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Resumo:
A formação dos professores que atuam na Educação Profissional Técnica de Nível
Médio (EPTNM) se configura não somente como um campo rico de debates e estudos,
mas também num grande desafio a ser enfrentado pelas instituições formadoras nos
próximos anos. O diagnóstico da formação desses professores, ou melhor, da falta de
formação para a docência, revela a emergência tanto da regulamentação da exigência da
formação estabelecida na Resolução CNE/CEB no 06/12 quanto da criação de políticas
que possam suprir a demanda existente. Assim, este artigo tem como propósito, refletir
sobre os desafios que se põem para a formação dos professores para a EPTNM diante da
exigência dessa formação. Os procedimentos metodológicos utilizados caracterizam-se
por uma abordagem quanti-qualitativa constituída de pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental (Diretrizes do Ensino Médio e da Educação Profissional Técnica, bem
como as políticas de Formação de Professores) e pesquisa de campo (fundamentalmente
dados estatísticos do Censo Escolar da Educação Básica). Os referenciais teóricos que
utilizados são KUENZER (2011); MACHADO (2008); SCHEIBE (2008); SHIROMA,
CAMPOS e GARCIA (2005); VIEIRA (2002) e legislações diversas que envolvem a
formação de professores para a educação profissional. Identificamos como desafios para
a formação de professores da EPTNM: a regulamentação da formação desses
professores de forma que esta se torne uma política educacional de caráter nacional,
contínua e obrigatória; o alcance dessa formação pela totalidade dos profissionais que
atuam na docência da EPTNM. Destacamos que uma concepção de formação de
professores comprometida com os interesses da classe trabalhadora exige que a
concepção das atuais diretrizes para a formação de professores seja revista, bem como
dos cursos de formação pedagógica, hoje fundamentadas na pedagogia das
competências e na lógica do mercado.
INTRODUÇÃO
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pertinentes” (p. 3). Tal Parecer, ao dispor sobre os Programas Especiais de Formação
Pedagógica de Docentes, orienta que estes passem a ser regidos pelo disposto nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores para a Educação
Básica, definidas pelo Parecer CNE/CP no 09/01 e na Resolução CNE/CP no 01/02,
ambas baseados no desenvolvimento de competências profissionais.
Decorrente do Parecer CNE/CP no 05/06, a Resolução no 01/09, também
fundamentou-se no desenvolvimento de competências profissionais, convergindo ainda
com as Diretrizes Curriculares do Ensino Médio e da Educação Profissional Técnica de
Nível Médio desse período, corroborando com o fortalecimento da concepção
educacional a favor dos interesses colocados pelo neoliberalismo. Por meio de estudos
adicionais (programas de complementação pedagógica), a formação de professores para
a EPT passa a ter carga horária mínima de 800 horas, das quais, no mínimo, 300 horas
deverão ser dedicadas ao estágio supervisionado e, no mínimo, 500 horas às demais
atividades formativas.
Mais recentemente, em 20 de setembro de 2012, foi aprovada a Resolução no
06/12, que “Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
Técnica de Nível Médio”. Em se tratando de formação de professores não licenciados
em exercício na EPTNM, essa Resolução assegura o direito de participar ou ter
reconhecidos seus saberes profissionais em processos destinados à formação pedagógica
ou à certificação da experiência docente, podendo ser considerado equivalente às
licenciaturas.
As formas propostas para esta formação, além de cursos de licenciatura, são: a
pós-graduação lato sensu, de caráter pedagógico, cujo trabalho de conclusão de curso,
preferencialmente, é um projeto de intervenção relativo à prática docente; o
reconhecimento total ou parcial dos saberes profissionais de docentes, com mais de 10
(dez) anos de efetivo exercício como professores da Educação Profissional, no âmbito
da Rede CERTIFIC; a frequência em cursos de segunda licenciatura, diversa da sua
graduação original, a qual o habilitará ao exercício docente. O prazo para o
cumprimento da excepcionalidade prevista para a formação pedagógica dos docentes
em efetivo exercício da profissão encerra-se no ano de 2020.
Assim, considerando os dados de 2012 do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), apesar de 90,75% das funções docentes
da EPTNM no Brasil terem formação superior, 9,20% tinham apenas a formação de
nível médio e 0,05% tinham apenas o ensino fundamental. Em se tratando da formação
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em nível superior, a grande maioria não possui a habilitação exigida para o exercício da
docência, ou seja, a licenciatura. São tecnólogos, bacharéis e engenheiros – sem
habilitação para a docência que deverão alcançar tal habilitação nos próximos seis anos.
No Brasil, os dados do INEP 2012, mostravam o seguinte quadro: das 65.220
funções docentes com formação superior que atuavam na educação profissional, 35.206
possuíam bacharelado, formação em engenharia ou em cursos tecnológicos, 18.142
haviam cursado licenciatura e 11.872 tinham formação superior com complementação
pedagógica, ou seja, 54%, 28% e 18%, respectivamente.
Considerando que 54% das funções docentes exercidas por profissionais com
formação superior não possuem licenciatura ou complementação pedagógica, somado
aos 9,25% que só possuem ensino médio ou fundamental, temos 63,25% dos
profissionais que atuam na docência da EPTMN sem a formação compatível legalmente
estabelecida.
Esses dados sobre a formação dos professores da educação profissional,
especialmente no que se refere aos professores sem licenciatura ou formação para a
docência, subsidiam-nos na percepção da abrangência dos desafios que se põem à
formação dos professores da EPTNM.
O primeiro desafio instalado para a formação de professores da EPTNM, em
nossa compreensão, é a própria regulamentação da formação, uma vez que a
morosidade tem reproduzido o descrédito histórico em relação à instalação uma política
nacional contínua e obrigatória para esses professores. O segundo desafio está no
alcance dessa formação pela totalidade dos profissionais que atuam na docência da
EPTNM. E um terceiro desafio que se inscreve para tal formação refere-se à concepção
dessa formação tendo em vista tanto a complexidade da atuação desses professores, no
que diz respeito às diferentes instituições que atuam e fundamentalmente da variedade
de modalidades e níveis dessa atuação (cursos de qualificação profissional; programas
como Mulheres Mil e Pronatec, cursos de ensino médio nas modalidades integrado,
concomitante, subsequente; graduação em nível tecnológico, bacharelado e
licenciaturas; pós-graduação latu e stricto sensu).
Em relação a regulamentação da Resolução no 06/12, apesar de priorizar a
formação em cursos de licenciatura, o mais provável, pela trajetória das políticas
educacionais no Brasil, é que esta fique à mercê dessas “outras formas” de habilitação
para a docência. Diz-se isso especialmente em função da possibilidade do
“reconhecimento total ou parcial dos saberes profissionais de docentes, com mais de 10
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Conforme estabelecido na Lei no 12.796, de 04 de abril de 2013, que estabelece a educação básica
obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade.
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Além disso, podemos destacar o investimento do Governo Federal em políticas de profissionalização de
jovens e adultos no país.
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Ver SHIROMA, Eneida Oto; CAMPOS, Roselane Fátima; GARCIA, Rosalba Maria Cardoso. Decifrar
textos para compreender a política: subsídios teórico-metodológicos para análise de documentos.
Perspectiva, Florianópolis, v. 23, n. 2, p.427-446, jul./dez. 2005.Além disso, podemos destacar o
investimento do Governo Federal em políticas de profissionalização de jovens e adultos no país.
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