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1!1~9AsSOCIAÇÂODOSANTIGOSALu.NOSDAPoLITÉcNICA ~~ .. ...;;.t-::;'~
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~ SEDE ADMINISTRATIVA: CLUB OE ENGENHARIA


SÉDE SOCI;o.L:ESCOLA NACIONAL OE !:NGENHARIA

CURSO DE PROJETO E EXECUÇÃO DE BARRAGENS DE CONCRETO


UNIDADE II - FUNDAÇQES

ASSUNTO: RESIST~NCIA À Cot1PRESSÃO


PROFESSOR: JOSut BARROSO
,;

O processo cornumente usado na determinação da r esistência


à compressão é realizado atraves de um corpo de prova cilíndrico
submetido. a um carregamento axial , entre pratos de uma prensa.

O valor da tensão na rutura é definido :

ac - NA onde
crc - pressão compressiva aplicada
F - força aplicada
A - seção transversal normal à direção da força .
/
I

Teoricamente a determinação da resistência à compressão é


simples , mas na prática surgem problemas que a tornam complexa .
Fatores intrínsecos como mineralogia textura e estr utura da rocha
ou fatores externos como atrito entre os topos do CP e os pratos
da prensa , geometria do CP velocidade de carregamento e condQÇÕes
ambientais afetam· significat ivamente os resultado s . Esses fatores
têm que s er considerados para que a análise dos resultados seja •
realizada e deve~ ser explicit~do~etodiz ados para que os resul -
tados possam ser usados .

Distribuição das tensões


A distribu~ção das tensões no ~orpo de prova em ensaios
de · compressão simple~ axial normalmente .us.3:dos não é função excl~
siva do CP; depende d~· in t eração elást ica entre · a rocha e a pren-
sa . Essa distribuição não é uniforme .

O atrito' entre o"s pr'atos da prel'}.s a e as superfícies dos


tópo s do corpo de prova restringe a expansão lateral e , conseque~
temente, o corpo de prova nessas áreas de costado estão sujeitos
a confinamentos que, dependendo de sua amplitude , do coeficiente
de Poisson da rocha e da rigidez da máquina , determinarão varia =
ções na distribuição e na grandeza das tensões instaladas .
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o

I.

Muitos estudos tem sido realizados no sentido de caracteri


zar a distribuição das tensões no CP submetido a compressão simples
. 1 .
ax~a· ·; com - apo·J:o·-·em proce·ssos-···
fo to-e·J..as·t:Lc-o
:"~.. "" . ...1.
s ·-e ana ... .
TSE: ..teor~ c as e
experimentais. Os r .e..s_l,l).:ta<ios....9.P.:t:;i,.çl.Q_~ .t~m sido algo diferentes em
razão das variações das proprias condições de contorno; diferenças
essas que se apresentam como de ordens qualitativa e quantitativa.

Em média, as tensões existentes nas superfícies do topo do


CP -podem ser apresentadas como a baixo.

a concentração das tensões de compressão. axiais ê .máxima


nas bordas .
- a distribuição das tensões cisalhantes também mostra va -
lores mais altos nas bordas.
- as concentrações das tensões radiais e tangenciais dife
rem muito; porém~ na maioria dos casos ·iri ~es tigados, as
tensões tangenciais assumem valores mais altos que as
· radiais nas bordas do CP e a diferença de screce em dire-
çao ao centro, onde se anulam.

Com respeito a distribuição das tensões no plano médio do


cilindro, .amostraram-se os seguintes re sultados:

as tensõe s axiais ·de compressão são ·m áximas no centro do


CP · ..
-as concentrações das tensões · radiais e tangenciais s ao
minímas, ~ão ·.cfe ::t·~~ção e alcançam atê O, 06 das tensões a
xiais.

Segundo Bordia (197 1 ) a distribuição das tensões tem a for


ma da figura abaixo, em que o corpo de prova é dividi do em duas re
.- • . .. • ....gQI!!- .
g~oes ma~ores: uma prox ~ma aos contacto s ~ os pra tos da prensa

contendo tensões de compressão bi-axiais e a outr~ contendo ten-


sões de tração. Linhas de cisalhamento t em origem nas bordas, co-
mo em B. As te nsões biaxiais de compressão induzem a um enrijecime~
to enquanto as tensões de tração induzem ao enfraquecimento da re-
sistência.

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....

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Ic t t·~<·.. 1- t t D I
Com a aplicação da força uma expansão lateral do CP tende
a existir ao l ongo de todo o seu comprimento . Adrni tindo a conti-
.
nuidade do CP segmentos sofre m expansão tangencial de forma
porci onal à distânc ia do centro ·geométrico do CP. Isto significa
pro
-
que elementos de vo lume situados na fibra externa de um CP em co~
pre s s ão e xibem uma expansão maior db que aquel a ditada pelo coef!
ciente de Poisso n , tal que tensões de tração se fazem pre sentes .

Tensões de tração tambê m são geradas na vizinhança das


fissura s limites dos grãos e e tc, pela ap licação das forças de com
rressao .

Na re ali6ade , os t estes de c ompressão s imples permitem u -


~a leve expansão radial c da c ircunferência dos topos junto aos
contactos , de modo que a distr~buiÇão das tensões tende a urna me -
lhor distribuição do que as considerações acima apresentadas , ba
seadas que foram num confi name nt o absoluto.

Em resumo, pode dize r-s e que nas superfícies de contact o


o efeito de . ficç&o i ntroduz a um est&do triaxial de tensões. Es -
sa região. se estende para o interior . do CP, sob a f orma de .:. . cone
além da qual a distr>ibuição de te n sões é mais uniforme. A r>esis -
tência da r>Ocha , na região de contact o é mui tas v e zes aumentaàa .
Tensões d e tração existem na regiãõ central do CP. A distr>ibui -
ç~o das tensõe s no CP é uma função da r elação altura- diâ metro do
CP ) das condi ções de atrito nos contactos e da regidez da prensa.
Placas de aço do mesmo diâme tro do CP são recomendáveis.

• Formas de Rutura

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..
Tres tipos básicos de rutura s são observado s em CP s ubmeti
do s a compressão simples !

a) O prime iro consist e de uma fragmentação por desenvol vi-


me nto de fra t uras mÚltiplas paral elas à direção da forç a aplicada
prÓximas a perife ria a meia altura do CP . Essas fra tura s se este~
dem para o to po e s e propaza m para o c entro do CP . Quando ocorreo
co l a pso total , volumes cônicos s ão mantidos junto ao s t opos com
as l a s cas alongadas da perife ria .
~

"'
b ) O se gundo consiste do de s envolvime nto de uma ou várias
f r a t uras para l elas à direção da força ap licada , re s ul tando e m c ol u
nas longitudina i s .

..
.. .
~~
~~

I
t
c) O terce iro tipo é o cisal hame nto do CP a o l ongo de uma
s uperfície Única e inclinada .

• /i
0

1
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...
Os tres ~ipos podem estar presentes num mesmo CP, ou ass~
clados dois a dois . Da mesma forma ·que a ·distr ibuição das tensõe s
no · CP edependente de fatores diversos apont ados a forma de rutu
ra também,

• Fatores de influênci a nos resultados

a) Atrito entre os pratos da prensa e os topos do CP j á


comentado acima.
b) Geometria do CP

Forma
São confl itantes os resultados dos es t udos sobre a influ-
ência da forma . na resistência à rutura . Da-se preferência . aos
CP cilíndri cos pelas fac ili dades de obt enção que apresentam sobre
os priomáticos e cÚbicos. Além disso,admite-se uma melhor di stri
buição das t ensões nos CP cilíndricos, pois os outros te ndem a
aprese ntar concentração de tensões nas ares tas.

Re l ação altura/diâmetro

Pela distribuição de tensões já descrita,verifica - se que


CP com valores baixos de H/D, tendem a uma aproximação dos cones
de compressão~apresentam resultados de resistência e l e vada . Os
CP com valores altos .de H/D , apre sentam valo r es baixos de resis-
tência à compressão simples, em virtude de flambagem. A ISPM re-
comenda relações H/De ntre 2,5 e 3.

Volume
A experiência mostra que um aumento no volume do CP re-
duz a resistência a compressão simples. Explica -se pela probabi-
lidade maior de existênc i a de planos de fraque·za em CP de volume·
ma i or .

v·elocidade 'de_ ·carre gamento . . .. .

· ··· O aumento taxa de carregamento normalmente ··a umenta a re s~~


tênc i a .. a ·Compressão s i mp le s . A ·resist-ência -a compressão- em altas
taxas. .de carr egamento tais como em ensaios de impacto. e son.ico al
cança. . val or es de resistência a lgumas vezes ma is alto.s. do. que os
obtidos pelas baixas taxa s de. carregamento dos ensaios ~ e lásticos
de laboratório.
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' ..

Experimenta,çõe.s representadas pelas figuras abaixo mostram


e x~ mplos.do efeito .do aumento da velocidade de car regamento na re-

sistência ã rutura.

Oc
T
4 ' 4

crc
crc 20 00
~
oc ~- --, 7 I 7' I I
====== · -- J
~
.e.,;
~

c e:,. e:, e:2 E:l ~


150 0
Efeito da taxa de . deformação
SI a resistência a compressão
simples , em carvão.

I :>-
o 1 1 3 ..
log o , kgf/cm2fmin
Variação de oc com a t axa
de carregamento.a para ca
da a,ac é · ~ · med1a de 6- en
saios; diametro do CP .= Sem
Rocha: granito ·
Umi dade · · ··

A umidade tem, normalmente , um efeito de redução na resis


tência a rutura das rochas, variável com o tipo de rocha •.

De .um modo geral esse efeito não .é muito pronunciado . pa~a

rochas são e de baixo percentual de saturação. Alguns exemplos


são mostrados abaixo , compilados de trabalhos de Obert, Wirdes e
Devapp (1946)
. .. ._..
Condição de Oc de rochas secas em estufa e sat ur ada para rochas
secas ao ar
!Umidade Marmore Calcário granito~ Arenitol j Areni to 2 Ardo.sia Méd ia
Sup er secas 1.01 1.03 .1 .01 I 1 . 01 I 1 . 18 1.06 . 1. 0 6
!S ecas ao ar I 1.00 .1. oo 1. oo I 1.oo I 1 . 00 1. 00 1.00
Saturadas· _-_ j _0_._9_§__ J 0.85 o. 92 I 0 . 90 I 0.80 0.85 0 .88

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~.

Temperatura

Relativamente pouco se t em investigado quanto ao efeito da


tempera~tira sobre a resistência a compressão de rochas ·. .

Os resultados de SLmpson e Fergus (1968) dão uma idéia do


efeito da temperatura. Uma série de CP de diabásio, foram secos
às temperaturas de 279C, 11 09C , 1909C e 3459C , mostrando um aumento
da resistência com o aumento da temperatura.

·Normalmente os testes são conduzidos · e·m temperaturas ambi -


entes ·dos l aboratórios se as condições "un s.itu"são diferent:e s os
ensaios deverão ser conduzidos em condições de a~iente simulado .

Mineralogia , textura e porosidade.

são extremamente variaveis as influê nc ias dos fatores in -


trisecos à rocha na res i stência à compr essão simples genéricamentc
pode. res. umi~-s e da seguinte f orma:

cimentos silicosos são os mais r esiste ntes , seguidos dos


caláferos e ferrug i nosos .
- rochas com cimento argiloso são as mais fracas
- r ochas ricas em quartzo são normalmente mais resistentes
- rochas de gr~ fina são de um modo geral mai s resistentes
que as grosseiras
a resistência ã compressão decresce com o aumento da po-
rosidade.

Resistência à tração

A resistência à tração de uma rocha é muitas veze s infer i -


or; a 10% daquela correspondente à compressão . A determinação da
resistência a tração por extensão direta do CP tro uxe, no passado,
dificuldades devido aos probl~mas dos e feito s das garras nos termi
n~ ~ s do CP e da segurança da uni axialidade das forças de a tração ,
livres de flambagem.
··;;.;,.,

A recente utilização de cola epoxy de alta resistência à


tração (20 0 a 300 kgf/cm2) conduziu·ao desenvolvimento de métodos
de ensaio com cabos flexíveis que minoram os efeitos acima citados.
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r4-

Vide figur as abaixo

I V' ~t/IJ
' \ ' vv'IJ v} I~ Epox y
viJV/IIIvv
1/ t) I! 1/ 1/ t)tJ
,;tlti/1/IVll
v(/ v tJ !I vtJ 1~ c P
/} {/ 1/ //1/ /) 1/
.--- CP vv~vvvv
l! [/1/iJ.I/ V11
Vl{}Í~

A dificuldade em executar e nsaios de tração direta sobre r~ '


cnas , conduziu
~. a, alguns méto dos indiretos de determinação das resis
tência a rutura. por tração .

O mais difundido deles, proposto por Lobo C~rneiro e conhe-


cido como t est e Brasileiro, cons is t e e m colocar um CP cil.indrico ho
rizontalmente entre duas placas da prensa e·carregar em compr e ssão
até a rutura.
B

\, \ ~\

c
\ ~
'
A tensão de rutura é dada por :

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•.
>-

T0 = 2F c em que :
1f. DL
Fc = carga aplicada ao longo de AB e CD
D = diâmetro do CP
L = comprimento do CP

Este ensa~o foi proposto pelo Prof. Fernando Lobo Car nei -
ro e é conhecido como Ensaio Brasileiro. Na realidade , quando o
cilindro é comprimido diametralmente ocorre uma zona de compressão
entre o CP e os pratos da prensa , de modo que a rutura apresenta
as cunhas de cizalhamento ao l ongo dos contactos. Visando uma me
lhor distribuição das tensões , e minimização dos efeitos de cunha ,
recomenda - se interpor à .prens a e ao CP uma tira fina de cart.ão,
com largura aproximada de D/12, como na. figura abaixo. Com ·este
procedimento a ~utura inicia-se no interior do CP , não sendo a r e
sistência afetada por irregularidades da superfície .
.1, O' c

- Resistência ã flexão

A resistência à flexão é uma medida da r esistência ã tra -


ção da fibra externa de um material . Essa propriedade é determi-
nada por se carregar o CP num sistema tri-apoiado como na figura
abaixo.
~ t
V'

L -
A resistência à flexão para um corpo de prova cilíndrico
é dada pela enpre ssão :
O'f = 8FcL em que:
1T n3
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...

Fc = carga aplicada na rutura


L = distância entre os apoios inferiores ·
D = diâmetro do CP

A rutura é iniciada no ponto (pequena área) oposto à apli


cação de Fc, por tração, e propaga-se ao longo da direção trans-
versal média do CP normalmente ao eixo do cilindro.

Dos 3 processos de determinação da resistência à tração : ~


pres.entados, o ensaio de flexão é o que tende a apresentar valo
re.s mais elevados, seguido de compressão diametral e de tração· di
reta. Explica-se essa re~ação por .razões de massas envolvidos ·
na iniciação da. rutura e, por conseguinte, uma questão de probabi
l i dade de defei tos (fraq~ezas). Na f lexão a probabilidade da ocor
rência dessa fraçueza no ponto de inicio da rutura ou nas suas
proximidades é menor que no plano diametral ou suas proximidades ,
imposto ã rutura no ensaio de compre~são diametral. Na tração
direta a fraqueza poderá ocorrer. em qualquer seção do CP.

Resistência ao cisalhamento

Há uma série de ensaios ··,de determinação da resistência ao


cisalhamento não confinado . Esses - ensaios são suj eitos a diver-
sas imperfeições que levam a resultados erráticos e enconsistentes ,
dai não terem uso corrente.

Entre
.. os ensaios que determinam a resistência ao cisalha- .
mente as biaxiais •. são os de uso mais corrente para os fins da
engenharia civil, p~r atenderem a particularidade da imposição do
plano de rutura. Assim a inclinaÇão do CP , em relação à atitude
da rocha no maciço rochoso, pode ser orientada de forma a que o
plano de cisalhament o coincida com um plano de fraqueza":na rocha,
como por exemplo, junta ,acamamento, xistosidade ou com o interfa-
ce solo e rocha ou concreto rocha.

O ensaio permite determinar a força tangencial T que pro-


voca o corte segundo uma dada superficie . plana submetida a uma
força no~mal N. Para caracterizar a resistência ao corte de um
material insaia-se uma série de CP sob a ação de diversas normais.

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~·-
'":.

l;
!N
·~ b -fí:&/Ai I 'n ;L
c
C1

t =T
A
z; : c + O'tgl)
cr =N
A
laspect_2.§.
A rutura por cisalhamento direto aprese~stante com-
plexos no que respeita a distribuição das tensões no plano de ru
tura. Com o aumento das força tangencial há. tendência em le ,,an-
tamento do bloco, originando tensões de tração no bordo. Para
melhoria da distribuição das tensões adotou-se aplicar a força
tangencial inclinada de 159, b que ainda assim não resolve o pro
blema .

i f,
N = F1 + F 2 sen S

~---~~~I
--..-
T = r 2 cos B
T

O ensaio de c isalhamento permite o estudo da evolução da


resistência ao corte em funçaõ da deformação por corte do plano
ensaiado. Designando pro tT o deslocamento tangencial as curvas
de e volução de l; para sucessivos valores de cr ê comum apresenta-
rem o comportamento da figura abaixo, nos casos de materiais qu~
bradiços. l;M resistência
O' resistência
r,;M residual

l;R'" •---
r''M.JI
, . ti
I; e
;;a• F----._-------------------~
r; R r;

o ÔT

A partir dos valores de tM e z;R obtem-se as curvas de v~


riação da resistência ao corte, para os pares de valores O' l;M e
C1 X O'R·
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