Você está na página 1de 21

“ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA: ASPECTOS DE

PROJETO, EXECUÇÃO E CONTROLE”

Prof. Alexandre Duarte Gusmão (Eng. Civil, D.Sc.)


Universidade de Pernambuco
Centro Federal de Educação Tecnológica de PE
Gusmão Engenheiros Associados Ltda
APRESENTAÇÃO

• Introdução

• Aspectos de Execução

• Aspectos de Controle

• Aspectos de Projeto

• Casos de Obras na Cidade do Recife

• Conclusões
1) INTRODUÇÃO

Demandas Atuais:

• Vibrações e Ruídos: problemas em áreas urbanas.


• Camadas Intermediárias Resistentes: comumente
encontradas em Recife.
• Edifícios Altos: elevadas cargas verticais e horizontais.
• Produtividade: custos fixos e de mão-de-obra.

Desenvolvimento de Novas Tecnologias:


Estacas Hélice Contínua Monitorada
2) ASPECTOS DE EXECUÇÃO

2.1) Equipamento
• Desenvolvido nos Estados Unidos na Década de 50.
• Características técnicas:
CARACTERÍSTICAS UNIDADE CAPACIDADE
Torque kN.m 150 – 250
Diâmetro da Estaca mm 1200
Comprimento m 28
Tração kN 400 – 700

Detalhe Esquemático do Equipamento


• Monitoração Eletrônica (Sistema Taracord):
¾ Sensor de Inclinação: verticalidade em relação aos eixos do
plano do terreno.
¾ Sensor de Profundidade: comprimento da estaca, velocidade
de penetração e extração do trado.
¾ Sensor de Torque: capacidade do trado.
¾ Sensor de Velocidade de Rotação
¾ Sensor de Pressão do Concreto: deve ser sempre positiva.
¾ Sensor de Volume de Concreto: sobreconsumo de material.

Detalhe do Taracord
Relatório do Taracord
2.2) Introdução do Trado

• Trado helicoidal circundante a uma haste tubular com


tampa metálica provisória.
• Penetração contínua até a profundidade especificada,
através de rotação imposta por mesa giratória de alta
capacidade.
• Solo é contido entre as hastes do trado.
• A velocidade de rotação do trado deve ser compatível
com a sua velocidade de penetração, para se evitar o
desconfinamento do solo circundante.

Detalhe do Trado
2.3) Concretagem

• Concreto fluido (slump de 22 ± 2 cm).


• Uso de caminhão betoneira e bomba de concreto.
• Preenchimento de toda a haste tubular do trado.
• Levantamento do trado (cerca de 30 cm), para permitir a
expulsão da tampa metálica.
• Retirada do trado de forma lenta e contínua, sempre com
pressão positiva e sobreconsumo de concreto.

Detalhe da Concretagem da Estaca


2.4) Colocação da Armadura
• A armadura é colocada após a concretagem da estaca.
• Normalmente a armadura tem apenas a função de garantir
a integridade da estaca durante o seu arrasamento.
• Normalmente a armadura é colocada manualmente, ou
com auxílio de peso (pilão ou pá carregadeira).
• O intervalo entre o final da concretagem e a colocação da
armadura deve ser o menor possível.
• Comprimento normal da armadura de até 12 m.

Detalhe da Colocação da Armadura


2.5) Arrasamento das Estacas

• Norrmalmente é feito manualmente com ponteiro,


trabalhando com pequena inclinação para cima.
• Pode ser utilizado martelete leve (elétrico), tomando-se
os mesmos cuidados quanto à inclinação.
• Se na cota de arrasamento, o concreto não apresentar boa
qualidade, o arrasamento deve prosseguir, com posterior
concretagem da estaca até a cota de arrasamento.

Detalhe do Arrasamento das Estacas


3) ASPECTOS DE CONTROLE

3.1) Materiais
• Concreto:
¾ Resistência Característica a Compressão (fck): 20 MPa
¾ Consumo Mínimo de Cimento: 400 kg/m3 de concreto
¾ Slump Test: 22 ± 2 cm
¾ Fator Água-Cimento (a/c): 0,55
¾ Agregados: areia e pedrisco

• Armadura:
DIÂMETRO DIÂMETRO MÍNIMO DA
DA ESTACA ARMADURA (mm)
(mm) LONGITUDINAL TRANSVERSAL
250 – 400 12,5 – 16,0 6,3 passo 15 cm
500 – 700 16,0 – 20,0 8,0 passo 20 cm
800 – 1000 20,0 – 22,0 8,0 passo 20 cm

3.2) Controle Durante a Execução da Estaca


• A velocidade de rotação do trado deve ser compatível
com a sua velocidade de penetração, para se evitar o
desconfinamento do solo circundante.
• A pressão do concreto deve ser sempre positiva em solos
resistentes; no caso de solos moles, a pressão pode ser
zero ou até mesmo negativa.
• Deve haver sobreconsumo de concreto (10 a 30 %).
• Deve ser deixado um intervalo de pelo menos 12 horas na
execução de estacas com distâncias inferiores a 5 vezes o
seu diâmetro.
3.3) Controle Após a Execução da Estaca
• Integridade do Fuste:
¾ Escavação com exame visual
¾ Sondagens rotativas com extração de testemunhos
¾ Ensaio de integridade (PIT – Pile Integrity Tester)

Ensaio de Integridade da Estaca (PIT)


• Capacidade de Carga da Estaca:
¾ Prova de carga estática: necessidade de sistema de reação.

Prova de Carga Estática


¾ Prova de carga dinâmica: PDA (Pile Driving Analyser)

Prova de Carga Dinâmica (PDA)


4) ASPECTOS DE PROJETO

4.1) Requisitos Básicos de Projeto

ANTES
=>

EQUILÍBRIO ?

ELEMENTO
ESTABILIDADE
TERRENO

DANOS
ESTÉTICOS
REQUISITOS DEFORMAÇÕES DANOS
DE PROJETO TOLERÁVEIS FUNCIONAIS
DANOS
ESTRUTURAIS

DURABILIDADE
4.2) Carga Admissível – Elemento Estrutural
• Carga Vertical de Compressão (Velem):
¾ Resistência característica do concreto (fck): 20 MPa
¾ Coeficiente de majoração da carga: γf = 1,4
¾ Coeficiente de minoração do concreto: γc = 1,8
¾ Desprezada a contribuição da armadura

0,85 ⋅ Ac ⋅ fck 0,85 ⋅ fck


Velem = ∴ σ elem = = 6,75 MPa
γ f ⋅γ c γ f ⋅γ c

DIÂMETRO ÁREA DA SEÇÃO DISTÂNCIA CARGA


DA ESTACA TRANSVERSAL ENTRE EIXOS ADMISSÍVEL
(mm) (cm2) (cm) (kN)
250 491 65 300
300 707 75 450
350 962 90 600
400 1257 100 800
500 1964 130 1300
600 2827 150 1800
700 3848 175 2400
800 5027 200 3200
900 6362 225 4000
1000 7854 250 5000

• Carga Vertical de Tração (Telem):


¾ Desprezada a contribuição do concreto
¾ Resistência característica do aço (fyk): 500 MPa (CA-50)
¾ Fator de segurança global igual a 2: NBR-6122/96
¾ Deve ser deduzido 2 mm do diâmetro das barras de aço
(efeito da corrosão)

As ⋅ fyk
Telem =
2
4.3) Carga Admissível – Terreno de Fundação
• Método de Antunes-Cabral (1996)
¾ Baseado em correlações com o ensaio SPT
¾ Fator de segurança global igual a 2

Vrup

N SPT

1 Rl 1 N1

2 Rl 2 N2

.. Rl i ∆ Li Ni

n Rl n Nn

PROF.
Rp

Vrup = RL + R p

Vadm =
Vrup
=
(RL + R p )
FS 2
TrupRL
Tadm = =
FS 2
¾ Resistência por Atrito Lateral (RL):

n
RL = ∑ RLi ∴ RLi = ALi ⋅ rLi = U ⋅ ∆Li ⋅ rLi
1

rLi = B1,i ⋅ N i
Onde: B1,i = fator de correlação = f (solo) ⇒ Tabela
Ni = média aritmética do NSPT na camada i

¾ Resistência por Ponta (Rp):

R p = Ap ⋅ rp

rp = B2 ⋅ N p ≤ 4 MPa
Onde: B2 = fator de correlação = f (solo) ⇒ Tabela
Np = valor do NSPT na ponta da estaca
TIPO DE B1 B2
SOLO (kPa) (kPa)
Areia 4,0 – 5,0 200 – 250
Silte 2,5 – 3,5 100 – 200
Argila 2,0 – 3,5 100 – 150

¾ Carga admissível de Compressão (Vadm):

Vadm ≤ (RL + R p ) 2 Vadm ≤ 1,25 ⋅ RL

¾ Carga admissível de Tração (Tadm):

Tadm ≤ RL 2
• Método de Alonso (1996)
¾ Baseado em correlações com o ensaio SPTT
¾ Fator de segurança global igual a 2

Vrup

Torque N
SPT

2
Rl L Tmax N
..

n
Tmin Tmax
PROF.
Rp

Vrup = RL + R p

Vadm =
Vrup
=
(RL + R p )
FS 2

Trup RL
Tadm = =
FS 2
¾ Resistência por Atrito Lateral (RL):

RL = AL ⋅ rLi = U ⋅ L ⋅ rLi

rL ( kPa ) = 3,53 ⋅ Tmax ( kgf .m) ≤ 200 kPa

Onde: Tmax = média aritmética do torque máximo medido no


Ensaio SPTT (penetração de 45 cm) ao longo da estaca,
tomando-se os valores acima de 56 kgf.m como iguais a
56 kgf.m.

No caso de não ser disponível o torque, pode-se considerar:

rL ( kPa ) = 4,24 ⋅ N ≤ 200 kPa

Onde: Tmax = média aritmética do NSPT ao longo da estaca,


tomando-se os valores acima de 47 como iguais a 47.

¾ Resistência por Ponta (Rp):

R p = Ap ⋅ rp

rp =β⋅
(T (1)
min + Tmin
( 2)
)
2

Onde: Tmin(1) = média aritmética do torque mínimo no trecho


8D (oito vezes o diâmetro) acima da ponta da estaca.
Tmin(2) = média aritmética do torque mínimo no trecho
3D (três vezes o diâmetro) abaixo da ponta da estaca.
β = fator de correlação = f (solo) ⇒ Tabela
No caso de não ser disponível o torque, pode-se considerar:

Tmin ( kgf .m) = N SPT ≤ 40 kgf .m

TIPO DE β
SOLO (kPa / kgf.m)
Areia 200
Silte 150
Argila 100

¾ Carga admissível de Compressão (Vadm):

Vadm ≤ (RL + R p ) 2 Vadm ≤ 1,25 ⋅ RL

¾ Carga admissível de Tração (Tadm):

Tadm ≤ RL 2
CONCLUSÕES

• Inovação tecnológica: ruídos e vibrações; elevada


produtividade.

• Execução: sistema de monitoração eletrônica ainda


apresenta uma série de limitações (confiabilidade).

• Controle: importância do controle tecnológico do


concreto, e da qualidade do produto acabado (ensaios não
destrutivos: PIT e PDA).

• Projeto: importância da sondagem; trabalha


fundamentalmente por atrito lateral (necessidade de
grandes comprimentos).

• Limitações: comprimentos de até 24 m; elevado custo


para obras de pequeno porte.

• Obras em Recife: resultados satisfatórios; correlações


entre o torque e NSPT no ensaio SPTT.

Você também pode gostar