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EM FOCO
Experis
«Estamos a entrar numa
nova Human Age»
HR TALKS
Good Training
Desenvolver competências:
um tema de todos
APROVEITAR O POTENCIAL
DOS GESTORES DE PESSOAS
NA ADOPÇÃO DA IA
ENTREVISTA GESTORA DE PESSOAS BARÓMETRO EM DIRECTO
Uma verdadeira
assinaturas@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 400 · Fax. 210 123 444
1 Ano (Portugal) – 41,00 Euros
Nº Registo ERC 125841 · Depósito Legal 312131/10 · ISSN 1647-7472
Tiragem média 14.000 exemplares · Periodicidade Mensal
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encruzilhada...
Rua do Galhano, n.º 15 – 4480-089 Vila do Conde
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Quinta do Grajal – Venda Seca – 2739-511 Agualva Cacém
Estatuto Editorial
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uando tentamos elaborar quais serão as perspectivas e ten- Morada da Sede, Editor e Redacção
Rua Cidade de Rabat, n.º 41 B – 1500-159 Lisboa
dências que vão marcar os próximos tempos neste ecossis- Tel. 210 123 400 · Fax. 210 123 444 · geral@multipublicacoes.pt
tema da Gestão de Pessoas, apercebemo-nos de que a lista vai NIPC: 506 012 905 · CRCL: 11061
Conselho de Administração
crescendo, tornando-se cada vez mais extensa, tal a complexi- Ricardo Florêncio – CEO
dade crescente do contexto em que se integra. E quando se ten- Assistente de Direcção
Michelle Herculano · michelle.herculano@multipublicacoes.pt
ta definir o que cada um implica, percebe-se que os temas es- Tel. 210 123 400
tão tão interligados uns aos outros, e que, na verdade, se tor- Comercial e Publicidade
Tel. 210 123 413 · Fax. 210 123 444 · publicidade@multipublicacoes.pt
na quase impossível estabelecer algum tipo de ordem de prioridades. Margarida Sousa (Directora de Publicidade)
Pode-se assim afirmar que estamos mesmo perante uma encruzilhada. As margarida.sousa@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 413
Gestores de Conta
transformações que os modelos de trabalho trouxeram às organizações, a Tânia Rodrigues · tania.rodrigues@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 441
introdução de todo o tipo de inteligência artificial, o desenvolvimento tec- Paula Cristina Leitão · paula.leitao@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 424
Marketing e Comunicação
nológico, a necessária formação e adequação das pessoas a novas realidades, marketing@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 441
o modo como as lideranças lidam – ou não conseguem lidar – com todas estas Filipa Pereira (Marketing Manager) · filipa.pereira@multipublicacoes.pt
Tel. 210 123 412
mudanças são apenas algumas das “estradas” que estamos a percorrer. A Paula Rodrigues (Events Manager) · paula.rodrigues@multipublicacoes.pt
Tel. 210 123 441
questão da fiscalidade, os salários, a atracção dos talentos, a motivação ou Sónia Almeida (Marketing Assistant) · sonia.almeida@multipublicacoes.pt
o combate à desmotivação, a falta de mão-de-obra generalizada são outras. Tel. 210 123 418
Francisca Garcias (Marketing Assistant) · francisca.garcias@multipublicacoes.pt
Mais ainda: o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional, as diversas Tel. 210 123 432
questões da saúde-mental... São muitos os ângulos presentes no dia-a-dia das Financeira e Administrativa
Teresa Vultos · teresa.vultos@multipublicacoes.pt (Manager)
empresas, e que é preciso que não caiam em “ângulo morto”. Marisa Silvestre · marisa.silvestre@multipublicacoes.pt (Assistente)
A lista de temas é infindável. E tudo isto num clima de incerteza, em que Operações
José Sousa (Operations Manager) · (jose.sousa@multipublicacoes.pt)
as empresas perspectivam o seu futuro com alguma moderação e outras Tel. 210 123 464
mesmo apreensão, pois os resultados têm de continuar a aparecer, e a pro- Proprietários com mais de 5% do Capital Social
AMLC, SA · Gonçalo Dias · Manuel Lopes da Costa · Ricardo Florêncio
dutividade continua a assumir um papel deveras importante.
Sim, estamos perante uma encruzilhada, e todos temos de estar em-
penhados em trazer as melhores soluções.
PESSOAS EM
ESTADO LÍQUIDO
e acredito que continuaremos a mudar cias que sejam adaptáveis, que possam
à medida que a nossa envolvente tam- ser facilmente transferíveis e aplicáveis
Ana Porfírio bém se altera. O mundo globalizado em a diferentes contextos.
Directora de Recursos plena interconexão, onde uma mudan- O “Liquid Learning”, outro concei-
Humanos da Jaba Recordati ça numa determinada geografia impacta to emergente e complementar às “Li-
O
rapidamente todo o globo, entrou em “to- quid Competences”, aponta para abor-
sociólogo Zygmunt Bauman lerância zero” para com pessoas e orga- dagens mais flexíveis e adaptáveis à
introduziu o conceito de “mo- nizações cristalizadas ou “sólidas”. A aprendizagem e formação, que deve ser
dernidade líquida” no final do metáfora do “Efeito Borboleta” nunca foi entendida como necessária ao longo de
século XX para descrever a tão real e de impacto tão rápido e trans- toda a vida de trabalho. Isto implica a
instabilidade e a incerteza patente numa versal como hoje. utilização de diferentes formas de trans-
sociedade caracterizada pela mudança Por todos estes motivos, as organiza- ferência de conhecimento, tecnologias,
constante e a forma como nos afecta a ções necessitam de arquitecturas e es- meios e metodologias, o que permitirá
todos enquanto seres sociais. truturas cada vez mais “líquidas”, assim uma aprendizagem mais personaliza-
Esta expressão, “líquida”, é utiliza- como uma força de trabalho também ela da e fluída.
da de forma metafórica para ilustrar a “líquida”, onde a capacidade de cada pes- Enquanto gestores de Pessoas, temos
mudança das instituições, estruturas so- soa e das organizações carece de adap- o desafio de promover esta transição do
ciais e outras, de um posicionamento es- tações rápidas às mudanças, sejam elas “sólido” para o “líquido” nas nossas prá-
tável ou “sólido” para um estado fluído, de contexto, tecnológicas, de mercado ou ticas de gestão, políticas, procedimen-
ou “líquido”, sujeito a mudanças rápi- novas capacidades. tos e planos, e aí permanecer, porque o
das e constantes. A emergência de “Liquid Competen- líquido chega a lugares onde o sólido não
No que à Gestão de Pessoas diz respei- ces” é fundamental, uma vez que estas per- chega, consegue influenciar e impactar
to, entendo que nos encontramos peran- mitem que as pessoas e organizações na- os outros, as equipas, a organização, o ne-
te a necessidade desta liquidificação. veguem e tenham sucesso nestes ambien- gócio, o mercado e até o contexto de for-
Quando pensamos nos efeitos dos tes dinâmicos e incertos. mas que o sólido não consegue. Acima
acontecimentos dos últimos anos e do Num mundo em rápida mudança, a de tudo, capacita-nos para a gestão da
presente na forma como consumimos, es- capacidade de aprender, desaprender e mudança e para a gestão do desconhe-
tamos em sociedade, trabalhamos e ge- reaprender torna-se crucial. Pessoas e cido que acredito ser cada vez mais o
rimos, verificamos enormes alterações, organizações necessitam de competên- nosso dia-a-dia.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL:
A REDEFINIÇÃO DO PAPEL
DO GESTOR DE PESSOAS
A inteligência artificial desempenha um papel cada vez mais crucial
nos processos empresariais, e também na Gestão das Pessoas.
A questão que se coloca é se a IA pode colocar em risco a relevância
dos gestores de Pessoas, ou se ela redefine o seu papel.
A
ser totalmente programáveis. felicidade, ao permitir libertar tempo para
inteligência artificial (IA), No cenário actual, onde o digital e o actividades mais significativas?
longe de ser uma ameaça, físico não são só complementares, mas Nesta nossa caminhada, onde vamos
deverá ser vista como uma parecem caminhar numa intensa sim- reflectindo sobre o significado da vida, a
ferramenta valiosa pela sua biose, a gestão das pessoas tem espaço busca pela felicidade e a importância do
capacidade de automatizar tarefas roti- para evoluir para uma nova era de com- equilíbrio nas escolhas que fazemos, ter-
neiras e repetitivas, permitindo que os preensão emocional, relacionamento in- mino igualmente com Epicuro: «Não é
gestores direccionem a sua atenção para terpessoal e propósito partilhado. O ges- o homem que tem muito, mas o homem
actividades mais estratégicas e de maior tor de Pessoas é fundamental para lidar que aprecia o que tem, que é verdadei-
valor. Adicionalmente, oferece insights com questões complexas e delicadas em ramente rico.»
valiosos sobre o desempenho dos colabo-
radores, sobre as suas necessidades e pre-
ferências, possibilitando aos gestores to- A IA não substitui o papel humano na
marem decisões mais informadas, perso-
nalizadas e impactantes.
gestão das pessoas, mas vem redefini-lo,
Assim, a IA não substitui de todo o pa-
pel humano na gestão das pessoas, mas
permitindo uma maior concentração
vem redefini-lo, permitindo uma maior na gestão de emoções e propósito.
concentração na gestão de emoções e pro-
pósito do que em processos operacionais.
são Alumni
Ninguém tem os números do ISEG Mestrados
Curioso, não é? 4 em 10 dos CEOs das maiores instituições financeiras em PT são
Alumni do ISEG. E isto para não falar num outro número, tão ou mais curioso, no qual
o ISEG também vai à frente, por assim dizer: ex-ministros das finanças. Um campeonato,
de resto, no qual já levamos dois... de avanço, digamos assim. Mas enfim, com uma
das maiores e mais diversificadas redes globais de antigos alunos em Portugal e no
mundo, estávamos à espera do quê?
iseg.ulisboa.pt
Conselho
Editorial
P
ara contextualizar, à pergunta “as lideranças estão ser bem-sucedido no trabalho é preciso ter um título de lide-
preparadas para enfrentar os desafios que se avizi- rança». E «andámos a promover profissionais que eram muito
nham?”, 40% responderam que “não, só uma mino- bons tecnicamente, mas sem avaliar as suas competências de
ria”, 38% disseram que “sim, mas a maioria vai pre- liderança, sendo que uma coisa não implica a outra». Depois de
cisar de actualizar as competências”, e 2% respon- se concluir que uma pessoa não tem perfil de liderança, «não há
deram que “não”. Reconhece-se que são percentagens preocu- muitos mecanismos para voltar atrás». Assim, defende-se criar
pantes, mas nada que espante os profissionais à volta da mesa – e novas formas de valorizar as pessoas e as suas carreiras, sem
será também importante fazer notar que o painel do Barómetro ser através da atribuição de uma função de chefia. «Não é fá-
Human Resources é maioritariamente constituído por grandes cil, porque, principalmente quem entra agora, quer uma pro-
empresas. E não espanta porque «as exigências estão a mudar cada gressão muito rápida.»
vez mais depressa», e «são precisas novas competências» e «no- O último almoço de 2023 do Conselho Editorial da Human
vas formas de gerir». Por outro lado, «nota-se alguma resistên- Resources realizou-se no Vila Galé Ópera, em Lisboa. Esti-
cia e falta de preparação para gerir as gerações mais novas, que veram presentes os conselheiros: Ana Gama Marques (Altice),
têm outra forma de estar no trabalho». Em outras lacunas, iden- Ana Porfírio (Jaba Recordati), Catarina Tendeiro (Hovione),
tifica-se a «dificuldade em dizer “não” e em dar “más notícias”». Nuno Troni (Randstad), Pedro Rocha e Silva (Neves de Al-
Não menos importante é o facto de ainda termos uma cul- meida HR Consulting), Sara Silva (L’Oréal), Susana Silva (El
tura muito focada no título, «continua a achar-se que para se Corte Inglés) e Vanda de Jesus (iCapital).
Radar
O
um aumento acentuado de 23 pontos
s dados são do Manpower- de +57%. Esta é a mais elevada no sector percentuais relativamente ao mesmo pe-
Group Employment Outlook português das TI em oito trimestres, re- ríodo do ano passado.
Survey e reflectem uma pro- montando ao primeiro trimestre de 2022 Os empregadores do sector da Indús-
jecção para a criação líquida (+67%). Globalmente, Portugal revela-se, tria Pesada e Materiais, revelam também
de emprego de +28% para o primeiro tri- assim, o terceiro país com a maior projec- intenções de contratação sólidas, com uma
mestre do próximo ano. Este valor, já ajus- ção neste sector, superando a média glo- projecção a situar-se nos +24%, uma des-
tado sazonalmente, traduz uma descida bal em 21 pontos percentuais. cida de 12 pontos percentuais face aos três
de sete pontos percentuais face ao trimes- O segundo sector mais optimista é o meses anteriores, mas um aumento 11 pon-
tre anterior, mas um aumento considerá- dos Serviços de Comunicação, com uma tos percentuais, na comparação com a
vel de 16 pontos percentuais quando com- projecção de +50%, que traduz uma subi- projecção do primeiro trimestre de 2023.
parado com o período homólogo de 2023. da considerável, de 12 pontos percentuais, Com a projecção menos optimista, o
Estes valores posicionam Portugal relativamente ao trimestre anterior, e de sector dos Bens e Serviços de Consumo
dois pontos percentuais acima da média 32 pontos percentuais, quando compa- fixa-se nos +14%, registando uma redução
global e cinco pontos percentuais acima rada com o período homólogo de 2023. de 12 pontos percentuais face ao quar-
da região EMEA (Europa, Médio Oriente O sector dos Transportes, Logística e to trimestre de 2023. Em contrapartida,
e África). Portugal é, no entanto, o 5.º Automóvel avança igualmente com pers- este valor revela um aumento acentua-
país a apresentar a maior redução tri- pectivas animadoras quanto à criação de do de 22 pontos percentuais relativamen-
mestral a nível global e o 2.º a nível da re- emprego, sinalizando uma projecção ro- te ao período homólogo de 2023, quando
gião EMEA. busta, de +36%. Este valor traduz, no en- o sentimento dos empregadores face à
tanto, uma redução de 13 pontos percen- evolução no consumo tinha atirado a pro-
POR SECTOR tuais face ao trimestre anterior, sendo jecção para valores negativos, com -8%.
Os empregadores dos nove sectores ana-
lisados em Portugal esperam aumentar
as suas equipas nos primeiros três meses
de 2024, mas apenas três apresentam in-
tenções de contratação mais optimis-
tas quando comparadas com as do tri-
mestre anterior.
É o sector das Tecnologias da Infor-
mação que apresenta as intenções de con-
tratação mais dinâmicas, com uma pro-
jecção para a criação líquida de emprego
SALÁRIOS
OS PAÍSES EUROPEUS COM OS SALÁRIOS
MAIS ALTOS (E MAIS BAIXOS)
Suíça e Islândia são dois dos países com salários mais elevados na UE e na zona euro,
enquanto a Bulgária e a Roménia têm as remunerações mais baixas, noticia o Euronews.
Apesar de uma forte legislação laboral europeia, quando se No seu relatório, o Eurostat destaca que o custo horário
trata de salários e remunerações entre os Estados-Membros médio da mão-de-obra na UE foi de 30,5 euros. Os salários
da UE, ainda existem variações significativas. De acordo com médios anuais dos trabalhadores solteiros sem filhos ascen-
o Eurostat, em 2022, o salário médio anual variou entre 106 deram a 26 136 euros. Já os casais que trabalham e têm dois
800 euros na Suíça e 12 900 euros na Bulgária. filhos ganham em média 55 573 euros anuais. O gap salarial
Em 2022, os países que pagaram mais foram a Suíça (106 não ajustado entre homens e mulheres era de 12,7% em 2021,
800 euros), a Islândia (81 900 euros), o Luxemburgo (79 900 sendo a maior disparidade observada na Estónia, com 20,5%,
euros), a Noruega (74 500 euros) e a Bélgica (70 200 euros), e a menor no Luxemburgo, com -0,2%.
enquanto no lado oposto estão a Bulgária (12 900 euros), a Os sectores mais bem pagos são o financeiro, seguros, ener-
Roménia (14 500 euros), Croácia (17 800 euros), Hungria (18 gia, mineração, tecnologias da informação, retalho e educação.
200 euros) e Polónia (18 100 euros). Portugal está em 19.º lugar No outro extremo, os sectores com salários mais baixos ten-
da tabela com um salário médio anual de 26 mil euros. dem a ser os de apoio administrativo, hotelaria e construção.
NOTÍCIAS DIÁRIAS EM
www.hrportugal.pt
Radar
C
Em resposta ao interesse das empre-
onsiderando apenas as cida- O ranking, que avalia os aspectos práti- sas pela sustentabilidade, a Mercer clas-
des europeias, Lisboa é a 24.ª cos do quotidiano dos expatriados e das suas sificou nesta edição do Ranking de Quali-
cidade europeia com melhor famílias que trabalham fora do seu país dade de Vida as cidades mais amigas do
qualidade de vida enquanto o de origem, realça ainda mais a reputação da ambiente do mundo. Camberra, Oslo, Ade-
Porto ocupa a 33.ª posição. Suíça de proporcionar uma qualidade de laide, Helsínquia e Otava obtiveram clas-
De acordo com o ranking da Mercer, vida superior, com duas cidades no top 5. sificações elevadas devido a uma série de
para o posicionamento global de Lisboa e Vancouver (oitava posição no ranking esforços recentes em matéria de sustenta-
Porto contribui o facto de Portugal en- global) é a cidade com melhor classificação bilidade, incluindo medidas eficazes para
frentar uma crise habitacional, agravada na América do Norte este ano, proporcio- reduzir a poluição atmosférica e melhorar
pela escalada da inflação, que leva a uma nando aos seus residentes uma mistura a disponibilidade e a potabilidade da água.
oferta limitada de imóveis para arrenda- única de actividades de lazer ao ar livre e Na lista de cidades mais amigas do am-
mento, tendo-se tornado difícil encontrar vida cosmopolita, contribuindo para o seu biente, Lisboa e Porto surgem na 45.ª e 67.ª
alojamento a preços acessíveis. estilo de vida de alta qualidade posição, respectivamente.
A JORNADA DO INTRAEMPREENDEDOR
A
prendi, aos 12 anos, a jogar xa- qual Rei e Rainha descem do seu pedes- tagem; os intraempreendedores têm a
drez. Não porque fosse uma tal e entendem a necessidade de um es- coragem para desafiar o status quo, mo-
tradição de família, mas por- forço colectivo. vendo-se com audácia para explorar no-
que suscitou a minha curio- Tal como um tabuleiro apresenta qua- vas ideias e abordagens.
sidade. Corri para a Feira do Livro e com- tro lados, pode ser feito um paralelismo É preciso encorajar as lideranças a enca-
prei o “Xadrez sem Mestre”, ainda sem sa- entre as competências fundamentais do rar as organizações como tabuleiros vivos,
ber que a isto se chamaria, anos mais tarde, jogador de xadrez e do colaborador intra- nas quais cada movimento estratégico pro-
ser autodidacta. Hoje, entendo a impor- empreendedor em quatro passos: 1) Visão move uma cultura intraempreendedora.
tância de saber jogar o jogo corporativo estratégica: um hábil jogador de xadrez Não esperemos sentados pelos Cavalos de
e do quão importante é pensar de forma antecipa os movimentos dos adversários, Tróia. A liderança, qual mestre xadrezis-
estratégica e de ter capacidade de ante- planeando estrategicamente cada jogada; ta, deve saber “preparar o terreno” (o ta-
cipação de problemas. Ou de, pelo menos, colaboradores empreendedores têm uma buleiro) e orquestrar os movimentos estra-
os resolver quando estes surgirem. visão estratégica, antecipando desafios e tégicos para optimizar o potencial de cada
Há pouco tempo, voltei a jogar xadrez, identificando e explorando oportunidades peça. Com possibilidades de movimentação
desta vez influenciada pela Netflix e pelo para a empresa; 2) Capacidade de rápida diferentes, como na vida real, uns “mais a di-
“Gambito de Dama”. Há que saber fazer adaptação: no xadrez, a habilidade de adap- reito”, outros pelas “diagonais”, cada peça
certos sacrifícios, claro. Dei por mim a pen- tação às mudanças no tabuleiro é crucial ocupará a sua posição e terá o seu papel.
sar como o xadrez, enquanto jogo clássico para se superarem desafios inesperados; O jogo do xadrez e o intraempreende-
e intemporal, espelha a complexidade e a os colaboradores empreendedores adap- dorismo entrelaçam-se como aliados indis-
diversidade dos tempos modernos, que ac- tam-se rapidamente às mudanças no am- pensáveis. Ao adoptarem esta abordagem
tualmente se vive nas organizações. Cada biente empresarial, transformando os de- integrativa, as empresas tornam-se mestres
colaborador, é (ou, melhor dizendo, deve- safios em oportunidades: 3) Versatilidade na arte do crescimento sustentado, alicer-
ria ser) uma peça fundamental no tabu- e inovação: no xadrez, diferentes peças, tal çado na melhoria contínua, num registo
leiro, contribuindo com o seu chá – leia-se como os cavalos, destacam-se pela versa- de constante proactividade e ousadia.
conhecimento, habilidades e atitudes. tilidade de movimentos, explorando dife- Todos aos seus lugares e que comece
O jogo intraempreendedor deve fundir rentes trajectórias; os intraempreendedo- a partida! E se... se começasse a ensinar a
“o lado bom” da tradição com “o melhor res são pessoas versáteis, explorando no- jogar xadrez, nas organizações?
lado” da inovação. Identificando potenciais vas abordagens, nem sempre lineares, e
Cavalos de Tróia e definindo estratégias trajectórias inovadoras para resolver pro-
Rita Oliveira Pelica
que permitam a todos os ”peões” (cavalos, blemas; 4) Coragem e audácia: no xadrez, Chief Energy Officer ONYOU
bispos e torres incluídos) dar o seu con- um jogador corajoso arrisca, movendo as & Portugal Catalyst – The
tributo. Esta é uma visão colaborativa, na suas peças com audácia para ganhar van- League of Intrapreneurs
DICAS DIVERSIDADE
COMO INCLUIR
CINCO FORMAS DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA NA
MELHORAR O EMPLOYEE ORGANIZAÇÃO
EFICAZMENTE
ENGAGEMENT
Através da investigação, a Ac-
Segundo o último estudo da Gallup, 44% dos trabalhadores centure e a Disability:IN, organi-
zação que promove a igualdade,
de todo o mundo afirmam estar stressados. Ainda que o desenvolveram uma estrutura
pico tenha sido alcançado em 2021, os níveis de stress para ajudar os líderes empresa-
já vinham a aumentar há uma década. Assim, cresce a riais a tornarem-se mais inten-
cionais relativamente à inclusão
importância de melhorar o employee engagement. de pessoas com deficiência.
A
vem eliminar as barreiras e pro-
pesquisa mostra que os tra- porcionar igualdade de acesso às
balhadores empenhados têm oportunidades de emprego para
menos probabilidades de de- pessoas com deficiência, incluin-
do o recrutamento, a contratação
clarar sentir stress do que os e a progressão na carreira.
colegas menos empenhados, o que signi-
fica que as organizações devem concen- 2. Sensibilização: Os líderes de-
trar-se no engagement. vem aumentar a conscienciali-
zação sobre as deficiências para
que as organizações possam fo-
Fale com os gestores mentar uma cultura de empatia
Os gestores têm mais probabilidades de e respeito, desafiar os estereó-
se sentirem esgotados e desmotivados do tipos e promover também uma
que as suas equipas. Certifique-se de que Dê prioridade à promoção da missão mentalidade mais inclusiva entre
os colaboradores.
estão mentalmente bem para o novo ano: e do objectivo
R Melhore a comunicação da direcção; Os colaboradores remotos têm uma liga- 3. Defesa: As organizações de-
R Forme e desenvolva os gestores; ção cada vez menor à organização. Isto vem criar um ambiente em que
R Estabeleça um apoio de coaching para significa os gestores excepcionais devem as pessoas se sintam à vontade
para revelar as suas deficiências
evitar o burnout, como por exemplo uma comunicar claramente a missão e o objec-
e formar redes de colaborado-
conversa semanal; tivo da organização, associando-os ao tra- res, ajudando a amplificar as suas
R Crie uma comunidade de responsabi- balho diário de cada membro da equipa. vozes e a garantir que as suas
lidade partilhada. perspectivas são ouvidas.
Avalie o engagement
4. Acção: Ao integrar várias ini-
Prepare os gestores para terem conversas Isso indica aos colaboradores que se preo- ciativas de inclusão de pessoas
importantes com os colaboradores cupa com o seu feedback. Um inquérito so- com deficiência sob uma única
Eis as cinco principais características bre o engagement ajudará os colaborado- égide, as organizações podem
deste tipo de conversas: res a comunicar as suas necessidades e os garantir que trabalham em har-
monia para criar um local de tra-
R Reconhecimento ou apreciação; gestores a saber a que necessidades de-
balho mais acessível e equitativo.
R Colaboração e relacionamentos; vem dar prioridade.
R Objectivos e prioridades actuais 5. Responsabilidade: As orga-
no trabalho; Tome medidas com base nos resultados nizações devem ser capazes de
R Duração: entre 15 e 30 minutos, mas do inquérito
medir o seu progresso e partilhar
o que aprenderam para demons-
apenas se acontecer com frequência; É necessário agir com base nos resulta- trar o seu empenho e dedicação
R Pontos fortes do colaborador ou as dos obtidos, caso contrário poderá cau- à melhoria da inclusão de pes-
tarefas que faz bem. sar mais danos do que benefícios. soas com deficiência.
Em 1988, Henk Ro- da União Soviética. Decide ir até lá para o apoio da família. Ela estimula-o a con-
gers, um neerlan- falar com ele e resolver tudo “cara a cara”, tinuar, apesar das falhas, motivando-o a
dês residente nos pois uma companhia britânica ligada ao tentar reforçar a vida familiar através do
Estados Unidos da magnata dos mass media Robert Maxwell projecto profissional, e é graças à sua mu-
América (EUA) e também estava interessada em ficar com lher que consegue no início um financia-
a trabalhar para o jogo em sua posse. mento importante; o segundo factor é o
uma empresa de A sua ida à Rússia em pleno período da saber fazer aliados onde menos seria de
jogos electrónicos, Guerra Fria vai ser um desafio, que con- esperar, tratando as pessoas com respei-
vai até Las Vegas segue vencer graças às conversas que in- to. Neste caso, uma funcionária do regi-
para uma feira na siste em manter. Quando fala com o cria- me soviético, maltratada e humilhada pe-
área de produtos para computadores, dor do jogo, dá-se conta de que ambos las chefias, não hesitará em apoiar Henk
software e electrónica. De repente, vê o partilham das mesmas ideias. Ganham a ao constatar que o que ele pretende é ho-
Tetris a funcionar, fica estupefacto e de- confiança um do outro, e só juntando os nesto e, além disso, sabe que ao ajudá-lo
pressa percebe o potencial daquele jogo, esforços ultrapassam os obstáculos cria- levará à queda dos seus superiores, afas-
por ser intuitivo, de fácil compreensão dos pela polícia secreta, o KGB, conseguin- tando esses corruptos do país.
e de simples execução. do a concordância do responsável da em- No final, ainda consegue que Alexei
O protagonista lança então um plano presa estatal. Pajitnov venha viver com a sua família
de acção que é uma autêntica lição para Além disso, Henk Rogers decide ir para os EUA. A partir daí, lançam-se em
quem se dedica aos negócios: identifica também ao Japão falar com o CEO da Nin- mais iniciativas.
os objectivos e desenha uma estratégia tendo. Explica claramente a sua visão. Se algo fica patente neste filme é o
por etapas para alcançar essas metas. É genuíno e franco. Ao saber que a em- valor das ideias. Por isso, num diálogo
Define como prioridade conseguir os di- presa se prepara para lançar uma novi- há uma frase que é essencial: as ideias
reitos desse jogo e depois desenvolvê- dade, o Game Boy, sugere que se colo- não têm fronteiras. Com efeito, contando
-lo, comercializá-lo e distribuí-lo em lar- que no aparelho o Tetris. Arrisca e a sua com as pessoas certas, adquirem asas
ga escala através de alguma empresa que proposta é aceite. O sucesso é imediato para voar.
acreditasse no produto de forma tão sin- e avassalador!
cera como ele. Para que todo este êxito seja possível,
Paralelamente, descobre que o autor o filme revela dois factores que podem Paulo Miguel Martins
Professor da AESE Business School
do Tetris é Alexei Pajitnov, um russo que parecer menores, mas que serão decisivos: e investigador nas áreas de Cinema,
trabalha em Moscovo para uma empresa o primeiro é o próprio Henk contar com História, Comunicação e Mass Media
D
É fundamental investir na prontidão
e acordo com o estudo desen- Com base no estudo, foram identifi- dos responsáveis de RH para enfrentar os
volvido recentemente pela cados os principais desafios que traçam desafios estratégicos, delineando um plano
Odgers Berndtson em Por- o caminho que as equipas de RH terão de desenvolvimento ajustado às necessida-
tugal, 61% dos responsáveis de percorrer, reflectidos em cinco gran- des empresariais. Este plano deverá englo-
destas equipas reportam hoje ao CEO des prioridades para o futuro: bar o reforço na gestão, a utilização de data
(Chief Executive Officer), sendo que, no driven insights, o envolvimento em iniciati-
passado, reportavam maioritariamente Garantir uma agenda estratégica orien- vas estratégicas, o acompanhamento das
ao CFO (Chief Financial Officer). Boas tada para o negócio, onde o CHRO (Chief tendências do sector e a colaboração estreita
notícias para as organizações e as suas Human Resources Officer) assume a respon- com líderes de negócios para compartilhar
pessoas – esta mudança é a oportunida- sabilidade compartilhada pela gestão de responsabilidades na gestão de talentos.
de para colocar o talento na agenda es- talentos e pelo desenvolvimento de futuros Em suma, os executivos de Gestão de
tratégica das organizações. líderes, alinhando os indicadores-chave Pessoas devem ser líderes de negócio, ca-
No modelo de liderança da Odgers de desempenho (KPI) de RH com os objec- pazes de construir e contribuir para a dis-
Berndtson, são identificadas três res- tivos estratégicos. Esta mudança requer cussão estratégica da organização. É isso
ponsabilidades principais de um líder es- uma revisão crítica dos KPI para reflectir a que os CEO esperam de um líder de RH:
tratégico: antecipar o futuro, inspirar pes- verdadeira aliança entre os RH e o negócio. ter a mesma visão de negócio que o resto
soas e entregar resultados sustentados. da equipa executiva.
Segundo o estudo, muitos dos líderes de Empoderar a área de Recursos Huma-
RH reconhecem que a maior parte do seu nos, através de uma visão clara para o
tempo ainda é dedicado à “entrega” de re- futuro, liderando fóruns de talentos es- Maria João Gomes
sultados de curto prazo e à resposta às tratégicos, e garantir a tomada de decisão Partner na Odgers
pressões do negócio. baseada em dados concretos, assumindo Berndtson Portugal
«A confiança é
chave no negócio.
E são as pessoas
que a criam»
Juan Olivera chegou à função de CEO – e a Portugal – há pouco mais de um
ano. Tem claros os desafios, bem definidos os objectivos e uma certeza: as
pessoas são a pedra basilar da estratégia da Ericsson. Marca presente no
mercado global há quase dois séculos, distingue-se pela inovação e confiança.
E ambas se devem às pessoas. POR Ana Leonor Martins | FOTOS Nuno Carrancho
D
efendendo que o tema das pessoas é um entre o que os profissionais mais valorizam actualmente numa
tema de negócio, Juan Olivera partilha uma empresa, e «a Ericsson tem isso», garante. Já em relação ao
“inquietação” que tem enquanto CEO: a que valoriza nas pessoas, salienta o que é «mais difícil de en-
prevalência do teletrabalho. Não que seja contrar e desenvolver»: o desejo de aprender, de ir mais longe.
contra – que, de todo, não é –, mas alerta para
as consequências de longo prazo, se não encontrarmos um Estava na Ericsson Iberia desde 2011. Como encarou o desafio
maior equilíbrio. A sua preocupação tem sobretudo a ver com a de vir liderar o negócio em Portugal?
cultura organizacional, o ADN que distingue a Ericsson e que Sim, estava em Espanha, como CFO [Chief Financial Officer].
vive das relações criadas ao longo de décadas. Faz notar que o Mas sempre estive muito próximo do negócio. Antes de entrar
conceito de jornada cultural da Ericsson tem cinco pilares di- na Ericsson, trabalhava em consultoria e depois continuei a
ferentes e, desses, quatro têm a ver com pessoas: tomar de- carreira na área Financeira, mas a parte do negócio sempre foi
cisões corajosas, baseadas em factos; criar um ambiente de diá- muito atractiva para mim. Surgiu esta oportunidade, e Portu-
logo; maior colaboração e cooperação; mostrar empatia e huma- gal é um país “amigável”. É perto, é semelhante, a comida é
nidade (o quinto é executar de forma célere). É precisamente a boa, o clima também, as pessoas... E a dinâmica do negócio
empatia, humanismo, ética e integridade que acredita estarem não é assim tão diferente. Por isso, pareceu-me uma excelente
oportunidade e mudei-me com a famí- mas do grupo. São elas que fazem toda quer negócio estão pessoas. Se não ti-
lia, há cerca de um ano. a diferença, porque, no final, quem está vermos as pessoas motivadas, e com as
na concepção das nossas soluções são competências certas, vamos ter proble-
Em termos de negócio, que realidade encon- as pessoas. Se estamos na vanguarda, é mas. Não há dúvidas em relação a isso.
trou? Pelo menos a escala será diferente... por causa das pessoas; se a Ericsson cria
A escala é diferente, mas já conhecia a confiança, é às suas pessoas que o deve. Enquanto CEO, o que mais o “preocupa”,
realidade portuguesa. E, do ponto de vis- No nosso negócio, confiança é um pi- no que respeita às pessoas?
ta do negócio, Portugal também desfruta lar-chave. Tipicamente, o nosso negócio Uma preocupação que tenho, e não é exclu-
de uma posição de liderança. No entanto, tem por base relações, e uma estratégia siva de Portugal, nem sequer só do nosso
por diferentes razões, a implementação do de longo-prazo. As nossas relações exis- sector, tem a ver com o teletrabalho. Te-
5G está talvez três trimestres atrasada em tem há anos, e isso acontece porque quem mos cerca de 95% dos colaboradores com
relação a Espanha, porque o leilão foi adia- “dá a cara” transmite essa confiança. acordo de teletrabalho, a maioria em re-
do. Por outro lado, o investimento também Mais de metade do meu tempo é passa- gime híbrido, mas alguns em full remote.
é ligeiramente diferente. Mas basicamen- do com temas de pessoas, a perceber como A minha maior preocupação tem a ver
te, a realidade é a mesma, temos opera- podemos melhorar a forma como estão a com a cultura organizacional. O ADN da
dores históricos fortes, competição... trabalhar, o seu bem-estar, mantê-las mo- Ericsson, a nossa cultura, é muito for-
tivadas. Isso ocupa-me bastante, porque te, e preocupa-me que se comece a perder
Quando o convite lhe foi feito, o que pe- o negócio nós podemos “ler”, mas fazer o isso. Corremos esse risco se as pessoas
diram que alcançasse? mesmo com as pessoas é mais difícil, exige deixarem de vir ao escritório.
Manter a posição de liderança que temos, tempo. Cada pessoa é diferente, é preciso
é isso que temos de fazer. A Ericsson co- ouvir, e ouvir activamente. Temos uma cul- As vossas pessoas podem escolher livre-
memorou este ano sete décadas em Por- tura de “speak up”, mas também é preciso mente o regime em que preferem traba-
tugal, e estamos a trabalhar não só para “listen up”. Se as pessoas falarem, mas não lhar e quantas vezes vêm ao escritório...?
2024, mas com uma visão de longo pra- estivermos a ouvir, não serve de nada. Mes- As pessoas podem escolher livremente
zo, de como nos podemos manter no País mo que não possamos fazer ou dar respos- quantos dias e em que dias vir. Ou não vir
mais 70 anos. É esse o caminho e a am- ta a tudo, ouvimos e damos feedback. Digo de todo. Temos flexibilidade total. Não
bição da Ericsson. A nossa maneira de sempre à minha equipa que tem de estar quero que me interpretem mal, não me
fazer negócio é pensar a longo prazo. muito próxima das pessoas, sempre. oponho a isso. Percebo perfeitamente que
a flexibilidade é muito importante, actual-
O que assumiu como prioridades, nessa al- Diria que os temas de pessoas são tam- mente. E que é o futuro, definitivamente.
tura, e quais foram os principais desafios? bém temas de negócio? Mas precisamos de encontrar um ponto
O grande desafio quando cheguei, com os Sim. Por exemplo, se as pessoas não esti- de equilíbrio. Não sei exactamente qual
investimentos no 5G a aumentar, era per- verem motivadas, isso torna-se um tema é... Dois ou três dias no escritório... não sei.
ceber como os rentabilizar. A tecnologia já de negócio. E por detrás de todo e qual- Acredito que há valor em ir ao escritó-
está disponível em Portugal há uns anos, rio. E não é algo que se vá perceber as con-
mas até agora não se tinha visto uma ver- sequências em seis meses ou seis anos,
dadeira transformação no negócio. Havia
alguns casos de utilização, quer B2B [bu-
«O conceito de mas a longo prazo a parte cultural fica
comprometida. Principalmente para os
siness to business], quer B2C [business jornada cultural que se juntaram à empresa mais recen-
to consumer], mas precisávamos de ver
isso acontecer de forma mais generaliza-
da Ericsson – temente, mas também para os que já cá
estão há muito tempo, porque o facto de
da. Depois do investimento que tem sido
feito pelos operadores, precisamos de ver
Ericsson on the nos encontramos, de estarmos juntos, nos
vermos, falarmos, irmos beber um café,
resultados, precisamos avançar. É nesse Move – tem cinco almoçar, cria valor.
sentido que estamos a trabalhar, para ren-
tabilizar o investimento.
pilares diferentes e, E trocar ideias...
desses, quatro têm Muita inovação acontece “cara à cara”.
É muito difícil conseguir criar inovação
a ver com pessoas.»
Qual a importância que as pessoas as-
sumem na estratégia do vosso negócio? a partir de uma reunião no Teams. E a
As pessoas são a pedra basilar da nossa inovação é fundamental para nós. Por
estratégia, não só da Ericsson Portugal, isso é que esta é uma das minhas grandes
preocupações, como criar um modelo hí- E parece estar a agravar a saúde mental dos com o selo wellbeing, nos prémios
brido bem-sucedido. Ainda estamos numa das pessoas... Wellbeing 2023 da Workwell e AGIS, que
fase muito inicial deste modelo. Até à Exactamente. Se temos problemas, estando certifica a empresa pelas boas práticas em
pandemia, o trabalho remoto era uma ex- mais sozinhos, é mais difícil. Ter um moti- saúde e bem-estar. Temos promovido e in-
cepção, nunca tínhamos trabalhado as- vo para sair de casa é sempre positivo para vestido num programa de bem-estar que
sim. Depois, fomos obrigados a isso e ago- a saúde mental. Mudar de ambiente... De- tem diferentes pilares: físico, emocional
ra ainda nos estamos a adaptar. É cedo finitivamente, gostava de ver as pessoas a e mental, social e também financeiro. Te-
para perceber as consequências ou o que vir mais ao escritório. Estamos inclusive a mos webinares, formação, reforçámos a
vai acontecer a longo prazo. mudar-nos para um espaço novo. O princi- cobertura de saúde mental no seguro de
Sempre que há encontros presenciais pal objectivo é ir para um escritório onde saúde... Temos até um novo clube, de ca-
com a equipa, recebo muito feedback po- possamos colaborar melhor. minhada, que começou com caminhadas
sitivo. Não podemos perder esta aborda- Queremos implementar em Portu- culturais, de turismo, organizadas pela
gem humana, especialmente numa em- gal um programa global que temos – o Ericsson uma vez por mês, em que os co-
presa com uma cultura tão forte, como a “Workplace of the Future” –, que é pre- laboradores podem inscrever-se, e aos
Ericsson tem. cisamente sobre ter áreas de colabora- seus familiares e amigos também.
ção. Pelo menos metade do espaço tem de Temos ainda um programa, global,
Porque acha que as pessoas mostram re- ser para o trabalho conjunto. Queremos de apoio ao colaborador e seus familia-
sistência a voltar ao escritório e preferem implementar novas formas de trabalhar, res, 24 horas por dia, 365 dias por ano,
estar mais tempo em casa? para nos certificarmos de que quando as gratuito, que oferece uma variedade de
Claro que a flexibilidade é importante. E se pessoas vêm ao escritório, interagem. A serviços, como aconselhamento psico-
pensarmos numa cidade tão grande como intenção é tirar o melhor partido do tem- lógico e apoio nas áreas de saúde, famí-
Lisboa, em que as deslocações diárias são po das pessoas no escritório. lia, jurídico, financeiro, trabalho, vida...
sempre complexas e consomem muito É totalmente confidencial e está dispo-
tempo em trânsito, percebo que faça senti- A mudança está para breve? nível no idioma local.
do para as pessoas. O modelo cinco dias por Sim, devemos mudar-nos a meio do ano Tudo isto, para além de promover o
semana, das nove às cinco, é que já não faz que vem. bem-estar a diferentes níveis, também
sentido, de acordo em relação a isso. Esta- promove o sentimento de pertença à
mos numa nova Era, não vamos voltar para Quantas pessoas tem a Ericsson Portugal? empresa. Vêem-nos quase como família.
trás. Nem queremos. O que queremos é en- Directos, temos um bocadinho acima Criam-se verdadeiras amizades aqui.
contrar um modelo que funcione. Esse mo- de 200, mas depois a força de trabalho Há outro programa chamado Ericsson
delo é híbrido, tem de incluir impreterivel- externa são mais cerca de 100. on the Move. Trata-se do conceito de
mente tempo para as pessoas se encontra- jornada cultural da Ericsson e tem cinco
rem, reunirem... Acho que ainda estamos Quais os principais desafios na sua gestão pilares diferentes e, desses, quatro têm
a aprender como fazer isso. Mas não po- e que prioridades assumem, neste âmbito? a ver com pessoas: tomar decisões cora-
demos negligenciar as consequências de O tema da Saúde Mental é muito impor- josas, baseadas em factos; criar um am-
longo prazo do trabalho remoto. tante. E fomos recentemente distingui- biente de diálogo; maior colaboração e
cooperação – agir como One Ericsson; O que é que as pessoas mais valorizam,
mostrar empatia e humanidade; e o quin- hoje, numa empresa, para além do salá-
to é executar de forma célere. Mas os pri- rio e da flexibilidade?
meiros quatro são sobre pessoas. E for- Empatia, humanismo, ética, integridade...
mamos as pessoas para isso, falamos so- Acredito firmemente que é isso que as pes-
bre como podemos melhorar... Como já soas valorizam cada vez mais, uma empre-
disse, e repito, as pessoas são a pedra ba- sa que demonstra empatia se surgir algum
silar na nossa estratégia. problema pessoal, por exemplo, a dispo-
nibilidade para ouvir as pessoas, mostrar
Apesar de todo esse foco nas pessoas, compreensão em relação aos seus proble-
sentem que agora é mais difícil recrutar? mas… Cada pessoa é uma pessoa, e há uma
Temos uma boa capacidade de atracção, imensidão de situações, mas trabalhar
uma boa marca no mercado. Sempre que numa empresa que compreende a impor-
abrimos vagas, verifica-se uma muito boa tância disso, que é flexível, que se preocu-
aceitação, não temos dificuldade em en- pa verdadeiramente com as pessoas, faz
contrar candidatos. toda a diferença. E a Ericsson tem isso.
tugal, acredito que damos um contribu- sos práticos. Como indústria, temos de
to importante para o Grupo. rentabilizar o investimento dos clientes.
Quem é O que torna Portugal um país atractivo O que é fundamental para o sucesso das
para o investimento estrangeiro? pessoas e das empresas?
O talento que existe aqui, as competên- No nosso negócio, trata-se de inovação.
Juan Olivera cias humanas, as boas universidades... Vendemos tecnologia e temos de inovar to-
Juan Olivera iniciou funções
Portugal tem uma educação de qualida- dos os dias. Sempre que, no passado, não
como CEO da Ericsson
Portugal a 1 de Novembro de, e isso é óptimo. inovámos o suficiente, tivemos dificulda-
de 2022. Estava ligado à des. E as pessoas são quem inova, por isso
Ericsson Iberia há mais de E o que é menos atractivo? precisamos das pessoas certas, com as com-
uma década, tendo integrado A regulamentação e a flexibilidade são petências certas, no sítio certo, para que a
a equipa espanhola em
chave para criar um bom ambiente para o inovação aconteça. Há áreas mais “nevrál-
2011, como Controller.
Quatro anos mais tarde, investimento... Por exemplo, outros países gicas”, mas todos têm de pensar “fora da cai-
foi promovido a head of estão a tirar partido dos fundos europeus, xa”. Há sempre coisas diferentes que se po-
Business Control South do Plano de Recuperação e Resiliência, dem fazer, a diferentes níveis. Claro que
Central Mediterranean, para o investimento no 5G. Alguns, têm um para um engenheiro de I&D [Investigação
desafio que teve em
vector específico para isso, e em Portugal e Desenvolvimento] será mais fácil do que
mãos até 2018, quando foi
nomeado head of Business esse apoio não existe. Gostaríamos que para quem trabalha na área administra-
Control Iberia, cargo que o governo português também investisse tiva, mas há sempre espaço para inovar.
desempenhou até à data. nesta área, em favor da digitalização fu-
tura do País, para benefício de todos. As lideranças terão aí também um papel
Mas, no geral, diria que Portugal é fundamental, tal como para a motivação
bastante atractivo. das pessoas...
nas tecnologias móveis, 2G, 3G, 4G e ago- Exactamente, trata-se de motivação. É
ra com o 5G; fomos sempre os líderes, a O que pretende alcançar enquanto CEO chave. Se conseguirmos identificar como
cada lançamento. E isso é sinal de inova- da Ericsson Portugal, pelo que gostava as pessoas podem crescer – aquelas que
ção, e sinal de que temos tido as pessoas de ser lembrado um dia que assuma ou- querem, porque nem todas ambicionam
certas. São todas as pessoas que trabalha- tro desafio? isso, mas a maioria quer aprender, cres-
ram e trabalham aqui que o tornaram pos- Quando um dia sair, gostaria de ser lem- cer, fazer coisas diferentes, “chegar-se à
sível. E todos os marcos que alcançámos brado como alguém que contribuiu para frente”, tornar-se melhores profissionais,
junto dos nossos clientes, o estarmos na o sucesso da Ericsson, mas também pela ganhar mais responsabilidades... E as li-
vanguarda da tecnologia e, claro, o estar- pessoa que sou, por ser boa pessoa. Gos- deranças precisam de encontrar formas de
mos neste país há 70 anos, fala por si. tava que dissessem: “era um ‘bom tipo’ e dar às pessoas o que elas querem. Não é
contribuiu para fortalecer a cultura e o fácil, mas temos de o fazer, identificar os
A Ericsson vai continuar a investir no nos- ADN da empresa, contribuiu para a sua top performers e comos lhes dar oportu-
so país? história de sucesso”. nidades de carreira.
Absolutamente, claro que sim. Quere-
mos continuar cá, pelo menos por mais O que perspectiva para 2024? E a si, o que o mantém motivado?
70 anos. A Ericsson é uma empresa que No relatório da Ericsson do terceiro trimes- Ver a posição da Ericsson em Portugal, o
pensa sempre a longo prazo. tre, foi anunciado que, globalmente, espera- contributo que estamos a dar ao Grupo.
-se que, no nosso negócio, o investimento Mas o que me mantém “desperto” é perce-
Qual a importância estratégica que Portu- dos clientes diminua em 2024, compara- ber o que podemos fazer no futuro. Não no
gal assume no grupo Ericsson? tivamente aos últimos dois ou três anos. próximo ano, mas a cinco/10 anos, qual o
A Ericsson opera em 180 países. Estamos Isso é também o que esperamos ver em legado que podemos trazer para o próximo
em países muito grandes e países muito pe- Portugal, e claro que nos vai impactar. Mas CEO neste país, ou para os próximos 20 anos.
quenos. Mas posso dizer que o que impor- são ciclos. Estamos a ver isto por causa da É isso que me mantém motivado, não só
ta não é só o tamanho do país ou volume situação macroeconómica e também por- olhar para as oportunidades agora, mas
de negócio, é também sobre o negócio que que os investimentos-chave já foram fei- também para as oportunidades futuras,
criamos e podemos replicar noutros paí- tos. Irão voltar a aumentar, a dada altura. para as que é preciso criar. O que podemos
ses. Tendo em conta a dimensão de Por- Para isso, é fundamental encontrar os ca- fazer. E garantir que a Ericsson o fará.
APROVEITAR O POTENCIAL
DOS GESTORES DE PESSOAS
NA ADOPÇÃO DA IA
Os líderes de Recursos Humanos estão numa posição única para influenciar os esforços
de adopção da inteligência artificial em toda a empresa e criar um futuro mais resiliente.
POR Andrea Berlin e Lili Bernhardt, Egon Zehnder
School. Para ele, a maior armadilha da IA é a sua incapacidade para alguns indivíduos, resultando potencialmente na perda de
de fornecer uma explicação em muitos casos, enquanto os seres um potencial colaborador valioso.
humanos tendem a confiar num estilo de comunicação sensato É importante notar que isto não sugere que os seres humanos
entre si. Esta é uma consideração importante a fazer, principal- têm menos preconceitos do que os algoritmos de IA; em muitos
mente nos processos de recrutamento, que devem esforçar-se casos, os seres humanos têm de facto mais preconceitos – no
por ser inclusivos e humanizados. Por exemplo, quando se nega entanto, a investigação sugere que os seres humanos confiam
a alguém a oportunidade de uma entrevista, a compreensão na opinião de outros seres humanos, independentemente disso.
humana e a supervisão na justificação dessa decisão são essen-
ciais, uma vez que a responsabilidade recai sobre a pessoa (e a
organização) que conduz o processo. A nossa visão
Fazem-se várias perguntas importantes: os algoritmos de Em última análise, os líderes de RH devem exercer o seu
IA são tendenciosos a ponto de causar danos? Até que ponto discernimento sobre as ferramentas que utilizam, como as
são exactos, em comparação com os humanos? Em que pistas utilizam e como mantêm o elemento “humano” nos Recursos
específicas se baseiam? São questões cruciais que os líderes de Humanos no centro dos processos da função, ao mesmo tempo
RH devem ter em conta quando utilizam a tecnologia de IA, uma que exploram a IA para uma maior eficiência.
vez que a exclusão do elemento humano pode criar desconforto
Melhorar os fluxos de trabalho. Já existem vários bons exemplos em Outro exemplo, conforme relatado por um artigo da Fortune, é um
que os algoritmos de IA têm um impacto positivo no bem-estar dos jogo baseado em IA concebido para avaliar candidatos adoptado
colaboradores e simplificam os fluxos de trabalho internos de RH. pela Mastercard. O jogo faz avançar os candidatos para a ronda de
Veja-se, por exemplo, o ChatGPT – um famoso modelo de linguagem entrevistas seguinte com base na realização de tarefas específi-
de grande dimensão actualmente classificado como “IA fraca”, uma cas – entre outras avaliações – e não regista dados demográficos.
vez que depende da intervenção humana –, que combina contributos Num artigo, Michael Fraccaro, Chief People Officer da Mastercard,
humanos com lógica automatizada para responder a perguntas, afirma que este jogo ajuda a reduzir o risco de preconceitos incons-
mesmo que as respostas nem sempre sejam totalmente exactas. cientes na contratação. Além disso, a empresa usa um sistema de
Internamente, revela-se valioso para resumir grandes quantidades de agendamento automático para agilizar os processos de entrevista,
informações, compor respostas e redigir documentação. Os líderes criando um aumento de 87% na produtividade.
de RH podem aproveitá-la para resumir entrevistas e currículos, ou
para fazer brainstorming de perguntas para entrevistas. Um exemplo potencialmente mais incómodo de integração de IA
no recrutamento é a implementação de plataformas automatizadas
Bem-estar dos colaboradores. O ChatGPT e outras ferramentas de entrevistas em vídeo, tais como a Rotario, a HireVue ou a Modern
generativas de IA podem actuar como catalisadores para o coaching hire fizeram. Eis como funciona: os candidatos respondem a per-
personalizado, o desenvolvimento de carreira, as avaliações de guntas pré-estabelecidas enquanto se gravam a si próprios, o que
desempenho, o onboarding ou a definição de objectivos. Agilizar acaba por poupar tempo. Para as grandes empresas que contratam
o coaching personalizado e o desenvolvimento de carreira pode centenas de colaboradores e precisam de um processo de entre-
permitir que os colaboradores procurem proactivamente feed- vista rápido, isto pode acelerar o processo. Os candidatos também
back, sem esperarem pelo envolvimento humano. No contexto beneficiam, ao evitarem a necessidade de coordenar as datas das
do onboarding, os novos contratados podem beneficiar de expe- entrevistas e de se encontrarem com os directores. Por outro lado,
riências personalizadas, concentrando-se em tarefas pertinentes e as empresas podem ter de enfrentar o desafio de avaliar um vasto
acedendo a respostas instantâneas a perguntas. sem dependerem conjunto de vídeos pré-gravados. Para resolver este problema, os
do elemento humano. serviços de vídeo criaram algoritmos que analisam os sinais faciais
e linguísticos para determinar o desempenho. Contudo, apesar de
Processos de contratação. No que diz respeito à contratação, inovadora, esta abordagem suscita preocupações significativas que
existem exemplos interessantes de uma utilização criativa e eficaz se alinham com quatro aspectos fundamentais da utilização da IA
da IA. Por exemplo, a empresa multinacional alemã SAP adoptou debatidos por Stillwell: transparência, controlo, compreensão e
uma aplicação de aprendizagem automática que fornecia aos trabalho em conjunto com as pessoas (e não contra elas).
A nossa visão
É importante que os líderes se lembrem que a IA só pode
ajudar as empresas a pensar e a funcionar mais rapidamen-
te. Existe uma simbiose entre colaboradores e ferramentas
de IA; precisam um do outro para funcionar bem, exigindo
ambos contributos correctos, formação e reflexão cuidadosa.
Incluir os líderes de RH nestas discussões será fundamental
para gerar valor e fazer avançar os objectivos empresariais.
Conciliar a IA e
a análise humana R Selecção de currículos com base em IA
(lista restrita de currículos)
Incluir os RH nas
discussões estratégicas R Desenvolvimento de competências orientadas para a IA
R Cultura de inovação
Implicações da adopção
da IA para os colaboradores R Reskilling e upskilling da força de trabalho
R Gestão do desempenho
R Tomada de decisões
Perante o aumento contínuo das tecnologias de IA, os líde-
res empresariais estão a debater-se com uma questão R Modalidades de trabalho flexíveis
fundamental: devemos acolher estes avanços com entusias- R Directrizes éticas da IA
mo ou apreensão? O sentimento prevalecente aponta para
uma época empolgante e cheia de potencial. No entanto, R Reformulação da formação dos trabalhadores
estas ferramentas exigem um planeamento e uma super-
visão cuidadosos.
INÊS CALHABÉU
DIRECTORA DE RECURSOS HUMANOS DA CIMPOR
Concretizar os
valores da empresa
no dia-a-dia
O desafio é recente, e um dos focos pedido a Inês Calhabéu foi que contribuísse
para a desmaterialização dos valores do grupo no que respeita à gestão do seu capital
humano. Responsabilidade, respeito e compromisso são valores a concretizar no dia-
-a-dia da empresa, de uma forma natural. POR Ana Leonor Martins | FOTOS Nuno Carrancho
A
experiência anterior ro, antevê que o foco passará por «traba- bastante dinâmico e com o qual me iden-
de Inês Calhabéu era lhar as políticas de bem-estar no trabalho tifico nesta fase da minha carreira. To-
em consultoria. Mas e contribuir para a formação contínua de dos os dias são diferentes, e o facto de a
quis dedicar-se a um cada colaborador, apostando, em simul- Cimpor ter uma presença internacional
só projecto e identifi- tâneo, em ambientes de trabalho flexí- contribuiu significativamente para a mi-
cou-se com o sector industrial, por ser di- veis e inclusivos». nha decisão final.
nâmico e estar a passar por várias mudan-
ças. A Cimpor, ainda para mais tendo a ver- A Cimpor é um desafio recente. Vinha do Desde que iniciou o seu percurso profissio-
tente internacional, assentou que “nem mundo da consultoria especializada em nal – e sendo que sempre trabalhou na área
uma luva”. Assumiu assim a direcção de Gestão de Pessoas. O que a fez mudar de Recursos Humanos –, como tem visto a
Recursos Humanos da cimenteira do gru- para o lado do “cliente”, digamos assim? evolução dos desafios nos últimos 15 anos
po Oyak. Está consciente dos desafios, mas Foi uma passagem ponderada, com o no que respeita à Gestão de Pessoas? Quan-
acredita que empenho e compromisso são principal objectivo de ter um foco só num do começou a trabalhar, eram muito dife-
“meio caminho andado”. Entre as priorida- projecto desafiante e poder contribuir de rentes dos actuais?
des actuais do departamento que lidera forma integral para a gestão do capital São diferentes, essencialmente na fase
está trabalhar o employer branding e a humano, em todas as suas vertentes. inicial do recrutamento e selecção, nos
experiência do colaborador, estando em programas de integração e até mesmo na
curso vários investimentos para melhorar E porquê o sector industrial? preocupação atribuída à experiência do
a eficiência de processos individuais, ga- O sector industrial atravessa várias mu- colaborador durante o seu percurso profis-
rantindo uma maior proximidade da equi- danças do ponto de vista da automatiza- sional. Temáticas como o employer bran-
pa de Recursos Humanos. Quanto ao futu- ção e da sustentabilidade. É um sector ding, employee experience ou wellbeing
Mas o que lhe foi pedido? «Não há falta de pessoas, nem as pessoas
Foi-me pedido para fazer parte de um
projecto internacional, contribuindo de
têm falta de competências. As empresas
forma positiva para a desmaterialização
dos valores do grupo no que respeita à
é que se habituaram a recrutar
gestão do nosso capital humano. De nada profissionais qualificados a custo baixo.»
serve ter um disclaimer com os valores
corporativos, quando na prática esses va-
às empresas definir a melhor estratégia Acredito que seja um sector ainda maio-
para captar e reter esses mesmos talentos. ritariamente masculino. Têm alguma co-
PERCURSO
Geracionalmente, também existem municação mais direccionada para o públi-
mudanças. São poucas as pessoas que de-
finem como expectativa principal perma- Inês Calhabéu co feminino ou não fazem essa distinção?
Não fazemos esta distinção. Inevitavel-
necer mais do que cinco anos num pro- mente, e dado o sector onde actuamos, o
Tendo assumido o cargo de
jecto. Vêm à procura de realização profis- head count de maior expressividade em
direcção de Recursos Humanos
sional, mas com um princípio e fim pre- na Cimpor, cimenteira do grupo questões de género é claramente o mas-
viamente definidos. O tempo de duração, Oyak, em Agosto deste ano, Inês culino. Não obstante, 30% do nosso pú-
ninguém consegue prever ao certo. Cabe Calhabéu conta já com 15 anos de blico feminino exerce cargos de gestão,
a cada empresa conseguir contribuir de experiência, tendo passado por um facto que nos orgulha.
diferentes áreas e por dois países
forma estruturada para a fidelização
distintos. Começou o seu percurso
desse talento. na Kelly Services, onde assumiu
Há falta de pessoas no mercado de traba-
o cargo de Human Resources lho, ou há falta de pessoas com as com-
Na Cimpor, também sentem isso, que é um Staffing consultant durante dois petências certas?
desafio cada vez maior manter o talento? anos. Posteriormente, mudou-se Discordo das duas. Nem há falta de pes-
para a Bélgica, onde permaneceu
Sim, claro. E isso torna-se evidente logo soas, nem as pessoas têm falta de com-
quatro anos, tendo exercido a
durante o processo de selecção. Passou a função de team leader e Human petências, até porque a aprendizagem
ser algo com que tivemos de aprender a Resources Business partner na hoje deve ser contínua e dinâmica.
saber lidar no dia-a-dia. Já ninguém vem Microsoft. Quando regressou As empresas habituaram-se a recru-
com o ADN de “ficar para sempre” ou de a Portugal, em 2015, ocupou o tar profissionais qualificados a custo bai-
cargo de Managing director na
“emprego para a vida”. xo, numa altura em que a taxa de desem-
Egor, durante sete anos, e foi
responsável por temas como prego atingiu 15%. Ora, existindo maior
Atrair talento é mais fácil? Não sendo even- a transformação de negócio, a disponibilidade de profissionais, isso dita
tualmente um sector sexy para trabalhar, gestão de operações e de talento. as regras de mercado para ofertas sala-
a Cimpor é uma empresa atractiva? Com uma licenciatura e uma pós- riais menos atractivas. Actualmente, com
-graduação em Gestão Estratégica
Sim, é. Como referi, o sector industrial está uma taxa média, em 2023, de 6,5%, as em-
de Recursos Humanos, tem ainda
em transformação e isso torna-o atractivo, uma formação internacional presas precisaram de se reinventar, ou dei-
mas acredito que não é para todos. Tem de em Administração de Recursos xariam de conseguir contratar pessoas.
se gostar do que se faz, experienciar o dia- Humanos, na Federgon.
-a-dia nas fábricas e também perceber o Em 2020, a Cimpor criou uma Academia.
enquadramento macro da empresa. Por O que motivou esta aposta?
exemplo, o facto de termos presença in- A academia Cimpor nasce de uma vonta-
ternacional é um factor de atractividade. fícios flexíveis e, acima de tudo, o work- de interna em querer apostar em talento
-life balance, que foi algo que a pandemia jovem, que possa mais tarde ser integrado
O teletrabalho, por exemplo, muito fala- colocou na ordem do dia. O equilíbrio ne- directamente nas nossas fábricas, fi-
do actualmente entre os “benefícios” que cessário entre a vida pessoal e profissio- cando a conhecer profundamente o nos-
os profissionais mais valorizam, não será nal nunca foi tão debatido como hoje. so negócio, através de um plano de for-
possível na maioria das vossas funções. mação intenso on the job. Foi algo de sen-
Que outros argumentos têm? Trabalham a vossa marca de empregador? timos necessidade, por forma a assegurar
Sim, há funções que claramente não são Quais as principais apostas neste âmbito? a continuidade de funções altamente exi-
passíveis de usufruir de teletrabalho. Acima de tudo, na actuação que é feita gentes, que são críticas nas nossas ope-
São funções operacionais, muitas delas por meio de parcerias com universidades, rações e cujo know-how demora anos
em laboração contínua, dado o sector associações diversas e rede de networking a adquirir.
em que actuamos. Mas proporcionamos internacional. Pretendemos continuar a
flexibilidade, dias de descanso... apostar no employer branding para que Que competências privilegiam quando es-
a marca Cimpor seja reconhecida como tão a recrutar? E quais são mais difíceis
O que sentem que os jovens mais valo- uma marca de referência nas diversas de encontrar?
rizam hoje? vertentes, incluindo a gestão feita ao ní- Em geral, diria que são todas aquelas que
Tudo o que está relacionado com melho- vel dos Recursos Humanos nas diversas qualquer empresa valoriza: colaboração,
res práticas retributivas, formação, bene- geografias onde estamos presentes. dedicação, proactividade e resiliência.
APOIO:
Quais as prioridades
para 2024, para gestores
de Pessoas e CEO
Sobre aqueles que serão os grandes desafios da Gestão de Pessoas para 2024, não há
grandes novidades, com a atracção e retenção de talento a voltar a destacar-se. No entanto,
não é essa a prioridade dos CEO. Mas é outro o dado que sobressai neste 50.º Barómetro
Human Resources, e cujo alerta já tinha sido dado em 2022: a maioria das lideranças em
Portugal não tem as competências necessárias para enfrentar os desafios que se avizinham.
Uma nota positiva: as perspectivas de contratação e de aumentos salariais são optimistas.
POR Ana Leonor Martins
Carla Marques
CEO da Intelcia
C
omo habitualmente no fi- nham? A actual situação política do País níveis de emprego se vão manter em Por-
nal de cada ano, a Human vai impactar a actividade das empresas? tugal, enquanto os mesmos 40% pers-
Resources recorre aos espe- Foram estes temas que colocámos ao pectivam que vão descer (37% acham que
cialistas do Barómetro Hu- painel do Barómetro Human Resources será uma diminuição entre 0,1 e 3%, e
man Resources para ajudar nesta 50.ª edição, cujos resultados apre- 3% afirmam que será uma diminuição
a perspectivar o novo ano: como vai evo- sentamos de seguida. superior a 3%). Já 20% confiam que o em-
luir o emprego em Portugal em 2024? E os prego vai aumentar (15% dizem que au-
salários? Os grandes temas e desafios na Emprego a manter-se ou mentará entre 0,1 e 3%, para 5% será um
Gestão de Pessoas vão manter-se? Quais diminuir e salários a aumentar aumento entre 3 e 5%, e ninguém acredi-
as prioridades das empresas neste âmbi- Em relação à evolução do emprego no ta que irá aumentar mais do que 5%). São
to? Gestores de Pessoas e CEO estão ali- nosso país em 2024, a primeira con- perspectivas em linha com as do ano pas-
nhados? E as lideranças, estão preparadas clusão que se destaca é que os inquiridos sado, ainda que ligeiramente mais con-
para enfrentar os desafios que se avizi- estão divididos: 40% acreditam que os servadoras, pois, em 2023, havia mais es-
OPINIÃO
«São inúmeros os desafios para continuar a atrair e reter talento
em Portugal»
R «Os grandes temas na gestão de Pessoas, em 2024, serão uma continuidade dos temas de 2023 que vão ga-
nhando cada vez mais preponderância, como vemos no Barómetro: a atracção e retenção de talento com 52%,
seguida do upskilling e reskilling com 42% e da inteligência artificial com 27%.
A atracção e retenção dos colaboradores é um dos desafios que se intensificou em 2023 e que continuará em
2024, resultado dos desafios da globalização do mercado de trabalho e da procura que as camadas mais jovens
têm por experiências diferentes e desafios novos, e por garantirem que o que fazem tem um propósito e está
alinhado com a missão das organizações.
Ao nível da globalização, Portugal compete com os seus recém-licenciados ou trabalhadores no mercado
global, pois as nossas competências são reconhecidas internacionalmente. No entanto, apesar de oferecermos
desafios iguais aos que existem fora do nosso país e termos condições ímpares, a realidade é que Portugal tem
um nível salarial mais baixo do que alguns países da Europa e a carga fiscal do trabalhador não é a mais atractiva.
Se olharmos para o Barómetro, verificamos que, embora exista uma perspectiva de aumento dos salários
brutos em Portugal – 85% dos inquiridos responderam que os salários vão aumentar pelo menos 2%; todos os inquiridos consideram que
as empresas onde trabalham vão aumentar os salários brutos; e 40% identificam que os aumentos serão superiores a 4% - verificamos que,
ao nível dos salários reais, o aumento não é repercutido, existindo uma degradação do poder de compra.
Se aos factos acima identificados juntarmos a conjuntura política actual, que é referida por todos como tendo impacto na actividade das
empresas, verificamos que são inúmeros os desafios para continuar a retenção do talento e que o esforço tem de ser simultaneamente
interno e externo à empresa. Todos os stakeholders têm de perceber o seu papel e trabalhar conjuntamente para identificarem medidas
que permitam atrair e reter o talento português.
Ao nível da inteligência artificial (IA), embora seja o terceiro tema identificado, está muito relacionado com o upskilling e reskilling das pes-
soas. Inicialmente, uma das grandes questões era como é que as funções iriam ser efectuadas no futuro e que funções iriam desaparecer.
Hoje, um dos desafios de que falamos é como vamos formar as pessoas para as novas funções necessárias à alavancagem da IA, tais
como Data scientists, Gen AI prompters, Cloud engineers, Machine learning engineers. Tendo em conta que estas funções são novas,
existem poucas pessoas formadas com estas competências para uma necessidade emergente e grande destes recursos, pelo que, cer-
tamente, vamos ter um grande desafio na retenção do talento com estas competências.
Adicionalmente, para além das competências técnicas, temos de preparar as pessoas para os desafios do mundo em constante mu-
dança, trabalhando a adaptabilidade e resiliência, enquanto desenvolvemos a capacidade de trabalhar em equipa, a iniciativa e proactivi-
dade, a criatividade, a inovação e a liderança.
Embora o tema das lideranças tenha sido abordado em último, este reveste-se de especial importância, pois tal como vemos no baró-
metro à resposta se as lideranças estão preparadas para enfrentar os desafios que se avizinham, verificamos que 40% responderam que
apenas uma parte está preparada e que 38% responderam que sim, mas vão necessitar de actualizar competências.
É importante desenvolver e capacitar as lideranças em Portugal, desenhar programas que as permitam desenvolver, garantindo que
inspiram, definem e ajustam a estratégia das suas empresas/áreas/projectos aos desafios que surgem a cada momento. É importante
definir/desenhar um caminho, mas ir lendo a cada momento os inputs do exterior e ter a capacidade para o ir ajustando.
Cada vez mais, as pessoas que vão fazer a diferença nas organizações e nas lideranças são as pessoas que se conseguirem adaptar ao
mercado. Se repararmos, os grandes líderes dos “unicórnios” são pessoas com uma grande capacidade de resiliência.
O Barómetro também aborda as perspectivas de evolução do emprego em Portugal, quer do ponto de vista do mercado, quer das
empresas, em que todos os inquiridos dizem que são de estagnação, em linha com as perspectivas que também se projectam para a
economia. Estas perspectivas podem gerar/sugerir algum abrandamento na saída de recursos críticos, no entanto não devemos descurar
todas as políticas que temos em desenho e em implementação para a atracção e retenção do talento, pois, se não as trabalharmos de
forma contínua e holística, iremos continuar a perder os recursos mais importantes e dificultar a aceleração da economia.»
pecialistas (25%, mais cinco pontos per- mero de colaboradores na empresa de terior) a garantirem que o número de co-
centuais) a defender que o emprego ia au- cada um, os resultados são considera- laboradores na sua empresa vai aumentar
mentar e menos (33%, menos seis p.p.) a velmente diferentes e o cenário inverte- (35% dizem que entre 0,1% e 3%, 20%, en-
considerar que ia manter-se. -se, passando a ser o crescimento que cla- tre 3 e 5%, e 10% afirmam mesmo que pre-
Colocando o foco num nível mais ramente se destaca, com 65% dos especia- vêem um aumento de 10% nos efectivos,
micro, mudando para a evolução do nú- listas (mais 45 p.p do que na pergunta an- em 2024. Apenas 5% admitem que vai re-
1. Como perspectiva a evolução do 2. Qual a sua projecção para duzir o headcount (menos 35 p.p., com-
emprego em Portugal, em 2024? a evolução do número de parativamente à previsão para o cenário
colaboradores na sua empresa, no País). A diferença menor regista-se na
3%
em 2024? opção “vai manter-se”, com 30%. Esta
foi, de resto, uma tendência também re-
5%
5% gistada no ano passado, o que pode en-
10%
15%
contrar parte da explicação no facto de
os profissionais que integram o Baróme-
37% 30%
tro Human Resources serem de grandes
20%
e médias empresas.
Quando o tema é dinheiro, os resul-
tados são talvez mais surpreendentes.
Questionados sobre como perspectiva-
40%
OPINIÃO
Incerteza e esperança
Eduardo Caria
Director de Pessoas & Organização do Grupo Ageas Portugal
R «Não há dúvidas de que 2023 foi um ano desafiante, mas 2024 também não será fácil. A queda do Governo
acentuou a vulnerabilidade económica e social que se vive em Portugal, levando a uma maior preocupação por
parte das empresas: 33% acreditam que isso impactará de maneira significativa as suas actividades.
Contudo, os portugueses mostram-se igualmente divididos quanto ao próximo ano, como demonstra o re-
sultado do Barómetro:
40% estimam que a evolução do trabalho se irá manter, mas 37% antecipam uma diminuição de até 3%;
63% esperam um aumento positivo (até 4%) dos salários brutos em 2024, mas quando questionados sobre a
previsão dos salários reais, 27% acreditam numa diminuição;
35% prevêem um aumento modesto no número de colaboradores/as de até 3%, indicando confiança em opor-
tunidades de crescimento, mas 20% acreditam numa expansão ainda mais significativa entre até 5%.
Esta dualidade mostra-nos uma mistura clara de incerteza, com uma certa esperança. Por um lado, temos a
actual situação política, mas por outro, existe uma grande confiança dos portugueses quanto à expansão dos
negócios em Portugal, com a maioria (55%) a prever que as suas empresas aumentem o número de colaboradores/as.
Enquanto responsável de Pessoas e Organização, considero que devemos continuar a apostar na atracção e retenção de talentos e no
upskilling e reskilling, sendo algumas das prioridades do Grupo Ageas Portugal em 2024.
Com a aceleração do impacto que as tecnologias digitais e a IA terão no mundo do trabalho, exige-se que as forças de trabalho actuais
adquiram novas competêcias e aprendam a adaptar-se de forma mais ágil. Posto isto, a capacidade de adaptação, a gestão eficaz de
talentos e uma resposta estratégica à instabilidade política serão cruciais para navegar com sucesso neste ambiente dinâmico.»
Francisco Viana
Director central de Recursos Humanos
5%
da Caixa Geral de Depósitos
10%
R «Nos resultados do 50.º questionário deste Barómetro 22%
destaco o tema das lideranças. Apenas 5% concordam que
estão preparadas para enfrentar os desafios que se avizi-
nham e 15% também concordam, mas só as de topo. Sou
daqueles que acreditam que as lideranças têm de ser de-
senvolvidas. As empresas necessitam de boas lideranças
aos diversos níveis, para desenvolver o talento, mas essen-
cialmente para criar, inspirar, incentivar e motivar equipas, 63%
com o intuito de atingir resultados. Um bom líder deve ser
audaz, deve manter uma aprendizagem permanente ao
longo da vida, e deve ser capaz de criar impacto.
É responsabilidade de um líder desenvolver as competências certas, ser autor e
actor e não um mero observador. As lideranças que congregam à sua volta pessoas
com competências, comprometidas e que têm um caminho claro, conseguem fazer
equipas ganhadoras, que são núcleos determinantes do sucesso das organizações.
Diria que um bom líder nunca deve deixar de fazer algo por medo de não conse-
guir, sem antes reflectir muito sobre o que e quem poderá ajudá-lo a alcançar esse
feito. É preciso fazer acontecer e ter iniciativa. É essencial saber pedir e saber re- Vão aumentar mais de 4%
conhecer a importância da ajuda que recebe, mas também é importante saber a Vão aumentar entre 2% e 4%
quem pedir ajuda e, por isso, cuidar da rede de contactos ao longo dos anos. Saber
controlar os limites e estar fora da zona de conforto são desafios para qualquer líder Vão aumentar entre 1% e 2%
porque o seu exemplo marca.
Vão aumentar menos de 1%
Para enfrentarem os desafios que se avizinham, as organizações vão necessitar de
reskilling e upskilling de uma forma mais acelerada. Em Portugal, deve-se apostar Não vão aumentar
mais na formação. Se há dúvidas por onde começar, façam-no pelas lideranças.»
Não sabe/não responde
3% 3%
2% 5%
20%
7%
20% 12%
OPINIÃO 40%
25%
6. Quais serão os grandes temas/ 7. Dos três temas identificados na 8. Para o/a CEO da sua empresa,
desafios da Gestão de Pessoas, resposta acima, qual é prioritário/ o que acredita que será prioritário/
em 2024? mais urgente na sua empresa? mais urgente?
50%
40%
52%
35%
32%
42%
25%
25% 20%
17% 17%
22% 15% 15%
12%
7%
27% 17% 17% 5%
2%
22% 15% 15% 15%
20% 20%
12%
17%
10% 10%
15% 15% 15%
12% 12%
10% 7% 7%
Reduzir custos
5% 5% 5%
Diversificação de produtos/serviços
5% 5% 5%
2% 2%
2%
Expansão geográfica do negócio
Aumentar produtividade
Reestruturar processos
Atracção e retenção de talento Atracção e retenção de talento
Reestruturar equipas
Saúde – física e mental – dos colaboradores Saúde – física e mental – dos colaboradores
esenvolvimento/actualização competências
D
Upskilling e reskilling Upskilling e reskilling das equipas
Não sabe/não responde Não sabe/não responde mais preocupante, a saúde mental das
equipas, que, recorde-se, é identificado
2%
5%
2%
5%
7%
15%
40% 18%
OPINIÃO
33%
Ensaio sobre
38% a liderança
35%
Marco Serrão
Director de Gestão de Pessoas e Cultura
da Galp
Sim, as de topo (directores de Recursos Humanos
e CEO) e as intermédias R «Confesso que este é um tema
que sempre me fascinou, tanto que
Sim, mas só as de topo (directores de Recursos acabei por dedicar a minha tese de
Humanos e CEO)
Sim, muito significativamente Mestrado na minha alma mater (Uni-
Sim, mas só as intermédias versidade de Lisboa) à avaliação para
Sim, significativamente
o desenvolvimento de competências
im, mas a maioria vai precisar de actualizar
S
as suas competências Sim, ligeiramente de liderança e inovação.
Mas será que o desenvolvimento
Não, só uma minoria Sim, muito ligeiramente de liderança continua a ser uma área-
Não Não
-chave da gestão estratégica de Re-
cursos Humanos? Absolutamente. Ser
Não sabe/não responde Não sabe/não responde líder é um processo de aprendizagem
contínua, uma jornada sem um destino
específico, em que cada dia temos de
“work our craft”. O mundo em mudan-
pelo painel do Barómetro entre os cinco tionarmos o painel do Barómetro Human ça constante em que vivemos, alguns
chamam-lhe contexto VUCA (volatility,
mais relevantes para a Gestão de Pes- Resources sobre se as lideranças estão uncertainty, complexity, ambiguity),
soas, em 2024. preparadas para enfrentar os desafios cria uma necessidade de adaptação
que se avizinham, uns expressivos 80% e evolução permanente dos líderes e
As lideranças e o consideram que não: 40% dizem que só desafia as organizações a encontra-
actual cenário político rem os melhores mecanismos de de-
uma minoria, 38% defendem que sim, senvolvimento e suporte da liderança.
Verificámos que o tema da liderança de mas com a ressalva de que a maioria vai Mas nada é possível sem a motiva-
equipas só foi referido por 20% dos inqui- precisar de actualizar competências (ou ção de mudar e aprender dos próprios
ridos como um dos mais desafiantes para seja, com as competências que têm ac- líderes. Para estimular esta motivação,
é importante criar jornadas de aprendi-
o próximo ano, percentagem que desce tualmente, não estão preparadas) e 2% zagem alinhadas com os valores e pro-
para 17% quando se pergunta a prioridade afirmam peremptoriamente que não. pósito da organização e que tenham
nas respectivas empresas, mas ao ques- Este alerta já tinha sido dado no ano pas- em conta as necessidades específicas
de desenvolvimento de cada líder. Este
processo pode ser desafiante, mas a
OPINIÃO
2024: um ano de alguma contenção, mas com optimismo
R «Os resultados do 50.º Barómetro, de maneira geral, parecem antecipar que o ano de 2024 poderá ser um ano
de alguma contenção, ainda que com optimismo para as organizações.
Que a actual situação política de Portugal irá impactar a actividade das empresas é a certeza de 91% dos parti-
cipantes. Com eleições programadas para Março, e com tudo o que isso implica, existirão certamente impactos/
atrasos em tomadas de decisão políticas com influência directa nas organizações do sector público e privado.
Ainda que, com esta conjuntura de maior incerteza, a perspectiva da maioria dos participantes seja de que a
evolução do emprego irá crescer (20%) ou pelo menos manter-se (40%), temos já um número considerável (40%)
que considera que essa evolução será negativa.
Detalhe positivo é que, quando a análise é feita numa perspectiva mais micro e interna das suas próprias
organizações, os valores referentes ao aumento do número de trabalhadores é de 65%, e somente 5% referem
uma possível diminuição.
O ano de 2024 será também de um novo salário mínimo em Portugal, e essa situação está reflectida nos 100%
de respostas a confirmarem que os salários irão subir nas suas organizações. Mais uma vez se nota maior conservadorismo das respostas
na abordagem macro (Portugal) comparativamente à micro (própria organização), existindo maior confiança de que o aumento salarial nas
organizações dos inquiridos será superior do que na generalidade do mercado laboral português.
Os aumentos salariais têm sempre um impacto significativo e directo nos custos laborais das empresas. Um salário mínimo mais ele-
vado pode resultar em pressões adicionais sobre as finanças das organizações, especialmente aquelas que dependem de mão-de-obra
intensiva. Por outro lado, um salário mínimo mais alto pode contribuir para a melhoria do poder de compra dos trabalhadores, promoven-
do maior equidade social.
O aumento em questão, para algumas empresas, pode significar a necessidade de reavaliar suas estruturas de custos, ajustar preços,
ou até mesmo buscar eficiências operacionais para acomodar o aumento nos custos de mão-de-obra. Possivelmente, é por essa razão
que a produtividade emerge como uma das prioridades na Gestão de Pessoas para 2024. A atracção e retenção de talentos, o upskilling,
o reskilling e a integração da inteligência artificial (IA) são outras das prioridades escolhidas pelos respondentes que convergem para
optimizar o desempenho organizacional e a produtividade.
As empresas competem não só por clientes, mas também por profissionais qualificados, e a sua retenção nas empresas é um factor
importante, pois diminui risco e custos directos e indirectos. O upskilling e o reskilling surgem como estratégias essenciais, exigindo in-
vestimentos para manter a força de trabalho alinhada com as evoluções tecnológicas e as exigências do mercado. A crescente integração
da IA intensifica este cenário.
Gerir equipas eficientemente requer a compreensão das dinâmicas entre colaboradores humanos e sistemas automatizados. Estraté-
gias de formação e adaptação tornam-se indispensáveis para garantir que os colaboradores estejam aptos a trabalhar em conjunto com
as soluções baseadas na tecnologia e IA, maximizando a eficiência operacional.
Deixo um último comentário para os resultados à questão relacionada com o nível de preparação das lideranças para os desafios que
se avizinham. 40% dos participantes mencionam que somente uma minoria está preparada e 38% mencionam que a maioria está, mas que
necessitam de actualizar as competências, ou seja, existe um trabalho grande a fazer por parte das equipas de Recursos Humanos nas or-
ganizações, sendo uma excelente oportunidade para reforçar o papel desta área junto das lideranças da empresa e, consequentemente,
na participação da definição estratégica das suas organizações.»
sado, com igual expressividade (79%), gunta relacionada com a actualidade nário político actual não irá impactar
mas nem assim o tema surge no top 3 das política de Portugal, sobre se a “queda” a sua actividade.
prioridades para 2024. do Governo e consecutiva convoca- Ao longo desta análise, partilhamos
Nesta temática, não faz grande dife- ção de eleições antecipadas vai im- também os comentários – na primeira
rença se se trata de liderança de topo ou in- pactar a actividade das empresas. pessoa – de 11 especialistas do painel do
termédias, com 15% a acreditarem que as Ainda que quase todos os especialistas Barómetro Human Resources, sobre os
lideranças de topo (directores de Recur- considerem que sim, a maioria (35%) resultados desta 50.ª edição. É compos-
sos Humanos e CEO) estão preparadas acredita que será um impacto ligeiro, to por mais de 250 profissionais, maio-
e só 5% a acreditarem que as lideranças de mas 33% antevêem um impacto signifi- ritariamente gestores de Pessoas (75%),
topo e as intermédias estão preparadas. cativo na actividade das empresas. De mas também presidentes (10%) e direc-
Para concluir esta 50.ª edição do Ba- notar que 7% não sabem (ou não respon- tores de Marca, Comunicação e/ou Mar-
rómetro Human Resources, uma per- dem), quanto só 2% confiam que o ce- keting (15%).
OPINIÃO
«As pessoas deverão sentir-se seguras para assumir riscos»
Andreia Rangel
Directora de People, Purpose & Culture da Deloitte
R «O cenário corporativo está cada vez mais acelerado. Qualquer empresa que pretenda executar com êxito a
sua estratégia tem de considerar que o mercado está em movimento, identificar tendências futuras e prever a
melhor forma de satisfazer os requisitos, que estão sempre em evolução.
Os últimos anos trouxeram desafios sem precedentes e um mundo mais propenso à polarização do que antes.
Mas, em vez de questões e problemas binários, surgiu um mundo mais multipolar, exigindo que operemos com
mais nuances e maior contexto.
Hoje, as empresas competem pelas melhores pessoas com diferentes competências, mas também pela capa-
cidade de abraçar rapidamente a transformação digital e a inclusão de inteligência artificial nos seus processos.
Por tudo isto, o papel da Gestão de Pessoas obriga a uma abordagem estratégica e visionária para alavancar
a corrida competitiva e aumento de produtividade.
Num mundo onde as pessoas valorizam propósito, progressão e desenvolvimento, as organizações precisam
de incorporar esses movimentos na experiência de trabalho e comunicar a visão inspiradora.
A rápida evolução tecnológica significa que as competências críticas estão a evoluir drasticamente. O upskilling (aperfeiçoamento
de capacidades existentes) e o reskilling (aquisição de novo conhecimento/competências) tornam-se dinâmicas imperativas para que a
organização se mantenha relevante e adaptável. Neste sentido, o talento tem de ser incentivado a reinventar-se, a manter viva a curio-
sidade em busca de conhecimento. As pessoas deverão sentir-se seguras para assumir riscos e procurar a aprendizagem constante. O
movimento será uma constante no futuro.
Finalmente, a inteligência artificial que, entre outras valências, será uma excelente ferramenta que facilitará a tomada de decisão.
Permitirá o desenvolvimento de análises preditivas que nos ajudarão a perceber e a agir rapidamente. Irá contribuir para melhorarmos
processos, mas também monitorizarmos o nível de engagement e satisfação dos colaboradores. O gestor de Pessoas terá de equilibrar e
considerar uma quantidade cada vez maior e mais complexa de informação com um largo espectro de inclusão e rigor ético.
Liderar com empatia será ainda mais necessário ao interligarmos a tecnologia com a humanização da experiência de trabalho. Ao fazê-
-lo com propósito, cultivamos um ambiente de aprendizagem alavancado numa aceleração tecnológica que nos conduzirá ao futuro, que
já é presente.»
OPINIÃO
«Os líderes têm sobre si a responsabilidade de
inspirarem e de serem o motor de crescimento»
Sara Silva
Directora de Relações Humanas na L’Oréal
R «Quando pensamos que já fizemos tudo pelas lideranças, que já lhes demos toda a formação e meios para
gerirem o negócio e as suas equipas, eis que somos confrontados com os resultados deste Barómetro. Para
42% das empresas que responderam, a grande maioria das lideranças não estão preparadas para enfrentar os
desafios que se avizinham. E para 38%, as lideranças estão preparadas, mas a maioria vai precisar de actualizar
as suas competências. Parece estranho? Quase os mesmos valores para sim e não? Para mim, estes valores
reflectem a ambiguidade nesta era em que vivemos e trabalhamos.
As lideranças são também, elas próprias, pessoas com dúvidas e incertezas neste mundo que tem muito pouco de previsível e certo. As
lideranças são muitas vezes os melhores experts técnicos nas suas funções, a quem é cada vez mais importante avaliar o seu coeficiente
de adaptabilidade ou rapidez e agilidade de aprendizagem antes de serem promovidos.
Sim, vivemos um tempo turbulento no País, na economia e na política, na sociedade e no ambiente. Nas empresas, os líderes têm sobre
si a responsabilidade de inspirarem e de serem o motor de crescimento, não só do negócio, mas também das pessoas que gerem. Alguma
vez estarão totalmente preparados?
Termino com uma palavra de admiração para os líderes que, com humildade e motivação, assumem a sua vulnerabilidade e procuram
continuar a aprender diariamente com as suas equipas. Enquanto profissional de RH, tenho a minha missão facilitada quando assim é.»
OPINIÃO
Construindo equipas para o futuro: os desafios
da atracção e retenção de talento
Paulo Silva
Director de Recursos Humanos da SIVA | PHS
R «O tema de atracção e retenção de talento esteve sempre no âmbito das preocupações das empresas, principal-
mente das que pretendem destacar-se nos respectivos mercados e querem assegurar a sustentabilidade futura dos
seus negócios. Com as rápidas mudanças a que temos assistido no mundo do trabalho, este desafio torna-se ainda
mais complexo agora e no futuro. Existe um conjunto de factores que tem ganho crescente relevância, obrigando as empresas a adaptar as suas
abordagens para conseguirem obter resultados positivos e consistentes. Um dos factores prende-se com as expectativas dos profissionais mais
jovens, como os millennials e a geração Z, os quais valorizam diferentes vertentes da vida profissional face às gerações anteriores. Procuram pro-
pósito, autonomia, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e uma cultura organizacional positiva que aposte na comunicação, na diversidade e
no desenvolvimento contínuo. A transformação digital é outro factor que está a mudar a forma como as pessoas trabalham e interagem com as
empresas. A possibilidade de trabalhar à distância traz inegáveis benefícios, mas, quando levada ao extremo, diminui significativamente a com-
ponente emotiva da relação com a cultura da empresa podendo, mais facilmente, perder-se o propósito do papel de cada um na organização e o
sentimento de pertença a um projecto. A retenção aqui torna-se mais difícil. Outra consequência da transformação digital é a necessidade de ac-
tualizar as competências dos colaboradores para que não fiquem excluídos desta onda de evolução tecnológica e, em consequência, baixem os
níveis de motivação e os índices de produtividade. A competição global pelos talentos, alavancada pela transformação digital, é outro factor que
obriga a uma abordagem à gestão do talento mais flexível e inovadora. Se juntarmos a isto a crescente escassez de profissionais qualificados, em
contraciclo com a crescente procura, o desafio de recrutar e reter talentos torna-se mais difícil para as empresas. É mais difícil reter talento face à
grande procura no mercado global. Esta nova conjuntura exige que as empresas se tornem atractivas não apenas no que respeita aos indicadores
financeiros e de negócio, mas também em relação à cultura, aos valores e às oportunidades de desenvolvimento profissional que oferecem. A
comunicação clara e consistente pela empresa do seu propósito e dos seus valores é fundamental para que os profissionais que procuram cultu-
ras organizacionais positivas, e atractivas, possam tomar a sua decisão de abraçar um desafio onde se sintam integrados e realizados. Já ninguém
tem interesse em concorrer a empresas obscuras que não comunicam de forma clara e transparente o seu projecto e aquilo que defendem. Os
factores acima elencados coexistem no tempo e reforçam-se mutuamente, formando uma “tempestade perfeita” que coloca grandes desafios
às empresas na “navegação” pelo mundo do talento. Nunca é demais destacar o papel das lideranças neste contexto repleto de complexidades.
Os líderes são uma peça-chave na criação de culturas positivas assentes em valores íntegros e com práticas de gestão que promovam a comu-
nicação aberta e o desenvolvimento das pessoas. Também por este motivo, a gestão de talentos deve ter um claro objectivo de identificação
e desenvolvimento de líderes internos, que no futuro garantam a sustentabilidade do negócio e o desenvolvimento da cultura organizacional.»
OPINIÃO
«A atracção e retenção de pessoas continuará a ser uma prioridade»
R «A atracção e retenção de pessoas, identificado pelo Barómetro Human Resources como o grande tema da Gestão
de Pessoas para 2024, continuará a ser uma prioridade para o Pestana Hotel Group, bem como a consolidação de uma
estratégia de employer branding cada vez mais robusta. Destaco algumas iniciativas nas áreas do recrutamento, condi-
ções remuneratórias e benefícios, e formação e desenvolvimento. Ao nível do recrutamento, o grupo tem colaborado de
forma muito próxima com escolas e universidades em vários dos 16 países onde temos actividade, comunicando activa-
mente as oportunidades existentes em mais de 100 hotéis e outros negócios. Ao nível das condições remuneratórias e
benefícios, para além da política de Remuneração Mínima Pestana, que assegurou em 2023 um valor total mensal nunca
inferior a 1000 euros (incluindo subsídio de alimentação), o grupo também tem uma política de partilha de resultados a
todos os colaboradores e outros benefícios como o seguro de saúde, o apoio psicológico ou as condições privilegiadas
em unidades Pestana. Os colaboradores têm ainda a possibilidade de participar em acções de voluntariado organizadas
pela nossa área de sustentabilidade através do programa Planet Guest. Quanto à formação e desenvolvimento das nos-
sas pessoas, fundamentais para aumentar as qualificações e potenciar o crescimento na carreira dos nossos colaboradores, a nossa academia
interna, Pestana Academy, tem sido um pilar fundamental. Os resultados estão à vista, com evoluções na carreira e mobilidade geográfica bem
patentes nas nossas operações. Destacamos os nossos programas Pestana Mobility, que permite ao nosso talento ter experiências internacionais
noutras geografias onde o grupo está presente, por exemplo, em Nova Iorque, Londres ou Amsterdão, e o Pestana Growing Together, que tem
como objectivo preparar futuros responsáveis de departamentos/unidades do Grupo. A atracção e retenção das pessoas requer assim uma
abordagem transversal, com iniciativas em várias áreas e cada vez mais adaptadas às motivações de cada colaborador.»
JOE MULL
FUNDADOR DA BOSSBET TER LEADERSHIP ACADEMY
Employalty:
Como manter os
colaboradores
comprometidos
Para Joe Mull, escritor, fundador da BossBetter Leadership Academy e com uma longa
carreira em Recursos Humanos, atrair e manter os colaboradores numa organização
depende dos empregadores. No seu mais recente livro, “Employalty: How to Ignite
Commitment and Keep Top Talent in the New Age of Work”, partilha o segredo.
POR Tânia Reis
C
omo não havia nenhuma Que análise faz da actual realidade do fissionais adorem o que fazem e com
palavra que o transmitis- mundo do trabalho? quem o fazem. Claro que há diferenças
se, Joe Mull inventou-a. Sabemos muito sobre a natureza huma- culturais, mas, na maioria dos países,
Pode pensar-se que “Em- na, independentemente do local onde esta é a realidade.
ployalty” tem que ver com vivemos e trabalhamos, e o que esta nos
“employee loyalty”, mas o escritor reve- diz é que as pessoas tendem a fazer um Mas, muitas vezes, o que os colaborado-
la que é uma mistura das palavras “em- excelente trabalho quando acreditam res e as empresas consideram um “bom
ployer loyalty” e “humanity”. E, num mo- que têm um excelente emprego. Por isso, trabalho” são duas coisas completamen-
mento em que assistimos a um “recali- no mundo do trabalho, se queremos que te diferentes...
brar” da forma como as pessoas querem as pessoas entrem nas empresas, fiquem Com certeza. E aqui entram as influências
que o trabalho encaixe nas suas vidas, por muito tempo e que o seu compro- culturais. O que um trabalhador norte-
Joe Mull acredita que o presente e futu- metimento a nível emocional e psico- -americano considera um bom salário é
ro do mundo do trabalho vai depender lógico se reflicta no seu trabalho, temos diferente da opinião de um profissional
desse Employalty. de criar as condições para que os pro- português, por exemplo. No que diz res-
lent in the New Age of Work”. O que signi- flexibilidade. Se recebo um salário ade-
fica “Employalty”? quado, tenho um volume de trabalho ge-
É uma palavra inventada que pretende rível e alguma flexibilidade sobre quan-
transformar o complexo em algo simples. do, onde e como trabalho, esse emprego
E quando olhas para a palavra, achas encaixa na minha vida como uma peça
que tem que ver com “employee loyalty”, de um puzzle. E isso vai aumentar o meu
mas é uma mistura das palavras “em- comprometimento e lealdade para com
ployer loyalty” e “humanity”. a organização.
Employalty é um compromisso que Um trabalho com significado está re-
os empregadores assumem para uma lacionado com o que faço todos os dias e
employee experience mais humanizada, com quem o faço. E sabemos que o tra-
porque é isso que gera comprometimen- balho se torna significativo para as pes-
to no trabalho. Se tratamos os colabora- Quando um profissional tem o em- soas quando vivenciam três componen-
dores como uma mera “mercadoria” que prego ideal, faz um trabalho com signi- tes: propósito – acredito que o meu tra-
traz benefícios, e esquecemos que têm vi- ficado, para um grande chefe, vai juntar- balho faz a diferença?; força – vou de-
das, objectivos e necessidades fora da em- -se à organização, permanecer por mais senvolver um trabalho alinhado com os
presa, não estamos a criar um ambiente do tempo e esforçar-se ao máximo. meus talentos?; e sentimento de perten-
qual eles queiram fazer parte. Porém, se ça – sou um membro aceite e reconheci-
criarmos uma employee experience mais O torna um emprego ideal, um trabalho do da equipa e da empresa? Quando es-
humanizada, que não os trata como “mer- com significado e um chefe “bom”? tas três componentes não existem, o tra-
cadoria”, mas sim como seres humanos, O emprego ideal compreende três dimen- balho é menos recompensador e é mais
e decidimos minimizar os impactos ne- sões: remuneração, volume de trabalho e provável ir procurar noutro sítio.
gativos que o trabalho pode trazer às suas
vidas, então estamos a criar condições
atractivas para os profissionais.
dos, a COVID-19 foi apenas mais um in- Esta geração passou a vida agarrada a um que temos de fazer. Se Portugal está a
grediente que entrou numa cultura de tra- telemóvel, o que mudou a natureza da sua perder talentos para empresas estrangei-
balho onde as pessoas já estavam há quase forma de comunicar, e isso não é culpa do ras, basicamente porque pagam mais,
13-14 anos a sair das empresas em busca de ensino. As empresas estão a dar-se conta as empresas portuguesas precisam de
empregos melhores, porque a economia de que precisam de aprimorar algumas perguntar-se de que forma podem co-
permitia que esse “upgrade” acontecesse. competências destes novos colaborado- brir essas propostas e melhorar a quali-
Acho que alguns empregadores ainda es- res como a gestão de conflitos, a cons- dade de vida dos profissionais. No fun-
tão presos aos mesmos padrões de tratar trução de ligações, entre outras. do, voltamos ao manual interno de que
os trabalhadores como “mercadoria”, falava antes. Todas as histórias que co-
tentando maximizar o lucro sobre a em- E a nível de saúde mental e work-life ba- nhecemos de alguém que decidiu deixar
ployee experience, e são estes que estão lance, as empresas estão a abordar estes uma empresa e aceitar um novo empre-
a lutar por manter e atrair profissionais. temas da maneira certa? go estão relacionadas com alguma combi-
Penso que algumas organizações estão nação daqueles factores. Duas empresas
E que poderão não conseguir sobreviver a começar a abordar melhor estas ques- na mesma rua podem ter razões comple-
no mercado no futuro próximo... tões. Vemos empresas a prestar atenção tamente diferentes para não conseguirem
Precisamente. Claro que há ciclos econó- a temas como segurança psicológica e a fidelizar profissionais. Por isso, o asses-
micos, mas este é um momento crucial criar ambientes para os colaboradores sment é tão importante.
de “adaptas-te ou morres” para muitas falarem abertamente, sem medo de re- No caso de Portugal, se retirarmos o
empresas, porque não há profissionais presálias, em que são encorajados a pro- tema impostos da equação – comum a
suficientes para preencher a quantidade curar ajuda sem que isso prejudique os todas as empresas –, é fundamental pen-
de empregos à velocidade a que surgem seus empregos, ou a garantir que os be- sar “o que posso fazer de diferente como
actualmente no mercado. E um empre- nefícios permitem mais acesso a recur- empregador que me destaque”. Talvez
gador que precise de trabalhadores vai sos de saúde. não seja possível aumentar os salários,
precisar de ir buscar a outras empresas, Ao mesmo tempo, parte do tema está mas há outras coisas, como benefícios, a
e se o profissional perceber que vai ter também relacionada com o factor do forma como os colaboradores são trata-
melhor qualidade de vida naquele em- volume de trabalho e com a expectati- dos, o poder de decisão na definição dos
prego, não hesitará em mudar. va do que um trabalhador pode realizar seus horários, ou a diferença que esse
num dia, semana ou mês, e reconhecer trabalho faz na comunidade para activar
Quais as competências que esses empre- que, por vezes, o caminho para uma me- o sentido de propósito nos colaborado-
gadores mais procuram? lhor saúde mental é realmente pagar me- res. Quando não é possível melhorar a
Hoje, estão muito voltadas para o pensa- lhores salários e pedir que trabalhem um remuneração, a única opção é acertar
mento crítico, a capacidade de trabalhar pouco menos. nos outros factores que os profissionais
de forma independente e autónoma, mas procuram e valorizam e que, no fundo,
também competências de comunica- Portugal enfrenta uma escassez de talentos, representam a base psicológica sobre a
ção. Passámos para um mundo de tra- em parte devido à falta de competências, qual o comprometimento é construído.
balho virtual em que não há tantas con- mas também aos baixos salários e à con-
versas no escritório e à hora de almoço, tratação por empresas estrangeiras. Como Por vezes, não se trata apenas de baixos
por isso, a capacidade de comunicar num podem as organizações tornar-se atractivas salários, mas sim de ambientes de traba-
ambiente virtual e de trabalhar de for- e reter os melhores colaboradores? lho tóxicos. Como lidar com maus chefes?
ma independente é mais importante do Por vezes, temos de admitir que o que Primeiro, deixe-me dizer que sei que a
que nunca. não queremos fazer é precisamente o palavra “chefe” nem sempre tem cono-
EXPERIS
de as substituir. «Estamos agora a en-
O
de, num contexto onde as soft skills se tor-
Immersive Tech Report, «As tecnologias imersivas e a inteli- narão ainda mais críticas», já que será
recentemente lançado gência artificial (IA) estão a alterar o mun- «esta vertente mais humana que parece
pela Experis – marca de do do trabalho e a abrir caminho para uma marcar o futuro do trabalho», acredita.
recrutamento especiali- nova era na gestão de talento», destaca o Competências como a curiosidade, a
zado do ManpowerGroup responsável. «A aceleração no desenvolvi- criatividade ou a empatia serão o grande
–, pretende mostrar «onde é que os em- mento das tecnologias de machine lear- diferenciador na criação de valor, mas tam-
pregadores e os trabalhadores vêem o ning (ML), realidade aumentada (AR), bém «pensamento crítico, resolução de
maior potencial para o progresso, como é blockchain e das ferramentas de IA con- problemas complexos e competências in-
que os trabalhadores se sentem em rela- versacional, como o ChatGPT, apresentam terpessoais», que terão menos probabi-
ção a estas novas tecnologias e onde acre- potencialidades em todo o ciclo de vida lidade de serem automatizados. «A lear-
ditam que estas podem aportar valor e, ain- dos Recursos Humanos que as empresas nability – a capacidade de aprender con-
da, quais as barreiras à sua adopção e que não podem deixar de agarrar.» tinuamente e desenvolver competências
riscos antecipam para o futuro», explica ao longo de toda a vida –, a comunicação,
o Brand leader Nuno Ferro. Para isso, foram Ligações humanas num a inteligência emocional, a curiosidade
entrevistados quase 39 mil empregado- mundo mais digital ou a empatia serão também cada vez
res em 41 países e realizados vários in- Para Nuno Ferro, ainda que prever o fu- mais valorizadas.»
quéritos com candidatos. Os resultados turo do mundo do trabalho seja algo com- Num futuro volátil, onde continuamen-
demonstram que ambos partilham en- plexo, é certo que a tecnologia vem au- te despertam novas tendências e neces-
tusiamo perante as novas tecnologias. mentar as capacidades humanas em vez sidades, o responsável da Experis acredi-
Upskilling e reskilling -ão não pelo O estudo mostra ainda que as organiza-
ções reconhecem o potencial das novas
obrigatórios
Segundo o Immersive Tech Report, 74%
que sabem, tecnologias na mudança do panorama do
recrutamento, e 70% assumem que já a
dos profissionais inquiridos consideram mas pelo que usam. «Em primeiro lugar, permitem um
que a IA será a tecnologia que mais impac-
tará a sua carreira. Apesar de se prever um querem saber.» aumento da eficiência do recrutamento, na
medida em que, com a automatização das
impacto considerável da IA no mercado de etapas iniciais do processo, as organiza-
trabalho, o gestor crê que a maioria dos ções podem obter perfis de candidatos
empregos e sectores estão apenas parcial- ajustados, mais rapidamente e com mais
mente expostos à automação e deverão Segundo a Organização para a Coo- qualidade», refere o Brand leader. «Isto re-
ser complementados por esta, mais do peração e Desenvolvimento Económico duz o tempo e o esforço exigidos aos recru-
que completamente substituídos. E rei- (OCDE), 1,1 mil milhões de empregos são tadores para seleccionar perfis, permitin-
tera que o mais importante «é a forma susceptíveis de ser transformados de for- do-lhes concentrarem-se noutros aspectos
como iremos tirar proveito dos recursos ma radical pela tecnologia até 2030. «No importantes do processo de contratação.»
e tempo que libertamos ao transferir que respeita à realidade virtual (RV), os Do lado dos candidatos, «há uma me-
tarefas para a IA». impactos vão sentir-se sobretudo na for- lhoria da sua experiência, no sentido em
Num cenário em constante mudança ma como podemos trabalhar e interagir que os chatbots alimentados por IA po-
tecnológica, Nuno Ferro reconhece que com os nossos colegas», esclarece o res- dem fornecer-lhes feedback e informações
«pode ser difícil para os colaboradores ponsável, acrescentando que 65% dos en- instantâneas sobre o processo de candida-
manterem-se na dianteira da curva das trevistados no relatório concordam que o tura, reduzindo o tempo de espera por res-
competências», por isso «mais do que metaverso melhoraria as suas interacções postas», o que poderá levar a uma experiên-
apostar exclusivamente na atracção de com colegas noutros locais. «A realidade cia mais positiva do candidato e ajudar as
talento externo», aconselha as empresas aumentada (RA) permite fazer a ponte en- empresas a atrair o melhor talento.
a «procurarem formas criativas para pre- tre o mundo digital e o analógico e aproxi- Não obstante, «não podemos elimi-
encher posições e investir na construção mar quem está a trabalhar em modo pre- nar por completo a interacção humana,
de competências digitais, mediante o up- sencial e quem está em modo remoto.» sob o risco de desumanizar todo o proces-
skilling e reskilling dos seus trabalhado- Os impactos serão também ao nível da so de recrutamento», alerta. Os candida-
res». Só assim, defende, será possível ga- formação, já que, quando inquiridos sobre tos ainda exigem contacto humano, e «os
rantir a prosperidade das pessoas ao lon- o «quão confortáveis se sentiriam em ter recrutadores devem garantir que en-
go das suas carreiras. coaching ou formação entregues em RV, contram o equilíbrio certo entre a eco-
nomia de tempo e as interacções presen- Para Nuno Ferro, a chave para o suces-
ciais», durante todo o processo, «para so é a adopção da tecnologia de uma for-
encontrar as pessoas ideais para as res- ma que reforce os recrutadores, já que es-
pectivas posições». tes «não serão substituídos pela IA. No fu-
Por outro lado, à medida que as deci- turo, é provável que o seu papel seja mes-
sões de screening de candidatos e de ajuste mo reforçado, ao terem mais tempo para
face a um perfil de competências são pro- se concentrarem nos aspectos mais huma-
gressivamente automatizadas, «é essen- nos das suas tarefas. Na prática, isso sig-
cial assegurar o correcto funcionamento e nifica menos tempo com tarefas adminis-
modelo de aprendizagem do algoritmo, de trativas e repetitivas e mais tempo para
forma a garantir que não produz resulta- conhecerem potenciais candidatos e ga-
dos enviesados, como já aconteceu», faz rantirem que estes são os mais adequa-
notar Nuno Ferro. De realçar que a segun- dos para a função.»
da maior preocupação das empresas so-
bre este assunto é precisamente o envie- Os gestores de Pessoas
samento do algoritmo, pelo que «existe O desenvolvimento das novas tecnologias
um entusiasmo cauteloso sobre o poten- tem vindo a abrir caminho também para
Nuno Ferro
cial da IA nesta área». uma nova era de gestão de talento. «Da or- Brand leader da Experis
Devido às questões éticas relacionadas ganização de eventos de recrutamento vir-
com privacidade, protecção de dados, trans- tuais às reuniões imersivas com colegas
parência na decisão e preconceitos e dis- de outras partes do mundo ou à assistên- ferramentas como a IA poderão assumir
criminação, o responsável defende que é cia na revisão de candidaturas, a IA e a RV parte das tarefas dos analistas, podendo
«fundamental que os sistemas de IA se- estão a configurar um novo normal do recolher grandes volumes de dados e iden-
jam supervisionados por pessoas e não por mundo do trabalho», garante Nuno Ferro. tificar tendências nesses dados, aumentan-
automação, de forma a minimizarem-se ris- No entanto, também coloca desafios do assim a produtividade.» Ainda assim, o
cos e torná-los mais seguros, transparen- importantes, «nomeadamente o retorno Brand leader está convicto de «que todos os
tes, rastreáveis e não discriminatórios». sobre o investimento nestas tecnologias, processos cruciais de decisão nesta área se-
De acordo com o Immersive Tech Re- que depende da sua adopção». Os líderes rão deixados nas mãos dos profissionais».
port, existe um elevado nível de entusias- de talento têm de ser capazes de promover O mesmo se verifica nas áreas de Le-
mo pela tecnologia entre os colaboradores essa adopção, alinhando funções e pro- gal, «onde os assistentes jurídicos produ-
e potenciais candidatos, mas não como um cessos de trabalho, promovendo a expe- zem resumos e pareceres a partir da aná-
substituto para a interacção entre huma- rimentação e capacitando as pessoas. lise e síntese de grandes quantidades de
nos. «Enquanto apenas 38% dos entrevis- Nas restantes áreas, acredita que, de informação», da Comunicação e do Ma-
tados declararam sentir-se confortáveis uma forma geral, será «nas funções cujo rketing, ou qualquer outra que envolva a
em ter uma candidatura revista inteira- tipo de informação trabalhada possa ser criação de conteúdo. Contudo, Nuno Ferro
mente por tecnologia de IA, quase 60% reproduzida por processos digitais que se acredita que muito do trabalho não pode-
dos profissionais estariam abertos a ex- sentirá um impacto maior das novas tec- rá ser automatizável, «uma vez que exis-
periências de recrutamento com RV, tais nologias», como, por exemplo, na análise fi- te um factor de análise e julgamento hu-
como as feiras de emprego.» nanceira ou de mercados. «Nestas áreas, mano no qual as ferramentas de IA têm
ainda muitas debilidades».
Também as funções de Serviço ao
«Os trabalhadores são cada vez mais Cliente serão impactadas, já que a tecnolo-
gia de IA conversacional, como o Chat-
motivados pelo desenvolvimento GPT, pode ser utilizada para que os chat-
Para o profissional da Experis, nem Assim, e ainda que o esforço das orga-
a própria área tecnológica fica imune, nizações para acompanhar os avanços tec- TENDÊNCIAS
pois «as novas ferramentas permitem já nológicos seja essencial, o especialista real-
processar dados com relativa precisão ça que «é importante que, da parte dos co- O futuro do mundo
e produzir código mais rapidamente do laboradores, haja uma abertura para evo- do trabalho
que os seres humanos, impactando fun- luir e desenvolver novas competências»,
ções de programação de software, pro- principalmente num mercado em rápida Baseado nos resultados do Immersive
gramação web, engenharia de software mudança. «Em vez de encararem as no- Tech Report, da Experis, Nuno Ferro
identificou as seguintes tendências:
e análise de dados». Não obstante, ape- vas ferramentas tecnológicas como uma
R A tecnologia vai aumentar as
sar de oferecerem vantagens ao nível ameaça, as pessoas devem vê-las como
capacidades humanas em vez
da rapidez de programação, «estas tec- uma oportunidade para evoluírem profis- de as substituir.
nologias não são capazes de analisar e sionalmente e desenvolverem novas com- R Aproveitar as ferramentas digitais
perceber os problemas e as fontes de va- petências. A aptidão humana também tem para melhorar as ligações humanas.
lor para o cliente, ou quais as funcionali- a oportunidade de evoluir na era das má- R Os saltos tecnológicos trazem
dades a priorizar no desenvolvimento quinas inteligentes.» criação de emprego, gerando novas
funções ou transformando funções
do produto».
já existentes.
Mais empregos e
R Aprender a trabalhar em conjunto
O papel dos colaboradores novas profissões
com a tecnologia, utilizando-a como
Ainda de acordo com o relatório da Expe- Apesar dos receios de que a tecnologia uma ferramenta para aumentar
ris, apesar de a tecnologia estar a trans- venha a destruir emprego, «a realidade competências e automatizar
formar os tipos de competências de que os não corrobora esta narrativa» e, de fac- tarefas rotineiras.
colaboradores precisam, a força de traba- to, as empresas que investem em tecno- R Foco no desenvolvimento de
competências que as máquinas
lho actual está pouco preparada para esta logia acabam muitas vezes por empre- não têm, como estratégia, inovação,
mudança. Prova disso são os 63% dos in- gar mais pessoas, afirma Nuno Ferro. resolução de problemas complexos.
quiridos que revelaram não ter qualquer «Segundo o Immersive Tech Report, 58% R A tecnologia será um factor
experiência na utilização do metaverso em das empresas inquiridas antecipam que capacitador de competências
contexto profissional. «Face ao acelerado as tecnologias imersivas irão levá-las a como a curiosidade, a criatividade
ritmo da inovação tecnológica, pode ser contratar mais profissionais.» E reitera ou a empatia.
R As empresas vão ter de investir
difícil para os trabalhadores manterem-se que pode ter um «impacto significativo
na construção de competências
na vanguarda das competências», reco- na sociedade, contribuindo inclusiva- digitais, mediante o upskilling e
nhece Nuno Ferro. Por isso, a principal me- mente para criar empregos, aumentar reskilling dos trabalhadores.
dida que as organizações devem adoptar a produtividade e reforçar o crescimen- R A tecnologia vai potenciar maior
para garantir que os seus profissionais to económico». flexibilidade, autonomia e equilíbrio,
prosperam ao longo das suas carreiras – Aliás, «já vemos o surgimento de novas bem como locais de trabalho mais
humanos assentes na colaboração
alinhados com a própria evolução da em- funções, com perspectivas de ainda mais
e na confiança.
presa – «passa por construir um ecossis- desenvolvimento a médio prazo», como «os
tema que os apoie na constante evolução AI trainers, auditores de IA, especialistas
das suas competências», através de pro- de Integração da IA, criativos de Arte em
gramas de reskilling e upskilling. IA ou ainda gestores de Compliance na IA». Experis. «Os trabalhadores são cada vez
Num período em que a escassez de ta- Na área de RV e RA, começam a surgir «os mais motivados pelo desenvolvimento
lento se encontra em valores muito eleva- arquitectos de RV, os engenheiros de soft- de competências e experiência, em de-
dos, «a melhor maneira de conseguir acom- ware de RA/RV, ou ainda os gestores de trimento da conquista de cargos e posi-
panhar as transformações tecnológicas Eventos no Metaverso». ções na hierarquia corporativa», o que
que se tem sentido no mercado passa por Esta nova “era” para a qual caminha- implica fazer movimentos laterais, como
apostar precisamente nas pessoas». E este mos poderá contribuir para a tão dese- mudanças de departamento, projectos e
desafio «tem de ser trabalhado por todos, jada atracção e fidelização de profissio- funções. A seu ver, a adopção destas no-
numa missão conjunta de empresas, go- nais, que «vai muito além da remunera- vas tecnologias oferece aos candidatos a
vernos e dos próprios colaboradores. No ção». «A possibilidade de evoluir profissio- oportunidade de «uma jornada contínua
futuro, os trabalhadores distinguir-se-ão nalmente ao obter novas competências de desenvolvimento para aprender novas
não pelo que sabem, mas pelo que querem começa a ser, hoje, muito valorizada pe- competências e adquirir experiência em
saber», acredita. las pessoas», assegura o Brand leader da diversas áreas».
ENQUADRAMENTO
REALOCAR OS
COLABORADORES
PODE SER BENÉFICO
PARA AS EMPRESAS
Embora se discuta até que ponto o trabalho à distância irá
manter-se, a pandemia provou que o local onde as pessoas
trabalham não é determinante para que trabalhem bem.
A
s recentes transforma- siste a um aumento dos pedidos de em-
ções no mundo do traba- presas que procuram garantir que as
lho reforçar a importân- suas políticas não são demasiado pres-
cia da flexibilidade não critivas e são, de uma forma geral, ade-
só para as empresas, mas quadas ao objectivo.
também para os colaboradores. Caitlin Agora que existem menos funções
Pyett, directora de gestão de contas na verdadeiramente impossíveis de desem-
Ásia para a Crown World Mobility, acon- penhar fora das instalações da empresa,
selha empresas em questões de relocali- os empregadores precisam de ter boas ra-
zação e mobilidade dos colaboradores, e zões para recusar os pedidos de realoca-
participou na elaboração de um estudo ção dos seus colaboradores, acrescenta
que sugere que as empresas encaram a Caitlin Pyett. E as conclusões do relató-
realocação dos trabalhadores como uma rio “Mobility Matters” parecem mostrar
ferramenta fundamental para aumen- que os empregadores estão receptivos a
tar a produtividade, o envolvimento e esses pedidos. Não só 82% das empresas
a retenção. afirmam ter oferecido a realocação aos
«Parece haver uma expectativa, en- trabalhadores numa tentativa de os re-
tre os trabalhadores mais jovens, de que ter, como mais de metade anuncia acti-
terão mobilidade nas suas carreiras. Os vamente o potencial de realocação a co-
empregadores têm de ter isso em mente laboradores potenciais e actuais.
quando pensam em atrair e reter cola- Segundo Caitlin Pyett, a pesquisa –
boradores», afirma. Salientando que a baseada num inquérito a mais de 250 lí-
possibilidade de se mudar para o estran- deres de RH no Reino Unido e na Irlanda, profissionais ou a necessidade de cuidar
geiro é, em conjunto com as políticas de na Europa continental, nos EUA e em de familiares são mais comuns do que o
sustentabilidade e diversidade, equida- Singapura, bem como em provas empí- simples desejo de viajar associado aos
de e inclusão de um empregador, um fac- ricas – sugere que a maioria dos pedi- “nómadas digitais”. Por conseguinte, os
tor cada vez mais importante quando se dos de realocação não são um capricho. empregadores que, desde a pandemia,
consideram ofertas de emprego, Caitlin Questões como o desejo de acompanhar se habituaram a olhar para os trabalha-
Pyett refere que a sua organização as- um parceiro que se desloca por motivos dores como indivíduos e a prestar mais
AUTODOC
disponível, clima, custo de vida, oportuni-
D
inauguração do novo escritório no Lagoas
epois do início do confli- mais de 1000 colaboradores, está locali- Park, em Oeiras, ocorreu em Maio de 2023.
to armado na Ucrânia, zado em Odessa.
em Fevereiro de 2022, a Face ao cenário de incerteza, o conselho A opção por Portugal
Autodoc viu-se obrigada de administração avaliou as condições de «Não poderíamos estar mais felizes com
a encontrar um novo local vários países com potencial para a realoca- a nossa decisão». Foi esta a forma encon-
adicional para a empresa. Na origem da ção dos colaboradores afectados pela guerra, trada pelo responsável da Autodoc para
decisão, esteve a necessidade de encontrar em diferentes localizações da empresa. Nes- descrever a escolha de Portugal como des-
um local seguro, dado que um dos maio- te processo, foram considerados critérios tino para realocar a empresa. Neste caso
res centros tecnológicos da empresa, com como a segurança, potencial de talento particular, o nosso país destacou-se pelo
GOOD TRAINING
DESENVOLVER COMPETÊNCIAS:
UM TEMA DE TODOS
Num contexto em que a evolução da tecnologia é cada vez mais rápida, a mudança uma
constante e a capacidade de adaptação uma competência que se está a tornar imprescindível,
como é que empresas e profissionais encaram o tema da formação e do desenvolvimento
de competências? Nesta HR Talk, são especialistas da MC | Sonae , da CUF Academic Center
e da Randstad que respondem ao desafio. FOTOS Basic Method – Broadcast Services
O
sucesso de uma empresa que a evolução tecnológica passou a ser dos colaboradores. Contribuir para que
passa sobretudo por ter cada vez mais rápida, a capacidade de os colaboradores atinjam os seus objec-
as melhores pessoas. E adaptação passou a ser uma competência tivos profissionais tem igualmente efei-
numa altura de maior es- imprescindível para as empresas. tos na sua motivação e produtividade. E
cassez de talento, estar ao Não se pode, por isso, descurar a for- para corresponder às necessidades do
lado dos trabalhadores, perceber as suas mação e o desenvolvimento de competên- mercado, precisa de ter profissionais ca-
expectativas e motivações e assegurar o cias dentro das organizações. Mas levan- pacitados, sendo o upskilling e reskilling
seu crescimento profissional é também tam-se algumas questões, como perceber fundamentais. Por outro lado, os profissio-
uma forma de reter talento nas organiza- qual é o papel das empresas e das lideran- nais não se podem demitir da “responsa-
ções. Por outro lado, num contexto em ças no apoio ao crescimento profissional bilidade” de se manterem relevantes num
res para formação. «Damos atenção às ne- dos seis meses.» No caso particular da MC,
cessidades específicas e individuais dos a People lead reconhece que a dimensão
nossos colaboradores. Esta atenção à for- pode ser uma vantagem porque oferece
mação e ao desenvolvimento de compe- mais oportunidades, quer de mobilidade
tências é essencial para a atracção e re- interna dentro da empresa, quer noutras,
tenção de talentos», afirma. dentro do universo Sonae.
Na área da saúde, Maria José Barros
Atracção e retenção de talento também tem plena confiança que «a Acade-
Sobre este tema da atracção e retenção mia dá maior robustez à CUF», sendo a in-
que foi dada uma formação às lideranças de talento, o Randstad Employer Brand Re- vestigação um pilar mais relevante. «Temos
sobre Saúde Mental, de modo a estarem search 2023 revela que a progressão de car- uma nova geração de profissionais de saúde,
mais capacitados para identificarem sinais reira está no top 5 dos critérios mais impor- para os quais a investigação tem imensa im-
de alerta. «Na primeira formação, fizemos tantes para os profissionais na escolha de portância. Com esta Academia, consegui-
uma imersão ao Manicómio [espaço de cria- um empregador. E Filipa Peixoto confirma mos dar apoio estatístico, temos uma biblio-
ção artística, que promove trabalhos de ar- que, mesmo que esse interesse não fique teca para a criação de artigos e ainda temos
tistas com experiência de doença mental e evidente durante a entrevista, se a pergun- uma ligação muito forte com as universida-
cujo principal objectivo é desmistificar o ta sobre a aposta no desenvolvimento e des, em particular com a Universidade Nova
estigma que lhe está associado]. Estivemos oportunidades de progressão de carreira de Lisboa. Torna-se assim uma proposta de
lá durante um dia a falar sobre os principais não for feita, os candidatos vão informar- valor mais atractiva e diferenciadora para
problemas, dificuldades sentidas, e tam- -se junto dos potenciais futuros colegas. alguns jovens médicos, enfermeiros e téc-
bém a sensibilizar para os sinais a que de- Para a expert manager da Randstad Por- nicos. Além disso, terminam a sua forma-
vem estar atentos. Também falámos so- tugal, há «uma partilha da responsabilida- ção com a elevada probabilidade de se tor-
bre como agir, dando ainda uma espécie de de no crescimento», no sentido em que «os narem profissionais da CUF.»
kit de sobrevivência», partilha. profissionais valorizam que as empresas
Outro exemplo que demonstra a impor- invistam no seu desenvolvimento, ao mes- Tecnologia: ameaça
tância do CUF Academic Center para o ne- mo tempo que também procuram adqui- ou oportunidade?
gócio, e de como acaba por haver uma liga- rir competências». E é preciso ter cons- Neste tema da formação e desenvolvimento
ção muito próxima entre a Academia, a di- ciência de que «os resultados não chegam de competências, não se pode esquecer o im-
recção de Recursos Humanos e a Comissão logo, tem de haver uma consolidação de pacto das novas tecnologias. Filipa Peixoto
Executiva para o desenvolvimento de novas aprendizagens, e isso só é possível com defende que «a inteligência artificial permi-
competências, é o das teleconsultas. «Com tempo e prática». tiu aos colaboradores ter mais tempo, recur-
a pandemia, passámos a ter teleconsultas, Ainda sobre a importância da formação sos e um conjunto de novas funções mais es-
e foi fundamental dar formação aos pro- para a atracção e retenção de talentos, Cláu- tratégicas. Quem tiver curiosidade, que é uma
fissionais sobre como agir e “ler” os pacien- dia Romão conta que «os candidatos não se característica fundamental, tem mesmo de
tes, através de um ecrã. Acabámos de fazer preocupam só com o presente, têm também a se actualizar, porque a inteligência artificial
um curso com médicos e enfermeiros, da preocupação de perceber quais serão os pró- vai impactar todas as pessoas e funções.»
área da oncologia, sobre como dar más no- ximos passos». Mas ressalva que também Já sobre se a tecnologia, nomeadamente
tícias», acrescenta. depende de que geração estamos a falar. «As a inteligência artificial generativa, pode ser
Mas a vontade do colaborador também gerações recentes são mais desafiantes, exi- uma resposta à escassez de talento no mer-
conta, garante Maria José Barros. E existe gem mais e, em alguns casos, já querem sa- cado, a expert manager da Randstad Por-
bolsas que são atribuídas aos colaborado- ber aquilo que podem aprender, logo passa- tugal prefere fazer notar que as empresas
negócio, é um
quando não é valorizada a saúde mental, há
um impacto negativo, quer na organização,
tema de toda a quer na vida pessoal dos colaboradores.»
A conversa foi moderada, como habitual-
empresa.» Cláudia mente, por Ana Leonor Martins, directora de
redacção da Human Resources Portugal.
Romão, MC | Sonae
Nota: Pode assistir à conversa na íntegra
(e a todas as HR Talks) no site da Human
Resources: hrportugal.sapo.pt
NOVA SBE
O COACHING
NO CONTEXTO
UNIVERSITÁRIO
No contexto da Nova
SBE, o coaching é
uma ferramenta usada
em determinados
programas executivos,
de inscrição aberta ou
customizados para uma
empresa específica.
A
Nova SBE considera o
coaching uma ferramen-
ta poderosa e capaz de
complementar os pro-
gramas de formação,
para proporcionar, aos líderes e outros
colaboradores, a oportunidade de evoluí-
rem ou redefinirem as suas carreiras. Des-
ta forma, através de uma jornada de auto-
conhecimento e desenvolvimento de com-
petências, as pessoas podem atingir o seu
potencial com mais facilidade. Além disso,
é promovida uma evolução no desempenho
e o alinhamento dos objectivos pessoais e
organizacionais. Carla Figueiredo, head
of Portfolio Management e Marina Ven-
tura, head of Academic Affairs & Degree
Programs na Nova SBE Executive Educa-
tion explicam à Human Resources Por-
tugal o papel do coaching na instituição.
U
ma gestão de employer garantiram a 40.ª posição, segundo lugar as mais diversas habilidades artísticas, e
branding focada na cria- se considerarmos a representatividade que, anualmente, surpreendem com ac-
ção do melhor ambien- do sector dos Seguros no ranking. tuações e performances todos os colabo-
te de trabalho possível, E se proteger a pessoas é o que move radores», explica Marta Teixeira, respon-
materializada nos no- este grupo segurador, os mais de 1300 sável do Programa A Team.
vos edifícios de Lisboa e do Porto, terá colaboradores são os primeiros da lista. Com esta iniciativa, o Grupo Ageas
tido a sua quota-parte de peso na recente Entre as várias iniciativas desenvolvidas Portugal pretende «promover e manter
subida de posição do Grupo Ageas Portu- está a Academia de Talentos. «Nascida ligações fortes entre pessoas que traba-
gal no ranking das empresas com melhor em 2017, é um projecto interno do Grupo lham na mesma empresa, assumindo
reputação. Na 4.ª edição do estudo da Ageas Portugal, que une pessoas das mais que, desta forma, também se pode con-
Merco Empresas e Líderes de Portugal, variadas idades e áreas da empresa, com tribuir para a saúde mental e felicidade
Ao encorajar a expressão dos mais di- para o engagement e a fidelização dos co- Com grande foco no “CARE” pelas
versos talentos, a Academia também in- laboradores, já que ao disponibilizarem pessoas e no seu bem-estar e felicidade,
centiva a criatividade e a inovação, compe- «um espaço onde as pessoas podem ex- entre as várias iniciativas desenvolvidas
tências essas que «podem ser estendidas pressar os seus talentos e interesses indi- pelo Grupo Ageas Portugal, Marta Tei-
para o ambiente de trabalho, impulsio- viduais, criam uma ligação pessoal e sig- xeira destaca o programa A Team, «que
nando soluções inovadoras e uma abor- nificativa entre equipas e organização». promove um conjunto de actividades de
dagem mais criativa às tarefas diárias». Ao reconhecer e valorizar a importân- desporto, lazer, cultura e conhecimentos
cia da saúde mental, «a Academia apoia para tornar os dias dos colaboradores
Aumentar o engagement também um ambiente de trabalho mais mais animados e mais felizes, promo-
e apostar no crescimento saudável, priorizando o bem-estar emo- vendo também o convívio e reforçando
A verdade é que este projecto «tem tra- cional dos colaboradores». A abordagem as relações emocionais entre todos». Em
zido benefícios notáveis, tanto para os co- inclusiva promove o sentimento de per- suma, assiste-se «à criação de uma ver-
laboradores, como para a organização». tença, onde os colaboradores se sentem dadeira “família e cultura Ageas”».
Para os colaboradores, porque «propor- valorizados e integrados numa comuni- Numa realidade de escassez de talen-
ciona desenvolvimento pessoal, contribui dade onde podem expressar-se sem bar- tos, a responsável confia que esta Aca-
para o bem-estar, fortalece relações e cria reiras e num espaço de total confiança. demia tem o potencial de promover o
laços que vão muito além das interacções Assim, «ao permitir que os colaboradores Grupo Ageas como empresa atractiva
profissionais, promove inclusão e apoio, explorem as suas paixões e expressem a para trabalhar. «Poder ser-se quem é,
e aumenta a felicidade no trabalho», sua criatividade, a Academia contribui assumir o que se faz por gosto – sendo
acredita a responsável. Para a organi- significativamente para a promoção da que a empresa não só está totalmente
zação, «fortalece a cultura centrada nas felicidade no ambiente de trabalho». receptiva a isso, como apoia as suas pes-
pessoas, impulsiona a inovação e a cria- soas neste desenvolvimento. Na prática,
tividade ao diversificar talentos, e aper- ajuda a reduzir a fronteira entre as esferas
feiçoa o espírito de equipa». «Ao encorajar a pessoal e profissional, e a empresa é um
O feedback positivo que têm recebi-
do por parte dos participantes constitui expressão dos mais local que permite realizar os sonhos.»
Para 2024, o Grupo Ageas Portugal
uma das razões para a continuidade do
projecto. «Felicidade, amor, família e
diversos talentos, pretende continuar a desenvolver as ini-
ciativas lançadas este ano, apostando
companheirismo são algumas das pa- a Academia no crescimento dos seus talentos. O ob-
lavras e sentimentos que descrevem o
que se sente por fazer parte deste grupo também incentiva jectivo é «continuar a receber novas pes-
soas que queiram fazer parte deste gru-
e por estar numa empresa que potencia
iniciativas tão impactantes ao nível pes-
a criatividade e po e partilhar o seu talento, e também
introduzir mais momentos de actuação
soal como esta.» a inovação.» na empresa, com a perspectiva de alar-
Marta Teixeira não tem dúvidas de gar estas performances a públicos ex-
que a Academia de Talentos contribui ternos», conclui.
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CH CONSULTING
REINVENÇÃO NO MERCADO
E NA GESTÃO DE PESSOAS
A CH Consulting comemora 25 anos de história. Ao longo deste tempo, tem vindo
a reinventar-se e a consolidar a sua experiência na consultoria de Gestão de Pessoas.
C
riada há mais de 25 anos, a palavra «reinvenção» para descrever os sultadoria começaram em 2003, há 20
CH Consulting deu os seus últimos 25 anos. anos. De lá para cá, temos estado em per-
primeiros passos na área da manente ebulição, sempre à procura de
contabilidade, mas rapida- A realidade da CH de hoje é a que sonhou novos desafios. Hoje, temos uma ambi-
mente solidificou a sua posi- há 25 anos? ção do tamanho mundo, com uma estra-
ção no sector da consultoria. Numa jorna- Não, de todo. Para ser honesto, já nem me tégia de crescimento internacional mui-
da que já ultrapassa as duas décadas, a lembro de qual era o sonho. Em 1998, to agressiva.
empresa conquistou notoriedade e procu- quando iniciámos a actividade, começá-
ra reinventar-se tanto no serviço presta- mos a prestar serviços de contabilidade, Se tivesse de eleger uma palavra marcante
do, como na gestão de pessoas. Em entrevis- uma área que abandonámos em 2010, para descrever esta trajectória qual seria?
ta à Human Resources Portugal, António promovendo uma spin-off de duas cola- Reinvenção, sem dúvida. A capacidade de
Henriques, CEO da consultora, utiliza a boradoras. Os primeiros passos na con- nos reinventarmos ao longo do tempo
CH CONSULTING
Sete regras para o sucesso
Embora entenda que «o sucesso é cada vez mais uma condição efémera»,
António Henriques não fugiu à partilha daquelas que, na sua opinião, considera
serem as sete práticas de gestão de pessoas que mais contribuíram para a
afirmação da CH Consulting:
R Liderança: O estilo de liderança cultivado é determinante nos níveis de
alinhamento. Um dos “Princípios de Gestão”, que orienta os colaboradores
com funções de liderança no grupo, recomenda uma actuação que combine
três ingredientes fundamentais: humanismo, humildade e humor;
R ADN: A identidade cultural da marca é um dos seus factores de diferenciação
mais reconhecidos pelo mercado;
R Comunicação Interna: A comunicação interna permanente é um dos pontos
fortes da marca. A CH publica diariamente, desde 2011, um jornal diário onde
descreve tudo o que acontece no dia-a-dia do Grupo;
R Eventos Internos: São muitos os eventos internos, organizados ao longo do ano, lhar em casa!» O mais difícil sempre é
para a partilha de estratégia e rumo (Jornadas de ADN) e celebração (Summer alcançar o equilíbrio. Numa perspecti-
Party, Festa de Natal e Gala dos Monstros do Ano); va de crescimento, para as pessoas, não
R Flying Experiences: Quando o processo de recrutamento implica saltar de tenho dúvidas de que, a prazo, é prejudi-
paraquedas, estamos dispensados de descrever até que ponto vai a intensidade cial o conforto do lar.
e arrojo do ADN da consultora, que se descreve como «uma escola de forças
especiais no sector da consultadoria»;
Qual a vossa posição sobre a semana dos
R Excelência como Visão: A nossa visão é sermos reconhecidos como líderes quatro dias?
de excelência em tudo o que fazemos, destacando o nosso olhar 360º sobre
as organizações e o cuidado que damos a todos os detalhes; Na nossa actividade, é uma prática muito
R Celebração: A Celebração é um culto e um traço identitário enraizado, com
fácil, porque há uma lógica muito forte de
honras de marca própria de espumante (“CHeers”), elaborada para celebrar projecto. Noutros sectores a questão não
todas as grandes e pequenas vitórias. é tão pacífica. Uma coisa é certa, a esma-
gadora maioria do tecido empresarial por-
tuguês não está preparado do ponto de
vista de competitividade para suportar a
o happiness seja um conceito datado e já políticas diferentes nas várias áreas de medida do ponto de vista económico, se
menos valorizado. Como estamos sempre negócio, em função das especificidades o espírito for trabalhar 80% do tempo e
muito à frente, é natural que tenhamos e dos estilos de liderança. ganhar 100% do salário. Ainda que mal
menos curiosidade quando os temas fi- comparado, o caso da saúde em Portugal
cam mais maduros. Consideram o teletrabalho nocivo para é paradigmático. Reduzimos o horário de
as organizações? trabalho semanal em nome das melhores
O que mudou com a COVID-19 na sociedade? As generalizações são, como sabemos, condições de trabalho dos profissionais de
No essencial, o que mudou foram as pes- muito perigosas. Eu, pessoalmente, sou saúde, mas depois deixamos de cumprir
soas. Todos nós, de uma forma geral. Há fã e altamente produtivo a trabalhar em a missão principal, que é termos cuida-
uma alteração profunda nas prioridades casa. Em funções como programação, dos de saúde dignos para os cidadãos.
das pessoas e na sua relação de compro- esta é hoje uma realidade incontornável,
misso com as organizações e com o tra- com ganhos visíveis de produtividade. Qual a estratégia actual de internaciona-
balho, num sentido lato. Este é um ca- Mas essa não é uma regra transversal. lização da CH Consulting?
minho sem retorno, sendo que as orga- Por exemplo, na função pública é desas- Temos planos de crescimento para a área
nizações vão ter de se ajustar. troso, tendo-se deteriorado brutalmente internacional, onde actualmente temos
o serviço que é prestado aos cidadãos. O projectos em curso em 17 países e quatro
Qual é a vossa prática no que diz respeito conselho que dei a um dos meus filhos, continentes. A área de recursos humanos
ao teletrabalho? que recentemente se mudou para Lisboa, é uma das áreas onde temos conquista-
No essencial, acompanhamos as tendên- para estagiar numa multinacional foi: do mais contratos internacionais e onde
cias de mercado, muito embora tenhamos «Vai para a empresa, não fiques a traba- perspectivamos continuar a crescer.
MILESTONE
P
ara promover uma cultu- ainda uma aposta no desenvolvimento No âmbito da dimensão física do bem-
ra de felicidade e bem-es- das competências das equipas, essencial -estar, a empresa coloca à disposição dos
tar, esta empresa desen- para a garantir uma elevada performan- colaboradores aulas de yoga, jogos de
volve um conjunto de prá- ce e capacidade de adaptação às constan- futebol e de padel, massagens no escritó-
ticas com a finalidade de tes mudanças. rio, uma app nutricional que acompanha
dar resposta aos novos desafios que se Para promover um ambiente de tra- e promove uma alimentação saudável, e
colocam na área do bem-estar físico, psi- balho mais feliz e saudável, a Milestone ainda um conjunto de workshops realiza-
cológico e social. Assim, a Milestone in- tem «uma abordagem holística que in- dos ao longo do ano.
veste em modelos de trabalho flexíveis corpora as dimensões do bem-estar físi- Por outro lado, no que diz respeito ao
para ir ao encontro das necessidades co, emocional, financeiro e social», expli- bem-estar emocional e mental, a empre-
dos colaboradores, sem descurar o foco ca Rita Carvalho Marques, Happiness ma- sa destaca sessões de mindfulness, um
na cultura de proximidade. Destaca-se nager & Global MKT da Milestone. programa de apoio psicológico com con-
A SUSTENTABILIDADE DAS
ORGANIZAÇÕES PASSA POR
UMA LIDERANÇA DIVERSA
O encontro anual da PWN Lisbon, dedicado à mudança, celebrou 12 anos de actividade
e reuniu profissionais e académicos que partilharam as suas experiências, promovendo
ao mesmo tempo uma reflexão sobre as desigualdades que persistem, mas com foco
também numa visão de futuro, assente na diversidade, com vista à construção de
organizações (e sociedades) mais sustentáveis. POR Tânia Reis
M
ais de 300 con-
vidados marca-
ram presença
no PWN Lisbon
Dream Day:
“Engaging All For a Change – A Life
Story”, que decorreu no passado dia
29 de Novembro, n’ O Clube, Monsanto
Secret Spot, e que teve a Human Resour-
ces Portugal como media partner. Ao
longo de uma manhã, os participantes
foram convocados a pensar no papel que
podem desempenhar na mudança, atra-
vés do seu percurso individual e colecti-
vo, que os tempos actuais exigem para
um futuro mais inclusivo e sustentável.
A abrir o encontro, Tiago Forjaz, fun-
dador e Managing partner da The Epic Ta-
lent Society, salientou a importância do
talento, da vocação e da diferença entre João Pedro Tavares, PWN Lisbon; e Mafalda Rebordão, Google Londres
ambos. «O talento nasce dentro de nós,
não está pronto, tem de se desenvolver. nager da Google Londres e cofundadora intergeracional – tema que não pode
A vocação é o caminho, e o talento são as do Ponto Zero, sobre “Desenhar o Futu- ser posto de lado – «traz benefícios na
ferramentas que usamos para fazer esse ro”, a jovem de 26 anos, e primeira por- construção de sociedades mais felizes»,
caminho», distinguiu. tuguesa a ser distinguida pelo Finan- defendeu.
cial Times, começou por fazer notar que A gestora chamou também a atenção
Abrir portas à «não podemos falar de futuro sem falar para a necessidade de pensarmos em so-
intergeracionalidade de liderança» e que «todos temos um luções, mais do que focarmo-nos nos pro-
Numa conversa “one to one”, entre João papel e uma responsabilidade no futuro», blemas, e a elementaridade da educa-
Pedro Tavares, da PWN Lisbon, e Mafal- devendo assumir o compromisso de abrir ção que parte dos pais. «A educação co-
da Rebordão, Strategic Partnerships ma- portas às várias gerações. Esta ligação meça em casa, e o papel dos pais é mostrar
A (des)igualdade em números
Seguidamente, Maria João Guedes, pro-
fessora associada do ISEG, traçou o “es- cotadas em bolsa no País (32,6%) está a sigualdade», exemplificando com envie-
tado da nação” da diversidade de géne- aproximar-se da média europeia (34%), samentos enraizados culturalmente na
ro nas organizações, com a apresentação sim, mas, quando analisadas as funções, sociedade, ao longo de todo o crescimen-
dos resultados de um survey piloto do pro- apenas 19,7% representam cargos exe- to do ser humano, dos contos infantis ao
jecto Portuguese Women’s Equality Ob- cutivos, enquanto 41,2% são não execu- ChatGPT. Assim, para avaliar o «pulso
servatory (POWER). A verdade é que, em tivos», ressalva. da igualdade de género no contexto em-
Portugal, «as mulheres continuam a ser Maria João Guedes destacou que é ne- presarial português com uma abordagem
sub-representadas e sub-remuneradas cessário identificar «de onde vem a de- cientificamente validada», a coordenado-
em vários níveis de hierarquia», enfren-
tando obstáculos à sua progressão, por
motivos racionais (mas também irracio-
«As mulheres continuam a ser sub-
nais) e socialmente construídos, como a -representadas e sub-remuneradas em
maternidade, ou a falta de interesse, de am-
bição ou de experiência, entre tantos ou- vários níveis de hierarquia, enfrentando
tros. E, ainda que a Lei das Quotas tenha
vindo acelerar o caminho para a parida-
obstáculos à sua progressão.»
de, houve um retrocesso em 2023. «A per- Maria João Guedes, ISEG
centagem de mulheres nos órgãos de
administração das maiores empresas
Os desafios da liderança
O painel “Duas Rotas de Vida” juntou Cris-
tina Gamito, Financial Services and In-
surance Practice leader da Deloitte Por-
tugal, e Luís Osório, escritor e consultor,
numa conversa conduzida por Tiago For-
jaz e Rita Romão, da PWN Lisbon.
Para Cristina Gamito, «a paixão pelo
que fazemos, a persistência para sermos
fiéis aos nossos valores, a aprendizagem, o
trabalho, o amor e muita dedicação» são os torna humanos, cria conexões funda-
seus ingredientes para uma receita de su- mentais para irmos mais longe enquan-
cesso, salientando que uma grande equi- to equipa, e o exercício de liderança será
pa à volta também é fundamental. Não es- melhor com essa humanidade».
quecendo que «fazer perguntas é um dom Já Luís Osório sublinhou que «lide-
e uma arte que devemos dominar», acres- rar pressupõe ter respostas que nunca
centou que é «a vulnerabilidade que nos agradam a todos» e que «os momentos de
A mudança é possível
O último painel foi dedicado ao tema
“Changing Lives Scope”. Frederico Fezas
Vital, director-executivo do Yunus Social
Innovation Center da Católica-Lisbon,
abordou o “impacto sistémico”. «Se uma
organização quer crescer, tem de haver
um trabalho conjunto dos vários depar-
tamentos sob um propósito comum»,
Tiago Forjaz e Rita Romão, PWN Lisbon; Cristina Gamito, Deloitte Portugal; e Luís Osório explicou. E considerando que todos são
E
dade de reformular o nosso EVP, a nos-
sta campanha engloba os con- é o seu Employer Value Proposition (EVP): sa promessa enquanto empregador, no
ceitos, grow, enjoy and inpi- crescer em inúmeras funções, posições e decorrer do ano 2021, procurando adap-
re“, que traduzem as práti- oportunidades; desfrutar dos benefícios tar-nos aos novos tempos e às expectati-
cas orientadoras da Bosch, da conciliação entre a vida pessoal e o tra- vas do público-alvo. A campanha Work
e cujos pilares reflectem e balho e fazer com que valha a pena; e ins- #LikeABosch representa a Bosch como
comunicam a cultura interna e o posicio- pirar a criação de um hoje e um amanhã um empregador atractivo, moderno e di-
namento da empresa, firmando aquele que melhores. Em conversa com a Human Re- versificado, e comunica a nossa visão
A promessa que fazemos aos nossos nhecer. Além disso, ao longo do ano, rea-
lizamos campanhas mais específicas ten-
colaboradores é sólida: crescemos do em conta as nossas necessidades de
recrutamento, que incluem uma solução
juntos, desfrutamos do que fazemos conjunta entre actividades digitais, onli-
PERFORMANCE TEATRO
TEATRO
Paródia Nacional
Uma aventura divertida pelo universo da
televisão portuguesa, onde não faltam
a crítica e ironia, acompanhadas da
beleza e luxo, característicos da Revista à
Portuguesa. Além de uma homenagem à
caixinha mágica, “Paródia Nacional” é uma
caricatura dos canais portugueses e das
figuras mediáticas, não só da televisão,
mas também da política, do desporto e da
sociedade. Com texto de Flávio Gil, Miguel
Dias e Renato Pino; música de Miguel
Dias e Carlos Pires; e encenação a cargo
de Flávio Gil, a quem se juntaram Miguel
Dias e Paulo César, “Paródia Nacional”
reúne em palco Cidália Moreira, nome
incontornável da história do fado, e Marina
Albuquerque, actriz televisiva, à frente The Rocket Man Experience
de um talentoso grupo de actores,
cantores, bailarinos e acrobatas.
R Até 30 de Dezembro, no Teatro Portugal recebe pela primeira vez o espectáculo de tributo a Elton John,
Maria Vitória, Parque Mayer, Lisboa “The Rocket Man Experience”. Protagonizado pelo artista e empresário Tom
Cridland, este show, integralmente cantado e tocado ao vivo, promete uma
noite memorável no Salão Preto e Prata, no Casino Estoril, ao som dos melhores
hits da carreira de Elton John. Tom não só canta e toca como Elton, como o seu
estilo no palco reflecte o glamour do cantor, usando trajes personalizados e
sapatos feitos à medida para corresponder ao estilo único do lendário músico.
Filho de mãe portuguesa, Tom está especialmente entusiasmado com a
apresentação do seu primeiro espectáculo em Portugal. «Depois de tantos
shows e de uma tournée pelos Estados Unidos, estou ansioso por regressar a
um país a que chamo “casa”.»
R Dia 29 de Dezembro, no Casino Estoril
ção genuína. Estes factores constituem ment”, onde os atletas eram encorajados
a vantagem competitiva mais duradoura a dirigirem-se para a direcção certa. A ci-
Rui Lança de qualquer equipa, e estão dependentes mentar o compromisso para os próximos
Director Desportivo
no Sport Lisboa e Benfica da liderança, das equipas e das pessoas. passos. Explicar todos os dias onde os atle-
e docente universitário Se pensarmos nas organizações como tas estavam na linha do objectivo colec-
uma soma de diferentes equipas internas e tivo, de todos.»
«As coisas incríveis nunca são as equipas como uma soma de diferentes A liderança das equipas é avaliada
feitas por uma única pessoa, personalidades, podemos considerar cada por muitas formas, sabendo que algumas
mas sim, por uma equipa.» pessoa como uma parte do seu grupo. Que são omissas em critérios objectivos e afe-
Steve Jobs
pode realizar bem o seu trabalho indivi- ríveis. Mas a capacidade de conjugar as
dual, mas aquilo que procura e a sua re- peças individuais em prol de algo comum,
B
compensa têm uma probabilidade maior colectivo, uma força maior, a frase batida,
ill Gates afirmou que se re- de serem alcançados se houver sintonia mas sempre actual, de que o todo tem de
tirassem as 20 pessoas mais com os restantes membros da equipa. ser superior à soma de todas as partes,
inteligentes da Microsoft, a Colocar as pessoas a trabalhar para algo é sem dúvida um dos mais importantes
empresa tornar-se-ia banal. maior, para um propósito e um objectivo desafios de quem lidera.
E quando lhe perguntaram qual o maior colectivo, é um dos temas mais recorrentes A criação de uma inteligência colec-
factor diferenciador da empresa, a respos- quando falamos com líderes de equipas. É tiva nas organizações/equipas é um ter-
ta foram as pessoas, nunca o software; que uma das áreas onde as empresas se deba- mo que abrange um misto do conjunto
o segredo estava na contratação dos me- tem com a questão do 1+1 ser igual a 3 ou das competências dos elementos que
lhores, no desenvolvimento dos mesmos, mais, mas que, usualmente, aquilo que vi- compõem o todo e dos processos/dinâ-
na inclusão destas pessoas na cultura e no sualizamos é 1+1 ser 0 ou 1, porque as pes- micas criados para potenciar as mais-va-
propósito da empresa. No final da jorna- soas anulam-se, ou simplesmente não sa- lias dos recursos humanos na concreti-
da, as organizações competem pelas me- bem trabalhar em equipa. Como conse- zação dos objectivos propostos.
lhores pessoas e não tanto pelas melho- guir explicar e fazer compreender que o A criação da inteligência colectiva não
res estratégias. objectivo colectivo permitirá mais facil- é apenas uma tarefa de quem lidera a equi-
Vários estudos sobre organizações mente que os objectivos individuais se- pa, é também um processo organizacio-
bem-sucedidas demonstram que a sua jam alcançados? nal. A capacidade de construir, alimentar,
maior força não está nos seus produtos, Tive a sorte de entrevistar o treinador coordenar, ajustar e disciplinar as dinâmi-
serviços ou modelos de negócio. Isso pode, da NBA George Karl – quem viu a NBA nos cas colectivas é um processo constante,
com maior ou menor dificuldade, ser de- anos 90 e a série da Netflix “Last Dance” sem grandes momentos de pausa ou des-
senvolvido e copiado. O que não se conse- irá recordar-se – e ele partilhava comigo: canso. O termo “inteligência colectiva”
gue reproduzir com facilidade são os diá- «Quando páras de comunicar, por exem- remete-nos para o conjunto das compe-
logos entre as pessoas, as relações entre as plo, é um problema! Nos meus treinos, to- tências dos elementos que compõem o
mesmas, os mecanismos de compromis- dos os primeiros 10 minutos eram para rea- todo e dos processos/dinâmicas criados
so, as dinâmicas colectivas, o modo como lizar uma pequena conversa a que chama- para potenciar as mais-valias de todos na
o feedback é dado e recebido, a preocupa- va de “ego management attitude adjust- concretização dos objectivos colectivos.
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