intermédia de ocupação
um relógio20. No que concerne ao segundo exemplar do palácio não nos permite assegurar a sua localização
reconhecemos paralelos com o pináculo de um relógio original nesta zona da casa.
de pêndulo, datado de 1695 (Bracket, 1950, pl. XCII),
mas também na base de um relógio de mesa, datado
de 1660 (Bedel, 1989, pl. 102c), ambos de produção
inglesa. 21. Cadeira de braços, de nogueira (do século XVII) do Palácio Na-
cional de Sintra; cadeira em castanho de produção nacional (inais
do século XVII) (Guimarães, 1924, ig. 17 e 42), cadeira de noguei-
ra torneada de produção nacional dos inais do século XVII (Freire,
2001, inv. 4, 519, 595), cadeira em pau-santo (segunda metade do
19. Em peças pertencentes à colecção da Fundação Ricardo Espírito Santo. século XVII) (Pinto, 1987, ig. 43) e cadeira do Museu dos Patudos da
20. Da Casa Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa. segunda metade do século XVII (Pereira, 2008, p. 217).

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Estudos de Arqueologia Moderna

QUADRO 7 - Pináculos

Peça n.º 193


Dim.: � máx. do corpo-0,7cm x 0,7cm
x 0,8cm x2,2cm, � do espigão-0,7cm
x 0,5cm, comp. total-4,7cm, comp. do
espigão-1,3cm
Cron.: Século XVII.
Prov.: Sector SW, Compartimento H,
Camada 11.

Peça n.º 191


Dim.: � máx. da base-1,6cm, � máx. do corpo central- Peça n.º 195
1,7cm, � máx. do remate-0,8cm, altura total-3,2cm, Dim.: � da base-2,6cm, � maior do
altura do pé-0,3cm corpo-2,8cm, � do remate-1,5cm, comp.
Cron.: Meados do século XVIII. total-6,75cm
Prov.: Sector SE, Sondagem 11 A, Camada 29 (cozinha Cron.: Século XVIII/XIX
– prolongamento da sondagem 11). Nível de entulhos Prov.: Sector Centro Este, Camada
correspondente à fase intermédia de ocupação do supericial.
palácio.

Peça n.º 196


Dim.: � da base-2,5cm, � maior do
corpo-4,9cm, � do remate-1,3cm, Peça n.º 197
comp. total-3,5cm Dim.: � do pé-0,9cm, � da base-1,6cm, � máx. do corpo-1,7cm �
Cron.: Século XVII/XVIII. do remate-0,8cm, comp. total-3,2cm, comp. do pé-0,3cm
Prov.: Sector Centro Este, Camada Cron.: Século XVII.
supericial. Prov.: Sondagem 12, Camada 3 (interior da cisterna).

2.8 Chave poderiam ser transportados como parte de um adorno


pessoal. A decoração das peças é bastante minuciosa e,
O único artefacto desta categoria é uma chave de reló- embora alguns motivos não estejam perfeitamente cen-
gio com dois “canhões” que se destinavam a acertar a trados, o detalhe aproxima-a a um exemplar de joalharia.
máquina e a dar corda à mesma. Esta foi encontrada Este objecto foi exumado fora de contexto e não
em associação com uma corrente e estaria presa me- poderemos, a nível estratigráico, fornecer uma crono-
diante um sistema de mola. O mecanismo de abertura logia segura. As chaves de relógio raramente aparecem
da mola seria activado mediante o desenroscar de uma expostas em museus22 nem iguram de catálogos mas
pequena argola e o exercer de pressão sobre a peça, à identiicamos uma decoração semelhante em chavões
semelhança de um alinete de dama. para bolos de uma colecção açoriana (Martins, 1981,
Frequentemente estas correias aparecem associadas a p. 150 e 151).
vários objectos relacionados com o relógio, formando
uma espécie de dixes de execução muito cuidada e que
22. Destaque-se a colecção de relógios da Casa Museu Medeiros e Almeida.

107
Velhos e Novos Mundos

No que concerne às técnicas de produção, este tipo de


QUADRO 8 - Chave de relógio
candeia compõe-se de várias peças realizadas a mol-
de, elaboradas individualmente, e que encaixam umas
nas outras. O facto de terem uma estrutura vazada fa-
cilitaria o seu alinhamento e permitiria a passagem de
um espigão que unia o pé ao corpo principal e à pega23.
No exemplar n.º 199, que corresponde a um bico, foi pos-
sível observar uma solução à base de cobre que se des-
tinaria conferir-lhe uma tonalidade dourada, e que fre-
quentemente se denomina de “ouro velho”. Mais tarde,
esta candeia foi sujeita a uma remodelação no sentido
de a decorar, agora, em tons avermelhados. Tal sucede
também nos exemplares de pé n.os 201 e 203, bem como
na pega onde se preserva unicamente na zona exposta
destes objectos. Após a aplicação da referida “pintura”, a
Peça n.º 198 peça terá conhecido ainda um largo período de vida visto
Dim.: comp. da “empunhadura”-2,8cm, esp. da “empunhadura”-0,2cm, que, na zona da pega, apresenta um maior desgaste pre-
comp. da haste vertical-2,9cm, comp. da haste horizontal-1,4cm, � da
haste vertical-0,25cm, � da haste horizontal-0,3cm, comp. da mola- cisamente nas zonas de contacto com a mão.
2,2cm, esp. da mola-0,2cm
Prov.: Camada dispersa (embasamento da estátua).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

2.9 Candeias A colecção apresentada evidencia uma maior concen-


tração de espólio pertencente à primeira fase de ocupa-
Os fragmentos de candeia correspondem, na sua totali- ção do palácio, caracterizado por peças de importação
dade, a um modelo que conheceu uma grande divulgação europeia e asiática, e uma forte inluência dos mesmos
durante os séculos XVIII a XIX, tanto em Portugal como nas produções nacionais. A família Marialva seria pos-
em Inglaterra (Dinastia, 2001, p. 71 e Lima, s.d., p. 189 suidora de uma grande variedade de móveis de conside-
e 194). Este está composto por um pé alto e torneado, rável qualidade e dos quais se conserva apenas uma
com um ou vários bicos e pega superior, totalmente em
metal, e é possível que alguns destes fragmentos tives- 23. A existência deste espigão conserva-se unicamente no exemplar
sem pertencido unicamente a um objecto. n.º 203.

QUADRO 9 - Elementos de Candeia

Peça n.º 199 Peça n.º 201


Dim.: largura média do corpo-1,2cm, � da boca-2,1cm, altura total-2,4cm, Dim.: � mínimo-1,3cm, � máx.-2,4cm, � do orifício-0,9cm, comp. total-
comp. total-5,4cm 3,2cm
Obs.: Apresenta uma camada negra, vestígio das gorduras utilizadas.

108
Estudos de Arqueologia Moderna

pequena parte, já que depois do terramoto se terá res-


gatado todo o espólio de maior valor. Tratando-se esta
de uma pequena amostra do que não terá subsistido
após o terramoto, somos obrigados a discordar com a
ideia de que o mobiliário seria escasso nas casas nobres.
Importa ainda mencionar os relatos de estrangeiros
como William Beckford24 que, se criticam a falta de
beleza arquitectónica dos edifícios apalaçados da
nobreza portuguesa, não deixam de apreciar a osten-
tação das festas, das quais foi palco também o palácio
durante a sua ocupação pelos Marialva.
A partir do terramoto e com a ocupação deste espaço por
Peça n.º 202 famílias de fracos recursos ou por estabelecimentos comer-
Dim.: � mínimo-1,2cm, � máx.-1,85cm,� do orifício-0,9cm, comp. total-
3,8cm ciais, a qualidade das ferragens encontradas diminui subs-
Obs.: A consistência irregular da superfície superior parece sugerir que se
encontra fragmentada, provavelmente porque a peça estaria composta tancialmente e, em alguns casos, registam-se tentativas
por vários módulos elaborados a molde e posteriormente fundidos. de remodelação. Trata-se essencialmente de conferir uma
tonalidade vermelha a peças originalmente douradas, facto
que poderá estar associado a uma proliferação do gosto
pelos móveis achinados, geralmente de cor vermelha. Os
exemplares de maior qualidade, como os de estilo Sheraton
que foram encontrados sobrepostos ou no interior de um
recipiente metálico com a pregaria acessória, parecem-nos
ter pertencido a um armazém de móveis que aí existia25.
No que concerne aos centros de produção, ainda que
não possamos determinar a origem de muitos dos
artefactos em estudo, as suas características formais
surgem-nos como manifestações estéticas de origem
externo, o que nos revela uma inluência desses cen-
tros no mobiliário português. A presença de elementos
decorativos de importação terão contribuído para a
difusão de produções nacionais ditas de imitação mas
também o desenvolvimento de um estilo nacional,
cuja concepção acaba por estar ao mesmo tempo fa-
Peça n.º 203
Dim.: � da base superior-1,9cm, � maior-2cm, � menor-1cm, comp. do vorecida e condicionada por essa mesma oferta.
elemento quadrangular-2,9cm, comp. total-11,8cm, altura do espigão-
-1cm.

24. De quase um século depois destes acontecimentos, chega-nos a


notícia fornecida por um coleccionador íntimo da família Marialva e
que terá ouvido o 5º marquês falar nas riquezas que outrora haviam
preenchido o interior do palácio, fazendo referência às “ricas jóias e
curiosas pratas (...) muitas e importantíssimas pinturas de Rubens e
Peça n.º 206
Dim.: � da base superior-1,9cm, � maior-2cm, � menor-1cm, comp. do dos primitivos (...) tapeçarias e tapetes persas de dezoito e vinte e
elemento quadrangular-2,9cm,comp. total-11,8cm, altura do espigão-1cm. dois metros de comprimento” (Beckford, 1983, p. 163).
25. Está devidamente documentada a presença de um armazém de
móveis de José Aniceto Rapozo (Diniz, 2008).

109
Velhos e Novos Mundos

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Plata. Buenos Aires: Museo Nacional de Arte Decorativo. das Sedas e Fábricas Anexas, Lº 438.

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O presente volume reúne os textos redigidos pela grande maioria dos participantes no “Velhos e
Novos Mundos. Congresso Internacional de Arqueologia Moderna”, que decorreu de 6 a 9 de Abril de
2011 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

O evento pretendeu reunir arqueólogos consagrados e jovens, com trabalhos provenientes de con-
textos académicos ou de salvamento, pertinentes para a discussão em torno de diversas temáticas
balizadas nos séculos XV a XVIII, tanto em contexto europeu, como em espaços colonizados.

'ºßø̋"æœ"̇œœ­ºßæœ"̇̈æø¸̇¸æœ"¸̋œß̇ł­̋Œ œ̋"̇"©Æ¸̇"­ø̈̇º̇ "̇œ"ı̇Æœ̇̌̋ºœ"̋"̋œı̇Êæœ"ø­ø̇Æœ "̇œ"̨æøßÆ -


cações e a guerra, a vida religiosa e as práticas funerárias, as paisagens marítimas, os navios e a vida
̇"̈æø¸æ"̋"̇"ıø渭ʹæ "̊æŒÎø̊Ææ"̋"̊溜­Œæ"¸̋"̊̋øµŒÆ̊̇ "̈̋Œ"̊æŒæ"­Œ̇"ø̋ ̋®¹æ"œæ̈ø̋"̌̋œß¹æ"̋"
valorização do património arqueológico.

Além de se pretender dar um impulso ao desenvolvimento da arqueologia moderna, procurou-se


lançar pontes de contacto entre comunidades arqueológicas espalhadas em diversas partes do mun-
do, nomeadamente aquelas que centram a sua investigação em torno dos reinos ibéricos e da sua
expansão mundial.

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