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Direito Administrativo Resumo
Direito Administrativo Resumo
Vamos agora tratar de um tema fundamental para quem estuda concurso público, já que
muitas questões são formuladas tendo esse assunto como base. Refiro-me aos Princípios
Fundamentais da Administração Pública.
É importante mencionar o que são princípios para a concepção jurídica. Diferente da
definição que encontramos no dicionário (Princípio = razão, começo, início), vejamos a
definição de Miguel Reale (2006):
Princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e
orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração
ou mesmo para a elaboração de novas normas. São verdades fundantes de
um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou
por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de
caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades
da pesquisa e da práxis.
Miguel Reale
De uma forma mais simples, o princípio é o fundamento de uma norma jurídica, ou seja,
são os pilares que sustentam o Direito e que não estão definidas em nenhum Lei, em
nenhum diploma Legal. Ele inspira os legisladores ou outros agentes responsáveis pela
criação da norma, a tratarem de certos assuntos por causa de certos motivos.
Deu pra entender? Então vamos em frente!
Existem dois princípios básicos que formam a base estrutural do Direito Administrativo:
Princípio da supremacia do interesse público e Princípio da indisponibilidade do
interesse público.
Princípio da Supremacia do Interesse Público
Já vimos no item acima que ao atuar, a Administração Pública deve sempre ter em vista
o interesse público, de acordo com as normas legais. No entanto, não é dada ao
administrador liberdade para realizar atividades sem que uma norma preveja tal
atividade.
Ou seja, a própria administração deve se pautar e obedecer a limites impostos pelo
ordenamento jurídico vigente.
O administrador deve sempre buscar o interesse público, sem, no entanto, poder dispor
de bens, direitos e interesses públicos. O poder de dispor, ou seja, alienação de bens,
renúncia de direitos ou transação com o interesse público, sempre depende de lei que o
permita.
A vontade do agente público deve ser a vontade da lei, e não a própria. Nesse caso, o
concurso público também seria um bom exemplo, mas pelo motivo de que, para nomear
alguém a um cargo efetivo, o administrador deve seguir as regras do interesse público.
Para os autores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2011), em razão do Princípio da
Indisponibilidade do Interesse Público “são vedados ao administrador quaisquer atos que
impliquem renúncia a direitos do Poder Público ou que injustificadamente onerem a
sociedade”.
Ainda, afirmam que a Administração Pública “deve, simplesmente, dar fiel cumprimento
à lei, gerindo a coisa pública conforme o que na lei estiver determinado, ciente de que
desempenha o papel de mero gestor de coisa que não é sua, mas do povo”.
Interesses Públicos Primários e Interesses Públicos Secundários
Lembramos, neste resumo de Direito Administrativo, que o interesse público pode ser
dividido em primário e secundário:
Interesse Público Primário é aquele que o Estado deve efetivamente alcançar – como
segurança, saúde, transporte;
Interesse Público Secundário se refere aos meios que o Estado deve utilizar para
atingir o interesse público primário.
Por exemplo, a construção de um hospital guarda relação com a saúde (interesse
primário), mas deve ser precedida de uma licitação para escolher a empresa que o
construirá (interesse secundário).
Os interesses públicos primários são os interesses diretos do povo, os interesses gerais
imediatos. Já os secundários são os interesses imediatos do Estado na qualidade de
pessoa jurídica, titular de direitos e obrigações. Estes interesses são aqueles considerados
como meramente patrimoniais, em que o Estado busca aumentar sua riqueza,
ampliando receitas ou evitando gastos.
Ademais, ao fazer a distinção entre interesse público primário e secundário, Marcelo
Alexandrino e Vicente Paulo (2011) nos ensinam que caracteriza-se como “interesse
público secundário legítimo aquele que represente um interesse de uma pessoa jurídica
administrativa na qualidade de titular de direitos, mesmo sem implicar a buscar direta da
satisfação de um interesse primário, desde que:
Não contrarie nenhum interesse público primário;
Possibilite atuação administrativa ao menos indiretamente tendente à realização de
interesses primários.
Princípios Gerais da Administração Pública
Preciso saber o que você está achando deste artigo… Fiz esse resumo de Direito
Administrativo para facilitar sua vida na preparação para diversos concursos Brasil afora
que cobram Direito Administrativo em suas provas. Sua opinião é fundamental para
corrigir e melhorar todo conteúdo aqui do blog. Deixe seu comentário!
Voltemos ao conteúdo!
Conforme já foi dito, os princípios são as vigas mestras do ordenamento jurídico. Tanto a
Administração Pública direta como a indireta (autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista), bem como as atividades administrativas de todos os
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), devem observar e respeitar os princípios.
O desrespeito a um princípio é tão grave quanto a transgressão de uma lei, há casos em
que são considerados mais graves do que isso.
A Constituição Federal (CF), em seu artigo 37, apresenta os Princípios Gerais da
Administração Pública, e que são mais relevantes, senão vejamos:
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…).
CF/1988
Muitas pessoas utilizam o método de criar a palavra “LIMPE”, a fim de memorizar
esses princípios, observe:
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
Veja o vídeo a seguir de apenas 1 minuto e meio sobre os Princípios da Administração:
Vamos agora passar a analisar cada um deles, individualmente.
Legalidade
O Princípio Geral da Impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos. Um deles
determina que, como a Administração Pública tem como finalidade o interesse público, o
administrador público não pode usar do cargo para satisfazer e/ou privilegiar interesse de
cunho particular ou de terceiros (chamado “princípio da finalidade”).
Outro aspecto consiste em que a Administração Pública não pode ser utilizada para a
promoção do agente sobre sua realização administrativa. Conforme § 1º, do artigo 37 da
CF:
A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
CF/1988
A impessoalidade também pode ser analisada pelo fato de que o ato é atribuído ao órgão
ou à entidade estatal, e não ao agente que o praticou. Por fim, a impessoalidade prega
que ao atuar dessa forma, a Administração Pública deve tratar com igualdade a todos
(“isonomia”).
Moralidade
Existem outros princípios que se desdobram desses principais, como por exemplo o
princípio da permanência ou continuidade (art. 6º, § 3º da Lei nº 8.987/95); princípio da
motivação (art. 50 da Lei nº 9.874/99); princípio da autotutela; princípio da tutela;
princípio da segurança jurídica e princípio da razoabilidade, que serão melhor estudados
no item sobre atos administrativos.
Fontes do Direito Administrativo
Outro tema bem recorrente nas provas de concurso onde cai Direito Administrativo são
as Fontes do Direito Administrativo. Mas é algo bem simples de entender.
São fontes do Direito Administrativo: Leis, Jurisprudência, Costumes e Súmulas
Vinculantes.
Lei: O Direito Administrativo não possui um código próprio como o Direito Civil,
Direito Previdenciário e outros. Ele se pauta em leis esparsas e estatutos. Exemplo: Lei
8.666/1993 (Lei das Licitações); Lei 8112/1990 (Estatuto dos servidores públicos civis
da União).
Jurisprudência: É a decisão reiterada de julgados de um mesmo assunto. São resumos
que servem como fonte de pesquisa para aplicabilidade de normas dentro do Direito
Administrativo. Súmulas vinculantes se encaixam muito bem nesse conceito, pois são
interpretações jurídicas que auxiliam tribunais no tratamento de matérias parecidas.
Costumes: São regras não escritas que suprem a ausência de regra legislativa descrita
em códigos e estatutos. São aceitos dentro de uma sociedade, e levam em conta a cultura
onde esses costumes são aplicados.
Organização da Administração Pública
Outro ponto que não podemos deixar de citar neste resumo de Direito Administrativo é a
parte de Organização da Administração Pública. Também muito comum em concursos
públicos. Vamos aprender um pouco sobre isso.
É necessário que exista uma estrutura organizada para que o Estado possa desenvolver
sua função administrativa. Portanto, a Administração Pública compreende um conjunto
de entidades e órgãos incumbidos de realizar as atividades administrativas. Existem três
formas para exercer as atividades administrativas:
Centralizada: diretamente pelo ente político competente (União, Estado, Município,
Distrito Federal), por meio de seus órgãos e agentes.
Descentralizada: distribuída a outras entidades (outras pessoas jurídicas ou físicas).
Pode ser por Delegação (Poder Público transfere a execução de determinado serviço, por
exemplo as concessionárias) ou por Outorga (Poder Público transfere a titularidade do
serviço, por meio de autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia
mista).
Desconcentração: resultado da criação de órgãos públicos dentro de uma mesma
pessoa jurídica, em que se repartem internamente as atribuições e se estabelece a
subordinação hierárquica.
Órgãos Públicos
Apelamos novamente para o mestre Hely Lopes Meirelles para falar sobre os agentes
públicos, que são todas as pessoas físicas incumbidas, de maneira definitiva ou
transitória, do exercício de alguma função estatal. Podem ser classificados em:
1.Agentes políticos, que são aqueles que exercem atividades tipicamente
governamentais, por meio do exercício, regra geral, de um mandato para o qual são
eleitos. São os Chefes do Executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos) e seus
respectivos vices, seus auxiliares (Ministros e Secretários) e os membros do Legislativo
(Senadores, Deputados federais e estaduais, e Vereadores).
2.Servidores Públicos, que na concepção de Celso Antônio Bandeira de Mello (2003),
“abarca todos aqueles que entretêm com o Estado e suas entidades da Administração
indireta, independentemente de sua natureza pública ou privada (autarquias, fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista) relação de trabalho de natureza
profissional e caráter não eventual sob vínculo de dependência”.
Os servidores públicos abrangem 3 espécies: servidores estatutários (submetidos ao
regime estatutário e titulares de cargos públicos); empregados públicos (contratados pelo
regime trabalhista e ocupantes de emprego público) e servidores temporários
(contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de
excepcional interesse público, nos termos do art. 37, inciso IX, da CF).
Podem ter cargo em comissão (cargo de livre nomeação e exoneração), cargo efetivo
(preenchidos requisitos, passa a ter estabilidade) e cargo vitalício (o vínculo somente
pode ser extinto por meio de decisão judicial transitada em julgado.
Controlar a Administração Pública significa verificar se ela está agindo de acordo com
os princípios do regime jurídico-administrativo, atendendo a suas finalidades. Tal
controle é composto por um conjunto de instrumentos estabelecidos pelas normas
jurídicas para a execução por meio dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Visa
assegurar:
A legitimidade dos atos administrativos;
A coibição dos abusos das condutas funcionais dos agentes públicos;
A defesa dos direitos dos administrados.
O Controle Legislativo é o realizado pelo Poder Legislativo, que tem, além da função de
legislar, a função de fiscalizar os atos do Poder Executivo. Realizado pelas Casas
Legislativas (Congresso Nacional, assembleias legislativas, câmaras legislativas).
Exemplos: Convocação de autoridades (art. 50, CF), Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPIs – § 3º, art. 58, CF), Fiscalização financeira e orçamentária (art. 70, CF).
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado,
importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e
temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. (…) § 3º As
comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos
das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de
um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo
certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções
e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
CF/1988
O Controle Administrativo é feito no próprio âmbito administrativo, muitas vezes de
forma hierárquica. São exemplos: representação, reclamação administrativa, pedido de
reconsideração, recursos hierárquicos, entre outros.
O Controle Judicial é exercido pelo Poder Judiciário, incluídos
o Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, entre outros. A CF, em seu
artigo 5º, inciso LXXIII dispõe que “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
do ônus da sucumbência”.
Finalizando…
Construir um resumo como esse exige várias horas de trabalho e dedicação. Faço isso
para lhe entregar o melhor conteúdo possível.
Em troca, só peço um simples comentário dizendo o que achou do artigo. Pra mim é
fundamental ter o seu retorno. Faço questão de ler cada comentário, e respondo na
primeira oportunidade que tenho.
Até a próxima!