Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conselho Editorial
Prof. Dr. Antonio ThomazJirnior UNESP
Prof. Dr. Ariovaldo de Oliveira Santos UEL
ProL Dr. FranciscoLuis Corsi - UNFISP
Prof. Dr. ]orge Luis CammaranoGonzáles- UNISO
Prol Dr. lorge Machado- USP
Prof. Dr. foséMeneleuNeto UL,CE
': : , , l u ç ã o
't: pürdFalartlc ivltta,i
5 o s r . oF l l r o se o o s 5 .,
r\),i t A L\'ES
-'r tt ul o I
.:,. i l o pesqui s aem tel i :
... t tl o cri oç ão tl e t' i tts,.:
. \l .tnr.q P rNno or (..r' -t
Gnupos FocArs:coNCEITo.
A P L I C A ç Ã o E D ESENVo L VÌM ENT o
lx-r'nonuçÃcr
O quehá em comumnessas
abordagens
é queelasprocuramdes-
vendarcomoa pessoas
constroem
o mundoà suavolta,o queestão
fazendo
ou queestáacontecendo
comelasemtermossignitìcativos
e queofèrecem ricasde insight.(FLICK,2007,p
possibilidades 9)
Nlelissa
cleN{attos
Pimenta
é socióloga,
professora
do Departamento
deSociokrgia claUnir.er
sidadeFederal violênciae (.idadania
cÌoRioGrandedo Sule membrodo GrupodePesquisa
r lf iL I
Fig.Ì.2- GrupoÍìrcal
Esquema
do tipo deinteração
quedeveocorrerentreosparticipantes
deum grupofocal
Grupos focals. conceito. apltcação e desenvolvtmenta
Bntv t n r \ r oRr('()
Os primeirosgruposf'ocaiscomeçarama serdesenvoÌvidos
a partir da amplia-
çãodo uso de entrevistasabertas,na décadade 1930,nos EstadosUnidos.Dúviclas
sobrea capacidacledas entrevistasindividuaise dos questionários,cotn pergun-
tas direcionadase alternativasde respostafèchadas,de obter respostasrealmente
próxintasda realidadedo informante,direcionoua sociologianorte-americalla
iì()
uso de entre\.istas
com questÕes
abertas,duranteas quaisos entrevistados
parti
cipan-rmais ativamentedo processo,oÍèrecendoopinioes,comentiiriose explica-
aAP T UL a r g -
Irm pesquisas
sociais,os gruposfocaissãoformadospor, no mínimo, 3 pesso-
ase,no máxirno l2 participantes, sendoqueo tamanhopodevariar cleacordocom
os objetivosda pesquisae o tipo de dinâmicaque se cleseja
clesenvolver.E preciscr
pelo menostrêspessoas para queseÍorme um grupo e é i'desejár,elreunir mais do
que dozepessoas, pois urr-rgrupo muito grandetendea se dispersare a se dividir
em rodasn-Ìenores de conversaque se sobrepoem.Além cÌisso,é mais difícil mo_
derar gruposmuito grandese o tempo disponívelpara que todos
os partrcipantes
contribuamcom a discussãoÍlca sensivelmente
reduzido.
A ati'idade devedurar de uma a atéduashoras,potlendohavercerta
f-lexibili-
dadeem relaçãoao tempo totarda discussão,mas é importanterimitar a duraÇão,
Grupos focais. conceito. aplicaÇaa e desenvolvÌmenta
l E \ LC L:c,\c)
Ì' L -.\\F -J .\N tE \T()
Característica Exemplos
Sexo Nem scrnpreos honiensse sentenìà vontadepraratàÌar quanclo
estão na presençade mulheres c vice-versa.[sso é importan-
te quando o iÌssuntoenvolvedifererrçasde gênero,como por
exenrplo,diferençasde ganho salariaÌentre homensc muÌheres
no mercacÌode trabaÌho.
Idade Muitirsvezesas diferençasde idadepodenì fazeros participan
tes se sentiren'rintimidados pelos maÌs velhos e/ou peÌosmais
llovos e vice-versa.frabaìhadores mais velhos, que estão há
mais tempo em uma empresa,podem se sentir constrangidos
ou desconfiados em relaçâo aos jovens que ingrcssarln.r
recentemente e vtce-versâ.
Situaçãoou I)ependenclo do probÌerna
de pesquisa,
sercasado,separadoou
composição vìúr.opocleserum fàtordeinterferência,
especialntente
quando
familiar o objetir.'o
dosestudorequerqueosparticipante
s tenharn1ìlhos,
por exernplo,ou tenhantpassadopor umasepraração
conjugal.
Graude Pessoris
com diÍèrençasdc escolaridademuito grandessc com
escolaridade portam de fìlrrna muìto diversa em um grupo focaÌ, cspecial-
mente na maneira como articuÌam e expressaniideias,com-
preendemuma perguntae verbaÌizamsuasexperiências,o que
pode ser um forte fator de inibição.
Raça/cor/etnia Quando as tlifèrençasraciaisou etnicasestãono cernedo pro-
blernade pesquisa,não e interessantemisturar pessoiisque se
reconhecemracial ou etnicamentediferentesno mesmogrupo.
Oc u p a ç ã o /posi çãoE in"ìportante
considerar as difèrenças
de posiçãohierárquica
hierárquica/cargo/ quefaz.em partedo mundodo trabalho,especialrnente
quando
função osparticipantestrabalhamna mesmaempresa.
Renda Diferençasde renda muito grandestornam-sesensíveis,espe-
ciaÌmentequando o tema em questãoenvolvesalário,poder de
compra e hábitosde consumo,entre outros.
4.3.1 Desenho
Quaclro deestr.rdo
de categoria
única
Quadro4.3.2- Desenho
deestudocommirltiplascategonas
Quadro4.3.3 Desenho
cÌeestudocomcluplaentrada
Númerode grupos
Zo na n orte
FamiÌiares
Zonas ul
FamiÌiares
Pacientes
Z onales t e
Familiares
Zona oeste
Fantiliares
No desenhodo estudo,é importante colocarna baÌançao tempo, os recur
sos disponíveise a capacidadeda equipede pesquisa.SegundoKruegere Casey
(2000),"geralmentedecidimosquantosgruposserãorealizadosem funçãodos re-
cursosdisponír'eis:
quantomenosrecursos,menosgrupos."(p.28-29)
A elaboração
do roteirode tópicosou perguntasa seremapresentadasaospar-
ticipantesdeveser reaÌizadaainda na fasede planejamentodo estudo.o grau de
estruturaçãodo roteiro dependerádos objetivosda pesquisa.
Quando o objetivo é responderdeterminadasquestÕes, o roteiro será mais
estruturado,com Íoco no que precisaserdiscutido.Na elaboraçãodo roteiro deve
sercstabelecido
um número precisode perguntas,com previsãodo tempo de dis-
cussãcl
dedicatÌoa cadauma deÌas.E,lasdevemir direto ao ponto e buscaratender
aosobjetivosda pesquisa.Nessecaso,cl moderadorterá de exercermaior controle
sobreo grupo,a firn de garantirque a discussãonão saiamuito do foco.
Jáquancioo objetivoé explorarum cleterminado
problema,a abordagempode
ser n-ìenosestruturada.As perguntassão mais abertase devem permitir a cles-
cobertade novasquestõesao Ìor.rgci
da discussão,gerandonovos lnsrglrÍspara a
equipede pesquisa.Nessecaso,o moderadorpocledar n-raisliberdadeao grupo
para conduzir a dinâmica na direçãoque mais lhe interessar,
encorajandoos in
terÌocutores
a compartilharemideias,sentinentose experiências,
pois o objetivoé
aprendercom a perspectivados participantessobreaqueleassunto.
Uma lista de tópicosa seremdiscutidose um tipo de roteiro menosestrutu-
rado. 'i'em a vantagemde ser mais rápido e fácil de ser elaborado,e permite ao
moderadorf-orn"ruÌar perguntasa partir doscomentáriosdosparticipantes. Porem,
e mais difícil de analisarcompararlvamente as sessòes,uma vez qur-as perguntas
podem serccllocadas
de maneiradilèrenteentreos grupos.Muitas vezes,é irnpos-
siveÌcompararo conteúdoentre os grupose quando sãoutiÌìzadosmoderadores
diferentes,o encaminhamentoda discussãopode tomar rumos muito divergentes
entresi.
fá um roteiro de perguntasestruturadasé mais diÍícil e levamais tempo para
sereÌaborado,mas tem maischancede atenderaosobjetivose interesses da equipe
de pesquisa.A qualidadeda análisetambém e melhor,pois o roteiro minimiza a
Grupos Íocais: conceito. aplE(ìÇàa e tjesenvolvintento
Quadro5.1_.Tiposde perguntas
ernroteirodegrupofìrcal
Tipo de pergunta
9bjerivo
Abertura Servepara os participant.:l*. a,uú....-" a.a ,,,.",,*rrl
conectados
Introdutórias Iniciam a discussãosobreo tema
'Ì'ransição
Realizama transicão;. f".rn-*r,Ì .h;
1r.",
da pesquisa ".,I*,a".
(lhave Iìeferem-seà preocupação centraldo estucio
Fina is Irecham a cÌiscussão
. r;uann-r
,r, p,.r,.-rptes,;r.tl.*
sobreo quef'oidito
fazeraspessoas
fàlarem.Elasvão desdeatividadesqueexigemalgurla criatividade
e envolvimentopor parte dos membrosdo grupo, ao uso de técnicasprojetivas
quandoo assuntoem debateé sensivele aspessoas
tendema se sentirintilticÌajas
em falar sobrealguma coisana frentede outraspessoas. f'endo em mente que o
objetivoé garantir uma boa dinâmica,todo tipo de ideiascriativasnessesenticlcr
sãobem vindas.
o moderadore o assistente
sãofiguraschaveem um estudocom gruposfocais.
Diferentemente
do entrevistador,que tem o papelde conduzir uma comunicação
em duasvias com um interlocutor,o moderadortem o duplo papeÌde conduzir
a discussãoe arbitrar a participaçãodos integrantesdo grupo. Além de prestar
atençãoà dinâmicado grupo,fazerperguntase estimulara reflexão,o moclerador
precrsaestaratentoao conteúdodo que as pessoasestãofàlando,analisanclose
há informaçÕesnovas(Ìue precisamser inr-estigadas,
se a discussãoestásaindo
do foco da pesquisae se todasas pessoasestãointeragindoigualmente.Tambénr
precisaestaratentoparaevitarque aspessoas comecema conversarparalelamente
entresi ou que um closparticipantesdomine a discussão.
o moderadorprecisalembrardo quejá Í-oidito ateo momento,enquantopres
ta atençãono que estáacontecendo, qual é a próxima perguntae qual o n.reÌhor
mon.ìentopara introduzi-Lae, finalmenteo significadodo que o grupo estádi-
zendo.Tudo isso ocorre simultaneamente no processode moderaçãoe, por isso,
trata-sede uma atividadequeexigemuita energiae concentração
e qualquerinter,
rupção,como a chegadainesperadade um membro atrasado,por exemplo,pocle
distrair o moderador(eo grupo)da dinâmica,interferindonos resultadosobtidos.
Por essarazão,e fundamentalter pelo menosmals uma pessoaresponsável pelo
bom andamentoda dinâmica.o assistente do moderador,além de tomar notase
observaro que estáacontecendo,deveser responsáveÌ
por ligar e desligaros gra-
vadores,receberas pessoase orientá-lasquandoprecisamsair,ajudara distribuir
materiaiscomo lápis,papele caneta,servir alimentose bebidasquandosoÌicitado,
paraque o moderadornão preciseselevantare interrompera atividacle.
euando o
estudoé reaÌizadocom gruposgrandes,é recomendável
ter mais de um assistente,
pois a cÌrancede dispersãoé r.naior.
aAP i rr i) |
nimato dasdeclarações
que forem feitas,explicar.rcicl
que os rìomesserãoomitrclos
no reÌatóriode pesquisaou identificadospor n-reiode pseudôr.rinros.
(ìeralmelte,
é solicitadoaos participantesque digam seusnorÌes e fomeçanralgumasirrtìrr
m aç ôespont u a i sp, a raq u eto d o ss ec o n h e ç a rn.
D nrantea cl i nâmi ca,
o moderad6r
colocaráas perguntasprevistasno roteiro, mas cleveficar atentoaos cliferentes
encarninhamentosque elapuder tomar.Muitas vezes,os participantesantecilìanl
assuntosque serjamtratadosclepois,ou cÌemorar.nmuito pirra entrar no foco c1a
pesquisa.o moderadordeveser hábll tanto para incentivara participaçào,como
para direcionara cliscussão
no sentidoobjetivadopelaequipede pesquisa,consi-
derandoinclusi-"ea possibilidadeclernudar a ordem das pergur-rtas
e nãclrefazer
uma perguntacasoos participantesjá tenham antecipadoo assunto.
Um aspectoimportante do processoé a sondagernde novasinf-orrnaçiresir
partir doscomentáriosdosparticipantes.
Um bom nrclcleraclor
conheceberrro pr<i
bleri-ra
de pesquisae procuraaproveitaressasoportlÌnidadesinserindopergurrtas
que buscamexploraressasnoviìsinforn-raçÕes.
como por exernpìo,"t,ocêpodcrìa
dar um exemplo?", "potleexplicarmelhoro,|ut:
ou"poderiafalarmaissoI,rcl-s-so?",
vocêtluerdizercom isso",entreoutrasÍbrmulaçtìes.
A dinâmica do grupo pode soÍier alteraçÕes e interÍèrênciaspois há muitas
variáveisernjogo:nem sempreé possívelutilizar uma sal:respeciaÌnterrte
projetacÌa
par a gr upost Ìrc a i sIrm
. p e s q u i s asso c i a i sn, a rrai or pi rrtedasvezesos grnposfo-
c aiss ãoc onc l u z i d oesm l o c a i si rn p ro v i s a d o s,
c omo sal ascl eaul aem escol i rs,
sal as
de reunião,salõesparoquiais,auclitóriose ate mesrìÌona casiìc'laspessoas.Ncn.r
sempreé possívelacotlodar as pessoassentadasern volta cleuma nesa redonda,
as cadeiraspocÌemser desconfbrtáveis
e a climatizlçãodo arlbienteruiur. Outras
pessoasque não estãoenvoÌ'n.idas
com a pesquisapodem entrar e interrompera
atir,'idacle
e os própriosparticipantespoclemse mclstrardesinteressados,
des,:cln-
fiadosou intimidadoscorr-r
a presençadc estranl.ros
oLÌcorn a participaçãcl
exube-
rantede um dos membros.
Em todas essassituaçôestanto o moderador,quauto o assistentc, devernscr
ciìpazesde reagir no sentidode nrir.rimizaros efeitoscleuma intermpção ou dc
url problemaque tire a atençãodo grupo, colnprolÌ1etiìo anclanrentcl
clotrabalho
ou intertìrano rcgistroe na gravacãodo conteúdo.N{esmoque as pessoas
tenhanr
características
effÌ comunl, elasse comportam de uraneirasmuito clifèrentes nas
situaçÕesem grupo. E,contum qlle urn ou rìraisparticipantestenclama clominara
disctrssão,
participandotnaisatir.amente,interrornpendoos clemaise falandonais
tempo cloque tocios.Nessescasos,o rncldc-rador
cÌeveestaratentoe ser capazde
C A P Ì TI -] t O 3
-
NestecapítuloprocuramosexploraraÌgumasdasprincipaisdiretrizes
no sen-
tido de garantirum bom desenhode pesquisae a apricação bem sucedidada técni
ca de gruposfocais.Esperamoscom issoter contribuídoparaorientar
estuclantes
e
pesquisadores a desenvolverem
estudosde forma criteriosae eficiente,produzindo
infornações relevantese confiáveis.porém, é importante ter
em mente que um
procedimentode pesquisajamais é perfeito.Nunca é clemais
salientara lmpor-
tânciade ter clarezaacercadassuasrimitaçÕese dos desafios!,.,eum estudodessa
naturezaimplica.
Grupos íocais. conceito. aplicaÇão e rlesenvolvtmento
R Ì , F I - RÊ Nc t , r s
STRAUSS, A. (2008)Pesquisa
qualitativa:técnicas
e procedimentos
parú o desenvol-
vimentode teoria.fundamentado.
PortoAlegre:Artmed.