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17/01/2022 15:34 Ubwiki

A configuração territorial da América


Portuguesa
História do Brasil / Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata

Verbete
América Portuguesa do século XVI ao XVIII:
Civilização do açúcar e expansão territorial
Expansão Marítima Portuguesa
A Europa era um continente nascido das ruínas do Império Romano com a
presença de povos bárbaros que começa a se modificar pela expansão agrícola e
do comércio. A expansão agrícola foi possível com a abertura de novas regiões
cultivadas (derrubada de florestas, secagem de pântanos) e o incentivo a
expansão comercial gerando com isso excedentes de produtos passíveis de
comércio, mais a especialização e o luxo crescente dos aristocratas.

Batalhas na Europa definiram fronteiras, Estados organizaram uma política


centralizada, processo esse que durou séculos (1450-1550) mais a expansão
geográfica da Europa cristã. O Mediterrâneo se tornou rota comercial. No
entanto, esse expansionismo encontrou suas limitações instaurando uma crise
na Europa com escassez de alimentos, epidemias (Peste negra 1347-1351),
declínio da população. A maneira de tirar essa Europa da crise era expandir
novamente a base geográfica e de população a ser explorada.

Mas por que Portugal? Havia lá uma burguesia empreendedora acostumada com
o comércio de longa distância, a posição geográfica era um ponto forte contando
com correntes marítimas favoráveis, próximo as ilhas do Atlântico e da costa
Africana, já possuía uma política centralizada (os “Mestres de Avis”) podendo se
tornar grandes financiadores das viagens que eram muito caras, o gosto por
aventuras dos portugueses, a atração por ouro e pelas especiarias, explicado
pelos limites das técnicas de conservação existentes na época e também pelos
hábitos alimentares (o alto preço de mercado do sal), além do desenvolvimento
das técnicas de navegação, como o aprimoramento das cartas de navegação e da
arquitetura naval.

Dentre as principais conquistas lusitanas estão a Conquista de Ceuta, em 1415,


que seria o ponto de partida de sua expansão marítima. Em seguida, Portugal
iniciou a sua expansão pelas ilhas atlânticas: Madeira em 1420, Açores em 1427
e Cabo Verde em 1460. Quanto ao continente africano, os portugueses iniciaram
sua conquista através da navegação de cabotagem visando contornar pelo sul a
grande massa de terra. Em 1433, Gil Eanes conquista o Cabo Bojador, dando fim
as superstições da existência de um abismo. Em 1443, Nuno Tristão alcança a ilha
de Arguim, onde são protagonizados os primeiros “resgates” (escravos por ouro).
A escravidão é praticada a partir do século XV e as trocas são comerciais. As
próprias lideranças africanas se organizam para fazer essas trocas. Portugal
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então passou a arrendar a exploração da costa da Guiné, na forma de monopólio


comercial, em 1469, por cinco anos (mais um ao fim do contrato). O primeiro
arrematante foi um comerciante lisboeta, Fernão Gomes, que, além da renda,
ficava obrigado à descoberta anual de 100 léguas da costa, a partir da serra Leoa.
Foi durante a vigência desse contrato, que se alcançou a região da Mina. Por essa
razão, aquele trecho do litoral passou a ser designado como Costa do Ouro nos
mapas da época. Mas o objetivo continuava a ser o de alcançar a Índia através da
circunavegação da África

● Bartolomeu Dias (1488): cabo das Tormentas (Boa Esperança);


● Tratados: Bula Inter-Coetera (1493) e Tordesilhas (1494)
● Vasco da Gama (1498): Calicute (especiarias);
● Pedro Álvares Cabral (1500): Brasil e Índias.

Como consequências tivemos o deslocamento do eixo econômico europeu do


Mediterrâneo para os oceanos Atlântico e Índico; a decadência das cidades
Italianas; a consolidação do absolutismo; crescimento do mercantilismo
juntamente com o fortalecimento da burguesia mercantil; a colonização da
América; a escravidão negra e indígena; europeização do mundo; e a expansão do
cristianismo. 

Ocupação do território por região


Capitanias hereditárias
A efetiva ocupação portuguesa em nosso território teve início quando o então
Rei, D. João III, em 1534, cedeu capitânias hereditárias a alguns nobres
portugueses, com a intenção de ocupar grande parte do litoral e impedir assim a
colonização por outros reinos. 

Um novo ciclo se formou com a criação das capitanias, o pau-brasil já era escasso
e a necessidade de um novo mercado surgiu. Começaram os cultivos de cana e,
da metade do século XVI até quase o final do século XVII, a maior parte de nossas
terras foram ocupadas com a monocultura do açúcar, com exceção de algumas
regiões que criavam gado (Nordeste) ou tabaco. A extensão territorial não era
problema, principalmente após o ano de 1580, no período de União Ibérica, onde
mesmo Portugal e Espanha mantendo personalidade jurídica distinta, a divisão
de seus territórios não era tão vigorosa. Como tinham terra disponível em
abundância, o que impedia os portugueses de avançarem ainda mais no
território? Segundo Rubens Ricupero (A Diplomacia na Construção do Brasil,
2017, p 43):

“A carência de mão de obra, de braços para a lavoura, é o que entorpecia o avanço


da agricultura...”.

Para solucionar este problema a corte portuguesa encontrou no tráfico de


escravos uma solução fundamental para continuar com seu crescimento agrícola
e com sua expansão territorial. 

A ocupação da Foz do Rio Amazonas


No séc. XVII inicia-se a ocupação do Norte. Até 1612, os portugueses não haviam
demonstrado interesse pela região, mas os riscos de perda territorial levaram à
luta contra os franceses, que já ocupavam o Maranhão. Assim, as capitanias de
Belém e Maranhão encontraram resistência para ampliar seu território ao Norte.
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O  então governador do Grão-Pará ordenou uma empreitada pelo Rio Amazonas


e, em 1616, há a fundação de Belém, que foi a base para uma gradual penetração
na região. Os potenciais ganhos da ocupação eram muito maiores que os riscos,
apenas alguns homens e barcos, frente à possibilidade de encontrar uma rota
fluvial que permitisse o trânsito de metais preciosos com o Peru. A ocupação da
foz do Rio Amazonas ganha destaque com a viagem de Pedro Teixeira ao Peru em
1637.  Em resumo,  três elementos determinam a ocupação norte do país, de
acordo com Synesio Sampaio Goes Filho (Navegantes, Bandeirantes,
Diplomatas):

Drogas; índios; missionários (1644 - 1755)

Nessas expedições foram encontradas as drogas do sertão, o que fortaleceu o


comércio da região. Além disso, índios foram escravizados sem gerar grande
resistência e houve  grande número de missões de fé orquestradas pelos
Jesuítas.

A ocupação do centro-oeste
A oeste do território brasileiro uma aventura, desbravada pelos Bandeirantes
paulistas, trouxe a corte portuguesa uma solução econômica. A descoberta das
minas nas regiões de Minas Gerais (bandeira de Antônio Rodriues Arzão, em
1695), e posteriormente em Goiás e Mato Grosso, iniciou o ciclo do ouro no
Brasil, tornando uma terra essencialmente agrícola em uma região de
exploração. O interesse lusitano pelo que Sergio Buarque de Holanda chamou
de: “colher o fruto, sem plantar a árvore”, atraiu centenas de milhares de
imigrantes a nossas terras, saltando de uma população estimada em 300 mil, para
cerca de 3 milhões. Nossos centros urbanos se expandiram, a capital, na época do
açúcar Salvador, foi mudada para o Rio de Janeiro, e a soberania Portuguesa
frente aos Espanhóis nunca foi tão grande

A ocupação do sul
Com o fim da União Ibérica, o aumento de concorrentes na produção de açúcar e
a balança comercial portuguesa cada vez mais desfavorável, em grande parte
devido a importação de tecidos e produtos manufaturados da Inglaterra,
Portugal se viu na necessidade de recorrer aos seus antigos hábitos
mercantilistas. Em uma desesperada ação em busca de ouro e prata resolveram
criar a Colônia de Sacramento, em 1680, à margem leste do Rio da Prata. O
território a oeste já era dominado por espanhóis desde 1580 quando da
fundação de Nuestra Señora del Buen Aire. Diferente do crescimento gradual da
região norte, a escalada no Sul foi drástica e a soberania espanhola na região era
evidente. Enquanto o porto espanhol mais próximo estava a apenas um dia de
navegação, atravessando o Rio da Prata, o centro lusitano de Santa Catarina
estava a sete dias de barco. Ao norte de Sacramento, onde hoje está localizado o
oeste gaúcho, foi fundada por padres jesuítas espanhóis a região do povo das
Sete Missões. Os dois territórios sofreram com disputas e mudaram de Coroa
diversas vezes, sendo sua posse definida pelos diversos tratados assinados ao
longo do século XVIII.

Tratados de Limites Territoriais


Tratado de Tordesilhas (1494)
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O processo de delimitação territorial do que viria a ser o território brasileiro teve


início antes ainda da chegada dos europeus a este continente. Ainda no ano de
1494, o Tratado de Tordesilhas, celebrado pelo então papa Espanhol Alexandre
VI, determinou que uma linha meridional seria traçada no globo, dividindo todas
as terras entre Espanha, a oeste da linha, e Portugal, a leste da linha. Com a
chegada de Cabral à ilha de Vera Cruz, pouco se explorou dos territórios nos
primeiros anos. Como principal fonte econômica os portugueses retiravam o
pau-brasil de nossas costas, utilizando mão de obra indígena em troca de alguns
utensílios, prática conhecida como escambo.

Tratado de Madri (1750)


Comandado em grande parte por Alexandre de Gusmão, nele eram propostas
divisões territoriais entre os reinos Ibéricos. A Espanha ficaria com a Colônia de
Sacramento e Portugal afirmaria sua soberania na Amazônia e no Centro-Oeste,
além de receber da Espanha a região dos Sete Povos das Missões, região a oeste
do Atual Rio Grande do Sul, explorada por Jesuítas. Com exceção de alguns
territórios anexados já no século XIX, a região delimitada pelo Tratado de Madri
muito se assemelha com nosso território nos dias de hoje.

Contrário ao acordo firmado em 1750, e graças a morte do Rei José I, Marques


de Pombal ganhou poder em Portugal. Como muitos dos comerciantes lisboetas,
que lucravam com o contrabando de prata em Sacramento, Pombal era contra
entregar a região aos espanhóis e por vezes usou de subterfúgios, por exemplo,
declarar que a os Sete Povos das Missões não tinha sido completamente
desbravados e que ali ainda existiam muitos indígenas hostis. Este tipo de atitude
colocou em dúvida e real propensão portuguesa a cumprir com o acordo e levou
a mais alguns anos de disputa entre os países Ibéricos.

O Tratado de Madri foi o documento responsável por legalizar boa parte das
posses de territórios brasileiros que, atualmente, correspondem aos estados do
Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Amazônia, regiões situadas a ocidente da linha
de Tordesilhas; remarcou o meridiano de referência para a linha imaginária que
divida os dois territórios( Espanhol e Português), de 100 para 370 léguas a oeste
de Cabo Verde. Esse tratado dividiu um continente, uma situação sem
precedentes no Direito Internacional, fixando os limites do Brasil e as fronteiras
dos dez Estados vizinhos.

Tratado de El Pardo (1761)


Em 1761, Espanha e Portugal assinaram o Tratado de El Pardo, cancelando o
Tratado de Madri e todos os atos dele decorrentes. Voltava-se, em tese, às
incertezas da divisão de Tordesilhas, mas, na prática, nenhuma nação pretendia
renunciar a suas conquistas territoriais ou a seus títulos jurídicos. Assim, no
período pombalino foram construídos grandes fortes nas fronteiras do Brasil,
como Macapá, São Joaquim, Tabatinga, Coimbra e Príncipe da Beira. Considera-
se que o Tratado de El Pardo era apenas uma pausa enquanto se aguardava uma
conjuntura favorável a um novo acordo sobre os limites territoriais das colônias. 

Tratado de Santo Ildefonso (1777)


Em 1777, após anos de conflitos na região leste do Rio da Prata os portugueses
se viram obrigados a firmar mais um acordo, desta vez o Tratado de Santo
Ildefonso. Devido ao enfraquecimento de Portugal, que não podia contar mais
com a ajuda de sua usual aliada Inglaterra, abriram mão não só da Colônia de
Sacramento, como também da região do leste do Rio Uruguai e de mais algumas
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colônias na África. Diferente do Tratado em Madri, o de Santo Ildefonso não
havia sido oficializado, nem praticado de fato, portanto seu caráter foi mais
político do que efetivamente geográfico.

Tratado de Badajoz (1801)


Com o fim do ciclo do ouro e a Guerra das Laranjas na Europa, surgiu o Tratado
de Badajoz, que devolvia a Portugal a região dos Sete Povos das Missões, que
nunca deixou efetivamente de ser portuguesa, e reafirmava a soberania
espanhola no Rio de Prata, que embora ameaçada durante o Império de D. Pedro
I, com a Guerra da Cisplatina, nunca voltou a pertencer aos portugueses.

Leia mais
A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750 – 2016 Rubens Ricupero

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