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Aula 1

Fundamentos do Concreto Armado


Prof. Vinicius Borges de Moura Aquino
Materiais para Concreto Armado
1. Introdução

 Material resultante da mistura de agregados, cimento,


água, aditivos químicos (caso seja necessário) e
minerais (pozolanas);
 Resistência depende do consumo de cimento e água na
mistura, adensamento, agregados e aditivos;
 Concreto armado é a associação do concreto com
barras de aço colocado de maneira conveniente em seu
interior;
 Baixa resistência do concreto a tração (10% da
resistência a compressão);
 Barras de aço tem a função de resistir a tração;
 Aderência garante que os dois materiais “trabalhem”
de maneira conjunta;
 Concreto protege a armadura contra corrosão e à
entrada de agentes agressivos;
 Concreto trabalha fissurado, assim deve-se controlar a
abertura de fissuras e também deve haver um
cobrimento mínimo para durabilidade;
 Coeficientes de dilatação térmica do concreto e aço
têm quase o mesmo valor. Cargas térmicas moderadas
causam tensões internas pequenas no concreto e aço;
 Vantagens: Economia, facilidade executiva em diversos
tipos de formas, resistência ao fogo e agentes
atmosféricos, pouca manutenção, facilidade na
construção de estruturas hiperestáticas;
 Desvantagens: Grande peso próprio, dificuldade para a
execução de reformas e demolições, menor proteção
térmica
2. Concreto em Compressão Simples
 Resistência à compressão determinada em ensaios
padronizados de carregamento rápido (curta duração);
 No Brasil, utiliza-se corpos de prova cilíndricos;
 Ensaios realizados na idade padrão de 28 dias (grau de
hidratação 1);
 Relação altura/diâmetro deve ser igual a 2 (pode ser
maior, mas adota-se 2);
 Corpo de prova comum: 10x20 (Diâmetro: 10 cm e
Altura: 20 cm);
 Devido a falta de homogeneidade da mistura, utiliza-
se a Teoria das Probabilidades para analisar os
resultados dos corpos de prova;
 Deve-se garantir que 95% das amostras tenham valores
de resistência superior àquele encontrado
 Assim, a resistência característica do concreto (fck é
dada por:
 Com fci os valores genéricos das resistências obtidas
nos n corpos de prova
 fcm – resistência a compressão média dos corpos de
prova

Fig. 1 -Densidade de probabilidade da resistência à compressão


 Os concretos são classificados em grupos de
resistência: Grupo I e II;
 Designados pela C seguido pela resistência
característica a compressão aos 28 anos, em MPa,
conforme a tabela abaixo

Tabela 1 - Classes de Resistência de Concreto


Grupo I C10 C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
Grupo II C55 C60 C70 C80 C90

 Para concreto armado estrutural, deve-se utilizar


concretos C20 ou superior
3. Módulo de Deformação Longitudinal
 Concreto apresenta comportamento não linear sob
tensões de certa magnitude devido a microfissuração
progressiva na interface pasta-agregado graúdo
 Experimentalmente, verfica-se que módulo de
deformação depende do valor da resistência fck
 Na figura, tem-se o módulo de def. longitudinal
tangente (Ec), sendo a inclinação da reta tangente a
curva tensão-deformação do concreto na origem
 Também o módulo secante (Ecs), sendo a inclinação
da reta que passa pela origem e corta o diagrama a uma
tensão de 0,4 fc, com fc a resistência à compressão
simples
 Conforme a NBR 6118/2014, utiliza-se o Ecs para avaliação
de elemento estrutural ou seção transversal e o Eci para
cálculo das perdas de protensão em concreto protendido
 Para concretos do Grupo I, adota-se valores médios de ε0 =
2 ‰ e εu = 3,5 ‰
 Coeficiente de Poisson ν = 0,2

Fig. 2 - Diagrama tensão-deformação do concreto


•Relação da NBR 6118/2014 – Módulo de Deformação Longitudinal
Tangente

Com Ec e fck em MPa e com αE sendo um coeficiente que leva em


consideração o tipo de agregado graúdo utilizado, sendo
αE= 1,2 para basalto e diabásio
αE = 1,0 para granito e gnaisse
αE = 0,9 para calcáreo
αE = 0,7 para arenito
Módulo de Deformação Secante – NBR 6118/2014
4. Aços para Concreto Armado

 Segundo a NBR-7480, pode-se classificar as armaduras em


barras e fios;
 Barras têm diâmetro mínimo de 6,3 mm, obtido por
laminação a quente
 Fios têm diâmetro máximo de 10 mm, obtidos por
trefilação ou laminação a frio
 Massa específica do aço: 7850 kg/m³
 Módulo de Elasticidade: 210 GPa (NBR-6118/2014)
 Barras laminadas a quente possuem patamar de
escoamento bem definido, conforme a Fig. 3
 Fios trefilados não apresentam patamar de escoamento
definido, conforme a Fig. 4.
Fig. 3 – Diagrama tensão-deformação dos aços com patamar de
escoamento
Fig. 4 – Diagrama de tensão-deformação de aços sem patamar de escoamento
 Os aços são classificados nas categorias CA-25; CA-50 e CA-
60
 O prefixo CA indica aço para concreto armado e o número é
o valor fyk em kN/cm²
 Barras podem ser lisas ou nervuradas, influenciando a
aderência
 Lisas são restritas a CA-25. Barras de CA-50 devem ser
nervuradas obrigatóriamente. CA-60 pode ser lisa,
nervuradas ou entalhadas
 Em obras de Concreto Armado, proíbe-se o uso
simultâneo de diferentes categorias de aço, para evitar
trocas no canteiro de obras. Permite-se o emprego
simultâneo de diferentes categorias, desde que uma seja
utilizada como armadura longitudinal e outra como
armadura transversal
Durabilidade de Estruturas de Concreto
1. Vida Útil do projeto
 Descuidos com durabilidade contribuem para a
deterioração das estruturas de concreto
 Deve-se garantir as características da estruturas ao
longo de toda a vida útil da obra
 O termo vida útil do projeto refere-se ao tempo que a
edificação é capaz de desempenhar sua funções sem
necessidade de reparos
 Geralmente, a vida útil de projeto corresponde ao
tempo de despassivação da armadura, onde começa a
corrosão, devido à entrada de agentes agressivos
 Uma forma de aumento do tempo de vida útil de
projeto é a redução da relação água/cimento, aumento
da espessura do cobrimento e o uso de revestimentos
 Para estruturas usuais de concreto, considera-se uma
vida útil mínima de 50 anos
 Para grandes obras, considera-se um valor para vida
útil de 100 anos
 Quanto mais tarde for tomadas medidas para garantir
a durabilidade, mais dispendioso será sua
implementação
2. Critérios de Projeto das Normas Brasileiras

Tabela 2 – Classes de Agressividade Ambiental

Classe de Risco de
Agressividade Agressividade Tipo de Ambiente Deteriorização da
Ambiental Estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa1

II Moderada Urbana Pequeno

Marinha
III Forte Grande
Industrial
Industrial²
IV Muito Forte Elevado
Respingos de Maré
1A NBR-6118 não faz distinção quanto ao tipo de água: doce ou água do mar
2 Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,

branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes,


indústrias químicas, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto.
 A qualidade do concreto está intimamente ligada a
relação água/cimento e a porosidade do concreto

 Também há grande relação entre a relação a/c e a


resistência do concreto, a NBR 6118/2014 apresenta
qual classe de concreto utilizar de acordo com a
agressividade ambiental
 A Tabela 3 apresenta os valores dispostos em Norma
Tabela 3 – Exigências de qualidade do concreto em função da agressividade
do ambiente

Classe de Agressividade
Concreto
Tipo I II III IV
Relação
água/cimento CA 0,65 0,60 0,55 0,45
máxima (em CP 0,60 0,55 0,50 0,45
massa)
Classe de
CA C20 C25 C30 C40
resistência
CP C25 C30 C35 C40
mínima
Consumo mínimo de
cimento kg/m³ (segundo 260 280 320 360
NBR 12655)
CA: elementos estruturais de concreto armado
CP: elementos estruturais de concreto protendido
 Além das exigências na qualidade do concreto, deve-se
garantir um cobrimento mínimo (cmin) mais uma
tolerância (Δc), sendo assim o cobrimento nominal
(cnom)
 As barras e os espaçadores devem respeitar o
cobrimento nominal
 Em obras com grande controle de qualidade, pode-se
adotar Δc = 0,5 cm
 Em obras correntes, a tolerância deve ser no mínimo
de Δc = 1,0 cm
 A Tabela 4 apresenta os valores de cobrimento
dispostos em Norma
Tabela 4 - Cobrimento nominal (cm) das armaduras para concreto armado

Classe de Agressividade Ambiental


Elemento
I II III IV

Laje 2,0 2,5 3,5 4,5

Viga e Pilar 2,5 3,0 4,0 5,0

Em contato
3,0 3,0 4,0 5,0
com o solo
 A dimensão máxima característica do agregado graúdo
utilizado no concreto, dmax, não pode superar 20% do
cobrimento nominal, ou seja, dmax<= 1,2 cnom
 A NBR 6118 dispõe que a parte superior de lajes e vigas
revestidas com argamassa de contrapiso, há a
possibilidade de se reduzir o cobrimento nominal para
1,5 cm
 Para trechos de pilares em contato com o solo e
elementos de fundação, o cobrimento nominal
mínimo é de 4,5 cm
3. Dados para o Projeto Estrutural
 Deve-se identificar a classe de agressividade
ambiental, para assim definir a resistência
característica (fck), cobrimentos e limites de abertura
de fissuras nas peças estruturais
 Na Fig. 5, tem-se as dimensões típicas para
dimensionamento em vigas e lajes

Fig. 5 – Seções transversais de vigas e lajes maciças


 Uma dimensão de muito interesse no
dimensionamento é a altura útil, d, que é dada por d =
h - d’, com h a altura total da seção da viga
 O parâmetro d’ é dado por, para vigas:

d’ = c + φt +0,5φ

 Com c = cobrimento nominal; φt = diâmetro dos estribos;


φ = diâmetro da armadura longitudinal de tração
 A altura útil é grande importância pois marca onde fica o
centro geométrico das armaduras longitudinais e com essa
altura pode-se efetuar o dimensionamento das peças
Bibliografia

ARAÙJO, J.M. Curso de Concreto Armado. v. 1. Rio


Grande: Dunas. 2014

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