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concreto
Influence of mechanical grinding of the fly ash on the mechanical properties of concrete
Bruna Figueiredo Cezar(1); Pedro Rodrigues Lustosa (2); Margareth da Silva Magalhães(3)
Resumo
O aumento contínuo do uso do concreto na indústria da construção faz aumentar rapidamente a produção de
cimento; reduzindo as fontes naturais e aumentando o custo na produção e a emissão de gases tóxicos na
atmosfera. Assim, pesquisadores e engenheiros estão empenhados em identificar materiais alternativos para
redução ou substituição do cimento, de forma a reduzir a emissão de CO 2. Entre os vários resíduos industriais,
um grande volume de cinza volante tem sido usado como adição ou substituição do cimento. Este trabalho
analisa o efeito da moagem da cinza volante nas propriedades mecânicas do concreto. As cinzas bruta e
moída foram caracterizadas através de granulometria, análise química e microscopia. Foram realizados
ensaios de resistência à compressão em corpos de prova de concreto, aos 7, 28 e 90 dias, e módulo de
elasticidade aos 28 dias. Os corpos de prova foram fabricados com teor água/material cimentício de 0,6 e
teores de substituição de 10%, 20% e 50% de cimento por cinza volante bruta ou beneficiada. Os resultados
indicam que os corpos de prova fabricados com a cinza mais fina apresentaram valores similares (aos 7 dias)
ou maiores (aos 28 e 90 dias) de resistência à compressão que os corpos de prova fabricados com a cinza
bruta, em todos os teores de substituição. Mesma tendência foi observada para o módulo de elasticidade. O
aumento do teor de cinza indicou que é possível utilizar até 10% de cinza bruta e 20% de cinza moída sem
perda de resistência em todas as idades.
Palavra-Chave: cinza volante, concreto, resistência a compressão, modulo de elasticidade, moagem mecânica.
Abstract
The consumption of cement in construction industry increases the production of cement rapidly; it deploys the
natural resources, increases the cement production cost and the emission of toxic gases into the atmosphere.
Hence, the researchers and engineers are concentrated to identify an alternate material for replacement of
cement, which also reduces the emission of CO 2. Among the various industrial wastes, a large volume of
available fly ash is used as a replacement material for cement. This paper reports the results of an investigation
on the influence of mechanical grinding of fly ash on the mechanical properties of concrete when partially
replacing cement. The physical and chemical characteristics of as-received and after grinding fly ash, were
determined. Compressive strength of concretes with both fly ash were analyzed at 7, 28 and 90 days and
Young's modulus at 28 ages. The specimens were produced with 10%, 20% and 50% cement replaced by as-
received or after grinding fly ash and with a water/binder ratio of 0.6. Experimental results indicate that the
compressive strength of concrete was similar (7 days) or improved (28 and 90 days) when using finer fly ash
rather than a coarse fly ash. Similar behavior was also noted regarding to Young's modulus. Also is possible
to use 10% as-received fly ash and up to 20% after grinding fly ash with no loss of strength at all ages.
Keywords: Fly ash, concrete, compressive strength, Young's modulus, mechanical grinding.
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ANAIS DO 61º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2019 – 61CBC2019
1 Introdução
A construção civil é uma das principais poluidoras do meio ambiente, ela tem como um dos
pilares o uso do concreto o qual é composto por agregados graúdos e miúdos, cimento e
água. Os impactos ambientais começam na produção do cimento no qual para obter o
clínquer é feito a queima da farinha crua, composta por argila, calcário e materiais
corretivos, emitindo gases poluentes. Um dos principais gases é o dióxido de carbono
(CO2), também conhecido como gás carbônico, que contribui para a intensificação do efeito
estufa e aumento da temperatura do planeta.
A produção de cimento representa cerca de 5% das emissões de gases do efeito estufa
com fator de emissão especifica entre 0,70 a 0,94 t de CO 2/t de cimento, segundo IPCC
(2007). Quando utilizado em concreto armado, o aço também é responsável por cerca de
6% das emissões, com fator de emissão especifica de 1,9 t de CO 2/t de aço produzido no
Brasil segundo IAB (2016).
Uma alternativa para atenuar o consumo de cimento no concreto consiste no uso de cinzas
volantes. As cinzas volantes são resíduos industriais, resultante da queima do carvão
mineral nas termoelétricas. Sua utilização é benéfica tanto para a indústria que produz as
cinzas, através da reciclagem do seu subproduto, quanto para a construção civil, pois gera
um produto mais sustentável.
A cinza volante possui atividade pozolânica, hidratação mais lenta e baixo calor de
hidratação, comparada ao cimento, e já tem sido utilizada na indústria do concreto ao redor
do mundo, a mais de 50 anos (BOUZOUBAÂ et al, 1999), na forma de adição na preparação
do concreto, ou substituindo o clínquer na fabricação do cimento (SIDDIQUE e KHATIB
2010; SIDDIQUE, 2011). No Brasil, a cinza volante já é componente na fabricação dos
cimentos Portland CP II-Z e CP IV, resultando em um produto mais sustentável, mais barato
e resistente.
O Brasil apresenta grande disponibilidade de geração de cinzas, segundo WITZKE (2018)
existem em funcionamento 13 usinas termelétricas a carvão, localizadas principalmente nos
estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, cuja localização é influenciada pela
existência de jazidas de carvão na região. Isto representa um ótimo cenário para produção
de concreto com substituição parcial do cimento por cinzas volantes.
Além do fator ambiental, o uso de cinzas volantes representa uma redução de custo na
produção do concreto, uma vez que para a produção do clínquer, principal componente do
cimento, é necessária elevada quantidade de energia. Assim, o uso de mais cinzas volantes
representa uma vantagem econômica devida sua grande disponibilidade e redução de
custo na produção do concreto.
Tendo em vista a exploração exaustiva do meio ambiente e não renovação dos recursos
naturais, cada dia torna-se mais necessário o desenvolvimento de novas tecnologias
sustentáveis, que minimizem o impacto ambiental e reciclem resíduos industriais que
seriam descartados no meio ambiente. Com isso garantir a preservação do planeta para as
futuras gerações. Assim, este trabalho tem como objeto a análise do efeito da moagem da
cinza volante nas propriedades mecânicas do concreto, quando utilizada como material
cimentício na substituição parcial do cimento.
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2 Programa Experimental
2.1 Materiais Utilizados
As amostras foram produzidas com cimento Portland CP V-ARI, cinza volante (CV) bruta
ou beneficiada, areia, brita e água. As propriedades físicas destes materiais encontram-se
na tabela 1.
Tabela 2 – Dimensão máxima característica (DMC) e tamanho dos grãos para as porcentagens de 10%
(d10), 50% (d50) e 90% (d90) dos materiais.
Cimento CV Bruta CV Beneficiada Areia Brita
DMC (µm) 45,60 205,78 42,53 2360 19000
d10 (µm) 1,96 4,39 1,88 - -
d50 (µm) 12,31 46,91 10,09 - -
d90 (µm) 36,75 164,85 33,15 - -
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Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura, em ampliação de 800x, mostram
a cinza volante bruta (figura 2a) com partículas maiores comparadas as da cinza moída
(figura 2b). Nota se também na figura 2b, que as partículas moídas parecem apresentar
uma maior porosidade, talvez devido ao processo de moagem. É possível perceber também
que algumas partículas continuaram do mesmo tamanho depois da moagem, isto indica
que seu tamanho já era pequeno e não sofreram influência da moagem. Em relação a
forma, a cinza volante bruta possui grãos predominantemente esféricos que, após a
moagem, passaram a ser mais irregulares e angulosos.
(a) (b)
Figura 2 – Partículas de cinza volante (a) bruta e (b) beneficiada obtidas por microscopia.
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Na tabela 3, é apresentada a composição química e perda ao fogo do cimento, cinza volante
bruta e moída (beneficiada) obtida com espectrômetro de fluorescência de raios
X EDX – 720. A porcentagem dos componentes químicos da cinza bruta para a beneficiada
não representa uma variação significativa, tendo em vista que as cinzas foram apenas
moídas e provavelmente pertencem ao mesmo lote de material. As cinzas possuem grande
quantidade de SiO2 e Al2O3, já o cimento é abundante em CaO.
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2.3 Métodos de Ensaio
Resistência à compressão
Todos os ensaios foram realizados no Laboratório de Engenharia civil da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Para este ensaio foi utilizada a máquina Forney (figura 3), com
capacidade máxima de 100 t. O ensaio foi realizado seguindo os procedimentos da NBR
5739 (2018), com velocidade de carregamento constante de (0,45 ± 0,15) MPa/s, para as
idades de 7, 28 e 90 dias.
Antes dos ensaios foi realizado o faceamento das faces dos corpos de prova, para nivelar
a superfície proporcionando a distribuição uniforme dos esforços em toda a superfície.
O cálculo da resistência à compressão foi feito usando o valor da carga de ruptura pela
área da seção transversal do corpo de prova.
3 Resultados e discussão
Após os ensaios de resistência à compressão nas idades de 7, 28 e 90 dias, foram obtidos
os valores médios apresentados na tabela 5, juntamente com os respectivos desvios
padrão.
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(a) (b)
(c)
Figura 5 – Resistência a compressão do concreto aos (a) 7 dias, (b) 28 dias e (c) 90 dias.
Em 90 dias (figura 6c) observa-se que a resistência à compressão nos teores de 10% e
20% de cinza volante beneficiada é maior que o valor do concreto de referência, diferente
do concreto produzido com cinza volante bruta o qual apenas para o teor de 10% a
resistência é maior que a referência. Na figura 6b e 6c também é possível constatar o
aumento de resistência proporcionado pela moagem da cinza volante, proporcionando um
incremento na resistência do concreto aos 28 e 90 dias em relação ao concreto produzido
com cinza volante bruta.
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(a) (b)
(c)
Figura 6 – Influência do teor de cinza volante beneficiada em comparação com a bruta, aos (a) 7 dias, (b) 28
e (c) 90 dias.
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(a) (b)
Figura 7 – Resistência à compressão do concreto produzido com cinza volante (a) bruta e (b) beneficiada ao
longo do tempo.
Tabela 6 – Módulo de elasticidade (E) dos concretos e desvio padrão (DP) aos 28 dias.
CV1 Bruta CV1 Beneficiada
% cinzas E (GPa) DP E (GPa) DP
0 26,35 1,22 26,35 1,22
10 25,23 0,63 27,59 0,36
20 23,86 0,21 28,86 0,95
50 19,99 1,27 25,01 1,12
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CV: Cinza volante
5 Agradecimentos
Os autores agradecem a empresa Pozo Fly - comércio e beneficiamento de pozolana pela
doação da cinza volante e a empresa Holcim pela doação do cimento. Os autores também
agradecem a fundação de amparo à pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, FAPERJ, pelo
auxílio financeiro na forma de bolsas de iniciação científica concedida aos alunos
participantes do projeto.
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6 Referências Bibliográficas
BOUZOUBAÂ N., ZHANG M.-H., MALHOTRA V.M., GOLDEN D.M. Blended fly ash
cements - a review, ACI Material Journal. 1999, 96 (6), 641–650.
SIDDIQUE R., KHATIB J.M. Abrasion resistance and mechanical properties of high-volume
fly ash concrete. Material and Structure. 2010, 42 (5), 709-718.
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