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Visão Universitária (2018) v.

(1):17-31 ©2018 - ISSN 1519-6402

O EDUCADOR FÍSICO E OS PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Leticia soares Silva1


Adriana de Moraes Barbosa Ascoli2

1,2
Faculdades Integradas de Cassilândia, 79540-000, Cassilândia-MS, Brasil

RESUMO

O objetivo do presente trabalho é analisar a atuação do profissional de educação física quanto


sua graduação que norteiam os procedimentos em primeiros socorros de modo mostrar o
quanto está prática traz benefícios ao primeiro atendimento, promovendo a estabilidade da
vítima até que seja encaminhada a emergência. Foi observado a criança em sua fase inicial de
atividades e ambientes esportivos e depois como ela interage no meio escolar com o educador
o qual necessita ter conhecimentos específicos acerca de primeiros socorros para que ao
acontecer situações adversas saiba agir com prudência, respeito e competência profissional.

Palavras-chave: Educação infantil. Ambiente escolar. Educação física. Cuidados de


primeiros socorros.

ABSTRACT

The objective of the present study is to analyze the physical education professional's
performance and their graduation that guide the procedures in first aid so as to show how
much practice brings benefits to the first care, promoting the stability of the victim until it is
referred to emergency. Observed the child in its initial phase of activities and sports
environments and then how it interacts in the school environment with the educator who need
to have specific knowledge about first aid so that when adverse situations happen to act with
prudence, respect and professional competence.

Keywords: Child education. School environment. Physical education. First aid care.

RESUMEN

El objetivo de este estudio es analizar el rendimiento de la educación física profesional


como su graduación que guían los procedimientos de primeros auxilios con el fin de mostrar
cómo esta práctica trae beneficios a la atención primaria, la promoción de la estabilidad de la
víctima hasta que se desvíe la emergencia .era observado al niño en las primeras etapas de las
actividades deportivas y los entornos y luego cómo interactúa en la escuela con el maestro que
tiene que tener conocimientos específicos sobre primeros auxilios para que eso ocurra
situaciones adversas saben actuar con prudencia, respeto y competencia profesional.

Palabras clave: Educación infantil. Ambiente escolar. Educación física. Atención de


primeros auxilios.
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1 INTRODUÇÃO

O ambiente escolar representa um universo a ser explorado pelas crianças, situações


estas consideradas necessárias para o aprendizado, desenvolvimento intelectual e interação
com outras pessoas, além das existentes em seu convívio domiciliar. As crianças são
consideradas pequenos seres humanos ágeis, que gostam de correr, brincar e de reconhecer
novos espaços, como uma forma de experimentar novos sentimentos e aventuras (OLIVEIRA
et al., 2012; BRASIL, 2007).
Para Brasil (2008) os estabelecimentos escolares devem possuir uma área física e
social ampla, arejada, higienizada que possam acolher as crianças em todos os seus aspectos
biológicos, psicológicos, sociais e ao mesmo tempo permitir a segurança e a proteção
relacionados aos riscos existentes, possibilitando assim, algumas atitudes ousadas para o
vencimento dos desafios. Uma vez que quanto mais o ambiente for diversificado e desafiador,
possibilitará um melhor conhecimento à criança relacionado aos outros, a si mesmo e do local
em que habita.
Na sociedade atual, verifica-se que todo o ser humano pode sofrer um acidente e as
crianças, são consideradas umas das maiores vítimas, pelas atitudes inquietas, por
desconhecimento das situações de perigo e por não terem medo de se arriscar. Por esse
motivo, faz-se necessário o estabelecimento de medidas protetivas que possam reduzir os
riscos e a incidência de acidentes na infância, tanto no ambiente escolar como fora deste
(IFAN, 2014).
As estatísticas demonstradas por Brasil (2016a e 2016b) apontam os acidentes, na
faixa etária de 01 a 14 anos de idades, como uma das principais causas de mortes neste país,
revelando um percentual de 4,3 mil casos por ano e em torno de 117 mil casos de
hospitalização decorrentes destas causas. Desta forma, diante da importância que os acidentes
representam na mortalidade infantil, o ensino sobre primeiros socorros nas escolas se mostrou
eficiente, viável e como uma das ações necessárias para o cuidados e proteção deste público
(OLIVEIRA et al., 2012).
De acordo com Godoy; Silva (2009) para se atender a toda e qualquer tipo de
situações de urgências e emergências, faz-se necessário uma preparação adequada, a fim de
minimizar o sofrimento da vítima. Ao correlacionar estes fatos com o ambiente escolar;
observa-se que nos tempos atuais as crianças passam a maior parte de seu dia na escola, por
esse motivo, e pela questão de serem mais agitadas, gostarem de brincar, correr, os educadores

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físicos devem ficar atentos para a prevenção dos acidentes no ambiente escolar. Portanto, é
importante que estes profissionais recebam uma formação acadêmica apropriada, afim, de
prepará-los para os atendimentos destes imprevistos.
De acordo com Santini e Mello (2008) todo o ambiente escolar deve ser avaliado pelos
cuidadores e educadores, desde as áreas de circulação externas, pátios, salas de aula, quadras
e os locais destinados às atividades físicas, a fim de se evitar a ocorrência de riscos e ou
acidentes que possam afetar as crianças/adolescentes, tornando assim, a escola um ambiente
seguro. E os educadores atuantes nestes locais devem conhecer as principais intercorrências
que ocorrem no ambiente escolar e saber executar as técnicas básicas de primeiros socorros,
quando houver necessidade.
Desta forma, este estudo apresentou o objetivo de identificar a atuação do educador
físico nos cuidados de primeiros socorros na educação infantil e de propor ações que
favoreçam a prevenção destes episódios.

2 MÉTODO
Este estudo se constituiu por uma pesquisa descritiva, realizada através de
levantamento bibliográfico em livros, artigos periódicos, teses de mestrado, doutorado,
trabalhos de conclusão de curso, manuais, livros técnicos do ministério da saúde e do
ministério da educação, a fim de realizar a pesquisa bibliográfica sobre a temática abordada e
fornecer a base de sustentação para a concretização deste estudo. A pesquisa foi efetuada em
diversos bancos de dados: SciELO - Scientific Eletronic Library Online, BVS - Biblioteca
Virtual em saúde, consulta a Biblioteca da instituição e Google Acadêmica, em que foram
utilizados livros técnicos, artigos online e manuais de fonte do governo, que abordaram
assuntos relacionados à temática, todos em idioma de língua portuguesa.
A pesquisa bibliográfica foi efetuada no período de julho a novembro do ano de 2016
e para a busca de informações foram utilizadas as palavras chave: educação infantil, ambiente
escolar, educação física, cuidados de primeiros socorros. Foram utilizadas bibliografias
descritas entre os anos de 1998 a 2015.
A pesquisa foi efetuada em diversos bancos de dados: SciELO - Scientific Eletronic
Library Online, BVS - Biblioteca Virtual em saúde, consulta a Biblioteca da instituição e
Google Acadêmica, em que foram utilizados livros técnicos, artigos online e manuais de fonte
do governo, que abordaram assuntos relacionados à temática, todos em idioma de língua
portuguesa.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 O Educador Físico e a Educação Infantil

A criação de escolas para a educação infantil foi reconhecida como uma ação
importante para o desenvolvimento da criançada, a fim de, ajuda-las na descoberta de novos
potenciais, preparando-as para o futuro. Para apoiar as ações didáticas escolares na faixa
etária de 0 a 5 anos, surgiu o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI) como um documento, para auxiliar o aprimoramento e a qualificação dos
professores, porém não citou o educador físico de forma direta, mas o incluiu indiretamente
no que se refere às ações relacionadas ao corpo e ao movimento. Ações estas descritas no
referencial curricular, como:
Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e
seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e
bem-estar; Brincar, expressando emoções, sentimento, pensamentos, desejos e
necessidades; Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e
escrita) ajustadas às deferentes intenções e situações de comunicação, de forma a
compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e
desejos e avançar no seu processo de construção de significados enriquecendo cada
vez mais sua capacidade expressiva (BRASIL, 1998, p. 63).

Para Brasil (2010) a educação infantil é reconhecida como a fase inicial do ensino
básico, caracterizadas por “espaços institucionais, não domésticas” oferecidas a crianças na
faixa etária de 0 a 5 anos. Devem funcionar em creches e ou pré-escolas, tanto em ambientes
públicos quanto privados, em período diurno parcial ou integral. Quanto a oferta de vagas, “é
dever do Estado manter a educação infantil pública, gratuita, de qualidade, sem requisitos de
seleção”.
Neste aspecto, também, define a criança como uma pessoa que possui direitos de
manter relações e interações com outras pessoas em sua vivência diária e que “constrói a sua
identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta,
narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura”
(BRASIL, 2010).
Na atualidade é obrigatório que o educador físico esteja presente em qualquer treino
físico, realizado, tanto na educação infantil, quanto também no ensino fundamental e ensino
médio. A educação física é reconhecida como uma ação essencial na educação das crianças,
mesmo nas fases iniciais, uma vez que permite à construção do conhecimento, através das
práticas recreativas e lúdicas, auxiliando também, na formação do caráter do indivíduo, que se
inicia desde a infância (GAVA et al., 2010), conforme a ilustração da figura 1.

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Figura 1 – Crianças em aula de educação física durante o ensino infantil

Fonte: Blog Educação física (2016)

Müller; Martineli (2005) ainda aponta que a fase da infância e adolescência deve ser
acompanhada com cuidado e cautela, pois é amparada pela legislação brasileira, por meio do
Estatuto da criança e do Adolescente (ECA), o qual apresenta os direitos e deveres deste
público, sendo que o educador físico se faz presente em todas as fases do desenvolvimento
infanto-juvenil e deve conhecer estes quesitos, saber de suas responsabilidades, como adulto
ao lidar com estas questões.
Cita ainda, a correlação deste profissional com as responsabilidades da legislação
brasileira, referida no artigo 4º do ECA como o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade,
sendo que estes direitos relacionados à educação física podem ser compreendidos, como o ato
de brincar, divertir-se e de praticar esportes.
Para Gava et al. (2010) o ambiente escolar durante a infância, permite novas
descobertas e experiências, estimulando o desenvolvimento físico e intelectual da criança.
Desta forma, a educação física, praticada no âmbito da educação infantil possibilita a criança
um maior conhecimento do espaço em que se situa, o reconhecimento mais rápido de seu
próprio corpo e o aprendizado de novos movimentos corporais, de acordo com a figura 2.

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Figura 2 – Atividades lúdicas com crianças na educação infantil.

Fonte: Altarta (2016)

Os educadores físicos são profissionais da área da saúde, portanto, devem manter seus
conhecimentos constantemente atualizados para a execução de sua prática, visando o bem de
toda a sociedade, para tanto, todas as aulas, no ambiente escolar, devem ser ministradas por
profissionais competentes e habilitados na área. Os saberes passaram a ser agregados, até
mesmo nas novas diretrizes curriculares, com o intuito de formar profissionais mais humanos,
reflexivos e críticos em relação a sua atuação profissional.
Neste aspecto, a educação física passou a integrar as equipes multiprofissionais, a
envolver grupos familiares, a integrar comunidades, e não mais manter a pratica de atividades
físicas restritas as quadras poliesportivas, pois o desafio era de agregar novas estruturas,
modos de vida, incentivando as famílias e a sociedade a serem mais ativas. Sendo que ainda
existem muitos desafios a serem vencidos, para que se possam alcançar os objetivos
propostos, almejando a prevenção de agravos e o empoderamento dos escolares e de seus
familiares, incentivando os hábitos saudáveis de vida e o lado cultural, emocional entre
escolares e familiares (NASCIMENTO; SOUZA, 2010).
Cavalaro; Müller (2009) menciona a importância deste profissional atuar na área
escolar com parcerias para auxiliar o desenvolvimento infantil, estimular a formação solidária
e fortalecer as alianças entre a educação física e a infantil. Refere ainda, que a noção do
mundo é formada durante o período da infância e a criança necessita ser estimulada, através
de brincadeiras e jogos para o seu pleno desenvolvimento psíquico e motor.

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Nascimento; Souza (2010) aponta a importância da educação física, não


exclusivamente para a cultura corporal de movimento, que envolve a recreação, as danças,
jogos e esportes, mas também, como uma profissão que auxilia a criança a manter uma
educação postural, conseguidas por meio do reconhecimento em relação ao seu próprio corpo
e do posicionamento corporal fisiológico e anatômico. Para isso, o educador físico deve
possuir conhecimentos específicos tanto na área da saúde como da educação, devendo atuar
combinando estes saberes, para a implementação de atividades que consiga suprir as
necessidades de cada escolar, promovendo os hábitos posturais saudáveis e o bem estar social.

3.2 A Importância da atividade física na Escola

A educação física atua no processo de formação do ser humano, corroborando para o


processo de ensino-aprendizagem e auxiliando também, o desenvolvimento em outras áreas
cognitivas. Para o sucesso deste processo, é preciso que se estabeleça a organização das ações,
propiciando aos escolares a independência e a autonomia em seus atos e pensamentos. Neste
sentido, o educador físico possui a função de preparar o aluno para que seja um participante
ativo na sociedade, obtendo o maior proveito do esporte para o seu desenvolvimento
individual (CARDOSO; REIS; IERVOLINO, 2008).
A prática de atividades físicas tanto em crianças, como em adolescentes devem ser
estimuladas, associadas aos hábitos saudáveis de vida que contribuem para um
desenvolvimento saudável, evitando o sedentarismo, os agravos crônico-degenerativos, a
obesidade que podem afetar a sua saúde, antes mesmo da vida adulta. Portanto, as atividades
físicas devem ser realizadas de forma correta, sob a supervisão de um profissional capacitado
evitando resultados negativos à saúde (KOREN et al., 2008).
Para Murer; Massola; Vilarta (2008) a vida é o bem mais precioso do indivíduo, por
isso estimular a pratica de atividades físicas desde a infância irá ajudar no aprendizado
escolar, proporcionando uma maior qualidade de vida. Sendo que estas ações, quando
efetuadas por um profissional capacitado pode ajudar a manter as pessoas equilibradas,
contribuindo assim, para o crescimento e desenvolvimento saudável, em todas as faixas
etárias.
A atividade física escolar deve ser planejada e incentivada pelo professor, como uma
forma de proporcionar uma maior qualidade de vida, estimulando as crianças na detecção de
suas habilidades técnicas e capacidades de aprendizagem. Ao fazer cada criança e adolescente

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praticarem movimentos, correrem, brincarem, os educadores físicos estão estimulando a


interação dessas crianças com o meio em que vivem, tornando as mais aptas para enfrentarem
os problemas de seu cotidiano, com motivação e equilíbrio (DELAZARO et al.; 2008).
Para Falsarella et al. (2008); Delazaro et al. (2008) a atividade física proporciona
inúmeros benefícios para a saúde da criança e adolescente favorecendo a socialização, troca
de saberes, reconhecimento do corpo, maior expressividade, autonomia e autoestima, além de
estimular a área cognitiva e o desenvolvimento de hábitos saudáveis, como o lazer e o esporte.
Auxilia também, a prevenção de doenças crônico degenerativas, relacionadas ao estilo de vida
sedentário, como as doenças do aparelho circulatório e respiratório, se associada ao consumo
de alimentos saudáveis.

3.3 Acidentes Frequentes na Educação Infantil


De acordo com Santini e Mello (2008) o espaço escolar não está livre da ocorrência de
acidentes, sendo importante o professor ter conhecimento sobre os cuidados básicos de
primeiros socorros, que podem ocorrer no ambiente escolar. Portanto, é indispensável que a
graduação em educação física tenha a disciplina que aborde essa temática de primeiros
socorros, auxiliando os profissionais a terem maior habilidade relacionada aos imprevistos e
cuidados de urgência, que possam vir a ocorrer durante o período de aulas.
Os acidentes podem ocorrer em todas fases da vida, porém a criança não possui noção
dos riscos ao seu redor, principalmente, as crianças da educação infantil. Dentre os acidentes
mais comuns na infância podem ser citados a introdução de corpo estranho em pequenos
orifícios como nariz, ouvidos, olhos e boca; a aspiração de líquidos; engasgos; sangramentos
nasais; a ocorrência de quedas que podem desencadear as escoriações; traumas; entorses;
luxações; fraturas tanto fechadas como expostas, nestes casos sendo necessário que a criança
seja socorrida, de forma segura, sem maiores danos à sua saúde e o mais rápido possível
(LEITE et al., 2013).
Wharley e Wong (2003) menciona que muitas lesões ocorridas nas crianças podem ser
decorrentes de brincadeiras em pátios, parques escolares e ou decorrentes da própria atividade
física desenvolvida no ambiente escolar, proveniente do contato com outras pessoas que não
estão preparadas para os exercícios ou para a prática esportiva. Portanto, as próprias ações
educativas desenvolvidas na área escolar podem gerar a ocorrência de acidentes ou danos à
saúde infantil, se não tiver o preparo de profissionais e ou de equipamentos adequados para as
práticas recreativas ou esportivas, de acordo com a figura 3.

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Figura 3 – Imagem de crianças lesionadas após a ocorrência de trauma em ambiente escolar.

Fonte: São Paulo (2007)

Em estudo realizado por Cardoso; Reis; Iervolino (2008) foi averiguado que 20% dos
pesquisados referiram a existência de riscos de acidentes no ambiente escolar, sendo apontado
pelo grupo os potenciais riscos no espaço físico tanto dentro da sala de aula, como na área
externa associado as atitudes hiperativas da crianças.
Para Leite et al. (2013) a escola é considerada um ambiente de riscos pela existência
de inúmeros fatores, como a presença de móveis com pontas, objetos cortantes ou
pontiagudos usados nas práticas pedagógicas, existência de cadeiras próximas a janelas ou
pela sua estrutura física como a presença de pisos escorregadios, escadas, materiais de
construção deixados no pátio, após a ocorrência de reformas não utilizados e a presença de
quintal descuidado com plantas ou ervas daninhas.
Segundo Oliveira, Leão Junior, Borges (2013), o acidente com crianças no ambiente
escolar é frequente. O educador físico deve ter conhecimento para fazer os primeiros
atendimentos, este deve ser realizado de forma rápida, para proporcionar o aumento da
sobrevivência e evitar sequelas a vítima.

3.4 Primeiros Socorros na Educação Infantil

Para Godoy; Silva (2009) os primeiros socorro são realizados por procedimentos
simples que possui o objetivo de não deixar agravar as lesões ocorridas nas vítimas as quais se
caracterizam por determinadas situações de urgência e emergência, como as lesões graves e
hemorragias. O primeiro atendimento é feito por qualquer pessoa que possui conhecimentos
básicos em primeiros socorros até a chegada da equipe habilitada com a ambulância para o
atendimento e encaminhamento ao hospital, de acordo com a figura 4.

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Figura 4 – Cuidados de primeiros socorros prestado a criança no ambiente escolar.

Fonte: São Paulo (2007)

Além da graduação os profissionais de educação física, também, podem adquirir


conhecimento sobre primeiros socorros em cursos de capacitação para a obtenção de maiores
informações, a fim de efetuar um socorro adequado e imediato evitando o agravamento da
vítima, eliminar a insegurança e conceitos errados da prática em questão, sendo de
fundamental importância, manter-se atualizado constantemente (IERVOLINO; PELICIONE
(2005).
Para Oliveira et al. (2012) existem situações em que o profissional apresenta uma
postura insegura em relação aos cuidados de primeiros socorros, faz-se necessário o apoio
para o atendimento à criança, mesmo à distância, podendo receber instruções através do
telefone em situações em que ocorra o desconhecimento. É relevante a atuação profissional de
forma imediata à vítima em busca de manter suas funções vitais até que esta receba
assistência qualificada, enquanto isso o professor pode avaliar a situação que este aluno se
encontra e promover os cuidados essenciais à manutenção da vida, evitando agravar as lesões
já existentes.
Em relação aos cuidados de primeiros socorros Godoy; Silva (2009) verificou que os
ambientes escolares necessitam de materiais básicos para os atendimentos das crianças, pois
geralmente as ações de primeiros socorros são realizadas com materiais improvisados como
talas de papelão, gazes improvisadas com qualquer tecido encontrado no momento da
ocorrência, sendo que muitas vezes são utilizados alguns produtos e medicamentos
inadequados, os quais deveriam ser utilizados por profissionais médicos.
Em estudo realizado por Iervolino; Pelicione (2005) inerente a saúde escolar, foi
realizado uma capacitação entre os partícipes almejando a prevenção de acidentes e cuidados

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as crianças e como uma destas ações foi proposto a confecção de um Kit de primeiros
socorros, de acordo com a figura 5, o qual deveria ser composto por:
- 1 tala
- 1 tesoura
- 1 rolo de algodão
- 1 termômetro
- 3 rolos de ataduras de crepe média
- 1 rolo de fita crepe
- 1 rolo de esparadrapo
- 5 pacotes com 10 gases cada
- 1 frasco de 250 ml de soro fisiológico
- 1 par de luvas descartável
- 1 pedra de sabão de coco, dividida em pedaços pequenos, para uso
descartável (IERVOLINO; PELICIONE, 2005, p.106).

Figura 5 – Kit Básico de Primeiros Socorros para Ambientes Escolares

Fonte: Planet kids (2014)

Em relação a prevenção aos cuidados de primeiros socorros no ambiente escolar, faz-


se necessário observar a segurança do local antes de realizar as aulas práticas, remover objetos
desnecessários que poderiam causar lesões as crianças nos horários de lazer, promover a
manutenção de brinquedos dos parques infantis, evitar pisos escorregadios, manter vigilância
constante das crianças durante o período escolar (SENA; RICA; VIANA, 2011).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio deste estudo foi possível verificar que o educador físico tem como objeto de
estudo o movimento corporal humano e o estímulo a coordenação motora, sendo que em todas
as atividades realizadas por esse profissional, existe a possibilidade de ocorrência de acidentes

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em relação a sua prática com os escolares. Sendo fundamental a existência de conhecimento


em relação aos cuidados básicos de primeiros socorros, por ser a pessoa mais próxima da
vítima, naquele momento.
De fato o educador físico é principal peça nesta questão por conhecer o corpo humano,
suas práticas devem ser monitorizada com cautelas a fim de que não haja danos irreversíveis
que comprometem a saúde de alguma criança ou adolescente, nunca deve subestimar o choro
de uma criança que se machucou.
Uma de suas ações principais nestes cuidados de urgência e emergência, deve ser a
avaliação da criança lesionada, observando criteriosamente a circunstância que levou a
ocorrência, verificando a natureza do acidente, a gravidade das lesões, como uma fratura,
luxação, entorse ou ruptura de ligamentos. Neste caso, é necessário solicitar ajuda para o
atendimento inicial da criança acidentada, se houver necessidade, assim como, afastar as
demais crianças, permanecer perto do escolar lesionado, apoiando-o e mantendo calmo até a
chegada da ajuda especializada, SAMU (192) ou RESGATE (193) e acompanhar a criança
relatando sobre os fatos ocorridos.
Por meio deste estudo, pode-se concluir que muitos graduandos tem cursado a disciplina
de primeiros socorros, mas no momento da prática, verifica-se a falta de apoio do governo
para manter o Kit básico de primeiros socorros nos ambientes escolares, sendo que este fato
tem sido prejudicial para o primeiro atendimento as crianças acidentadas.
Afim de evitar os ricos de acidentes na área escolar, cabe ao professor exigir todas as
ferramentas necessárias para a instituição, planejar as suas aulas de acordo com o espaço, o
material e o número de crianças existentes. Sendo também fundamental organizar e direcionar
os jogos onde tem muitas crianças, para evitar a ocorrência de acidentes e colisões entre os
escolares e incentivar a atualização de conhecimentos do educador físico relacionado ao
atendimento em primeiros socorros.

REFERÊNCIAS

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Disponível em: <http://www.educacaofisicaa.com.br/2015/10/3-focos-para-avaliacao-na-
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CONFLITO DE INTERESSES
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

AUTOR PARA CORRESPONDÊNCIA


Leticia soares Silva
Faculdades Integradas de Cassilândia,
79540-000,
Cassilândia-MS, Brasil

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