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TGDC – CASO PRÁTICO Nº 1 - AULA DE SUSPENSÃO – 16/03/2020

António nasceu a 4 Agosto de 2001, em Julho de 2015 recebeu de seu tio


a quantia de 100 000, 00 €. António é um apaixonado por motas.
Em Janeiro de 2018, não conseguindo resistir á tentação, acaba por
adquirir uma mota Harley Davidson por 30 000, 00 €.
Os seus pais apenas tomaram conhecimento desta compra em 11 de
Fevereiro de 2019 e temendo que António venha a sofrer um acidente
pretendem desistir do negócio.
Para o efeito dirigiram-se hoje ao vendedor de modo a que este lhes
devolvesse o dinheiro.
Este mostrou-se surpreendido com toda a situação até por que se
lembrava que António lhe havia exibido um cartão de cidadão onde
constava ter nascido a 4 de Agosto de 2000.
Quid Iuris?

RESPOSTA

Os pais do António pretendem ver destruido o negócio celebrado pelo filho, pelo que se
pretende verificar essa possibilidade.

O António nasceu a 4 de Agosto de 2001, data em que adquiriu personalidade juridica,


“adquirida no mento do nascimento completo e com vida” (artº66 do CC), tornando – se
desta forma apto para ser titular de relações juridicas.

À personalidade juridica é inerente a capacidade juridica, i.e., e de acordo com o artº 67º
do CC, as pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações juridicas, salvo disposição
em contrário, nisto consiste a capacidade juridica.

Capacidade juridica para exprimir a aptidão para ser titular de um circulo, com mais ou
menos restrições, de relações juridicas.

O António adquiriu capacidade juridica, mas terá adquirido capacidade do exercicio por
acto próprio, ou necessitaria de representante voluntário ou procurador?

ANA CATARINA GOMES CORREIA – ALUNO: 5479 | ISVOUGA


TGDC – CASO PRÁTICO Nº 1 - AULA DE SUSPENSÃO – 16/03/2020

Faltando a aptidão para actuar de forma pessoal e autónoma, estariamos a falar de uma
incapacidade de exercicio de direitos.

A capacidade de exercicio de direitos é reconhecida aos individuos que atingem a


maioridade (artº 130º do CC), é menor quem ainda não tiver completado 18 anos de
idade (artº 122 do CC), sendo que este menores carecem de capacidade para o exercicio
de direito (artº 123º do CC, 2ª parte).

O António na altura da compra tinha 17 anos, pelo que era considerado menor e
consequentemente incapaz.

Poderia a incapacidade do António ser suprida pelo poder paternal e, subsidiarimanente


pela tutela (artº 124º do CC); o que não se verificou, no caso em apreço, uma vez que os
pais tiveram conhecimento do negócio mais de uma depoisl.

Não osbtante existem algumas excepções à incapacidade dos menores, descritas no artº
127º do CC, mas nenhuma delas se aplica ao caso em apreço.

Podemos assim concluir que o negócio foi celebrado por um incapaz, sendo portanto
admissivel a sua anulabilidade.

Assim, poderia ser requerida a anulabilidade o progenitor, que exercça o poder paternal,
o tutor, desde que a acção seja proposta no prazo de um ano a contar do conhecimento
que o requerente haja tido do negócio impugando, mas nunca depois do menor atingur a
maioridade ou atingir a maioridade ou ser emancipado(artº 125º nº 1 al. a do CC),
poderia ser requerida pelo próprio menor, que no caso em apreço não se coloca a
questão, a requerimento de qualquer herdeiro do menor no prazo de um ano a contar da
morte deste.

Ora os pais do António tiveram conhcimento no negócio em 11 de Fevereiro de 2019, ,


pelo o prazo só terminaria a 11 de Fevereiro de 2020, uma vez que o António não teria
ainda atingido a maioridade aquando do conhecimento do negócio; maioridade essa que
será adquirida em Agosto de 2019, pelo que de acordo com o disposto no artº 125º nº 1
al. b) do CC, a legitimidade passaria para o António.

ANA CATARINA GOMES CORREIA – ALUNO: 5479 | ISVOUGA


TGDC – CASO PRÁTICO Nº 1 - AULA DE SUSPENSÃO – 16/03/2020

No entanto o vendedor refere que o António “lhe havia exibido um cartão de cidadão
onde constava ter nascido a 4 de Agosto de 2000”, o que se impõe portanto o artº 126º
do CC “Dolo do menor”.

Ou seja o António perderia o direito de invocar a sua anulabilidade, por ter praticado um
acto de dolo com fim de se faze passar por maior imancipado.

Ora entende – se que ficam também inibidos de invocar a anulabilidade não só o


António, mas também os seus pais, protegendo o direito a pessoa lesada, neste caso o
vendedor, pois a norma (artº 126º do CC), pretende salvaguardar o vendendor por boa –
fé.

ANA CATARINA GOMES CORREIA – ALUNO: 5479 | ISVOUGA

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