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OBRAS HIDRÁULICAS

CANAIS

REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS PARA DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO DE CANAIS*

*Considerando escoamentos em regime uniforme e permanente, válido quando as características


hidráulicas (h, Q e V) são constantes no tempo (regime permanente) e ao longo do percurso
(regime uniforme) para condutos livres.
FLUXO DE ÁGUA EM CANAIS ABERTOS

O fluxo em canais abertos possui uma superfície livre que se ajusta


dependendo das condições de fluxo. Essa superfície está sujeita à pressão
atmosférica, que permanece relativamente constante ao longo de toda a extensão
do canal.
Assim sendo, o fluxo em canais abertos é direcionado pelo componente de
força gravitacional ao longo da declividade do canal.
FLUXO DE ÁGUA EM CANAIS ABERTOS

O projeto de um canal aberto envolve a escolha:

- Alinhamento
- extensão
- forma do canal
- declividade longitudinal
- material para revestimento (rugosidade das paredes).

Considera-se diversas alternativas hidráulicas viáveis e as compara para definir


a alternativa mais eficiente em termos de custo.
FLUXO DE ÁGUA EM CANAIS ABERTOS

Os canais podem ser projetados nas seguintes formas geométricas: retangular,


triangular e semi-circular, sendo trapezoidal a mais utilizada.
ELEMENTOS HIDRÁULICOS CARACTERÍSTICOS DE DIFERENTES TIPOS DE SEÇÕES TRANSVERSAIS

Expressões para cálculo de elementos característicos das seções de canais de utilização mais frequente
com base na sua geometria.
ELEMENTOS HIDRÁULICOS CARACTERÍSTICOS DE DIFERENTES TIPOS DE SEÇÕES TRANSVERSAIS

*Além das seções


apresentadas existem
outros tipos.

Expressões para cálculo de elementos característicos das seções de


canais com base na sua geometria.
BORDA LIVRE DO CANAL

Em canais abertos e fechados, deve-se prever uma borda livre mínima que
corresponda a 10% da lâmina d´agua estimada para cheia de projeto, mas não
inferior a 0,4m (f≥0,1h, com a condição f≥0,4m). Para canais com contorno
fechado deve ser mantida uma borda livre f ≥ 0,2h.

Este acréscimo representa uma margem de segurança contra possíveis


elevações do nível da água acima do calculado, o que poderia causar
transbordamento.
DECLIVIDADE RECOMENDADAS PARA TALUDES DE CANAIS

Para obter estabilidade das paredes laterais dos canais não-revestidos, a


declividade dos taludes deve ser determinada em função da estabilidade do
material com o qual se construirá o canal.

Declividades usuais para canais não revestidos, de diversos materiais.


VELOCIDADE MÁXIMA DA ÁGUA NOS CANAIS

Os valores de velocidades máximas permissíveis relativas a alguns tipos de


revestimentos usados em canais:
REGIMES DE ESCOAMENTO
MOVIMENTO UNIFORME NOS CANAIS

Em condições normais, ocorre nos canais um movimento uniforme, ou seja, a


velocidade média da água é constante ao longo do canal.

Equação da continuidade

A área é determinada geometricamente e a velocidade pode ser medida no


local ou, na maioria dos casos, determinada através de equações.
MOVIMENTO UNIFORME NOS CANAIS

Podendo a velocidade pode ser medida no local ou, na maioria dos casos,
determinada através de equações. Há várias equações para o cálculo da velocidade
média da água em um canal, porém as mais usadas são as de Chezy, Strickler e
Manning.

A Equação de Manning pode ser escrita da seguinte forma:


Equação de Manning

O raio hidráulico é uma grandeza característica do escoamento, definida pelo quociente


da área molhada pelo perímetro molhado da seção do escoamento.

A declividade média (i) do trecho do canal em estudo e o quociente entre o desnível do


fundo do canal (diferença de cotas de montante e jusante - ∆h) e o seu comprimento (L) no
plano horizontal. ∆h e L em metros.
Correlacionando a equação da continuidade com a equação de Manning temos:

Que permite a determinação de vazões (em m³/s) em função do coeficiente de Manning,


do raio hidráulico (em m), da declividade média (em m/m) e da área molhada (em m²).
EFICIÊNCIA HIDRÁULICA DE SEÇÕES DE CANAIS ABERTOS

As equações de Manning mostram que, para a mesma área de seção transversal (A) e a
mesma declividade do canal (i), a seção do canal com maior raio hidráulico (RH) distribui uma
descarga maior. É uma seção com maior eficiência;

- O semicírculo possui o menor perímetro para uma determinada área e, portanto, é o mais
eficiente hidraulicamente de todas as seções;
- Contudo possui margens curvas e quase verticais no nível da água, o que o torna mais
caro de ser construído (escavação e formação) e de difícil manutenção (escavação do
banco);
- Na prática, as seções semicirculares somente são usadas quando tubos são apropriados
ou em canais artificiais de materiais pré-fabricados;
EFICIÊNCIA HIDRÁULICA DE SEÇÕES DE CANAIS ABERTOS

- Para canais longos, as seções trapezoidais são as mais utilizadas.

- A seção trapezoidal mais eficiente é o meio hexágono, que pode ser inscrito em um
semicírculo com seu centro na superfície livre de água e ângulos de 60° nas margens;

- A seção retangular mais eficiente é a quadrada, que também pode ser inscrito em um
semicírculo com centro do círculo na superfície de água.
EFICIÊNCIA HIDRÁULICA DE SEÇÕES DE CANAIS ABERTOS

O conceito de seções hidraulicamente eficientes somente é valido quando o canal


estiver alinhado com materiais estabilizados e não erodivéis.

Idealmente um canal deve ser projetado visando à melhor eficiência hidráulica, mas deve
ser modificado para fins de viabilidade e custos de construção.
PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE CANAIS – PRINCÍPIOS ORIENTADORES

i) Deve-se realizar com visita ao local da implantação para reconhecimento da área. Se


possível realizar entrevista com moradores locais para se obter informações sobre
ocorrências de enchentes;

ii) Na escolha da seção-tipo de projeto do canal, em primeiro lugar deve-se considerar


a disponibilidade de faixa a sua implantação;

iii) É necessário verificar o limite de velocidade para o tipo de revestimento a ser


empregado. Em alguns casos deve-se adequar o perfil do leito do canal, reduzindo sua
declividade com o emprego de degraus, a fim de não ser ultrapassada a velocidade
máxima permitida pelo revestimento escolhido;
PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE CANAIS – PRINCÍPIOS ORIENTADORES

iv) Costuma-se analisar várias alternativas, escolhendo-se normalmente as mais


econômicas;

v) As obras de canalização devem ser realizadas de jusante para montante;

vi) Na elaboração de um projeto de canalização devem ser analisadas as condições


do entorno da obra, verificando-se os possíveis efeitos provocados pela sua
implantação, tanto a montante como a jusante, como por exemplo, a transferência
das vazões de cheia que agravam inundações a jusante;
PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE CANAIS – PRINCÍPIOS ORIENTADORES

vii) Se o trecho de jusante do curso da água não tiver capacidade para absorver as
vazões de enchente projetadas para a canalização, deve-se incluir na solução a
implantação de volumes de retenção de cheias;

viii) Na análise de um trecho de canalização com várias singularidades como


travessias, diferentes revestimentos, estrangulamentos, variações de seções,
vazões, não é permitido análise como regime uniforme e permanente, segundo os
procedimentos apresentados, sugere-se determinar a linha da água em regime
gradualmente variado;
PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE CANAIS – PRINCÍPIOS ORIENTADORES

ix) Outro caso comum em estudos e projetos, é a canalização que desemboca em


um receptor de maior porte, cujos níveis de cheia podem provocar remanso na
linha da água do trecho canalizado, reduzindo sensivelmente, com essa influência, a
capacidade de veiculação de vazões no canal projetado. Frequentemente nestes
casos a ampliação do canal não soluciona o problema.
PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE CANAIS – PRINCÍPIOS ORIENTADORES

x) O risco admitido no dimensionamento de uma obra hidráulica associa-se ao


período de retorno a ser adotado e ao tempo de vida útil previsto para o
empreendimento. Na análise de risco deve-se levar em conta não só o custo da
obra, mas também custos tangíveis e intangíveis provocados por eventos naturais
no período de retorno superior ao utilizado. Entende-se por custos intangíveis a
reconstrução da obra a e indenizações por prejuízos causados. E intangíveis
entende-se as paralisações dos sistemas viários e suas consequências, ferimentos,
mortes de pessoas, catástrofes ambientais etc.;
RECOMENDAÇÃO DE LEITURA *Vídeo 4!
Artigo intitulado: CANAIS NAVEGÁVEIS, PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO.*
* Disponível no SIA.

RECOMENDAÇÃO DE VÍDEO
Vídeo: Mega Construções – O canal do Panamá.* *Vídeo 5!
*Link: https://youtu.be/G1PHs4DiItg

RECOMENDAÇÃO DE SOFTWARE
Referências:

Houghtalen, R.J., Hwang, Ned H.C., Akan, A. Osman, Engenharia Hidráulica, 4° edição, São Paulo, Person, 2012.

Secretária de Estado de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento. Departamento e Águas e Energia Elétrica. Guia Prático para Projetos de
Pequenas Obras Hidráulicas, Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo – DAEE, São Paulo, 2005, 116p.

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