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PEDRO CARDIM
Centro de História de Além-mar
Universidade Nova de Lisboa
RESUMO ABSTRACT
1 CANABRAVA, Alice P. O comércio português no Rio da Prata (1580-1640). São Paulo: Edusp,
1984. CEBALLOS, Rodrigo. Uma Buenos Aires lusitana: a presença portuguesa no Rio da Prata
(século XVII). Mneme. Revista de Humanidades, Caicó, v. 9. n. 24, set/out (2008). CEBALLOS,
Rodrigo. Extralegalidade e autotransformação no porto: a presença portuguesa na Buenos Aires
colonial (século XVII). Revista Territórios e Fronteiras, Universidade Federal de Mato Grosso,
V.1, n.2, jul/dez (2008), p. 300-317.
história, histórias. Brasília, vol. 1, n. 1, 2013. ISSN 2318-1729
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NUNO GONÇALO MONTEIRO; PEDRO CARDIM.
A centralidade da periferia. Prata, contrabando, diplomacia e
guerra na região platina (1680-1806).
8 MOUTOUKIAS, Zacarias. Contrabando y control colonial en el siglo XVII. Buenos Aires: Centro
Editor de América Latina, 1988.
9 GIL, Tiago Luís. A produção de gado muar no Rio Grande de São Pedro: o caso dos criadores
da Freguesia de Nossa Senhora do Bom Jesus do Triunfo. Porto Alegre: UFRHS, 2000.
10 ALMEIDA, Luís Ferrand de. Informação de Francisco Ribeiro sobre a Colónia do Sacramento.
In Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, vol. XXII (1955).
11 ALMEIDA, Luís Ferrand de. A Colónia do Sacramento na Época da Sucessão de Espanha .
Coimbra, 1973.
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NUNO GONÇALO MONTEIRO; PEDRO CARDIM.
A centralidade da periferia. Prata, contrabando, diplomacia e
guerra na região platina (1680-1806).
12 Idem.
13 POSSAMAI, Paulo. A Vida Quotidiana na Colónia do Sacramento. Lisboa: Europa-América,
reimpressão de 2006.
14 VIGANEGO, Pietro Francesco. Ao serviço secreto da França na Corte de D. João V .
(Introdução, tradução e notas de Fernando de Morais do Rosário). Lisboa: Lisóptima, 1994, p.
73 e segs.
22 MACEDO, Jorge Borges de. Problemas de História da Indústria Portuguesa no século XVIII.
2ª ed. Lisboa: Querco, 1982, p.23.
23 Cf. SOUSA, Rita. Moeda e Metais Preciosos no Portugal Setecentista (1688-1797). Lisboa: IN-
CM, 2006, p.271-272; ROCHA, Maria Manuela; SOUSA, Rita. Moeda e crédito, em Pedro Lains;
Álvaro Ferreira da Silva (org.), História Económica de Portugal 1700-2000. Lisboa: Imprensa de
Ciências Sociais, 2004.
24 Cf. SOUSA, Rita. A prata no século do Ouro (1700-1797). In GARRIDO, Álvaro; COSTA,
Leonor Freire; DUARTE, Luís Miguel (orgs.). Estudos em Homenagem a Joaquim Romero
Magalhães. Economia, Instituições e Império. Coimbra: Almedina, 2002, p. 399.
25 SANTOS, Corcino Medeiros dos. O Rio de Janeiro e a conjuntura atlântica. Rio de Janeiro:
Expressão e Cultura, 1993, p.177.
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A centralidade da periferia. Prata, contrabando, diplomacia e
guerra na região platina (1680-1806).
seja, contrabando, pelo menos até 179633) e fazia-se quase todo pelo Prata,
mesmo quando deixou de haver colónia do Sacramento. E se a prata de Potosi
diminuiu até meados do século, aumentou depois, passando agora a concorrer
com a que se extraía de outras partes da América espanhola, designadamente
do México.
O quadro que acabou de ser traçado explica por que motivo a região do
Rio da Prata se revestiu de tanta importância, para a Coroa portuguesa, para a
sociedade portuguesa no reino, para as autoridades portuguesas na América do
Sul e, também, para as populações do Rio de Janeiro e de São Paulo. O feixe de
interesses que foi descrito conferiu uma notável centralidade política e
comercial a essa região mais ou menos periférica.
O que até aqui foi referido mostra que, durante a primeira metade do
século XVIII, continuaram a marcar presença, na região platina, duas dinâmicas
aparentemente contraditórias: por um lado, o esforço para fechar a fronteira,
algo que era inerente à ocupação efectiva do território – na linha do que André
Costa apresenta no estudo que incluiu neste volume. Por outro, o desejo de
manter o carácter poroso dessa fronteira, tendo em vista garantir que a
interacção até aí registada não se iria interromper. O que se discutia na alta
política era, no fundo, a protecção de um contrabando que garantia o acesso a
um produto essencial para a monarquia portuguesa: a prata.
Tocamos aqui outro ponto essencial: a dialéctica, nem sempre pacífica,
entre fronteira estanque e limes porosa. Na arquitectura institucional da
monarquia portuguesa o espaço Atlântico e, em particular, o Brasil, distinguia-se
claramente do Estado da Índia. Ao contrário daquele, a América portuguesa era
um domínio territorial, caracterizado pela organização efectiva do tecido
produtivo de hinterlands mais ou menos extenso e pautado por uma grande
uniformidade institucional. Capitanias-gerais, câmaras, ouvidorias, ordenanças e
outras instituições locais existiam, embora com enormes assimetrias espaciais,
em grande parte da América portuguesa, ao invés do Oriente no qual, para
além de Goa e de Macau, predominavam as feitorias e as praças militares,
voltadas para o controlo, cada vez menos efectivo, da navegação no Índico.
Desse ponto de vista, a Colónia do Sacramento fugia claramente ao
modelo Atlântico: era uma praça militar encravada na América espanhola que
tinha como quase única função proteger a navegação portuguesa no Rio da
Prata e o «comércio ilícito» a que esta dava lugar, comércio esse que, na
segunda metade de Setecentos, não deixou de se desenvolver a partir do
mundo mercantil do Rio de Janeiro, como mostra, claramente, o trabalho de
Carlos Gabriel Guimarães e Fábio Pesavento que integra este volume. Era, pois,
uma espécie de tentáculo do Estado da Índia enxertado no Estado do Brasil.
Semelhante, por exemplo, ao que existia no Sudeste Asiático e no Extremo
Oriente, espaço onde sempre existiu uma fronteira porosa entre os dois
39 CESAR, Guilhermino. História do Rio Grande do Sul. Período Colonial . Porto Alegre: Editora
Globo, 1970, p.177.
40 Cf. entre outros: MAXWELL, Kenneth. Devassa da devassa. A inconfidência mineira: Brasil e
Portugal 1750-1808. São Paulo: Paz e Terra, 1978, p.55; MAGALHÃES, J. Romero;
BETTENCOURT, F. ; CHAUDURI, C. História da Expansão Portuguesa. Vol. 3. Lisboa: Círculo de
Leitores, 1998, p.33; BICALHO, Maria Fernanda, A Cidade e o Império. O Rio de Janeiro no
século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p.60-80.
41 Cf. as instruções de Pombal a D. Vicente de Sousa Coutinho em Visconde de Santarém,
Quadro elementar das relações politicas e diplomaticas de Portugal com as diversas potências
do mundo desde o principio da monarchia portuguesa athe aos nossos dias. T. VIII. Paris: 1853,
p.127-145.
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