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Aula 2 - O sistema colonial na

América Luso-Espanhola

Nessa aula você vai estudar em que contexto histórico se deu a


montagem do sistema de exploração na América portuguesa e
espanhola. Os objetivos dessa aula são tanto para caracterizar
esse sistema que marcou a primeira fase da história das colônias
na América Latina, quanto para comparar as características da
colonização portuguesa e espanhola identificando semelhanças e
diferenças entre esses dois modelos de colonização.

De acordo com o historiador Fernando Novais o sistema colonial foi o


conjunto das relações econômicas e culturais entre as metrópoles e suas
respectivas colônias. Em seguida ao período da conquista, tendo subjugados
os nativos, os europeus, nesse caso, portugueses e espanhóis, deram início
a montagem de uma estrutura de exploração na América Luso-Espanhola e
assim conseguiram levar para a Europa grande parte das riquezas do nosso
continente, como ouro e prata, por exemplo.

Existiram diferenças e semelhanças em alguns aspectos na forma da


colonização de portugueses e espanhóis. A dominação dos reis espanhóis
estabelece-se a partir da extração mineral (ouro e prata), e também
por uma agricultura de subsistência e de um comércio que permitiu a
chegada dos minerais à Espanha e dos produtos europeus à América colonial.
A dominação dos reis de Portugal, após um período de extrativismo, passou
a basear-se na produção da cana de açúcar e na importação de escravos
negros da África.

Atenção!!!
Ao longo do processo, desde a etapa dos metais à provisão de alimentos,
cada região se identificou com o que produzia, e produzia o que dela se
esperava na Europa: cada produto, carregado nos porões dos navios que
sulcavam o oceano, converteu-se numa vocação e num destino. (...) Os
mercados do mundo colonial cresceram como meros apêndices do mercado
interno do capitalismo que emergia.

(...) A economia colonial estava regida pelos mercadores, os donos das minas
e os grandes proprietários de terras, que repartiam entre si o usufruto da
mão de obra indígena e negra, sob o olhar ciumento e onipotente da Coroa

Aula 2 - O sistema colonial na América Luso-Espanhola 21 e-Tec Brasil


e seu principal sócio, a Igreja. O poder estava concentrado em poucas mãos,
que enviavam à Europa metais e alimentos, e da Europa recebiam os artigos
de luxo, a cujo desfrute consagravam suas fortunas crescentes. As classes
dominantes não tinham o menor interesse em diversificar as economias
internas, nem de elevar os níveis técnicos e culturais da população: era outra
sua função, dentro da engrenagem internacional para a qual atuavam; e
a imensa miséria popular, tão lucrativa do ponto de vista dos interesses
reinantes, impedia o desenvolvimento de um mercado interno de consumo.
GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. 24 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 42.

Foram, em verdade, o excedente agrícola, as habilidades e a mão de obra


indígena que asseguraram o sucesso da empresa mineira espanhola. A
introdução da economia de mineração (utilizando tecnologia primitiva)
desempenhou o papel de lâmina de corte do capitalismo europeu ocidental.
O sucesso da empresa literalmente dizimou a população indígena e destruiu
as estruturas agrárias anteriores à conquista. A estância, unidade produtora
voltada para a pecuária, surgiu das ruínas dessas culturas dizimadas pelos
espanhóis.
STEIN, S.; STEIN, B. A herança colonial na América Latina: ensaios de dependência econômica. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1976, pp. 29-35.

Diferenças entre as colonizações espanhola e portuguesa

Como é sabido, o que assegurou o sucesso do povoamento e da ocupação


econômica do Brasil pelos portugueses foi a instalação da agroindústria
açucareira. Mais bem-sucedidos do que os portugueses nas tentativas de
exploração de riquezas minerais, os espanhóis logo encontraram riquíssimas
minas de prata no México (território asteca) e no Peru-Bolívia (território inca).

Houve, portanto, uma diferença quanto à base econômica de ocupação da


América: agrícola, no caso da portuguesa, e mineira, no caso da espanhola.
Além disso, houve a diferença também quanto à origem da mão de obra
empregada nas ocupações portuguesa e espanhola: africanos e indígenas,
respectivamente. Porém, em ambos os casos adotou-se a política mercantilista
como orientação geral, o que à ocupação econômica da América a forma de
sistema colonial. No entanto, o processo da constituição desse sistema e o
seu resultado final não foram os mesmos para Portugal e Espanha.

(...)

Na Idade Moderna, devido às restrições mercantilistas, a liberdade econômica


não era condição para o funcionamento do mercado. A economia baseava-

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se num sistema de privilégios: o rei vendia direito de exclusividade tanto em
relação ao comércio quanto à produção.
Assista ao filme A Missão, de
Esse sistema marcou presença na América e foi determinante na estruturação Roland Joffe, 1986. Nesse filme
observe atentamente a forma de
econômica do continente. O povoamento americano só ganhou forma de dominação que os religiosos rea-
colonização em consequência da ação combinada entre rei e burguesia lizaram junto aos indígenas
mercantil. O resultado foi a implantação de um sistema de produção
voltado para o mercado externo, com base no tráfico negreiro, no exclusivo
metropolitano e nas diversas modalidades de trabalho compulsório (cuatequil,
mita, escravidão). Ou seja, na Idade Moderna foi montado um gigantesco
sistema de produção modelado pela política mercantilista com a função de
transferir o maior volume possível de riqueza da América para a Europa. O
que foi feito com grande êxito, durante trezentos anos, à custa do sacrifício
e extermínio de índios e negros.
KOSHIBA, L; PEREIRA, D. M. F. História geral e do Brasil: trabalho, cultura e poder. 1 ed. São Paulo: Atual, 2004. p.115.

Atividade de aprendizagem
1. Compare as colonizações portuguesa e espanhola na América, mostran-
do as diferenças e semelhanças entre as duas colonizações.

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Resumo
Nessa aula você estudou:

A ideia de acúmulo de metais preciosos e o intervencionismo estatal


foram características básicas da política mercantilista que orientou a
montagem do sistema colonial
O “exclusivo” metropolitano teve a mais rigorosa aplicação na América
Espanhola.

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