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TAREFAS – MARCO TEÓRICO

1) Entender a Interdependência Complexa – Levantar os elementos importantes -


OK
2) Entender os três modelos de institucionalismos; OK
3) Por que as instituições surgem e por que elas se mantêm? Análise a luz dos três
modelos institucionalistas; OK
4) Conceitos Brasileiros – Como os autores definem a PE dos governos em
questão; OK
5) Para que serve o Mercosul?
6) Institucionalismo pragmático (FHC) e autonomismo (Lula); OK
7) Como se fortifica o Mercosul? OK
8) Quando o Mercosul passa a ser social? OK
9) Por que o Mercosul muda e quando muda? OK
10) Como se cria a institucionalidade? OK
11) Análise de discursos I – Verificar elementos da interdependência complexa.
12) Quais os elementos da interdependência complexa e como esses elementos são
postos durante o governo de FCH e Lula? OK
13) Entender conceitos de Miriam Saraiva (autonomismo e institucionalismo
pragmático) e Amado Cervo (Estado Logístico- FHC e Estado
Desenvolvimentista – Lula); OK
14) Cruzar os dados entre Miriam e Cervo (institucionalismo pragmático e Estado
logístico; autonomismo e Estado desenvolvimentista; OK
15) Entender realismo periférico e institucionalismo pragmático – Texto de Ariane;
16) Análise de discursos II
17) Desdobramentos da interdependência complexa – Teoria da dependência;
18) Trazer os elementos encontrados de interdependência complexa nos discursos e
departamentos – Como o Brasil encara a interdependência complexa em seu
processo de regionalização;
19) Explicar a Brazilian Butterfly Strategy;OK

1.0 INTERDEPENDÊNCIA COMPLEXA – NYE E KEOHANE

A interdependência complexa acomoda modelos de estratégias a partir das


instituições, como se as mesmas fossem capazes de dar conta das expectativas de
inserção internacional. Trata-se de uma forma representativa dos Estados gerarem maior
confiança na integração e na cooperação. Os Estados delegam às instituições a
capacidade de organizar sua vida internacional, embora tais instituições não sejam de
cunho supranacionais, vide Mercosul.
A teoria em questão aponta que quanto mais assuntos em comum os Estados
tenham, assuntos mais econômicos e menos de segurança 1, maior a capacidade de
cooperação entre os Estados em rumo a uma paz duradoura 2. Os Estados precisam
cooperar, pois o mundo é interdependente, isso é complexo por diversos fatores reais.

A interdependência envolve efeitos recíprocos entre países ou atores


transnacionais e existirá sempre que houver custos significativos e limitações resultantes
do intercâmbio entre eles (KEOHANE; NYE; 1977). Para avaliar os custos e benefícios
da relação de interdependência, os autores se concentram nos benefícios e nas perdas
comuns das partes envolvidas, além dos ganhos relativos e distribuição dos temas da
agenda internacional.
Os atores menos dependentes utilizam a relação de interdependência como fonte
de poder na negociação e com isso, o hard power deixa de ser o ponto central pois as
fontes que produzem o poder estão mais complexas do que eram anteriormente. A
manipulação da interdependência pode ser um instrumento de poder. A centralidade dos
Estados é questionada com a existência de outros atores internacionais relevantes, a
força militar deixa de ser recurso de poder central dos Estados e muitas vezes não é a
melhor estratégia para enfrentar os principais problemas da política mundial.
O poder na interdependência pode ser entendido por duas dimensões, a
sensibilidade e a vulnerabilidade. A sensibilidade mede como um determinado
acontecimento pode afetar um país, resultado das interações entre os atores. Já a
vulnerabilidade corresponde à capacidade de cada ator internacional encontrar suas
próprias alternativas para redução de sua dependência em determinado aspecto.
Por fim, faz-se mister explicitar que a Teoria da Interdependência Complexa é
caracterizada por três grandes pontos, são eles: a diversificação dos canais de interação
(não há restrição somente aos atores Estatais, deste modo, observa-se a expansão da
relação também aos atores não-Estatais, representantes do Estado e atores sub-estatais),
a utilidade declinante do poder militar e a não hierarquização de áreas temáticas.
Toda a parte institucionalista vem depois da interdependência complexa. Com a
ideia de como construir instituições capazes de gerir as complexidades das relações
entre os Estados, delega-se às instituições, de certa maneira, a capacidade de organizar a
vida internacional, resumindo-se em um sentido liberal e político.

2.0 OS INTITUCIONALISMOS – POR QUE AS INSTITUIÇÕES SURGEM E POR


QUE ELAS SE MANTÊM? POR QUE O MERCOSUL SURGE?
1
Hard power baseado na segurança nuclear, pois os autores escrevem na déc. De 70, portanto,
período de détente ou coexistência pacífica da Guerra Fria.
2
O Institucionalismo de Escolha Racional implica em maximização de ganhos
por parte dos agentes, ou seja, nesta perspectiva são realizados cálculos estratégicos que
prevê o comportamento dos atores envolvidos, sendo as instituições uma balança de
redução da incerteza comportamental, além de oferecer privilégios aos Estados
membros, os quais se integram às instituições pelos benefícios (TAYLOR; HALL,
2001). As instituições podem se manter pois são resultantes de cálculos estratégicos os
quais o resultado agrega benefícios.

O Institucionalismo Histórico explica que, os indivíduos se sentem mais


confortáveis em recorrer a protocolos e modelos de comportamentos já conhecidos, haja
vista a ideia de satisfação ser maior que otimização de ganhos. As instituições fornecem
esses modelos para que posteriormente sejam interpretados e executados. Vale ressaltar
ainda que as instituições são marcadas por símbolos, cenários e protocolos (Idem,
2001). As instituições podem se manter devido a uma relação histórica pré-existente
entre os atores envolvidos e, esse cenário pode ser mais confortável para uma relação
mais concreta.

Já o Institucionalismo Sociológico correlaciona “cultura” à “instituição”, deste


modo, percebe-se que os atores se unem institucionalmente devido a existência do
aspecto cultural. Em suma, as instituições geram um sentimento de pertencimento e
identidade entre os Estados membros, sendo possível, portanto, a criação de um viés
cultural entre eles (Idem, 2001). As instituições podem ser criados devido a um
ambiente facilitador que perpetua a questão cultural já existente entre os Estados
membros, esse aspecto cultural reforça a criação das instituições e um sentimento de
pertencimento entre os atores.

Pode-se pensar no viés de interdependência complexa, tendo como resultado um


ambiente no qual o soft power é importante, os aspectos culturais importam, sendo,
deste modo, um aspecto facilitador a criação de uma instituição.

O institucionalismo inserido no contexto de butterfly strategy, o Brasil se


fortifica regionalmente com uma cultura de Estado capaz de comandar a onda de
interdependência complexa apresentada. O Mercosul é utilizado por todos os governos
desde que ele foi criado na perspectiva de dar uma importância internacional ao Brasil,
porém, todos querem usar o Mercosul como uma via de inserção internacional de
alguma maneira, alguns do ponto de vista comercial para alavancar as relações
comerciais, outros pensado na questão do soft power.

Torna-se imprescindível pontuar o desejo do Brasil pela liderança regional.


– Identificar nos discursos (governos Lula, Dilma e Temer) e quantificar.

O Brasil assume a posição de líder em assuntos sociais. A Liderança brasileira


assumindo uma função social ao Mercosul assim como assumiu um tanto para com a
África do Sul (embora houvesse uma lógica de poder).
3.0 OLHAR MARXISTA CRÍTICO

De acordo com as vertentes marxistas, as instituições estão sempre


representando poder, sempre representativas de uma distribuição de classe,
representando, por conseguinte, a classe dominante. Pensando a partir da teoria de
Wallerstein (sistema mundo), nas próprias instituições há uma divisão de classes e o
poder político é representativo da classe com mais relevância econômica – Vincula-se
ao Institucionalismo de escolha racional.

3.1 COMO MUDAR ESSA REALIDADE?

Pode ser subentendido como um dos projetos de Luis Inácio Lula da Silva, ou
seja, criar instituições que sejam representativas da periferia e essa relação fortificar as
próprias relações periféricas. Em suma, faz-se necessário fortificar as relações
periféricas e é isso que o Lula tenta fazer com o G-20, com o IBAS, BRICS, Mercosul.
Adota uma perspectiva diferente, portanto, o Mercosul deixa de ser uma perspectiva de
integração universal do Brasil ao mundo (mundo liberal) e passa a ser uma
representação de resistência às questões sociais, diferenças sociais, econômicas
existentes.

A cooperação Sul-Sul sobretudo realizada pelos países do Sul Global, apresenta


como possibilidade de auxiliar na cooperação com recursos menores. Essa forma de
cooperação é vinculada a solidariedade e estratégica para a melhoria da estrutura, do
escoamento de produção, objetivando aumentar as relações políticas e comerciais
(BESHARATI; ESTEVES, 2015). Diferentemente da cooperação norte-sul que é
justificada pela exploração colonial, dívida moral e histórica com os países do sul
(Idem, 2015).

4.0 DIFERENCIAÇÕES ENTRE FHC E LULA

FHC não permite só o mercado agir, mas diz que o Brasil precisa participar de
instituições, como OMC, ONU, MERCOSUL. Para que haja o reordenamento do
mundo, isso terá que ser feito via instituições, pois são representativas, instituições
como centro do institucionalismo pragmático. Existe um pragmatismo nessa relação, é
necessário que o Brasil participe das instituições internacionais ativamente, seja
reconhecido dentro dessas instituições como agente forte, por isso o pleito ao Assento
de Permanente do Conselho de Segurança da ONU, de participação mais ativas em
regimes de DH, meio ambiente. Tal postura é vista pragmaticamente como importante
estrategicamente ao país em sua PE, há uma valorização das instituições internacionais,
e o Mercosul está dentro desta valorização, porém em esfera regional.

Às lentes de Letícia Pinheiro (2004), a política externa de FHC (1995-2002)


deslumbrou de um novo paradigma diplomático pontuado por Luiz Felipe Lampreia de
paradigma pela integração, isto é, o objetivo por maior autonomia e articulação como
meio internacional. Não obstante, o governo de FHC contou com o institucionalismo
pragmático como novo pulsante de política externa, tal perspectiva diz respeito ao
projeto de adesão aos regimes internacionais e instituições para resolução de problemas
de ação coletiva, além da diminuição dos custos de transação, redução de incertezas e
maximização de ganhos meio ao reforço da cooperação (SARAIVA, 2010). Observa-se
ainda o princípio de auto interesse e busca de ganhos relativos, deste modo, torna-se
nítido a busca de ganhos absolutos no entorno global e ênfase a cooperação regional, de
modo a redirecionar o Mercosul de FHC como um meio de promoção da liderança
brasileira na região e instrumento de emprego da regionalização em face a dinâmica da
globalização (PINHEIRO, 2004). O que tange a perspectiva autonomista, o período de
Fernando Henrique é marcado por uma autonomia pela participação, ou seja, destaca-se
a relação com parceiros tradicionais do Norte, vide Estados Unidos, visando uma maior
participação a agenda global e em foros multilaterais de temas relevantes e
complacentes aos valores da tradição diplomática brasileira (VIGEVANI; CEPALUNI,
2007). Nota-se que o período é frisado pela intensificação do processo de liberalização,
abertura econômica e privatização, encerramento da chamada Era Vargas 3, estabilização
macroeconômica via Plano real 1994 e anseio pela alta credibilidade internacional,
aprofundamento da globalização financeira e ligação entre mercados vulneráveis a
situações de risco, uma vez que as crises mexicana (1994), asiática (1997) e russa
(1998) afetaram a economia brasileira (PINHEIRO, 2004).

O Lula não abandona a ideia de instuticionalismo pragmático adotado no


governo de FHC, mas enfatiza um modelo fruto do universalismo da PEB, com a ideia
da autonomia4; uma perspectiva autonomista, ou seja, as instituições internacionais não
servem apenas para o Brasil mostrar para o mundo que as instituições são importantes e
que o Brasil é ativo nessas instituições, porém, elas são elementos que gerem
autonomia, fazendo com que o país seja capaz de definir sua autonomia por sua PE, não
devem ser definidas pelas instituições, porém por ele mesmo. As instituições devem
ajudar o Brasil em um processo autonomista, de autonomia de suas relações.

Torna-se imprescindível salientar que durante a governabilidade de Lula


da Silva há uma resultante comum entre os policy makers da PEB em busca das
chamadas coalizões de geometrias variáveis, ou seja, intrínseca à diversificação, o
Brasil almeja a participação em fóruns extremamente rigorosos e rígidos, como é o caso
do projeto de alcance brasileiro por um assento permanente do Conselho de Segurança
da ONU, ou de fóruns mais tênues e flexíveis, exemplifica-se, neste caso, o nascimento
do agrupamento BRICS. Concomitantemente à geometria variável, o Brasil se lança a
criação de grupos de coalisões com uma série de países para enfrentar os desafios
contemporâneos comuns e, para isso, opina-se por algumas iniciativas menores, vide o

3
Fim do modelo de desenvolvimento de ISI (industrialização por substituição de importações) e
a prática intervencionista do Estado.
4
Capacidade de decidir o que é melhor para o país por ele mesmo.
fortalecimento da cooperação Sul-Sul pelo IBAS, o debate da multipolaridade pelo
BRICS, defesa do princípio “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” em
âmbito ambiental pelo BASIC, entre outros, justamente para poder lidar com
determinados temas específicos (SILVA, 2015). Em suma, a Era Lula traz maior
flexibilidade para a condução da política externa, viabilizando uma diplomacia
multidimensional (Idem, 2015) e partindo deste pressuposto, o desenvolvimento da
Butterfly Strategy pôde ser implementado.

5.0 PARA QUE SERVE O MERCOSUL?

Para dar legitimidade a uma posição internacional do Brasil que valoriza as


instituições internacionais. Valorizar o Mercosul é uma forma de mostrar ao mundo que
o Brasil está interessado em manter as instituições pois está interessado em um
ordenamento político e econômico do Mundo. Pragmaticamente as instituições são
importantes → Perspectiva do Institucionalismo Pragmático (consolidado durante o
governo de FHC).

O institucionalismo pragmático não abre mão de visões da PEB como o


universalismo (estar aberto para manter relações com todos os países,
independentemente da localização geográfica e opção econômica. Independência de
comportamento à potencia hegemônica e pode ser vinculado ao comportamento de
global player, autonomismo (margem de manobra que o país tem nas relações com os
demais Estados em sua atuação internacional) e destino de grandeza, mas priorizam o
apoio do Brasil aos regimes internacionais, não havendo uma aliança a priori com
países industrializados, porém, identificam que a regulamentação das relações
internacionais como cenário propício ao desenvolvimento econômico brasileiro,
ademais a regra do jogo deve ser cumpridas por todos os jogadores, inclusive os mais
ricos. O novo pulsante de política externa diz respeito ao projeto de adesão aos regimes
internacionais e instituições para resolução de problemas de ação coletiva, além da
diminuição dos custos de transação, redução de incertezas e maximização de ganhos
meio ao reforço da cooperação, utilizando o a nomenclatura global player para um
comportamento mais ativo. Também defende a ideia de uma participação mais ativa e
maior inserção internacional, uma nova visão dos conceitos de autonomia e soberania
como valores globais que devem ser defendidos por todos. A ideia de “soberania
compartilhada” visa não apenas a defesa do modelo, mas também a criação de regimes
para defendê-la. Além disso, observa-se o conceito de “autonomia pela integração”, que
visava à distância ou a autossuficiência. Outro ponto importante sobre o
institucionalismo pragmático é a busca pela liderança brasileira na América do Sul
(importante para o fortalecimento da atuação brasileira como global player), com
moderação e base na ideia de estabilidade democrática e desenvolvimento de
infraestrutura, mas em âmbito regional, a ideia de autonomia aparece com mais força do
que a perspectiva de “soberania compartilhada”, isso porque o Brasil não queria que
suas relações com atores externos pudessem ser afetadas. Observa-se também uma
importância dada a consolidação de um processo de integração com liderança brasileira.
O Mercosul é visto como um instrumento para aumentar os ganhos do Brasil em termos
econômicos dando prioridade a uma integração comercial. Na dimensão política o
Mercosul era visto como uma instrumento de reforço para a capacidade negociadora
brasileira (SARAIVA, 2010).

A visão do Lula não é de aceitar tudo o que as instituições falam, mas de criar
instituições que são importantes, aquelas que permitam uma autonomia do Brasil, em
especial aquelas que se opõe as posições do centro (embate Norte-Sul), por isso uma
perspectiva de Mercosul diferente. → Perspectiva autonomista (também conhecida
como nacionalista) ascendeu no mandato de Lula da Silva, Celso Amorim e Samuel
Pinheiro Guimarães.

Em termos econômicos os autonomistas são mais ligados à ideia


desenvolvimentista, em termos políticos são mais nacionalistas, dão maior destaque as
crenças de autonomia, do universalismo e, principalmente, o fortalecimento da presença
brasileira na política internacional. Defende a projeção mais autônoma e ativa do Brasil.
A convicção aos regimes internacionais é menor, porém, almeja-se alterá-los para
proporcionar maiores benefícios aos países do Sul ou benefício próprio. A diplomacia
de Lula é caracterizada pelo um esforço de liderança regional para, posteriormente,
incrementar a sua posição de potência global (butterfly strategy). Observam-se
propostas como reforma das Nações Unidas (Conselho de Segurança), com a crise de
2008 e a instabilidade da ordem mundial, o Brasil aproveita de lacunas e cria o BRICS,
goza de uma postura mais proativa no G7, G20, BASIC; por conseguinte, nota-se uma
postura mais proativa. Buscam aprofundar-se nas relações sul-sul com países
emergentes e países com características comuns ao Brasil. Defesa brasileira nas
negociações da OMC, modificações de parcerias tradicionais para modificar a ordem
internacional, com intercâmbio tecnológico e não intervenção em assuntos internos dos
parceiros, criação do IBAS. Na América do Sul, os autonomistas defendem projetos
estruturados pela liderança brasileira. Construção de liderança via soft power,
articulando processos de cooperação e integração regional luz ao interesse nacional.
Com um pensamento desenvolvimentista, os autonomistas observam a integração como
instrumento de acesso a mercados externos, sendo elemento de abertura de novas
perspectivas para projeção de indústrias brasileiras. O Brasil tem uma posição regional,
via Mercosul de paymaster, bancando alguns custos do processo de integração, pois se
acredita que se a integração mercosulina via liderança brasileira der certo, o Brasil
também dará certo e todos os créditos do sucesso serão redirecionados ao Brasil. Uma
crítica a posição de paymaster brasileira é a dívida social e desequilíbrios regionais no
do país. A liderança brasileira na MINUSTAH é uma iniciativa de consolidação da
liderança brasileira na região e aumento de peso do país em instância internacional pela
defesa da paz. (SARAIVA, 2010).

De acordo com Amado Cervo (2003), a perspectiva do Estado


desenvolvimentista contava com o pensamento de ruptura à diplomacia de
agroexportação, criticada por apresentar dependência e atraso. Desta forma, percebe-se
o replanejamento da postura e funcionalidade estatal, principalmente em sua pauta
diplomática e condição de fazer política externa. Essa postura contou com o apoio da
imprensa e da opinião pública. É válido dizer que, o paradigma em questão promoveu
ideias que retratam um novo modelo de inserção internacional, incluindo a diplomacia
nas negociações comerciais, promovendo a indústria e buscando autonomia para obter
ganhos recíprocos nas relações internacionais.
Nota-se, portanto, que o paradigma desenvolvimentista possui parâmetros
mentais que se definem em um embargo ideológico e político, como o liberalismo,
ocidentalismo e cultura da democracia. Este paradigma pode ser percebido na criação
do Cepal5, nos conceitos de Prebish6, ou ainda na teoria do desenvolvimento de Celso
Furtado7. Tais ideias levaram à abertura econômica brasileira, diversificando os
parceiros comerciais brasileiros e alterando a relação com os Estados Unidos (CERVO,
2003).  
Em referência aos parâmetros do bloco duro, observa-se que os interesses
nacionais pressupunham uma sociedade, agora, complexa, contendo mais de dois
estratos (empresários, agricultores, industrialistas, militares, entre outros). Essa
multiplicidade de interesses era administrada na política externa pela diplomacia. Vale
ressaltar que, o aspecto percebido com relevância sobre a formação nacional foi usar a
industrialização e o crescimento econômico, visando romper com a dependência centro-
periferia (CERVO, 2003).   
Enquanto o Estado Logístico é fruto de três aspectos. O primeiro é o
insucesso das experiências neoliberais da década de 1990 na América Latina. O
segundo ponto faz menção à observação que os dirigentes brasileiros fizeram do centro:
eles não aplicavam em sua gestão os preceitos que instruíam à periferia latino-
americana. O terceiro reside no fato da sobrevivência do pensamento crítico na América
Latina (CERVO, 2003).
A concepção ideológica do bloco mental deste paradigma associava o
liberalismo, um elemento externo, ao desenvolvimentismo brasileiro. Há, portanto,
fusão do capitalismo com o estruturalismo. No aspecto político é recuperado a

5
Comissão Econômica para a América Latina e Caribe.
6
Centro-periferia, indústria, mercado interno, renda salarial, deterioração dos termos de troca.
7
Foque dependentista sobre a relação de dominação e dependência, especialmente sobre a
desigualdade tecnológica.
autonomia do Estado e englobado a necessidade de incluir a sociedade na defesa de seus
interesses (CERVO, 2003).
Já no tocante ao bloco duro o Estado logístico entende-se como interesses
nacionais diversos setores (agricultores combate a subsídios, empresariado, operários,
consumo). É objetivo das relações econômicas internacionais tentar atenuar a
dependência tecnológica e financeira, frutos do Estado normal. Por fim, os impactos
sobre a formação nacional criaram expectativas de empreendimentos nacionais ousados
e expectativa de participação na sociedade madura do capitalismo (CERVO, 2003).

5.1 CRUZAMENTO DE DADOS ENTRE MIRIAM E CERVO


Institucionalismo pragmático de Miriam Saraiva e Estado Logístico de
Amado Cervo – Ambas teorias retratam do desejo do Brasil por maior participação nas
relações internacionais em busca de um comportamento de global player. O
neoliberalismo é uma grande marca nos países latino-americanos em um sistema
ocidental recentemente globalizado. Há uma prevalência de elementos da PEB marcado
pela autonomia, pois se vê um mundo de interdependência e inserção mais autônoma.
Há também uma ideia de que a regra do jogo deve ser cumpridas por todos os
jogadores, inclusive os mais ricos, portanto, nota-se a perspectiva de superação de
assimetrias entre as nações, ou seja, elevar o patamar nacional ao nível das nações
avançadas. A política exterior volta-se à realização de interesses nacionais
diversificados: dos agricultores, combatendo subsídios e protecionismo, porque convém
à competitividade do agronegócio brasileiro; dos empresários, amparando a
concentração e o desenvolvimento tecnológico; dos operários, defendendo seu emprego
e seu salário; dos consumidores, ampliando seu acesso à sociedade do bem-estar,
levantando pautas vinculadas à autonomia e soberania como valores globais que devem
ser defendidos por todos. Observa-se, inclusive, objetivos de atenuar a dependência
tecnológica e financeira, promovendo a inovação produtiva e a saída da condição de
esmoleiro internacional. Com isso, restringir a vulnerabilidade externa, fator marcado
pela “autonomia pela integração”, que visava à distância ou a autossuficiência.
Um ponto de diferença entre as teorias é que, enquanto Miriam Saraiva aponta
que houve uma prioridade ao apoio do Brasil aos regimes internacionais, não havendo
uma aliança a priori com países industrializados, porém, uma identificação de que a
regulamentação das relações internacionais como cenário propício ao desenvolvimento
econômico brasileiro, Amado Cervo salienta que o Estado logístico imita o
comportamento das nações avançadas, particularmente os Estados Unidos, visto como
protótipo do modelo.
Autonomismo de Miriam Saraiva e Estado Desenvolvimentista de Amado
Cervo – Os autonomistas são mais nacionalistas, dão maior destaque as crenças de
autonomia, do universalismo e, principalmente, o fortalecimento da presença brasileira
na política internacional, além de defender a projeção mais autônoma e ativa do Brasil,
tais pontos vão de encontro a um novo modelo de inserção internacional marcada por
aspectos de a) introduzir a diplomacia econômica nas negociações externas; b)
promover a indústria por modo a satisfazer às demandas da sociedade; c) transitar da
subserviência à autonomia decisória com o fim de realizar ganhos recíprocos nas
relações internacionais; d) implementar projeto nacional de desenvolvimento assertivo
tendo em vista superar desigualdades entre nações; e) cimentar o todo pelo
nacionalismo econômico, imitando a conduta das grandes potências. Critérios vinculado
ao desenvolvimento como vetor da política exterior, eficiência da política exterior
mediante autonomia decisória, cooperação externa, política de comércio exterior
flexível e não doutrinária, subordinação da política de segurança, da guerra e da paz, aos
fins econômicos e negociação simultânea com os grandes e os vizinho dialogam com o
esforço de liderança regional para, posteriormente, incrementar a sua posição de
potência global (butterfly strategy), além da construção de liderança via soft power.
Um contraponto pode ser expresso na dualidade presente no período
desenvolvimentista, momento em que pôde-se observar o questionamento entre o
mantimento de estreitos vínculos políticos, geopolíticos e econômicos com a
matriz do sistema, os Estados Unidos, tido por recomendável por Eurico
Gaspar Dutra (1946-1950), Castelo Branco (1964-1967), Fernando Collor
de Melo (1990-1992) e Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), ou a
busca pelo desenvolvimento autônomo, tocado essencialmente pelas forças
da nação, criador de autonomia política e de forte núcleo econômico, tido
por recomendável por Getúlio Vargas, João Goulart e Ernesto Geisel. As duas
estratégias não entraram em confronto, mas mantiveram diálogo. Já não padrão
autonomista, com a crise de 2008 e a instabilidade da ordem mundial, o Brasil aproveita
de lacunas e cria o BRICS, goza de uma postura mais proativa no G7, G20, BASIC; por
conseguinte, nota-se uma postura mais proativa. Buscam aprofundar-se nas relações sul-
sul com países emergentes e países com características comuns ao Brasil. A autonomia
pela diversificação não é a principal entre formuladores de política externa, mas é uma
forte tendência entre eles em contraposição à hegemonia e ao unilateralismo
(VIGEVANI, CEPALUNI).
Torna-se imprescindível pontuar que à teoria do desenvolvimento de Celso
Furtado, que insiste sobre o componente da desigualdade tecnológica, a corrente chega
aos enfoques dependentistas dos anos 1960 e 1970, que aprofundam o estudo da relação
entre dominação e dependência, por meio da análise estrutural pode dialogar com a
estratégia de autonomia pela diversificação de Tullo Vigevani e Gabriel Cepaluni, pois
o Brasil assume uma postura de diversificação de parcerias para justamente conter o
grau de dependência aos parceiros tradicionais, vide Estados Unidos. O paradigma
desenvolvimentista também focava na ruptura do modelo de dependência acoplada
centro-periferia, porém tal estratégia era embasa por pressupostos
cepalinos.

6.0 COMO O MERCOSUL SE FORTIFICA?

Por expansão, expandindo-se para, por exemplo, a Venezuela e Bolívia. A


expansão deve gerar essa capacidade de autonomia dos países da periferia, criando
novas instituições capazes de agrupar e representar a periferia, capazes de gerarem
autonomia, bem como os projetos BRICS, IIRSA, UNASUL. Isso não elimina as
instituições, elas continuam fazendo parte de um discurso, mas a função das instituições
é diferente. Criando uma estrutura que permita o desenvolvimento (perspectiva talvez
não possível), valorizando as relações do Sul com o intuito de mudar as perspectivas.

O Sul Global apresenta problemas econômicos, sociais, políticos, entre outros. A


mudança se faz por meio de uma agenda social, de financiamento de infraestrutura
desses países, tanto na África do Sul como na América do Sul.

7.0 QUANDO O MERCOSUL PASSA A SER MAIS SOCIAL

Trazer um argumento não marxista, mas um argumento mais liberal de interdependência


complexa, trazendo o Mercosul para esta ideia.

8.0 POR QUE O MERCOSUL MUDA A SUA CONJUNTURA?

Institucionalismo não são as organizações, mas também são qualquer tipo de instituição.
Trata-se da cristalização de valores e de determinados aspectos, criando instituições
para realizar uma organização. São processos criados e construídos com propósitos às
vezes racionais, culturais e/ou social-históricos (modelos do institucionalismo). Pode
acontecer por um cálculo racional ou algo proveniente de um fruto de relações que
criam uma institucionalidade das coisas. O resultado final é a institucionalização de
determinadas regras, valores, mas as razões são diferentes.

9.0 COMO SE CRIAM AS INSTITUCIONALIDADES

Por um modelo racional ou um processo histórico. As institucionalidades podem


ser pensadas por um cálculo racional estratégico, visando ganhos futuros e redução de
incerteza comportamental ou, podem ser oriundas de um processo histórico de parcerias
já explicito nos relacionamentos dos autores envolvidos.

10.0 POR QUE AS INSTITUIÇÕES SÃO MANTIDAS?

Mergulha no teor do path dependence, a luz de um institucionalismo histórico já


intrínseco, as escolhas são mantidas porque uma vez tomada uma decisão aquela
decisão condicionará as demais decisões tomadas, e para voltar ou mudar toda uma
estrutura já enraizada é difícil, pois já está institucionalizado.

11.0 QUANDO AS INSTITUIÇÕES MUDAM?

Se alteram por fatores conjunturais que podem causar determinadas mudanças, diz
respeito a memória constitucional8, existindo os turning points que podem acarretar uma
mudança institucional e não precisa ser total, podendo haver várias pequenas mudanças
que no final pode gerar a mudança institucional, ex: problemáticas da Rodada Roha e as
mudanças geradas na política externa brasileira.

12.0 BRAZILIAN BUTTERFLY STRATEGY

A metáfora da estratégia da borboleta diz respeito a um projeto de poder em


que o corpo da borboleta deve estar consolidado e fortificado em um determinado
espaço estratégico para que em seguida, a borboleta possa abrir suas asas de longo
alcance em direção a alvos pré-determinados. Em outras palavras, tal estratégia perpassa
tanto a continentalidade regional quanto a esfera internacional, entretanto, faz-se mister
elucidar que a butterfly strategy vai de encontro direto a ideia de autonomia pela
diversificação (VIGEVANI; CEPALUNI, 2007), além da afirmação da diplomacia
cooperativa Sul-Sul que também influencia a presente estratégica de política externa,
pois se trata de uma cooperação vinculada a solidariedade e estratégia, visando melhorar
a estrutura, o escoamento de produção e promover o aumento das relações políticas e
comerciais (BESHARATI; ESTEVES, 2015). Para que a estratégia da borboleta seja
bem sucedida faz-se necessário um fortalecimento regional, não por acaso, o Mercosul,
8
COUTINHO
assim como a UNASUL, cumprem um papel de institucionalismo racional, histórico e
sociológico:

O institucionalismo de escolha racional implica em maximização de


ganhos por parte dos agentes, ou seja, nesta perspectiva são realizados
cálculos estratégicos que prevêm o comportamento dos atores
envolvidos, sendo as instituições uma balança de redução da incerteza
comportamental, além de oferecer privilégios aos Estados membros,
os quais se integram às instituições pelos benefícios. Já o
institucionalismo histórico explica que, os indivíduos se sentem mais
confortáveis em recorrer a protocolos e modelos de comportamentos
já conhecidos, haja vista a ideia de satisfação ser maior que
otimização de ganhos. As instituições fornecem esses modelos para
que posteriormente sejam interpretados e executados. Enquanto o
institucionalismo sociológico correlaciona “cultura” a “instituição”,
deste modo, percebe-se que os atores se unem institucionalmente
devido à existência do aspecto cultural. Em suma, as instituições
geram um sentimento de pertencimento e identidade entre os Estados
membros, sendo possível, portanto, a criação de um viés cultural entre
eles. (HALL, Peter; TAYLOR, Rosimary, 2003, p. 194-212).

Por conseguinte, o Mercado Comum do Sul promove uma consolidação


regional que catapulta e possibilita o voo da borboleta e a abertura de suas asas para a
Índia e África do Sul, uma vez que, quando a política regional vai bem, o país se lança
ao âmbito internacional (SEABRA, 2008).

Para robustecer o contato das asas da borboleta, o Brasil deslumbra de acordos


bilaterais e parcerias no âmbito do BRICS (agrupamento entre Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul) e IBAS (Índia, Brasil e África do Sul), gozando de uma posição
privilegiada ao lado dos maiores emergentes do mundo, realçado pela ideia do
multilateralismo, enfatizando, portanto, a ascensão do soft balancing como ponto
característico entre as economias emergentes. Torna-se válido ressaltar que Índia e
África do Sul se tornam parceiros demasiados importantes para a PEB durante a Era
Lula, partindo de iniciativas de cooperação social, econômica, comercial, de divisão de
governança global e das instituições internacionais. Entretanto, sobremodo preocupado,
faz-se necessário pontuar que, o pouso das asas da borboleta sob a África do Sul é
destacada como vetor crucial para uma política externa afirmativa e propositiva,
apresentando uma atuação no continente africano diferente da penetração chinesa e
indiana, haja vista a relação Brasil-África do Sul estarem vinculados a aspectos
culturais, em vista disso, a ambição brasileira a longo prazo exporta novos elementos de
gestão juntamente aos investimentos comerciais, empresariais e diplomáticos
(VISENTINI, 2013).

PONTOS A SEREM EXPLORADOS


Pegar os pontos da interdependência complexa com as relações da América do Sul e
posteriormente com a África do Sul e incluir um diálogo com os institucionalismos. Se
tem condições para a institucionalidade, sendo condições da interdependência
complexa. Se tem um mundo interdependente que existe essa questão complexa de
relação, o Brasil olha essas questões e cria instituições a partir daí que pode ser fruto de
uma racionalidade ou de processo histórico e/ou processo social. O Lula tem uma
maneira de lidar instituições e FHC outro ponto de institucionalidades.

→ Quais os elementos da interdependência complexa e como esses elementos são


postos durante o governo de FCH e Lula. Se a conjunta é de interdependência complexa
ou não. E como o Brasil vai lidar com a interdependência complexa. Como ele criará
mecanismos institucionais para lidar com a interdependência no mundo, além de
relações internacionais que criam institucionalidade. OK

A política externa da Lula da Silva foi marcada por uma diferente tonalidade e
mudanças programáticas baseadas na intenção de inserção internacional do Brasil
respaldada, ainda, por uma estratégia de autonomia pela diversificação com o propósito
de fortalecimento da autonomia e extensão das estratégias brasileiras, aumento do
protagonismo internacional do Brasil, diversificação de parcerias resplandecendo a ideia
da cooperação Sul-Sul (VIGEVANI; CEPALUNI, 2007). Tal perspectiva mantém a
vulnerabilidade inserida nas relações entre os autores envolvidos, mantendo-os
conectados em busca de interesses comuns, os atores ainda podem se projetar como
partners,

Análise de discursos – Como olhar as diferenças (criação dos departamentos), criação


institucional, como reforça a ideia que fundamento para criar a instituição, e os
discursos dos ministros. Discursos tentar identificar elementos do autonomismo
(Miriam Saraiva) e do desenvolvimentismo (Amado Cevo) e associar a questão da
construção institucional como sendo elemento do autonomismo, trabalhar as instituições
para resolver um problema da periferia, identifica-se um problema social e deve ser de
alguma maneira trabalhado em relação de infraestrutura, criando mecanismos
institucionais. Se há órgãos que tratam de questões sociais e eles funcionam bem.
Valoriza o Mercosul criando departamentos de lidam com diversidade,
desenvolvimento, criando institucionalidade ou valoriza dando ênfase à departamentos
de trabalham com questões tarifárias (identificar a diferença). O Mercosul é uma
instituição de valorização do institucionalismo pragmático (compreender o que é)
Desdobramentos da interdependência complexa – Globalização e interdependência
(texto). Surge a teoria da dependência enquanto estrutura sistêmica estiver distribuída
em países que detém meios de produção e os que não detém não haverá a mudança.

Interdependência Complexa, ex. OPEP. Mesmo os países periféricos, se eles se


organizam, eles tem um impacto no poder de decisão. Lula pode ter pensando a
organização dos países periféricos contrapondo o poder dos EUA, criando um embate
norte-sul.

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