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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo


individual aplicáveis. É responsabilidade do executante o cumpri-
Prof. Adriano Augusto Placidino Gonçalves mento dos padrões que regulamentam as atividades. Entretanto, tal
condição não elimina a necessidade de uma avaliação dos riscos
Graduado pela Faculdade de Direito da Alta Paulista – FA- à segurança do homem, antes da execução de qualquer atividade,
DAP. visando identificar e reportar ao superior imediato a ocorrência de
Advogado regularmente inscrito na OAB/SP qualquer anomalia. A omissão na comunicação de anomalias poderá
enquadrar o executante nas normas da Instituição. Garantir a parti-
cipação dos executantes no entendimento e consenso dos padrões
das atividades e no processo de relato de anomalias, estimulando-os
1 TÉCNICAS OPERACIONAIS. a apresentar em propostas de solução para as anomalias reportadas.
É responsabilidade institucional, em seus diversos níveis, o
tratamento da anomalia e a divulgação aos interessados do plano de
ação e/ou do tratamento dado, bem como a administração de todo
Técnica Operacional é o conjunto de normas e procedimentos o Sistema de Segurança, o que significa planejar, organizar, dirigir,
que tem por finalidade dotar os agentes responsáveis pela segurança, coordenar e controlar todas as ações relacionadas ao sistema, nunca
de conhecimentos técnicos, visando o bom desempenho nas ativida- as dissociando de suas responsabilidades técnicas, operacionais e
des propostas. São fatores fundamentais na aplicação das técnicas administrativas.
operacionais a boa postura, a boa educação e a excelente apresen-
tação pessoal.

Vejamos alguns conceitos básicos utilizados durante o treina- 2 SEGURANÇA FÍSICA E PATRIMONIAL
mento e prática das técnicas organizacionais: DAS INSTALAÇÕES.
- RONDA: Exercer atividade móvel de observação, de fiscali-
zação, de proteção e de reconhecimento.

- PERMANÊNCIA: É a atividade predominante estática Serviço de Vigilância e Sistemas Eletrônicos Aplicados à


desempenhada pelo vigia ou segurança em locais de risco ou em Segurança
posto de serviço.
É uma noção das mais elementares na consciência do ser
- POSTO PERICULOSO OU ÁREA PERICULOSA: É humano, no espírito das instituições e nas normas administrativas
todo posto ou área que, por suas características, apresenta elevada de uma instituição, que a preservação do patrimônio constitui algo
probabilidade de ocorrência. que lhes é essencial. Na verdade, todo ser vivo possui um instinto
de defesa que se prolonga no instinto de conservação da espécie,
- OCORRÊNCIA: É todo o fato que exige intervenção dos que passa, de geração a geração, como herança através dos tempos.
profissionais de segurança, por intermédio de ações ou operações.
Vigilância: É a técnica de Busca que consiste em manter sob
- ABORDAGEM: É a ação conjugada ou isolada realizada por observação física, indivíduos, lugares ou objetos, exigindo-se o em-
profissionais, em indivíduos praticantes de atos suspeitos. prego de técnicas e instrumentos especiais, com o propósito de obter
informes detalhados sobre atividades, lugares ou pessoas suspeitas;
- PARTES ENVOLVIDAS: São as pessoas ou indivíduos en- em suma é a técnica especializada que consiste em manter alvos sob
volvidos numa ocorrência, sendo: autores de delito, vítimas, teste- observação. O agente, ao fazer vigilância, deve sempre se preocupar
munhas, etc, em vigiar e detectar uma outra vigilância adversa sobre ele, para
evitar que se transforme em alvo.
- AUTORIDADE DE PLANTÃO: É o Delegado de polícia Assim, para manutenção da segurança de determinado local se
que está de serviço no Distrito Policial. faz necessário um serviço de segurança eficaz. A segurança caracte-
riza-se pela sensação de sentir proteção seja física e/ou psicológica.
Devem-se sempre buscar melhorias contínuas da Gestão de Se- É propiciada pelas ações da Vigilância e medidas preventivas com o
gurança, tanto no aspecto ocupacional quanto na qualidade de vida, objetivo de manter a incolumidade física de pessoas e a integridade
com educação, capacitação e comprometimento dos empregados, material de instalações.
envolvendo familiares, empresas parceiras, fornecedores e demais Enquanto a Vigilância é exercida dentro dos limites dos esta-
partes interessadas. belecimentos, urbanos ou rurais, públicos ou privados, com a finali-
Atender aos requisitos da legislação vigente de segurança apli- dade de proteger os bens patrimoniais (pessoas inclusive). Pode ser
cável à Instituição e outros requisitos desta natureza por ela subs- realizada ostensivamente ou através de outros meios (CFTV - cir-
critos. cuito fechado de televisão, sensores, alarmes monitorados...).
Nos padrões operacionais devem estar contidos os fundamentos A Vigilância deixou de ser uma atividade relacionada à perma-
de segurança das pessoas, regulamentando, assim, as condições de nência estática em determinado local para ser ferramenta primordial
produção, a identificação dos riscos à segurança de cada atividade de apoio às atividades de Segurança (de pessoas físicas e instala-
e seus respectivos controles, além dos equipamentos de proteção ções, informação e processos produtivos).

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Segurança Física tem como missão promover e manter a se- e) Vulnerabilidades: toda a carência e/ou falha do sistema
gurança dos usuários, instalações e equipamentos, considerando um defensivo que permita que a instituição seja atingida de forma
conjunto de medidas e atividades empregadas, através de um plane- “violenta” por uma ameaça que se concretizou.
jamento prévio e constante fiscalização, com a finalidade de dotar a f) Sistemas defensivos (de segurança)/meios de proteção:
instituição / organização / empresa do nível de segurança necessário medidas e procedimentos adotados que visam detectar, dificultar,
para o desenvolvimento de suas atividades de administração, produ- alertar, dissuadir e/ou retardar os fatores ameaçadores que pode-
ção, ensino, pesquisa etc. riam romper a proteção da instituição, através de uma ou mais de
Segurança é um ponto importante de autoestima, de cidadania suas vulnerabilidades.
e de responsabilidade social. Por exemplo, quem usa drogas pode
dizer “a vida é minha, faço o que quero”, mas se esquece que, ao
MEIOS DE PROTEÇÃO
comprar drogas, está ajudando a financiar a violência social e o uso
de outros jovens em atividades marginais.
O que deve ser sempre lembrado é que: “A segurança depende Os meios de proteção podem ser classificados em:
de cada um”. É importante que o pessoal se habitue a trabalhar com
segurança fazendo com que ela faça parte integrante de seu trabalho. - meios de proteção física: constituídos de forma permanente
Toda tarefa a ser executada deve ser cuidadosamente programada, ou provisória, com a finalidade de dissuadir ou retardar a ação de
pois, nenhum trabalho é tão importante e urgente que não mereça ser ameaça ao patrimônio. Exemplos: barreiras perimetrais (cercas,
planejado e efetuado com segurança. muros, guaritas, portões...); barreiras estruturais (paredes, portas,
É responsabilidade de cada um zelar pela própria segurança e caixas-fortes...); barreiras provisórias (concertinas de arame far-
das pessoas com quem trabalha. pado, cancelas, divisórias...); sistemas de iluminação de proteção
A Segurança Patrimonial é um conjunto de medidas, capazes (holofotes com sensores de presença, holofotes...), sistemas de
de gerar um estado, no qual os interesses vitais de uma empresa combate a incêndios.
estejam livres de interferências e perturbações.
Conjunto de medidas: A segurança patrimonial não depende - meios eletrônicos de proteção: propiciam proteção adicional
apenas do departamento de segurança da empresa, mas envolve to- e são empregados em locais vitais à instituição, onde pelos mais
dos os seus setores e todo o seu pessoal. variados motivos, a ação humana não vai ser empregada ou neces-
Estado: significa uma coisa permanente. É diferente de uma sita de complemento para melhoria de seu desempenho. Exemplos:
situação, que é temporária.
Circuito Fechado de Televisão; sistemas de alarme; detectores de
Interesses vitais: Os interesses vitais de uma empresa não es-
metais; acionadores eletroeletrônicos de portas, portões; sistemas
tão apenas em não ser roubada ou incendiada. O mercado, os segre-
de radiocomunicação.
dos, a estratégia de marketing, pesquisas de novos produtos devem
igualmente ser protegidos.
Interferências e perturbações: Nada deve impedir o curso - meios metodológicos de proteção: são as normas, diretrizes,
normal da empresa. Deve-se prevenir não apenas contra incêndios determinações, sistemas e orientações adotadas pela instituição
e assaltos, mas também contra espionagem, sequestros de empresá- visando diminuir as vulnerabilidades existentes que por neces-
rios, greves, sabotagem, chantagem, etc. sidade de funcionamento, não podem ser totalmente eliminadas.
Exemplos de meios: sistemas de identificação de pessoal; controle
A segurança é satisfatória quando: de entrada e saída de pessoal, veículos e cargas; levantamento de
- É capaz de retardar ao máximo uma possibilidade de agressão; antecedentes de candidatos; controle de circulação interna; inte-
- É capaz de desencadear forças, no menor espaço de tempo gração de novos empregados; controle, arquivo e destruição de
possível, capazes de neutralizar a agressão verificada. documentos sigilosos; controle de estoque e armazenamento de
ferramentas, materiais, etc.; investigação de incidentes de segu-
Conceitos básicos: rança; treinamentos de segurança patrimonial; busca e coleta de
a) Segurança Patrimonial: É a atividade preventiva e defen- informações; sistema de supervisão.
siva associada à ação de pessoas treinadas, procedimentos e equipa-
mentos de segurança, com a finalidade de proteger os bens patrimo- - força de resposta: a força de resposta de uma instituição
niais contra riscos ocasionais ou provocados por terceiros.
é o ser humano, que por sinal é o mais importante componente
b) Bens Patrimoniais: São todos os bens que possuem algum
do sistema de segurança. De nada adiantariam sofisticados equi-
valor aos seus proprietários. Podem ser materiais (máquinas,
pamentos eletrônicos, se não haverem pessoas para aciona-los,
instalações, objetos...) ou imateriais (imagem, know-how...). Para
especialistas em Recursos Humanos, funcionários de uma empresa controla-los e reagirem, nos momentos em que esses equipamen-
quando desempenhando suas funções, também são patrimônios tos cumprissem suas finalidades (detectar, alarmar, filmar...), por-
desta. tanto, os seres humanos, são os únicos dentro do sistema, capazes
c) Risco: É o produto das ameaças que estão sujeitos os patri- de interpretarem os sinais emitidos pelos equipamentos, analisa-
mônios e os seus pontos de vulnerabilidades. rem os riscos e planejarem as medidas apropriadas, para reagirem
d) Ameaças: São fatores externos peculiares à atividade prin- aos efeitos das ameaças. Pela sua importância, ao ser constituída,
cipal exercida pela instituição, dificilmente serão eliminados, mas deve-se ter cuidado com os seguintes itens: avaliação de riscos;
poderão ser minimizados. Podem ser geradas pela natureza (con- análise do efetivo necessário; organização da guarda, seleção, trei-
dições climáticas) e/ou sociedade (questões ambientais, políticas, namento, qualificação e responsabilidades do efetivo; meios de
econômicas...). supervisão e controle das atividades.

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Objetivos da segurança patrimonial é assegurar: As normas sobre Proteção de Incêndios classificam o risco que
- Pessoas (diretores, empregados, visitantes, moradores, pa- se apresenta em cada tipo de edifício segundo as suas características,
cientes etc.) para adequar os meios de prevenção.
- Informações (patentes, pesquisas, informações financeiras O Risco atende a três fatores:
etc.) - Ocupação: maior ou menor quantidade de pessoas e o conhe-
- Propriedade (recursos, propriedades, bens negociáveis etc.) cimento que possuem os ocupantes do edifício;
- Composição: A construção do edifício em si, de que materiais
Metas que devem ser contempladas no planejamento de é construído, qual é sua altura, etc;
um projeto de segurança - Conteúdo: Materiais mais ou menos inflamáveis, dentro do
1. Prevenir (a perda de vidas e minimizar as perdas físicas) edifício, podem determinar o fator de risco de um incêndio.
2. Controlar (acessos , pessoas, materiais)
3. Detectar (vigilância) Prevenção e Combate a Incêndios
4. Intervir (responder à agressões)
As causas de um incêndio são as mais diversas: descargas elé-
Análise da atratividade do bem : tricas, atmosféricas, sobrecarga nas instalações elétricas dos edifí-
− Monetário – valor em moeda do patrimônio; cios, falhas humanas (por descuido, desconhecimento ou irrespon-
− Intrínseco – valor embutido na edificação; sabilidade) etc.
− Econômico – valor de produto no mercado; Há vários métodos de prevenção.
− Operacional – valor da infraestrutura e instalações; Para além dos mais óbvios, como inflamações, faíscas, cigarros
− Regulador – valor de produto no mercado, taxas, impostos; acesos, etc em locais de perigo de combustão (Depósitos de Gasoli-
− Intangível – valor de propriedade que em caso de perda não na, Áreas de serviço, etc) existe a forma mais óbvia de assegurar que
pode ser restituído; um incêndio se propague, e essa forma é a área de segurança entre o
− Pessoal – valor emocional foco de fogo e qualquer outro material passível de combustão.
Apesar de não estar regulamentada nenhuma área de seguran-
Avaliação da segurança ça considerada a justa e necessária para o efeito, em caso de um
A avaliação da segurança consiste em avaliar principalmente: incêndio pequeno, por exemplo, uma casa isolada, essa área de se-
os riscos, as ameaças e as vulnerabilidades. gurança entre essa casa e outro qualquer material combustível não
necessitaria ser muito ampla, chegando para o efeito cerca de 15 a
20 metros de distância, uma vez que possíveis fagulhas que teorica-
mente poderiam propagar esse incêndio apagar-se-iam muito antes
de atravessarem essa distância e caírem em material inflamável.
Já no caso de um incêndio de grandes proporções, várias casas
ou uma vasta área florestal (ex: Incêndio de Roma; Incêndio de Chi-
cago), a distância de segurança passaria por ser, segundo algumas
fontes, de 300 a 500 metros de distância. Esta distância de 300 a 500
metros é considerada num caso com grande intensidade de vento,
sendo que de outra forma, esta área de segurança também diminuiria
consideravelmente.
Os cuidados básicos para evitar e combater um incêndio, indi-
cados a seguir, podem salvar vidas e bens patrimoniais.
3 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO.
Cuidados Básicos:

Fatores de Risco, Prevenção e Combate a Incêndios Não brinque com fogo! Um cigarro mal apagado jogado des-
cuidadamente numa lixeira pode causar uma catástrofe. Apague o
Um  Incêndio  é uma ocorrência de fogo não controlado, que cigarro antes de deixá-lo em um cinzeiro ou de jogá-lo em uma cai-
pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas. xa de areia. Cuidado com fósforos. Habitue-se a apagar os palitos de
A exposição a um incêndio pode produzir a morte, geralmente fósforos antes de jogá-los fora. Obedeça às placas de sinalização e
pela inalação dos gases, ou pelo desmaio causado por eles, ou não fume em locais proibidos, mal ventilados ou ambientes sujeitos
posteriormente pelas queimaduras graves. à alta concentração de vapores inflamáveis tais como vapores de
Nem todos os fogos podem ser considerados incêndios, este é, colas e de materiais de limpeza.
no entanto um tema que o senso-comum tem ao longo dos séculos Nunca apoie velas sobre caixas de fósforos nem sobre materiais
banalizado de forma a que praticamente qualquer foco de fogo tem combustíveis.
sido visto como “incêndio”. O Incêndio para ser caracterizado como Não utilize a casa de força, casa de máquinas dos elevadores e
tal tem que possuir certos fatores inerentes ao mesmo para ser con- a casa de bombas do prédio, como depósito de materiais e objetos.
siderado como tal. Alguns desses fatores são: São locais importantes e perigosos, que devem estar sempre desim-
- A área ardida; pedidos.
- As dimensões da destruição que o mesmo causou; As baterias devem ser instaladas em local de fácil acesso e ven-
- A localização do mesmo. tilado. Não é recomendado o uso de baterias automotivas.

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Instalações Elétricas - Afaste as pessoas do local e procure ventilá-lo.
- Feche o registro de gás para restringir o combustível e o risco
A sobrecarga na instalação é uma das principais causas de in- de propagação mais rápida do incêndio.
cêndios. Se a corrente elétrica está acima do que a fiação suporta, - Não há perigo de explosão do botijão ao fechar o registro. Se
ocorre superaquecimento dos fios, podendo dar início a um incên- possível, leve o botijão para local aberto e ventilado.
dio. Por isso:
Não ligue mais de um aparelho por tomada. Esta é uma das Vazamento de Gás com Chama:
causas de sobrecarga na instalação elétrica; - Feche o registro e gás. Retire todo o material combustível que
Não faça ligações provisórias. Tome sempre cuidado com as esteja próximo do fogo.
instalações elétricas. Fios descascados quando encostam um no
outro, provocam curto-circuito e faíscas. Chame um técnico qua- Incêndio com Botijão no Local:
lificado para executar ou reparar as instalações elétricas ou quando Se possível, retire o botijão do local antes que o fogo possa
encontrar um dos seguintes problemas: atingi-lo.
Em todas essas situações, chame os BOMBEIROS - telefone
- Constante abertura dos dispositivos de proteção (disjuntores)
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- Queimas frequentes de fusíveis;
- Aquecimento da fiação e/ou disjuntores;
Circulação:
- Quadros de distribuição com dispositivos de proteção do tipo
chave-faca com fusíveis cartucho ou rolha. Substitua-os por disjun- - Mantenha sempre desobstruídos corredores, escadas e saídas
tores ou fusíveis do tipo Diazed ou NH; de emergência, sem vasos, tambores ou sacos de lixo.
- Fiações expostas (a fiação deve estar sempre embutida em - Jamais utilize corredores, escadas e saídas de emergência
eletrodutos) como depósito, mesmo que seja provisoriamente.
- Lâmpadas incandescentes instaladas diretamente em torno de - Nunca guarde produtos inflamáveis nesses locais.
material combustível, pois, elas liberam grande quantidade de calor; - As coletas de lixo devem ser bem planejadas para não compro-
- Inexistência de aterramento adequado para as instalações e meter o abandono do edifício em caso de emergência.
equipamentos elétricos, tais como: torneiras e chuveiros elétricos, - As portas corta-fogo não devem Ter trincos ou cadeados. Co-
ar condicionado, etc.; nheça bem o edifício em que você circula, mora ou trabalha, princi-
- Evite aterrá-los em canos d’água. palmente os meios de escape e as rotas de fuga.

ATENÇÃO: toda a instalação elétrica tem que estar de acordo Lavagem De Áreas Comuns
com a Norma Brasileira NBR 5410 da ABNT (Associação Brasilei-
ra de Normas Técnicas) Evite sempre que águas de lavagem atinjam os circuitos elétri-
cos e/ou enferrujem as bases das portas corta-fogo.
Equipamentos Elétricos Não permita jamais que a água se infiltre pelas portas dos eleva-
dores, pois isso pode provocar sérios acidentes.
Antes de instalar um novo aparelho, verifique se não vai sobre-
carregar o circuito. Utilize os aparelhos elétricos somente de modo Métodos De Extinção Do Fogo
especificado pelo fabricante.
Há três meios de extinguir o fogo:
Instalações De Gás 1. Abafamento:
Consiste em eliminar o comburente (oxigênio) da queima,
fazendo com que ela enfraqueça até apagar-se. Para exemplificar,
Somente pessoas habilitadas devem realizar consertos ou mo-
basta lembrar que quando se está fritando um bife e o óleo liberado
dificações nas instalações de gás. Sempre verifique possíveis vaza-
entra em combustão, a chama é eliminada pelo abafamento ao se
mentos no botijão, trocando-o imediatamente caso constate a míni- colocar a tampa na frigideira. Reduziu-se a quantidade de oxigênio
ma irregularidade. existente na superfície da fritura. Incêndios em cestos e lixo podem
O botijão que estiver visualmente em péssimo estado deve ser ser abafados com toalhas molhadas de pano não-sintético. Extinto-
imediatamente recusado. res de CO2 são eficazes para provocar o abafamento.
Para verificar vazamento, nunca use fósforos ou chama, apenas
água e sabão. 2. Retirada do Material:
Nunca tente improvisar maneiras de eliminar vazamentos, Há duas opções de ação na retirada de material:
como cera, por exemplo. Coloque os botijões sempre em locais ven- a) Retirar o material que está queimando, a fim de evitar que o
tilados. fogo se propague;
Sempre rosqueie o registro do botijão apenas com as mãos, para b) Retirar o material que está próximo ao fogo, efetuando um
evitar rompimento da válvula interna. isolamento para que as chamas não tomem grandes proporções.
Aparelhos que usam gás devem ser revisados pelo menos a
cada dois anos. 3. Resfriamento:
O resfriamento consiste em tirar o calor do material. Para isso,
Vazamento de Gás sem Chama: usa-se um agente extintor que reduza a temperatura do material em
- Ao sentir cheiro de gás, não ligue ou desligue a luz nem apa- chamas. O agente mais usado para combater incêndios por resfria-
relhos elétricos. mento d’ água.

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Classes de Incêndio e Agentes Extintores

Quase todos os materiais são combustíveis; no entanto, devido a diferença na sua composição, queimam de formas diferentes e exigem
maneiras diversas de extinção do fogo. Convencionou-se dividir os incêndios em quatro classes.

TABELA DE CLASSES DE INCÊNDIO E DOS AGENTES EXTINTORES MAIS USADOS


TIPOS DE EXTINTORES
GÁS CARBÔNICO
ÁGUA PRESSURIZADA ESPUMA PÓ QUÍMICO SECO
(CO²)
SIM NÃO NÃO NÃO

Excelente eficiência Não tem eficiência Insuficiente Não tem eficiência


SIM
NÃO SIM SIM
Ótima eficiência
Não tem eficiência Boa eficiência Ótima eficiência
(Jogar indiretamente)
NÃO SIM
NÃO SIM
Boa eficiência, contudo,
Perigoso – conduz pode causar danos em
Não tem eficiência Ótima eficiência
eletricidade equipamentos delicados
NÃO
Obs.: poderá ser usado água
NÃO NÃO SIM
em último caso (se não
houver PQS)
1. Puxe a trava, rompendo
o lacre, ou acione a
1. Puxe a trava, rompendo
1. Retire o grampo. 1. Vire o aparelho com válvula do cilindro de
o lacre.
2. Aperte o gatilho. a tampa para baixo. gás (Pressurizável)
2. Aperte o gatilho.
3. Dirija o jato à base 2. Dirija o jato à base 2. Aperte o gatilho ou
3. Dirija o jato à base do
do fogo. do fogo. empurre a pistola
fogo.
difusora.
3. Ataque o fogo.
ABAFAMENTO E
RESFRIAMENTO ABAFAMENTO ABAFAMENTO
RESFRIAMENTO

Extintores De Incêndio:

Os extintores de incêndio devem ser apropriados para o local a ser protegido.

Verifique constantemente se:


- acesso aos extintores não está obstruído;
- manômetros indica pressurização (faixa verde ou amarela);
- aparelho não apresenta vazamento;
- Os bicos e válvulas da tampa estão desentupidos;
- Leve qualquer irregularidade ao conhecimento do responsável para que a situação seja rapidamente sanada

A recarga do extintor deve ser feita:


- Imediatamente após ter sido utilizado;
- Caso esteja despressurizado (manômetro na faixa vermelha)
- Após ser submetido a este hidrostático;
- Caso o material esteja empedrado.
Tais procedimentos devem ser verificados pelo zelador e fiscalizado por todos.

Mesmo não tendo sido usado o extintor, a recarga deve ser feita:
- Após 1 (um) ano: tipo espuma;
- Após 3 (rês) anos: tipo Pós Químico Seco e Água Pressurizada;

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- Semestralmente: se houver diferença de peso que exceda 5% Extintores de Espuma
(tipo Pó Químico Seco e Água Pressurizada), ou 10% (tipo CO2);
Esvazie os extintores antes de enviá-los para recarga; A espuma é um agente indicado para aplicação em incêndios
Programe a recarga de forma a não deixar os locais desprote- “CLASSE A e CLASSE B”. Os extintores têm prazo máximo de
gidos; utilização de cinco anos, dentro da validade da carga e/ou do reci-
A época de recarga deve ser aproveitada para treinar as equipes piente.
de emergência.
Instruções para uso do Extintor de Espuma:
O Corpo de Bombeiros exige uma inspeção anual de todos os 1. Leve o aparelho até o local do fogo;
extintores, além dos testes hidrostáticos a cada cinco anos, por fir- 2. Inverta a posição do extintor (FUNDO PARA CIMA)
ma habilitada. Devem ser recarregados os extintores em que forem 3. Dirija o jato contra a base do fogo
constatados vazamentos, diminuição de carga ou pressão e venci- Obs.: Se o jato de espuma não sair, revire-o uma ou duas vezes,
mento de carga. para reativar a mistura.

O Uso Dos Hidrantes Gás Carbônico

São necessárias, no mínimo, duas pessoas para manusear a O gás carbônico, também conhecido como dióxido de carbono
mangueira de um hidrante. A mangueira deve ser acondicionada na ou CO2, é mau condutor de eletricidade e, por isso, indicado em
caixa de hidrante em função do espaço disponível para manuseá-la, incêndios “CLASSE C”. Cria ao redor do corpo em chamas uma
a fim de facilitar sua montagem para o combate ao fogo. atmosfera pobre em oxigênio, impedindo a continuação da combus-
tão.
O Uso Dos Extintores É indicado também para combater incêndios da «CLASSE B»,
de pequenas proporções.
Instruções para o uso de extintor de água pressurizada. Repare
Instruções para o uso do Extintor de CO2:
se no extintor tem tudo o que está descrito:
1. Retire o pino de segurança que trava o gatilho
2. Aperte o gatilho e dirija o jato à base do fogo.
1. Etiqueta ABNT
2. Etiqueta de advertência
Pó Químico Seco (PQS)
3. Etiqueta indicativa de operação
4. Recipiente
O extintor de Pó Químico Seco é recomendado para incêndio
5. Bico ejetor em líquidos inflamáveis (“CLASSE B”), inclusive aqueles que se
6. Orifício para alívio de pressão queimam quando aquecidos acima de 120º C, e para incêndios em
7. Tampa com junta de vedação interna equipamentos elétricos (“CLASSE C”).
8. Cilindro e gás O extintor de Pó Químico Seco pode ser pressurizável
9. Etiqueta indicativa de classe
Instruções para uso do Extintor de Pó Químico Seco Pressuri-
1. Etiqueta ABNT zável:
2. Etiqueta de advertência 1. Puxe a trava de segurança para trás ou gire o registro do ci-
3. Etiqueta indicativa de operação lindro (ou garrafa) para a esquerda, quando o extintor for de Pó Quí-
4. Recipiente mico com pressão injetável.
5. Tubo sifão 2. Aperte o gatilho
6. Manômetro 3. Dirija o jato contra a base do fogo procurando cobrir toda a
7. Gatilho área atingida com movimentação rápida.
8. Difusor
9. Mangueira Hidrantes e Mangotinhos
10. Alça de transporte
11. Trava de segurança IMPORTANTE: Para recarga ou teste hidrostático escolha uma
12. Etiqueta indicativa da classe firma IDÔNEA.
Os hidrantes e mangotinhos devem ser mantidos sempre bem
Importante: sinalizados e desobstruídos.
1. O extintor de água pressurizada é indicado para aplicações
em incêndio “CLASSE A”; A caixa de incêndio contém:
2. Por serem condutoras de eletricidade, a água e a espuma não - Registro globo com adaptador, mangueira aduchada (enrolada
podem ser utilizadas em incêndios de equipamentos elétricos ener- pelo meio) ou ziguezague, esguicho regulável (desde que haja con-
gizados (ligados na tomada). A água e a espuma podem provocar dição técnica para seu uso), ou agulheta, duas chaves para engate e
curtos-circuitos; cesto móvel para acondicionar a mangueira.
3. O extintor de água pressurizada não é indicado para combate - mangotinho deve ser enrolado em “oito” ou em camadas nos
a incêndio em álcool ou similar. Nesse caso, o agente extintor indi- carretéis e pode ser usado por uma pessoa apenas. Seu abrigo deve
cado é o Pó Químico. ser de chapa metálica e dispor de ventilação.

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Verifique se: Baterias:
a) A mangueira está com os acoplamentos enrolados para fora, As baterias devem ser instaladas acima do piso e afastadas da
facilitando o engate no registro e no esguicho; parede, em local seco, ventilado e sinalizado. Providencie a manu-
b) A mangueira está desconectada do registro; tenção periódica das baterias, de acordo com as indicações do fabri-
c) estado geral da mangueira é bom, desenrole-a e cheque se cante; devem ser verificados seus terminais (pólos) e a densidade
não tem nós, furos, trechos desfiados, ressecados ou desgastados; do eletrólito.
d) registro apresenta vazamento ou está com o volante em-
perrado; Alarme De Incêndio
e) Há juntas amassadas;
Os alarmes de incêndio podem ser manuais ou automáticos. Os
f) Há água no interior das mangueiras ou no interior da caixa
detectores de fumaça, de calor ou de temperatura acionam automa-
hidrante, o que provocará o apodrecimento da mangueira e a oxi-
ticamente os alarmes.
dação da caixa.
O alarme deve ser audível em todos os setores da área abrangi-
da pelo sistema de segurança.
ATENÇÃO: Nunca jogue água sobre instalações elétricas As verificações nos alarmes precisam ser feitas periodicamente,
energizadas. seguindo as instruções do fabricante.
- Nunca deixe fechado o registro geral do barrilete do reserva- A edificação deve contar com um plano de ação para otimizar
tório d’água. (O registro geral do sistema de hidrantes localiza-se os procedimentos de abandono do local, quando do acionamento do
junto à saída do reservatório d’água). alarme.
- Se for preciso fazer reparo na rede, certifique-se de que, após
o término do serviço, o registro permaneça aberto. Sistema de Som e Interfonia
- Se a bomba de pressurização não der partida automática, é
necessário dar partida manual no painel central, que fica próximo Os sistemas de som e interfonia devem ser incluídos no plano
à bomba de incêndio. de abandono do local e devem ser verificados e mantidos em funcio-
- Nunca utilize a mangueira dos hidrantes para lavar pisos ou namento de acordo com as recomendações do fabricante.
regar jardins.
- Mantenha sempre em ordem a instalação hidráulica de emer- Portas Corta-Fogo
gência, com auxílio de profissionais especializados.
As portas corta-fogo são próprias para isolamento e proteção
das rotas de fuga, retardando a propagação do fogo e da fumaça.
Instalações Fixas De Combate A Incêndio
Elas devem resistir ao calor por 60 minutos, no mínimo (veri-
fique se está afixado o selo de conformidade com a ABNT). Toda
As instalações fixas de combate a incêndios destinam-se a de- porta corta-fogo deve abrir sempre no sentido de saída das pessoas.
tectar o início do fogo e resfriá-lo. Seu fechamento deve ser completo. Além disso, elas nunca de-
Os tipos são: vem ser trancadas com cadeados ou fechaduras e não devem ser
a) Detector de fumaça; usados calços, cunhas ou qualquer outro artifício para mantê-las
b) Detector de temperatura; abertas. Não se esqueça de verificar constantemente o estado das
c) Detector de chama; molas, maçanetas, trincos e folhas da porta.
d) Chuveiro automático: redes de pequenos chuveiros no teto
dos ambientes; Rotas De Fuga
e) Dilúvio: gera um nevoeiro d’água;
f) Cortina d’água: rede de pequenos chuveiro afixados no teto, Corredores, escadas, rampas, passagens entre prédios gemina-
alinhados para, quando acionados, formar uma cortina d’água; dos e saídas, são rotas de fuga e estas devem sempre ser mantidas
g) Resfriamento: rede de pequenos chuveiros instalados ao desobstruídas e bem sinalizadas.
redor e no topo de tanques de gás, petróleo, gasolina e álcool. Ge- IMPORTANTE: Conheça a localização das saídas de emergên-
ralmente são usados em áreas industriais; cia das edificações que adentrar.
h) Halon: a partir de posições tomadas pelo Ministério da Saú- Só utilize áreas de emergência no topo dos edifícios e as passa-
de, o Corpo de Bombeiros tem recomendado a não utilização desse relas entre prédios vizinhos na total impossibilidade de se utilizar a
escada de incêndio.
sistema, uma vez que seu agente é composto de CFC, destruidor
As passarelas entre prédios tem que estar em paredes cegas ou
da camada de ozônio.
isoladas das chamas.
LEMBRE-SE: é sempre aconselhável DESCER.
Iluminação De Emergência
Lixeiras
A iluminação de emergência, que entra em funcionamento
quando falta energia elétrica, pode ser alimentada por gerador ou As portas dos dutos das lixeiras devem estar fechadas com alve-
bateria e acumuladores (não automotiva). naria, sem possibilidade de abertura, para não permitir a passagem
A iluminação de emergência é obrigatória nos elevadores. da fumaça ou gases para as áreas da escada ou entre andares do
Faça constantemente a revisão dos pontos de iluminação. edifício.

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Para-raios O monitoramento possibilita que o conjunto de dispositivos de
segurança eletrônica instalados, como alarmes perimetrais e CFTV
Os para-raios deve ser o ponto mais alto do edifício. Massas seja controlado 24 horas por dia 7 dias por semana através de meios
metálicas como torres, antenas, guarda-corpos, painéis de propagan- físicos de transmissão variados como telefonia fixa ou celular, ondas
da e sinalização devem ser interligadas aos cabos de descida do pa- de rádio, satélites e redes de comunicação. Conectados a uma Cen-
ra-raios, integrando o sistema de proteção contra descargas elétricas tral de Monitoramento que pode receber todas as informações sobre
atmosféricas. O para-raios deve estar funcionando adequadamente. violação de perímetro, acionamento de botão de pânico ou CFTV,
Caso contrário, haverá inversão da descarga para as massas metáli- proporcionamos respostas rápidas, eficientes e dentro dos mais rigo-
cas que estiverem em contato com o cabo do para-raios. rosos padrões internacionais de segurança.
Os para-raios podem ser do tipo FRANKLIN ou GAIOLA DE Destacaremos, a seguir, os sistemas e equipamentos eletrônicos
FARADAY. O tipo Radioativo/Iônico tem sua instalação condenada de segurança mais utilizados:
devido à sua carga radioativa e por não Ter eficiência adequada. A - Kit Investigativo: Possuído de micro câmeras esse kit consti-
manutenção dos para-raios deve ser feita anualmente, por empresas
tui na utilização de identificação de roubos ou furtos internos as mi-
especializadas, conforme instrução do fabricante. É preciso observar
cro câmeras são instaladas de modo que fique oculta, com gravação
a resistência ôhmica do aterramento entre elétrodos e a terra (máxi-
em DVR para utilização jurídica caso necessário.
mo de 10 ohm), ou logo após a queda do raio.
- Central de Alarme: Placa central de monitoramento utiliza-
Brigada Contra Incêndio da para gerenciar os alarmes instalados, (Botão de pânico, Iva, Ivp,
sensores de abertura, quebra de vidro, fumaça...). Em todos os casos
A equipe de emergência é a Brigada de Combate a Incêndio. Ë gera-se um relatório informado via linha telefônica, o evento com
uma equipe formada por pessoas treinadas com conhecimento sobre total precisão para uma central externa que assim tomará as devidas
prevenção contra incêndio, abandono de edificação, pronto-socorro providencia.
e devidamente dimensionada de acordo com a população existente O sistema de CFTV, ou circuito fechado de televisão, é a forma
na edificação. mais eficiente de produção de imagens em tempo real para siste-
Cabe à esta equipe a vistoria semestral nos equipamentos de mas de segurança. Constituído por câmera(s), meio de transmissão e
prevenção e combate a incêndios, assim como o treinamento de monitor, pode ser utilizado em inúmeras aplicações. Desde escolas
abandono de prédio pelos moradores e usuários. condomínios, residências, estabelecimentos comerciais, empresas
A relação das pessoas com dificuldade de locomoção, perma- até instituições financeiras.
nente ou temporária, deve ser atualizada constantemente e os pro- - R.F (Right Frequency): Sistema de modulação e de-modula-
cedimentos necessários para a retirada dessas pessoas em situações ção de imagem. Podendo com esse sistema realizar a transmissão de
de emergência devem ser previamente definidos. A equipe de emer- varias imagem em um único cabo coaxial, sem limite de distancia.
gência deve garantir a saída dos ocupantes do prédio de acordo com - DVR STAND ALONE: Gravador digital para câmeras, sis-
o “Plano de Abandono”, não se esquecendo de verificar a existên- tema totalmente independente, captura e grava imagens em HDD
cia de retardatários em sanitários, salas e corredores. O sistema de interno, geralmente usado em residências.
alto-falantes ajuda a orientar a saída de pessoas; o locutor recebe - QUAD: Equipamento destinado a utilizar um monitor e vi-
treinamento e precisa se empenhar para impedir o pânico. A relação sualizar até 4 câmeras simultaneamente tendo função também de
e localização dos membros da equipe de emergência deve ser conhe- sequenciar as imagens conforme o tempo determinado.
cida por todos os usuários. - Câmera Fixa: Câmera destinada para visualização de um
ponto específico com variáveis de modelos e lentes conforme visto
previamente por análise de luminosidade, ângulo e localização.
4 IDENTIFICAÇÃO, EMPREGO E - PTZ OU SPEED DOME: Câmera com movimentação por
UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS controle manual ou automático (predefinido pelo usuário) podendo
ELETRÔNICOS DE SEGURANÇA: SENSORES, ter até 360° de movimentação, essas possuem zoom para aproximar
SISTEMAS DE ALARME, CERCAS a imagem para visualização dos detalhes. Utilizadas em locais de
ELÉTRICAS, CFTV (CIRCUITO FECHADO DE grandes áreas a serem monitoradas.
TELEVISÃO). - Câmera IP: Utilizada exclusivamente para monitoramento via
internet.
- Placa de Captura: Hardware destinado a captura e gerencia-
O sistema de segurança ideal é aquele que promove a intera- mento de imagens obtendo recursos para gravação, reprodução local
ção do homem com os equipamentos eletrônicos, a fim de que a e remoto (via internet com visualização por IP).
coligação entre ambos possa promover um nível de proteção satis- - Cerca Elétrica: Barreira de fios de aço eletrificada somente
fatória. Atualmente no mercado, existem os mais variados números utilizada em muros acima de 1.80m em área comum de passagem
e tipos de equipamentos eletrônicos de segurança à disposição dos (muros, grades, marquises...). Choque de 8.000 a 10.000Volts (pul-
usuários, portanto, deve-se adquirir aqueles que mais se adaptem às sativo) na área urbana e até 5 joules em áreas Rurais ou afastadas de
necessidades do local a ser protegido. alta circulação de pessoas. Obs. Choque não fatal.
Entende-se por Sistema Eletrônico de Segurança o conjunto - Cerca Concertina: nada mais é do que uma “evolução” das
de elementos técnicos destinados a advertir in loco ou a distância tradicionais cercas de arame farpado. O uso da Cerca Concertina é
qualquer evento que pode acarretar risco para vidas, bens ou conti- mais comum para proteção de propriedade (casas e prédios) e no uso
nuidade das atividades. militar para isolamento de áreas.

Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Sensores passivos infravermelhos: São sensores que Em defesa pessoal utilizam-se técnicas simples e evitam-se mo-
utilizam o princípio do radar, onde o sensor emite continuamente um vimentos complexos.
sinal constante e permanece na espera do retorno do sinal refletido Utilizam-se principalmente bloqueios, retenções e alavancas
de um eventual corpo se movimentando na área sensoreada. Este para dominar o adversário o mais rapidamente possível, encurtando
sensor é do tipo módulo único, tendo a emissão do feixe e seu siste- o tempo de combate com o objetivo de evitar riscos e deixar em
ma detector conjugados em uma única peça. Tais sensores não tem segundo plano, diferenças físicas.
um alcance muito grande - algo em torno de 15 m. A defesa com mãos nuas pode completar se com armas próprias
- Sensores ativos infravermelhos: São sensores que se uti- ou impróprias, que podem ser facas, armas de fogo ou qualquer ob-
lizam de uma barreira de luz IR alinhada, cujo rompimento dessa jeto que esteja acessível no momento do conflito.
barreira por um corpo em movimento aciona o sensor. A distância No âmbito civil tenta-se dominar o adversário de maneira segu-
entre o módulo emissor e receptor (uma vez que são necessários dois ra e sem provocar danos excessivos, devido à responsabilidade civil
módulos) pode chegar a até 60 m em área aberta ou fechada, sem da ação defensiva, quando ultrapassa os limites da legítima defesa.
sofrer eventuais interferências solares ou externas. A defesa pessoal é baseada nos fundamentos de alguns esportes e /
- Sensores de Quebra de Vidros: Usados em janelas e portas ou artes marciais, como o judô, o aikido ou karate. O caráter princi-
para detectar quebra de vidros. Trabalham através de frequência so- pal da defesa pessoal é evitar o uso da força, podendo ser aplicado
nora. a oponentes de maiores dimensões ou com força muscular. É por
- Sensores Magnéticos: são um meio comum de proteger aquela razão que as técnicas básicas como os golpes únicos (que se
portas e janelas. Quando abertos acionam o alarme. executam contra o oponente com uma parte específica dos nossos
- Sensores de impacto: Existem de dois tipos: o mais simples corpos) como o uso da palma da mão, as articulações dos dedos e
é uma espécie de pêndulo que se põe em movimento (como uma as partes macias ou golpes de joelho, passando as demais por técni-
balança) na superfície onde estão instalados. O segundo tipo funcio- cas mais profissionais como vários tipos de chutes, e também mais
na como uma espécie de microfone, que capta o som do ambiente avançadas como desequilíbrios ou imobilizações (que são usadas
(batida em vidro ou no chão) para detectar um impacto. em defesa pessoal de polícia ou em modalidades esportivas como o
- Sensores de gás e fumaça: São sensores que utilizam uma karate) são as aplicações compreendidas na defesa pessoal.
Já no âmbito militar utilizam-se técnicas com maior poder ofen-
câmara iônica interna responsável pela detecção. Este tipo de detector
sivo e letal, valendo-se também de armas. Algumas artes, a exemplo
é praticamente à prova de erros, uma vez que os componentes da
do systema (da Rússia) e do krav magá (de Israel), são de origem
câmara apenas reagem com o gás ou as partículas de fumaça e
militar, mas se espalharam também para uso civil.
fuligem presentes apenas em situações de combustão.
Segundo alguns estudiosos, “a Defesa Pessoal nasceu da neces-
- Interruptor automático de presença: Ativa a iluminação ao
sidade da sobrevivência do homem diante das situações de risco”.
detectar um movimento em um raio de + ou - 10 metros. Após uma
Segundo a maioria dos mestres, e alguns historiadores do as-
duração regulável de 10 segundos a 10 minutos, apaga automati-
sunto, a defesa pessoal é antecessora das artes marciais. As técnicas
camente a iluminação. Ainda é possível regular o funcionamento
de luta utilizadas nos vários conflitos da humanidade, sejam ideoló-
conforme o nível de iluminação ambiente. gicos, territoriais, ou de qualquer outra etiologia, mostram a defesa
- Porteiro Eletrônico com Vídeo Acoplado: Controlar o aces- pessoal sem nenhuma definição de estilo ou modalidade e sim defi-
so ao seu escritório ou residência é uma parte vital de um completo nida como a Arte de Guerra.
sistema de segurança. Com uma câmera acoplada ao seu porteiro As escrituras milenares de Sun Tzu, conhecidas como A Arte
eletrônico é possível identificar visualmente o visitante. da Guerra, trazem ensinamentos para as diversas áreas da vida. A
- Controle de Acesso: Sistema de teclado de senha utilizado integridade física e a defesa da vida também estão descritas em suas
para controlar aberturas de portas, tem característica parecida se linhas.
comparado com as portas normais que têm uma chave para permitir Relatos históricos nos fazem perceber que a Defesa Pessoal,
a entrada Num sistema micro processado, apenas ao digitar uma se- ou a necessidade de alto defesa, foi a mãe das Artes Marciais, estas,
nha, a porta se abrirá. variando em muitos aspectos como, cultura, religião, características
- IVA: Infravermelho ativo, usado como barreira de passagem estrutural de um povo etc. Mas em todos os estilos objetiva-se a
não visto a olho nu. garantia da integridade pessoal.
- AUTO IRIS: Lente para câmera de vigilância com poder de Sejam utilizadas em guerras, seja por indivíduos pacatos que
ajustar conforme luminosidade do ambiente. pretendem garantir seu direito de paz, mesmo que para isso tenham
que se utilizar da força necessária. Isso nos traz a outra garantia que
temos sobre a origem da Defesa Pessoal: ela foi criada para que pes-
soas mais fracas, através do conhecimento técnico, possam superar
5 DEFESA PESSOAL.
pessoas mais fortes em um combate ou situação de risco.
A aplicação de leis físicas, tais como “sistema de alavanca, mo-
mento de força, equilíbrio, centro de gravidade e o estudo minucioso
Defesa pessoal, ou autodefesa (do inglês self-defense), é um dos pontos vitais do corpo humano” propiciou a seus criadores fazer
conjunto de vários métodos que têm como fim neutralizar um ataque do JIU-JITSU uma arte científica de luta. Vale salientar que des-
pessoal. sa mesma origem, dessa mesma semente, saíram vários estilos de
As técnicas de defesa pessoal têm sido derivadas das artes Autodefesa, como por exemplo, o Aikido e outras Artes que, como
marciais tradicionais, adaptadas para uso por pessoas comuns, para o Judô, que têm em sua essência os princípios das alavancas e da
defender-se mesmo em sua vida normal. utilização da força do oponente contra ele mesmo.

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
PRINCÍPIOS A SEREM UTILIZADOS NA DEFESA garantir a sua integridade física. A verdadeira e difícil essência da
PESSOAL defesa pessoal, em traços gerais, consiste em prevenir a agressão
Princípio da repetição: Deve ser exercitado até se tornar au- e controlar o(s) agressor(es), valendo-se de métodos e ferramentas
tomaticamente perfeito em sua reação, e mesmo assim continuar estudadas, sem violência e sem força excessiva. Do ponto de vista
com a sua manutenção e treinamentos constantes. legal não podemos nos defender de qualquer agressão com força
Princípio da dor: A dor é o domínio sobre seu adversário, ou violência superior àquela imprimida pelo agressor - ou passa-
quanto maior a dor, maior o domínio. Podemos imobilizá-lo, dis- mos nós a ser os agressores e passíveis de processo judicial. Para
traí-lo ou lesioná-lo gravemente tirando-o de combate. combinar estas questões é necessário estudar técnicas e métodos,
Princípio da adaptação: A técnica se adapta ao adversário. Co- escolher um sistema de defesa pessoal baseado neste conceito que
nhecer os detalhes das técnicas, suas alavancas e pontos de pressão se adapte a cada pessoa.
é fundamental para garantir sua efetividade. Hoje em dia, o perigo de sermos atacados na rua é quase imi-
Princípio da mudança: Quando uma técnica não der certo, nente. A qualquer hora de qualquer dia podemos ser abordados
mude para outra. Preferencialmente utilizando as barreiras de uma por alguém com intenções menos sérias, próprias ou convenientes.
como alavanca para outra. Assim, para nosso próprio bem, devemos estar preparados para
Princípio da versatilidade: Uma técnica para várias situações, esta eventualidade. Recomendo vivamente a qualquer pessoa que
e várias técnicas para uma situação. aprenda o mais depressa possível a defender-se, nem que apenas
No estudo da ciência de qualquer Arte Marcial, é fundamen- algumas coisas básicas, mas aprendam. Não é uma questão de gos-
tal o conhecimento de alguns pontos sensíveis ou vitais do corpo tar de artes marciais, não é uma questão de gostar de violência... é
humano. Tal estudo e identificação já é um diferencial de estilo uma questão de sobrevivência. Existem imensas páginas que en-
de uma a outra Arte, ou seja, alguns pontos são conhecidos e ex- sinam como se defender, alguns golpes, movimentos e técnicas
plorados para determinado estilo e completamente ignorados por básicas de defesa pessoal. Existem livros, manuais, folhetos, etc.
outros. A aprendizagem da defesa pessoal, obedece a uma ordem
crescente de controle e inteligência, sua prática é recomendada por
Pontos sensíveis e sua utilização na defesa pessoal:
médicos, psicólogos e educadores, como integrante da educação,
1. Cana do nariz e base do nariz- Golpes traumáticos diretos;
paliativo das tensões psíquicas e fator de desenvolvimento físico;
saídas de agarramentos quando os braços estiverem soltos; saídas
seus movimentos regulam o controle motor, atuando como efeito
de gravatas laterais; retirada de agressor em contato contra tercei-
de psicomotricidade, autoconfiança e total controle de si mesmo,
ros; etc..
condicionando os reflexos, induzindo as decisões rápidas e seguras
2. Olhos - Golpes traumáticos diretos; saídas de agarramentos
em situações caóticas e consequentemente desprovido de comple-
quando os braços estiverem soltos; saídas de gravatas laterais e
xos de seus praticantes.
pelas costas; retirada de agressor em contato contra terceiros; etc..
A defesa pessoal tem por finalidade o desenvolvimento do po-
3. Queixo – Golpes traumáticos cruzados, muito eficientes
tencial de todos os homens e visa, principalmente a incolumidade
para desnorteamento momentâneo do infrator.
física do indivíduo. Assim o seu praticante, mesmo fisicamente fra-
4. Carótidas – Estrangulamentos e condução; podem levar o
indivíduo a óbito. co, adquire condições de se defender de qualquer agressão através
5. Traqueia – Saídas de agarramentos quando os braços esti- de movimentos que tem como base os movimentos e técnicas, sem
verem soltos, e assim como as carótidas, é agredida para estran- precisar necessariamente usar a força ou a violência desmedida.
gulamentos, e nunca deve ser usada em golpes traumáticos, pois A prática salutar da defesa pessoal desenvolve a personali-
também podem levar o indivíduo a óbito. dade do indivíduo, estimulando as qualidades positivas morais e
6. Plexo solar – Golpes traumáticos diretos, muito eficientes intelectuais do praticante, desenvolvendo-o física e mentalmente,
para desnorteamento momentâneo do infrator. fazendo com que seus praticantes se tornem pessoas confiantes,
7. Articulações – Ombro, cotovelo e punho, muito utilizados pois, eliminando do subconsciente o medo do golpe físico, que
para desarmes, conduções e projeções ao solo. No domínio para todos têm naturalmente, o praticante de defesa pessoal, se torna
utilização das algemas. As do joelho e pés, focadas para chutes e apto a enfrentar qualquer agressão e o que é muito importante, a
contenções no solo. transpor qualquer situação difícil em qualquer setor da vida. Fácil
pois é verificar a utilidade da defesa pessoal na educação, já que a
DIAGNÓTICO DA CENA CRÍTICA. criança e o jovem, vítimas maiores da insegurança e dos temores,
Uma boa técnica de Defesa Pessoal se inicia através do estudo, bem depressa aprendem a ter confiança em si mesmo e passam a
rápido e preciso da “CENA CRÍTICA”. Esta nada mais é do que ter maior desenvolvimento nos estudos, nos esportes em geral e
tudo que envolve um conflito entre o(s) meliante(s) e o indivíduo mesmo no relacionamento familiar, pois, quando se tornam con-
a ser agredido injustamente. Esse diagnóstico, ou análise, tem que fiantes, conseguem diminuir e até mesmo eliminar a agressividade
ser definido, dentro das possibilidades, o mais breve e completo. peculiar dos inseguros e adquirem a desinibirão indispensável ao
Para muitos, defesa pessoal significa violência física ou a ne- relacionamento com os semelhantes. Isto é válido também para os
cessidade de nos defendermos de uma agressão usando de violên- adultos, pois a confiança em si próprio é a mola mestra do sucesso
cia física. O conceito de defesa pessoal é, na verdade, muito mais em qualquer ramo da atividade humana, notadamente na função
complexo: a violência física, caso se verifique necessária, deve ser policial militar, onde, se exige decisões que estão constantemente
apenas o último recurso para quem necessita defender-se e assim sob análise crítica da Corporação e principalmente da sociedade.

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
teis como pistolas, fuzis, submetralhadoras e metralhadoras onde
6 ARMAMENTO E TIRO. as armas podem ser usadas ​​e tomadas individualmente. Por defini-
ção, deve ser de um tamanho inferior a 20 mm, e pesar menos de
20 kg e ter balas de fogo inertes.
Em seguida vamos acompanhar o que dispõe a “Cartilha de
Uma arma de fogo é um artefato que lança um ou muitos pro- Armamento e Tiro” elaborada pelo Serviço de Armamento e Tiro
jéteis, geralmente sólidos, em alta velocidade através da queima de da Academia Nacional de Polícia e pelo Serviço Nacional de Ar-
um propelente confinado. Este processo de queima subsônica é tec- mas.
nicamente conhecido como deflagração, em oposição a combustão
supersônica conhecida como detonação. Em armas de fogo mais
CARTILHA DE ARMAMENTO E TIRO
antigas, o propulsor era tipicamente a pólvora negra ou a cordite,
mas armas de fogo modernas usam a pólvora sem fumaça ou outros
propelentes. A maioria das armas de fogo mais modernas (com a no- 1. ARMA DE FOGO
tável exceção das armas de alma lisa) tem canos estriados (ranhuras
internas) para dar giro ao projétil visando dar melhor estabilidade 1.1. CONCEITO
ao voo do mesmo. É imprescindível para o funcionamento letal da
arma de fogo também a munição.
Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um
Partes de uma arma de fogo cano pela pressão de gases em expansão produzidos por uma carga
São partes de uma arma de fogo: propelente em combustão.
- Cano ou tubo
- Câmara de expansão dos gases 1.2. CLASSIFICAÇÃO
- Culatra
- Sistema de disparo ou percussão 1.2.1. Quanto à alma do cano
- Sistema de segurança
- Sistema de mira
- Cabo ou dispositivo de ancoragem A alma é a parte oca do interior do cano de uma arma de fogo,
- Municiador ou carregador
que vai geralmente desde a culatra até a boca do cano, destinada a
- Tipo de ação
resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora
e outros explosivos e a orientar o projétil. Pode ser lisa ou raiada,
Tipos de projéteis
Os primeiros projéteis utilizados eram bolas inertes de ferro dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada.
fundido ou de pedra. Então, para as armas de menor calibre eram
utilizados no tiro (pequenos pedaços de ferro ou chumbo). São Alma raiada
atualmente utilizados projéteis encapsulados em uma jaqueta con-
tendo tanto a parte útil (o projétil), quanto a propulsão (explosão
mistura) e um gatilho inicia-lo. Uma arma é compartimentada para
munições definidas estritamente quanto a forma e as dimensões (ca-
libre, tamanho e morfologia, mas também o seu soquete) e o tipo de
fogo. Uma munição pode estar disponível em versões diferentes,
incluindo cargas e projéteis diferentes.
O conteúdo da parte útil pode variar muito dependendo do tipo
de uso da arma:
- metralha,
- bala apontou ponta. A ponta pode ser do tipo ogival, canto-
-vivo, semi-canto-vivo, ogival de ponta plana, cone truncado, semi-
-ogival e de ponta oca.
- bola redonda.
A alma é raiada quando o interior do cano tem sulcos helicoi-
- bala jaqueta, encamisada.
dais dispostos no eixo longitudinal, destinados a forçar o projétil a
- carga explosiva.
- carga moldada. um movimento de rotação.
- carga química.
- carga biológica. Alma lisa

Tipos de armas de fogo É aquela isenta de raiamentos, com superfície absolutamente


polida, como, por exemplo, nas espingardas. As armas de alma lisa
As armas de fogo, podem ser divididas em armas de artilharia, têm um sistema redutor (choque), acoplado ao extremo do cano,
se a operação envolve vários homens e a arma é dirigida não a um que tem como finalidade controlar a dispersão dos bagos de chum-
único adversário, como canhões e obuseiros e armas de fogo portá- bo.

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo

1.2.2. Quanto ao tamanho

Armas Curtas:

Pistolas – Modernamente podemos conceituar pistola como arma curta, raiada, portátil, semi-automática ou automática, de ação simples,
ação dupla, dupla ação e híbrida, com câmara no cano, a qual utiliza o carregador como receptáculo de munição. Existem pistolas de repetição
que não dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente pelo atirador. Seu nome provém de Pistoia, um velho centro de ar-
meiros italianos.
Revólveres – Arma curta de alma raiada ou lisa, portátil, de repetição, na qual os cartuchos são colocados em um cilindro giratório (tambor)
atrás do cano, podendo o mecanismo de disparo ser de ação simples ou dupla.

Armas Longas – Alma Raiada:

Rifles – Termo muito comum, de origem inglesa, que significa o mesmo que fuzil. Arma longa, portátil que pode ser de uso militar/policial
ou desportivo; de repetição, semiautomática ou automática.
Fuzil de Assalto – Fuzil Militar de fogo seletivo de tamanho intermediário entre um fuzil propriamente dito e uma carabina.
Carabina (Carbine) – Geralmente uma versão mais curta de um fuzil de dimensões compactas, cujo cano é superior a 10 polegadas e
inferior a 20 polegadas (geralmente entre 16 e 18 polegadas).
Submetralhadora – Também conhecida no meio Militar como metralhadora de mão, é classificada assim por possuir cano de até 10 pole-
gadas de comprimento e utilizar cartuchos de calibres equivalentes aos das pistolas semiautomáticas.
Metralhadora – Arma automática, que utiliza cartuchos de calibres equivalentes ou superiores aos dos fuzis; geralmente necessita mais
de uma pessoa para sua operação.
Armas Longas – Alma Lisa:
Espingardas - Arma longa, de alma lisa, que utiliza cartuchos de projéteis múltiplos ou de caça.

1.2.3. Quanto ao sistema de carregamento

Antecarga – Qualquer arma de fogo que deva ser carregada pela boca do cano.
Retrocarga – Arma de fogo carregada pela parte de trás ou extremidade da culatra.

1.2.4. Quanto ao sistema de funcionamento

Repetição – Arma capaz de ser disparada mais de uma vez antes que seja necessário recarregá-la, as operações de realimentação são feitas
pela ação do atirador. Pode ser equipada com carregador, tambor ou receptáculo (tubo).
Semiautomático – Sistema pelo qual a execução do tiro se dá pela ação do atirador (um acionamento da tecla do gatilho para cada disparo);
as operações de extração, ejeção e realimentação se darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos de cada disparo.
Automático – Sistema pelo qual a arma, mediante o acionamento da tecla do gatilho e enquanto esta estiver premida, atira continuamente,
extraindo, ejetando e realimentando a arma até que se esgote a munição de seu carregador ou cesse a pressão sobre o gatilho.

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
1.2.5. Quanto ao sistema de acionamento

Ação simples – No acionamento do gatilho apenas uma operação ocorre, o disparo; sendo que a operação de armar o conjunto de disparo
já foi feita antes.
Ação dupla – No acionamento do gatilho ocorrem duas operações, a primeira é o armar do conjunto de disparo e a segunda é o disparo
propriamente dito.
Dupla ação – Sistema onde se faz possível a execução do tiro tanto em ação simples, como em ação dupla.
Ação híbrida – A operação de armar o conjunto de disparo ocorre em duas etapas, uma antes e outra depois do disparo.

2. PARTES DA ARMA DE FOGO

REVÓLVER

PISTOLA

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
ESPINGARDA PUMP

ESPINGARDA DOIS CANOS MOCHA

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
ESPINGARDA COMUM

CARABINA DE REPETIÇÃO

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
RIFLE SEMIAUTOMÁTICO

RIFLE DE FERROLHO (BOLT ACTION)

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
3. NORMAS DE SEGURANÇA 25. NUNCA modifique as características originais da arma, e
nos casos onde houver a necessidade o faça através armeiro profis-
1. Somente aponte sua arma, carregada ou não, para onde sional qualificado;
pretenda atirar; 26. NUNCA porte sua arma quando estiver sob efeito de subs-
2. NUNCA engatilhe a arma se não for atirar; tâncias que diminuam sua capacidade de percepção (álcool, drogas
3. A arma NUNCA deverá ser apontada em direção que não ilícitas, medicamentos);
ofereça segurança; 27. NUNCA transporte ou coldreie sua arma com o cão ar-
4. Trate a arma de fogo como se ela SEMPRE estivesse car- mado;
regada; 28. Munição velha ou recarregada NÃO é confiável, podendo
5. Antes de utilizar uma arma, obtenha informações sobre ser perigosa.
como manuseá-la com um instrutor credenciado;
6. Mantenha seu dedo estendido ao longo do corpo da arma SÃO CONSIDERADAS ARMAS DE USO PERMITIDO,
até que você e esteja realmente apontando para o alvo e pronto para CONFORME LEGISLAÇÃO EM VIGOR:
o disparo;
7. Ao sacar ou coldrear uma arma, faça-o SEMPRE com o 1. Armas de fogo curtas, de repetição ou semiautomáticas,
dedo estendido ao longo da arma; cuja munição comum tenha, na saída de cano, energia de até trezen-
8. SEMPRE se certifique de que a arma esteja descarregada tas libras-pé ou quatrocentos e sete joules e suas munições, como
antes de qualquer limpeza; por exemplo os calibres: 22 LR, 25 AUTO, 32 AUTO, 32 S&W, 38
9. NUNCA deixe uma arma de forma descuidada; SPL e 380 auto.
10. Guarde armas e munições separadamente e em locais fora 2. Armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semiauto-
do alcance de crianças; máticas, cuja munição comum tenha, na saída de cano energia de até
11. NUNCA teste as travas de segurança da arma, acionando mil libras-pé ou mil trezentos e cinquenta e cinco joules e suas mu-
a tecla do gatilho; nições, como por exemplo os calibres: 22 LR, 32-22, 38-40 e 44-40;
12. As travas de segurança da arma são apenas dispositivos
3. Armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semiautomáti-
mecânicos e não substitutos do bom senso;
ca, calibre 12 ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior
13. Certifique-se de que o alvo e a zona que o circunda sejam
do que 24 polegadas ou seiscentos e de milímetros e suas munições
capazes de receber os impactos de disparos com a máxima segu-
de uso permitido;
rança;
4. Armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação
14. NUNCA atire em superfícies planas e duras ou em água,
de mola, com calibre igual ou inferior a 6 milímetros e suas muni-
porque os projéteis podem ricochetear;
ções de uso permitido;
15. NUNCA pegue ou receba uma arma, com o cano apontado
5. Armas que tenham por finalidade dar partida em compe-
em sua direção;
16. SEMPRE que carregar ou descarregar uma arma, faça tições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente
com o cano apontado para uma direção segura; pólvora.
17. Caso a arma “negue fogo”, mantenha-a apontada para o
alvo por alguns segundos. Em alguns casos, pode haver um retarda-
mento de ignição do cartucho;
7 SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS.
18. SEMPRE que entregar uma arma a alguém, entregue-a
descarregada;
19. SEMPRE que pegar uma arma, verifique se ela está real-
mente descarregada;
20. Verifique se a munição corresponde ao tamanho e ao ca- Em segurança considera-se risco qualquer evento capaz de pro-
libre da arma; duzir perdas ou danos, seja de ordem humana (a vida e a integridade
21. Quando a arma estiver fora do coldre e empunhada, NUN- física), ou de ordem patrimonial (englobam os bens tangíveis e in-
CA a aponte para qualquer parte de seu corpo ou de outras pessoas tangíveis).
ao seu redor, só a aponte na direção do seu alvo; Análise de riscos é o processo utilizado para detectar, quantifi-
22. Revólveres desprendem lateralmente gases e alguns resí- car, analisar e oferecer subsídios para priorizar o controle dos riscos
duos de chumbo na folga existente entre o cano e o tambor. Pistolas que recaem sobre o patrimônio tangível ou intangível ou sobre de-
e Rifles ejetam estojos quentes lateralmente; quando estiver atiran- terminada pessoa física ou jurídica.
do, mantenha as mãos livres dessas zonas e as pessoas afastadas; A análise de risco é uma das principais ferramentas que o gestor
23. Tome cuidado com possíveis obstruções do cano da arma de segurança tem para auxiliá-lo no processo decisório a respeito de
quando estiver atirando. Caso perceba algo de anormal com o recuo que tipo de processo será elaborado, quais serão as prioridades de
ou com o som da detonação, interrompa imediatamente os disparos, ação, até que ponto compensa investir na prevenção e no controle de
descarregue a arma e verifique cuidadosamente a existência de obs- cada risco, que tipo de procedimento será necessário e viável, e etc.
truções no cano; um projétil ou qualquer outro objeto deve ser ime- Os riscos podem ser provenientes de atos humanos, sejam eles
diatamente removido, mesmo em se tratando de lama, terra, graxa, criminosos ou não; oriundos de catástrofes naturais, que são os ris-
etc., a fim de evitar danos à arma e/ou ao atirador; cos incontroláveis; podem ser de ordem técnica, quando ocorrem
24. SEMPRE utilize óculos protetores e abafadores de ruídos determinados imprevistos, falhas técnicas ou mecânicas; ou causa-
quando estiver atirando; dos por mudanças politicas, ou ainda procedentes de acidentes.

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Vulnerabilidades frequentes:
•Rotina
•Improvisação
•Desmotivação
•Despreparo profissional
•Falta de informações
•Falta de interação da autoridade com o sistema de Segurança

Atribuições do Serviço de Segurança:


•Controle e emprego dos agentes
•Planejamento e execução de instrução
•Inspeções em locais e itinerários diversos
•Coordenação com as Polícias Civil e Militar e outros Órgãos
•Serviço de Guarda
•Controle de bagagem
•Controle de correspondência
•Controle e verificação de alimentos
•Controle de equipamentos
•Códigos de comunicação
•Levantamento de dados e acompanhamentos de empregados
•Controle de investigações especiais
Os riscos mais comuns são: furtos, roubos, sequestros, espio- •Arquivo de levantamentos
nagem, chantagem, sabotagem, desmoralização, incêndios, desvios,
entre outros. Os riscos e ameaças geram danos e perdas, que podem Atributos do Agente de Segurança:
•Resistência à fadiga
afetar a área humana, a área moral e a área material.
•Lealdade
Os danos e perdas humanas ocorrem quando há agressão ou
•Honestidade
lesão físicas, podem ser causadas por acidentes, brigas, confrontos,
•Discrição
sequestros ou atentados.
•Manejo de armas
Os danos e perdas de ordem moral ocorrem quando bens intan-
•Coragem
gíveis são afetados, são danos morais a pessoa física ou imagem da
•Dedicação
empresa.
•Inteligência
•Decisão
Gestão de Proteção à autoridades •Noções de defesa pessoal
É o seguimento da segurança que estabelece as estratégias •Nível intelectual e cultural
necessárias para impedir, neutralizar ou no mínimo reduzir riscos de •Experiência policial
ações hostis capazes de provocarem dano a integridade física, moral •Idade entre 26 e 45 anos
ou psicológica de uma pessoa ou grupo a ser protegido.
Classificação dos tipos de deslocamentos:
Princípios básicos
- clareza e coordenação, a) Quanto a Missão:
- economia de forças, ROTINEIROS: deslocamentos efetuados da residência para o
- emprego de força necessária, trabalho e vice-versa;
- flexibilidade e iniciativa, ESPECIAIS: são aqueles realizados para atender às solenidades
- objetividade e oportunidade, oficiais e as de cunho social (inaugurações, concertos, datas cívicas,
- preservação e segurança jantares);
- surpresa e unidade de comando INOPINADOS: são os deslocamentos não programados.

Definições básicas b) Quanto ao Meio de Transporte:


A Proteção de Autoridades destina-se a formar agentes de segu- AÉREOS: quando é utilizado avião ou helicóptero;
rança de dignitários, que podem ser autoridades civis ou militares. AQUÁTICOS: no caso de utilização de navios, lanches, barcos
pequenos, etc. Pode ser marítimo, fluvial ou lacustre;
Dignitário: É aquele que exerce cargo elevado, de alta gradua- TERRESTRES: realizado utilizando-se automóveis, ônibus e
ção honorífica e que foi elevado a alguma dignidade. É o VIP (Very trens.
Important Person).
c) Quanto ao sigilo:
Segurança: É uma série de medidas proporcionadas a uma au- OSTENSIVOS: quando realizado com o conhecimento do pú-
toridade que garantam, no sentido mais amplo possível, a sua inte- blico em geral, seja através da divulgação do deslocamento, seja pela
gridade física. fácil identificação pelos transeuntes da passagem da Autoridade;

Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
SIGILOSOS: quando se procura furtar do conhecimento públi- •Os itinerários deverão ser reconhecidos no mesmo sentido em
co este deslocamento, agindo com discrição e se possível, utilizando que a Autoridade se deslocar;
transportes que não denunciem o citado deslocamento. •Caso haja necessidade de mudar o itinerário, por vontade da
Autoridade ou decisão do Chefe da Segurança, é necessário que o
d) Quanto ao horário: esquema de Segurança (Segurança Velada, Policiamento Ostensivo
DIURNOS: realizado à luz do dia, com todas as implicações e de Trânsito) tenha condições de se deslocar para o outro itinerário;
que um deslocamento nessas condições enfrenta (trânsito, pedestres, •Verificar nos lugares de embarque e desembarque da Autorida-
etc.). Para se diminuir o tempo de deslocamento, haverá necessidade de, o tipo de entrada e saída do veículo (ortodoxo e não-ortodoxo;
de emprego de força policial (trânsito); mão e contramão).
NOTURNOS: as condições são opostas às acima descrita. Não
há necessidade de envolvimento de grandes efetivos policiais na Se- Planejamento:
gurança. •Após o reconhecimento, é feita uma reunião para planejar o
esquema de Segurança a ser empregado;
e) Quanto à Extensão: •O planejamento deve ser o mais detalhado possível, distribuin-
CURTOS: deslocamentos realizados dentro do perímetro urba- do missões a todos os componentes do esquema de Segurança, de
no; uma forma simples e com clareza;
LONGOS: grandes deslocamentos fora do perímetro urbano ou •Deverá haver bastante entrosamento em todos os setores en-
mesmo fora da cidade (zona rural ou outras cidades). volvidos no esquema de Segurança, de modo a haver continuidade
no desenvolvimento dos trabalhos.
f) Quanto à Flexibilidade:
FLEXÍVEIS: quando há possibilidade de mudança no deslo- Decisão:
camento (itinerários alternativos) para outras opções de acesso e de Baseado nos quatro itens anteriores (tipo de deslocamento, exa-
retiradas dos locais a serem percorridos; me na carta, reconhecimento e planejamento), a decisão será então
NÃO FLEXÍVEIS: quando não há esta possibilidade (ex.: to- limitada à escolha do itinerário Principal e dos itinerários Alterna-
tivos.
davia sem retorno).
Quanto aos Meios Empregados
Execução
SIMPLES: deslocamentos que não exigem grande emprego de
meios (ex. deslocamentos inopinados e sigilosos);
Montagem do Dispositivo:
COMPLEXOS: há necessidade de grande emprego de meios.
•De acordo com o planejamento feito, cada chefe de setor de-
A utilização de pessoal e meios em apoio fica condicionado aos se-
verá assumir a sua missão e distribuir o seu pessoal, que deverá ter
guintes fatores:
pleno conhecimento de sua atuação;
•Importância da Autoridade; •Especial atenção para o pessoal empenhado nos pontos críticos
•A disponibilidade de pessoal e material; e pontos dominantes. Infiltração na multidão, da Segurança Velada
•A conjuntura atual. para sentir a reação do público em face de presença da Autoridade;
•Manter sempre uma reserva em condições de reforçar os pon-
Quanto às Comunicações: tos necessários;
Qualquer que seja o deslocamento há necessidade de uma rede •Verificar durante a montagem do dispositivo, o pleno conheci-
de comunicações. O comando da operação será feito pelo Chefe da mento da missão do pessoal em apoio: hospital, bombeiros, tropas
Segurança, se necessário, o comando poderá ser feito através da de choque, helicóptero, etc.
Central.
Reconhecimento final:
Exame na Carta: No dia do evento, após a montagem do dispositivo, com tempo
O exame na carta é importante para as fases posteriores de reco- suficiente antes da passagem da Autoridade, as equipes Precursora e
nhecimento no local e planejamento, por parte da Segurança. Vistoria realizam uma última inspeção no dispositivo. Etapas equi-
pes deverão manter contato permanente com o Chefe da Segurança
Deverá seguir os seguintes itens: para a eventualidade de uma mudança de itinerário (se necessário)
•Seleção das estradas que poderão ser utilizados nos diversos
itinerários; Tipificação das Ações Agressoras
•Escolha das estradas que permitam os deslocamentos sem pro-
blemas; Atentados:
•Identificar os pontos críticos. É preferível evitá-los, porém se Tudo pode ser motivo para um atentado: a necessidade de mo-
não for possível, reforçar a segurança nestes locais. dificar a situação político-social através do uso do terrorismo e vio-
lência; o fato de que a eliminação física de uma autoridade pode
Reconhecimento: propiciar mudanças no regime político e instauração de uma nova
•O reconhecimento é feito por etapas de acordo com a progra- ordem; a motivação de que a vítima é responsável por eventual cri-
mação da Autoridade, levando-se em consideração o tipo de deslo- se econômica ou pelas dificuldades financeiras enfrentadas pelos
camento e os dados fornecidos pelo exame na carta; agressores; a busca vantagem financeira; o desequilíbrio mental dos
•Não devemos desprezar nunca a possibilidade de um atentado, seus autores ou ainda motivações de antagonismo, o ódio, a vingan-
por menor que seja; ça, o ciúme etc.

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Um “Planejamento de Segurança de Dignitários” é especial- Criminosos Comuns
mente pensado e existe para fazer frente a um conjunto de amea-
ças previsíveis pela segurança. É dimensionado em função direta Embora se possa estranhar a inclusão desse grupo adverso,
das pessoas e grupos antagônicos, bem como dos recursos (talentos vale lembrar que diversas autoridades, notadamente em horários de
técnicos, militantes e simpatizantes, meios bélicos, disponibilidade folga ou em seus deslocamentos, já foram alvo de roubos ou fur-
financeira etc) dos quais tais eventuais agressores podem lançar mão tos e que tais ocorrências - que bem poderiam ser dissuadidas pela
no intento de desmoralizar, sequestrar, ferir ou matar aquela auto- efetiva presença ostensiva dos agentes de segurança - acabam por
ridade que é objeto da proteção. No geral, uma segurança pessoal desmoralizar, tanto a autoridade, quanto aqueles que se dedicavam
será condicionada pela necessidade de sobrepujar seus opositores a protegê-la.
potencialmente mais poderosos; e se qualificando obstinadamente
para fazer frente ao mais perigoso, a tendência (embora não a regra) Matadores Profissionais, “Pistoleiros” Ou “Assassinos De
é que consiga prevenir, dissuadir e atuar com sucesso, em face de Aluguel”
ocorrências adversas de menor gravidade, risco e sofisticação.
Profissionais do extermínio, normalmente agem de forma sele-
Fatores a serem considerados para o planejamento e execução tiva, focando apenas seus alvos especificamente. Estudam pormeno-
de um trabalho de segurança de dignitários: rizadamente seus alvos, anotam seus hábitos e rotinas, a segurança
•Grau de risco; que os cerca, planejam suas ações de forma poderem efetuar o aten-
•Importância da autoridade; tado com êxito sem se exporem à possibilidade de captura. Variando
•Conjuntura atual; em direta relação com a importância de seus alvos (e também da
•Comportamento da autoridade; segurança que os protege) podem empregar meios tecnologicamente
•Disponibilidade de recursos materiais e humanos. caros e sofisticados como armas longas com lunetas, miras infraver-
melhas, lançadores de foguetes, venenos, substâncias radioativas,
Vantagens para o executante do atentado: artefatos explosivos disfarçados etc.
•Conhecimento do local da ação;
•Disponibilidade de tempo para o planejamento; Crime Organizado
•Possibilidade de ocultação entre o público, convidados ou im-
prensa; •Despreparo do elemento de segurança; Tratam-se de organizações criminosas e como tal dispõe de re-
•Rotina conhecida e vazamento de informações das atividades cursos financeiros de grande monta, permitindo custear atentados
da autoridade; que podem ser elaborados e dispendiosos. Os “modus-operandi”
•Meios de comunicações deficientes; variam desde as ações perpetradas por numerosos grupos armados
•Falta de cooperação da autoridade. (no estilo “Bonde”, como são chamados os comboios do tráfico
carioca), às ações com atiradores de longo alcance da Máfia e as
Fontes de hostilização: bombas dos cartéis colombianos. Vale lembrar a ação contra o Juiz
•Organizações de informações adversas; Giovanne Falcone na Sicília, Itália em 1992, quando a Máfia identi-
•Organizações terroristas; ficou diversas rotas empregadas nos deslocamentos do magistrado,
•Outros: Missões Diplomáticas hostis, Imprensa, Pessoas, etc. minou (com cerca de uma tonelada de explosivos) uma extensão de
50m de estrada, e detonou a carga com extrema precisão cronomé-
Propósito dos atentados: trica, no momento que o comboio da autoridade passava pelo local
DESMORALIZAÇÃO, causado através do escândalo, normal- a 100Km/h.
mente com ampla divulgação pela imprensa;
SEQUESTRO, com a finalidade de auferir vantagem política Loucos ou Psicopatas
ou lucro financeiro;
EXTERMÍNIO da vítima, como propósito extremo, quando Embora as ações desses grupos variem desde a simples agres-
atingido o objetivo ou com a finalidade de encobrir a identidade e são física de mãos nuas às facadas e tiros à queima roupa, o principal
fuga do elemento adverso. risco repousa na absoluta imprevisibilidade de suas ações. Não se
CAUSAR TERROR ou pânico entre a população. pode estimar quem poderá atentar, onde agirá, quando e por quais
meios, gerando uma indefinição extremamente perigosa para a segu-
Desafetos rança. Embora alguns desequilibrados mentais possam ser facilmen-
te identificáveis (e por conseguinte previsíveis, como o inofensivo
Um ex-correligionário ou ex-amigo pode tentar aproximar-se “Beijoqueiro”, que se notabilizou por beijar personalidades como o
do segurado a fim de agredi-lo verbal ou fisicamente, valendo das cantor Frank Sinatra, o Papa João Paulo II e inúmeras outras cele-
mãos nuas, de armas brancas, armas de fogo ou qualquer recurso bridades) outros, dos quais ninguém desconfiaria, “a priori”, já pro-
que a sua qualificação pessoal ou profissional permita empenhar varam ser capazes de disparar contra presidentes ou celebridades.
contra nosso protegido. Em tal situação, que uma equipe de segu-
rança bem estruturada poderá enfrentar com sucesso, a segurança Partidos, Agremiações Ou Grupos Políticos De Oposição
deverá ter conhecimento prévio da existência do referido desafeto,
identificar-lhe as feições, e salvo em casos especialíssimos (como se Na América Latina vem sendo extremamente comum o recurso
por exemplo o antagonista for um exímio atirador ou um especialis- do assassinato político de juízes, prefeitos, vereadores, deputados e
ta em explosivos), apenas lhe caberá impedir que o referido cidadão até senadores. Para prevenir tais ações é extremamente importan-
possa te acesso ao dignitário. te avaliar as implicações da vida política do segurado, buscando a

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
identificação e conhecimento da personalidade de seus adversários, bem como de seu histórico de conduta e amizades. Por mais que tal prática
venha a encontrar opositores no âmbito da nossa romântica sociedade civil, se deve investigar a ação de pessoas ou grupos de tendência política
contrária, que possam intentar contra a autoridade protegida. As informações oriundas dos levantamentos de inteligência são o alicerce do pla-
nejamento de uma segurança de dignitários. É extremamente difícil proteger contra complôs, os quais normalmente contam com a colaboração
de pessoas próximas ao protegido.

Organizações Terroristas

No âmbito dos grupos realizadores de atentados, as organizações terroristas são adversários prioritários das equipes encarregadas da pro-
teção de altas autoridades. Normalmente tais organizações são objeto da vigilância constante dos órgãos de inteligência nacionais, os quais
procuram munir os setores de segurança dos respectivos dignitários, de todos os indícios e informações disponíveis sobre possíveis ações adver-
sas. Dispondo de recursos técnicos e de integrantes treinados e extremamente motivados as organizações terroristas são uma ameaça que vem
requerer da segurança planejamentos elaborados e esquemas dispendiosíssimos para proporcionar mínimas garantias aos segurados.
Quadro comparativo de motivações, atentados e contramedidas.
Observando-se o quadro abaixo, observa-se a eficiência da segurança aproximada como contramedida da maioria dos tipos de atentado.

Segurança Avançada, Velada e Aproximada

Segurança Avançada: Um agente de segurança pode realizar a coleta de informações nos locais que serão visitados pelo VIP, sendo deno-
minado nesta função de “Avançado ou Precursor”. O agente percorre o trajeto e inspeciona o local, elaborando relatório dos possíveis riscos, se
apresentando aos funcionários e/ou outros agentes do local e colhe informações dos protocolos existentes. As informações proporcionam dados
relevantes ao planejamento da segurança, tais como, mapas, rotas alternativas, nomes de pessoas relevantes à segurança, números de telefone,
esboços e entradas, saídas, pontos críticos e estratégicos.
Segurança Velada: É o grupo de agentes que se infiltram no público, são distribuídos nos locais dos eventos, ou nos itinerários do VIP,
procurando detectar, informar e neutralizar possíveis ameaças.
Segurança Aproximada: Agentes que executam a proteção imediata, ficando posicionados próximos e constantemente ao redor do VIP,
cabendo resguardá-lo, reagir a ameaças e retirá-lo em caso de emergência.

Deslocamento móvel e a pé

ESCOLTA MOTORIZADA
Um ponto fundamental em uma equipe de segurança é quando a Autoridade/VIP se desloca em veículos. Existem procedimentos para
diminuir a possibilidade de ocorrências, ou o emprego de técnicas/táticas para enfrentar as ameaças. O veículos do VIP e da equipe de escolta
devem ser potentes, fáceis de manejar e acima de tudo confiáveis.
O veículo deve:
•Estar em perfeitas condições de uso;
•Ter todos os equipamentos de segurança da viatura obrigatórios checados;

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
•A viatura da Autoridade/VIP deve ser preferencialmente blin- Blindagens:
dada;
•Utilizar carros com quatro portas, preferencialmente com me- As blindagens foram desenvolvidas como recurso de proteção
nos de dois anos de uso, boa potência e em cores discretas; contra projéteis disparados contra o veículo. A superfície externa
•Possuir dois estepes na viatura dos seguranças; do veículo é classificada em região opaca, onde a proteção é cons-
• Equipamentos de comunicação; truída com chapas de aço e mantas de aramida, e região transpa-
• Manter as portas trancadas e os vidros fechados. rente onde o vidro é construído com camadas intercaladas de vidro
e policarbonato, mantendo o grau necessário de transparência para
Vistoria dos Veículos: assegurar as condições de dirigibilidade e conforto ao dirigir. Os
a) Parte Externa: pneus também devem ser blindados.
•Pneus e rodas;
•Piscas e lanternas; Aprimoramentos e Conhecimentos do Veículo:
•Espelhos;
•Abertura de Portas e Janelas;
•Calibragem dos pneus – a maioria dos fabricantes recomenda
•Procurar plásticos, fios, fitas, adesivos, principalmente na
26 ou 28 libras, entretanto, para que os pneus não estourem com
parte inferior do veículo.
uma manobra brusca (um cavalo-de-pau, por exemplo), o ideal é
b) Parte Interna:
colocar 40 libras;
•Verificar o compartimento do Motor e o Porta-Malas;
•Aprenda a abrir por dentro o porta malas do veículo;
•Verificar a bateria do veículo;
•Verificar o painel, estepe, rádios, limpadores, tapetes, nível •Tenha no porta malas do veículo: lanterna (verifique regu-
do óleo do motor, freios, etc.; larmente as pilhas), canivete com lâmina serrilhada, duas latas de
•Procurar qualquer material estranho deixado no veículo com “Tire Repair”, evitando a troca de pneus em locais isolados e tele-
atenção especial embaixo dos bancos do veículo e no porta-luvas; fone celular desligado (verifique regularmente a bateria);
•Conheça o centro de gravidade do veículo – Hatchbacks em
ATRIBUIÇÕES geral (Gol, Palio, Fiesta, Corsa, etc) possuem o CG deslocado mais
a frente, devido ao peso do motor, isso faz que eles tendam a jogar
- Motoristas: a traseira em curvas fechadas ou frenagens bruscas.
•Películas (Insufilme) – Aspectos positivos: A maior parte das
•Respeitar as regras e normas do trânsito, exceto em situações abordagens ocorre nos deslocamentos e paradas do veículo, a pe-
de emergência que necessitem evadir-se do local; lícula dificulta a análise do risco para o marginal, ao impedir a
•Detectar as ameaças e informar qualquer suspeita a equipe visualização de seu interior. Aspectos negativos: O nível de escu-
de segurança; recimento permitido pelo Detran não impede que o marginal faça
•Conhecer os princípios de direção defensiva, evasiva e ofen- um reconhecimento do interior do veículo. Utilizar níveis acima
siva; do permitido prejudica a visibilidade à noite e sob chuva. Uma
•Permanecer atento para evitar ser engavetado ou bloqueado outra desvantagem é que, caso a vítima esteja sendo mantida como
nos deslocamentos ou áreas de estacionamento; refém dentro de seu próprio veículo, a película pode dificultar a
•Estudar o itinerário, conhecendo os possíveis pontos de intervenção de policiais, já que não podem perceber a ocorrência.
apoio, rotas alternativas e de fuga;
•Ter condições de operar os meios de comunicação em situa- Tipos de Escolta Motorizada
ções de emergência;
•Trabalhar em conjunto com a equipe de escolta evitando que As situações de risco ocorrem com maior frequência durante o
os veículos se distanciem ou se percam um do outro; deslocamento do VIP. O número de carros envolvidos depende da
•Auxiliar na vistoria e verificar as condições gerais do veículo.
disponibilidade de veículos, de pessoal, do grau de risco envolvido
•Manter o veículo sempre abastecido, sem esquecer da im-
e do nível do VIP. Dois carros, da equipe de escolta e do VIP, é o
portância de abastecer o veículo em locais seguros e de confiança,
mínimo recomendado.
para evitar sabotagens por meio de combustível adulterado (for-
çando o veículo a parar).
1 – Um veículo - VIP + Motorista segurança:
- Equipe de Escolta:

•Observa e troca informações com os motoristas e os agentes


de segurança;
•Estuda o itinerário, conhecendo os possíveis pontos de apoio,
rotas alternativas e de fuga;
•Faz a cobertura do VIP no embarque/desembarque do veí-
culo;
•Efetuar vistoria e verifica as condições gerais do veículo. Como destacado anteriormente é a pior situação possível

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
2 – Dois veículos

É o esquema utilizado quando há pequeno grau de risco. O carro da segurança deve ficar a retaguarda.

3 – Três Veículos

Quando há razoável grau de risco são utilizados dois veículos de uso exclusivo da segurança.

4 – Comboios
Comboios são utilizados para VIP´s ou Dignitários de Alto grau de risco. É comum nos comboios, uma equipe avançada reconhecer o
itinerário para detectar possíveis riscos, facilitar o fluxo do comboio, controlar a aproximação de outros veículos ou escolher caminhos alter-
nativos. É importante coordenar os trabalhos com as outras equipes que estarão atuando, a fim de evitar desencontros de informações, decisões
conflitantes, quebra de hierarquia/protocolo, ou situações de incidentes internacionais.

Comboio Padrão para Chefe de Estado ou Governo ou Alto Grau de Risco

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
DESLOCAMENTOS

Batidas/Colisões
São táticas utilizadas para parar a equipe de segurança ou o VIP. Os marginais batem na traseira do veículo, ou colidem com sua lateral
fazendo com que o carro perca o controle. É importante estar atento a aproximação de outros veículos e percebendo uma armadilha, não parar
no local.

Saídas/Mudança de Faixa em tráfego Congestionado


O veículo da Equipe de Escolta (E), dá seta e posiciona-se para facilitar a saída do carro do VIP (V). É necessário agir com discrição, evi-
tando causar situação de conflito com outros motoristas que podem causar atrasos para a segurança ou constrangimento para o VIP.

Conversões
O veículo da Equipe de Escolta (E), se posiciona para evitar que outros carros ultrapassem o carro do VIP (V).

Medidas Preventivas nos Deslocamentos


•Dê preferência às vias policiadas e movimentadas;
•Conheça os locais de apoio no trajeto, como hospitais, postos policiais, etc;
•Evite veículos personalizados ou de fácil identificação, como veículos com o logotipo da empresa, isso facilita o trabalho dos marginais
em reconhecer a vítima ou neutralizar a equipe de escolta;
•Varie horários e itinerários;
•Demonstre condição de reação, mostrando atenção, distância de segurança dos outros carros, possibilitando manobras para evasão, esco-
lha a faixa de tráfego;
•Mantenha os vidros fechados e as portas travadas;
•O motorista do carro do VIP deve trabalhar em sintonia com o carro da escolta, evitando acelerar o carro quando perceber que o farol ficará
vermelho, pois pode se distanciar ou perder-se da equipe de escolta;
•Evite parar o veículo, siga as orientações de posicionamento inteligente descritas logo abaixo.

Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Posicionamento Inteligente Integrantes

Cruzamentos são especialmente perigosos. Os marginais apro- - Líder ou Mosca: É o agente de segurança que coordena a
veitam a parada do veículo para abordar a vítima. Procure verificar a equipe de escolta, responsável direto por proteger/retirar o VIP em
cor do semáforo, estando fechado diminua a velocidade do veículo, situações de risco.
mantendo o carro em movimento o maior tempo possível (dificulta - Alas: são os agentes que ajudam o trabalho do Líder,
a abordagem dos marginais), estando aberto aumente a velocidade subdividindo-se em: Ala Lateral: Posicionado na Lateral da equipe,
procurando evitar ficar parado no cruzamento. A Equipe de Escol- auxilia na retirada do VIP, combate ao(s) agressor(es); Ala Avan-
ta trabalha em conjunto com o Motorista do VIP para diminuir os çado (ou Ponta): Posiciona-se a frente no deslocamento, primeira
riscos de incidentes. É necessário pensar sempre à frente da nossa linha de defesa, deve negociar com elementos suspeitos que se apro-
posição atual. Verificando que o semáforo irá fechar, diminui-se a ximem do VIP e/ou combater/imobilizaro(s) agressor(es); Ala Pos-
velocidade do veículo para ficar o menor tempo possível parado, terior (ou Rabo): Posiciona-se atrás no deslocamento, alertando/
ao parar, procura-se evitar as primeiras filas e a faixa da esquerda. evitando ataques a retaguarda.
Posiciona-se o carro de modo a ter condição de manobra e fuga se
necessário. Grupos

ESCOLTA A PÉ Em situações de risco elevado, normalmente envolvendo Auto-


ridades/Dignitários, as equipes de segurança são divididas em dois
Formações de Escolta e Atribuições grandes grupos: Grupo de Preparação, que envolve a equipe pre-
cursora e a equipe de vistoria e o Grupo de Execução, que envolve
ATRIBUIÇÕES os agentes que fazem a segurança aproximada, fixa, móvel, velada,
avançada e ostensiva.
Equipe de Escolta Todos os membros da equipe:
a) Procuram detectar as ameaças Tipos de Formações
b) Informam quando a ameaça é detectada aos outros elementos
1 – VIP + Motorista segurança: No Brasil, muitas pessoas con-
da equipe
tratam um motorista que tem funções de agente de segurança ou
c) Protegem o VIP
vice-versa. É um erro muito grave que dificulta a correta proteção,
d) Protegem os outros membros da equipe
tanto do agente quanto do VIP.
e) Mantêm coesa a formação evitando distrações
f) Não se ausentam da formação sem avisar
g) Não abandonam suas posições
h)Selecionam pessoas que possam se aproximar do VIP, me-
diante prévia autorização do Líder, evitando causar constrangimen-
tos
i) Mantêm estrito relacionamento profissional com o VIP e seus
familiares
j) Mantêm o sigilo de informações
k) Não aceitam e nem oferecem favores
l) Não bebem no horário de serviço
m) Procuram ser discretos
n) Respeitam a Privacidade do VIP e de seus familiares 2 – VIP + Dois Agentes: É o mínimo necessário para a proteção
o) Seguem as orientações dos superiores e determinações do do VIP. O líder permanece atrás na formação.
VIP, desde que não ofereça risco a sua integridade física ou das pes-
soas sob sua proteção.
p) Utilizam formações flexíveis
q) Adaptam-se a imprevistos

Formações Táticas

- Proteção Ostensiva: é representada por agentes de proteção


com armas a vista, podendo estar uniformizados. Ex: Agentes de
Proteção em Israel, policiais militares ou Militares em áreas de con-
flito;
- Proteção Aproximada: Os agentes estão com as armas ocultas
e próximas ao VIP, é o tipo mais comum de formação;
- Proteção Velada: Os agentes estão em trajes civis, dissimula-
dos no ambiente, sendo difícil sua identificação.

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
3 – VIP + Três Agentes: Com três agentes é possível conferir maior proteção ao VIP, podemos subdividir em:

3 – VIP + Quatro Agentes

SEGURANÇA NAS INSTALAÇÕES

Tipos de Imóveis:

Hotel:

Vantagens: A administração facilita os serviços de limpeza, arrumação, lavagem de roupas, alimentação, etc. Pode-se ocupar o último andar
para facilitar o controle de acesso de pessoas.
Desvantagens: O acesso no Hotel é livre a todos, não se tendo o controle efetivo dos que entram e saem. A existência de escadas de
incêndios facilita ao acesso de pessoas.

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Apartamentos: •Escolha de empregados;
•Visitas identificadas;
Vantagens: •Utilização de alarmes;
- O acesso ao imóvel geralmente é isolado; •Emprego de cães.
- Os elementos que circulam no prédio geralmente são conhe-
cidos (vizinhos); Cuidados com a Correspondência
- As entradas e saídas são em menor número, facilitam ao con-
trole do acesso de pessoas. Também poderá ser considerado como No caso de recebimento de cartas ou pacotes suspeitos, verificar
desvantagem (Vigilância do elemento adverso). os itens abaixo:
•Remetente procedência;
Desvantagens: •Selos, lacres e carimbos;
- O acesso é coletivo, no caso de ser a mesma entrada para salas •Peso e espessura;
•Cheiro em manchas;
comerciais;
•Rigidez da embalagem;
- A existência de escadas de incêndio facilita ao acesso de pes-
•Envelope duplo.
soas.
Cuidado com o Automóvel
Casas Geminadas:
A situação ideal é a de que carro permaneça (quando não uti-
Desvantagens: lizado) trancado numa garagem também fechada. Quando isto não
- As entradas sendo juntas dificultam a adoção de medidas de ocorrer, antes de abrir o automóvel devemos examinar:
segurança, principalmente o controle do acesso de pessoas; •O chão em torno do carro;
- Os telhados normalmente dão acesso de uma para outra casa; •Os lados do carro;
- Podem-se ouvir conversas através das paredes; •Embaixo do carro (reflexo);
- A casa vizinha pode ser utilizada como apoio para uma hos- •O seu interior.
tilização.
Planejamento De Itinerários
Casas soladas
Dentre as diversas situações vulneráveis em que se pode en-
Vantagens: contrar uma Autoridade, uma das mais críticas é durante um deslo-
- É a situação ideal, facilita a Segurança. camento a pé ou transportado, quaisquer que sejam as precauções
- Permite em melhores condições, as diversas medidas de prote- tomadas.
ção (sistema da alarmes, comunicações, gerador reserva, etc.). Por esta razão, o planejamento e a escolha de itinerários a serem
- Facilita o controle do acesso de pessoas e veículos. percorridos por uma Autoridade, merecem especial atenção por par-
te da Segurança com o objetivo de evitar, dificultar ou minimizar os
Desvantagens: A existência de pontos dominante nas proximi- efeitos de uma agressão.
dades dificulta a Segurança.
ESCOLHA DE ITINERÁRIOS: é a decisão decorrente de um
Segurança no local de Trabalho reconhecimento e planejamento sobre o deslocamento a pé ou trans-
portado, a ser percorrido por uma Autoridade.
O local de trabalho poderá estar localizado em imóveis confor-
Aspecto a serem observados na escolha de itinerários
me as situações acima apresentadas e em consequência apresentará
•Classificação dos tipos de deslocamentos;
as mesmas vantagens e desvantagens correspondentes. •Exame na carta;
•Reconhecimento;
Seleção de Residências •Planejamento;
•Decisão;
Caso seja possível selecionar uma residência, antes da ocupa- •Execução.
ção, devemos nos preocupar com os seguintes itens:
•Privacidade; EXPOSIÇÃO EM PÚBLICO
•Cercas e muros (com altura suficiente para proteção);
•Sem obstáculos entre a casa e o muro; A exposição em público é todo o comparecimento, de uma
•Vários acessos ao local da residência; autoridade, a um lugar no qual se encontram presentes pessoas es-
•Distante de pontos dominantes. tranhas ao seu convívio diário, a fim de cumprir um compromisso
oficial ou particular.
Segurança da Residência
Fatores Considerados nos Planejamentos
Os itens abaixo correspondem a uma série de medidas de segu- Quanto ao público:
rança que deveremos utilizar na residência. • Controlado: é aquele que foi selecionado previamente para a
•Proteção para todas as aberturas; participação no evento.
•Inspeções frequentes nas dependências; • Não controlado: é aquele que não é selecionado ou previa-
•Dependências vazias (trancadas e verificadas regulamente); mente controlado.

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Quanto ao tipo do evento: Quanto à missão:
•Comícios e carreatas •De rotina
•Inaugurações, aberturas e encerramentos de eventos •Eventuais
•Palestras e reuniões •Inopinados
•Apresentações sociais
•Grandes cerimônias Quanto à flexibilidade:
•Flexíveis
Quanto à formalidade: •Inflexíveis
•Formal ou oficiais
•Informais ou particulares Seleção do Itinerário:
•Planejamento inicial
Quanto ao tempo de preparação: •Reconhecimento
•Escolha
- Eventos previstos: São aqueles programados na agenda da au-
toridade com antecedência;
Medidas de segurança nos itinerários:
- Eventos inopinados: São aqueles cumpridos sem o conheci-
•Rotineiras
mento prévio da segurança e, por conseguinte, sem a devida pre-
•Especiais
paração; •Inopinadas
Quanto ao local:
•Recinto fechado
•Recinto aberto 8 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.
Quanto ao sigilo:
•Ostensiva
•Reservada TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Locais de aparição em público
CAPÍTULO I
Os locais de aparição em público devem atender as seguintes DO FURTO
características:
•Amplitude FURTO
•Acessos
•População Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
•Terreno favorável móvel:
•Meios de comunicação Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
- subtrair: abrange tanto a hipótese em que o bem é tirado da
Características dos itinerários vítima quanto aquela em que ele é entregue espontaneamente, e o
agente, sem permissão, retira-o da esfera de vigilância daquele.
Quanto ao meio físico: - a subtração de cadáver humano ou de parte dele pode tipificar
o “furto”, desde que o corpo pertença a alguém e tenha destinação
•Terrestre
específica (ex.: subtração de cadáver pertencente a uma faculdade de
•Aéreo
medicina ou a um laboratório que esteja sendo utilizado em estudos
•Aquático
ou pesquisas); fora dessas hipóteses, o crime será o de “subtração
de cadáver ou parte dele”, previsto no artigo 211.
Quanto à proteção: - a consumação do “furto” se dá quando a coisa é retirada da
•Cobertos e abrigados esfera de disponibilidade do ofendido e fica em poder tranquilo,
•Descobertos e desabrigados mesmo que passageiro do agente.
- o agente tenta furtar uma carteira e enfia a mão no bolso er-
Quanto à luminosidade: rado, no caso da vítima não tiver portando ela é crime impossível.
•Diurno - o “furto de uso” não é crime, é ilícito civil, mas o agente deve
•Noturno devolver a coisa no mesmo local e estado em que se encontrava por
livre e espontânea vontade, sem ser forçado por terceiro.
Quanto à extensão: - o “furto famélico” afasta a ilicitude por estado de necessidade,
•Curtos mas a conduta deve ser inevitável.
•Longos - o “furto de bagatela” (“princípio da insignificância”): o va-
lor da coisa é inexpressivo, juridicamente irrelevante (ex.: furtar
Quanto ao sigilo: uma agulha); ocasiona a exclusão da tipicidade.
•Ostensivos - um ladrão furta outro ladrão, o primeiro proprietário sofrerá
•Reservados dois furtos, pois a lei penal não protege a posse do ladrão.

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- no caso da “trombada”, se ela só serviu para desviar a atenção I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da vítima (“furto qualificado” pelo arrebatamento ou destreza), se da coisa;
houve agressão ou vias de fato contra a vítima (“roubo”). - destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
- furto / roubo: o 1° é crime simples, tem apenas um objeto coisa: a violência deve ser contra o obstáculo e não contra a coisa;
material, que é a coisa, enquanto o 2° é crime complexo, tem 2 ob- a simples remoção do obstáculo e o fato de desligar um alarme não
jetos materiais, a coisa e a pessoa. qualificam o crime.
- furto qualificado (destruição ou rompimento de obstáculo) II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada
/ roubo: no 1° a violência é praticada contra coisa (obstáculo), en- ou destreza;
quanto no 2° ela é praticada contra pessoa. - abuso de confiança: que a vítima, por algum motivo, deposi-
te uma especial confiança no agente (amizade, parentesco, relações
- furto qualificado (fraude) / estelionato: no 1° a fraude é em- profissionais etc.) e que o agente se aproveite de alguma facilidade
pregada para iludir a atenção ou vigilância do ofendido, que nem decorrente dessa confiança para executar a subtração - ex.: furto pra-
ticado por empregada que trabalha muito tempo na casa; se o agente
percebeu que a coisa lhe está sendo subtraída; enquanto que no 2°,
pratica o furto de uma maneira que qualquer outra pessoa poderia
a fraude antecede o apossamento da coisa e é a causa de sua entrega
tê-lo cometido, não haverá a qualificadora.
ao agente pela vítima.
- fraude: é o artifício, o meio enganoso usado pelo agente,
- furto / estelionato: no 1° o agente subtrai a coisa da vítima,
capaz de reduzir a vigilância da vítima e permitir a subtração do
enquanto que no 2° ela entrega a coisa mediante fraude. bem - ex.: o uso de disfarce ou de falsificações; a jurisprudência
- furto / apropriação indébita: no 1° o agente subtrai a coisa vem entendendo existir o “furto qualificado” mediante fraude na
da vítima, enquanto que no 2° ele tem a posse da coisa e depois se hipótese em que alguém, fingindo-se interessado na aquisição de um
apropria dela. veículo, pede para experimentá-lo e desaparece com ele.
- a pessoa que devolve intencionalmente troco errado para ou- - escalada: é a utilização de via anormal para adentrar no local
tra, prática o crime de “furto”. onde o furto será praticado; a jurisprudência vem exigindo para a
concretização dessa qualificadora o uso de instrumentos, como
Causas de aumento de pena (furto noturno) cordas, escadas ou, ao menos, que o agente tenha necessidade de
§ 1º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado duran- realizar um grande esforço para adentrar no local (transpor um muro
te o repouso noturno. alto, janela elevada, telhado etc.); a escavação de túnel é utilização
- noite: ausência de luz solar; repouso noturno: período em de via anormal; quem consegue ingressar no local do crime pulando
que as pessoas de uma certa localidade descansam, dormem, de- um muro baixo ou uma janela térrea não incide na forma qualificada.
vendo a análise ser feita de acordo com as características da região - destreza: é a habilidade física ou manual que permite ao
(rural, urbana etc.); somente se aplica ao “furto simples”; prevalece agente executar uma subtração sem que a vítima perceba que está
o entendimento de que o aumento só é cabível quando a subtração sendo despojada de seus bens; tem aplicação quando a vítima traz
ocorre em casa ou em alguns de seus compartimentos (não tem apli- seus pertences junto a si, pois apenas nesse caso é que a destreza tem
cação se ele é praticado na rua, em estabelecimentos comerciais etc.) relevância (no bolso do paletó, em uma bolsa, um anel, um colar
e em local habitado (excluem-se as casas desabitadas, abandonadas, etc.); se a vítima percebe a conduta do sujeito, não há a qualificadora,
residência de veraneio na ausência dos donos, casas que estejam va- haverá “tentativa de furto simples”; se a conduta do agente é vista
zias em face de viagem dos moradores etc.). por terceiro, que impede a subtração sem que a vítima perceba o
ato, há “tentativa de furto qualificado” pela destreza; se a subtração
Causas de diminuição de pena (furto privilegiado) é feita em pessoa que esta dormindo ou embriagada, existe apenas
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa “furto simples”, pois não é necessário habilidade para tal subtração.
III - com emprego de chave falsa;
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
- chave falsa: é a imitação da verdadeira, obtida sem autorização;
diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação
uma fechadura sem arrombá-la (ex.: grampos, «mixas”, chaves de
anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa
fenda, tesouras etc.); não se aplica essa qualificadora na chamada
de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): “ligação direta”.
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação - concurso de duas ou mais pessoas: basta saber que o agente
do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no não agiu sozinho; prevalece na jurisprudência o entendimento de
sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito que qualificadora atinge todas as pessoas envolvidas na infração pe-
é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, nal, ainda que não tenham praticado atos executórios e mesmo que
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já uma só tenha estado no “locus delicti”; não pode haver concurso do
que a lei não veda tal hipótese. crime de “quadrilha ou bando” (artigo 288) com o “furto qualifi-
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual- cado”, só como o “furto simples”.
quer outra que tenha valor econômico (energia térmica, mecâni- - se forem reconhecidas duas ou mais qualificadoras, uma delas
ca, nuclear, genética - ex.: subtração de sêmen). servirá para qualificar o “furto” e as demais serão aplicadas como
“circunstâncias judiciais”, já que o artigo 59 estabelece que, na
Formas qualificadas (furto qualificado) fixação da pena-base, o juiz levará em conta as circunstâncias do
§ 4º - A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é crime, e todas as qualificadoras do § 4° referem-se aos meios de
cometido: execução (circunstâncias) do delito.

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for do agente abordar a vítima de surpresa gritando que se trata de um
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro assalto e exigindo a entrega dos bens, trata-se de “roubo” (vítima se
Estado ou para o exterior. sente atemorizada).
- somente terá aplicação quando, por ocasião do “furto”, já ha- - qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade
via intenção de ser efetuado tal transporte, sendo assim, uma pessoa de resistência: ex.: uso de soníferos, hipnose, superioridade numé-
que não teve qualquer participação anterior no “furto” é contratada rica etc.
posteriormente para efetivar o transporte responde pelo crime de - são sujeitos passivos: o proprietário, o possuidor ou o detentor
“receptação”, e não pelo “furto qualificado”, que somente existi- da coisa, bem como qualquer outra pessoa que seja atingida pela
rá para os verdadeiros responsáveis pela subtração; se o serviço de “violência” ou “grave ameaça”.
transporte já havia sido contratado antes da subtração, haverá “furto - se o agente emprega grave ameaça contra duas pessoas e sub-
qualificado” também para o transportador, pois este, ao aceitar o trai objetos de apenas uma delas, pratica crime único de “roubo”, já
encargo, teria estimulado a prática do “furto” e, assim, concorrido que apenas um patrimônio foi lesado, mas este crime possui duas
para o delito; o agente quer levar o veículo, mas não consegue, não vítimas.
incide a qualificadora; a tentativa somente é possível se o agente, - se o agente emprega “grave ameaça” contra duas pessoas e
estando próximo da divisa, apodera-se de um veículo e é perseguido subtrai objetos de ambas, responde por dois crimes de “roubo” em
de imediato até que transponha o marco divisório entre os Estados, concurso formal, já que houve somente uma ação (ainda que com-
mas acaba sendo preso sem que tenha conseguido a posse tranquila posta de dois atos).
do bem. - se o agente aborda uma só pessoa e apenas contra ela emprega
- o reconhecimento desta afasta a aplicação das qualificadoras “grave ameaça”, mas com esta conduta subtrai bens de pessoas dis-
do § 4°, já que o delito é um só, e as penas previstas em abstrato são tintas que estavam em poder da primeira, comete crime de “roubo”
diferentes; mas por elas se referirem ao meio de execução do delito, em concurso formal.
poderão ser apreciadas como “circunstâncias judiciais” na fixação - o “roubo próprio” consuma-se, segundo entendimento do
da pena-base (art. 59). STF, no exato instante em que o agente, após empregar a “violên-
cia” ou “grave ameaça”, consegue apoderar-se do bem da vítima,
ainda que seja preso no próprio local, sem que tenha conseguido a
FURTO DE COISA COMUM
posse tranquila da coisa.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio (cri-
me próprio), para si ou para outrem, a quem legitimamente a
Roubo simples impróprio: o agente inicialmente quer apenas
detém, a coisa comum:
praticar um “furto” e, já se tendo apoderado do bem, emprega a
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
“violência” ou “grave ameaça” para garantir a impunidade do “fur-
Ação penal
to” que estava em andamento ou, assegurar a detenção do bem.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
Excludente de ilicitude a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível (é de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para
aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, quan- si ou para terceiro.
tidade e qualidade), cujo valor não excede a quota a que tem direito - o “roubo impróprio” consuma-se no exato momento em que é
o agente. empregada a “violência” ou “grave ameaça”, mesmo que o sujeito
não consiga atingir sua finalidade de garantir a impunidade ou asse-
CAPÍTULO II gurar a posse dos objetos subtraídos.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Causas de aumento de pena
ROUBO § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 até 1/2:
Roubo simples próprio: a “violência”, a “grave ameaça” ou I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de
qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade de resistên- arma (própria ou imprópria);
cia, são empregados antes ou durante a subtração. - no caso de “arma de brinquedo”, aplica-se o aumento da
pena, se o uso tenha causado temor à vítima (Súmula 174 STJ).
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou- II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois - basta saber que o agente não agiu sozinho; prevalece na ju-
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de risprudência o entendimento de que a qualificadora atinge todas as
resistência: pessoas envolvidas na infração penal, ainda que não tenham prati-
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. cado atos executórios e mesmo que uma só tenha estado no “locus
- violência a pessoa: ex.: socos, pontapés, facada, disparo de delicti”.
arma de fogo, paulada, amarrar a vítima, violentos empurrões ou III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
trombadas (se forem leves, desferidos apenas para desviar a aten- agente conhece tal circunstância.
ção da vítima, de acordo com a jurisprudência, não caracteriza o IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
“roubo”). transportado para outro Estado ou para o exterior;
- grave ameaça: é a promessa de uma mal grave e iminente V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
(de morte, de lesões corporais, de praticar atos sexuais contra a ví- sua liberdade.
tima de roubo etc.); a simulação de arma e a utilização de arma de - ex.: agente aborda pessoa que sai do caixa eletrônico e a coage
brinquedo constituem “grave ameaça”; tem se entendido, que o fato a fazer saque em outro (“sequestro relâmpago”).

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Formas qualificadas (roubo qualificado) - extorsão / estelionato: no “estelionato”, a vítima quer efeti-
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é vamente entregar o objeto, uma vez que foi induzida ou mantida a
de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se resulta morte (latro- erro pelo agente através do emprego de uma fraude; na “extorsão”,
cínio), a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa. a vítima despoja-se de seu patrimônio contra sua vontade, já que o
- não importa se a morte foi causada por dolo ou culpa; ele faz em decorrência de ter sofrido violência ou grave ameaça.
não responde somente em caso fortuito ou força maior; é “crime - extorsão / extorsão mediante sequestro: a “extorsão me-
hediondo”. diante sequestro” é a “extorsão” praticada através do “sequestro”
- não há “latrocínio” quando o resultado agravador decorre do (art. 148 - “sequestro ou cárcere privado” - privar alguém de sua
emprego de “grave ameaça” - ex.: vítima sofre um enfarto em razão liberdade).
de ter-lhe sido apontada uma arma de fogo (haverá crime de “rou- - extorsão / sequestro: na “extorsão” há a intenção de obter
bo” em concurso formal com “homicídio culposo”). vantagem, enquanto no “sequestro” não há esta intenção, somente
- quando a subtração e a morte ficam na esfera da tentativa, há priva a liberdade da vítima.
“latrocínio tentado”; quando ambas se consumam, há “latrocínio
- extorsão / concussão: na “concussão” o sujeito passivo é
consumado”; quando a subtração se consuma e a morte não, há “la-
sempre um funcionário público, e a vítima cede às exigências deste
trocínio tentado”; quando a subtração não se efetiva, mas a vítima
por temer eventuais represálias decorrentes do exercício do cargo;
morre, há “latrocínio consumado” (Súmula 610 do STF).
a “extorsão”, que é mais grave, pode ser praticada por qualquer
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA pessoa, inclusive por funcionário público no exercício de suas
Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As funções, desde que a vítima cede à intenção do agente em razão
penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § do emprego de violência ou grave ameaça (e não em virtude da
3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput e função por ele exercida).
seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput, e - se a vantagem for devida o crime é o de “exercício arbitrário
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”), 214 e das próprias razões” (art. 345) e se ela for moral o crime é o de
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atentado violen- “constrangimento ilegal” (art. 146).
to ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas de metade, - a consumação se dá no instante em que a vítima, após so-
respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão, estando a vítima frer “violência” ou “grave ameaça”, toma a atitude que o agente
em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do CP. desejava (faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo), ainda
que este não consiga obter qualquer vantagem econômica em sua
Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio- decorrência.
lência, se a vítima:
a) não é maior de 14 anos; Causas de aumento de pena
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circuns- § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
tância; com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até 1/2.
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
- o “princípio da insignificância” não é aceito no “roubo”. Formas qualificadas (extorsão qualificada)
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis-
EXTORSÃO posto no § 3º do artigo anterior (Se da violência resulta lesão cor-
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave poral grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem inde- resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa).
vida vantagem econômica, a fazer (ex.: entregar dinheiro ou um
- apenas a “extorsão qualificada pela morte” tem natureza de
bem qualquer, realizar uma obra etc.), tolerar que se faça (ex.: per-
“crime hediondo” (Lei n. 8.072/90).
mitir que o agente rasgue um contrato ou título que representa uma
dívida etc.) ou deixar fazer alguma coisa (ex.: não entrar em uma
concorrência comercial, não ingressar com uma ação de cobrança CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
etc.): Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157,
- extorsão / constrangimento ilegal: na “extorsão” o agente § 3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput
almeja obter indevida vantagem econômica, o que não ocorre no e seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput,
“constrangimento ilegal”. e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”),
- extorsão / roubo: grande parte da doutrina e da jurisprudên- 214 e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atenta-
cia entende que quando a vítima não tem qualquer opção senão a do violento ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas
entrega do bem, o crime seria sempre de “roubo” (ex.: entrega sua de metade, respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão,
carteira por ter um revólver apontado para sua cabeça, não tem outro estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224
escolha senão entregá-la); na “extorsão” a vítima deve ter alguma também do CP.
possibilidade de escolha, e, assim, sua conduta é imprescindível
para que o agente obtenha a vantagem por ele visada; no “roubo”, a Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio-
vantagem é concomitante ao emprego da violência ou grave amea- lência, se a vítima:
ça, enquanto na “extorsão” o mal prometido e a vantagem visada a) não é maior de 14 anos;
são futuros (ex.: entro atrás de uma pessoa no caixa eletrônico e digo b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta cir-
retire R$.500,00; se ela já tinha o dinheiro no bolso é “roubo”, se ela cunstância;
é forçada a retirar e depois entregar, é “extorsão”). c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.

Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio-
lência, se a vítima:
Art. 159 - Sequestrar (privar a sua liberdade; impedir a sua a) não é maior de 14 anos;
locomoção) pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta cir-
qualquer vantagem (somente a econômica), como condição (não cunstância;
causar nenhum mal a ela) ou preço do resgate (vantagem em troca c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
da liberdade da vítima):
Pena - reclusão, de 8 a 15 anos. Delação eficaz (causa obrigatória de redução da pena)
- a “extorsão mediante sequestro” diferencia-se do “rapto”, já
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
que neste ocorre a privação da liberdade de uma mulher honesta
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
para fim libidinoso, bem como do crime de “sequestro ou cárcere
terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3.
privado”, no qual a lei exige privação da liberdade de alguém, mas
não exige qualquer elemento subjetivo específico. - crime tenha sido cometido por pelo menos duas pessoas e
- a consumação ocorre no exato instante em que a vítima é se- que qualquer delas arrependa-se (coautor ou partícipe) e delate as
questrada, privada de sua liberdade, ainda que os sequestradores não demais para a autoridade pública, de tal forma que o sequestrado
consigam receber ou até mesmo pedir o resgate (desde que se prove venha a ser libertado.
que a intenção deles era fazê-lo); a vítima deve permanecer em po- - quanto maior a contribuição, maior deverá ser a redução.
der dos agentes por tempo juridicamente relevante; o pagamento do
resgate é mero exaurimento do crime, mas pode ser levado em conta EXTORSÃO INDIRETA
na fixação da pena-base (art. 59).
- se a vantagem for devida o crime é o de “exercício arbitrário Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
das próprias razões” (art. 345) e se ela for moral o crime é o de sando da situação de alguém, documento que pode dar causa
“constrangimento ilegal” (art. 146). a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
- quando se sequestra alguém para matar (queima de arquivo), Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
há “sequestro” em concurso com “homicídio”. - ex.: A sabe que B passa notas fiscais frias; de alguma manei-
ra, A consegue obter uma delas e obriga B a ceder uma quantia em
Formas qualificadas (extorsão mediante sequestro qualifi- dinheiro, para não entregar a nota fiscal à polícia.
cada)
§ 1º - Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestrado
CAPÍTULO III
é menor de 18 anos (menor de 18 anos e maior de 14, pois se tiver
DA USURPAÇÃO
menos de 14 anos, a pena é aumentada de metade - L. 8.072/90), ou
se o crime é cometido por bando ou quadrilha (pressupõe uma
união permanente de pelo menos 4 pessoas com o fim de cometer ALTERAÇÃO DE LIMITES
crimes): Art. 161 - Suprimir (retirar) ou deslocar tapume, marco, ou
Pena - reclusão, de 12 a 20 anos. qualquer outro sinal indicativo de linha divisória (marco divi-
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: sório), para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
Pena - reclusão, de 16 a 24 anos. alheia:
§ 3º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e multa.
Pena - reclusão, de 24 a 30 anos (é a maior pena prevista no - é crime próprio, pois somente pode ser praticado pelo vizi-
CP). nho do imóvel alterado.
- em ambas as hipóteses (§ 2° e 3°), o resultado agravador deve § 1º - Na mesma pena incorre quem:
ter recaído sobre a pessoa sequestrada. USURPAÇÃO DE ÁGUAS
- se a morte ou a lesão corporal forem causadas por caso fortuito I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas
ou culpa de terceiros, não se aplicam as qualificadoras. alheias;
- o reconhecimento de uma qualificadora mais grave automati- ESBULHO POSSESSÓRIO
camente afasta a aplicação das menos graves. II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
alheio, para o fim de esbulho possessório.
- o agente deve querer excluir a posse do sujeito passivo, para
Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As
passar a exercê-la ele próprio.
penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, §
3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput e
seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput, e § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”), 214 e esta cominada.
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atentado violen- § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de vio-
to ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas de metade, lência, somente se procede mediante queixa.
respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão, estando a vítima - essa regra aplica-se para todos os crimes descritos no artigo
em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do CP. 161.

Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANI- DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEO-
MAIS LÓGICO OU HISTÓRICO
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado Art. 165 (revogado pelo artigo 62, I, da Lei n. 9.605/98) -
(animais de grande porte - ex.: boi, cavalo etc.) ou rebanho (ex.: Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade com-
animais de pequeno porte - ex.: porcos, ovelhas etc.) alheio, marca petente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
ou sinal indicativo de propriedade: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.
- esse delito fica absorvido pelo crime de “furto de animal”, Art. 62 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente)
sendo, portanto, raramente aplicado na prática. - Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
CAPÍTULO IV decisão judicial;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
DO DANO
§ único - Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um
ano de detenção, sem prejuízo da multa.
DANO
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTE-
Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. GIDO
Art. 166 (revogado pelo artigo 63 da Lei n. 9.605/98) - Alte-
Formas qualificadas (dano qualificado) rar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local espe-
§ único - Se o crime é cometido: cialmente protegido por lei:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
o fato não constitui crime mais grave; Art. 63 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente)
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, em- - Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente
presa concessionária de serviços públicos ou sociedade de eco- protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de
nomia mista; seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultu-
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para ral, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autori-
a vítima (é de “ação penal privada”): zação da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa, além da pena
correspondente à violência. Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.

Ação penal CAPÍTULO V


Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu § e do DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
art. 164, somente se procede mediante queixa.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 65 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente) Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a
- Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monu- posse ou a detenção:
mento urbano: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
§ único - Se o ato for realizado em monumento ou coisa tom- - é um crime que se caracteriza por uma situação de quebra
de confiança, uma vez que a vítima espontaneamente entrega um
bada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a
objeto ao agente, e este, depois de já estar na sua posse ou detenção,
pena é de 6 meses a 1 ano de detenção, e multa.
inverte seu ânimo em relação ao objeto, passando a comportar-se
como dono (ex.: venda, locação, doação, troca da coisa - “apropria-
Art. 346 (Exercício arbitrário das próprias razões) - Tirar,
ção indébita propriamente dita”; recusa em efetuar a devolução da
suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder coisa solicitada pela vítima - “negativa de restituição”); ao contrário
de terceiro por determinação judicial ou convenção: do “furto” ou do “estelionato”, nela inexiste subtração ou fraude; o
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. agente tem a anterior posse da coisa alheia, que lhe foi confiada pelo
ofendido, mas inverte a posse, isto é, passa a agir como se fosse ele
INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM o dono da coisa; ao receber o bem o sujeito deve estar de boa-fé,
PROPRIEDADE ALHEIA ou seja, ter intenção de devolvê-lo a vítima ou de dar a ele a correta
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade destinação; se já recebe o objeto com intenção de apoderar-se dele
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato comete crime de “estelionato”.
resulte prejuízo (é de ação penal privada): - apropriação indébita / estelionato: na “apropriação indébi-
Pena - detenção, de 15 dias a 6 meses, ou multa. ta” o dolo surge após o recebimento da posse ou detenção, enquanto
no “estelionato” o dolo é anterior - ex.: pego o carro de alguém e
Ação penal falo que vou levá-lo no lava-rápido e sumo como ele, se já tenho
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu § e do o ânimo de levar o carro é “estelionato”, se o ânimo aparece após
art. 164, somente se procede mediante queixa. pegar a coisa é “apropriação indébita”.

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- se alguém recebe a posse de um cofre trancado com a incum- APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO
bência de transportá-lo de um local para outro, e no trajeto arromba- FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA
-o e apropria-se dos valores nele contidos, comete crime de “furto Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
qualificado” pelo rompimento de obstáculo. poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
- não caracteriza “apropriação indébita”, a retenção (pessoa Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.
assegura a coisa por falta de pagamento do dono), mora, recusa em
devolver a coisa. - apropriação de coisa havida por erro:
- a “apropriação indébita de uso” não constitui infração penal - ex.: uma compra é feita em certa loja para ser entregue no en-
- ex.: vítima deixa um carro com um mecânico para reparos, e este, dereço de um aniversariante, e os funcionários do estabelecimento
durante o fim de semana, utiliza-se dele, sem autorização da vítima, entregam-na em local errado, sendo que a pessoa que recebe fica
diz para seus amigos que o carro lhe pertence, mas, no início da calada e apropria-se da coisa; quando um depósito bancário é feito
semana, devolve-o à vítima, não responde pelo crime, trata-se de em conta corrente de pessoa diversa daquela a quem o dinheiro era
ilícito civil, pois falta o dolo exigido para a configuração do delito dirigido, e o beneficiado, após perceber o equívoco, gasta o dinheiro
(intenção de ter a coisa para si ou para terceiro com ânimo de asse- que não lhe pertence; uma pessoa compra uma bijuteria, e o ven-
nhoreamento definitivo). dedor, por equívoco, embrulha e entrega uma pedra preciosa muito
- se o agente é funcionário público e apropria-se de bem público parecida, sendo que o adquirente, após receber o bem e perceber o
ou particular (sob a guarda da Administração) que tenha vindo a seu erro, fica com a joia para si.
poder em razão do cargo que exerce, comete crime de “peculato” - uma mulher procura uma loja para efetuar o pagamento de
(art. 312, “caput”). compras feitas anteriormente, se o funcionário do caixa percebe que
o marido de tal mulher já saldara a dívida na véspera e permanece
Causas de aumento de pena em silêncio para receber pela segunda vez e apoderar-se dos valores,
§ 1º (único) - A pena é aumentada de 1/3, quando o agente re- o crime será o de “estelionato”, mas, se receber o valor do segun-
cebeu a coisa: do pagamento sem saber do equívoco e, posteriormente, ao efetuar
I - em depósito necessário (legal - decorre da lei; miserável - o balanço, perceber o erro e apropriar-se do seu valor, cometerá
por ocasião de calamidade; por equiparação - é o referente às baga- “apropriação de coisa havida por erro”.
gens dos viajantes, hóspedes ou fregueses);
- apropriação de coisa havida por caso fortuito ou força da
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inven-
natureza:
tariante, testamenteiro ou depositário judicial;
- ex.: acidente automobilístico em que alguns objetos existentes
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
na carroceria do veículo são lançados no quintal de uma casa, e o
dono desta, ao perceber o ocorrido, apropria-se de tais bens; uma
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
vendaval lança roupas que estavam no varal de uma casa para o
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con- quintal de residência vizinha, e o proprietário desta apodera-se delas
tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou (o agente sabe que o objeto é alheio).
convencional: § único - Na mesma pena incorre:
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem deixar de: APROPRIAÇÃO DE TESOURO
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou
destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga- em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que te- APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA
nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de II - quem acha coisa alheia perdida (em local público ou de
produtos ou à prestação de serviços; uso público) e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autori-
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre- dade competente, dentro no prazo de 15 dias.
vidência social. - somente existirá a infração penal quando o agente tiver ciência
§ 2º - É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, de que se trata de coisa perdida.
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, - o objeto esquecido por alguém em local público ou de uso pú-
importâncias ou valores e presta as informações devidas à blico é considerado coisa perdida, mas, se o esquecimento ocorreu
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes em local privado, o apoderamento constituirá crime de “furto”.
do início da ação fiscal. - o agente que provocar a perda do objeto e depois apoderar-se
§ 3º - É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar dele, responderá pelo “furto qualificado” pelo emprego de fraude.
somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
desde que: Causas de diminuição de pena (privilégio)
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previden- disposto no art. 155, § 2º.
ciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi- valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de
execuções fiscais. multa.

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito
de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio,
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já
siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação que a lei não veda tal hipótese.
do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, Disposição de coisa alheia como própria
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garan-
que a lei não veda tal hipótese. tia coisa alheia como própria;

CAPÍTULO VI Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
própria inalienável (é aquela que não pode ser vendida em razão
ESTELIONATO de determinação legal - imóveis dotais / convenção - ex.: doação
/ testamento), gravada de ônus (é aquela sobre a qual pesa um di-
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita reito real em decorrência de cláusula contratual ou disposição legal
(e econômica; a vantagem deve ser ilícita, caso contrário o crime - ex.: hipoteca, anticrese) ou litigiosa (é aquela objeto de discussão
seria o de “exercício arbitrário das próprias razões”), em prejuízo judicial - ex.: usucapião contestado, reinvindicação etc.), ou imóvel
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante ar- que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
tifício (é a utilização de algum aparato ou objeto para enganar a silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
vítima - ex.: artifício, efeitos especiais, documentos falsos), ardil (é
a conversa enganosa), ou qualquer outro meio fraudulento: Defraudação de penhor
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
- é necessário que a conduta do agente tenha atingido pessoa
objeto empenhado;
determinada; condutas que visem vítimas indeterminadas (ex.: adul-
teração de bombas de gasolina ou balanças) caracterizam “crime
Fraude na entrega de coisa
contra a economia popular” (Lei n. 1.521/51).
IV - defrauda substância (entregar objeto de vidro no lugar de
- o agente que falsifica cheques (ou documentos em geral)
cristal, cobre no lugar de ouro), qualidade (entregar mercadoria de
como artifício para ludibriar a vítima, responde pelo “estelionato”, a
segunda no lugar de primeira, objeto usado como novo) ou quanti-
falsificação do documento fica absorvida por este crime por tratar-se dade (dimensão, peso) de coisa que deve entregar a alguém;
de crime meio (“princípio da consunção”).
- ocorre fraude bilateral quando a vítima também age de má-fé Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
no caso concreto - ex.: pessoa que compra máquina falsa de fazer V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou
dinheiro; no caso, prevalece a opinião no sentido de que existe o cri- lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão
me de “estelionato”, pois a punição do estelionatário visa proteger ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
toda a sociedade.
- qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do “estelionato”; Fraude no pagamento por meio de cheque
sendo a vítima incapaz, o agente responderá pelo crime de “abuso VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em po-
de incapaz” (art. 173); pode existir 2 sujeitos, no caso de a pessoa der do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
enganada ser diversa da prejudicada. - emitir cheques sem fundos: o agente preenche e põe o che-
- no jogo de tampinhas, a destreza do agente não é suficiente que em circulação (entrega-o a alguém) sem possuir a quantia res-
para caracterizar o “estelionato”, a não ser que haja fraude, como no pectiva em sua conta bancária.
caso da retirada da bola usada, escondendo-a entre os dedos. - frustar o pagamento do cheque: o agente possui a quantia
no banco por ocasião da emissão do cheque, mas, antes de o benefi-
Causas de diminuição de pena (privilégio) ciário conseguir recebê-la, aquele saca o dinheiro ou susta o cheque.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o - é necessário que o agente tenha agido de má-fé quando da
prejuízo (inferior a um salário mínimo), o juiz pode aplicar a pena emissão do cheque e que ela tenha gerado algum prejuízo patrimo-
conforme o disposto no art. 155, § 2º. nial para a vítima; sendo assim, não há crime a emissão de cheque
sem fundos para pagamento de dívida de jogo proibido ou de pro-
Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno grama com prostituta.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela - sendo o cheque uma ordem de pagamento à vista, qualquer
de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de atitude que lhe retire esta característica afasta a incidência do cri-
multa. me - ex.: emissão de cheque pré-datado ou do cheque dado como
garantia de dívida.
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação - é necessário que a emissão do cheque tenha sido a causa do
anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa prejuízo da vítima e do locupletamento do agente, por isso, não há
de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): crime a emissão de cheques sem fundos para pagamento de dívida
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- anterior já vencida e não paga, pois, nesse caso, o prejuízo da vítima
siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação é anterior ao cheque e não decorrência deste.

Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- não há crime a emissão de cheque sem fundos em substituição dice de inteligência inferior ao normal) de outrem, induzindo-o
de outro título de crédito não honrado; trata-se de hipótese de pre- à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
juízo anterior. mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é rui-
- quando o agente susta o cheque ou encerra a conta corrente nosa:
antes de emitir a cártula, responde pelo “estelionato comum”; não Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
responde por este crime, porque a fraude empregada foi anterior à
emissão do cheque. FRAUDE NO COMÉRCIO
- o crime se consuma apenas quando o banco sacado formal- Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad-
mente recusa o pagamento; quirente ou consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi-
- Súmula 521 do STF: “o foro competente para o processo e cada ou deteriorada;
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade de emissão II - entregando uma mercadoria por outra:
dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
a recusa do pagamento pelo sacado”.
- se o agente se arrepende e deposita o valor respectivo no Fraude no comércio de metais ou pedras preciosas
banco antes da apresentação da cártula, haverá “arrependimento § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
eficaz” e o fato tornar-se-á atípico; se ele se arrepender depois da o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por
consumação (após a recusa por parte do banco) e ressarcir a vítima falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira;
antes do oferecimento da denúncia, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
(“arrependimento posterior”), se após o oferecimento da denúncia, Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.
mas antes da sentença de 1ª instância, implica o reconhecimento da
atenuante genérica prevista no artigo 65, III, “c”. - o sujeito ativo deve ser comerciante, pois, se não o for, o crime
- Súmula 48 do STJ: “compete ao juízo do local da obtenção será o de “fraude na entrega de coisa” (art. 171, § 2°, IV); trata-se
da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometi- de crime próprio.
do mediante falsificação de cheque”.
Causas de diminuição de pena (privilégio)
Causas de aumento de pena
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
§ 3º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de eco-
Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
nomia popular, assistência social ou beneficência.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de
DUPLICATA SIMULADA
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda (nota fiscal) multa.
que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qua- - autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação
lidade, ou ao serviço prestado. anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa
Pena - detenção, de 2 a 4 anos, e multa. de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo):
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con-
FALSIDADE NO LIVRO DE REGISTRO DE DUPLICA- siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação
TAS do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
§ único - Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito
adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio,
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já
ABUSO DE INCAPAZES que a lei não veda tal hipótese.
Art. 173 – Abusar (fazer mau uso, aproveitar-se de alguém),
em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inex- OUTRAS FRAUDES
periência de menor (de 18 anos), ou da alienação ou debilidade Art. 176 - Tomar refeição (engloba bebidas) em restaurante
mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato (abrange lanchonetes, bares, cafés etc.), alojar-se em hotel (abran-
suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou ge motéis, pensões etc) ou utilizar-se de meio de transporte sem
de terceiro: dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Pena - detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa.
- para a existência do crime é necessário, além do dolo (direto - para a configuração do crime, é necessário que o agente faça
ou eventual), que o agente tenha intenção de obter vantagem econô- a refeição sem ter dinheiro para pagá-la; se tem recursos, mas não
mica para si ou para outrem. paga, como acontece nos “pinduras estudantis”, o ilícito é só civil e
- o crime de “abuso de incapaz” diferencia-se do “estelionato” não penal; se o dono do restaurante sabe que são estudantes de Direi-
porque não é cometido mediante fraude e é crime formal. to e que é dia 11.08, ele não está sendo induzido a erro, o ilícito é só
civil e não penal; não há crime quando o agente se recusa a efetuar
INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO o pagamento por discordar do valor cobrado na conta apresentada;
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex- come e depois vê que não tem dinheiro para pagar tudo, entra no
periência (com pouca vivência nos negócios) ou da simplicidade dolo eventual, responderá pelo crime; caso tiver esquecido a carteira
(com pouca vivência nos negócios) ou inferioridade mental (ín- em casa (erro), inexiste o fato típico por falta do dolo.

Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- o “estado de necessidade” exclui a ilicitude. EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE DE-
§ único - Somente se procede mediante representação, e o juiz PÓSITO OU “WARRANT”
pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena (conce- Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito (é o documento de
der “perdão judicial” conforme as circunstâncias do caso - pequeno propriedade da mercadoria e confere ao dono o poder de disponibi-
valor, antecedentes favoráveis etc.). lidade sobre a coisa) ou warrant (confere ao portador direito real de
garantia sobre as mercadorias), em desacordo com disposição legal:
FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇAO OU ADMINIS- Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
TRAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES - trata-se de “norma penal em branco”, complementada pelo
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazen- Decreto n. 1.102, de 1903; de acordo com seus dizeres, a emissão
do, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, é irregular quando: a) a empresa não está legalmente constituída, b)
afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando inexiste autorização do governo federal para a emissão, c) inexistem
fraudulentamente fato a ela relativo: as mercadorias especificadas como depósito, d) há emissão de mais
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, se o fato não constitui de um título para a mesma mercadoria ou gêneros especificados nos
crime contra a economia popular. títulos, e) o título não apresenta as exigências legais.
- trata-se de infração penal em que o fundador da sociedade
por ações (sociedade anônima ou comandita por ações), induz ou FRAUDE À EXECUÇÃO
mantém em erros os candidatos a sócios, o público ou presentes à Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des-
assembleia, fazendo falsa afirmação sobre circunstâncias referentes truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
à sua constituição ou ocultando fato relevante desta. Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
- esse dispositivo é expressamente subsidiário, uma vez que, Ação penal
nos termos da lei, não será aplicado quando o fato constituir “crime § único - Somente se procede mediante queixa.
contra a economia popular”.
CAPÍTULO VII
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime DA RECEPTAÇÃO
contra a economia popular:
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que,
RECEPTAÇÃO
em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao públi-
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocul-
co ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômi-
tar, em proveito próprio ou alheio, coisa (móvel) que sabe ser
cas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte,
produto de crime (própria), ou influir para que terceiro, de boa-
fato a elas relativo;
-fé, a adquira, receba ou oculte (imprópria):
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou
usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, RECEPTAÇÃO PRÓPRIA
sem prévia autorização da assembléia geral; - adquirir – significa obter a propriedade, a título oneroso
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da (compra e venda, permuta) ou gratuito (doação).
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; - receber – obter a posse, ainda que transitoriamente.
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, - transportar – levar um objeto de um local para outro.
aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; - conduzir – refere-se à hipótese em que o agente toma a dire-
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- ção de um veículo para levá-lo de um local para outro (guiar, dirigir,
sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou governar).
dividendos fictícios; - ocultar – esconder, colocar o objeto em um local onde não
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, possa ser encontrado por terceiros.
ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou pa- - é um crime acessório, uma vez que constitui pressuposto in-
recer; dispensável de sua existência a ocorrência de um crime anterior, não
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; sendo necessário que este seja contra o patrimônio; se for produto
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori- de contravenção penal não implicará o reconhecimento de “recep-
zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I tação”, podendo constituir outra infração penal ou conduta atípica,
e II, ou dá falsa informação ao Governo. dependendo do caso.
- excepcionalmente, o proprietário poderá responder por “re-
- todos esses delitos também são subsidiários em relação aos ceptação” - ex.: toma emprestado dinheiro de alguém e deixa com
“crimes contra a economia popular”. o credor algum bem como garantia da dívida (mútuo pignoratício);
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa, na sequência, sem que haja ajuste com o dono, uma pessoa furta o
o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, objeto e o oferece ao proprietário, que o adquire com a intenção de
negocia o voto nas deliberações de assembléia geral. locupletar-se com tal conduta.
- este dispositivo perdeu importância prática depois que o artigo - a “receptação dolosa” pressupõe que o agente saiba, tenha
118 da Lei n. 6.404/76 permitiu o acordo de acionistas, inclusive plena ciência da origem criminosa do bem (dolo direto); se apenas
quanto ao exercício do direito de voto; dessa forma, somente existe desconfia da origem ilícita, mas não tem plena certeza a esse res-
a infração penal se a negociação envolvendo o voto não estiver re- peito e, mesmo assim, adquire o objeto, responde por “receptação
vestida das formalidades legais ou contrariar texto expresso de lei. culposa” (dolo eventual).

Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- é necessário que o agente queira obter alguma vantagem para Formas qualificadas (receptação qualificada)
si o para outrem, se ele visa beneficiar o próprio autor do crime an- § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
tecedente, responde pelo crime de “favorecimento real” (art. 349); em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à
se quisesse beneficiar outra pessoa que não o autor do crime antece- venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
dente, responde por “receptação”. alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa
- se forem identificados tanto o receptador quanto o autor do que “deve saber” ser produto de crime:
crime antecedente, serão os crimes considerados conexos (conexão Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.
instrumental ou probatória) e, assim, sempre que possível, deverá - encontra grande facilidade em repassar o produto da “recep-
haver um só processo e uma só sentença. tação” a terceiros de boa-fé, que, iludidos pela impressão de maior
- pode haver “receptação de receptação”, mas é necessário que garantia oferecida por profissionais dessas áreas, acabam sendo pre-
a coisa conserve sempre seu caráter delituoso. sas fáceis.
- se o autor do “furto” era menor (ato infracional), o receptador - é crime próprio.
responde do mesmo jeito, apesar do menor não sofrer as consequên- - expressão “deve saber”: existem três posicionamentos, mas o
cias; o crime existe, mas o menor não será culpado. que parece ser o mais correto, é o que a expressão teria sido utilizada
- aquele que comprou a coisa furtada não souber quem foi o au- como elemento normativo e não como elemento subjetivo do tipo
tor do delito, responderá do mesmo jeito pelo crime, salvo se provar (para indicar dolo direto ou eventual); sendo assim, “deve saber”
que não sabia que ela era furtada. seria apenas um critério para que o juiz, no caso concreto, pudesse
analisar se o comerciante ou industrial, tendo em vista o conheci-
RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA mento acerca das atividades especializadas que exercem ou das cir-
- influir – significa instigar, convencer alguém a fazer alguma cunstâncias que envolveram o fato, tinham ou não a obrigação de
coisa. conhecer a origem do bem - ex.: comerciante de veículos usados não
- o agente está ciente da procedência ilícita de um determinado pode alegar desconhecimento acerca de uma adulteração grosseira
produto, toma atitudes no sentido de convencer uma terceira pes- de chassi de um automóvel por ele adquirido.
soa que não tem conhecimento dessa origem criminosa a adquirir, § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do § ante-
receber ou ocultar tal objeto (se tem conhecimento, responderá por rior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive
receptação própria, e quem o tiver influenciado será partícipe nesse o exercício em residência.
delito) - ex.: uma pessoa furta um carro e pede a um amigo que - trata-se de “norma penal explicativa ou complementar”, que
arrume um comprador, e ele sai à busca de eventuais interessados visa não deixar qualquer dúvida sobre a possibilidade de aplicação
de boa-fé (teremos dois delitos distintos, um “furto” e uma “recep- da qualificadora a camelôs, pessoas que exerçam o comércio em
tação imprópria” por parte do amigo). suas próprias casas ou a qualquer outro comerciante que não tenha
- não admite a tentativa, pois, ou o agente mantém contato com sua situação regularizada junto aos órgãos competentes.
a vítima, e o crime está consumado (independentemente do resulta-
do), ou não o faz, e a conduta é atípica. Formas culposas (receptação culposa)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza (ex.:
Causas de diminuição de penas (receptação privilegiada) aquisição de um revólver desacompanhado do registro ou sem nu-
§ 5º (2ª parte) - Na receptação dolosa aplica-se o disposto no meração, de um veículo sem o respectivo documento ou com falsifi-
§ 2º do art. 155. cação grosseira do chassi etc.) ou pela desproporção entre o valor
e o preço, ou pela condição de quem a oferece (ocorre quando
Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno uma pessoa adquire ou recebe um objeto de alguém totalmente des-
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela conhecido, que não tinha condições financeiras para possuir o bem
de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de oferecido, de sujeito sabidamente entregue à prática de infrações pe-
multa. nais etc.), deve presumir-se obtida por meio criminoso:
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas.
anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa - o agente, em razão de um dos parâmetros mencionados acima,
de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): deveria ter presumido a origem espúria do bem, ou, em outras pala-
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- vras, de que o homem médio desconfiaria de tal procedência ilícita e
siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação não adquiriria ou receberia o objeto.
do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito Perdão judicial
é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, § 5º (1ª parte) - Na hipótese do § 3º (receptação culposa), se
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já o criminoso é primário, pode (deve) o juiz, tendo em consideração
que a lei não veda tal hipótese. as circunstâncias (as circunstâncias do crime devem indicar que ele
não se revestiu de especial gravidade - ex.: aquisição de bem de
Causas de aumento de pena (receptação agravada) pequeno valor), deixar de aplicar a pena.
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União,
Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou - é “causa extintiva da punibilidade”, não subsistindo qualquer
sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo efeito condenatório.
aplica-se em dobro.
- o § 6° somente se aplica às formas de “receptação” previstas Norma penal explicativa
no “caput” (própria e imprópria), sendo inaplicáveis à “receptação § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento
qualificada” (§1°). de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO VII Quando se está lidando com vidas, o tempo é um fator que não
DISPOSIÇÕES GERAIS deve ser desprezado em hipótese alguma. A demora na prestação do
atendimento pode definir a vida ou a morte da vítima, assim como
Imunidades absolutas (ou escusas absolutórias) procedimentos inadequados. Importante lembrar que um ser huma-
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos cri- no pode passar até três semanas sem comida, uma semana sem água,
mes previstos neste título, em prejuízo: porém, pouco provável, que sobreviva mais que cinco minutos sem
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal (antes oxigênio.
de eventual separação judicial; a doutrina tradicional entende que
apenas o casamento civil ou religioso com efeitos civis estão en- Alguns conceitos aplicados aos primeiros socorros
globados pela escusa, mas há entendimento de que a união estável-
-concubinato tem aplicação); Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a
II - de ascendente (ex.: pai, avô, bisavô) ou descendente (ex.: uma pessoa, fora do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíqui-
filho, neto, bisneto), seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja co e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua saúde, com
civil ou natural. o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de
- natureza da isenção: razões de “política criminal”, notada- suas condições (estabilização), até que receba assistência médica
mente pela menor repercussão do fato e pelo intuito de preservar as especializada.
relações familiares. Prestador de socorro: Pessoa leiga, mas com o mínimo de co-
- sendo a autoria conhecida, a autoridade policial estará proibi- nhecimento capaz de prestar atendimento à uma vítima até a chega-
da de instaurar IP. da do socorro especializado.
Socorrista: Titulação utilizada dentro de algumas instituições,
Imunidades relativas (ou processuais) sendo de caráter funcional ou operacional, tais como: Corpo de
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o Bombeiros, Cruz Vermelha Brasileira, Brigadas de Incêndio, etc.
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: Manutenção da Vida: Ações desenvolvidas com o objetivo de
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado (se o garantir a vida da vítima, sobrepondo à “qualidade de vida”.
Qualidade de Vida: Ações desenvolvidas para reduzir as se-
crime ocorre após o divórcio a imunidade não tem aplicação);
quelas que possam surgir durante e após o atendimento.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Urgência: Estado que necessita de encaminhamento rápido ao
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é en-
- não tem aplicação aos “crimes contra o patrimônio” que se
contrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.
apuram mediante “ação penal privada”, como nos tipificados nos
Exemplos: hemorragias de classe II, III e IV, etc.
artigos 163, § único, IV (“dano qualificado por motivo egoístico ou
Emergência: Estado grave, que necessita atendimento médico,
com prejuízo considerável para a vítima”) e 164 (“introdução ou embora não seja necessariamente urgente. Exemplos: contusões le-
abandono de animais em propriedade alheia”). ves, entorses, hemorragia classe I, etc.
Acidente: Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas
Exceções que necessitam de atendimento.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anterio- Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resultam pes-
res: soas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro.
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quan- Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima.
do haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima.
II - ao estranho que participa do crime (terá aplicação a qua-
lificadora do concurso de agentes). Aspectos legais do socorro
Texto adaptado: Marcelo Cândido de Azevedo - Artigo 5º e 196 Constituição;
- Artigo 135 do Código Penal Brasileiro;
- Resolução nº 218/97 do Conselho Nacional de Saúde;
9 NOÇÕES DE PRIMEIROS-SOCORROS. Constituição:

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

PRIMEIROS SOCORROS Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
Toda pessoa que for realizar o atendimento pré-hospitalar sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
(APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve antes de igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a
outras pessoas, não justifica a tomada de atitudes inconsequentes, Da Saúde
que acabem transformando-o em mais uma vítima. A seriedade e o
respeito são premissas básicas para um bom atendimento de APH Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
(primeiros socorros). Para tanto, evite que a vítima seja exposta des- do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
necessariamente e mantenha o devido sigilo sobre as informações risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
pessoais que ela lhe revele durante o atendimento. rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Código Penal: O consentimento implícito pode ser adotado também no caso
de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou
Omissão de Socorros responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação cita que o con-
sentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê- presentes no local.
-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pes-
soa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; As fases do socorro:
ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 1º Avaliação da cena: a primeira atitude a ser tomada no lo-
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão cal do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo
morte. em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializa-
do. Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o
Direitos da pessoa que estiver sendo atendida número de vítimas e a provável gravidade delas e todas as outras
informações que possam ser úteis para a notificação do acidente,
O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual
o direito de recusar o atendimento. No caso de adultos, esse direito (EPI - luvas, mascaras, óculos, capote, etc) e solicitação de auxílio
existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensa- a serviços especializados como: Corpo de Bombeiros (193), SAMU
mento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como: crenças (192), Polícia Militar (190), polícia Civil (147), Defesa Civil (363
religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for rea- 1350), CEB (0800610196), Cruz Vermelha, etc.
lizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a Nesta fase o prestador de socorro deve atentar-se para:
receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que o
socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a víti- Avaliar a situação:
ma, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo. - Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez;
Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do aci- - Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros;
dente, como um trauma na boca por exemplo, mas demonstre atra- - Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos
vés de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa materiais e humanos visando garantir a eficiência do atendimento.
com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve-
-se proceder da seguinte maneira: Manter a segurança da área:
- Não discuta com a vítima; - Proteger a vítima do perigo mantendo a segurança da cena;
- Não questione suas razões, principalmente se elas forem ba- - Não tentar fazer sozinho mais do que o possível.
seadas em crenças religiosas;
- Não toque na vítima, isso poderá ser considerado como viola- Chamar por socorro especializado: Assegurar-se que a ajuda
ção dos seus direitos; especializada foi providenciada e está a caminho.
- Converse com a vítima. Informe a ela que você possui trei-
namento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de 2º Avaliação Inicial: fase de identificação e correção imediata
recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que dos problemas que ameaçam a vida a curto prazo, sendo eles:
for necessário; - Vias aéreas - Estão desobstruídas? Existe lesão da cervical?
- Arrole testemunhas de que o atendimento foi recusado por - Respiração - Está adequada?
parte da vítima. - Circulação - Existe pulso palpável? Há hemorragias graves?
- Nível de Consciência - AVDI.
No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita
pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que pos-
do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o sam ajudar ao prestador de socorro classificar a vítima como clínica
prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que ou traumática.
comprovem o fato. Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com
O consentimento para o atendimento de primeiros socorros natureza fisiológica, como doenças, etc.
pode ser: Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza
- formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda traumática, como possíveis fraturas. Devemos nesses casos atentar
com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado para a imobilização e estabilização da região suspeita de lesão.
como tal e ter informado à vítima que possui treinamento em pri-
meiros socorros; 3º Avaliação Dirigida: Esta fase visa obter os componentes
- implícito, quando a vítima está inconsciente, confusa ou gra- necessários para que se possa tomar a decisão correta sobre os cui-
vemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consen- dados que devem ser aplicados na vítima.
tindo com o atendimento. Nesse caso, a legislação cita que a vítima - Entrevista rápida - SAMPLE;
daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu - Exame rápido;
desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. - Aferição dos Sinais vitais - TPRPA.

Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
SAMPLE:
S - sinais e sintomas;
A - alergias;
M - medicações;
P - passado médico;
L - líquidos e alimentos;
E - eventos relacionados com o trauma ou doença.

O que o prestador de socorro deve observar ao avaliar o pulso e a respiração.

Pulso:
Frequência: É aferida em batimentos por minuto, podendo ser normal, lenta ou rápida.
Ritmo: É verificado através do intervalo entre um batimento e outro. Pode ser regular ou irregular.
Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser cheio (quando o pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco).

Respiração:
Frequência: É aferida em respirações por minuto, podendo ser: normal, lenta ou rápida.
Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma respiração e outra, podendo ser regular ou irregular.
Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é profunda ou superficial.

Sinais Vitais (TPRPA) Temperatura Pulso Respiração


Fria Adulto 60 a 100 bpm Adulto 12 a 20 ipm

Normal Criança 80 a 120 bpm Criança 20 a 30 ipm

Quente Bebê 100 a 160 bpm Bebê 30 a 60 ipm

Pressão Arterial

VN <130mmHg sistólica e <80mmHg diastólica


- estenda o braço da vítima com a mão em supinação;
- enrole o manguito vazio no ponto médio do braço;
- feche a válvula perto da pêra;
- apalpe a artéria braquial;
- bombeie o manguito até cessar o pulso;
- coloque o estetoscópio encima do local do pulso braquial;
- libere o ar vagarosamente até ouvir o 1º som de “korotkoff”;
- observe no mostrador os mmHg no momento do 1º som (sístole);
- continue esvasiando até para o som de “korotkoff”;
- observe no mostrador os mmHg no último som (diástole);
- continue esvaziando totalmente o manguito;
- anote os valores da PA e a hora, ex: 130x80 mmHg 10:55 h.

4º Avaliação Física Detalhada: nesta fase examina-se da cabeça aos pés da vítima, procurando identificar lesões.
Durante a inspeção dos membros inferiores e superiores deve-se avaliar o Pulso, Perfusão, Sensibilidade e a Motricidade (PPSM)

5º Estabilização e Transporte: nesta fase finaliza-se o exame da vítima, avalia-se a região dorsal, preveni-se o estado de choque e prepara-
-se para o transporte.

6º Avaliação Continuada: nesta fase, verificam-se periodicamente os sinais vitais e mantém-se uma constante observação do aspecto geral
da vítima.
Reavaliar vítimas - Críticas e Instáveis a cada 3 minutos;
Reavaliar vítimas - Potencialmente Instáveis e Estáveis a cada 10 minutos.
Críticas: PCR e parada respiratória.
Instáveis: hemorragias III e IV, estado de choque, queimaduras, etc.
Potencialmente Instáveis: hemorragias II, fraturas, luxações, queimaduras, etc.
Estáveis: hemorragias I, entorses, contusões, cãibras, distensões, etc.

Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo

SEQUÊNCIA DAS FASES DO SOCORRO AVALIAÇÃO DA CENA


01 - Segurança da cena;
02 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
03 - Solicitação de Recursos Adicionais (CBM, CVB, PM, PC, CEB, etc.)
AVALIAÇÃO INICIAL
04 - Impressão geral da vítima (clínica ou trauma);
05 - Nível de consciência: Alerta, Verbaliza, Doloroso ou Inconsciente -
AVDI;
06 - Abrir vias aéreas sem comprometer a coluna cervical;
07 - Avaliar a respiração: Ver, Ouvir e Sentir - VOS;
08 - Avaliar circulação: presença de pulso carotídeo;
09 - Pesquisar e controlar hemorragias;
10 - Classificar o CIPE - Crítico, Instável, Potencialmente Instável ou Es-
tável;
11 - Inspecionar, mensurar e colocar o colar cervical.
AVALIAÇÃO DIRIGIDA
12 - Entrevista rápida - SAMPLE;
13 - Exame rápido - limitado a uma lesão grave aparente;
14 - Sinais vitais: Temperatura, Pulso, Respiração e Pressão Arterial - TPR-
PA
AVALIAÇÃO FÍSICA DETALHADA
15 - Inspecionar e apalpar a cabeça (fronte, crânio e orelhas);
16 - Inspecionar e apalpar a face (olhos e mandíbula);
17 - Inspecionar e apalpar os ombros, clavícula e tórax;
18 - Inspecionar e apalpar os quatro quadrantes abdominais;
19 - Inspecionar e apalpar a região pélvica e genitália;
20 - Inspecionar e apalpar os membros inferiores (PPSM)
21 - Inspecionar e apalpar os membros superiores (PPSM)
ESTABILIZAÇÃO E TRANSPORTE
22 - Realizar o rolamento avaliando a região dorsal;
23 - Identificar e prevenir o estado de choque;
24 - Transporte (preferencialmente pelo serviço especializado)
AVALIAÇÃO CONTINUADA
25 - Reavaliar vítimas - Críticas e instáveis a cada 3 minutos;
26 - Reavaliar vítimas - Potencialmente instáveis e estáveis a cada 10 mi-
nutos

Remoção do acidentado: A remoção da vítima, do local do acidente para o hospital, é tarefa que requer da pessoa prestadora de primei-
ros socorros o máximo de cuidado e correto desempenho.

Antes da remoção:
- Tente controlar a hemorragia;
- Inicie a respiração de socorro;
- Execute a massagem cardíaca externa;
- Imobilize as fraturas;
- Evite o estado de choque, se necessário.

Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Para o transporte da vítima, podemos utilizar: maca ou padio- - Como levantar a vítima do chão com a ajuda de uma ou mais
la, ambulância, helicóptero ou recursos improvisados (Meios de pessoas.
Fortuna):
- Ajuda de pessoas;
- Maca;
- Cadeira;
- Tábua;
- Cobertor;
- Porta ou outro material disponível.

Como proceder

Vítima consciente e podendo andar: Remova a vítima apoian- Vítima consciente ou inconsciente: Como remover a vítima,
do-a em seus ombros. utilizando-se de cobertor ou material semelhante:

Vítima consciente não podendo andar:

- Transporte a vítima utilizando dos recursos aqui demonstra-


dos, em casos de:
- Fratura, luxações e entorses de pé;
- Contusão, distensão muscular e ferimentos dos membros in-
feriores;
- Picada de animais peçonhentos: cobra, escorpião e outros. Como remover vítima de acidentados suspeitos de fraturas
de coluna e pelve:
- Utilize uma superfície dura - porta ou tábua (maca improvi-
sada);
- Solicite ajuda de pelo menos cinco pessoas para transferir o
acidentado do local encontrado até a maca;
- Movimente o acidentado como um bloco, isto é, deslocando
todo o corpo ao mesmo tempo, evitando mexer separadamente a
cabeça, o pescoço, o tronco, os braços e as pernas.

Pegada de rede:

Vítima inconsciente:
Pegada Cavaleiro:
- Como levantar a vítima do chão sem auxílio de outra pessoa:

Como remover acidentado grave não suspeito de fratura de co-


luna vertebral ou pelve, em decúbito dorsal: Utilize macas improvi-
sadas como: portas, cobertores, cordas, roupas, etc.;

Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Importante: Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo
- Evite paradas e freadas bruscas do veículo, durante o trans- em reagir a uma infecção provocada por bactérias ou vírus que pene-
porte; tram na corrente sanguínea liberando grande quantidade de toxinas.
- Previna-se contra o aparecimento de danos irreparáveis ao aci- Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sanguíneo.
dentado, movendo-o o menos possível Possui as seguintes causas:
- Solicite, sempre que possível, a assistência de um médico na Perdas sanguíneas - hemorragias internas e externas;
remoção de acidentado grave; Perdas de plasma - queimaduras e peritonites;
- Não interrompa, em hipótese alguma, a respiração de socorro Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarréias.
e a compressão cardíaca externa ao transportar o acidentado. Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica.
Ocorrem as seguintes reações:
Hemorragias: Pele: urticária, edema e cianose dos lábios;
É a perda de sangue provocada pelo rompimento de um vaso Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore
sanguíneo, podendo ser arterial, venosa ou capilar. respiratória;
Sistema circulatório: dilatação dos vasos sanguíneos, queda da
Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A hemor-
PA, pulso fino e fraco, palidez.
ragia abundante e não controlada pode causar a morte de 3 a 5 mi-
nutos.
Como se manifesta
Classificação quanto ao volume de sangue perdido: - Pele fria e úmida;
Classe I perda de até 15% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das
kg = até 750 ml de sangue), apresenta discreta taquicardia; mãos;
Classe II perda de 15 a 30% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Palidez;
kg = até 750 a 1.500 ml de sangue), apresenta taquicardia, taquip- - Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores;
neia, queda da PA e ansiedade; - Náusea e vômitos;
Classe III perda de 30 a 40% do volume sanguíneo (adulto de - Respiração curta, rápida e irregular;
70 kg = 2 litros, de sangue), apresenta taquicardia, taquipneia, queda - Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho
da PA e ansiedade, insuficiente perfusão; dos olhos;
Classe IV perda de mais de 40% do volume sanguíneo (adulto - Queda gradual da PA;
de 70 kg = acima de 2 litros, de sangue), apresenta acentuado - Pulso fraco e rápido;
aumento da FC e respiratória, queda intensa da PA. - Enchimento capilar lento;
- Inconsciência total ou parcial.
Como proceder (técnicas de hemostasia):
- Mantenha a região que sangra em posição mais elevada que Como proceder
o resto do corpo; - Realize uma rápida inspeção na vítima;
- Use uma compressa ou um pano limpo sobre o ferimento, - Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se
pressionando-o com firmeza, a fim de estancar o sangramento; possível;
- Comprima com os dedos ou com a mão os pontos de pressão, - Mantenha a vítima deitada e em repouso;
onde os vasos são mais superficiais, caso continue o sangramento; - Controle toda e qualquer hemorragia externa;
- Dobre o joelho - se o ferimento for na perna; o cotovelo - se no - Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca, se
antebraço, tendo o cuidado de colocar por dentro da parte dobrada, necessário, secreção, dentadura ou qualquer outro objeto;
bem junto da articulação, um chumaço de pano, algodão ou papel; - Inicie a respiração de socorro boca-a-boca, em caso de parada
respiratória;
- Evite o estado de choque;
- Execute a compressão cardíaca externa associada à respiração
- Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi-
de socorro boca-a-boca, se a vítima apresentar ausência de pulso e
mo.
dilatação das pupilas (midríase);
- Afrouxe a vestimenta da vítima;
Desmaio e estado de choque: É o conjunto de manifestações - Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito;
que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue circu- - Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos
lante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por: de choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e
choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração;
grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratu- - Procure aquecer a vítima;
ra, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção - Avalie o status neurológico (ECG);
grave. - Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi-
mo.
Tipos de estado de choque:
Queimaduras, Insolação e Intermação
Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear
sangue para o resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto Queimaduras: São lesões dos tecidos produzidas por substân-
agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias. cia corrosiva ou irritante, pela ação do calor ou frio e de emanação
Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sanguíneos em radioativa. A gravidade de uma queimadura não se mede somente
função de uma lesão medular. Geralmente é provocado por trauma- pelo grau da lesão (superficial ou profunda), mas também pela ex-
tismos que afetam a coluna cervical (TRM e/ou TCE). tensão ou localização da área atingida.

Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Classificação das Queimaduras - Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de dente, marga-
rina, etc. sobre a área queimada;
1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com: - Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de choque;
- Eritema (vermelhidão); - Procure um médico.
- Dor local suportável;
- Inchaço. Importante: Nas queimaduras por soda cáustica, devemos lim-
par as áreas atingidas com uma toalha ou pano antes da lavagem,
2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele com: pois o contato destas substâncias com a água cria uma reação quími-
- Eritema (vermelhidão); ca que produz enorme quantidade de calor.
- Formação de Flictenas (bolhas);
- Inchaço; Insolação: É uma perturbação decorrente da exposição direta e
- Dor e ardência locais, de intensidades variadas. prolongada do organismo aos raios solares.

3º Grau: Lesão de todas as camadas da pele, comprometendo Como se manifesta


os tecidos mais profundos, podendo ainda alcançar músculos e os- - Pele seca, quente e avermelhada;
sos. Estas queimaduras se apresentam: - Pulso rápido e forte;
- Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizadas, - Dor de cabeça acentuada;
- Pouca ou nenhuma dor local; - Sede intensa;
- Pele branca escura ou carbonizada; - Temperatura do corpo elevada;
- Não ocorrem bolhas. - Dificuldade respiratória;
- Inconsciência.
Queimaduras de 1º, 2º e 3º grau podem apresentar-se no mesmo
acidentado. O risco de morte (gravidade do caso) não está no grau Como proceder
da queimadura, e sim na extensão da superfície atingida e ou da lo-
- Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
calidade da lesão. Quanto maior a área queimada, maior a gravidade
- Afrouxe as vestes da vítima;
do caso.
- Mantenha o acidentado em repouso e recostado;
- Aplique compressas geladas ou banho frio, se possível;
Avaliação da Área Queimada
- Procure o hospital mais próximo.
Use a “regra dos nove” correspondente a superfície corporal:
Intermação: Perturbação do organismo causada por excessivo
Genitália 1%
Cabeça 9% calor em locais úmidos e não arejados, dificultando a regulação tér-
Membros superiores 18% mica do organismo.
Membros inferiores 36%
Tórax e abdômen (anterior) 18% Como se manifesta
Tórax e região lombar (posterior) 18% - Dor de cabeça e náuseas;
Considere: - Palidez acentuada;
Pequeno queimado - menos de 10% da área corpórea; - Sudorese (transpiração excessiva);
Grande queimado - Mais de 10% da área corpórea; - Pulso rápido e fraco;
- Temperatura corporal ligeiramente febril;
Importante: Área corpórea para crianças: - Inconsciência.

Cabeça 18% Como proceder


Membros superiores 18% - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
Membros inferiores 28% - Afrouxe as vestes da vítima;
Tórax e abdômen (anterior) 18% - Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que
Tórax e região lombar (posterior) 13% o resto do corpo.
Nádegas 5%
Asfixia e Afogamento
Como proceder
- Afastar a vítima da origem da queimadura; Asfixia: Dificuldade ou parada respiratória, podendo ser pro-
- Retire as vestes, se a peça for de fácil remoção. Caso contrário, vocada por: choque elétrico, afogamento, deficiência de oxigênio
abafe o fogo envolvendo-a em cobertor, colcha ou casaco; atmosférico, Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVA-
- Lave a região afetada com água fria e abundante (1ºgrau); CE), etc. A falta de oxigênio pode provocar sequelas dentro de 3 a 5
- Não esfregue a região atingida, evitando o rompimento das minutos, caso não haja atendimento conveniente.
bolhas;
- Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos limpos; Como se manifesta
- Faça um curativo protetor com bandagens úmidas; - Atitudes que caracterizem dificuldade na respiração;
- Mantenha o curativo e as compressas úmidas com soro fisio- - Ausência de movimentos respiratórios;
lógico; - Inconsciência;

Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas); - Inconsciência;
- Midríase (pupilas dilatadas); - Parada respiratória;
- Respiração ruidosa; - Parada cardíaca.
- Fluxo aéreo diminuído ou ausente.
Como proceder
Como proceder - Tente retirar a vítima da água utilizando material disponível
- Encoraje ou estimule a vítima a tossir; (corda, boia, remo, etc.)
- Caso a vítima esteja consciente, aplique 5 manobras de Hei- - Em último caso e se souber nadar muito bem, aproxime-se da
mlich.
vítima pelas costas, segure-a e mantenha-a com a cabeça fora d’água
- Caso esteja inconsciente, aplique duas insulflações e observe
(cuidado com o afogamento duplo);
sinais da passagem do ar (expansão de tórax); caso não haja, in-
- Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, quando fora
tercale 5 Heimlich com a inspeção das vias aéreas para observar a
expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, percebendo a parada d’água;
respiratória e notando sinais da passagem do ar, mantenha 1 insu- - Insista na respiração de socorro se necessário, o mais rápido
flação a cada 5 segundos (12 ipm) até a retomada da respiração ou possível;
chegada do socorro especializado. - Execute a compressão cardíaca externa se a vítima apresentar
- Para lactentes conscientes, aplique 5 compressões do tórax ausência de pulso e midríase (pupilas dilatadas);
intercalado de 5 tapotagens (como no desenho) e inspeção das vias - Friccione vigorosamente os braços e as pernas da vítima, esti-
aéreas; mulando a circulação;
- Para lactentes inconsciente, aplique duas insulflações (somen- - Aqueça a vítima;
te o ar que se encontra nas bochechas) e observe sinais da passa- - Remova a vítima para o hospital mais próximo.
gem do ar (expansão de tórax). Caso não haja, intercale 5 Heimlich
(como no desenho) com a inspeção das vias aéreas para observar a Ressuscitação Cárdio Pulmonar (Rcp):
expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, se perceber a parada
respiratória e notar sinais da passagem do ar, mantenha 1 insuflação Conjunto de medidas emergenciais que permitem salvar uma
a cada 3 segundos (20 ipm) até a retomada da respiração ou chegada vida pela falência ou insuficiência do sistema respiratório ou car-
do socorro especializado. diovascular. Sem oxigênio as células do cérebro morrem em 10
minutos. As lesões começam após 04 minutos a partir da parada
respiratória.

Causas da parada cardiorrespiratória (pcr):


- Asfixia;
- Intoxicações;
- Traumatismos;
- Afogamento;
- Eletrocussão (choque elétrico);
- Estado de choque;
- Doenças.

Como Se Manifesta
- Perda de consciência;
- Ausência de movimentos respiratórios;
- Ausência de pulso;
- Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da unhas ar-
roxeadas);
- Midríase (pupilas dilatadas e sem fotorreatividade).

Como proceder
- Em caso de parada cardiorrespiratória (ausência de pulso),
executar a reanimação cárdio pulmonar (RCP); - Verifique o estado de consciência da vítima, perguntando-lhe
- Procure o hospital mais próximo. em voz alta: “Posso lhe ajudar?”;
- Trate as hemorragias externas abundantes;
Afogamento: Asfixia provocada pela imersão em meio líquido. - Coloque a vítima em decúbito dorsal sobre uma superfície
Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais forte, inunda- dura;
ção ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar. - Verifique se a vítima está respirando (VOS);
- Realize a hiperextensão do pescoço. Esta manobra não deverá
Como se manifesta ser realizada se houver suspeita de lesão na coluna cervical. Nesse
- Agitação; caso, realize a tração da mandíbula, sem inclinar e girar a cabeça da
- Dificuldade respiratória; vítima ou empurre mandibular;

Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Verifique se as vias aéreas da vítima estão desobstruídas aplicando-lhe duas insulflações pelo método boca-a-boca:

- Verifique se a vítima apresenta pulso, caso negativo inicie a compressão cardíaca externa:

- Posicione as mãos sobre o externo, 02 cm acima do processo xifóide;


- Mantenha os dedos das mãos entrelaçados e afastados do corpo da vítima;
- Mantenha os braços retos e perpendiculares ao corpo da vítima;

- Inicie a compressão cardíaca comprimindo o peito da vítima em torno de 03 a 05 cm;

- Realize as compressões de forma ritmada procurando atingir de 80 a 100 compressões por minuto;
- Deve intercalar 02 insulflações a cada 30 compressões.

- Após 01 ciclo (02 insulflações e 30 compressões 4 vezes) monitorar novamente os sinais vitais;
- Não interrompa a rcp, mesmo durante o transporte, até a recuperação da vítima ou a chegada do socorro especializado.

Casos Específicos

Ao executar a compressão cardíaca externa em adolescentes ou em crianças, pressione o tórax com uma das mãos, em lactentes apenas
com a ponta dos dedos, sendo que para estes deve se fazer 1 insuflação (somente o ar nas bochechas) para 5 compressões, reavaliar a cada ciclo
(01 insuflação e 5 compressões 20 vezes)

Didatismo e Conhecimento 47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Respiração de Socorro Método de Silvester (Modificado)

Este método é aplicado nos casos em que não se pode empregar o método boca-a-boca (traumatismos graves de face, envenenamento por
cianureto, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, soda cáustica, fenol e outras substâncias cáusticas). O método silvestre permite não só o restabele-
cimento dos movimentos respiratórios como os do coração.

Como proceder
- Desobstrua a boca e a garganta da vítima, fazendo tração da língua e retirando corpos estranhos e secreção;
- Coloque a vítima em decúbito dorsal;
- Eleve o tórax da vítima com auxílio de um travesseiro, cobertor dobrado, casaco ou pilha de jornal, inclinando sua cabeça para trás,
provocando a hiperextensão do pescoço;
- Ajoelhe-se, coloque a cabeça da vítima entre suas pernas e com os braços paralelos ao corpo;
- Segure os punhos da vítima, trazendo seus braços para trás e para junto de suas pernas (rente ao solo);
- Volte com os braços da vítima para frente (rente ao solo), cruzando-os sobre o peito (parte inferior do externo 2 cm do processo xifóide);
- Pressione o tórax da vítima 05 vezes seguidas;
- Volte os braços da vítima para a posição inicial e reinicie o método.

Equipamentos para socorros de urgência (sugestão):

Prepare sua caixa de primeiros socorros antes de precisar dela. Amanhã, uma vida poderá depender de você.

- Algodão - Esparadrapo - Papel e caneta


- Ataduras - Estetoscópio - Pinças hemostáticas
- Atadura elástica - Gaze esterilizada - Respirador “Ambu”
- Cobertor térmico - Lenço Triangular - Sabão
- Luva de procedimen-
- Colar cervical - Soro fisiológico
tos
- Compressas limpas - Máscaras - Talas variadas
- Curativos protetores - Micropole - Telefones úteis
- Cânulas de Guedel - Maca rígida ou KED - Tesoura
- Esfignomanômetro - Óculos de proteção - Válvula para RCP

Lesões nos ossos e articulações

Lesões na espinha (coluna)

Providências: Cuidado no atendimento e no transporte (imobilização correta)

Fraturas: O primeiro socorro consiste apenas em impedir o deslocamento das partes fraturadas, evitando maiores danos.
- Fechadas
- Expostas

Não faça: não desloque ou arraste a vítima até que a região suspeita de fratura tenha sido imobilizada, a menos que haja eminente perigo
(explosões ou trânsito).

Luxações ou deslocamentos das juntas (braço, ombro)


- Tipoia

Entorses e distensões
- Trate como se fosse fraturas.
- Aplique gelo e compressas frias no local.

Contusões
- Providencias: repouso do local (imobilização), compressas frias.

Qualquer vitima que estiver inconsciente pode ter sofrido pancada na cabeça (concussão cerebral).

Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Ferimentos Natureza da Lesão: Inicialmente, cumpre saber que se dá o
nome de traumatismo a toda lesão produzida no indivíduo por um
A - leves ou superficiais agente mecânico (martelo, faca, projétil), físico (eletricidade, calor,
Procedimentos: Faca limpeza do local com soro fisiológico ou irradiação atômica), químico (ácido fênico, potassa cáustica) ou,
água corrente, curativo com mercúrio cromo ou iodo e cubra o fe- ainda, biológico (picada de animal venenoso). De acordo com essa
rimento com gaze ou pano limpo, encaminhando a vitima ao pronto classificação, devem-se considerar alguns tipos de lesões (e suas
Socorro ou UBS. Não tente retirar farpas, vidros ou partículas de consequências imediatas) a requerer socorro urgente.
metal do ferimento.
Contusão: É o traumatismo produzido por uma lesão, que tanto
poderá traduzir-se por uma mancha escura (equimose) como por um
B - ferimentos extensos ou profundos
tumor de sangue (hematoma); este, quando se localiza na cabeça, é
denominado, vulgarmente, ‘galo’. As contusões são dolorosas e não
1 - ferimentos abdominais abertos se acompanham de solução de continuidade da pele. A parte contun-
Procedimentos: evite mexer em vísceras expostas, cubra com dida deve ficar em repouso sob a ação da bolsa de gelo nas primeiras
compressa úmida e fixe-a com faixa, removendo a vitima com cui- horas e do banho de luz nos dias subsequentes.
dado a um pronto-socorro mais próximo.
Ferida: É o traumatismo produzido por um corte sobre a super-
2 - ferimentos profundos no tórax fície do corpo. Corte ou ferida pode ser superficial, afetando apenas
Procedimentos - cubra o ferimento com gaze ou pano limpo, a epiderme (escoriação ou arranhadura), ou profundo, provocando
evitando entrada de ar para o interior do tórax, durante a inspira- hemorragia às vezes mortal. Sendo o ferimento produzido por um
ção. punhal, canivete ou projétil, os órgãos profundos, como o coração,
Aperte moderadamente um cinto ou faixa em torno do tórax podem ser atingidos, causando a morte. As feridas podem ser ainda
para não prejudicar a respiração da vitima. punctiformes (espetadela de prego), lineares (navalha), irregulares
(ferida do couro cabeludo, por queda). Não se deve esquecer que um
3 - ferimentos na cabeça pequeno ferimento produzido nos dedos ou na mão pode acarretar
Procedimentos: afrouxe suas roupas, mantenha a vitima deita- paralisias definitivas em virtude de serem aí muitos superficiais os
da em decúbito dorsal, agasalhada, faca compressas para conter tendões e os nervos. Além disso, as feridas podem contaminar-se
hemorragias, removendo-a ao PS mais próximo. facilmente, dando lugar a uma infecção purulenta, com febre e for-
mação de íngua. As feridas poluídas de terra, fragmentos de roupa
etc., estão sujeitas a infecção, inclusive tetânica. Numa emergência,
C - Ferimentos Perfurantes: São lesões causadas por acidente
deve-se proteger uma ferida com um curativo qualquer e procurar
com vidros metais, etc. sustar a hemorragia.
1 - farpas - Prenda-as com uma atadura sobre uma gaze. Ferida Venenosa: É aquela produzida por um agente vulneran-
2 - atadura - Nos dedos, mãos, antebraço ou perna, cotovelo ou te envenenado (mordedura de cobras, picada de escorpião, flechas),
joelho - Como fazer. que inocula veneno ou peçonha nos tecidos, acarretando reação
3 - bandagem - Serve para manter um curativo, uma imobi- inflamatória local ou envenenamento frequentemente mortal do in-
lização de fratura ou conter provisoriamente uma parte do corpo divíduo. O tratamento resume-se em colocar um garrote acima da
lesada. lesão, extrair o veneno por sucção, retirar o ferrão no caso de inseto,
aplicar soro antivenenoso quando indicado, soltar o garrote aos pou-
Cuidados: cos e fazer um curativo local com antisséptico e gaze esterilizada.
- a região deve estar limpa;
- os músculos relaxados; Esmagamento: É uma lesão grave, que afeta os membros.
- começar das extremidades dos membros lesados para o centro; Ocorre nos desastres de trem, atropelamentos por veículos pesados,
desmoronamentos etc. O membro atingido sofre verdadeiro tritu-
Importante: qualquer enfaixamento ou bandagem que provoque ramento, com fratura exposta, hemorragia e estado de choque da
dor ou arroxeamento na região deve ser afrouxado imediatamente. vítima, que necessitará de socorro imediato para não sucumbir por
anemia aguda ou choque. Quando o movimento tem de ser destaca-
do do corpo, a operação recebe o nome de amputação traumática. Há
Torniquetes: São utilizados somente para controlar hemorra-
também os pequenos esmagamentos, afetando dedos, mão, e cuja
gias nos casos em que a vítima teve o braço ou a perna amputada repercussão sobre o estado geral é bem menor. Resistindo a vítima
ou esmagadas. à anemia aguda e ao choque, poderá estar ainda sujeita à infecção,
especialmente gangrenosa e tetânica.
Procura-se diminuir os ferimentos do ferido e, sobretudo, im-
pedir a sua morte imediata. Evidentemente, o primeiro socorro, que Choque: É um estado depressivo decorrente de um traumatis-
pode ser feito mesmo por uma pessoa leiga, servirá para que o aci- mo violento, hemorragia acentuada ou queimadura generalizada.
dentado aguarde a chegada do médico, ou seja, transportado para o Pode também ocorrer em pequenos ferimentos, como os que pe-
hospital mais próximo. Para que alguém se torne útil num socorro netram o tórax. Caracteriza-se pelos seguintes sintomas: palidez da
urgente, deve ter algumas noções sobre a natureza da lesão e como face, com lábios arroxeados ou descorados, se há hemorragia; pele
proceder no caso. fria, principalmente nas mãos e nos pés; suores frios e viscosos na

Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
face e no tronco; prostração acentuada e voz fraca; falta de ar, res- Fratura: É toda solução de continuidade súbita e violenta de
piração rápida e ansiedade; pulso fraco e rápido; sede, sobretudo um osso. A fratura pode ser fechada quando não houver rompimento
se há hemorragia; consciência presente, embora diminuída. Como da pele, ou aberta (fratura exposta) quando a pele sofre solução de
primeiro socorro, precisa-se deitar o paciente em posição horizon- continuidade no local da lesão óssea. As fraturas são mais comuns
tal e, havendo hemorragia, elevar os membros e estancar o sangue, ao nível dos membros, podendo ser únicas ou múltiplas. Na primeira
aquecendo-se o corpo moderadamente, por meio de cobertores. infância, é frequente a fratura da clavícula. Como causas de fraturas
citam-se, principalmente, as quedas e os atropelamentos. Localiza-
Hemorragia: É a perda sanguínea através de um ferimento ções principais:
ou pelos orifícios naturais, como as narinas. Quando a hemorragia - fratura dos membros, as mais comuns, tornando-se mais gra-
ultrapassa 500g no adulto, ocorre a anemia aguda, cujos sintomas ves e de delicado tratamento quanto mais próximas do tronco;
se assemelham aos do choque (palidez, sede, escurecimento da - fratura da bacia, em geral grave, acompanhando-se de choque
vista, pulso fraco, descoramento dos lábios, falta de ar e desmaios). e podendo acarretar lesões da bexiga e do reto, com hemorragia in-
A hemorragia venosa caracteriza-se por sangue escuro, jato lento terna;
e contínuo (combate-se pela compressão local e não pelo garrote). - fratura do crânio, das mais graves, por afetar o encéfalo, pro-
A hemorragia arterial se distingue pelo sangue vermelho rutilante tegido por aquele; as lesões cerebrais seriam responsáveis pelo cho-
em jato forte e intermitente (combate-se pela compressão local, que, paralisia dos membros, coma e morte do paciente. A fratura do
quando pequena, e pelo garrote, quando grande). O paciente, em crânio é uma ocorrência mais comum nas grandes cidades, devido
caso de anemia aguda, deve ser tratado como no caso do chocado, aos acidentes automobilísticos, e apresenta maior índice de mortali-
requerendo ainda transfusões de sangue, quando sob cuidados dade em relação às demais. O primeiro socorro precisa vir através de
médicos. aparelho respiratório, pois os pacientes podem sucumbir por asfixia.
Deve-se lateralizar a cabeça, limpar-lhe a boca com o dedo protegi-
Queimadura: É toda lesão produzida pelo calor sobre a superfí- do por um lenço e vigiar a respiração. Não se deve esquecer que o
cie do corpo, em graus maiores ou menores de extensão (queimadura choque pode também ocorrer, merecendo os devidos cuidados;
localizada ou generalizada) ou de profundidade (1º, 2º, e 3º graus). - fratura da coluna: ocorre, em geral, nas quedas, atropelamen-
Consideram-se ainda queimaduras as lesões produzidas por subs-
tos e nos mergulhos em local raso, sendo tanto mais grave o prog-
tância cáustica (ácido fênico), pela eletricidade (queimadura elétri-
nóstico quanto mais alta a fratura; suspeita-se desta fratura, quando
ca), pela explosão atômica e pelo frio. As diversas formas de calor
o paciente, depois de acidentado, apresenta-se com os membros
(chama, explosão, vapor das caldeiras, líquidos ferventes) são, na
inferiores paralisados e dormentes; as fraturas do pescoço são qua-
verdade, as causas principais das queimaduras. São particularmente
se sempre fatais. Faz-se necessário um cuidado especial no sentido
graves nas crianças e na forma generalizada. Assim, a mortalidade
de não praticar manobras que possam agravar a lesão da medula;
é de 9% nas queimaduras da cabeça e membros superiores; 18% na
coloca-se o paciente estendido no solo em posição horizontal, com
face posterior ou anterior do tronco, e 18% nos membros inferiores.
o ventre para cima; o choque também pode ocorrer numa fratura
Como foi dito, classificam-se as queimaduras em três graus: 1º grau,
dessas.
ou eritema, em que a pele fica vermelha e com ardor (queimadura
pelo sol); 2º grau ou flictema, com formação de bolhas, contendo
um líquido gelatinoso e amarelado. Costuma também ser dolorosa, Irradiação Atômica: As explosões atômicas determinam dois
podendo infectar-se quando se rompe a bolha; e do 3º grau, ou es- tipos de lesões. A primeira, imediata, provocada pela ação calórica
cara, em que se verifica a mortificação da pele e tecidos subjacen- desenvolvida, e a segunda, de ação progressiva, determinada pela
tes, transformando-se, mais tarde, numa ulceração sangrante, que se radioatividade. Nos pacientes atingidos, o primeiro socorro deve ser
transforma em grande cicatriz. Quando às queimaduras pequenas, o da sua remoção do local, combate ao choque e tratamento das
basta untá-las com vaselina ou pomadas antissépticas, mas, quando queimaduras quase sempre generalizadas. Não se pode ignorar o
ocorrem as queimaduras extensas, o primeiro socorro deve dirigir-se perigo que existe em lidar com tais enfermos, no que se refere à
para o estado geral contra o choque, em geral iminente. radioatividade.

Distorção: Decorre de um movimento violento e exagerado de Retirada do Local: O paciente pode ficar preso às ferragens de
uma articulação, como o tornozelo. Não deve ser confundida com um veículo, escombros de um desabamento ou desacordado pela
a luxação, em que a extremidade do osso se afasta de seu lugar. É fumaça de um incêndio. Sua remoção imediata é, então, necessária.
uma lesão benigna, embora muito dolorosa, acompanhando-se de Assim procedendo, evita-se a sua morte, o que justifica processo de
inchação da junta e impossibilidade de movimento. A imobilização remoção até certo ponto perigoso mas indispensável. O socorrista
deve ser primeiro socorro, podendo empregar-se também bolsa de deve conduzir-se com prudência e serenidade, embora, em certas
gelo, nas primeiras horas. ocasiões, a retirada do paciente deve ser a mais rápida possível. Em
certas circunstâncias, será necessário recorrer ao Corpo de Bombei-
Luxação: Caracteriza-se pela saída da extremidade óssea, que ros e a operários especializados, a fim de libertar a vítima. Enquanto
forma uma articulação, mantendo-se fora do lugar em caráter per- se espeta esse socorro, deve-se tranquilizar a vítima, procurando es-
manente. Em certos casos a luxação se repete a um simples movi- tancar a hemorragia, se a houver, e recorrer a medidas que facilitem
mento (luxação reincidente). As luxações mais comuns são as da a respiração, já que em certas circunstâncias pode ser precário o teor
mandíbula e do ombro. O primeiro socorro consiste no repouso e de oxigênio da atmosfera local. Isso é muito importante para a so-
imobilização da parte afetada. brevivência do paciente.

Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Posição do Acidentado: O decúbito dorsal, com o corpo es- comprimir com o dedo, externamente, a asa do nariz; finalmente,
tendido horizontalmente, é a posição mais aconselhável. A posição em caso de hemorragia pós-parto ou pós-aborto, deve-se colocar a
sentada favorece o desmaio e o choque, fato nem sempre do conhe- paciente numa posição de declive, mantendo-se o quadril e os mem-
cimento do leigo. Quando a vítima está inconsciente, é preciso co- bros inferiores em nível mais elevado. Em casos excepcionais, o
locá-la de lado, ou apenas com a cabaça lateralizada, para que possa ferimento pode estar localizado numa região difícil de se colocar
respirar melhor e não sofra asfixia no decurso do vômito. Havendo um garrote; procede-se, então, pelo método da compressão ao nível
fratura da mandíbula e lesões da boca, é preferível colocar o pacien- da ferida; pode-se, inclusive, utilizar o dedo ou a mão, num caso de
te em decúbito ventral. Somente os portadores de lesões do tórax, extrema hemorragia.
dos membros superiores e da face, desde que não sofram desmaios.
Combater o choque e a anemia aguda: Começa-se por colocar
Identificação das Lesões: Estando o paciente em local ade- o paciente, sem travesseiros ou qualquer suporte sob a cabeça, man-
quado, deve-se, imediatamente, identificar certas lesões mais sérias, tendo ou membros inferiores em nível mais elevado; removem-se
como ferimentos que sangram, fratura do crânio, choque, anemia todas as peças do vestuário que se encontram molhadas, para que
aguda ou asfixia, capazes de vitimar o paciente, se algo de imediato não se agrave o resfriamento do enfermo; cobre-se, em seguida, o
não for feito. Eis a orientação que se deve dar ao diagnóstico dessas seu corpo com cobertores ou roupas de que se dispõe no momento, a
lesões: fim de aquecê-lo. A vítima pode ingerir chá ou café quente se estiver
- hemorragia, que se denuncia nas próprias vestes pelas man- consciente e sem vômitos; ao mesmo tempo, deve-se tranquilizá-
chas de sangue; basta, então, rasgar a fazenda no local suspeito, para -la, prometendo-lhe um socorro médico imediato e dizendo-lhe da
que se localize o ferimento; vantagem de ficar imóvel. mesmo no caso dos queimados, observa-
- fratura do crânio, cujo diagnóstico deverá ser levantado quan- -se um resfriamento das extremidades do paciente, havendo neces-
do o indivíduo, vítima de um acidente, permanece desacordado e, sidade de usar cobertores sobre o mesmo. Não convém esquecer-se,
sobre tudo, se ele sangra pelo ouvido ou pelo nariz; também, a sobreposição de cobertores do leito; embora o aqueci-
- fratura de membros, posta em evidência pela deformação lo- mento do enfermo possa tornar-se perigoso, se provocar sudorese.
cal, dificuldade de movimentos e dor ao menor toque da lesão;
- fratura da coluna vertebral, quando o paciente apresenta para- Imobilizar as fraturas: O primeiro socorro essencial de um
lisia de ambos os membros inferiores que permanecem dormentes, fraturado é a sua imobilização por qualquer meio; podem-se impro-
indolores mas sem movimentos; visar talas com ripas de madeira, pedaço de papelão, ou, no caso de
- choque e anemia aguda, com o paciente pálido, pulso fraco, membro inferior, calha de zinco; nas fraturas de membros superior,
sede intensa, vista escura, suores frios e ansiedade com falta de ar; as tipóias são mais aconselháveis. Quando o paciente é fraturado de
- luxação, tornando-se o membro incapaz de movimentos, dolo- coluna, a imobilização deve cingir-se ao repouso completo numa
roso e deformado ao nível da junta; posição adequada, de preferência o decúbito dorsal com extensão
- distorção, com dificuldade de movimento na articulação afeta- do corpo.
da, apresentando-se este bastante dolorosa e inchada;
- queimadura, fácil de diagnóstico pela maneira que se produ- Vigiar a respiração: É muito importante nos traumatizados
ziu; resta verificar a sua extensão e gravidade, o que pode ser orien- observar a respiração, principalmente quando eles se encontram in-
tado pela queimadura das peças do vestuário que ficam carbonizadas conscientes. A respiração barulhenta, entrecortada ou imperceptível
em contato com o tegumento; no caso de queimadura generalizada, deve despertar no observador a suspeita de dificuldade respiratória,
suspeitar, logo, de um estado de choque e não esquecer da alta gra- com a possibilidade de asfixia. Começa-se por limpar a boca do pa-
vidade nas crianças; ciente de qualquer secreção, sangue ou matéria vomitada, o que se
- asfixia, que pode ocorrer nos traumatismos do tórax, de crâ- pode fazer entreabrindo a boca da vítima e colocando uma rolha
nio, queimaduras generalizadas e traumatismo da face. Identifica-se entre a arcada dentária a fim de, com o dedo envolvido em um len-
esta condição pela coloração arroxeada da face (cianose), a dificul- ço, proceder a limpeza. Em complemento, ao terminar a limpeza,
dade de respirar e de consciência que logo se instala. lateriza-se a cabeça, fecha-se a boca do paciente segurando-lhe a
cabeça um pouco para trás. Isso permitirá que a respiração se faça
Medidas de Emergência melhor. Havendo parada respiratória, é preciso iniciar, imediata-
mente, a respiração artificial boca-a-boca ou por compressão ritma-
Após a identificação de uma das lesões já focalizadas, pode-se da da base do tórax (16 vezes por minuto). Não se deve esquecer
seguir a seguinte orientação: que a ventilação do local com ar puro se torna muito importante para
qualquer paciente chocado, anemiado ou asfíxico. Os fraturados da
Estancar a hemorragia (Hemostásia): Quando a hemorragia mandíbula, com lesões da língua e da boca, deverão ser colocados
é pequena ou venenosa, é preferível fazer uma compressão sobre o em decúbito ventral com a cabeça leterizada, para que a respiração
ferimento, utilizando-se um pedaço de gaze, um lenço bem limpo ou se torne possível.
pedaço de algodão; sobre este curativo passa-se uma gaze ou uma
tira de pano. Quando, todavia, a hemorragia é abundante ou arte- Remoção de corpos estranhos: Os ferimentos que se apresen-
rial, começa por improvisar um garrote (tubo de borracha, gravata tam inoculados de fragmentos de roupa, pedaços de madeira etc.,
ou cinto) que será colocado uns quatro dedos transversos acima do podem ser lavados com água fervida se o socorro médico vai tar-
ferimento, apertando-se até que a hemorragia cesse. Caso o socorro dar; no caso, porém, de o corpo estranho estar representado por uma
médico demore, cada meia hora afrouxa-se o garrote por alguns se- faca ou haste metálica, que se encontra encravada profundamente, é
gundos, apertando-o novamente; na hemorragia pelas narinas basta preferível não retirá-lo, pois poderá ocorrer hemorragia mortal. No

Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
caso de empalação, deve-se serrar a haste pela sua base e transportar Socorro ao asfixiado: Em certos tipos de traumatismo como
o paciente para o hospital, a fim de que lá seja removido o corpo aqueles que atingem a cabeça, a boca, o pescoço, o tórax; os que
estranho. Quando o corpo estranho estiver prejudicando a respira- são produzidos por queimaduras no decurso de um incêndio; os que
ção, como no caso dos traumatismos da boca e nariz, cumpre fazer ocorrem no mar, nos soterramentos etc. poderá haver dificuldade
tudo para removê-lo de modo a favorecer a respiração. Não se deve respiratória e o paciente corre mais risco de morrer pela asfixia do
esquecer que os pequenos corpos estranhos (espinhos de roseira, far- que pelas lesões traumáticas. Nesse caso, a identificação da dificul-
pas de madeira, espinhos de ouriço-do-mar) podem servir de veículo dade respiratória pela respiração barulhenta nos indivíduos incons-
para o bacilo de tétano, o que poderá ser fatal. cientes, pela falta de ar de que se queixam os conscientes, ou ainda,
pela cianose acentuada do rosto e dos lábios, servirá de guia para o
Socorro ao queimado: Faz-se necessário considerar as quei- socorro à vítima. A norma principal é favorecer a passagem do ar
maduras limitadas e as generalizadas. No primeiro caso, o socorro através da boca e das narinas; colocar, inicialmente, o paciente em
urgente consistirá em proteger a superfície queimada com gaze ou decúbito ventral, com cabeça baixa, desobstruir a boca e as narinas,
manter o seu pescoço em linha reta, mediante a projeção do quei-
um pano limpo; no segundo caso, o choque deve ser a primeira preo-
xo para trás, o que se poderá fazer tracionando a mandíbula com
cupação. Deve-se pensar nele mesmo antes que se instale, cuidando
os dedos, como se fora para manter fechada a boca do socorrido;
logo de colocar o paciente em repouso absoluto, protegê-lo contra o
se houver vômitos, vira-se a cabeça da vítima para o lado até que
resfriamento, fazê-lo ingerir bebidas quentes e tranquilizá-lo. Nesse
cessem, limpando-lhe a boca em seguida. Não se deve esquecer de
último caso, o tratamento local ocupa um segundo plano. Eis um colocar o paciente em ambiente de ventilação adequada e ar puro.
resumo do tratamento local das queimaduras: A parada respiratória requer imediata respiração artificial, contínua
- queimadura do 1º grau: protege-se a superfície queimada com e incessante, num ritmo de 16 vezes por minuto, até que chegue o
vaselina esterilizada ou pomada analgésica; socorro médico, não importando que atinja uma hora ou mais.
- queimadura do 2º grau: evitar a ruptura das bolhas, fazendo
um curativo com gaze esterilizada em que se pode estender uma Transporte do paciente: Algumas vezes é indispensável trans-
leve camada de pomada antisséptica ou com antibiótico; a seguir, o portar a vítima utilizando meios improvisados, a fim de que se be-
curativo precisa ser resguardado com algodão; quando a superfície neficie de um socorro médico adequado; em princípio, o leigo não
queimada se acha suja com fragmentos queimados etc., torna-se ne- deverá fazer o transporte de qualquer paciente em estado aparente-
cessária uma limpeza com sabão líquido ou água morna fervida, uti- mente grave, enquanto estiver perdendo sangue, enquanto respiran-
lizando-se, para isto, uma compressa de gaze; enxuga-se em seguida do mal, enfim, enquanto duas condições não pareçam satisfatórias.
a superfície queimada, fazendo-se um curativo com pomada acima O transporte pode por si só causar a morte de um paciente trau-
referida; no caso de queimaduras poluídas com resíduos queimados, matizado. Tomando em consideração essas observações, devem-se
haverá necessidade de um antibiótico e de soro antitetânico. A reno- verificar as condições gerais do enfermo, o veículo a ser utilizado,
vação do curativo só deve ser feita cinco a sete dias depois, a não ser o tempo necessário ao transporte. Havendo meios de comunicação,
que haja inflamação, febre e dor; para retirá-lo basta umedecer com será útil pedir instruções ao hospital mais próximo. Estabelecida a
soro fisiológico morno ou água morna fervida; necessidade do transporte, torna-se necessário observar os seguintes
- queimadura do 3º grau: o tratamento é igual a queimadura do detalhes:
2º grau; o problema principal é a limpeza da superfície queimada, - remoção do paciente para o veículo, o que deverá ser feito
quando esta se encontra poluída por resíduos carbonizados; neste evitando aumentar as lesões existentes, sobretudo no caso de fratura
caso, pode-se empregar sabão líquido e água ou soro fisiológico de coluna e de membros; em casos especiais, o transporte pode ser
mornos; feito por meio de veículos a motor, padiolas e, mais excepcional-
- recomendações especiais: as queimaduras do rosto e partes mente por avião;
- veículo utilizado: deve atender, em primeiro lugar, ao conforto
genitais devem receber curativos de vaselina esterilizada; as quei-
do paciente; os caminhões ou caminhonetes prestam-se melhor a
maduras de 30% do corpo, sobretudo do tronco, e, principalmente,
esse mister;
na criança, estão sujeitas ao choque e mesmo à morte do paciente;
- caminho a percorrer: é desnecessário encarecer a importância
exigem, portanto, um tratamento no hospital, de preferência em ser-
do repouso dos traumatizados, evitando abalos durante o transpor-
viços especializados. As complicações mais terríveis das queimadu- te; pode ser necessário sustá-lo, caso as condições do enfermo se
ras são: inicialmente, o choque; posteriormente, as infecções, inclu- agravem;
sive tetânica, a toxemia com graves distúrbios gerais, e, finalmente, - acompanhante: a vítima deve ser acompanhada por pessoa es-
as cicatrizes viciosas que deformam o corpo do paciente e provocam clarecida que lhe possa ser útil durante a viagem;
aderências. - observação: o transporte em avião constitui um dos melhores
pela ausência de trepidação e maior rapidez; todavia, a altitude
Socorro aos contaminados por raiva: Os indivíduos com feri- pode ser nociva para pacientes gravemente traumatizados de tórax,
mentos produzidos por animais com hidrofobia (cão, gato, morce- sobretudo se estiverem escarrando sangue ou com falta de ar.
go etc.) devem Ter seus ferimentos tratados de maneiro já referida
no item de feridas; há, todavia, um cuidado especial na maneira de Nova Regra de Ressuscitação (18/10/2010)
identificar a raiva no animal agressor, como também de orientar i
paciente, sem perda de tempo, para que faça o tratamento anti-rábi- De acordo com as novas diretrizes de ressuscitação cardiopul-
co imediato; a rapidez do mesmo será tanto mais imperiosa quanto monar, divulgadas, a massagem cardíaca sem a respiração boca a
maior o número de lesões produzidas e quanto mais próximos da boca é tão eficaz quanto os dois procedimentos em sequência, quan-
cabeça tais ferimentos. do realizada por leigos. Segundo a AHA (American Heart Associa-

Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
tion), órgão americano que divulgou as novas normas, as chances de O Brasil não pode se conformar com essa triste realidade. Para
sucesso de uma pessoa que faz a massagem cardíaca corretamente tanto é preciso reduzir a facilidade de acesso a armas de fogo e aca-
são praticamente as mesmas de quem opta pela dobradinha, além de bar com a cultura da violência, que dificultam a construção de uma
contar com a vantagem de se ganhar tempo – essencial no processo. cultura de paz.
Pela nova norma, a respiração deve ainda ser padrão para os Por essa razão, a Câmara dos Deputados se sente corresponsá-
profissionais de saúde, que sabem fazê-la com a qualidade e agilida- vel pela manutenção do espírito do Estatuto do desarmamento que
de adequada. Se a vítima da parada cardíaca não receber nenhuma ora se reedita, de forma a não permitir que o uso de armas de fogo
ajuda em até oito minutos, a chance de ela sobreviver não passa de sem controle coloque em risco a vida de milhares de jovens e de toda
15%. Já ao receber a massagem, a chance aumenta para quase 50% a população de uma maneira geral.
até a chegada da equipe de socorro, que assumirá o trabalho. Em seguida, considerando o que prevê o Edital do presente con-
- 1º. Antes de ajudar o desacordado, tenha certeza de que o lugar curso iremos tratar os dispositivos legais do Estatuto do Desarma-
é seguro para você e para fazer o atendimento. Caso contrário, serão mento que serão abordados em sua prova.
duas vítimas.
- 2º. Avalie o nível de consciência da vítima, vendo se está acor- LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
dada e perguntando se está bem.
- 3º. Ver se a pessoa tem algum sinal de vida, se está respirando. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
Para isso, recline a cabeça dela, levantando levemente o queixo para fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, defi-
cima. Chegue próximo ao rosto e sinta se há respiração, mesmo que ne crimes e dá outras providências.
espaçada. Se não houver, comece a massagem cardíaca.
- 4º. Conhecida no termo médico como compressão torácica, CAPÍTULO III (ARTS. 4º A 10º)
a massagem cardíaca deve ser realizada no meio do peito (entre os    
dois mamilos), com o movimento das mãos entrelaçadas (uma em Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes-
sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos se-
cima da outra) sob braços retos, que devem fazer ao menos cem
guintes requisitos:
movimentos de compressão por minuto, de forma rápida e forte.
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certi-
Os movimentos servem para retomar a circulação do sangue e,
dões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça
consequentemente de oxigênio, para o coração e o cérebro, inter-
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
rompida quando o coração para. Não espere mais de dez segundos
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas
para começar a compressão e a faça até o resgate chegar, sem qual-
por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
quer interrupção. Como demanda esforço físico, tente revezar com II – apresentação de documento comprobatório de ocupação
outra pessoa, de forma coordenada, se puder. lícita e de residência certa;
O cardiologista explica que a mudança se deu com o intuito de III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló-
facilitar o processo e impedir que pessoas desistam de fazê-lo pelo gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta
receio de encostar sua boca na boca de desconhecidos. Algumas no regulamento desta Lei.
pesquisas nos Estados Unidos mostraram que o número de ressus- § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo
citações havia diminuído muito em cidades onde o número era alto, após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome
por causa do medo de contrair doenças pela boca. do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta au-
torização.
§ 2o  A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre
10 ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI Nº correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no
10.826/2003): CAPÍTULO III (ARTS. 4º A 10º), regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
CAPÍTULO IV (ARTS. 12 A 20) E CAPÍTULO V § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território
(ART. 25). nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente,
como também a manter banco de dados com todas as características
da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e
O controle de armas é uma matéria polêmica e foi, inclusive, munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re-
objeto do segundo referendo da história do Brasil, por isso requer gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
prudente formatação legal. Não por outro motivo, há dezenas de § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições
proposições em tramitação convergindo nesse sentido. Tal processo entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização
de revisão reveste-se de refletida apreciação por parte do Parlamen- do Sinarm.
to. § 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será con-
Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de homicídios cedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30
no Brasil chegou a 20,4 por 100 mil habitantes em 2010, e na faixa (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
de jovens de 15 a 29 anos, essa taxa passa para 44,2, uma das mais § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do cum-
altas do mundo. Cerca de 70% desses homicídios são perpetrados primento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
por armas de fogo. Ou seja, morrem no Brasil, anualmente, cerca § 8o  Estará dispensado das exigências constantes do inciso
de 27 mil pessoas por ano vítimas de armas de fogo, ou 75 pessoas III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado
por dia. Isso significa que, de 1980 a 2010, mais de quinhentas mil em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar
pessoas foram mortas por arma de fogo, das quais mais de trezentos autorizado a portar arma com as mesmas características daquela a
mil jovens. ser adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

Didatismo e Conhecimento 53
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Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com va- VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de va-
lidade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a lores constituídas, nos termos desta Lei;
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente
ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de tra- constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas
balho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabe- de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que
lecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) couber, a legislação ambiental.
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da
3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es-
Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais
§ 3o  O proprietário de arma de fogo com certificados de que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na
registro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Jus-
Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega tiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012).
pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a § 1o  As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput
apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade
de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com
do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I,
2008)  (Prorrogação de prazo) II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 4o  Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste arti- § 2o  A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes
go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste
de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na
artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere
rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamento
o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabeleci-
e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº
das no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
11.706, de 2008)
2008)
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet,
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas mu-
com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº
nicipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes
11.706, de 2008)
em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe-
de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições
deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar
como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do
de propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
CAPÍTULO III estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e
DO PORTE do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam
        dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: § 5o  Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e
I – os integrantes das Forças Armadas; cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido
art. 144 da Constituição Federal; pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples,
Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou
habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os
com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhen- seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
tos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº I - documento de identificação pessoal;
10.867, de 2004) II - comprovante de residência em área rural; e
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligên- III - atestado de bons antecedentes.
cia e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Se- § 6o  O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de
gurança Institucional da Presidência da República; fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá,
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de
e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas § 7o  Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios
prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por- que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma
tuárias; de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das em- armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o
presas de segurança privada e de transporte de valores, constituídas possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma
na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das do regulamento desta Lei.
respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em
serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armaze- Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte
nagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangei-
registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em ros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos
nome da empresa. termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se- de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caça-
gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime dores e de representantes estrangeiros em competição internacional
previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das oficial de tiro realizada no território nacional.
demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor-        
rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso
ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
horas depois de ocorrido o fato. § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos
apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos re- regulamentares, e dependerá de o requerente:
quisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados que I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati-
portarão arma de fogo. vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo,
bem como o seu devido registro no órgão competente.
Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste ar-
instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, tigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja
detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de subs-
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente po-
tâncias químicas ou alucinógenas.
dendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as
       
condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão com-
CAPÍTULO IV (ARTS. 12 A 20)
petente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte ex-
pedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído pela
CAPÍTULO IV
Lei nº 12.694, de 2012)
DOS CRIMES E DAS PENAS
§ 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que trata
este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
12.694, de 2012) Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessó-
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público rio ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação
designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência
funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou
o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de ser- o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
vidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
12.694, de 2012)
§ 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de que Omissão de cautela
trata este artigo fica condicionado à apresentação de documentação Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir
comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimen- mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
tos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de seja de sua propriedade:
fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
§ 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata este diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo-
artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
pela Lei nº 12.694, de 2012) Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a re- arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas
gistrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo,        
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depó-
nº 12.694, de 2012) sito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
        empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de determinação legal ou regulamentar:

Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumen-
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, tada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de
salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. uso proibido ou restrito.
(Vide Adin 3.112-1)        
        Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
Disparo de arma de fogo pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a
ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de CAPÍTULO V (ART. 25).
outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 25.  As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem
(Vide Adin 3.112-1) à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Co-
        mando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas,
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, re- pela Lei nº 11.706, de 2008)
meter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, § 1o  As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão e
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em relatório
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrin-
identificação de arma de fogo ou artefato; do-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído pela Lei
nº 11.706, de 2008)
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
§ 2o  O Comando do Exército encaminhará a relação das armas a
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou
serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdimento
para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706,
policial, perito ou juiz;
de 2008)
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo
§ 3o  O transporte das  armas de fogo doadas será de
ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu
legal ou regulamentar;
cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706,
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
de 2008)
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
§ 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
raspado, suprimido ou adulterado; § 5o  O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma
de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
       
Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, ex- 11 RELAÇÕES HUMANAS. 11.1 QUALIDADE
por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO:
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de COMUNICABILIDADE; APRESENTAÇÃO;
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com ATENÇÃO; CORTESIA; INTERESSE;
determinação legal ou regulamentar:
PRESTEZA; EFICIÊNCIA; TOLERÂNCIA;
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
DISCRIÇÃO; CONDUTA; OBJETIVIDADE.
11.2 TRABALHO EM EQUIPE.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou indus-
trial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de ser-
viços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência. Relações Humanas
       
Tráfico internacional de arma de fogo Falar em relações humanas é considerar todo tipo de relação
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do ter- social ou interação entre os indivíduos. Esta é uma questão abordada
ritório nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou por diversas ciências, dentre elas, a sociologia, a antropologia, a bio-
munição, sem autorização da autoridade competente: logia, a política, economia, as ciências naturais, enfim, tudo aquilo
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. que envolve o homem lá estão às relações humanas.

Didatismo e Conhecimento 56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
No trabalho, estas relações são necessárias, pois toda empresa, Se a organização não possui clientes internos, ela não tem como
seja ela de grande, médio ou pequeno porte, tem como principio de fornecer, nem vender, produtos e/ou serviços.
funcionamento a trabalho em conjunto, a coletividade, pois a maio- E se não há clientes externos, não tem para quem prover.
ria das tarefas são realizadas por grandes grupos de pessoas, onde E em um cenário em que, cada vez mais, as empresas disputam
cada um tem sua função. Este processo de divisão do trabalho se deu pela preferência de um mesmo cliente, a qualidade no atendimento
ao longo de tempo e teve seu auge quando foi iniciada a revolução se tornou fundamental; e é o diferencial.
industrial e o a inserção do sistema capitalista de produção, que visa E é por isso que os clientes se tornaram mais exigentes e cons-
o lucro a produtividade, ou seja, cada pessoa fazendo exclusivamen- cientes dos padrões de atendimento.
te determinada tarefa aumentaria a produtividade e minimizaria o Por isso, o comprometimento e profissionalismo são importan-
tempo gasto no processo de produção. Vale lembrar que as relações tes para um bom atendimento.
humanas não estão estritamente ligadas apenas as relações entre as Outro ponto importante a ser dito sobre atendimento é: Ao aten-
pessoas, mas ao também ambiente de trabalho, ou de atuação, ou der um cliente, o atendente representa a empresa. Para o cliente, a
seja, na escola entre os alunos, em casa, coma família, e também a empresa toda se projeta na pessoa que está fazendo o atendimento,
relação do empregado com a empresa, visto que desta relação é que Ou seja, o atendente tem a responsabilidade de ser o porta-voz da
será ditado a produtividade daquela empresa. empresa. Por isso, além de um trabalho minucioso, o de atendimen-
to, ele deve ser responsável, sério e profissional.
Qualidade no atendimento ao público Por isso, o atendente, ao atender o cliente (interno ou externo)
deve ser comprometido. O cliente deve perceber que a empresa (já
Antes de definirmos os conceitos que permeiam o Universo do que pra o cliente, naquele momento, o atendente é a empresa) se
Atendimento ao Público, precisamos entender o que significa Aten- importa com ele, e que suas dúvidas, necessidades e anseios, são
der. importantes e bem-vindos à empresa.
Atender: Acolher com atenção, ouvir atentamente; Tomar em A sensação que o cliente precisa ter quando está sendo atendido,
consideração, deferir; Atentar, ter a atenção despertada para; Rece- é que ele é fundamental para o desenvolvimento da empresa. E o que
ber. quer que ele necessite, por menor que seja, é importante também.
Por isso, atendimento é acolher, receber, ouvir o cliente, de for- Para isso, os primeiros passos para se fazer um bom atendimen-
ma com que seus desejos sejam resolvidos. O cliente quando busca to, é saber ouvir e compreender o cliente. É trata-lo com respeito.
por um atendimento, ele quer encontrar soluções. Por isso, a educação é o carro chefe nesse processo. Ser educa-
Atendimento, então, é dispor de todos os recursos que se fize- do, gentil, pedir desculpas, agradecer, ter um tom de voz agradável e
rem necessários, para atender ao desejo e necessidade do cliente. ter uma postura receptiva, sã quesitos impreteríveis.
Esse cliente pode ser interno, ou, externo, e caracteriza-se por ser o Dispor de tudo o que está fazendo e ter atenção e tempo apenas
público-alvo em questão. para atendê-lo. Pois, não se deve esquecer, que quando um cliente
Os clientes internos são aqueles de dentro da organização. Ou necessita de um atendimento, não existe nada mais importante que
seja, são os colegas de trabalho, aqueles no qual juntamente conos- ele.
co, formam a instituição. São as pessoas que atuam internamente na Atualmente, mais importante do que se ter um cliente, é o re-
empresa. E deve-se pensar, que em muitas vezes há a necessidade lacionamento que se cria com ele. E isso, é alcançado através do
de se fazer esse atendimento interno. Pois, cada pessoa entende do atendimento.
seu departamento, seção, setor. E como uma organização, como o Os clientes quando procuram um atendimento eles possuem
próprio nome já diz, é feito de organismos e sistemas, que são as expectativas. Por isso, o ideal para construir um relacionamento
divisões. E por isso, precisa-se sempre de informações de outros duradouro, não é apenas atender as expectativas, e sim, superá-las.
setores, para alcançar a meta pretendida. Mas, em muitas vezes, por Os clientes que têm suas expectativas superadas acabam se tor-
serem clientes internos, o atendente não dá a devida atenção que ne- nando fiéis.
cessita a situação. Muitas vezes por não entender que mesmo sendo O processo de atendimento começa com a identificação das ne-
cliente interno, a qualidade deve permear em quaisquer atendimen- cessidades dos clientes. Para isso, uma comunicação clara e objetiva
tos. Porém, ele deve pensar que seu atendimento pode ser essencial é fundamental.
para alguns rumos que a organização pode tomar. As instituições precisam construir relacionamentos. Pois, ó
Já os clientes externos, é o público no qual a empresa se relacio- foco é o cliente, e o objetivo do relacionamento é trazer interativida-
na externamente. São os clientes que adquirem produtos ou serviços de, conforto, satisfação e bem-estar.
da empresa, que fornecem matéria-prima, que tem relações com a O processo de relacionamento deve começar com a escolha do
empresa. Ou seja, são os consumidores, fornecedores, parceiros, cliente, a identificação de suas necessidades, a definição dos servi-
etc.. ços prestados e agregados, a busca da melhor relação custo/benefí-
São as pessoas que possuem relacionamento com a Instituição. cio e ter funcionários (clientes internos) motivados e capacitados a
Porém, não atuam dentro da empresa. Ele não é configurado como atender estes clientes adequadamente.
funcionário. E como se tem clientes internos (funcionários) motivados?
Tanto quanto os clientes internos, os externos também são fun- A resposta é simples e óbvia: Construindo e mantendo um bom
damentais para a Empresa. relacionamento com e entre eles.
Não há como definir quem é o mais importante. Podemos dizer O contexto de administrar o relacionamento com o cliente ser-
apenas que sem qualquer um desses clientes, a empresa não existe. ve para que a empresa adquira vantagem competitiva e se destaque
Juntos eles constituem as instituições. perante a concorrência.

Didatismo e Conhecimento 57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Os relacionamentos não podem ser superficiais. Eles têm de ser
profundos e duradouros. O objetivo maior é manter o cliente através
da confiança, credibilidade e a sensação de segurança transmitida
pela organização.
A estratégia de Relacionamento é a longo prazo. E também,
além de visar manter os clientes de forma fiel, busca a conquista de
novos clientes.
E essa filosofia de relacionamento com o cliente deve ser uma
forma de pensar de toda organização.
A ideia central da Construção e Manutenção de Relacionamento Exemplo: Uma pessoa (emissor) tem uma ideia (significado)
nas empresas, visando um atendimento com qualidade, é de atender que pretende comunicar. Para tanto se vale de seu mecanismo vocal
as necessidades dos clientes através de seus serviços e/ou produtos. (codificador), que expressa sua mensagem em palavras. Essa men-
Ofertando-os de forma adequada e com qualidade. sagem, veiculada pelo ar (canal) é interpretada pela pessoa a quem
O mais importante hoje não é simplesmente adquirir novos se comunica (receptor), após sua decifração por seu mecanismo
clientes, mas manter os clientes existentes em seu portfolio. Pois, os auditivo (decodificador). O receptor, após constatar que entendeu a
relacionamentos, permitem que as empresas explorem ao máximo mensagem (compreensão), esclarece a fonte acerca de seu entendi-
seus conhecimentos sobre os clientes e necessidades. mento (feedback). Ou Seja, repetindo a mensagem.
Pode-se, portanto, dizer que a comunicação só pode ser con-
Comunicabilidade
siderada eficaz quando a compreensão feita pelo receptor coincide
Para entendermos comunicabilidade, primeiro precisamos en-
com o significado pretendido pelo emissor.
tender o que é comunicação.
O processo de comunicação nunca é perfeito. No decorrer de
A palavra Comunicação deriva do latim communicare, cujo
suas etapas sempre ocorrem perturbações que prejudicam o pro-
significado é tornar comum, partilhar, associar, trocar opiniões, con-
cesso, no qual são denominados ruídos. Ruído é uma perturbação
ferenciar.
Tem o sentido de participação, em interação, em troca de men- indesejável em qualquer processo de comunicação, que atrapalha
sagem, em emissão ou recebimento de informação nova. Assim, a efetivação da comunicação e pode provocar perdas ou desvios na
como se vê, implica participação. mensagem.
Comunicação é o processo de transmitir informação de uma Ele é identificado na comunicação como o conjunto de bar-
pessoa para outra. Se não houver esta compreensão, não houve co- reiras, obstáculos, acréscimos, erros e distorções que prejudicam
municação. Se uma pessoa transmitir uma mensagem e esta não for a compreensão da mensagem em seu fluxo. Isto significa que nem
compreendida, por quem recebeu a mensagem, a comunicação não sempre aquilo que o emissor deseja informar é precisamente aquilo
se efetivou. Essa ação pode ser verbal, ou, não verbal. E também, que o receptor compreende.
pode ser por diversos meios. Assim, ruído é qualquer fonte de erro, distúrbio ou deforma-
Assim, comunicação não é aquilo que o remetente fala. Mas, ção de uma mensagem, que atrapalha e age contrário à eficácia da
sim, aquilo que o destinatário entende. Portanto, só há comunicação, informação.
se o receptor compreender a mensagem enviada pelo emissor. Por isso, o atendente deve trabalhar com a Comunicação de for-
Chiavenato define comunicação como troca de informações ma que haja menos ruídos possíveis. Isso, através de solicitações de
entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou infor- feedbacks constantes, mensagens claras, objetivas e concisas.
mação. Como diria Rivaldo Chinem, Comunicação é como o futebol,
Há para isso, o processo de comunicação, que é composto de todo mundo pensa que entende e dá palpite. Nesse campo, quando a
três etapas subdivididas: confusão se instala, quebram-se as regras, e os atores, ao entrar em
1 - Emissor: é a pessoa que pretende comunicar uma mensa- cena, dão caneladas, e o jogo passa a ser um completo vale-tudo.
gem, pode ser chamada de fonte ou de origem. Já comunicabilidade é o ato comunicativo otimizado, no qual a
a) Significado: corresponde à ideia, ao conceito que o emissor mensagem é transferida integral, correta, rápida e economicamente.
deseja comunicar. Ou seja, é fazer com que a comunicação realmente obtenha seu
b) Codificador: é constituído pelo mecanismo vocal para deci- objetivo, que é fazer com que o receptor entenda justamente aquilo
frar a mensagem. que o emissor intencionava.
2 - Mensagem: é a ideia em que o emissor deseja comunicar. No atendimento, a comunicação tem o papel essencial. Pois, o
a) Canal: também chamado de veículo, é o espaço situado entre atendimento se concretiza através da troca de informações.
o emissor e o receptor. O atendente deve ouvir e solicitar feedbak ao cliente, visando
b) Ruído: é a perturbação dentro do processo de comunicação. entender, sem ruídos, aquilo que está sendo solicitado.
Tudo aquilo que interfere na mensagem, e não a deixa ser compreen- É de interesse do cliente e do atendente que a informação seja
dida corretamente. recebida de forma clara. Porém, sabemos que nem sempre isso é
3 - Receptor: é a etapa que recebe a mensagem, a quem é des- possível.
tinada. Assim, o atendente tem o dever de fazer com que o processo de
a) Descodificador: é estabelecido pelo mecanismo auditivo para comunicação aconteça da melhor forma, através, de questionamen-
decifrar a mensagem, para que o receptor a compreenda. tos que leve à recepção da mensagem.
b) Compreensão: é o entendimento da mensagem pelo receptor. É importante que primeiramente, o atendente entenda a lingua-
c) Feedback: É o ato de confirmação da mensagem, pelo recep- gem do cliente, e estabeleça para si mesmo o mesmo nível. Tudo
tor, recebida do emissor. Representa a volta da mensagem enviada isso, para que o público em questão, também consiga compreender
pelo emissor. o que o atendente está dizendo.

Didatismo e Conhecimento 58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Ter o mesmo nível de linguagem não quer dizer utilizar-se da Unhas e cabelos limpos e hálito agradável também compreendem
forma incorreta da língua portuguesa. E sim, dispensar de termos os elementos que constituem a imagem que o cliente irá fazer da
técnicos e palavras difíceis nas quais não podem ser de entendi- empresa, através do atendente.
mento do cliente. O cliente, ou, futuro, questiona e visualiza sempre. Por isso, a
Esse desnível de linguagem também caracteriza-se como ruí- expressão corporal e a disposição na apresentação se tornam fatores
dos, e atrapalham o processo de comunicação. que irão compreender no julgamento do cliente.
Fazer esse diagnóstico de qual linguagem deve ser utilizada, A satisfação do atendimento começa a ser formado na apresen-
auxilia no processo de acolhimento das mensagens. Pois, torna a tação.
comunicação clara e objetiva, que é um dos fatores essenciais para Assim, a saudação inicial deve ser firme, profissional, clara e de
a qualidade no atendimento. forma que transmita compromisso, interesse e prontidão.
É muito complexo falar sobre a linguagem adequada utilizada O tom de voz deve ser sempre agradável, e em bom tom. O que
em uma mensagem. Há dois tipos de variações: prejudica muitos relacionamentos das empresas com os clientes, é a
- As variações de uso regional de acordo com o espaço geo- forma de tratamento na apresentação. É fundamental que no ato da
gráfico, na qual denominamos de dialeto. apresentação, o atendente mostre ao cliente que ele é Bem-Vindo e
- As variações que dever ser ajustadas de acordo com o des- que sua presença na empresa é importante.
tinatário, tais como: a língua falada, a escrita, a jurídica, dos eco- Há várias regras a serem seguidas para a apresentação inicial
nomistas, dos internautas, etc. A essas variações denominamos, para um Atendimento com Qualidade. O que dizer antes? O nome,
registros. nome da empresa, Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite? Pois não? Pos-
Ressalta-se, que as variações são usadas para distinção social, so ajudá-lo?
qualificando em grupos de origem, formação profissional, escola- A sequência não importa. O que deve ser pensado na hora, é
ridade, etc. que essas frases realmente devem ser ditas de forma positiva e que
tenham significado.
Os clientes não aguentam mais atendimentos com apresenta-
Língua Falada Língua Escrita
vulgar ções mecânicas.
vulgar O que eles querem sentir na apresentação é receptividade e per-
coloquial
despreocupada sonalização.
despreocupada
formal Por isso, saudar com Bom Dia, Boa Tarde, ou, Boa Noite; é
coloquial culta
literária ótimo! Mas, isso deve ser dito, desejando mesmo que o cliente tenha
formal
tudo isso. Dizer o nome da empresa se o atendimento for através do
Falada vulgar: não existe preocupação com a norma grama- telefone também faz parte. Porém, deve ser feito de forma clara e de-
tical. vagar. Não deve-se dar margem para dúvidas, ou, falar de forma que
Falada coloquial despreocupada: usada na conversação cor- ele tenha que perguntar de onde é, logo após o atendente ter falado.
rente, com gírias e expressões familiares. Dizer o nome, também é importante. Mas, isso pode ser dito de uma
Falada culta: linguagem usada em sala de aula, reuniões, pa- forma melhor como, perguntar o nome do cliente primeiro, e depois
lestras, sem fugir da naturalidade. o atendente diz o seu. Exemplo: Qual seu nome, por favor? Maria,
Falada formal: imita em tudo a escrita, por isso mesmo, soa eu sou a Madalena, hoje posso ajuda-la em quê?
artificial. O cliente com certeza já irá se sentir com prestígio, e também,
Escrita vulgar: usada por pessoas sem escolaridade e contém irá perceber que essa empresa trabalha pautada na qualidade do
vários erros. atendimento.
Escrita despreocupada: usada em bilhetes ou correspondên- Segundo a Sabedoria Popular, leva-se de 5 a 10 segundos para
cias íntimas. formarmos a primeira impressão de algo. Por isso, o atendente deve
Escrita formal: usada em correspondência empresarial com trabalhar nesses segundos iniciais como fatores essenciais para o
norma gramatical. atendimento. Fazendo com que o cliente tenha uma boa imagem da
Escrita literária: respeita a norma gramatical e utiliza recursos empresa.
estilísticos de forma inovadora. O profissionalismo na apresentação se tornou fator chave para
Como se pode ver há várias maneiras de expressar as ideias e o atendimento. Excesso de intimidade na apresentação é repudiável.
cada qual é exigida em determinada situação. O cliente não está procurando amigos de infância. E sim, soluções
aos seus problemas.
Assim, os nomes que caracterizam intimidade devem ser aboli-
Apresentação
dos do atendimento. Tampouco, os nomes e adjetivos no diminutivo.
O responsável pelo primeiro atendimento representa a primei-
Outro fator que decepciona e enfurece os clientes, é a demora
ra impressão da empresa, que o cliente irá formar, como a imagem
no atendimento. Principalmente quando ele observa que o atendente
da empresa como um todo.
está conversando assuntos particulares, ou, fazendo ações que são
E por isso, a apresentação inicial de quem faz o atendimento
particulares e não condizem com seu trabalho.
deve transmitir confiabilidade, segurança, técnica e ter uma apre-
A instantaneidade na apresentação do atendimento configura
sentação ímpar.
seriedade e transmite confiança ao cliente.
É fundamental que a roupa esteja limpa e adequada ao am- Portanto, o atendente deve tratar a apresentação no atendimento
biente de trabalho. Se a empresa adotar uniforme, é indispensável como ponto inicial, de sucesso, para um bom relacionamento com
que o use sempre, e que o apresente sempre de forma impecável. o cliente.

Didatismo e Conhecimento 59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Atenção, Cortesia e Interesse. Tomar nota das informações pode trazer mais tranquilidade ao
O cliente quando procura atendimento, é porque tem necessida- atendimento. Ainda mais se ele estiver sendo feito pelo telefone.
de de algo. O atendente deve desprender toda a atenção para ele. Por Essa técnica auxilia na compreensão, e afasta a duplicidade de ques-
isso deve ser interrompido tudo o que está fazendo, e prestar atenção tionamentos que já foram feitos, ou de informações que já foram
única e exclusivamente ao cliente. passadas.
Assuntos particulares e distrações são encarados pelos clientes Fazer perguntas ao sentir necessidade de algum esclarecimento,
como falta de profissionalismo. é importante. O atendente não deve-se inibir. Já foi dito que fazer
Atentar-se ao que ele diz e traduzir os gestos e movimentos. uma pergunta mais de uma vez deve ser evitado. E também, que in-
Tudo isso deve ser compreendido e transformado em conhecimento formações que já foram passadas pelo cliente, não devem ser ques-
ao atendente sobre o cliente. tionadas. Porém, se houver necessidade, o atendente deve fazê-la.
Perguntar mais de uma vez a mesma coisa, ou, indagar algo que Mas, deve pedir desculpas por refazê-la, e dizer que foi um lapso.
já foi dito antes, são decodificados pelo cliente como desprezo ao Confirmar o que foi dito, solicitar feedback, passa uma mensa-
que pretende.
gem de profissionalismo, atenção e interesse ao cliente. Demonstra
É importante ter atenção a tudo o que o cliente faz e diz, para
que o atendente e a empresa estão preocupados com sua situação, e
que o atendimento seja personalizado e os interesses e necessidades
também, em fazer um atendimento com qualidade.
dele sejam trabalhados e atendidos.
É indispensável que se use do formalismo e da cortesia. O Portanto, estabelecer empatia e falar claramente e pausadamen-
excesso de intimidade pode constranger o cliente. Ser educado e te, sem ser monótono, evitando ainda o uso de gírias; falar com voz
cortês é fundamental. Porém, o excesso de amabilidade, se torna tão clara e expressiva (boa dicção) são atitudes que tornam o atendimen-
inconveniente quanto a falta de educação. to ao cliente com qualidade.
O atendimento é mais importante que preço, produto ou ser-
viço, para o cliente. Por isso, a atenção à ele deve ser única e ex- Discrição
clusiva. Portanto, é necessário que o cliente sinta-se importante e A discrição é uma qualidade invejável no ser humano. Pessoas
sinta que está sendo proporcionado à ele um ambiente agradável e discretas sabem guardar segredos, não fazem comentários que pos-
favorável para que seus desejos e necessidades sejam atendidos. O sam causar conflitos, são reservadas e não chamam a atenção. As
atendente deve estar voltado completamente para a interação com o pessoas mais extrovertidas podem também serem pessoas discretas.
cliente, estando sempre atento para perceber constantemente as suas Isso se refletirá em suas atitudes e em suas palavras.
necessidades. Por isso, o mais importante é demonstrar interesse em A discrição no atendimento tem a ver com sigilo. O atendente
relação às necessidades dos clientes e atendê-las prontamente e da deve portar-se de forma com que as informações que estão sendo
melhor forma possível. tratadas com o cliente, no momento, não sejam ouvidas ou percebi-
Gentileza é o ponto inicial para a construção do relacionamento das por nenhum outro cliente, tampouco por outro atendente.
com o cliente. A educação deve permear em todo processo de aten- Mesmo após o atendimento, os comentários devem ser evi-
dimento. Desde a apresentação até a despedida. Saudar o cliente, tados. O atendente deve adotar uma postura ética, lembrando que
utilizar de obrigado, por favor, desculpas por imprevistos, são fun- todas as informações sobre aquele atendimento, requer sigilo total.
damentais em todo processo. Pois, os dados e informações passadas são secretos e confidenciais.
Caracteriza-se também, como cortesia no atendimento, o tom Outra atitude que deve ser evitada são comentários sobre o
de voz e forma com que se dirige ao cliente. atendimento, fora da Empresa, como: com familiares e amigos. O
O tom de voz deve ser agradável. Mas, precisa ser audível. Ou atendente deve lembrar-se que o que foi tratado naquele instante,
seja, que dê para compreender. Mas, é importante lembrar, que ape- não deve ser comentado, nem dentro, muito menos fora da organi-
nas o cliente deve escutar. E não todo mundo que se encontra no
zação.
estabelecimento.
A ética do sigilo das informações dos clientes abrange tanto
Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Pois, algumas pa-
dentro, quanto fora da Instituição. E ainda, contempla também, an-
lavras e tratamentos podem ser ofensivos à eles. Portanto, deve-se
utilizar sempre como formas de tratamento: Senhor e Senhora. tes, durante e depois do atendimento.
Assim, ao realizar um atendimento, seja pessoalmente ou por O atendente deve ser prudente, ter discernimento e sensatez
telefone, quem o faz está oferecendo a sua imagem (vendendo sua quando fornece uma informação ao cliente. É necessário manter-se
imagem) e da empresa na qual está representando. As ações repre- reservado sobre o que o cliente lhe diz. Assim, estará transmitindo
sentam o que a empresa pretende. confiança e seriedade no trabalho desenvolvido.
Por isso, é importante salientar que não deve se distrair durante Outra questão sobre discrição no atendimento é sobre as infor-
o atendimento. Deve-se concentrar em tudo o que o cliente está di- mações passadas aos clientes. Fazer comentários de outros clientes,
zendo. Também, não se deve ficar pensando na resposta na hora em não é ético, muito menos profissional. Tampouco, fazer comentários
que o interlocutor estiver falando. Concentre-se em ouvir primeiro. sobre colegas de trabalho.
Outro fator importante e que deve ser levado em conta no aten- A discrição no atendimento com qualidade deve ser praxe, e
dimento é não interromper o interlocutor. Pois, quando duas pessoas está ligada à informação que se passa e como irá trata-la; e também,
falam ao mesmo tempo, nenhuma ouve corretamente o que a outra está conectada ao comportamento.
está dizendo. E assim, não há a comunicação.
O atendente também não deve se sentir como se estivesse sendo Presteza, Eficiência e Tolerância
atacado. Pois, alguns clientes, dão um tom mais agressivo à sua fala. Ter presteza no atendimento faz com que o cliente sinta que a
Porém, isso deve ser combatido através da atitude do atendente, que empresa, é uma organização na qual tem o foco no cliente. Ou seja,
deve responder de forma calma, tranquila e sensata, e sem elevar o é uma instituição que prima por solucionar as dúvidas, problemas e
tom da voz. E também, sem se alterar. necessidades dos clientes.

Didatismo e Conhecimento 60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Ser ágil, sim. Mas, a qualidade não pode ser deixada de lado. - Ter ética em todos os níveis de atendimento faz com que o
Pois de nada adianta fazer rápido, se terá que ser feito nova- cliente não tenha dúvida sobre a organização. E assim, não desper-
mente. Portanto a presteza tem a ver com objetividade, e deve ser dice tempo fazendo questionamentos sobre a conduta da empresa.
acompanhada de qualidade. - O atendente deve saber que sempre há uma solução para tudo
Para isso, é importante que o ambiente de trabalho esteja orga- e para todos, buscando sempre os entendimentos e os acordos em
nizado, para que tudo o que precisa possa ser encontrado facilmente. todas as situações, por mais difíceis que elas se apresentem.
Também, estar bem informado sobre os produtos e serviços da - O atendente deve saber utilizar a comunicação e as informa-
organização, torna o atendimento mais ágil. ções.
Em um mundo no qual tempo está relacionado a dinheiro, o - O todo é composto de partes, e para os clientes “as ações sem-
pre falaram mais alto que as palavras”.
cliente não se sente bem em lugares no qual ele tenha que perder
- Em todos os níveis de atendimento será inevitável deparar-se
muito tempo para solucionar algum problema.
com clientes ofensivos e agressivos. Para tanto, o atendente deve
Instantaneidade é a palavra de ordem. Por mais que o processo ter tolerância para acalmar o cliente e mostrar que ele está ali para
de atendimento demore, o que o cliente precisa detectar, é que está auxiliá-lo e resolver o problema.
sendo feito na velocidade máxima permitida. Não deixar dúvidas ao cliente de que a receptividade na empre-
Tudo isso também, tendo em vista que a demora pode afetar no sa é a palavra de ordem, acalma e tranquiliza. Por isso, a tolerância
processo de atendimento de outros clientes que estão à espera. é importante para que não se perca a linha e comprometa a imagem
Porém, é importante atender completamente um cliente para da empresa e a qualidade no atendimento.
depois começar atender o próximo. Não demonstrar ao cliente que o atendente é só mais um na
Ser ágil não está ligado a fazer apenas um pouco. E sim, fazer empresa, e que o que o cliente procura não tem ligação com sua
na totalidade, porém, de maneira otimizada. competência, evita conflitos.
O comportamento eficiente cumpre o prometido, com foco no Por mais que não seja o responsável pela situação, o atendente
problema.  deve demonstrar interesse, presteza e tolerância.
Ser eficiente é realizar tarefas, resolvendo os problemas ineren- Por mais que o cliente insista em construir uma situação de dis-
tes a ela. Ser eficiente é atingir a meta estabelecida. cussão, o atendente deve-se manter firme, tolerante e profissional,
Por isso, o atendimento eficiente é aquele no qual não perde evitando assim, qualquer mal estar que possa atrapalhar o relaciona-
tempo com perfumarias. E sim, agiliza o processo para que o dese- mento com esse cliente.
Portanto, a presteza, eficiência e a tolerância, formam uma trí-
jado pelo cliente seja cumprido em menor tempo.
plice que sustentam os atendimentos pautados na qualidade, tendo
Eficiência está ligada a rendimento. Por isso, atendimento efi-
em vista que a agilidade e profissionalismo norteiam os relaciona-
ciente é aquele que rende o suficiente para ser útil. mentos.
O atendente precisa compreender que o cliente está ali para ser
atendido. Por isso, não deve perder tempo com assuntos ou ações Conduta e Objetividade
que desviem do pretendido. A postura do atendente deve ser proativa, passando confiança e
Há alguns pontos que levam a um atendimento eficiente, como credibilidade. Sendo ao mesmo tempo profissional e possuindo sim-
por exemplo: patia. Ser comprometido e ter bom senso, atendendo de forma gentil
- Todos fazem parte do atendimento. Saber o que todos da em- e educada. Sorrindo e tendo iniciativa, utilizando um tom de voz
presa fazem evita que o cliente tenha que repetir mais de uma vez que apenas o cliente escute, e não todos que estão no local e ouvindo
o que deseja, e que fique esperando mais tempo que o necessário. atentamente, são condutas essenciais para o atendente.
- Cativar o cliente, sem se prolongar muito, mostra eficiência e O sigilo é importante, e por isso, o tom de voz no atendimento
profissionalismo. é essencial. O atendimento deve ser exclusivo e impessoal. Ou seja,
- Respeitar o tempo e espaço das pessoas é fundamental ao o assunto que está sendo tratado no momento, deve ser dirigido ape-
cliente. Se ele precisa de um tempo a mais para elaborar e processar nas ao cliente. As demais pessoas que estão no local não podem e
o que está sendo feito, dê esse tempo à ele, auxiliando-o com infor- nem devem escutar o que está sendo tratado no momento. Principal-
mações e questões que o leve ao processo de compreensão. mente se for assunto pessoal.
- Ser positivo e otimista, e ao mesmo tempo ágil, fará com que Essa conduta de impessoalidade e personalização transforma o
atendimento, e dão um tom formal à situação.
o cliente tenha a mesma conduta.
A objetividade está ligada à eficiência e presteza. E por isso,
- Saber identificar os gestos e as reações das pessoas, de forma
tem como foco, como já vimos, em eliminar desperdiçadores de
a não se tornar desagradável ou inconveniente, facilita no atendi- tempo, que são aquelas atitudes que destoam do foco.
mento. Ser objetivo é pensar fundamentalmente apenas no que o clien-
- Ter capacidade de ouvir o que falam, procurando interpretar te precisa e para o que ele está ali.
o que dizem e o que deixaram de dizer, exercitando o “ouvir com a Solucionar o seu problema e atender às suas necessidades de-
inteligência e não só com o ouvido”. vem ser tratados como assuntos urgentes e emergentes. Ou seja, têm
- Interpretar cada cliente, procurando identificar a real im- pressa e necessita de uma solução rapidamente.
portância de cada “fala” e os valores do que foi dito. Saber falar a Afirmamos anteriormente, que o atendimento com qualidade
linguagem de cada cliente procurando identificar o que é especial, deve ser pautado na brevidade. Porém, isso não exclui outros fatores
importante e ou essencial em cada solicitação, procurando ajuda-lo tão importantes quanto, como: clareza, atenção, interesse e comuni-
a conseguir o que deseja, otimiza o processo. cabilidade. Pois o atendimento com qualidade deve ser construído
- O atendente deve saber que fazer um atendimento eficiente é em cima de uma série de fatores que configuram um atendimento
ser breve sem tornar-se desagradável. com qualidade. E não apenas/somente um elemento.

Didatismo e Conhecimento 61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
TRABALHO EM EQUIPE  As denominações tradicionais para a matéria referente ao cri-
me e às suas consequências são Direito Penal e Direito Criminal.
As relações humanas é considerar todo tipo de ralação social ou A primeira delas é largamente utilizada, principalmente, nos países
interação entre os indivíduos. ocidentais, como Alemanha, França, Espanha, Itália etc., embora a
Relações humanas no trabalho, por exemplo, são necessárias segunda ainda seja usada com frequência. Entre nós, a denominação
pelo fato de que todos os setores da vida exigem trabalho em grupo, passou a ser utilizada no Código Penal da República (1890), a que
o homem já não pode trabalhar sozinho. A divisão do trabalho cada se sucederam a Consolidação das Leis Penais (1936) e o Código
vez maior torna o dia a dia da empresa mais dependente do grupo, e Penal vigente (de 1940), que a consagrou no direito pátrio. A nova
dos indivíduos que o compõe. Constituição Federal, mantendo a tradição, refere-se à competência
No trabalho, estas relações são necessárias pois toda empresa, da União para legislar sobre «direito penal» (art. 22, I).
seja ela de grande, médio ou pequeno porte, tem como principio de O fato que contraria a norma de Direito, ofendendo ou pondo
funcionamento a trabalho em conjunto, a coletividade, pois a maio- em perigo um bem alheio ou a própria existência da sociedade, é
ria das tarefas são realizadas por grandes grupos de pessoas, onde
um ilícito jurídico, que pode ter consequências meramente civis ou
cada um tem sua função. Este processo de divisão do trabalho se deu
possibilitar a aplicação de sanções penais.
ao longo de tempo e teve seu auge quando foi iniciada a revolução
No primeiro caso, tem-se somente um ilícito civil, que acarreta-
industrial e o a inserção do sistema capitalista de produção, que visa
o lucro a produtividade, ou seja, cada pessoa fazendo exclusivamen- rá àquele que o praticou apenas uma reparação civil: aquele que, por
te determinada tarefa aumentaria a produtividade e minimizaria o culpa, causar dano a alguém será obrigado a indenizá-lo; o devedor
tempo gasto no processo de produção. que não efetua o pagamento tempestivamente sofrerá a execução
É necessário conhecer o individuo para conhecer suas com a penhora de bens e sua venda em hasta pública, arcando com o
qualificações, suas necessidades e limitações para que ele seja ônus decorrente do atraso (multa, correção monetária etc.); o cônju-
utilizado para ser útil dentro da empresa e que também possa está ge que abandona o lar estará sujeito ao divórcio etc.
realizado fazendo determinado trabalho, para a satisfação da empresa Muitas vezes, porém, essas sanções civis se mostram insufi-
e do trabalhador estarem sempre produzindo qualitativamente. cientes para coibir a prática de ilícitos jurídicos graves, que atingem
O velho modelo burocrático não tem mais serventia. As organi- não apenas interesses individuais, mas também bens jurídicos rele-
zações estão migrando rapidamente para um novo conceito de tra- vantes, em condutas profundamente lesivas à vida social. Arma-se o
balho: ao invés de separar as pessoas em cargos individuais e frag- Estado, então, contra os respectivos autores desses fatos, cominando
mentados o segredo agora está em juntar as pessoas em equipes ou e aplicando sanções severas por meio de um conjunto de normas ju-
células de produção, em grupos integrados de trabalho e atividades rídicas que constituem o Direito Penal. Justificam-se as disposições
conjuntas. O resultado é bem melhor. penais quando meios menos incisivos, como os de Direito Civil ou
Direito Público, não bastam ao interesse de eficiente proteção aos
bens jurídicos.
A missão do Direito Penal é proteger os valores fundamentais
12 NOÇÕES DE DIREITO PENAL. para a subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a liber-
dade, a propriedade etc., denominados bens jurídicos. Essa proteção
é exercida não apenas pela intimidação coletiva, mais conhecida
como prevenção geral e exercida mediante a difusão do temor aos
A vida em sociedade exige um complexo de normas disciplina- possíveis infratores do risco da sanção penal, mas, sobretudo pela
doras que estabeleça as regras indispensáveis ao convívio entre os celebração de compromissos éticos entre o Estado e o indivíduo,
indivíduos que a compõem. O conjunto dessas regras, denominado
pelos quais se consigna o respeito às normas, menos por receio de
direito positivo, que deve ser obedecido e cumprido por todos os
punição e mais pela convicção da sua necessidade e justiça.
integrantes do grupo social, prevê as consequências e sanções aos
Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitraria-
que violarem seus preceitos. À reunião das normas jurídicas pelas
quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção mente, na legislação penal são definidos esses fatos graves, que pas-
penal, estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos sam a ser ilícitos penais (crimes e contravenções), estabelecendo-se
para a aplicação das penas e das medidas de segurança, dá-se o as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores dessas
nome de Direito Penal. normas. Assim, àquele que pratica um homicídio simples, será apli-
O direito penal é o segmento do ordenamento jurídico que de- cada a pena de seis a vinte anos de reclusão; o inimputável que co-
tém a função de selecionar os comportamentos humanos mais gra- mete um ilícito penal será submetido a uma medida de segurança; ao
ves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco va- chamado semi-imputável poder-se-á aplicar uma pena ou submetê-
lores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como -lo a uma medida de segurança etc.
infrações penais, cominando-lhes, em consequência, as respectivas Segundo o pensamento dos juristas Binding e Jescheck, o Direi-
sanções além de estabelecer todas as regras complementares e gerais to Penal tem, assim, um caráter fragmentário, pois não encerra um
necessárias à sua correta e justa aplicação. sistema exaustivo de proteção aos bens jurídicos, mas apenas elege,
A expressão Direito Penal, porém, designa também o sistema conforme o critério do “merecimento da pena”, determinados pon-
de interpretação da legislação penal, ou seja, a Ciência do Direito tos essenciais. Mas, enquanto o primeiro entendia ser esse o defeito
Penal, conjunto de conhecimentos e princípios ordenados metodi- do Direito Penal, Jescheck considera um mérito e uma característica
camente, de modo que torne possível a elucidação do conteúdo das essencial do Estado liberal do Direito que se reduza a criminalização
normas e dos institutos em que eles se agrupam, com vistas em sua àquelas ações que, por sua perigosidade e reprovabilidade, exigem e
aplicação aos casos ocorrentes, segundo critérios rigorosos de jus- merecem no interesse da proteção social, inequivocamente, a sanção
tiça. penal.

Didatismo e Conhecimento 62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Pode-se dizer, assim, que o fim do Direito Penal é a proteção Discute-se se o Direito Penal é constitutivo, primário e autôno-
da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fun- mo ou se tem caráter sancionador, secundário e acessório. Afirma-se
damentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patri- que se trata de um direito constitutivo porque possui um ilícito pró-
mônio, costumes, paz pública etc.). Deve-se observar, contudo, que prio, oriundo da tipicidade, uma sanção peculiar (pena), e institutos
alguns desses bens jurídicos não são tutelados penalmente quando, exclusivos como o sursis, o livramento condicional, o indulto etc.
a critério do legislador, não é relevantemente antissocial a ação que Lembra Walter de Abreu Garcez que “as normas jurídicas não se re-
o lesou, ou seja, não é acentuado o desvalor da conduta do autor da colhem a comportamentos estanques, mas sim atuam em harmonia
lesão. Por isso, não estão sujeitos às sanções penais, por exemplo, no quadro de uma sistematização geral, sem que por tais correlações
aquele que, culposamente, destrói coisa alheia, o que pratica um ato se possa falar em acessoriedade, secundariedade ou complementa-
obsceno em lugar privado não aberto ou exposto ao público desde riedade de umas e outras”. Tal iteração não retiraria, portanto, o ca-
que não constitua um crime contra a honra etc. ráter constitutivo do Direito Penal.
Do exposto, derivam as definições de Direito Penal que passa- Em princípio, porém, não se pode falar de autonomia do ilícito
mos a reproduzir: “é o conjunto de normas jurídicas que o Estado penal e, portanto, do caráter constitutivo do Direito Penal. A contra-
estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de riedade do fato ao direito não é meramente de ordem penal; sua anti-
segurança”, é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder juridicidade resulta de sua infração a todo o ordenamento jurídico. A
punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal lei penal, portanto, não cria a antijuridicidade, mas apenas se limita a
e as medidas aplicáveis a quem os prática;” é o conjunto de nor- cominar penas às condutas que já são antijurídicas em face de outros
mas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, ramos do Direito (Civil, Comercial, Administrativo, Tributário, Pro-
e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para cessual etc.), e a descriminalização de um fato não lhe retirará a sua
estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do ilicitude. Revela-se, assim, que a norma penal é sancionadora, refor-
direito de liberdade em face do poder de punir do Estado»; é «o çando a tutela jurídica dos bens regidos pela legislação extrapenal.
conjunto de normas e disposições jurídicas que regulam o exercício A tutela penal alcança bens jurídicos que não são objeto das
do poder sancionador e preventivo do Estado, estabelecendo o leis extrapenais, como a integridade física e a vida, por exemplo, no
conceito do crime como pressuposto da ação estatal, assim como a crime de omissão de socorro, em que a infração a uma simples regra
responsabilidade do sujeito ativo, e associando à infração da norma de solidariedade humana é elevada à categoria de ilícito penal. Tam-
uma pena finalista ou uma medida de segurança». bém as tentativas e os crimes de perigo em que não haja qualquer
Não se pode deixar de reconhecer, entretanto, que, ao menos em dano restariam sem sanção jurídica se não fosse a existência do Di-
caráter secundário, o Direito Penal tem uma aspiração ética: dese- reito Penal positivo. Por essa razão, o mais correto é afirmar, como
ja evitar o cometimento de crimes que afetam de forma intolerável Zaffaroni, que “o Direito Penal é predominantemente sancionador e
os bens jurídicos penalmente tutelados. Essa finalidade ética não é, excepcionalmente constitutivo”.
todavia, um fim em si mesmo, mas a razão da prevenção penal, da Como ciência jurídica, o Direito Penal tem caráter dogmático,
tutela da lei penal aos bens jurídicos preeminentes. Assim, a tarefa já que se fundamenta no direito positivo, exigindo-se o cumprimen-
imediata do Direito Penal é de natureza eminentemente jurídica e, to de todas suas normas pela sua obrigatoriedade. Por essa razão,
como tal, primordialmente destinada à proteção dos bens jurídicos. seu método de estudo não é experimental, como na Criminologia,
Diz-se que o Direito Penal é uma ciência cultural e normativa. É por exemplo, mas técnico jurídico. Desenvolve-se esse método na
uma ciência cultural porque indaga o dever ser, traduzindo-se em re- interpretação das normas, na definição de princípios, na construção
gras de conduta que devem ser observadas por todos no respeito aos de institutos próprios e na sistematização final de normas, princípios
mais relevantes interesses sociais. Diferencia-se, assim, das ciências e institutos. Deve o estudioso de Direito Penal, contudo, evitar o
naturais, em que o objeto de estudo é o ser, o objeto em si mesmo. excesso de dogmatismo, já que a lei e a sua aplicação, pelo íntimo
É também uma ciência normativa, pois seu objeto é o estudo contato com o indivíduo e a sociedade, exigem que se observe a rea-
da lei, da norma, do direito positivo, como dado fundamental e lidade da vida, suas manifestações e exigências sociais e a evolução
indiscutível em sua observância obrigatória. Não se preocupa, por- dos costumes.
tanto, com a verificação da gênese do crime, dos fatos que levam à A norma penal em um Estado Democrático de Direito não é
criminalidade ou dos aspectos sociais que podem determinar a prá- somente aquela que formalmente descreve um fato como infração
tica do ilícito, preocupações próprias das ciências causais explicati- penal, pouco importando se ele ofende ou não o sentimento social
vas, como a Criminologia, a Sociologia Criminal etc. de justiça; ao contrário, sob pena de colidir com a Constituição, o
O Direito Penal positivo é valorativo, finalista e sancionador. tipo incriminador deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos
A norma penal é valorativa porque tutela os valores mais ele- os comportamentos humanos, somente aqueles que realmente pos-
vados da sociedade, dispondo-os em uma escala hierárquica e valo- suam lesividade social.
rando os fatos de acordo com a sua gravidade. Quanto mais grave Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem
o crime, o desvalor da ação, mais severa será a sanção aplicável a atuar como balizas para a correta interpretação e a justa aplicação
seu autor. das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação mera-
Tem ainda a lei penal caráter finalista, porquanto visa à proteção mente robotizada dos tipos incriminadores, ditada pela verificação
de bens e interesses jurídicos merecedores da tutela mais eficiente rudimentar da adequação típica formal, descurando-se de qualquer
que só podem ser eficazmente protegidos pela ameaça legal de apli- apreciação ontológica do injusto.
cação de sanções de poder intimidativo maior, como a pena. Essa Em seguida, para maiores noções acerca do Direito Penal em
prevenção é a maior finalidade da lei penal. seguida apresentaremos o que prevê o Código Penal – Parte Geral.

Didatismo e Conhecimento 63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
        Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
Código Penal. sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei: d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
         no Brasil; 
PARTE GERAL II - os crimes:  
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
TÍTULO I b) praticados por brasileiro; 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro
Anterioridade da Lei e aí não sejam julgados. 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
pena sem prévia cominação legal.  brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
        § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
Lei penal no tempo depende do concurso das seguintes condições:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior a) entrar o agente no território nacional; 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
efeitos penais da sentença condenatória.   c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasilei-
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favore- ra autoriza a extradição; 
cer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
sentença condenatória transitada em julgado.   cumprido a pena; 
        e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
Lei excepcional ou temporária  motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favo-
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o rável. 
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determi- § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
naram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.   estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições
        previstas no parágrafo anterior: 
Tempo do crime a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.        
        Pena cumprida no estrangeiro 
Territorialidade Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no ter- quando idênticas. 
ritório nacional.         
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão Eficácia de sentença estrangeira 
do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei bra-
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer sileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homo-
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações logada no Brasil para:
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.  outros efeitos civis;
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados II - sujeitá-lo a medida de segurança.
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade Parágrafo único - A homologação depende: ;
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte in-
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar teressada; 
territorial do Brasil. b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
        com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na
Lugar do crime  falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor- Contagem de prazo 
reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se         
produziu ou deveria produzir-se o resultado. Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
        Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.        
Extraterritorialidade  Frações não computáveis da pena
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no         
estrangeiro:  Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas
I - os crimes:  restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as fra-
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;  ções de cruzeiro. 

Didatismo e Conhecimento 64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Legislação especial  Crime culposo 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por impru-
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.  dência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único  - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
TÍTULO II pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pra-
DO CRIME tica dolosamente.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
         Agravação pelo resultado
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, so- Art. 19  - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só
mente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.         
Superveniência de causa independente Erro sobre elementos do tipo
§ 1º  - A superveniência de causa relativamente independente Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
previsto em lei. 
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
  Relevância da omissão
Descriminantes putativas 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente de-
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
via e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria
quem: a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; culpa e o fato é punível como crime culposo.
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o re-
sultado;  Erro determinado por terceiro
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
do resultado. 
         Erro sobre a pessoa 
Art. 14 - Diz-se o crime:  § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado
Crime consumado  não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
sua definição legal;  queria praticar o crime.
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por Erro sobre a ilicitude do fato
circunstâncias alheias à vontade do agente.  Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
Pena de tentativa a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a ten- diminuí-la de um sexto a um terço.
tativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua
de um a dois terços. ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir Coação irresistível e obediência hierárquica 
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pe- Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
los atos já praticados. estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
       
       
Arrependimento posterior
Exclusão de ilicitude
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
I - em estado de necessidade; 
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será II - em legítima defesa;
reduzida de um a dois terços.  III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício re-
gular de direito.
Crime impossível  Excesso punível 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso- Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
consumar-se o crime.        
         Estado de necessidade
Art. 18 - Diz-se o crime: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o
Crime doloso fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade,
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sa-
de produzi-lo; crifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Didatismo e Conhecimento 65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o de- Circunstâncias incomunicáveis
ver legal de enfrentar o perigo.  Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
§ 2º  - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.       
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
        Casos de impunibilidade
Legítima defesa Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode- salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou não chega, pelo menos, a ser tentado. 
iminente, a direito seu ou de outrem.
TÍTULO V
TÍTULO III DAS PENAS
DA IMPUTABILIDADE PENAL
CAPÍTULO I
Inimputáveis        
DAS ESPÉCIES DE PENA
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
        
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
Art. 32 - As penas são: 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilí-
I - privativas de liberdade;
cito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
II - restritivas de direitos;
Redução de pena III - de multa.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por de- SEÇÃO I
senvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de RECLUSÃO E DETENÇÃO
acordo com esse entendimento.         
        Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fe-
Menores de dezoito anos chado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto,
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inim- ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
putáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação es- § 1º - Considera-se: 
pecial.  a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de
        segurança máxima ou média;
Emoção e paixão b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola,
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:  industrial ou estabelecimento similar;
I - a emoção ou a paixão;  c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
Embriaguez § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substân- em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados
cia de efeitos análogos. os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, regime mais rigoroso:
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do a cumpri-la em regime fechado;
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio,
por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não
cumpri-la em regime semiaberto;
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou infe-
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento. rior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.
TÍTULO IV § 3º  - A determinação do regime inicial de cumprimento da
DO CONCURSO DE PESSOAS pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 des-
REGRAS COMUNS ÀS PENAS PRIVATIVAS DE te Código.
LIBERDADE § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá
         a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à re-
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime in- paração do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito
cide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. praticado, com os acréscimos legais. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode        
ser diminuída de um sexto a um terço.  Regras do regime fechado
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimen-
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até to da pena, a exame criminológico de classificação para individua-
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.  lização da execução. 

Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a SEÇÃO II
isolamento durante o repouso noturno.  DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado,         
desde que compatíveis com a execução da pena. Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em I – prestação pecuniária; 
serviços ou obras públicas.  II – perda de bens e valores;
        III – (VETADO) 
Regras do regime semiaberto         IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi-
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao
cas; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 , renumerado  com
condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semiaber-
alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)
to.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o V – interdição temporária de direitos; 
período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento VI – limitação de fim de semana. 
similar.         
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e subs-
a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau tituem as privativas de liberdade, quando: 
ou superior.  I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro
        anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça
Regras do regime aberto à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for cul-
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de poso;
responsabilidade do condenado. II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade personalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns-
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e tâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
nos dias de folga. § 1o (VETADO)  
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição
fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se
se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. 
superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substi-
       
tuída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas res-
Regime especial
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento pró- tritivas de direitos.  
prio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição § 3o  Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida
        seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha ope-
Direitos do preso rado em virtude da prática do mesmo crime. 
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da res-
sua integridade física e moral.  trição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a execu-
        tar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos,
Trabalho do preso respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. 
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo- § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por
-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.  outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão,
        podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir
Legislação especial a pena substitutiva anterior.
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos         
arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direi- Conversão das penas restritivas de direitos
tos do preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo ante-
e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções.
rior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. 
       
Superveniência de doença mental § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinhei-
 Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada
ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior
falta, a outro estabelecimento adequado.  a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessen-
        ta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de
Detração eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na me- os beneficiários. 
dida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no es- § 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do be-
trangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer neficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de
dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.  outra natureza.

Didatismo e Conhecimento 67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados Pagamento da multa
dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Peni- Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois
tenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado
montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento
por terceiro, em consequência da prática do crime.  se realize em parcelas mensais. 
§ 4o (VETADO)  § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto
        no vencimento ou salário do condenado quando:
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas a) aplicada isoladamente;
 Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de pri- c) concedida a suspensão condicional da pena.
vação da liberdade.  § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensá-
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públi- veis ao sustento do condenado e de sua família.
cas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.          
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades Conversão da Multa e revogação 
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos Modo de Conversão
congêneres, em programas comunitários ou estatais.          
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a mul-
as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma ta será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da
hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não preju- legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no
dicar a jornada normal de trabalho.  que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao § 1º - e § 2º -(Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55),        
nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Suspensão da execução da multa
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém
Interdição temporária de direitos ao condenado doença mental. 
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:  
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública,
CAPÍTULO II
bem como de mandato eletivo; 
DA COMINAÇÃO DAS PENAS
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que
       
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do po-
Penas privativas de liberdade
der público;
Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites esta-
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veí-
belecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime. 
culo. 
       
IV – proibição de frequentar determinados lugares. 
Penas restritivas de direitos
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, indepen-
públicos.   
        dentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena
Limitação de fim de semana privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano,
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de ou nos crimes culposos.
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em         
casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.   Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III,
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministra- IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de
dos ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades edu- liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
cativas.         
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II
SEÇÃO III do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no
DA PENA DE MULTA exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes.  
Multa                
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo pe- Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47
nitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. 
Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e        
sessenta) dias-multa.  Pena de multa
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os
ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.
ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.  Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de
pelos índices de correção monetária.  cominação na parte especial. 

Didatismo e Conhecimento 68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO III III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à
DA APLICAÇÃO DA PENA sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade
pessoal; 
Fixação da pena IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou pro-
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à messa de recompensa.
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circuns-         
tâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da Reincidência
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para re- Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete
provação e prevenção do crime:  novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de li- Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
berdade; I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cum-
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por primento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
outra espécie de pena, se cabível.  período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período
         de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
Critérios especiais da pena de multa revogação; 
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, prin- II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
cipalmente, à situação econômica do réu.         
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz conside- Circunstâncias atenuantes
rar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
aplicada no máximo.  I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
Multa substitutiva
II - o desconhecimento da lei;
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a
III - ter o agente:
6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou
critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
moral;
       
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência,
Circunstâncias agravantes
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quan-
ter, antes do julgamento, reparado o dano;
do não constituem ou qualificam o crime:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cum-
I - a reincidência; 
II - ter o agente cometido o crime: primento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de
a) por motivo fútil ou torpe; violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impuni- d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria
dade ou vantagem de outro crime; do crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto,
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; se não o provocou.
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro        
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circuns-
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; tância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
 f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações do- expressamente em lei. 
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência con-        
tra a mulher na forma da lei específica;  Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,         
ofício, ministério ou profissão; Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderan-
lher grávida;  tes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determi-
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da auto- nantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. 
ridade;        
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer Cálculo da pena
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art.
l) em estado de embriaguez preordenada. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias
        atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
Agravantes no caso de concurso de pessoas aumento. 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:  Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de di-
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a minuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só
atividade dos demais agentes;  aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;  que mais aumente ou diminua.

Didatismo e Conhecimento 69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Concurso material Limite das penas
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de li-
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam- berdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. 
-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser
de detenção, executa-se primeiro aquela.  unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o para esse fim, o período de pena já cumprido.
art. 44 deste Código.         
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o Concurso de infrações
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis en- Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramen-
tre si e sucessivamente as demais. 
te a pena mais grave. 
Concurso formal
CAPÍTULO IV
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas         
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas Requisitos da suspensão da pena
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é  Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não supe-
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, rior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro)
consoante o disposto no artigo anterior. anos, desde que: 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível  I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; 
pela regra do art. 69 deste Código.  II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e perso-
        nalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias auto-
Crime continuado rizem a concessão do benefício.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omis- III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art.
são, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condi- 44 deste Código.
ções de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a
devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, concessão do benefício.
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a
grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que
terços.  o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferen- justifiquem a suspensão. 
tes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o        
juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará su-
e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstân- jeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas
cias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais pelo juiz. 
grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar
único do art. 70 e do art. 75 deste Código. serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim
        de semana (art. 48). 
Multas no concurso de crimes
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplica-
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste
das distinta e integralmente. 
Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a
        
exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de exe- cumulativamente: 
cução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, a) proibição de frequentar determinados lugares;
atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem auto-
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Có- rização do juiz;  
digo. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente preten- c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente,
dia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. para informar e justificar suas atividades.  
                
Resultado diverso do pretendido Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por aci- fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situa-
dente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do ção pessoal do condenado.  
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como         
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de di-
regra do art. 70 deste Código.   reitos nem à multa.  

Didatismo e Conhecimento 70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Revogação obrigatória Revogação do livramento
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser con-
beneficiário:   denado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: 
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;  I - por crime cometido durante a vigência do benefício; 
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste
não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; Código. 
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.          
Revogação facultativa Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o
descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da
condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou con-
privativa de liberdade ou restritiva de direitos.   travenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Prorrogação do período de prova
       
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime
Efeitos da revogação
ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente
até o julgamento
concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés
outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o
de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este
não foi o fixado.  tempo em que esteve solto o condenado.
               
Cumprimento das condições Extinção
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto
considera-se extinta a pena privativa de liberdade.  não passar em julgado a sentença em processo a que responde o
liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
CAPÍTULO V Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado,
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL considera-se extinta a pena privativa de liberdade. 
       
Requisitos do livramento condicional CAPÍTULO VI
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2        
(dois) anos, desde que:   Efeitos genéricos e específicos
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for Art. 91 - São efeitos da condenação: 
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;  I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente crime;
em crime doloso;   II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado
III - comprovado comportamento satisfatório durante a exe- ou de terceiro de boa-fé: 
cução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuí- a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coi-
do e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho sas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato
honesto;   ilícito;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que cons-
o dano causado pela infração;     titua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con-  
denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
reincidente específico em crimes dessa natureza. 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometi-
igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
do com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livra-
poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
mento ficará também subordinada à constatação de condições pes-
soais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.  b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo
        superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. 
Soma de penas II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas de- curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometi-
vem somar-se para efeito do livramento.  dos contra filho, tutelado ou curatelado;  
        III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como
Especificações das condições meio para a prática de crime doloso.  
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica su- Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são
bordinado o livramento. automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. 

Didatismo e Conhecimento 71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO VII Desinternação ou liberação condicional
DA REABILITAÇÃO § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional
        devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do
Reabilitação decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em periculosidade. 
sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá
sobre o seu processo e condenação.  o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os necessária para fins curativos.  
efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada
reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mes- Substituição da pena por medida de segurança para o semi-
mo artigo.   -imputável
         Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena
anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou termi- privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tra-
nar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão tamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos,
e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. 
que o condenado:         
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;   Direitos do internado
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e  Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado
constante de bom comportamento público e privado;   de características hospitalares e será submetido a tratamento.  
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre
a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba TÍTULO VII
documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dí- DA AÇÃO PENAL
vida.          
Ação pública e de iniciativa privada
 Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida,
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressa-
a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos ele-
mente a declara privativa do ofendido.  
mentos comprobatórios dos requisitos necessários.  
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público,
        
dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requeri-
de requisição do Ministro da Justiça.  
mento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa
reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.  
do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.  
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes
TÍTULO VI de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA prazo legal. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado
Espécies de medidas de segurança ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de
Art. 96. As medidas de segurança são:   prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico irmão.  
ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;         
II - sujeição a tratamento ambulatorial.   A ação penal no crime complexo
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstân-
de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.   cias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe
        ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer
Imposição da medida de segurança para inimputável destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.   
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua
internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for pu- Irretratabilidade da representação
nível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambu- Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida
latorial.  a denúncia.  
        
Prazo Decadência do direito de queixa ou de representação
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce den-
perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deve- tro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber
rá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.   quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Códi-
go, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
Perícia médica        
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando
o determinar o juiz da execução.  renunciado expressa ou tacitamente.   

Didatismo e Conhecimento 72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa Prescrição das penas restritivas de direito
a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os
implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. 
causado pelo crime.
        Prescrição depois de transitar em julgado sentença final
Perdão do ofendido condenatória
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sen-
procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.  tença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos
         prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um ter-
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tá- ço, se o condenado é reincidente.  
cito:     § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;   trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma
dos outros;   hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.  queixa. 
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível § 2o  (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).
com a vontade de prosseguir na ação.           
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado
sentença condenatória.    a sentença final
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a senten-
TÍTULO VIII ça final, começa a correr: 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE I - do dia em que o crime se consumou; 
        II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
Extinção da punibilidade criminosa;  
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:   III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a perma-
I - pela morte do agente;
nência;  
II - pela anistia, graça ou indulto;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de as-
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
sentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou co-
como criminoso;
nhecido.  
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adoles-
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito,
centes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data
nos crimes de ação privada;
em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
já houver sido proposta a ação penal.      (Redação dada pela Lei
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) nº 12.650, de 2012)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
         Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressupos- irrecorrível
to, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição co-
se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade meça a correr: 
de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória,
resultante da conexão.   para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena
        ou o livramento condicional;  
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o
Art. 109.  A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença tempo da interrupção deva computar-se na pena.  
final, salvo o disposto no § 1o  do art. 110 deste Código, regula-se        
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revoga-
verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). ção do livramento condicional
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que
anos e não excede a doze; resta da pena.   
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro        
anos e não excede a oito; Prescrição da multa
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: 
e não excede a quatro; I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, aplicada;
sendo superior, não excede a dois; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena pri-
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) vativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativa-
ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). mente cominada ou cumulativamente aplicada. 

Didatismo e Conhecimento 73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Redução dos prazos de prescrição A noção de Direitos Humanos, todavia é muito antiga, perde-se
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição no tempo. O código de Hammurabi (1700 a.C. aproximadamente)
quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e menciona leis de proteção aos mais fracos e de freio para a autori-
um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. dade.
        A civilização egípcia, especialmente na era dos faraós (dinastia
Causas impeditivas da prescrição XVIII), já concebia o poder como serviço. Há divergências quanto
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a pres- ao surgimento dos direitos humanos na história, mas muitos autores
crição não corre:  situam-no na Grécia, quando eles foram aludidos em um texto de
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que Sófocles no qual Antígona, em resposta ao rei que a interpela em
dependa o reconhecimento da existência do crime;  nome de quem havia sepultado contra suas ordens, o irmão que fora
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. executado: “Agi em nome de uma lei que é muito mais antiga do que
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença o rei, uma lei que se perde na origem dos tempos, que ninguém sabe
condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o con- quando foi promulgada”. 
denado está preso por outro motivo.  Os profetas judeus vinculam o exercício do poder a deveres
fundados em princípios religiosos que inspiram uma ética basea-
       
da na responsabilidade de todos os homens pelos seus atos. Buda,
Causas interruptivas da prescrição
Confúcio e Zoroastro pregam a supremacia do direito e da justiça, o
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
ensino da fraternidade e da generosidade. Visam a plena realização
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
da natureza humana e a formação de uma sociedade pacífica e justa. 
II - pela pronúncia; Na Grécia do século V a.C., os cidadãos já controlam as ações
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;   do Estado (polis); O limite do poder é dado pelo direito que exercem
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios re- os cidadãos ao participar dos assuntos públicos.
corríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). Entre os séculos VII a.C. e XVIII da nossa era, a humanidade
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;  faz progressos no controle dos governantes, que exercem e distri-
VI - pela reincidência.  buem a justiça. Os gregos desenvolvem o conceito da liberdade,
 § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a como expressão máxima da dignidade humana, baseada na ideia da
interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os igualdade.
autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo Os estoicos defendem a existência de princípios morais, univer-
processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer sais, eternos e imutáveis que resultam direitos inerentes ao homem. 
deles. O cristianismo, considerando o homem, à imagem e semelhan-
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V ça de Deus, prega a igualdade entre todos os homens. Esta igualdade
deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da não se limita ao usufruto individual dos direitos, mas supõe o dever
interrupção.  do amor ao próximo. O cristianismo passa a ter uma influência de-
         cisiva, ora benéfica, ora maléfica, e a Igreja passa a associar-se ao
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.   poder temporal. 
        O Islão na vida política tem uma concepção similar da rela-
Reabilitação ção entre os homens: a de sua igualdade primordial “baseada em
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibi- sua identidade essencial, em sua origem única, e em seu destino co-
lidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.   mum” (Sorondo).
        Na Idade Média,  a partir das famílias daqueles que lutaram
Perdão judicial contra as invasões dos bárbaros (e com isso tornavam-se proprietá-
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será rios de terras), nasce uma aristocracia, sócia natural do poder real,
que buscava fundamento no direito natural para os seus privilégios.
considerada para efeitos de reincidência.  
Este período tem uma importância significativa, é um momento de
revisão de valores, de confronto de objetivos temporais, imediatos
e permanentes, muitos deles já indicados como objetivos espirituais
13 NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS. no fim da Idade Média  quando surge uma nova realidade histórica:
a burguesia. No final da Idade Média, São Tomás de Aquino discute
diretamente a questão dos Direitos Humanos, retomando Aristóteles
e dando, à sua filosofia, a visão cristã. A fundamentação de São To-
más é teológica: o ser humano tem  direitos naturais que fazem parte
Os Direitos Humanos são fundamentais ao Homem pelo fato de de sua natureza, pois lhe foram dados por Deus. A partir disso desen-
ele ser homem. Não resultam de uma concessão da sociedade polí- volve toda uma linha teórica e política. Ocorrerá, no entanto, uma
tica, mas constituem prerrogativas inerentes à condição humana. Os clara ambiguidade, na utilização deste conceito, chegando a firmar-
Direitos Humanos não são estáticos mas acompanham o processo -se e aceitar-se na prática que o direito dos reis era um direito natural
histórico; processo não linear, pois também conhece retrocessos. Foi de origem divina que justificava o absolutismo. Um caminho aberto
apenas no século XX, sobretudo depois da Segunda Guerra Mun- para toda espécie de violências, e em última análise, até para a ne-
dial, que eles se definiram explicitamente e adquiriram o reconhe- gação dos direitos humanos. O poder armado, o poder econômico e
cimento mundial. os proprietários de terras não respeitavam aqueles que não desfru-

Didatismo e Conhecimento 74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
tavam destes privilégios. Não existia o mínimo respeito pela pessoa Ainda no Século XVIII, a Revolução Francesa criou um direito
humana. Um grande número de seres humanos viviam à margem, que torna-se base fundamental do direito constitucional moderno:
e eram explorados de todas as maneiras. Foram os o burgueses, as- A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDA-
sociados aos pensadores liberais, quem levantaram modernamente, DÃO. Em seu primeiro artigo, já afirma um direito social fundamen-
a liberdade como um valor. Cessadas as invasões dos bárbaros e tal: O FIM DA SOCIEDADE É A FELICIDADE COMUM. A es-
consequentemente, afastados os grandes riscos, a proteção dos se- sência da Declaração, apoia-se na ideia de que, ao lado dos direitos
nhores feudais se tornou dispensável e as pessoas começam a voltar do Homem e do Cidadão, existe apontada a obrigação de o Estado
para as cidades.  Os burgos começam a se desenvolverem. A burgue- respeitar e de garantir os direitos humanos
sia, paulatinamente enriquece-se e fortifica-se mas ainda é mantida Até então, os Direitos Humanos eram concebidos como direitos
marginalizada do poder político o que reivindica para defender os naturais, impostos por Deus e vinham sendo utilizados contra bur-
seus poderes pessoais e o seu patrimônio. A época do Iluminismo gueses, em favor dos reis, e aristocratas, para justificar violências
e dos Enciclopedistas revoluciona as ideias tradicionais da Idade que praticavam. Os burgueses não rejeitam esses direitos mas os
Média, afirmando-a dignidade humana e a fé na razão. Vige a ideia reclamam também para si. Surgem pensadores considerados libe-
rais como: Espinoza, Locke, Rousseau, Montesquieu, que pregam a
de que o homem é concebido com o detentor de direitos sagrados e
existência dos direitos fundamentais como a liberdade e igualdade.
inalienáveis. E o governo não pode prescindir da vontade dos cida-
Todavia, o conceito de igualdade nessa época não é o mesmo que o
dãos. Rousseau desenvolveu a teoria da igualdade natural entre os
de hoje, pois a Constituição norte americana admitia a escravidão.
homens. Voltaire insistiu na tolerância religiosa e na liberdade de
Portanto, uma liberdade é igualdade política e no século XVIII, a
expressão pois a religião já não podia explicar tudo. fundamentação teológica é substituída por um fundamento raciona-
Na Inglaterra, um Parlamento já existia desde o século XIV mas lista que terá um peso expressivo. Hugo Grocis dizia, que “ainda que
era formado somente por nobres e prelados, todos proprietários. A Deus não existisse, o homem teria direitos naturais”. O fundamento,
burguesia impõe a criação da Câmara dos Comuns que perdura até portanto, não está em Deus mas na razão. Isto é o racionalismo.
hoje. O crescimento político da burguesia, desta forma, favorece o
crescimento dos Direitos Humanos. Em 1215, na Inglaterra, os bis- Direito Humanitário
pos e barões impõe ao Rei João-Sem-Terra a Carta Magna que limita
o poder do soberano. A petição de direitos de 1628 é imposta pelo O Direito Internacional Humanitário é definido por Gerard
Parlamento ao monarca. O Habeas Corpus de 1669 que consagrou Peytrignet da seguinte maneira: “Trata-se do corpo de normas jurí-
o amparo à liberdade pessoal, determinava que a pessoa acusada dicas de origem convencional ou consuetudinário, especificamente
fosse apresentada para julgamento público. Até então, os nobres e aplicável aos conflitos armados, internacionais ou não internacio-
aristocratas prendiam e faziam a sua própria justiça. nais, e que limita, por razões humanitárias, o direito das partes em
Foi sobretudo o Bill of Rights de 1689 o mais importante do- conflito de escolher livremente os métodos e os meios utilizados na
cumento constitucional da Inglaterra, que fortaleceu e definiu as guerra, evitando que sejam afetados as pessoas e os bens legalmente
atribuições legislativas do parlamento frente à Coroa e proclamou protegidos”. Em outras palavras, o Direito Internacional Humanitá-
a liberdade da eleição dos membros do Parlamento, consagrando rio visa regrar as situações de conflito armado, com o intuito de pro-
algumas garantias individuais. teger ao máximo os envolvidos - direta (militares) ou indiretamente
Ainda neste século XVIII, dá-se a criação dos Estados Unidos (civis e etc) - no conflito, minimizando os seus danos.
da América, através de uma revolução eminentemente burguesa. A Os acontecimentos desencadeados durante o século XIX na
Inglaterra impunha sucessivas e crescentes restrições à vida econô- Europa foram de extrema importância para o estabelecimento do
mica das colônias, através da imposição de taxas sobre o comércio marco normativo moderno do Direito Internacional Humanitário - a
exterior. Isto   fomentou nos colonos um forte espírito de desobe- Convenção de Genebra de 1894. Em meio as atrocidades cometidas
diência e insubordinação. no período, começamos a perceber, principalmente pela figura de
Embora parte do Império Britânico, as colônias da América fo- Henry Dunant, um esforço normativo para proteger os direitos dos
envolvidos nos conflitos.
ram, desde cedo conquistando o direito de se autogovernar, e assu-
Após presenciar no ano de 1859 as barbáries cometidas na bata-
mindo o dever de se tornarem autossuficientes.
lha de Solferino, em 1862, Dunant publicou “Recordações de Solfe-
Alastra-se o anseio de libertação pelas treze colônias, que uni-
rino”, onde defendia a criação de entidades de socorro privadas em
das, proclamam a Declaração de Independência dos Estados Uni-
cada país e a elaboração de um acordo internacional que facilitasse o
dos, também conhecida como Declaração de Filadélfia. trabalho das mesmas. Como consequência da propagação das ideias
Nela, são expostas as razões fundamentais que  levaram à in- expostas na obra, no ano seguinte, juntamente com outros defenso-
dependência: res de seus ideias, tem-se a fundação do Comitê Internacional da
“Todos os homens foram criados iguais. Os direitos fundamen- Cruz Vermelha e, em 1894, a convite do governo suíço, celebrou-se
tais foram conferidos pelo Criador entre eles estão o da vida, liber- a primeira Convenção de Genebra, onde ficou aprovado o Convê-
dade e o da procura da própria felicidade”. nio para proteção dos feridos em campo. Devido ao pioneirismo da
Sempre que qualquer forma de governo tenta destruir esses di- Convenção, o DIH pode ser indicado como percursor da internacio-
reitos, assiste ao povo o direito de mudá-lo ou aboli-lo e de instituir nalização da proteção da pessoa humana.
um novo governo. Este documento serviu de referencial para todos Entretanto, essas providências mostraram-se insuficientes para
os movimentos de independência dos povos colonizados. Mas a minorar as barbáries cometidas durante as duas Guerras Mundiais.
Constituição norte-americana é uma Constituição feita por comer- Visando tornar mais abrangente o DIH, o Comitê Internacional da
ciantes para comerciantes. Cruz Vermelha fez a Suíça convocar mais uma conferência em Ge-

Didatismo e Conhecimento 75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
nebra, em 1949, na qual foram elaborados os documentos que são o Declaração Universal dos Direitos Humanos
alicerce do DIH atual: as Convenções de Genebra I (protege feridos
e doentes das forças armadas em campanha), II (feridos, doentes e Aprovada pela Res. nº 217, durante a 3ª Sessão Ordinária da
náufragos das Forças Armadas no mar), III (prisioneiros de guerra) Assembleia Geral da ONU, em Paris, França, em 10-12-1948.
e IV (população civil).
Nessas convenções, ratificadas por 191 países, estabeleceram- Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
-se a maioria das normas de conduta hoje vigentes para as situações todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e ina-
de conflitos armados, sendo as mais importantes delas: lienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
- Somente podem ser atacados objetivos militares (por obje- Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos
tivos compreende-se não apenas pessoas como também edifícios, humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência
estruturas, etc) da humanidade e que o advento de um mundo em que os homens
- Dever de recolher e dar assistência aos feridos, doentes e náu- gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem
fragos, sem discriminação alguma. a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta
- Tratar com humanidade o adversário que se rende ou é captu- aspiração do homem comum,
rado, assim como prisioneiros detidos Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegi-
- Respeitar os civis e seus bens (cabe aqui a observação de que dos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido,
uma das “tradições” mais brutais das guerras, desde os mais antigos como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
registros, é a pilhagem de bens de civis, bem como crimes terríveis, Considerando essencial promover o desenvolvimento de rela-
em particular o estupro de mulheres habitantes das áreas ocupadas) ções amistosas entre as nações,
- Não causar sofrimento ou danos excessivos Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na
- Não atacar o pessoal médico ou sanitário nem suas instalações Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no
e permitir que façam seu trabalho valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das
- Não colocar obstáculos ao pessoal da Cruz Vermelha no de- mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores
condições de vida em uma liberdade mais ampla,
sempenho de suas funções
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a
Após as referidas convenções, com o advento das guerras de li-
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
bertação nacional, tornou-se urgente a regulamentação dos conflitos
versal aos direitos humanos e liberdades fundamentais da pessoa e a
armados não-internacionais, o que levou a convocação, em 1977, de
observância desses direitos e liberdades,
mais uma conferência em Genebra, da qual resultaram dois protoco-
Considerando que uma compreensão comum desses direitos
los adicionais às Convenções:
e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
Protocolo Adicional I - com base na autodeterminação dos po-
desse compromisso,
vos amplia o conceito de “conflito armado internacional”, incorpo-
rando aqueles em que se luta contra regimes de dominação colonial A Assembleia Geral proclama:
ou racistas. Foi ratificado por 161 países.
Protocolo Adicional II - Aplica princípios das Convenções (arti- A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como
go 3° comum) a conflitos armados internos, quando esses ocorrerem o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações,
devido à atuação de grupos armados organizados (ou forças armadas com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade,
dissidentes) que controlem, de maneira organizada, alguma parte do tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do en-
território. Foi ratificado por 156 países. sino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liber-
Importante esclarecer que um Estado, ao assinar um tratado de dades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
DIH, obriga-se não apenas a cumprir com as normas existentes no internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observân-
diploma, mas também de adequar sua legislação interna aos precei- cia universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-
tos por ele estabelecidos. Deve também difundir entre autoridades -Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
civis e militares os referidos preceitos e assegurar medidas de con-
trole, visando determinar a existência ou não de infrações. Artigo 1º
Com o mesmo objetivo de detectar possíveis infrações há a fi- Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
gura da “Potência Protetora”, que nada mais é que um Estado alheio São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às
ao conflito, que investiga a ocorrência de irregularidades. Tal ins- outras com espírito de fraternidade.
tituição foi consagrada pela Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas, de 1961. Quando há grande dificuldade de eleger um Artigo 2º
Estado para tal papel, esse é efetuado pelo Comitê Internacional da Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberda-
Cruz Vermelha. O Protocolo Adicional I criou ainda a Comissão In- des estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer es-
ternacional de Apuramento dos Fatos, para acompanhar a veracida- pécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
de das supostas violações. outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
Qualquer violação por parte de um dos signatários das Conven- qualquer outra condição.
ções o torna passível de ser processado diante da Corte Internacional Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na con-
de Justiça/Tribunal Internacional de Justiça, ou da Corte/Tribunal dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que
Penal Internacional. pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
Em seguida, iremos realizar a leitura de um dos principais dis- sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi-
positivos criados para a proteção dos Direitos Humanos: tação de soberania.

Didatismo e Conhecimento 76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Artigo 3º Artigo 14
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pes- § 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de pro-
soal. curar e de gozar asilo em outros países.
§ 2º Este direito não pode ser invocado em caso de persegui-
Artigo 4º ção legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 15
Artigo 5º § 1º Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo § 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionali-
cruel, desumano ou degradante. dade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 6º Artigo 16
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhe- § 1º Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer res-
cida como pessoa perante a lei. trição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair
matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em
Artigo 7º relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distin- § 2º O casamento não será válido senão com o livre e pleno
ção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção con- consentimento dos nubentes.
tra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra § 3º A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
qualquer incitamento a tal discriminação. tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 8º Artigo 17
Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais com- § 1º Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em socieda-
petentes recurso efetivo para os atos que violem os direitos funda- de com outros.
mentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. § 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua proprieda-
de.
Artigo 9º
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 18
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciên-
Artigo 10 cia e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou cole-
para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qual- tivamente, em público ou em particular.
quer acusação criminal contra ela.
Artigo 19
Artigo 11 Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão;
§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e
ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido prova- de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quais-
da de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham quer meios e independentemente de fronteiras.
sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
§ 2º Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão Artigo 20
que, no momento, não constituam delito perante o direito nacional § 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associa-
ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que ção pacíficas.
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. § 2º Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma asso-
ciação.
Artigo 12
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na Artigo 21
de sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques § 1º Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de
à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livre-
contra tais interferências ou ataques. mente escolhidos.
§ 2º Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço públi-
Artigo 13 co do seu país.
§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e resi- § 3º A vontade do povo será a base da autoridade do governo;
dência dentro das fronteiras de cada Estado. esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
§ 2º Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
o próprio, e a este regressar. assegure a liberdade de voto.

Didatismo e Conhecimento 77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Artigo 22 Artigo 28
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segu- Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em
rança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração
internacional de acordo com a organização e recursos de cada Es- possam ser plenamente realizados.
tado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo 29
§ 1º Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que
Artigo 23 o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
§ 1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de § 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa esta-
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção rá sujeita apenas às limitações determinadas por lei, exclusivamen-
contra o desemprego. te com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos
§ 2º Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências
remuneração por igual trabalho. da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade de-
§ 3º Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração mocrática.
justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, § 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese algu-
uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se ma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. Nações Unidas.
§ 4º Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles
ingressar para a proteção de seus interesses. Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpre-
Artigo 24 tada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa,
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato
razoável das horas de trabalho e a férias periódicas remuneradas. destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui
estabelecidos.
Artigo 25
§ 1º Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimen- 14 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL
tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais PENAL. 14.1 INQUÉRITO POLICIAL. 14.2
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, PROVA (ART. 158 A 184 DO CPP). 14.3 PRISÃO
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos EM FLAGRANTE. 14.4 PRISÃO PREVENTIVA.
meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 14.5 LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA
§ 2º A maternidade e a infância têm direito a cuidados e as- CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). 14.6 LEI Nº
sistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do 4.898/1965 (ABUSO DE AUTORIDADE). 14.7
matrimônio, gozarão da mesma proteção social. LEI Nº 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO).
14.8 LEI Nº 7.716/1989 (LEI CONTRA O
Artigo 26 PRECONCEITO).
§ 1º Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gra-
tuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional INQUÉRITO POLICIAL.
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
no mérito. O inquérito policial é um procedimento administrativo inves-
§ 2º A instrução será orientada no sentido do pleno desenvol- tigatório, de caráter inquisitório e preparatório, consistente em um
vimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para
pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instru- apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela auto-
ção promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas ridade policial, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar
as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades em juízo.
das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. A mesma definição pode ser dada para o termo circunstanciado
§ 3º Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de (ou “TC”, como é usualmente conhecido), que são instaurados em
instrução que será ministrada a seus filhos. caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, as
contravenções penais e os crimes com pena máxima não superior a
Artigo 27 dois anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a proce-
§ 1º Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida dimento especial.
cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progres- A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item
so científico e de seus benefícios. anterior, é de “procedimento administrativo investigatório”. E, se é
§ 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre ele
materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou as nulidades previstas no Código de Processo Penal para o processo,
artística da qual seja autor. nem os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Didatismo e Conhecimento 78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito poli- Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente
cial não afetam a ação penal a que der origem, salvo na hipótese a investigação é feita pela Polícia Civil dos Estados, mas isso não
de provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que, obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito
excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com ob- tenha grande repercussão nacional ou envolva mais de um Estado.
servância do contraditório e da ampla defesa, como uma produção Disso infere-se, pois, que as atribuições da Polícia Federal são mais
antecipada de provas, p. ex. amplas que a competência da Justiça Federal.

Finalidade. Visa o inquérito policial à apuração do crime e sua Características do inquérito policial. São elas:
autoria, e à colheita de elementos de informação do delito no que A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Pe-
tange a sua materialidade e seu autor. nal, todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
Diferenças entre elementos informativos e prova. Os ele- autoridade policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça
mentos informativos são aqueles colhidos na fase investigatória, escrita não obsta que sejam os atos produzidos durante tal fase sejam
nos quais não será obrigatório o contraditório e a ampla defesa. gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo;
Ademais, não há obrigação de participação dialética das partes. B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha ele-
Já a prova, em regra, é produzida na fase judicial, com exceção mentos de informação a partir de uma fonte autônoma (ex: a repre-
das provas cautelares, que necessitem ser produzidas antecipada- sentação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento da
mente. E, por ser produzida na fase judicial, obrigatoriamente a pro- denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial;
va deve ser produzida com participação dialética das partes, graças C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a autori-
à necessidade de observância do contraditório e da ampla defesa. dade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato
Mas é possível utilizar elementos de informação como funda- ou exigido pelo interesse da sociedade.
mento numa sentença condenatória? Pode-se, desde que os elemen- Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos
tos de informação não sejam a essência única para a condenação. Eis autos do inquérito o juiz, o promotor de justiça, e a autoridade poli-
o teor do art. 155, do Código de Processo Penal, com redação dada cial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV,
pela Lei nº 11.690/08. da Lei nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil”),
Assim, o juiz pode utilizá-los acessoriamente, em conjunto com e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem acesso aos atos
o universo probatório produzido à luz do contraditório e da ampla já documentados nos autos, independentemente de procuração, para
defesa que indiquem a mesma trilha do que os elementos de infor- assegurar direito de assistência do preso e investigado.
mação outrora disseram. Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irres-
Então, afinal, para que servem os elementos de informação? Se trito. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas nos autos,
não servem como único meio para fundamentar um decreto conde- mas não em relação às diligências em andamento.
natório, esses elementos têm como suas finalidades precípuas a to- Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos
mada de decisões quanto às prisões processuais, bem como medidas já documentados, é cabível reclamação ao STF para ter acesso às
cautelares diversas da prisão; e também são decisivos para auxiliar informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas
na formação da convicção do titular da ação penal (a chamada “opi- corpus em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o man-
nio delicti”). dado de segurança em nome do próprio advogado, já que a prerro-
gativa violada de ter acesso aos autos é dele.
Presidência do inquérito policial. Será da autoridade policial Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há se
de onde se deu a consumação do delito, no exercício de funções de chamar atenção para o parágrafo único, do art. 20, CPP, com nova
polícia judiciária. redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos atestados
de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não
Competência para investigar. A competência para investigar poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de
depende da justiça competente para julgar o crime. inquérito contra os requerentes.
Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da União, Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da dou-
em regra será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual trina, no sentido de que o inquérito, justamente por sua característica
será presidido por um encarregado, que é um Oficial das Forças Ar- da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos atestados
madas. de antecedentes. Já para outro entendimento, agora contra a lei, tal
Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, tam- medida representa criticável óbice a que se descubra mais sobre um
bém será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual será cidadão em situações como a investigação de vida pregressa anterior
presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia Militar a um contrato de trabalho, p. ex.;
ou dos Bombeiros. D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem
Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competência ampla defesa. Por tal motivo não é autorizado ao juiz, quando da
para investigar será da Polícia Federal. sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação
Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto
investigado pela Polícia Federal, já que a Justiça Eleitoral é uma (art. 155, caput, CPP). Ademais, graças a esta característica, não há
Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda que, uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na fase do
nas localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia Civil es- inquérito, tal como ocorre no momento processual, devendo estes
tará autorizada a investigar). ser realizados de acordo com as necessidades que forem surgindo;

Didatismo e Conhecimento 79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
E) Peça indisponível. O delegado não pode arquivar o inquérito Alguns atos praticados durante o inquérito policial. De
policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judicial, acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código de Processo Penal, são
mediante requerimento do promotor de justiça; algumas das providências a serem tomadas pela autoridade policial
durante a fase do inquérito policial:
Formas de instauração do inquérito policial. Tudo depen- A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não
derá da espécie de ação penal correspondente ao crime perpetrado. se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos
Vejamos: peritos criminais (art. 6º, I);
A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
condicionada à representação. O inquérito começa por representa- liberados pelos peritos criminais (art. 6º, II);
ção da vítima ou de seu representante legal; C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública con- do fato e suas circunstâncias (art. 6º, III);
dicionada à requisição do Ministro da Justiça. Neste caso, o ato D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV);
inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da Justiça; E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável, do
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública disposto no Capítulo III, do Título Vll, do Livro I, CPP (“Do Pro-
incondicionada. Neste caso, o inquérito pode começar de ofício cesso em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por duas
(quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conheci- testemunhas que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V);
mento dos fatos. Neste caso, o procedimento inicia-se por portaria); F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acarea-
por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte da doutrina ções (art. 6º, VI);
entende que o ideal é que o juiz não requisite para se manter impar- G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de
cial e manter a essência do sistema acusatório. Neste caso, a peça delito e a quaisquer outras perícias (art. 6º, VII);
inaugural é a própria requisição); por requerimento da vítima (neste H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datilos-
caso, o delegado deve verificar as procedências das informações, e, cópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de anteceden-
em caso de indeferimento ao requerimento, cabe recurso inominado tes (art. 6º, VIII);
dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda pela instauração de in- I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista
quérito, o ato inaugural do procedimento é a portaria); por “delatio individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e
criminis” (trata-se de notícia oferecida por qualquer do povo ou pela estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer
imprensa, de modo que esta não pode ser “anônima” (ou inqualifi-
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu tempe-
cada). Neste caso, a peça inaugural do procedimento é a portaria.
ramento e caráter (art. 6º, IX);
Ademais, vale lembrar que, para o STF, a denúncia anônima, por si
J) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
só, não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial,
contrarie a moralidade ou a ordem pública (art. 7º);
mas a partir dela o delegado deve realizar diligências preliminares
K) Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá-
para apurar a procedência das informações antes da devida instau-
rias à instrução e julgamento dos processos (art. 13, I);
ração do inquérito); por auto de prisão em flagrante (neste caso, a
peça inaugural do inquérito é o próprio auto de prisão em flagrante). L) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Minis-
tério Público (art. 13, II);
Importância em saber a forma de instauração do inquérito M) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida-
policial. A importância interessa para fins de análise de cabimento des judiciárias (art. 13, III);
de habeas corpus, mandado de segurança, e definição de autorida- N) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) bem
de coatora. Se for um procedimento instaurado por portaria, p. ex., como de outras medidas cautelares diversas da prisão (construção
significa que a autoridade coatora é o delegado de polícia, logo o doutrinária recente).
habeas corpus é endereçado ao juiz de primeira instância. Agora, se Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como de-
for um procedimento instaurado a partir da requisição do promotor corrência do caráter inquisitorial do inquérito policial visto alhures,
de justiça, p. ex., este é a autoridade coatora, logo, para uma primeira nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons costu-
corrente (minoritária), o habeas corpus é endereçado ao juiz de pri- mes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra infin-
meira instância, ou, para uma corrente majoritária, o habeas corpus dável gama de atos possa ser praticada.
deve ser encaminhado ao respectivo Tribunal, pois o promotor de
justiça tem foro por prerrogativa de função. Identificação criminal. Envolve a identificação fotográfica e
a identificação datiloscópica. Antes da atual Constituição Federal,
“Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade policial, a identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, an-
acerca de um fato delituoso que tenha sido praticado. São as seguin- terior a 1988, inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual
tes suas espécies: Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o civilmente
A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autorida- identificado não será submetido à identificação criminal, “salvo nas
de policial toma conhecimento do fato por meio de suas atividades hipóteses previstas em lei”.
corriqueiras (ex: durante uma investigação qualquer descobre uma A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Estatuto
ossada humana enterrada no quintal de uma casa); da Criança e do Adolescente”), em seu art. 109, segundo o qual a
B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autoridade identificação criminal somente será cabível quando houver fundada
policial toma conhecimento do fato por meio de um expediente es- dúvida quanto à identidade do menor.
crito (ex: requisição do Ministério Público; requerimento da vítima); Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Crimi-
C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autorida- nosas”) dispôs em seu art. 5º que a identificação criminal de pessoas
de policial toma conhecimento do fato delituoso por intermédio do envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será
auto de prisão em flagrante. realizada independentemente de identificação civil.

Didatismo e Conhecimento 80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para tra- O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser o Códi-
tar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe um rol taxativo de delitos em go de Processo Penal da década de 1940, não foi o mesmo recepcio-
que a identificação criminal deveria ser feita obrigatoriamente, sem nado pela Constituição Federal de 1988. Logo, prevalece de forma
mencionar, contudo, os crimes praticados por organizações crimino- maciça, atualmente, que este art. 21, CPP está tacitamente revogado.
sas, o que levou parcela da doutrina e da jurisprudência a considerar
o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado. Prazo para conclusão do inquérito policial. De acordo com
Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei nº o Código de Processo Penal, em se tratando de indiciado preso, o
12.037/09, que também trata especificamente apenas sobre o tema prazo é de dez dias improrrogáveis para conclusão. Já em se tratan-
“identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol taxativo de do de indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, admitida
delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas sim um art. 3º prorrogações a fim de se realizar ulteriores e necessárias diligências.
com situações em que ela será possível: Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze
A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de dias para acusado preso, admitida duplicação deste prazo (art. 66,
falsificação (inciso I); da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de trinta dias
B) Quando o documento apresentado for insuficiente para iden- admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral.
tificar o indivíduo de maneira cabal (inciso II); Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é de
C) Quando o indiciado portar documentos de identidade distin- trinta dias para acusado preso, e de noventa dias para acusado solto.
tos, com informações conflitantes entre si (inciso III); Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo.
D) Quando a identificação criminal for essencial para as inves- Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Economia
tigações policiais conforme decidido por despacho da autoridade ju- Popular”), o prazo, esteja o acusado solto ou preso, será sempre de
diciária competente, de ofício ou mediante representação da autori- dez dias.
dade policial/promotor de justiça/defesa (inciso IV). Nesta hipótese, E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo pro-
de acordo com o parágrafo único, do art. 5º da atual lei (acrescido cessual, isto é, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do ven-
pela Lei nº 12.654/2012), a identificação criminal poderá incluir cimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de Processo
a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético; Penal.
E) Quando constar de registros policiais o uso de outros nomes
ou diferentes qualificações (inciso V); Conclusão do inquérito policial. De acordo com o art. 10, §1º,
F) Quando o estado de conservação ou a distância temporal ou CPP, o inquérito policial é concluído com a confecção de um relató-
da localidade da expedição do documento apresentado impossibi- rio pela autoridade policial, no qual se deve relatar, minuciosamen-
litar a completa identificação dos caracteres essenciais (inciso VI). te, e em caráter essencialmente descritivo, o resultado das investiga-
Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do perfil ções. Em seguida, deve o mesmo ser enviado à autoridade judicial.
genético deverão ser armazenados em banco de dados de perfis ge- Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no relatório,
néticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal (art. 5º-A, em regra, com exceção da Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), em
acrescido pela Lei nº 12.654/2012). Tais bancos de dados devem cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de valor quanto à
ter caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de drogas.
aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos do Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável,
previsto na lei ou em decisão judicial. logo, a sua falta não tornará inquérito inválido.

Indiciamento. “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministério
infração penal. Trata-se de ato privativo do delegado policial. Público. Recebido o inquérito policial, tem o agente do Ministério
O indiciamento pode ser direto, quando feito na presença do Público as seguintes opções:
investigado, ou indireto, quando este está ausente. A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça é o
E o art. 15, da Lei Adjetiva Penal? Não mais se aplica o art. 15, titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos elementos colhi-
CPP, segundo o qual lhe deveria ser nomeado curador pela autori- dos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial desta ação
dade policial. Isto porque, antes do atual Código Civil, os indiví- por intermédio da denúncia;
duos entre dezoito e vinte e um anos eram reputados relativamente B) Requerimento de diligências. Somente quando forem indis-
incapazes, razão pela qual deveriam ser assistidos por curador caso pensáveis;
praticassem infração. Com o Código Civil atual, tanto a maioridade C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investiga-
civil como a penal se iniciam aos dezoito anos. do não constitui qualquer infração penal, ou, ainda que constitua,
É possível o “desindiciamento”? Sim. Consiste na retirada da encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o processo
condição de indiciado do agente, por se entender, durante o transcur- se desenvolva por atenção ao “Princípio da Insignificância”, p. ex.,
so das investigações, que este não tem qualquer relação com o fato o agente ministerial pode solicitar o arquivamento do inquérito à
apurado. O desindiciamento pode ocorrer tanto de forma facultativa, autoridade judicial;
pela autoridade policial, quanto mediante o uso de habeas corpus, D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua com-
impetrado com o objetivo de trancar o inquérito policial em relação petência, o membro do MP suscita a questão, para que a autoridade
a algum agente alvo do procedimento administrativo investigatório. judicial remeta os autos à justiça competente;
E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. Confor-
Incomunicabilidade do indiciado preso. De acordo com o art. me o art. 114, do Código de Processo Penal, o “conflito de compe-
21, do Código de Processo Penal, seria possível manter o indiciado tência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais órgãos juris-
preso pelo prazo de três dias, quando conveniente à investigação ou dicionais. Já o “conflito de atribuições” é aquele que se estabelece
quando houvesse interesse da sociedade entre órgãos do Ministério Público.

Didatismo e Conhecimento 81
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Arquivamento do inquérito policial. Quem determina o ar- Parágrafo único.  A competência definida neste artigo não
quivamento do inquérito é a autoridade judicial, após solicitação excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
efetuada pelo membro do Ministério Público. Disso infere-se que, cometida a mesma função.
nem a autoridade policial, nem o membro do Ministério Público,        
nem a autoridade judicial, podem promover o arquivamento de ofí- Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
cio. Ademais, em caso de ação penal privada, o juiz pode promover iniciado:
o arquivamento caso assim requeira o ofendido. I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi-
Trancamento do inquérito policial. Trata-se de medida de nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
natureza excepcional, somente sendo possível nas hipóteses de ati- qualidade para representá-lo.
picidade da conduta, de causa extintiva da punibilidade, e de ausên- § 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre
cia de elementos indiciários relativos à autoria e materialidade. Se que possível:
houver o risco à liberdade de locomoção, o meio mais adequado de
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
se fazê-lo é pela via do habeas corpus.
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi-
cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
Investigação pelo Ministério Público. Apesar do atual grau de
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
pacificação acerca do tema, no sentido de que o Ministério Público
pode, sim, investigar - o que se confirmou com a rejeição da Propos- c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profis-
ta de Emenda à Constituição nº 37/2011, que acrescia um décimo são e residência.
parágrafo ao art. 144 da Constituição Federal no sentido de que a § 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
apuração de infrações penais caberia apenas aos órgãos policiais -, inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
há se disponibilizar argumentos favoráveis e contrários a tal prática: § 3o   Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
A) Argumentos favoráveis. Um argumento favorável à possi- existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
bilidade de investigar atribuída ao Ministério Público é a chamada verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
“Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da Suprema Corte Norte- esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar
-americana, segundo a qual “quem pode o mais, pode o menos”, isto inquérito.
é, se ao Ministério Público compete o oferecimento da ação penal § 4o  O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
(que é o “mais”), também a ele compete buscar os indícios de auto- de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
ria e materialidade para essa oferta de denúncia pela via do inquérito §  5o   Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
policial (que é o “menos”). Ademais, o procedimento investigatório somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem
utilizado pela autoridade policial seria o mesmo, apenas tendo uma tenha qualidade para intentá-la.
autoridade presidente diferente, no caso, o agente ministerial. Por        
fim, como último argumento, tem-se que a bem do direito estatal Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infração
de perseguir o crime, atribuir funções investigatórias ao Ministério penal, a autoridade policial deverá:
Público é mais uma arma na busca deste intento;  I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alte-
B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro argumento des- rem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
favorável à possibilidade investigatória do Ministério Público, tem- criminais;
-se que tal função atenta contra o sistema acusatório. Ademais, fala- II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
-se em desequilíbrio entre acusação e defesa, já que terá o membro liberados pelos peritos criminais;
do MP todo o aparato estatal para conseguir a condenação de um III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimen-
acusado, restando a este, em contrapartida, apenas a defesa por seu to do fato e suas circunstâncias;
advogado caso não tenha condições financeiras de conduzir uma
IV - ouvir o ofendido;
investigação particular. Também, fala-se que o Ministério Público
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
já tem poder de requisitar diligências e instauração de inquérito
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
policial, de maneira que a atribuição para presidi-lo seria “querer
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te-
demais”. Por fim, alega-se que as funções investigativas são uma
exclusividade da polícia judiciária, e que não há previsão legal nem nham ouvido a leitura;
instrumentos para realização da investigação Ministério Público. VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca-
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta dos dispositivos con- reações;
tidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que versam VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
sobre o tema “Do Inquérito Policial”: de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da-
tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de an-
TÍTULO II tecedentes;
DO INQUÉRITO POLICIAL IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
                 vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades po- atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
liciais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação
a apuração das infrações penais e da sua autoria.  do seu temperamento e caráter.

Didatismo e Conhecimento 82
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Art. 7o   Para verificar a possibilidade de haver a infração Art. 19.  Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão en-
contrarie a moralidade ou a ordem pública. tregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
               
Art. 8o  Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário
no Capítulo II do Título IX deste Livro. à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
        Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que lhe
Art. 9o   Todas as peças do inquérito policial serão, num só forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os
rubricadas pela autoridade. requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)
               
Art. 10.   O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias,
Art. 21.  A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso
de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá
estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz,
apurado e enviará autos ao juiz competente. a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
§ 2o  No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89,
não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n.
encontradas. 4.215, de 27 de abril de 1963) 
§ 3o   Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado        
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos Art. 22.   No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício
marcado pelo juiz. em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo,
         ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente
Art. 11.  Os instrumentos do crime, bem como os objetos que de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra
        em sua presença, noutra circunscrição.
Art. 12.   O inquérito policial acompanhará a denúncia ou        
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 23.   Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao
        juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de
Art. 13.  Incumbirá ainda à autoridade policial: Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá- juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração
rias à instrução e julgamento dos processos; penal e à pessoa do indiciado.
II -  realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
nistério Público; PROVA (ART. 158 A 184 DO CPP)
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida-
des judiciárias; A prova é um dos institutos mais importantes do direito, por ser
IV - representar acerca da prisão preventiva.
decorrência do direito de ação. Afinal, de nada adianta consagrar-
       
-se o direito de ação, se o direito à prova não for consagrado para
Art. 14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
instruí-la e irrigá-la.
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a
Enquanto os elementos informativos são aqueles produzidos
juízo da autoridade.
        durante a fase do inquérito policial (em regra, já que o inquérito,
Art. 15.  Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador como já visto, é dispensável, podendo os elementos informativos
pela autoridade policial. ser produzidos em qualquer outro meio de investigação suficiente a
        embasar uma acusação), a prova deve ser produzida à luz do con-
Art. 16.  O Ministério Público não poderá requerer a devolução traditório e da ampla defesa, almejando a consolidação do que antes
do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, eram meros indícios de autoria e materialidade delitiva, e, ainda,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. com a finalidade imediata de auxiliar o juiz a formar sua livre con-
        vicção.
Art. 17.   A autoridade policial não poderá mandar arquivar Vale informar, ainda, que não poderá o juiz, nessa sua livre con-
autos de inquérito. vicção, se fundar exclusivamente nos elementos informativos colhi-
         dos durante a fase investigatória. Estes terão apenas função comple-
Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela mentar, apendicular, na formação do processo de convencimento do
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade magistrado. Isso significa dizer que a prova é, sim, essencial, para se
policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver condenar alguém. Justamente porque, a ausência de prova é um dos
notícia. motivos que pode levar à absolvição de alguém.

Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Diferença entre “fontes de prova”, “meios de prova”, e “Prova nominada”, “prova inominada”, “prova típica”,
“meios de obtenção de prova”. Vejamos: “prova atípica”, e “prova irritual”. A “prova nominada” é aquela
A) Fontes de prova. São as pessoas ou coisas das quais se cujo “nomen juris” consta da lei (ex.: prova pericial).
consegue a prova. Elas independem do processo, por existirem por A “prova inominada” é aquela cujo “nomen juris” não cons-
si só; ta da lei, mas que é admitida por força do “Princípio da Liberdade
B) Meios de prova. São os instrumentos através dos quais as Probatória”.
fontes de prova são introduzidas no processo. No processo penal, A “prova típica” é aquela cujo procedimento probatório está
vale dizer, vigora o “Princípio da Liberdade Probatória”, segundo previsto na lei.
o qual todos os meios de prova são válidos desde que não ilícitos A “prova atípica” é aquela cujo procedimento não está previsto
e/ou imorais; em lei.
C) Meios de obtenção da prova. São os procedimentos neces- A “prova irritual” é aquela colhida sem a observância de mode-
sários para se chegar à prova. Os meios de prova tratam de meios lo previsto em lei. Trata-se de prova ilegítima.
de obtenção da prova, para se chegar às fontes de prova.
Alguns princípios relacionados à prova penal. São eles, além
“Prova cautelar”, “prova não repetível”, e “prova antecipa- do Princípio da Liberdade Probatória, já mencionado alhures, num
da”. A parte final, da cabeça do art. 155, CPP, se refere a estas três rol exemplificativo:
provas, produzidas em regra ainda durante a fase inquisitória, as A) Princípio da presunção de inocência (ou princípio da pre-
quais poderia o juiz se utilizar para formar sua convicção. Nada sunção de não-culpabilidade). Todos são considerados inocentes,
obstante posicionamento que clama pela sinonímia das expres- até que se prove o contrário por sentença condenatória transitada
sões, há se distingui-las. em julgado;
A “prova cautelar” é aquela em que existe risco de desapare- B) Princípio da não autoincriminação. Ninguém é obrigado a
cimento do objeto da prova, em razão do decurso do tempo, mo- produzir prova contra si mesmo. É por isso que o acusado pode men-
tivo pelo qual o que se pretende provar deve ser perpetuado. O tir, pode distorcer os fatos, pode ser manter em silêncio, e tem direito
contraditório, aqui, é diferido, postergado. à consulta prévia e reservada com seu advogado, como exemplos;
A “prova não repetível” é aquela que não tem como ser pro- C) Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por
duzida novamente, em virtude do desaparecimento da fonte proba- meios ilícitos. São inadmissíveis no processo as provas obtidas de
modo ilícito, assim entendidas aquelas obtidas em violação às nor-
tória, como o caso de um exame pericial por lesão corporal, cujos
mas constitucionais. Ou seja, o direito à prova não pode se sobrepor
sinais de violência podem desaparecer com o tempo. O contraditó-
aos direitos fundamentalmente consagrados na Lei Maior pátria.
rio, aqui, é diferido, postergado.
“Prova ilícita” é o mesmo que “prova ilegítima”? Há quem diga
A “prova antecipada”, por fim, é aquela produzida com obser-
que se tratam de expressões sinônimas. Contudo, o entendimento
vância do contraditório real (ou seja, o contraditório não é diferido
prevalente é o de que, apesar de espécies do gênero “provas ilegais”,
como nas duas hipóteses anteriores), perante a autoridade judicial,
“prova ilícita” é aquela violadora de alguma norma constitucional
mas em momento processual distinto daquele previamente previs-
(ex.: a prova obtida não respeitou a inviolabilidade de domicílio as-
to pela lei (podendo sê-lo até mesmo antes do processo). O melhor
segurada pela Constituição), enquanto a “prova ilegítima” é aquela
exemplo é a oitiva da testemunha para perpetuar a memória da violadora dos procedimentos previstos para sua realização (tais pro-
prova, disposta no art. 225, da Lei Adjetiva. cedimentos são aqueles regularmente previstos no Código de Pro-
cesso Penal e legislação especial).
Fatos que não precisam ser provados. São eles: Qual será a consequência da prova ilícita/ilegítima? Sua con-
A) Fatos notórios. É o caso da chamada “verdade sabida” sequência primeira é o desentranhamento dos autos, devendo esta
(ex.: não se precisa provar que dia vinte e cinco de dezembro é ser inutilizada por decisão judicial (devendo as partes acompanhar
Natal, conforme o calendário cristão ocidental); o incidente). Agora, uma consequência reflexa é que as provas deri-
B) Fatos axiomáticos, intuitivos. São aqueles evidentes (ex.: vadas das ilícitas, pela “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”,
“X” é atingido e despedaçado por um trem. Não será preciso um importada do direito norte-americano, também serão inadmissíveis,
exame para se apurar que a causa da morte foi o choque com o salvo se existirem como fonte independente, graças à “Teoria da
trem); Fonte Independente” (considera-se fonte independente aquela prova
C) Presunções legais. São aquelas decorrentes da lei, valen- que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da
do lembrar que, em se tratando de presunção relativa, contudo, investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
admitir-se-á prova em contrário; objeto da prova).
D) Fatos desnecessários ao deslindes da lide. São os “fatos Ônus da prova. De acordo com o art. 156, caput, do Código
inúteis” (ex.: “X” morreu de envenenamento por comida. Pouco de Processo Penal, a prova da alegação incumbirá a quem o fizer,
importa saber se a carne estava bem ou mal passada); embora isso não obste que o juiz, de ofício, ordene, mesmo antes de
E) O direito, como regra. O direito não precisa ser provado, iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas considera-
salvo em se tratando de direito estadual, municipal, costumeiro, ou das urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
estrangeiro, se assim o requerer o juiz. proporcionalidade da medida (inciso I), ou determine, no curso da
Posto isto, fazendo uma análise em sentido contrário, fatos instrução ou antes de proferir sentença, a realização de diligências
que não sejam notórios, que não sejam axiomáticos, que não sejam para dirimir dúvida sobre ponto relevante (inciso II). Esse poder de
desnecessários, que não sejam presunções legais, e que não digam atuação do juiz é também conhecido por “gestão da prova” (por ser
respeito como regra, necessitam ser provados. o juiz, naturalmente, um “gestor da prova”).

Didatismo e Conhecimento 84
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Sistemas de avaliação da prova. São eles: Muitos confundem o “corpo de delito” com o “exame de corpo
A) Sistema da íntima convicção do juiz. Aqui, o juiz é livre para de delito”. Explico. Dá-se o nome de “corpo de delito” ao local do
apreciar as provas, inclusive as que não estão nos autos. O problema crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração penal.
é que, neste sistema, o juiz não está obrigado a fundamentar acerca Trata-se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos humanos,
dos motivos que levaram à formação de sua convicção. Este siste- ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. Contudo, “corpo”, não diz
ma, em nosso ordenamento, só é adotado pelos jurados no tribunal respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa
do júri, quando eles votam apenas “sim” ou “não” sem precisar fun- estar envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma man-
damentar as razões de sua escolha; cha, uma planta, uma janela quebrada, uma porta arrombada etc.
B) Sistema da prova tarifada. Neste sistema, as provas têm Em outras palavras, “corpo de delito” é o local do crime com todos
valor previamente fixado pelo legislador, cabendo ao juiz, apenas, os seus vestígios; “exame de corpo de delito” é o laudo técnico que
apreciar o conjunto probatório atribuindo-lhe o valor devido. Tal sis- os peritos fazem nesse determinado local, analisando-se todos os
tema não é adotado no ordenamento pátrio; referidos vestígios.
C) Sistema do livre convencimento motivado (ou sistema da Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie,
persuasão racional do juiz). Trata-se do sistema adotado no ordena- fica claro que a confissão do acusado, antes considerada a “rainha
mento brasileiro. Nele, o juiz tem ampla liberdade de valoração das das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja vista uma am-
provas dos autos, mas é obrigado, em contrapartida, a fundamentar pla gama de vícios que podem maculá-la, como a coação e a assun-
as razões que embasam seu convencimento. Com isso, decorre-se ção de culpa meramente para livrar alguém de um processo-crime;
que não há prova com valor absoluto (não há a ideia de que a con-
fissão é a “rainha das provas”, p. ex.), e que somente serão consi- Corpo de delito direto e indireto.
deradas válidas para efeito condenatório as provas do processo (o a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados pelo
juiz não pode condenar alguém usando algo que não está nos autos). fato criminoso. São os elementos materiais, perceptíveis pelos nos-
sos sentidos, resultante da infração penal. Esses elementos sensí-
Prova emprestada. É aquela produzida em um processo e veis, objetivos, devem ser objetos de prova, obtida pelos meios que
transportada documentalmente para outro. Apesar da valia positi- o direito fornece. Os técnicos dirão da sua natureza, estabelecerão o
va proeminente que lhe deve ser atribuída, a prova emprestada não nexo entre eles e o ato ou omissão, por que se incrimina o acusado.
O corpo de delito deve realizar-se o mais rapidamente possível, logo
pode virar mera medida de comodidade às partes, afinal, como re-
que se tenha conhecimento da existência do fato.
gra, cada fato apurado numa lide depende de sua própria prova.
O perito dará atenção a todos os elementos, que se vinculem ao
Contudo, podem acontecer casos em que um determinado fato
fato principal, sobretudo o que possa influir na aplicação da pena.
já não possa mais ser apurado nos autos, embora o tenha sido devi-
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se torna
damente em outros autos, caso em que a prova emprestada pode se
impossível, admite-se a prova testemunhal, por haverem desapareci-
revelar um eficaz aliado na busca pela verdade real.
do os elementos materiais. Essa substituição do exame objetivo pela
Vale lembrar, contudo, que a prova emprestada não vem aos
prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora
autos com o “contraditório montado” do outro processo, isto é, no haja o delito. Vale lembrar que o exame indireto somente deve ser
processo recebedor terão as partes a oportunidade de questionar a realizado caso não seja possível à realização do exame direto.
própria validade desta bem como de tentar desqualificá-la. Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito po-
Não se pode, ainda, dizer que a prova emprestada, por ser em- derá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
prestada, valha “mais” ou “menos” que outra prova. Não há mais,
como já dito, “tarifação de provas”. A importância de uma prova Perícia Criminal
será aferida casuisticamente. Assim, em que pese o respeito a en- A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no
tendimento minoritário neste sentido, não parece ser o melhor ar- Código de Processo Penal, indispensável para elucidação de crimes
gumento defender que a prova emprestada, por si só, não pode ser quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da ciência
suficiente para condenar alguém. forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na
interpretação correta de vestígios. Os peritos desenvolvem suas atri-
EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS buições no atendimento das requisições de perícias provenientes de
EM GERAL. delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a
processos penais. A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre seguintes ciências forenses: química, biologia, geologia, engenha-
cuja análise é realizada a perícia criminal a fim de determinar fato- ria, física, medicina, toxicologia, odontologia, documentoscopia,
res como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do entre outras, as quais estão em constante evolução.
exame de corpo de delito. Requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Ju-
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a exis- diciário, é a base decisória que direciona a investigação policial e o
tência dos elementos do fato típico dos delitos “FACTI PERMA- processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é indis-
NENTIS”. pensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensa-
Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não da sequer quando o criminoso confessa a prática do delito. A perícia
transeunte”), o exame de corpo de delito se torna indispensável, não é uma modalidade de prova que requer conhecimentos especiali-
podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que zados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou
não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desa- morta, implicando na apreciação, interpretação e descrição escrita
parecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de evidente interesse
(art. 167, CPP). judiciário.

Didatismo e Conhecimento 85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infra- O mesmo diploma ainda assegura como dever especial que os
ção penal, devidamente estudados por profissionais especializados, peritos nomeados pela autoridade não podem recusar a indicação,
permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que for- a não ser por escusa atendível (art. 277, a); não podem deixar de
ma este ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas comparecer no dia e no local designados para o exame (art. 277,
as partes envolvidas, tais como a vítima, o criminoso e outras pes- b); não podem deixar de entregar o laudo ou concorrer para que a
soas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim perícia não seja feita no prazo estabelecido (art. 277, c). Pode ain-
como o meio pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação da em casos de não comparecimento, sem justa causa, a autoridade
do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. Apesar de o laudo determinar a condução do perito (art. 278). E falsa perícia consti-
pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierar-
tui crime contra a administração da Justiça (art. 342). Quando os
quia, ocorre que, na prática, a prova pericial acaba tendo prevalência
dois peritos não chegam, na perícia criminal, a um ponto de vista
sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e objetividade da
prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjeti- comum, cada qual fará à parte seu próprio relatório, chamando-se
vas dependam do testemunho ou interpretação de pessoas, podendo a isso perícia contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus
ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de capacidade da peritorum, aceitará a perícia por inteiro ou em parte em parte, ou
pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má fé, onde não aceitará em todo, pois está forma determina o parágrafo único
exista a intenção de distorcer os fatos. do artigo 181 do Código Penal, facultando-lhe nomear outros peritos
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva para novo exame.
dos Peritos Criminais. Essa afirmação é reforçada pela Lei 12.030
de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz de-
de Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e cidirá de plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova
o Perito Odonto-Legista. Prova pericial (ou arbitramento) pode ser imediata (art. 105). Não poderão ser peritos:
dividida em: I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; nos números I e II do artigo 47 do Código Penal;
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. II – os que tiverem prestado depoimento no processo no proces-
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prer- so ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
rogativas de mercado. III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279).
Perito.
É extensível aos peritos, no que lhe for aplicável, disposto sobre
O código de processo penal, agora com as corrigendas da lei n.º
a suspeição dos juízes (art. 280);
11.690 de 9 de junho de 2008, diz em seu artigo 159: O exame de
corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, I – se for amigo ou inimigo capital de qualquer das partes;
portador de diploma de curso superior. Na falta de perito oficial, o II – se ele, seu conjugue ou descendente estiver respondendo
exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diplo- a processo análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
ma de curso superior preferencialmente na área especifica, dentre III – se ele, seu conjugue, ou parente consanguíneo, ou afim, até
as que tiveram habilitação técnica relacionada com a natureza do terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo
exame. Estes prestarão o compromisso de e finalmente desempenhar que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
o cargo. IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das
quando à perícia: requer a oitiva dos peritos para esclarecerem a partes;
prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intimação VI – se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade in-
e os quesitos ou questões a serem esclarecidos sejam encaminhados teressada no processo.
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
respostas em laudo complementar. A atuação do perito far-se-á em Para que a Justiça não fique sempre na dependência direta de
qualquer fase do processo ou mesmo após a sentença, em situações um ou de outro perito, criaram-se, há alguns anos, em alguns es-
especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua análise, tados, como na Bahia e São Paulo, os Conselhos Médico-Legais,
mas se continua além dessa apreciação por meio do juízo de valor espécies de corte de apelação pericial cujos objetivos são a emissão
sobre os fatos, o que faz a diferente da função de testemunha. A
de pareceres médico-legais mais especializados, funcionando tam-
diferença entre testemunha e o perito é que a primeira é solicitada
bém como órgãos de consultas dos próprios peritos. Eram, normal-
porque já tem conhecimento do fato e o segundo para que conheça
e explique os fundamentos da questão discutida, por meio de uma mente, compostos de autoridades indiscutíveis em medicina legal e
análise técnica científica. representados por professores da disciplina, diretores de institutos
A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas causas Médico-Legais, propor um membro do Ministério Público indicado
criminais, dois peritos. Em se tratando de peritos não oficiais, assi- pela Secretaria do Interior e Justiça.
narão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória
com um “compromisso formal de bem e fielmente desempenharem Atividades Desenvolvidas
a sua missão, declarando como verdadeiro o que encontrarem e As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande com-
descobrirem e o que em suas consciências entenderam”. Terão um plexidade e de natureza especializada, tendo por objeto executar com
prazo de 5 dias prorrogável razoavelmente, conforme dispõe o pará- exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias crimi-
grafo único do artigo 160 do Código de processo penal. Apenas em nais necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas
caos de suspeição comprovada ou de impedimento previsto em lei é constitucionais e legais em vigor, exercendo suas atribuições nos
que se eximem os peritos da aceitação. setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Ba-

Didatismo e Conhecimento 86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
lística Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Es- cimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
peciais, Fonética Forense, Identificação Veicular, Informática, Local congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver,
Meio Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função com todos os sinais e indicações (art. 166, CPP);
mais relevante do Perito Criminal é a busca da verdade material com
base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar Fotografia dos cadáveres.
ou suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que
todos os aspectos inerentes aos elementos investigados, do ponto forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as
exclusivamente técnico. lesões externas e vestígios deixados no local do crime (art. 164,
CPP). Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peri-
Responsabilidades Civil e Penal do Perito tos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográ-
Aos peritos oficiais ou inoficiais são exigidas obrigações ficas, esquemas ou desenhos, todos devidamente rubricados (art.
de ordem legal e a ilicitude de suas atividades caracteriza-se 165, CPP);
como violação a um dever jurídico, algumas delas com possíveis
repercussões a danos causados a terceiros. Em tese, pode-se dizer Crimes cometidos com destruição/rompimento de obstáculo
que os peritos na área civil são considerados auxiliares da justiça, à subtração da coisa.
enquanto na perícia criminal são os servidores públicos. Quanto Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obs-
ao fiel cumprimento do dever de ofício, os primeiros prestam táculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos,
compromissos a cada vez que são designados pelo juiz e, os além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos,
segundos, o compromisso está implícito com a posse no cargo por quais meios e em que época presumem ter sido o fato praticado
público, a não ser nos casos dos chamados peritos nomeados ad hoc. (art. 171, CPP);
Formulação de quesitos pelo Ministério Público, assistente de Material guardado em laboratório para nova perícia.
acusação, ofendido, querelante, e acusado. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material sufi-
Podem, o Ministério Público, o assistente de acusação, o ofen-
ciente para a eventualidade de nova perícia. Ademais, sempre que
dido, o querelante, e o acusado, formular quesitos e indicar assisten-
conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas,
te técnico. Eis o teor do previsto no segundo parágrafo, do art. 159,
provas microfotográficas, desenhos ou esquemas (art. 170, CPP);
do Código de Processo Penal;
Incêndio.
Laudo pericial.
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias,
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a
podendo este prazo ser prorrogado em casos excepcionais a reque-
vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor
rimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão mi-
e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato
nuciosamente o que examinarem, e responderão aos eventuais que-
(art. 173, CPP);
sitos formulados. Tratando-se de perícia complexa, isto é, aquela
que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será
possível designar a atuação de mais de um perito oficial, bem como Exame para reconhecimento de escritos.
à parte será facultada a indicação de mais de um assistente técnico; Deve-se observar, de acordo com o art. 174, da Lei Adjetiva, o
seguinte: a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
Autópsia. será intimada para o ato (se for encontrada) (inciso I); para a com-
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis horas após o paração, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julga- reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de
rem que possa ser feita antes daquele prazo, o que deverão declarar seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida (inciso
no auto (art. 162, caput, CPP). No caso de morte violenta, bastará II); a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públi-
penal que apurar ou quando as lesões externas permitirem precisar cos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retira-
a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para dos (inciso III); quando não houver escritos para a comparação ou
a verificação de alguma circunstância relevante (art. 162, parágrafo forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa
único, CPP); escreva o que lhe for ditado, valendo lembrar que, se estiver au-
sente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá
Exumação de cadáver. ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade providenciará pessoa será intimada a escrever (inciso IV);
que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao laudo, po-
qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, CPP). Neste dendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 182, CPP).
caso, o administrador do cemitério público/particular indicará o lu- Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos
gar da sepultura, sob pena de desobediência. Agora, havendo dúvida contidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que
sobre a identidade do cadáver exumado, se procederá ao reconhe- serão objeto de questionamento no presente concurso:

Didatismo e Conhecimento 87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
TÍTULO VII § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo
DA PROVA juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
CAPÍTULO I § 5o  Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,
DISPOSIÇÕES GERAIS quanto à perícia: 
                 I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou
Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fun- os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
damentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos com  antecedência  mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não re- respostas em laudo complementar; 
petíveis e antecipadas.  II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pare-
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão ceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. 
observadas as restrições estabelecidas na lei civil.  § 6o  Havendo requerimento das partes, o material probatório
         que serviu de base à perícia será disponibilizado  no  ambiente do
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de
perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível
porém, facultado ao juiz de ofício:  
a sua conservação. 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
§ 7o  Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observan-
área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação
do a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sen- técnico. 
tença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto         
relevante.  Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
         verão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos que-
Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do sitos formulados.
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em viola- Parágrafo único.   O laudo pericial será elaborado no prazo
ção a normas constitucionais ou legais.  máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos
§ 1o  São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, excepcionais, a requerimento dos peritos. 
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e        
outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte Art. 161.  O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual-
independente das primeiras.  quer dia e a qualquer hora.
§ 2o  Considera-se fonte independente aquela que por si só,        
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou Art. 162.  A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.  do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte,
§ 3o  Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às no auto.
partes acompanhar o incidente. Parágrafo único.  Nos casos de morte violenta, bastará o sim-
§ 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) ples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal
que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a
CAPÍTULO II causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS verificação de alguma circunstância relevante.
EM GERAL        
        Art. 163.  Em caso de exumação para exame cadavérico, a au-
toridade providenciará para que, em dia e hora previamente marca-
Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispen-
dos, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
sável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
Parágrafo único.   O administrador de cemitério público ou
supri-lo a confissão do acusado.
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediên-
        
cia. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou
Art. 159.  O exame de corpo de delito e outras perícias serão de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.  autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará
§ 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 do auto.
(duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior         
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilita- Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição
ção técnica relacionada com a natureza do exame.  em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas
§ 2o  Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. 
fielmente desempenhar o encargo.         
§ 3o  Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de Art. 165.  Para representar as lesões encontradas no cadáver,
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fo-
quesitos e indicação de assistente técnico.  tográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.

Didatismo e Conhecimento 88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 166.  Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- Art. 174.  No exame para o reconhecimento de escritos, por
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identifi- comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
cação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, será intimada para o ato, se for encontrada;
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. II - para a comparação, poderão servir quaisquer documen-
Parágrafo único.   Em qualquer caso, serão arrecadados e tos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente
autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
para a identificação do cadáver. houver dúvida;
        III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exa-
Art. 167.  Não sendo possível o exame de corpo de delito, por me, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser
suprir-lhe a falta. retirados;
        IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem
Art. 168.  Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escre-
pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complemen- va o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar
tar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofí- certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que
cio, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
acusado, ou de seu defensor.        
§ 1o  No exame complementar, os peritos terão presente o auto Art. 175.  Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a
§ 2o  Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito eficiência.
no art.  129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que        
decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. Art. 176.  A autoridade e as partes poderão formular quesitos
§ 3o  A falta de exame complementar poderá ser suprida pela até o ato da diligência.
prova testemunhal.        
                 Art. 177.  No exame por precatória, a nomeação dos peritos
Art. 169.  Para o efeito de exame do local onde houver sido far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação pri-
praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente vada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz
para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos pe- deprecante.
ritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos Parágrafo único.  Os quesitos do juiz e das partes serão trans-
ou esquemas elucidativos. critos na precatória.
Parágrafo único.  Os peritos registrarão, no laudo, as altera-        
ções do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequên- Art. 178.  No caso do art. 159, o exame será requisitado pela
cias dessas alterações na dinâmica dos fatos.  autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o lau-
        do assinado pelos peritos.
Art. 170.  Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão        
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre Art. 179.  No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto
que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográfi- respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame,
cas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. também pela autoridade.
        Parágrafo único.  No caso do art. 160, parágrafo único, o lau-
Art. 171.   Nos crimes cometidos com destruição ou rompi- do, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em
mento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escala- suas folhas por todos os peritos.
da, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que        
instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o Art. 180.   Se houver divergência entre os peritos, serão con-
fato praticado. signadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de
        outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autori-
Art. 172.  Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de dade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade
coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do cri- poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
me.                 
Parágrafo único.  Se impossível a avaliação direta, os peritos Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso
procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos au- de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciá-
tos e dos que resultarem de diligências. ria mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o
        laudo. 
Art. 173.  No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa Parágrafo único.   A autoridade poderá também ordenar que
e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver re- se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
sultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do         
dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à Art. 182.  O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo
elucidação do fato. ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

Didatismo e Conhecimento 89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 183.  Nos crimes em que não couber ação pública, obser- Conforme um primeiro entendimento, por independer de pré-
var-se-á o disposto no art. 19. via ordem judicial, a prisão em flagrante seria uma espécie de ato
        administrativo, não sendo modalidade autônoma de prisão cautelar,
Art. 184.  Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a portanto.
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando Para um segundo posicionamento, a prisão em flagrante seria
não for necessária ao esclarecimento da verdade. modalidade de prisão cautelar autônoma, por reclamar pronuncia-
mento judicial acerca de sua manutenção. Este posicionamento des-
PRISÃO EM FLAGRANTE e PRISÃO PREVENTIVA preza, veja-se, a inexistência de prévia ordem judicial para realizar
tal prisão.
A restrição da liberdade é medida excepcional na natureza hu- Por fim, de acordo com uma terceira corrente, a prisão em fla-
mana. Aqui, a despeito da existência de “prisões penais” - estudadas grante é ato complexo, composto de uma primeira fase administra-
pelo direito penal e pela execução penal - e da “prisão civil” (em tiva, que se dá com sua efetivação (isto é, a captura do acusado),
caso de dívida de alimentos) - estudada pelo direito constitucional, e de uma segunda fase processual, que se dá com sua apreciação
pelo direito internacional, e pelo direito civil -, somente se estudará pela autoridade judicial acerca de sua manutenção ou não de acordo
as tipicamente denominadas “prisões processuais”, decretadas du- com a presença dos requisitos e pressupostos ensejadores da prisão
rante a fase investigatória ou judicial. preventiva.
Nada obstante, temas circundantes ao tópico “prisões proces- Diz-se que o assunto caminha para a pacificação, pois, se desde
suais” também merecem atenção especial. Se está falando, dentre a Lei nº 6.416/77 não mais se vislumbra a possibilidade de ficar
outros, da liberdade provisória, com ou sem fiança, da prisão domi- alguém preso em flagrante durante todo o processo (o juiz, desde
ciliar, e das recentes medidas cautelares diversas da prisão, inaugu- 1977, deveria apreciar a presença dos requisitos ensejadores da pri-
radas pela Lei nº 12.403/11. são preventiva para manter ou não o flagrante), agora, com a Lei nº
De acordo com o art. 282, do Código de Processo Penal, as 12.403/11, ficou a prisão em flagrante em condição excepcionalís-
medidas cautelares previstas no Título IX, do Código de Processo sima, já que, de acordo com o atual art. 310, CPP, o juiz, ao receber
Penal, intitulado “Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liber- o auto de prisão em flagrante, deverá fundamentadamente relaxar a
dade Provisória”, deverão ser aplicadas observando-se a necessi-
prisão se ilegal (inciso I), converter a prisão em flagrante em pre-
dade para aplicação da lei penal, para a investigação ou instrução
ventiva se presentes os requisitos do art. 312, CPP e se revelarem
criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da pri-
de infrações penais (inciso I), bem como a adequação da medida à
são (inciso II), ou conceder liberdade provisória, com ou sem fiança
gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
(inciso III).
indiciado ou acusado (inciso II).
Veja-se, pois, que a prisão em flagrante se solidificou, atual-
Se está falando, com isso, que urge a observância do binômio
mente, como uma “prisão pré-cautelar”, porque necessariamente
necessidade/adequação quando da análise de imposição de prisão
será ato meramente primário a uma análise acerca da prisão proces-
processual/medida cautelar diversa da prisão. Pode ser que, num
sual/medida diversa da prisão/liberdade provisória. O terceiro en-
extremo mais gravoso, a prisão preventiva seja a mais adequada.
Já noutro extremo, mais brando, pode ser que a liberdade provisó- tendimento é o que tende a prevalecer, portanto: a prisão em flagran-
ria seja palavra de ordem. Qualquer coisa que ficar entre estes dois te como ato administrativo não deve prevalecer já que a flagrância
extremos pode importar a imposição de medida cautelar de natureza não mais é um fim em si mesmo (razão pela qual a primeira corrente
diversa da prisão processual. “cai por terra”); a prisão em flagrante não tem natureza cautelar, pois
Prisão em flagrante. A prisão em flagrante consiste numa me- é justamente a cautelaridade da medida que a autoridade judicial vai
dida de autodefesa da sociedade, caracterizada pela privação da li- buscar ao apreciar as hipóteses do art. 310, CPP (razão pela qual a
berdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação de segunda corrente vai à bancarrota); a prisão em flagrante é, sim, ato
flagrância, independentemente de prévia autorização judicial. A pró- complexo (ou “pré-cautelar”), porque embora comece como um ato
pria Constituição Federal autoriza a prisão em flagrante, em seu art. administrativo, seu relaxamento ou conversão em prisão preventiva/
5º, LXI, o qual afirma que ninguém será preso senão em flagrante liberdade provisória (isto é, sua judicialização) é meramente questão
delito, ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária de tempo.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-
priamente militar, definidos em lei. Funções da prisão em flagrante. São elas:
A expressão “flagrante” deriva do latim “flagrare”, que signi- A) Evitar a fuga do infrator;
fica “queimar”, “arder”. Isso serve para demonstrar que o delito em B) Auxiliar na colheita de elementos probatórios;
flagrante é o delito que está “ardendo”, “queimando”, “que acaba de C) Impedir a consumação ou o exaurimento do delito.
acontecer”.
Por isso, qualquer do povo poderá, e as autoridades policiais e Procedimento do flagrante. O procedimento da prisão em
seus agentes deverão, prender quem quer que seja encontrado em flagrante está essencialmente descrito entre os art. 304 e 310, do
flagrante delito. Código de Processo Penal:
A) Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o
Natureza da prisão em flagrante. Trata-se de tema outrora condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este có-
excessivamente divergente, mas que parece caminhar para um en- pia do termo e recibo de entrega do preso (art. 304, caput, primeira
tendimento uníssono graças ao advento da Lei nº 12.403/11. parte, CPP);

Didatismo e Conhecimento 90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
B) Em seguida, procederá a autoridade competente à oitiva das B) Flagrante facultativo. É aquele efetuado por qualquer pes-
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado soa do povo, embora não seja o indivíduo obrigado a prender em
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas flagrante, caso isso ameace sua segurança e sua integridade;
respectivas assinaturas, lavrando a autoridade, ao final, o auto (art. C) Flagrante próprio (ou flagrante perfeito) (ou flagrante ver-
304, caput, parte final, CPP); dadeiro). É aquele que ocorre se o agente é preso quando está co-
C) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontrem se- metendo a infração ou acaba de cometê-la. Sua previsão está nos
rão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério incisos I e II, do art. 302, do Código de Processo Penal;
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 306, D) Flagrante impróprio (ou flagrante imperfeito) (ou “quase
caput, CPP); flagrante”). É aquele que o ocorre se o agente é perseguido, logo
D) Resultando das respostas às perguntas feitas ao acusado fun- após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em si-
dada suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo tuação que se faça presumir ser ele autor da infração. Sua previsão
à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e está no terceiro inciso, do art. 302, do Diploma Adjetivo Penal.
prosseguirá nos atos do processo ou inquérito se para isso for com- Vale lembrar que não há um prazo pré-determinado para esta
petente (se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja) (art. perseguição, desde que ela seja contínua, ininterrupta. Assim, pode
304, §1º, CPP); um agente ser perseguido por vinte e quatro horas após a prática
E) A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de delitiva, p. ex., e ainda assim ser autuado em flagrante;
prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assi- E) Flagrante presumido (ou flagrante ficto). É aquele que ocor-
ná-lo ao menos duas pessoas que tenham testemunhado a apresenta- re se o agente é encontrado, logo depois do crime, com instrumen-
ção do preso à autoridade (art. 304, §2º, CPP). Quando o acusado se tos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da
recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão infração. Sua previsão está no art. 302, IV, CPP;
em flagrante será assinado por duas testemunhas que tenham ouvido F) Flagrante preparado (ou “crime de ensaio”) (ou delito pu-
sua leitura na presença deste (art. 304, §3º, CPP). Na falta ou no im- tativo por obra do agente provocador). A autoridade policial instiga
pedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade o indivíduo a cometer o crime, apenas para prendê-lo em flagrante.
lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal (art. 305, O entendimento jurisprudencial, contudo, é no sentido de que esta
CPP); espécie de flagrante não é válida, por se tratar de crime impossível.
F) Em até vinte e quatro horas após a realização da prisão, será Neste sentido, há até mesmo a Súmula nº 145, do Supremo Tribunal
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante, e Federal, segundo a qual não há crime quando a preparação do fla-
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será encami- grante pela polícia torna impossível a sua consumação;
nhada cópia integral deste auto para a Defensoria Pública (art. 306,
G) Flagrante esperado. Aqui, a autoridade policial sabe que o
§1º, CPP);
delito vai acontecer, independentemente de instigá-lo ou não, e, por-
E) No mesmo prazo de vinte e quatro horas, será entregue ao
tanto, se limita a esperar o início da prática do delito, para efetuar
preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
a prisão em flagrante. Trata-se de modalidade de flagrante perfeita-
com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas
mente válida, apesar de entendimento minoritário que o considera
(art. 306, §2º, CPP);
inválido pelos mesmos motivos do flagrante preparado;
F) Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fun-
H) Flagrante prorrogado (ou “ação controlada”) (ou flagrante
damentadamente relaxar a prisão ilegal, ou converter a prisão em
protelado). A autoridade policial retarda sua intervenção, para que o
flagrante em preventiva (quando presentes os requisitos do art. 312,
do Código de Processo Penal, e quando se revelarem inadequadas as faça no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de
medidas cautelares diversas da prisão), ou conceder liberdade provi- provas. Sua legalidade depende de previsão legal.
sória com ou sem fiança (art. 310, CPP); I) Flagrante forjado (ou flagrante fabricado) (ou flagrante ma-
G) Se o juiz verificar pelo auto que o agente praticou o fato quinado). É o flagrante “plantado” pela autoridade policial (ex.: a
em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do autoridade policial coloca drogas nos objetos pessoais do investiga-
dever legal, ou exercício regular de um direito (todos previstos no do somente para prendê-lo em flagrante).
art. 23, do Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a Apresentação espontânea do acusado. Trata-se de tema novo,
todos os atos processuais, sob pena de revogação (art. 310, parágra- graças ao advento da Lei nº 12.403/11.
fo único, CPP). Antes de tal diploma normativo, o art. 317, CPP, previa que
Obtempera-se que, não havendo autoridade no lugar em que se a apresentação espontânea do acusado à autoridade não impediria
tiver efetuado a prisão, o preso será apresentado à prisão do lugar a decretação da prisão preventiva. Ou seja, a prisão em flagrante
mais próximo (art. 308, CPP). não era possível (já que não havia flagrante: foi o agente quem se
Por fim, se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, apresentou à autoridade policial, e não a autoridade policial que foi
depois de lavrado o “APF” (auto de prisão em flagrante) (art. 309, no encalço do agente), o que não obstava, contudo, a decretação de
CPP). prisão preventiva.
Com a nova lei, tal dispositivo foi suprimido, causando alguma
Espécies/modalidades de flagrante. Vejamos a classificação divergência doutrinária acerca da possibilidade de se prender em fla-
feita pela doutrina: grante ou não em caso de livre apresentação por parte do acusado.
A) Flagrante obrigatório. É aquele que se aplica às autorida- Apesar de inexistir qualquer entendimento doutrinário/jurispruden-
des policiais e seus agentes, que têm o dever de efetuar a prisão em cial consolidado, até agora tem prevalecido a ideia de que a apresen-
flagrante; tação espontânea continua impedindo a prisão em flagrante.

Didatismo e Conhecimento 91
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Prisão preventiva. Em qualquer fase da investigação policial D) Para assegurar a aplicação da lei penal. Se ficar demons-
ou do processo penal caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, trado concretamente que o acusado pretende fugir, p. ex., inviabili-
de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministé- zando futura e eventual execução da pena, impõe-se a prisão preven-
rio Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da tiva por este motivo;
autoridade policial (art. 311, CPP). E) Em caso de descumprimento de qualquer das medidas cau-
De antemão já se pode observar que à autoridade judicial é ve- telares diversas da prisão. As “medidas cautelares diversas da pri-
dada a decretação de prisão preventiva de ofício na fase do inquérito são” são novidade no processo penal, e foram trazidas pela Lei nº
policial (isso é novidade da Lei nº 12.403, já que antes desta previa- 12.403/2011.
-se legalmente a possibilidade de decretar o juiz prisão preventiva de
ofício também durante as investigações, o que era bastante criticado Hipóteses em que se admite prisão preventiva. São elas, de
pela doutrina garantista). acordo com o art. 312, CPP:
A) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
Pressupostos da prisão preventiva. Há se distinguir os “pres- máxima superior a quatro a quatro anos (inciso I);
supostos” dos “motivos ensejadores” da prisão preventiva (estes úl- B) Se o agente tiver sido condenado por outro crime doloso, em
timos serão estudados no tópico seguinte). São pressupostos: sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no art. 64, I,
A) Prova da existência do crime. É o chamado “fumus comissi do Código Penal (configuração do período depurador) (inciso II);
delicti”; C) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
B) Indícios suficientes de autoria. É o chamado “periculum li- a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com defi-
bertatis”. ciência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência
Chama-se a atenção, preliminarmente, que o processualismo (inciso III);
penal exige “prova da existência do crime”, mas se contenta com D) Quando houver dúvidas sobre a identidade civil da pessoa
“indícios suficientes de autoria”. Desta maneira, desde que haja um ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la
contexto probatório maciço acerca dos fatos, dispensa-se a certeza (neste caso, o preso deve imediatamente ser posto em liberdade após
acerca da autoria, mesmo porque, em termos práticos, caso fique a identificação, salvo de outra hipótese recomendar a manutenção da
realmente comprovada, a autoria só o ficará, de fato, quando de um
medida) (parágrafo único).
eventual decreto condenatório definitivo.
No mais, há se ter em mente que, para que se decrete a prisão
Revogação da prisão preventiva. Isso é possível se, no trans-
preventiva de alguém, basta um dos motivos ensejadores da prisão
correr do processo, verificar a autoridade judicial a falta de motivo
preventiva, mas os dois pressupostos devem estar necessariamente
para que subsista a prisão preventiva. Assim, em sentido contrário,
previstos cumulativamente. Então, sempre deve haver, obrigatoria-
também poder decretá-la se sobrevierem razões que a justifiquem.
mente, os dois pressupostos (existência do crime e indícios de auto-
De toda forma, a decisão que decretar, substituir ou denegar a
ria), mais ao menos um motivo ensejador (ou a garantia da ordem
prisão preventiva será sempre motivada.
pública, ou a garantia da ordem econômica, ou o asseguramento da
aplicação da lei penal, ou a conveniência da instrução criminal, ou
o descumprimento de qualquer das medidas cautelares diversas da Prisão preventiva e excludentes de culpabilidade e de ili-
prisão). citude. De acordo com o art. 314, do Diploma Processual Penal,
a prisão preventiva em nenhum momento será decretada se o juiz
Motivos ensejadores da prisão preventiva. Eles estão no art. verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o
312, do Código de Processo Penal, e devem ser conjugadas com a fato em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cum-
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. A saber: primento do dever legal, ou no exercício regular de um direito (ex-
A) Para garantia da ordem pública. É o risco considerável cludentes de ilicitude).
de reiteração de ações delituosas, em virtude da periculosidade do Apesar da ausência de previsão acerca das excludentes de cul-
agente. pabilidade, é forte o entendimento no sentido de que o art. 314 deve
O “clamor social” causado pelo delito autoriza à decretação de a elas ser aplicado por analogia, com exceção da hipótese de inim-
prisão preventiva por “garantia da ordem pública”? Prevalece que putabilidade (art. 26, caput, CP), afinal, o próprio Código de Proces-
sim, pois, do contrário, se o indivíduo for mantido solto, há risco de so Penal permite a absolvição sumária do agente se o juiz verificar
caírem as autoridades judiciais e policiais em descrédito para com a existência de manifesta causa excludente de culpabilidade, salvo
a sociedade; inimputabilidade (art. 297, II, CPP).
B) Para garantia da ordem econômica. Trata-se do risco de
reiteração delituosa, porém relacionado com crimes contra a ordem Inexistência de qualquer hipótese de prisão preventiva au-
econômica. A inserção deste motivo (na verdade, uma espécie da tomática. Não há se falar, sob qualquer hipótese, na prisão preven-
garantia da ordem pública) se deu pelo art. 84, da Lei nº 8.884/94 tiva como efeito automático de algum ato.
(“Lei Antitruste”); Um bom exemplo disso é o parágrafo primeiro, do art. 387,
C) Por conveniência da instrução criminal. Visa-se impedir CPP (antigo parágrafo único, mas hoje renumerado pela Lei nº
que o agente perturbe a livre produção probatória. O objetivo, pois, 12.736/2012), segundo o qual o juiz decidirá, fundamentadamente,
é proteger o processo, as provas a que o Estado persecutor ainda sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preven-
não teve acesso, e os agentes (como testemunhas, p. ex.) que podem tiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da
auxiliar no deslinde da lide; apelação que vier a ser interposta.

Didatismo e Conhecimento 92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Outro exemplo é o art. 366, da Lei Adjetiva, pelo qual se o LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E
acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir defensor, DO ADOLESCENTE).
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, po-
dendo o juiz determinar a produção antecipada de provas urgentes,
e, se for o caso, decretar prisão preventiva. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
Várias informações podem ser extraídas destes dois únicos dis- outras providências.
positivos.
A primeira delas é que não há mais se falar em prisão preventi-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Con-
va como efeito automático da condenação. Pode ser o caso de, mes-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
mo diante de decreto condenatório, entender a autoridade judicial
que o acusado pode ficar solto esperando o trânsito em julgado do
processo no qual litiga. TÍTULO I
A segunda delas é a inexigibilidade de recolhimento à pri- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
são para apelar, como se entendia no hoje revogado (pela Lei nº
11.719/08) art. 594, CPP, o que acabava por constituir grave ofensa Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e
ao duplo grau de jurisdição. ao adolescente.
A terceira delas, prevista no art. 366, CPP, que trata da suspen-
são do processo e do prazo prescricional (e será estudado mais à Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pes-
frente), atine à informação de que, ainda que foragido/ausente o soa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
acusado, deverá o magistrado fundamentar eventual decisão que de- doze e dezoito anos de idade.
crete prisão preventiva deste. Desta maneira, o mero “sumiço” do Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
acusado não é, por si só, elemento decretador automático de prisão cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
preventiva.
anos de idade.
Recurso de decisão acerca da prisão preventiva. Conforme
o art. 581, V, CPP, se o juiz de primeiro grau indeferir requerimento Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
de prisão preventiva ou revogar a medida colocando o agente em fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
liberdade, caberá recurso em sentido estrito. integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
Uma questão que fica em zona nebulosa diz respeito à revoga- outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
ção de prisão preventiva em prol de uma medida cautelar diversa facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e so-
da prisão. Há quem diga que a lógica é mesma das hipóteses aci- cial, em condições de liberdade e de dignidade.
ma vistas que desafiam recurso em sentido estrito, por importarem
maior grau de liberdade ao agente, o que denotaria o manejo de tal Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
instrumento. Por outro lado, há quem entenda que tal decisão seja ir- geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe-
recorrível por ausência de previsão legal expressa. Não há qualquer tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
entendimento consolidado sobre o tema. educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
De toda maneira, há se observar que o recurso em sentido estri- dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e co-
to somente será cabível caso se indefira o requerimento de preven-
munitária.
tiva (caso o requerimento seja deferido não há previsão recursal),
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
ou caso se revogue a medida (caso a medida seja mantida não há
previsão recursal). a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir-
cunstâncias;
Substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar. O b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
art. 317, da Lei Adjetiva, inovou (graças à Lei nº 12.403/11) ao dis- relevância pública;
ciplinar que a prisão domiciliar consiste no recolhimento do indicia- c) preferência na formulação e na execução das políticas so-
do em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização ciais públicas;
judicial. Trata-se de medida humanitária a ser tomada em situações d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela-
especiais, desde que se comprove a real existência da excepciona- cionadas com a proteção à infância e à juventude.
lidade (parágrafo único, do art. 318, do Código de Processo Penal).
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
Hipóteses de substituição da prisão preventiva pela domici- quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
liar. Isso será possível quando o agente for (art. 318, CPP):
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
A) Maior de oitenta anos (inciso I);
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
B) Extremamente debilitado por motivo de doença grave (in-
ciso II);
C) Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
seis anos de idade ou com deficiência (inciso III); sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os di-
D) Gestante a partir do sétimo mês de gravidez ou sendo esta de reitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da
alto risco (inciso IV). criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Didatismo e Conhecimento 93
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TÍTULO II Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS proporcionar condições para a permanência em tempo integral de
um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou
CAPÍTULO I adolescente.
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados
ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
providências legais.
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
Parágrafo único.  As gestantes ou mães que manifestem inte-
em condições dignas de existência. resse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.
Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
Saúde, o atendimento pré e perinatal.    assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida-
§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de
atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se educação sanitária para pais, educadores e alunos.
aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos ca-
§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo sos recomendados pelas autoridades sanitárias.
médico que a acompanhou na fase pré-natal.
§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à CAPÍTULO II
gestante e à nutriz que dele necessitem. DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E
§ 4o  Incumbe ao poder público proporcionar assistência À DIGNIDADE
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusi-
ve como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
puerperal. respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de-
senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
§ 5o  A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser tam-
garantidos na Constituição e nas leis.
bém prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em en-
tregar seus filhos para adoção. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec-
tos:
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro- I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá-
piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos rios, ressalvadas as restrições legais;
filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimina-
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de ção;
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; VI - participar da vida política, na forma da lei;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im- VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo
de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa com- Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da in-
petente; tegridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran-
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como pres-
tar orientação aos pais;
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessa- adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
riamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neo- violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
nato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a CAPÍTULO III
permanência junto à mãe. DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E
COMUNITÁRIA
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da crian-
ça e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, SEÇÃO I
garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para DISPOSIÇÕES GERAIS
promoção, proteção e recuperação da saúde.
§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado
receberão atendimento especializado. e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias
relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. entorpecentes.

Didatismo e Conhecimento 94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1o  Toda criança ou adolescente que estiver inserido em Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per-
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe o segredo de Justiça.
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada
pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família SEÇÃO III
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta DA FAMÍLIA SUBSTITUTA
Lei.
§ 2o  A permanência da criança e do adolescente em programa SUBSEÇÃO I
de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) DISPOSIÇÕES GERAIS
anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior
interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
§ 3o  A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da
sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, § 1o  Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu es-
do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. tágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implica-
ções da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, § 2o  Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas necessário seu consentimento, colhido em audiência. 
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. § 3o  Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de con- ou minorar as consequências decorrentes da medida.
dições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação  § 4o  Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discor- ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
dância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução existência de risco de abuso ou outra situação que justifique
da divergência. plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-
se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu- fraternais. 
cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, § 5o  A colocação da criança ou adolescente em família substituta
a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento
posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Jus-
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui tiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garan-
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só auto- tia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010,
rize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido de 2009)  
em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluí-  § 6o  Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
da em programas oficiais de auxílio. proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
obrigatório: 
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decreta-  I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
das judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previs- cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
tos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) 
SEÇÃO II II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de
DA FAMÍLIA NATURAL sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; 
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles-
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissio-
Parágrafo único.  Entende-se por família extensa ou amplia- nal ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
da aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes-
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a nature-
afetividade. za da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco- Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transfe-
nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo rência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governa-
de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu- mentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
mento público, qualquer que seja a origem da filiação.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen- Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.

Didatismo e Conhecimento 95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará Parágrafo único.  Na apreciação do pedido, serão observados
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
termo nos autos. deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,
se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que
SUBSEÇÃO II não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
DA GUARDA
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de- SUBSEÇÃO IV
tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. DA ADOÇÃO
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun-
tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. do o disposto nesta Lei.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de § 1o  A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção
eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do
representação para a prática de atos determinados. parágrafo único do art. 25 desta Lei. 
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição § 2o  É vedada a adoção por procuração.
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários. Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos
§ 4o  Salvo expressa e fundamentada determinação em à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos ado-
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida tantes.
for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de
criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado
matrimoniais.
ou do Ministério Público.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
       
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
Art. 34.  O poder público estimulará, por meio de assistência
concubino do adotante e os respectivos parentes.
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. 
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e
§ 1o  A inclusão da criança ou adolescente em programas de
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional,
observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde-
medida, nos termos desta Lei.  pendentemente do estado civil.
§ 2o  Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadas- § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.
trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança § 2o  Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada
a 33 desta Lei. a estabilidade da família.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me- velho do que o adotando.
diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. § 4o  Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-compa-
nheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre
SUBSEÇÃO III a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência
DA TUTELA tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que
seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade
Art. 36.  A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionali-
de até 18 (dezoito) anos incompletos. dade da concessão.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia § 5o  Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efe-
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica ne- tivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada,
cessariamente o dever de guarda. conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
        de 2002 - Código Civil.
Art. 37.  O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu- § 6o  A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no procedimento, antes de prolatada a sentença.
prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com
pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedi- Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta-
mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.  gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Didatismo e Conhecimento 96
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Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar Parágrafo único.  O acesso ao processo de adoção poderá ser
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedi-
curatelado. do, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder
representante legal do adotando. poder familiar dos pais naturais.
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança
ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
destituídos do poder familiar. foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.  
será também necessário o seu consentimento. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer
a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fi- os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas
xar, observadas as peculiaridades do caso. no art. 29.
§ 1o  O estágio de convivência poderá ser dispensado se o § 3o  A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe
tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com
constituição do vínculo apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal
§ 2o  A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa de garantia do direito à convivência familiar. 
da realização do estágio de convivência § 4o  Sempre que possível e recomendável, a preparação referida
§ 3o  Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes
domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem
território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.  adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação
§ 4o  O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, pre-
dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
ferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução
execução da política municipal de garantia do direito à convivência
da política de garantia do direito à convivência familiar, que apre-
familiar.
sentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento
§ 5o  Serão criados e implementados cadastros estaduais e
da medida.
nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados
e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se § 6o  Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes
fornecerá certidão. fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no §
bem como o nome de seus ascendentes. 5o deste artigo. 
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o        
registro original do adotado. § 7o  As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção
§ 3o  A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de
no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência.  informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. 
§ 4o  Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar        
nas certidões do registro.  § 8o  A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
§ 5o  A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na
prenome. comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua
§ 6o  Caso a modificação de prenome seja requerida pelo habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no §
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade     
nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.  § 9o  Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
§ 7o  A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior
da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito.  § 10.  A adoção internacional somente será deferida se, após
§ 8o  O processo relativo à adoção assim como outros a consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção,
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste ar-
conservação para consulta a qualquer tempo. tigo, não for encontrado interessado com residência permanente no
        Brasil. 
Art. 48.  O adotado tem direito de conhecer sua origem bio- § 11.  Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
lógica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e
medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
(dezoito) anos. programa de acolhimento familiar. 

Didatismo e Conhecimento 97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 12.  A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne-
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.  cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter-
§ 13.  Somente poderá ser deferida adoção em favor de profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos acompanhada da respectiva prova de vigência;
termos desta Lei quando:  V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e con-
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles- venções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por
cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;  tradutor público juramentado; 
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e
de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central
das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio-
§ 14.  Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento,
requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de
        acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional,
Art. 51.  Considera-se adoção internacional aquela na qual a que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto-
conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e
de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Ma- da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente,
téria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. 
1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de § 1o  Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
21 de junho de 1999.  admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional
§ 1o  A adoção internacional de criança ou adolescente
sejam intermediados por organismos credenciados.
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar
§ 2o  Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira
comprovado:
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
I - que a colocação em família substituta é a solução adequada
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
ao caso concreto;
internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da
Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consul-
próprio da internet. 
ta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei;
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi con- § 3o  Somente será admissível o credenciamento de organismos
sultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que: 
que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elabora- I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
do por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
do art. 28 desta Lei.  do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
§ 2o  Os brasileiros residentes no exterior terão preferência para atuar em adoção internacional no Brasil; 
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên-
adolescente brasileiro.  cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí-
§ 3o  A adoção internacional pressupõe a intervenção das ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
internacional.  e experiência para atuar na área de adoção internacional 
        IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi-
Art. 52.  A adoção internacional observará o procedimento pre- co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações:  Federal Brasileira
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança § 4o  Os organismos credenciados deverão ainda: 
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção interna- dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país
cional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Cen-
sua residência habitual;  tral Federal Brasileira; 
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de
os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um rela- reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex-
tório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade ju- periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas
rídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade
familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão
aptidão para assumir uma adoção internacional;  federal competente;
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive
Federal Brasileira;  quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;

Didatismo e Conhecimento 98
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IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada Art. 52-A.  É vedado, sob pena de responsabilidade e descre-
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como rela- denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos
tório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter-
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. 
Federal;  Parágrafo único.  Eventuais repasses somente poderão ser efe-
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e esta-
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal rão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da
Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do rela- Criança e do Adolescente.
tório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro ci-        
Art. 52-B.  A adoção por brasileiro residente no exterior em
vil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; 
país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção te-
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan-
nha sido processado em conformidade com a legislação vigente no
tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da
país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.  reingresso no Brasil. 
§ 5o  A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste § 1o  Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
seu credenciamento. pelo Superior Tribunal de Justiça.  
§ 6o  O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro § 2o  O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
validade de 2 (dois) anos. deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Supe-
§ 7o  A renovação do credenciamento poderá ser concedida rior Tribunal de Justiça.
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central        
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do Art. 52-C.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
respectivo prazo de validade.  país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de ori-
§ 8o  Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu gem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade
a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos
território nacional.  pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
§ 9o  Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará as providências necessárias à expedição do Certificado
de Naturalização Provisório. 
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem
§ 1o  A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente,
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão
as características da criança ou adolescente adotado, como idade, se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à
cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, adolescente. 
instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certi- § 2o  Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no
dão de trânsito em julgado.  § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente reque-
§ 10.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a rer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central
crianças e adolescentes adotados. Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Bra-
§ 11.  A cobrança de valores por parte dos organismos sileira e à Autoridade Central do país de origem.
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade       
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente Art. 52-D.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
comprovados, é causa de seu descredenciamento.  país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori-
§ 12.  Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda,
representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser
cooperação em adoção internacional.  oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o pro-
§ 13.  A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado cesso de adoção seguirá as regras da adoção nacional.
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
CAPÍTULO IV
renovada. 
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E
§ 14.  É vedado o contato direto de representantes de
AO LAZER
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visan-
com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem do ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercí-
a devida autorização judicial.  cio da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
§ 15.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que cola;
julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.  II - direito de ser respeitado por seus educadores;

Didatismo e Conhecimento 99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer CAPÍTULO V
às instâncias escolares superiores; DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO
IV - direito de organização e participação em entidades estu- NO TRABALHO
dantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro-
postas educacionais. Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por
legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro-
que a ele não tiveram acesso na idade própria; fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao educação em vigor.
ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin-
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; tes princípios:
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
seis anos de idade; II - atividade compatível com o desenvolvimento do adoles-
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da cente;
criação artística, segundo a capacidade de cada um; III - horário especial para o exercício das atividades.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
adolescente trabalhador; Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas bolsa de aprendizagem.
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação
e assistência à saúde. Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público assegurados os direitos trabalhistas e      previdenciários.
subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
trabalho protegido.
autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa-
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
responsável, pela frequência à escola.
governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
cinco horas do dia seguinte;
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
II - perigoso, insalubre ou penoso;
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamen- III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
tal comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequên-
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo- cia à escola.
tados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educa-
tivo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-gover-
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e namental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo- dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade
logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e ado- regular remunerada.
lescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul- e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho
acesso às fontes de cultura. não desfigura o caráter educativo.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es- Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro-
timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro- teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
a juventude. II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

Didatismo e Conhecimento 100


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
TÍTULO III Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio
DA PREVENÇÃO ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa-
das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
CAPÍTULO I Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
DISPOSIÇÕES GERAIS contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas
com embalagem opaca.
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
violação dos direitos da criança e do adolescente. Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-
-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crôni-
cas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços
que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre- assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmente,
venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados. cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência de
crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará público.
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
Lei. SEÇÃO II
DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
CAPÍTULO II
DA PREVENÇÃO ESPECIAL Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos;
SEÇÃO I II - bebidas alcoólicas;
DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTES, DIVER- III - produtos cujos componentes possam causar dependência
SÕES E ESPETÁCULOS física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará
físico em caso de utilização indevida;
as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
em que sua apresentação se mostre inadequada.
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em
públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autori-
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do es- zado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.
SEÇÃO III
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR
espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etá-
ria. Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente po- onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expres-
derão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição sa autorização judicial.
quando acompanhadas dos pais ou responsável. § 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região me-
horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com tropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com-
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anun-
provado documentalmente o parentesco;
ciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apre- 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
sentação ou exibição. responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de responsável, conceder autorização válida por dois anos.
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação
em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacor- Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é
do com a classificação atribuída pelo órgão competente. dispensável, se a criança ou adolescente:
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa-
que se destinam. mente pelo outro através de documento com firma reconhecida.

Didatismo e Conhecimento 101


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista
do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se
exterior. mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família subs-
tituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; 
PARTE ESPECIAL VII - mobilização da opinião pública para a indispensável par-
ticipação dos diversos segmentos da sociedade.
TÍTULO I
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conse-
lhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente
CAPÍTULO I é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações go-
SEÇÃO I
vernamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Dis- DISPOSIÇÕES GERAIS
trito Federal e dos municípios.
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela ma-
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: nutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e
I - políticas sociais básicas; execução de programas de proteção e socioeducativos destinados a
II - políticas e programas de assistência social, em caráter suple- crianças e adolescentes, em regime de:
tivo, para aqueles que deles necessitem; I - orientação e apoio sócio familiar;
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e II - apoio socioeducativo em meio aberto;
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, III - colocação familiar;
abuso, crueldade e opressão; IV - acolhimento institucional;
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela
crianças e adolescentes desaparecidos; Lei nº 12.594, de 2012) 
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
da criança e do adolescente. 2012) 
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o VII - semiliberdade; e  (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo 2012) 
exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescen- VIII - internação.   (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      
tes;  § 1o  As entidades governamentais e não governamentais
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando os
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho
e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com defi- registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação
ciências e de grupos de irmãos. ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. 
§ 2o  Os recursos destinados à implementação e manutenção dos
programas relacionados neste artigo serão previstos nas dotações
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de
I - municipalização do atendimento;
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos
se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente
direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controla- preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo
dores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popu- caput e parágrafo único do art. 4o desta Lei. 
lar paritária por meio de organizações representativas, segundo leis § 3o  Os programas em execução serão reavaliados pelo
federal, estaduais e municipais; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
III - criação e manutenção de programas específicos, observada no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
a descentralização político-administrativa; renovação da autorização de funcionamento:
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado expe-
adolescente; didas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério todos os níveis; 
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pre- II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta-
ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça
atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
infracional; Vigência
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério III - em se tratando de programas de acolhimento institucional
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegra-
das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de ção familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso.

Didatismo e Conhecimento 102


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão § 6o  O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigen-
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi- te de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar
tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal.
§ 1o  Será negado o registro à entidade que:        
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de Art. 93.  As entidades que mantenham programa de acolhimen-
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; to institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, aco-
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí- lher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade
pios desta Lei; competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro)
c) esteja irregularmente constituída; horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabi-
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. lidade. 
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe- Parágrafo único.  Recebida a comunicação, a autoridade judi-
rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas ciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promo-
os níveis.  ver a imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou,
§ 2o  O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo se por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para
ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institu-
periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observado cional ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do art.
o disposto no § 1o deste artigo. 101 desta Lei.
       
Art. 92.  As entidades que desenvolvam programas de acolhi- Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna-
mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí- ção têm as seguintes obrigações, entre outras:
pios I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte- lescentes;
gração familiar; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
II - integração em família substituta, quando esgotados os re- restrição na decisão de internação;
cursos de manutenção na família natural ou extensa; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida-
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; des e grupos reduzidos;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de coeducação; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
V - não desmembramento de grupos de irmãos; dignidade ao adolescente;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en- V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
tidades de crianças e adolescentes abrigados; dos vínculos familiares;
VII - participação na vida da comunidade local; VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca-
VIII - preparação gradativa para o desligamento; sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vín-
IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu- culos familiares;
cativo. VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de
§ 1o  O dirigente de entidade que desenvolve programa de aco- habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos neces-
lhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efei- sários à higiene pessoal;
tos de direito. VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados
§ 2o  Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas à faixa etária dos adolescentes atendidos;
de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju- IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e
diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado farmacêuticos;
acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua X - propiciar escolarização e profissionalização;
família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.  XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
§ 3o  Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação acordo com suas crenças;
dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máxi-
crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, mo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade com-
Ministério Público e Conselho Tutelar.  petente;
§ 4o  Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá- XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco- sua situação processual;
lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de
Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o adolescentes portadores de moléstias infectocontagiosas;
contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em cum- XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
primento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. adolescentes;
§ 5o  As entidades que desenvolvem programas de acolhimento XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha-
familiar ou institucional somente poderão receber recursos públicos mento de egressos;
se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e finalida- XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
des desta Lei.  cidadania àqueles que não os tiverem;

Didatismo e Conhecimento 103


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e cir- CAPÍTULO II
cunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou res- DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
ponsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua
formação, relação de seus pertences e demais dados que possibili- Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplica-
tem sua identificação e a individualização do atendimento. das isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer
§ 1o  Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes tempo.
deste artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento
institucional e familiar. Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne-
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortale-
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade. cimento dos vínculos familiares e comunitários.
Parágrafo único.  São também princípios que regem a aplicação
SEÇÃO II das medidas: 
DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de di-
reitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais re- nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; 
feridas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de
Público e pelos Conselhos Tutelares. toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção
integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão titulares; 
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das do- III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a
tações orçamentárias. plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescentes
por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidá-
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da ria das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:    do atendimento e da possibilidade da execução de programas por
I - às entidades governamentais:
entidades não governamentais;
a) advertência;
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a interven-
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
ção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a
d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses
II - às entidades não-governamentais:
presentes no caso concreto; 
a) advertência;
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
à imagem e reserva da sua vida privada; 
d) cassação do registro.
§ 1o  Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades com-
de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados petentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja co-
nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público nhecida; 
ou representado perante autoridade judiciária competente para VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida ex-
as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou clusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indis-
dissolução da entidade. pensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e
§ 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações não do adolescente; 
governamentais responderão pelos danos que seus agentes causarem VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser
às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento dos a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o
princípios norteadores das atividades de proteção específica. adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada; 
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada
TÍTULO II de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO e o adolescente; 
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na pro-
CAPÍTULO I teção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me-
DISPOSIÇÕES GERAIS didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou
extensa ou, se isto não for possível, que promovam a sua integração
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente em família substituta
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente,
ameaçados ou violados: respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com-
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma
III - em razão de sua conduta. como esta se processa; 

Didatismo e Conhecimento 104


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, § 5o  O plano individual será elaborado sob a responsabilidade
em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará
por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva
a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de dos pais ou do responsável. 
promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamen- § 6o  Constarão do plano individual, dentre outros: 
te considerada pela autoridade judiciária competente, observado o I - os resultados da avaliação interdisciplinar; 
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e 
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se- com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por
guintes medidas: expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
de responsabilidade; supervisão da autoridade judiciária. 
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; § 7o  O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento ofi- mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte
cial de ensino fundamental; do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais
família, à criança e ao adolescente; de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e es-
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri- timulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. 
co, em regime hospitalar ou ambulatorial; § 8o  Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista
VII - acolhimento institucional;  ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
igual prazo. 
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;        
§ 9o  Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
IX - colocação em família substituta. 
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu
§ 1o  O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação,
medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível,
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
para colocação em família substituta, não implicando privação de
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
liberdade. 
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política
§ 2o  Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a
proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. 
a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou § 10.  Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo
adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do
da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de complementares ou outras providências que entender indispensáveis
procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao ajuizamento da demanda. 
ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. § 11.  A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
§ 3o  Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas
às instituições que executam programas de acolhimento institucional, sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento
governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações
expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
constará, dentre outros:  providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art.
seu responsável, se conhecidos;  28 desta Lei. 
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com § 12.  Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho
pontos de referência;  Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência
sob sua guarda;  Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e
familiar.  adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de
§ 4o  Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado- permanência em programa de acolhimento.
lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento ins-
titucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo se-
visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem rão acompanhadas da regularização do registro civil.
escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária com- § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de
petente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos
família substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.  disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.

Didatismo e Conhecimento 105


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de CAPÍTULO III
que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
gozando de absoluta prioridade.
§ 3o  Caso ainda não definida a paternidade, será  deflagrado Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme sem o devido processo legal.
previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992. 
§ 4o  Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispen- Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se-
sável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo guintes garantias:
Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio-
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for nal, mediante citação ou meio equivalente;
encaminhada para adoção. II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias
TÍTULO III à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados,
na forma da lei;
CAPÍTULO I
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com-
DISPOSIÇÕES GERAIS
petente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como em qualquer fase do procedimento.
crime ou contravenção penal.
CAPÍTULO IV
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considera- SEÇÃO I
da a idade do adolescente à data do fato. DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança correspon- Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
derão as medidas previstas no art. 101. competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
CAPÍTULO II II - obrigação de reparar o dano;
DOS DIREITOS INDIVIDUAIS III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade V - inserção em regime de semiliberdade;
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- VI - internação em estabelecimento educacional;
mentada da autoridade judiciária competente. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
seus direitos. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
prestação de trabalho forçado.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade receberão tratamento individual e especializado, em local adequado
às suas condições.
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
ele indicada.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res-
ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. termos do art. 127.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear- Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
a necessidade imperiosa da medida.
SEÇÃO II
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será DA ADVERTÊNCIA
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
dúvida fundada. será reduzida a termo e assinada.

Didatismo e Conhecimento 106


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
SEÇÃO III § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização,
DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes
na comunidade.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patri- § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,
moniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o ado- no que couber, as disposições relativas à internação.
lescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por
outra forma, compense o prejuízo da vítima. SEÇÃO VII
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida DA INTERNAÇÃO
poderá ser substituída por outra adequada.
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade,
SEÇÃO IV sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na rea- da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial
em contrário.
lização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não exce-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua
dente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no
e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas
máximo a cada seis meses.
comunitários ou governamentais.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti- excederá a três anos.
dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má- § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior,
xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à semiliberdade ou de liberdade assistida.
jornada normal de trabalho. § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
SEÇÃO V autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
DA LIBERDADE ASSISTIDA § 7o  A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.  (Incluído pela
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi- Lei nº 12.594, de 2012) (Vide).” (NR)
gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e
orientar o adolescente. Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan-
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar do:
o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça
atendimento. ou violência a pessoa;
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério anteriormente imposta.
Público e o defensor. § 1o  O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da judicialmente após o devido processo legal.   (Redação dada pela
autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
outros: § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo
outra medida adequada.
I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne-
cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclu-
oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
siva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abri-
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
go, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; física e gravidade da infração.
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive
e de sua inserção no mercado de trabalho; provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
IV - apresentar relatório do caso.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en-
SEÇÃO VI tre outros, os seguintes:
DO REGIME DE SEMILIBERDADE I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis-
tério Público;
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado des- II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
de o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possi- III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
bilitada a realização de atividades externas, independentemente de IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so-
autorização judicial. licitada;

Didatismo e Conhecimento 107


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
V - ser tratado com respeito e dignidade; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes- frequência e aproveitamento escolar;
soal; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata-
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e mento especializado;
salubridade; VII - advertência;
XI - receber escolarização e profissionalização; VIII - perda da guarda;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: IX - destituição da tutela;
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; X - suspensão ou destituição do poder familiar.
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des-
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos inci-
de que assim o deseje;
sos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventu-
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abu-
ra depositados em poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos so sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agres-
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. sor da moradia comum.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente Parágrafo único.  Da medida cautelar constará, ainda, a fixação
a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adoles-
e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. cente dependentes do agressor.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men- TÍTULO V
tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con- DO CONSELHO TUTELAR
tenção e segurança.
CAPÍTULO I
CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES GERAIS
DA REMISSÃO
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apura- não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri-
ção de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, aten-
dendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, Art. 132.  Em cada Município e em cada Região Administrati-
bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
participação no ato infracional. como órgão integrante da administração pública local, composto de
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re- 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin- de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo
ção do processo. processo de escolha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe-
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar,
cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
serão exigidos os seguintes requisitos:
efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
I - reconhecida idoneidade moral;
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
II - idade superior a vinte e um anos;
regime de semiliberdade e a internação.
III - residir no município.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia
do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Pú- e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto
blico. à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
direito a:  (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
TÍTULO IV I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁ- 2012)
VEL II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um
terço) do valor da remuneração mensal;  (Incluído pela Lei nº
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 12.696, de 2012)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro- III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
teção à família; 2012)

Didatismo e Conhecimento 108


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de CAPÍTULO III
2012) DA COMPETÊNCIA
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de
2012) Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária municipal e da constante do art. 147.
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona-
CAPÍTULO IV
mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada
DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
dos conselheiros tutelares.(Redação dada pela Lei nº 12.696, de
2012) Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conse-
lho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a res-
Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselheiro consti- ponsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
tuirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idonei- Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.
dade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) § 1o  O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada
CAPÍTULO II 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO subsequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696,
de 2012)
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: § 2o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela
Lei nº 12.696, de 2012)
arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
§ 3o  No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar,
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor
medidas previstas no art. 129, I a VII; bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança; CAPÍTULO V
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des- DOS IMPEDIMENTOS
cumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons- Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e
titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos,
ou adolescente; cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe- e enteado.
tência; Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi- forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao represen-
tante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da
ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente
Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.
autor de ato infracional;
VII - expedir notificações; TÍTULO VI
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança DO ACESSO À JUSTIÇA
ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro- CAPÍTULO I
posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos di- DISPOSIÇÕES GERAIS
reitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola- Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
Federal; qualquer de seus órgãos.
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili- necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância
dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família
e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a
natural.  hipótese de litigância de má-fé.
Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o Conse-
lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e
comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos
informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou
tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. processual.
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de represen-
interesse. tação ou assistência legal ainda que eventual.

Didatismo e Conhecimento 109


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses indivi-
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que duais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, ob-
se atribua autoria de ato infracional. servado o disposto no art. 209;
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não po- V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entida-
derá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, des de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, in- VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações
clusive, iniciais do nome e sobrenome. contra norma de proteção à criança ou adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar,
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se aplicando as medidas cabíveis.
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade ju- Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas
diciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a fi- hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da
nalidade. Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
CAPÍTULO II b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder fami-
liar, perda ou modificação da tutela ou guarda;
DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou
SEÇÃO I
materna, em relação ao exercício do poder familiar;
DISPOSIÇÕES GERAIS
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando fal-
tarem os pais;
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas f) designar curador especial em casos de apresentação de quei-
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao xa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extra-
Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de judiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o atendimento, g) conhecer de ações de alimentos;
inclusive em plantões. h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos
registros de nascimento e óbito.
SEÇÃO II
DO JUIZ Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de
portaria, ou autorizar, mediante alvará:
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da In- I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacom-
fância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma panhado dos pais ou responsável, em:
da lei de organização judiciária local. a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes;
Art. 147. A competência será determinada: c) boate ou congêneres;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
falta dos pais ou responsável. II - a participação de criança e adolescente em:
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade a) espetáculos públicos e seus ensaios;
do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, b) certames de beleza.
continência e prevenção. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade levará em conta, dentre outros fatores:
competente da residência dos pais ou responsável, ou do local a) os princípios desta Lei;
onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas;
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão si-
d) o tipo de frequência habitual ao local;
multânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca,
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequên-
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade ju-
cia de crianças e adolescentes;
diciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a
f) a natureza do espetáculo.
sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão
do respectivo estado. ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter
geral.
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
para: SEÇÃO III
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério DOS SERVIÇOS AUXILIARES
Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
aplicando as medidas cabíveis; Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua pro-
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extin- posta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe
ção do processo; interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; Juventude.

Didatismo e Conhecimento 110


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atri- Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
buições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer sub- advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, po-
sídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, derá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir
encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordi- da intimação do despacho de nomeação.
nação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do
ponto de vista técnico. Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de docu-
CAPÍTULO III
mento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes
DOS PROCEDIMENTOS
ou do Ministério Público.
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciá-
ria dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se quando este for o requerente, decidindo em igual prazo.
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação proces- § 1o  A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
sual pertinente. partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo
Parágrafo único.  É assegurada, sob pena de responsabilidade, social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar,
prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de
previstos nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar pre-
judiciais a eles referentes. vistas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. 
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a § 2o  Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas,
procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profissional ou
poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências neces- multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de representantes do
sárias, ouvido o Ministério Público. órgão federal responsável pela política indigenista, observado o
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica para o disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. 
fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de § 3o  Se o pedido importar em modificação de guarda, será
origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
compreensão sobre as implicações da medida. 
SEÇÃO II
DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR § 4o  É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem
identificados e estiverem em local conhecido.
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do po-
der familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará
quem tenha legítimo interesse. vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando
este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instru-
Art. 156. A petição inicial indicará: ção e julgamento.
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; § 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do reque- Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determinar a
rente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe
pedido formulado por representante do Ministério Público; interprofissional.
III - a exposição sumária do fato e o pedido; § 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
rol de testemunhas e documentos. técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se
sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público,
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciá-
pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez.
ria, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder fa-
A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade
miliar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da
causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no
mediante termo de responsabilidade. prazo máximo de cinco dias.
       
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, Art. 163.  O prazo máximo para conclusão do procedimento
oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e será de 120 (cento e vinte) dias.        
oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. Parágrafo único.  A sentença que decretar a perda ou a sus-
Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os meios para a pensão do poder familiar será averbada à margem do registro de
citação pessoal. nascimento da criança ou do adolescente.

Didatismo e Conhecimento 111


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SEÇÃO III Parágrafo único.  Deferida a concessão da guarda provisória ou
DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
ao interessado, mediante termo de responsabilidade. 
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento
para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e
couber, o disposto na seção anterior. ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, de-
SEÇÃO IV cidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de coloca- ou a suspensão do pátrio poder poder familiar constituir pressuposto
ção em família substituta: lógico da medida principal de colocação em família substituta, será
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônju- observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III
deste Capítulo. 
ge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ser
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu
decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o disposto
cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especifi- no art. 35.
cando se tem ou não parente vivo;
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o dis-
pais, se conhecidos; posto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexan- Parágrafo único.  A colocação de criança ou adolescente sob a
do, se possível, uma cópia da respectiva certidão; guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimen- comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este responsá-
tos relativos à criança ou ao adolescente. vel no prazo máximo de 5 (cinco) dias. 
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão tam-
bém os requisitos específicos. SEÇÃO V
       DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A
Art. 166.  Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ADOLESCENTE
ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamen-
te ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser for- Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial
mulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
requerentes, dispensada a assistência de advogado. 
§ 1o  Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infra-
pela autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, cional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial compe-
tomando-se por termo as declarações.  tente.
§ 2o  O consentimento dos titulares do poder familiar será Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para
precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional prati-
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, cado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição
no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida.         especializada, que, após as providências necessárias e conforme o
§ 3o  O consentimento dos titulares do poder familiar será caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.
colhido pela autoridade judiciária competente em audiência,
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido me-
presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de
diante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial,
vontade e esgotados os esforços para manutenção da criança ou do sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, de-
adolescente na família natural ou extensa.  verá:
§ 4o  O consentimento prestado por escrito não terá validade I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o ado-
se não for ratificado na audiência a que se refere o § 3o deste artigo.  lescente;
§ 5o  O consentimento é retratável até a data da publicação da II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
sentença constitutiva da adoção.  III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprova-
§ 6o  O consentimento somente terá valor se for dado após o ção da materialidade e autoria da infração.
nascimento da criança. Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura
§ 7o  A família substituta receberá a devida orientação por do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circuns-
intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço do Poder tanciada.
Judiciário, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis
pela execução da política municipal de garantia do direito à convi- Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o
vência familiar. adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob
termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimen- representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo im-
to das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de possível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravi-
estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, dade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal
caso de adoção, sobre o estágio de convivência. ou manutenção da ordem pública.

Didatismo e Conhecimento 112


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Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial enca-
minhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério
Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão, ofe-
ocorrência. recerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade de procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que afigurar a mais adequada.
fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o
de vinte e quatro horas. breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente,
a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em autoria e materialidade.
qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial do procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Público será de quarenta e cinco dias.
cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária de-
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios signará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a auto- logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o
ridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público disposto no art. 108 e parágrafo.
relatório das investigações e demais documentos. § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados
do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência,
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infra- acompanhados de advogado.
cional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua digni- autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
dade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
pena de responsabilidade. judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o
sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Minis- § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
tério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo car-
tório judicial e com informação sobre os antecedentes do adoles- Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
cente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. § 1º Inexistindo na comarca entidade com as características de-
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante finidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente transfe-
do Ministério Público notificará os pais ou responsável para apre- rido para a localidade mais próxima.
sentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente
civil e militar. aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção
isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ul-
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, trapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabili-
o representante do Ministério Público poderá: dade.
I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão; Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsá-
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medi- vel, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo
da socioeducativa. solicitar opinião de profissional qualificado.
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
remissão pelo representante do Ministério Público, mediante termo § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão con- internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autorida-
clusos à autoridade judiciária para homologação. de judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida. em continuação, podendo determinar a realização de diligências e
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos estudo do caso.
ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo
e este oferecerá representação, designará outro membro do de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento prévia e rol de testemunhas.
ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas ar-
a homologar. roladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligên-

Didatismo e Conhecimento 113


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cias e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor, su- dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficia-
cessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogá- rá à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado,
vel por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida marcando prazo para a substituição.
proferirá decisão. § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judi-
ciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi-
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não compa- cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julga-
recer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autoridade mento de mérito.
judiciária designará nova data, determinando sua condução coerci- § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da en-
tiva. tidade ou programa de atendimento.

Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do SEÇÃO VII


processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, DA APURAÇÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA ÀS NOR-
antes da sentença. MAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade admi-
desde que reconheça na sentença: nistrativa por infração às normas de proteção à criança e ao ado-
I - estar provada a inexistência do fato; lescente terá início por representação do Ministério Público, ou do
II - não haver prova da existência do fato; Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo
III - não constituir o fato ato infracional; ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se pos-
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato sível.
infracional. § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescen- ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
te internado, será imediatamente colocado em liberdade. circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de inter- a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos
nação ou regime de semiliberdade será feita: do retardamento.
I - ao adolescente e ao seu defensor;
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação
responsável, sem prejuízo do defensor. de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na
unicamente na pessoa do defensor. presença do requerido;
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado,
manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a
seu representante legal, lavrando certidão;
SEÇÃO VI III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encon-
DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE trado o requerido ou seu representante legal;
DE ATENDIMENTO IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabi-
do o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
entidade governamental e não-governamental terá início mediante Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a au-
portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério Pú- toridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
blico ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo cinco dias, decidindo em igual prazo.
dos fatos.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procede-
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o rá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, desig-
afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão nará audiência de instrução e julgamento.
fundamentada. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão suces-
sivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a
dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e in- critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.
dicar as provas a produzir.
SEÇÃO VIII
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a DA HABILITAÇÃO DE PRETENDENTES À ADOÇÃO
autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento,
intimando as partes. Art. 197-A.  Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério apresentarão petição inicial na qual conste: 
Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a I - qualificação completa; 
autoridade judiciária em igual prazo. II - dados familiares; 

Didatismo e Conhecimento 114


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III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamen- § 1o  A ordem cronológica das habilitações somente poderá
to, ou declaração relativa ao período de união estável;  deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa
Pessoas Físicas;  a melhor solução no interesse do adotando. 
V - comprovante de renda e domicílio;  § 2o A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes
VI - atestados de sanidade física e mental;  indicados importará na reavaliação da habilitação concedida.
VII - certidão de antecedentes criminais; 
VIII - certidão negativa de distribuição cível.  CAPÍTULO IV
DOS RECURSOS
Art. 197-B.  A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo Art. 198.  Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e
de 5 (cinco) dias poderá:  da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas so-
cioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de 11
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe inter-
de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes
profissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se refere
adaptações:  (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
o art. 197-C desta Lei; 
I - os recursos serão interpostos independentemente de prepa-
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulan-
ro;
tes em juízo e testemunhas;  II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o
III - requerer a juntada de documentos complementares e a rea- prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
lização de outras diligências que entender necessárias. (dez) dias;       (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012)  (Vide)
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
Art. 197-C.  Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe inter- revisor;
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que de- IV- Revogado.
verá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que permi- V- Revogado.
tam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o exercício VI- Revogado.
de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz dos requisitos VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior ins-
e princípios desta Lei.  tância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo,
§ 1o  É obrigatória a participação dos postulantes em programa a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo
oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude preferencialmente ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão reme-
municipal de garantia do direito à convivência familiar, que inclua terá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte e
preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter- quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; se
racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.  parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias,
§ 2o  Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória contados da intimação.
da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá o contato com
crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou ins- Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149
titucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a caberá recurso de apelação.
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da
Infância e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis pelo Art. 199-A.  A sentença que deferir a adoção produz efeito des-
programa de acolhimento familiar ou institucional e pela execução de logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamen-
te no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao
adotando.
Art. 197-D.  Certificada nos autos a conclusão da participação
no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade judiciá-
Art. 199-B.  A sentença que destituir ambos ou qualquer dos
ria, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das dili- genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser
gências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada recebida apenas no efeito devolutivo.
do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de
instrução e julgamento.  Art. 199-C.  Os recursos nos procedimentos de adoção e de des-
Parágrafo único.  Caso não sejam requeridas diligências, ou tituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a junta- processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
da do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Minis- distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação,
tério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento
sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. 
Art. 197-E.  Deferida a habilitação, o postulante será inscrito
nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação Art. 199-D.  O relator deverá colocar o processo em mesa para
para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua
e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.  conclusão. 

Didatismo e Conhecimento 115


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Parágrafo único.  O Ministério Público será intimado da data do XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresentar dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
oralmente seu parecer.  as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
irregularidades porventura verificadas;
Art. 199-E.  O Ministério Público poderá requerer a instauração XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos
de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar o serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
anteriores.  § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
CAPÍTULO V hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou
adolescente.
Art. 201. Compete ao Ministério Público: § 4º O representante do Ministério Público será responsável
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, nas
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às in- hipóteses legais de sigilo.
frações atribuídas a adolescentes; § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os proce- deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
dimentos de suspensão e destituição do poder familiar, nomeação a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em competente procedimento, sob sua presidência;
todos os demais procedimentos da competência da Justiça da Infân- b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade recla-
cia e da Juventude; mada, em dia, local e horário previamente notificados ou acertados;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços pú-
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a
blicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fi-
especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas
xando prazo razoável para sua perfeita adequação.
dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crian-
ças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos
e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos
à infância e à adolescência, inclusive os definidos no  art. 220, § 3º
autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer dili-
inciso II, da Constituição Federal.
gências, usando os recursos cabíveis.
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclareci- Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
mentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar será feita pessoalmente.
condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque-
ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investiga- rimento de qualquer interessado.
tórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e insti- Art. 205. As manifestações processuais do representante do Mi-
tuições privadas; nistério Público deverão ser fundamentadas.
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigató-
rias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração CAPÍTULO VI
de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juven- DO ADVOGADO
tude;
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável,
assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas ju- e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide
diciais e extrajudiciais cabíveis; poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas cor- advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou
pus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interes- por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.
ses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adoles- Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e
cente; gratuita àqueles que dela necessitarem.
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à ju- Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de
ventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e pe- ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será     processado
nal do infrator, quando cabível; sem defensor.

Didatismo e Conhecimento 116


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interes-
sua preferência. ses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de que cuida esta Lei.
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá assumir
a titularidade ativa.
CAPÍTULO VII
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exi-
gências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao
adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
I - do ensino obrigatório; esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
II - de atendimento educacional especializado aos portadores § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do
de deficiência; Código de Processo Civil.
III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública
a seis anos de idade; ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do edu- público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
cando; ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
V - de programas suplementares de oferta de material didático- de segurança.
-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino fun-
damental; Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à famí- gação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
lia, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
às crianças e adolescentes que dele necessitem; prático equivalente ao do adimplemento.
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
privados de liberdade. conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e pro- o réu.
moção social de famílias e destinados ao pleno exercício do direito § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
à convivência familiar por crianças e adolescentes. sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
X - de programas de atendimento para a execução das medidas do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela prazo razoável para o cumprimento do preceito.
Lei nº 12.594, de 2012)  § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da prote- da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
ção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, pró-
se houver configurado o descumprimento.
prios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e
pela Lei.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou ado-
lescentes será realizada imediatamente após notificação aos órgãos Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo
competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, município.
Polícia Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e in- § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em
ternacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identifi- julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
cação do desaparecido. pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa
aos demais legitimados.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará
foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas correção monetária.
a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tri-
bunais superiores. Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
para evitar dano irreparável à parte.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos
ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente: Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser con-
I - o Ministério Público; denação ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
territórios; administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.

Didatismo e Conhecimento 117


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da TÍTULO VII
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual ini-
ciativa aos demais legitimados. CAPÍTULO I
DOS CRIMES
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu
os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do SEÇÃO I
art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro- DISPOSIÇÕES GERAIS
cesso Civil), quando reconhecer que a pretensão é manifestamente
infundada. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão disposto na legislação penal.
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de
responsabilidade por perdas e danos. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá ao Código de Processo Penal.
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quais-
quer outras despesas. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública in-
condicionada
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá
provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informa- SEÇÃO II
ções sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe DOS CRIMES EM ESPÉCIE
os elementos de convicção.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de es-
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura de
atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta
ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providên-
Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por
cias cabíveis.
ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
requerer às autoridades competentes as certidões e informações que
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presi-
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabele-
dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no cimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente
prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis. o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as dili- proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
gências, se convencer da inexistência de fundamento para a proposi- Pena - detenção de seis meses a dois anos.
tura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito Parágrafo único. Se o crime é culposo:
civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar-
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracio-
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arqui- nal ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competen-
vamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério público, te:
poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou do- Pena - detenção de seis meses a dois anos.
cumentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à
peças de informação. apreensão sem observância das formalidades legais.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreen-
dispuser o seu regimento. são de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à au-
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção toridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa
de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério por ele indicada:
Público para o ajuizamento da ação. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dis- Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
posições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:

Didatismo e Conhecimento 118


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de Art. 241-A.  Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distri-
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo te- buir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio
nha conhecimento da ilegalidade da apreensão: de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
Pena - detenção de seis meses a dois anos. registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol-
vendo criança ou adolescente: 
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.  § 1o  Nas
Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: mesmas penas incorre quem
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; 
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu-
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Públi- tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
co no exercício de função prevista nesta Lei: artigo.
§ 2o  As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do
serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o
conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim
de colocação em lar substituto: Art. 241-B.  Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
terceiro, mediante paga ou recompensa: § 1o  A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou § 2o  Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
efetiva a paga ou recompensa. finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei,
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao quando a comunicação for feita por:
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância I – agente público no exercício de suas funções;
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
fraude: III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena corres- de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores,
pondente à violência. até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade
policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
Art. 240.  Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou re- § 3o  As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter
gistrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, sob sigilo o material ilícito referido.
envolvendo criança ou adolescente:   
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.  § 1o  Art. 241-C.  Simular a participação de criança ou adolescente
Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração,
ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra
forma de representação visual:
adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
com esses contracena. 
Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe
§ 2o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete
à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer
o crime: 
meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de do caput deste artigo.
exercê-la; 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou Art. 241-D.  Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual-
de hospitalidade; ou  quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ato libidinoso:
ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, precep- Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
tor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha Parágrafo único.  Nas mesmas penas incorre quem:
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.  I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar
Art. 241.  Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro ato libidinoso;
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol- II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
vendo criança ou adolescente: fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. mente explícita.

Didatismo e Conhecimento 119


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 241-E.  Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expres- Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi-
são “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de ou adolescente a que se atribua ato infracional:
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
o dobro em caso de reincidência.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente,
de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou ex- fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional,
plosivo:
ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou
Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar indiretamente.
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora
causa, produtos cujos componentes possam causar dependência físi- de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade
ca ou psíquica, ainda que por utilização indevida: judiciária poderá determinar a apreensão da publicação
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
não constitui crime mais grave. Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu
domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda,
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço
de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou doméstico, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável:
de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização o dobro em caso de reincidência, independentemente das despesas
indevida: de retorno do adolescente, se for o caso.
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ine-
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi- rentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem as-
nidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
sexual:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o o dobro em caso de reincidência.
responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. Art. 250.  Hospedar criança ou adolescente desacompanhado
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:
Pena – multa.
Art. 244-B.  Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 § 1º  Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do
praticá-la:  estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.  § 2º  Se comprovada a reincidência em período inferior a 30
§ 1o  Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios sua licença cassada.
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. 
§ 2o  As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluí- meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
da no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
o dobro em caso de reincidência.
CAPÍTULO II
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo pú-
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabe- blico de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local
lecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou
creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classifica-
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos ção:
contra criança ou adolescente: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
o dobro em caso de reincidência.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer represen-
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de tações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se
atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, recomendem:
VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo
o dobro em caso de reincidência. e aos órgãos de divulgação ou publicidade.

Didatismo e Conhecimento 120


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classifica-
ção: Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da pu-
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada blicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de aten-
a suspensão da programação da emissora por até dois dias. dimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II.
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promove-
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere rem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princí-
classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças pios estabelecidos nesta Lei.
ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Art. 260.  Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reinci- dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, esta-
dência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo duais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas inte-
ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. gralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes
limites:        (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012)   
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de pro- I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado
gramação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e         (Re-
pelo órgão competente: dação dada pela Lei nº 12.594, de 2012)
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto
mento do estabelecimento por até quinze dias. no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997.        (Redação
dada pela Lei nº 12.594, de 2012
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997)   
desta Lei: § 1o-A.  Na definição das prioridades a serem atendidas com os
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando- recursos captados pelos Fundos Nacional, Estaduais e Municipais
-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da dos Direitos da Criança e do Adolescente, serão consideradas as dis-
revista ou publicação. posições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos
Direitos de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar, bem
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o em- como as regras e princípios relativos à garantia do direito à convi-
presário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de crian- vência familiar previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
ça ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação 2009) 
no espetáculo: § 2º Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de Direitos da Criança e do Adolescente fixarão critérios de utilização,
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- através de planos de aplicação das doações subsidiadas e demais
mento do estabelecimento por até quinze dias. receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao
        acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente,
Art. 258-A.  Deixar a autoridade competente de providenciar órfãos ou abandonado, na forma do disposto no art. 227, § 3º, VI, da
a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 Constituição Federal.
e no § 11 do art. 101 desta Lei:  § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação
mil reais).  das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. 
Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas a autoridade que § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma
deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da
em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste
à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento artigo. 
institucional ou familiar.  § 5o  Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no 9.249, de
26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I do ca-
Art. 258-B.  Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de es- put:         (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012)   
tabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite
encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha co- em conjunto com outras deduções do imposto; e         (Incluído pela
nhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho Lei nº 12.594, de 2012)     
para adoção II - não poderá ser computada como despesa operacional na
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três apuração do lucro real.         (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
mil reais). 
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena o funcionário de Art. 260-A.  A partir do exercício de 2010, ano-calendário de
programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso
convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste
no caput deste artigo. Anual.          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      

Didatismo e Conhecimento 121


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1o  A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os Art. 260-D.  Os órgãos responsáveis pela administração das
seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na declara- contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacio-
ção:          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)       nal, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor
I - (VETADO);          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)       do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do
II - (VETADO);          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      Conselho correspondente, especificando:          (Incluído pela Lei nº
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.          (In- 12.594, de 2012)      
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012)       I - número de ordem;          (Incluído pela Lei nº 12.594, de
§ 2o  A dedução de que trata o caput:          (Incluído pela Lei 2012)     
nº 12.594, de 2012)       II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e ende-
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre reço do emitente;          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      
a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doa-
art. 260;          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      dor;          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)    
II - não se aplica à pessoa física que:          (Incluído pela Lei nº IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e          (In-
12.594, de 2012)       cluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      
a) utilizar o desconto simplificado;          (Incluído pela Lei nº V - ano-calendário a que se refere a doação.          (Incluído pela
12.594, de 2012)       Lei nº 12.594, de 2012)       § 1o  O comprovante de que trata o ca-
b) apresentar declaração em formulário; ou          (Incluído pela put deste artigo pode ser emitido anualmente, desde que discrimine
Lei nº 12.594, de 2012)      os valores doados mês a mês.          (Incluído pela Lei nº 12.594, de
c) entregar a declaração fora do prazo;          (Incluído pela Lei 2012)      
nº 12.594, de 2012)       § 2o  No caso de doação em bens, o comprovante deve conter
III - só se aplica às doações em espécie; e          (Incluído pela a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio
Lei nº 12.594, de 2012)       ou em relação anexa ao comprovante, informando também
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vi- se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos
gor.          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)       avaliadores.         (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)     
§ 3o  O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá:
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
do Brasil.          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)     
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação
§ 4o  O não pagamento da doação no prazo estabelecido no §
hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a pes-
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
soa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto devido
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pes-
apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
soa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
previstos na legislação.          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela
§ 5o  A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
Lei nº 12.594, de 2012)
Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-
calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declara-
Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional ção do imposto de renda, desde que não exceda o valor de mercado;
concomitantemente com a opção de que trata o caput, respeitado (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
o limite previsto no inciso II do art. 260.         (Incluído pela Lei nº b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (In-
12.594, de 2012)      cluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será
Art. 260-B.  A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá considerado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o
ser deduzida:          (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)       leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas Lei nº 12.594, de 2012)
que apuram o imposto trimestralmente; e          (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012)      Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5
pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.          (Incluído (cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita
pela Lei nº 12.594, de 2012)       Parágrafo único.  A doação deverá Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
ser efetuada dentro do período a que se refere a apuração do impos-
to.         (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacio-
Art. 260-C.  As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem nal, estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei
ser efetuadas em espécie ou em bens.          (Incluído pela Lei nº nº 12.594, de 2012)
12.594, de 2012)     I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente
Parágrafo único.  As doações efetuadas em espécie devem ser a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
depositadas em conta específica, em instituição financeira pública, 2012)
vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260.         (In- II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      Lei nº 12.594, de 2012)

Didatismo e Conhecimento 122


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da crian-
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes ça e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se re-
dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) ferem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados pe-
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de rante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
2012) Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes aos
bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam criados
os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos seus res-
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações pre- pectivos níveis.
vistas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará
conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as
nº 12.594, de 2012) atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judi-
ciária.
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles-
cente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão ampla- Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940
mente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 1) Art. 121 ............................................................
12.594, de 2012) § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço,
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendi- se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
mento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.594, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
de 2012) vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem bene- para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
ficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor
lescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído de catorze anos.
pela Lei nº 12.594, de 2012) 2) Art. 129 ...............................................................
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por hipóteses do art. 121, § 4º.
projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, 3) Art. 136.................................................................
por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de da- § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
dos do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e contra pessoa menor de catorze anos.
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) 4) Art. 213 ..................................................................
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na- Pena - reclusão de quatro a dez anos.
cional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 5) Art. 214...................................................................
12.594, de 2012) Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
Pena - reclusão de três a nove anos.»
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comar-
ca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referi- Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
dos no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) 1973, fica acrescido do seguinte item:
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260- “Art. 102 ....................................................................
G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial pro- 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
posta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requeri-
mento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da
nº 12.594, de 2012) administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular do
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das escolas
da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Fe- e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da criança e
deral do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico do adolescente.
contendo a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e
do Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a in- Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publi-
dicação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas cação.
bancárias específicas mantidas em instituições financeiras públicas, Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (In- promovidas atividades e campanhas de divulgação e esclarecimen-
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) tos acerca do disposto nesta Lei.

Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10
as instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260- de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições
K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) em contrário.

Didatismo e Conhecimento 123


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a pres-
República. tar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carcera-
FERNANDO COLLOR gem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a
Bernardo Cabral cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto
Carlos Chiarelli ao seu valor;
Antônio Magri g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo
Margarida Procópio de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumen-
tos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou
LEI Nº 4.898/1965 (ABUSO DE AUTORIDADE)
jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem
competência legal;
Regula o Direito de Representação e o processo de Responsa- i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
bilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de auto- medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
ridade. de cumprir imediatamente ordem de liberdade.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou mili-
tar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsa-
bilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela administrativa civil e penal.
presente lei. § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gra-
vidade do abuso cometido e consistirá em:
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de a) advertência;
petição: b) repreensão;
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a
cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva san-
d) destituição de função;
ção;
e) demissão;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competên- f) demissão, a bem do serviço público.
cia para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada. § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano,
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, mil cruzeiros.
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
de testemunhas, no máximo de três, se as houver. artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: b) detenção por dez dias a seis meses;
a) à liberdade de locomoção; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
b) à inviolabilidade do domicílio; outra função pública por prazo até três anos.
c) ao sigilo da correspondência; § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser apli-
d) à liberdade de consciência e de crença; cadas autônoma ou cumulativamente.
e) ao livre exercício do culto religioso; § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
f) à liberdade de associação; policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer fun-
voto; ções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo
de um a cinco anos.
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplica-
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício pro- ção de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar compe-
fissional. tente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabeleci-
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: das nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, que
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade indivi- estabeleçam o respectivo processo.
dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; § 2º não existindo no município no Estado ou na legislação mi-
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a litar normas reguladoras do inquérito administrativo serão aplicadas
constrangimento não autorizado em lei; supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711,
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
prisão ou detenção de qualquer pessoa; da União).
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção § 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para
ilegal que lhe seja comunicada; o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.

Didatismo e Conhecimento 124


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apre-
autoridade civil ou militar. sentada em juízo, independentemente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à auto- para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso
ridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser pro- previsto no artigo 14, letra «b», requerimentos para a realização de
movida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
ambas, da autoridade culpada. motivado, considere indispensáveis tais providências.
Art. 10. Vetado
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apre-
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de
Processo Civil. goando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante
do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa e
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de o advogado ou defensor do réu.
inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se
instruída com a representação da vítima do abuso. se ausente o Juiz.

Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ocorrido constar do livro de termos de audiência.
ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de
instrução e julgamento. Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre
vias. dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmen-
te, no local que o Juiz designar.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter-
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por
rogatório do réu, se estiver presente.
meio de duas testemunhas qualificadas;
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado,
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência
de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência
verificações necessárias. e nos ulteriores termos do processo.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão
seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito, que- Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
rendo, na audiência de instrução e julgamento. dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advoga-
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação do que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu,
poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por mais
dez (10), a critério do Juiz.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresen-
tar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o Juiz, no Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa sentença.
da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia,
ou designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro
insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoi-
mentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos e,
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denún- por extenso, os despachos e a sentença.
cia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão
do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Mi-
oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do pro-
cesso, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do nistério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o
querelante, retomar a ação como parte principal. advogado ou defensor do réu e o escrivão.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difí-
e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. ceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, o
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento,
que deverá ser realizada, improrrogavelmente dentro de cinco dias. Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Có-
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final digo de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita instrução e julgamento regulado por esta lei.
por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da re- Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, cabe-
presentação e da denúncia. rão os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.

Didatismo e Conhecimento 125


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário. Art. 4o  Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negli-
gência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência e 77º atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na for-
da República. ma da lei.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 13.12.1965 do idoso.
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da preven-
ção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
LEI Nº 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO)
       
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará em
       responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei.
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.        
Art. 6o  Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha teste-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: munhado ou de que tenha conhecimento.
       
TÍTULO I Art. 7o  Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES e Municipais do Idoso, previstos na  Lei no 8.842, de 4 de janeiro
        de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os nesta Lei.
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60
TÍTULO II
(sessenta) anos.
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
       
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais ineren- CAPÍTULO I
tes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata DO DIREITO À VIDA
esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as        
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física Art. 8o  O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua
e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e so- proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vi-
cial, em condições de liberdade e dignidade. gente.
               
Art. 3o  É obrigação da família, da comunidade, da sociedade Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção
e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à que permitam um envelhecimento saudável e em condições de
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, dignidade.
à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.       
CAPÍTULO II
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto DIGNIDADE
aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à popula-        
ção; Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à
II – preferência na formulação e na execução de políticas so- pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa
ciais públicas específicas; humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas garantidos na Constituição e nas leis.
relacionadas com a proteção ao idoso; § 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocu- aspectos:
pação e convívio do idoso com as demais gerações; I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espa-
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria fa- ços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
mília, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria
IV – prática de esportes e de diversões;
sobrevivência;
V – participação na vida familiar e comunitária;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas VI – participação na vida política, na forma da lei;
de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a di- § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integri-
vulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos dade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem,
biopsicossociais de envelhecimento; da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espa-
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de ços e dos objetos pessoais.
assistência social locais. § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
Renda.  vexatório ou constrangedor.

Didatismo e Conhecimento 126


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO III Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades
DOS ALIMENTOS mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde
        que lhe for reputado mais favorável.
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proce-
lei civil. der à opção, esta será feita:
        I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este
optar entre os prestadores. não puder ser contactado em tempo hábil;
         III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não
Art. 13.  As transações relativas a alimentos poderão ser cele- houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou fami-
bradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as
liar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério
referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial
Público.
nos termos da lei processual civil.        
        Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condi- mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo
ções econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Pú- o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orienta-
blico esse provimento, no âmbito da assistência social. ção a cuidadores familiares e grupos de autoajuda.
           
CAPÍTULO IV Art. 19.  Os casos de suspeita ou confirmação de violência pra-
DO DIREITO À SAÚDE ticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória pelos
        serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos
intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o seguintes órgãos: 
acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo I – autoridade policial;
das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e II – Ministério Público;
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que III – Conselho Municipal do Idoso;
afetam preferencialmente os idosos. IV – Conselho Estadual do Idoso;
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efe- V – Conselho Nacional do Idoso.
§ 1o  Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra
tivadas por meio de:
o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
psicológico. 
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especia- § 2o  Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória
lizado nas áreas de geriatria e gerontologia social; prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a outubro de 1975. 
população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se loco-
mover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições CAPÍTULO V
públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente con- DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
veniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural;        
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
redução das sequelas decorrentes do agravo da saúde. diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua pecu-
§ 2o  Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuita- liar condição de idade.
mente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim        
como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do ido-
habilitação ou reabilitação. so à educação, adequando currículos, metodologias e material didá-
§ 3o  É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde tico aos programas educacionais a ele destinados.
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade. § 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo
às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnoló-
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação in-
gicos, para sua integração à vida moderna.
capacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei.
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívi-
       
co ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o demais gerações, no sentido da preservação da memória e da iden-
direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as tidade culturais.
condições adequadas para a sua permanência em tempo integral,        
segundo o critério médico. Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhe-
pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do cimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o
idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito. preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.

Didatismo e Conhecimento 127


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no ca-
lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% put observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei no 9.876,
(cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, cultu- de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contribui-
rais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos res- ção recolhidos a partir da competência de julho de 1994, o disposto
pectivos locais. no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991.
               
Art. 24.  Os meios de comunicação manterão espaços ou ho- Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efe-
rários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa, tuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será
educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de en- atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos
velhecimento. benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pe-
        ríodo compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês
Art. 25.  O Poder Público apoiará a criação de universidade do efetivo pagamento.
aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de livros        
e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base
que facilitem a leitura, considerada a natural redução da capacidade dos aposentados e pensionistas.
visual.
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO VI DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO        
        Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de for-
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profis- ma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei
sional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas. Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no
        Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes.
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou empre-        
go, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que
inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la pro-
cargo o exigir. vida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um)
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social
público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada. – Loas.
        Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: da família nos termos do caput não será computado para os fins do
I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitan- cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
do seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remu-        
neradas; Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar,
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pes-
antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos soa idosa abrigada. 
projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre § 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a
os direitos sociais e de cidadania; cobrança de participação do idoso no custeio da entidade.
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao § 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal
trabalho. da Assistência Social estabelecerá a forma de participação previs-
ta no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de
CAPÍTULO VII qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebido
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL pelo idoso.
        § 3o  Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante
Art. 29.  Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios        
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social,
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente. por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica,
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção se- para os efeitos legais.  
rão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo, pro
rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu últi- CAPÍTULO IX
mo reajustamento, com base em percentual definido em regulamen- DA HABITAÇÃO
to, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de        
julho de 1991. Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família
        natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quan-
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada do assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo
exigido para efeito de carência na data de requerimento do benefí- familiar, Casa-Lar, abandono ou carência de recursos financeiros
cio. próprios ou da família.

Didatismo e Conhecimento 128


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 2o  Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica TÍTULO III
obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de interdi- DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
ção, além de atender toda a legislação pertinente.
§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter CAPÍTULO I
padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles, bem DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis        
às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei. Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre
        que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou viola-
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados dos:
com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
imóvel para moradia própria, observado o seguinte: II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades ha- de atendimento;
bitacionais residenciais para atendimento aos idosos; III – em razão de sua condição pessoal.
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários volta-
dos ao idoso; CAPÍTULO II
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
garantia de acessibilidade ao idoso;        
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimen- Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei
tos de aposentadoria e pensão. poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em
  Parágrafo único.  As unidades residenciais reservadas para conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos víncu-
atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no pavi- los familiares e comunitários.
mento térreo.        
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43,
CAPÍTULO X o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele,
DO TRANSPORTE poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
        I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegu- responsabilidade;
rada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando presta-
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambu-
dos paralelamente aos serviços regulares.
latorial, hospitalar ou domiciliar;
§ 1o  Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.
orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo,
ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe
serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos,
cause perturbação;
devidamente identificados com a placa de reservado preferencial-
V – abrigo em entidade;
mente para idosos.
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 VI – abrigo temporário.
(sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legisla-
ção local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos TÍTULO IV
meios de transporte previstos no caput deste artigo. DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
       
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual obser- CAPÍTULO I
var-se-á, nos termos da legislação específica: DISPOSIÇÕES GERAIS
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos        
com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no va- conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais
lor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.        
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os me- Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
canismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos nos I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no  8.842, de 4 de
incisos I e II. janeiro de 1994;
        II – políticas e programas de assistência social, em caráter su-
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da pletivo, para aqueles que necessitarem;
lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas
públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opres-
garantir a melhor comodidade ao idoso. são;
        IV – serviço de identificação e localização de parentes ou res-
Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no ponsáveis por idosos abandonados em hospitais e instituições de
sistema de transporte coletivo. longa permanência;

Didatismo e Conhecimento 129


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade
dos idosos; do idoso;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e
dos diversos segmentos da sociedade no atendimento do idoso. de lazer;
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
CAPÍTULO II acordo com suas crenças;
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
        XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocor-
Art. 48.  As entidades de atendimento são responsáveis pela rência de idoso portador de doenças infectocontagiosas;
manutenção das próprias unidades, observadas as normas de pla- XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requi-
nejamento e execução emanadas do órgão competente da Política site os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles
Nacional do Idoso, conforme aLei no 8.842, de 1994. que não os tiverem, na forma da lei;
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governa- XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que
mentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus receberem dos idosos;
programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e XV – manter arquivo de anotações onde constem data e cir-
Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conse- cunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes,
lho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de
de atendimento, observados os seguintes requisitos: contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que pos-
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de ha- sibilitem sua identificação e a individualização do atendimento;
bitabilidade, higiene, salubridade e segurança; XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compa- cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos
tíveis com os princípios desta Lei; familiares;
III – estar regularmente constituída; XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com forma-
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. ção específica.
       
       
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institu-
Art. 51.  As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos
cionalização de longa permanência adotarão os seguintes princípios:
prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária
I – preservação dos vínculos familiares;
gratuita.
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso
CAPÍTULO III
de força maior;
DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de ca-
       
ráter interno e externo;
Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de
V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso,
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de am-
biente de respeito e dignidade. Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de aten-        
dimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos que Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções admi- a seguinte redação:
nistrativas. “Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei a
        supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da polí-
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: tica nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o ido- -administrativas.” (NR)
so, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da entidade        
e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se Art. 54.  Será dada publicidade das prestações de contas dos
for o caso; recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendi-
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os mento.
idosos;        
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as de-
suficiente; terminações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsabi-
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de lidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguintes
habitabilidade; penalidades, observado o devido processo legal:
V – oferecer atendimento personalizado; I – as entidades governamentais:
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos fami- a) advertência;
liares; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
visitas; d) fechamento de unidade ou interdição de programa;

Didatismo e Conhecimento 130


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
II – as entidades não-governamentais:        Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade ad-
a) advertência;        ministrativa por infração às normas de proteção ao idoso terá início
b) multa;        com requisição do Ministério Público ou auto de infração elaborado
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;        por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas testemunhas.
d) interdição de unidade ou suspensão de programa;        § 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse públi- ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as cir-
co.        cunstâncias da infração.
§ 1o  Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de § 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a
fraude em relação ao programa, caberá o afastamento provisório dos lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e quatro)
dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do programa.        horas, por motivo justificado.
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas        
ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finalidade Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresenta-
dos recursos.        ção da defesa, contado da data da intimação, que será feita:
§ 3o  Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for lavra-
que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato do na presença do infrator;
comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, II – por via postal, com aviso de recebimento.
inclusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução        
da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do in- Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a au-
teresse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela toridade competente aplicará à entidade de atendimento as sanções
Vigilância Sanitária.        regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a nature- vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais insti-
za e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem tuições legitimadas para a fiscalização.
para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-        
cedentes da entidade. Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a
saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará
CAPÍTULO IV
à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuí-
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
zo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo
       
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as deter-
fiscalização.
minações do art. 50 desta Lei:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
CAPÍTULO VI
(três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, podendo
DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM
haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as
ENTIDADE DE ATENDIMENTO
exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de        
longa permanência, os idosos abrigados serão transferidos para ou- Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento admi-
tra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, enquanto nistrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis nos 6.437,
durar a interdição. de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
               
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em enti-
estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de dade governamental e não-governamental de atendimento ao idoso
comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa interessada ou
de que tiver conhecimento: iniciativa do Ministério Público.
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00        
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência. Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária,
        ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar
prioridade no atendimento ao idoso: adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 fundamentada.
(um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o        
dano sofrido pelo idoso. Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos
CAPÍTULO V e indicar as provas a produzir.
DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS        
NORMAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida-
        de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de outras
atualizados anualmente, na forma da lei. provas.

Didatismo e Conhecimento 131


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Art. 74. Compete ao Ministério Público:
Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin- I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a
do a autoridade judiciária em igual prazo. proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;
dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi- II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdi-
ciará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afas- ção total ou parcial, de designação de curador especial, em circuns-
tâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em que
tado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder
se discutam os direitos de idosos em condições de risco;
à substituição.
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade ju- risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;
diciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades ve- IV – promover a revogação de instrumento procuratório do ido-
rificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem so, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando necessário ou
julgamento do mérito. o interesse público justificar;
§ 4o  A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento. a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos
e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa notifica-
TÍTULO V da, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou
DO ACESSO À JUSTIÇA Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
CAPÍTULO I autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
DISPOSIÇÕES GERAIS reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
tigatórias;
       
c) requisitar informações e documentos particulares de institui-
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Ca-
ções privadas;
pítulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigató-
Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. rias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos
        ou infrações às normas de proteção ao idoso;
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
exclusivas do idoso. assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudi-
         ciais cabíveis;
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. irregularidades porventura verificadas;
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser-
viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para o
artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à auto-
desempenho de suas atribuições;
ridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos
as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância idosos previstos nesta Lei.
em local visível nos autos do processo. § 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
§ 2o  A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóte-
estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou ses, segundo dispuser a lei.
companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos. § 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério
Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos Público.
e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à De- § 3o O representante do Ministério Público, no exercício de suas
fensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento ao idoso.
relação aos Serviços de Assistência Judiciária.        
§ 4o  Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos
idosos em local visível e caracteres legíveis.
autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer dili-
gências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.
CAPÍTULO II        
DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
        será feita pessoalmente.
Art. 72. (VETADO)        
        Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei, nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque-
serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica. rimento de qualquer interessado.

Didatismo e Conhecimento 132


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO III § 2o  O juiz poderá, na hipótese do § 1o  ou na sentença, impor
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
COLETIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
HOMOGÊNEOS para o cumprimento do preceito.
        § 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Mi- da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
nistério Público deverão ser fundamentadas. se houver configurado.
               
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao idoso, referen- Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal
tes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de: de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso.
I – acesso às ações e serviços de saúde; Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
ou com limitação incapacitante; execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
III – atendimento especializado ao idoso portador de doença facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
infecto-contagiosa; daquele.
IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.        
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex- Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, indi- para evitar dano irreparável à parte.
viduais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso, protegidos        
em lei. Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser conde-
        nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Fede-        
ral e a competência originária dos Tribunais Superiores. Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado
        da sentença condenatória favorável ao idoso sem que o autor lhe
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada,
coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou assu-
legitimados, concorrentemente: mindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão.
I – o Ministério Público;        
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adian-
III – a Ordem dos Advogados do Brasil; tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 outras despesas.
(um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos inte- Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério Pú-
resses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da assem- blico.
bléia, se houver prévia autorização estatutária.        
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar
Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre
de que cuida esta Lei. os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele-
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por associação mentos de convicção.
legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá assumir        
a titularidade ativa. Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no
        exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por esta que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou ense-
Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes. jar a propositura de ação para sua defesa, devem encaminhar as pe-
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autorida- ças pertinentes ao Ministério Público, para as providências cabíveis.
de pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições        
de Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re-
Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do querer às autoridades competentes as certidões e informações que
mandado de segurança. julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
               
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri- Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presi-
gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no
prático equivalente ao adimplemento. prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias.
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo jus- § 1o  Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di-
tificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz con- ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro-
ceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma positura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu
do art. 273 do Código de Processo Civil. arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.

Didatismo e Conhecimento 133


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 2o  Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar- Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíqui-
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no ca, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes
prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obri-
ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público. gado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, pelo Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Coorde- § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
nação e Revisão do Ministério Público, as associações legitimadas Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
poderão apresentar razões escritas ou documentos, que serão junta- § 2o Se resulta a morte:
dos ou anexados às peças de informação. Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordena-        
ção e Revisão do Ministério Público de homologar a promoção de Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) me-
arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público ses a 1 (um) ano e multa:
para o ajuizamento da ação. I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por mo-
tivo de idade;
TÍTULO VI II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
DOS CRIMES III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
CAPÍTULO I IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
DISPOSIÇÕES GERAIS a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
        esta Lei;
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
sições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo
        Ministério Público.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima pri-        
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pro-
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo-
cedimento previsto na Lei no  9.099, de 26 de setembro de 1995, e,
tivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e
parte ou interveniente o idoso:
do Código de Processo Penal. 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
       
CAPÍTULO II
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou
DOS CRIMES EM ESPÉCIE
qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa
        
da de sua finalidade:
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Penal.        
        Art. 103.  Negar o acolhimento ou a permanência do idoso,
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entidade
seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de atendimento:
de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
ao exercício da cidadania, por motivo de idade:        
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menos- benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer outro
prezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimen-
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se to de dívida:
encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente. Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
               
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunica-
fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recu- ção, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa
sar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou do idoso:
não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.        
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles
morte. dispor livremente:
        Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, en-        
tidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar,
necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado: testar ou outorgar procuração:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa. Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Didatismo e Conhecimento 134


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem dis- III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
cernimento de seus atos, sem a devida representação legal: superior a 60 (sessenta) anos.” (NR)
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. “Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
TÍTULO VII trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pa-
        gamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Minis- majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou as-
tério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador: cendente, gravemente enfermo:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. ............................................................................” (NR)
              
Art. 110. O Decreto-Lei no  2.848, de 7 de dezembro de 1940, Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro
Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações: de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do
“Art. 61. ............................................................................ seguinte parágrafo único:
............................................................................ “Art. 21............................................................................
II - ............................................................................ ............................................................................
............................................................................ Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a me-
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- tade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)
lher grávida;        
.............................................................................” (NR) Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de
“Art. 121. ............................................................................ abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
............................................................................ “Art. 1o ............................................................................
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter- ............................................................................
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis- § 4o ............................................................................
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
............................................................................” (NR)
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
       
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro
.............................................................................” (NR)
de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 133. ............................................................................
“Art. 18............................................................................
............................................................................
§ 3o ............................................................................ ............................................................................
............................................................................ III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a meno-
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR) res de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou superior
“Art. 140. ............................................................................ a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminuída
............................................................................ ou suprimida a capacidade de discernimento ou de autodetermina-
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes ção:
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou ............................................................................” (NR)
portadora de deficiência:        
............................................................................ (NR) Art. 114. O art. 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000,
“Art. 141. ............................................................................ passa a vigorar com a seguinte redação:
............................................................................ “Art. 1o  As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactan-
deficiência, exceto no caso de injúria. tes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendi-
.............................................................................” (NR) mento prioritário, nos termos desta Lei.” (NR)
“Art. 148. ............................................................................        
............................................................................ Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fun-
§ 1o............................................................................ do Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional do Ido-
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou so seja criado, os recursos necessários, em cada exercício financeiro,
maior de 60 (sessenta) anos. para aplicação em programas e ações relativos ao idoso.
............................................................................” (NR)        
“Art. 159............................................................................ Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados relati-
............................................................................ vos à população idosa do País.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o        
seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacio-
ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. nal projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de
............................................................................” (NR) Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência So-
“Art. 183............................................................................ cial, de forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com
............................................................................ o estágio de desenvolvimento socioeconômico alcançado pelo País.

Didatismo e Conhecimento 135


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer-
da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004. Pena: reclusão de um a três anos.
               
Brasília, 1o  de outubro de 2003; 182o  da Independência e Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
115o da República. aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer
grau.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Pena: reclusão de três a cinco anos.
Márcio Thomaz Bastos Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de-
Antonio Palocci Filho zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
Rubem Fonseca Filho        
Humberto Sérgio Costa Lima Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pen-
Guido Mantega são, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
Ricardo José Ribeiro Berzoini Pena: reclusão de três a cinco anos.
Benedita Souza da Silva Sampaio        
Álvaro Augusto Ribeiro Costa Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran-
tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 3.10.2003 Pena: reclusão de um a três anos.
       
LEI Nº 7.716/1989 (LEI CONTRA O PRECONCEITO) Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos
       ao público.
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Pena: reclusão de um a três anos.
       
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA  faço saber que o Con- Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:         cabelereiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabele-
cimento com as mesmas finalidades.
                
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultan-
       
tes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
procedência nacional. 
cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
       
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 2º (Vetado).
       
        
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente
aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro
habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, meio de transporte concedido.
bem como das concessionárias de serviços públicos. Pena: reclusão de um a três anos.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, por motivo de        
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
obstar a promoção funcional.  qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de dois a quatro anos.
                
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.  Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
 § 1o  Incorre na mesma pena quem, por motivo de mento ou convivência familiar e social.
discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do precon- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
ceito de descendência ou origem nacional ou étnica:         
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao em- Art. 15. (Vetado).
pregado em igualdade de condições com os demais trabalhadores;         
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou- Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou fun-
tra forma de benefício profissional;  ção pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamen-
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no to do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.         
§ 2o  Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de Art. 17. (Vetado).
serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção da        
igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não
de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na senten-
próprios de raça ou etnia para emprego cujas atividades não ça.
justifiquem essas exigências.        
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Art. 19. (Vetado).            

Didatismo e Conhecimento 136


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon- O planejamento pode e deve ser empregado em qualquer tipo
ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. de situação de segurança, podendo ser estratégico (possibilita esta-
Pena: reclusão de um a três anos e multa. belecer metas para a tomada de decisão) ou tático (com conteúdo
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, detalhado, caracterizado como plano de ação). Neste caso, o plane-
emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a jamento tático tem por objetivo cumprir as metas que foram estabe-
cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. lecidas no planejamento estratégico.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. O conceito de planejamento em segurança pode ser aplicado
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por empresas privadas ou estatais, e que consiste em mensurar todo
por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de e qualquer perigo (real ou potencial) que a empresa possui para im-
qualquer natureza:  plantar medidas antecipatórias.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. Precedendo a esse planejamento são definidas as estratégias e
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, elaborado um estudo, para que possa ser montado um sistema de
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do segurança, bem dimensionado e dirigido para um gerenciamento de
inquérito policial, sob pena de desobediência:     risco desejado.
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exem- O planejamento da segurança física começa pela certificação
plares do material respectivo; quanto aos tipos dos bens, serviços e instalações. É através deste
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele- meio que se identifica, define e descreve possíveis problemas.
visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação De acordo com a Professora Mirian Bazote em seu trabalho
dada pela Lei nº 12.735, de 2012). acerca de Planejamento de Segurança, ela o define como sendo um
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de infor- processo de ações coordenadas, racionalizando os recursos mate-
mação na rede mundial de computadores. riais e humanos, que demonstre preventivamente as necessidades a
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o serem atendidas, com vistas à transformação de uma dada realidade
trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido.  no aspecto da segurança empresarial, concluindo-se, portanto, que
         o planejamento de segurança faz parte de um projeto de segurança,
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. que exige uma analise de riscos prévios.
       
Para ela, em segurança não se aplica a previsão, projeção, pre-
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. 
dição:
       
- Previsão é buscar identificar quais serão os eventos futuros,
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º da
com base em uma série de dados e informações que levam a uma
República.
maior ou menor probabilidade do fato ocorrer.
- Projeção é uma alegação de que o futuro é igual ao passado,
JOSÉ SARNEY
ou seja, conhecendo o passado, estatísticas, arquivos, ocorrências
Paulo Brossard
anteriores projetamos o futuro baseados nesta estrutura básica.
Este texto não substitui o publicado no D.O.U de 6.1.1989  e - Predizer, por sua vez, é o fato de dizer ou anunciar com ante-
retificada em 9.1.1989 cedência o que vai acontecer, mas sem ter controle sobre a situação.

“O planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai


acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar
agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para
15 PLANEJAMENTO DE SEGURANÇA. merecermos um futuro. O produto final do planejamento não é
a informação: é sempre o trabalho.” Peter Drucker.

A autora conclui que planejamento é com um conjunto de me-


Planejar ser conceituado como sendo o processo racional para didas adotadas para que o futuro seja diferente do passado, atuando
definir prioridades e meios de atingi-los, mas, portanto é preciso co- sobre os fatores internos, possíveis de controle, e monitorando os
nhecer primeiro a missão e definir a finalidade e as condições de externos alheios a este controle.
execução. Em se tratando da segurança para cada tipo de autoridade Para implantação de um plano de planejamento de segurança é
ou celebridade é preciso uma estratégia e um plano de ação dife- preciso se observar as seguintes situações:
rente. 1. Diagnóstico da situação atual: instrumento norteador para
O planejamento procura proporcionar à segurança de dignitá- definição dos objetivos, estabelecimento das prioridades, metas e
rios uma situação de eficiência, eficácia e efetividade. escolhas metodológicas.
Para a doutrina, a eficiência é cumprir seu dever; resolver pro- - Baseado em estudos e diagnósticos, analisa a realidade (ne-
blemas; fazer as coisas de maneira adequada; salvaguardar os re- cessidades e problemas) e identifica o contexto em que se pretende
cursos aplicados e reduzir os custos. Já a eficácia é fazer as coisas intervir.
certas; produzir alternativas criativas; obter recursos; maximizar a - O conhecimento da realidade deve buscar apoio em indicado-
utilização de recursos e aumentar o lucro. E a efetividade é manter- res da empresa, na identificação da vocação econômica e potencia-
-se no ambiente e apresentar resultados globais positivos, perma- lidades locais; no conhecimento geral do ambiente existente e das
nentemente, ao longo do tempo. demandas sociais; e abordagem físico-geográfica.

Didatismo e Conhecimento 137


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- É importante ter informações mais detalhadas sobre as vulne- No questionário apresentado para planejamento de analise de
rabilidades e riscos apresentados, diagnosticador e identificar as Riscos e Vulnerabilidades devem conter:
áreas onde há maior incidência destas situações.
Análise de Riscos e vulnerabilidades existentes: é um pro- 1. Níveis de segurança existentes: (sim ou não, especificar,
cesso de identificação e avaliação de cada ameaça, em relação à quantidade, tipos, etc.)
- Patrimonial: É a atividade preventiva e defensiva associada
probabilidade de ocorrência, a vulnerabilidade do objeto protegido
à ação de pessoas treinadas. (vigilantes, agentes, porteiros, briga-
contra a mesma e o impacto sobre o lucro do empreendimento. distas)
- Meios eletrônicos de proteção: Propiciam proteção adicional
2. Análise SWOT e são empregados em locais vitais à instituição, onde pelos mais va-
riados motivos, a ação humana não vai ser empregada ou necessita
de complemento para melhoria de seu desempenho.
- Manuais e Procedimentos: São as normas, diretrizes, deter-
minações, sistemas e orientações adotadas pela instituição visan-
do diminuir as vulnerabilidades existentes que por necessidade de
funcionamento, não podem ser totalmente eliminadas. Exemplos de
meios: sistemas de identificação de pessoal; controle de entrada e
saída de pessoal, veículos e cargas; levantamento de antecedentes
de candidatos; controle de circulação interna; integração de novos
empregados; controle, arquivo e destruição de documentos sigilo-
sos; controle de estoque e armazenamento de ferramentas, mate-
riais, etc.; investigação de incidentes de segurança; treinamentos de
segurança patrimonial; busca e coleta de informações; sistema de
supervisão.

2. Áreas operacionais e criticas:


- Perímetro: São fronteiras externas, normalmente os limites da
propriedade. Deverá ser a primeira linha de defesa contra as inva-
sões. A segurança do perímetro é tipicamente composta muros ou
por cercaduras, apoiada em iluminação, CFTV e rondas. Em alguns
O tratamento adequado dos pontos fortes, fracos, ameaças e
casos, especialmente áreas urbanas, as paredes dos prédios são o
oportunidades proporciona para o gestor de riscos o caminho para perímetro e suas portas e janelas seus acessos. O tipo de barreira
remodelar a situação, indicando quais são os fatores a serem tra- física que será utilizada como primeira linha de proteção dependerá
tados prioritariamente. A Matriz SWOT é a base para as respostas do que se pretende proteger. Por exemplo, proteger um prédio em
do Plano de Segurança. área urbana difere de uma indústria, vem como de um supermercado
O objetivo é promover ações com o objetivo de proteger bens ou escola.
e pessoas, prevenindo, coibindo ou neutralizando ações de agen- - Edificações (portaria, guaritas, prédios administrativos, áreas
tes agressores que venham a interferir negativamente na rotina da operacionais, refeitórios, etc.). Conhecer a planta da empresa, co-
empresa. nhecer as benfeitorias da empresa, inclusive internamente, conhecer
- Quais os ativos que vamos proteger. o entorno da empresa (proximidade de aeroportos, vias principais,
córregos de água, fontes de distribuição de energia, comunidades
- O que protegeremos.
etc) e identificar as barreiras necessárias (muros, cercas, portões,
- A que riscos esses ativos estão sujeitos. controle dos acessos, iluminação etc), considerando o aproveita-
- Quanto protegerá. mento das barreiras naturais.
No trabalho da professora Miriam ela esmiúça a respeito de
como deve ser um planejamento de segurança. Exemplos: A Empresa é composta da seguinte forma:
Para ela a proposta é um esboço de um plano onde se propõe e Prédio Principal: - Uma portaria social, onde tem acesso ao in-
explicita o seu conteúdo, mas que de maneira clara não se permita terior da Empresa os funcionários diretos, prestadores de serviço,
dúvidas. E ela exemplifica: visitantes e fornecedores; - Portão de acesso ao estacionamento da
- Definem as áreas, prédios e outras estruturas consideradas diretoria e gerência; - Dois portões para entrega de materiais, e trân-
críticas e que mereçam proteção, bem como a prioridade para sua sito de maquinário e veículos pequenos ( empilhadeiras )
proteção. Na parte interna a Empresa é composta por quatro prédios dis-
tintos, sendo um reservado para a diretoria, gerências e parte da ad-
- Medidas de controle. Estabelece restrições para o acesso e
ministração, um reservado para a administração e outros dois para a
movimento nas áreas críticas área de produção e afins.
- Desenvolvimento de um novo produto ou serviço; Prédio Secundário: Este conjunto de pequenos prédios está
- Mudança de estrutura, de pessoal ou de estilo da organiza- atualmente sendo utilizado para a guarda de materiais de produção,
ção; sendo o mesmo destinado ao uso do departamento de expedição.
- Desenvolvimento ou aquisição de sistemas de segurança No mesmo complexo encontra-se o grêmio recreativo, e também
novo ou modificados em fase de implantação as futuras instalações do departamento de
- Implementação de um novo procedimento ou processo. recursos humanos.

Didatismo e Conhecimento 138


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Estacionamento: Existe ainda uma área já definida, onde será - Política e procedimentos para registro de veículos. A política
implantado o estacionamento para funcionários e visitantes. Cabe de autorização de entrada de veículos de empregados da empresa
ressaltar que na lateral da Empresa existe atualmente um estaciona- não é, a princípio, definida pela área de segurança, mas pela área de
mento reservado para clientes composto por quatro vagas. RH. Aqui essa política é explicitada e são definidas normas para seu
Para a autora, é necessário que se analise os controles de segu- cumprimento.
rança existentes, identificando se eles são adequados, deficientes,
ineficientes, inexistentes). Detalhando e comentando cada item: Controle de pessoal.
- Identificação de visitantes Área - Define controles referentes a cada área ou estrutura
- Identificação de funcionários considerada individualmente.
- Controle de acesso de entrada e saída de funcionários Critério de acesso para:
- Empregados da empresa.
- Entrada e Saída de veículos
- Visitantes.
- Entrada e saída de materiais
- Vendedores.
- Circuito fechado de TV - Pessoal de manutenção.
- Pessoal contratado para trabalhos específicos.
Detalhar o sistema a ser utilizado em cada área. Se for utilizado - Outros.
um sistema de crachás, deve conter uma descrição completa sobre Identificação e controle. Descreve o sistema a ser utilizado em
todos os aspectos relativos ao acesso de pessoal nas diversas áreas cada área. Se for utilizado um sistema de crachás, deve conter uma
da empresa e como os crachás permitirão sua visualização rápida. descrição completa sobre todos os aspectos relativos ao acesso de
Deve incluir regras específicas para cada caso baixo. pessoal nas diversas áreas da empresa e como os crachás permitirão
Exemplos: Controle de material - Deve-se ter em mente que a sua visualização rápida.
área de segurança não define normas na área contábil ou fiscal. A É preciso também que sejam analisados os pontos críticos da
segurança controla se as normas definidas nessas áreas por quem planta:
de direito na empresa estão sendo seguidas para evitar perdas por Entradas; expedição, tesouraria, portarias, estacionamento, etc.
recebimentos ou liberações indevidas. (enumerar e qualificar o tipo de risco).

Entrada de material. Exemplos:


Recebimento. Define normas de segurança a serem observadas Portaria Principal: Período Diurno – Durante o período diurno,
para recebimento de material e suprimentos de modo rotineiro. sobre tudo durante os dias úteis, onde o movimento de funcionários
é maior , a portaria torna – se um local muito vulnerável para acesso
Controle. Define normas e responsabilidades a respeito da ins-
de pessoas estranhas , tendo em vista que os vigilantes são desvia-
peção de segurança sobre o material que entra na empresa, incluindo
dos de suas funções para o acompanhamento de diversas atividades
toda a documentação necessária para o aceite. (Ex.: manutenção em sistemas de ar condicionado; recebimento e
conferência de produtos alimentícios destinados ao refeitório , etc...
Saída de material. ) , deixando o local totalmente desguarnecido ,ficando inúmeras ve-
- Carregamento. Define normas de segurança a serem observa- zes somente o porteiro que acaba ficando sobrecarregado de serviço.
das para o carregamento de produtos de modo rotineiro. Portões Laterais: Na extensão da rua da Empresa existem por-
- Controles. Define normas e responsabilidades a respeito da tões , onde há a movimentação de veículos leves ( empilhadeiras e
inspeção de segurança sobre o material que sai da empresa, incluin- carrinhos de mão ) que estando a serviço do departamento de expe-
do toda a documentação necessária para a liberação. dição passam o dia inteiro executando serviço de transporte de mate-
riais para a produção , de um lado para o outro da rua , uma vez que
Casos especiais. o depósito da expedição é localizado bem em frente a Empresa. Etc.,
- Define normas de segurança a serem observadas para o recebi- Guaritas: Podemos considerar a portaria principal da Empresa
mento ou carregamento não usuais, em áreas livres ou restritas. De- como uma guarita, uma vez que tem os vidros blindados e pessoas
fine também a responsabilidade a respeito da inspeção e liberação, estranhas na área externa não tem acesso aos nossos funcionários.
documentação necessária e outros. Normatiza a procura e inspeção No entanto há um ponto deficiente no projeto de construção da mes-
de material caso haja indícios de ameaça, neste caso específico sem- ma, tendo em vista que foram feitas quatro seteiras, sendo duas nas
pre de acordo com a legislação vigente. respectivas laterais e duas na parte frontal. As seteiras laterais têm
um aproveitamento de tiro de cerca de 70%, no entanto as seteiras
Controle de veículos.
frontais são muito baixas dificultando o posicionamento confortável
- Frota da empresa. Define normas para o controle da utilização
para o vigilante durante uma eventual reação armada. etc.
dos veículos da empresa. Além disso, se faz necessário a análise de riscos reais e poten-
- Note-se que as normas para a utilização em si não são defini- ciais:
das pela área de segurança da empresa, mas pela logística ou outra - Roubos; (inclusive de funcionários nas proximidades)
área equivalente. A segurança controla apenas o uso determinado - Invasões;
para evitar perdas por utilização indevida. - Furtos;
- Veículos particulares dos empregados. Define normas para - Sequestros;
controle de entrada, revista e saída dos veículos particulares dos em- - Vandalismo;
pregados da empresa. A revista só poderá ser realizada se de acordo - Uso e trafico de drogas.
com a legislação vigente. - Todas as variáveis possíveis.

Didatismo e Conhecimento 139


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
A professora ressalta que a implantação do planejamento de se- adequar às novas necessidades e conseguirem superar os obstáculos
gurança é uma das fases mais sensíveis, pois neste momento toda e decorrentes. A inteligência estratégica integrada é uma ferramenta
empresa deve ser envolvida, tanto o pessoal da área de segurança de alto valor e intrínseca na gestão moderna.
como de todos os outros departamentos e setores. Este é o momento A Segurança corporativa é um ramo da segurança que cuida dos
em que é posto em prática tudo aquilo que foi previsto. interesses ligados à empresas públicas ou privadas, no que tange à
Para ela, é importante que se lembre que o sistema de segu- proteção de seus recursos humanos e materiais.
rança vai ser utilizado por todos os funcionários da empresa e, para A gestão da segurança deve estar em consonância com a missão
que isso realmente ocorra, o sistema deve ser cômodo para todos e e valores da empresa e deve respeitar os limites éticos e legais im-
deve ser divulgado antes do início de sua implementação até que postos nas regiões em que atuam.
pelo menos a maior parte da resistência seja quebrada. Outro as- Medidas de controle antecipadamente, de planificação para as
pecto imprescindível ao sucesso do plano é o não engessamento das contingências, do estudo de cenários de risco, e do uso da Inteligên-
atividades de empresa. cia em Segurança Empresarial, podem minimizar e em alguns casos,
A avaliação e o controle são ferramentas que possibilitam o reverter situações indesejáveis.
acompanhamento e desempenho do Plano de Segurança deverá re- Gerenciar crises é reconhecer o risco, buscar e avaliar situações
tratar a aplicação dos processos elaborados, com a finalidade de me- que por sua natureza venham a criá-los ou potencializá-los. Reco-
dir se o que foi planejado está sendo executado, e se a execução está nhecer que essas emergências existem, mas podem ser trabalhadas
com o resultado esperado. De outra forma, deverá ser reajustado. para ter seus efeitos minimizados.
A avaliação não deve ser superficial nem precipitada. Devendo Prever, antecipar e estar pronto para intervir e operar em situa-
analisar as variáveis ocorridas durante o período, como por exem- ções de crise, a partir de nova concepção estratégica nos negócios é
plo, aumento de casos de recuperação de material furtado, que de agora uma missão da segurança.
maneira isolada não é concludente, devendo ser comparado com o Desta forma o sistema de Prevenção e Gestão de Crises, torna-
relatório do setor de produção informando que a quantidade de ma- -se prioritário nas organizações, com o objetivo preventivo contra
terial agregado por unidade produzida diminuiu (os custos reduzi- ocorrências indesejáveis, a partir de uma postura mais proativa da
ram) sem que ocorresse qualquer mudança processual na produção, segurança.
aí sim se torna significativo.
Um programa de planejamento e gestão em segurança deve ser
- Identifica seus ganhos e dificuldades;
considerado, objetivando a análise das necessidades da corporação
- Municia os gestores de informações que levem ao seu contí-
como um todo (Empresa e profissionais) e utilizando como metodo-
nuo ajuste e aperfeiçoamento;
logia o estudo intensivo das normas e padrões para a integração do
- Possibilita o exercício do controle da segurança.
conhecimento relativo aos diferentes segmentos envolvidos.
São processos contínuos e dinâmicos de acompanhamento das
Um dos objetivos do programa é desenvolver junto aos profis-
ações programadas, com momentos definidos para a verificação>
sionais envolvidos habilidades em planejamento, implantação, aná-
- Semanal
- Mensal lise e gestão da segurança, para que estes possam identificar e solu-
- Anual cionar os problemas relacionados com a infraestrutura, bem como a
- Ao final de uma etapa inserção de questões tecnológicas e administrativas de segurança no
Verifica se os produtos e resultados previstos foram alcançados; processo de tomada de decisões estratégicas da corporação.
se as demandas priorizadas e suas metas foram devidamente atendi- Outro objetivo do programa deve ser o de garantir um compro-
das os ganhos alcance das ações. misso permanente com soluções de custo acessível e alta qualidade,
- Possibilita acompanhar decisões; sempre focando a melhoria da competitividade através da redução
- Procedimentos dos funcionários; de riscos de invasão, roubos e perdas de informação, redução de cus-
- Integração dos departamentos; tos operacionais, aumento de eficiência dos procedimentos internos
- Protagonismo dos parceiros; e otimização da infraestrutura computacional e de comunicação de
- Participação dos beneficiários; dados.
- Adesão ao programa, avaliando mudanças de comportamento De acordo com artigo publicado no endereço eletrônico senho-
pessoal, grupal, e cultura de segurança, no âmbito empresarial e do raseguranca.com.br, por AA da Guerra, o objetivo da segurança é
território trabalhado. resguardar a integridade das pessoas, das informações, dos ativos
No trabalho supracitado, a professora Miriam encerra analisan- físicos e financeiros e da imagem da empresa. Consideremos os se-
do que a avaliação visa manter o objetivo final da segurança que é guintes fatores do processo de gestão de segurança:
diminuir perdas, o que proporcionará um aumento dos lucros. Valores: são os “objetos” da proteção. Representam tudo o que
deve ser protegido para assegurar a continuidade dos negócios e
contribuir para o resultado financeiro da empresa.
Pessoas: este primeiro grupo de valores é composto diretamente
16 SEGURANÇA CORPORATIVA pelos funcionários da organização, contratados diversos, clientes e
ESTRATÉGICA. usuários. Indiretamente devem ser incluídos os familiares dos fun-
cionários, que podem ser vítimas de ocorrências relacionadas com
a atividade dos funcionários, a exemplo da extorsão mediante se-
questro.
O cenário corporativo atual, altamente competitivo e com ele- - Ativos físicos e financeiros: podem ser citados o numerário
vados riscos externos e internos, exige cada vez mais informações (moeda nacional em espécie) e outros valores (moeda estrangeira,
de qualidade e em tempo oportuno para que os gestores possam se equipamentos, instalações físicas.

Didatismo e Conhecimento 140


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Imagem: qualquer tipo de vinculação do nome da instituição Se o incidente ocorrer, a empresa deve ter previsto um plano
e/ou de seus funcionários com fatos ou notícias de caráter negativo de recuperação de suas atividades. Por outro lado, é fundamental
pode provocar sérios danos à sua imagem - um ativo intangível - e, que se utilize o conhecimento gerado por incidentes efetivados, para
por isso, necessita de mecanismos eficientes de proteção. reavaliar e adaptar os módulos anteriores, com o intuito de se evitar
- Informações: as informações merecem alto nível de proteção, novas ocorrências.
pois sua perda pode gerar prejuízos incalculáveis às organizações. O plano busca também recuperar os ativos comprometidos pe-
Podem ser citados alguns exemplos de informações cujo vazamento los incidentes.
pode gerar, direta ou indiretamente, transtornos às organizações: da- - Pesquisa estratégica: tem por objetivo coletar informações
dos pessoais de funcionários e clientes, informações sigilosas sobre consideradas úteis para a segurança preventiva em todas as suas di-
clientes, assuntos estratégicos (projetos, negócios, valores, plano mensões.
de segurança etc.), rotinas de serviços e funções específicas de fun- A pesquisa estratégica envolve relacionamento com outras ins-
cionários. Deve ficar claro que criminosos procuram conhecer as tituições financeiras, empresas e grupos especializados em seguran-
informações e rotinas das unidades para subsidiar as ações contra ça na internet, órgãos go governamentais, universidades, organis-
a empresa. mos policiais, órgãos de inteligência e outros. Por meio de pesquisa
estratégica, por exemplo, podemos gerar subsídios para muitas deci-
As organizações estão sujeitas a inúmeros tipos de ocorrências,
sões estratégicas, ações emergenciais para evitar delitos.
que variam de acordo com o tipo de negócio e com as fragilidades
Está relacionada à segurança da gestão das áreas e instalações
encontradas em cada local. Vale lembrar que os criminosos também
a segurança das telecomunicações (de voz, dados e/ou comunica-
procuram correr sempre o menor risco, portanto a tendência é que a
ções de vídeo) é a prevenção de qualquer tipo de intrusão (ou seja, o
vítima seja sempre a empresa ou unidade mais despreparada, não só acesso para uso não autorizado ou com segundas intenções) ao equi-
sob aspecto de equipamentos, mas principalmente quanto ao com- pamento de telecomunicações de sua empresa por alguma pessoa.
portamento de seus funcionários. Intrusões podem ser efetuadas por meio de equipamento sín-
As ocorrências podem ser provocadas ou facilitadas por agentes crono (com base em circuito e/ou multiplexador de tempo) ou assín-
internos e externos. crono (com base em caractere, mensagem ou pacote) ou interfaces
- Atores internos: funcionários e contratados. Erros de proce- para fins de:
dimento, descumprimento de normas, negligência, vazamento de - Utilização (de recursos especiais do equipamento acessado);
informações e até mesmo dolo propiciam a ação criminosa. Daí a - Furto (de propriedade intelectual, de ativos financeiros ou
necessidade de todos perceberem sua responsabilidade e se compro- acesso à facilidade de tarifas);
meterem com as questões de segurança. - Escuta telefônica (invasão de privacidade);
- Atores externos: de maneira geral são os criminosos especiali- - Causar danos (criando problemas, aparentemente inofensivos,
zados, responsáveis pelos mais variados tipos de ataques, tais como sem adulteração);
sequestros, assaltos, arrombamentos, furtos, fraudes, vandalismo, - Causar prejuízo (como adulteração prejudicial, alteração ou
lavagem de dinheiro e crimes cibernéticos. Numa proporção menor, perda de dados, independentemente do motivo ou intenção).
mas responsáveis por grandes transtornos, ocorrem os incidentes e Condutas de segurança, em telecomunicações, requer que lo-
desastres de natureza não criminosa (chuva, terremoto, etc.). cais onde é discutidas informações de grande importância sejam
O terceiro fator considerado na gestão de segurança, e o mais protegidos contra a escuta passiva e ativa.
relevante, são constituídos pelas estratégias que viabilizam esse ma- a) Escuta passiva é a que visa obter informações classificadas
croprocesso: através de meios de telecomunicações não protegidos ou por escuta
- Prevenção ou inibição: o objetivo principal é de identificar direta. A proteção contra a escuta passiva exige inspeções de segu-
condições, situações ou pessoas que possam ser causadoras de rança técnica e pode requerer a insonorização das paredes, portas,
ameaças, de maneira a se criar fatores que inibam ocorrências. Este tetos e soalhos.
conceito, de certa forma, abrange os demais, uma vez que o objetivo b) Escuta ativa é a que visa obter informações classificadas por
maior é evitar os incidentes de segurança. Estão entre as atividades intermédio de microfones, com ou sem fio, ou de outros dispositivos
instalados para o mesmo efeito. A proteção contra este tipo de escuta
de prevenção ou inibição: a disseminação de instruções e cultura de
exige a inspeção de segurança técnica de toda a estrutura do com-
segurança, as aplicações de metodologias e políticas, a definição de
partimento em causa, do seu mobiliário, decoração, equipamento,
especificações de ferramentas e equipamentos de segurança, análise
material de escritório, máquinas e meios de telecomunicações.
de riscos etc.
As áreas protegidas contra a escuta devem ser objeto de ins-
- Correção: a partir de análises internas e do cenário externo, peção técnica pelo menos uma vez por ano e sempre que pessoas
procura-se manter dinâmico o processo preventivo, corrigindo e re- não habilitadas ou não vigiadas ali tenham penetrado por quaisquer
definindo mecanismos, ferramentas, práticas, instruções, estrutura razões.
tecnológica e humana, já existentes e aplicados, de forma a manter a Nenhum móvel ou material novo deverá ser colocado nessas
eficácia das medidas de segurança estabelecidas anteriormente. Es- áreas sem que tenha sido inspecionado e aprovado pelo serviço
tão entre essas atividades as atualizações de sistemas e equipamen- competente. Nestas áreas deverá também ser evitada a colocação
tos, monitoramento de tendências, cenários, acompanhamento da de telefones.
efetividade das medidas de inibição adotadas, avaliação e controle A instituição financeira deve possuir planos de contingência e
de situações e incidentes de crise, entre outras. de continuidade de negócios para garantir sua capacidade de operar
- Recuperação: trata-se da elaboração de planos de continuida- e minimizar suas perdas na eventualidade de interrupções drásticas
de de negócios. de suas atividades.

Didatismo e Conhecimento 141


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
O plano de continuidade de negócios tem como principal ob- - Atentar para alterações na legislação vigente que afetem o pla-
jetivo possibilitar o funcionamento da organização em um nível no e, garantir sua comunicação às pessoas da instituição responsá-
aceitável nas situações de contingência onde há indisponibilidade veis pela sua manutenção;
dos recursos de informação. A impossibilidade de realizar as suas - Estar preparado para comunicações externas em caso de de-
operações traz sérios impactos financeiros, operacionais e de ima- sastre;
gem. O plano deve ser elaborado após a realização de uma análise de - Informar novos funcionários sobre a política existente na ins-
impacto no negócio e especificar as ameaças e riscos identificados tituição e, incentivar a participação no treinamento do plano de con-
na organização. tingência e de continuidade de negócios.
A direção e os demais interessados na organização devem co- - Definir responsabilidade de atuação para cada funcionário, na
nhecer todas as partes e fases do desenvolvimento do plano de con- execução do plano de contingência e de continuidade de negócios;
tinuidade de negócios e aprovar as ameaças e os riscos que podem - Manter equipes treinadas nas suas respectivas responsabili-
afetar os ativos de informação, mas que estão de fora do plano. O dades para agilizarem o processo de recuperação e continuidade de
plano deve ser elaborado inicialmente considerando as situações de qualquer negócio.
maior risco e maior impacto e ir amadurecendo conforme a matu- - Analisar periodicamente a documentação existente para su-
ridade da organização frente a proteção dos seus ativos. O treina- portar a restauração do ambiente em situação de desastre;
mento e a conscientização de todos os colaboradores é de grande - Manter uma lista de contatos atualizada, inclusive de princi-
importância, permitindo que a organização gerencie os riscos, esteja
pais fornecedores e clientes;
preparada para os momentos de contingência e garanta a continui-
- Testar as ações para restauração do ambiente sinistrado;
dade do negócio.
- Simular situações emergenciais;
Assim, o Plano de Contingência e de Continuidade de Negó-
- Preparar ações necessárias à recuperação do Centro de Tecno-
cios pode ser entendido como o conjunto de medidas preventivas e
de recuperação no caso de um desastre ou qualquer outra interrup- logia da Informação.
ção drástica de negócios. Estas medidas, vão muito além da simples A maneira como será implementado um plano de continuidade
adoção de um plano de seguro e, devem assegurar a capacidade da e recuperação de negócios nem sempre exigem todas as atividades
instituição financeira em operar em bases contínuas. acima mencionadas. Cada instituição deve estar atenta ao seu am-
Os princípios de gerenciamento do risco operacional devem as- biente, suas características e apetite ao risco.
segurar que todos os processos críticos têm seus riscos identificados,
avaliados, monitorados e controlados. No entanto, existe a possibi- Gerenciamento de crises aplicados à segurança
lidade de fatores adversos, que não podem ser evitados, provocarem
interrupções drásticas nestes processos. Para que estas interrupções Com relação ao gerenciamento de crises, podemos caracte-
não proporcionem sérias consequências, a instituição deve possuir rizá-lo como o processo de identificar, obter e aplicar os recursos
um plano de contingência e continuidade de negócios. necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma crise.
A instituição financeira deve rever periodicamente seu plano de Ainda, conceitua-se “Gerenciamento de Crises como o meio eficaz
contingência e de continuidade de negócios, a fim de mantê-lo atua- de se identificar, obter e aplicar, de conformidade com a legislação
lizado e consistente com as operações e estratégias correntes. Além vigente e com o emprego das técnicas especializadas, os recursos
disso, este plano deve ser testado periodicamente para assegurar que estratégicos, adequados para solução de crise, sejam medidas de an-
a instituição financeira possa executá-lo num evento de descontinui- tecipação, prevenção e/ou resolução, a fim de assegurar o completo
dade severa dos negócios. restabelecimento da ordem pública e da normalidade da situação”.

O plano de contingência e de continuidade de negócios envolve Características das Crises


basicamente quatro fatores: A doutrina norte-americana formulada pela Academia Nacio-
- Infraestrutura de pessoal (pessoas e responsabilidades); nal do FBI (EUA), enumera três características principais sobre um
- Infraestrutura física (local e recursos); evento crucial:
- Infraestrutura tecnológica (hardware e software);
- Serviços externos (essenciais ao processo). AMEAÇA À VIDA – Configura-se como um componente es-
sencial do evento crítico, mesmo quando a vida em risco é a do
O plano de contingência e de continuidade de negócios deve ser
próprio indivíduo causador da crise. Assim, por exemplo, se alguém
um processo contínuo no qual a instituição financeira deve:
ameaça se jogar do alto de um prédio, buscando suicidar-se, essa
- Identificar e analisar impactos nos negócios e perdas poten-
situação é caracterizada como uma crise, ainda que inexistam outras
ciais;
- Garantir a continuidade dos negócios, operações e serviços; vidas em perigo.
- Priorizar os processos críticos definidos corporativamente,
incluindo todas as atividades da linha de frente às áreas de suporte; IMPREVISIBILIDADE – A crise é não-seletiva e inesperada,
- Conter detalhadamente todas as atividades, procedimentos, isto é, qualquer pessoa ou instituição pode ser atingida a qualquer
responsabilidades e necessidades de recursos no momento de uma instante, em qualquer local, a qualquer hora. Sabemos que ela vai
eventual interrupção; acontecer, mas não podemos prever quando. Sendo assim, as insti-
- Garantir que as informações sobre os planos de contingência e tuições policiais não podem se valer da possibilidade de se preparar
de continuidade de negócios estejam sempre atualizadas e acessíveis tão somente quando o evento crítico acontecer, devendo estar prepa-
(física e eletronicamente); rados para enfrentar qualquer crise.

Didatismo e Conhecimento 142


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
COMPRESSÃO DE TEMPO (urgência) – Os processos O critério da necessidade indica que toda e qualquer ação so-
decisórios que envolvem discussões para adoção de posturas no mente deve ser implementada quando for indispensável.
ambiente operacional devem ser realizados, em um curto espaço O critério da validade do risco, nos mostra que toda e qualquer
de tempo. Os eventos cruciais de alta complexidade impõem aos ação têm que levar em conta se os riscos dela advindos são compen-
agentes responsáveis pelo seu gerenciamento: urgência, agilidade e sados pelos resultados.
rapidez nas decisões. A aceitabilidade, implica em que toda ação deve ter respaldo
O gerenciamento de uma crise deve ser trabalhado sob uma legal, moral e ético.
compreensão de tempo e considerando os mais complexos proble- ACEITABILIDADE LEGAL – Toda decisão deve ser tomada
mas: sejam sociais, econômicos, políticos e ideológicos.
com base nos princípios ditados pelas leis.
Deve avaliar potenciais riscos e preparar planos preventivos
ACEITABILIDADE MORAL – Toda decisão para ser tomada
para agir em relação a cada situação.
deve levar em consideração aspectos de moralidade e bons costu-
NECESSIDADE DE: mes.
ACEITABILIDADE ÉTICA – O responsável pelo gerencia-
1. Postura organizacional não-rotineira: A necessidade de mento da crise, ao tomar uma decisão, deve fazê-lo lembrando que,
uma postura organizacional não-rotineira é de todas as caracterís- o resultado da mesma não pode exigir de seus comandados a prática
ticas essenciais, a que causa maiores transtornos ao processo de de ações que causem constrangimentos à corporação policial.
gerenciamento, principalmente, quando a instituição não desprende Resumindo, o GERENTE DA CRISE, no momento das suas
energias suficientes para se planejar antes mesmo da crise acontecer. tomadas de decisões, deve estar a todo o momento se questionando
Contudo, é a única cujos efeitos podem ser minimizados, graças a sobre as suas determinações ou decisões:
um preparo e a um treinamento prévio da organização para o enfren- É necessário correr este risco ou existe uma outra forma de se
tamento de eventos críticos. resolver? Vale a pena correr este risco? A minha decisão possui um
respaldo legal, esta dentro dos princípios morais e éticos da socie-
2. Planejamento analítico especial e capacidade de imple- dade? Etc.
mentação: Sobre a necessidade de um planejamento analítico espe-
cial é importante salientar que a análise e o planejamento, durante Classificação dos graus de risco
o desenrolar de uma crise, são consideravelmente prejudicados por O objetivo de estudarmos e entendermos a classificação dos
fatores como a insuficiência de informações sobre o evento crítico, a
graus de risco ou ameaça dos eventos críticos, é para dimensionar-
intervenção da mídia e o tumulto de massa geralmente causado por
mos os recursos humanos e materiais a serem empregados na ocor-
situações dessa natureza.
rência de forma que não fiquem super ou subdimensionados.
A capacidade de implementação resume-se na habilidade que
terá o Gerente da crise em mobilizar todos os recursos necessários A avaliação da classificação do grau de risco deve ser uma das
para solucionar a crise. primeiras ações a ser mentalizada pelo Gerente da crise.
Essa classificação obedece a um escalonamento de quatro
Objetivo do Gerenciamento de Crises graus:
O Gerenciamento de Crises tem como principal objetivo, em 1º Grau – ALTO RISCO
absoluta ordem axiológica, PRESERVAR VIDAS e APLICAR A 2º Grau – ALTÍSSIMO RISCO
LEI. 3º Grau – AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA
O Gerente de uma situação de crise deve ter sempre em mente 4º Grau – AMEAÇA EXÓTICA
esses objetivos, mesmo que optando por preservar vidas de inocen-
tes, possa contribuir para uma momentânea fuga ou vitória dos ele- Uma correta avaliação do grau de risco ou ameaça, representa-
mentos causadores da crise. do por uma crise, concorre favoravelmente, para a solução do even-
A preservação de vidas serve para todos os envolvidos no cená- to, possibilitando, desde o início, o oferecimento de um nível de
rio da crise, os reféns, o público em geral, os policiais e até mesmo resposta adequado à situação, evitando-se, destarte, perdas de tempo
os criminosos. desnecessárias.
A aplicação da lei deverá consistir na prisão dos infratores
protagonistas da crise, na proteção do patrimônio público privado,
Fases do processo de Gerenciamento de Crises
como também, garantindo o estado de direito.
Quando falamos sobre fases do processo de Gerenciamento
de Crises, o primeiro pensamento que nos vem a cabeça, é que o
Critérios de ação
No decorrer do processo do gerenciamento de uma crise, o GE- processo de Gerenciamento de Crises só se inicia quando o evento
RENTE DA CRISE (mais alta autoridade presente no teatro de ope- crucial explode. Entretanto, a doutrina nos ensina que o processo
rações) tomará decisões das mais diversas espécies e pertinentes aos de Gerenciamento de Crises se inicia muito antes da crise eclodir,
mais variados assuntos. Para balizar e facilitar o processo decisório como também, observaremos que ele continua mesmo tendo sido
no curso de uma crise, a doutrina estabelece o que se chamam crité- solucionado a crise.
rios de ação, que se traduzem em referenciais para nortear a tomada As fases do processo de Gerenciamento de Crises são divididas
de decisões. em:
A doutrina de Gerenciamento de Crises estabelece três critérios - Fase da pré-confrontação;
de ação, a saber: a necessidade, a validade do risco e a aceitabilida- - Fase da confrontação;
de. - Fase da pós-confrontação.

Didatismo e Conhecimento 143


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
FASE DA PRÉ-CONFRONTAÇÃO (PREPARO) cruciais, são de extrema importância, pois, na maioria dos casos são
É a fase que antecede a confrontação do evento crucial. Durante eles que serão os primeiros a se depararem com tais ocorrências.
esta fase, a instituição policial se prepara, administrativamente, em Nestes casos, “uma resposta imediata e eficiente depende quase que
relação à logística, operacionalmente através de instruções e opera- 60% do êxito da missão policial no gerenciamento de uma crise”.
ções simuladas, planejando-se para que possa atender qualquer crise
que vier acontecer na sua esfera de competência. CONTENÇÃO
São todos aqueles procedimentos fundamentais, que irão per- A contenção de uma crise consiste em evitar que ela se alastre,
mitir aos órgãos e pessoas envolvidos em um evento crítico, possuir isto é, impedindo que os sequestradores aumentem o número de re-
condições de interagir de maneira pró-ativa com as situações encon- féns, ampliem a área sob seu controle, conquistem posições mais
tradas. A ausência e ou carência de uma destas fases proporcionarão seguras, ou melhor, guarnecidas, tenham acesso a mais armamento,
dificuldades ou até mesmo impedirá uma resposta satisfatória para vias de escape, ou seja, a contenção é o impedimento do desloca-
sociedade, arranhando desta forma a credibilidade do Sistema de mento do ponto crítico.
Defesa Social (SDF) e colocando vidas em risco. Enfim, é a ação que visa evitar o agravamento da situação ou
Esta é a fase em que nos encontramos neste exato momento. É a que ela se alastre, impedindo que o causador:
fase da normatização, da formação (apresentação, estudo, pesquisa) - Aumente o número de reféns;
de doutrina, da elaboração de um plano de contingência ou seguran- - Amplie a área de controle;
ça, estruturação e treinamento. - Conquiste posições mais seguras;
É de fundamental importância que os envolvidos em eventos - Tenham acesso a recursos que facilitem ou ampliem o seu po-
críticos tenham o conhecimento dos procedimentos a serem adota- tencial ofensivo.
dos quando na confrontação e através de um programa contínuo e
criterioso de divulgação, com cursos, estágios, palestras e oficinas, a ISOLAMENTO
Secretaria de Segurança Pública tem transmitido aos integrantes do É a ação que visa cortar todos os meios de contato, visual,
Sistema de Defesa Social (SDF), a necessidade de padronização de audiovisual e ou material dos envolvidos diretamente no conflito. É
posturas e de cooperação para resolução dos conflitos da vida mo- o “congelamento” do objetivo (local), visando interromper o contato
derna, tendo o devido cuidado com referencia ao nível de informa- da vítima ou refém e principalmente do causador com o exterior.
ção, para não reduzir ou até mesmo anular, as técnicas de respostas, Recomenda-se o corte de energia elétrica, linha telefônica,
utilizadas pelo Sistema de defesa Social do Estado, contra a escalada sistema de abastecimento de água, gás e qualquer outro meio de
da violência que vitima a nossa sociedade. independência por parte dos causadores.
Permite que a Polícia assuma o controle como único veículo de
PLANO DE CONTIGÊNCIA OU SEGURANÇA interlocução. Quanto melhor o isolamento melhor a possibilidade
O plano de contingência ou segurança está intimamente rela- de negociação.
cionado ao planejamento estratégico que é elaborado pelas institui- A ação de isolar o ponto crítico se desenvolve praticamente ao
ções, avaliando-se dentro do Estado os locais, pessoas e negócios mesmo tempo em que a de conter a crise. Os perpetradores devem
sensíveis, notáveis e importantes na nossa estrutura, reduzindo desta ser isolados de forma que se imponha a eles a sensação de estarem
forma a incidência dessas ocorrências ou minimizando seus efeitos completamente sozinhos.
quando é deflagrada.
INÍCIO DAS NEGOCIAÇÕES
ESTRUTURAÇÃO Considerado o momento mais tenso, por não termos os elemen-
Com aumento de ocorrência desta natureza, ficou irreversível tos essenciais de informações, como número de reféns ou vítimas,
a necessidade de criação de uma estrutura específica para tratar do quantidade de causadores, armamento utilizado, conhecimento do
assunto, com pessoal treinado, espaço definido e principalmente espaço físico. É o principal momento em que o policial pode en-
equipamentos eficientes para fazer frente aos eventos críticos. contrar uma certa agressividade por parte dos causadores. A técnica
recomenda que este contato inicial seja através de instrumentos de
TREINAMENTO comunicação como megafone, etc. Mesmo que a autoridade que pri-
Como já entendemos que crise é um fenômeno social, e como meiro tiver contato com a crise não seja um negociador oficial, este
fenômeno social está sempre num processo de mudanças, os profis- deverá iniciar o processo de negociação assim que as condições do
sionais que atuam nesta área não podem se permitir parar no tem- terreno o permitam.
po, pois, esta estagnação poderá custar uma preciosa vida, logo, o
aprimoramento técnico-profissional deve ser contínuo, avaliando PERÍMETROS DE SEGURANÇA
através de estudo de casos os procedimentos adotados em todas as São os anéis de controle, que propiciam a segurança da popula-
ocorrências, formando um banco de dados eficiente. ção, das autoridades envolvidas, da imprensa, das vítimas ou reféns
e dos protagonistas do evento. A sua forma e tamanho podem variar
FASE DA CONFRONTAÇÃO (RESPOSTA IMEDIATA de acordo com cada ocorrência, pois dependeremos de vários fatores
ou AÇÃO) como: espaço físico onde esta ocorrendo a crise, poder de letalidade
A fase de confrontação ou resposta imediata corresponde ao do armamento que está sendo utilizado e a tipologia do causador
momento em que as primeiras medidas devem ser adotadas, imedia- do evento crítico, vale lembrar que quanto maior suas dimensões,
tamente a eclosão de um evento de alta complexidade. Nesta fase, os mais difícil sua manutenção. Os perímetros de segurança geralmen-
Policiais Militares que estão no serviço de policiamento ostensivo, te são divididos em três etapas: EXTERNO, INTERMEDIÁRIO e
uma vez conhecedores da doutrina sobre gerenciamento de situações INTERNO.

Didatismo e Conhecimento 144


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
FASE DA PÓS-CONFRONTAÇÃO DE UM EVENTO - ABORDAGEM: É a ação conjugada ou isolada realizada
CRÍTICO por profissionais, em indivíduos praticantes de atos suspeitos.
Fase que sucede o encerramento de um evento crítico.
Algumas pessoas acreditam que com a libertação dos reféns a - PARTES ENVOLVIDAS: São as pessoas ou indivíduos
ocorrência já está terminada, vamos citar algumas dentre as varias envolvidos numa ocorrência, sendo: autores de delito, vítimas, tes-
medidas que o aparelho policial precisa adotar após a confrontação: temunhas, etc,
- Atendimento médico para os reféns ou vítimas: Uma das pri-
meiras medidas a serem tomadas, é o acionamento de atendimento - AUTORIDADE DE PLANTÃO: É o Delegado de polícia
médico para o local, ao final da ocorrência mesmo que a pessoa que está de serviço no Distrito Policial.
não queira ser atendida, torna-se conveniente que um profissional da
área de saúde, possa fazer este primeiro contato, visando verificar o Devem-se sempre buscar melhorias contínuas da Gestão de
seu estado de saúde, e desta forma evitar certas surpresas. Segurança, tanto no aspecto ocupacional quanto na qualidade de
- Cumprimento das garantias: Não podemos garantir o que não vida, com educação, capacitação e comprometimento dos empre-
podemos cumprir. Estabelecida a negociação por parte do aparelho gados, envolvendo familiares, empresas parceiras, fornecedores e
policial, ela tem que está pautada antes de tudo na aceitabilidade demais partes interessadas.
legal, moral e ética. Autuação em Flagrante dos causadores torna-se Atender aos requisitos da legislação vigente de segurança
uma consequência natural na maioria das ocorrências de Gerencia- aplicável à Instituição e outros requisitos desta natureza por ela
mento de Crises, atribuindo inclusive, responsabilidades aos seus subscritos.
autores. Nos padrões operacionais devem estar contidos os fundamen-
- Relatório do Evento (Fatos e críticas): Constar tudo que for tos de segurança das pessoas, regulamentando, assim, as condi-
julgado importante sobre a ocorrência, e com riqueza de detalhes, ções de produção, a identificação dos riscos à segurança de cada
pois, não podemos esquecer que este relatório é uma das peças fun- atividade e seus respectivos controles, além dos equipamentos de
damentais do processo legal. proteção individual aplicáveis. É responsabilidade do executante
o cumprimento dos padrões que regulamentam as atividades. En-
tretanto, tal condição não elimina a necessidade de uma avaliação
17 SEGURANÇA DA GESTÃO DAS ÁREAS dos riscos à segurança do homem, antes da execução de qualquer
E INSTALAÇÕES E SEGURANÇA DAS atividade, visando identificar e reportar ao superior imediato a
TELECOMUNICAÇÕES. ocorrência de qualquer anomalia. A omissão na comunicação de
anomalias poderá enquadrar o executante nas normas da Institui-
ção. Garantir a participação dos executantes no entendimento e
consenso dos padrões das atividades e no processo de relato de
anomalias, estimulando-os a apresentar em propostas de solução
Procedimentos Operacionais de Segurança
para as anomalias reportadas.
Procedimento Operacional de Segurança: é o conjunto de É responsabilidade institucional, em seus diversos níveis, o
normas e procedimentos que tem por finalidade dotar os agentes tratamento da anomalia e a divulgação aos interessados do plano
responsáveis pela segurança, de conhecimentos técnicos, visando de ação e/ou do tratamento dado, bem como a administração de
o bom desempenho nas atividades propostas. São fatores funda- todo o Sistema de Segurança, o que significa planejar, organizar,
mentais na aplicação das técnicas operacionais a boa postura, a boa dirigir, coordenar e controlar todas as ações relacionadas ao
educação e a excelente apresentação pessoal. sistema, nunca as dissociando de suas responsabilidades técnicas,
operacionais e administrativas.
Vejamos alguns conceitos básicos utilizados durante o treina-
mento e prática das técnicas operacionais: GESTÃO DE RISCOS DE SEGURANÇA DA
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES
- RONDA: Exercer atividade móvel de observação, de fisca-
lização, de proteção e de reconhecimento. Os sistemas informatizados não são cem por cento seguros.
A era digital, diminuiu as distâncias, à medida que os dados co-
- PERMANÊNCIA: É a atividade predominante estática meçaram a trafegar através de cabos de linhas telefônicas, pos-
desempenhada pelo vigia ou segurança em locais de risco ou em teriormente por cabos de fibra óptica e satélites. Isso possibilitou
posto de serviço. estreitar as fronteiras, não só para facilitar as transações e a comu-
nicação, como também, abriu brechas para que os crimes virtuais,
- POSTO PERICULOSO OU ÁREA PERICULOSA: É como furto de senhas e números de cartões de crédito e a espiona-
todo posto ou área que, por suas características, apresenta elevada gem em geral pudessem acontecer. É possível diminuir os riscos
probabilidade de ocorrência. de falhas e ataques aos sistemas informatizados, porém, por mais
que se invista em segurança, sempre haverá a ameaça dos ataques,
- OCORRÊNCIA: É todo o fato que exige intervenção dos já que a maior parte deles é causada por pessoas com intenção de
profissionais de segurança, por intermédio de ações ou operações. obter algum benefício de forma ilícita.

Didatismo e Conhecimento 145


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Por essa razão, todas as pessoas envolvidas com a empresa O art. 3º, inciso I, dispõe sobre os princípios básicos de Segu-
devem estar sempre alerta quanto à necessidade de segurança, do rança da Informação.
porteiro, que tem a função de barrar a entrada de uma pessoa não Art. 3º. São objetivos da Política da Informação:
autorizada, ao administrador da rede, que tem o dever de zelar para I. dotar os órgãos e as entidades da Administração Pública Fe-
que não ocorram invasões à rede de computadores da empresa, deral de instrumentos jurídicos, normativos e organizacionais que
passando, é claro por todos os funcionários que também devem ser os capacitem científica, tecnológica e administrativamente a asse-
cuidadosos ao acessar sites na Internet, realizar operações bancá- gurar a confidencialidade, a integridade, a autenticidade, o não-
rias, compras, ou mesmo enviar uma simples mensagem de e-mail. -repúdio e a disponibilidade dos dados e das informações tratadas,
O Administrador da rede (pessoa responsável pelo gerencia- classificadas e sensíveis;
mento da rede local da empresa), irá também administrar os usuá-
rios, impedindo acessos a determinados sites, evitando anexos à Princípios da Segurança da Informação
e-mails, downloads não autorizados, etc, já que a grande maioria
A informação é o bem mais importante para as pessoas e para
das invasões dentro das empresas, ocorrem porque procedimentos
as organizações, antigamente essa informação ficava armazenada
básicos de segurança não foram seguidos na íntegra.
em um ambiente pequeno e controlado, hoje as informações são
Os projetos de aplicação de medidas de proteção e segurança
processadas e armazenadas em um complexo ambiente tecnológi-
em uma organização, devem levar em consideração a avaliação
co e os dados estão disponíveis para todos os colaboradores da or-
de riscos, a política de segurança, os controles de segurança e o ganização, precisando ser protegida e gerenciada adequadamente.
monitoramento. São princípios que regem a segurança da informação, em
No âmbito jurídico, a questão da segurança da informação acordo com o artigo 3° do Decreto n° 3.505, de 13 de junho de
está ainda engatinhando, já que as formas de punição contra esses 2000: confidencialidade, autenticidade, disponibilidade, integrida-
crimes ainda dependem de aprovação de leis mais eficazes. Porém, de e não-repúdio. São 5 (cinco), os princípios e para ficar mais
existem normas que tratam do assunto, sendo uma delas o Decreto fácil memorizar os princípios, coloquei-os nesta ordem e criei a
nº 3.505, de 13 de junho de 2000, e há um trabalho das autorida- sigla “CADIN” (confidencialidade, autenticidade, disponibilidade,
des governamentais, no sentido de aprovar leis contra os diversos integridade e não-repúdio).
crimes digitais. 1. Confidencialidade - atributo que define que a informação
O Decreto nº 3.505, de 13 de junho de 2000, trata em seu art. deve ser acessada somente pelas pessoas autorizadas pelo proprie-
1º, de dispor sobre a Política de Segurança da Informação: tário da informação. Garantia do acesso autorizado a informações,
Art. 1º. Fica instituída a Política de Segurança da Informação de acordo com o nível de proteção;
nos órgãos e nas entidades da Administração Pública Federal, que 2. Autenticidade – garantia de que o dado ou informação é
tem como pressupostos básicos: verdadeiro e fidedigno tanto na origem quanto no destino;
I - assegurar a garantia ao direito individual e coletivo das pes- 3. Disponibilidade – atributo que define que a informação
soas, à inviolabilidade da sua intimidade e ao sigilo da correspon- deve estar disponível e integra quando solicitada pelas pessoas
dência e das comunicações, nos termos previstos na Constituição; autorizadas pelo proprietário da informação. Mantendo a disponi-
II - proteção de assuntos que mereçam tratamento especial; bilidade é garantida a prestação contínua do serviço, ou seja, sem
III - capacitação dos segmentos das tecnologias sensíveis; interrupções no fornecimento de informações para os que têm di-
IV - uso soberano de mecanismos de segurança da informa- reito a ela.
ção, com o domínio de tecnologias sensíveis e duais; 4. Integridade – atributo que define que a informação quan-
V  -  criação, desenvolvimento e manutenção de mentalidade do acessada esteja completa e com suas características originais
de segurança da informação; definidas pelo proprietário da informação. Garantia de que as in-
VI  -  capacitação científico-tecnológica do País para uso da formações e métodos de processamento somente sejam alterados
mediante autorização prévia. Proteção contra modificações não
criptografia na segurança e defesa do Estado; e
autorizadas;
VII - conscientização dos órgãos e das entidades da Adminis-
5. Não-repúdio - garantia que o emissor da mensagem não irá
tração Pública Federal sobre a importância das informações pro-
negar posteriormente a autoria da mensagem ou transação, permi-
cessadas e sobre o risco da sua vulnerabilidade.
tindo a sua identificação.
Alguns conceitos são dispostos em seu art. 2º: Outros conceitos:
I. Certificado de Conformidade: garantia formal de que um
produto ou serviço, devidamente identificado, está em conformi- Plano de Contingência – descreve as ações que uma orga-
dade com uma norma legal; nização deve tomar para assegurar a continuidade dos processos
II. Segurança da Informação: proteção dos sistemas de infor- críticos em caso de falhas nos sistemas, incluindo a ativação de
mação contra a negação de serviço a usuários autorizados, assim processos manuais, duplicidade de recursos e acionamento de for-
como contra a intrusão, e a modificação desautorizada de dados necedores;
ou informações, armazenados, em processamento ou em trânsito, Política de Segurança da Informação – tem o propósito de
abrangendo, inclusive, a segurança dos recursos humanos, da do- elaborar critérios para o adequado manuseio, armazenamento,
cumentação e do material, das áreas e instalações das comunica- transporte e descarte das informações através do desenvolvimento
ções e computacional, assim como as destinadas a prevenir, detec- de Diretrizes, Normas, Procedimentos e Instruções destinadas res-
tar, deter e documentar eventuais ameaças a seu desenvolvimento. pectivamente aos níveis estratégico, tático e operacional;

Didatismo e Conhecimento 146


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Medidas de proteção – medidas destinadas a garantir o sigilo, Usuário
a inviolabilidade, a integridade, a autenticidade, a legitimidade e Usuários desatentos e sem o treinamento adequado para utili-
a disponibilidade de dados e informações com o objetivo de pre- zação de sistemas, são considerados uma das principais ameaças à
venir, detectar, anular ou registrar ameaças reais ou potenciais a segurança da informação das organizações. O usuário é a pessoa que
dados e informações; inicia qualquer procedimento ou processo e, portanto, tem o poder
Rede de dados - conexão de dois ou mais computadores, liga- de decisão para clicar, autorizar, aceitar, executar ou simplesmente
dos entre si através de um protocolo de comunicação (ou conjunto ignorar o que, em uma fração de segundo, pode representar um risco.
de protocolos) como, por exemplo, o TCP/IP, permitindo a troca de A organização deve cuidar do seu recurso humano através de
informações e o compartilhamento de recursos; programas de conscientização e treinamento de todos os usuários
TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol) em segurança da informação. O usuário deve ser considerado um
- conjunto de padrões de comunicação em uma rede de dados (In- fator crítico para o sucesso no processo de proteção da informação.
ternet, intranet, etc) que orienta o tráfego de informações e define É importante que os usuários mais antigos orientem os mais novos
quanto à segurança da informação, pelo exemplo dos colegas, chefia
o endereçamento e o envio de dados;
e principalmente da direção é que o novo colaborador vai considerar
Termo de responsabilidade - acordo de confidencialidade
e se comportar quanto às regras da organização no processo de se-
e não divulgação de informações que atribui responsabilidades
gurança da informação.
ao Colaborador e Administrador de Serviço quanto ao sigilo e a
O acesso à informação deve ser restrito e somente os usuários
correta utilização dos ativos de propriedade ou custodiados pela que necessitam aquela informação deve ter acesso à mesma, não
ANEEL. adianta a organização possuir a melhor solução de controle de aces-
Acesso privilegiado - é aquele que permite ao Colaborador so lógico, se o usuário emprestar a sua senha para outro que não
sobrepor controles do sistema de informação, e somente deve ser tinha acesso àquela informação. A facilidade de uso pelo usuário
concedido àqueles que o necessitam para a condução de suas ati- deve ser levada em conta, os controles necessários devem ser imple-
vidades; mentados, mas não podem engessar o processo de negócio.
Administrador de Serviços - Colaborador que possui acesso
privilegiado para a utilização e disponibilização, por força de suas Intrusos
funções, de recursos restritos de Tecnologia da Informação; Uma das ameaças à segurança é a do intruso, são pessoas de
Ativo - tudo que manipula a informação (inclusive ela própria). dentro ou fora da organização com a intenção de promover ataques
São exemplos de ativos associados com sistemas de informação: aos sistemas de forma benigna, somente para explorar a rede e ver
base de dados e arquivos, documentação do sistema, manuais, ma- o que tem dentro dela, ou de forma maligna, para realizar modifica-
terial de treinamento, procedimentos de suporte ou operação, pla- ções não autorizadas nos dados ou interromper os sistemas. Existem
nos de continuidade, procedimentos de recuperação, informações três tipos de intrusos:
armazenadas, softwares, sistemas, ferramentas de desenvolvimen- - Mascarado: Uma pessoa que não tem autorização para usar
to e utilitários, estações de trabalho, servidores, equipamentos de os recursos, mas que penetra nos controles de acesso de um sistema
comunicação (roteadores, fax, modens etc.), nobreaks e outros; para explorar a conta de um usuário legítimo, geralmente é alguém
Colaborador - agente público em exercício na ANEEL po- externo da organização.
dendo ser titular de cargo efetivo ou em comissão, contratado por - Infrator: Um usuário legítimo da organização, mas que acessa
tempo determinado ou prestador de serviço terceirizado; dados, sistemas ou recursos dos quais não tem autorização ou tendo
A proteção dos ativos é de extrema importância para a so- autorização, faz mau uso de seus privilégios.
brevivência da organização e muitas vezes essa proteção não é - Usuário clandestino: Uma pessoa que se apropria do controle
realizada de forma adequada ou com o investimento necessário. de administrador do sistema e utiliza tal controle para escapar de
As organizações devem tratar a segurança da informação para pre- auditorias e controles de acesso, pode ser de dentro ou de fora da
organização.
venção e não somente após ocorrer algum desastre. A seguir são
apresentadas as principais ameaças que os ativos estão expostos e
Ataques físicos
os mecanismos de defesas que devem ser aplicadas no ambiente
Roubos de informações importantes da organização são realiza-
computacional da organização.
dos através de ataques físicos, onde equipamentos, fitas magnéticas,
CDs, DVDs e pen-drives são retirados da organização ou roubados
AMEAÇAS MAIS COMUNS NO AMBIENTE DIGITAL de funcionários para posterior análise. Assim se faz necessário ob-
servar normas que tratam da segurança física e do ambiente com o
A ameaça é causa potencial de um incidente indesejado, que objetivo de propor diretrizes para prevenção do acesso físico não
pode resultar em dano a um sistema ou para a organização. Po- autorizado, danos e interferências nas instalações e informações.
dendo ser caracterizado como ameaça natural, onde condições cli- Devem ser tomadas medidas para impedir perdas, danos, fur-
máticas tais como, incêndios e inundações, podem causar danos to ou comprometimento de ativos e interrupção das atividades da
nos ativos. Já a ameaça intencional, é causada de forma dolosa, ou organização. O acesso físico deve ser protegido com a criação de
seja, com a intenção de provocar um prejuízo, como por exemplo, um perímetro de segurança física, incluindo controles de entrada fí-
fraudes eletrônicas e sabotagem. Por fim, a ameaça involuntária sica, segurança nos escritórios, salas e instalações, proteção contra
pode ser causa por ações inconscientes ou ingênuas do usuário, um ameaças externas e do meio ambiente e acesso do publico, área de
exemplo é a engenharia social. Vamos acompanhar a seguir entrega e carregamento.

Didatismo e Conhecimento 147


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Hackers Uma maneira de se prevenir contra este ataque é estar sempre
São indivíduos que cultivam técnicas avançadas em informá- alerta e desconfiar quando alguém por meio digital, ou até mesmo
tica, com o objetivo de invadir computadores e redes. O objetivo por telefone, pedir informações pessoais dos funcionários ou orga-
do Hacker não é destruir, mas sim deixar sua marca. Mas o termo nizacionais da empresa, como números de IP, números de cartões
hacker ainda é mais divulgado do que o termo cracker que vere- de crédito, dados pessoais dos funcionários, etc.
mos a seguir.
Malwares
Crackers Código malicioso ou Malware (Malicious Software) é um
Estes, sim, são perigosos. Geralmente a mídia confunde os termo utilizado que caracteriza os programas desenvolvidos para
termos hacker e cracker. O cracker invade os sistemas a fim de executar ações maliciosas, com o intuito de danificar ou roubar
destruir, ou de levar vantagens, através do furto de dados sigilosos, informações de um computador. Um software legal que contenha
senhas bancárias, números de cartões de crédito, etc. Os crimes falha de programação (intencional ou não) e execute ações ilícitas
virtuais são realizados, na sua maioria, por crackers. também é considerado como malware. A seguir são apresentados
os diversos tipos de malwares.
Tipos de ataques de hackers mais comuns O vírus é um programa de computador que contém comandos
Os tipos de ataques hackers mais comuns são o DoS, DDoS e maliciosos, para simplesmente perturbar o usuário até causar sé-
o Spoofing, embora existam muitos outros. rios dados, alterando ou destruindo programas ou arquivos do dis-
1 – DoS (Denial of Service): Ataque de negação de serviço co. O vírus se propaga inserindo cópias de si mesmo ao se deslo-
é uma tentativa em tornar os recursos de um sistema indisponí- car. Depende da ação do usuário, ou seja, a execução do programa
veis para seus utilizadores. Alvos típicos são servidores web, e o ou arquivo hospedeiro na disseminação do vírus é realizada pelo
ataque tenta tornar as páginas hospedadas indisponíveis. Não se usuário. Alguns tipos de vírus são: vírus de boot, vírus de executá-
trata de uma invasão do sistema, mas sim da sua invalidação por vel, vírus de macro, vírus de e-mail e vírus de telefone celular que
sobrecarga. A máquina que é “inundada” por um volume enorme se propagam através da tecnologia bluetooth.
de pacotes, ocasionando um extremo congestionamento da rede e
resultando na paralização dos serviços oferecidos por ela. Worm (verme)
2 – DdoS (Distributed Denial of Service): Ataque distribuí- O worm (verme) é um programa ou fragmento de programa
do de negação de serviço. Um computador mestre distribui tarefas que propagam cópias de si mesmo a outros computadores através
de ataque de negação de serviço a um grande número de máqui- de conexões de rede e não precisam da ação do usuário. Um worm
nas denominadas zumbis. O ataque consiste em fazer com que os busca outras estações para infectar e cada computador infectado
Zumbis (máquinas infectadas e sob comando do Mestre) se pre- vai servir de base de lançamento para automaticamente atacar ou-
parem para acessar um determinado recurso em um determinado tras máquinas. Na replicação o worm utiliza, por exemplo, recur-
servidor em uma mesma hora de uma mesma data. sos de e-mail, enviando cópias de si mesmo para outros usuários
Todos os zumbis (ligados e conectados à rede) acessarão ou sistemas. Também tem a capacidade de execução remota e de
ao mesmo recurso do mesmo servidor. Como servidores web login remoto, podendo realizar acesso remoto a um sistema e de-
possuem um número limitado de usuários que pode atender pois executar comandos para se propagar.
simultaneamente o grande e repentino número de requisições de
acesso esgota esse número de acessos, fazendo com que o servidor Bot
não seja capaz de atender a mais nenhum pedido. O servidor então, O bot é um programa capaz de se propagar automaticamente
ficará travado. pela rede, explorando as vulnerabilidades ou falhas de configu-
3 – Spoofing: O spoofing consiste em falsificar o endereço ração dos sistemas, diferentemente do worm, o bot é capaz de se
de um e-mail apresentando um remetente falso. Dentro de uma comunicar remotamente com o atacante. O bot e o atacante se co-
rede, um computador realizando um ataque spoofing pode não ser nectam a um servidor Internet Relay Chat (IRC) e entram numa
detectado, por se tratar de uma máquina dentro da própria rede, determinada sala, onde são enviadas mensagens contendo uma
realizando um ataque. Neste caso, o IP da máquina pode ser altera- sequência especial de caracteres que é interpretada e executada
do pelo hacker, a fim de que se camufle o verdadeiro nº IP. pelo bot residente no computador invadido. Um conjunto de com-
putadores infectados com bots cria uma rede chamada de botnets,
Engenharia Social utilizadas para o envio de milhares de phishing scam e disparar
A Engenharia social explora a falta de conhecimento técnico ataques de negação de serviço.
em segurança pessoas ou de funcionários de determinada empresa,
que, quando não possuem treinamento em segurança, podem ser Cavalo de tróia
facilmente manipulados. A técnica consiste em obter acesso a in- Cavalo de tróia (trojan horse) é um programa ou procedimen-
formações importantes ou sigilosas em sistemas através do uso da to de comando aparentemente útil, que executa as funções as quais
fraude, onde o golpista pode assumir outra identidade, fingir que foi criado, mas contém código oculto que realiza funções malicio-
é outro funcionário da mesma empresa e a pessoa é enganada na sas, indesejadas e sem o consentimento do usuário. São utilizados,
sua boa-fé. É uma maneira de burlar a segurança de sistemas em por exemplo, para disseminação de backdoor, instalação de keylo-
empresas. ggers ou screenlogers e a destruição de dados.

Didatismo e Conhecimento 148


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Um backdoor (porta dos fundos) ou trapdoor (alçapão) é um COMPORTAMENTO SEGURO DO USUÁRIO
programa instalado indevidamente e que deixam a porta aberta
para futuros acessos remotos do atacante. Inicialmente os progra- A sociedade da informação traz paradigmas da economia,
madores utilizavam os backdoors para disparar e testar seus pro- como produtividade e qualidade, cria novos caminhos para o de-
gramas, mas se tornou uma ameaça quando hackers começaram a senvolvimento e exige uma nova postura diante das mudanças so-
utilizá-lo para invadir os sistemas. Geralmente o computador rece- ciais. Gerar, obter e aplicar conhecimento passa a ser item básico
be o backdoor através de um cavalo de tróia e é disparado quando para enfrentar essas mudanças.
reconhece um sequência especial de entrada ou é executado por O que caracteriza uma sociedade como “sociedade da infor-
um determinado ID de usuário. mação” basicamente é a economia alicerçada na informação e na
telemática, ou seja, informação, comunicação, telecomunicação
Keyloggers e tecnologias da informação. A informação, aqui entendida como
Keyloggers são programas que realizam a captura e matéria-prima, como insumo básico do processo, a comunicação/
armazenamento das teclas digitadas pelo usuário em um sistema. telecomunicação entendida como meio/veículo de disseminação/
Na maioria dos casos, a ativação do keyloggers acontece com a distribuição e as tecnologias da informação entendidas como in-
ativação do usuário e esse tipo de malware possui mecanismos que fraestrutura de armazenagem, processamento e acesso.
enviam automaticamente as informações colhidas para o atacante. A sociedade da informação e sua relação com a economia de
Com o aperfeiçoamento desse malware surgiram os screenloggers, um país se dão através de uma superestrutura de comunicação,
que são programas que capturam e armazenam a posição do cursor apoiada em tecnologias da informação e, o mais importante, o co-
e a tela apresentada no monitor e a região que circunda a posição nhecimento, sua geração, armazenamento e disseminação, ou seja,
onde o mouse é clicado. o que se denomina atualmente de “nova economia”, é a associação
da informação ao conhecimento, sua conectividade e apropriação
Adware econômica e social. Além disso, exige dos diferentes segmentos
O adware (Advertising software) é um software com a função econômicos uma mudança significativa no processo produtivo e
inovativo.
exclusiva de apresentar propaganda, sendo através do navegador
Cada vez mais as organizações, seus sistemas de informação
do usuário ou de outros softwares, tais como o MSN Messenger.
e redes de computadores são colocados à prova por diversos tipos
Muitas organizações têm utilizado o adware de forma licita para
de ameaças, incluindo vazamento de informações, fraudes, roubos
patrocínio, principalmente em projetos ou serviços gratuitos. A uti-
e invasões (físicas e lógicas).
lização de forma ilícita acontece quando o adware tem a função de
Assim, com a imensa quantidade de informação que circula
monitoração dos hábitos de navegação do usuário para envio de
pelas redes de computadores sem restrição de tempo, distância e
propagandas mais especificas.
velocidade e a comunidade atual exigindo e consumindo cada vez
mais informação. Surge a necessidade de que está informação seja
Spyware entregue de forma segura e eficiente, pois, o sucesso e a sobrevi-
O spyware é um programa utilizado para realizar o monito- vência de uma organização depende muito de como a informação
ramento das atividades realizadas pelo sistema e enviar as infor- é controlada, armazenada e manipulada.
mações coletadas para o atacante. Da mesma forma que o adware, No passado, os controles estavam basicamente no departa-
existem os spywares que são utilizados de forma licita, como por mento financeiro, sendo este o coração da organização. Com o
exemplo, para a monitoração das atividades dos usuários de uma passar dos anos e com o surgimento da computação, tornando a
determinada organização. Por outro lado, o spyware é muito utili- informação disponível com mais facilidade, o departamento de in-
zado para ativar o keyloggers ou screenloggers quando identifica formática passa a ser o centro da organização, e a informação o seu
que o usuário está acessando um site de banco. bem mais precioso.
Num mundo atualmente muito competitivo, com constantes
Rootkits e inesperadas mudanças, as organizações necessitam ter agilidade
Os rootkits são programas instalados no computador da vítima e flexibilidade para estar preparado para as falhas decorrentes de
e projetados para ficarem ocultos dentro do sistema para esconder mudanças constantes no ambiente computacional. Surge a neces-
as atividades e informações do invasor. Os rootkits podem ter as sidade das organizações criarem mecanismos que possam garantir
mais variadas funcionalidades, tais como: backdoors, sniffers que a continuidade dos negócios em momentos de crise. O gerencia-
são programas que capturam informações que trafegam pela rede, mento apropriado do risco interno e externo ajuda as organizações
keyloogers entre outros. a manter o ambiente de tecnologia da informação alinhado com
o planejamento estratégico definido pela direção da organização.
Port Scanning e Scanning de vulnerabilidades Investir em tecnologia é muito importante para se aplicar
No ataque conhecido como port scanning ou varredura de por- as regras de segurança e monitorar seu cumprimento, identificar
ta é realizado o mapeamento das portas abertas e dos serviços que as ameaças e riscos, mas se as pessoas não forem devidamente
estão ativos no host. Existem outros tipos de varreduras, como por conscientizadas no entendimento da política de segurança e na res-
exemplo, a varredura de firewall onde são verificas as portas fil- ponsabilidade de suas ações e da importância da sua participação,
tradas pelo firewall e a varredura ICMP (Internet Control Message teremos aí um alto nível de insatisfação e situações de risco.
Protocol) - protocolo que realiza o intercâmbio de pacotes de con- Uma política de segurança deverá especificar formal e clara-
trole entre um roteador e um host ou entre hosts e objetiva detectar mente as regras a serem seguidas pelas pessoas para acessarem os
se o host está ativo. recursos e as informações da empresa.

Didatismo e Conhecimento 149


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
A alta direção das empresas em sua maioria se esquece de que, § 2º A função comissionada de Diretor da Coordenação de
não basta criar as regras e impô-las aos seus usuários. A “cultura de Segurança Legislativa, nível FC-07, fica transformada na de
segurança” é todo um aprendizado que deve ser adquirido e este co- Diretor do Departamento de Polícia Legislativa, nível FC-08.
nhecimento deve ser repassado pela empresa aos seus usuários para
que os mesmos tenham comportamentos seguros. Art. 2º O Departamento de Polícia Legislativa é o órgão de
Os incidentes de segurança ocorrem em diversos níveis dentro Polícia da Câmara dos Deputados.
de uma organização e para cada nível (estratégico, tático, operacio-
nal) o tratamento tem que ser apropriado.
Art. 3º São consideradas atividades típicas de Polícia da
Atitudes como:
- Abusos no uso de correio eletrônico; Câmara dos Deputados:
- Abuso de redes sociais; I - a segurança do Presidente da Câmara dos Deputados, em
- A ameaça de engenharia social; qualquer localidade do território nacional e no exterior;
- Propriedade intelectual; II - a segurança dos Deputados Federais, servidores e auto-
- Vazamento de informações através de mídias, e-mail, pen- ridades, nas dependências sob a responsabilidade da Câmara dos
-drives; Deputados;
- Vazamento e compartilhamento de senhas; III - a segurança dos Deputados Federais, servidores e quais-
- Descuido com o crachá/cartão/documentos da empresa. quer pessoas que eventualmente estiverem a serviço da Câmara
São alguns dos fatores geradores de problemas com a segurança dos Deputados, em qualquer localidade do território nacional e no
da informação. exterior, quando determinado pelo Presidente da Câmara dos De-
O usuário é principal responsável para manutenção da seguran- putados;
ça da informação, assim a organização deve cuidar de forma ade- IV - o policiamento nas dependências da Câmara dos Depu-
quada de seus recursos humanos. A conscientização e o treinamento
tados;
dos usuários é um fator importante para disseminar a cultura de pro-
teção da informação. V - o apoio à Corregedoria da Câmara dos Deputados;
Aliás, extremamente importante a realização de conscientiza- VI - a revista, a busca e a apreensão;
ção do usuário quanto ao uso e definição da senha, a seguir são apre- VII - as de registro e de administração inerentes à Polícia;
sentados alguns cuidados que devem ser tomados: VIII - a investigação e a formação de inquérito.
1. Trocar imediatamente a senha padrão fornecida pelo admi-
nistrador na criação do login de acesso; Art. 4º Os cargos da Categoria Funcional de Analista Legis-
2. Não utilizar senhas curtas, recomenda-se a utilização de no lativo - atribuição Inspetor de Segurança Legislativa e Técnico
mínimo oito caracteres, contendo letras, números e caracteres es- Legislativo - atribuição Agente de Segurança Legislativa, previs-
peciais; tos no Ato da Mesa nº 95, de 1993 , passam a denominar-se, res-
3. Não utilizar senhas com palavras que possam ser encontradas pectivamente, Analista Legislativo - atribuição Inspetor de Polícia
em dicionários. Legislativa e Técnico Legislativo - atribuição Agente de Polícia
4. Não utilizar datas de nascimento, nomes de pessoas, nomes Legislativa.
de times ou outras informações que estejam ligadas a você ou à or-
ganização;
5. Não utilizar números de telefones, números de documentos Art. 5º São atribuições dos Inspetores de Polícia Legislativa:
ou letras e números de placas de automóveis. I - planejamento, supervisão, controle e execução dos traba-
lhos relacionados com os serviços de polícia, segurança e manu-
tenção da ordem na Câmara dos Deputados;
II - coordenação e execução de tarefas relacionadas com in-
18 RESOLUÇÃO Nº 18/2003. quéritos e sindicâncias instauradas na forma regulamentar;
III - participação no policiamento e vigilância das dependên-
cias sob a responsabilidade da Câmara dos Deputados.

Resolução nº 18, de 2003 Art. 6º São atribuições dos Agentes de Polícia Legislativa:
I - execução de trabalhos relacionados com os serviços de
Dispõe sobre o Departamento de Polícia Legislativa, a reestru- polícia e manutenção da ordem nas dependências da Câmara dos
turação dos cargos de Analista Legislativo - atribuição Inspetor de
Deputados;
Segurança Legislativa e Técnico Legislativo - Atribuição Agente de
II - policiamento, vigilância e segurança interna dos prédios
Segurança Legislativa, e dá outras providências.
da Câmara dos Deputados;
Faço saber que a CÂMARA DOS DEPUTADOS aprovou e eu III - identificação e revista das pessoas que ingressam na Câ-
promulgo a seguinte RESOLUÇÃO: mara dos Deputados, de acordo com instruções superiores;
IV - realização de busca em pessoas ou em veículos necessária
Art. 1º A Coordenação de Segurança Legislativa fica transfor- às atividades de prevenção e investigação;
mada em Departamento de Polícia Legislativa. V - controle e fiscalização da emissão e uso do cartão de iden-
§ 1º As competências e a estrutura do Departamento de Polícia tificação de funcionários e visitantes;
Legislativa, bem como suas funções comissionadas, estão definidas, VI - retirada, das dependências da Câmara dos Deputados, de
respectivamente, nos Anexos I e II desta Resolução. quem perturbar as atividades da Casa;

Didatismo e Conhecimento 150


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
VII - exercício de atividades de prevenção e combate contra Art. 11 Os servidores de que trata o art. 4º continuarão subme-
incêndios na sua esfera de competência em cooperação com o Cor- tidos ao regime jurídico instituído pela Lei nº 8.112/90, inclusive
po de Bombeiros Militar do Distrito Federal; no que diz respeito aos seus afastamentos, licenças, deveres, proi-
VIII - inspeção na forma de instruções superiores, de entrada bições e aposentadorias.
e saída de volumes e objetos;
IX - segurança de autoridades e delegações, nacionais e es- Art. 12 As atribuições dos ocupantes das funções comissiona-
trangeiras, nas dependências da Câmara dos Deputados; das distribuídas nas diversas unidades do Departamento de Polícia
X - investigações de ocorrências nas áreas sob administração Legislativa da Câmara dos Deputados serão oportunamente defini-
da Câmara dos Deputados, nos prédios administrativos, blocos re- das em ato da Diretoria-Geral.
sidenciais funcionais para Deputados Federais e estacionamentos;
XI - investigações em inquéritos policiais, instaurados nos ter- Art. 13 As despesas decorrentes da aplicação desta Resolu-
mos do art. 269 do Regimento Interno. ção correrão à conta das dotações orçamentárias da Câmara dos
XII - realização de ações de inteligência destinadas a instru- Deputados.
mentar o exercício de polícia judiciária e de apurações penais, na
esfera de sua competência, observados os direitos e garantias indi- Art. 14 Esta Resolução entra em vigor em 1º de janeiro de
viduais previstos na Constituição Federal; 2004.
XIII - realização de coleta, busca, estatística e análise de da-
dos de interesse policial, destinados a orientar a execução de suas Em 18/12/2003. JOÃO PAULO CUNHA. Presidente da Câ-
atribuições. mara dos Deputados.

Art. 7º Constituem prerrogativas dos Inspetores e dos Agen- Ementa:


tes de Polícia Legislativa:
I - ter ingresso e trânsito, com franco acesso, em qualquer re- Dispõe sobre o Departamento de Polícia Legislativa, a rees-
cinto público ou privado, desde que em serviço, reservado o direito truturação dos cargos de Analista Legislativo - atribuição Inspetor
constitucional da inviolabilidade de domicílio; de Segurança Legislativa e Técnico Legislativo - Atribuição Agen-
II - o uso privativo do emblema e de uniformes operacionais te de Segurança Legislativa, e dá outras providências.
ou de quaisquer outros símbolos da instituição;
III - ocupar função de chefia ou de direção e assessoramento RESOLUÇÃO Nº 18, DE 2003
superior correspondente ao cargo e à classe;
IV - atuar sem revelar sua condição de policial, no interesse ANEXO I
do serviço; DAS COMPETÊNCIAS E DA ESTRUTURA DO
V - cumprir prisão cautelar ou definitiva em dependência se- DEPARTAMENTO DE POLÍCIA
parada, isolado dos demais presos; LEGISLATIVA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Art. 8º Os servidores de que trata o art. 4º, lotados e em efeti- 1. AO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA LEGISLATIVA DA
vo exercício no Departamento de Polícia Legislativa, submeter-se- CÂMARA DOS DEPUTADOS compete:
-ão a um programa anual de capacitação desenvolvido pelo Centro I - exercer as funções de polícia judiciária e apuração de in-
de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento - CEFOR. frações penais, com exclusão das que mantiverem relação de sub-
sidiariedade, conexão ou continência com outra cometida fora das
Art. 9º Os servidores de que trata o art. 4º, enquanto lotados e dependências da Câmara dos Deputados, além das atividades de
em efetivo exercício no Departamento de Polícia Legislativa, por- polícia ostensiva e preservação da ordem e do patrimônio, nos edi-
tarão carteira de identificação funcional, com fé pública, válida fícios da Câmara dos Deputados e em suas dependências externas;
em todo o território nacional como documento de identidade civil. II - efetuar a segurança do Presidente da Câmara dos Depu-
tados em qualquer localidade do território nacional e no exterior;
Art. 10 É livre o porte de arma em todo o território nacional III - efetuar a segurança dos Deputados Federais, servidores e
aos Inspetores e Agentes de Polícia Legislativa mediante prévia autoridades, nas dependências sob a responsabilidade da Câmara
autorização do Presidente da Câmara dos Deputados. dos Deputados;
§ 1º A autorização de que trata o caput deste artigo dependerá IV - efetuar a segurança dos Deputados Federais, servidores e
de avaliação psicológica periódica que ateste a capacidade do quaisquer pessoas que eventualmente estiverem a serviço da Câ-
servidor para o uso da arma e prévia habilitação do servidor mara dos Deputados, em qualquer localidade do território nacional
em curso específico de treinamento, renovado em intervalo não e no exterior, quando assim determinado pelo Presidente da Câma-
superior a dois anos. ra dos Deputados;
§ 2º A concessão do porte, bem como sua periódica renovação, V - atuar como órgão de apoio à Corregedoria da Câmara dos
dependerão da circunstância de o servidor não estar indiciado Deputados, sempre que solicitado;
em inquérito policial ou termo circunstanciado, tampouco VI - planejar, coordenar e executar planos de segurança física
respondendo a processo criminal pela prática de infração penal ou dos Deputados Federais e demais autoridades que estiverem nas
a inquérito administrativo disciplinar. dependências da Câmara dos Deputados.

Didatismo e Conhecimento 151


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
2. O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA LEGISLATIVA DA À SEÇÃO DE CONTROLE DE ARMAS E EQUIPAMENTOS
CÂMARA DOS DEPUTADOS tem a seguinte estrutura: compete:
I - Coordenação de Apoio Logístico; - Distribuir armas, munições e equipamentos aos policiais;
II - Coordenação de Segurança Orgânica; - Manter as armas e equipamentos em perfeitas condições de
III - Coordenação de Polícia Judiciária; uso, procedendo a verificação e a devida manutenção periodica-
IV - Coordenação de Operações Especiais; mente; e
V - Serviço de Administração; - Controlar o estoque.
VI - Serviço de Apoio Jurídico.
II - COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA ORGÂNICA
I - COORDENAÇÃO DE APOIO LOGÍSTICO
À COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA ORGÂNICA
À COORDENAÇÃO DE APOIO LOGÍSTICO compete: compete:
- Desenvolver e coordenar as atividades de policiamento e vi-
- Elaborar estudos de prevenção e primeiro combate contra gilância nas dependências da Câmara dos Deputados e nas áreas
incêndios; externas sob sua responsabilidade.
- Gerenciar a brigada voluntária;
- Cadastrar e controlar os veículos que utilizam os estaciona- A COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA ORGÂNICA tem a
mentos da Câmara dos Deputados; seguinte estrutura:
- Emitir e controlar a identificação funcional; - SERVIÇO DE APOIO TÉCNICO;
- Controlar o estoque de equipamentos, armas e munições; e - SEÇÃO DE EMERGÊNCIAS POLICIAIS;
- Manter, em prefeitas condições de funcionamento e uso, to- - SEÇÃO DE POLICIAMENTO NOTURNO DA TURMA A;
dos os equipamentos do Departamento de Polícia Legislativa da - SEÇÃO DE POLICIAMENTO NOTURNO DA TURMA
Câmara dos Deputados. B; SEÇÃO DE POLICIAMENTO NOTURNO DA TURMA C;
- SEÇÃO DE POLICIAMENTO DO PLENÁRIO E GALE-
A COORDENAÇÃO DE APOIO LOGÍSTICO tem a seguin-
RIAS;
te estrutura:
- SEÇÃO DE POLICIAMENTO DO EDIFÍCIO PRINCIPAL;
- SEÇÃO DE PREVENÇÃO E COMBATE CONTRA IN-
- SEÇÃO DE POLICIAMENTO DO ANEXO I;
CÊNDIOS;
- SEÇÃO DE POLICIAMENTO DOS ANEXOS II E III;
- SEÇÃO DE CONTROLE E CADASTRAMENTO DE VEÍ-
- SEÇÃO DE POLICIAMENTO DO ANEXO IV;
CULOS;
- SEÇÃO DE POLICIAMENTO DAS COMISSÕES;
- SEÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO FUNCIONAL;
- SEÇÃO DE VIGILÂNCIA ELETRÔNICA;
- SEÇÃO DE CONTROLE DE ARMAS E EQUIPAMEN-
TOS. - SEÇÃO DE POLICIAMENTO DAS ÁREAS EXTERNAS;
- FUNÇÃO COMISSIONADA DE SUPERVISOR DE POLI-
À SEÇÃO DE PREVENÇÃO E COMBATE CONTRA CIAMENTO DAS ÁREAS RESIDENCIAIS;
INCÊNDIOS compete: - FUNÇÃO COMISSIONADA DE SUPERVISOR DE POLI-
- Executar todas as tarefas relativas à prevenção contra in- CIAMENTO DOS ESTACIONAMENTOS.
cêndios nas instalações da Câmara dos Deputados, inclusive na
Residência Oficial, depósito no SIA e blocos residenciais;
- Manter sob controle os extintores de incêndio; AO SERVIÇO DE APOIO TÉCNICO, compete:
- Manter sob guarda equipamentos necessários ao combate - Auxiliar a Coordenação de Segurança Orgânica no desen-
emergencial de incêndios; volvimento do planejamento do policiamento ostensivo e na mo-
- Elaborar políticas de prevenção juntamente com a CIPA; e vimentação externa dos bens patrimoniais da Câmara dos Depu-
- Organizar a brigada de incêndio. tados;
- Elaborar escalas de serviço extraordinário;
À SEÇÃO DE CONTROLE E CADASTRAMENTO DE - Controlar a manutenção do efetivo mínimo necessário às
VEÍCULOS compete: atividades policiais nos edifícios da Casa; e controlar a central de
- Manter cadastro de veículos de parlamentares e funcionários radiocomunicação.
devidamente atualizado;
- Emitir cartões de autorização de estacionamento; À SEÇÃO DE EMERGÊNCIAS POLICIAIS compete:
- Realizar serviços de rotina no Detran/DF, tais como empla- - Receber as ligações destinadas ao Departamento de Polí-
camento, vistorias, transferências, 2ª via de CRLV e outras tarefas cia Legislativa, bem assim orientar o atendimento e, em caso de
afins; e emergência, deflagrar o pronto atendimento por meio do sistema
- Controlar o registro e a identificação dos lavadores que pres- de radiocomunicação com a equipe que estiver mais próxima do
tam serviços nos estacionamentos da Câmara dos Deputados. local do fato delatado.

À SEÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO FUNCIONAL compete: ÀS SEÇÕES DE POLICIAMENTO NOTURNO compete:


- Emitir e manter sob controle a identificação funcional de - Durante o período noturno, desenvolver as atividades de po-
todos os servidores da Casa, bem como a daqueles indivíduos re- liciamento e vigilância nas dependências da Câmara e nas áreas
gularmente credenciados. circunvizinhas sob sua responsabilidade,

Didatismo e Conhecimento 152


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Nos termos da legislação em vigor; controlar e manter regis- AO SUPERVISOR DE POLICIAMENTO DOS ESTACIO-
tro de pessoas que adentrarem nas dependências da Casa; e NAMENTOS, compete:
- Fiscalizar a entrada e saída de materiais e bens patrimoniais - Desenvolver atividades de fiscalização do policiamento e
da Câmara dos Deputados. vigilância dos estacionamentos do complexo arquitetônico da Câ-
mara dos Deputados.
À SEÇÃO DE POLICIAMENTO DO PLENÁRIO E
GALERIAS compete: III - COORDENAÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA
- Desenvolver atividades de policiamento e vigilância no âm-
bito do Plenário, Galerias, Salão Verde, Salão Nobre e Salão Ne- À COORDENAÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, compete:
gro; - Nos termos da legislação, desenvolver todos os atos ine-
- Fiscalizar a entrada e a saída de pessoas nos ambientes acima rentes à instrução dos inquéritos policiais instaurados no Depar-
descritos, observando a identificação necessária, bem como o traje tamento de Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados quando
conveniente para o acesso a cada um deles previsto nas normas
da prática de delito nas dependências da Câmara e nas áreas de sua
internas; e
circunscrição; e
- Manter sob controle e disciplina, nos termos regimentais, o
- Realizar perícias e sindicâncias.
público que se dispõe a transitar nesses locais ou a assistir às ses-
sões da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional.
A COORDENAÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA tem a se-
ÀS SEÇÕES DE POLICIAMENTO DO EDIFÍCIO guinte estrutura:
PRINCIPAL E DOS ANEXOS, compete: - SERVIÇO DE ATIVIDADES POLICIAIS;
- Desenvolver, nesses locais, as atividades de policiamento e - SERVIÇO DE ATIVIDADES CARTORÁRIAS;
vigilância, bem como nas áreas circunvizinhas sob sua responsabi- - SEÇÃO DE INTELIGÊNCIA.
lidade, nos termos da legislação em vigor;
- Fiscalizar a entrada e saída de pessoas, exigindo o cartão de AO SERVIÇO DE ATIVIDADES POLICIAIS, compete:
identificação dos servidores; e - Elaborar estratégias,
- Fiscalizar a entrada e saída de materiais e bens patrimoniais - Organizar e desenvolver atividades de investigação, vigilân-
da Câmara dos Deputados. cia e captura; e
- Fiscalizar o fiel cumprimento das determinações da autori-
À SEÇÃO DE POLICIAMENTO DAS COMISSÕES dade que preside os inquéritos no âmbito destes procedimentos.
compete:
Desenvolver as atividades necessárias à segurança dos even- O SERVIÇO DE ATIVIDADES POLICIAIS tem a seguinte
tos realizados pelas Comissões Parlamentares Permanentes e Tem- estrutura:
porárias, bem como a dos eventos realizados nos plenários das - SEÇÃO DE INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS;
Comissões e no Auditório Nereu Ramos. - FUNÇÃO COMISSIONADA DE SUPERVISOR DE VIGI-
LÂNCIA E CAPTURA.
À SEÇÃO DE VIGILÂNCIA ELETRÔNICA compete:
- Controlar o Circuito Fechado de Televisão (CFTV); À SEÇÃO DE INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS, compete:
- Controlar remotamente o movimento de pessoas no interior - Organizar e fiscalizar os procedimentos de investigação com
da Casa; e a finalidade de apurar a materialidade e a autoria dos delitos come-
- Selecionar as imagens produzidas e reter no sistema aquelas tidos no âmbito da circunscrição da Polícia Legislativa da Câmara
que interessam ou ensejam suspeitas de comprometimento da se- dos Deputados.
gurança e da ordem pública.
AO SUPERVISOR DE VIGILÂNCIA E CAPTURA, compe-
À SEÇÃO DE POLICIAMENTO DAS ÁREAS EXTERNAS
te:
compete:
- Organizar e fiscalizar a vigilância, a perseguição e a con-
- Desenvolver as atividades de policiamento e vigilância dos
edifícios que extrapolem o complexo arquitetônico da Câmara dos dução coercitiva, se necessário, de indiciados em inquéritos ins-
Deputados, a exemplo da Coordenação de Transportes, do depósi- taurados pelo Departamento de Polícia Legislativa da Câmara dos
to no S.I.A e da área localizada no Setor de Clubes Sul de Brasília, Deputados;
nos termos da legislação em vigor; - Conduzir os indivíduos presos em flagrante delito; e entregar
- Fiscalizar a entrada e a saída de pessoas, exigindo o cartão mandados de intimação.
de identificação dos servidores, bem como a entrada e a saída de
materiais e bens patrimoniais da Câmara dos Deputados. AO SERVIÇO DE ATIVIDADES CARTORÁRIAS, compe-
te:
AO SUPERVISOR DE POLICIAMENTO DAS ÁREAS RE- - A execução dos atos necessários ao andamento dos inquéri-
SIDENCIAIS, compete: tos policiais e termos circunstanciados;
- Desenvolver atividades de fiscalização do policiamento e - A guarda dos objetos apreendidos referentes aos autos; o en-
vigilância dos imóveis funcionais residenciais dos parlamentares. caminhamento dos autos à Justiça, observados os prazos legais;

Didatismo e Conhecimento 153


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- A manutenção da escrituração e dos registros de todos os - A proteção de testemunhas que vierem prestar depoimentos
inquéritos policiais instaurados pelo Departamento de Polícia Le- em Comissões Parlamentares de Inquérito ou em inquéritos poli-
gislativa da Câmara dos Deputados; e ciais instaurados na Câmara dos Deputados;
- O controle dos arquivos das ocorrências, dos inquéritos po- - O planejamento de estratégia de segurança quando houver
liciais e dos demais documentos de interesse da Coordenação de multidões nos recintos da Câmara; e, por fim,
Polícia Judiciária. - A manutenção de equipe permanentemente treinada para
operações de enfrentamento de massa e detecção de artefatos ex-
O SERVIÇO DE ATIVIDADES CARTORÁRIAS tem a se- plosivos.
guinte estrutura:
- SEÇÃO DE CARTÓRIO;
A COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS tem a
- SEÇÃO DE EXPEDIÇÃO E ARQUIVO;
seguinte estrutura:
- SEÇÃO DE OCORRÊNCIAS POLICIAIS.
FUNÇÃO COMISSIONADA DE SUPERVISOR DE SEGU-
À SEÇÃO DE CARTÓRIO, compete: RANÇA DO PRESIDENTE;
- Executar os atos necessários ao andamento dos inquéritos FUNÇÃO COMISSIONADA DE SUPERVISOR DE SEGU-
policiais, termos circunstanciados e demais atos típicos de escri- RANÇA DE DIGNITÁRIOS E TESTEMUNHAS;
vão, bem como manter a escrituração e os registros nos livros tom- FUNÇÃO COMISSIONADA DE SUPERVISOR DE CON-
bos atualizados. TROLE DE MULTIDÕES; FUNÇÃO COMISSIONADA DE SU-
PERVISOR DE OPERAÇÕES ESPECIAIS.
À SEÇÃO DE EXPEDIÇÃO E ARQUIVO, compete:
- Controlar o trâmite dos inquéritos policiais e termos circuns- AO SUPERVISOR DE SEGURANÇA DO PRESIDENTE,
tanciados entre o Departamento de Polícia Legislativa e os órgãos compete:
da Justiça; - Planejar e desenvolver as atividades de segurança pessoal do
- Guardar os objetos apreendidos; e Presidente da Câmara dos Deputados em todos os seus desloca-
- Organizar e manter sob controle os arquivos da Coordenação mentos no Distrito Federal e fora deste;
de Polícia Judiciária. - Fazer o levantamento antecipado dos locais onde deverão
ocorrer eventos com a presença do Presidente, de forma a permitir
À SEÇÃO DE OCORRÊNCIAS POLICIAIS, compete: a adoção de medidas especiais de segurança para a preservação de
- O atendimento ao público para registro de ocorrências po-
sua integridade física;
liciais e
- Promover o policiamento e a vigilância da Residência Ofi-
- A distribuição à seção competente para a apuração dos fatos
narrados. cial do Presidente da Câmara dos Deputados e áreas adjacentes;
- Fiscalizar a entrada e a saída de pessoas no Gabinete e na
Residência Oficial;
À SEÇÃO DE INTELIGÊNCIA, compete: - Fiscalizar, nos termos da legislação em vigor, a entrada e
-Planejar e executar ações relativas à obtenção e análise de saída de materiais e bens patrimoniais da Residência Oficial e do
dados para a produção de conhecimentos destinados ao Departa- Gabinete; e, por fim, adotar procedimentos especiais de segurança
mento; durante reuniões e/ou eventos na Residência Oficial.
- Planejar e executar a proteção de conhecimentos sensíveis
relativos aos interesses e à segurança da Câmara dos Deputados; AO SUPERVISOR DE SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS E
- Assessorar as atividades policiais; e TESTEMUNHAS, Compete:
- Avaliar ameaças externas e internas dirigidas à Casa e a seus - A proteção de autoridades nacionais e estrangeiras que se
membros. dirigirem a esta Casa, bem como dos parlamentares, servidores e
demais pessoas que eventualmente estiverem a serviço da Câmara
IV - COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS dos Deputados que, por decisão da Presidência da Casa, neces-
sitarem de segurança especial temporária em virtude de ameaça.
À COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS, Compete-lhe, ainda,
compete:
- A proteção de testemunhas que estiverem nas dependências
- O desenvolvimento de atividades de proteção e vigilância na
da Câmara dos Deputados com o objetivo de prestar declarações
Residência Oficial;
ou esclarecimentos em Comissões de Inquérito ou em inquéritos
- A segurança e o acompanhamento pessoal do Presidente da
Câmara dos Deputados em qualquer localidade do território nacio- policiais.
nal e do exterior;
- A proteção e a segurança de autoridades nacionais e estran- AO SUPERVISOR DE CONTROLE DE MULTIDÕES,
geiras que estiverem em visita na Casa, bem como de servidores compete:
e de quaisquer pessoas que eventualmente estiverem a serviço da - Planejar e desenvolver treinamento de formação do grupo
Câmara dos Deputados, em qualquer localidade do território na- especial de enfrentamento de massa e
cional e no exterior, quando assim determinado pelo Presidente da - Comandar a sua atuação sob a superior orientação do Diretor
Câmara dos Deputados; da Coordenação de Operações Especiais.

Didatismo e Conhecimento 154


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
AO SUPERVISOR DE OPERAÇÕES ESPECIAIS, compete:
- Planejar e desenvolver treinamento de formação do grupo especial de inspeção para detecção de artefatos explosivos, resgate e abor-
dagem perigosa.

V - SERVIÇO DE ADMINISTRAÇÃO

Reservam-se-lhe as competências inerentes aos Serviços de Administração da Casa, na forma prevista na Resolução nº 20, de 1971.

VI - SERVIÇO DE APOIO JURÍDICO

AO SERVIÇO DE APOIO JURÍDICO, compete:


- Prestar assistência jurídica ao Diretor do Departamento de Polícia Legislativa, emitindo relatórios, pareceres e despachos de cunho
jurídico e de interesse do Departamento, para o fim de auxiliar a condução dos inquéritos policiais e das demais atividades pertinentes ao
Departamento.

Didatismo e Conhecimento 155


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 271. Excetuado aos membros da segurança, é proibido o
19 REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA porte de arma de qualquer espécie nos edifícios da Câmara e suas
DOS DEPUTADOS: TÍTULO IX, CAP. III - DA áreas adjacentes, constituindo infração disciplinar, além de contra-
POLÍCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. venção, o desrespeito a esta proibição.
Parágrafo único. Incumbe ao Corregedor, ou Corregedor
substituto, supervisionar a proibição do porte de arma, com pode-
res para mandar revistar e desarmar.
TÍTULO IX
DA ADMINISTRAÇÃO E DA ECONOMIA INTERNA Art. 272. Será permitido a qualquer pessoa, convenientemen-
te trajada e portando crachá de identificação, ingressar e permane-
(...) cer no edifício principal da Câmara e seus anexos durante o expe-
diente e assistir das galerias às sessões do Plenário e às reuniões
CAPÍTULO III das Comissões.
DA POLÍCIA DA CÂMARA Parágrafo único. Os espectadores ou visitantes que se com-
portarem de forma inconveniente, a juízo do Presidente da Câmara
Art. 267. A Mesa fará manter a ordem e a disciplina nos edi- ou de Comissão, bem como qualquer pessoa que perturbar a ordem
fícios da Câmara e suas adjacências. em recinto da Casa, serão compelidos a sair, imediatamente, dos
Parágrafo único. (Revogado pela Resolução nº 25, de 2013) edifícios da Câmara.

Art. 268. Se algum Deputado, no âmbito da Casa, cometer Art. 273. É proibido o exercício de comércio nas dependên-
qualquer excesso que deva ter repressão disciplinar, o Presidente cias da Câmara, salvo em caso de expressa autorização da Mesa.
da Câmara conhecerá do fato e requisitará à Corregedoria Parla-
mentar a abertura de sindicância ou inquérito destinado a apurar EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO
responsabilidades e propor sanções cabíveis. (Artigo com reda-
ção dada pela Resolução nº 25, de 2013)
1. (FCC - 2012 - TRF - 5ª REGIÃO - Técnico Judiciário
- Segurança e Transporte) Sobre os conceitos de Segurança, con-
Art. 269. Quando, nos edifícios da Câmara, for cometido al-
sidere:
gum delito, instaurar-se-á inquérito a ser presidido pelo diretor de
I. O conjunto de medidas que proporciona uma efetiva segu-
serviços de segurança ou, se o indiciado ou o preso for membro da
rança do pessoal, das áreas e instalações e está inteiramente liga-
Casa, pelo Corregedor ou Corregedor substituto.
da ao Plano de Defesa da Instituição é denominado Segurança de
§ 1º Serão observados, no inquérito, o Código de Processo
Área e Instalações.
Penal e os regulamentos policiais do Distrito Federal, no que lhe
II. O conjunto de medidas para reprimir o furto de computa-
forem aplicáveis.
dores, arquivos e salvaguardar os conhecimentos de informática é
§ 2º A Câmara poderá solicitar a cooperação técnica de órgãos
denominado Segurança da Informática.
policiais especializados ou requisitar servidores de seus quadros
III. A permissão dada a cada indivíduo para entrar em áreas
para auxiliar na realização do inquérito.
controladas, restritas e sigilosas, emitidas por meio de Listas de
§ 3º Servirá de escrivão funcionário estável da Câmara, Ingresso é denominada Autorização para Ingresso.
designado pela autoridade que presidir o inquérito. IV. O certificado concedido por autoridade competente que
§ 4º O inquérito será enviado, após a sua conclusão, à habilita uma pessoa a ter acesso às áreas internas da instituição é
autoridade judiciária competente. denominado Credencial de Segurança.
§ 5º Em caso de flagrante de crime inafiançável, realizar-
se-á a prisão do agente da infração, que será entregue com o Está correto o que consta APENAS em
auto respectivo à autoridade judicial competente, ou, no caso (A) III e IV.
de parlamentar, ao Presidente da Câmara, atendendo-se, nesta (B) IV.
hipótese, ao prescrito nos arts. 250 e 251. (C) I e III.
(D) I e II.
Art. 270. O policiamento dos edifícios da Câmara e de suas (E) III.
dependências externas, inclusive de blocos residenciais funcionais
para Deputados, compete, privativamente, à Mesa, sob a suprema 2. (FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Judiciário -
direção do Presidente, sem intervenção de qualquer outro Poder. Segurança e Transporte) NÃO é considerada medida preventiva
Parágrafo único. Este serviço será feito, ordinariamente, de segurança física o emprego, em uma edificação, de
com a segurança própria da Câmara ou por esta contratada e, se (A) câmeras de circuito fechado de televisão dissimuladas.
necessário, ou na sua falta, por efetivos da polícia civil e militar (B) portas rotatórias com detectores de metais.
do Distrito Federal, requisitados ao Governo local, postos à inteira (C) muros com fossos alagados.
e exclusiva disposição da Mesa e dirigidos por pessoas que ela (D) catracas com senhas.
designar. (E) animais de vigia, como cães bravos.

Didatismo e Conhecimento 156


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
3. (FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Segurança e Transporte) Em relação ao planejamento de segurança nas
instalações, considere:
I. Deve ser participativo e exige o comprometimento de todos os segmentos e níveis da empresa, do planejamento à execução, e não
apenas do segmento responsável pela segurança.
II. Deve ser fracionado em níveis de acesso à informação, compatíveis com o grau de envolvimento que se pretenda fornecer a cada
segmento da empresa.
III. Para implantação, não deve ser dividido em módulos ou fases, o que permitiria ações de resistência a mudanças ou sabotagens.

É correto o que consta APENAS em


(A) II e III.
(B) I e II.
(C) I.
(D) II.
(E) I e III.

4. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário – Segurança) Com relação aos equipamentos de proteção e combate
a incêndios citados na NR-23, é correto afirmar:
(A) Pilhas de materiais em almoxarifados e mobílias como armários devem deixar um espaço mínimo de 0,10 m abaixo e ao redor dos
chuveiros automáticos para assegurar a saída e dispersão da água desses equipamentos.
(B) O sistema de alarme de incêndio, tal como os extintores portáteis, devem estar presentes em todas as edificações.
(C) As portas corta-fogo das caixas de escada devem fechar-se automaticamente, podendo ser abertas apenas no sentido de fuga dos
ocupantes.
(D) Não são admitidos para uso outros tipos de extintores portáteis além dos citados pela norma: “espuma”, “dióxido de carbono”,
“químico seco” e “água pressurizada” ou “água-gás”.
(E) Um dos objetivos dos exercícios de alerta e combate ao fogo, além de que a evacuação da edificação se faça de forma ordenada, é
que também sejam atribuídas responsabilidades específicas aos empregados.

5. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário – Segurança) Em um edifício de três pavimentos têm-se a distribuição
das ocupações e equipamentos de combate a incêndio da seguinte maneira:

Toda a edificação é protegida pelos demais equipamentos exigidos pela NR-23, inclusive os chuveiros automáticos, e que a quantidade
de extintores seja suficiente para cada pavimento, porém os tipos disponíveis são apenas os descritos na tabela. Corresponde a correta dis-
tribuição dos equipamentos, conforme a NR-23,
(A) os chuveiros automáticos terão utilidade apenas no pavimento superior, pois nesse pavimento há os fogos Classe A para serem
combatidos.
(B) os tipos de extintores “água pressurizada” e “espuma” são suficientes no subsolo, considerando também os hidrantes e chuveiros
automáticos.
(C) no pavimento superior bastam apenas os extintores do tipo “químico seco”, considerando que existem os hidrantes e chuveiros
automáticos.
(D) o extintor do tipo “água pressurizada” é necessário no pavimento térreo, ainda que se considere os hidrantes e chuveiros automá-
ticos.
(E) os chuveiros automáticos não podem operar no térreo pois há nele predominância de fogo Classe C.

6. É certo afirmar:
I - A objetividade jurídica imediata do furto é a tutela da posse; de forma secundária, o estatuto penal protege a propriedade.
II. O furto admite o concurso material e formal, mas não admite o nexo de continuidade. 
II. A qualificadora da morte, que configura o latrocínio, é aplicável somente ao roubo próprio. 
IV. O roubo é considerado crime complexo, pois o Código Penal protege a posse, a propriedade, a integridade física, a saúde e a liber-
dade individual.

Didatismo e Conhecimento 157


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Analisando as proposições, pode-se afirmar: a) apropriação indébita.
a) Somente as proposições I e IV estão corretas. b) furto tentado.
b) Somente as proposições II e IV estão corretas. c) furto consumado.
c) Somente as proposições I e III estão corretas. d) roubo.
d) Somente as proposições II e III estão corretas. e) estelionato.

7. Em relação ao crime de roubo e suas modalidades, descritas 11. Marcus, visando roubar Maria, a agride, causando-lhe le-
no art. 157 do Código Penal, assinale a alternativa correta: sões corporais de natureza leve. Antes, contudo, de subtrair qual-
a) o emprego de arma imprópria, como uma tesoura, não qua- quer pertence, Marcus decide abandonar a empreitada criminosa,
lifica o crime. pedindo desculpas à vítima e se evadindo do local. Maria, então,
b) a prática do crime em concurso com adolescente inimputá- comparece à delegacia mais próxima e narra os fatos à autoridade
vel não implica reconhecimento da qualificadora do concurso de policial.
agentes. No caso acima, o delegado de polícia:
c) se, após a subtração, durante a fuga, atingida por disparo a) deverá instaurar inquérito policial para apurar o crime de
involuntário de um dos agentes, uma das vítimas vem a falecer, roubo tentado, uma vez que o resultado pretendido por Marcus
apenas o autor do disparo responderá por latrocínio. não se concretizou.
d) subtraído o bem sem que a vítima se aperceba, a ameaça b) nada poderá fazer, uma vez que houve a desistência volun-
proferida em seguida para assegurar a subtração caracteriza o cri- tária por parte de Marcus.
me. c) deverá lavrar termo circunstanciado pelo crime de lesões
e) somente se consuma a infração quando o agente se locuple- corporais de natureza leve.
ta com a subtração do bem. d) nada poderá fazer, uma vez que houve arrependimento pos-
terior por parte de Marcus.
8. Com relação ao crime de receptação, é CORRETO afirmar
que: 12 - Com relação aos crimes contra o patrimônio, assinale a
a) sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive o coautor
opção correta:
do crime antecedente.
a) A conduta da vítima não é fator de distinção entre os delitos
b) não há previsão de punir por negligência, imprudência ou
de roubo e extorsão.
imperícia.
b) O crime de extorsão mediante sequestro consuma-se no
c) o exercício da atividade comercial para qualificar o crime
momento em que o resgate é exigido, independentemente do mo-
exige formalidade.
mento da privação da liberdade da vítima.
d) é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena, o au-
c) Ocorre crime de extorsão indireta quando alguém, abusan-
tor do crime de que proveio a coisa.
do da situação de outro, exige, como garantia de dívida, documen-
to que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
9. Túlio furtou determinado veículo. Quando chegou em
terceiro.
casa, constatou que no banco de trás encontrava-se uma criança
dormindo. Por esse motivo, Túlio resolveu devolver o carro no d) No crime de apropriação indébita, o fato de o agente pra-
local da subtração. ticá-lo em razão de ofício, emprego ou profissão não interfere na
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção cor- imposição da pena, por se tratar de elementar do tipo.
reta.
a) Túlio cometeu furto, sendo irrelevante a devolução do veí- 13 - Considere as seguintes assertivas, no que se refere aos
culo na medida que houve a consumação do crime. crimes contra o patrimônio:
b) Túlio praticou furto, mas deverá ter sua pena reduzida em I. o concurso de duas ou mais pessoas é causa de aumento de
face do arrependimento posterior. pena do furto e circunstância qualificadora do roubo;
c) Túlio cometeu furto e sequestro culposo, ficando isento de II. No furto de coisa comum, é punível a subtração de coisa
pena em face do arrependimento eficaz. comum fungível, ainda que o valor não exceda a quota a que tem
d) Túlio deverá responder por roubo, pois o constrangimento direito o agente;
à liberdade da vítima caracteriza ameaça. III. exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da si-
e) Túlio não praticou crime, posto que, ao devolver volunta- tuação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento
riamente o veículo, tornou a conduta atípica em face da desistência criminal contra a vítima ou contra terceiro caracteriza o crime de
voluntária. extorsão indireta.

10. Mara, empregada doméstica, subtraiu joias de sua empre- É correto, apenas, o que se afirma em
gadora Dora, colocando-as numa caixa que enterrou no quintal da a) I
residência. No dia seguinte, porém, Dora deu pela falta das joias b) II
e chamou a polícia que realizou busca no imóvel e encontrou o c) III
esconderijo onde Mara as havia guardado. Nesse caso, Mara res- d) I e II
ponderá por: e) II e III

Didatismo e Conhecimento 158


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
14 - É certo afirmar: b) no crime de apropriação indébita, constitui causa de au-
I. O crime de furto classifica-se como crime comum quanto mento de pena (art. 168, § 1º, do Código Penal) o fato de o agente
ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo, de dano, material e ter recebido a coisa na qualidade de ascendente ou descendente.
instantâneo. c) no crime de estelionato, na modalidade de fraude no paga-
II. O prazo decadencial do direito de queixa começa a contar mento por meio de cheque, o pagamento do título após o recebi-
da data da consumação do delito. mento da denúncia impossibilita o prosseguimento da ação penal.
III. A competência para julgar o crime de latrocínio é do juiz d) para a caracterização do crime de apropriação indébita,
singular através do procedimento sumário. constitui expressa disposição legal a exigência de prévia prestação
IV. O roubo distingue-se do furto qualificado porquanto nele a de contas, na hipótese de relação contratual entre acusado e vítima.
violação é praticada contra pessoa, enquanto no furto qualificado e) o crime de estelionato diferencia-se do crime de furto qua-
ela é empregada contra a coisa. lificado pela fraude porque neste a vítima entrega o bem após ser
ludibriada pelo agente.
Analisando as proposições, pode-se afirmar:
a) Somente as proposições I e III estão corretas. 18. (FCC - 2012 - TST - Técnico Judiciário - Segurança
b) Somente as proposições II e III estão corretas. Judiciária) Considerando que acidentes de trânsito podem acon-
c) Somente as proposições I e IV estão corretas. tecer, é recomendável que todos os motoristas conheçam noções
d) Somente as proposições II e IV estão corretas. de Primeiros Socorros relacionados a esse tipo de acidente para
(A) prestar auxílio inicial em um acidente de trânsito.
15- É certo afirmar: (B) aplicar procedimentos complexos como a redução de fra-
I - A objetividade jurídica imediata do furto é a tutela da pos- turas.
se; de forma secundária, o estatuto penal protege a propriedade. (C) anteceder o atendimento dos Serviços de Resgaste, por
II. O furto admite o concurso material e formal, mas não ad- exemplo, procedendo a retirada do capacete do motociclista aci-
mite o nexo de continuidade. dentado.
II. A qualificadora da morte, que configura o latrocínio, é apli- (D) aplicar procedimentos de média complexidade como a
cável somente ao roubo próprio.  correção de luxações e entorses.
IV. O roubo é considerado crime complexo, pois o Código (E) agir tecnicamente por impulso ou pelo instinto.
Penal protege a posse, a propriedade, a integridade física, a saúde
e a liberdade individual. 19. (FCC - 2012 - TST - Técnico Judiciário - Segurança
Judiciária) Ao acionar um serviço de socorro profissional, é im-
Analisando as proposições, pode-se afirmar: portante que a pessoa tenha as respostas para algumas perguntas
a) Somente as proposições I e IV estão corretas. que os atendentes do chamado de socorro poderão fazer. São elas:
b) Somente as proposições II e IV estão corretas. I. Tipo do acidente.
c) Somente as proposições I e III estão corretas. II. Gravidade aparente do acidente.
d) Somente as proposições II e III estão corretas. III. Nome da rua e número próximo.
IV. Número aproximado de vítimas envolvidas e de pessoas
16 - Juvêncio foi a um posto de gasolina e abasteceu seu veí- presas nas ferragens.
culo pagando com cheque pré-datado, o qual retornou por insufi- V. Vazamento de combustível ou produtos químicos.
ciência de fundos.
Quanto à conduta de Juvêncio, marque a alternativa CORRE- Está correto o que consta em
TA. (A) I, II e III, apenas.
a) Se o emitente soubesse com antecedência que o cheque não (B) I, III e IV, apenas.
teria fundos, restaria caracterizado ilícito civil. (C) III e IV, apenas.
b) Se a intenção de emitente do cheque fosse obter vantagem (D) IV e V, apenas.
ilícita em prejuízo alheio mediante fraude, estaria caracterizado o (E) I, II, III, IV e V.
delito de estelionato.
c) Não há crime uma vez que o posto de gasolina assumiu o 20. Ao auxiliar vítima que apresenta sangramento de peque-
risco do negócio ao permitir o pagamento com cheques pré-data- na intensidade na perna direita, é aconselhável que a pessoa que
dos. socorre
d) A emissão de cheque pré-datado, por si só, caracteriza in- (A) realize torniquete em ambas pernas da vítima.
fração penal, já que a espécie de título de crédito em questão con- (B) realize torniquete na perna direita da vítima.
siste em ordem de pagamento à vista; (C) utilize luvas de borracha ou similar para evitar contato
com o sangue da vítima.
17 - Assinale a alternativa correta: (D) faça a paramentação cirúrgica, antes de manipular a ví-
a) no crime de estelionato, na modalidade fundamental, a ob- tima.
tenção da vantagem, a decorrer da fraude, deve sucedê-la ou, ao (E) proceda a antissepsia da ferida com solução de formal-
menos, ser com ela concomitante. deído.

Didatismo e Conhecimento 159


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
21. Ao iniciar o socorro à vítima inconsciente, a pessoa que C) O proprietário de arma de fogo legalmente registrada
socorre deve em seu nome deverá, no prazo de vinte e quatro horas depois
(A) soltar o cinto e retirar as roupas da vítima para facilitar a de ocorrido o fato, registrar ocorrência policial e comunicar à
respiração e em seguida providenciar a remoção imediata da víti- Polícia Federal a sua perda, sob pena de responder por crime de
ma do local. omissão de cautela, previsto na Lei n.º 10.826/2003.
(B) avaliar se há presença de fratura cervical por meio da mo- D) Aquele que exerce a função de frentista em posto de
vimentação lateralizada da cabeça da vítima. combustíveis durante o período noturno e possui certificado de
(C) testar o nível de consciência da vítima dando tapinhas ou registro de arma de fogo da qual é o legítimo proprietário pode,
jogando-lhe porções de água gelada no rosto. sem incorrer em crime, mantê-la em seu local de trabalho, para
(D) manter a vítima aquecida para que não perca o calor de defesa pessoal.
seu próprio corpo. E) São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização de
(E) oferecer bebida ou alimento para a vítima. réplicas e simulacros de armas de fogo que com estas se possam
confundir, salvo as réplicas e simulacros destinados à instrução,
22. (CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público) Assinale
ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condi-
a opção correta de acordo com o Estatuto do Desarmamento.
ções fixadas pelo Comando do Exército, e os brinquedos. Aquele
A) Considere a seguinte situação hipotética. Paulo, agente de
que, sem autorização legal, proceder à fabricação de simulacro
segurança de uma empresa privada, em dia de folga, efetuou diver-
de arma de fogo, que com esta possa se confundir, responde pelo
sos disparos com arma de fogo de propriedade da citada empresa,
crime de comércio ilegal de arma de fogo.
para o alto, no bairro em que morava, de modo a causar temor em
desafetos que estavam nas proximidades da sua residência. Nessa
situação, ficou configurado, em concurso, os crimes de disparo e 24. (FCC - 2013 - TJ-PE – Juiz) NÃO incorre nas mesmas
porte de arma de fogo, com a incidência da causa de aumento de penas cominadas para o delito de posse ou porte ilegal de
pena da metade, em razão da condição pessoal do agente. arma de fogo de uso restrito quem
B) Constitui crime a omissão de cautela necessária para im- (A) vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
pedir o acesso de menor ou deficiente mental a arma de fogo que arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado-
esteja na posse ou propriedade do agente. Incidirá agravante se a lescente.
omissão for imputada a integrante das Forças Armadas, das polí- (B) suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal
cias ou a empregado de empresa de segurança privada. de identificação de arma de fogo ou artefato.
C) As condutas consistentes em consertar, dar manutenção e (C) possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo
executar limpeza em arma de fogo exercidas de maneira informal e ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determi-
na própria residência não foram contempladas no referido estatuto nação legal ou regulamentar.
e, portanto, são consideradas atípicas. (D) deixar de observar as cautelas necessárias para impedir
D) As condutas de reciclar, recarregar, adulterar e produzir, de que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiên-
qualquer forma, munição ou explosivo têm como elemento norma- cia mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
tivo do tipo a sua prática sem autorização legal, sendo irrelevante, ou que seja de sua propriedade.
para a caracterização do delito, a quantidade de munição ou de (E) produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,
explosivos. ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
E) A conduta de empregar artefato explosivo sem autoriza-
ção legal ou em desacordo com determinação legal de que resul- 25. (FEPESE - 2013 - DPE-SC - Analista Técnico) Assi-
te explosão ou incêndio que acarrete perigo concreto para a vida nale a alternativa correta de acordo com a Lei nº 10.826/03, que
ou o patrimônio alheio é punida nos mesmos termos do crime de trata do Estatuto do Desarmamento.
disparo de arma de fogo, independentemente do concurso com os a. Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios é
crimes de explosão e incêndio previstos no CP.
vedado o porte de arma de fogo.
b. O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma
23. (CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal)
de fogo, independentemente de outras tipificações penais, res-
Assinale a opção correta tendo como referência o Estatuto do De-
ponderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de
sarmamento.
arma de fogo de uso permitido.
A) Um fazendeiro poderá pleitear à autoridade policial federal
c. A fabricação, a venda, a comercialização e a importação
a aquisição e registro de arma de fogo, desde que preencha deter-
minados requisitos legais, como contar com mais de vinte e um de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo deverão
anos de idade, incorrendo na posse irregular de arma de fogo o ser autorizadas pelo Comando do Exército.
fazendeiro que, não cumprindo esses requisitos, adquirir arma de d. As armas de fogo de uso restrito serão registradas na Po-
fogo e mantê-la em sua propriedade rural. lícia Federal.
B) Modificar as características de uma arma de fogo, de forma e. É permitido o porte de arma de fogo em todo o território
a torná-la equivalente a arma de fogo de uso restrito, constitui, por nacional para uso exclusivo de servidores públicos que efetiva-
equiparação, crime de comércio irregular de arma de fogo. mente estejam no exercício de funções de segurança.

Didatismo e Conhecimento 160


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
26. (PGR - 2012 - PGR – Procurador) ASSINALE A AL- 31. Assinale a alternativa correta:
TERNATIVA CORRETA: a) O Direito penal existe (finalidades do Direito penal), ex-
a) no tráfico internacional de arma de fogo, a pena é aumen- clusivamente, para a (a) a proteção de bens jurídicos (os mais
tada da metade apenas se a arma é de uso exclusivo das Forças relevantes, por isso se diz que a proteção penal é fragmentária e
Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas subsidiária) e para (b) a contenção ou redução da violência estatal
e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do (o Estado quando intervém para impor o castigo também pratica
Exército, de acordo com legislação especifica; violência).
b) no tráfico internacional de arma de fogo a pena é aumenta- b) A prevenção da vingança privada (na medida em que o Di-
da da metade apenas se a arma é de uso proibido; reito penal tenha incidência evita que a vítima assuma por si só a
c) a importação de arma de fogo de uso permitido, sem autori- tarefa de “castigar” o infrator) e o fato de servir como conjunto
zação da autoridade competente, configura crime de contrabando; de garantias para todos os envolvidos no conflito (e no processo)
d) o tráfico internacional de arma de fogo inclui como objeto penal são algumas das finalidades do Direito penal.
material estojos, espoletas, pólvora e projéteis. c) O Direito penal cumpre apenas uma função ilegítima, se-
gundo a doutrina nacional, qual seja, a função simbólica.
27. Em relação ao processo e às funções da comunicação den- d) O fenômeno da administrativização do Direito penal é uma
tro de um grupo ou de uma organização, é incorreto afirmar que: decorrência da função simbólica que este possui.
A) a comunicação age no controle do comportamento das
pessoas de diversas maneiras, inclusive a comunicação informal
32. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário
também controla o comportamento.
A respeito da internacionalização dos direitos humanos, assi-
B) a função final desempenhada pela comunicação se relacio-
nale a alternativa correta. 
na ao seu papel como facilitadora de tomada de decisões, além do
controle, motivação e informação. a) Já antes do fim da II Guerra Mundial ocorreu a internacio-
C) para que os grupos tenham um bom desempenho, eles pre- nalização dos direitos humanos, com a limitação dos poderes do
cisam ter algum tipo de controle sobre seus membros, estimulá-los Estado a fim de garantir o respeito integral aos direitos fundamen-
ao esforço, oferecer os meios para a sua expressão emocional e tais da pessoa humana.
para a tomada de decisões. b) A limitação do poder, quando previsto na Constituição, ga-
D) os canais formais de comunicação são estabelecidos pela rante por si só o respeito aos direitos humanos.
organização e transmitem mensagens que se referem às atividades c) A criação de normas de proteção internacional no âmbito
relacionadas com o trabalho de seus membros. dos direitos humanos possibilita a responsabilização do Estado
E) exemplos de possíveis fontes de ruído incluem problemas quando as normas nacionais forem omissas.
de percepção, excesso de informações, dificuldades semânticas ou d) A internacionalização dos direitos humanos impõe que o
diferenças culturais. Estado, e não o indivíduo, seja sujeito de direito internacional.
Parte inferior do formulário
28. (FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário – Psicolo-
gia) W. C. Schutz afirma que os grupos humanos tem três necessi- 33. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) Quan-
dades interpessoais básicas, a saber: inclusão, controle e afeição. do se fala em direitos humanos, considerando sua historicidade, é
A necessidade de afeição revela-se depois da fase de controle. É a correto dizer que:
fase do reconhecimento de a) somente passam a existir com as Declarações de Direitos
(A) status. elaboradas a partir da Revolução Gloriosa Inglesa de 1688.
(B) aceitação. b) foram estabelecidos, pela primeira vez, por meio da Carta
(C) diferenças. Magna de 1215, que é a expressão maior da proteção dos Direitos
(D) harmonia. do Homem em âmbito universal.
(E) semelhanças. c) a concepção contemporânea de Direitos Humanos foi in-
troduzida, em 1789, pela Declaração dos Direitos do Homem e do
29. A comunicabilidade é: Cidadão, fruto da Revolução Francesa.
a) Ato ou efeito de conviver com as pessoas.
d) a internacionalização dos Direitos Humanos surge a partir
b) Técnicas de vendas que fazem com que o cliente se sinta
do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades cometidas durante o
valorizado.
nazismo.
c) Maneira com a qual as pessoas se relacionam e evitam
discussões.
d) Otimização da mensagem transferida integral, de forma 34. (Agente Penitenciário/CE – 2011) No que concerne à
correta, rápida e economicamente. Declaração Universal dos Direitos Humanos considere as afirma-
ções a seguir:
30. É considerado ruído na comunicação, e por isso, atrapa- I. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção.
lha o processo: II. Toda pessoa tem direito à residência dentro das fronteiras
a) Cortesia de cada Estado.
b) Barulhos externos III. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
c) Confiança IV. Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma au-
d) Feedback diência justa e pública por parte de um tribunal dependente e par-
e) Eficiência cial.

Didatismo e Conhecimento 161


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Está correto o que se afirma em II. Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
A) I, II e IV apenas. acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de
B) I, II e III apenas. quesitos e a indicação de assistente técnico.
C) II, III e IV apenas. III. Deve ser realizado, exclusivamente, por perito portador de
D) I, II, III e IV. diploma de curso superior.
É correto o que se afirma em:
35. (Agente Penitenciário/CE – 2011) Sobre a Declaração (A) II, apenas.
Universal dos Direitos Humanos da ONU de 1948 pode-se afirmar (B) III, apenas.
corretamente que (C) I e II, apenas.
A) não prevê, em seu texto, direitos civis e políticos: prevê (D) II e III, apenas.
apenas direitos sociais, econômicos e culturais. (E) Todas as assertivas.
B) constitui instrumento jurídico vinculante tanto sob o ponto
39. (DELEGADO DE POLÍCIA - PC/MG - 2011 - FU-
de vista formal quanto sob o ponto de vista material.
MARC) Sobre a prisão preventiva é correto afirmar:
C) embora não seja um instrumento que representa obriga-
(A) poderá ser decretada de ofício pelo juiz na fase do inqué-
toriedade legal, serviu para a criação do Pacto Internacional de
rito policial.
Direitos Civis e Políticos e do Pacto Internacional de Direitos So- (B) poderá ser decretada em crime doloso, quando se tratar de
ciais, Econômicos e Culturais. reincidente, independente da pena cominada ao delito.
D) a separação dos direitos civis e políticos, de um lado, e dos (C) nos casos de violência doméstica poderá ser decretada in-
direitos sociais, econômicos e culturais, de outro, levou a doutrina dependentemente da imposição anterior de medida protetiva.
a abandonar a tese da interdependência entre essas duas categorias (D) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa
de direitos. poderá se decretada e mantida mesmo após superada a dúvida.

36. (AGENTE PENITENCIÁRIO - SJCDH/BA - 2010 - 40. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE/CE - 2012 - FCC)
FCC) Quanto ao procedimento comum ordinário disciplinado no José, primário, de bons antecedentes e regularmente identificado,
Código de Processo Penal, é correto afirmar que: está sendo investigado em regular inquérito policial, acusado de
(A)  o acusado poderá responder à acusação, por escrito, no praticar crime de contrabando na forma simples, punido com re-
prazo de quinze dias. clusão de um a quatro anos. Nesse caso:
(B) produzidas as provas, e não sendo requeridas diligências, A) o Juiz poderá aplicar de ofício a José, durante a fase in-
serão oferecidas alegações finais escritas, pela acusação e pela vestigatória, uma das medidas cautelares substitutivas da prisão
defesa. preventiva, desde que presentes os pressupostos legais para tanto.
(C) depois de apresentada a resposta à acusação, o juiz deverá B) o Juiz poderá decretar, de ofício, durante a fase investiga-
absolver sumariamente o acusado, se verificadas as hipóteses tória, presentes os requisitos legais, a prisão preventiva de José.
previstas na lei. C) havendo prisão em flagrante e tratando-se de crime inafian-
(D)  na instrução deverão ser inquiridas, no mínimo, oito çável, o juiz poderá conceder a José liberdade provisória.
testemunhas arroladas pela acusação e oito pela defesa. D) havendo prisão em flagrante, a Autoridade Policial não
(E) tem por objeto crime cuja sanção máxima cominada for poderá arbitrar a fiança ao réu, cabendo exclusivamente ao Ma-
igual ou superior a dois anos de pena privativa de liberdade. gistrado fixá-la.
E) o Juiz, em regra, não poderá decretar a prisão preventiva
37. (DELEGADO DE POLÍCIA - PC/RN - 2009 - CESPE) de José.
Acerca das provas, segundo o CPP, assinale a opção correta:
41. (VUNESP - 2008 - MPE-SP - Promotor de Justiça)
(A) admite-se que o juiz, de ofício, delibere devolver algum
Aponte qual das condutas não está descrita como crime contra a
documento a uma das partes.
criança e o adolescente, nos termos da Lei n.º 8.609/90 (Estatuto
(B) as cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo da Criança e do Adolescente).
destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não exista con- (A) Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ineren-
sentimento do signatário. tes ao pátrio poder ou decorrentes de tutela ou guarda, bem assim
(C) em busca da verdade real, a autoridade policial pode pro- determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar.
ceder à reprodução simulada dos fatos, ainda que esta contrarie a (B) Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária,
moralidade ou a ordem pública. membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Pú-
(D) a lei admite a possibilidade de o réu retratar-se, narrando blico no exercício de função prevista em lei.
a versão correta dos fatos, na sua visão, desde que o faça em juízo. (C) Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nessa Lei,
(E) o informante, por prestar compromisso, deve ser conside- em benefício de adolescente privado de liberdade.
rado uma testemunha. (D) Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento.
38. (ANALISTA ADMINISTRATIVO - FUNDAÇÃO (E) Deixar o encarregado de serviço ou dirigente de estabele-
CASA - 2010 - VUNESP) Analise as seguintes assertivas, no que cimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das ati-
concerne ao tratamento que o Código de Processo Penal dispensa vidades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 dessa
ao exame de corpo de delito: Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por
I. Será indispensável, quando a infração deixar vestígios, mas ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem
a confissão do acusado poderá supri-lo. as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato.

Didatismo e Conhecimento 162


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
42. (INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor (C) tem prazo máximo de duração de três anos, ao fim do qual
Público) Em relação aos crimes cometidos contra crianças e ado- o acolhido pode ser encaminhado para liberdade assistida ou se-
lescentes definidos pela Lei 8.069/90, marque a opção correta: miliberdade.
a) os crimes definidos pela Lei 8069/90 são de ação penal pú- (D) deve observar rigorosa separação dos acolhidos por crité-
blica condicionada à representação; rios de gênero, idade e motivo de acolhimento.
b) o crime de descumprir injustificadamente prazo fixado na (E) é o serviço de recepção, triagem e encaminhamento das
Lei 8069/90 quando em benefício de adolescente privado de liber- situações de violação de direito da criança e do adolescente.
dade pode ser cometido por qualquer pessoa;
c) os crimes definidos pela Lei 8069/90 são de ação penal pú- 46. (CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público) Com base
blica incondicionada; no disposto na lei de abuso de autoridade — Lei n.º 4.898/1965 —,
d) o crime de embaraçar ou impedir a ação de autoridade judi- assinale a opção correta.
ciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério A) De acordo com a lei em questão, somente podem ser agen-
Público no exercício de função prevista pela Lei 8069/90 pode ser tes dos delitos de abuso de autoridade os agentes públicos ou pes-
soas que exerçam múnus público.
praticado somente por funcionário público;
B) Configura abuso de autoridade a ausência de comunicação
e) o crime de submissão de criança ou adolescente que esteja
da custódia à família do preso.
sob a guarda, autoridade ou vigilância a vexame ou a constrangi-
C) O crime de abuso de autoridade absorve as demais in-
mento somente pode ser praticado pelo juiz, delegado de polícia, frações penais perpetradas na mesma circunstância, por ser mais
promotor de justiça e membro do Conselho Tutelar. grave e possuir legislação especial, segundo posição dos tribunais
superiores.
43. (Analista Judiciário – Comissário Inf./Juv. e Idoso– TJ/ D) Admite-se a prática do crime de abuso de autoridade na
RJ -2012 – FCC). Segundo o que prevê o Estatuto da Criança e do forma culposa.
Adolescente há necessidade de autorização judicial para viajar se: E) Os crimes de abuso de autoridade podem ser comissivos
(A) a criança estiver acompanhada de um tio e se o destino da ou omissivos.
viagem for outro estado da federação.
(B) o adolescente viajar de avião e estiver desacompanhado 47. (FCC - 2012 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Juiz do Traba-
de adulto autorizado pelos pais. lho - Prova TIPO 4) Para efeito de tipificação dos crimes de abuso
(C) uma criança de até dois anos de idade viajar para outro de autoridade, considera-se autoridade
município e não estiver na companhia do pai e da mãe. (A) somente quem exerce cargo de natureza militar não tran-
(D) o adolescente viajar na companhia da mãe para outro país sitório.
sem que o pai tenha fornecido autorização por escrito. (B) quem exerce cargo de natureza civil, desde que remune-
(E) a criança estiver na companhia do pai, mas quem detém rado.
sua guarda judicial é a mãe e ela não forneceu autorização escrita (C) apenas quem exerce cargo de natureza militar remunera-
para a viagem. do.
(D) quem exerce emprego público de natureza civil, desde que
44. (Analista Judiciário – Comissário Inf./Juv. e Idoso – não transitório.
TJ/RJ -2012 – FCC) De acordo com o Estatuto da Criança e do (E) quem exerce função pública de natureza civil, ainda que
Adolescente cabe: não remunerada.
(A) ao Conselho Tutelar designar curador especial para atuar
em favor de criança e adolescente em procedimentos extrajudi- 48. (FGV - 2010 - PC-AP - Delegado de Polícia) Relativa-
ciais. mente ao Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), analise as afir-
mativas a seguir:
(B) ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-
I. O Estatuto do Idoso é destinado a regular os direitos asse-
lescente disciplinar a entrada de criança ou adolescente, desacom-
gurados às pessoas com idade igual ou superior a 65 (sessenta e
panhado dos pais ou responsável, em estádio, ginásio e campo
cinco) anos.
desportivo. II. Os crimes definidos no Estatuto do Idoso são de ação penal
(C) ao Ministério Público autorizar, mediante alvará, a partici- pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182
pação de crianças e adolescentes em espetáculos públicos. do Código Penal.
(D) à Defensoria Pública promover representações para apu- III. Aos crimes previstos no Estatuto do Idoso, cuja pena má-
ração de ato infracional atribuído a criança e adolescente. xima privativa de liberdade não ultrapasse 2 (dois) anos, aplica-se
(E) ao Judiciário aplicar penalidade administrativa nos casos o procedimento previsto na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
de infrações às normas de proteção à criança e ao adolescente. 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Códi-
go Penal e do Código de Processo Penal.
45. (Analista Judiciário – Comissário Inf./Juv. e Idoso –
TJ/RJ -2012 – FCC) O acolhimento institucional, segundo dispõe Assinale:
o Estatuto da Criança e do Adolescente, (A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(A) é medida aplicável como forma de evitar a adoção inter- (B) se somente a afirmativa II estiver correta.
nacional. (C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) é medida provisória e excepcional que não implica priva- (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
ção de liberdade. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Didatismo e Conhecimento 163


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
49. (MPT - 2012 - MPT – Procurador) NÃO constitui crime (B) eletrônica que utiliza os meios mecânicos como portões
previsto na Lei nº 7.716/1989, que tipifica os ilícitos resultantes de e janelas é a medida atualmente menos utilizada em instalações,
preconceito: sendo dada prioridade ao emprego de pessoas caracterizadas ou
(a) Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, não como agentes.
bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. (C) física se caracteriza pelo emprego de dispositivos ou ma-
(b) Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos teriais mecânicos que, devido a sua dimensão física, limitam a cir-
ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos. culação e acesso de pessoas, funcionando como barreiras que só
(c) Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito permitem a circulação se retiradas do trajeto que bloqueiam, como
portões e cancelas.
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
(D) física compreende todo o emprego de materiais e meios,
(d) Ofender ou ameaçar alguém, por palavra, gesto, ou qual-
exclusivamente mecânicos, como barreiras, cancelas e portões; já
quer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave, em
a segurança eletrônica se caracteriza pelo emprego de meios ex-
virtude de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. clusivamente eletrônicos, como circuitos fechados de câmeras de
(e) Não respondida. televisão.
(E) eletrônica pode ser caracterizada pelo uso em conjunto de
dispositivos técnicos capazes de emitir sinais sobre a ocorrência
50. (FESMIP-BA - 2011 - MPE-BA - Analista de Sistemas) de eventos, advertindo sobre sua ocorrência, sendo composta, ge-
Considerando os termos da Lei nº 7.716/89, é correto afirmar que, nericamente, por um sensor, uma central de processamento e outra
em razão do quanto disposto em seu artigo primeiro, serão punidos de monitoramento.
crimes resultantes de discriminação ou preconceito:
A) de raça, cor, religião ou orientação sexual. 53. A segurança é satisfatória quando:
B) de raça, etnia, religião ou orientação político-partidária. I. É capaz de retardar ao máximo uma possibilidade de
C) de raça, etnia, religião ou procedência nacional. agressão;
D) de cor, procedência nacional, orientação político-partidária II. É capaz de desencadear forças, no menor espaço de tempo
ou orientação sexual. possível, capazes de neutralizar a agressão verificada.
E) de cor, etnia, procedência nacional ou orientação sexual. III. É capaz de gerar um estado, no qual os interesses vitais de
uma empresa ou pessoa estejam repletos de interferências e per-
51. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judi- turbações.
ciário – Segurança) Ao efetuar uma análise de risco em uma em-
a) Somente a I e II estão corretas.
presa, poderão ser encontradas variáveis como riscos e ameaças,
b) Somente a II e III estão corretas.
as quais não se confundem uma vez que possuem diferentes níveis
c) Nenhuma está correta.
de potencialidade em causar danos quando concretizadas. Assim, d) Todas estão corretas.
dentre os eventos possíveis em uma empresa fictícia, com diversos
níveis de segurança implantados, os que correspondem a um risco 54. Visando zelar pela proteção da informação recomenda-se
e a uma ameaça são, respectivamente, aos usuários quando da criação de suas senhas de acesso:
(A) greve com paralisação dos funcionários/atividades e in- a) Não utilizar senhas curtas, recomenda-se a utilização de
cêndio de grandes proporções. no mínimo vinte caracteres, contendo letras, números, sinais e
(B) vazamento de informações sigilosas e incêndio de grandes caracteres especiais.
proporções. b) Não utilizar senhas com palavras que possam ser encon-
(C) incêndio de grandes proporções e entrada não controlada tradas em dicionários.
em portaria de pessoa estranha à empresa. c) Não utilizar números de telefones, números de documen-
(D) entrada não controlada em portaria de pessoa estranha à tos ou letras e números de placas de automóveis.
empresa e greve com paralisação dos funcionários/atividades. d) Não utilizar datas de nascimento, nomes de pessoas, no-
(E) vazamento de informações sigilosas e greve com paralisa- mes de times ou outras informações que estejam ligadas a você
ção dos funcionários/atividades. ou à organização.

52. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judi- 55. Julgue o item que segue considerando o previsto no Regi-
mento Interno da Câmara dos Deputados.
ciário – Segurança) Dentre as modalidades de segurança plane-
jadas para a aplicação em áreas e instalações, destacam-se a segu-
O policiamento dos edifícios da Câmara e de suas dependên-
rança física e a eletrônica. Com relação a essas duas modalidades,
cias externas, inclusive de blocos residenciais funcionais para
é correto afirmar que a segurança Deputados, compete, cumulativamente, à Mesa, sob a suprema
(A) física compreende qualquer meio, mecânico ou eletrôni- direção do Presidente, permitida a intervenção de qualquer outro
co, desde que identificável, a fim de coibir atitudes indesejáveis; Poder.
porém não compreende, didaticamente, o emprego de pessoas,
mesmo caracterizadas, pois pertence à outra modalidade de segu- a) CERTO
rança. b) ERRADO

Didatismo e Conhecimento 164


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
GABARITO: RETIFICAÇÃO
1 E
29 D
2 A 12 NOÇÕES DE DIREITO PENAL.
30 B 12.1 PARTE GERAL DO CÓDIGO PENAL.
3 B
31 B 12.1.1 TÍTULO II – DO CRIME.
4 E
32 C
5 D
33 D
6 A A vida em sociedade exige um complexo de normas disci-
34 B
7 D plinadoras que estabeleça as regras indispensáveis ao convívio
35 C
8 D entre os indivíduos que a compõem. O conjunto dessas regras,
36 C denominado direito positivo, que deve ser obedecido e cumprido
9 B por todos os integrantes do grupo social, prevê as consequências
37 B
10 C e sanções aos que violarem seus preceitos. À reunião das normas
38 D
11 C jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob
39 B ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios gerais
12 C e os pressupostos para a aplicação das penas e das medidas de
40 E
13 C segurança, dá-se o nome de Direito Penal.
41 A
14 C O direito penal é o segmento do ordenamento jurídico que
42 C detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais
15 A
43 D graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco
16 B valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los
44 E
17 A como infrações penais, cominando-lhes, em consequência, as res-
45 B pectivas sanções além de estabelecer todas as regras complemen-
18 A
46 E tares e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação.
19 E A expressão Direito Penal, porém, designa também o sistema
47 E
20 C de interpretação da legislação penal, ou seja, a Ciência do Direito
48 B Penal, conjunto de conhecimentos e princípios ordenados meto-
21 D
49 D dicamente, de modo que torne possível a elucidação do conteúdo
22 A das normas e dos institutos em que eles se agrupam, com vistas em
50 C
23 C sua aplicação aos casos ocorrentes, segundo critérios rigorosos de
51 C
24 D justiça.
52 E   As denominações tradicionais para a matéria referente ao
25 B crime e às suas consequências são Direito Penal e Direito Crimi-
53 B
26 D nal. A primeira delas é largamente utilizada, principalmente, nos
54 A
27 D países ocidentais, como Alemanha, França, Espanha, Itália etc.,
55 A embora a segunda ainda seja usada com frequência. Entre nós, a
28 C denominação passou a ser utilizada no Código Penal da República
(1890), a que se sucederam a Consolidação das Leis Penais (1936)
e o Código Penal vigente (de 1940), que a consagrou no direito
ANOTAÇÕES pátrio. A nova Constituição Federal, mantendo a tradição, refere-
se à competência da União para legislar sobre «direito penal» (art.
22, I).
O fato que contraria a norma de Direito, ofendendo ou pondo
em perigo um bem alheio ou a própria existência da sociedade, é
————————————————————————— um ilícito jurídico, que pode ter consequências meramente civis ou
possibilitar a aplicação de sanções penais.
————————————————————————— No primeiro caso, tem-se somente um ilícito civil, que acar-
————————————————————————— retará àquele que o praticou apenas uma reparação civil: aquele
que, por culpa, causar dano a alguém será obrigado a indenizá-lo;
————————————————————————— o devedor que não efetua o pagamento tempestivamente sofrerá a
execução com a penhora de bens e sua venda em hasta pública, ar-
————————————————————————— cando com o ônus decorrente do atraso (multa, correção monetária
etc.); o cônjuge que abandona o lar estará sujeito ao divórcio etc.
—————————————————————————
Muitas vezes, porém, essas sanções civis se mostram insufi-
————————————————————————— cientes para coibir a prática de ilícitos jurídicos graves, que atin-
gem não apenas interesses individuais, mas também bens jurídicos

Didatismo e Conhecimento 165


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
relevantes, em condutas profundamente lesivas à vida social. Ar- conceito do crime como pressuposto da ação estatal, assim como
ma-se o Estado, então, contra os respectivos autores desses fatos, a responsabilidade do sujeito ativo, e associando à infração da
cominando e aplicando sanções severas por meio de um conjunto norma uma pena finalista ou uma medida de segurança».
de normas jurídicas que constituem o Direito Penal. Justificam-se Não se pode deixar de reconhecer, entretanto, que, ao menos
as disposições penais quando meios menos incisivos, como os de em caráter secundário, o Direito Penal tem uma aspiração ética:
Direito Civil ou Direito Público, não bastam ao interesse de efi- deseja evitar o cometimento de crimes que afetam de forma in-
ciente proteção aos bens jurídicos. tolerável os bens jurídicos penalmente tutelados. Essa finalidade
A missão do Direito Penal é proteger os valores fundamentais ética não é, todavia, um fim em si mesmo, mas a razão da preven-
para a subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a ção penal, da tutela da lei penal aos bens jurídicos preeminentes.
liberdade, a propriedade etc., denominados bens jurídicos. Essa Assim, a tarefa imediata do Direito Penal é de natureza eminente-
proteção é exercida não apenas pela intimidação coletiva, mais mente jurídica e, como tal, primordialmente destinada à proteção
conhecida como prevenção geral e exercida mediante a difusão dos bens jurídicos.
do temor aos possíveis infratores do risco da sanção penal, mas, Diz-se que o Direito Penal é uma ciência cultural e normativa.
sobretudo pela celebração de compromissos éticos entre o Estado É uma ciência cultural porque indaga o dever ser, traduzindo-se
e o indivíduo, pelos quais se consigna o respeito às normas, menos em regras de conduta que devem ser observadas por todos no res-
por receio de punição e mais pela convicção da sua necessidade e peito aos mais relevantes interesses sociais. Diferencia-se, assim,
justiça. das ciências naturais, em que o objeto de estudo é o ser, o objeto
Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitraria- em si mesmo.
mente, na legislação penal são definidos esses fatos graves, que É também uma ciência normativa, pois seu objeto é o estudo
passam a ser ilícitos penais (crimes e contravenções), estabelecen- da lei, da norma, do direito positivo, como dado fundamental e
do-se as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores indiscutível em sua observância obrigatória. Não se preocupa,
dessas normas. Assim, àquele que pratica um homicídio simples, portanto, com a verificação da gênese do crime, dos fatos que levam
será aplicada a pena de seis a vinte anos de reclusão; o inimputável à criminalidade ou dos aspectos sociais que podem determinar
que comete um ilícito penal será submetido a uma medida de se- a prática do ilícito, preocupações próprias das ciências causais
gurança; ao chamado semi-imputável poder-se-á aplicar uma pena explicativas, como a Criminologia, a Sociologia Criminal etc.
ou submetê-lo a uma medida de segurança etc. O Direito Penal positivo é valorativo, finalista e sancionador.
Segundo o pensamento dos juristas Binding e Jescheck, o Di- A norma penal é valorativa porque tutela os valores mais
reito Penal tem, assim, um caráter fragmentário, pois não encerra elevados da sociedade, dispondo-os em uma escala hierárquica e
um sistema exaustivo de proteção aos bens jurídicos, mas apenas
valorando os fatos de acordo com a sua gravidade. Quanto mais
elege, conforme o critério do “merecimento da pena”, determina-
grave o crime, o desvalor da ação, mais severa será a sanção apli-
dos pontos essenciais. Mas, enquanto o primeiro entendia ser esse
cável a seu autor.
o defeito do Direito Penal, Jescheck considera um mérito e uma
Tem ainda a lei penal caráter finalista, porquanto visa à pro-
característica essencial do Estado liberal do Direito que se reduza
teção de bens e interesses jurídicos merecedores da tutela mais
a criminalização àquelas ações que, por sua perigosidade e repro-
eficiente que só podem ser eficazmente protegidos pela ameaça
vabilidade, exigem e merecem no interesse da proteção social, ine-
legal de aplicação de sanções de poder intimidativo maior, como a
quivocamente, a sanção penal.
pena. Essa prevenção é a maior finalidade da lei penal.
Pode-se dizer, assim, que o fim do Direito Penal é a prote-
ção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos Discute-se se o Direito Penal é constitutivo, primário e au-
fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, tônomo ou se tem caráter sancionador, secundário e acessório.
patrimônio, costumes, paz pública etc.). Deve-se observar, contu- Afirma-se que se trata de um direito constitutivo porque possui um
do, que alguns desses bens jurídicos não são tutelados penalmente ilícito próprio, oriundo da tipicidade, uma sanção peculiar (pena),
quando, a critério do legislador, não é relevantemente antissocial e institutos exclusivos como o sursis, o livramento condicional, o
a ação que o lesou, ou seja, não é acentuado o desvalor da conduta indulto etc. Lembra Walter de Abreu Garcez que “as normas jurídi-
do autor da lesão. Por isso, não estão sujeitos às sanções penais, cas não se recolhem a comportamentos estanques, mas sim atuam
por exemplo, aquele que, culposamente, destrói coisa alheia, o que em harmonia no quadro de uma sistematização geral, sem que por
pratica um ato obsceno em lugar privado não aberto ou exposto ao tais correlações se possa falar em acessoriedade, secundariedade
público desde que não constitua um crime contra a honra etc. ou complementariedade de umas e outras”. Tal iteração não retira-
Do exposto, derivam as definições de Direito Penal que passa- ria, portanto, o caráter constitutivo do Direito Penal.
mos a reproduzir: “é o conjunto de normas jurídicas que o Estado Em princípio, porém, não se pode falar de autonomia do ilícito
estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de penal e, portanto, do caráter constitutivo do Direito Penal. A con-
segurança”, é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder trariedade do fato ao direito não é meramente de ordem penal; sua
punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal antijuridicidade resulta de sua infração a todo o ordenamento jurí-
e as medidas aplicáveis a quem os prática;” é o conjunto de nor- dico. A lei penal, portanto, não cria a antijuridicidade, mas apenas
mas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, se limita a cominar penas às condutas que já são antijurídicas em
e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para face de outros ramos do Direito (Civil, Comercial, Administrativo,
estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do Tributário, Processual etc.), e a descriminalização de um fato não
direito de liberdade em face do poder de punir do Estado»; é «o lhe retirará a sua ilicitude. Revela-se, assim, que a norma penal é
conjunto de normas e disposições jurídicas que regulam o exercício sancionadora, reforçando a tutela jurídica dos bens regidos pela
do poder sancionador e preventivo do Estado, estabelecendo o legislação extrapenal.

Didatismo e Conhecimento 166


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
A tutela penal alcança bens jurídicos que não são objeto das Lei excepcional ou temporária 
leis extrapenais, como a integridade física e a vida, por exemplo,  Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
no crime de omissão de socorro, em que a infração a uma simples período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a deter-
regra de solidariedade humana é elevada à categoria de ilícito pe- minaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.  
nal. Também as tentativas e os crimes de perigo em que não haja        
qualquer dano restariam sem sanção jurídica se não fosse a exis- Tempo do crime
tência do Direito Penal positivo. Por essa razão, o mais correto é Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação
afirmar, como Zaffaroni, que “o Direito Penal é predominantemen- ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
te sancionador e excepcionalmente constitutivo”.        
Como ciência jurídica, o Direito Penal tem caráter dogmáti- Territorialidade
co, já que se fundamenta no direito positivo, exigindo-se o cum- Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven-
primento de todas suas normas pela sua obrigatoriedade. Por essa ções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido
razão, seu método de estudo não é experimental, como na Crimi- no território nacional. 
nologia, por exemplo, mas técnico jurídico. Desenvolve-se esse § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão
método na interpretação das normas, na definição de princípios, do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
na construção de institutos próprios e na sistematização final de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer
normas, princípios e institutos. Deve o estudioso de Direito Penal,
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
contudo, evitar o excesso de dogmatismo, já que a lei e a sua apli-
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
cação, pelo íntimo contato com o indivíduo e a sociedade, exigem
que se observe a realidade da vida, suas manifestações e exigên- respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
cias sociais e a evolução dos costumes. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados
A norma penal em um Estado Democrático de Direito não é a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
somente aquela que formalmente descreve um fato como infração privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou
penal, pouco importando se ele ofende ou não o sentimento social em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
de justiça; ao contrário, sob pena de colidir com a Constituição, o territorial do Brasil.
tipo incriminador deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos        
os comportamentos humanos, somente aqueles que realmente pos- Lugar do crime 
suam lesividade social. Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor-
Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
atuar como balizas para a correta interpretação e a justa aplicação produziu ou deveria produzir-se o resultado.
das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação mera-        
mente robotizada dos tipos incriminadores, ditada pela verificação Extraterritorialidade 
rudimentar da adequação típica formal, descurando-se de qualquer Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
apreciação ontológica do injusto. estrangeiro: 
Em seguida, para maiores noções acerca do Direito Penal em I - os crimes: 
seguida apresentaremos o que prevê o Código Penal – Parte Geral. a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa públi-
1940. ca, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
        pelo Poder Público; 
Código Penal. c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição no Brasil; 
que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:
II - os crimes:  
        
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a repri-
PARTE GERAL
mir;
TÍTULO I b) praticados por brasileiro; 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro
Anterioridade da Lei e aí não sejam julgados. 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
pena sem prévia cominação legal.  brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
        § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
Lei penal no tempo depende do concurso das seguintes condições:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior a) entrar o agente no território nacional; 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
os efeitos penais da sentença condenatória.   c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasi-
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favo- leira autoriza a extradição; 
recer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
por sentença condenatória transitada em julgado.   cumprido a pena; 

Didatismo e Conhecimento 167


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro Quando utilizamos a expressão infração penal esta engloba
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favo- tanto o crime (ou delito), como a contravenção penal. Assim, o cri-
rável.  me e a contravenção penal são espécies do gênero infração penal.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido - Crime: pena sempre de reclusão ou detenção, cumulada ou
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as não com multa. Tem caráter repressivo, situando o Direito somente
condições previstas no parágrafo anterior:  após a ocorrência do dano a alguém. Ex.: alguém, conduzindo im-
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;  prudentemente um veículo, atropela outrem e lhe causa ferimentos.
b) houve requisição do Ministro da Justiça.  - Contravenção (Lei nº 3.688/41): prisão simples e multa ou
        só multa. Caráter preventivo, visando a Lei das Contravenções Pe-
Pena cumprida no estrangeiro  nais a coibir condutas conscientes que possam trazer prejuízo a al-
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena impos- guém. Ex.: omissão de cautela na guarda ou condução de animais.
ta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é compu-
tada, quando idênticas.  TIPICIDADE
       
Eficácia de sentença estrangeira 
O fato típico é o primeiro requisito do crime. Consiste no fato
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
que se amolda no conjunto de elementos descritivos contidos na
brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser
homologada no Brasil para: lei penal.
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e
a outros efeitos civis; ELEMENTOS DO FATO TÍPICO
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende: ; O fato típico é composto dos seguintes elementos:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte - conduta dolosa ou culposa;
interessada;  - resultado (nos crimes materiais);
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradi- - nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (nos cri-
ção com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, mes materiais);
ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.  - tipicidade (enquadramento do fato material a uma norma
penal).
Contagem de prazo 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. CONDUTAS E ATOS: conduta é a materialização da vontade
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.         humana, que pode ser executada por um único ou por vários atos.
O ato, portanto, é apenas uma parte da conduta. Ex.: é possível
Frações não computáveis da pena matar a vítima (conduta) por meio de um único ato (um disparo
         mortal) ou de vários atos (vários golpes no corpo da vítima).
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e
nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as -Formas de conduta:
frações de cruzeiro.  a) Ação (comportamento positivo): fazer, realiza algo. Nes-
        sa hipótese, a lei determina um não fazer, e o agente comete o
Legislação especial  delito justamente por fazer o que a lei proíbe.
 Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos b) Omissão (comportamento negativo): abstenção, um não
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.  fazer. A omissão por sua vez, pode dar origem a duas espécies de
crimes:
TÍTULO II
b1) Omissivos próprios ou puros: nos quais inexiste um de-
DO CRIME
ver jurídico de agir, ou seja, não há uma norma impondo um dever
Crime, em sentido amplo, é a ação ou omissão, imputável de fazer. Assim, só existirá essa espécie de delito omissivo quando
a pessoa, lesiva ou perigosa a interesse penalmente protegido, o próprio tipo penal descrever uma conduta omissiva. Ex.: crime
constituída de determinados elementos e eventualmente de omissão de socorro (art. 135).
integrada por certas condições ou acompanhada de determinadas b2) Omissivos impróprios ou comissivos por omissão: são
circunstâncias previstas em lei. É a violação de um bem penalmente aqueles para os quais a lei impõe um dever de agir e, assim, o
protegido. não agir constitui crime, na medida em que leva à produção de um
Para que haja crime, é preciso uma conduta humana positiva resultado que o agir teria evitado. Ex.: a mãe deixa de alimentar
ou negativa. Nem todo comportamento do homem, porém, cons- seu filho causando-lhe a morte, responde por homicídio.
titui delito, em face do princípio da reserva legal. Logo, somente
aqueles previstos na lei penal é que podem configurar o delito. DO RESULTADO: o resultado é a modificação do mundo
Pode-se dizer, portanto, que o primeiro requisito do crime é exterior provocada pela conduta do agente.
o fato típico (previsto em lei). Contudo, não basta que o fato seja -Teoria sobre o resultado:
típico, é preciso que seja contrário ao direito: antijurídico. Isto por- a) Naturalística: é a modificação que o crime provoca no
que, embora o fato seja típico, algumas vezes é considerado lícito mundo exterior. Pode consistir em morte, como em crime de
(Exemplo: Legítima defesa). Logo, excluída a antijuridicidade, homicídio (art. 121). Para essa teoria, é possível que haja crime
não há crime. sem resultado, como nos crimes de mera conduta.

Didatismo e Conhecimento 168


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
b) Jurídica ou normativa: é o efeito que o crime produz na Atente-se para o fato de que ser causa do resultado não é bas-
órbita jurídica, ou seja, a lesão ou o perigo de lesão de um interesse tante para ensejar a responsabilização penal. É preciso, ainda, ve-
protegido pela lei. Por essa teoria não há crime sem resultado, pois, rificar se a conduta do agente considerada causa do resultado foi
sem lesão (ou perigo de lesão) ao interesse tutelado, o fato seria praticada mediante dolo ou culpa, pois nosso Direito Penal não
um irrelevante penal. se coaduna com a responsabilidade objetiva, isto é, aquela que se
contenta com a demonstração do nexo de causalidade, sem levar
NEXO CAUSAL: é a relação natural de causa e efeito em conta o elemento subjetivo da conduta.
existente entre a conduta do agente e o resultado dela decorrente. Portanto, dizer que alguém causou o resultado não basta para
Nos crimes materiais somente existe a configuração do delito ensejar a responsabilidade penal. É mister ainda que esteja pre-
quando fica evidenciado que a conduta do agente provocou o sente o elemento subjetivo (dolo ou culpa) nessa conduta que foi
resultado, ou seja, quando fica demonstrado o nexo causal. causa do evento.
Nos crimes formais e nos crimes de mera conduta não se exige O art. 13 caput aplica-se, exclusivamente, aos crimes mate-
o nexo causal, uma vez que esses crimes dispensam a ocorrência riais porque, ao dizer “o resultado, de que depende a existência
de qualquer resultado naturalístico e, assim, não há que se pensar do crime”, refere-se ao resultado naturalístico da infração penal
em nexo de causalidade entre a conduta e resultado. (aquele que é perceptível aos sentidos do homem e não apenas ao
mundo jurídico), e a única modalidade de crime que depende da
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
ocorrência do resultado naturalístico para se consumar (existir) é
o material, como por exemplo; o homicídio (121 CP), em que a
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
morte da vítima é o resultado naturalístico.
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Aos crimes formais (exemplo; concussão - 316 CP) e os de
mera conduta (exemplo; violação de domicílio - 150 CP), o art.
No campo penal, a doutrina aponta três teorias a respeito da 13 caput não tem incidência, pois prescindem da ocorrência do
relação de causalidade: resultado naturalístico para existirem.
a) Da equivalência das condições ou equivalência dos an-
tecedentes ou conditio sine que non: Segundo a qual quaisquer SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE
das condutas que compõem a totalidade dos antecedentes é causa
do resultado, como, por exemplo, a venda lícita da arma pelo co- § 1º - A superveniência de causa relativamente independente
merciante que não tinha ideia do propósito homicida do crimino- exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
so comprador. Contudo, recebe críticas por permitir o regresso ao fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
infinito já que, em última análise, até mesmo o inventor da arma
seria causador do evento, visto que, se arma não existisse, tiros O parágrafo primeiro do art. 13 nos diz que: “a superveniên-
não haveria; cia de causa independente exclui a imputação quando, por si só,
b) Da causalidade adequada: Considera causa do evento produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se
apenas a ação ou omissão do agente apta e idônea a gerar o resul- a quem os praticou”. Admite, o referido mandamento legal, a in-
tado. Segundo o que dispõe essa corrente, a venda lícita da arma terrupção do nexo causal entre a conduta do agente e o resultado.
pelo comerciante não é considerada causa do resultado morte que Nessas hipóteses, pode-se dizer que existe uma concausa, ou seja,
o comprador produzir, pois vender licitamente a arma, por si só, a conduta do agente e outra causa qualquer, quais sejam:
não é conduta suficiente a gerar a morte. a) a causa que produza o resultado seja superveniente à con-
c) Da imputação objetiva: Pela qual, para que uma condu- duta do agente, isto é, ocorra depois de sua ação;
ta seja considerada causa do resultado é preciso que: 1) o agente b) que a causa superveniente seja relativamente independen-
tenha, com sua ação ou omissão, criado, realmente, um risco não te da conduta do agente, isto é, mantenha relação com a conduta
tolerado nem permitido ao bem jurídico; ou 2) que o resultado não inaugurada pelo autor;
fosse ocorrer de qualquer forma, ou; 3) que a vítima não tenha con- c) que a causa superveniente independente produza o resultado
tribuído com sua atitude irresponsável ou dado seu consentimento
por si só, isto é, seja causa bastante para a produção do resultado.
para a ocorrência do resultado.
Exemplo: Telma ministra veneno mortal a Clarice, que, socor-
A teoria adotada pelo Código Penal: “O resultado, de que
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe rida por uma equipe de médicos e enfermeiros, vem a morrer, pou-
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o cos minutos após a ingestão da substância, em função de acidente
resultado não teria ocorrido”. sofrido pela ambulância a caminho do hospital.
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o re- Encontram-se aqui todas as características elencadas acima:
sultado não teria ocorrido, nota-se que Código adotou a teoria da a) o acidente com a ambulância que transportava Clarice ocor-
equivalência das condições ou conditio sine qua non. reu após a ingestão do veneno ministrado por Telma (superveniên-
Para se aferir se determinada conduta é causa ou não de um cia);
resultado, deve-se fazer o juízo hipotético de eliminação, que con- b) o acidente não teria acontecido se Clarice não tivesse sido
siste na supressão mental de determinada ação ou omissão dentro envenenada por Telma (independência relativa);
de toda a cadeia de condutas presentes no contexto do crime. Se, c) as lesões causadas pelo acidente foram determinantes para
eliminada, o resultado desaparecer, pode-se afirmar que aquela a morte de Clarice (“por si só”).
conduta é causa. Caso contrário, ou seja, se a despeito de suprimi- Dessa forma: Telma responderá pelos fatos que praticou, qual
da, o resultado ainda assim existir, não será considerada conduta. seja, tentativa de homicídio.

Didatismo e Conhecimento 169


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Não obstante, caso somente aplicássemos o caput do art. 13 ao c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrên-
caso em tela, Telma seria responsável pela morte de Clarice uma cia do resultado.
vez que, eliminando-se o envenenamento, o acidente da ambulân-
cia, que provocou a morte de Clarice, não teria ocorrido; logo é Da mesma forma que ação, em Direito Penal, não significa
causa. “fazer algo”, mas fazer o que o ordenamento jurídico proíbe, a
Contudo, vejamos outros exemplos: omissão não é um “não fazer”, mas não fazer o que o ordenamento
a) Telma, mesmo sabendo ser Clarice é cardiopata, tendo cer- jurídico obriga.
teza de que sua conduta não virá a provocar sua morte, aplica, em Omissão relevante para o Direito Penal é o não cumprimento
Clarice, um terrível susto, vindo esta a falecer vítima de um infarto de um dever jurídico de agir em circunstâncias tais que o omitente
fulminante; tinha a possibilidade física ou material de realizar a atividade
b) Telma, não sabendo ser Clarice cardiopata, ministra-lhe re- devida.
médio para lhe descongestionar as vias respiratórias, porém acaba Consequentemente, a omissão passa a ter existência jurídica
por lhe acelerar o batimento cardíaco e Clarice vem a sofrer um desde que preencha os seguintes pressupostos:
infarto fulminante;  Dever jurídico que impõe uma obrigação de agir ou uma
c) Telma, sabendo ser Clarice cardiopata e desejando o resul- obrigação de evitar um resultado proibido;
tado morte, a expõe, deliberadamente, a situação de alta tensão  Possibilidade física, ou material, de agir.
emocional (criada por ela mesma, Telma), vindo Clarice a sofrer O primeiro pressuposto (dever jurídico de agir ou de evitar
um infarto fulminante. um resultado lesivo) exige o conhecimento dos meios pelos quais
Para cada uma dessas situações, teríamos uma situação jurídi- o ordenamento jurídico pode impor às pessoas a obrigação de não
co-penal distinta para Telma. No primeiro exemplo, a conduta de se omitir, em determinadas circunstâncias.
Telma poderia ser tipificada como homicídio culposo; no segundo Em segundo lugar, o dever jurídico pode ser imposto ao
caso, não haverá crime; na terceira hipótese, haveria homicídio garantidor, ou seja, há pessoas que, pela sua peculiar posição diante
doloso. do bem jurídico, recebem ou assumem a obrigação de assegurar
Note-se que em todas as soluções apresentadas, o simples es- sua conservação. A posição de garantidor requer essencialmente
tabelecimento do nexo de causalidade entre a conduta de Telma e o que o sujeito esteja encarregado da proteção ou custódia do bem
jurídico que aparece lesionado ou ameaçado de agressão.
resultado “morte de Clarice” não são suficientes para resolvermos
O essencial para compreender a posição de garantidor é o
o problema. Há de se analisar, como estabelece a doutrina, os de-
reconhecimento de que determinadas pessoas estabelecem um
mais elementos do fato típico (além do nexo de causalidade e do
vínculo, uma relação especial com o bem jurídico, criando no
resultado morte).
ordenamento a expectativa de que o protegerá de eventuais danos.
Cabe ainda analisarmos se a conduta humana é dolosa ou cul-
O Direito, então, espera a sua ação de garantia. Se não cumprir
posa e, também, a subsunção do fato à norma penal incriminadora
esse dever, será imputado por omissão imprópria.
- tipicidade.
No Código Penal, esta regra está no artigo 13,§ 2º: a posição
Voltemos aos nossos exemplos: no primeiro caso, Telma agiu de garantidor pode emanar de:
com culpa consciente (o agente esperava levianamente que o re- a) dever legal, imposto pela lei;
sultado não ocorresse); no segundo não houve dolo nem culpa na b) aceitação voluntária, ou seja, quando o sujeito livremente
conduta de Telma, sendo, portanto, o fato atípico; na terceira hou- a assume, tal como acontece, por exemplo, nos casos de contrato;
ve dolo, com consciência e voluntariedade no preparo da situação c) ingerência, quando o sujeito, por sua conduta precedente,
que causou o resultado morte. cria a situação de perigo para o bem jurídico.
Não restam dúvidas que soluções apoiadas exclusivamente no
estabelecimento de um nexo de causalidade objetivo entre condu- TIPICIDADE: É o nome que se dá ao enquadramento da
ta e resultado e na simples existência do próprio resultado, que são conduta concretizada pelo agente na norma penal descrita em
características necessárias, mas não suficientes, para se construir o abstrato. Em suma, para que haja crime é necessário que o sujeito
fato típico, cometem grave erro no que diz respeito a sua formação realize, no caso concreto, todos os elementos componentes da
completa. Dada a superação da Teoria Causal da conduta humana descrição típica (definição legal do delito).
e da Responsabilidade Penal Objetiva, não poderíamos aceitar, em A adequação típica pode dar-se de duas maneiras:
nenhuma das três hipóteses acima colocadas, o mesmo desfecho a) imediata ou direta: quando houver uma correspondência
jurídico-penal para Telma. Outrossim, além do fato típico, também total da conduta ao tipo.
a antijuridicidade e a culpabilidade são requisitos para a existên- b) mediata ou indireta: quando a materialização da tipicida-
cia do crime, estendendo-se, então, a análise para conceitos como de exige a utilização de uma norma de extensão, sem a qual seria
a ilicitude do fato e sua reprovabilidade social. absolutamente impossível enquadrar a conduta no tipo. É o que
ocorre nos casos de participação (art. 29) e tentativa (art. 14, II).
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO
Os tipos penais são modelos criados pela lei, por meio dos
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente quais as condutas consideradas indesejáveis pelo senso comum
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incum- (de acordo com o entendimento do legislador) são descritas taxa-
be a quem: tivamente como crimes, com a finalidade de dar aos indivíduos a
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; garantia maior do princípio da reserva legal.
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o O tipo é o modelo descritivo da conduta contido na lei. O tipo
resultado; legal é composto de elementares e circunstâncias.

Didatismo e Conhecimento 170


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Elementar: Vem de elemento, que é todo componente Inter criminis: são as fases que o agente percorre até chegar à
essencial do tipo sem o qual este desaparece ou se transforma em consumação do delito. A doutrina aponta quatro etapas diferentes
outra figura típica. no caminho do crime:
Justamente por serem essenciais, os elementos estão sempre - Cogitação: nesta fase, o agente somente está pensando, idea-
no caput (cabeça) do tipo incriminador (texto da lei penal), por lizando, planejando a prática do crime. Nessa fase o crime é im-
isso o caput é chamado de tipo fundamental. (Exemplo: art. 121, punível.
matar alguém. Matar é elementar do tipo). - Preparação: é a prática dos atos necessários ao início da
Circunstância: É aquilo que não integra a essência, ou seja, execução. Não existe fato típico ainda, salvo se o ato preparatório
se for retirado, o tipo não deixa de existir. As circunstâncias estão constituir crime autônomo.
dispostas em parágrafos (ex.: qualificadoras, privilégios etc.), não  - Execução: começa a agressão ao bem jurídico. Nessa fase,
servindo para compor a essência do crime, mas sim para influir na o agente inicia a realização do núcleo do tipo e o crime já se torna
pena. punível. A execução começa com a prática do primeiro ato idôneo
O crime será mais ou menos grave em decorrência da
e inequívoco à consumação do crime. Ato idôneo é o capaz de
circunstância, entretanto será sempre o mesmo crime (Exemplo:
produzir o resultado e ato inequívoco é o que, fora de qualquer
furto durante o sono noturno; o sono é circunstância, tendo em
dúvida, induz ao resultado. Assim, a execução está ligada ao verbo
vista que, se não houver, ainda assim existirá o furto).
de cada tipo. Quando o agente começa a praticar o verbo do tipo,
Espécies de Elemento inicia-se a execução.
1) Elementos objetivos ou descritivos: são aqueles cujo sig- - Consumação: quando todos os elementos do fato típico são
nificado depende de mera observação. Para saber o que quer dizer realizados.
um elemento objetivo, o sujeito não precisa fazer interpretação.
Todos os verbos do tipo constituem elementos objetivos (ex.: ma- A consumação nas várias espécies de crimes:
tar, falsificar etc.). São aqueles que independem de juízo de valor, a) materiais: com a produção do resultado naturalístico;
existem concretamente no mundo (ex.: mulher, coisa móvel, filho b) culposos: com a produção do resultado naturalístico;
etc.). Se um tipo penal possui somente elementos objetivos, ele c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa;
oferece segurança máxima ao cidadão, visto que, qualquer que seja d) formais: com a simples atividade, independente do resul-
o aplicador da lei, a interpretação será a mesma. São chamados tado;
de tipo normal, pois é normal o tipo penal que ofereça segurança e) permanentes: o momento consumativo se protrai no tempo;
máxima; f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento
2) Elementos subjetivos: compõem-se da finalidade espe- devido;
cial do agente exigida pelo tipo penal. Determinados tipos não se g) omissivos impróprios: com a produção do resultado natu-
satisfazem com a mera vontade de realizar o verbo. Existirá ele- ralístico;
mento de ordem subjetiva sempre que houver no tipo as expres- h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado
sões “com a finalidade de”, “para o fim de” etc. (ex.: rapto com fim agravador;
libidinoso etc.). O elemento subjetivo será sempre essa finalidade i) complexos: quando os crimes componentes estejam inte-
especial que a lei exige. Não confundir o elemento subjetivo do gralmente realizados;
tipo com o elemento subjetivo do injusto, que é a consciência do j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles,
caráter inadequado do fato, a consciência da ilicitude; isoladamente, é indiferente à lei penal. O momento consumativo
3) Elementos normativos: é exatamente o oposto do ele- é incerto, pois não se sabe quando a conduta se tornou um hábito,
mento objetivo. É aquele que depende de interpretação para se por essa razão, não cabe prisão em flagrante nesses crimes.
extrair o significado, ou seja, é necessário um juízo de valor sobre
o elemento. São elementos que trazem possibilidade de interpreta-
TENTATIVA (ART.14, II)
ções equívocas, divergentes, oferecendo um certo grau de insegu-
rança. São chamados de tipos anormais porque possuem grau de
Tentativa é a não consumação de um crime, cuja execução
incerteza, insegurança.
Existem duas espécies de elementos normativos: foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente. De
- elemento normativo jurídico: é aquele que depende de inter- acordo com o que dispõe o artigo 14, II do Código Penal.
pretação jurídica (ex.: funcionário público, documento etc. Todos
esses vêm definidos na lei); 1. Aplicação da Pena
- elemento normativo extrajurídico ou moral: é aquele que A tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado,
depende de interpretação não jurídica (ex.: mulher “honesta”). reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para essa redução é a proximidade
do momento consumativo, ou seja, quanto mais próximo chegar da
CRIME CONSUMADO (ART.14, I) consumação, menor será a redução.

Crime consumado é aquele em que foram realizados todos os 2. Espécies de Tentativa


elementos da definição legal. Crime exaurido é aquele em que o Tentativa imperfeita ou inacabada: Ocorre quando a execu-
agente já consumou o crime, mas continua atingindo o bem jurídi- ção do crime é interrompida, ou seja, o agente, por circunstâncias
co. O exaurimento influi na primeira fase da fixação da pena (art. alheias à sua vontade, não chega a praticar todos os atos de exe-
59, caput, do Código Penal). cução do crime.

Didatismo e Conhecimento 171


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Tentativa perfeita ou acabada: Também conhecida como TENTATIVA ABANDONADA OU QUALIFICADA
“crime falho”. Ocorre quando o agente pratica todos os atos de
execução do crime, mas o resultado não se produz por circunstân- Ocorre quando, iniciada a execução, o resultado não se produz
cias alheias à sua vontade. por força da vontade do próprio agente. É chamada pela doutrina
Tentativa branca ou incruenta: Classificação para os crimes de “ponte de ouro”.
contra a pessoa; ocorre quando a vítima não é atingida. Comporta duas espécies: desistência voluntária e
Tentativa cruenta: Classificação para os crimes contra a arrependimento eficaz.
pessoa; ocorre quando a vítima é atingida, mas o resultado desejado
não acontece por circunstância alheia à vontade do agente. Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte): O agente interrompe
Tentativa idonêa: É aquela em que o sujeito pode alcançar a voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo,
consumação, mas não consegue fazê-lo por circunstâncias alheias a sua consumação. Ocorre antes de o agente esgotar os atos de
à sua vontade. É a tentativa propriamente dita, definida no art. 14, execução, sendo possível somente na tentativa imperfeita ou
II, do Código Penal. inacabada. Não há que se falar em desistência voluntária em crime
Tentativa inidonêa: Sinônimo de crime impossível (art. 17) unissubsistente, visto que este é composto de um único ato.
ocorre quando o agente inicia a execução, mas a consumação do
delito era impossível por absoluta ineficácia do meio empregado Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte): O agente executa
ou por absoluta impropriedade do objeto material. Nesse caso, não o crime até o último ato, esgotando-os, e logo após se arrepende,
se pune a tentativa, pois a lei considera o fato atípico. impedindo o resultado. Só é possível no caso da tentativa perfeita
ou acabada. Ocorre somente nos crimes materiais que se consumam
3. Infrações que Não Admitem Tentativa com a verificação do resultado naturalístico.
Crimes culposos: Parte da doutrina admite no caso de culpa A desistência ou o arrependimento não precisa ser espontâneo,
imprópria. mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência ou a resipiscência
Crimes preterdolosos: No caso dos crimes preterdolosos for sugerida por terceiros subsistirão seus efeitos. A tentativa
ou preterintencionais, o evento de maior gravidade não querido abandonada, em suas duas modalidades, exclui a aplicação da pena
pelo agente, é punido a título de culpa. No caso de latrocínio por tentativa, ou seja, o agente responderá somente pelos atos até
tentado, o resultado morte era querido pelo agente; assim, embora então praticados.
qualificado pelo resultado, o latrocínio só poderá ser preterdoloso
quando consumado. ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16)
Crimes omissivos próprios: São crimes de mera conduta
(exemplo: crime de omissão de socorro, artigo 135 do Código Nos termos do artigo 16 do Código Penal, “Nos crimes
Penal). cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
Contravenção penal: A tentativa não é punida (artigo 4.º do dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
Decreto-lei n. 3.688/41). queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um
Delitos de atentado: São crimes em que a lei pune a tentativa a dois terços”. A expressão utilizada pelo legislador é redundante,
como se fosse consumado o delito (exemplo: crime de evasão pois todo arrependimento é posterior. Na verdade o arrependimento
mediante violência contra a pessoa, artigo 352 do Código Penal). é posterior à consumação do crime. Trata-se de causa obrigatória
Crimes habituais: Tais crimes exigem, para consumação, de redução de pena. É causa objetiva de diminuição de pena,
a reiteração de atos que, isolados, não configuram fato típico. portanto, estende-se aos coautores e partícipes condenados pelo
Inviável a verificação da tentativa, posto que uma segunda conduta mesmo fato.
já caracteriza o delito.
Crimes unissubsistentes: Que se consumam com um único Requisitos
ato. Ex.: injúria verbal. Só cabe em crime cometido sem violência ou grave ameaça
Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado: Trata-se, por contra a pessoa. Visa o legislador a dar oportunidade ao agente,
exemplo, do crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio que pratica crime contra o patrimônio sem violência ou grave
(artigo 122 do Código Penal). Nesse delito, se a pessoa empresta ameaça, de reparar o dano ou restituir a coisa. Na jurisprudência,
um revolver para outra se matar e esta não se mata, o fato é atípico, prevalece o entendimento de que a lei só se refere à violência
mas se ela comete o suicídio, o crime está consumado. dolosa, podendo a diminuição ser aplicada aos crimes culposos em
que haja violência, como o homicídio culposo. Assim, a intenção
Observações: Parte da doutrina entende que os crimes formais do legislador foi criar  um instituto para os crimes patrimoniais,
e de mera conduta não admitem tentativa. Não concordamos com mas a jurisprudência estendeu ao homicídio culposo.
esse entendimento. O crime de ameaça, por exemplo, trata-se de - Reparação do dano ou restituição da coisa (deve ser
crime formal, mas admite a tentativa no caso de ameaça por escrito, integral).
em que a carta é interceptada por terceiro. Alguns crimes de mera - Por ato voluntário do agente. Não há necessidade de ser
conduta também admitem tentativa, como a violação de domicílio ato espontâneo, podendo haver influência de terceira pessoa.
(o agente pode, sem sucesso, tentar invadir domicílio de outrem). - O arrependimento posterior só pode ocorrer até o recebimento
O crime unissubsistente comporta tentativa em alguns casos, por da denúncia ou queixa. Após, a reparação do dano será somente
exemplo, quando o agente efetua um único disparo contra a vítima causa atenuante genérica (artigo 65, inciso III, alínea “b”).
e erra o alvo.

Didatismo e Conhecimento 172


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Critérios para Aplicação da Redução da Pena Crime de ensaio ou experiência: Também chamado “delito
São dois os critérios para se aplicar a redução da pena: putativo por obra do agente provocador” ou “crime de flagrante
espontaneidade e celeridade. O arrependimento posterior não preparado”, ocorre quando a polícia ou terceiro (agente provocador)
precisa ser espontâneo, mas se for a pena sofrerá maior diminuição. prepara uma situação, que induz o agente a cometer o delito
Também, quanto mais rápido reparar o  dano, maior será a (exemplo: detetive simula querer comprar maconha e prende o
diminuição. traficante). O agente é protagonista de uma farsa. A jurisprudência
considera a encenação do flagrante preparado uma terceira espécie
Relevância da Reparação do Dano de crime impossível, entendendo não haver crime ante a atipicidade
- Cheque sem fundos: o pagamento até o recebimento da do fato (Súmula n. 145 do Supremo Tribunal Federal).
denúncia ou queixa extingue a punibilidade (Súmula 554 do
Supremo Tribunal Federal). O Código Penal brasileiro adotou a teoria objetiva temperada
- Crimes contra a ordem tributária: o pagamento do tributo pela qual só há crime impossível se a ineficácia do meio e a
até o recebimento da denúncia ou queixa também extingue impropriedade do objeto forem absolutas. Por isso, se forem
a punibilidade. relativas, haverá crime tentado. Ex.: tentar matar alguém com
- Peculato culposo (artigo 312, § 3.º): se a reparação do dano revólver e projéteis verdadeiros que, entretanto, não detonam
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
por estar velhos. Aqui a ineficácia do meio é acidental e existe
posterior reduz de metade a pena imposta.
tentativa de homicídio.
- Crimes de ação penal privada ou pública condicionada à
representação (artigo 74, parágrafo único, da Lei  n. 9.099/95):
havendo composição civil do dano em audiência preliminar, Art. 14 - Diz-se o crime: 
extingue-se o direito de queixa ou representação.
CRIME CONSUMADO 
Delação eficaz ou premiada I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
Instituto distinto do arrependimento posterior é o da delação sua definição legal; 
premiada, no qual se estimula a delação feita por um coator ou
participe em relação aos demais, mediante o benefício da redução TENTATIVA 
obrigatória da pena. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17)
PENA DE TENTATIVA
O crime impossível também chamado de tentativa inidônea, Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa inadequada ou quase-crime. É aquele que, pela ineficácia tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, dimi-
total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto nuída de um a dois terços.
material, é impossível de se consumar. Não se trata de causa de
isenção de pena, como parece sugerir a redação do art. 17 do DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO
Código Penal, mas de causa geradora de atipicidade, pois não se EFICAZ
concebe queira o tipo incriminador descrever como crime uma Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
ação impossível de se realizar. na execução ou impede que o resultado se produza, só responde
pelos atos já praticados.
Ineficácia absoluta do meio: O meio empregado jamais
poderia levar à consumação do crime. A ineficácia do meio deve ARREPENDIMENTO POSTERIOR
ser absoluta (exemplo: um palito para matar um adulto, uma arma Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave amea-
de brinquedo). Deve-se lembrar, que um determinado meio pode
ça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebi-
ser ineficaz para um crime, mas eficaz para outro. Exemplo: num
mento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
crime de roubo, uma arma totalmente inapta a produzir disparos
pena será reduzida de um a dois terços. 
pode ser utilizada para intimidar a vítima.
 
Impropriedade Absoluta do Objeto: A pessoa ou a coisa sobre CRIME IMPOSSÍVEL 
a qual recai a conduta jamais poderia ser alvo do crime. Assim, Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso-
haverá crime impossível quando o objeto sobre o qual o agente faz luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossí-
recair sua conduta não é protegido pela norma penal incriminadora vel consumar-se o crime.
ou quando ele (objeto) sequer existe. Exemplo: atirar em alguém
que já está morto. CRIME DOLOSO (ART.18, I)
O crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto é
também chamado delito putativo por erro de tipo, pois se trata de É a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes
um crime imaginário; o agente quer cometer um crime, mas devido do tipo penal. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela
ao desconhecimento da situação de fato, comete um irrelevante pessoa humana de realizar a conduta.
penal (exemplo: mulher pensa que está grávida e ingere substância
abortiva). Não se confunde com o erro de tipo, pois neste o agente Existem três teorias que falam sobre o conceito de dolo:
não sabe, devido a um erro de apreciação da realidade, que está -Teoria da vontade: dolo é a vontade de praticar a conduta e
cometendo um crime (exemplo: compra cocaína pensando ser talco). produzir o resultado. O agente quer o resultado.

Didatismo e Conhecimento 173


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Teoria do assentimento ou da aceitação: dolo é a vontade Dolo indireto ou indeterminado: É aquele que existe quando
de praticar a conduta com a aceitação dos riscos de produzir o o agente não quer produzir resultado certo e determinado. Pode ser:
resultado. O agente não quer, mas não se importa com o resultado. a) Eventual: quando o agente não quer produzir o resultado,
- Teoria da representação ou da previsão: dolo é a previsão mas aceita o risco de  produzi-lo (exemplo: o motorista que, em
do resultado. Para que haja dolo, basta o agente prever o resultado. desabalada corrida, para chegar em seu destino, aceita o resultado
O Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento. de atropelar uma pessoa). Nélson Hungria lembra a fórmula de
Ao conceituar crime doloso, o legislador indiretamente conceituou Frank para explicar o dolo eventual: “Seja como for, dê no que der,
dolo: “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de em qualquer caso não deixo de agir”.
produzi-lo” (artigo 18, inciso I, do Código Penal). A teoria da b) Alternativo: quando o agente quer produzir um ou outro
representação, que confunde culpa consciente com dolo, não foi resultado (exemplo: o agente atira para ferir ou para matar; nesse
adotada. caso, responde pelo resultado mais grave, aplicando-se o princípio
da consunção).
Espécies de Dolo
Dolo geral ou erro sucessivo: Conhecido também como erro
sobre o nexo causal ou aberratio causae, ocorre quando o agente,
Dolo normativo: É o dolo segundo a teoria clássica, causal ou
supondo já ter produzido o resultado, pratica nova agressão, que
naturalista. É o dolo que integra a culpabilidade e não a conduta,
para ele é mero exaurimento, mas é nesse momento que atinge a
e tem como elementos a consciência (sei o que faço), a vontade
consumação (exemplo: “A” quer matar “B” por envenenamento;
(quero fazer) e a consciência da ilicitude (sei que é errado). É o após o envenenamento, supondo que “B” já está morto, “A” joga
dolo que depende de um juízo de valor. o que imagina ser um cadáver no rio e “B” acaba morrendo por
  afogamento; nesse caso, o erro é irrelevante, pois o que vale é
Dolo natural: É o dolo segundo a doutrina finalista. Para a intenção do agente, que responderá por  homicídio doloso). O
os finalistas, o dolo passou a constituir  elemento do fato típico Professor Damásio de Jesus entende que o agente deve responder
(conduta dolosa), deixando de ser requisito para a culpabilidade. por  tentativa de homicídio, aplicando-se a teoria da imputação
A consciência da ilicitude se destacou do dolo e passou a integrar objetiva.
a culpabilidade. Assim, o dolo que passou para a conduta é aquele
composto apenas por consciência e vontade (sem a consciência Dolo de primeiro grau e de segundo grau: o primeiro grau
da ilicitude, que passou a integrar a culpabilidade). É uma consiste na vontade de produzir as consequências primárias do
manifestação psicológica, que prescinde de juízo de valor. É o dolo delito, ou seja, o resultado típico inicialmente visado, ao passo
adotado pelo Código Penal. que o de segundo grau abrange os efeitos colaterais da prática
delituosa, ou seja, as suas consequências secundárias, que não são
Dolo genérico: É a vontade de realizar o verbo do tipo sem desejadas originalmente, mas acabam sendo provocadas porque
qualquer finalidade especial. indestacáveis do primeiro evento. No dolo de segundo grau,
portanto, o autor não pretende produzir o resultado, mas se dá
Dolo específico: É a vontade de realizar o verbo do tipo conta de que não pode chegar à meta traçada sem causar tais efeitos
com uma finalidade especial. Sempre que no tipo houver um acessórios. Por exemplo, a situação na qual o agente, desejando
elemento subjetivo, para que o fato seja típico, será necessário o matar determinada pessoa que está em ambiente público, usa
dolo específico. Ex.: extorsão mediante sequestro (art. 159), cujo de explosivo que, ao detonar, certamente matará outras pessoas
tipo penal é sequestrar pessoa com o fim de obter vantagem como que ali também se encontram. Nesse caso, embora o agente não
condição ou preço do resgate. quisesse atingir outras vítimas, esse resultado era absolutamente
esperado na explosão do artefato.
Dolo de perigo: É a vontade de expor o bem a uma situação
CRIME CULPOSO (ART. 18, II)
de perigo de dano. O perigo pode ser concreto ou abstrato. Quando
o perigo for concreto, é necessária a efetiva comprovação de que o
Culpa é o elemento normativo da conduta (não confundir
bem jurídico ficou exposto a uma real situação de perigo (exemplo: com elemento normativo do tipo), pois  sua existência decorre
crime do artigo132 do Código Penal). O perigo abstrato, também da  comparação que se  faz entre o  comportamento do agente no
conhecido como presumido é aquele em que basta a prática da caso concreto e aquele previsto na norma, que seria o ideal. Essa
conduta para que a lei presuma o perigo (exemplo: artigo 135 do norma corresponde ao sentimento médio da sociedade sobre o que
Código Penal). Os Professores Damásio de Jesus e Luiz Flávio é certo e o que é errado.
Gomes sustentam que os crimes de perigo abstrato não  existem
mais na ordem jurídica. 1. Elementos do Fato Típico Culposo
São elementos do fato típico culposo:
Dolo de dano: Existe quando a vontade é de produzir uma - conduta voluntária;
efetiva lesão ao bem jurídico. Quase todos os crimes são de dano - resultado naturalístico involuntário;
(exemplos: furto, homicídio etc.). - nexo causal;
- tipicidade;
Dolo direto ou determinado: Existe quando o agente quer - previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa
produzir resultado certo e determinado; é o dolo da teoria da ter previsto o resultado; o que se leva em conta é se o resultado era
vontade. ou não previsível para uma pessoa de prudência mediana, e não a
capacidade do agente de prever o resultado;

Didatismo e Conhecimento 174


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- ausência de previsão: não prever o previsível. Exceção: na 6. Participação no Crime Culposo: Sobre a possibilidade de
culpa consciente há previsão; participação em crime culposo, há duas posições na doutrina:
- quebra do dever objetivo de cuidado: é o dever de cuidado  
imposto a todos. Existem três maneiras de violar o dever objetivo 1.ª posição: não é possível a participação em crime culposo.
de cuidado. São as três modalidades de culpa. Isto porque, o tipo culposo é aberto, logo não há descrição da
conduta. Assim, não há que se falar em conduta acessória e em
2. Modalidades de Culpa conduta principal.
- Imprudência: É a culpa de quem age (exemplo: passar no 2.ª posição: é possível a participação em crime culposo, sendo
farol fechado). É a prática de um fato perigoso, ou seja, é uma ação o autor aquele que realiza o núcleo do tipo doloso e partícipe quem
descuidada. Decorre de uma conduta comissiva. concorre para tal.
- Negligência: É a culpa de quem se omite. É a falta de Exemplo: motorista dirige de forma imprudente e, instigado
cuidado antes de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação pelo acompanhante, acaba atropelando uma pessoa. O motorista
(exemplo: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo matou a vítima, pois foi ele quem a atropelou; o acompanhante
em movimento). teve participação nesta morte. A primeira posição prevalece na
- Imperícia: É a falta de habilidade no  exercício de uma doutrina, pois a culpa é um tipo aberto, não possuindo, por esse
profissão ou atividade. motivo, conduta principal distinta da secundária. É a nossa posição.
 
  No caso de exercício de profissão, arte ou ofício, se não 7. Espécies de Culpa
for observada uma regra técnica o fato poderá enquadrar-se nos -Culpa inconsciente ou sem previsão: É a culpa sem previsão,
artigos 121, § 4.º, e 129, § 7.º, do Código Penal. Observe-se que só em que o agente não prevê o que era previsível.
haverá aumento de pena se o agente conhecer a regra técnica e não - Culpa consciente ou com previsão: É aquela em que o agente
aplicá-la. Não incide o aumento de pena se o agente desconhece prevê o resultado, mas acredita sinceramente que ele não ocorrerá.
a regra. Se a imperícia advier de pessoa que não exerce a arte ou Não se pode confundir a culpa consciente com o dolo eventual.
profissão, haverá imprudência ou negligência (exemplo: motorista Tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual o agente prevê
sem habilitação). Difere-se a imperícia do erro profissional, que o resultado, entretanto na culpa consciente o agente não aceita
ocorre quando são empregados os conhecimentos normais da arte o resultado, e no dolo eventual o agente aceita o resultado.
ou ofício e o agente chega a uma conclusão equivocada. - Culpa indireta ou mediata: É aquela em que o sujeito
dá causa indiretamente a um resultado culposo (exemplo: o
O tipo culposo é um tipo aberto, pois não há descrição assaltante aponta uma arma a um motorista que está parado
da conduta. Assim, se o legislador tentasse descrever todas as no sinal; o motorista, assustado, foge do carro e acaba sendo
hipóteses em que ocorresse culpa, certamente jamais esgotaria atropelado). A solução do problema depende da previsibilidade ou
o rol. Compara-se a conduta do agente, no caso concreto, com a imprevisibilidade do segundo resultado.
conduta de uma  pessoa de prudência mediana. Se a conduta do - Culpa imprópria: Também é chamada culpa por extensão,
agente se afastar dessa prudência, haverá a culpa. Será feita uma por assimilação ou por equiparação. Nesse caso, o resultado é
valoração para verificar a existência da culpa. previsto e querido pelo agente, que age em erro de tipo inescusável
O tipo culposo, como vimos, é  um tipo aberto. ou vencível. Exemplo: “A” está em casa assistindo televisão
Excepcionalmente, o tipo culposo é um tipo fechado. Exemplos: quando seu primo entra na casa pelas portas dos fundos; pensando
receptação culposa, tráfico culposo (ministrar dose evidentemente tratar-se de um ladrão, “A” efetua disparos de arma de fogo contra
maior) etc. seu azarado parente. Nesse caso, “A” acredita estar agindo em
legítima defesa. Como “A” agiu em erro de tipo inescusável ou
3. Excepcionalidade da Culpa: Um crime só pode ser punido vencível (se fosse mais atento e diligente perceberia que era seu
como culposo quando há previsão expressa na lei. Se a lei é omissa primo), responde por homicídio culposo nos termos do artigo
o crime só é punido como doloso (artigo 18, parágrafo único, do 20, §1.º, do Código Penal. Observe-se que a culpa imprópria, na
Código Penal). verdade, diz respeito a um crime doloso que o legislador aplica
pena de crime culposo. Se “A”, no entanto, tivesse agido em erro
4. Compensação de Culpas: No Direito Penal, não existe de tipo escusável ou invencível, haveria exclusão de dolo e culpa,
compensação de culpas. O fato de a vítima ter agido também com hipótese em que “A” ficaria impune. Qual a solução se o primo
culpa não impede que o agente responda pela sua conduta culposa. (do exemplo citado acima) não tivesse morrido? Há duas posições
Somente nos casos em que existir culpa exclusiva da vítima haverá na doutrina: 1.ª posição: “A” responderia por lesões corporais
exclusão da culpa do agente. Não confundir com concorrência de culposas. 2.ª posição: “A” responderia por tentativa de homicídio
culpas que ocorre quando dois ou mais agentes, culposamente, culposo. Preferimos a primeira posição, pois não admitimos
contribuem para a produção do resultado (exemplo: choque de a tentativa em crime culposo.
dois veículos num cruzamento).
 Art. 18 - Diz-se o crime: 
5. Graus de Culpa: Para efeito de cominação abstrata de pena,
não há diferença. Na dosagem da pena concreta, entretanto, é levado CRIME DOLOSO
em conta o grau da culpa na primeira fase de sua fixação (artigo 59 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o
do Código Penal). São três níveis: grave, leve e levíssima. risco de produzi-lo;

Didatismo e Conhecimento 175


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CRIME CULPOSO - elementar de um tipo incriminador;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por im- - circunstância de um tipo incriminador;
prudência, negligência ou imperícia.  - elementar de um tipo permissivo;
- dado irrelevante para figura típica.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o O erro de tipo pode ser:
pratica dolosamente. 1) essencial: incide sobre elementares ou circunstâncias,
impedindo o agente de saber que está cometendo um crime ou de
CRIME PRETERDOLOSO conhecer a circunstância de um crime;
2) acidental: incide sobre um dado secundário, irrelevante,
Conceito: crime preterdoloso é uma das quatro espécies de não impedindo o agente de saber que pratica um crime.
crime qualificado pelo resultado.
Crime qualificado pelo resultado: é aquele em que o 1. Erro de tipo essencial 
legislador, após definir um crime completo e acabado, com Segundo a teoria finalista da ação, o dolo integra a conduta.
todos os seus elementos (fato antecedente), acrescenta-lhe um Assim, a vontade do agente deve abranger todos os elementos
resultado (fato consequente). O resultado não é necessário para a constitutivos do tipo. Desejar, portanto, praticar  um crime, é
consumação, que já ocorreu no fato antecedente; o resultado tem a ter consciência e vontade de realizar todos os elementos que
função de aumentar abstratamente a pena. compõem o tipo legal. Por isso, o erro é essencial quando incide
Os crimes qualificados pelo resultado podem ser observados sobre situação de tal importância para o tipo que, se o erro não
nas seguintes formas: existisse, o agente não teria cometido o crime, ou, pelo menos,
a) Conduta dolosa e resultado agravador doloso. Ex.: durante naquelas circunstâncias.
um roubo, o assaltante mata intencionalmente a vítima. Há crime
de roubo qualificado pela morte, também chamado de latrocínio a) Erro sobre elementar de tipo incriminador 
(art. 157, §3º).   Nesse caso, o erro de tipo sempre exclui o dolo. Se o erro
b) Conduta culposa e resultado agravador doloso. Ex.: crime
for inevitável (invencível ou escusável), também exclui a culpa,
de lesões corporais culposas, cuja pena é aumentada de 1/3, se o
tornando o fato atípico. Caso o erro seja evitável (vencível ou
agente, dolosamente, deixa de prestar imediato socorro à vítima
inescusável), o agente responderá pela modalidade culposa, se
(art. 129, §7º).
houver previsão legal desta.
c) Conduta dolosa e resultado agravador culposo: Ex.: crime
Exemplo de erro escusável (invencível): um sujeito pega uma
de lesão corporal seguida de morte, no qual o legislador descreve
caneta, idêntica à sua, porém, era de outra pessoa. Há um equívoco
que a pena será maior quando o agente, ao agredir a vítima, provoca
sobre a realidade impedindo que o sujeito tenha consciência de que
sua morte, e as circunstâncias indicam que o agente não quis e
não assumiu o risco de produzi-la. Apenas nessa hipótese ocorre está praticando um crime (furto). Nesse caso exclui-se o dolo e a
o crime preterdoloso: dolo no antecedente (conduta) e culpa no culpa. Como sem dolo e sem culpa não há conduta (teoria finalista),
consequente (resultado). e sem conduta não há fato típico, o erro de tipo essencial inevitável,
d) Conduta culposa e resultado agravador culposo. Crime de recaindo sobre uma elementar, leva à atipicidade do fato.
incêndio culposo, qualificado pela morte culposa (art. 250, §2º, Exemplo de erro inescusável (vencível): um caçador mata
c.c. o art. 258, 2ª parte). um homem pensando tratar-se de um animal bravo. Como o erro
recaiu sobre uma elementar, exclui o dolo. Se o erro poderia ter
Os crimes preterdolosos não admitem a tentativa, pois, neles, sido evitado com um mínimo de cuidado, ou seja, com emprego
o agente não quer o resultado final agravador, sendo certo que de prudência mediana, o agente responde por homicídio culposo
pressuposto da tentativa é que o agente queira o resultado e não o (não se exclui a culpa).
atinja por circunstâncias alheias à sua vontade. Se o tipo não admite a modalidade culposa, é irrelevante
indagar sobre a evitabilidade do erro, pois todo erro de tipo
AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO essencial exclui o dolo e, não havendo forma culposa no tipo, a
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só consequência será a exclusão do crime.
responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
b) Erro sobre circunstância de tipo incriminador 
ERRO DE TIPO (ART.20) O sujeito equivoca-se com relação a uma circunstância. Nesse
caso há exclusão da circunstância desconhecida. Se, por exemplo,
Conceito: É o desconhecimento ou falsa ideação de uma o agente furta um relógio pensando ser de ouro, descobrindo
situação de fato, um dado da realidade ou uma relação jurídica, depois se tratar de imitação de valor insignificante, não poderá se
descritos no tipo legal, como seus elementos, suas circunstâncias valer do privilégio do § 2.º do artigo 155 do Código Penal.
ou como dados irrelevantes. Assim, o nome correto não seria erro
de tipo, mas erro sobre situação descrita no tipo. O Código Penal c) Erro sobre elementar de tipo permissivo
conceitua erro de tipo no artigo 20, caput: “O erro sobre elemento Trata-se das descriminantes putativas. Descriminante é
constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a a causa que descrimina, que exclui a ilicitude do fato típico. É
punição por crime culposo, se previsto em lei”. Erro de tipo é putativa, pois é imaginária. Ocorre quando o agente, levado a erro
aquele que incide sobre um dado da realidade, descrito em um pelas circunstâncias do caso concreto, pensa que está agindo em
tipo penal, como: face de uma causa excludente da ilicitude (legítima defesa, estado

Didatismo e Conhecimento 176


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
de necessidade, estrito cumprimento de dever legal ou  exercício d) Erro na execução com resultado diverso do pretendido
regular de direito). Exemplo: “A” percebe que “B”, seu inimigo, (aberratio delicti): O sujeito quer atingir um bem jurídico e atinge
está mexendo no bolso e pensa que elevai sacar uma arma; “A” outro. Há duas espécies de aberratio delicti:
mata “B”, que somente procurava um lenço (erro de apreciação - Aberratio delicti com unidade simples (resultado único): só
dos fatos da realidade). As consequências estão expostas no artigo é produzido o crime diverso do pretendido. O agente responde por
20, § 1.º, do Código Penal. Se o erro for inevitável exclui o dolo este a título de culpa, se previsto como crime culposo (artigo 74
e a culpa; se evitável o agente responde pelo crime culposo, se do Código Penal).
previsto em  lei. A redação do parágrafo é bastante confusa e dá - Aberratio delicti com unidade complexa (resultado duplo):
margem a interpretações diversas. Em vez de dizer que em caso são atingidos o bem  pretendido e o bem diverso. O agente
de erro inevitável não há crime, o legislador optou pela infeliz responde por concurso formal (dolo no  pretendido e culpa no
fórmula “o agente fica isento de pena”. Ora, ficar isento de pena diverso). Se o resultado previsto como culposo for menos grave,
significa cometer crime, mas por ele não responder. Então, se no ou se ele mesmo não tiver  modalidade culposa, não se aplica a
erro inevitável ocorre isenção de pena, ele não exclui o crime, regra da aberratio criminis,  prevista no artigo 74. Exemplo: o
mas tão somente a responsabilidade por sua prática. A partir dessa agente atira na vítima e não a acerta (tentativa branca), vindo, por
dúvida, alguns doutrinadores da casta de Luiz Flávio Gomes erro, a atingir uma vidraça; aplicada a regra, a tentativa branca de
sustentam que o erro de tipo permissivo não pode ser erro de tipo homicídio ficaria absorvida pelo dano culposo, e, como este não
porque não exclui o crime, mas a culpabilidade.  é previsto no Código Penal, a conduta seria considerada atípica.
O dano culposo não teria forças para absorver uma tentativa de
2. Erro de tipo acidental  homicídio, mesmo porque nem sequer constitui crime.
É aquele que incide sobre dados irrelevantes da figura típica,
portanto não traz nenhuma consequência para o  fato típico. São e) Dolo geral ou erro sucessivo ou erro sobre o nexo causal
modalidades de erro de tipo acidental: (aberratio causae): Ocorre quando o agente, na suposição de já ter
a) Erro sobre o objeto (error in objecto): O sujeito supõe que consumado o crime, pratica o que imagina ser mero exaurimento e
sua conduta recai sobre determinada coisa, mas, na realidade, recai nesse instante atinge a consumação.
sobre outra. Exemplo: o agente quer furtar um saco de feijão e, por
engano, furta um saco de arroz. O crime continua sendo de furto; 3. Delito Putativo por Erro de Tipo
desconsidera-se o engano sobre a res furtiva. No delito putativo por erro de tipo, o agente quer praticar um
crime, mas em face do erro, desconhece que está cometendo um
b) Erro sobre a pessoa (error in persona): Tome-se como
irrelevante penal. Exemplo: uma mulher que comete um aborto
exemplo, o sujeito que deseja matar “A” e, por uma confusão
sem estar gravida. O aborto é interrupção de gravidez, não havendo
mental, acaba matando “B” (olhou “B” e pensou que fosse “A”). O
gravidez, não há aborto, portanto não há crime. De fato, no crime
crime continua sendo de homicídio. O sujeito responderá como se
putativo o agente quer cometer uma infração penal, porém utiliza-
a vítima efetiva “B” fosse a vítima virtual “A”, ou seja, responderá
se de conduta que não constitui fato típico.
pelo crime como se tivesse matado “A”.
  O artigo 20, § 3.º, segunda parte, dispõe o seguinte: “não
se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
Se, por exemplo, um sujeito quer matar um inimigo e, pressentido crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
a aproximação de um vulto, atira e vem a matar o próprio pai, previsto em lei.
não incidirá a agravante genérica prevista no artigo 61, inciso II,
alínea “e”, primeira figura. Se, entretanto, o sujeito quer matar o DESCRIMINANTES PUTATIVAS
próprio pai e acaba matando um terceiro desconhecido, incidirá a § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
agravante mencionada. pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
c) Erro na execução do crime (aberratio ictus): Neste caso, o deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
agente, em virtude de um erro na execução do delito, atinge pessoa
diversa da pretendida. Não há erro na representação mental do ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
agente e sim na execução do crime (exemplo: o agente quer matar § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
“A”, mira nele, entretanto erra o tiro, acertando “B”). Existem
duas formas de aberratio ictus: ERRO SOBRE A PESSOA
- Aberratio ictus com resultado único ou com  unidade § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é prati-
simples: somente o terceiro é atingido (terceiro inocente ou vítima cado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as con-
efetiva). O agente responderá pelo crime como se tivesse matado dições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o
a vítima virtual (artigo 73 do Código Penal). agente queria praticar o crime.
- Aberratio ictus com resultado duplo ou com unidade
complexa: o agente atinge o alvo querido, mas também o não ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO (ART. 21)
querido, ou seja, são atingidos a vítima pretendida e o terceiro
inocente. Aplica-se a regra do concurso formal perfeito. O agente Dispõe o artigo 21, em sua primeira parte: “O desconhecimento
responderá, quanto à vítima pretendida, por homicídio doloso e, da lei é inescusável.” O legislador refere-se apenas ao
quanto ao terceiro, por homicídio culposo. “desconhecimento da lei” e não sobre a errada compreensão da

Didatismo e Conhecimento 177


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
lei, como no art. 16. Ignorância é o completo desconhecimento a exclui a culpabilidade é a moral. Tratando-se de coação física, o
respeito da realidade. O erro é o conhecimento falso, equivocado, problema não é de culpabilidade, mas sim de fato típico, que não
a respeito dessa realidade. Embora a palavra desconhecer possa existe em relação ao coagido por ausência de conduta voluntária.
ser interpretada também como um falso conhecimento, é visível o
intuito do legislador em distinguir a mera ausência de conhecimento   2) Coação moral irresistível: Coação moral é o emprego
da lei, inescusável, do erro de proibição, que pode ser escusável. O de grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer alguma
agente supõe ser lícito seu comportamento, porque desconhece a coisa. Moral não é física. Atua na cabeça, na vontade do sujeito.
existência da lei penal que o proíba. Ex.: O sujeito constrange a vítima sob ameaça de morte, a assinar
Trata-se do princípio ignorantia legis neminem excusat um documento falso.
(a ignorância da lei a ninguém escusa): promulgada e publicada Quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob coação
uma lei, torna-se ela obrigatória em relação a todos, não sendo moral irresistível não há culpabilidade em face da inexigibilidade
inimaginável que, dentro do mesmo estado, as leis possam de conduta diversa. A culpabilidade desloca-se da figura do coato
ter validade em relação a uns e não em relação a outros que para a do coator.
eventualmente a ignorem. Não pode escusar-se o agente com A coação moral deve ser irresistível. Tratando-se de coação
a simples alegação formal de que não sabia haver uma lei moral resistível não há exclusão da culpabilidade, incidindo uma
estabelecendo punição para o fato praticado. A segunda parte do circunstância atenuante.
artigo 21 refere-se ao erro de proibição, que exclui a culpabilidade São necessários os seguintes elementos:
do agente pela ausência e impossibilidade de conhecimento da  Existência de um coator: responderá pelo crime
antijuridicidade do fato. Não foram incluídos na disposição o  Irresistível: Não tem como resistir.
desconhecimento da lei, tido como não relevante, e o erro sobre  Proporcionalidade: Proporção entre os bens jurídicos.
os pressupostos fáticos das descriminantes (descriminantes  
putativas), objeto de dispositivo diverso. 3) Obediência hierárquica: Relação de direito público.
A culpabilidade não é elemento do crime, não integra o Subordinação pública. Ordem de superior hierárquico é a
conceito de crime. A culpabilidade, também chamada de juízo de manifestação de vontade de um titular de função pública a um
reprovação, é a possibilidade de se declarar culpado o autor de funcionário que lhe é subordinado, no sentido de que realize uma
um fato típico e ilícito, ou seja, é a responsabilização de alguém conduta positiva ou negativa.
pela prática de uma infração penal. Se a ordem é legal, nenhum crime comete o subordinado (e
O pressuposto para se analisar a culpabilidade é que já exista o nem o superior), uma vez que se encontram no estrito cumprimento
crime, no entanto, o agente da infração penal não responderá pelo de dever legal. Quando a ordem é ilegal, respondem pelo crime o
crime que cometeu. Atualmente, os requisitos para a culpabilidade superior e o subordinado. Ex.: O soldado recebe uma ordem do
são: a imputabilidade, a consciência da ilicitude e a exigibilidade delegado para torturar o preso. Não é aceitável, pois é ilegal.
de conduta diversa.  São necessários os seguintes elementos:
Excluem a culpabilidade;  Obediência às formalidades legais.
a) erro de proibição (art. 21, caput);  Não manifestamente ilegal (Ex.: Tortura, matar)
b) coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);  Obediência estrita.
c) obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte);
d) inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUI-
mental incompleto ou retardado (art. 26, caput); CA
e) inimputabilidade por menoridade penal (art. 27); Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá ILICITUDE
diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE: É a contradição
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe entre a conduta e o ordenamento jurídico, consistindo na prática
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. de uma ação ou omissão ilegal. Todo fato típico, em princípio,
também é ilícito. O fato típico cria uma presunção de ilicitude. É
COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁR- o caráter indiciário da ilicitude. Se não estiver presente nenhuma
QUICA (ART. 22) causa de exclusão da antijuridicidade, o fato também será ilícito,
confirmando-se a presunção da ilicitude. A ilicitude pode ser:
1) Coação física irresistível: Coação física é o emprego Todo fato típico, em princípio, também é ilícito. O fato
de força física para que alguém faça ou deixe de fazer alguma típico cria uma presunção de ilicitude. É o caráter indiciário da
coisa. Ex.: O sujeito mediante força bruta impede que o guarda ilicitude. Se não estiver presente nenhuma causa de exclusão da
ferroviário combine os binários e impeça uma colisão de trens. antijuridicidade, o fato também será ilícito, confirmando-se a
Quando o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, presunção da ilicitude. A ilicitude pode ser:
significa que não está agindo com liberdade psíquica. Não há a a) formal: contradição do fato com a norma de proibição
vontade integrante da conduta, que é o primeiro elemento do fato (é o mesmo conceito de antinormatividade). É o fato típico não
típico. Então não há crime por ausência de conduta. A coação que acobertado pelas causas de exclusão da ilicitude;

Didatismo e Conhecimento 178


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
b) material: a antijuridicidade ocorre quando o fato contraria b) nos crimes de injúria e difamação, quando a ofensa é
a norma e causa uma lesão ou um perigo concreto de lesão ao bem irrogada em juízo na discussão da causa, na opinião desfavorável
jurídico. A conduta não somente está contrária à lei, mas também da crítica artística, literária ou científica e no conceito emitido por
contraria o sentimento de justiça da sociedade (é injusta); funcionário público em informação prestada no desempenho de
c) subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade suas funções;
de avaliar seu caráter criminoso (para essa teoria, inimputável não c) na violação do domicílio, quando um crime está ali sendo
comete fato ilícito); cometido (art. 150, § 3º, II).
d) objetiva: independe da capacidade de avaliação do agente.
Nosso sistema adota essa teoria – porque o inimputável comete EXCLUSÃO DE ILICITUDE
fato ilícito.
A antijuridicidade é sempre objetiva porque independe da Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
culpabilidade do agente. Exemplo: menor pode praticar fato I - em estado de necessidade;
antijurídico, contudo não responde porque não tem culpabilidade. II - em legítima defesa;
Crime, sob o aspecto analítico, é um fato típico e antijurídico. A III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
antijuridicidade é o segundo requisito do crime. regular de direito.

Teoria do Caráter Indiciário da Ilicitude EXCESSO PUNÍVEL


Para Max Ernest Mayer, a ilicitude é a ratio cognoscendi
da tipicidade, ou seja, o fato típico está numa etapa diferente da Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
ilicitude. O fato típico cria uma presunção de ilicitude, que pode artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
ser quebrada pelas causas de exclusão de ilicitude. Essa teoria
opõe-se à teoria da ratio essendi de Edmund Mezger, que sustenta ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
que a ilicitude pertence à tipicidade; que ambas estão fundidas
(teoria dos elementos negativos do tipo). Estrito Cumprimento do Dever Legal: É o dever emanado
da lei ou de respectivo regulamento. O agente atua em cumprimento
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE
de um dever emanado de um poder genérico, abstrato e impessoal.
Se houver abuso, não há a excludente, ou seja, o cumprimento
Antijuricidade ou ilicitude, como já mencionado acima, é a
deve ser estrito. Exemplo: um soldado mata assaltante que faz
contradição do fato, eventualmente adequado ao modelo legal, com
jovem de refém, por ordem de seu superior hierárquico.
a ordem jurídica, constituindo lesão de um interesse protegido.
Como a excludente exige o estrito cumprimento do dever,
A antijuricidade pode ser afastada por determinadas causas,
deve-se ressaltar que haverá crime quando o agente extrapolar os
as determinadas causas de exclusão de antijuricidade; quando isso
limites deste.
ocorre, o fato permanece típico, mas não há crime, excluindo-se
a ilicitude, e sendo ela requisito do crime, fica excluído o próprio
delito; em consequência, o sujeito deve ser absolvido; são causas EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
de exclusão de antijuricidade, previstas no artigo 23 do Código
Penal: estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento Exercício Regular do Direito: consiste na atuação do agente
de dever legal; exercício regular de direito. dentro dos limites conferidos pelo ordenamento legal. O sujeito
Assim, apesar de todo crime, em um primeiro momento, não comete crime por estar exercitando uma prerrogativa a ele
ser considerado um ato ilícito, haverá situações em que mesmo conferida pela lei. Assim, o exercício de um direito não configura
cometendo um crime, isto é, praticando uma conduta expressamente fato ilícito. Exceto se a pretexto de exercer um direito, houver
proibida pela lei, a conduta do agente não será considerada ilícita. intuito de prejudicar terceiro. Exemplos:
As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas exclusão
da antijuridicidade, causas justificantes ou descriminantes) podem a) Ofendículos e defesa mecânica predisposta: os ofendículos
ser: são aparatos visíveis destinados à defesa da propriedade ou de
- causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de qualquer outro bem jurídico. O que os caracteriza é a visibilidade,
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e devendo ser perceptíveis por qualquer pessoa (exemplos: lança
o exercício regular de direito); no portão da casa, caco de vidro no muro etc.). Defesa mecânica
- causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, predisposta é aparato oculto destinado à defesa da propriedade
que podem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio ou de qualquer outro bem jurídico. Podem configurar delitos
da reserva legal, pois aqui se cuida de norma não incriminadora culposos, pois alguns aparatos instalados imprudentemente podem
(exemplo: colocação de piercing; não se trata de crime de lesão trazer trágicas consequências.
corporal, pois há o consentimento do ofendido). Observação: Para o Prof. Damásio de Jesus, nos dois casos,
Existem também causas excludentes específicas, previstas salvo condutas manifestamente imprudentes, é mais correta a
na própria Parte Especial do Código Penal, e que somente são aplicação da justificativa da legítima defesa. A predisposição do
aplicáveis a determinados delitos: aparelho constitui exercício regular de direito, mas, no momento
a) no aborto para salvar a vida da gestante ou quando a em que este atua, o caso é de legítima defesa preordenada (aquela
gravidez resulta de estupro (art. 128, I e II); posta anteriormente a agressão).

Didatismo e Conhecimento 179


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
b) Lesões esportivas: Pela doutrina tradicional, a violência - Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode
desportiva é exercício regular do direito, desde que a violência seja invocar o estado de necessidade. A pessoa que possui o dever legal
praticada nos limites do esporte. Assim, mesmo a violência que de enfrentar o perigo deve afastar a situação de perigo sem lesar
acarreta alguma lesão, se previsível para a prática do esporte, será qualquer outro bem jurídico.
exercício regular do direito (exemplo: numa luta de boxe poderá - Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente
haver, inclusive, a morte de um dos lutadores). deverá ser sacrificado outro bem se não houver outra maneira de
afastar a situação de perigo.
c) Intervenções cirúrgicas: Amputações, extração de órgão - É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do
etc. constituem exercício regular da profissão do médico. Se a perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade
intervenção for realizada em caso de emergência por alguém que da lesão causada pelo fato necessitado.
não é médico, será caso de estado de necessidade.
ESTADO DE NECESSIDADE
d) Consentimento do ofendido: O consentimento do ofendido
exclui a tipicidade quando a discordância da vítima for elemento Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica
do tipo. Exemplo: não há invasão de domicílio se a “vítima” o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua von-
autorizou a entrada em sua casa. tade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Requisitos para exclusão da tipicidade: § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o
- ser o bem jurídico disponível; dever legal de enfrentar o perigo.
- capacidade da vítima em poder dispor do bem; § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
- ser o consentimento dado antes ou durante o fato; ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
- a consciência do agente de que houve consentimento.
Quando a discordância não for elemento do tipo, ocorre causa LEGÍTIMA DEFESA
supralegal de exclusão da ilicitude. O que pode ocorrer no crime
de dano, por exemplo, artigo 163 do Código Penal. E os requisitos Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em
são: disponibilidade do bem; capacidade da vítima em poder dele repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou
dispor.
alheio, usando moderadamente dos meios necessários.
O exercício abusivo do direito faz desaparecer a excludente.
Requisitos da Legítima Defesa
ESTADO DE NECESSIDADE
- Agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana. Não
pode ser confundida com uma simples provocação. Segundo
Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de
NUCCI, a possibilidade de legítima defesa contra provocação é
interesses protegidos pelo direito, em que o agente, para salvar
inadmissível, pois a provocação (insulto, ofensa ou desafio) não é
um bem próprio ou de terceiro, não tem outro meio senão o de
o suficiente para gerar o requisito legal, que é a agressão. No en-
lesar o interesse de outrem; perigo atual é o presente, que está
acontecendo; iminente é o prestes a desencadear-se. tanto o autor faz uma ressalva: quando a provocação for insistente,
O estado de necessidade é uma causa de exclusão de ilicitude, torna-se agressão, justificando, assim, a reação, que deve, contudo,
encontra-se tipificado no art. 24 do CP. Consiste em uma conduta respeitar o requisito da moderação. Se o ataque é comandado por
lesiva praticada para afastar uma situação de perigo. Não é animais irracionais, não é legítima defesa e sim estado de neces-
qualquer situação de perigo que admite a conduta lesiva e não sidade.
é qualquer conduta lesiva que pode ser praticada na situação de - Atual ou iminente: atual é a agressão que está acontecendo e
perigo. Existindo uma situação de perigo que ameace dois bens iminente é a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defesa
jurídicos, um deles terá que ser lesado para salvar o outro de maior contra agressão passada ou futura e também quando há promessa
valor. de agressão.
- A direito próprio ou de terceiro: é legítima defesa própria
Requisitos para a existência do estado de necessidade: quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia
- Perigo deve ser atual ou iminente, ou seja, deve estar quando o sujeito defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa
acontecendo naquele momento ou prestes a acontecer. Quando, alheia mesmo agredindo o próprio terceiro (ex.: em caso de
portanto, o perigo for remoto ou futuro, não há o estado de suicídio, pode-se agredir o terceiro para salvá-lo).
necessidade. - Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à
- Perigo deve ameaçar um direito próprio ou um direito alheio. disposição do agente no momento da agressão.
Abrange qualquer bem protegido pelo ordenamento jurídico. Se o - Moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos
bem não for tutelado pelo ordenamento, não se admite estado de limites para conter a agressão.
necessidade.
- Perigo não pode ter sido criado voluntariamente. Quem Espécies de legítima defesa
dá causa a uma situação de perigo não pode invocar o estado de - Legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária. É a
necessidade para afastá-la. Aquele que provocou o perigo com dolo errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo
não age com estado de necessidade porque tem o dever jurídico de ou erro de proibição. Os agentes imaginam haver agressão injusta
impedir o resultado. quando na realidade esta inexiste.

Didatismo e Conhecimento 180


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro O excesso doloso ou culposo é também aplicável nas demais
plenamente justificável, o agente, por erro supõe ainda existir a excludentes de ilicitude (estado de necessidade, estrito cumpri-
agressão e, por isso, excede-se. Nesse caso, excluem-se o dolo e a mento do dever legal, exercício regular de direito etc.).
culpa (art. 20, § 1º, 1ª parte).
- Legítima defesa sucessiva: é a repulsa do agressor inicial LEGÍTIMA DEFESA
contra o excesso. Assim, a pessoa que estava inicialmente se de-
fendendo, no momento do excesso, passa a ser considerada agres- Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode-
sora, de forma a permitir legítima defesa por parte do primeiro radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
agressor. ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Atenção, enquanto a legitima defesa real é causa de exclusão
da ilicitude do fato. A legítima defesa putativa excluirá o dolo e
consequentemente o fato típico. Isto porque a denominada legiti- 12.2 PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL.
ma defesa putativa na verdade caracteriza erro de tipo, ou seja, o 12.2.1 TÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA
agente tem uma falsa percepção da realidade que faz com que o
AS PESSOAS, CAPÍTULO I – DOS CRIMES
mesmo pense que está agindo em uma situação de legitima defesa,
quando, de fato, não está sofrendo agressão alguma.
CONTRA A VIDA; CAPÍTULO II – DAS
LESÕES CORPORAIS; CAPÍTULO V – DOS
Hipóteses de cabimento da legítima defesa: CRIMES CONTRA A HONRA.
- Cabe legítima defesa real de legítima defesa putativa. Exem-
plo: uma pessoa atira em um parente que está entrando em sua
casa, supondo tratar-se de um assalto. O parente, que também está
armado, reage e mata o primeiro agressor. PARTE ESPECIAL
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa real. Exem- TÍTULO I
plo: A vai agredir B. A joga B no chão. B, em legítima defesa real, DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
imobiliza A. Nesse instante, chega C e, desconhecendo que B está
em legítima defesa real, o ataca agindo em legítima defesa putativa CAPÍTULO I
de A (legítima defesa de terceiro). DOS CRIMES CONTRA A VIDA
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa putativa.        
Ex.: dois desafetos se encontram e, equivocadamente, acham que Homicídio simples
serão agredidos um pelo outro. Art 121. Matar alguém:
- Cabe legítima defesa real contra agressão culposa. Isso por- Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
que ainda que a agressão seja culposa, sendo ela também ilícita, Caso de diminuição de pena
contra ela cabe a excludente. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
- Cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável. relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
Os inimputáveis podem agir voluntária e ilicitamente, embora não emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz
sejam culpáveis. Para agir contra agressão de inimputável, exige- pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
-se, no entanto, cautela redobrada, porque nesse caso a pessoa que Homicídio qualificado
ataca não tem consciência da ilicitude de seu ato. § 2° Se o homicídio é cometido:
Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
subjetiva? motivo torpe;
Resposta: Em tese caberia, pois a partir da continuidade da II - por motivo fútil;
agressão a vítima se torna agressora. Para a jurisprudência, en- III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
tretanto, não é aceita quando o excesso for repelido pelo próprio
ou outro meio
agressor, porque não pode invocar a legítima defesa quem iniciou
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
a agressão, mas o excesso pode ser repelido por terceiro.
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofen-
Excesso dido;
É a intensificação de uma conduta incialmente justificada. V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
Em um primeiro momento o agente está agindo coberto por uma vantagem de outro crime:
excludente, mas, em seguida, a extrapola. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
O excesso pode ser:
a) doloso: descaracteriza a legítima defesa a partir do momen- Homicídio culposo
to em que é empregado o excesso, e o agente responde dolosamen- Pena - detenção, de um a três anos.
te pelo resultado que produzir. Ex.: uma pessoa inicialmente estava Aumento de pena
em legítima defesa consegue desarmar o agressor e, na sequência, § 4o  No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
o mata. Responde por homicídio doloso. terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de pro-
b) culposo (ou excesso inconsciente, ou não intencional): fissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato so-
é o excesso que deriva de culpa em relação à moderação, e, para corro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato,
alguns doutrinadores, também quanto à escolha dos meios neces- ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio,
sários. Nesse caso, o agente responde por crime culposo. Trata-se a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
também de hipótese de culpa imprópria. pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 

Didatismo e Conhecimento 181


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar CAPÍTULO II
de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o pró- DAS LESÕES CORPORAIS
prio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desne-        
cessária.  Lesão corporal
§ 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação Pena - detenção, de três meses a um ano.
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.       (Incluído
pela Lei nº 12.720, de 2012) Lesão corporal de natureza grave
         § 1º Se resulta:
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trin-
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar- ta dias;
-lhe auxílio para que o faça: II - perigo de vida;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta IV - aceleração de parto:
lesão corporal de natureza grave. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Parágrafo único - A pena é duplicada: § 2° Se resulta:
Aumento de pena I - Incapacidade permanente para o trabalho;
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - enfermidade incurável;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
a capacidade de resistência. IV - deformidade permanente;
        V - aborto:
Infanticídio Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró-
prio filho, durante o parto ou logo após: Lesão corporal seguida de morte
Pena - detenção, de dois a seis anos. § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
        agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou-
trem lho provoque: Diminuição de pena
Pena - detenção, de um a três anos. § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
Aborto provocado por terceiro emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Pena - reclusão, de três a dez anos.
        Substituição da pena
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
Pena - reclusão, de um a quatro anos. pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges- de réis:
tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou II - se as lesões são recíprocas.
violência
        Lesão corporal culposa
Forma qualificada § 6° Se a lesão é culposa:
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são Pena - detenção, de dois meses a um ano.
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corpo- Aumento de pena
ral de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas     § 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer
causas, lhe sobrevém a morte. das hipóteses dos §§ 4o  e 6o  do art. 121 deste Código.  (Redação
        dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.

Aborto necessário  Violência Doméstica 


I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; § 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu represen- Lei nº 11.340, de 2006)
tante legal. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação
dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

Didatismo e Conhecimento 182


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o  a 3o  deste artigo, se as II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
pena em 1/3 (um terço).  divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de de deficiência, exceto no caso de injúria.
deficiência.  Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou
promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
(...)        
Exclusão do crime
CAPÍTULO V Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
DOS CRIMES CONTRA A HONRA I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
parte ou por seu procurador;
Calúnia II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cien-
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato tífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
definido como crime: III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, do ofício.
a propala ou divulga. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injú-
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. ria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Exceção da verdade        
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: Retratação
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabal-
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; mente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no        
nº I do art. 141; Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere ca-
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendi- lúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir
do foi absolvido por sentença irrecorrível. explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Difamação
       
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se
reputação:
procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
da violência resulta lesão corporal.
Exceção da verdade
Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do Ministro
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
da Justiça, no caso do inciso I do  caput  do art. 141 deste Códi-
o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
de suas funções. go, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do
        mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Códi-
Injúria go. (Redação dada pela Lei nº 12.033.  de 2009)
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 12.2.2 TÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: PATRIMÔNIO; CAPÍTULO I – DO FURTO;
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta- CAPÍTULO II – DO ROUBO E DA EXTORSÃO;
mente a injúria; CAPÍTULO IV – DO DANO; CAPÍTULO VI –
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES;
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, CAPÍTULO VII – DA RECEPTAÇÃO.
por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltan-
tes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
pena correspondente à violência. TÍTULO II
 § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
ou portadora de deficiência: CAPÍTULO I
Pena - reclusão de um a três anos e multa.  DO FURTO
               
Disposições comuns  Furto
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
um terço, se qualquer dos crimes é cometido: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de go- § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
verno estrangeiro; durante o repouso noturno.

Didatismo e Conhecimento 183


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, disposto no § 3º do artigo anterior.
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem
outra que tenha valor econômico. econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além
Furto qualificado da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído
crime é cometido: pela Lei nº 11.923, de 2009)
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da coisa; Extorsão mediante sequestro
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
destreza; para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do res-
III - com emprego de chave falsa; gate: 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração Sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessen-
for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro ta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.         
Estado ou para o exterior.  Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
        § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Furto de coisa comum Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si § 3º - Se resulta a morte: 
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:  Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.  § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
§ 1º - Somente se procede mediante representação. o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.        
Extorsão indireta
CAPÍTULO II Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
DO ROUBO E DA EXTORSÃO sando da situação de alguém, documento que pode dar causa a
        procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Roubo Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê- (...)
-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. CAPÍTULO IV
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída DO DANO
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim        
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si Dano
ou para terceiro. Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; Dano qualificado
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; Parágrafo único - Se o crime é cometido:
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
agente conhece tal circunstância. II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser fato não constitui crime mais grave
transportado para outro Estado ou para o exterior;  III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empre-
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia
sua liberdade.  mista;
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a a vítima:
reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da
        pena correspondente à violência.
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave Introdução ou abandono de animais em propriedade
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida alheia
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
alguma coisa: sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. prejuízo:
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.         

Didatismo e Conhecimento 184


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico economia popular, assistência social ou beneficência.
ou histórico:        
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Duplicata simulada
        Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
Alteração de local especialmente protegido corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade,
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o ou ao serviço prestado. 
aspecto de local especialmente protegido por lei: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.  
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que fal-
         sificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Dupli-
Ação penal catas.
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo         
e do art. 164, somente se procede mediante queixa. Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de neces-
(...)
sidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou de-
bilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de
CAPÍTULO VI
ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
de terceiro:
Estelionato Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em        
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante Induzimento à especulação
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos periência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem,
mil réis a dez contos de réis. induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. é ruinosa:
155, § 2º. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:        
Fraude no comércio
Disposição de coisa alheia como própria Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad-
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em ga- quirente ou consumidor:
rantia coisa alheia como própria; I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi-
cada ou deteriorada;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - entregando uma mercadoria por outra:
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por
verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
Defraudação de penhor Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
        
objeto empenhado;
Outras fraudes
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
que deve entregar a alguém; efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Fraude para recebimento de indenização ou valor de se- Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
guro ção, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou a pena.
lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da        
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de Fraudes e abusos na fundação ou administração de socie-
seguro; dade por ações
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fa-
Fraude no pagamento por meio de cheque zendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assem-
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em po- bléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocul-
der do sacado, ou lhe frustra o pagamento. tando fraudulentamente fato a ela relativo:

Didatismo e Conhecimento 185


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
constitui crime contra a economia popular. desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
 § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
contra a economia popular:  Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, penas. 
em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao pú- § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isen-
blico ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições eco- to de pena o autor do crime de que proveio a coisa. 
nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o
parte, fato a elas relativo; juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços
ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no ca-
sociais, sem prévia autorização da assembleia geral; put deste artigo aplica-se em dobro.
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; CAPÍTULO VIII
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, DISPOSIÇÕES GERAIS
aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;        
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou previstos neste título, em prejuízo: 
dividendos fictícios; I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo
ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou ou ilegítimo, seja civil ou natural.
parecer;        
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori- crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
I e II, ou dá falsa informação ao Governo. II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para        
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
        I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando
 Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “war- haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
rant”
II - ao estranho que participa do crime.
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
desacordo com disposição legal:
superior a 60 (sessenta) anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
       
Fraude à execução 12.2.3 TÍTULO XI – DOS CRIMES
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA;
ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
CAPÍTULO I – DOS CRIMES PRATICADOS
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. PELOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CONTRA
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL; CAPÍTULO
CAPÍTULO VII II – DOS CRIMES PRATICADOS POR
DA RECEPTAÇÃO PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
        EM GERAL.
Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime,
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: TÍTULO XI
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.  DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Receptação qualificada CAPÍTULO I


§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em DOS CRIMES PRATICADOS
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve        
saber ser produto de crime: Peculato
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
clandestino, inclusive o exercício em residência. ou alheio:

Didatismo e Conhecimento 186


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou públicos:
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de         
funcionário. Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
Peculato culposo ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
de outrem: vantagem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
posterior, reduz de metade a pena imposta. qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
Peculato mediante erro de outrem de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, influência de outrem:
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.         
        Facilitação de contrabando ou descaminho
Inserção de dados falsos em sistema de informações  Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a de contrabando ou descaminho (art. 334):
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad-         
ministração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si Prevaricação
ou para outrem ou para causar dano: ) Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.  de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para sa-
        tisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de in- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
formações         
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de in- Art. 319-A.  Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pú-
formações ou programa de informática sem autorização ou solici- blico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
tação de autoridade competente:  telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.  outros presos ou com o ambiente externo:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi-        
nistração Pública ou para o administrado. Condescendência criminosa
         Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimen-
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, to da autoridade competente:
total ou parcialmente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui        
crime mais grave. Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa funcionário:
da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Concussão         
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- Violência arbitrária
mente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pre-
razão dela, vantagem indevida: texto de exercê-la:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor-
respondente à violência.
Excesso de exação        
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que Abandono de função
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:  em lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.  Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Didatismo e Conhecimento 187


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Resistência
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem
fronteira: lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
         § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- correspondentes à violência.
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,         
substituído ou suspenso: Desobediência
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
        Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Violação de sigilo funcional        
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo Desacato
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato ção ou em razão dela:
não constitui crime mais grave. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e Tráfico de Influência
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
Administração Pública; em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.  Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú- Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
blica ou a outrem:  alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcio-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.  nário. 
                 
Violação do sigilo de proposta de concorrência Corrupção ativa
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pú-   Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
blica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. retardar ato de ofício:
         Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Funcionário público Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exer- de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
ce cargo, emprego ou função pública.        
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, Contrabando ou descaminho
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir,
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido
execução de atividade típica da Administração Pública.       pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores Pena - reclusão, de um a quatro anos.
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos § 1º - Incorre na mesma pena quem: 
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa em lei; 
pública ou fundação instituída pelo poder público.  b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou
descaminho; 
CAPÍTULO II c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual-
DOS CRIMES PRATICADOS POR quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GE- de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
RAL estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
         fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandes-
Usurpação de função pública tina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: de outrem; 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal,
        ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. 

Didatismo e Conhecimento 188


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa-
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.   e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou aplicar apenas a de multa. 
ou descaminho é praticado em transporte aéreo.  § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado
        nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios
 Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência da previdência social. 
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro-
curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ANOTAÇÕES
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. —————————————————————————
       
Inutilização de edital ou de sinal —————————————————————————
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou cons-
purcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou —————————————————————————
inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por —————————————————————————
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer
objeto: —————————————————————————
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
—————————————————————————
Subtração ou inutilização de livro ou documento —————————————————————————
   Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, —————————————————————————
em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
—————————————————————————
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
crime mais grave. —————————————————————————
       
Sonegação de contribuição previdenciária —————————————————————————
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previden-
—————————————————————————
ciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento —————————————————————————
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autôno- —————————————————————————
mo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; 
—————————————————————————
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as —————————————————————————
devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; 
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferi- —————————————————————————
dos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores —————————————————————————
de contribuições sociais previdenciárias: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. —————————————————————————
§ 1o  É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e —————————————————————————
presta as informações devidas à previdência social, na forma defi- —————————————————————————
nida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2o  É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar —————————————————————————
somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
desde que:  —————————————————————————
I – (VETADO) —————————————————————————
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, —————————————————————————
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
suas execuções fiscais. —————————————————————————

Didatismo e Conhecimento 189


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 190

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