Introdução à Historiografia – 1º ciclo

TP1
2022/2023
Docente: Filipa Roldão
Contacto: anaroldao@campus.ul.pt

Aula de 27.02.2023

Sumário:
Tópicos de historiografia portuguesa:
medieval e moderna
Caracterização global: séculos XII a XVIII
• Função pragmática e função panegírica
• Lenda, tradição oral, documentos de arquivo, e narrativas ancestrais
fundadoras
• Relato de factos invulgares
• Do Reino para o Império / do Império para o Reino
• Passado longínquo e passado presente
• Burocratas, eclesiásticos, letrados
• Crítica erudita
Quatro tipos historiográficos:

• Obituários
• Livros de Linhagens
• Anais
• Crónicas
Obituários:

• Datas de falecimento dos indivíduos para realização de sufrágios

comemorativos periódicos
Liber anniversariorum ecclesiae cathedralis Colimbriensis: Livro das Kalendas, s.
XIV

Campos, Maria Amélia Álvaro de, A comemoração dos mortos no calendário dos vivos. O
obituário medieval da Colegiada de São Bartolomeu de Coimbra. (Edição crítica e estudo do
manuscrito). Documentos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020.
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1699-5.
Livros de linhagens:
• Reconstituição genealógica da nobreza portuguesa

Livro Velho (entre 1286 e 1295)

Livro do Deão (1343-1344)
Livro de Linhagens do conde D. Pedro (1340-1344)
“meter amor e amizade entre os nobres fidalgos da Espanha”
Anais:

• Registos memorialistas por anos

Annales Portugalenses Veteres (séculos XI – XII)
Crónicas:
• Tradição ocidental
• Função educativa e de entretenimento
• Narração não cronológica
• Reis, nobres, eclesiásticos

1. Crónicas hagiográficas e de mosteiros

Crónicas Breves de Santa Cruz de Coimbra (s. XV)
2. Crónicas da corte régia
• Língua vernácula, finais do século XIII
• Incorpora: crónicas latinas, francesas e leonesas-castelhanas,
narrativas orais de estrangeiros no reino de Portugal, traduções de
textos árabes (Crónica do Mouro Rasis, Ibn Al-Razi, s. X) e de textos
castelhanos (Crónica Geral de Espanha, de Afonso X, rei de Castela e
Leão), e histórias de tipo universal.

Crónica Geral de Espanha de 1344, do conde D. Pedro: desde a criação do

mundo até final do reinado de Afonso IV
 Cronistas Régios: dos burocratas aos eclesiásticos
Fernão Lopes (1380-1460)

Tabelião-geral
Guardador das escrituras da Torre do Tombo
Escrivão da puridade do infante D. Fernando
Cronista-mor do reino (1434-1454)

Crónica dos Sete Primeiros Reis de Portugal

Crónica de D. Pedro
Crónica de D. Fernando
Crónica de D. João I

http://antt.dglab.gov.pt/exposicoes-virtuais-2/fernao-
lopes-guardador-das-escrituras-do-tombo/
• Gomes Eanes de Zurara (1410-20)
Crónica da Tomada de Ceuta
Crónica do Descobrimento e da Conquista da Guiné

• Rui de Pina (c.1440-1523)

Crónica do Rei D. Duarte
Crónica de D. Afonso V
Crónica d’El-Rei D. João II

• Damião de Góis (1502-1574)

Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel
Crónica do Príncipe D. João o segundo de seu nome
• Narrar e interpretar a expansão ultramarina:
João de Barros (1496-1570), Fernão Lopes de Castanheda (1500-1559),
Gaspar Correia (?-1561)

• Cargo de cronista-geral da Índia – João de Barros

Justificação e legitimação: português é herói, é santo e é mártir.

• 1520, a partir de 1547: censura

• A partir de 1548, a Igreja ganha o monopólio da redacção da História

Frei Bernardo de Brito (1569-1617)
Monarchia Lusitana (1ª e 2ª partes, 1597-1609)

Fr. António Brandão (1584-)

Monarchia Lusitana (3ª e 4ª partes, 1632)

D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666)

Epanaphoras de varia história portuguesa, 1660

• Da cronística medieval ao estilo nobre (Tito Lívio, Tácito)

• Métodos crítico e comparativo

• D. João V funda a Academia Real de História, 1720
História Genealógica da Casa Real Portugueza, D. António Caetano de Sousa (1674-1759)
Bibliotheca Lusitana, Diogo Barbosa de Machado (1682-1772)
Vocabulario Portuguez e Latino, Rafael Bluteau (1638-1734)

• Século XVIII: conhecimento arquivístico, arqueológico e de crítica erudita:

Pascoal de Melo Freire (1738-1798)
António Caetano do Amaral (1747-1819)
José Anastácio de Figueiredo (1766-1805)
João Pedro Ribeiro (1758-1839)
Observações historicas e criticas para servirem de Memorias ao systema da Diplomatica
Portugueza, publicadas por ordem da Academia Real das Sciencias, 1798

Dissertações chronologicas e criticas sobre a Historia e Jurisprudencia ecclesiastica e civil de

Portugal (1810-1836)

• Fundação da Academia Real das Ciências, em 1779 - classe de Belas-Artes: publicação de fontes
 Bibliografia:
A.H. de Oliveira Marques, Antologia da Historiografia Portuguesa, Lisboa, Publicações Europa-
América, l.° vol. Agosto de 1974, 2.° vol. Julho de 1975.

Maria Amélia Álvaro de Campos, A comemoração dos mortos no calendário dos vivos. O obituário
medieval da Colegiada de São Bartolomeu de Coimbra. (Edição crítica e estudo do manuscrito).
Documentos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020. https://doi.org/10.14195/978-
989-26-1699-5.

Anões às costas dos grandes gigantes do passado. Poder, mitos e memórias na sociedade medieval.
Contributos de Luís Krus. Coord.de Amélia Aguiar Andrade e João Luís Fontes, Lisboa, IEM/CHAM,
2015.

Fernão Lopes, http://antt.dglab.gov.pt/exposicoes-virtuais-2/fernao-lopes-guardador-das-escrituras-

do-tombo/

Maria de Fátima Reis, "O Paço dos Duques de Bragança em Lisboa, sede da Academia Real da História
Portuguesa: mecenato e poder régio", Librosdelacorte, año 10, n.º 17, Otoño-Invierno 2018, pp. 243-
257 https://revistas.uam.es/librosdelacorte/issue/view/880/showToc.