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As origens do Império Português

Segundo historiadores, o Império Colonial Português, ou somente Império


Português, foi o primeiro e mais antigo império do mundo, uma vez que teve origem em
1415 e colapsou 584 anos depois, em 1999.
Para compreender as origens do Império Colonial Português, é necessário
abordar os seus antecedentes, nomeadamente o Reino de Portugal e dos Algarves (1139-
1910), localizado a sul da Europa, mais precisamente, no oeste da Península Ibérica. O
Reino forma-se com a reconquista da Península Ibérica aos povos oriundos do Norte de
África, ou seja, aos mouros. Este processo é gradual, iniciou-se em 1139 e apenas
terminou em 1249, com a reconquista do Algarve. Embora não possamos afirmar com
toda a segurança e certeza de que haja alguma correlação entre a Reconquista e a
vontade expansionista portuguesa, compreendemos a importância deste processo
histórico para o Império Português.
Em 1415, através da Conquista de Ceuta, as tropas portuguesas, a mando do
monarca João I, iniciaram o seu processo de expansão territorial, dando assim início ao
Império Português. Além dos motivos religiosos, que se prendem com a difusão do
cristianismo através da conquista de territórios que fossem passíveis de implementação
da fé cristã, a razão mais importante por detrás da Conquista de Ceuta relaciona-se com
a geopolítica, a geoestratégia e a geoeconomia. Relativamente aos fatores políticos que
motivaram este processo, a conquista de Ceuta serviu para legitimar a nova dinastia, que
estava a ser confrontada com a ilegitimidade do sucessor do rei, e para que monarca se
afirmasse na cena internacional (David Lopes, 1925). Para mais, a cidade islâmica, dado
que se situava no Norte de África, posição geográfica de interesse para os objetivos
portugueses, permitia o controlo da navegação Atlântico-Mediterrâneo e vice-versa por
meio do estreito de Gibraltar. Deste modo, a costa do Algarve estaria mais protegida de
piratas.
No que diz respeito a este segundo fator, há autores que consideram que este motivo se
enquadra no plano da geoeconomia, fazendo uso do argumento da vantagem comercial
de Ceuta. Um desses autores é o historiador António Sérgio, que em 1919, afirma que
Ceuta poderia ser a solução para o problema da escassez de cereais que o país
enfrentava. David Lopes, professor universitário, porém, distancia-se da tese sustentada
por António Sérgio. Para este, Ceuta, por não ser tão abundante em cereais como o
historiador considera, não tinha capacidade para ser local de produção de trigo. Para
David, a maior vantagem de ter o controlo de uma cidade no norte de África era
estratégica, pois Ceuta, dado a sua posição geográfica, serviria como base naval.
Em 1419, começa a exploração da costa africana por parte dos portugueses,
fazendo uso de instrumentos de navegação cruciais para todo o processo de expansão
marítima do recém-criado império, tais como a cartografia e as caravelas. O objetivo
essencial da expansão portuguesa na Costa de África era a obtenção de lucros através do
comércio de especiarias orientais.
Gradualmente, os portugueses começam a instalar-se pelo mundo e a espalhar o
catolicismo romano, tendo anexado ao Império territórios do continente europeu,
asiático, africano e americano. Porém, é importante distinguir os três momentos do
império: o Primeiro Império (1415-1580), o Segundo Império (1580-1822) e o Terceiro
Império (1822-1999). Este ensaio tratará de abordar, em detalhe, o terceiro momento do
imperialismo lusitano.

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