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NA SELVA
DO MARKETING
ENTREVISTA CENTROMARCA KLARNA
O que a Volvo está a fazer «Uma marca que não comunica Conheça a fintech
para crescer 9% este ano, branqueia-se», defende que quer desafiar
em Portugal Nuno Fernandes Thomaz a banca tradicional
de quotas
João Santos, José Eduardo Nunes, Leonor Dias, Maria João Matos,
Miguel Magalhães Duarte, Miguel Rangel, Miguel Salema Garção,
Moez Sacoor, Nuno Pinto de Magalhães, Patricia Fernandes,
Paula Canada, Paulo Campos Costa, Pedro Mota Carmo, Pedro
Ribeiro, Pedro Rodrigues, Ricardo Tomaz, Rita Pinho Branco, Rita
Torres Baptista, Rui Miguel Nabeiro, Rui Piteira, Rui Rijo Ferreira,
Sérgio Carvalho, Teresa Burnay, Teresa Lameiras, Tiago Simões e
Tomás Pinto Gonçalves
Director Editorial
Ricardo Florêncio (ricardo.florencio@marketeer.pt)
Directora de Redacção
Maria João Vieira Pinto (maria.joao@marketeer.pt)
Redacção e online
André Manuel Mendes (andre.mendes@multipublicacoes.pt),
António Sarmento (antonio.sarmento@multipublicacoes.pt),
Beatriz Caetano (beatriz.caetano@multipublicacoes.pt), Daniel
T
Almeida (daniel.almeida@multipublicacoes.pt), Fábio Nunes
(fabio.nunes@multipublicacoes.pt), Filipa Almeida (filipa.
almeida@multipublicacoes.pt), Filomena Nascimento (filomena.
nascimento@multipublicacoes.pt), Francisco Laranjeira
(francisco.laranjeira@multipublicacoes.pt), Maria João Lima
(mariajoao.lima@marketeer.pt), Mariana da Silva Godinho (mariana.
godinho@multipublicacoes.pt), Margarida Lopes (margarida.
lopes@multipublicacoes.pt), Rita Paz (rita.paz@multipublicacoes.
pt), Sandra M. Pinto (sandra.pinto@multipublicacoes.pt), Sara
Afonso (sara.afonso@multipublicacoes.pt), Simone Silva (simone.
silva@multipublicacoes.pt) e Carla Ferreira (revisão)
Colaboradores
Marcelo Lourenço, Pedro Pires, Pedro Bexiga, Sandra Alvarez e
Sónia Nogueira
Acordos e exclusivos Amazon.com, Booz-Alen & Hamilton
Euromonitor, Forrester Research Harvard Business School,
Outlook Magazine da Accenture, Newsletter da Capgemini,
Newsletter da Hay Group e Wolf Ollins
Num mundo normal, não há imperativos. de Redacção Depósito Legal n.o 74.733/95 – Registo de Publicação n.o 119.592
tras. Por isso, e com espírito naïf, fui sen- quaisquer meios. Todas as contribuições, críticas ou sugestões
deverão ser remetidas à Editora.
Claro que há um número cada vez de. Pelo contrário, que a entendam como Assistente de Direcção e Comercial
Eugénia Pires (comercial@multipublicacoes.pt) Tel.: 210 123 400
mais alargado de mulheres no topo. Cla- edição inclusiva que, em mês da Mulher, Comercial e Publicidade
(publicidade@multipublicacoes.pt) Tel.: 210 123 413; Fax: 210 123 444
ro que há mulheres a dirigir. Nas empre- mostra quão bem se trabalha, também no
Margarida Sousa (Directora de Publicidade)
(margarida.sousa@multipublicacoes.pt) Tel.: 210 123 413
páginas a várias mulheres que chegaram importante é estarmos, trabalharmos e Sónia Almeida (Marketing Assistant)
(sonia.almeida@multipublicacoes.pt) Tel.: 210 123 418
à primeira linha do Marketing e das Mar- seguirmos em conjunto. Seja enquanto Joana Lagarto (Marketing Assistant)
(joana.lagarto@multipublicacoes.pt) Tel.: 210 123 432
cas em Portugal. Que fizeram diferente e mulheres ou no todo. Num mundo nor- Departamento Financeiro e Administrativo
Teresa Vultos (Manager) (teresa.vultos@multipublicacoes.pt)
por cá continuam. Que não se afirmam mal ou perfeito, seria assim. Até lá, con- Marisa Silvestre (Assistente) (marisa.silvestre@multipublicacoes.pt)
Pessoas e Organização Ana Florêncio (Manager)
por serem, lá está, mulheres, mas pelo tinuaremos a ter as que chegam ao pódio (ana.florencio@multipublicacoes.pt) Tel. 210 123 440
Casos
O wine advisor que quer
elevar o vinho português P. 64
CONHECER O LADO B
DAS MULHERES
Já ouviu falar do atelier
ESTUDOS
Da confiança à inclusão:
Deckora Design? P. 70 a Customer Experience passa
No mês da mulher, a Marketeer quis
por aqui P. 105
contar a história de vida de algumas
mulheres que têm dado cartas no
Um adeus digital: os casos da
Marketing em Portugal. Para isso,
i-Memorial e da Triunfo P. 74
convidou 17 profissionais a darem
o seu testemunho: o que queriam
ser em crianças, qual foi a primeira COMUNICAÇÃO
Estratégias
experiência no mercado de tra-
balho, quais os maiores desafios Fórum: diversidade que
e lições até à data… espelhe a realidade P. 112
Pelo meio, contam ainda o que
fazem nos tempos livres, como
relaxam e esvaziam a cabeça.
Klarna quer romper com Ex-astronauta encantado com
Cadernos
Sónia Moreira (dreamMedia), Sónia
Ratinho (Laboratórios Azevedos),
Teresa Burnay (Unilever) e Teresa
Virgínia (Microsoft Portugal).
especiais
P. 28 Cinema e Cinema em Casa
TEXTO Daniel Almeida, O live shopping vai tornar-se + Customer Experience
Filipa Almeida, Maria João Lima o standard do e-Commerce P. 96 + Distribuição
e M.ª João Vieira Pinto P. 135 + 155 + 183
6
CONSELHO EDITORIAL
Preparar fóruns
E CONFERÊNCIA
A
O primeiro, claro, não poderia deixar Ainda na agenda do encontro, a verifi-
de abordar o metaverso. E foi precisamen- cação e organização das duplas responsá-
te esse o principal tema em análise no veis pelas Tip Talks que irão acontecer ao
mais recente almoço do Conselho Edito- longo de 2022.
rial da Marketeer, no restaurante Il Gat- Presentes no encontro estiveram os
topardo do Hotel Dom Pedro Lisboa, com conselheiros Anabela Silva (BP), Carla
os conselheiros presentes a trocarem im- Cruz (CTT), Catarina Barradas (EDP),
pressões sobre eventuais casos a partilhar Francisco Viana (CGD), Inês Veloso
e marcas/empresas a convidar. (Randstad), Joana Garoupa, João Santos
Marketeer está a preparar o arranque de Também a próxima conferência da (WYGroup), Paula Canada, Paulo Cam-
um conjunto de fóruns que prometem de- Marketeer, a primeira a acontecer este pos Costa, Pedro Ribeiro (Dom Pedro
bater algumas das principais temáticas do ano e que se deverá sentar no Campo Pe- Hotels & Golf Collection), Rita Pinho
momento, tendências do marketing e das queno, já em Maio, foi objecto de análise Branco (Associação Mutualista Monte-
marcas, desafios e oportunidades da co- por parte dos presentes com várias e dife- pio), Rui Piteira (PMI) e Rui Rijo Ferreira
municação e publicidade. rentes sugestões de tema a abordar. (Jaba Recordati).
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 7
CARLA CRUZ JOÃO SANTOS JOANA GAROUPA RUI RIJO FERREIRA PAULA CANADA
A BELEZA
do futuro
Texto
AFONSO CRUZEIRO
Go-to-Market director
na L’Oréal Portugal
Q
ual é o seu ideal de beleza? A pergunta é
ancestral e dificilmente existirão duas
respostas iguais. Talvez por isso se con-
tem, ao longo da História, inúmeras ten-
digma na relação com o consumidor,
cada vez mais marcada pela necessidade
de oferecer experiências e soluções à me-
dida. A pergunta que se coloca é, por
nhecimento facial para diagnosticar e
encontrar a melhor rotina de autocuida-
do. Os exemplos são quase infinitos mas,
no fim de contas, todos convergem num
tativas de estabelecer padrões e tendên- isso, muito clara: como podemos combi- objectivo comum: ajudar as pessoas a fa-
cias – mais ou menos ortodoxos – em nar a qualidade e segurança de sempre zer escolhas informadas.
busca de um modelo perfeito que todos com a necessidade de fazer melhor que A tecnologia tem, por isso, contraria-
ambicionassem seguir. nunca? Na L’Oréal acreditamos que a do todas as previsões fatalistas que a asso-
Com o advento das redes sociais, a resposta passa pela tecnologia. ciavam a um movimento de homogenei-
regra e as excepções parecem misturar- A inovação sempre esteve no ADN zação massivo. É a quantidade e qualidade
-se numa espécie de Torre de Babel vir- do sector, mas os últimos anos vieram da informação que temos hoje disponível
tual: por entre filtros, outfits e cenários provar que podemos e devemos ambicio- que nos permite, como nunca, conhecer e
cautelosamente preparados, surgem uti- nar muito mais. Além dos ganhos evi- aconselhar o consumidor e desenvolver
lizadores dispostos a trocar a perfeição dentes do ponto de vista da agilidade, é uma actividade mais responsável, cons-
pela espontaneidade e a servirem-se des- notório o impacto que tem, por exemplo, cientes do impacto positivo que queremos
tas montras globais para dar palco à sua o recurso a big data no desenvolvimento deixar no planeta e na sociedade.
individualidade. Uma polarização que de produtos e serviços que respondem Inovar é, por tudo isto, uma respon-
veio para ficar e que representa, para as verdadeiramente às necessidades das sabilidade acrescida e as marcas são o
marcas, um desafio sem precedentes. pessoas. A experiência de compra é, tam- espelho a quem os consumidores per-
A beleza do futuro é criativa, versátil bém ela, um admirável mundo novo, se guntam “haverá alguém mais belo do
e inclusiva. É a oportunidade de trocar pensarmos que é possível utilizar inteli- que eu?”. É desta resposta que depende a
os padrões herméticos pela liberdade de gência artificial para recomendar a ma- beleza do futuro: vamos alimentar os ve-
escolher, de personalizar, de inspirar. É, quilhagem que mais favorece cada tom lhos estereótipos ou dar às pessoas o po-
acima de tudo, uma mudança de para- de pele, ou recorrer a tecnologia de reco- der de descobrir a sua melhor versão?
10
CONSELHO EDITORIAL
O AVÔ
e o Princípio de Peter Texto
TERESA
BURNAY
F
ui abençoada com um avô até há bem pou-
co tempo, que, apesar de quase centenário,
tinha uma mente sã que mantinha activa
com fervorosa leitura de livros e jornais,
mem a carne, roem os ossos e a seguir
ainda os cospem…” Ao que tinha de lhe
responder que não era de todo o meu
caso, e que ter 6 filhas do outro lado da
última instância, uma empresa que opere
sistematicamente sob este princípio, ar-
risca-se a diminuir gradualmente a sua
produtividade até ao total insucesso.
acompanhamento rigoroso da actualidade balança é que me permitia manter a for- Ao longo da história assistimos a
e manutenção da sua escrita, fosse conta- ma física, causadora do seu comentário, muitos exemplos destes como Sócrates
bilística, poética ou histórica, sempre com que até me tinha lisonjeado. ser um óptimo filósofo mas péssimo ad-
uma letra manuscrita invejável. Foi o meu avô que me introduziu, vogado, Hitler passar de ministro eficaz
Tendo vivido em diferentes países bastante cedo na carreira, ao “Princípio a negação como general ou diariamente à
e continentes e trabalhado em diversos de Peter”. Apesar de publicado em 1969 nossa volta conceituados médicos ou pro-
sectores económicos, onde geriu equipas por Laurence J. Peter e Raymund Hull, é fessores resultarem em fracassados gesto-
e fez crescer negócios, adorava conversar impressionantemente actual. Enuncia que res de hospital ou directores de escolas.
comigo sobre os meus desafios profissio- quanto mais burocráticas e hierarquica- Como aprendi com o meu avô a evi-
nais e as tendências da liderança e pre- mente estruturadas são as organizações, tar ser um “Peter”? Procurar trabalhar
senteava-me sempre com conselhos alta- mais tendência terão a promover indi- em organizações que colocam o poten-
mente inspiradores para próximos passos víduos até ao seu nível de incompetên- cial e os valores acima de tudo – promo-
a seguir ou grandes decisões a tomar. cia. Seja porque valorizam em demasia a verão sempre quem faz o que é certo no
Tinha também um sentido de humor quantidade de experiência (vs. qualida- momento certo! Dar o melhor em cada
contagiante, geralmente sinal de perspi- de) ou porque olham mais à performan- função que desempenho, tirando partido
caz inteligência, e conseguia explicar as ce actual que ao potencial. Assim, vão-se de cada experiência e relacionamento que
suas teorias com analogias provocadoras promovendo colaboradores que são exce- me proporciona e focando-me em apren-
de gargalhadas irresistíveis. Como quan- lentes no que fazem e têm imenso know- der e ganhar skills que me preparem para
do criticava a minha magreza alertando -how acumulado a cargos mais elevados, o futuro, sem pensar na próxima promo-
“Tu vê lá se andas a equilibrar bem a tua para os quais não estavam preparados e ção. Essa será uma consequência das boas
vida! Olha que às vezes as empresas co- aos quais amiúde não correspondem. Em escolhas que fiz ao não ser um “Peter”!
www.digital.dreammedia.pt
12
TENDÊNCIAS
Emojis
ANÚNCIOS são o futuro
EMITIDOS PARA dos URL
SALAS VAZIAS
03
O motor de
busca Opera,
em parceria com
02
a empresa de
De acordo com venda de domínios com
um estudo da emojis Yat, anunciou que os
Universidade URL compostos apenas de
de Cornell, os bonecos virtuais já existem.
anúncios não estão a che- A combinação de emojis, ou
gar à audiência esperada. Yats, pode ser transformada
Recorrendo a participantes em NFT e já foi utilizada por
voluntários e a uma solução alguns artistas musicais.
tecnológica instalada em «Esta integração tem tanto
1155 casas, que monitoriza a a ver com funcionalidade
PREÇO DOS presença de corpos huma- como com expressão», refe-
nos através de algoritmos de
PERFUMES reconhecimento facial, os
re Julia Szyndzielorz, senior
Public Relations manager do
DE LUXO A investigadores conseguiram Opera. Além disso, os emojis
AUMENTAR perceber se os espectado- embutidos nas páginas web
res estavam de olhos aber- podem ser ligados às pági-
01
tos a ver televisão ou não. Os nas Yat e transformados em
O preço dos resultados demonstram que combinações únicas, sendo
perfumes de luxo quase um terço de todos parte integral das marcas.
está a aumentar os anúncios são emitidos A aposta poderá ajudar as
e a culpa não é só para uma sala vazia e, nos insígnias a diferenciarem-se.
da inflação. As conclusões casos em que as divisões
são da empresa de estu- tinham pessoas presentes,
dos de mercado NPD, que os espectadores estavam
aponta a pandemia como a a fazer tudo menos a ver a
origem da subida dos custos publicidade. As conclusões
neste sector em específico, variam consoante a idade:
já que o período de incerte- as pessoas mais velhas mos-
za trouxe aos consumidores traram-se mais propensas
uma maior vontade de se a mudar de canal, enquanto
preocuparem com eles mes- os Millennials e a Geração
mos e, como consequência, Z mudaram a atenção para
gastarem mais em determi- outros ecrãs.
nados produtos.
A NPD salienta uma subi-
da do preço médio destes
bens em 15% no ano pas-
sado, quando comparado
com 2020 – o triplo dos 5%
registados nos dois anos IKEA CONVIDA CLIENTES A SEREM
anteriores. «Teorizámos que
as pessoas queriam tratar
COLABORADORES POR UM DIA
bem de si com pequenos lu-
04
xos ao longo destes tempos
difíceis. Os cheiros permi- A IKEA apostou na “con- no Dubai. De forma a conseguirem
tem-nos escapar, mesmo tratação automática” de ajudar os outros clientes, estes
que momentaneamente, e clientes reais desde que “colaboradores por um dia” só
experienciar uma emoção colocassem ao pescoço precisaram de aceder à app da IKEA
diferente», comenta, citada uma fita que os distinguisse como e passar o código de barras dos
pela CNN Business, Larissa “colaboradores do dia” e que, além itens em questão, mostrando a sua
Jensen, vice-presidente disso, usassem uma blusa amarela. versatilidade. Para recompensar os
da NPD e consultora de A iniciativa foi levada a cabo numa voluntários, o retalhista ofereceu-
beauty industry. loja da marca situada em Al-Futtaim, -lhes vales de compras.
M/6
44 MIL MILHÕES
EM PUBLICIDADE
“IN-REAL-LIFE”
05
O investimento
em publicidade
“In-Real-Life” (IRL)
a nível global vai
atingir os 44,4 mil milhões de
dólares este ano. Os dados são
do WARC, segundo os quais
este valor ainda está 1,6% abai-
xo dos níveis pré-pandémicos.
Aquilo a que o WARC chamou
de “In-Real-Life” (ou “na vida
real”, em português) corres-
ponde ao conjunto de paid
media com que as pessoas se
cruzam fora das suas casas – o A mais divertida noite de ballet de sempre
MAIO
Sunday Times
que não significa que sejam
obrigatoriamente suportes
OOH. A análise demonstra
C 4 DE
que, apesar do elevado valor M
previsto para este ano, o total Ideal para quem não percebe ballet e absolutamente
Y
vai ficar 700 milhões de dólares imperdível para quem acha que conhece os clássicos
abaixo do registado em 2019. CM Sydney Star Observer
07
A Amazon lan- de tabuleiro que tem como
çou uma marca mote a Amizade Autêntica. À
sustentável que venda na Super Bock Store,
inclui vestuário, o jogo, disponível em edição
produtos de beleza e artigos limitada, conta com mais de
para a casa. Amazon Aware é 400 perguntas e desafios.
o nome escolhido para esta Além disso, a Super Bock
aposta ecológica da gigante pretende também levar os
adeptos de cerveja a des-
PARFOIS ABRE norte-americana, cuja oferta
se apresenta como sendo cobrir curiosidades sobre a
CONCEPT neutra em carbono e certifi- história da marca.
STORE EM cada pelo programa Climate Desenvolvido em parceria
com a Science4you – asso-
BARCELONA Pledge Friendly.
“Os essenciais do dia-a-dia, ciada a experiências para
criados com consciência” é o crianças –, o jogo é para
06
slogan escolhido pela Ama- maiores de 18 anos. Pode ser
Já abriram as jogado em equipas de duas
zon, anunciando a aposta
portas da nova pessoas, sendo que cada
em opções mais amigas do
concept store equipa terá uma “grade”
ambiente para os clientes –
da Parfois, em para completar com “cápsu-
as peças de roupa e lençóis,
Barcelona. O espaço com 202 las” que vai recebendo.
por exemplo, são produzi-
metros quadrados de área
dos com algodão orgânico
pretende oferecer uma “ex-
e poliéster reciclado, além
periência diferente” e “cada
de serem embalados num
vez mais próxima do cliente”,
packaging reciclável.
explica a marca.
Os produtos de beleza, por
Com uma estética minima-
sua vez, são vegan, derma-
lista, o novo conceito de loja
tologicamente testados e
tem na transformação da ex-
disponibilizados em frascos
periência de compra um dos
de vidro ou em embalagens
seus principais objectivos,
com a opção de refill, de
oferecendo um ambiente
forma a reduzir os plásticos
“mais próximo, natural e con-
de utilização única.
fortável”. A loja, localizada na
rua Portal de l’Àngel, conta
com uma instalação com-
posta por um jogo de luzes
LED, criando a sensação de
imersão num bosque digital,
segundo é explicado pela GUCCI JUNTA-SE À ADIDAS
marca em comunicado.
Além disso, para esta re-
PARA COLABORAÇÃO
novação de imagem foram
09
introduzidos novos mate-
riais, como o revestimento A adidas anunciou que mais informações sobre as peças
texturizado das paredes ou vai trabalhar com a Gucci que poderão resultar da parceria. A
elementos naturais como as no desenvolvimento de adidas convida o público a manter-
plantas, que convivem com um projecto: “Gucci e -se atento à aplicação móvel Confir-
o mobiliário. Um espaço mais adidas Originals confirmam que jun- med e às redes sociais para conhe-
minimalista e sustentável taram esforços numa nova colabo- cer as novidades em primeira mão.
onde o cliente e o produto ração que combina a herança e os No seu site, a adidas desvenda uma
são os protagonistas, garan- códigos criativos das duas marcas.” reformulação do logo, que parece
te a marca. As insígnias não adiantam, para já, ser uma fusão com a Gucci.
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 15
Texto
PEDRO
Sabe...
BEXIGA
O que raio
director criativo
e fundador
da Coming Soon
H
Nos spec ads, isso é levado ao limite,
á dois tipos de spec ads: os uma vez que, como não fomos “briefa-
que se apresentam a clientes dos”, sabemos pouco sobre o cliente.
e os que os criativos fazem No entanto, a apresentação de spec
para construir portefólio. ads é uma excelente maneira de mostrar
Um portefólio não tem o que uma agência sabe fazer, como o faz
que ter apenas trabalho vei- e como interpreta o negócio de um po-
culado. Tem que mostrar o que se sabe tencial cliente. Correndo bem, o cliente
fazer e isso só se consegue com anúncios fica muito interessado e fazemos traba-
para certos clientes, anúncios que nunca lho em conjunto. Correndo mal, tudo fica
foram veiculados – nem sequer apresen- como estava – com a probabilidade de
tados. São anúncios cujo cliente é o direc- termos queimado uma oportunidade.
tor criativo da agência para onde se quer Com um spec ad, é assim: se conse-
ir trabalhar, e o objectivo é impressionar. guiste que te recebam, tens que ser rele-
Ora é para impressionar também vante, interessante e apaixonante.
que se fazem apresentações de spec ads Ou, como se costuma dizer, “Se vais a
a potenciais clientes. Diferentes dos con- uma festa, leva champanhe”.
16
PESSOAS Entrevista principal
Susanne
Hägglund
Texto
M.ª JOÃO
VIEIRA PINTO
Fotografia
«Volvo quer
PAULO
ALEXANDRINO crescer 9%
em Portugal»
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 17
acrescenta a sustenta-
bilidade e a segurança.
Agora, a Volvo quer pegar
no passado e olhar para
o futuro com foco na
Susanne Hägglund, electrificação, no online e
Managing director
da Volvo Car Portugal no compromisso local!
18
PESSOAS Entrevista principal
S
usanne Hägglund gosta de correr. ça irá continuar, reforça a nova Managing director da Volvo Car
Cerca de 10 km, por dia, mais alguns Portugal que, por cá, quer manter a marca «no terceiro lugar»
ao fim-de-semana. E se a corrida lhe do campeonato premium.
serve de terapia, inspiração e força, «Temos que evoluir no sentido de dar às pessoas a possibili-
também lhe permite a comparação dade de ter um automóvel 100% eléctrico sem constrangimentos
directa e melhor análise do mercado e essa será a minha principal missão em território nacional», su-
automóvel onde trabalha há anos. Su- blinha ainda. Recorde-se que a Volvo Cars diz ter como ambição
sanne é sueca, tem mais de 20 anos de ser climaticamente neutra em 2040, está comprometida em co-
experiência em Consultoria de Ges- mercializar apenas automóveis 100% eléctricos a partir de 2030
tão, Vendas e Business Development, e quer que o impacto climático neutro nas unidades produtivas
A
entrou na Volvo em 2018, passou por aconteça já em 2025.
diversas funções e chegou a Portugal em Janeiro para acelerar a
estratégia da marca para o nosso mercado. Sabe que não é fácil, Volvo quer crescer 9% em vo-
«uma maratona com sprints», mas acredita que, com foco e tra- lume no mercado português
balho conjunto, conseguirá cumprir objectivos, nomeadamente e vai focar-se na electrifica-
crescer 9% este ano, em volume. ção. Que trabalhos e estraté-
Nos escritórios da Volvo, em Oeiras, Susanne mexe-se como gia tem em mãos para os pró-
se ali vivesse há anos. Porque gosta de olhar para a vida como ximos meses?
um «copo meio cheio», de ver «oportunidades nos desafios» e O tempo de convencer as pes-
dar voz às pessoas. «Nem sempre temos a resposta, por isso gos- soas a comprarem um pro-
to de ouvir toda a equipa», partilha. Ela, que acredita vivamente duto acabou. Agora, é o mo-
que «o futuro será eléctrico», e que os objectivos da Volvo – de mento de escolherem o que
que 50% das vendas em 2025 seja de eléctricos e de elevar o pa- querem. O que vendemos não
tamar aos 100% em 2030 – serão cumpridos. Para além da elec- é só o carro, mas a experiência em seu redor, e isso difere dos
trificação, o foco na sustentabilidade, nas pessoas e na seguran- nossos concorrentes.
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 19
« Se os nossos concorrentes
estivessem tão envolvidos
com a electrificação Temos tido, por exemplo, algumas conversas com a EDP para
tentar perceber se conseguimos diferenciar os nossos preços.
Se queremos que o sector automóvel seja mais sustentável,
com melhores carros, então temos que continuar a seguir este
como a Volvo está, caminho até para que as pessoas possam carregar os seus veícu-
mais rápido...» Se bem que há ainda quem acredite que é de facto mais barato
carregar um eléctrico…
Se for em casa, de facto é. Mas, até à data, o carregamento pú-
blico ainda é muito caro. Além de que continua a haver dema-
siados players que repartem pequenas fatias de um mesmo bolo.
Mas nós, na Volvo, não falamos apenas em electrificação
Mas os principais concorrentes da Volvo também comunicam mas, também, no próprio tipo de electrificação. Porque não está
experiências. Qual é a diferença? em causa energia renovável, pelo que o efeito em termos de CO2
Na nossa estratégia valorizamos o pessoal, a sustentabilidade e não é tão positivo como gostaríamos. Por isso, também gostáva-
a segurança. Tudo começa e acaba com pessoas. A história em mos de ver maior actividade por parte de outros players e defen-
nosso redor – e que achamos que conseguimos partilhar com as do mesmo que, em alguns níveis, as companhias deviam traba-
pessoas – é muito mais com base nos nossos três pilares e pro- lhar em conjunto.
pósito. As pessoas querem segurança, querem uma experiência,
mas também querem escolher marcas que façam a diferença a Esse é um tema: as empresas do sector automóvel não deve-
um nível maior, em termos de sustentabilidade. Claro que ou- riam trabalhar juntas, a este nível?
tras marcas se aproximam desta mensagem, mas acreditamos Completamente. Um pacto para os legisladores. O que dizemos,
que temos uma “alma” diferente. Queremos fazer a diferença. desde sempre, é que a electrificação é uma joint-venture. Uma
marca automóvel não pode resolver tudo, pelo que seria funda-
Em Portugal, a Volvo voltou a ser, em 2021, a 3.ª marca premium mental que as diferentes partes se unissem.
mais vendida, com o nosso País a destacar-se como um dos mer- O que gostávamos de dizer aos nossos concorrentes é que
cados mundiais onde as vendas Recharge mais cresceram e a se estiverem todos tão envolvidos com a electrificação como a
taxa de penetração a representar 61,1% do mix total de vendas. Volvo está, este processo seria muito mais rápido... Mas o que
Que ambição tem a este nível? É um campeonato difícil… vemos é que há marcas muito envolvidas e outras nem tanto.
Sim, é difícil. Queremos manter-nos no terceiro lugar do cam- Quando queremos conduzir à mudança, temos que fazer a
peonato premium, mas também é um grande reconhecimento diferença. Hoje sabemos que 84% dos portugueses quer comprar
termos chegado ao terceiro lugar no segmento SUV. Mas é um um carro eléctrico. Portugal é dos países com maior sensibilida-
jogo duro. de para este tema, mas ainda há um grande caminho a fazer.
Teria todo o gosto em conversar com os meus concorrentes,
O objectivo declarado da Volvo é que 50% das vendas em 2025 aqui em Portugal. Acredito que é possível fazer parcerias para se
sejam de eléctricos e que o patamar chegará aos 100% em 2030. conseguir a mudança.
Acredita que o mercado português irá acompanhar esta ten-
dência? Não será fundamental um maior trabalho, acordos e Qual é a quota de clientes Volvo que pede um carro eléctrico?
parcerias ao nível das infra-estruturas? Está a crescer. O ano passado, incluindo aqui PHEV e BEV…,
A nossa grande aposta é, de facto, a electrificação. Acreditamos chegou aos 64%. E esperamos atingir os 70% este ano. Come-
que é a melhor via para garantirmos os nossos objectivos em ter- çamos a ver um aumento dos pedidos e um crescimento de in-
mos de sustentabilidade. Mas claro que, para que a electrificação teresse por parte dos clientes. Claro que quando tivermos uma
possa ganhar asas, precisa de muito mais do que apenas o nosso penetração maior, teremos melhores respostas.
trabalho. Decisores, legisladores, companhias de electricidade,
promotores imobiliários… todos têm que estar envolvidos. Acredita mesmo que será possível chegar ao patamar dos 100%
No que diz respeito a Portugal, o que vemos é que as vendas em 2030?
ao longo do ano passado, de modelos neste segmento, já foram Completamente. Quando se vê os investimentos que a Volvo
fortes. Olhando para a região EMEA, Portugal tem uma posição está a fazer a nível global, percebe-se que estamos mesmo em-
forte quando comparado com outros países. E isto apesar de a in- penhados. Como a fábrica que estamos a construir com a Nor-
fra-estrutura existente não acompanhar o crescimento. Provavel- thvolt, e que vai criar 3000 novos postos de trabalho e será com-
mente conseguiríamos fazer mais com maior lobby e parcerias. plementada por um Centro de Investigação e Desenvolvimento.
20
PESSOAS Entrevista principal
BI
SUSANNE HÄGGLUND
Também anunciámos o investimento de cerca de 955 milhões de A Susanne está na Volvo Cars desde 2018, assumiu agora o
euros na fábrica Volvo Cars de Torslanda, na Suécia, para se pre- rumo da companhia no mercado português e chegou com o
parar para os processos de produção da sua próxima geração de objectivo de reforçar a estratégia global da marca. Quais fo-
modelos 100% eléctricos ram os seus primeiros trabalhos?
Como referi, o meu objectivo é crescer 9%, este ano. As minhas
Outro dos focos da marca será, inevitavelmente, na sustentabi- prioridades são ouvir e aprender.
lidade. Passa apenas e só pela electrificação? É fácil dizer o que queremos ou para onde queremos ir. Mas
É muito mais que isso. Para a Volvo, sustentabilidade tem que temos que ser humildes e ouvir as pessoas. A Volvo em Portugal
ver com a protecção do clima, economia circular e trabalho éti- tem uma grande equipa, seja nos escritórios como no retalho,
co. Damos muita importância à emissão de CO2 dos nossos car- e tem feito um percurso fantástico nos últimos anos. Por isso é
ros e estamos empenhados em que a nossa produção seja mais que tenho passado grande parte do meu tempo a ouvir a equipa
limpa do que já é; em termos de economia circular, falamos de e os retalhistas. Só depois iremos perceber prioridades e movi-
4R – repair, remanufacture, reuse e recicle. mentos a fazer.
No mercado português, apesar de sermos uma marca peque-
E nas pessoas! Este não continua a ser o grande pilar da marca na, temos uma quota incrível e uma posição muito forte no seg-
que desde há anos declara que a segurança é o seu maior valor? mento premium.
Sempre fomos uma companhia muito centrada nas pessoas e Conseguimos estabelecer-nos de forma bastante forte e isso
acreditamos mesmo que tudo começa e acaba em pessoas. será um pilar fundamental para o futuro.
E quando falamos em pessoas referimo-nos não só aos nos- Também investimos bastante ao nível da formação e nos úl-
sos clientes, como aos nossos colaboradores, às condições e am- timos anos acelerámos a este nível e mudámos o foco. No passa-
biente de trabalho que lhes damos. Por exemplo, permitimos do, era muito uma formação técnica – para saber o mais possível
que, quando têm um filho, possam ficar em casa seis meses. Que- sobre os carros; agora, é uma formação mais focada naquilo que
remos que as pessoas também invistam nas suas vidas. E, em re- queremos que seja a experiência do consumidor em relação aos
lação aos nossos clientes, queremos cada vez mais que seja fácil nossos carros, para que se tornem verdadeiros fãs. Também es-
comprar e usar um carro. Não se deviam sentir intimidados. tamos a trabalhar muito o tema da transformação, porque es-
tamos a passar por uma fase de mudança nesta indústria e nin-
Já partilhou que as vendas online têm vindo a crescer. Isso não guém tem as respostas todas. No fundo, estamos a acrescentar
significa que o processo se está a tornar mais fácil? uma outra dimensão à formação.
Queremos facilitar a vida dos consumidores e melhorar a for-
ma como procuram informação e a têm. O que vemos é que a A comunicação é fundamental? Não faria sentido haver maior
maioria ainda continua a procurar online e a efectivar na loja. investimento e trabalhos de comunicação e marketing locais?
Mas a nossa ambição é que a compra venha também a ser onli- Sim, a comunicação é vital e é preciso trabalhar para continuar
ne. O omnicanal pode ser uma buzzword, mas é uma realidade a mostrar a nossa presença no mercado.
para nós. Ainda continuamos a precisar de ter os dois canais a Mas a Volvo é uma marca pequena e, ao sê-lo, também tem
trabalhar em conjunto. um budget pequeno.
Quando declarou não querer ter mais vítimas ao volante de « Apesar de sermos uma marca
um carro da marca, a Volvo não saltou para o patamar da pequena, temos uma quota
incrível e uma posição muito
grande marca automóvel com maior propósito? E que implica-
ções é que este mesmo propósito tem no negócio da marca, a
montante e a jusante?
Implica muitas competências e investimento, mas para nós é
músicas
PESSOAS
as ANA MOURA
1
Ouve música
enquanto cria?
O meu processo
criativo é meio espon-
tâneo, posso estar a pensar
em trabalhar um produto du-
rante dias e, quando as ideias
me batem, acho que não há
música ou distracções que
me tirem daquele estado.
2
E há músicas
para tarefas?
No Lamelas temos
músicas para o servi-
ço, que vão mais ao encon-
tro do que achamos ser
melhor para os clientes, e
de produção/preparação.
Somos muito democráticos,
porque toda a gente põe as
suas playlists. Eu gosto de
começar o dia com pop rock
e música portuguesa. Devo
ser responsável pelo número
de vezes que Silence 4 é ou-
vido naquela cozinha…
3
Muda com a pressão?
Claro! Em dias de
maior pressão pomos
músicas mais parvas
para animar e relaxar, mas
escusado será dizer que já
aconteceu entrar uma reserva
e estava a dar música pimba...!
l v as
E
Braga
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26
PESSOAS
movimento
em
ANA CLAUDIA
RUIZ
A Coca-Cola tem uma nova directora-
-geral em Portugal. Ana Claudia Ruiz é
licenciada em Economia pela Universida-
de Iberoamericana do México e tem
um MBA pela “London Business School”.
Iniciou a sua experiência profissional
no México, de onde é natural, na área
da banca e finanças. Entre 2004 e 2018
integrou a multinacional Diageo,
primeiro em Espanha e depois em
Londres, como Global Business Support
manager. Em 2011 passou a liderar
o departamento de Business Deve-
lopment na América Latina e, em 2013,
assumiu as funções de Country director
da Diageo Portugal. Desde 2016 assumiu
cargos como Continental Europe
Transformation director e Global
Commercial Planning director, com
responsabilidades a nível europeu e
mundial. Entre 2013 e 2016 foi também
presidente da Associação Nacional de
Empresas de Bebidas Espirituosas.
Francisco Pombo
A Matterkind, empresa de tecnologia
de media e marketing do Grupo IPG
Mediabrands, nomeou Francisco Pombo
como o novo head of Addressable.
O executivo terá como principais
objectivos o desenvolvimento da visão
e estratégia de Addressable Media
para a IPG Mediabrands, suportando
o desenvolvimento dos seus clientes
nessa área, através das agências do
Grupo Initiative, Universal Mccann e
Reprise, tendo a seu cargo a responsa-
bilidade de gestão da equipa de
Estratégia e Activação da Matterkind.
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 27
RUI SIMÕES
O Grupo Lyreco, distribuidor de produ-
tos e soluções para o ambiente de
trabalho, nomeou Rui Simões como
Country manager para o mercado
português. O profissional será respon-
sável por redefinir uma estratégia de
negócio, que permita à marca aumentar
a rentabilidade e aproximar-se da
liderança no sector.
Licenciado em Marketing e Gestão de
Empresas, com um MBA pela ThePower
Business School, Rui Simões tem uma
ampla experiência em cargos de
liderança, desenvolvimento de novos
negócios, vendas estratégicas, marke-
ting e também na gestão de projectos.
HÉLDER
Raquel Almeida GARCÊS
Integrou a equipa da Garcias
como directora de Marke-
A Cegid Meta4 anunciou
ting, levando consigo 15
Hélder Garcês como novo
anos de experiência no
Country Sales manager em
sector dos vinhos e bebidas
Portugal. O objectivo será
espirituosas. Ajudou a
reforçar a liderança da
construir a Active Brands
empresa em Portugal através
em 2006, onde esteve cerca
de uma oferta de soluções de
de 12 anos, no Marketing e
folha de pagamento e talento
no Trade Marketing, fazendo
SaaS, além de reforçar a sua
a ligação às empresas de
política e rede de parceiros.
espirituosas. Passou quatro
Hélder Garcês iniciou o seu
anos na João Portugal Ramos
percurso profissional na
como responsável pelo
Cegid Meta4, tendo passado
Marketing e Operações
pela Capgemini, Unit4, Sage
da Unidade de Negócio das
e pela Microsoft Portugal.
Aguardentes CR&F.
TIAGO LOPES
Hugo Julião DA FONSECA Gonçalo Faria
Foi nomeado pelo Grupo Assumiu o cargo de chief Digital & Com experiência de inovação
Ageas Portugal como novo Transformation Officer do Grupo Your. nas áreas da sustentabili-
responsável de Marketing Gestor com cerca de 18 anos de expe- dade, economia do mar,
Canal e Digital do grupo. riência, especializado em Sistemas de turismo, smart cities e
Conta com mais de 13 anos de Informação, na vertente de consultoria, mobilidade, Gonçalo Faria
experiência profissional, pretende, com a sua entrada, liderar assume o cargo de Business
dividida entre consultoria a transformação digital do grupo, com Development manager e será
e actividade seguradora. vista à melhoria e optimização de responsável pelo desen-
No início da sua carreira processos, assim como na entrega ao volvimento da área de
desempenhou várias funções cliente. Tiago Lopes da Fonseca conta serviços de sustentabili-
em consultoria estratégica no seu percurso profissional com dade da SGS Portugal.
e financeira nas empresas passagens pela Deloitte, Altran Portugal, Nos últimos quatro anos,
Ernst & Young e PwC. Mindsource e Syone. esteve na equipa da Beta-i.
28
TEMA DE CAPA Marketing no feminino
MULH
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 29
HERES
CONHECER
O LADO B
N
asceu a norte, há 44 a aproveitar cada dia, cada abraço, cada
anos, casou-se, trou- conversa, cada oportunidade de criar
xe ao mundo dois ra- memórias felizes, como se fosse a últi-
pazes. Praticante de ma, e saborear.
pilates, adora listas, Licenciada em Química, ramo de
dicas de organização, Bioquímica e Química Alimentar, em
trabalhos manuais e 2000 pela Universidade de Aveiro, des-
DiY, cães, boa comida cobriu a sua paixão pelo Marketing
e bom vinho, sentar em 2006 num MBA na Porto Busi-
os amigos e a famí- ness School. No entretanto, Ana Luísa
lia à volta da mesa, já soma quase 22 anos de experiência
andar descalça, um livro e o cheiro da profissional em vários sectores de acti-
relva molhada num final de dia de Ve- vidade – entre indústria alimentar, de
rão, de se sentar ao piano e fotografar plásticos e serviços –, sendo que chegou
TEXTO – «um work in progress de aprendiza- à Prio em 2007 como responsável pela
gem», diz Ana Luísa Pinho, responsá- gestão de qualidade, gestão do negócio
vel de Marketing da Prio, que também do retalho na categoria non-oil e, mais
gosta mais das palavras escritas do que recentemente, responsável pela gestão
das faladas. Odeia desperdiçar energia de Marketing e Comunicação.
porque acredita que é ela que nos leva Ana Luísa Pinho confessa gostar de
M.ª JOÃO a fazer mais e melhor. E garante que a ouvir aquilo que acham sobre si aqueles
VIEIRA idade lhe trouxe a certeza de que tudo com quem trabalha, pelo que os convi-
PINTO passa demasiado depressa, o que a leva da, «de vez em quando, a dizerem o que
lhes vai na alma». Elege como virtudes
o facto de ser uma boa comunicadora,
gostar de «cultivar uma escuta activa
dentro da equipa», ser íntegra e hones-
ta, criativa e com sentido estético. Já
como defeitos, e porque odeia conf litos,
foge muitas vezes de algumas discus-
ANA LUÍSA
sões, «podendo dar a ideia (errada) de
algum comodismo», contando que está
«a trabalhar a linguagem não verbal»,
que não é o seu forte.
Desde sempre que se diz inspira-
da pelos pais – «pela forma como nos
educaram, a mim e ao meu irmão» –,
ao ponto de, em criança, passar muito
tempo com a mãe, médica obstetra, no
PINHO
hospital e adorava tudo aquilo. «Tive o
privilégio de assistir a muitos partos e
de me deixarem também seguir a enfer-
meira que tratava do bebé até o entrega-
rem à mãe. Achava tudo aquilo fantásti-
co. Mais tarde, já no liceu, apaixonei-me
pela Química, muito à custa da profes-
sora Maria Manuel. Aí, já consciente
que as notas para Medicina talvez não
fossem para mim, mas que, ainda assim,
gostaria de ser útil à sociedade, achei
que Farmácia seria uma boa opção.
RESPONSÁVEL DE Bem, foi um bocadinho ao lado. Nes-
MARKETING DA PRIO se ano as médias de Farmácia subiram
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 31
CAROLINA AFONSO
DIRECTORA DE MARKETING & DIGITAL DO GATO PRETO
FILIPA
ALMEIDA
A
TEXTO
lgarvia de gema, Ca- será ditado, entre outros, pelo trabalho comigo própria e a vida veio demons-
rolina Afonso pode que desenvolve no Gato Preto, onde está trar-me que foi a decisão mais sensata.»
facilmente ser en- desde o início de 2021. Antes, passou Segundo a directora de Marketing, este
contrada de calções, por empresas como Konica Minolta ou episódio permitiu perceber que nem to-
t-shirt, chinelo no pé Asus, sendo que foi nesta última que das as portas são para abrir, mesmo que
e óculos de sol quan- encontrou aquele que veio a ser o maior estejam mesmo ali à nossa frente. Aliás,
do não está a liderar desafio da sua carreira: «Ter conseguido por vezes, «temos que ter a coragem de
o Marketing e o Di- conciliar o ser directora de Marketing fechar portas» e compreender «que o
gital do Gato Preto. da Asus com a fase final do doutora- que é bom aos olhos de outros não tem
«Adoro a sensação de mento e o ter sido mãe pela primeira vez que ser para nós».
minimalismo que me nesse período. Esta fase foi muito difícil Importante também é reconhecer
dá e que atinge quase a perfeição quan- e confrontei-me diversas vezes com os as potenciais fragilidades e encontrar
do acompanhado por sol, praia e pelas meus limites.» Foi, por isso, um desafio soluções. Carolina Afonso acredita que
pessoas que amo», conta a profissional, de superação e resiliência. tem como defeito “desligar” quando os
confessando também que as letras fa- Mas este não foi o único momento assuntos não são do seu interesse, ou
zem parte do seu dia-a-dia. Ler um bom em que Carolina Afonso se viu con- quando não são prioritários. «Sou pés-
livro, escrever e conversar, trocar ideias frontada com as suas escolhas e com sima a disfarçar, o que, por vezes, gera
estão entre os seus principais interesses. os passos que foi dando. «Recusei uma constrangimentos», admite. Por outro
«Ou seja, palavras lidas, escritas e fala- proposta profissional de uma carreira lado, a sua principal virtude será o facto
das» acompanham-na para todo o lado. internacional, daquelas irrecusáveis», de gostar de novas aventuras e de estar
Para Carolina Afonso, «estes inte- conta. «Durante alguns meses, fiquei a disponível para sair da zona de conforto
resses convertem-se rapidamente em pensar que tinha sido um erro não ter – seguindo, talvez, as mesmas coorde-
hobbies mal exista tempo livre», que aproveitado. Mais tarde, fiz as pazes nadas de uma das suas maiores inspira-
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 33
É
um melting pot de ex- à frente como se fosse «um filme dis-
periências de vida, de tante a preto e branco», o que considera
vontades e ritmos. A ac- mesmo ser estranho quando à sua volta
tual directora de Marca «tinha pessoas brilhantes e muito apai-
da EDP fez tudo menos xonadas pelo que faziam». Percebeu,
um percurso ligado ao depressa, que tinha que encontrar outro
Marketing ou à Comu- caminho e, esse, passou por ser realiza-
nicação, mas é por aqui dora por uns tempos… «Lembro-me do
que tem estado a jogar grande desafio de gerir os meus filhos
mais forte nos últimos pequenos e o ritmo alucinante dos dias
anos. Em criança, Cata- de rodagem!»
rina Barradas ainda chegou a pensar vir Estava-se no final dos anos 90, e Ca-
M.ª JOÃO
um dia a ser hospedeira, depois de lhe tarina Barradas faz as malas e muda-se
VIEIRA
terem oferecido o livro “Os Ofícios de mesmo para o mundo da multimédia,
PINTO
Catarina” – «que era hospedeira e tinha para ir estudar cinema em Nova Iorque,
sempre a mala feita para viajar» – na al- na American Film Academy, onde veio a
tura em que aprendeu a ler. «Parecia-me trabalhar em vários projectos ligados à
uma óptima ideia. Depois fiz a primeira sétima arte e à publicidade.
viagem de avião e mudei rapidamente de Não é de estranhar, por isso, que
ideias», conta. ainda antes de ter assumido a respon-
A viagem onde haveria de embarcar sabilidade pelos planos de marca nos
seria antes rumo aos corredores da Fa- 20 países onde a EDP está presente, te-
culdade de Engenharia Civil, sendo que nha estado a liderar o Marketing da The
hoje olha para as suas primeiras expe- Walt Disney Company em Portugal,
TEXTO riências de trabalho e estas passam-lhe cargo que já ocupava quando a empresa
se designava Fox Networks Group. Ain-
da antes, em 2007, integrou a PT como
consultora com foco na produção audio-
visual, seguindo depois para a Fox Net-
works Group Portugal, onde trabalhou
marcas como FOX, FOX Life, FOX Co-
medy, FOX Crime e FOX Movies, Natio-
CATARINA
nal Geographic, 24Kitchen ou Disney+.
Ao longo do seu percurso, reali-
zou também um Executive MBA na
AESE/IESE e tornou-se vice-presidente
da APPM – Associação Portuguesa dos
Profissionais de Marketing.
Para manter o equilíbrio, no meio
de todos estes desafios, há 22 anos que
pratica yoga, adiantando não saber «se é
BARRADAS
um hobby ou um vício», mas que é cla-
ramente algo que mantém a sua sanida-
de mental. A este nível, vai ainda buscar
ajuda ao gosto que tem por ler, ver sé-
ries, ouvir música e dançar, assim como
por fazer caminhadas e andar de bicicle-
ta. E a que acrescenta, sempre, estar com
os amigos e… rir.
Se há característica que muitos con-
sideram um defeito, Catarina aponta
como virtude: o ser genuína, sendo fácil
DIRECTORA DE MARCA DA EDP saber com o que se conta da sua parte.
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 35
CATARINA TOMAZ
DIRECTORA DE MARKETING DA VIA OUTLETS PORTUGAL
TEXTO
DANIEL
ALMEIDA
C
uriosa por natureza, de começar a explorar novas actividades, Quando termina o curso, ingressa
com uma vontade in- mais manuais», que sempre recusou «por na Renault, apesar de «nunca ter sonha-
saciável de aprender e falta de jeito, mas que serão um novo do» trabalhar no sector automóvel. Mas
fazer melhor, e exigente tipo de desafio». tanto gostou que, durante os 10 anos
consigo própria e com E apesar de Catarina Tomaz não se seguintes, haveria de passar por dife-
todos aqueles que a ro- recordar de, em pequena, ter querido rentes departamentos na multinacional
deiam, são algumas das «ser algo em particular, além de “cres- francesa, do Marketing à Comunicação
características que de- cida”», a vida profissional tem-lhe tra- Interna, passando pelas Vendas. «Foi
finem Catarina Tomaz. zido oportunidades suficientes para se uma experiência maravilhosa e a minha
De resto, confessa- reinventar e amadurecer, por vezes ti- grande escola, onde tive a oportunidade
-se «frustrada» com rando-a da zona de conforto. Foi o que de ter também uma experiência interna-
a cultura do “copy-paste”. «Acredito que aconteceu, por exemplo, em 1999, quan- cional. Ainda hoje é uma referência para
podemos sempre fazer diferente e melhor do aceitou o desafio para ir trabalhar no mim», frisa. Depois da Renault, assume
ou, pelo menos, questionarmo-nos para departamento de Comunicação Interna funções como docente de Marketing e
termos a certeza de que sabemos por que da Renault, na própria sede da fabrican- Publicidade na ETIC – Escola de Tec-
o estamos a fazer. Nunca nos devemos te automóvel, nos subúrbios de Paris. nologias, Inovação e Criação, que pouco
demitir de pensar», diz, em forma de life Haveria de permanecer quatro anos em depois haveria de acumular com o cargo
motto, a directora de Marketing da VIA França. «O maior desafio que tive foi o de directora de Marketing e Comunica-
Outlets em Portugal. Até porque, lembra, de ir trabalhar para outro país, com uma ção desta instituição de ensino. E, ape-
não há maior desafio na área do Marke- escala completamente diferente a todos sar de gostar de aprender e de ensinar,
ting do que «continuar a acompanhar, ser os níveis, e numa língua que pouco do- diz não ter “gurus” na sua vida pessoal e
relevante e não perder a frescura». minava. O segundo maior desafio foi re- profissional, mas antes pessoas que a vão
E se há algo de que Catarina se orgu- gressar…», recorda. inspirando «pelo que são ou pelo que fa-
lha é precisamente de não virar a cara a Puxando a fita ainda mais atrás, Ca- zem». Precisamente porque gosta de pen-
um desafio. Ou não contasse, em mais tarina Tomaz conta que o seu primeiro sar e fazer diferente!
de 20 anos de experiência no marketing trabalho remunerado foi como promo- Em 2008, abraçou um novo rumo
e comunicação, com passagens por sec- tora de eventos, enquanto ainda estudava profissional ao aceitar liderar a direcção
tores tão díspares como o automóvel, o no IADE – Faculdade de Design, Tecno- de Marketing do outlet Freeport. Porém,
ensino ou o retalho de moda! logia e Comunicação. Já o primeiro está- em 2017, voltou a alargar responsabilida-
Esta filosofia de vida leva-a também gio, no segundo ano da faculdade, duran- des ao assumir o cargo de directora de
a gostar de hobbies que lhe acrescentem te umas férias de Verão, decorreu numa Marketing da VIA Outlets em Portugal,
algo à sua vida, como sejam ler ou pas- empresa de componentes electrónicos, com a responsabilidade de implementar
sear. «Quando falo de passear, falo so- mas acabou por não correr como espe- uma estratégia de marketing totalmente
bretudo de visitar, conhecer novas coisas rava. «Eu queria aprender sobre a área integrada para os dois centros do grupo
que “choquem” com os meus limites», re- de Marketing e a empresa queria alguém no País, o Freeport Lisboa Fashion Outlet
fere, acrescentando que «gostaria muito para tirar fotocópias», recorda. e o Vila do Conde Porto Fashion Outlet.
38
TEMA DE CAPA Marketing no feminino
FILIPA
BELLO HEAD OF BRAND &
CREATIVE DA ZIPPY
G
osta muito de passar as viagens que inspiram e que ajudam a
tempo consigo mes- criar as colecções da Zippy.
ma. Não dispensa uma A par disso, gosta de aproveitar um
boa prática de medita- bom momento com os amigos, acompa-
ção ou um momento nhada de um copo de vinho, numa es-
de sossego, com o sol planada, onde possa sentir a vida de uma
a entrar pela janela – cidade e apreciar o mundo à sua volta, ou
situações que contri- junto ao mar – «sim, sou aquela pessoa
buem para trabalhar que não vive sem o mar», confidencia.
a sua calma e que lhe Mas se for desafiada para visitar uma ex-
permitem passar um posição, alinha no momento, e aprovei-
momento consigo –, mas gosta princi- ta ainda os tempos livres para folhear e
palmente de viajar sozinha. absorver o conteúdo de várias revistas de
«Uma viagem sem planos pela Ín- que gosta.
dia ou pela China é, de facto, o melhor Assume-se como uma impaciente
plano que posso ter e é aquilo que me “crónica”, o que, por vezes, quase a deixa
salta imediatamente à mente quando com vontade de dar “mute” em algumas
me perguntam quais os meus hobbies situações. «Agora, no mundo digital em
preferidos», conta. Sozinha ou mesmo que vivemos, e com reuniões via Teams,
em equipa, Filipa Bello acredita que são até posso estar mais perto de o conseguir
fazer, mas estou a trabalhar para ser uma E quando algo não lhe corre de fei- bem tratadas pelos clientes, a resiliên-
pessoa mais paciente no dia-a-dia!», diz. ção, Filipa Bello encara-o como fazendo cia que é preciso quando não entravam
No outro lado da moeda, tenta sem- parte do crescimento e da aprendizagem. clientes, sentindo que não ia alcançar o
pre “pensar grande”, sem limites. «Opto «Se aconteceu, não me prendi na par- objectivo do dia e, ainda assim, acredi-
por questionar os padrões sempre, numa te negativa do acontecimento, mas na tar até ao fim que era possível», conta,
óptica de ir mais além, voar e deixar voar aprendizagem que retirei desse momen- salientando ainda o respeito que lhe fi-
os que estão ao meu lado. Não há nada to. Se o fiz foi porque acreditava na ac- cou pelas vidas difíceis que existem e às
mais gratificante do que desafiar e ques- ção. Se foi um erro? Talvez. Mas no final quais muitas vezes fechamos os olhos.
tionar, para a equipa crescer e crescer do dia passou a ser um motor de cresci- Uma época em que atributos como resi-
com a equipa. Para mim, o palco tem de mento», sublinha. liência, humildade, espírito de sacrifício,
ser partilhado e, aí, o meu papel é o de Quem a vê, hoje, aos comandos de respeito pelos outros e capacidade de tra-
não impor limites – mas sim ver e fazer uma das marcas infantis mais acarinha- balho se evidenciaram.
acontecer, evoluir e, no fim, dividir as das do País, a Zippy, não lhe conhece a Filipa formar-se-ia em design grá-
palmas», partilha. história. Filipa Bello iniciou a sua expe- fico, iniciando a carreira no mundo das
Não será de estranhar que, em crian- riência no mercado de trabalho como agências e estúdios criativos.
ça, sonhasse, nem mais nem menos, do vendedora de roupa numa loja de marca. Mais tarde, abraça o mundo do reta-
que ser livre! «Já nessa altura tinha esta «Dessa fase guardo as dores no corpo de lho, tendo passado por marcas como Be-
ambição de liberdade na minha vida. O estar o dia todo em pé, o confronto com netton, Sisley e Zilian. E, em 2010, pas-
não ter limites e poder voar! Ainda hoje outras realidades nas vidas de outras sa a fazer parte da família e do projecto
esse é o meu lema: sê livre, sê feliz!» pessoas e das minhas colegas (até aí vivia Zippy, tendo tido funções relacionadas
Uma energia que coloca em tudo o num mundo cor-de-rosa). Compreendi com produto, merchandising e design.
que faz de forma a manter a motivação que os problemas tinham de ficar à por- Hoje, Filipa Bello responde pela área de
e paixão e conseguir apaixonar as equi- ta, pois naquele dia de trabalho tinha a Brand & Creative e assume que não po-
pas para que juntos sintam que vão fazer missão de transmitir alegria e confiança deria sentir-se mais realizada «com os
algo que fica para a história... mesmo que, aos clientes. Vivenciei a humildade que voos» que tem conseguido, junto com a
muitas vezes, isso não seja possível. temos que ter mesmo quando não somos sua equipa.
40
TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
FILIPA
REMÍGIO
DIRECTORA DE MARKETING E
COMERCIAL DA ARTSANA PORTUGAL
N
a flor da adolescência, o sistema de júri é facultativo e raro no eventos. Segue-se uma curta passagem
por volta dos 13/14 nosso País e, o mais grave de tudo, que por um grupo de empresas de engenharia,
anos, sonhava ser ad- os advogados nem sempre defendem o onde descobre que o Marketing Industrial
vogada, inspirada pe- que é correcto e justo». não é a sua “praia”, mas que lhe permite
las personagens da Apesar do choque de realidade, Fili- perceber o que queria para o futuro.
série norte-america- pa não perdeu o interesse em lidar com E a verdade é que, mesmo longe das
na “As Teias da Lei” pessoas, nem em perceber e analisar as barras dos tribunais, Filipa Remígio ha-
(“L.A. Law”), que se- suas motivações. veria de assumir o papel de “advogada”
guia com atenção pela Anos mais tarde, viria a licenciar-se de defesa, não de pessoas a contas com a
televisão. «Achava fas- em Gestão de Recursos Humanos pela justiça, mas de marcas e da sua posição e
cinante a forma como Universidade Europeia – ou não acre- percepção na mente dos derradeiros ju-
tudo se passava. Imaginava-me em tri- ditasse «que o pilar, ou um dos grandes rados: os consumidores.
bunal, no meio de todo aquele glamour, pilares, de qualquer organização são as O “caso” remonta a 2012, quando
a esgrimir argumentos para convencer pessoas» –, a que se seguiria uma pós- Filipa entra para a Artsana Portugal
o júri enquanto defendia o que achava -graduação em Gestão de Marketing pela como gestora de Produto júnior. Com
correcto e justo», recorda. À medida que ISG – Business & Economics School. o tempo, vai acumulando progressi-
foi crescendo, e tomando consciência Antes de entrar no mercado de traba- vamente maiores responsabilidades
que a vida real pode ser muito diferente lho a tempo inteiro, faz diversos estágios e, hoje, 10 anos volvidos, lidera os de-
da ficção, Filipa Remígio foi percebendo nas áreas do Marketing e Recursos Hu- partamentos de Marketing e Comercial
que «Portugal não era Los Angeles, que manos e trabalha como hospedeira em da companhia que detém marcas como
Control ou Chicco. «Hoje ocupo os dias
a esgrimir argumentos, mas para dife-
renciar as marcas que trabalho e para
Texto DANIEL ALMEIDA convencer os consumidores que os nos-
MARKETEER
MARKETEER # 308
# 302 MARÇO DE
SETEMBRO DE 2022
2021 41
INÊS SIMÕES
RESPONSÁVEL DE COMUNICAÇÃO, MARCA E CULTURA
ORGANIZACIONAL DO GRUPO AGEAS PORTUGAL
Q
uis ser professora, bai- tudo gosta da descoberta e do factor sur-
larina, depois jorna- presa: em viagens, nos livros, na gastrono-
lista ou apresentadora mia, no cinema, na música, nas artes.
de televisão. «Apaixo- Na sua carreira de 20 anos no mundo
nei-me pelo mundo da da comunicação, passou por diferentes
comunicação aos três responsabilidades e funções, locais e in-
anos, idade em que, ternacionais, em áreas de Comunicação,
apesar de não saber Digital, Responsabilidade Social Corpo-
ler ou escrever, passa- rativa, RH, Marketing, RP, Marca e Even-
va horas a fio a copiar tos. Mas guarda um lugar especial para o
títulos e artigos de jor- rebranding da AXA para a Ageas há seis
nais na barbearia do anos: «Passar de uma marca com uma
meu tio, onde me sentia em casa», conta reputação elevada para uma marca nova
Inês Simões. Aliás, os anos passaram e no mercado, promover a confiança inter-
continua apaixonada por este mundo, na no novo accionista, e levar ao mercado
acreditando que lhe estava destinado. uma marca disruptiva e inovadora, tudo
A sua primeira experiência profis- em tempo recorde, mas com uma equipa
sional seria, no entanto, a trabalhar num fantástica que tive o prazer de liderar.»
restaurante-bar, ainda adolescente. Des- E não será por acaso que a sua equipa a
se período guarda a exigência ao nível apelida de “Dalai Lama”. Inês Simões ca-
de organização, mas também do ponto racteriza-se pela calma e serenidade, que
de vista físico. «Guardo as memórias de acaba por transmitir conforto e confian-
uma das coisas que mais prazer me dava: ça mesmo em momentos de maior stress.
conviver, servir bem, deixar clientes feli- «Gosto de pensar no sucesso comum.»
zes (e se possível com uma gorjeta).» Mas, quando acredita muito em algo
Ainda no reino da gastronomia, con- e isso não acontece, por motivos que es-
fessa que adora cozinhar, mais cativada tão fora do seu controlo, cede a momentos
por iguarias doces, mas também de de- de frustração. Sendo que nos momentos
gustar maravilhas à mesa, que a surpreen- mais difíceis ou em que decisões impor-
dam e despertem os sentidos. É apaixona- tantes são necessárias, é a imagem da mãe
da por música e sempre que pode deixa-se que lhe dá o mote para deixar de ver obs-
levar pelo som de uma batida ou de uma táculos e ver apenas caminhos.
voz que a toca, ao vivo, ou a deambular Talvez por isso não veja erros na sua
pela casa. «Gosto de rir, de estar rodeada vida e se encare como fruto de escolhas
de pessoas que me acrescentam, que fa- e de decisões que, em determinado mo-
zem de mim um ser melhor.» E acima de Texto MARIA JOÃO LIMA mento, fazem sentido.
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2021
Europe's Leading
Adventure Tourism
Destination
44
TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
E
m 2018 publicou o pri- sa intimidar quem com ela trabalha, mas um de técnico profissional de jornalis-
meiro livro sobre em- contrapõe com o gosto por ensinar e mo no Cenjor e fui concretizar o sonho
ployer brand. Há umas aprender, que tenta trazer para as equi- de ser jornalista em televisão. Uma pai-
semanas, lançou o se- pas. «Sou exigente comigo e com as pes- xão que durou três anos num magazine
gundo – “WoW: Novas soas que me rodeiam, tenho aprendido sobre ciência e tecnologia que me levou
Formas de Trabalhar”. É com o tempo a não ser demasiado, mas é à Agência Espacial Europeia, entre mui-
que Inês Veloso é apai- um “work in progress”», diz. tas histórias que tive a oportunidade de
xonada pela escrita e Licenciada em Direito pela Univer- contar. A aventura na comunicação e no
tem o sonho de vir um sidade de Lisboa e com uma pós-gra- marketing começa a seguir numa agên-
dia a escrever um livro duação em Marketing Management pelo cia de comunicação.»
de ficção. Mas Inês é ISEG, Inês Veloso desenvolveu a sua Resumindo, em 2000 inicia-se como
também partilha, convívio e vida, da- carreira sempre ligada à área de Marke- jornalista para a RTP, tendo passado
quelas que responde sim a uma boa saí- ting e Comunicação. Se bem que, ain- depois para o lado empresarial, onde es-
da com amigos. O que explica, talvez, da na faculdade, foi experimentar um teve numa consultora de comunicação,
por que é que em criança pensou ser co- call center da Telecel como assistente a que se seguiria a Siemens. Em 2008,
zinheira, «para poder experimentar os de atendimento em part-time, apenas assume a liderança da área de Marke-
pratos todos»! Só aos 13 se apaixonaria porque queria comprar um carro só ting na sociedade de advogados CMS-
pela escrita e o sonho de ser escritora. para ela, «para não ter de dividir» com -RPA, integrando a multinacional líder
É intensa, e ela sabe. Na vida e no a irmã. «Adorei! Adorei trabalhar, aten- na área dos recursos humanos Rands-
trabalho, agora à frente do marketing da der clientes, proteger e promover uma tad, em 2012, onde hoje é directora de
Randstad, ou não se dissesse «verdadei- marca e gerir comportamentos. Fui Marketing e Comunicação. Pelo meio,
ramente apaixonada por fazer aconte- assistente, dei formação, fui superviso- foi complementando a sua formação
cer». Desconfia que essa intensidade pos- ra… Depois acabei o curso de Direito e com programas executivos em Ges-
tão e Marketing, no INSEAD Business
School, em Liderança, na University of
Maryland, Robert H. Smith School of
Business em Marketing, e em Transfor-
mational Leadership pela London Bu-
siness School. Deste percurso, destaca
INÊS
como maior desafio o «não perder o de-
safio, não ficar demasiado confortável»
no que faz, garantindo que acompanha
tendências, continua «a conseguir criar e
acrescentar valor às pessoas» com quem
trabalha e para quem trabalha.
Claro que pelo meio já cometeu er-
ros e, garante, não apagava nenhum.
VELOSO
«Nenhum mesmo, porque todos eles
me ajudaram a ser melhor no capítu-
lo seguinte, porque me fizeram sofrer,
mas ao mesmo tempo ser melhor. Des-
de muito pequena que lidava mal com o
erro, era muito perfeccionista, mas com
a idade e com os erros aprendi a gerir
essa emoção, a canalizar a raiva de quem
falhou para a força de quem vai mostrar
que consegue fazer muito melhor. Este
é um caminho que faço, não tanto para
mostrar aos outros, mas para mim mes-
DIRECTORA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO ma, garantindo que não me esqueço, de
RANDSTAD sofrer por ter errado, de aprender com o
que fiz, mas essencialmente focando-me
Texto M.ª JOÃO VIEIRA PINTO em ser melhor amanhã.»
MARKETEER # 302 SETEMBRO DE 2021 45
LINHA DE SAÚDE LUSÍADAS
21 770 41 16
Obrigado por
nos deixar
cuidar de si
Obrigado
pelo reconhecimento.
Pelo 2.º ano consecutivo, o Grupo Lusíadas
foi distinguido com os prémios Cinco Estrelas,
Escolha do Consumidor e Superbrands.
O
t e mp o (ou a f a lt a
dele) veio abrandar
uma paixão que sem-
pre te ve , ma s não
apagou por completo
o “ bichi n ho”. Fora
da Deloitte, onde é
head of Marketing &
Communication, um
dos maiores interes-
ses de Isabel Brito é o
teatro e esforça-se para passar o gosto à
nova geração – que também tenta puxar
para a leitura e para o mundo dos cená-
rios e das personagens imaginárias. «A
vida assim é muito mais interessante e
divertida», conta.
FILIPA
ALMEIDA
ISABEL
TEXTO
BRITO
HEAD OF MARKETING
& COMMUNICATION
NA DELOITTE PORTUGAL
MARKETEER
MARKETEER # 308
# 302 MARÇO DE
SETEMBRO DE 2022
2021 47
Não seria, por isso, de estranhar que Europe. Diz que é apaixonada por mar-
actriz, cenógrafa ou encenadora tives- cas desde sempre e que teve o privilégio
sem sido profissões de eleição quando de trabalhar com insígnias líderes nos
em pequena sonhava com o seu futuro. respectivos sectores, bem como com
Porém, se lhe perguntassem o que que- verdadeiras referências na comunica-
ria ser quando crescesse, Isabel Brito ti- ção e marketing, tanto a nível nacional
nha outra resposta pronta na ponta da como global.
língua: feliz. As experiências que foi somando
Ainda assim, ressalva que, embo- ao longo da carreira permitiram-lhe
ra aquilo que é, enquanto pessoa, seja conhecer as perspectivas de diferentes
«muito mais importante do que a ambi- líderes e executivos e explorar outras
ção profissional», a verdade é que «es- realidades culturais, que imprimiram
colher e poder dedicarmo-nos ao que diversidade ao seu currículo, mas tam-
gostamos de fazer é fundamental». bém à sua vida pessoal e à identidade
À frente do Marketing e da Comu- que foi construindo. «Enriqueceram-me
nicação da Deloitte desde o final de extraordinariamente como profissional
2019, Isabel Brito tem como missão o e ser humano.»
desenvolvimento da estratégia da con- Hoje, procura, trazer essas expe-
sultora no mercado nacional, incluindo riências para os novos desafios que vai
a criação de uma agência interna. Daí assumindo e, em simultâneo, aplicar os
que empenho, perseverança e dedicação conhecimentos adquiridos àquilo que,
estejam entre as virtudes que considera confessa, sempre a entusiasmou, ou
pautarem o seu percurso profissional seja, «liderar equipas contribuindo para
até ao momento. uma sociedade melhor».
No entanto, alerta: estas são boas E isso significa saber as tarefas que
características se não forem aplicadas tem em mãos e reconhecer quando não
em excesso. Caso contrário, podem é possível chegar a todo o lado. Aliás,
transformar-se em defeitos e levar mes- considera que o maior erro que já come-
mo à ineficácia. teu foi mesmo «acreditar que conseguia
«Tive a sorte de ter grandes exem- fazer tudo (sozinha)». Com isso, Isabel
plos em casa e, ainda, o privilégio de Brito aprendeu que «saber quando pe-
trabalhar com vários líderes que me dir ajuda faz parte de um bom profis-
fizeram a pessoa e a profissional que sional». Outro grande ensinamento que
sou hoje, mostrando o que fazer e o que leva para a vida – porque nunca para-
nunca ser», comenta Isabel Brito, que mos de aprender e evoluir – passa por
começou a sua carreira no mundo do trabalhar de forma consistente, acredi-
marketing e das agências. «Queria tes- tar e pensar diferente, procurando sem-
tar o que queria realmente fazer», acres- pre outros ângulos.
centa, explicando que decidiu, por isso, O maior desafio que Isabel Brito já
que as suas primeiras experiências no enfrentou a nível profissional – e o mais
mercado de trabalho deveriam abranger interessante, confidencia – foi interagir
as diferentes componentes do marke- «com as diferentes culturas e aborda-
ting. Desta forma, poderia, mais tarde, gens nos mercados europeus». Diz que
chegar àquela que é a sua área de eleição foi uma «oportunidade inigualável de
– a comunicação. trabalhar a marca por outras “lentes” e
Antes de chegar à Deloitte, Isabel conhecer melhor as diferentes realida-
Brito esteve mais de duas décadas na des e pessoas». Actualmente, nos escri-
McDonald’s. Foi Communication ma- tórios da Deloitte no mercado portu-
nager no mercado português durante guês, as crises são a sua especialização
20 anos, seguindo-se cerca de dois anos e são também uma porta para testar
como Corporate Relations manager de aquilo que conseguem fazer enquanto
International Developmental Licensed marca/organização e aquilo que podem
(IDL) Markets para a região Western criar em conjunto.
48
TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
E
m criança, queria ser
engenheira civil. Imagi-
nava-se a idealizar um
edifício, a ir ver a obra e
a evolução dos trabalhos.
E isto, apesar de sempre
ter tido medo de alturas.
Já a professora primária
achava que tinha pro-
pensão para ser pivot de
televisão, porque sabia
ler textos e colocava bem a voz. O que é
certo é que aos nove anos escrevia contos
e idealizou ser escritora. Esse gosto, pelo
papel e pela escrita, é coisa que mantém
até hoje. De resto, quem conhece ou tra-
balha com Leonor Dias sabe que durante
anos foi mulher de “coleccionar” resmas!
«Quando comecei a trabalhar, acumu-
lava pilhas de papel na secretária (e no
chão!!!). Curiosamente, sempre fui orga-
nizada na minha desorganização… a po-
lítica “paperless” da Vodafone obrigou-
-me a ficar mais digital. Agora tenho um
caderno e pouco mais. Mas mantenho al-
gumas (muitas!) janelas abertas no com-
putador… sou multitasker», partilha.
Sim, a directora de Marca da Voda-
fone Portugal não é pessoa de ficar para-
da e presa a um simples ofício ou gosto.
Continua a adorar ler, claro, e não vive
sem música – «faz parte do meu equilí-
brio» –, associando artistas e músicas a
fases distintas da vida: «O meu primeiro
MARKETEER
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TEXTO apartamento foi mobilado ao som de Tri- tão jovem”, olhando para mim. Depois
balistas.» Mas também corre. Não acom- de corar intensamente, senti uma neces-
panha o marido, que se “atirou” para as sidade grande de provar ao que vinha e
maratonas, se bem que já garante «uns mostrar o meu valor», recorda.
sete quilómetros sólidos», que muito a Seria não apenas uma grande esco-
orgulham… O que promete é não parar la, como espaço onde faria amigos para
M.ª JOÃO por aqui, ou não fosse de não desistir. a vida: «Conheci a pessoa por quem me
VIEIRA PINTO «Sou uma sonhadora resiliente, que se apaixonei, a minha madrinha de casa-
deixa inspirar pela vida e que consegue mento, o padrinho da minha filha mais
colocar isso ao serviço do que faz. Sou velha, aquele que viria a ser um grande
capaz de chocar alguns e provocar ad- chefe e melhor amigo, anos mais tarde.»
miração noutros. Mas fez parte do meu Licenciada em Gestão de Empre-
crescimento profissional perceber que sas na Universidade Católica, é na área
não posso agradar a todos.» empresarial que se tem consolidado.
A alguns agradará, com certeza. De Após três anos na The Boston Consul-
resto, é a própria quem diz adorar o que ting Group – tendo feito um MBA na
faz e sobretudo com quem faz, pelo que Northwestern University (Kellog School
as pessoas sentem-se parte dessa bolha of Management) –, integrou a Portugal
de energia positiva e gostam de ficar por Telecom na área de Marketing. Após o
perto. «É o meu maior orgulho», confes- spin off da empresa assumiu a Direcção
sa, enquanto desvenda aquele que con- de Comunicação e Marketing da ZON
sidera ser um dos seus maiores defeitos: e fez parte da equipa que lançou a NOS.
«Não sou pontual. Estou sempre atrasa- Em 2014, surgiu novo desafio – ocupar
da. Costumo dizer que “nasci atrasada”. a Direcção de Marketing da Sport TV –
Não tenho em conta que uma das mi- mas é na Vodafone Portugal que, desde
nhas virtudes (ser tão entusiasmada pelo Setembro de 2015, lidera a Direcção de
que faço) me faz dedicar mais tempo do Marca, acumulando com a área de Cus-
que o previsto a cada tema… o que me tomer Experience desde 2018.
atrasa sempre para o desafio seguinte.» Diz que, até ao momento, o maior
Neste registo optimista, até é capaz desafio que enfrentou foi lidar com um
de sentir admirações por um discurso ambiente de trabalho deliberadamente
de Barack Obama ou do Papa Francisco, hostil, porque representava uma cultura
mas não tende a idolatrar ninguém. Ago- e uma liderança que já não eram bem-
ra, diz ter um saco de coisas que lhe fo- -vindas. «Foi sentir que não me deixavam
ram ditas por pessoas diferentes ao longo ser quem sou e como sou, porque era de
da vida e que a alimentaram para con- alguma forma incómoda e porque a em-
tinuar o seu caminho: «Os meus filhos, presa não sabia gerir a minha singulari-
pais, chefes, amigos, colegas... o meu nú- dade. Foi ter de sair de uma empresa com
cleo de contactos e de relações, têm-me uma caixa na mão e muitas lágrimas no
dado muitos motivos de reflexão. Não rosto, porque o meu valor profissional e o
sou pessoa de livros de guidance espiri- meu carácter, pela primeira vez, eram um
tual ou de auto-ajuda. Não sinto neces- problema. Aprendi muito. Cresci mais.
sidade de viver a vida pelos olhos de nin- Fez-me chegar até aqui. Repetia tudo»,
guém. Vivo o momento, ávida de saber o partilha aquela que garante continuar
que vem a seguir. E isso preenche-me.» a tomar decisões que são muito fiéis ao
Leonor Dias começou a trabalhar que é como pessoa e ao legado que quer
na consultora Boston Consulting Group deixar. «A decisão mais violenta com que
com 22 anos… mas aparência de 16. posso ser confrontada, enquanto chefia e
«Lembro-me de ir a uma reunião no meu líder numa organização, é fazer o despe-
segundo dia de trabalho no Conselho dimento de alguém. E, infelizmente, isso
de Administração de um grande grupo aconteceu algumas vezes. Aprendi que foi
bancário e do cliente afirmar “estava à uma decisão de gestão, nem sempre ali-
espera de uma equipa jovem. Mas não nhada com o coração.»
50
TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
MARIA OLIVEIRA
DIRECTORA DE MARKETING DA SOCIEDADE
CENTRAL DE CERVEJAS (SCC)
N
TEXTO ão será habitual, mas pre que posso e para os mais diversos
em criança Maria Oli- destinos») – começou a sua carreira pela
veira queria, entre ou- Unilever, em 2001, como Marketing con-
tras coisas, dedicar-se troller assistant. Haveria de permanecer
à sismologia – a ciên- 11 anos na gigante de bens de consumo,
cia que estuda os sis- passando por diferentes funções (e cate-
DANIEL mos. «A complexidade gorias) nas áreas de Marketing e Trade
ALMEIDA do fenómeno da Terra Marketing, em marcas como Olá, Cif,
a tremer intrigava- Sun, Dove, Vasenol, Skip e Surf.
-me», recorda. O futu- Em 2012, ingressou na SCC como
ro, contudo, levá-la-ia senior Brand manager da marca Sagres.
a optar por uma área menos dada a so- Cinco anos depois, haveria de assumir a
bressaltos (ou talvez não): o Marketing. responsabilidade de Marketing manager
Hoje, é directora de Marketing da Socie- do Negócio de Águas, seguindo-se de-
dade Central de Cervejas (SCC) e conta pois, e durante um ano e meio, a função
com mais de 20 anos de experiência no de Sustainability director do grupo. Em
sector do Grande Consumo/FMCG. Fevereiro de 2021, seria anunciada como
Mulher ligada às ciências – ou não a nova directora de Marketing da SCC,
tivesse concluído a licenciatura em Eco- ficando sob a sua alçada todas as marcas
nomia pela Nova School of Business and do grupo.
Economics –, mas rendida ao lado mais Um percurso rico, que lhe tem per-
emocional do marketing e ao impacto mitido ter «a sorte de estar rodeada de
que as marcas têm na mente e no coração pessoas com quem aprendi e aprendo to-
dos consumidores, Maria Oliveira define dos os dias», conforme sublinha. E ape-
como principais valências pessoais «a sar de encarar o passado com orgulho, é
agilidade para gerir a incerteza e a ca- no presente (e futuro) que coloca toda a
pacidade para resolver problemas com- sua atenção. «O maior desafio [da carrei-
plexos». No sentido oposto, dos defeitos, ra] é sempre o último. Neste momento, é
aponta a exigência que tem para consigo continuar a liderar a equipa e o negócio
mesma e que estende a todos os que con- num cenário de permanente mudança,
sigo trabalham. garantindo o equilíbrio constante entre
Saída da faculdade, Maria Oliveira – a flexibilidade e adaptabilidade no curto
que tem como hobbies ler («tenho sem- prazo, mantendo o foco na visão de lon-
pre um livro por perto») e viajar («sem- go prazo», conclui a profissional.
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52
TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
MÓNICA
PINTO COELHO DIRECTOR MARKETING,
PROPERTY MANAGEMENT NA CBRE
C
omeçou a vender mó- assinávamos coisas e geríamos empre- pre escolhas e tento fazê-las de acordo
veis na Dimensão, loja sas.» Houve também uma fase em que com os meus valores e princípios, há es-
especializada em de- quis ser detective, talvez inspirada nas colhas melhores do que outras, mas aca-
sign. Foi a sua primei- aventuras de James Bond, mas esse so- bamos sempre por aprender.»
ra experiência profis- nho não passou mesmo da infância. Já se o tema forem defeitos e virtu-
sional, ainda longe de Olhando para trás, Mónica Pinto des, não tem receio de confessar que, por
imaginar que poderia Coelho consegue apontar vários desa- vezes, pode tender a procrastinar tarefas
vir a assumir respon- fios. Começando pela ida para Oviedo, burocráticas de que gosta menos. Também
sabilidades a nível ibé- em Espanha, quando tinha 23 anos, para lhe é difícil tomar decisões com pessoas.
rico na CBRE, empresa trabalhar para um centro comercial. Talvez por empatia ser uma das caracterís-
de investimento e ser- «Depois, a saída de Madrid para Hong ticas que assume como definidoras da sua
viços imobiliários que gere meia cente- Kong, uma decisão pessoal que me levou personalidade, a par da objectividade.
na de centros comerciais em Portugal e a trabalhar no sector dos vinhos, merca- Quando não está mergulhada no
Espanha. Desde 2018 que Mónica Pinto do e sector que não conhecia», lembra, marketing, Mónica Pinto Coelho gosta
Coelho está à frente do Marketing da apontando também o regresso a Por- de praticar yoga e viajar, ou não contasse
CBRE, depois de passar pela Sonae Sier- tugal. Em todos estes anos, terá havido com várias experiências internacionais no
ra, de ter explorado o mundo dos vinhos momentos que não corresponderam ao passaporte, que terão ajudado a construir
e de ter co-fundado a Ro&Mo Traveler’s esperado e decisões mais ou menos feli- a sua identidade. Até porque, diz, não tem
Soul, que cria e comercializa acessórios zes, mas a profissional não acredita que um guru que siga cegamente: «Fui tendo
de luxo para amantes de viagens. “erro” seja a melhor palavra: «Não sei se várias inspirações e referências. O meu
Em criança, os sonhos já pareciam posso dizer que são erros, fazemos sem- pai foi uma grande inspiração pela recti-
estar em linha com o percurso que viria dão, honestidade e sentido de humor.» Ao
a trilhar. «Era um misto entre gestora e pai junta-se Simon Sinek, autor britânico
organizadora de festas!», conta. «Passava que é um exemplo nas áreas da liderança,
o dia com a minha irmã a fingirmos que Texto FILIPA ALMEIDA estratégia e marketing.
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TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
SANDRA SILVA
MARKETING & DIGITAL DIRECTOR
DA GRANDVISION PORTUGAL
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E
TEXTO m criança queria ser ras, que a marcaram bastante. Na altura
guia turística. Na verda- e até hoje.
de, conta, «queria mes- Mas é dos tempos em que trabalhou
mo era viajar e achava no Grupo Jerónimo Martins que desta-
que essa seria a forma ca a pessoa que mais a inspirou no seu
de o fazer». Entretanto, percurso: «Eduardo Cid Correia, uma
MARIA encontrou outro cami- mente estratégica, na minha opinião,
JOÃO LIMA nho para poder viajar e brilhante, com quem muito aprendi nos
essa é uma das suas pai- anos no Pingo Doce. Um líder exigente,
xões, a par de estar com mas com uma visão admirável.»
amigos e família. Sandra E reconhece em si própria também
Silva recorda-se que começou a viajar essa característica de ser muito exigente,
de avião aos vinte anos, mas a verdade é consigo, mas também com quem a ro-
que nos últimos vinte e cinco tem recu- deia. «Consigo ser muito insistente…»,
perado os primeiros vinte. Considera-se confessa. Por outro lado, diz-se uma
uma privilegiada por conhecer bastante optimista nata e uma pessoa de pessoas,
bem o País e por, em paralelo, ter conse- «por isso o que mais gosto me dá é a
guido visitar dezenas de países e mais de construção de equipas, que constroem
uma centena de cidades. marcas». Relacionado com a construção
Apesar de adorar ler, confessa que de equipas está aquele que considera ter
nos últimos anos o tem feito cada vez sido o grande desafio da sua carreira.
menos, vendo cada vez mais séries e fil- «Foi assumir a primeira função de di-
mes. Mas também gosta muito de uma recção aos 33 anos, liderando uma equi-
boa aventura carregada de adrenalina, pa de 30 pessoas, a maioria das quais
como saltar de pára-quedas – o momen- mais velhas que eu. Foi a “aventura” que
to que nos enviou, registado na fotogra- mais me permitiu crescer profissional-
fia ao lado! mente e descobrir o gosto pela liderança
Sandra Silva começou por trabalhar de equipas, aliás, alargadas, com parcei-
numa pequena agência de marketing di- ros a funcionar como verdadeira exten-
recto, a L&A Direct Marketing. Desse são da nossa equipa directa.»
tempo, «guardo o deslumbramento dos E se é verdade que se aprende com os
primeiros meses no mercado de traba- erros, Sandra Silva considera ter apren-
lho e o ritmo acelerado de uma agência, dido com o seu maior que foi quando,
com um ambiente de pequena equipa, a dada altura na sua carreira, se deixou
muito unida», conta. convencer que era demasiado teimosa
Meses depois surgiria a oportunida- e parou («por momentos, felizmente!»,
de de ir para o Grupo Jerónimo Martins, como confessa) de defender as suas
na holding, numa função corporate, vin- ideias de forma tão fervorosa. «O resul-
do mais tarde a desempenhar funções tado do trabalho desses meses não me
no Marketing do Feira Nova e do Pin- orgulha especialmente.» Da experiência
go Doce. «O que mais recordo, além do aprendeu, conta, que «escolher as bata-
muito, muito que aprendi, foi aos 23/24 lhas não significa deixar de defender as
anos ter tido a oportunidade de traba- nossas convicções, significa gerir priori-
lhar de perto com verdadeiros senho- dades e encaminhar as energias para o
res, como o Sr. Soares dos Santos ou o caminho certo».
Dr. Nogueira de Brito. Era uma “miúda” Até porque se pudesse falar com a jo-
e tive a oportunidade de me inspirar e vem Sandra Silva, lá atrás, quando ainda
desenvolver pensamento estratégico no não tinha sequer chegado à maioridade,
meio de mentes brilhantes», reconhece a Sandra Silva de hoje não hesitaria por
ainda hoje. nada em dizer-lhe: «Aproveita o cami-
Ao longo dos 23 anos de carreira nho ao máximo! Tem calma, vai tudo
teve, conforme salienta, o privilégio de correr bem, mantém esse olhar positivo
se cruzar com pessoas muito inspirado- sobre o futuro.»
56
TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
Q
uando for grande, por ler, sempre que possível em contacto
quero marcar golos de com a natureza ou na praia) levá-la-ia a
felicidade nas balizas enveredar pelo curso de Comunicação
do arco-íris. Esta foi Social na Universidade do Minho. Mas
uma das frases que cedo percebeu que era na área do Marke-
Sónia Moreira escre- ting que melhor poderia dar asas à sua
veu numa redacção, criatividade e vontade incessante de ino-
quando andava na var e criar. Pelo que, em vez de escrever
escola primária, sobre sobre histórias de marcas, Sónia passou a
o seu futuro. “Temos escrever essas mesmas histórias!
escritora!”, diria a Ao fim e ao cabo, e já o sabia preco-
professora, enquanto cemente, ferramentas não lhe faltavam
lia o texto em voz alta perante a turma. para singrar no mundo do marketing,
E, de facto, já na altura Sónia se imagina- mas que, claro, foi aperfeiçoando com
va a fazer das palavras o seu métier, fos- o tempo: além da criatividade, orgulha-
se como jornalista, poetisa ou escritora. -se de fazer da «resiliência e inteligência
«Sou uma fervorosa adepta das palavras emocional para gerir equipas e lidar com
e do poder da escrita. Sempre me identi- as situações mais difíceis» os seus pontos
fiquei com a capacidade que as palavras fortes. Já como defeitos, admite ser «pou-
têm para gerar emoções, criar pontos de co tolerante à falta de empenho para o
vista, contar histórias e fomentar pensa- cumprimento de timings», além de «não
mentos», recorda. A paixão pela escrita lidar bem com desculpas mal justificadas
(que continua a alimentar, a par do gosto sobre erros cometidos». «Como sou mui-
TEXTO
DANIEL
ALMEIDA
SÓNIA
MOREIRA DIRECTORA
DE MARKETING
DA DREAMMEDIA
MARKETEER
MARKETEER # 308
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SETEMBRO DE 2022
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to exigente comigo, acabo por ser exigen- (hoje, Super Bock Group), onde durante sinar-me», recorda, em jeito de homena-
te com os outros e não gosto de trabalhar os sete anos seguintes assumiria o papel gem ao profissional que faleceu em 2018.
com pessoas que não estão verdadeira- de Brand manager nas áreas dos vinhos, Depois do Super Bock Group, o seu
mente empenhadas no seu trabalho», barril Super Bock e outras categorias. percurso passou pelas empresas Detipin
diz, sem papas na língua. Na empresa cervejeira, que considera (como directora de Marketing), CIN
O “livro” (que é como quem diz, a «uma das maiores escolas do marketing (Brand and Communication manager,
carreira) que iniciou há mais de 20 anos do País», cresceu como profissional e durante nove anos) e Revigrés (directora
na área do Marketing conta, hoje, com conheceu marketeers que a inspiraram, de Marketing). Recentemente, transitou
capítulos e capítulos de sucesso, tendo ainda numa fase inicial da sua carreira, para o lado das agências, assumindo o
como personagens marcas como Super destacando o nome de João Sampaio (an- cargo de directora da Marketing da ope-
Bock Group, CIN, Revigrés ou dream- tigo director de Marketing e administra- radora de publicidade exterior dream-
Media. O que não significa que, pelo ca- dor da Unicer). «Por onde passava, não Media. Um desafio que encara com po-
minho, não tenha experienciado erros e fazia só marketing… fazia magia! Todos sitivismo, como uma página em branco:
desilusões, mas que lhe permitiram per- os projectos que liderava eram um su- «É uma nova realidade para mim, mas
ceber que «nem sempre as empresas são cesso. Era, e para mim continua a ser, o que sempre tive muita vontade de expe-
como nos parecem à primeira vista». guru do marketing. Um supermarketeer, rienciar», revela.
O capítulo inaugural começou por com uma capacidade de ver além, que E o que diria Sónia Moreira se pudes-
ser escrito em 1998 na Quinta do Minho, não reconheço em mais ninguém. Um se voltar a falar com a menina-poetisa que
a produtora de vinhos que lhe abriu as profissional com um know-how técnico escreveu aquela frase na primária? «Diria
portas do mercado laboral, para desem- fora de série e uma sensibilidade para que o futuro que ela imaginou se está a
penhar funções como gestora de Marke- o marketing inigualável. Muito do que concretizar e que estou, efectivamente, a
ting, RP e Comercial. Dois anos mais sou hoje devo aos ensinamentos que me marcar “golos de felicidade” numa área
tarde, haveria de ingressar na Unicer transmitiu e ao tempo que dedicou a en- que me apaixona: o Marketing.»
58
TEMA DE CAPA Marketing
Como no feminino
tomamos decisões
SÓNIA
RATINHO MARKETING MANAGER
DOS LABORATÓRIOS AZEVEDOS
E
ntre outras opções em sava pelos tubos de ensaio, que não era
aberto, como jornalista aquele o mundo a que pertencia, nem a
ou hospedeira de bordo, fórmula para a sua felicidade. Por outras
Sónia Ratinho sonhava, palavras, que faltava química! «O meu
ainda em tenra idade, maior erro foi mesmo querer muito fazer
ser cientista, para poder parte de um puzzle onde a minha peça
descobrir novos medi- não se encaixava. E por mais que limas-
camentos. Era essa área se as arestas e a tentasse aperfeiçoar, ela
para a qual queria cana- nunca conseguiu encaixar na perfeição.
lizar a curiosidade que Aprendi que cada peça tem o seu puzzle
tanto faz parte da sua e aquele não era o meu», recorda.
personalidade, a par de outras virtudes, Consciente de que o caminho que
como a abertura de espírito, a resiliência tinha iniciado foi «um total erro de cas-
ou a empatia, mas que contrastam com ting», Sónia tomou a decisão de reposi-
defeitos como a impaciência – «caracte- cionar toda a sua carreira profissional.
rística comum de uma hiperactiva» – e «Quis redefinir e focar a minha bússola
«uma pitada (q.b.) de teimosia», confor- no que efectivamente me fazia sentir
Texto
me assume. borboletas na barriga: a comunicação, o
Certo é que esse desejo levou-a mes- marketing, as pessoas.» O caminho pas-
mo a seguir formação na área das Aná- sava, então, por uma espécie de regresso
lises Químicas. Contudo, ainda numa ao passado, ou não tivesse tido como um
DANIEL fase inicial da carreira profissional, Só- dos seus primeiros trabalhos a função
ALMEIDA nia percebeu que o seu futuro não pas- de promotora da marca Parmalat (nas
MARKETEER
MARKETEER # 308
# 302 MARÇO DE
SETEMBRO DE 2022
2021 59
S
empre quis muito que
o seu trabalho contri-
buísse para a socieda-
de em seu redor. Tanto
quis, que o tem feito,
ao acrescentar, à di-
recção de Marketing
e Media da Unilever
em Portugal, a “inten-
sidade” do seu mundo
pessoal entre as seis
filhas – dos seis aos 20 anos –, apoio ad-
ministrativo à Catequese da paróquia
a que pertence ou a participação em
jantares comunitários com sem-abrigo.
TEXTO
M.ª JOÃO
VIEIRA PINTO
TERESA
BURNAY
DIRECTORA DE
MARKETING E MEDIA
DA UNILEVER
MARKETEER
MARKETEER # 308
# 302 MARÇO DE
SETEMBRO DE 2022
2021 61
Criança «sui generis, que detestava dese- fomentar o maior equilíbrio possível en-
nhos animados e adorava o telejornal», tre vida pessoal e profissional. «Por outro
como se autocaracteriza, Teresa Burnay lado, depois de me conhecerem bem sa-
ainda pensou que um dia ia estar à fren- bem que vivo em perfeita harmonia com
te de uma Câmara, ser primeira-ministra isso e não exijo o mesmo de ninguém,
ou Presidente da República. Não tem ne- adoro não ter para onde me virar! Ter a
nhum destes títulos, é um facto, mas tem to do list repleta de projectos para gerir
uma mão-cheia de provas dadas. em simultâneo, dedicar tempo a desen-
Desde que se lembra que sempre foi volver talentos e ajudar outros a resolver
«independente» e, apesar de não ter gran- problemas, sentir que acrescentei valor
de necessidade, escolheu trabalhar logo em várias áreas ao final de cada dia.»
aos 14 anos, com part-times de fim-de- De resto, se não fosse esta energia e
-semana, serviços de promoção em lojas e forma de estar, conseguiria tudo o que
eventos ou projectos de férias. «Mas as pri- faz? Não sabe. O que sabe é que, até à
meiras experiências à séria foram em ven- data, o maior desafio da carreira, mas o
das – com um estágio de Verão no BES e, mais recompensante, foi a alteração de
mais tarde, com o primeiro trabalho como uma função local para uma global, acom-
Comando Sales na Mars, a vender cho- panhada da mudança da família de país,
colates de porta em porta numa carrinha escolas, língua e afastamento dos amigos
Kangoo salpicada de M&M’s. Depois dis- e familiares. «Foi excelente em termos de
to, fiquei pronta para agarrar qualquer de- carreira, proporcionou anos de enorme
safio que me surgisse!» E claro que conti- desenvolvimento e aprendizagem a todos
nuou a agarrar, combinando a doçura dos e aproximou-nos imenso como família
chocolates vendidos com a determinação nuclear», recorda, partilhando que, sem-
de uma workaholic, que também diz ser. pre que precisa, aconselha-se com os pais
Licenciada em Economia pela Uni- e alguns ex-chefes que a marcaram e se
versidade Nova de Lisboa e especializa- tornaram amigos.
da em Macroeconomia e Marketing na Aliás, procurar os outros é algo que
Leicester University, Teresa Burnay ini- não a incomoda, pelo contrário sempre
ciou então a carreira na Mars Portugal o fez. E considera mesmo que um erro é
em 1998, passando a seguir pela Gillet- apaixonarmo-nos de tal forma por uma
te Portugal, onde desempenhou vários peça de trabalho nossa que achamos que
cargos nas áreas de Vendas e Marketing. todos a vão adorar também… «Se não
Seria em 2001 que se viria a juntar à envolvermos os outros desde a fase mais
Unilever em Portugal para liderar o de- preliminar, não só será difícil explicá-la
partamento de Category Management, como “vendê-la”. Isto toma proporções
assumindo em 2008 a responsabilidade ainda maiores quando se tem funções a
pelo Marketing de Personal Care e, mais nível mundial. Aconteceu-me uma vez
tarde, de Ice Cream. Já em 2013 regres- desenvolver uma estratégia altamente
saria às Vendas, com a mudança para elaborada sobre os melhores portefólios
Inglaterra, onde foi Global Customer por canal para cada país, que foi muito
Development de diferentes negócios, fa- bem recebida no centro global. Mas nun-
zendo parte simultaneamente dos Lea- ca chegou a ver a luz do dia nos merca-
dership Boards das Categorias e da fun- dos, pois não tinham sido consultados a
ção de Vendas. Cinco anos mais tarde é priori. Cascades das estratégias sem se-
chamada de novo a Portugal para inte- quer fazer um sense check com quem tem
grar a Comissão Executiva da Unilever de implementá-las é receita certa para o
FIMA como directora de Marketing de insucesso», defende Teresa Burnay. A di-
Home e Beauty & Personal Care e direc- rectora de Marketing e Media que, acima
tora de Media da companhia. de tudo, valoriza o tempo e disponibili-
Partilha que o maior defeito é ser dade mental para darmos um pouco mais
workaholic, o que acaba por ser um mau de nós ao próximo e construirmos, todos
exemplo para as equipas, nas quais tenta os dias, um mundo melhor.
62
TEMA DE CAPA Marketing no feminino
TERESA VIRGÍNIA
DIRECTORA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO DA MICROSOFT PORTUGAL
C
onfessa ter o coração mantra, uma frase de Agostinho da Silva: mente privilegiado. Depois do mercado
dividido. É uma apai- “Não faças planos para a vida, que podes de consumo, esteve na distribuição, em
xonada por viajar, já estragar os planos que a vida tem para telcos e acabaria por chegar à área de TI.
tendo visitado mais de ti.” Acredita que nem sempre as coisas A chegada à Microsoft, há uma década, é
70 países e feito uma correm como queremos, mas a vida mui- vista por Teresa Virgínia como o grande
volta ao mundo; mas tas vezes até traz coisas melhores. «E te- desafio da sua carreira. «Esta empresa é
enamorou-se por uma nho tido a sorte de isso ser verdade para especial. Todos os dias nos põe à prova
quintinha no Algarve mim, pessoal e profissionalmente.» e, seja qual for a função que tenhamos,
(de onde é natural), Os primeiros anos profissionais fo- é sempre muito exigente. Mas, por outro
com uma ruína, horta ram passados na Mars, uma empresa lado, sentimos um verdadeiro sentido de
e pomar. «Tem sido um onde confessa ter adorado trabalhar. propósito: acredito que através da nossa
projecto incrível reconstruir a casa, plan- «Entrei para o programa de trainees, que tecnologia podemos ajudar as pessoas e
tar árvores, legumes, ervas-de-cheiro, e consistia em vender chocolates, no canal as organizações a conseguir mais.»
aproveitar o que o Algarve tem de bom: Horeca, por todo o País, em visitas frias, Admite que nem tudo foi um mar de
as praias, o bom tempo, a luz», conta. A com objectivos diários. Aprendi imenso rosas no seu percurso e que, com o seu
estes amores junta-lhes o yoga, a medita- e moldou-me muito como profissional», maior erro – mudar de empresa pelas ra-
ção e a leitura. E claro, o Atum, o seu cão recorda. Posteriormente, teve a oportuni- zões erradas –, aprendeu a ser mais pon-
e companheiro inseparável! dade de ir para o Marketing, como Brand derada, a escolher organizações com que
Em criança sonhou ser bailarina, manager das marcas M&M’s, Mars, Twix. se identifique com a missão e propósito.
médica, advogada, arqueóloga, políti- «São marcas jovens, giras de se trabalhar, Ainda que reconheça que foram os erros
ca. Estava sempre a mudar e acabou por deu-me um gozo enorme.» Agora, olhan- que a moldaram e a tornaram mais hu-
não ser nada do que queria! Talvez des- do para trás, não tem dúvidas de que mana, empática e resiliente, e que errar
de aí repita, com frequência, como um teve um início de vida profissional real- faz parte do crescimento, se pudesse dar
um conselho à Teresa Virgínia prestes a
entrar na Universidade Católica para es-
tudar Economia dir-lhe-ia para ser mais
Texto MARIA JOÃO LIMA ponderada para evitar certos erros.
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64
CASOS Vinhos
elevar
O WINE ADVISOR
QUE QUER
o vinho
português
Consultor de coleccionadores
e investidores privados em
vinhos raros, Cláudio Martins
quer contribuir para reforçar
a presença do vinho nacional no
segmento de luxo. Com a Herdade
do Rocim, lançou o Júpiter, um
vinho de mil euros cada garrafa
Texto
DANIEL ALMEIDA
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 65
É
uma pessoa habituada a mexer-se “Meca” dos vinhos». Em terras de Sua Majestade, começou por
no mundo do luxo e isso nota-se trabalhar no restaurante Coq d’Argent, onde haveria de gerir
na roupa aprumada, na postura um serviço de bar com uma «extensa» carta de vinhos. Mais tar-
distinta, no discurso assertivo e de, foi gerente de uma loja de vinhos, a New Street Wine. Como
articulado, nas experiências ro- a loja ficava localizada no distrito financeiro londrino – entre a
cambolescas que vai contando zona de Bank e Liverpool Street Station –, Cláudio acabou por
com a maior tranquilidade. Cláu- conhecer muitos clientes que eram corretores, traders e inves-
dio Martins é um wine advisor tidores. «Muitos deles passaram a ser amigos e a pedir conse-
que ajuda milionários de todo o lhos e recomendações de vinhos, porque iam receber pessoas em
mundo a coleccionar ou a investirem em garrafas de vinho que casa ou iam a um casamento ou baptizado. Este tipo de pedidos
podem custar dezenas ou centenas de milhares de euros. «Tal tornou-se frequente, até que chegou uma altura em que pensei
como existem os fashion advisors, um wine advisor ajuda os que deveria fazê-lo de uma forma mais profissional», recorda.
seus clientes a desenharem garrafeiras privadas. Tem de desco-
brir quais os vinhos de que eles gostam para, quando efectua a SERVIÇO DE A ATÉ Z
consultoria e selecção dos vinhos, ter uma noção do que pode
incluir nessas garrafeiras», explica. A Martins Wine Advisor haveria de ser fundada em 2014, no
E este, explana o fundador e CEO da consultora Martins Reino Unido, também por influência de Martin Higgins, um an-
Wine Advisor, não é trabalho que se possa desenvolver em reu- tigo mordomo do Buckingham Palace, que hoje coordena a vida
niões esporádicas. Pelo contrário, depende de relações que vão de clientes privados. «Um dia estávamos a jantar e ele propôs-me
sendo construídas ao longo do tempo – e que, muitas vezes, ul- que me tornasse consultor de vinhos para um dos seus clientes.
trapassam o plano profissional –, de muitas viagens e trocas de Basicamente foi assim que começou a empresa, para coordenar
fusos horários. Como quando, em 2017, Cláudio viveu durante 11 a vida destes clientes que necessitam de vinhos para diferentes
meses em Moscovo, na Rússia, onde construiu «uma garrafeira ocasiões – e diferentes casas», adianta Cláudio Martins.
superinteressante no valor de cerca de 15 milhões de euros para Hoje, a Martins Wine Advisor conta com cerca de 25 clien-
uma pessoa que não aprecia vinhos, mas que tinha de ter uma tes privados regulares, com quem tem vindo a construir relações
garrafeira porque recebe muitas pessoas em casa». de confiança. «Por vezes, ligo-lhes a dizer que vou enviar umas
Esta é também uma profissão que implica ter disponibilida- caixas de vinhos e nem sequer falamos de valores, porque sabem
de total para atender o telemóvel a horas menos recomendadas, que não os vou enganar», refere Cláudio Martins. E apesar de es-
por vezes para dar resposta aos pedidos mais excêntricos. Cláu- tarem espalhados por vários países, a empresa (que desde 2018
dio não esquece aquela vez em que um cliente lhe pediu, a uma está sediada em Portugal) tem vindo a reforçar o negócio no mer-
sexta-feira ao final do dia, umas garrafas de Château Petrus – um cado português, onde só no início deste ano assinou oito projec-
vinho da região de Bordéus, em França, que é um dos mais pro- tos para a construção de garrafeiras privadas.
curados por investidores –, que teriam que ser entregues no dia Contudo, o negócio da Martins Wine Advisor vai muito além
seguinte em Saint-Tropez, França. «Não é um vinho que se en- da consultoria privada de vinhos, estendendo-se a outras áreas,
contre facilmente, sobretudo naquela altura do dia, com as lojas como a consultoria para o segmento Food & Beverage (F&B),
já fechadas. Tive que ligar a dois ou três clientes meus para pedir que envolve formação de equipas, food pairing, elaboração de
o favor de ir às suas garrafeiras pessoais buscar as garrafas de Pe- cartas de vinho, criação de experiências ou desenvolvimento de
trus. Consegui “safar-me” e a verdade é que às 9h do dia seguinte marcas próprias. Entre alguns projectos recentes, contam-se a
estava a entrar num jacto privado rumo a Nice. Acabei por passar construção das garrafeiras dos hotéis Porto Palácio e The Editory
o fim-de-semana num iate em França», recorda o consultor, sem- Riverside Santa Apolónia. Enquanto parceira da plataforma de
pre com o cuidado de preservar a identidade dos envolvidos. e-Commerce vinha.pt, a Martins Wine Advisor ajudou também
É que neste segmento de luxo e exigência, o segredo é mesmo na construção da garrafeira do Sport Lisboa e Benfica.
a alma do negócio – e o “não” é excluído do vocabulário. «Não A empresa está ainda presente na área de compra de activos,
podemos dizer que não a este tipo de clientes, nem que tenhamos aconselhando os seus clientes que querem diversificar o portefó-
que virar meio mundo. É preciso fornecer um serviço especial, lio de investimentos a escolherem vinhas e herdades. «Estamos
entregar a horas, ter uma atenção especial e não falar só de ven- a retomar dois projectos de 2019 que foram suspensos devido à
das, mas perguntar se a filha já entrou na universidade, se o filho pandemia de Covid-19. É uma área na qual vamos apostar em
já recebeu a camisola do Ronaldo… O que estes clientes precisam força a partir deste ano. Há muitos clientes [estrangeiros] que
é, acima de tudo, de serviço», sublinha Cláudio Martins, reforçan- vêem Portugal como um bom país para investir, sobretudo devi-
do que considera muitos deles amigos. «Não há muitas áreas de do ao Turismo», realça Cláudio Martins. «O nosso trabalho é de
negócio em que se possa dizer o mesmo. O vinho une as pessoas.» A a Z: tudo o que envolve o mundo do vinho», acrescenta o fun-
Natural da vila de São Romão, na Serra da Estrela, Cláudio dador da empresa, que em 2021 facturou cerca de um milhão de
Martins mudou-se aos 20 anos para Londres, que considera «a euros e em 2022 espera ultrapassar a barreira dos dois milhões.
66
CASOS Vinhos
Além de gerir a sua própria empresa, Cláudio Martins é Para mostrar que
embaixador do vinho tranquilo mais caro do mundo, o borda-
lês Liber Pater, cujas garrafas podem custar até 30 mil euros. Portugal pode estar
O consultor beirão trabalha directamente com o fundador da
marca, Loïc Pasquet, acompanhando-o em eventos internacio-
entre a elite interna-
nais, gerindo acções de comunicação e marketing, mas também cional, Cláudio Martins
as vendas e alocação de stock nalguns mercados.
criou um vinho, com a
WINES FROM ANOTHER WORLD
Herdade do Rocim, que
Habituado que está a lidar com os vinhos mais caros e limita- colocou no mercado a
dos do mundo, como é o caso do Liber Pater ou do champanhe
Boërl & Kroff, Cláudio Martins assume o desejo de contribuir 1000 euros por garrafa
para elevar o vinho português a um novo patamar de preço. Até
porque, garante, os nossos vinhos nada devem, em termos de
qualidade, aos franceses e italianos, mas ainda não deram o sal-
to em termos de percepção.
Para mostrar que o vinho português pode estar entre a eli-
te vínica internacional, o fundador da Martins Wine Advisor pelos valores envolvidos», refere Cláudio Martins. «Portugal
juntou-se a Pedro Antunes, fundador da agência de branding tem de estar no mapa dos fine wines. Abrimos aqui uma porta
Sparrow Creative Solutions, para o lançamento do “Wines From para que outros produtores possam fazer o mesmo e para que
Another World”, um projecto que pretende criar nove vinhos possamos alavancar cada vez mais a marca Portugal», reitera.
das principais regiões vinícolas do mundo. O primeiro vinho, O objectivo dos fundadores do projecto “Wines From Ano-
que foi lançado em 2021, representa o Alentejo e foi colocado no ther World” passa por juntar pelo menos um vinho novo à co-
mercado com um preço a rondar os 1.000 euros por garrafa. lecção a cada ano (o próximo lançamento deverá acontecer em
Baptizado de Júpiter, o vinho foi produzido em parceria com Novembro deste ano), até que haja nove vinhos, para representar
o enólogo Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim, a partir de castas cada planeta do sistema solar. Depois do Alentejo, o projecto irá
indígenas e recorrendo a métodos de produção antigos, incluin- passar pelas regiões de Bordéus, Champagne (França), Priorat
do fermentação e quatro anos de envelhecimento em talhas. Esta (Catalunha), Toscana (Itália), Napa Valley (EUA), Mosel (Ale-
é uma edição limitada a 800 garrafas, que foi apresentada a apre- manha), Geórgia e Douro. Certo é que o último vinho da co-
ciadores, coleccionadores e investidores de vinhos raros. lecção será português e deverá ser lançado em 2027. «Já estamos
«Ninguém tenha dúvidas que o vinho português tem quali- em conversações com a Virgin Atlantic para fazer o lançamento
dade, mas se calhar temos de o trabalhar mais para posicionar final no space shuttle», revela Cláudio Martins. Ou não estivés-
neste nível – até porque há muitos clientes que compram vinho semos a falar de vinhos do outro mundo.
68
CASOS Vinhos
Algumas
perguntas a
Cláudio
Martins
fundador da Martins
Wine Advisor
Q
ue percepção é que os clientes da Martins
Wine Advisor têm dos vinhos portugue-
ses? Costumam pedir, ou preferem vi-
nhos de outras regiões?
Os meus clientes apreciam os vinhos
portugueses, mas, como recebem muitos convidados em casa,
“têm” obrigatoriamente que ter as grandes marcas do mundo, e
essas são definitivamente as francesas e italianas.
Portugal ainda não tem este estatuto – que nada tem a ver
com a qualidade. Não podemos ser conotados apenas com vi-
nhos “value for money”, que funciona para muitos produtores
e vai continuar a funcionar, mas temos obrigação de criar uma
nova categoria, fazer edições ainda mais limitadas e trabalhar a
comunicação. Há, acima de tudo, um problema de construção
de marca.
vistaalegre.com
70
CASOS Design
JÁ OUVIU FALAR DA
Deckora
Design?
Texto
M.ª JOÃO
VIEIRA PINTO
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 71
C
amilla Degli Esposti é neta Porque o que Camilla gosta é da combinação dos dois –
de arquitecto, filha de arqui- clientes particulares e de negócio –, assim como gosta de cruzar
tecto, irmã de arquitectos. conhecimentos da arquitectura com o design, a que acrescen-
Nasceu em Milão, trabalhou tou a construção de peças de mobiliário e objectos customiza-
em Londres – onde conheceu dos como prolongamento de histórias e memórias.
o marido, português – e des- Nascida e licenciada em Milão – de onde guarda memórias
de há um ano que se instalou do pai, que lhe entregava plantas de projectos, ainda antes de
em Lisboa, a cidade que es- ela própria «aprender a escrever» –, tinha nos planos de vida a
colheu – pós-Brexit e ainda passagem por Nova Iorque, onde acabou por estagiar durante
em pandemia – para reforçar o seu trabalho e levar o mesmo ao um ano e meio com Peter Eisenman. Mudou-se para Londres,
mundo. Não, ela já não exerce arquitectura mas design de inte- onde terminou o mestrado na Architectural Association numa
riores e já assinou, por cá, espaços como o restaurante Yakusa das turmas de Zaha Hahid. Após um primeiro período a traba-
(foto em baixo) ou o modernista Sky Bar do Yotel Porto, um lhar como arquitecta, decide antes entregar-se ao design de in-
apartamento clássico no Chiado e uma penthouse de luxo na teriores. Em 2017 cria a sua Deckora Design, que hoje se reparte
Lapa a partir da sua Deckora Design. entre Lisboa, Londres – onde tem uma colaboradora – e Milão,
onde estão três arquitectas. «Tenho uma equipa de quatro mu-
lheres. É a minha equipa de sempre com quem trabalho remota-
mente, sendo que cada uma é especialista em alguma coisa. Mas
o que queria era também ter uma equipa em Portugal. Estou a
tentar arranjar arquitectos, mas é um mercado muito diferente
do que conhecia em Londres», partilha, enquanto conta que Pe-
ter Eisenman foi uma inspiração… ao contrário de Zaha Hahid!
Agora, Camilla confidencia que, a partir de Portugal, gosta-
va de vir a abrir mercados para a sua Deckora Design, como o
Brasil ou Moçambique. De resto, já tem um trabalho assinado
na África do Sul, mas quer fazer mais! Tudo com uma equipa
“familiar”, não tendo como ambição vir a alargar para além das
oito pessoas.
E repete que, neste trabalho, é fundamental saber ensinar, espacial, para depois, sim, trabalhar na decoração, mobiliário
partilhar e, já no terreno, então ouvir o cliente. Conseguir in- e restantes detalhes.
terpretar para, depois, perceber o que melhor oferecer. Foi
assim, entre outros, no Yakuza, onde traçou um espaço que é E UMA COLECÇÃO DE MOBILIÁRIO
como que uma imagem moderna do Japão. «Gosto de perceber
o que quer o cliente e desenhar tudo à medida para o local. A Em 2021, numa extensão e sintetização do seu trabalho de pes-
única inspiração que este espaço tem é o conceito em si. De res- quisa para os projectos de design que foi desenvolvendo, Ca-
to, foi tudo pensado para ele. Foram quatro meses para o pro- milla e a sua Deckora apresentaram a primeira colecção de mo-
jecto e sete para o materializar.» biliário e objectos sob a marca Olympus. São nem mais que 10
E é isto que poderá levar um cliente a procurar a Deckora peças de edição limitada, com criatividade da Studio e produzi-
Design em detrimento de outro atelier? «Isso, o percurso e a ex- das à mão por artesãos especializados, que se caracterizam pelo
posição que temos, já que somos verdadeiramente internacio- uso de fortes geometrias e uma combinação de pedras semipre-
nais. Temos um pensamento multitasking e global, não temos ciosas, metais e madeiras. “Entre uma cadeira e um cadeirão,
uma cultura confinada a um só país.» candeeiros de tecto ou parede, mesas de apoio e de refeição, uma
Também, por isso, a Deckora Design apresenta soluções consola, aparador e até um toucador ou um cinzeiro de pé, cada
completas de consultoria, acompanhamento e execução, seja objecto de assinatura com o nome de deuses e deusas gregos cria
em propriedades privadas, residências, hotéis, espaços comer- um statement pela sua simplicidade ou carisma, privilegiando o
ciais ou iates. Um trabalho que se foca, numa primeira fase, no know-how e materiais locais. Olympus acrescenta algo de único,
desenvolvimento de esquemas de arquitectura e configuração como um artefacto coleccionável”, apresenta-se.
74
CASOS Inovação
Um
adeus
digital
Texto
FILIPA
ALMEIDA
Há sectores mais
tradicionais e avessos
à mudança do que outros.
O dos funerais poderia
seguir esta regra,
mas também aqui a
transformação digital
começa a fazer parte
do dia-a-dia
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 75
D
igitalização tem sido pala-
vra dita e repetida ao lon-
go dos últimos anos e nem
o mundo dos funerais es-
capa a esta realidade. Não
falamos da virtualização
das cerimónias fúnebres
(ainda que já seja possível
acompanhar estes mo-
mentos remotamente, com recurso a ferramentas de videocha-
mada), mas, sim, da reformulação de modelos de negócio e da
criação de novas soluções puramente digitais.
Sabia que pode, por exemplo, substituir as tradicionais flo-
res pousadas sobre as campas por homenagens intangíveis que Plataforma da i-Memorial
permitem prolongar a memória dos entes queridos? Esta é a
proposta da i-Memorial, que possibilita a construção de memo-
riais personalizados e partilhados com família e amigos.
«Desde que a minha mãe faleceu, em 2000, e passei a visitar
o cemitério com alguma regularidade, fui-me apercebendo da
riqueza histórica que os cemitérios, principalmente os de pro- dos em cemitérios da região. No entanto, «o serviço pode ser
víncia, proporcionavam. Além das homenagens a quem ali está usado em qualquer parte do mundo», garante Pedro Andrade,
sepultado, as campas e jazigos são pontos de partida para a des- sublinhando ainda que «o familiar ou amigo gestor da homena-
coberta dos ramos familiares e da sua história de vida», conta gem poderá partilhar a página com qualquer pessoa, sem que
Pedro Andrade, responsável pelo projecto. Partindo da sua ex- seja necessária uma deslocação ao cemitério». Esta será, aliás,
periência, decidiu criar a i-Memorial, cujas portas digitais abri- uma das principais vantagens desta solução: aproximar quem
ram no final de 2021. está longe, tirando partido das novas tecnologias.
Na prática, o serviço disponibilizado pela startup consiste Outros benefícios face às homenagens tradicionais serão o
num QR code que é colado em campas ou jazigos e que leva os baixo custo, «comparando, por exemplo, com o valor de uma
visitantes do cemitério para uma homenagem digital. São pre- pequena pedra mármore com uma inscrição», ou o número de
cisos apenas quatro passos: adquirir um Memo QR Code no conteúdos associados. «Quem visitar a campa do familiar ou
site da i-Memorial, ou num dos parceiros autorizados; fazer amigo terá um conjunto de informações que o farão viajar, sem
o registo no site; criar a homenagem com informações como dúvida, pelo passado dessa pessoa», recordando até momentos
nome, data e local de nascimento e falecimento, nome dos pais vividos em comum.
e filhos, juntar uma biografia, fotos e vídeos; por fim, colocar Olhando para o futuro, o responsável da i-Memorial adian-
o código no local pretendido. O mesmo Memo pode ter vários ta que a primeira preocupação é apresentar um serviço de
homenageados associados, para casos em que diferentes pes- qualidade e simples de utilizar e partilhar. Acreditam que o
soas estão no mesmo jazigo, por exemplo. crescimento será natural, em função do interesse do público e
Os conteúdos presentes em cada Memo dependem do ma- da facilidade e conveniência da plataforma. Dos planos fazem
terial que as famílias tiverem disponível, mas Pedro Andrade também parte parcerias com floristas, funerárias e cemitérios,
considera que «a maior riqueza serão os episódios e histórias de que estão já em processo de selecção.
vida que são partilhados na página do homenageado».
Neste momento, a i-Memorial disponibiliza duas opções: o PLANEAR UM FUNERAL A 25 HORAS DE DISTÂNCIA
Memo em metal (com um valor promocional de 18 euros – e o
mais procurado) e o de acrílico (16 euros), incluindo em ambos No início da crise sanitária, as restrições impunham que a des-
os casos a possibilidade de contar com até quatro homenageados pedida de entes queridos fosse mais contida. Caso a morte esti-
e 15 Mb de espaço para conteúdos. Se se quiser adicionar mais vesse associada ao novo coronavírus, as regras eram ainda mais
uma pessoa, são somados mais dois euros. E quem quiser mais apertadas, mas distanciamento e segurança tornaram-se, inde-
15 Mb também poderá optar por alargar o serviço, neste caso pendentemente das circunstâncias, palavras de ordem a respei-
por mais cinco euros. A página que é criada através da aquisição tar. Neste cenário, a digitalização de processos apresentou-se
do Memo tem a validade de um ano, podendo depois ser reno- como a resposta a algumas das novas necessidades, levando em-
vada anualmente mediante o pagamento de 10 euros adicionais. presas mais tradicionais a modernizarem-se.
Com raízes no Alentejo, é por aqui que a i-Memorial se tem Foi o que aconteceu, no início de 2021, com a Triunfo, ao
desenvolvido nesta fase inicial, tendo já vários Memos coloca- lançar um serviço digital que permite planear cerimónias fúne-
76
CASOS Inovação
marca de
colchões
A Emma já não é uma marca que
produz apenas colchões.
A sua missão vai actualmente
além disso, tendo-se tornado
uma empresa especialista no
sono e com um propósito maior
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F
undada na Alemanha, em 2013, e muito nesse sentido, de poder regular a temperatura, de ter uma
presente em Portugal desde 2017, postura óptima, de dar as condições físicas para que possamos
a Emma marcou a diferença ao descansar e acordarmos revitalizados.
mostrar que era possível comprar
colchões online e embalados O sono tem uma acção essencial de restaurar o cére-
numa caixa. Hoje em dia, e com o bro e, consequentemente, o corpo, assim como o sis-
apoio de investigadores de diver- tema imunitário. Sendo uma empresa de tecnologia do
sas áreas, a Emma foca-se, cada sono, como reflectem esta preocupação?
vez mais, no desenvolvimento de Temos muitos produtos que são reguladores de temperatura.
produtos que contribuem não só para uma boa noite de sono, Acabámos de lançar um topper, que permite ter uma temperatu-
mas também para um dia mais positivo. ra um pouco abaixo do que nós normalmente teríamos em cima
de um colchão, por exemplo. Para nós, que somos um país tão
Que missão maior é esta que têm vindo a assumir? quente no Verão, assim como para os países do Sul, é um produ-
Quando começou em Portugal, a Emma tinha a missão de edu- to que vai ter bastante adesão, pois é muito importante termos
car os consumidores para um novo hábito: o de comprar um col- uma sensação de frescura durante a noite, para o corpo poder
chão online. Estávamos muito focados no produto e no processo descansar. Temos, por isso, vários produtos que tentam ajudar
de compra que era, por si só, inovador. Tínhamos um colchão o nosso corpo a regular a temperatura, para além de os nossos
numa caixa, o que era uma ideia muito disruptiva, na altura, colchões terem sempre uma capa que é termorreguladora. Este
para o mercado português. Ao longo destes anos, temos evo- topper, por exemplo, é uma espuma com grafite – tem pequenas
luído um bocadinho na nossa abordagem, sempre na missão de partículas de grafite que vão prolongar a sensação de frescura
tornar mais consciente a importância do sono. Outro ponto é a da cama mais uns minutos. Também temos uma almofada com
educação do mercado, no sentido de mostrar que existem outros essa tecnologia. Isso ajuda a arrefecermos a nossa temperatura
produtos que têm impacto no sono e não apenas o colchão. Por durante a noite, sobretudo no Verão.
esse motivo, temo-nos tornado cada vez mais especialistas no
sono e não somos apenas uma empresa de colchões. A Emma renovou recentemente a sua imagem e men-
sagem. Segundo Dennis Schmoltzi, co-fundador
O Dia Mundial do Sono celebra-se a 18 de Março. Numa e CEO da Emma, «estavam focados na noite e agora
sociedade em que tudo é imediato e rápido, como é estão focados na noite e no dia». O que significa?
que a Emma define uma boa noite de sono? É muito engraçado estarmos a passar por todas estas fases. No
Andamos sempre a mil, a nossa sociedade cada vez exige mais e início, estávamos focados no produto e no método de compra,
estes últimos anos funcionaram também como uma conscien- que era, por si só, algo novo. Depois, evoluímos para a educação
cialização de que temos de investir mais em nós. Temos de ter e consciencialização da importância de termos uma boa noite
mais tempo para nós, e esta categoria do bem-estar e do con- de sono. Não é só dormir bem. Isto tem realmente um impac-
forto em casa cresceu imenso nestes últimos anos, igualmente to brutal nas nossas vidas. Então, focávamo-nos muito na noite
devido a esta mudança de paradigma. No entanto, vejo que a e no dormir, ou seja, no colchão. Mas agora queremos ir mais
sociedade continua muito acelerada e é fundamental e muito além e estamos a preparar os novos produtos que queremos lan-
importante uma boa noite de sono. E esta começa antes de ir- çar no futuro, porque não queremos ser uma empresa apenas de
mos para a cama. Idealmente, devemos ter um ritual. Quando colchões e, hoje em dia, acho que já não o somos. Queremos ser
se aproxima a hora de ir dormir, cerca de meia hora antes, de- especialistas do sono. Ao dizermos que nos focamos no dia e na
vemos desligar os ecrãs, a televisão, entrar num modo zen, num noite é porque o que se passa à noite tem impacto durante o dia.
ritmo mais calmo e não beber água, por exemplo, para não ter- Não queremos apenas melhorar as noites. No fundo, queremos
mos de acordar e ir à casa de banho quando estamos a entrar ter um impacto positivo na vida das pessoas. Diria que quere-
no sono profundo. Estes rituais são muito úteis para nos pre- mos que os nossos clientes tenham uma vida mais cheia, com
pararmos mentalmente para irmos para a cama. Depois, uma mais positivismo, com mais energia.
boa noite de sono tem elementos muito importantes, nos quais
tentamos focar-nos, como é o caso da postura que temos quan- Esta missão conta com uma equipa de especialistas
do dormimos, assim como a temperatura, que é uma coisa que focados nas mais diversas vertentes. Quão importan-
as pessoas muitas vezes se esquecem. Não é bom dormirmos te é isso para o sucesso da marca?
num quarto muito quente, não é bom termos um colchão muito Nesse aspecto, acho que somos realmente diferentes das outras
quente e também não é bom o quarto estar muito frio, mas, en- empresas, porque investimos muito em desenvolvimento de pro-
tre frio e quente, é melhor ter um quarto mais fresco, por exem- duto. Não vamos a uma fábrica escolher, num catálogo, qual o
plo, do que um quarto muito quente. E os nossos produtos vão colchão que queremos, em que alguém nos explica qual a espu-
80
CASOS Branded content
D
Quantas vezes já passou os esde 2011 que Teresa Bau-
olhos pela caixa que tem meister Simões se dedica à
moda de segunda mão
debaixo da cama, onde guarda através do projecto Troca-
o seu vestido de noiva, e -te. Aí dinamizava even-
tos de trocas de roupa,
pensou que devia ter-lhe dado tendo entrado em contac-
alguma utilização depois to com muitas pessoas,
do grande dia? A New Story projectos, empresas e for-
mações, que a foram expondo à economia circular e aprofun-
Bridal promete ter a solução dando conhecimentos. Mas o gosto pela sustentabilidade não
para quem quer vender e para vem de formação, já que estudou design gráfico e produção de
eventos. Foi, conta-nos, algo adquirido desde pequena, com há-
quem quer comprar de forma bitos incutidos em casa, como a reciclagem, remendos na rou-
mais sustentável pa, truques de costura, reutilização e compras conscientes.
Tudo para chegar ao momento em que se encontra: a cons-
trução de um negócio circular, de nicho, ligado à moda nupcial.
A New Story Bridal começou em Setembro de 2020 e depois de
um ano de preparação e pesquisa, em Novembro de 2021, Tere-
Texto sa Baumeister Simões abriu um showroom de vestidos de noiva
preloved, vintage e outlet. «A área nupcial em geral, tal como a
vejo, é um sector que ainda está um passo atrás em relação ao
que toca a sustentabilidade e decidi investir para criar um mo-
MARIA
vimento que mudasse o rumo do mesmo. Damos uma segun-
JOÃO LIMA
da vida aos vestidos de noiva parados nos armários , podendo
uma noiva comprar ou vender o seu vestido tornando a moda
nupcial mais circular e mais sustentável», explica a fundadora.
O objectivo é diminuir o desperdício têxtil e valorizar o tra-
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84
CASOS Sustentabilidade
MUDAR DE MÃOS
Queremos
romper
com a banca tradicional
Texto Fotografia
DANIEL PAULO
ALMEIDA ALEXANDRINO
A
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Enquanto banco digital, a ideia é fazer E da parte da Klarna, existe disponibi- tar dinheiro, cada vez que um utilizador
esse “challenge”. É verdade que, neste mo- lidade para estabelecer parcerias com quer fazer uma compra através da Klar-
mento, ainda não é possível em Portugal bancos locais? na. Fazemos cerca de dois milhões de
ter uma conta na Klarna, mas esperamos Nalguns países, como, por exemplo, na transacções por dia e estamos a analisar
que um dia seja uma realidade. Austrália, fizemos parcerias com bancos diferentes padrões de consumo para ava-
locais, que se mostraram predispostos a liar este tipo de situações e se o cliente vai
Portugal conta já com um serviço ma- ter essa conversa connosco, porque per- ou não poder pagar. Por exemplo, se um
duro de pagamentos digitais, o MB ceberam que o seu modelo de negócios utilizador quiser fazer uma compra às 3h
Way Como encaram a concorrência? não seria sustentável para o futuro. No num telemóvel diferente, se calhar não
Poderá ser um entrave à consolidação caso do banco australiano (que é Top 3 no vai receber um empréstimo para pagar
da operação ou, pelo contrário, é um mercado local), a parceria permitiu que em três vezes, independentemente do va-
factor acelerador? todos os seus clientes pudessem abrir uma lor em causa. Temos imensos data points
Para nós é fantástico, porque ajuda-nos conta na Klarna, mantendo a relação com que entram neste algoritmo.
na aceleração digital, que é também o o banco a nível de gestão financeira. Além deste credit check, estamos a
nosso objectivo. Algo a que assistimos Portanto, sim, estamos abertos ao bloquear compras de um determinado
no mercado espanhol, quando lançámos diálogo com outros bancos, sempre que valor. Temos limites mínimos e máxi-
a funcionalidade “Buy Now, Pay Later”, é isso signifique dar mais benefícios aos mos, que são acordados com as marcas
que muitos bancos tradicionais começa- nossos clientes. parceiras, mas que, por norma, andam
ram a criar produtos semelhantes. entre os 35 e os 1.500 euros.
Isto mostra que o desafio que estamos O combate ao sobreendividamento é
a colocar à banca tradicional está mesmo uma das missões da empresa, o que Quantos clientes usam já regularmente
a resultar. Se estes players começam a pode parecer um contra-senso quando a Klarna em Portugal e como usam?
mudar os seus produtos e a criar formas se promete pagamentos em três vezes Estamos com uma média de 600 a 700
mais fáceis e eficientes de as pessoas com- sem juros… Que acções estão em curso? downloads da app Klarna por dia e esta-
prarem, isto é um verdadeiro estímulo à É verdade que estamos a dar crédito sem mos também com uma grande tracção a
economia global. juros nem taxas, mas também queremos nível de volume de compras diárias. E a
que as pessoas entendam como o sector taxa de conversão [em clientes] é bastante
E no mercado português pode acontecer funciona. A forma de os bancos terem alta. Em termos de volume de compras,
o mesmo? rendimento passa muito por sobreendivi- destacam-se categorias como a electróni-
Acreditamos que sim. Ao início pode ha- dar as pessoas e este não é o modelo de ca de consumo e moda.
ver alguma aversão por parte da banca negócio da Klarna. A Klarna faz dinheiro
tradicional, sobretudo porque em Por- porque as marcas pagam para trabalhar E repetem? Qual a taxa de fidelização?
tugal o modelo de banca é muito fecha- connosco (a taxa transaccional ronda os As pessoas estão a voltar a comprar con-
do ao nível regulamentar, mas no final 3%, mas depende do volume de transac- nosco, o que nos deixa muito felizes. E,
do dia estes players vão ter de se adaptar ções). Então, estamos a investir em lite- também por isso, estamos a lançar em
tecnologicamente à presença da Klarna e racia financeira e em fazer esse desafio Portugal um programa de recompensas,
de outras fintech que já estão no mercado à banca tradicional. Além disso, o nosso que se chama Clube de Pontos Klarna,
português, ou que ainda vão chegar. algoritmo avalia se podemos empres- em que os utilizadores vão ganhar pontos
por cada pagamento efectuado dentro do
prazo. Posteriomente, esses pontos pode-
rão ser trocados por vouchers de oferta
nas marcas parceiras da Klarna, como a
COMO FUNCIONA A KLARNA? H&M e a Foot Locker.
Desde que foi lançado, em Setembro
O serviço de pagamento de compras online da Klarna está disponível de duas
de 2020, o Clube de Pontos conta com
formas. No caso das marcas parceiras da plataforma (como a portuguesa Prozis),
os utilizadores podem visitar directamente as suas plataformas de e-Commerce,
mais de quatro milhões de membros em
onde o botão rosa da Klarna aparece nas opções de pagamento, aquando do países como EUA e Austrália, que viram
check-out. No entanto, para comprar produtos de marcas que não sejam ainda mais de 35 milhões de dólares devolvidos
parceiras do banco digital, é necessário utilizar a funcionalidade de motor de em vantagens só em 2021. E acreditamos
busca (“Shop Anywhere”) disponível na app da Klarna. Desta forma, é possível
que vai funcionar superbem em Portugal.
criar um plano de pagamentos (que pode ser em três vezes).
A app da Klarna inclui ainda outras funcionalidades, como criar uma lista de de-
sejos, receber notificações de descida de preços, ou acompanhar as encomen- Além dos pagamentos online, que ou-
das em tempo real (em parceria com os CTT). tros serviços bancários é que a Klarna
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branqueia-se»
Texto
eia
MARIA
JOÃO LIMA
Fotografia
PAULO
ALEXANDRINO
cas de fabricante. Tem que se concluir que mento que os fabricantes de marca fazem geral os distribuidores têm vindo a cres-
as marcas próprias têm vindo a crescer. O e reconhece. Depois, mais tarde, vêm estes cer e a expandir a sua rede e a investir no
principal desafio das marcas de fabricante modelos de retalho com as suas marcas mercado. É um grande desafio porque, no
é o crescimento das marcas próprias. próprias, onde já têm um certo nível de que toca ao sortido, têm poucos produtos
qualidade, e conseguem, por vezes, destro- de marca de fabricante. Têm um sortido
Mas porquê? nar o fabricante e vender ao consumidor a limitado porque não há muito espaço na
A qualidade das marcas próprias cres- sua marca. E por isso é que temos visto este prateleira. Os distribuidores são árbitros
ceu e estão presentes em mais categorias. crescimento nos últimos dois anos. e jogadores neste jogo. Vêem o produto
Além disso, as marcas próprias da distri- no fabricante, estudam-no e a decisão de
buição concorrem com as outras marcas Estou-me a lembrar dos insectos que, pôr na prateleira é sua. É algo que não vai
próprias da distribuição. E há que lem- segundo dizem, poderão ser o futuro mudar. As coisas não estão no pior mo-
brar que os modelos hard discount têm na alimentação. E aí tem sido mais uma mento, mas as cartas deste jogo são estas.
dado aos consumidores uma experiência aposta das marcas de distribuição do que É um desafio grande que se soma aos vá-
de compra agradável (pelo layout) que das de fabricantes… há aqui inovação? rios desafios que os fabricantes já têm.
tem tido sucesso. Por tudo isso temos vis- Reconheço que estes modelos de retalho
to o crescimento das marcas próprias. têm aparecido com inovação. Mas são ra- Ainda assim é diferente o espaço que
O que chamo sempre a atenção, e ros os casos em que vão à frente. Porque as marcas de fabricante têm num Con-
como defesa da minha dama [as marcas quem verdadeiramente tem um orçamen- tinente ou num Lidl. A dificuldade é
de fabricante], é que por muito boas que to e aloca recursos fortes para inovação maior nos hard discounts?
sejam as marcas próprias – e têm melho- são os fabricantes. Não tenho dúvida. A dificuldade é maior. E por isso é que te-
rado –, quem faz verdadeiro investimento mos visto o mercado das marcas próprias
em inovação e corre o risco (porque em Quanto tempo passa entre um produto a subir. Como é que os fabricantes de
cada 10 marcas novas, provavelmente só novo apresentado e as marcas da distri- marcas têm de contrariar isto já que não
quatro sobrevivem) são os fabricantes. buição surgirem com oferta semelhante? podem negar a realidade que é o cresci-
Não quero dizer com isto que as marcas Não lhe sei precisar, mas o encurtamen- mento desses operadores? Têm de uma
próprias não investem. Só que não tem to desse tempo está a acontecer. Há uns forma inteligente, e mais uma vez pela
nada a ver o volume de investimento. anos demorava mais. Hoje, fruto do in- inovação, provar que as marcas de fabri-
vestimento que já fazem e da concorrên- cantes continuam a ter o seu lugar. É tão
Quando há inovação, o consumidor vai cia, encurtam esse tempo. simples quanto isto: quanto mais podero-
à procura desses produtos? E quando o sa uma marca for, independentemente do
faz mantém-se com a marca que inovou Como é que os associados vêem a ex- produto de que falamos, mais o preço se
ou o fabricante acaba por perdê-lo? pansão da Mercadona? distancia do seu custo e mais o consumi-
Essa é quase a pergunta de um milhão de Não quero falar exclusivamente de um dor está preparado para pagar. Ao final
dólares. O consumidor valoriza o investi- operador de retalho, mas de uma forma do dia, o que o consumidor devia era ter
a sensação de que, apesar de ter uma boa
experiência nestes modelos de retalho e
de gostar de lá ir, há coisas que faltam na
prateleira. Há marcas que ele conhece e
gosta de consumir que não estão lá.
CRESCIMENTO DE ASSOCIADOS
E como é que isso se faz?
A Centromarca tem estado a crescer em número de associados. No último ano e Obviamente que passa por comunicação.
meio juntaram-se dez novos de várias áreas que têm chegado atrvés do passa- Uma marca que não comunica, bran-
-palavra. Neste momento são 60 os associados. «Têm visto que compensa estar queia-se. Ou seja, torna-se igual a todas
com a Centromarca», comenta o presidente. as outras. Tenho que ir para o território
Mas os membros da direcção da Centromarca são limitados. «Neste mandato
da comunicação. Se não, a determinada
procurámos ir além dos 12 associados que temos sentados na direcção connos-
co e por cada reunião de direcção convidamos um dos restantes associados a altura, são todas iguais. Portanto, comu-
marcar presença também (por agora remotamente). Esta é uma forma de todos nicação e inovação são fundamentais. E
os associados poderem presenciar o que é uma destas reuniões. Além disso, na comunicação inclui-se o orçamento
temos procurado estar com todos os associados de forma recorrente para falar
para a forma e para a criatividade. Tudo
dos temas do sector e trocar experiências.»
Neste mandato foi ainda feita uma renovação dos membros da direcção, aju-
isso faz parte deste jogo que é muito im-
dando à paridade de senhoras que o presidente considera ser importante, já portante para as marcas. Também o pro-
que têm uma visão diferente. pósito das marcas de fabricante lhes dá
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EXECUTIVE DIGEST
HUMAN RESOURCES 49.884.116
15.326.425
OUTROS
6.815.907
FOREVER YOUNG
6.201.431
MULTINEWS
45.532.246
AUTOMONITOR
3.310.377
MARKETEER
12.426.575
TOTAL DE PAGEVIEWS
139.497.077
322.376 254.882
+13%*
* Face a 2020
o standard
ESTR ATÉGIAS
«O live
shopping
vai
tornar-se
do e-Commerce»
A
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nhar”. Este último é descrito por António procurando sempre antecipar as suas ne- a tendência é mais tímida: mais de 20%
Fuzeta da Ponte como o «primeiro live cessidades, dando-lhes respostas adequa- para os produtos em destaque.
shopping de gaming de todos os tempos». das e o mais personalizadas possível.» De Lancôme, Biotherm, Kérastase e
No final do ano passado, a Black acordo com o responsável, a L’Oréal pro- L’Oréal Professionnel também estão a
Friday voltou a inspirar um evento de cura que a decisão dos clientes seja ade- testar o potencial do live shopping.
compras em directo, não tendo sido or- quada e optimizada e isso só é possível se «O feedback destes primeiros eventos
ganizado outro até ao momento. «Não tiverem toda a informação do seu lado. de live shopping foi muito positivo, por
temos nada fechado, mas é provável que Aconselhamento é, por isso, uma das isso é um formato para repetir e até evo-
voltemos a este formato muito em breve», bandeiras das acções de live shopping. luir», garante Gonçalo Nascimento. Até
adianta o responsável, acrescentando que Por entre as diferentes divisões da porque contribui para um dos objectivos
todas as iniciativas foram desenvolvidas L’Oréal, soma-se já uma mão-cheia de da L’Oréal: desenvolver o e-Commerce
em parceria com a agência Big Fish. activações deste tipo, incluindo um even- em todas as divisões. Para isso, contam
Sem revelar números concretos, An- to da SkinCeutical em parceria com o com parcerias com influenciadores e pro-
tónio Fuzeta da Ponte conta que a Wor- Bairro da Saúde, no início de Fevereiro fissionais especializados de diversas áreas,
ten retirou «boas experiências e um feed- deste ano. A marca da divisão de Cosmé- já que as próprias divisões têm caracterís-
back muito positivo» das activações que tica Activa aproveitou a transmissão em ticas distintas.
realizou. Tanto por promover a seguran- directo para demonstrar rotinas de cuida-
ça dos intervenientes, como por respon- dos da pele, partilhar dicas sobre a aplica- NOVA PLATAFORMA À VISTA
der ao crescimento do comércio elec- ção dos produtos e, além disso, apresentar
trónico durante a pandemia. promoções exclusivas. Tudo isto com uma Para que todas estas acções sejam de-
especialista ao leme, Mariana Sequeira, senvolvidas, é necessária tecnologia que
BELEZA EM DIRECTO ladeada pelas influenciadoras digitais Li- suporte a combinação de vendas online,
liana Santos, Mia Rose e Júlia Belard. transmissão em directo e entretenimen-
Outra marca sem receio de arriscar, “30 Minutos em Beleza”, de L’Oréal to. A Marketshow é uma das agências em
num formato talvez ainda desconhecido Paris, com mais de 10 mil acessos únicos Portugal a investir nesta área de negócio,
para pelo menos parte da população, é a no dia do live shopping (número que su- tendo anunciado recentemente uma par-
L’Oréal, mas com um conceito distinto. biu para 16 mil nas duas semanas seguin- ceria com a plataforma Onlive.Site, que
Além de se focar nas vendas, também tes), foi outro dos eventos organizados no serve de base para eventos de live shop-
aponta a um lado mais educativo, como âmbito desta estratégia. «Sendo um even- ping. «Foi desenhada para ser utilizada
explica Gonçalo Nascimento, country to online, é natural que se verifique um por todo o tipo de marcas com um inves-
coordinator para Portugal: «Um dos uplift mais óbvio no online em primeira timento baixo», conta Sofia Schmidt Car-
principais objectivos ao realizarmos este instância. Por isso, estimamos que, neste valho de Miranda, CEO da Marketshow,
tipo de iniciativas é aproximarmo-nos canal, o live shopping gerou um uplift de adiantando que os planos começam nos
dos portugueses, educando-os, propor- mais de 200% aos produtos que estiveram 49 euros/mês, podendo ir até aos 800 eu-
cionando a melhor experiência de con- em foco durante o directo», adianta Gon- ros/mês, consoante o tipo de funcionali-
sumo de produtos de beleza no digital e çalo Nascimento. Já nos canais off line, dades e consumo.
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Fundada em 2020, em Barcelona, a tudo o que os consumidores vêem online «Acreditamos que o shoppertainment, a
Onlive.Site está em mais de uma dezena é vídeo e 55%, de acordo com a Google, compra com entretenimento focada na
de países europeus e da América Latina, vê um vídeo antes de comprar um pro- experiência, é o formato com mais po-
apoiando as acções de marcas de sectores duto, faz todo o sentido vender nas lojas tencial para acelerar o crescimento no
tão diferentes como moda, saúde, imobi- online através de vídeo!», vinca a CEO da e-Commerce e nas vendas em geral»,
liário ou electrónica. «O que a distingue? Marketshow, acrescentando que potencia conta a responsável.
Esta startup assumiu abertamente a mis- também as compras por impulso. Dados da Arvato Bertelsmann mos-
são de democratizar a utilização de tec- E desafios, há? Sofia Schmidt Carva- tram, aliás, que 70% dos consumidores
nologias de vídeo em tempo real.» lho de Miranda lembra que o live shop- europeus revela abertura a experiências
Mas vamos a números: o primeiro ping deve ser planeado como qualquer deste tipo e que 59% gostaria que estas
evento produzido pela Marketshow em outro evento. É preciso assegurar um experiências acontecessem nos sites de
Portugal com recurso à Onlive.Site so- bom conteúdo, encontrar a cara e a voz e-Commerce das marcas. Para Sofia Sch-
mou cerca de dois mil espectadores e certas para a marca e garantir a melhor midt Carvalho de Miranda, o live shop-
garantiu à marca 20 minutos de atenção experiência. «É importante criar a sensa- ping «deve, rapidamente, passar a ser
exclusiva – o que compara com o tem- ção de que cada evento de live shopping considerado nas estratégias omnicanal
po médio de quatro a cinco minutos de é um momento único, onde se compram e de centricidade no cliente». Poderá ser
permanência num site de e-Commerce produtos exclusivos ou com descontos também uma ferramenta útil para áreas
de retalho. Além disso, mais de 50% dos excepcionais. E também é importante como event marketing, gestão de comu-
participantes interagiu via chat (resposta reagir on-the-go à audiência», alerta a nidades e research.
a inquéritos e quizzes), o que também se responsável da Marketshow: não adian- Tendo em conta o potencial de ex-
revelou superior à taxa média de enga- ta ter conteúdos irrepreensíveis se a rede pansão desta solução, a CEO da Market-
gement no Instagram, que não costuma falhar ou se a equipa de backoffice não show não tem dúvidas de que surgirão
ir além dos 2,5%. De acordo com Sofia conseguir responder imediatamente às novos cargos associados ao live shop-
Schmidt Carvalho de Miranda, a taxa questões da audiência. ping, como Live Commerce managers.
de interesse/visualização de um produto Com experiência em activação expe- «Será um formato imprescindível no fu-
foi de 59%, a taxa de intenção de compra riencial e shoppertainment (foi uma das turo do e-Commerce e para o reforço
chegou aos 48% e o nível de concretiza- primeiras agências a desenhar projec- das estratégias D2C das marcas», afirma,
ção aos 38%. tos de product placement nas telenove- acrescentando que «não há volta atrás, o
«São números que demonstram o las nacionais), a Markets how considera live shopping vai tornar-se o standard do
enorme potencial deste novo canal e da que a experiência tem um papel cada vez e-Commerce nos próximos anos, nomea-
tecnologia de live video para converter o mais significativo no aumento das taxas damente com a expansão do metaverso. E
showrooming virtual em compras reais. de conversão no comércio electrónico. vai evoluir de forma muito criativa».
A conexão emocional e a interacção no
momento das compras produzem resul-
tados muito positivos», afirma a CEO.
Um estudo da Forrester mostra que,
na Europa, a faixa etária dos 30 aos 40
anos é a que mais tem participado em
eventos de live shopping, mas a verdade é
que todas as pessoas poderão considerar
este canal útil, até porque «muitas marcas
utilizam o live shopping para vender de
forma mais personalizada aos fãs». Além
disso, algumas insígnias aproveitam para
«reforçar as suas comunidades, propor-
cionando-lhes momentos de social shop-
ping divertidos».
A nível mundial, a Onlive.Site tra-
balha com grandes marcas como a LG,
mas também com outras mais pequenas.
Qualquer negócio com uma loja online
pode criar o seu próprio canal de vídeo
ou espaços de interacção. «E se 82% de
100 e-Commerce
É só de marcas
ESTR ATÉGIAS
portuguesas
que se faz a nova
Casa Alegre
Com curadoria
alinhada com o
espírito “o Sul da
Vida”, nasceu a loja
online Casa Alegre,
que apresenta
produtos e soluções Texto
nos segmentos
mesa & cozinha,
casa, moda & MARIA
JOÃO LIMA
bem-estar, arte,
produtos gourmet
e alojamento
A
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 101
PORTEFÓLIO DE OFERTA
SIMPLIFICAÇÃO DE PROCESSOS
A vantagem para o cliente do site A Casa Alegre by Vista Alegre tem procurado ter um processo o mais linear
Casa Alegre é que tem um casamento de possível. Um dos pilares do site é a sustentabilidade. O administrador do Grupo
Vista Alegre Atlantis, Nuno Barra, salienta que isso se materializa não apenas na
marcas e de produtos. Alguém que vá à
escolha dos parceiros – que têm de ter alguma política de sustentabilidade na
procura de talheres de mesa, por exem- forma como fazem os seus produtos e na origem das suas matérias-primas –,
plo, ou de pratos em grés, encontra ali mas também na simplificação do processo. «Não se justifica termos um armazém
uma oferta têxtil que pode coordenar. E com produtos porque isso deixaria um lastro de CO2 desnecessário. Imagine um
almofadas e candeeiros. Pode decorar a parceiro em Paços de Ferreira que enviasse o produto para Ílhavo para, depois,
ser enviado para o Porto… decidimos simplificar. Há um parceiro que assegura o
casa toda sem sair do site.
transporte de toda a operação, precisamente para simplificar o processo», que é
E isso tem acontecido. Regra geral directo do produtor ao cliente, conta.
os clientes levam produtos cruzados.
«Aliás, foi por essa razão que acrescen-
támos algumas áreas que não são muito
comuns nos sites porque, lá está, impli-
cam curadoria: gourmet e arte.»
O objectivo, aqui, é que todo o per-
curso seja circular. Ou seja, o cliente
pode entrar no site porque quer apenas
pratos mas, já agora, leva queijos, junta vinhos, queijos, azeites e compotas) que conta que, neste momento, são mais de
copos e pode escolher um vinho. Com a não estejam na grande distribuição e 50 marcas em áreas completamente dis-
arte funciona da mesma forma, porque que não sejam vendidos frequentemente tintas», explana.
pode querer um quadro ou escultura e nas garrafeiras. Analisando desde a abertura, em
não precisa de sair do site, já que ali en- «O objectivo é trazermos pequenos Setembro, as áreas que têm registado
contra o que quer. produtores que têm uma produção de maior volume de vendas têm sido, como
Nuno Barra explica que na arte não grande qualidade, mas, dada a sua di- era esperado, mesa (pratos e têxtil asso-
pretendem ter artistas consagrados, mas mensão, acabam por escoar na região ciado) e cozinha. Mas, segundo o admi-
sim jovens ou artistas em ascensão para e na sua área de inf luência ou, pelas nistrador responsável, a iluminação tem
lhes dar palco, de maneira a que eles margens que têm, não querem entrar começado a crescer, os móveis estão a
possam mostrar aquilo que fazem. na grande distribuição.» Ou seja, a am- dar os primeiros passos e a arte tem tido
«Na Vista Alegre, geralmente, temos bição da Casa Alegre by Vista Alegre é bom desempenho. O valor médio por
artistas já consagrados. E nesses contac- encontrar estes pequenos produtores e compra anda nos 85 euros.
tos fomos vendo que há muitos jovens dar-lhes palco, tal como acontece com A loja ainda só está disponível para
muito bons, mas que ou não têm galerias os artistas. o mercado nacional. «Queremos conso-
que os representem, ou não têm forma lidar a operação em Portugal este ano.»
de vender o produto. Por outro lado, há PRIMEIROS PASSOS O foco, agora, é dar a conhecer a loja e
pessoas que querem comprar, que não levar os visitantes à mesma. Mas entre o
têm dinheiro para os consagrados ou O site Casa Alegre era um projecto que final do primeiro e o início do segundo
gostam de artistas mais arrojados e tam- já estava em carteira no grupo há al- semestre deste ano planeiam começar a
bém não encontram.» Ou seja, a oferta e gum tempo. Mas, entretanto, houve vá- abrir para a União Europeia, anuncia.
a procura não se encontravam. E a Casa rias outras prioridades, nomeadamente Neste contexto – e porque entre o
Alegre by Vista Alegre funciona como as próprias lojas online da Vista Alegre conhecimento e a interacção com um
facilitador. Claro que os artistas têm de (são 13 lojas online, contando já com a novo site há um período de tempo que
ser escolhidos e têm de se enquadrar no Casa Alegre). «Os sites estavam a ser passa –, este ano, o volume de negócios
espírito do site. Mas o administrador optimizados antes da pandemia, o que ainda será pouco significativo. No prazo
não tem dúvidas de que alguns serão os acabou por ser um bom timing», comen- de cinco anos acreditam conseguir che-
consagrados de futuro em Portugal e de ta Nuno Barra. E, estando os portugue- gar a um milhão ou um milhão e meio.
que «não vai tardar muito para que um ses todos confinados, no Grupo Vista Entretanto, e para ajudar à conso-
ou outro comece a fazer coisas com a Alegre consideraram que era chegada a lidação do projecto, poderá chegar a
Vista Alegre». altura ideal de avançar com a Casa Ale- primeira loja física desta nova vida da
gre. Mas entre o momento de decisão e o Casa Alegre. «Sabemos que o offline vai
CASA & COMIDA lançamento do projecto passou-se cerca ser importante para alavancar o online.
de um ano e meio. «São muitos parceiros Mas temos de ser prudentes, tendo em
Na área gourmet, o que acontece é que e havia que fazer a integração de toda conta o investimento que abrir uma loja
é feita uma selecção de produtos (entre a operação, que é complexa, tendo em requer», confessa.
104
PRODUTOS & SERVIÇOS
ESTE VINHO
CELEBRA
A REALEZA
Para comemorar o jubileu de
platina da rainha Isabel II
(que marca os seus 70 anos
de reinado), a Taylor’s lançou
o Taylor’s Very Very Old
Tawny Port Platinum Jubilee.
O novo vinho do produtor
português, que detém o
alvará real de fornecedor de
Vinho do Porto, é elaborado
a partir dos melhores vinhos
das reservas da marca,
escolhidos individualmente
e lotados pelos provadores
da marca. A edição especial,
que é apresentada numa
caixa de madeira de faia, é
limitada a 2000 garrafas e vai
estar disponível na loja das
Caves Taylor’s durante o mês
de Março (PVP: 490 euros).
ESTUDO
Da confiança à inclusão:
a Customer Experience
V
ESTUDOS
ivemos tempos de profunda desconfiança Em Portugal, foram convidadas, durante os meses de Se-
e descredibilização das instituições e dos tembro e Outubro de 2021, 5333 pessoas a avaliar de 0 a 10 to-
sistemas que suportam a sociedade e isso das as interacções (35 critérios são processados no modelo) que
influencia também os níveis de confiança podem ter com uma marca: da imagem da marca, à relação com
associados aos sectores de consumo. produto ou serviço, passando pelo atendimento ao cliente e a
É neste contexto que a segunda edi- jornada de compra.
ção do “X Index” acompanha o fade out Para perceber quais são os critérios que mais relevância têm
dos momentos mais críticos associados na satisfação dos consumidores, foi aplicado um modelo de re-
à pandemia de Covid-19 e continua a re- gressão linear que ajuda a decifrar aqueles que têm mais peso e
flectir a mudança drástica dos comporta- que são, de alguma forma, preditores de uma boa ou má custo-
mentos de compra e da relação dos con- mer experience.
sumidores com as marcas.
Mais do que nunca, e suportado por O QUE CONTRIBUI PARA UMA BOA CX?
dados do “Prosumer Report – The Future
of e-Commerce 2021”, os consumidores Apesar dos grandes investimentos das marcas, na perspectiva
manifestam intenção de aumentar as suas dos consumidores ainda há espaço para melhoria.
compras online. Na média global, apenas 40% dos consumidores considera
Estas são as principais razões para que as marcas com as quais interagem estão “centradas nas suas
que a projecção (Forrester Forecast) de necessidades enquanto clientes”.
investimento global em tecnologias que suportem a Customer Em Portugal, esse valor é de 30%, o que significa, obvia-
Experience (CX) seja de 641 mil milhões de dólares, contra 619 mente, que 70% acha o contrário.
mil milhões de dólares em publicidade tradicional. Seja qual for o país, podemos observar que os critérios de
O “X Index”, um estudo da Havas CX, ajuda a medir os efei- imagem da marca são os principais factores discriminantes,
tos deste contexto, ao identificar os factores mais discrimina- ponderando 49% do “X Index” em Portugal.
tórios na avaliação da experiência dos consumidores. A edição Este resultado diz-nos que a experiência do cliente é, em
de 2021, a segunda em Portugal, abrange nove mercados com primeiro lugar, uma experiência de marca. É, por isso, essencial
entrevistas a mais de 50 mil consumidores e avalia o desempe- resolver pain points dos consumidores e aliviar fricções, mas
nho de 500 marcas. de forma diferenciadora e com ligação à marca.
15,4 17,9 21
13,8
Logística Energia Banca Telecomuni- 0,2
& Utilities cações
-26,3
-46,2
-100
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 107
A experiência é marcadamente emocional: em Portugal, Mas como construir confiança? A confiança é o somatório
64% dos critérios apontam para a valorização de dimensões de de muitas considerações, como a consistência, a capacidade de
índole emocional, como a confiança, o sentimento de pertença entrega, a longevidade da relação, a credibilidade ou a partilha
ou a capacidade que as marcas têm de assumir e cumprir com- de valores e interesses.
promissos. Este critério sobe 7% em relação a 2020, mostrando
que a tendência se acentua. 2. Disponibilidade para servir
O segundo ponto prende-se com a disponibilidade das marcas
O RANKING (DAS CATEGORIAS) em prestarem serviço ao cliente de forma acessível, disponível
e eficaz. Está inerente a noção de que os processos têm falhas e
Mais interessante do que olhar em detalhe para a performance que a determinada altura da experiência os consumidores terão
de cada marca é analisar o ranking das categorias. que interagir com a marca. O que este estudo nos diz é que essa
As que são de baixo envolvimento, de serviços e que, ten- interacção é muito relevante na avaliaçao da CX – “O serviço
dencialmente, têm baixo índice reputacional, como logística, ao cliente é eficiente e fácil de usar” é o terceiro critério mais
sector energético, banca e seguros, pontuam abaixo da média. relevante em Bricks & Clicks e o sexto em Pure Players.
São categorias que têm que evoluir para relações mais emocio-
nais, trabalhar o seu propósito, mas que “sofrem” muito pelo seu 3. Ir mais longe
carácter quase meramente funcional. O terceiro pilar está relacionado com o entendimento das ex-
No pólo oposto, as categorias mais envolventes, de electróni- pectativas e com saber encontrar as oportunidades para su-
ca e tecnologia, saúde e beleza, têm desempenhos claramente perá-las e surpreender positivamente os consumidores. “Esta
melhores, como acontecia no ano passado. Sobressai a ideia de marca oferece atenção extra além das minhas expectativas” é
que entretenimento e experiência são duas dimensões muito um critério relevante: o sétimo para os portugueses.
próximas uma da outra.
4. Experiências inclusivas
COMO TER UMA EXPERIÊNCIA RELEVANTE? Por último, é relevante garantir que as marcas estimulam o
sentimento de pertença; o oitavo critério em Portugal é: “Esta
1. Tudo começa com confiança marca faz-me sentir parte de uma comunidade.” E também é
Em todos os países, este ano, o primeiro critério discriminató- necessário que dêem atenção à inclusão: “A experiência do uti-
rio é “eu confio nesta marca”. Em Portugal, esse critério pontua lizador é inclusiva e acolhedora para todos” é o último critério
com 37% em Bricks & Clicks e 34% em Pure Players. do Top 10.
88,9
78,7
60
52,7
42,9 44 45
37,4 38,2
Quick Service Mobilidade Casa Retalho Electrónica Beleza Saúde e Electrónica Entrete-
Restaurant de Consumo Bem-Estar nimento
PARA QUEM GERE PESSOAS
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MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 109
Corta
para PACKSHOT
Cartoon Depois de fundar a Fuel em 2006, a começar de novo», diz o criativo, que
agência de publicidade que começou em 2018 começou o seu próprio
com quatro pessoas e hoje é uma das projecto, a Coming Soon. Nesta nova
maiores e mais premiadas agências do fase, Marcelo garante: «Começar a sua
país, Marcelo Lourenço decidiu que agência é uma aventura que vai render
era hora de mudar – «fazer uma agência óptimos cartoons.» E que os leitores da
MARCELO é como fazer um desenho – de vez Marketeer podem acompanhar todos
LOURENÇO em quando é preciso apagar tudo e os meses na série “Corta para packshot”.
110
COMUNICAÇÃO Publicidade à lupa
H
Texto
PEDRO
PIRES
CEO/CCO
Solid Dogma
oje, damos quase por garantida a inspira- va em que já estou a trabalhar. Para criar formação valiosa. Ao mesmo tempo, cria a
ção. Acedemos em minutos a dezenas de originalmente, a pesquisa deve ir a outros base de acesso a uma das mais completas,
fontes potencialmente inspiradoras que locais. Baralhar, assustar, criar ansiedades competentes, fascinantes e inspiradoras
podem mudar uma perspectiva e a forma positivas. Para isso, visito sites, blogs, ins- ferramentas de informação e inspiração
como estamos a olhar para uma questão tas, canais. Leio estudos, ensaios, crónicas, que temos à nossa disposição.
criativa. A pesquisa serve para mostrar livros e revistas. Mas, neste momento, para O propósito da criatividade nunca se
algo que nunca tínhamos visto, estimular o mim quem ganha, nesse papel de consulta perdeu, embora estivéssemos a falar de
cérebro ou informar-nos, garantir que es- diária, de formato acessível e quase espon- uma ferramenta para partilhar ficheiros.
tamos no loop do que se faz. Desde que não tâneo, de originalidade, é o We Present. Mas tornou-se no elemento diferenciador,
se faça apenas esta última parte, é pesquisa. O We Transfer é das minhas marcas na base do posicionamento, porque não
Essa é talvez a actividade onde, en- favoritas do momento. Mas é o seu projec- se desfocou da razão que lhe deu origem.
quanto criativos, investimos mais tempo, to editorial, o We Present, que é uma per- Hoje é usado por criativos e não criativos.
na pesquisa, que nos permite depois criar. manente fonte de inspiração e inveja posi- Mantém o posicionamento criativo e ar-
Nunca começo um projecto sem me enqua- tiva. O fascínio começa na premissa do We tístico e isso é valorizado. O que mais uma
drar. Embora esta seja uma actividade que Transfer, no posicionamento único criado vez prova que as grandes marcas não são
para um criativo se torna permanente, nem por Bas Beerens and Nalden. Como é que everybody's darling. São identidades per-
sempre é feita com a orientação correcta. alguém que cria um sistema de transferên- sonalizadas, que procuram a diferencia-
Para quem cria, a parte mais impor- cia de ficheiros, actividade que tem tudo ção, a originalidade na expressão, o seu es-
tante da pesquisa é o esquecimento. É o para não ser criativa, se torna num dos paço. E todo o marketeer tem que aprender
que acontece de original depois de saber- mais cobiçados e valorizados screen spaces com este exemplo.
mos o que estamos a fazer. Para onde va- pela comunidade criativa mundial? Unexpected stories about creativity.
mos, para que serve, o que já foi feito. A O We Present nasce em 2018, no âmbi- Arte, filme, ilustração, música fotografia,
pesquisa não académica, aquela que faze- to do relançamento do Blog do We Trans- moda, design e todas as outras disciplinas.
mos enquanto criamos profissionalmente, fer e de imediato se torna num dos mais Tratadas de forma original, num contexto
não deve ser feita para que se descubram relevantes projectos editoriais de criativi- de procura de novos ângulos e com uma
coisas para se copiar. Deve ser feita para dade. O segredo foi ter o design no cora- atitude de permanente mentalidade de
que tenhamos as ferramentas conceptuais ção da operação. Sendo eles criativos de projecto – collabs, desafios a artistas e de-
e intelectuais necessárias para se produzir profissão, a ideia de criação do We Trans- signers, rubricas especiais. A diversidade,
um resultado original e com valor. fer surge da necessidade que enfrentavam a capacidade de procurar as coisas menos
A maior parte das vezes, pesquiso em na transferência de ficheiros pesados. Mas óbvias, a impecável curadoria e os meios
áreas complementares. Procuro coisas surge embebida do seu profundo amor que colocam à disposição das matérias,
que não sejam já elas sínteses. Só quando pela criatividade e a matéria artística. De a sabedoria de se colocarem num espaço
chego ao momento do comparativo me imediato o interface criado assume uma comum fazem desta ferramenta a mais
dedico à pesquisa de design e publicida- importância fundamental, de divulgação completa do momento. Uma que eu não
de. Até lá considero que ver anúncios ou de estúdios, designers, criativos, artistas, consigo deixar de consultar, dado a sua
identidades visuais é mais um exercício de mas também como plataforma publicitá- ubiquidade ao longo do dia no meu ecrã.
afunilamento e não de elasticidade mental. ria e porta de entrada para este universo. Esta crónica é uma homenagem e um
Só o faço num segundo momento do pro- Associado ao funcional e automático acto obrigado ao local onde menos esforço faço
cesso, na fase de testagem da “tese” criati- de enviar ficheiros, surge um portal de in- para me lançar no pânico da possibilidade.
112
COMUNICAÇÃO Debate
A Diversidade
que espelhe
REALI-
DADE
Texto
MARIA
JOÃO LIMA
Fotografia
PAULO
ALEXANDRINO
O
mundo mudou, assim como os clientes,
stakeholders e toda a envolvência das em-
presas. Perceber quais as tendências que
vão marcar, em 2022, o mundo da comu-
nicação foi o ponto de partida para o mais
recente almoço do Fórum Comunicação,
que decorreu no Restaurante Il Gattopar-
do do Hotel Dom Pedro, em Lisboa.
E não há dúvidas de que a comuni-
cação em 2022 tem obrigatoriamente de
passar pelo tema da sustentabilidade (e
Inclusão e diversidade têm sido palavras responsabilidade social), como já tem
repetidas à exaustão nos meses mais recen- vindo a acontecer. Essa é, pelo menos, a
tes. Mas as empresas têm de estar cientes convicção dos profissionais que estiveram
presentes no almoço: Diogo Sousa (Galp),
de que aquilo que defendem, como as suas Ester Leotte (Lusíadas Saúde), Filipa Re-
verdades, publicamente, tem que coincidir mígio (Artsana), Inês Veloso (Randstad),
João Paulo Velez (Santander), João Trin-
com as verdades que têm dentro de portas. cheiras (BMW), José Veríssimo (ISEG),
Até porque a mentira tem perna curta Pedro Miguel Ramos (Sana Hotels), Rui
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 113
Hortelão (KPMG) e Sérgio Leal (McDo- municar produtos e serviços como algo como cada um o endereça e como reage.
nald’s). A esse tema junta-se o da inclu- com que o consumidor se identifique. Se no passado havia posições quase que
são, garantindo que os serviços e pro- Neste back to normal será expectável, de sector, hoje cada player encontra o seu
dutos estão disponíveis para todos. Sem também, que as empresas apoiem as em- caminho e as suas bandeiras.
deixar de fora aqueles que possam, por presas suas parceiras (no caso do B2B) e
exemplo, ter deficiências físicas. Tentar os consumidores (no B2C). E devem fazê- PRIMEIRO SER, DEPOIS APARECER
olhar para os espaços da empresa pelos -lo de forma alinhada com políticas ESG
olhos de uma pessoa que se desloque em – Environmental, Social e Governance – O tema da diversidade está em cima da
cadeiras de rodas, ou na pele de alguém em mente. Políticas, de resto, transpostas mesa em todas as organizações e de um
que seja invisual. Essa será uma das ban- e interpretadas por cada negócio em fun- modo global. Mas há que não ceder à ten-
deiras dos próximos anos, porque é um ção das suas realidades. Um banco pode tação de se estar a comunicar algo que
trabalho imenso que as empresas têm de fazê-lo através de bonificações de em- não corresponde ao que se vive na empre-
fazer de maneira a tornar os seus espaços, préstimos verdes que depois têm impli- sa. Porque, lá diz a frase popular, “a men-
produtos e serviços acessíveis a todos. cações nas vidas dos clientes. No grande tira tem perna curta”.
A proximidade também permanecerá consumo, pode prender-se com a questão A questão da diversidade e da igual-
na ordem do dia. Os anos de pandemia e da reciclabilidade ou reutilização de em- dade tem de ser vivida dentro das empre-
a forma como as pessoas hoje se compor- balagens. E numa empresa, com a transi- sas antes de se querer passar essa mensa-
tam levaram as marcas e empresas a ter ção energética. gem para fora. Em algumas empresas o
uma comunicação mais próxima e menos Este é um desafio que é comum a sec- equilíbrio, nomeadamente entre homens
aspiracional. Hoje, a preocupação é co- tores muito diferentes, variando a forma e mulheres, ainda não é uma realidade,
114
COMUNICAÇÃO Debate
JOSÉ VERÍSSIMO INÊS VELOSO JOÃO PAULO VELEZ PEDRO MIGUEL RAMOS
ISEG Randstad Santander Sana Hotels
RESPONSABILI-
ZAÇÃO DAS
BIG TECH»
Os vídeos junto
aos quais são
exibidos anúncios
publicitários em
plataformas digitais
não são escolhidos
pelas marcas.
Cabe ao algoritmo
determinar se faz ou Texto
não sentido, mas, por
vezes, a tecnologia
falha. Fomos ouvir FILIPA
ALMEIDA
o que a Amnistia
Internacional e o
YouTube têm a dizer
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 117
A
14 de Fevereiro, uma reportagem publi-
cada online pelo “The Times” sugeria que
o YouTube lucra com vídeos conspiracio-
nistas ligados às vacinas contra a Co-
vid-19, 5G ou misoginia, entre outros te-
plícita, as associações forjadas pelo algo-
ritmo do YouTube podem conferir credi-
bilidade aos conteúdos. «As pessoas que
estão a ver podem não ter muita literacia
mediática e, portanto, associar… A in-
Amnistia Internacional Portugal sugere
que esta é uma estratégia sem alternati-
va. Um inquérito da YouGov realizado
recentemente em França e na Alemanha
mostra que 75% dos donos de pequenas
mas. A investigação levada a cabo pelo vestigação do “The Times”, por exemplo, e médias empresas (PME) se sente des-
jornal britânico revelava que parte da re- conta o caso de anúncios da Vodafone confortável com o modelo track-based
ceita da gigante tecnológica terá origem que aparecem num grupo conspiracio- advertising, ou seja, publicidade que as-
em anúncios que surgem junto a estes ví- nista do 5G, o que dá alguma credibiliza- senta na monitorização dos internautas.
deos, sendo que as marcas e organizações ção – “Ah, se a Vodafone está aqui é por- Mas, 69% diz não ter alternativa.
responsáveis por esses mesmos anúncios que isto deve ser credível”. Muitas vezes, «Não podemos sair porque isso se-
não têm uma palavra a dizer sobre o tipo as pessoas não conseguem dissociar o ria abandonar o problema e nunca será
de conteúdos a que serão associados. que é anúncio do que é conteúdo orgâni- essa a nossa estratégia», sublinha Paulo
A par da Vodafone e Disney, entre co da marca», alerta o responsável. Fontes, revelando que a Amnistia Inter-
outros anunciantes, surgia a Amnistia «Portanto, há aqui estas duas dimen- nacional já tentou falar com o YouTube,
Internacional, que, inadvertidamente, sões, que nós não conseguimos contro- mas que as respostas obtidas são muito
viu o seu nome associado a vídeos que lar, nem quando temos conteúdos orgâ- vagas – «estão a trabalhar no algoritmo e
nada têm a ver com o seu posicionamento nicos nem quando fazemos anúncios», a criar condições para que a informação
e trabalho desenvolvido. «Temos de estar, acrescenta Paulo Fontes. seja mais fidedigna…».
obviamente, nestas plataformas porque é O YouTube, por seu turno, garante Qual seria, então, a resposta mais
assim que chegamos às pessoas, mas não que está a encetar todos os esforços pos- adequada? «O que tem de acontecer é a
concordamos, de todo, com o modelo que síveis para evitar situações como esta. responsabilização destas Big Tech, têm de
utilizam, quer de negócio, quer de utili- À Marketeer, um porta-voz da empresa ter maior transparência no algoritmo de
zação dos dados, quer da forma como garante que o YouTube «não permite que recomendação e isso tem de ser legível e
encaram a privacidade dos seus utiliza- os anúncios sejam exibidos ao lado de compreensível para quem publica conteú-
dores», afirma Paulo Fontes, director de alegações não confiáveis e prejudiciais», dos e para quem as utiliza enquanto pla-
Comunicação e Campanhas da Amnistia sendo tomadas medidas sempre que as taformas de publicidade. Não podem ser
Internacional Portugal. políticas da plataforma são violadas: «As apenas declarações de intenções que não
Em entrevista à Marketeer, Paulo nossas equipas trabalham 24 horas por se percebem», remata o responsável.
Fontes explica que o problema tem duas dia para remover rapidamente o con- Paulo Fontes propõe também que as
grandes dimensões. Por um lado, os teúdo, incluindo desinformação sobre a grandes tecnológicas – o YouTube e Goo-
anúncios em si e que surgem, sem a or- Covid-19 e conteúdo que possa assediar gle, mas também o Facebook – permi-
ganização ter qualquer controlo sobre ou ameaçar pessoas.» Além disso, o You- tam aos criadores de conteúdos escolher
o processo, junto a vídeos de desinfor- Tube tem implementado ferramentas que o tipo de publicidade que irá aparecer
mação, por exemplo. Por outro lado, os permitem ligar as pessoas a informações junto aos seus vídeos orgânicos. Igual-
vídeos recomendados: um vídeo antiva- confiáveis sobre o vírus e sobre as vaci- mente, pede um maior controlo também
cinas pode ser recomendado no fim de nas, por exemplo. para quem publica os anúncios. Actual-
um vídeo da Amnistia Internacional que O mesmo porta-voz frisa que mi- mente, as marcas e organizações podem
apela à vacinação de todas as pessoas – lhões de criadores de conteúdo em todo o segmentar por tipo de público-alvo, mas
ou vice-versa –, «o que depois dá lucro à mundo usam o YouTube para encontrar nada garante que os seus anúncios não
plataforma, essencialmente». uma comunidade, alcançar um público surjam junto a vídeos cujos valores ou
Paulo Fontes lembra ainda que, em global e expandir os seus negócios. No mensagens não aprovam. Mesmo que não
algumas situações, de uma forma não ex- entanto, o director de Comunicação da violem directamente as políticas das pla-
118
COMUNICAÇÃO Desinformação
taformas. Isto acontece com a Covid-19, Para evitar a propagação de infor- nal e está a espalhar-se por comunidades
mas também com a justiça climática, re- mações falsas e teorias da conspiração, inteiras na internet a uma velocidade ver-
fugiados e outros temas trabalhados pela o YouTube apoia-se numa estratégia tiginosa», indica o porta-voz do YouTube.
Amnistia Internacional. «E que são ins- composta por quatro pilares: remoção o
trumentalizados por grupos extremistas mais rapidamente possível de conteúdo MEDIR FORÇAS
e conspiracionistas.» que viole as suas políticas (desde o início
De acordo com o director de Comu- de Fevereiro de 2020, foram removidos A perspectiva sobre o tema será sempre
nicação, todas estas propostas convergem mais de um milhão de vídeos com in- diferente, se se questionar anunciantes ou
numa só: maior responsabilização das formações perigosas ou erradas sobre a plataformas, mas a verdade é que o tema
empresas pelos conteúdos que existem pandemia); aumento do número de fon- chegou à Comissão Europeia. Foram de-
nas plataformas que gerem. «Eles não tes confiáveis (painéis de informação já senvolvidos diplomas que visam criar um
querem ter essa responsabilidade, dizem foram vistos mais de 600 mil milhões de espaço digital mais seguro para todos os
que não são eles que publicam, mas, no vezes); recompensa dos criadores e artis- intervenientes, protegendo os direitos dos
fundo, são quem permite a publicação. tas confiáveis e qualificados; e redução utilizadores e tornando mais justas as cir-
Têm de ser responsáveis, até porque lu- da disseminação de conteúdos que não cunstâncias para os diferentes negócios
cram com esses conteúdos», vinca. violam as políticas, mas que estão muito (independentemente da dimensão).
O porta-voz do YouTube apresen- próximos de o fazer. É o caso da Lei dos Serviços Digitais
ta uma visão diferente, indicando que o «Prevenir a disseminação da desin- (Digital Services Act, na designação ori-
trabalho desenvolvido em colaboração formação é um dos nossos compromis- ginal), que aponta a marketplaces, redes
com os anunciantes permitiu atingir sos. A desinformação já não é só margi- sociais, plataformas de partilha de con-
pelo menos 99% de eficácia na garantia
de segurança da marca. E o YouTube foi
a primeira plataforma digital a ser re-
conhecida pela segurança da marca em
termos de conteúdo pelo Media Rating
Council. «Nos últimos anos, temos in-
vestido em políticas, recursos e produtos Máquinas e humanos unidos
para proteger a comunidade e a maioria
dos criadores de conteúdo que produzem O mais recente Relatório de Transparência do YouTube, referente ao 4.º trimestre
vídeos incríveis, enquanto penalizamos de 2021, revela que:
os chamados maus actores», nomeada- > Entre Outubro e Dezembro, foram removidos mais de 3,7 milhões de vídeos
por violarem as políticas da plataforma. Destes, 92% foi sinalizado por máquinas
mente os que tentam disseminar desin-
(sistemas de machine learning) e não por humanos e, desses, 34% não teve uma
formação – seja sobre o 11 de Setembro, única visualização e 40% teve entre uma e 10.
a chegada à Lua, a Terra ser plana ou, > No trimestre, a nível global, o YouTube removeu mais de 58 mil vídeos por viola-
mais recentemente, a crise sanitária. rem a política de desinformação da Covid-19 (implementada em Outubro).
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 119
Paulo Fontes
humanos…» E aponta a Primavera Árabe
como um bom exemplo da força que as
redes sociais podem ter, potenciando mo-
vimentos de liberdade e democracia, algo
que diz que tem vindo a perder.
Porém, o YouTube reitera que o seu
director de Comunicação e Campanhas
modelo de negócio só funciona quan- da Amnistia Internacional Portugal
do visitantes, criadores de conteúdo e
anunciantes estão confiantes de que a
plataforma está a cumprir com as suas
responsabilidades. «Como a publicida-
A
de tem sido uma receita essencial para
os criadores de conteúdo, precisamos de s marcas e organizações zadores com uma variação muito gran-
garantir que os anunciantes confiam nos estão dependentes das de em termos de literacia digital, que
nossos sistemas e que se sentem à von- grandes plataformas, podem não compreender totalmente
tade com os vídeos em que os anúncios como o YouTube? tudo o que está a acontecer com os seus
são exibidos», acrescenta o porta-voz do A alternativa, que eu não dados e que podem pensar “de mim
YouTube, recordando que já houve mo- acho que o seja, é deixar estas platafor- ninguém quer saber”, mas não é assim.
mentos em que as marcas deixaram de mas, mas não é alternativa realmente Vemos ta mbém, cada vez ma is,
publicar os seus anúncios como forma de porque nós não podemos deixar de estar atentados, quer à privacidade indivi-
protesto: «Quando os anunciantes não onde estão as pessoas. É um pouco como dual, quer à privacidade global enquan-
confiam nos nossos sistemas, eles redu- dizermos que não vamos passar a nossa to sociedade.
zem os seus gastos.» mensagem num país que tenha controlo
Tendo em conta que este tipo de com- de informação e que limite os direitos Também aqui a responsabilização das
portamento afecta todo o ecossistema – e humanos. Não. Aí é que temos de passar empresas será a solução?
não só os maus actores, como são apeli- mais a nossa mensagem. Correndo todos Sim, passa sempre pela responsabiliza-
dados pelo YouTube –, foram estabeleci- estes riscos, temos é de trabalhar e pro- ção destas empresas.
dos critérios que definem os canais que curar que a plataforma cumpra as suas Claro que o caminho ideal seria elas
podem gerar receita. Mas, este é um tra- obrigações de direitos humanos e que compreenderem o seu papel preponde-
balho contínuo. Só as políticas referentes compreenda que tem essas obrigações. rante na sociedade, que podem ser uma
à Covid-19 já foram actualizadas mais de ferramenta, algo de muito bom e de li-
10 vezes. «Temos todos os incentivos para Isto porque, para além da questão da gação entre pessoas. E é claro que as em-
continuar a lidar com o conteúdo proble- publicidade, outra das preocupações presas precisam de ter lucro, não podem
mático no YouTube: não é só o que é certo da Amnistia Internacional tem que ver é colocar o lucro à frente das pessoas e
para os nossos espectadores e criadores, com os dados… dos direitos humanos. Não pode ser a
mas também é bom para o negócio.» Estamos a falar, muitas vezes, de utili- todo o custo.
120
COMUNICAÇÃO Design
Instalação
luminosa
em mural
Bordalo II
(2020)
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 121
Q
em 2020. Surgiu de um contacto por
No Marvilab, a parte do Studio Astolfi (de Joana Astol-
criatividade mistura- fi) e haveria de tornar-se um dos mais
-se com a mecânica marcantes e duradouros. «Devido à pan-
demia de Covid-19, em vez de ficar três
e electrónica semanas ou um mês nas montras, acabou
para criar peças e por ficar seis meses! Então, a mecânica
que tínhamos planeado para um mês não
objectos dos quais é a mesma de algo que tem de funcionar
é difícil desviar o todos os dias ao longo de seis meses. Co-
olhar. O estúdio de uem passasse pelas montras da Hermès,
meçámos a ter desgaste no sistema, fol-
gas, barulhos…», o que exigiu alguma
design tem dado vida no Largo do Chiado, em Lisboa, pensaria manutenção, recordam João Mendonça e
às activações de que tinha entrado num mundo paralelo Jean-Michel Chartiel.
de fantasia: uma fila de mãos de madeira, Contudo, a maior parte dos projectos
marcas como Hermès e algumas calçadas com luvas, agitavam desenvolvidos, sobretudo os de activação
Mercedes-Benz.io, mas uma écharpe da marca de luxo, num mo- de marca, acabam por ser mais efémeros,
vimento sincronizado, que criava um apesar de todo o trabalho a montante.
também às obras de efeito serpenteante; nas montras ao lado, «Às vezes, temos projectos que demo-
Vhils e Bordalo II outros elementos excêntricos chamavam ramos um ou dois meses a desenvolver,
a atenção dos transeuntes, desde bonecos para estarem uma semana na rua», ex-
em miniatura que esculpiam um sapato planam. «Misturar engenharia com pu-
até uma representação do sistema solar blicidade é misturar dois mundos com
no qual os planetas se moviam em órbita. tempos de produção opostos. A enge-
O projecto de montras cinéticas da insíg- nharia tem um tempo de produção enor-
nia de luxo foi idealizado pela artista me e a publicidade curto. Mas é também
plástica Joana Astolfi, mas ganhou vida por isso que adoramos o que fazemos.»
pelas mãos do Marvilab.
Fundado em 2019 pelo português UM TOQUE DE MAGIA
João Mendonça e pelo suíço Jean-Michel
Chartiel, o Marvilab é um estúdio de Um dos primeiros projectos desenvol-
tecnologia e fabricação que coloca a elec- vidos pelo Marvilab, em 2019, foi uma
trónica, a engenharia mecânica e a robó- máquina do tipo Rube Goldberg (um
tica ao serviço da criatividade. A partir mecanismo em que vários efeitos visuais
de Marvila, Lisboa, tem vindo a trabalhar se vão desencadeando sucessivamente)
com marcas e agências criativas no de- para o Time Out Market Lisboa. No mes-
senvolvimento de activações (em eventos mo ano, desenvolveu uma instalação de
como a ModaLisboa, Web Summit ou cabides que se iluminavam quando em
festivais de Verão), mas também com ar- contacto com uma estrutura de cobre que
tistas, como Vhils e Bordalo II, para dar conduzia corrente eléctrica, que foi ex-
vida (e luz) às suas obras. posta num stand na ModaLisboa.
«Muitas das vezes [os clientes] vêm Já no último Web Summit, o Marvi-
ter connosco com a ideia do que querem lab desenvolveu, em parceria com a Jack
fazer, mas não têm capacidade de pro- the Maker, uma activação para a Mer-
duzir e sabem que temos essa capacida- cedes-Benz.io. Num stand interactivo,
de. Acabamos por ser uma extensão das os visitantes puderam controlar remo-
equipas dos nossos clientes. Passamos tamente, em tempo real, um carro tele-
Texto por todas as fases do processo, desde o comandado que estava no escritório da
pensamento à planificação, modelação Mercedes-Benz.io, no Beato, a cerca de
3D, prototipagem, fabricação e (se for o oito quilómetros de distância. A acção
caso) produção em massa», explicam os teve como objectivo atrair novos talentos
fundadores do Marvilab. para trabalharem na empresa.
DANIEL O projecto para a Hermès foi um dos No portefólio do Marvilab destacam-
ALMEIDA primeiros com assinatura do Marvilab, -se ainda projectos para clientes como a
122
COMUNICAÇÃO Design
Jean-Michel Chartiel
e João Mendonça,
fundadores
do Marvilab
CRESCIMENTO SUSTENTADO
O MARVILAB COLOCA A
João Mendonça é alentejano e formado
em Electrónica. Começou a trabalhar ELECTRÓNICA, A ENGENHARIA
nesta área aos 20 anos e passou pela Jack MECÂNICA E A ROBÓTICA AO
the Maker, onde teve contacto com a in-
dústria criativa, colaborando com artis- SERVIÇO DA CRIATIVIDADE
tas e marcas. É também o fundador da
Luzíadas, uma empresa de desenvolvi-
mento de peças luminosas. Já Jean-Mi-
chel Chartiel é suíço, formado em Arqui-
tectura, mas apaixonado pela mecânica
tradicional. No seu Atelier PLI, desenvol- Hoje, contam com uma equipa fixa conseguimos ter aqui máquinas que nos
ve dispositivos electrónicos e mecânicos de quatro pessoas, mais três que traba- permitem ter um trabalho muito mais
à medida para teatros e artes performati- lham em projectos de produção sempre completo e fiável, com um baixo custo
vas, assim como marionetes, autómatos e que necessário e uma rede de parceiros. de produção», referem os co-fundadores,
máquinas de música. No estúdio em Marvila (que irão aban- explicando que, muitas das vezes, nem os
Os dois conheceram-se em 2019, per- donar em breve, para irem para uma casa próprios clientes que os procuram sabem
ceberam que tinham perfis complemen- maior) têm máquinas e equipamentos as potencialidades que existem na área
tares e começaram quase de imediato a como duas impressoras 3D – uma co- da electrónica. «Mas também há o outro
colaborar em projectos que aliavam cria- mum e outra mais avançada, que permi- lado: os clientes que pensam que é possí-
tividade e tecnologia. «Primeiro, juntá- te trabalhar mais materiais –, um torno vel fazer tudo e temos que lhes explicar
mo-nos num local que era um cubículo e mecânico, uma máquina de corte CNC que exige muito trabalho!», ressalvam.
onde ficámos sem espaço para trabalhar, (Controlo Numérico Computorizado) e Para o futuro, os objectivos do Mar-
porque começámos a ter cada vez mais uma máquina de corte a laser. vilab passam por continuar a crescer, mas
pedidos», recordam. Os clientes com Esta capacidade instalada permite- de forma sustentada. «Queremos que as
quem trabalhavam começaram a reco- -lhes trabalhar materiais como a ma- marcas e empresas saibam que existimos,
mendar o serviço a outras empresas e foi deira, metal, plástico, acrílico ou vidro. sem nunca perder a qualidade do traba-
assim, com o passa-palavra, que o negó- «Nos últimos anos, houve um grande lho. Porque nesta área, para perder um
cio se foi desenvolvendo. avanço na tecnologia de fabricação. Hoje, cliente, basta fazer um mau trabalho.»
124
COMUNICAÇÃO Campanha
Há um ex-astronauta
encantado com a
CORTIÇA
PORTUGUESA
A Amorim Cork Flooring recriou uma área Texto
da superfície de Marte e convidou Scott
Kelly, ex-astronauta da NASA com o recorde
MARIA
de mais dias no Espaço, a ser o primeiro JOÃO LIMA
a pisá-la. Tudo para mostrar os benefícios
associados aos pavimentos de cortiça numa
ideia da Stream and Tough Guy
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 125
T
«Vamos acabar por dizer que temos o de- nunca se teve um produto tão bom para
senho 17 001, mas não queremos promo- comunicar. E explica: «Tem tantos atribu-
ver produto, a cortiça. O desafio é esse», tos e benefícios que era difícil sintetizar
sublinha Gonçalo Marques, director glo- qual é que era o principal gancho criativo.
bal de Vendas e Marketing da Amorim Daí o conceito criativo de Walk on Ama-
Cork Flooring, segundo o qual enquan- zing. Com tantos atributos, que tinha de
to em Portugal se reconhece, em geral, a ser uma hipérbole.» Por isso pensaram,
importância da cortiça para a economia e do ponto de vista publicitário, em convi-
as exportações, fora do País associam-na dar um astronauta norte-americano para
à rolha dos vinhos, mas depois não con- vir pisar o chão de Marte. «É claramente
seguem relacionar com outros benefícios. uma demonstração publicitária e cria-
endo como base o conceito “Walk on «Não sabem que pode ser usada como pa- tiva, mas é um compromisso da marca a
Amazing”, a Amorim Cork Flooring (da vimento, como conforto acústico, confor- querer assumir-se como um player deste
Corticeira Amorim) lançou uma campa- tável ao caminhar, que tem propriedades mercado como nenhum outro. Criativa-
nha internacional que se foca em passar térmicas. Não sabem uma série de coisas mente tínhamos de arranjar uma forma
os benefícios únicos dos pavimentos de que queremos que saibam porque, no fun- de captar a atenção das pessoas com uma
cortiça, com destaque para o factor que do, o objectivo principal é que alguém que mensagem diferente. Quem já conhece a
mais peso tem na decisão de compra, o vá comprar um pavimento perceba que é cortiça, para reavaliá-la com outros olhos,
design. Até à campanha, a empresa con- um produto ecológico, sustentável, que quem não conhece ser impactado pelo
tava com 17 mil designs de pavimentos pode ter em casa», sublinha o responsá- output criativo que despertasse a curio-
no seu portefólio. Agora, com o pavimen- vel. A ideia do vídeo é criar awareness em sidade para querer saber mais», salienta
to “Marte” tem 17 001. vários mercados para a marca Amorim o estratega, garantindo que querem que
Com estratégia e criatividade da Cork Flooring e para as suas duas marcas: estes conteúdos entusiasmem quem os vê
Stream and Tough Guy, para a criação do Wicanders e Amorim Wise (tem os pro- como uma peça de entretenimento. Até
design recorreu-se a imagens de satéli- dutos mais sustentáveis, ou seja, todos os porque, depois, a viagem continua nos
te em órbita à volta de Marte e a imagens que têm um balanço de carbono negativo, canais digitais das marcas nos diferentes
captadas por rover, imprimindo em corti- tudo o que é cortiça a 100% e pvc free). países, com informações mais técnicas
ça uma área de cerca de 600 m2 de Marte. e com simulações deste e de outros pavi-
E foi convidado o ex-astronauta e coman- WALK ON AMAZING mentos nos ecossistemas digitais e nos di-
dante da NASA, Scott Kelly, para cami- ferentes dealers que a empresa tem.
nhar nesta superfície pela primeira vez. João Ribeiro, director de Estratégia da cam- Gonçalo Marques acrescenta que a li-
O foco não é um produto em específico. panha, conta que na Stream and Tough Guy gação a um astronauta não é estranha, já
126
COMUNICAÇÃO Campanha
Ficha Técnica
“Walk on Amazing”
Cliente: Amorim Cork Flooring
Agência: Stream and Tough Guy
Director Criativo: Miguel Durão
Director de Estratégia: João Ribeiro
Produtora: Playground
Realizador: Rui Vieira
Director de Fotografia: Leandro Ferrão
3D Imaging: Glimpse VFX
Video Projection/Mapping: Hipnose
Pós-produção Imagem: Light Film
Pós-produção Áudio: Som de Lisboa
Música Original: Pedro Camacho
Fotografia: Rui Aguiar
que há cortiça associada ao Espaço desde marca, a ideia criativa, a posição que terá tência ao fogo, impermeabilidade, absor-
a Missão Apollo 11, nas protecções dos no filme. Transmitir a ideia conceptual e ção de choque, aproximando este material
rockets. A ideia aqui é permitir caminhar a proposta fazer-lhe sentido.» do universo das tendências de design.
numa superfície que é amazing e que é A Stream and Tough Guy queria que A campanha arrancou, globalmente, a
cortiça. «É uma ideia fora da caixa. E não fosse um astronauta que, do ponto de 7 de Março e estará em web, ponto de ven-
estamos a fingir que Scott Kelly vai pisar vista da sua história, fizesse sentido ser da e activação e será veiculada, em Portu-
Marte; ele sabe que vai pisar num estúdio relevante ser a pessoa a pisar Marte. «O gal e em mais 16 países, tais como Estados
que foi preparado para ele, para ele ter a Miguel Durão, director criativo da cam- Unidos da América, Alemanha e França.
experiência que nunca vai ter. Scott Kelly panha, tem uma grande fixação pelos te- Aliás, alguns dos painéis usados no filme
diz na entrevista “Sei que não fui à Lua, mas ligados ao Espaço e ficção científica, vão ser cortados em peças mais pequenas
não vou à Lua e não vou conseguir ir a portanto é alguém já com bastante back- e enviados para as lojas em todo o mundo
Marte. Vivi numa geração entre os que ground e conhecimento sobre astronau- como um gift dizendo que o Scott Kelly
foram à Lua e os que provavelmente um tas. Pensámos em várias opções, mas esta pisou esse pavimento. Além disso, os
dia irão a Marte”.» foi aquela que do ponto de vista narrativo clientes vão poder comprar este desenho,
nos fazia mais sentido para existir uma ou parte, se assim o entenderem. «Esta-
PORQUÊ A ESCOLHA DE SCOTT KELLY? verdade e relevância daquilo que estamos mos a produzir e não temos dúvidas de
a propor», conta João Ribeiro. Até porque que haverá quem o vá comprar, até por-
Scott Kelly tem contabilizados mais de tinham o gancho de ter passado um ano que há muitos fãs do tema Espaço.»
500 dias no Espaço, mas nunca pisou no Espaço e de a nível profissional não O planeamento de meios ficou a cargo
uma superfície extraterrestre. Teve, com ter tido esta oportunidade, portanto fazia da Arena e a assessoria de comunicação
esta campanha, a oportunidade de “Walk sentido ele querer pisar Marte. Além dis- internacional foi coordenada pela Loyal
on Amazing” sem ter que viajar milhões so, tem credenciais reconhecidas e algum Advisory (em Portugal ficou nas mãos da
de quilómetros. O filme, que conta como grau de notoriedade, não só nos EUA, Cunha Vaz & Associados). João Ribeiro
tudo aconteceu, sugere aos espectadores mas a uma escala global. lembra que em cada mercado há especifi-
que sejam os segundos a andar em Marte, cações da cortiça que fazem mais sentido
uma vez que podem adquirir este design VANTAGENS DA CORTIÇA destacar. Nos países escandinavos é o fac-
e outros 17 mil no site da marca. to de isolar do frio, noutros é a sustenta-
João Ribeiro conta à Marketeer que Com a campanha, a Amorim Cork bilidade. Portanto, têm cinco filmes que
não é fácil uma empresa e uma agência Flooring pretende comunicar que cami- foram gravados num cenário diferente do
em Portugal dizerem “vamos buscar um nhar sobre cortiça é caminhar sobre um usado no filme principal, todo em cortiça,
astronauta aos EUA”. Ainda há um esti- material naturalmente evoluído, com alta e que têm um engenheiro a explicar atri-
gma e o efeito Made in Portugal. «A nar- performance ao nível do isolamento tér- butos. Esses filmes vão funcionar como
rativa tem de ser bem contada: qual é a mico e acústico, purificação do ar, resis- um segundo momento da campanha.
128
COMUNICAÇÃO Opinião
A META
DO
metaverso
Texto
SANDRA
ALVAREZ
A
Directora-geral Tudo indica que é uma óptima opor-
da PHD tunidade de negócio. A questão que se le-
vanta é se será uma aposta consistente ou
pontual, em jeito de teste ou, até mesmo,
apenas para estar na vanguarda das ten-
dências, de forma a atrair novos públicos.
Caso realmente passe a fazer parte do
nosso dia-a-dia, a publicidade pode ver
aqui um novo território, pois o metaverso
proporcionará uma série de novas opor-
tunidades para promover produtos, ser-
pandemia acelerou o ritmo da transfor- ao teletrabalho e às videoconferências, viços e marcas.
mação digital e o metaverso ganhou es- deparamo-nos com a possibilidade de, Embora ainda seja difícil prever
pecial força, com muitas marcas a apos- num futuro próximo, estarmos sentados como virá a ser, é certo que será um dos
tarem neste conceito no último ano. O no escritório, de forma virtual, através temas que mais debate irá gerar nos pró-
exemplo mais flagrante é o do Facebook, de hologramas. Algumas marcas já estão ximos tempos. Além disso, as próprias
que mudou o nome para Meta de forma a antecipar esta mudança de paradigma tecnologias que hoje estão disponíveis
a marcar terreno numa nova fase da em- tecnológico, com a aposta na combinação ainda têm várias limitações e são pouco
presa focada no mundo virtual. dos jogos virtuais, redes sociais, realida- empáticas, pelo que para alcançar todo o
Muito continua por esmiuçar numa de aumentada, realidade virtual ou até potencial de imersão ainda são necessá-
área em que a ética está ainda a ser discu- mesmo criptomoedas. rios mais desenvolvimentos.
tida e o conhecimento é pouco conscien- Desde as marcas de luxo, como a Por cá, temos a expectativa de facil-
te. Mas as marcas já começam a dar pe- Gucci, que vendeu uma carteira numa mente podermos criar os nossos próprios
quenos passos para tornar este conceito plataforma de jogo online por um preço avatares, sabendo que a criatividade po-
futurista numa realidade. muito mais elevado que o da compra na derá não ter limites, que a internet não
Para muitos, o metaverso é a próxi- loja física, passando pelas marcas tec- pára de mudar e que as empresas e pes-
ma geração de internet, onde o mundo nológicas, como a Samsung, e as de des- soas têm de estar preparadas para o que
virtual se liga ao mundo em que vivemos porto, como a Nike, adidas e Vans, ou possa surgir. Renovar competências e es-
de forma permanente, sem barreiras en- até mesmo as de moda, como a H&M e tar sempre actualizado é, e será sempre,
tre os activos físicos e o digital. Agora Ralph Lauren, muitas já foram as que se essencial para a evolução dos profissio-
que a grande maioria de nós se habituou estrearam no metaverso. nais e o sucesso das empresas e marcas.
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130
LIFESTYLE Peugeot 308
ESTE 308
VEIO PARA
O modelo é dos
mais icónicos da
Peugeot, pelo que
este recente lan-
çamento mereceu
GANHAR
várias honras. As
cartas estão joga-
Texto das, são fortes, e a
marca promete vir
a ganhar ainda mais
M.ª JOÃO espaço nas estra-
VIEIRA PINTO das... cá e lá fora
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 131
F
uja aos estereótipos. Deixe-se inspirar pelo estilo porte dos cabos de carregamento das baterias. Mas coisa pouca!
“não-conformista”. É assim que se apresenta o mais Ah, mas começando pelo exterior, é verdade, é bastante mais
recente modelo da família 308, que chegou agora à arrojado que o seu antecessor, o que está desde logo bem pa-
sua terceira geração e que representa um dos prin- tente na grelha frontal que se impõe por completo e onde se
cipais lançamentos da Peugeot este ano – quanto destaca o novo logótipo da marca. Mais – e apesar de não ser
mais não seja, pelo volume de vendas que até à data uma berlina –, é mais largo, mais baixo e mais comprido que o
já conseguiu conquistar. A nível mundial e em Por- modelo anterior, com uma traseira ainda mais bem desenhada.
tugal, em particular. Tudo mais, portanto!
Para já, e para início de conversa, a gama distri- O nível de tecnologia a bordo e ajuda à condução é elevado,
bui-se por duas motorizações a gasolina, uma outra com tudo a que os sistemas mais sofisticados têm direito. O pai-
a Diesel e ainda duas híbridas plug-in, a acompa- nel é digital e 3D mas, confessamos, nem sempre fácil… O que
nhar a tendência e evolução do mercado. A Marke- é que não gostámos? Da entrada USB, não ajustada aos nossos
teer foi experimentar esta última, numa viagem ao cabos de telemóvel, pelo que também não permitiu carregá-los.
longo de dois dias, 600 km, muita auto-estrada e alguma estra- Tirando isso, convence à primeira. O conforto é francês – e,
da nacional secundária. aqui, não há quase nada a dizer –, o nível de insonorização mais
O 308 não é propriamente um carro de grandes dimensões, que elevado e os materiais chamam à sofisticação. Em auto-es-
isso já o sabemos. Os lugares da frente têm espaço que chegue, trada responde bem – sim, tivemos atenção aos radares – e gas-
sendo apenas mais curta a área entre o banco traseiro e os as- ta pouco, indo buscar carga nas descidas. Já em estrada, bebe
sentos dianteiros. Mas o porta-bagagens, esse é q.b. para um mais um bocado…
modelo desta dimensão – mais de 400 litros de capacidade –, O que garantimos é que este híbrido não veio para brincar.
cabendo bem duas malas de viagem e mais algumas tralhas, De resto, o preço com que arranca também não é para brinca-
sendo que no caso do 308, que levámos de fim-de-semana, o deira: 46.550 euros! E promete vir a ganhar lugar de destaque
espaço apenas ficou ligeiramente reduzido com a mala de trans- nas estradas portuguesas.
132
GADGETS
LIFESTYLE
TIDEY.CO
Atenção, surfistas: o Tidey.co é um indi-
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CINEMA
E CINEMA
EM CASA
CADERNO
ESPECIAL
PATROCINADORES
136
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA Enquadramento
CINEMA DÁ SINAIS DE
recuperação
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 137
Depois de um período com “007: Sem Tempo Para Morrer” sagrou-se o filme mais visto
restrições mais apertadas, de 2021, em Portugal. Realizado por Cary Joji Fukunaga, e com
Daniel Craig no papel principal, levou mais de 435 mil especta-
o sector do cinema parece
dores às salas de cinema e registou uma receita de bilheteira de
começar a trilhar o seu 2,6 milhões de euros.
caminho de volta às salas Logo depois surge “Homem-Aranha: Sem Volta a Casa”,
cheias em Portugal com cerca de 419 mil espectadores e 2,5 milhões de euros de re-
ceita. A fechar o Top 3 dos mais vistos encontramos “Velocida-
de Furiosa 9”, com mais de 376 mil espectadores e 2,1 milhões
de euros de receita.
Já entre os filmes nacionais, “Bem Bom”, de Patrícia Sequei-
ra, foi o mais visto, ultrapassando os 88 mil espectadores. A re-
E
ceita de bilheteira, por seu turno, situou-se nos 482 mil euros
ntre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2021, 5,5 mi- para esta película, que dá a conhecer parte do percurso da girls
lhões de espectadores passaram pelas salas de cine- band portuguesa Doce. Seguem-se “Irregular” (perto de 15 mil
ma em Portugal, o que equivale a uma média de 0,5 espectadores e 79 mil euros de receita) e “A Metamorfose dos
espectadores por habitante. Trata-se de uma subida Pássaros” (13 mil espectadores e 68 mil euros de receita).
de 43,8% face ao ano anterior. No mesmo período, O relatório do ICA revela ainda que, na área da exibição
a receita bruta de bilheteira totalizou 30,6 milhões cinematográfica, a NOS Lusomundo Cinemas reafirmou a sua
de euros, representando um crescimento de 48,7%. posição de líder do sector, com uma quota (receitas brutas de
Os dados provisórios constam do relatório de Janeiro de bilheteira) de 65%. Os lugares seguintes são ocupados pela Ci-
2022 do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), que rei- neplace (9,6%), UCI (9,3%) e NLC (6,3%), já com fatias signifi-
tera a importância de olhar para os números com uma visão cativamente mais pequenas do mercado. No seu conjunto, estas
crítica: “Estas informações têm de ser lidas à luz de um ano quatro empresas representam 90,2% do mercado nacional.
marcado por profundos constrangimentos neste sector de ac- Quanto à área da distribuição cinematográfica, a NOS Lu-
tividade, decorrentes das medidas excepcionais resultantes da somundo Audiovisuais destaca-se como líder nacional, com
situação pandémica, que afectou profundamente o normal fun- uma quota (espectadores) de 50,7%, à frente da Cinemundo
cionamento dos recintos de cinema.” (27,9%). Os dois players representam 78,6% do total do País.
Numa análise mensal, verifica-se que o número de espec-
tadores evoluiu positivamente, entre 2020 e 2021, em todos os PRODUÇÃO PREMIADA
meses com excepção de Janeiro a Março.
Em Junho do ano passado, registou-se mesmo um salto de No ano passado, foram produzidas 52 obras nacionais com o
2760,2% neste indicador, mas é importante frisar que a base apoio financeiro do ICA, das quais 32 longas-metragens (15 de
de partida era quase nula devido às restrições impostas – que ficção e 17 documentários) e, ainda, 20 curtas-metragens (11
levaram a salas encerradas ou com lotações limitadas e a um de ficção, seis de animação e três documentários). Em relação a
desconforto generalizado por parte da população, acabando 2020, são mais duas obras produzidas com recurso a este apoio,
por empurrar o cinema para fora da lista de actividades de la- o que se traduz num aumento de 4%.
zer mais procuradas. E o investimento parece colher frutos. Aquém e além-fron-
Em termos de receita bruta, o cenário apresenta-se muito teiras, são várias as produções nacionais a arrecadar distinções,
semelhante. De Janeiro a Março de 2021, a análise mostra que o reconhecimento e elogios, sendo que o ICA destaca os seguin-
indicador decresceu, registando-se nos restantes meses do ano tes prémios internacionais: Mèlies d’Argent Meilleur Long-Mé-
um aumento, por vezes até exponencial. Também em Junho, à trage no Festival Européen du Film Fantastique de Strasbourg
semelhança do que aconteceu com o número de espectadores, para o filme “Um Fio de Baba Escarlate”, de Carlos Conceição;
o crescimento da receita bruta atingiu o seu pico: o aumento foi Loup Argenté pour Meilleur Courtmetraje de la Compétition
de 3470,4%. no Festival du Nouveau Cinéma de Montreal para o filme “Luz
de Presença”, de Diogo Costa Amarante; Special Jury Award
O QUE NOS LEVA AO GRANDE ECRÃ? e Audience Award no One World Romania Festival e Menção
Especial do Júri, Prémio do Júri Jovem Europeu no Brussels In-
Em 2021, o ICA contabilizou a estreia de 233 longas-metragens ternational Film Festival para o filme “A Metamorfose dos Pás-
em Portugal, 103 das quais com origem nos Estados Unidos saros”, de Catarina Vasconcelos; Prémio Astor Piazzola para
da América (EUA) e 91 com origem europeia. Os filmes norte- Melhor Realização no Festival Internacional de Cine de Mar
-americanos foram vistos por 62,7% do total dos espectadores e del Plata para o filme “Tsugua Diaries”, de Maureen Fazendeiro
os europeus por 12,5%. e Miguel Gomes.
138
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA AXN Movies
É tempo
de Óscares!
M
Desde há dois anos que o arço é mês de Óscares, ou não tivesse sido marca-
da para dia 27 a 94.ª edição desta cerimónia que
AXN Movies trabalha para ser o homenageia, todos os anos, o melhor do cinema
canal de cinema de referência – dos actores ao guarda-roupa, passando pela
em Portugal. Os especiais banda sonora, realização ou efeitos especiais, en-
tre outras categorias. No AXN Movies, a celebra-
que apresenta todos os meses ção é assinalada com uma programação especial, que faz a ponte
ajudam nesta missão entre os espectadores portugueses e os estúdios de Hollywood,
através do AXN Movies. Durante todo o mês, de segunda a
sexta-feira, o canal apresenta um filme que já foi premiado ou
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 139
nomeado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. • “Passageiros” (2016) (17 de Março): com Jennifer Lawren-
Basta esperar pelas 21h10, procurar o AXN Movies na box, pre- ce e Chris Pratt nos papéis principais, este filme leva os espec-
parar as pipocas e mergulhar nos mais variados universos. tadores numa viagem a bordo de uma nave espacial que ruma
A magia dos super-heróis foi o primeiro tema abordado nes- em direcção a uma colónia num planeta distante. No percurso,
te especial mensal, com a exibição de “Superman” no dia 1 de sofre uma avaria nas câmaras de sono, levando a que dois dos
Março, mas muitas outras histórias foram ocupando – e ainda passageiros acordem somente após 90 anos.
ocupam – a programação do canal. Desde os enredos inspirados • “Era Uma Vez em… Hollywood” (21 de Março): com reali-
em factos reais – “Steve Jobs” a 7 de Março, por exemplo –, pas- zação de Quentin Tarantino, o filme conta a história de uma Los
sando pelos romances de outros tempos – “A Paixão de Shakes- Angeles em mudança. Nesta cidade, a estrela de televisão Rick
peare” a 11 de Março – ou pelos policiais clássicos – como acon- Dalton (Leonardo DiCaprio) e o seu duplo Cliff Booth (Brad
tece com “Dia de Treino” a 30 de Março – são várias as películas Pitt) deambulam por uma indústria que já quase não reconhe-
que compõem o Especial Óscares a 24 Quilates por Segundo. cem ou entendem.
Conheça alguns dos destaques da programação: • “Parasitas” (25 de Março): muito elogiada a nível interna-
• “O Padrinho” (4 de Março): “Don” Vito Corleone (Marlon cional, a obra do realizador sul-coreano Bong Joon Ho mostra
Brando) é o chefe de uma família da máfia em Nova Iorque, mas como uma família de desempregados consegue imiscuir-se no
o seu filho parece não ter interesse em seguir as pisadas do pai. seio de um lar abastado. A partir desse momento, as suas vidas
Ao mesmo tempo, tem de lidar com um rival que ameaça arrui- nunca mais serão as mesmas – e os próprios espectadores podem
nar a ordem estabelecida e que coloca os valores tradicionais de esperar várias reviravoltas.
Vito em causa. • “O Herói de Hacksaw Ridge” (28 de Março): Andrew Gar-
• “O Jogo da Imitação” (14 de Março): Durante a II Guerra field é Desmond T. Doss, um médico norte-americano que, em
Mundial, um matemático (Benedict Cumberbatch) é desafiado plena II Guerra Mundial, se recusa a matar outros cidadãos. Ao
a desvendar o código da infame máquina Enigma dos alemães. seguir este princípio, tornou-se o primeiro homem na história
140
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA AXN Movies
O APELO À MEMÓRIA
Além do especial dedicado aos Óscares, o AXN Movies prepa-
rou outros dois que têm como propósito prestar tributo ao lega-
do da indústria cinematográfica.
Um deles é o Especial Cinema à Portuguesa que, no último
domingo de cada mês, apresenta um filme nacional, com desta-
que para “A Ilha dos Cães”, de Jorge António, no dia 27 de Mar-
ço. Inspirado no romance “Os Senhores do Areal”, do escritor
angolano Henrique Abranches, dá a conhecer a história de uma
ilha onde colonialismo e injustiça são palavras muito presentes.
No elenco, constam nomes como Miguel Hurst, Ângelo Torres,
João Cabral, Ciomara Morais e Nicolau Breyner (no último pa-
pel que gravou para o cinema). regadas de emoção, através da insígnia AXN Movies. O proces-
Junta-se ainda o Especial Os Filmes da Tua Vida, composto so de rebranding culminou numa mudança de nome e imagem,
por títulos que para sempre ficarão na memória, como “Mave- mas também de programação: este novo capítulo revela um ca-
rick”, a 20 de Março, ou “E.T. O Extraterrestre”, a 27 de Março. nal 100% dedicado à sétima arte e para um público alargado.
Por isso, disponibiliza conteúdos dedicados aos grandes êxi-
O NOVO PARAÍSO DOS FILMES tos do cinema, de diferentes géneros. A ideia é que toda a família
se possa identificar com os filmes exibidos, forjando uma relação
Em Fevereiro de 2020, o canal AXN Black assumiu uma nova de maior proximidade entre o canal e o público – ou não fosse
identidade e passou a apresentar aos portugueses histórias car- “Criar o teu momento de cinema” o lema do AXN Movies.
ESPECIAL ÓSCARES A 24
QUILATES POR SEGUNDO
• Superman (1 de Março)
• O Primeiro Encontro (2 de Março)
• Nightcrawler – Repórter na Noite (3 de Março)
• O Padrinho (4 de Março)
• Steve Jobs (7 de Março)
• Mulheres do Século XX (8 de Março)
• O Estranho Caso de Benjamin Button (9 de Março)
• O Náufrago (10 de Março)
• A Paixão de Shakespeare (11 de Março)
• O Jogo da Imitação (14 de Março)
• Manchester by the Sea (15 de Março)
• O Guarda-Costas (16 de Março)
• Passageiros (2016) (17 de Março)
• Gladiador (18 de Março)
• Era Uma Vez em... Hollywood (21 de Março)
• Melhor é Impossível (22 de Março)
• Memórias de Uma Gueixa (23 de Março)
• U-571 (24 de Março)
• Parasitas (25 de Março)
• O Herói de Hacksaw Ridge (28 de Março)
• Os Filhos do Homem (29 de Março)
• Dia de Treino (30 de Março)
• Sleepers: Sentimento de Revolta (31 de Março)
142
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA Dreamia
O CINEMA NO CONFORTO
de nossa casa
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 143
P
resente em Portugal há mais de 25 anos, pelas
mãos da Dreamia, o Canal Hollywood tem vin-
do a consolidar a liderança no segmento cinema
e séries da televisão por subscrição. «Em Portugal,
quando decidimos ver um filme no conforto de
nossa casa, a opção imediata é passar pelo Canal
Hollywood e ver o que está a exibir. Isto é consequência não só
do facto de ter sido uma marca pioneira – já que foi o primeiro
canal 100% dedicado ao cinema no nosso País –, mas também
por manter uma linha editorial com uma proposta de valor cla-
Jorge Ruano, director de Marketing da Dreamia
ra e definida, adaptada às tendências e gostos locais, bem como
ter conseguido assegurar uma linha de comunicação constante
durante estes 25 anos, que lhe tem permitido manter-se no top
of mind da categoria e líder de audiências no segmento cinema
e séries pelo décimo ano consecutivo», salienta Jorge Ruano, juntam-se ainda os filmes “Homem de Aço”, “Rambo, a Última
director de Marketing da Dreamia. O profissional lembra que Batalha”, “Correio de Risco 2” e “Viagem ao Centro da Terra 2:
a marca é forte e conta com o carinho dos espectadores por- A Ilha Misteriosa”.
tugueses. «Um serão em casa com pipocas a ver um filme no Nos dois primeiros meses deste ano o Canal Hollywood
Canal Hollywood é sempre um bom plano.» continua a liderar o segmento de cinema, algo que tenciona
Com o claim “Canal Hollywood. O Cinema em Casa”, em manter durante todo o ano de 2022. Para o conseguir, já ad-
2021, pelo décimo ano consecutivo, o Canal Hollywood voltou quiriu um forte catálogo de filmes. Mas, sublinha Jorge Ruano,
a ocupar a liderança na temática de filmes e séries em Portu- com a retoma da normalidade, «deveremos ficar atentos tam-
gal, com um share médio de 2% no universo total de lares com bém à evolução das tendências de consumo». Para além disso,
cabo, de acordo com dados da CAEM/GFK. Um balanço que o está a ser retomado o investimento em produções próprias do
director considera «positivo». Um canal, de resto, que se dirige Canal Hollywood, que permitem ter uma oferta mais próxima
a um target variado. Quando as pessoas pensam em ver cine- do público português e diferenciarem-se da concorrência.
ma, a sua primeira opção, a mais instintiva, é procurar o Canal Para já, comemora-se a tradicional Semana dos Óscares do
Hollywood. Por isso, o posicionamento também está definido Canal Hollywood com a emissão de uma selecção de filmes pre-
como sendo a primeira opção de consumo de cinema em casa. miados, que irá ter o seu ponto alto com a emissão do “Joker”, o
grande vencedor da edição de 2020. Durante o ano, para além
ÊXITOS DE SOFÁ E PIPOCAS da oferta habitual, terão uma selecção de blockbusters recentes
que permitem manter a frescura do canal. Alguns desses exem-
O ano de 2021 foi marcado pelas comemorações dos 25 anos do plos são “Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald”, “God
canal, tendo o filme “Aquaman” sido o mais visto do Pay TV zilla: King of The Monsters”, “Shazam”, “Pokemon: Detective
com mais de 250 mil espectadores e um share de 7,1% (segundo Pikachu”… e muitos mais que ainda não podem ser divulgados.
dados CAEM/GFK/MediaMonitor/YUMIAnalytics). No Top «Procuramos sempre ser ágeis na adaptação ao mercado e
5 dos filmes mais vistos do ano no Canal Hollywood em 2021 aos gostos do público. O cinema em casa continua a ser um seg-
144
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA Dreamia
mento com enorme procura e com um consumo ainda bastante mação do canal consoante o mood dos telespectadores (“Holly-
tradicional. As pessoas querem ver bons filmes com actores re- mood”). «A aposta em iniciativas digitais que permitam capita-
conhecidos, sempre com uma ligeira preferência para a acção», lizar a marca também neste ecossistema será uma constante no
comenta o mesmo responsável. No Canal Hollywood têm con- futuro e, no caso do website, que tem como função principal ser
seguido garantir um conteúdo de qualidade, que assegura que, um método de consulta de programação, pensamos que seria
quando o espectador passa pelo canal, encontra sempre um bom mais divertido e apelativo poder fazê-lo em função do nosso es-
filme que apetece ver ou rever, sem ter que perder tempo em tado de espírito», comenta.
pesquisas intermináveis. Tal como acontece com o resto dos canais da Dreamia, a es-
tratégia do Canal Hollywood passa por se adaptar à mudança
PLATAFORMAS DE STREAMING de paradigma no que diz respeito ao consumo de conteúdos.
Para isso, detalha Jorge Ruano, estão a trabalhar em novos pro-
E se, no passado, o Canal Hollywood competia apenas com ou- jectos que permitam às marcas continuar a ser relevantes em
tros canais de televisão, agora compete também com as plata- todas as áreas, mas principalmente no digital. «Há poucos me-
formas de streaming. «Passámos para um modelo onde o espec- ses, lançámos a nossa primeira plataforma de streaming, o Pan-
tador tem uma multitude de opções e decide o que quer ver e da+, e para o resto de canais estamos a trabalhar também em
quando quer ver», comenta Jorge Ruano. Daí que o responsável iniciativas digitais que contribuam para sustentar este processo
da Dreamia considere que continuar a oferecer a melhor selec- de renovação», acrescenta.
ção de filmes, adaptada aos gostos locais, e manterem-se fortes O tema da aposta no streaming com a marca Canal
na notoriedade e relevância da marca «serão fundamentais para Hollywood está em cima da mesa, mas Jorge Ruano deixa claro
o futuro, bem como a forma como nos adaptamos a esta mu- que, apesar de ser algo que parece óbvio, estão a avaliar como
dança de paradigma no sector». Para isto acontecer, acredita que devem dar esse passo, sem passar a ser mais uma plataforma
se devem manter fortes no investimento, no que diz respeito à de streaming num mercado que parece começar a ficar satu-
aquisição de conteúdos, no desenvolvimento de novas iniciati- rado. «Estamos conscientes que o Share of Wallet é limitado e
vas digitais relevantes para o espectador e na gestão da marca, sabemos que existem outras fórmulas que também garantem a
de forma que seja percebida como a referência da categoria e se nossa relevância para o espectador. Os operadores de Pay TV,
mantenha apelativa para o mesmo. os nossos parceiros naturais, oferecem soluções que permitem
Recentemente, o Canal Hollywood lançou um novo website chegar a um público amplo de uma forma muito directa e com
com uma ferramenta que permite agregar os filmes da progra- possibilidades de crescimento», assegura.
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146
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA LG
Criar
experiências
CINEMATOGRÁFICAS
EM CASA
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 147
D
urante os dois últimos anos, as experiências de Young Soh, Home Entertainment Marketing
Home Cinema assumiram-se como uma verda- manager da LG Portugal
deira tendência de consumo, em linha com todas
as actividades desenvolvidas dentro de portas de-
vido às restrições impostas pela pandemia. Por
essa razão, foram várias as famílias portuguesas
que investiram em novas opções de visualização e em poten-
tes sistemas de som, de forma a criar experiências envolventes e que se adaptam a qualquer ambiente. Assim, é impossível fa-
verdadeiramente cinematográficas em casa. E a LG tem estado larmos de Home Cinema sem falarmos das TV – tecnologias
na primeira fila para suprir estas necessidades. OLED, QNED MiniLED e NanoCell com resoluções de 8K e 4K
«A LG reconhece que hoje, fruto de dois anos de pandemia –, projectores CineBeam e soundbars de última geração da LG.
e da democratização da cultura, há muitos mais cinéfilos, isto
porque já não falamos apenas dos amantes e conhecedores pro- SALA DE PEQUENAS DIMENSÕES
fundos de cinema. Actualmente, o nosso público-alvo são os
consumidores que valorizam uma boa qualidade de imagem Young Soh dá o exemplo da OLED mais pequena do mercado
aliada a uma experiência de áudio envolvente, com uma oferta que, com apenas 42 polegadas, «é perfeita para uma sala de
de conteúdo ímpar», comenta Young Soh, Home Entertainment pequenas dimensões». Salienta que os novos projectores Cine-
Marketing manager da LG Portugal. Beam 4K são também um bom exemplo, pois têm a capacida-
de de criar uma imagem de 100 polegadas quando colocados a
NECESSIDADES DE CADA CINEMA CASEIRO apenas cerca de 22 cm da parede, oferecendo uma qualidade es-
telar e um design flexível.
Nesse sentido, a LG tem vindo a diversificar o seu portefólio de «Esta é, verdadeiramente, a característica que mais nos di-
forma a responder às necessidades e especificidades de cada ci- ferencia face à concorrência, sendo elevada pela optimização
nema caseiro, desde as TV com enorme qualidade de imagem constante do nosso sistema operativo webOS e das nossas ofer-
aos projectores de altíssima resolução, integrados com sistemas tas, incluindo o acesso a plataformas de streaming», sublinha
de som de última geração. Paralelamente, a disponibilização Young Soh.
de recursos específicos nos equipamentos, como o Filmmaker Para quem quer replicar a experiência de uma sala de cine-
Mode, e das mais populares plataformas de streaming de con- ma em casa, a líder do mercado global de TV premium lembra
teúdos (que fizeram deslocar o cinema das ruas para o conforto que as LG OLED TV vieram reformular o segmento de TV pre-
do lar) fazem com que os produtos sejam perfeitos para o mais mium, tornando-se na primeira escolha para milhões de con-
exigente dos cinéfilos. sumidores em todo o mundo e uma opção perfeita no momento
A LG é líder global em soluções de visualização, desenvol- de criar um setup de Home Cinema.
vendo produtos (TV, projectores e até monitores) com a melhor Os novos modelos de 2022, liderados pela tecnologia evo da
qualidade de imagem do mercado e características inovadoras série G2, são únicos na sua capacidade de combinar as cores do
148
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA LG
SNACKS EQUILIBRADOS
para maratonas
no sofá
Nobre já não é apenas sinónimo
de charcutaria e multiplicam-
-se as ocasiões em que é possível
desfrutar de produtos da marca.
As noites de cinema e séries
em casa não são excepção
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 151
P
ipocas e chocolates poderão estar entre os snacks
mais tradicionais no momento de ver um filme no
cinema ou em casa, mas serão as únicas opções?
A Nobre tem no seu portefólio produtos que po-
derão ser uma alternativa aos habituais doces e
que poderão, até, em alguns casos, constituir uma
companhia mais equilibrada.
Especialmente com a chegada da pandemia, que trouxe
consigo a necessidade de isolamento e confinamento, «os por-
tugueses passaram a valorizar ainda mais o tempo passado em
casa e com a família», lembra Cátia Gomes, Marketing mana-
ger. «E parte destes momentos são passados no sofá, entre brin-
cadeiras e maratonas de séries e filmes. A Nobre tem procurado
adaptar a sua oferta a estas evoluções e, ao longo do último ano,
apresentou produtos práticos para que os consumidores pos-
sam usufruir da melhor forma do tempo no sofá, na companhia
de quem mais gostam.» As salsichas Nobre Appetitliche são
exemplo disso mesmo, apresentando-se como uma forma de
experimentar os sabores tipicamente alemães sem sair de casa.
Juntam-se também as Especialidades Vegetarianas Soja Cock-
tail Nobre Vegalia, que podem ser usadas para criar espetadas
com tomate cherry, bolas de mozarela e triângulos de ananás.
Quem preferir uma sanduíche mais tradicional, poderá optar
pelas embalagens familiares de Fiambre da Perna Extra Nobre, Vegan Bites Nobre Vegalia, tacos crocantes com Especialidades
desenvolvida para famílias que procuram formatos mais conve- Vegetarianas de Tofu Nobre Vegalia, ou decorar tábuas de en-
nientes e sustentáveis. chidos com rodelas de farinheira, fatias de presunto e chouriço
Mas quais têm sido os produtos da marca mais consumidos da Nobre. «E porque a simplicidade é um trunfo, as Salsichas
pelos portugueses para as maratonas em frente aos ecrãs? Cátia Nobre Cockt ail enroladas em folhas de alface e Peito de Peru
Gomes explica que a gama Nobre é bastante versátil, o que aca- Nobre ou um escalope vegetariano Nobre Vegalia acompanha-
ba por ser uma grande vantagem, uma vez que haverá soluções do por folhas verdes são ideias a anotar!», sugere a responsável.
para os mais variados gostos e momentos de consumo – des-
de os mais tradicionais, que gostam de comer salsichas direc- PARA TODAS AS OCASIÕES
tamente da lata, aos que preferem proteínas alternativas e não
recusam combinações mais elaboradas e fora da caixa. «Assim, Por outro lado, para quem passou o dia a trabalhar, e não tem
tanto os produtos de charcutaria como as conservas têm feito muito tempo ou paciência para pensar em alternativas e só quer
parte das escolhas dos portugueses», frisa a Marketing mana- um snack para acompanhar o filme de final de dia, poderá op-
ger. «Depois, contamos com a criatividade de cada um! As sal- tar por algo mais prático e rápido. Tendo em conta que este de-
sichas podem ser a estrela de hot dogs dignos de uma fotografia verá ser um momento simples e relaxante, a Nobre propõe um
para o Instagram, o Fiambre da Perna Extra Nobre ou as Fatias twist a um dos snacks mais famosos: as pipocas. «Os fãs da ver-
Vegetarianas Nobre Vegalia marcam a diferença numa sanduí- são salgada vão adorar adicionar pequenas tiras de bacon como
che saborosa, que pode ainda ser adaptada com fatias finas de toping e os mais aventureiros vão delirar com a combinação
Peito de Peru Fumado Nobre Cuida-t+», por exemplo. explosiva de doce e salgado.» Além disso, as famílias que quise-
Em noites (tardes ou manhãs, quem sabe) em que a criati- rem um desafio maior podem sempre preparar pequenos folha-
vidade esteja mais apurada, a Nobre propõe que os seus con- dos com salsichas Nobre tipo Frankfurt, um clássico ideal para
sumidores testem limites e procurem soluções originais para ir trincando entre cenas.
acompanhar a última temporada da série preferida, ou aquele Haverá ainda, pelo menos, um terceiro tipo de consumidor
clássico do cinema que já viram cinco vezes. De acordo com e de situação, em que outros produtos poderão fazer mais senti-
Cátia Gomes, a «Nobre gosta de inspirar os seus consumidores do. Falamos de pessoas que decidem dedicar o dia todo ao cine-
e parte desse trabalho passa pela partilha de receitas nas redes ma e que querem parar entre dois filmes para um almoço rápi-
sociais», que se afiguram verdadeiras fontes de ideias. «Acredi- do. Nestes casos, «uma aposta ganha são as refeições Nobre em
tamos que a criatividade de cada um pode transformar qual- lata», garante a Marketing manager. Entre os clássicos Jardinei-
quer prato e as opções para acompanhar uma maratona de sé- ra e Feijoada à Transmontana, surgem também novidades mais
ries não acabam»: podem, entre outros, criar lollipops com as recentes, como o Chili com Carne ou os Raviolis com Molho de
152
CADERNO CINEMA E CINEMA EM CASA Nobre
DE OLHOS POSTOS NA TV
A ligação da Nobre aos amantes de filmes e séries tem sido
possível através de uma estratégia integrada que envolve as re-
des sociais, por um lado, e investimento em media, por outro.
Nas redes sociais, o objectivo é inspirar e sugerir opções que
se adaptam a estes momentos de consumo para que as famílias
possam recriar em casa e adaptar aos próprios gostos. Este tra-
balho é, depois, complementado com publicidade e presença
em canais de televisão, como SIC Mulher, 24Kitchen, AXN e
FOX Life, em horários considerados estratégicos e nos quais a
marca consegue chegar ao seu público-alvo.
Neste contexto, Cátia Gomes adianta que o «investimento
em televisão foi um dos pilares em 2021, nomeadamente na co-
municação da gama Nobre Vegalia». A marca esteve presente,
através de diferentes formatos, em canais generalistas como a
SIC e a TVI, mas também em canais por cabo. Product place-
ment tem sido uma das apostas da Nobre, sendo que para isso
acontecer é «essencial existirem programas onde os produtos
da marca assentem de forma natural» e que «permitam contar
uma história». De acordo com a responsável, não querem que
determinada referência apareça só porque sim, numa óptica de
hard selling. Querem, sim, que as pessoas compreendam o pro-
duto, reconheçam uma necessidade no seu dia-a-dia e se sin-
tam identificadas com o momento a que acabaram de assistir. da redução do teor de sal e gordura, mas também da apresenta-
No programa “Casa Feliz”, da SIC, por exemplo, o chef Mi- ção de soluções de origem vegetal.
guel Teixeira, acompanhado pelos apresentadores Diana Cha- Considerando que o flexitarianismo (diversificação da ali-
ves e João Baião, mostrou como os produtos Nobre Vegalia mentação para incluir consumo de proteínas alternativas) é
podem ser consumidos em vários momentos do dia, sugerindo uma tendência global e que Portugal não escapa a esta mudan-
receitas fáceis de colocar em prática. ça de hábitos, Cátia Gomes explica que, ao identificarem esta
«Seleccionamos canais que não só façam fit com a marca e evolução, «foi unânime a decisão de que teriam de dar uma
gama a comunicar, ajustando à grelha de conteúdos de cada ca- resposta ágil, que em momento algum comprometesse o sabor
nal, mas que também nos permitam chegar aos nossos consu- ao qual a Nobre tem vindo a habituar os portugueses». Foi as-
midores», explica. O plano para este ano continua a ser traçado, sim que nasceu a gama Nobre Vegalia (0% de carne, 100% de
mas a responsável indica que a ambição é continuar a alcançar sabor), em linha com o que já tinha acontecido com os produ-
o público-alvo com conteúdos surpreendentes. tos Nobre Cuida-t+ (também desenhados com base naquilo que
os consumidores procuram).
NOVAS TENDÊNCIAS «Os portugueses podem consumir os produtos vegetarianos
e veganos da marca em qualquer refeição do dia, do pequeno-
O leque de opções que a Nobre disponibiliza para quem pre- -almoço ao jantar, sem esquecer os lanches e pequenos momen-
tende recriar em casa uma verdadeira sessão de cinema é di- tos para petiscar», sublinha a responsável, acrescentando que a
versificado, porque também as exigências e as necessidades dos gama Nobre Vegalia tem sido reforçada com novos lançamen-
consumidores o são. Mas uma das tendências que se tem des- tos. Neste momento, são já 19 as variedades disponíveis, sendo
tacado ao longo dos últimos anos prende-se com o desenvolvi- todas elas certificadas pela União Vegetariana Europeia (EVU),
mento de produtos mais equilibrados, nomeadamente através com os selos V-Label Vegetariano ou V-Label Vegano.
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CUSTOMER
EXPERIENCE
CADERNO
ESPECIAL
PATROCINADORES
HOTELS & RESORTS
156
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE Enquadramento
A EXPERIÊNCIA
JÁ FAZ PARTE
da sua marca?
Para conquistar a confiança e a lealdade dos
clientes, a experiência mostra-se cada vez
mais importante. Conheça os seis pilares que
devem orientar a estratégia da sua marca
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 157
Q
uase dois terços dos consumidores, a nível gistaram um maior crescimento no desempenho do CEE: mais
mundial, mostram-se disponíveis para pagar 3% e 2%, respectivamente, face a 2020.
mais por produtos ou serviços de uma empre- Segundo o relatório, a Covid-19 funcionou como uma es-
sa que consideram ética ou que tem laços fortes pécie de lupa de forças disruptivas e, ao mesmo tempo, acele-
com a comunidade. Da mesma forma, a integri- rou a transformação nas mais variadas áreas. Por isso, foi, sem
dade apresenta-se como o principal pilar para espaço para dúvidas, um catalisador para a revitalização cor-
alavancar recomendações positivas relativa- porativa em torno do cliente. Apoiadas em tecnologias digitais
mente a determinada marca. (como a Inteligência Artificial ou o Machine Learning), as or-
Os dados são divulgados no Global Customer Experience ganizações estão a preparar-se para o futuro na companhia de
Excellence Report 2021, estudo da KPMG que tem como mote chatbots e plataformas de conversação inteligente, que tornam
“Orchestrating Experiences”. De acordo com esta análise, per- a experiência dos clientes mais conveniente e optimizada.
sonalização é também outra palavra a ter em consideração, a
par de integridade. Isto porque a adaptação é um dos principais OS SEIS PILARES DA CUSTOMER EXPERIENCE
motivos para os clientes se manterem fiéis.
O retalho não-grossista domina o top de 2021 das marcas Para chegar ao Hall of Fame dos países, sectores e marcas com
com o melhor Customer Experience Excellence (CEE): 10 das as melhores experiências de cliente, ou seja, com os melhores re-
26 insígnias consideradas no Hall of Fame correspondem a este sultados no indicador CEE, a KPMG levou em consideração seis
sector, destacando-se também os serviços financeiros (6) e o de grandes eixos: personalização, integridade, expectativas, resolu-
viagens e hotelaria (5). ção, tempo e esforço e, por fim, empatia.
Já numa avaliação por países, a KPMG revela que Tailândia Quanto à personalização, é já claro que os avanços tecnoló-
e Roménia são, dos 26 mercados considerados, aqueles que re- gicos estão a permitir criar experiências customizadas e mais
humanas nos diferentes canais e fases de compra. No entanto,
alerta a KPMG, a personalização é muito mais do que tecnolo-
gia: o que importa é a forma como o cliente se sente.
No que à integridade diz respeito, o estudo revela que é uma
característica que pode originar confiança, sendo, por isso,
uma das maiores preocupações das empresas com estratégias
mais vincadas de Customer Experience (CX). Na era digital, a
integridade salta também para este novo mundo virtual, levan-
tando questões associadas à privacidade, segurança dos dados
ou cibercrime.
As expectativas, por seu turno, são um pilar da relação en-
tre consumidor e marca que tem, muitas vezes, por base situa-
ções passadas: os clientes tendem a esperar que a sua melhor
experiência de sempre com uma determinada empresa seja re-
plicada ou superada em todas as situações posteriores com essa
ou outra marca.
Já a resolução surge associada à forma como as empresas so-
lucionam os problemas dos clientes, o que, neste momento, sig-
nifica ir além da própria organização. Devem ser considerados
também os problemas de vida do cliente.
Tempo e esforço é outro dos pilares considerados no CEE
da KPMG. Neste caso, falamos de uma combinação tão clássica
como sal e pimenta: empresas e marcas que mostrem investir
o seu tempo e esforço no desenvolvimento de uma experiência
melhor para os seus clientes irão ganhar a sua fidelidade.
Por fim, a empatia. As organizações começam a dar pas-
sos neste sentido, desafiando as suas equipas a colocarem-se
na pele dos clientes para desenharem experiências que façam
sentido e que sejam úteis e sem atrito. Além disso, as pessoas
querem interagir com marcas que mostram interesse e preocu-
pação, que compreendem e demonstram como os seus clientes
são importantes.
158
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE AP Hotels & Resorts
QUER FAZER
parte do clube?
Um programa de fidelização que
garante descontos e condições
especiais em restaurantes, spa
ou lojas. É assim o Clube AP, uma
das grandes apostas da AP Hotels
& Resorts para garantir a melhor
experiência de cliente
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 159
V
“ iajar é uma forma de estar!” é o mote do pro-
grama de fidelização da AP Hotels & Resorts,
através do qual o grupo disponibiliza aos seus
clientes um conjunto de condições especiais,
vantagens exclusivas e serviços adicionais nas
estadias nos vários hotéis. Basta pedir para fazer
parte do programa, gratuitamente, e logo no momento de ade-
são são oferecidos 250 pontos – que poderão, posteriormente,
ser trocados por descontos directos, promoções especiais, no-
meadamente 10% de desconto em reservas de alojamento efec-
tuadas directamente nos canais próprios do grupo.
À medida que vão acumulando pontos, os membros do Clu-
be AP podem também explorar as parcerias estabelecidas com
diversos serviços como restaurantes, bares SPA, lojas AP Gour-
met, entre outros, convertendo os pontos em noites gratuitas,
refeições ou tratamentos, por exemplo.
Segundo Lino Martins, director Comercial, «a dinâmica do
Clube AP é bastante simples». Sempre que os membros optem Lino Martins, director Comercial da AP Hotels
por reservar directamente o seu alojamento, seja pelo website & Resorts
oficial da AP Hotels & Resorts, seja através da central de re-
servas do grupo, por cada euro gasto é atribuído um ponto. «É
fácil acumular pontos e geri-los através de uma plataforma de-
senvolvida especialmente para o efeito», comenta o responsável,
sublinhando a conveniência da experiência oferecida pelo grupo garantir awareness via meios de comunicação social, activação
através do seu programa de fidelização. Os pontos têm uma vali- de campanhas nas redes sociais do grupo, acções publicitárias
dade de dois anos. (online e offline), tudo isto sem esquecer o contacto directo com
«O Clube AP foi desenhado para conferir aos aderentes um os milhares de clientes» que vão passando pelos hotéis. Também
vasto conjunto de vantagens», continua Lino Martins. Desta- está prevista uma forte aposta em campanhas de media, tendo
cam-se os seguintes benefícios: oferta de boas-vindas de 250 em vista o aumento da visibilidade do programa de fidelização.
pontos após confirmação final do registo; cartão sem anuidade;
acesso a promoções exclusivas; descontos sobre o melhor preço INOVAR NA EXPERIÊNCIA
disponível para alojamento; acesso a uma área reservada e ex-
clusiva no website do grupo; gestão de conta intuitiva a partir A par do programa de fidelização Clube AP, o Grupo AP Ho-
de aplicação própria, onde é possível consultar saldos e editar tels & Resorts tem investido na sua relação com o cliente atra-
dados pessoais. vés da disponibilização de «experiências inovadoras e diferen-
O programa de fidelização da AP Hotels & Resorts começa ciadas, sempre com a preocupação de salvaguardar a dinâmica
agora a dar os primeiros passos, mas a fase de testes já permitiu local». Segundo Lino Martins, «cada vez mais, as experiências
perceber a reacção dos hóspedes. De acordo com Lino Martins, não só enriquecem, como são parte integrante da viagem ou do
os resultados iniciais auguram um futuro de sucesso. «Em pou- storytelling que as viagens representam». Importa lembrar que
co mais de duas semanas, registámos cerca de 700 aderentes, os consumidores são, hoje, pessoas mais conhecedoras e mais
um número promissor, pois não foi realizada qualquer campa- viajadas e os carimbos no passaporte fazem com que se tornem
nha de divulgação do programa, digamos que se trataram de também mais exigentes. Esperam mais dos hotéis por onde pas-
adesões completamente espontâneas e que revelam desde já um sam. Procuram e querem mais do que o mero alojamento.
forte interesse no programa!» Tendo em conta que ainda se tra- «O Grupo AP Hotels & Resorts está ciente desta tendência
ta de uma iniciativa recente, a amostra é reduzida, pelo que se e tem vindo a apostar na disponibilização de diversas opções
torna difícil descrever o perfil de clientes que aderem ao Clube que visam enriquecer a passagem dos clientes pelas nossas uni-
AP. Ainda assim, o director Comercial adianta que a maioria dades.» Ao passar pelo site do grupo, por exemplo, é possível
está na casa dos 40 anos, verificando-se também um número conhecer as várias parcerias estabelecidas nesta área, que vão
significativo de famílias. desde a disponibilização de aulas de surf a momentos de degus-
Para que a novidade possa chegar ao maior número possível tação de ostras na Ria Formosa ou, mesmo, sessões de stand up
de pessoas, a AP Hotels & Resorts desenhou um plano estraté- paddle. Para os menos aventureiros, a cadeia hoteleira convida
gico de comunicação para divulgação, que se irá prolongar por os clientes para assistirem a jogos de futebol (experiência parti-
todo o ano. O plano contempla diversas acções, «que passam por cularmente popular junto de clientes estrangeiros) e dá dicas so-
160
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE AP Hotels & Resorts
10%
.
.
O grupo AP Hotels & Resorts criou o Clube AP, um
CLUBE A
programa de fidelização que lhe oferece condições
NTO
DESCO
AP
P
nas estadias nos seus seis hotéis: AP Adriana Beach U
CL .
Resort, AP Eva Senses, AP Cabanas Beach & Nature,
AP Maria Nova Lounge, AP Oriental Beach e AP Victoria
Sports & Beach.
INOVAR
COM FOCO
no cliente
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 163
A
preocupação do Continente com a experiên-
cia do cliente não é de hoje, mas a pandemia
de Covid-19 obrigou a afinar estratégias e
perceber que o online era o canal com maior
crescimento. E se uma das regras da Customer
Experience é estar onde está o cliente, então
era ponto assente que esta área teria especial relevância. «Os
acessos e as encomendas online multiplicaram-se, numa al-
tura em que mais famílias decidiram fazer compras reforça-
das de abastecimento, e muitos clientes recorreram aos canais
digitais. A capacidade das marcas se adaptarem rapidamente
às contingências foi uma das principais lições da pandemia»,
refere fonte oficial da MC, sublinhando que o sector da Distri-
buição passou por várias mudanças e que a ascensão do online
terá sido mesmo a mais destacada.
De acordo com o porta-voz, os consumidores têm, actual-
mente, comportamentos cada vez mais digitais, razão pela qual
os suportes deste tipo representam uma oportunidade para sa-
tisfazer as suas necessidades, nomeadamente de conveniência.
E não terá sido uma alteração circunscrita à situação de cri-
se sanitária. Os novos hábitos instalaram-se e há «indícios de
continuidade de crescimento», à medida que o Continente vai
atraindo mais clientes para o canal digital. «A nossa expecta-
tiva é de que os níveis de penetração se mantenham superiores
aos anteriores.»
Para isso, é preciso apresentar novas soluções, adaptar ou-
tras e ir ouvindo os clientes. Só assim é possível acrescentar
valor ao serviço prestado: «Avaliamos constantemente a jor-
nada de compra do consumidor, para perceber de que maneira
os diferentes canais e serviços que disponibilizamos permitem
simplificar a sua vida, de forma distintiva daquela que as outras
marcas tentam fazer», explica fonte oficial. Constante monito-
rização e equipas dedicadas à análise dos dados recolhidos, para
identificar tendências e reconhecer a evolução das exigências,
são elementos fundamentais da estratégia do Continente.
No caso específico do digital, o primeiro passo é perceber
quais são as áreas em que soluções deste tipo podem contri-
buir, de facto, para a melhoria da experiência do cliente. Essas
oportunidades são priorizadas para maximizar o impacto na
experiência, materializando-se em acções e activos digitais,
como comunicação em redes sociais, folhetos personalizados
ou georreferenciação das lojas, site e aplicação de e-Commer-
ce, app Cartão Continente e app Continente Siga (compra via
mobile self-scanning e self-checkout). «As oportunidades de
contacto, muitas vezes promovidas por soluções tecnológicas
Digitalização tem sido palavra (mas nem sempre), permitem reforçar as relações entre marca e
consumidor e fazer com que desenvolvamos melhores produtos
de ordem na estratégia do e melhores serviços, porque escutamos activamente quem usu-
Continente, que procura frui dos mesmos», sublinha fonte oficial da MC.
compreender os clientes e Uma das mais recentes novidades neste âmbito são os Folhe-
tos Personalizados, ou seja, folhetos adaptados às necessidades
identificar necessidades antes individuais de cada consumidor e que são apresentados sema-
de avançar com novas soluções nalmente, com base nas promoções disponíveis. Desenvolvi-
164
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE Continente
do de raiz, a 100% pelo Continente, este projecto apresenta-se durante ou após a compra. O Continente entende «que este
como uma inovação mundial, tendo até vencido os Modern Re- tipo de soluções de checkout se deverá vir a tornar presença ha-
tail Awards, deste ano, na categoria “Best Personalisation Stra- bitual no retalho alimentar» e que este piloto poderá ajudar a
tegy”. «Não temos conhecimento de outro retalhista no planeta compreender de que forma poderá transitar para experiências
com este produto», indica, acrescentando que «visa descompli- de compra mais tradicionais. Segundo o porta-voz, Continen-
car e tornar mais atractivo o conceito de folhetos de promoções, te Labs é a primeira loja de uma marca europeia que utiliza um
que incluem dezenas de páginas e centenas de promoções, selec- conceito tecnológico como este, que requer somente a instalação
cionando apenas as ofertas realmente relevantes para cada con- da app Cartão Continente – com Continente Pay (solução de pa-
sumidor». Todas as semanas, são gerados mais de três milhões gamento disponível para todas as lojas Continente, Wells, note!
de folhetos personalizados, sendo que, com o avançar do tempo, e ZU) e factura electrónica activos. Depois, basta entrar na loja,
os folhetos vão sendo cada vez mais relevantes, tendo em conta retirar os produtos das prateleiras e sair.
os novos dados recolhidos e as interacções mais recentes entre «É possível diminuir drasticamente a duração do processo
cliente e marca. de compra, economizando tempo e diminuindo os contactos
dentro da loja. Bastam cinco segundos para levar algo», explica
EXPERIÊNCIA SEM PARAGENS fonte oficial da MC. Assente em tecnologia da startup portu-
guesa Sensei, o sistema da loja possui «informação privilegiada
Outro exemplo desta aposta do Continente no digital e na me- sobre os produtos que foram retirados das prateleiras e que, por
lhoria da experiência de cliente é a loja Continente Labs. Aqui, isso, precisam de ser repostos», o que também permite um tra-
não são precisas caixas ou qualquer registo/scan dos produtos balho mais eficiente por parte das equipas.
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 165
ADESÃO CRESCENTE
DAR ENERGIA
A EXPERIÊNCIAS
mais CADA VEZ
inteligentes
Conhecendo cada vez melhor
os comportamentos e
necessidades dos clientes,
a EDP Comercial tem vindo a
criar produtos e serviços
de maior conveniência e mais
inovadores para os seus
clientes. Tudo para os reter
(e recuperar)
O
sector energético vive uma revolução ímpar,
que coloca o cliente no centro da transforma-
ção. Para atingir os objectivos de neutralidade
carbónica com que as instituições europeias e
nacionais se comprometeram, será fundamental
levar a transição energética aos clientes residen-
ciais e empresariais, de forma a todos contribuírem para este
caminho. O próprio cliente está cada vez mais desperto e quer
fazer parte da resposta à urgência climática.
Ao mesmo tempo, também a sua ligação com as empresas
que escolhe se tem alterado. O cliente é cada vez mais informa-
do e digital e espera uma resposta personalizada. Neste senti-
do, explica Pedro Galvão Pires, director da área comercial da
EDP Comercial, segmento B2C (residencial), faz parte da EDP
tornar a experiência do cliente mais rápida e simples, mas tam-
bém apresentar-lhe uma ligação inovadora e diferenciadora.
A experiência dos mais de quatro milhões de clientes da
EDP Comercial é cada vez mais digital – com maior número
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 167
de serviços disponíveis no digital e através de mais funcionali- tro milhões em Portugal –, como para recuperar aqueles que
dades que potenciam o selfcare; inovadora – com jornadas no possam ter trocado de comercializador de energia e serviços.
contacto com o cliente que promovem a adopção de produtos Assim, salienta o profissional, «a experiência nos diferentes ca-
e serviços da transição energética –, mobilidade eléctrica, efi- nais está em constante processo de inovação e é actualizada
ciência energética ou energia solar – e mais omnicanal – com a perante o feedback que recebemos». No último ano, destaca o
integração entre os vários canais disponíveis numa experiência crescimento de novas soluções para o cliente no canal digital,
única e simples. «Acreditamos que esta estratégia integrada é a que melhoraram a conveniência na utilização dos produtos e
melhor forma de servir os nossos clientes, sendo a EDP Comer- serviços. Estas alterações tornaram possível, por exemplo, que
cial a comercializadora com melhor performance no Portal da o cliente contacte a EDP Comercial pelo WhatsApp, ou que
Queixa, tendo sido identificada em 2021 como marca recomen- realize quase toda a gestão do seu contrato na área de cliente.
dada», sublinha Pedro Galvão Pires. «Acreditamos que esta é uma estratégia de sucesso, uma vez
A melhoria contínua do serviço é uma das prioridades da que cerca de 70% dos clientes residenciais escolhem a EDP Co-
EDP Comercial, não só para reter os clientes – mais de qua- mercial para seu parceiro de energia», comenta o director.
168
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE EDP
EXPERIÊNCIA PERSONALIZADA
O responsável lembra que a recolha e análise do feedback equipas de gestão. Nesse sentido, identificamos situações que
sobre a experiência do cliente é fundamental e, por isso, inves- podem ser rapidamente melhoradas ou corrigidas», desvenda.
tem em ferramentas e metodologias que permitem recolhê-lo E pretendendo a EDP Comercial ser o parceiro de sustenta-
em vários momentos da relação – desde que estão a construir bilidade dos portugueses, considera ser fundamental comuni-
novas propostas de valor, aos diferentes momentos na sua jor- car com os clientes, para além das suas necessidades de respos-
nada, passando pela interacção directa com a marca. ta sobre a factura ou outros serviços. «Fazemo-lo em todas as
«Após cada contacto com a EDP, o cliente é convidado a fases, através de comunicação above the line, redes sociais ou
responder a um questionário que permite avaliar a sua satisfa- recorrendo também por vezes a influenciadores com credibili-
ção. No caso de clientes que optem por indicar que não ficaram dade, no caso de soluções mais transversais», enumera Pedro
satisfeitos, são posteriormente acompanhados por uma equipa Galvão Pires.
especializada, que analisa a situação para a resolver e identi- Além disso, também o fazem de forma segmentada, atra-
ficar o que poderá ser melhorado», explica o director da área vés de email, notificações na app EDP Zero ou até através de
comercial da EDP Comercial. contacto telefónico, quando necessário. Nestes canais, utilizam
A EDP também convida periodicamente os clientes a ava- soluções diferenciadoras, que relacionem o cliente com a EDP.
liarem os seus produtos e serviços. E no momento de desenvol- Pedro Galvão Pires destaca, por exemplo, o concurso entre
vimento de novas soluções, tem como prática realizar sessões freguesias, no Planeta Zero (que pretendeu unir moradores de
de testes com clientes, para recolher as suas opiniões e alterar cada freguesia para entrarem numa competição por um mês de
ou melhorar as novas soluções. «Este é um processo interactivo energia grátis à freguesia mais sustentável), a recolha de lixo
que consideramos fundamental para o sucesso.» realizada no ano passado nas praias nacionais e a oferta de dor-
Claro que em todo este processo de evolução da experiên- sais para corridas apoiadas pela EDP.
cia do cliente, o envolvimento dos colaboradores é funda- E para o futuro, a EDP Comercial tem como certo que quer
mental para a empresa garantir que entrega uma experiência continuar a apostar em metodologias que permitam criar uma
que reflecte os valores da EDP. «Criar uma cultura focada no experiência de cliente cada vez mais inteligente, com maior ca-
cliente tem sido um objectivo da EDP Comercial, dispondo de pacidade de conhecer os comportamentos e necessidades, per-
ferramentas de informação interna, que permitem uma parti- mitindo criar produtos e serviços de maior conveniência e mais
lha diária entre equipas de contacto directo com o cliente e as inovadores e que promovam a transição energética.
170
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE S4Digital
CONSULTORIA
valor
DE ELEVADO
acrescentado
em TI
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 171
A Transformação Digital mos bem como é importante ouvir os desafios dos nossos clien-
não acontece sem uma tes e ajudá-los com soluções escaláveis que possam proporcionar
resultados mensuráveis para os seus negócios.»
interpretação e visão Entre os seus clientes, a S4 Digital conta com alguns dos
adequadas das necessidades. principais operadores de telecomunicações e parceiros de tecno-
E a S4Digital sabe bem como é logia que lhe confiam a implementação de projectos na Europa,
Reino Unido, Estados Unidos e Médio Oriente. «O nosso mo-
importante ouvir os desafios delo de envolvimento com clientes busca preservar a qualidade
dos clientes e ajudá-los com sobre a quantidade dos nossos serviços. Na maioria dos casos
soluções escaláveis que possam os nossos recursos são colocados em posições-chave dentro de
equipas internas dos clientes e parceiros, visando proporcionar
proporcionar resultados que uma visão externa experiente como trusted advisors», explica
sejam mensuráveis Filipe Marques. E acrescenta: «Estamos empenhados em ajudar
os nossos clientes a colmatar o gap entre estratégia e execução,
criando soluções de valor de curto prazo, visando a rápida esca-
labilidade com um olhar sobre a cibersegurança.»
E por se preocupar em escutar e valorizar as necessidades
E
e opiniões dos seus clientes, a S4Digital coloca-se também na
xistem hoje 25 milhões de pessoas em todo o posição dos seus clientes finais, de forma a garantir uma inter-
mundo fluentes em linguagens de programação, pretação contemporânea das exigências emergentes para poder
ou 1 a cada 125 pessoas em idade activa. Estima-se definir os designs e soluções mais adequadas. «Comunicamos
que isso represente um défice de cerca de 1,4 mi- de forma clara o nosso entendimento e recomendações e leva-
lhões de profissionais face às necessidades. Um dé- mos total transparência a todas as interacções com os nossos
fice que deverá aumentar para 4 milhões até 2025, clientes», explica.
sendo o maior desafio da transformação digital. Neste contexto, Nessa medida, os três pilares que suportam os valores da
a S4Digital surgiu como uma “boutique” de TI com a capacida- S4Digital são: o envolvimento com os clientes no desenvolvi-
de de fornecer serviços de consultoria de elevado valor acrescen- mento de soluções que atendam às necessidades de negócio; a
tado em tecnologias de informação. confiabilidade dos recursos com a capacidade e coragem de en-
«Fomos desafiados a encontrar recursos experientes a nível frentar os desafios com uma mentalidade “yes we can”; e man-
global num mercado complexo e competitivo. As actividades da ter uma conexão estreita com os parceiros tecnológicos que lhes
S4Digital abrangem hoje as Américas, Europa e Médio Orien- permita proporcionar as soluções tecnicamente mais avançadas
te, num total de cerca de 100 pessoas (em crescimento acelera- em suporte dos objectivos estratégicos, tácticos e operacionais
do), distribuídas sobretudo pela Europa, Paquistão e Índia», dos clientes.
conta Filipe Marques, CRO da S4Digital. Essas pessoas foram A S4 Digital está envolvida em projectos de transformação
escolhidas pela sua criatividade, capacidade e conhecimento, digital na Proximus, Virgin Media, Dubai, e Liberty Latin Ame-
compreendendo os desafios dos clientes e dos sectores em que rica, entre outros. O foco está em contribuir para melhorar a ex-
a S4Digital opera. «A nossa proposta de valor é sobretudo essa periência da operação nos clientes, bem como dos seus clientes
capacidade de reunir pessoas talentosas a partir de qualquer lo- finais, num contexto B2C ou B2B. Está focada também em levar
cal do mundo, unidas pelo denominador comum do desejo de aos clientes produtos SaaS inovadores em IoT focados na expe-
resolver e fazer a mudança acontecer.» riência do cliente. Por exemplo, através de uma nova geração
A S4Digital fornece soluções e serviços de Transformação de serviços geridos sobre redes Wi-Fi inteligentes, melhorando
Digital ligados às tecnologias líderes de mercado em áreas-chave a visibilidade e capacidade de resolução remota de problemas e
da Transformação Digital. Esse foi o foco da empresa até final melhorias da qualidade de serviço (QoS) em redes domésticas e
de 2021. Para 2022 está a apostar em Cibersegurança, Inteli- empresariais. Para além de incrementar a experiência do cliente
gência Artificial, IoT e Data Science. «Destacamo-nos pelo nos- final, constitui também uma oportunidade de monetização de
so compromisso com a excelência, atraindo recursos humanos serviços por parte do operador. Ou seja, a sinergia que busca
qualificados alinhados com os elevados padrões que definimos entre a melhoria da experiência do cliente e o reconhecimento
na prestação dos nossos serviços», sublinha Filipe Marques. A concreto do valor acrescentado das soluções adoptadas.
liderança da S4Digital tem origem na prestação de serviços em
operadores TELCO Tier 1 e 2 a nível global, um contexto desa- PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
fiador com elevadas exigências de transformação digital na úl-
tima década. «A Transformação Digital não acontece sem uma Recentemente, a S4Digital fechou uma parceria com a Siemens/
interpretação e visão adequadas das necessidades. Então, sabe- /Mendix que permitirá desenvolver a área do Low Code. Tra-
172
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE S4Digital
Você não
é o cliente
I
magine-se numa reunião em que está a analisar
um dos produtos da sua empresa, em conjunto
com os principais decisores – aquilo que está a
correr bem, as reclamações recebidas e como de-
verá esse produto evoluir. Se estiver atento, pro-
É essencial auscultar o vavelmente a maior parte dos contributos começa
mercado. As técnicas de por “eu acho que…” (acho que devemos alterar isto, acho que os
clientes não gostam daquilo, acho que devemos fazer assim, etc.).
observação contextual, Hoje, ainda há um grande enviesamento dos decisores na
no terreno, usadas em criação e na melhoria de produtos e serviços. Ainda é muito
User Experience e Service usada a opinião pessoal, a experiência pessoal ou a experiência
de pessoas próximas. Mas a forma de pensar dos profissionais
Design, permitem obter dados da empresa é diferente da dos seus clientes. Por isso, as em-
confiáveis para a tomada presas devem ter mecanismos de auscultação do mercado fre-
de decisão, ao contrário de quente (ou contínua) e técnicas que permitam perceber os seus
clientes e a sua experiência com os seus produtos ou serviços.
algumas técnicas tradicionais Algumas equipas de marketing usam, há já alguns anos,
das equipas de marketing técnicas com esse objectivo, como questionários e focus
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 175
groups. Mas essas técnicas, por vezes, não produzem resulta- Outro problema que existe nestas técnicas de auscultação
dos realistas ou, pelo menos, suficientemente robustos. do mercado é que, muitas vezes, as pessoas são convidadas a
Talvez por essa razão, sente-se que existem cada vez mais julgar produtos ou serviços que não usaram. E imaginar usar
equipas de marketing a procurar serviços de User Experience algo não é o mesmo que realmente usá-lo. Mesmo que tenham
(UX) e Service Design. usado o produto ou serviço no passado, aquilo que vão respon-
der é o que se lembram de ter feito ou sentido e a memória hu-
OS PROBLEMAS DOS QUESTIONÁRIOS, mana é muito falível, especialmente em relação aos pequenos
FOCUS GROUPS E TÉCNICAS SEMELHANTES detalhes (que, muitas vezes, são o mais importante).
Com tantos problemas identificados, parece que não há
Há diferenças significativas entre o que as pessoas dizem que forma de perceber realmente as preferências e dores dos clien-
querem e fazem, e aquilo que realmente fazem. tes… mas há! Embora não existam técnicas perfeitas, o mais
Por um lado, as pessoas têm muita dificuldade a fazer pre- importante é saber o que perguntar, quando e como analisar os
visões. Por exemplo, a psicóloga Susan Weinschenk explica, em clientes e como interpretar as respostas.
vários artigos e livros, que aquilo que as pessoas acham que as
vai fazer felizes e que vão gostar de fazer, quando é analisado TÉCNICAS PARA PERCEBER
passado algum tempo, tem, na verdade, muito pouco impacto REALMENTE OS CLIENTES
na sua satisfação. Por outro lado, as respostas que as pessoas
tendem a dar em questionários e focus groups são inf luen- A melhor forma de conhecer os clientes é observá-los no contex-
ciadas pela sua intenção, que pode ou não concretizar-se. Por to real de utilização do produto ou serviço.
exemplo, quando dizemos que vamos começar a fazer dieta Existem várias técnicas que se baseiam neste princípio da
amanhã e depois comemos um hambúrguer duplo com bacon. observação e são inspiradas pela etnografia, uma metodologia
Em focus groups, especificamente, a maioria dos participan- da antropologia social que prevê a observação imparcial e não
tes dá respostas enviesadas. Isto pode ser inconsciente, porque interventiva no ambiente, no contexto e em todos os aspectos
podem não estar cientes das verdadeiras razões das suas deci- sociais que envolvem determinadas pessoas ou grupos. Mes-
sões, ou foram influenciados pela resposta do participante do mo em contexto empresarial, muitas vezes são antropólogos,
lado. Mas também pode ser consciente, porque querem aproxi- sociólogos ou psicólogos que fazem estas actividades, a que se
mar a sua resposta àquilo que acham que o moderador quer ou- chama de “research”.
vir ou é socialmente aceitável. Esta é uma ideia partilhada há vá- A técnica Service Safari, por exemplo, consiste na observa-
rios anos por Jakob Nielsen, um dos gurus da usabilidade e UX. ção imparcial, sem intervenção, de clientes a usarem um ser-
Por outro lado, a envolvência de um focus group não é natu- viço ou sistema. Já o Shadowing alia a observação a algumas
ral, pois junta várias pessoas numa sala, fora do contexto natu- perguntas feitas ao utilizador que está a ser acompanhado, com
ral de utilização do produto ou serviço em causa. É muito difícil o objectivo de perceber o porquê de determinadas acções. Des-
conquistar a confiança necessária dos participantes para que ta forma, consegue-se ter informação mais rica sobre as dores,
dêem respostas honestas, mesmo que o moderador seja muito os problemas e as emoções dos clientes.
bom. E muitos dos factores que influenciam o comportamento No caso dos produtos digitais, os testes de usabilidade são
não podem ser descobertos no espaço de poucos minutos. uma das principais ferramentas para encontrar problemas
Metodologia de Human-Centered Design (HCD) criada pela Tangível, com base em Design Thinking
176
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE Tangível
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178
CADERNO CUSTOMER EXPERIENCE Zomato
A APP QUE
APOSTA NO Delivery
sustentável
N
A pandemia trouxe dificuldades uma conjuntura pandémica, de total indefinição
a vários sectores e o da e falta de informação, a plataforma de descober-
restauração não foi excepção. ta de restaurantes Zomato acabou por assumir
um papel essencial junto dos restaurantes e par-
A Zomato Portugal transformou ceiros. «Posso dizer que nas primeiras semanas,
este período de crise numa missão ainda em Março de 2020, depois de tomarmos
de reafirmação da marca junto consciência do que realmente se tinha passado, a equipa da
Zomato agiu mais como um “apoio psicológico e pedagógico”
de restaurantes, utilizadores, ao mercado do que todas as funções normais que tínhamos no
clientes e parceiros dia-a-dia antes da pandemia. Os restaurantes não sabiam o que
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 179
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DISTRIBUIÇÃO
CADERNO
ESPECIAL
PATROCINADORES
184
CADERNO DE DISTRIBUIÇÃO Enquadramento
à vista
tes processos, tornando evidentes necessidades
tímidas até este momento, ou que não existiam
de todo. No sector do retalho não foi diferente.
A chegada do novo coronavírus mostrou a importância de
repensar o papel das lojas físicas e de actualizar as platafor-
mas online, para que sejam capazes de responder àquilo que os
clientes procuram. De acordo com Gonçalo Lobo Xavier, direc-
tor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribui-
ção (APED), os primeiros meses de pandemia foram sinónimo
de uma actividade online muito concentrada na área alimentar.
Presente no evento Building the Future, que ocupou o Capitó-
lio, em Lisboa, no final de Janeiro, o responsável justificou este
cenário com a incerteza e desconfiança dos portugueses face às
O sector do retalho e superfícies comerciais. Como consequência, foram necessários
distribuição enfrenta investimentos avultados por parte dos operadores.
Segundo Gonçalo Lobo Xavier, a crise sanitária terá ante-
novos desafios. Para dar cipado em cinco anos a lógica do comportamento do consumi-
resposta às mudanças dor relativamente ao online. Obrigados a passar mais tempo em
do mercado, as empresas casa e com receio de contrair ou propagar o vírus, os portugue-
ses começaram a explorar – como nunca tinham explorado – as
devem estar atentas alternativas digitais, procurando fazer as suas compras a partir
e identificar tendências do conforto e da segurança do próprio lar.
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 185
No entanto, este comportamento – como todos os compor- ber tendências e encontrar as melhores soluções para adaptar
tamentos – não se manteve estanque. No mesmo evento, o di- os serviços e a oferta às mudanças dos consumidores.
rector-geral da APED sublinhou que se sentiu que as pessoas
estavam ávidas de voltar à experiência de consumo mais tradi- O DESAFIO DO ISOLAMENTO
cional, ou seja, em loja. Assim que o Governo aligeirou algumas
medidas e em que o mercado se tornou um pouco mais aberto Também no final de Janeiro, Gonçalo Lobo Xavier deu uma en-
(através do fim das restrições horárias, por exemplo), os por- trevista à RTP em que alertava para as dificuldades que o sector
tugueses regressaram a alguns hábitos antigos, pré-pandemia. sentia na sequência dos números elevados de novos casos po-
Conclui-se que o online poderá ter, em alguns casos, uma sitivos que se verificavam diariamente. «Se não actuarmos já e
função mais relacionada com a pesquisa de produto e com a de- se continuarmos com este risco de infectados, não há inovação
finição de compra do que com a aquisição em si. Isto é, muitos possível por parte de toda a cadeia de valor para fazer face a es-
consumidores recorrem aos motores de busca, sites, aplicações tas dificuldades», indicava o director-geral da APED.
e redes sociais para conhecer novas marcas e explorar catálogos A proposta, na altura, passava por implementar um regime
para, mais tarde, efectuar a compra em lojas físicas. Ou, pelo de apenas cinco dias de isolamento para pessoas assintomáticas
menos, optar por levantar a encomenda em pontos físicos, re- de forma a contrariar os níveis de absentismo que começavam a
correndo a serviços de click & collect ou pick-up points. preocupar as empresas de distribuição: 10% a 12%.
Outro desafio que a pandemia trouxe ao sector da distribui- A APED alertava também para os baixos níveis de produ-
ção prende-se com o transporte e os processos logísticos: com tividade decorrentes deste cenário, que entretanto terão sido
o crescimento do online, foi preciso adaptar infra-estruturas revertidos. Actualmente, as regras da Direcção-Geral da Saúde
e garantir que todas as encomendas chegavam ao seu destino. (DGS) indicam que pessoas com um teste Covid-19 positivo e
Gonçalo Lobo Xavier sublinha que os associados da APED que não tenham sintomas ou apresentem apenas sintomas li-
nunca pararam nem tiveram problemas a este nível. geiros fiquem sete dias em isolamento. Quem tiver sintomas
Sobre o futuro, o director-geral da APED indica que os há- moderados ou graves deve ficar pelo menos 10 dias. Quanto aos
bitos adquiridos no decorrer da pandemia e deste regresso a um contactos, não é recomendado, neste momento, qualquer perío-
mundo com menos restrições vieram para ficar. No entanto, no do de isolamento, embora aqueles que forem considerados de
que ao retalho especializado diz respeito, ainda é difícil perce- alto risco devam realizar dois testes à Covid-19.
186
CADERNO DE DISTRIBUIÇÃO Continente
UM RETALHISTA
À MEDIDA DOS
portugueses
MARKETEER # 308 MARÇO DE 2022 187
O
estes são cada vez menos produtos de nicho, porque satisfazem
Continente tem como propósito surpreender mesmo os mais exigentes a nível de sabor e os que não se que-
todos os dias os seus clientes com os produtos rem desviar do budget familiar habitual;
mais saudáveis e mais sustentáveis, sempre aos Continente Bio – Marca desenvolvida a partir dos melho-
melhores preços, e privilegiando a produção res ingredientes naturais de produção biológica certificada, que
nacional. Ao dia de hoje, dois em cada três pro- combina as melhores e mais sustentáveis práticas ambientais,
dutos de marca própria do Continente são pro- com as normas mais exigentes de bem-estar dos animais;
duzidos em Portugal, contribuindo de forma decisiva para o Continente Eco – Lançada no início do ano passado, inclui
desenvolvimento e sustentabilidade económica do tecido em- produtos ecológicos de limpeza do lar e higiene pessoal e alia
presarial nacional. a sustentabilidade ambiental à eficácia e preços acessíveis. Os
De resto, a marca própria do Continente é cada vez mais produtos Eco são para todos os que procuram adoptar soluções
uma peça central da proposta de valor da retalhista MC, repre- mais ecológicas, sem abdicar da eficácia dos produtos, nem pa-
sentando já, em média, 44% (em quantidade) da cesta média gar mais por isso;
dos clientes que compram produtos alimentares (marca pró-
pria vs. marca de fornecedor) nas lojas Continente. Um sinal da
confiança que os consumidores depositam nas marcas próprias
do Continente, que respondem por mais de 4 mil artigos nas
prateleiras, sendo que os novos produtos representam já cerca
de 7% das vendas.
«Além da competitividade de preço, a marca própria Con-
tinente tem-se afirmado pelos elevados padrões de qualidade,
variedade e inovação, tendo vindo assim a conquistar a con-
fiança e a preferência dos portugueses», salienta Tiago Simões,
director de Marketing da MC. «Um dos grandes vectores da
sua evolução tem sido a aposta na inovação: as equipas internas
das áreas do sourcing e da qualidade estão focadas no desen-
volvimento de produtos que distinguem e elevam a proposta de
valor da marca Continente pela sua diferenciação e qualidade»,
reitera o responsável.
Além da aposta na inovação e na portugalidade, a insígnia
do universo MC tem vindo a investir noutras vertentes do ne-
gócio no sentido de se adaptar cada vez mais às necessidades
dos consumidores portugueses, o que se reflecte no reforço da
rede de lojas de proximidade (Continente Bom Dia), na como-
didade que tem oferecido ao nível de entregas (Click&Go) e
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CADERNO DE DISTRIBUIÇÃO Continente
Continente Seleção – Com produtos premium, é a marca dutos mais sustentáveis, tanto ao nível da embalagem como dos
ideal para os momentos especiais, sem que isso obrigue a gran- próprios produtos.
des esforços no orçamento. O Continente pretende, assim, de- Desde 2019 já foram concluídos planos de optimização nu-
mocratizar o acesso a produtos de enorme qualidade; tricional em mais de 350 produtos de marca própria Continente,
Continente do Bebé – Uma gama especializada em produ- que se traduziram em reduções anuais de 800 toneladas de açú-
tos de alimentação, higiene e limpeza para o bebé, pensados car, 120 toneladas de sal e 385 toneladas de gorduras saturadas.
e adaptados a cada etapa de crescimento, dos 0 aos 36 meses, O movimento impactou categorias que têm um grande peso nas
lançada em Janeiro deste ano. «É mais uma forma de estarmos cestas de compras dos portugueses, como iogurtes, cereais, bo-
ao lado dos portugueses com produtos desenvolvidos especi- lachas, refrigerantes, batatas fritas, polpas de tomate e sopas de
ficamente para as necessidades dos bebés e dos pais, desde o take away, contribuindo desta forma para melhorar a saúde e es-
primeiro dia, e que traduzem o papel importante da marca pró- tilo de vida dos consumidores.
pria na democratização do acesso a produtos da mais elevada «Os produtos Continente privilegiam a transparência, sen-
qualidade e eficácia», explana Tiago Simões. do os únicos no mercado que apresentam informação nutricio-
Com efeito, a marca própria do Continente tem vindo a nal na frente das embalagens em forma de semáforo, indicando
crescer como um todo nos últimos anos, fruto precisamente do assim ao consumidor o perfil nutricional do produto, de forma
investimento que a insígnia da MC tem feito na qualidade dos bastante simples», frisa o director de Marketing da MC.
produtos, na oferta dos melhores preços, na inovação e varie- E porque os consumidores têm hoje uma maior preocupa-
dade das gamas que disponibiliza. ção em relação àquilo que consomem e ao impacto que os ali-
Em termos de cabaz, alguns dos produtos mais procurados mentos podem ter na sua saúde e ambiente, o Continente tem
pelos clientes – além daqueles que constam no cabaz básico, vindo a reforçar a sua oferta de produtos biológicos e vegan.
como arroz, massa ou conservas – são os iogurtes de straciatella Entre os lançamentos mais recentes, destacam-se inovações
(líquido e mythos) e o café sistema exclusivo Continente, que como os Veggie Meals, as bolas energéticas, as bolachas 0%
teve uma taxa de repetição de compra superior a 60% em 2021. açúcar adicionado, os iogurtes Mythos ou a farinha de espelta,
todos da gama Continente Equilíbrio.
PROMOVER O CONSUMO RESPONSÁVEL «Somos a marca de produtos biológicos líder em Portugal,
com uma oferta diversificada de produtos de qualidade, de cer-
Ciente de que os consumidores actuais «procuram fazer parte tificação biológica, sempre aos preços mais baixos», garante
das decisões e conhecer aquilo que colocam nas despensas de Tiago Simões. «Mais do que oferecer estes produtos, encara-
casa», conforme explica Tiago Simões, o Continente tem vin- mos como nossa responsabilidade disponibilizá-los de forma
do a reforçar o compromisso em oferecer produtos nutricio- democrática, ou seja, garantir que são acessíveis à maioria das
nalmente mais equilibrados, em reduzir os níveis de sal e de famílias portuguesas que os desejem incluir no seu carrinho de
açúcar nos seus produtos e em garantir, de um modo geral, pro- compras», reitera.
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A sustentabilidade está também no centro da estratégia do observa-se um crescimento maior no serviço Click&Go, com
Continente. Além do eco-design das embalagens que poderão recolha na loja.
ter também um impacto positivo nos transportes, a estratégia «Verificamos também que o nível de adesão dos clientes às
da insígnia da MC passa essencialmente pela maior eficiência soluções tecnológicas do Continente é crescente, muito associa-
das rotas, das cargas e das viaturas, bem como pela transição do às (também crescentes) necessidades de conveniência. Não
para tecnologias alternativas, prevendo-se uma crescente elec- só verificamos uma utilização com maior intensidade de cada
trificação da frota de viaturas ligeiras para os circuitos mais um dos serviços que disponibilizamos, como um acréscimo da
curtos e estando também em fase de testes a utilização de Gás utilização conjunta e cruzada, em que, por exemplo, o cliente
Natural Veicular nas viaturas mais pesadas e que cobrem maio- compra online na app Continente, paga com o Continente Pay,
res distâncias. levanta a encomenda numa loja física e faz uma devolução nessa
Adicionalmente, o Continente Online tem uma política de mesma loja», refere o director de Marketing da MC.
utilização de sacos de alta proporção de material reciclado e No que diz respeito às visitas presenciais às lojas Conti-
100% recicláveis, que podem ser integralmente devolvidos pe- nente, passaram, desde o início da pandemia de Covid-19, a
los clientes (recebendo o respectivo crédito), responsabilizan- acontecer com menor frequência, mas, também por isso, em
do-se o Continente pelo seu envio para reciclagem. quantidades superiores em cada ida, inclusive nos produtos
frescos, tais como carne, peixe, fruta e legumes. Além disso, a
GARANTIR CONVENIÊNCIA E CONFORTO crise pandémica levou mais clientes a privilegiar canais de con-
veniência para mantimentos e alimentos básicos, confirmando
Para o Continente, inovar significa também estar presente e a oportunidade de expansão de lojas de proximidade, como as
acessível em qualquer canal de distribuição à escolha dos consu- lojas Continente Bom Dia.
midores. Em particular desde o início da pandemia de Covid-19 Apesar do contexto de incerteza que se mantém, a MC não
em Portugal, a procura pelo Continente Online «aumentou ex- prevê alterações estruturais aos seus planos de expansão para
ponencialmente», o que obrigou a retalhista da MC a reforçar os próximos anos, mantendo «o foco nos formatos de proximi-
a sua infra-estrutura operacional, que lhe permite servir hoje dade e zonas urbanas e atenção aos novos negócios de cresci-
mais do dobro dos clientes através deste canal. mento, especialmente saúde, bem-estar e beleza». «Na MC es-
O grande pico de procura pela loja de e-Commerce do Con- tamos sempre à procura de novas formas de acrescentar valor
tinente decorreu logo na primeira fase da pandemia, há cerca ao serviço que prestamos aos nossos clientes. Em 2022, vamos
de dois anos. Mas desde então que o crescimento do Continen- continuar a adaptar-nos às novas circunstâncias, colocando
te Online tem sido «regular e consistente», apresentando inclu- sempre o cliente no centro do negócio e sendo, simultaneamen-
sive nesta fase «um crescimento mais acelerado do que antes do te, proactivos e reactivos na captura de oportunidades futuras,
início da pandemia», conforme revela Tiago Simões. A entre- garantindo a manutenção da nossa posição de liderança», pro-
ga em casa mantém-se como a preferida, mas neste momento mete Tiago Simões.
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CADERNO DE DISTRIBUIÇÃO Jordão
CONTROLAR AS
TEMPERATURAS
SEM PERDER eficiência
energética
O compromisso da Jordão passa por inovar e ir
mais além, no desenvolvimento de equipamentos
eficientes e com os melhores consumos de energia.
Tudo para continuar a conquistar mercados
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D
esenvolvendo e fabricando equipamentos para que sejam realmente atractivos e convenientes», sublinha Joana
refrigeração e aquecimento alimentar (exposi- Lobo, directora ID da Jordão.
ção e conservação), quer para o off trade como Do ponto de vista da operação, a eficiência e custos opera-
para o on trade, a Jordão tem no retalho ali- cionais, o consumo de energia e a higiene/segurança alimentar
mentar (pequeno retalho especializado, grande estão na ordem do dia. «Temos desenvolvido soluções e equi-
distribuição e Horeca) os seus clientes. Nos anos pamentos que permitem ganhos operacionais, como a moni-
mais recentes, com o crescer de relevância de formatos como torização remota dos equipamentos (desenvolvemos a app
gelatarias, take-away, chocolatarias e e-Commerce, a empresa J-SMART) e a redução do consumo de energia», conta.
tem apostado algumas das suas fichas no desenvolvimento de O crescimento do e-Commerce alimentar foi um novo e
soluções e modelos específicos para essas realidades. muito estimulante desafio para a Jordão. «O e-Commerce é
Com 40 anos de história, a Jordão tem assistido e partici- uma nova oportunidade para inovar e estarmos presentes com
pado nas grandes transformações que sucederam no retalho uma proposta de valor num novo canal de venda», comenta.
alimentar, tanto por via de alterações no comportamento de Nesse sentido, puseram em marcha o desenvolvimento de ca-
consumidores, como pela evolução dos formatos das insígnias. cifos automáticos com temperatura controlada para o levanta-
Nos anos mais recentes, a conveniência e a experiência do mento de encomendas online de alimentos. Mas, conta, «era
consumidor têm sido centrais nesta transformação, nomeada- preciso ir mais além e incorporar uma solução IoT integrável
mente os formatos relacionados com o auto-serviço, os exposi- com o sistema dos retalhistas, para que pudesse haver uma mo-
tores self-service, mas também o take-away e o food-on-the-go. nitorização em tempo real dos equipamentos e do levantamen-
O retalhista está, hoje, «muito mais atento à experiência da to das encomendas, que se faz por meio de um código QR, pin
marca e de compra, procurando desenvolver formatos físicos code ou outros».
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CADERNO DE DISTRIBUIÇÃO Jordão
O MARKETING EM
contexto
de guerra
O
Texto
SÓNIA
NOGUEIRA
docente e coordenadora da
Universidade Portucalense