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Vejamos alguns conceitos básicos utilizados durante o treina- 2 SEGURANÇA FÍSICA E PATRIMONIAL
mento e prática das técnicas organizacionais: DAS INSTALAÇÕES.
- RONDA: Exercer atividade móvel de observação, de fiscali-
zação, de proteção e de reconhecimento.
Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Segurança Física tem como missão promover e manter a se- e) Vulnerabilidades: toda a carência e/ou falha do sistema
gurança dos usuários, instalações e equipamentos, considerando um defensivo que permita que a instituição seja atingida de forma
conjunto de medidas e atividades empregadas, através de um plane- “violenta” por uma ameaça que se concretizou.
jamento prévio e constante fiscalização, com a finalidade de dotar a f) Sistemas defensivos (de segurança)/meios de proteção:
instituição / organização / empresa do nível de segurança necessário medidas e procedimentos adotados que visam detectar, dificultar,
para o desenvolvimento de suas atividades de administração, produ- alertar, dissuadir e/ou retardar os fatores ameaçadores que pode-
ção, ensino, pesquisa etc. riam romper a proteção da instituição, através de uma ou mais de
Segurança é um ponto importante de autoestima, de cidadania suas vulnerabilidades.
e de responsabilidade social. Por exemplo, quem usa drogas pode
dizer “a vida é minha, faço o que quero”, mas se esquece que, ao
MEIOS DE PROTEÇÃO
comprar drogas, está ajudando a financiar a violência social e o uso
de outros jovens em atividades marginais.
O que deve ser sempre lembrado é que: “A segurança depende Os meios de proteção podem ser classificados em:
de cada um”. É importante que o pessoal se habitue a trabalhar com
segurança fazendo com que ela faça parte integrante de seu trabalho. - meios de proteção física: constituídos de forma permanente
Toda tarefa a ser executada deve ser cuidadosamente programada, ou provisória, com a finalidade de dissuadir ou retardar a ação de
pois, nenhum trabalho é tão importante e urgente que não mereça ser ameaça ao patrimônio. Exemplos: barreiras perimetrais (cercas,
planejado e efetuado com segurança. muros, guaritas, portões...); barreiras estruturais (paredes, portas,
É responsabilidade de cada um zelar pela própria segurança e caixas-fortes...); barreiras provisórias (concertinas de arame far-
das pessoas com quem trabalha. pado, cancelas, divisórias...); sistemas de iluminação de proteção
A Segurança Patrimonial é um conjunto de medidas, capazes (holofotes com sensores de presença, holofotes...), sistemas de
de gerar um estado, no qual os interesses vitais de uma empresa combate a incêndios.
estejam livres de interferências e perturbações.
Conjunto de medidas: A segurança patrimonial não depende - meios eletrônicos de proteção: propiciam proteção adicional
apenas do departamento de segurança da empresa, mas envolve to- e são empregados em locais vitais à instituição, onde pelos mais
dos os seus setores e todo o seu pessoal. variados motivos, a ação humana não vai ser empregada ou neces-
Estado: significa uma coisa permanente. É diferente de uma sita de complemento para melhoria de seu desempenho. Exemplos:
situação, que é temporária.
Circuito Fechado de Televisão; sistemas de alarme; detectores de
Interesses vitais: Os interesses vitais de uma empresa não es-
metais; acionadores eletroeletrônicos de portas, portões; sistemas
tão apenas em não ser roubada ou incendiada. O mercado, os segre-
de radiocomunicação.
dos, a estratégia de marketing, pesquisas de novos produtos devem
igualmente ser protegidos.
Interferências e perturbações: Nada deve impedir o curso - meios metodológicos de proteção: são as normas, diretrizes,
normal da empresa. Deve-se prevenir não apenas contra incêndios determinações, sistemas e orientações adotadas pela instituição
e assaltos, mas também contra espionagem, sequestros de empresá- visando diminuir as vulnerabilidades existentes que por neces-
rios, greves, sabotagem, chantagem, etc. sidade de funcionamento, não podem ser totalmente eliminadas.
Exemplos de meios: sistemas de identificação de pessoal; controle
A segurança é satisfatória quando: de entrada e saída de pessoal, veículos e cargas; levantamento de
- É capaz de retardar ao máximo uma possibilidade de agressão; antecedentes de candidatos; controle de circulação interna; inte-
- É capaz de desencadear forças, no menor espaço de tempo gração de novos empregados; controle, arquivo e destruição de
possível, capazes de neutralizar a agressão verificada. documentos sigilosos; controle de estoque e armazenamento de
ferramentas, materiais, etc.; investigação de incidentes de segu-
Conceitos básicos: rança; treinamentos de segurança patrimonial; busca e coleta de
a) Segurança Patrimonial: É a atividade preventiva e defen- informações; sistema de supervisão.
siva associada à ação de pessoas treinadas, procedimentos e equipa-
mentos de segurança, com a finalidade de proteger os bens patrimo- - força de resposta: a força de resposta de uma instituição
niais contra riscos ocasionais ou provocados por terceiros.
é o ser humano, que por sinal é o mais importante componente
b) Bens Patrimoniais: São todos os bens que possuem algum
do sistema de segurança. De nada adiantariam sofisticados equi-
valor aos seus proprietários. Podem ser materiais (máquinas,
pamentos eletrônicos, se não haverem pessoas para aciona-los,
instalações, objetos...) ou imateriais (imagem, know-how...). Para
especialistas em Recursos Humanos, funcionários de uma empresa controla-los e reagirem, nos momentos em que esses equipamen-
quando desempenhando suas funções, também são patrimônios tos cumprissem suas finalidades (detectar, alarmar, filmar...), por-
desta. tanto, os seres humanos, são os únicos dentro do sistema, capazes
c) Risco: É o produto das ameaças que estão sujeitos os patri- de interpretarem os sinais emitidos pelos equipamentos, analisa-
mônios e os seus pontos de vulnerabilidades. rem os riscos e planejarem as medidas apropriadas, para reagirem
d) Ameaças: São fatores externos peculiares à atividade prin- aos efeitos das ameaças. Pela sua importância, ao ser constituída,
cipal exercida pela instituição, dificilmente serão eliminados, mas deve-se ter cuidado com os seguintes itens: avaliação de riscos;
poderão ser minimizados. Podem ser geradas pela natureza (con- análise do efetivo necessário; organização da guarda, seleção, trei-
dições climáticas) e/ou sociedade (questões ambientais, políticas, namento, qualificação e responsabilidades do efetivo; meios de
econômicas...). supervisão e controle das atividades.
Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Objetivos da segurança patrimonial é assegurar: As normas sobre Proteção de Incêndios classificam o risco que
- Pessoas (diretores, empregados, visitantes, moradores, pa- se apresenta em cada tipo de edifício segundo as suas características,
cientes etc.) para adequar os meios de prevenção.
- Informações (patentes, pesquisas, informações financeiras O Risco atende a três fatores:
etc.) - Ocupação: maior ou menor quantidade de pessoas e o conhe-
- Propriedade (recursos, propriedades, bens negociáveis etc.) cimento que possuem os ocupantes do edifício;
- Composição: A construção do edifício em si, de que materiais
Metas que devem ser contempladas no planejamento de é construído, qual é sua altura, etc;
um projeto de segurança - Conteúdo: Materiais mais ou menos inflamáveis, dentro do
1. Prevenir (a perda de vidas e minimizar as perdas físicas) edifício, podem determinar o fator de risco de um incêndio.
2. Controlar (acessos , pessoas, materiais)
3. Detectar (vigilância) Prevenção e Combate a Incêndios
4. Intervir (responder à agressões)
As causas de um incêndio são as mais diversas: descargas elé-
Análise da atratividade do bem : tricas, atmosféricas, sobrecarga nas instalações elétricas dos edifí-
− Monetário – valor em moeda do patrimônio; cios, falhas humanas (por descuido, desconhecimento ou irrespon-
− Intrínseco – valor embutido na edificação; sabilidade) etc.
− Econômico – valor de produto no mercado; Há vários métodos de prevenção.
− Operacional – valor da infraestrutura e instalações; Para além dos mais óbvios, como inflamações, faíscas, cigarros
− Regulador – valor de produto no mercado, taxas, impostos; acesos, etc em locais de perigo de combustão (Depósitos de Gasoli-
− Intangível – valor de propriedade que em caso de perda não na, Áreas de serviço, etc) existe a forma mais óbvia de assegurar que
pode ser restituído; um incêndio se propague, e essa forma é a área de segurança entre o
− Pessoal – valor emocional foco de fogo e qualquer outro material passível de combustão.
Apesar de não estar regulamentada nenhuma área de seguran-
Avaliação da segurança ça considerada a justa e necessária para o efeito, em caso de um
A avaliação da segurança consiste em avaliar principalmente: incêndio pequeno, por exemplo, uma casa isolada, essa área de se-
os riscos, as ameaças e as vulnerabilidades. gurança entre essa casa e outro qualquer material combustível não
necessitaria ser muito ampla, chegando para o efeito cerca de 15 a
20 metros de distância, uma vez que possíveis fagulhas que teorica-
mente poderiam propagar esse incêndio apagar-se-iam muito antes
de atravessarem essa distância e caírem em material inflamável.
Já no caso de um incêndio de grandes proporções, várias casas
ou uma vasta área florestal (ex: Incêndio de Roma; Incêndio de Chi-
cago), a distância de segurança passaria por ser, segundo algumas
fontes, de 300 a 500 metros de distância. Esta distância de 300 a 500
metros é considerada num caso com grande intensidade de vento,
sendo que de outra forma, esta área de segurança também diminuiria
consideravelmente.
Os cuidados básicos para evitar e combater um incêndio, indi-
cados a seguir, podem salvar vidas e bens patrimoniais.
3 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO.
Cuidados Básicos:
Fatores de Risco, Prevenção e Combate a Incêndios Não brinque com fogo! Um cigarro mal apagado jogado des-
cuidadamente numa lixeira pode causar uma catástrofe. Apague o
Um Incêndio é uma ocorrência de fogo não controlado, que cigarro antes de deixá-lo em um cinzeiro ou de jogá-lo em uma cai-
pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas. xa de areia. Cuidado com fósforos. Habitue-se a apagar os palitos de
A exposição a um incêndio pode produzir a morte, geralmente fósforos antes de jogá-los fora. Obedeça às placas de sinalização e
pela inalação dos gases, ou pelo desmaio causado por eles, ou não fume em locais proibidos, mal ventilados ou ambientes sujeitos
posteriormente pelas queimaduras graves. à alta concentração de vapores inflamáveis tais como vapores de
Nem todos os fogos podem ser considerados incêndios, este é, colas e de materiais de limpeza.
no entanto um tema que o senso-comum tem ao longo dos séculos Nunca apoie velas sobre caixas de fósforos nem sobre materiais
banalizado de forma a que praticamente qualquer foco de fogo tem combustíveis.
sido visto como “incêndio”. O Incêndio para ser caracterizado como Não utilize a casa de força, casa de máquinas dos elevadores e
tal tem que possuir certos fatores inerentes ao mesmo para ser con- a casa de bombas do prédio, como depósito de materiais e objetos.
siderado como tal. Alguns desses fatores são: São locais importantes e perigosos, que devem estar sempre desim-
- A área ardida; pedidos.
- As dimensões da destruição que o mesmo causou; As baterias devem ser instaladas em local de fácil acesso e ven-
- A localização do mesmo. tilado. Não é recomendado o uso de baterias automotivas.
Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Instalações Elétricas - Afaste as pessoas do local e procure ventilá-lo.
- Feche o registro de gás para restringir o combustível e o risco
A sobrecarga na instalação é uma das principais causas de in- de propagação mais rápida do incêndio.
cêndios. Se a corrente elétrica está acima do que a fiação suporta, - Não há perigo de explosão do botijão ao fechar o registro. Se
ocorre superaquecimento dos fios, podendo dar início a um incên- possível, leve o botijão para local aberto e ventilado.
dio. Por isso:
Não ligue mais de um aparelho por tomada. Esta é uma das Vazamento de Gás com Chama:
causas de sobrecarga na instalação elétrica; - Feche o registro e gás. Retire todo o material combustível que
Não faça ligações provisórias. Tome sempre cuidado com as esteja próximo do fogo.
instalações elétricas. Fios descascados quando encostam um no
outro, provocam curto-circuito e faíscas. Chame um técnico qua- Incêndio com Botijão no Local:
lificado para executar ou reparar as instalações elétricas ou quando Se possível, retire o botijão do local antes que o fogo possa
encontrar um dos seguintes problemas: atingi-lo.
Em todas essas situações, chame os BOMBEIROS - telefone
- Constante abertura dos dispositivos de proteção (disjuntores)
193.
- Queimas frequentes de fusíveis;
- Aquecimento da fiação e/ou disjuntores;
Circulação:
- Quadros de distribuição com dispositivos de proteção do tipo
chave-faca com fusíveis cartucho ou rolha. Substitua-os por disjun- - Mantenha sempre desobstruídos corredores, escadas e saídas
tores ou fusíveis do tipo Diazed ou NH; de emergência, sem vasos, tambores ou sacos de lixo.
- Fiações expostas (a fiação deve estar sempre embutida em - Jamais utilize corredores, escadas e saídas de emergência
eletrodutos) como depósito, mesmo que seja provisoriamente.
- Lâmpadas incandescentes instaladas diretamente em torno de - Nunca guarde produtos inflamáveis nesses locais.
material combustível, pois, elas liberam grande quantidade de calor; - As coletas de lixo devem ser bem planejadas para não compro-
- Inexistência de aterramento adequado para as instalações e meter o abandono do edifício em caso de emergência.
equipamentos elétricos, tais como: torneiras e chuveiros elétricos, - As portas corta-fogo não devem Ter trincos ou cadeados. Co-
ar condicionado, etc.; nheça bem o edifício em que você circula, mora ou trabalha, princi-
- Evite aterrá-los em canos d’água. palmente os meios de escape e as rotas de fuga.
ATENÇÃO: toda a instalação elétrica tem que estar de acordo Lavagem De Áreas Comuns
com a Norma Brasileira NBR 5410 da ABNT (Associação Brasilei-
ra de Normas Técnicas) Evite sempre que águas de lavagem atinjam os circuitos elétri-
cos e/ou enferrujem as bases das portas corta-fogo.
Equipamentos Elétricos Não permita jamais que a água se infiltre pelas portas dos eleva-
dores, pois isso pode provocar sérios acidentes.
Antes de instalar um novo aparelho, verifique se não vai sobre-
carregar o circuito. Utilize os aparelhos elétricos somente de modo Métodos De Extinção Do Fogo
especificado pelo fabricante.
Há três meios de extinguir o fogo:
Instalações De Gás 1. Abafamento:
Consiste em eliminar o comburente (oxigênio) da queima,
fazendo com que ela enfraqueça até apagar-se. Para exemplificar,
Somente pessoas habilitadas devem realizar consertos ou mo-
basta lembrar que quando se está fritando um bife e o óleo liberado
dificações nas instalações de gás. Sempre verifique possíveis vaza-
entra em combustão, a chama é eliminada pelo abafamento ao se
mentos no botijão, trocando-o imediatamente caso constate a míni- colocar a tampa na frigideira. Reduziu-se a quantidade de oxigênio
ma irregularidade. existente na superfície da fritura. Incêndios em cestos e lixo podem
O botijão que estiver visualmente em péssimo estado deve ser ser abafados com toalhas molhadas de pano não-sintético. Extinto-
imediatamente recusado. res de CO2 são eficazes para provocar o abafamento.
Para verificar vazamento, nunca use fósforos ou chama, apenas
água e sabão. 2. Retirada do Material:
Nunca tente improvisar maneiras de eliminar vazamentos, Há duas opções de ação na retirada de material:
como cera, por exemplo. Coloque os botijões sempre em locais ven- a) Retirar o material que está queimando, a fim de evitar que o
tilados. fogo se propague;
Sempre rosqueie o registro do botijão apenas com as mãos, para b) Retirar o material que está próximo ao fogo, efetuando um
evitar rompimento da válvula interna. isolamento para que as chamas não tomem grandes proporções.
Aparelhos que usam gás devem ser revisados pelo menos a
cada dois anos. 3. Resfriamento:
O resfriamento consiste em tirar o calor do material. Para isso,
Vazamento de Gás sem Chama: usa-se um agente extintor que reduza a temperatura do material em
- Ao sentir cheiro de gás, não ligue ou desligue a luz nem apa- chamas. O agente mais usado para combater incêndios por resfria-
relhos elétricos. mento d’ água.
Didatismo e Conhecimento 4
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Classes de Incêndio e Agentes Extintores
Quase todos os materiais são combustíveis; no entanto, devido a diferença na sua composição, queimam de formas diferentes e exigem
maneiras diversas de extinção do fogo. Convencionou-se dividir os incêndios em quatro classes.
Extintores De Incêndio:
Mesmo não tendo sido usado o extintor, a recarga deve ser feita:
- Após 1 (um) ano: tipo espuma;
- Após 3 (rês) anos: tipo Pós Químico Seco e Água Pressurizada;
Didatismo e Conhecimento 5
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- Semestralmente: se houver diferença de peso que exceda 5% Extintores de Espuma
(tipo Pó Químico Seco e Água Pressurizada), ou 10% (tipo CO2);
Esvazie os extintores antes de enviá-los para recarga; A espuma é um agente indicado para aplicação em incêndios
Programe a recarga de forma a não deixar os locais desprote- “CLASSE A e CLASSE B”. Os extintores têm prazo máximo de
gidos; utilização de cinco anos, dentro da validade da carga e/ou do reci-
A época de recarga deve ser aproveitada para treinar as equipes piente.
de emergência.
Instruções para uso do Extintor de Espuma:
O Corpo de Bombeiros exige uma inspeção anual de todos os 1. Leve o aparelho até o local do fogo;
extintores, além dos testes hidrostáticos a cada cinco anos, por fir- 2. Inverta a posição do extintor (FUNDO PARA CIMA)
ma habilitada. Devem ser recarregados os extintores em que forem 3. Dirija o jato contra a base do fogo
constatados vazamentos, diminuição de carga ou pressão e venci- Obs.: Se o jato de espuma não sair, revire-o uma ou duas vezes,
mento de carga. para reativar a mistura.
São necessárias, no mínimo, duas pessoas para manusear a O gás carbônico, também conhecido como dióxido de carbono
mangueira de um hidrante. A mangueira deve ser acondicionada na ou CO2, é mau condutor de eletricidade e, por isso, indicado em
caixa de hidrante em função do espaço disponível para manuseá-la, incêndios “CLASSE C”. Cria ao redor do corpo em chamas uma
a fim de facilitar sua montagem para o combate ao fogo. atmosfera pobre em oxigênio, impedindo a continuação da combus-
tão.
O Uso Dos Extintores É indicado também para combater incêndios da «CLASSE B»,
de pequenas proporções.
Instruções para o uso de extintor de água pressurizada. Repare
Instruções para o uso do Extintor de CO2:
se no extintor tem tudo o que está descrito:
1. Retire o pino de segurança que trava o gatilho
2. Aperte o gatilho e dirija o jato à base do fogo.
1. Etiqueta ABNT
2. Etiqueta de advertência
Pó Químico Seco (PQS)
3. Etiqueta indicativa de operação
4. Recipiente
O extintor de Pó Químico Seco é recomendado para incêndio
5. Bico ejetor em líquidos inflamáveis (“CLASSE B”), inclusive aqueles que se
6. Orifício para alívio de pressão queimam quando aquecidos acima de 120º C, e para incêndios em
7. Tampa com junta de vedação interna equipamentos elétricos (“CLASSE C”).
8. Cilindro e gás O extintor de Pó Químico Seco pode ser pressurizável
9. Etiqueta indicativa de classe
Instruções para uso do Extintor de Pó Químico Seco Pressuri-
1. Etiqueta ABNT zável:
2. Etiqueta de advertência 1. Puxe a trava de segurança para trás ou gire o registro do ci-
3. Etiqueta indicativa de operação lindro (ou garrafa) para a esquerda, quando o extintor for de Pó Quí-
4. Recipiente mico com pressão injetável.
5. Tubo sifão 2. Aperte o gatilho
6. Manômetro 3. Dirija o jato contra a base do fogo procurando cobrir toda a
7. Gatilho área atingida com movimentação rápida.
8. Difusor
9. Mangueira Hidrantes e Mangotinhos
10. Alça de transporte
11. Trava de segurança IMPORTANTE: Para recarga ou teste hidrostático escolha uma
12. Etiqueta indicativa da classe firma IDÔNEA.
Os hidrantes e mangotinhos devem ser mantidos sempre bem
Importante: sinalizados e desobstruídos.
1. O extintor de água pressurizada é indicado para aplicações
em incêndio “CLASSE A”; A caixa de incêndio contém:
2. Por serem condutoras de eletricidade, a água e a espuma não - Registro globo com adaptador, mangueira aduchada (enrolada
podem ser utilizadas em incêndios de equipamentos elétricos ener- pelo meio) ou ziguezague, esguicho regulável (desde que haja con-
gizados (ligados na tomada). A água e a espuma podem provocar dição técnica para seu uso), ou agulheta, duas chaves para engate e
curtos-circuitos; cesto móvel para acondicionar a mangueira.
3. O extintor de água pressurizada não é indicado para combate - mangotinho deve ser enrolado em “oito” ou em camadas nos
a incêndio em álcool ou similar. Nesse caso, o agente extintor indi- carretéis e pode ser usado por uma pessoa apenas. Seu abrigo deve
cado é o Pó Químico. ser de chapa metálica e dispor de ventilação.
Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Verifique se: Baterias:
a) A mangueira está com os acoplamentos enrolados para fora, As baterias devem ser instaladas acima do piso e afastadas da
facilitando o engate no registro e no esguicho; parede, em local seco, ventilado e sinalizado. Providencie a manu-
b) A mangueira está desconectada do registro; tenção periódica das baterias, de acordo com as indicações do fabri-
c) estado geral da mangueira é bom, desenrole-a e cheque se cante; devem ser verificados seus terminais (pólos) e a densidade
não tem nós, furos, trechos desfiados, ressecados ou desgastados; do eletrólito.
d) registro apresenta vazamento ou está com o volante em-
perrado; Alarme De Incêndio
e) Há juntas amassadas;
Os alarmes de incêndio podem ser manuais ou automáticos. Os
f) Há água no interior das mangueiras ou no interior da caixa
detectores de fumaça, de calor ou de temperatura acionam automa-
hidrante, o que provocará o apodrecimento da mangueira e a oxi-
ticamente os alarmes.
dação da caixa.
O alarme deve ser audível em todos os setores da área abrangi-
da pelo sistema de segurança.
ATENÇÃO: Nunca jogue água sobre instalações elétricas As verificações nos alarmes precisam ser feitas periodicamente,
energizadas. seguindo as instruções do fabricante.
- Nunca deixe fechado o registro geral do barrilete do reserva- A edificação deve contar com um plano de ação para otimizar
tório d’água. (O registro geral do sistema de hidrantes localiza-se os procedimentos de abandono do local, quando do acionamento do
junto à saída do reservatório d’água). alarme.
- Se for preciso fazer reparo na rede, certifique-se de que, após
o término do serviço, o registro permaneça aberto. Sistema de Som e Interfonia
- Se a bomba de pressurização não der partida automática, é
necessário dar partida manual no painel central, que fica próximo Os sistemas de som e interfonia devem ser incluídos no plano
à bomba de incêndio. de abandono do local e devem ser verificados e mantidos em funcio-
- Nunca utilize a mangueira dos hidrantes para lavar pisos ou namento de acordo com as recomendações do fabricante.
regar jardins.
- Mantenha sempre em ordem a instalação hidráulica de emer- Portas Corta-Fogo
gência, com auxílio de profissionais especializados.
As portas corta-fogo são próprias para isolamento e proteção
das rotas de fuga, retardando a propagação do fogo e da fumaça.
Instalações Fixas De Combate A Incêndio
Elas devem resistir ao calor por 60 minutos, no mínimo (veri-
fique se está afixado o selo de conformidade com a ABNT). Toda
As instalações fixas de combate a incêndios destinam-se a de- porta corta-fogo deve abrir sempre no sentido de saída das pessoas.
tectar o início do fogo e resfriá-lo. Seu fechamento deve ser completo. Além disso, elas nunca de-
Os tipos são: vem ser trancadas com cadeados ou fechaduras e não devem ser
a) Detector de fumaça; usados calços, cunhas ou qualquer outro artifício para mantê-las
b) Detector de temperatura; abertas. Não se esqueça de verificar constantemente o estado das
c) Detector de chama; molas, maçanetas, trincos e folhas da porta.
d) Chuveiro automático: redes de pequenos chuveiros no teto
dos ambientes; Rotas De Fuga
e) Dilúvio: gera um nevoeiro d’água;
f) Cortina d’água: rede de pequenos chuveiro afixados no teto, Corredores, escadas, rampas, passagens entre prédios gemina-
alinhados para, quando acionados, formar uma cortina d’água; dos e saídas, são rotas de fuga e estas devem sempre ser mantidas
g) Resfriamento: rede de pequenos chuveiros instalados ao desobstruídas e bem sinalizadas.
redor e no topo de tanques de gás, petróleo, gasolina e álcool. Ge- IMPORTANTE: Conheça a localização das saídas de emergên-
ralmente são usados em áreas industriais; cia das edificações que adentrar.
h) Halon: a partir de posições tomadas pelo Ministério da Saú- Só utilize áreas de emergência no topo dos edifícios e as passa-
de, o Corpo de Bombeiros tem recomendado a não utilização desse relas entre prédios vizinhos na total impossibilidade de se utilizar a
escada de incêndio.
sistema, uma vez que seu agente é composto de CFC, destruidor
As passarelas entre prédios tem que estar em paredes cegas ou
da camada de ozônio.
isoladas das chamas.
LEMBRE-SE: é sempre aconselhável DESCER.
Iluminação De Emergência
Lixeiras
A iluminação de emergência, que entra em funcionamento
quando falta energia elétrica, pode ser alimentada por gerador ou As portas dos dutos das lixeiras devem estar fechadas com alve-
bateria e acumuladores (não automotiva). naria, sem possibilidade de abertura, para não permitir a passagem
A iluminação de emergência é obrigatória nos elevadores. da fumaça ou gases para as áreas da escada ou entre andares do
Faça constantemente a revisão dos pontos de iluminação. edifício.
Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Para-raios O monitoramento possibilita que o conjunto de dispositivos de
segurança eletrônica instalados, como alarmes perimetrais e CFTV
Os para-raios deve ser o ponto mais alto do edifício. Massas seja controlado 24 horas por dia 7 dias por semana através de meios
metálicas como torres, antenas, guarda-corpos, painéis de propagan- físicos de transmissão variados como telefonia fixa ou celular, ondas
da e sinalização devem ser interligadas aos cabos de descida do pa- de rádio, satélites e redes de comunicação. Conectados a uma Cen-
ra-raios, integrando o sistema de proteção contra descargas elétricas tral de Monitoramento que pode receber todas as informações sobre
atmosféricas. O para-raios deve estar funcionando adequadamente. violação de perímetro, acionamento de botão de pânico ou CFTV,
Caso contrário, haverá inversão da descarga para as massas metáli- proporcionamos respostas rápidas, eficientes e dentro dos mais rigo-
cas que estiverem em contato com o cabo do para-raios. rosos padrões internacionais de segurança.
Os para-raios podem ser do tipo FRANKLIN ou GAIOLA DE Destacaremos, a seguir, os sistemas e equipamentos eletrônicos
FARADAY. O tipo Radioativo/Iônico tem sua instalação condenada de segurança mais utilizados:
devido à sua carga radioativa e por não Ter eficiência adequada. A - Kit Investigativo: Possuído de micro câmeras esse kit consti-
manutenção dos para-raios deve ser feita anualmente, por empresas
tui na utilização de identificação de roubos ou furtos internos as mi-
especializadas, conforme instrução do fabricante. É preciso observar
cro câmeras são instaladas de modo que fique oculta, com gravação
a resistência ôhmica do aterramento entre elétrodos e a terra (máxi-
em DVR para utilização jurídica caso necessário.
mo de 10 ohm), ou logo após a queda do raio.
- Central de Alarme: Placa central de monitoramento utiliza-
Brigada Contra Incêndio da para gerenciar os alarmes instalados, (Botão de pânico, Iva, Ivp,
sensores de abertura, quebra de vidro, fumaça...). Em todos os casos
A equipe de emergência é a Brigada de Combate a Incêndio. Ë gera-se um relatório informado via linha telefônica, o evento com
uma equipe formada por pessoas treinadas com conhecimento sobre total precisão para uma central externa que assim tomará as devidas
prevenção contra incêndio, abandono de edificação, pronto-socorro providencia.
e devidamente dimensionada de acordo com a população existente O sistema de CFTV, ou circuito fechado de televisão, é a forma
na edificação. mais eficiente de produção de imagens em tempo real para siste-
Cabe à esta equipe a vistoria semestral nos equipamentos de mas de segurança. Constituído por câmera(s), meio de transmissão e
prevenção e combate a incêndios, assim como o treinamento de monitor, pode ser utilizado em inúmeras aplicações. Desde escolas
abandono de prédio pelos moradores e usuários. condomínios, residências, estabelecimentos comerciais, empresas
A relação das pessoas com dificuldade de locomoção, perma- até instituições financeiras.
nente ou temporária, deve ser atualizada constantemente e os pro- - R.F (Right Frequency): Sistema de modulação e de-modula-
cedimentos necessários para a retirada dessas pessoas em situações ção de imagem. Podendo com esse sistema realizar a transmissão de
de emergência devem ser previamente definidos. A equipe de emer- varias imagem em um único cabo coaxial, sem limite de distancia.
gência deve garantir a saída dos ocupantes do prédio de acordo com - DVR STAND ALONE: Gravador digital para câmeras, sis-
o “Plano de Abandono”, não se esquecendo de verificar a existên- tema totalmente independente, captura e grava imagens em HDD
cia de retardatários em sanitários, salas e corredores. O sistema de interno, geralmente usado em residências.
alto-falantes ajuda a orientar a saída de pessoas; o locutor recebe - QUAD: Equipamento destinado a utilizar um monitor e vi-
treinamento e precisa se empenhar para impedir o pânico. A relação sualizar até 4 câmeras simultaneamente tendo função também de
e localização dos membros da equipe de emergência deve ser conhe- sequenciar as imagens conforme o tempo determinado.
cida por todos os usuários. - Câmera Fixa: Câmera destinada para visualização de um
ponto específico com variáveis de modelos e lentes conforme visto
previamente por análise de luminosidade, ângulo e localização.
4 IDENTIFICAÇÃO, EMPREGO E - PTZ OU SPEED DOME: Câmera com movimentação por
UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS controle manual ou automático (predefinido pelo usuário) podendo
ELETRÔNICOS DE SEGURANÇA: SENSORES, ter até 360° de movimentação, essas possuem zoom para aproximar
SISTEMAS DE ALARME, CERCAS a imagem para visualização dos detalhes. Utilizadas em locais de
ELÉTRICAS, CFTV (CIRCUITO FECHADO DE grandes áreas a serem monitoradas.
TELEVISÃO). - Câmera IP: Utilizada exclusivamente para monitoramento via
internet.
- Placa de Captura: Hardware destinado a captura e gerencia-
O sistema de segurança ideal é aquele que promove a intera- mento de imagens obtendo recursos para gravação, reprodução local
ção do homem com os equipamentos eletrônicos, a fim de que a e remoto (via internet com visualização por IP).
coligação entre ambos possa promover um nível de proteção satis- - Cerca Elétrica: Barreira de fios de aço eletrificada somente
fatória. Atualmente no mercado, existem os mais variados números utilizada em muros acima de 1.80m em área comum de passagem
e tipos de equipamentos eletrônicos de segurança à disposição dos (muros, grades, marquises...). Choque de 8.000 a 10.000Volts (pul-
usuários, portanto, deve-se adquirir aqueles que mais se adaptem às sativo) na área urbana e até 5 joules em áreas Rurais ou afastadas de
necessidades do local a ser protegido. alta circulação de pessoas. Obs. Choque não fatal.
Entende-se por Sistema Eletrônico de Segurança o conjunto - Cerca Concertina: nada mais é do que uma “evolução” das
de elementos técnicos destinados a advertir in loco ou a distância tradicionais cercas de arame farpado. O uso da Cerca Concertina é
qualquer evento que pode acarretar risco para vidas, bens ou conti- mais comum para proteção de propriedade (casas e prédios) e no uso
nuidade das atividades. militar para isolamento de áreas.
Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Sensores passivos infravermelhos: São sensores que Em defesa pessoal utilizam-se técnicas simples e evitam-se mo-
utilizam o princípio do radar, onde o sensor emite continuamente um vimentos complexos.
sinal constante e permanece na espera do retorno do sinal refletido Utilizam-se principalmente bloqueios, retenções e alavancas
de um eventual corpo se movimentando na área sensoreada. Este para dominar o adversário o mais rapidamente possível, encurtando
sensor é do tipo módulo único, tendo a emissão do feixe e seu siste- o tempo de combate com o objetivo de evitar riscos e deixar em
ma detector conjugados em uma única peça. Tais sensores não tem segundo plano, diferenças físicas.
um alcance muito grande - algo em torno de 15 m. A defesa com mãos nuas pode completar se com armas próprias
- Sensores ativos infravermelhos: São sensores que se uti- ou impróprias, que podem ser facas, armas de fogo ou qualquer ob-
lizam de uma barreira de luz IR alinhada, cujo rompimento dessa jeto que esteja acessível no momento do conflito.
barreira por um corpo em movimento aciona o sensor. A distância No âmbito civil tenta-se dominar o adversário de maneira segu-
entre o módulo emissor e receptor (uma vez que são necessários dois ra e sem provocar danos excessivos, devido à responsabilidade civil
módulos) pode chegar a até 60 m em área aberta ou fechada, sem da ação defensiva, quando ultrapassa os limites da legítima defesa.
sofrer eventuais interferências solares ou externas. A defesa pessoal é baseada nos fundamentos de alguns esportes e /
- Sensores de Quebra de Vidros: Usados em janelas e portas ou artes marciais, como o judô, o aikido ou karate. O caráter princi-
para detectar quebra de vidros. Trabalham através de frequência so- pal da defesa pessoal é evitar o uso da força, podendo ser aplicado
nora. a oponentes de maiores dimensões ou com força muscular. É por
- Sensores Magnéticos: são um meio comum de proteger aquela razão que as técnicas básicas como os golpes únicos (que se
portas e janelas. Quando abertos acionam o alarme. executam contra o oponente com uma parte específica dos nossos
- Sensores de impacto: Existem de dois tipos: o mais simples corpos) como o uso da palma da mão, as articulações dos dedos e
é uma espécie de pêndulo que se põe em movimento (como uma as partes macias ou golpes de joelho, passando as demais por técni-
balança) na superfície onde estão instalados. O segundo tipo funcio- cas mais profissionais como vários tipos de chutes, e também mais
na como uma espécie de microfone, que capta o som do ambiente avançadas como desequilíbrios ou imobilizações (que são usadas
(batida em vidro ou no chão) para detectar um impacto. em defesa pessoal de polícia ou em modalidades esportivas como o
- Sensores de gás e fumaça: São sensores que utilizam uma karate) são as aplicações compreendidas na defesa pessoal.
Já no âmbito militar utilizam-se técnicas com maior poder ofen-
câmara iônica interna responsável pela detecção. Este tipo de detector
sivo e letal, valendo-se também de armas. Algumas artes, a exemplo
é praticamente à prova de erros, uma vez que os componentes da
do systema (da Rússia) e do krav magá (de Israel), são de origem
câmara apenas reagem com o gás ou as partículas de fumaça e
militar, mas se espalharam também para uso civil.
fuligem presentes apenas em situações de combustão.
Segundo alguns estudiosos, “a Defesa Pessoal nasceu da neces-
- Interruptor automático de presença: Ativa a iluminação ao
sidade da sobrevivência do homem diante das situações de risco”.
detectar um movimento em um raio de + ou - 10 metros. Após uma
Segundo a maioria dos mestres, e alguns historiadores do as-
duração regulável de 10 segundos a 10 minutos, apaga automati-
sunto, a defesa pessoal é antecessora das artes marciais. As técnicas
camente a iluminação. Ainda é possível regular o funcionamento
de luta utilizadas nos vários conflitos da humanidade, sejam ideoló-
conforme o nível de iluminação ambiente. gicos, territoriais, ou de qualquer outra etiologia, mostram a defesa
- Porteiro Eletrônico com Vídeo Acoplado: Controlar o aces- pessoal sem nenhuma definição de estilo ou modalidade e sim defi-
so ao seu escritório ou residência é uma parte vital de um completo nida como a Arte de Guerra.
sistema de segurança. Com uma câmera acoplada ao seu porteiro As escrituras milenares de Sun Tzu, conhecidas como A Arte
eletrônico é possível identificar visualmente o visitante. da Guerra, trazem ensinamentos para as diversas áreas da vida. A
- Controle de Acesso: Sistema de teclado de senha utilizado integridade física e a defesa da vida também estão descritas em suas
para controlar aberturas de portas, tem característica parecida se linhas.
comparado com as portas normais que têm uma chave para permitir Relatos históricos nos fazem perceber que a Defesa Pessoal,
a entrada Num sistema micro processado, apenas ao digitar uma se- ou a necessidade de alto defesa, foi a mãe das Artes Marciais, estas,
nha, a porta se abrirá. variando em muitos aspectos como, cultura, religião, características
- IVA: Infravermelho ativo, usado como barreira de passagem estrutural de um povo etc. Mas em todos os estilos objetiva-se a
não visto a olho nu. garantia da integridade pessoal.
- AUTO IRIS: Lente para câmera de vigilância com poder de Sejam utilizadas em guerras, seja por indivíduos pacatos que
ajustar conforme luminosidade do ambiente. pretendem garantir seu direito de paz, mesmo que para isso tenham
que se utilizar da força necessária. Isso nos traz a outra garantia que
temos sobre a origem da Defesa Pessoal: ela foi criada para que pes-
soas mais fracas, através do conhecimento técnico, possam superar
5 DEFESA PESSOAL.
pessoas mais fortes em um combate ou situação de risco.
A aplicação de leis físicas, tais como “sistema de alavanca, mo-
mento de força, equilíbrio, centro de gravidade e o estudo minucioso
Defesa pessoal, ou autodefesa (do inglês self-defense), é um dos pontos vitais do corpo humano” propiciou a seus criadores fazer
conjunto de vários métodos que têm como fim neutralizar um ataque do JIU-JITSU uma arte científica de luta. Vale salientar que des-
pessoal. sa mesma origem, dessa mesma semente, saíram vários estilos de
As técnicas de defesa pessoal têm sido derivadas das artes Autodefesa, como por exemplo, o Aikido e outras Artes que, como
marciais tradicionais, adaptadas para uso por pessoas comuns, para o Judô, que têm em sua essência os princípios das alavancas e da
defender-se mesmo em sua vida normal. utilização da força do oponente contra ele mesmo.
Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
PRINCÍPIOS A SEREM UTILIZADOS NA DEFESA garantir a sua integridade física. A verdadeira e difícil essência da
PESSOAL defesa pessoal, em traços gerais, consiste em prevenir a agressão
Princípio da repetição: Deve ser exercitado até se tornar au- e controlar o(s) agressor(es), valendo-se de métodos e ferramentas
tomaticamente perfeito em sua reação, e mesmo assim continuar estudadas, sem violência e sem força excessiva. Do ponto de vista
com a sua manutenção e treinamentos constantes. legal não podemos nos defender de qualquer agressão com força
Princípio da dor: A dor é o domínio sobre seu adversário, ou violência superior àquela imprimida pelo agressor - ou passa-
quanto maior a dor, maior o domínio. Podemos imobilizá-lo, dis- mos nós a ser os agressores e passíveis de processo judicial. Para
traí-lo ou lesioná-lo gravemente tirando-o de combate. combinar estas questões é necessário estudar técnicas e métodos,
Princípio da adaptação: A técnica se adapta ao adversário. Co- escolher um sistema de defesa pessoal baseado neste conceito que
nhecer os detalhes das técnicas, suas alavancas e pontos de pressão se adapte a cada pessoa.
é fundamental para garantir sua efetividade. Hoje em dia, o perigo de sermos atacados na rua é quase imi-
Princípio da mudança: Quando uma técnica não der certo, nente. A qualquer hora de qualquer dia podemos ser abordados
mude para outra. Preferencialmente utilizando as barreiras de uma por alguém com intenções menos sérias, próprias ou convenientes.
como alavanca para outra. Assim, para nosso próprio bem, devemos estar preparados para
Princípio da versatilidade: Uma técnica para várias situações, esta eventualidade. Recomendo vivamente a qualquer pessoa que
e várias técnicas para uma situação. aprenda o mais depressa possível a defender-se, nem que apenas
No estudo da ciência de qualquer Arte Marcial, é fundamen- algumas coisas básicas, mas aprendam. Não é uma questão de gos-
tal o conhecimento de alguns pontos sensíveis ou vitais do corpo tar de artes marciais, não é uma questão de gostar de violência... é
humano. Tal estudo e identificação já é um diferencial de estilo uma questão de sobrevivência. Existem imensas páginas que en-
de uma a outra Arte, ou seja, alguns pontos são conhecidos e ex- sinam como se defender, alguns golpes, movimentos e técnicas
plorados para determinado estilo e completamente ignorados por básicas de defesa pessoal. Existem livros, manuais, folhetos, etc.
outros. A aprendizagem da defesa pessoal, obedece a uma ordem
crescente de controle e inteligência, sua prática é recomendada por
Pontos sensíveis e sua utilização na defesa pessoal:
médicos, psicólogos e educadores, como integrante da educação,
1. Cana do nariz e base do nariz- Golpes traumáticos diretos;
paliativo das tensões psíquicas e fator de desenvolvimento físico;
saídas de agarramentos quando os braços estiverem soltos; saídas
seus movimentos regulam o controle motor, atuando como efeito
de gravatas laterais; retirada de agressor em contato contra tercei-
de psicomotricidade, autoconfiança e total controle de si mesmo,
ros; etc..
condicionando os reflexos, induzindo as decisões rápidas e seguras
2. Olhos - Golpes traumáticos diretos; saídas de agarramentos
em situações caóticas e consequentemente desprovido de comple-
quando os braços estiverem soltos; saídas de gravatas laterais e
xos de seus praticantes.
pelas costas; retirada de agressor em contato contra terceiros; etc..
A defesa pessoal tem por finalidade o desenvolvimento do po-
3. Queixo – Golpes traumáticos cruzados, muito eficientes
tencial de todos os homens e visa, principalmente a incolumidade
para desnorteamento momentâneo do infrator.
física do indivíduo. Assim o seu praticante, mesmo fisicamente fra-
4. Carótidas – Estrangulamentos e condução; podem levar o
indivíduo a óbito. co, adquire condições de se defender de qualquer agressão através
5. Traqueia – Saídas de agarramentos quando os braços esti- de movimentos que tem como base os movimentos e técnicas, sem
verem soltos, e assim como as carótidas, é agredida para estran- precisar necessariamente usar a força ou a violência desmedida.
gulamentos, e nunca deve ser usada em golpes traumáticos, pois A prática salutar da defesa pessoal desenvolve a personali-
também podem levar o indivíduo a óbito. dade do indivíduo, estimulando as qualidades positivas morais e
6. Plexo solar – Golpes traumáticos diretos, muito eficientes intelectuais do praticante, desenvolvendo-o física e mentalmente,
para desnorteamento momentâneo do infrator. fazendo com que seus praticantes se tornem pessoas confiantes,
7. Articulações – Ombro, cotovelo e punho, muito utilizados pois, eliminando do subconsciente o medo do golpe físico, que
para desarmes, conduções e projeções ao solo. No domínio para todos têm naturalmente, o praticante de defesa pessoal, se torna
utilização das algemas. As do joelho e pés, focadas para chutes e apto a enfrentar qualquer agressão e o que é muito importante, a
contenções no solo. transpor qualquer situação difícil em qualquer setor da vida. Fácil
pois é verificar a utilidade da defesa pessoal na educação, já que a
DIAGNÓTICO DA CENA CRÍTICA. criança e o jovem, vítimas maiores da insegurança e dos temores,
Uma boa técnica de Defesa Pessoal se inicia através do estudo, bem depressa aprendem a ter confiança em si mesmo e passam a
rápido e preciso da “CENA CRÍTICA”. Esta nada mais é do que ter maior desenvolvimento nos estudos, nos esportes em geral e
tudo que envolve um conflito entre o(s) meliante(s) e o indivíduo mesmo no relacionamento familiar, pois, quando se tornam con-
a ser agredido injustamente. Esse diagnóstico, ou análise, tem que fiantes, conseguem diminuir e até mesmo eliminar a agressividade
ser definido, dentro das possibilidades, o mais breve e completo. peculiar dos inseguros e adquirem a desinibirão indispensável ao
Para muitos, defesa pessoal significa violência física ou a ne- relacionamento com os semelhantes. Isto é válido também para os
cessidade de nos defendermos de uma agressão usando de violên- adultos, pois a confiança em si próprio é a mola mestra do sucesso
cia física. O conceito de defesa pessoal é, na verdade, muito mais em qualquer ramo da atividade humana, notadamente na função
complexo: a violência física, caso se verifique necessária, deve ser policial militar, onde, se exige decisões que estão constantemente
apenas o último recurso para quem necessita defender-se e assim sob análise crítica da Corporação e principalmente da sociedade.
Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
teis como pistolas, fuzis, submetralhadoras e metralhadoras onde
6 ARMAMENTO E TIRO. as armas podem ser usadas e tomadas individualmente. Por defini-
ção, deve ser de um tamanho inferior a 20 mm, e pesar menos de
20 kg e ter balas de fogo inertes.
Em seguida vamos acompanhar o que dispõe a “Cartilha de
Uma arma de fogo é um artefato que lança um ou muitos pro- Armamento e Tiro” elaborada pelo Serviço de Armamento e Tiro
jéteis, geralmente sólidos, em alta velocidade através da queima de da Academia Nacional de Polícia e pelo Serviço Nacional de Ar-
um propelente confinado. Este processo de queima subsônica é tec- mas.
nicamente conhecido como deflagração, em oposição a combustão
supersônica conhecida como detonação. Em armas de fogo mais
CARTILHA DE ARMAMENTO E TIRO
antigas, o propulsor era tipicamente a pólvora negra ou a cordite,
mas armas de fogo modernas usam a pólvora sem fumaça ou outros
propelentes. A maioria das armas de fogo mais modernas (com a no- 1. ARMA DE FOGO
tável exceção das armas de alma lisa) tem canos estriados (ranhuras
internas) para dar giro ao projétil visando dar melhor estabilidade 1.1. CONCEITO
ao voo do mesmo. É imprescindível para o funcionamento letal da
arma de fogo também a munição.
Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um
Partes de uma arma de fogo cano pela pressão de gases em expansão produzidos por uma carga
São partes de uma arma de fogo: propelente em combustão.
- Cano ou tubo
- Câmara de expansão dos gases 1.2. CLASSIFICAÇÃO
- Culatra
- Sistema de disparo ou percussão 1.2.1. Quanto à alma do cano
- Sistema de segurança
- Sistema de mira
- Cabo ou dispositivo de ancoragem A alma é a parte oca do interior do cano de uma arma de fogo,
- Municiador ou carregador
que vai geralmente desde a culatra até a boca do cano, destinada a
- Tipo de ação
resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora
e outros explosivos e a orientar o projétil. Pode ser lisa ou raiada,
Tipos de projéteis
Os primeiros projéteis utilizados eram bolas inertes de ferro dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada.
fundido ou de pedra. Então, para as armas de menor calibre eram
utilizados no tiro (pequenos pedaços de ferro ou chumbo). São Alma raiada
atualmente utilizados projéteis encapsulados em uma jaqueta con-
tendo tanto a parte útil (o projétil), quanto a propulsão (explosão
mistura) e um gatilho inicia-lo. Uma arma é compartimentada para
munições definidas estritamente quanto a forma e as dimensões (ca-
libre, tamanho e morfologia, mas também o seu soquete) e o tipo de
fogo. Uma munição pode estar disponível em versões diferentes,
incluindo cargas e projéteis diferentes.
O conteúdo da parte útil pode variar muito dependendo do tipo
de uso da arma:
- metralha,
- bala apontou ponta. A ponta pode ser do tipo ogival, canto-
-vivo, semi-canto-vivo, ogival de ponta plana, cone truncado, semi-
-ogival e de ponta oca.
- bola redonda.
A alma é raiada quando o interior do cano tem sulcos helicoi-
- bala jaqueta, encamisada.
dais dispostos no eixo longitudinal, destinados a forçar o projétil a
- carga explosiva.
- carga moldada. um movimento de rotação.
- carga química.
- carga biológica. Alma lisa
Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Armas Curtas:
Pistolas – Modernamente podemos conceituar pistola como arma curta, raiada, portátil, semi-automática ou automática, de ação simples,
ação dupla, dupla ação e híbrida, com câmara no cano, a qual utiliza o carregador como receptáculo de munição. Existem pistolas de repetição
que não dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente pelo atirador. Seu nome provém de Pistoia, um velho centro de ar-
meiros italianos.
Revólveres – Arma curta de alma raiada ou lisa, portátil, de repetição, na qual os cartuchos são colocados em um cilindro giratório (tambor)
atrás do cano, podendo o mecanismo de disparo ser de ação simples ou dupla.
Rifles – Termo muito comum, de origem inglesa, que significa o mesmo que fuzil. Arma longa, portátil que pode ser de uso militar/policial
ou desportivo; de repetição, semiautomática ou automática.
Fuzil de Assalto – Fuzil Militar de fogo seletivo de tamanho intermediário entre um fuzil propriamente dito e uma carabina.
Carabina (Carbine) – Geralmente uma versão mais curta de um fuzil de dimensões compactas, cujo cano é superior a 10 polegadas e
inferior a 20 polegadas (geralmente entre 16 e 18 polegadas).
Submetralhadora – Também conhecida no meio Militar como metralhadora de mão, é classificada assim por possuir cano de até 10 pole-
gadas de comprimento e utilizar cartuchos de calibres equivalentes aos das pistolas semiautomáticas.
Metralhadora – Arma automática, que utiliza cartuchos de calibres equivalentes ou superiores aos dos fuzis; geralmente necessita mais
de uma pessoa para sua operação.
Armas Longas – Alma Lisa:
Espingardas - Arma longa, de alma lisa, que utiliza cartuchos de projéteis múltiplos ou de caça.
Antecarga – Qualquer arma de fogo que deva ser carregada pela boca do cano.
Retrocarga – Arma de fogo carregada pela parte de trás ou extremidade da culatra.
Repetição – Arma capaz de ser disparada mais de uma vez antes que seja necessário recarregá-la, as operações de realimentação são feitas
pela ação do atirador. Pode ser equipada com carregador, tambor ou receptáculo (tubo).
Semiautomático – Sistema pelo qual a execução do tiro se dá pela ação do atirador (um acionamento da tecla do gatilho para cada disparo);
as operações de extração, ejeção e realimentação se darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos de cada disparo.
Automático – Sistema pelo qual a arma, mediante o acionamento da tecla do gatilho e enquanto esta estiver premida, atira continuamente,
extraindo, ejetando e realimentando a arma até que se esgote a munição de seu carregador ou cesse a pressão sobre o gatilho.
Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
1.2.5. Quanto ao sistema de acionamento
Ação simples – No acionamento do gatilho apenas uma operação ocorre, o disparo; sendo que a operação de armar o conjunto de disparo
já foi feita antes.
Ação dupla – No acionamento do gatilho ocorrem duas operações, a primeira é o armar do conjunto de disparo e a segunda é o disparo
propriamente dito.
Dupla ação – Sistema onde se faz possível a execução do tiro tanto em ação simples, como em ação dupla.
Ação híbrida – A operação de armar o conjunto de disparo ocorre em duas etapas, uma antes e outra depois do disparo.
REVÓLVER
PISTOLA
Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
ESPINGARDA PUMP
Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
ESPINGARDA COMUM
CARABINA DE REPETIÇÃO
Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
RIFLE SEMIAUTOMÁTICO
Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
3. NORMAS DE SEGURANÇA 25. NUNCA modifique as características originais da arma, e
nos casos onde houver a necessidade o faça através armeiro profis-
1. Somente aponte sua arma, carregada ou não, para onde sional qualificado;
pretenda atirar; 26. NUNCA porte sua arma quando estiver sob efeito de subs-
2. NUNCA engatilhe a arma se não for atirar; tâncias que diminuam sua capacidade de percepção (álcool, drogas
3. A arma NUNCA deverá ser apontada em direção que não ilícitas, medicamentos);
ofereça segurança; 27. NUNCA transporte ou coldreie sua arma com o cão ar-
4. Trate a arma de fogo como se ela SEMPRE estivesse car- mado;
regada; 28. Munição velha ou recarregada NÃO é confiável, podendo
5. Antes de utilizar uma arma, obtenha informações sobre ser perigosa.
como manuseá-la com um instrutor credenciado;
6. Mantenha seu dedo estendido ao longo do corpo da arma SÃO CONSIDERADAS ARMAS DE USO PERMITIDO,
até que você e esteja realmente apontando para o alvo e pronto para CONFORME LEGISLAÇÃO EM VIGOR:
o disparo;
7. Ao sacar ou coldrear uma arma, faça-o SEMPRE com o 1. Armas de fogo curtas, de repetição ou semiautomáticas,
dedo estendido ao longo da arma; cuja munição comum tenha, na saída de cano, energia de até trezen-
8. SEMPRE se certifique de que a arma esteja descarregada tas libras-pé ou quatrocentos e sete joules e suas munições, como
antes de qualquer limpeza; por exemplo os calibres: 22 LR, 25 AUTO, 32 AUTO, 32 S&W, 38
9. NUNCA deixe uma arma de forma descuidada; SPL e 380 auto.
10. Guarde armas e munições separadamente e em locais fora 2. Armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semiauto-
do alcance de crianças; máticas, cuja munição comum tenha, na saída de cano energia de até
11. NUNCA teste as travas de segurança da arma, acionando mil libras-pé ou mil trezentos e cinquenta e cinco joules e suas mu-
a tecla do gatilho; nições, como por exemplo os calibres: 22 LR, 32-22, 38-40 e 44-40;
12. As travas de segurança da arma são apenas dispositivos
3. Armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semiautomáti-
mecânicos e não substitutos do bom senso;
ca, calibre 12 ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior
13. Certifique-se de que o alvo e a zona que o circunda sejam
do que 24 polegadas ou seiscentos e de milímetros e suas munições
capazes de receber os impactos de disparos com a máxima segu-
de uso permitido;
rança;
4. Armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação
14. NUNCA atire em superfícies planas e duras ou em água,
de mola, com calibre igual ou inferior a 6 milímetros e suas muni-
porque os projéteis podem ricochetear;
ções de uso permitido;
15. NUNCA pegue ou receba uma arma, com o cano apontado
5. Armas que tenham por finalidade dar partida em compe-
em sua direção;
16. SEMPRE que carregar ou descarregar uma arma, faça tições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente
com o cano apontado para uma direção segura; pólvora.
17. Caso a arma “negue fogo”, mantenha-a apontada para o
alvo por alguns segundos. Em alguns casos, pode haver um retarda-
mento de ignição do cartucho;
7 SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS.
18. SEMPRE que entregar uma arma a alguém, entregue-a
descarregada;
19. SEMPRE que pegar uma arma, verifique se ela está real-
mente descarregada;
20. Verifique se a munição corresponde ao tamanho e ao ca- Em segurança considera-se risco qualquer evento capaz de pro-
libre da arma; duzir perdas ou danos, seja de ordem humana (a vida e a integridade
21. Quando a arma estiver fora do coldre e empunhada, NUN- física), ou de ordem patrimonial (englobam os bens tangíveis e in-
CA a aponte para qualquer parte de seu corpo ou de outras pessoas tangíveis).
ao seu redor, só a aponte na direção do seu alvo; Análise de riscos é o processo utilizado para detectar, quantifi-
22. Revólveres desprendem lateralmente gases e alguns resí- car, analisar e oferecer subsídios para priorizar o controle dos riscos
duos de chumbo na folga existente entre o cano e o tambor. Pistolas que recaem sobre o patrimônio tangível ou intangível ou sobre de-
e Rifles ejetam estojos quentes lateralmente; quando estiver atiran- terminada pessoa física ou jurídica.
do, mantenha as mãos livres dessas zonas e as pessoas afastadas; A análise de risco é uma das principais ferramentas que o gestor
23. Tome cuidado com possíveis obstruções do cano da arma de segurança tem para auxiliá-lo no processo decisório a respeito de
quando estiver atirando. Caso perceba algo de anormal com o recuo que tipo de processo será elaborado, quais serão as prioridades de
ou com o som da detonação, interrompa imediatamente os disparos, ação, até que ponto compensa investir na prevenção e no controle de
descarregue a arma e verifique cuidadosamente a existência de obs- cada risco, que tipo de procedimento será necessário e viável, e etc.
truções no cano; um projétil ou qualquer outro objeto deve ser ime- Os riscos podem ser provenientes de atos humanos, sejam eles
diatamente removido, mesmo em se tratando de lama, terra, graxa, criminosos ou não; oriundos de catástrofes naturais, que são os ris-
etc., a fim de evitar danos à arma e/ou ao atirador; cos incontroláveis; podem ser de ordem técnica, quando ocorrem
24. SEMPRE utilize óculos protetores e abafadores de ruídos determinados imprevistos, falhas técnicas ou mecânicas; ou causa-
quando estiver atirando; dos por mudanças politicas, ou ainda procedentes de acidentes.
Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Vulnerabilidades frequentes:
•Rotina
•Improvisação
•Desmotivação
•Despreparo profissional
•Falta de informações
•Falta de interação da autoridade com o sistema de Segurança
Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
SIGILOSOS: quando se procura furtar do conhecimento públi- •Os itinerários deverão ser reconhecidos no mesmo sentido em
co este deslocamento, agindo com discrição e se possível, utilizando que a Autoridade se deslocar;
transportes que não denunciem o citado deslocamento. •Caso haja necessidade de mudar o itinerário, por vontade da
Autoridade ou decisão do Chefe da Segurança, é necessário que o
d) Quanto ao horário: esquema de Segurança (Segurança Velada, Policiamento Ostensivo
DIURNOS: realizado à luz do dia, com todas as implicações e de Trânsito) tenha condições de se deslocar para o outro itinerário;
que um deslocamento nessas condições enfrenta (trânsito, pedestres, •Verificar nos lugares de embarque e desembarque da Autorida-
etc.). Para se diminuir o tempo de deslocamento, haverá necessidade de, o tipo de entrada e saída do veículo (ortodoxo e não-ortodoxo;
de emprego de força policial (trânsito); mão e contramão).
NOTURNOS: as condições são opostas às acima descrita. Não
há necessidade de envolvimento de grandes efetivos policiais na Se- Planejamento:
gurança. •Após o reconhecimento, é feita uma reunião para planejar o
esquema de Segurança a ser empregado;
e) Quanto à Extensão: •O planejamento deve ser o mais detalhado possível, distribuin-
CURTOS: deslocamentos realizados dentro do perímetro urba- do missões a todos os componentes do esquema de Segurança, de
no; uma forma simples e com clareza;
LONGOS: grandes deslocamentos fora do perímetro urbano ou •Deverá haver bastante entrosamento em todos os setores en-
mesmo fora da cidade (zona rural ou outras cidades). volvidos no esquema de Segurança, de modo a haver continuidade
no desenvolvimento dos trabalhos.
f) Quanto à Flexibilidade:
FLEXÍVEIS: quando há possibilidade de mudança no deslo- Decisão:
camento (itinerários alternativos) para outras opções de acesso e de Baseado nos quatro itens anteriores (tipo de deslocamento, exa-
retiradas dos locais a serem percorridos; me na carta, reconhecimento e planejamento), a decisão será então
NÃO FLEXÍVEIS: quando não há esta possibilidade (ex.: to- limitada à escolha do itinerário Principal e dos itinerários Alterna-
tivos.
davia sem retorno).
Quanto aos Meios Empregados
Execução
SIMPLES: deslocamentos que não exigem grande emprego de
meios (ex. deslocamentos inopinados e sigilosos);
Montagem do Dispositivo:
COMPLEXOS: há necessidade de grande emprego de meios.
•De acordo com o planejamento feito, cada chefe de setor de-
A utilização de pessoal e meios em apoio fica condicionado aos se-
verá assumir a sua missão e distribuir o seu pessoal, que deverá ter
guintes fatores:
pleno conhecimento de sua atuação;
•Importância da Autoridade; •Especial atenção para o pessoal empenhado nos pontos críticos
•A disponibilidade de pessoal e material; e pontos dominantes. Infiltração na multidão, da Segurança Velada
•A conjuntura atual. para sentir a reação do público em face de presença da Autoridade;
•Manter sempre uma reserva em condições de reforçar os pon-
Quanto às Comunicações: tos necessários;
Qualquer que seja o deslocamento há necessidade de uma rede •Verificar durante a montagem do dispositivo, o pleno conheci-
de comunicações. O comando da operação será feito pelo Chefe da mento da missão do pessoal em apoio: hospital, bombeiros, tropas
Segurança, se necessário, o comando poderá ser feito através da de choque, helicóptero, etc.
Central.
Reconhecimento final:
Exame na Carta: No dia do evento, após a montagem do dispositivo, com tempo
O exame na carta é importante para as fases posteriores de reco- suficiente antes da passagem da Autoridade, as equipes Precursora e
nhecimento no local e planejamento, por parte da Segurança. Vistoria realizam uma última inspeção no dispositivo. Etapas equi-
pes deverão manter contato permanente com o Chefe da Segurança
Deverá seguir os seguintes itens: para a eventualidade de uma mudança de itinerário (se necessário)
•Seleção das estradas que poderão ser utilizados nos diversos
itinerários; Tipificação das Ações Agressoras
•Escolha das estradas que permitam os deslocamentos sem pro-
blemas; Atentados:
•Identificar os pontos críticos. É preferível evitá-los, porém se Tudo pode ser motivo para um atentado: a necessidade de mo-
não for possível, reforçar a segurança nestes locais. dificar a situação político-social através do uso do terrorismo e vio-
lência; o fato de que a eliminação física de uma autoridade pode
Reconhecimento: propiciar mudanças no regime político e instauração de uma nova
•O reconhecimento é feito por etapas de acordo com a progra- ordem; a motivação de que a vítima é responsável por eventual cri-
mação da Autoridade, levando-se em consideração o tipo de deslo- se econômica ou pelas dificuldades financeiras enfrentadas pelos
camento e os dados fornecidos pelo exame na carta; agressores; a busca vantagem financeira; o desequilíbrio mental dos
•Não devemos desprezar nunca a possibilidade de um atentado, seus autores ou ainda motivações de antagonismo, o ódio, a vingan-
por menor que seja; ça, o ciúme etc.
Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Um “Planejamento de Segurança de Dignitários” é especial- Criminosos Comuns
mente pensado e existe para fazer frente a um conjunto de amea-
ças previsíveis pela segurança. É dimensionado em função direta Embora se possa estranhar a inclusão desse grupo adverso,
das pessoas e grupos antagônicos, bem como dos recursos (talentos vale lembrar que diversas autoridades, notadamente em horários de
técnicos, militantes e simpatizantes, meios bélicos, disponibilidade folga ou em seus deslocamentos, já foram alvo de roubos ou fur-
financeira etc) dos quais tais eventuais agressores podem lançar mão tos e que tais ocorrências - que bem poderiam ser dissuadidas pela
no intento de desmoralizar, sequestrar, ferir ou matar aquela auto- efetiva presença ostensiva dos agentes de segurança - acabam por
ridade que é objeto da proteção. No geral, uma segurança pessoal desmoralizar, tanto a autoridade, quanto aqueles que se dedicavam
será condicionada pela necessidade de sobrepujar seus opositores a protegê-la.
potencialmente mais poderosos; e se qualificando obstinadamente
para fazer frente ao mais perigoso, a tendência (embora não a regra) Matadores Profissionais, “Pistoleiros” Ou “Assassinos De
é que consiga prevenir, dissuadir e atuar com sucesso, em face de Aluguel”
ocorrências adversas de menor gravidade, risco e sofisticação.
Profissionais do extermínio, normalmente agem de forma sele-
Fatores a serem considerados para o planejamento e execução tiva, focando apenas seus alvos especificamente. Estudam pormeno-
de um trabalho de segurança de dignitários: rizadamente seus alvos, anotam seus hábitos e rotinas, a segurança
•Grau de risco; que os cerca, planejam suas ações de forma poderem efetuar o aten-
•Importância da autoridade; tado com êxito sem se exporem à possibilidade de captura. Variando
•Conjuntura atual; em direta relação com a importância de seus alvos (e também da
•Comportamento da autoridade; segurança que os protege) podem empregar meios tecnologicamente
•Disponibilidade de recursos materiais e humanos. caros e sofisticados como armas longas com lunetas, miras infraver-
melhas, lançadores de foguetes, venenos, substâncias radioativas,
Vantagens para o executante do atentado: artefatos explosivos disfarçados etc.
•Conhecimento do local da ação;
•Disponibilidade de tempo para o planejamento; Crime Organizado
•Possibilidade de ocultação entre o público, convidados ou im-
prensa; •Despreparo do elemento de segurança; Tratam-se de organizações criminosas e como tal dispõe de re-
•Rotina conhecida e vazamento de informações das atividades cursos financeiros de grande monta, permitindo custear atentados
da autoridade; que podem ser elaborados e dispendiosos. Os “modus-operandi”
•Meios de comunicações deficientes; variam desde as ações perpetradas por numerosos grupos armados
•Falta de cooperação da autoridade. (no estilo “Bonde”, como são chamados os comboios do tráfico
carioca), às ações com atiradores de longo alcance da Máfia e as
Fontes de hostilização: bombas dos cartéis colombianos. Vale lembrar a ação contra o Juiz
•Organizações de informações adversas; Giovanne Falcone na Sicília, Itália em 1992, quando a Máfia identi-
•Organizações terroristas; ficou diversas rotas empregadas nos deslocamentos do magistrado,
•Outros: Missões Diplomáticas hostis, Imprensa, Pessoas, etc. minou (com cerca de uma tonelada de explosivos) uma extensão de
50m de estrada, e detonou a carga com extrema precisão cronomé-
Propósito dos atentados: trica, no momento que o comboio da autoridade passava pelo local
DESMORALIZAÇÃO, causado através do escândalo, normal- a 100Km/h.
mente com ampla divulgação pela imprensa;
SEQUESTRO, com a finalidade de auferir vantagem política Loucos ou Psicopatas
ou lucro financeiro;
EXTERMÍNIO da vítima, como propósito extremo, quando Embora as ações desses grupos variem desde a simples agres-
atingido o objetivo ou com a finalidade de encobrir a identidade e são física de mãos nuas às facadas e tiros à queima roupa, o principal
fuga do elemento adverso. risco repousa na absoluta imprevisibilidade de suas ações. Não se
CAUSAR TERROR ou pânico entre a população. pode estimar quem poderá atentar, onde agirá, quando e por quais
meios, gerando uma indefinição extremamente perigosa para a segu-
Desafetos rança. Embora alguns desequilibrados mentais possam ser facilmen-
te identificáveis (e por conseguinte previsíveis, como o inofensivo
Um ex-correligionário ou ex-amigo pode tentar aproximar-se “Beijoqueiro”, que se notabilizou por beijar personalidades como o
do segurado a fim de agredi-lo verbal ou fisicamente, valendo das cantor Frank Sinatra, o Papa João Paulo II e inúmeras outras cele-
mãos nuas, de armas brancas, armas de fogo ou qualquer recurso bridades) outros, dos quais ninguém desconfiaria, “a priori”, já pro-
que a sua qualificação pessoal ou profissional permita empenhar varam ser capazes de disparar contra presidentes ou celebridades.
contra nosso protegido. Em tal situação, que uma equipe de segu-
rança bem estruturada poderá enfrentar com sucesso, a segurança Partidos, Agremiações Ou Grupos Políticos De Oposição
deverá ter conhecimento prévio da existência do referido desafeto,
identificar-lhe as feições, e salvo em casos especialíssimos (como se Na América Latina vem sendo extremamente comum o recurso
por exemplo o antagonista for um exímio atirador ou um especialis- do assassinato político de juízes, prefeitos, vereadores, deputados e
ta em explosivos), apenas lhe caberá impedir que o referido cidadão até senadores. Para prevenir tais ações é extremamente importan-
possa te acesso ao dignitário. te avaliar as implicações da vida política do segurado, buscando a
Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
identificação e conhecimento da personalidade de seus adversários, bem como de seu histórico de conduta e amizades. Por mais que tal prática
venha a encontrar opositores no âmbito da nossa romântica sociedade civil, se deve investigar a ação de pessoas ou grupos de tendência política
contrária, que possam intentar contra a autoridade protegida. As informações oriundas dos levantamentos de inteligência são o alicerce do pla-
nejamento de uma segurança de dignitários. É extremamente difícil proteger contra complôs, os quais normalmente contam com a colaboração
de pessoas próximas ao protegido.
Organizações Terroristas
No âmbito dos grupos realizadores de atentados, as organizações terroristas são adversários prioritários das equipes encarregadas da pro-
teção de altas autoridades. Normalmente tais organizações são objeto da vigilância constante dos órgãos de inteligência nacionais, os quais
procuram munir os setores de segurança dos respectivos dignitários, de todos os indícios e informações disponíveis sobre possíveis ações adver-
sas. Dispondo de recursos técnicos e de integrantes treinados e extremamente motivados as organizações terroristas são uma ameaça que vem
requerer da segurança planejamentos elaborados e esquemas dispendiosíssimos para proporcionar mínimas garantias aos segurados.
Quadro comparativo de motivações, atentados e contramedidas.
Observando-se o quadro abaixo, observa-se a eficiência da segurança aproximada como contramedida da maioria dos tipos de atentado.
Segurança Avançada: Um agente de segurança pode realizar a coleta de informações nos locais que serão visitados pelo VIP, sendo deno-
minado nesta função de “Avançado ou Precursor”. O agente percorre o trajeto e inspeciona o local, elaborando relatório dos possíveis riscos, se
apresentando aos funcionários e/ou outros agentes do local e colhe informações dos protocolos existentes. As informações proporcionam dados
relevantes ao planejamento da segurança, tais como, mapas, rotas alternativas, nomes de pessoas relevantes à segurança, números de telefone,
esboços e entradas, saídas, pontos críticos e estratégicos.
Segurança Velada: É o grupo de agentes que se infiltram no público, são distribuídos nos locais dos eventos, ou nos itinerários do VIP,
procurando detectar, informar e neutralizar possíveis ameaças.
Segurança Aproximada: Agentes que executam a proteção imediata, ficando posicionados próximos e constantemente ao redor do VIP,
cabendo resguardá-lo, reagir a ameaças e retirá-lo em caso de emergência.
Deslocamento móvel e a pé
ESCOLTA MOTORIZADA
Um ponto fundamental em uma equipe de segurança é quando a Autoridade/VIP se desloca em veículos. Existem procedimentos para
diminuir a possibilidade de ocorrências, ou o emprego de técnicas/táticas para enfrentar as ameaças. O veículos do VIP e da equipe de escolta
devem ser potentes, fáceis de manejar e acima de tudo confiáveis.
O veículo deve:
•Estar em perfeitas condições de uso;
•Ter todos os equipamentos de segurança da viatura obrigatórios checados;
Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
•A viatura da Autoridade/VIP deve ser preferencialmente blin- Blindagens:
dada;
•Utilizar carros com quatro portas, preferencialmente com me- As blindagens foram desenvolvidas como recurso de proteção
nos de dois anos de uso, boa potência e em cores discretas; contra projéteis disparados contra o veículo. A superfície externa
•Possuir dois estepes na viatura dos seguranças; do veículo é classificada em região opaca, onde a proteção é cons-
• Equipamentos de comunicação; truída com chapas de aço e mantas de aramida, e região transpa-
• Manter as portas trancadas e os vidros fechados. rente onde o vidro é construído com camadas intercaladas de vidro
e policarbonato, mantendo o grau necessário de transparência para
Vistoria dos Veículos: assegurar as condições de dirigibilidade e conforto ao dirigir. Os
a) Parte Externa: pneus também devem ser blindados.
•Pneus e rodas;
•Piscas e lanternas; Aprimoramentos e Conhecimentos do Veículo:
•Espelhos;
•Abertura de Portas e Janelas;
•Calibragem dos pneus – a maioria dos fabricantes recomenda
•Procurar plásticos, fios, fitas, adesivos, principalmente na
26 ou 28 libras, entretanto, para que os pneus não estourem com
parte inferior do veículo.
uma manobra brusca (um cavalo-de-pau, por exemplo), o ideal é
b) Parte Interna:
colocar 40 libras;
•Verificar o compartimento do Motor e o Porta-Malas;
•Aprenda a abrir por dentro o porta malas do veículo;
•Verificar a bateria do veículo;
•Verificar o painel, estepe, rádios, limpadores, tapetes, nível •Tenha no porta malas do veículo: lanterna (verifique regu-
do óleo do motor, freios, etc.; larmente as pilhas), canivete com lâmina serrilhada, duas latas de
•Procurar qualquer material estranho deixado no veículo com “Tire Repair”, evitando a troca de pneus em locais isolados e tele-
atenção especial embaixo dos bancos do veículo e no porta-luvas; fone celular desligado (verifique regularmente a bateria);
•Conheça o centro de gravidade do veículo – Hatchbacks em
ATRIBUIÇÕES geral (Gol, Palio, Fiesta, Corsa, etc) possuem o CG deslocado mais
a frente, devido ao peso do motor, isso faz que eles tendam a jogar
- Motoristas: a traseira em curvas fechadas ou frenagens bruscas.
•Películas (Insufilme) – Aspectos positivos: A maior parte das
•Respeitar as regras e normas do trânsito, exceto em situações abordagens ocorre nos deslocamentos e paradas do veículo, a pe-
de emergência que necessitem evadir-se do local; lícula dificulta a análise do risco para o marginal, ao impedir a
•Detectar as ameaças e informar qualquer suspeita a equipe visualização de seu interior. Aspectos negativos: O nível de escu-
de segurança; recimento permitido pelo Detran não impede que o marginal faça
•Conhecer os princípios de direção defensiva, evasiva e ofen- um reconhecimento do interior do veículo. Utilizar níveis acima
siva; do permitido prejudica a visibilidade à noite e sob chuva. Uma
•Permanecer atento para evitar ser engavetado ou bloqueado outra desvantagem é que, caso a vítima esteja sendo mantida como
nos deslocamentos ou áreas de estacionamento; refém dentro de seu próprio veículo, a película pode dificultar a
•Estudar o itinerário, conhecendo os possíveis pontos de intervenção de policiais, já que não podem perceber a ocorrência.
apoio, rotas alternativas e de fuga;
•Ter condições de operar os meios de comunicação em situa- Tipos de Escolta Motorizada
ções de emergência;
•Trabalhar em conjunto com a equipe de escolta evitando que As situações de risco ocorrem com maior frequência durante o
os veículos se distanciem ou se percam um do outro; deslocamento do VIP. O número de carros envolvidos depende da
•Auxiliar na vistoria e verificar as condições gerais do veículo.
disponibilidade de veículos, de pessoal, do grau de risco envolvido
•Manter o veículo sempre abastecido, sem esquecer da im-
e do nível do VIP. Dois carros, da equipe de escolta e do VIP, é o
portância de abastecer o veículo em locais seguros e de confiança,
mínimo recomendado.
para evitar sabotagens por meio de combustível adulterado (for-
çando o veículo a parar).
1 – Um veículo - VIP + Motorista segurança:
- Equipe de Escolta:
Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
2 – Dois veículos
É o esquema utilizado quando há pequeno grau de risco. O carro da segurança deve ficar a retaguarda.
3 – Três Veículos
Quando há razoável grau de risco são utilizados dois veículos de uso exclusivo da segurança.
4 – Comboios
Comboios são utilizados para VIP´s ou Dignitários de Alto grau de risco. É comum nos comboios, uma equipe avançada reconhecer o
itinerário para detectar possíveis riscos, facilitar o fluxo do comboio, controlar a aproximação de outros veículos ou escolher caminhos alter-
nativos. É importante coordenar os trabalhos com as outras equipes que estarão atuando, a fim de evitar desencontros de informações, decisões
conflitantes, quebra de hierarquia/protocolo, ou situações de incidentes internacionais.
Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
DESLOCAMENTOS
Batidas/Colisões
São táticas utilizadas para parar a equipe de segurança ou o VIP. Os marginais batem na traseira do veículo, ou colidem com sua lateral
fazendo com que o carro perca o controle. É importante estar atento a aproximação de outros veículos e percebendo uma armadilha, não parar
no local.
Conversões
O veículo da Equipe de Escolta (E), se posiciona para evitar que outros carros ultrapassem o carro do VIP (V).
Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Posicionamento Inteligente Integrantes
Cruzamentos são especialmente perigosos. Os marginais apro- - Líder ou Mosca: É o agente de segurança que coordena a
veitam a parada do veículo para abordar a vítima. Procure verificar a equipe de escolta, responsável direto por proteger/retirar o VIP em
cor do semáforo, estando fechado diminua a velocidade do veículo, situações de risco.
mantendo o carro em movimento o maior tempo possível (dificulta - Alas: são os agentes que ajudam o trabalho do Líder,
a abordagem dos marginais), estando aberto aumente a velocidade subdividindo-se em: Ala Lateral: Posicionado na Lateral da equipe,
procurando evitar ficar parado no cruzamento. A Equipe de Escol- auxilia na retirada do VIP, combate ao(s) agressor(es); Ala Avan-
ta trabalha em conjunto com o Motorista do VIP para diminuir os çado (ou Ponta): Posiciona-se a frente no deslocamento, primeira
riscos de incidentes. É necessário pensar sempre à frente da nossa linha de defesa, deve negociar com elementos suspeitos que se apro-
posição atual. Verificando que o semáforo irá fechar, diminui-se a ximem do VIP e/ou combater/imobilizaro(s) agressor(es); Ala Pos-
velocidade do veículo para ficar o menor tempo possível parado, terior (ou Rabo): Posiciona-se atrás no deslocamento, alertando/
ao parar, procura-se evitar as primeiras filas e a faixa da esquerda. evitando ataques a retaguarda.
Posiciona-se o carro de modo a ter condição de manobra e fuga se
necessário. Grupos
Formações Táticas
Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
3 – VIP + Três Agentes: Com três agentes é possível conferir maior proteção ao VIP, podemos subdividir em:
Tipos de Imóveis:
Hotel:
Vantagens: A administração facilita os serviços de limpeza, arrumação, lavagem de roupas, alimentação, etc. Pode-se ocupar o último andar
para facilitar o controle de acesso de pessoas.
Desvantagens: O acesso no Hotel é livre a todos, não se tendo o controle efetivo dos que entram e saem. A existência de escadas de
incêndios facilita ao acesso de pessoas.
Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Apartamentos: •Escolha de empregados;
•Visitas identificadas;
Vantagens: •Utilização de alarmes;
- O acesso ao imóvel geralmente é isolado; •Emprego de cães.
- Os elementos que circulam no prédio geralmente são conhe-
cidos (vizinhos); Cuidados com a Correspondência
- As entradas e saídas são em menor número, facilitam ao con-
trole do acesso de pessoas. Também poderá ser considerado como No caso de recebimento de cartas ou pacotes suspeitos, verificar
desvantagem (Vigilância do elemento adverso). os itens abaixo:
•Remetente procedência;
Desvantagens: •Selos, lacres e carimbos;
- O acesso é coletivo, no caso de ser a mesma entrada para salas •Peso e espessura;
•Cheiro em manchas;
comerciais;
•Rigidez da embalagem;
- A existência de escadas de incêndio facilita ao acesso de pes-
•Envelope duplo.
soas.
Cuidado com o Automóvel
Casas Geminadas:
A situação ideal é a de que carro permaneça (quando não uti-
Desvantagens: lizado) trancado numa garagem também fechada. Quando isto não
- As entradas sendo juntas dificultam a adoção de medidas de ocorrer, antes de abrir o automóvel devemos examinar:
segurança, principalmente o controle do acesso de pessoas; •O chão em torno do carro;
- Os telhados normalmente dão acesso de uma para outra casa; •Os lados do carro;
- Podem-se ouvir conversas através das paredes; •Embaixo do carro (reflexo);
- A casa vizinha pode ser utilizada como apoio para uma hos- •O seu interior.
tilização.
Planejamento De Itinerários
Casas soladas
Dentre as diversas situações vulneráveis em que se pode en-
Vantagens: contrar uma Autoridade, uma das mais críticas é durante um deslo-
- É a situação ideal, facilita a Segurança. camento a pé ou transportado, quaisquer que sejam as precauções
- Permite em melhores condições, as diversas medidas de prote- tomadas.
ção (sistema da alarmes, comunicações, gerador reserva, etc.). Por esta razão, o planejamento e a escolha de itinerários a serem
- Facilita o controle do acesso de pessoas e veículos. percorridos por uma Autoridade, merecem especial atenção por par-
te da Segurança com o objetivo de evitar, dificultar ou minimizar os
Desvantagens: A existência de pontos dominante nas proximi- efeitos de uma agressão.
dades dificulta a Segurança.
ESCOLHA DE ITINERÁRIOS: é a decisão decorrente de um
Segurança no local de Trabalho reconhecimento e planejamento sobre o deslocamento a pé ou trans-
portado, a ser percorrido por uma Autoridade.
O local de trabalho poderá estar localizado em imóveis confor-
Aspecto a serem observados na escolha de itinerários
me as situações acima apresentadas e em consequência apresentará
•Classificação dos tipos de deslocamentos;
as mesmas vantagens e desvantagens correspondentes. •Exame na carta;
•Reconhecimento;
Seleção de Residências •Planejamento;
•Decisão;
Caso seja possível selecionar uma residência, antes da ocupa- •Execução.
ção, devemos nos preocupar com os seguintes itens:
•Privacidade; EXPOSIÇÃO EM PÚBLICO
•Cercas e muros (com altura suficiente para proteção);
•Sem obstáculos entre a casa e o muro; A exposição em público é todo o comparecimento, de uma
•Vários acessos ao local da residência; autoridade, a um lugar no qual se encontram presentes pessoas es-
•Distante de pontos dominantes. tranhas ao seu convívio diário, a fim de cumprir um compromisso
oficial ou particular.
Segurança da Residência
Fatores Considerados nos Planejamentos
Os itens abaixo correspondem a uma série de medidas de segu- Quanto ao público:
rança que deveremos utilizar na residência. • Controlado: é aquele que foi selecionado previamente para a
•Proteção para todas as aberturas; participação no evento.
•Inspeções frequentes nas dependências; • Não controlado: é aquele que não é selecionado ou previa-
•Dependências vazias (trancadas e verificadas regulamente); mente controlado.
Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Quanto ao tipo do evento: Quanto à missão:
•Comícios e carreatas •De rotina
•Inaugurações, aberturas e encerramentos de eventos •Eventuais
•Palestras e reuniões •Inopinados
•Apresentações sociais
•Grandes cerimônias Quanto à flexibilidade:
•Flexíveis
Quanto à formalidade: •Inflexíveis
•Formal ou oficiais
•Informais ou particulares Seleção do Itinerário:
•Planejamento inicial
Quanto ao tempo de preparação: •Reconhecimento
•Escolha
- Eventos previstos: São aqueles programados na agenda da au-
toridade com antecedência;
Medidas de segurança nos itinerários:
- Eventos inopinados: São aqueles cumpridos sem o conheci-
•Rotineiras
mento prévio da segurança e, por conseguinte, sem a devida pre-
•Especiais
paração; •Inopinadas
Quanto ao local:
•Recinto fechado
•Recinto aberto 8 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.
Quanto ao sigilo:
•Ostensiva
•Reservada TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Locais de aparição em público
CAPÍTULO I
Os locais de aparição em público devem atender as seguintes DO FURTO
características:
•Amplitude FURTO
•Acessos
•População Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
•Terreno favorável móvel:
•Meios de comunicação Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
- subtrair: abrange tanto a hipótese em que o bem é tirado da
Características dos itinerários vítima quanto aquela em que ele é entregue espontaneamente, e o
agente, sem permissão, retira-o da esfera de vigilância daquele.
Quanto ao meio físico: - a subtração de cadáver humano ou de parte dele pode tipificar
o “furto”, desde que o corpo pertença a alguém e tenha destinação
•Terrestre
específica (ex.: subtração de cadáver pertencente a uma faculdade de
•Aéreo
medicina ou a um laboratório que esteja sendo utilizado em estudos
•Aquático
ou pesquisas); fora dessas hipóteses, o crime será o de “subtração
de cadáver ou parte dele”, previsto no artigo 211.
Quanto à proteção: - a consumação do “furto” se dá quando a coisa é retirada da
•Cobertos e abrigados esfera de disponibilidade do ofendido e fica em poder tranquilo,
•Descobertos e desabrigados mesmo que passageiro do agente.
- o agente tenta furtar uma carteira e enfia a mão no bolso er-
Quanto à luminosidade: rado, no caso da vítima não tiver portando ela é crime impossível.
•Diurno - o “furto de uso” não é crime, é ilícito civil, mas o agente deve
•Noturno devolver a coisa no mesmo local e estado em que se encontrava por
livre e espontânea vontade, sem ser forçado por terceiro.
Quanto à extensão: - o “furto famélico” afasta a ilicitude por estado de necessidade,
•Curtos mas a conduta deve ser inevitável.
•Longos - o “furto de bagatela” (“princípio da insignificância”): o va-
lor da coisa é inexpressivo, juridicamente irrelevante (ex.: furtar
Quanto ao sigilo: uma agulha); ocasiona a exclusão da tipicidade.
•Ostensivos - um ladrão furta outro ladrão, o primeiro proprietário sofrerá
•Reservados dois furtos, pois a lei penal não protege a posse do ladrão.
Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- no caso da “trombada”, se ela só serviu para desviar a atenção I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da vítima (“furto qualificado” pelo arrebatamento ou destreza), se da coisa;
houve agressão ou vias de fato contra a vítima (“roubo”). - destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
- furto / roubo: o 1° é crime simples, tem apenas um objeto coisa: a violência deve ser contra o obstáculo e não contra a coisa;
material, que é a coisa, enquanto o 2° é crime complexo, tem 2 ob- a simples remoção do obstáculo e o fato de desligar um alarme não
jetos materiais, a coisa e a pessoa. qualificam o crime.
- furto qualificado (destruição ou rompimento de obstáculo) II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada
/ roubo: no 1° a violência é praticada contra coisa (obstáculo), en- ou destreza;
quanto no 2° ela é praticada contra pessoa. - abuso de confiança: que a vítima, por algum motivo, deposi-
te uma especial confiança no agente (amizade, parentesco, relações
- furto qualificado (fraude) / estelionato: no 1° a fraude é em- profissionais etc.) e que o agente se aproveite de alguma facilidade
pregada para iludir a atenção ou vigilância do ofendido, que nem decorrente dessa confiança para executar a subtração - ex.: furto pra-
ticado por empregada que trabalha muito tempo na casa; se o agente
percebeu que a coisa lhe está sendo subtraída; enquanto que no 2°,
pratica o furto de uma maneira que qualquer outra pessoa poderia
a fraude antecede o apossamento da coisa e é a causa de sua entrega
tê-lo cometido, não haverá a qualificadora.
ao agente pela vítima.
- fraude: é o artifício, o meio enganoso usado pelo agente,
- furto / estelionato: no 1° o agente subtrai a coisa da vítima,
capaz de reduzir a vigilância da vítima e permitir a subtração do
enquanto que no 2° ela entrega a coisa mediante fraude. bem - ex.: o uso de disfarce ou de falsificações; a jurisprudência
- furto / apropriação indébita: no 1° o agente subtrai a coisa vem entendendo existir o “furto qualificado” mediante fraude na
da vítima, enquanto que no 2° ele tem a posse da coisa e depois se hipótese em que alguém, fingindo-se interessado na aquisição de um
apropria dela. veículo, pede para experimentá-lo e desaparece com ele.
- a pessoa que devolve intencionalmente troco errado para ou- - escalada: é a utilização de via anormal para adentrar no local
tra, prática o crime de “furto”. onde o furto será praticado; a jurisprudência vem exigindo para a
concretização dessa qualificadora o uso de instrumentos, como
Causas de aumento de pena (furto noturno) cordas, escadas ou, ao menos, que o agente tenha necessidade de
§ 1º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado duran- realizar um grande esforço para adentrar no local (transpor um muro
te o repouso noturno. alto, janela elevada, telhado etc.); a escavação de túnel é utilização
- noite: ausência de luz solar; repouso noturno: período em de via anormal; quem consegue ingressar no local do crime pulando
que as pessoas de uma certa localidade descansam, dormem, de- um muro baixo ou uma janela térrea não incide na forma qualificada.
vendo a análise ser feita de acordo com as características da região - destreza: é a habilidade física ou manual que permite ao
(rural, urbana etc.); somente se aplica ao “furto simples”; prevalece agente executar uma subtração sem que a vítima perceba que está
o entendimento de que o aumento só é cabível quando a subtração sendo despojada de seus bens; tem aplicação quando a vítima traz
ocorre em casa ou em alguns de seus compartimentos (não tem apli- seus pertences junto a si, pois apenas nesse caso é que a destreza tem
cação se ele é praticado na rua, em estabelecimentos comerciais etc.) relevância (no bolso do paletó, em uma bolsa, um anel, um colar
e em local habitado (excluem-se as casas desabitadas, abandonadas, etc.); se a vítima percebe a conduta do sujeito, não há a qualificadora,
residência de veraneio na ausência dos donos, casas que estejam va- haverá “tentativa de furto simples”; se a conduta do agente é vista
zias em face de viagem dos moradores etc.). por terceiro, que impede a subtração sem que a vítima perceba o
ato, há “tentativa de furto qualificado” pela destreza; se a subtração
Causas de diminuição de pena (furto privilegiado) é feita em pessoa que esta dormindo ou embriagada, existe apenas
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa “furto simples”, pois não é necessário habilidade para tal subtração.
III - com emprego de chave falsa;
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
- chave falsa: é a imitação da verdadeira, obtida sem autorização;
diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação
uma fechadura sem arrombá-la (ex.: grampos, «mixas”, chaves de
anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa
fenda, tesouras etc.); não se aplica essa qualificadora na chamada
de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): “ligação direta”.
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação - concurso de duas ou mais pessoas: basta saber que o agente
do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no não agiu sozinho; prevalece na jurisprudência o entendimento de
sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito que qualificadora atinge todas as pessoas envolvidas na infração pe-
é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, nal, ainda que não tenham praticado atos executórios e mesmo que
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já uma só tenha estado no “locus delicti”; não pode haver concurso do
que a lei não veda tal hipótese. crime de “quadrilha ou bando” (artigo 288) com o “furto qualifi-
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual- cado”, só como o “furto simples”.
quer outra que tenha valor econômico (energia térmica, mecâni- - se forem reconhecidas duas ou mais qualificadoras, uma delas
ca, nuclear, genética - ex.: subtração de sêmen). servirá para qualificar o “furto” e as demais serão aplicadas como
“circunstâncias judiciais”, já que o artigo 59 estabelece que, na
Formas qualificadas (furto qualificado) fixação da pena-base, o juiz levará em conta as circunstâncias do
§ 4º - A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é crime, e todas as qualificadoras do § 4° referem-se aos meios de
cometido: execução (circunstâncias) do delito.
Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for do agente abordar a vítima de surpresa gritando que se trata de um
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro assalto e exigindo a entrega dos bens, trata-se de “roubo” (vítima se
Estado ou para o exterior. sente atemorizada).
- somente terá aplicação quando, por ocasião do “furto”, já ha- - qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade
via intenção de ser efetuado tal transporte, sendo assim, uma pessoa de resistência: ex.: uso de soníferos, hipnose, superioridade numé-
que não teve qualquer participação anterior no “furto” é contratada rica etc.
posteriormente para efetivar o transporte responde pelo crime de - são sujeitos passivos: o proprietário, o possuidor ou o detentor
“receptação”, e não pelo “furto qualificado”, que somente existi- da coisa, bem como qualquer outra pessoa que seja atingida pela
rá para os verdadeiros responsáveis pela subtração; se o serviço de “violência” ou “grave ameaça”.
transporte já havia sido contratado antes da subtração, haverá “furto - se o agente emprega grave ameaça contra duas pessoas e sub-
qualificado” também para o transportador, pois este, ao aceitar o trai objetos de apenas uma delas, pratica crime único de “roubo”, já
encargo, teria estimulado a prática do “furto” e, assim, concorrido que apenas um patrimônio foi lesado, mas este crime possui duas
para o delito; o agente quer levar o veículo, mas não consegue, não vítimas.
incide a qualificadora; a tentativa somente é possível se o agente, - se o agente emprega “grave ameaça” contra duas pessoas e
estando próximo da divisa, apodera-se de um veículo e é perseguido subtrai objetos de ambas, responde por dois crimes de “roubo” em
de imediato até que transponha o marco divisório entre os Estados, concurso formal, já que houve somente uma ação (ainda que com-
mas acaba sendo preso sem que tenha conseguido a posse tranquila posta de dois atos).
do bem. - se o agente aborda uma só pessoa e apenas contra ela emprega
- o reconhecimento desta afasta a aplicação das qualificadoras “grave ameaça”, mas com esta conduta subtrai bens de pessoas dis-
do § 4°, já que o delito é um só, e as penas previstas em abstrato são tintas que estavam em poder da primeira, comete crime de “roubo”
diferentes; mas por elas se referirem ao meio de execução do delito, em concurso formal.
poderão ser apreciadas como “circunstâncias judiciais” na fixação - o “roubo próprio” consuma-se, segundo entendimento do
da pena-base (art. 59). STF, no exato instante em que o agente, após empregar a “violên-
cia” ou “grave ameaça”, consegue apoderar-se do bem da vítima,
ainda que seja preso no próprio local, sem que tenha conseguido a
FURTO DE COISA COMUM
posse tranquila da coisa.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio (cri-
me próprio), para si ou para outrem, a quem legitimamente a
Roubo simples impróprio: o agente inicialmente quer apenas
detém, a coisa comum:
praticar um “furto” e, já se tendo apoderado do bem, emprega a
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
“violência” ou “grave ameaça” para garantir a impunidade do “fur-
Ação penal
to” que estava em andamento ou, assegurar a detenção do bem.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
Excludente de ilicitude a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível (é de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para
aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, quan- si ou para terceiro.
tidade e qualidade), cujo valor não excede a quota a que tem direito - o “roubo impróprio” consuma-se no exato momento em que é
o agente. empregada a “violência” ou “grave ameaça”, mesmo que o sujeito
não consiga atingir sua finalidade de garantir a impunidade ou asse-
CAPÍTULO II gurar a posse dos objetos subtraídos.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Causas de aumento de pena
ROUBO § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 até 1/2:
Roubo simples próprio: a “violência”, a “grave ameaça” ou I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de
qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade de resistên- arma (própria ou imprópria);
cia, são empregados antes ou durante a subtração. - no caso de “arma de brinquedo”, aplica-se o aumento da
pena, se o uso tenha causado temor à vítima (Súmula 174 STJ).
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou- II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois - basta saber que o agente não agiu sozinho; prevalece na ju-
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de risprudência o entendimento de que a qualificadora atinge todas as
resistência: pessoas envolvidas na infração penal, ainda que não tenham prati-
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. cado atos executórios e mesmo que uma só tenha estado no “locus
- violência a pessoa: ex.: socos, pontapés, facada, disparo de delicti”.
arma de fogo, paulada, amarrar a vítima, violentos empurrões ou III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
trombadas (se forem leves, desferidos apenas para desviar a aten- agente conhece tal circunstância.
ção da vítima, de acordo com a jurisprudência, não caracteriza o IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
“roubo”). transportado para outro Estado ou para o exterior;
- grave ameaça: é a promessa de uma mal grave e iminente V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
(de morte, de lesões corporais, de praticar atos sexuais contra a ví- sua liberdade.
tima de roubo etc.); a simulação de arma e a utilização de arma de - ex.: agente aborda pessoa que sai do caixa eletrônico e a coage
brinquedo constituem “grave ameaça”; tem se entendido, que o fato a fazer saque em outro (“sequestro relâmpago”).
Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Formas qualificadas (roubo qualificado) - extorsão / estelionato: no “estelionato”, a vítima quer efeti-
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é vamente entregar o objeto, uma vez que foi induzida ou mantida a
de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se resulta morte (latro- erro pelo agente através do emprego de uma fraude; na “extorsão”,
cínio), a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa. a vítima despoja-se de seu patrimônio contra sua vontade, já que o
- não importa se a morte foi causada por dolo ou culpa; ele faz em decorrência de ter sofrido violência ou grave ameaça.
não responde somente em caso fortuito ou força maior; é “crime - extorsão / extorsão mediante sequestro: a “extorsão me-
hediondo”. diante sequestro” é a “extorsão” praticada através do “sequestro”
- não há “latrocínio” quando o resultado agravador decorre do (art. 148 - “sequestro ou cárcere privado” - privar alguém de sua
emprego de “grave ameaça” - ex.: vítima sofre um enfarto em razão liberdade).
de ter-lhe sido apontada uma arma de fogo (haverá crime de “rou- - extorsão / sequestro: na “extorsão” há a intenção de obter
bo” em concurso formal com “homicídio culposo”). vantagem, enquanto no “sequestro” não há esta intenção, somente
- quando a subtração e a morte ficam na esfera da tentativa, há priva a liberdade da vítima.
“latrocínio tentado”; quando ambas se consumam, há “latrocínio
- extorsão / concussão: na “concussão” o sujeito passivo é
consumado”; quando a subtração se consuma e a morte não, há “la-
sempre um funcionário público, e a vítima cede às exigências deste
trocínio tentado”; quando a subtração não se efetiva, mas a vítima
por temer eventuais represálias decorrentes do exercício do cargo;
morre, há “latrocínio consumado” (Súmula 610 do STF).
a “extorsão”, que é mais grave, pode ser praticada por qualquer
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA pessoa, inclusive por funcionário público no exercício de suas
Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As funções, desde que a vítima cede à intenção do agente em razão
penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § do emprego de violência ou grave ameaça (e não em virtude da
3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput e função por ele exercida).
seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput, e - se a vantagem for devida o crime é o de “exercício arbitrário
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”), 214 e das próprias razões” (art. 345) e se ela for moral o crime é o de
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atentado violen- “constrangimento ilegal” (art. 146).
to ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas de metade, - a consumação se dá no instante em que a vítima, após so-
respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão, estando a vítima frer “violência” ou “grave ameaça”, toma a atitude que o agente
em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do CP. desejava (faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo), ainda
que este não consiga obter qualquer vantagem econômica em sua
Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio- decorrência.
lência, se a vítima:
a) não é maior de 14 anos; Causas de aumento de pena
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circuns- § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
tância; com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até 1/2.
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
- o “princípio da insignificância” não é aceito no “roubo”. Formas qualificadas (extorsão qualificada)
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis-
EXTORSÃO posto no § 3º do artigo anterior (Se da violência resulta lesão cor-
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave poral grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem inde- resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa).
vida vantagem econômica, a fazer (ex.: entregar dinheiro ou um
- apenas a “extorsão qualificada pela morte” tem natureza de
bem qualquer, realizar uma obra etc.), tolerar que se faça (ex.: per-
“crime hediondo” (Lei n. 8.072/90).
mitir que o agente rasgue um contrato ou título que representa uma
dívida etc.) ou deixar fazer alguma coisa (ex.: não entrar em uma
concorrência comercial, não ingressar com uma ação de cobrança CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
etc.): Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157,
- extorsão / constrangimento ilegal: na “extorsão” o agente § 3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput
almeja obter indevida vantagem econômica, o que não ocorre no e seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput,
“constrangimento ilegal”. e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”),
- extorsão / roubo: grande parte da doutrina e da jurisprudên- 214 e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atenta-
cia entende que quando a vítima não tem qualquer opção senão a do violento ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas
entrega do bem, o crime seria sempre de “roubo” (ex.: entrega sua de metade, respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão,
carteira por ter um revólver apontado para sua cabeça, não tem outro estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224
escolha senão entregá-la); na “extorsão” a vítima deve ter alguma também do CP.
possibilidade de escolha, e, assim, sua conduta é imprescindível
para que o agente obtenha a vantagem por ele visada; no “roubo”, a Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio-
vantagem é concomitante ao emprego da violência ou grave amea- lência, se a vítima:
ça, enquanto na “extorsão” o mal prometido e a vantagem visada a) não é maior de 14 anos;
são futuros (ex.: entro atrás de uma pessoa no caixa eletrônico e digo b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta cir-
retire R$.500,00; se ela já tinha o dinheiro no bolso é “roubo”, se ela cunstância;
é forçada a retirar e depois entregar, é “extorsão”). c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio-
lência, se a vítima:
Art. 159 - Sequestrar (privar a sua liberdade; impedir a sua a) não é maior de 14 anos;
locomoção) pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta cir-
qualquer vantagem (somente a econômica), como condição (não cunstância;
causar nenhum mal a ela) ou preço do resgate (vantagem em troca c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
da liberdade da vítima):
Pena - reclusão, de 8 a 15 anos. Delação eficaz (causa obrigatória de redução da pena)
- a “extorsão mediante sequestro” diferencia-se do “rapto”, já
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
que neste ocorre a privação da liberdade de uma mulher honesta
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
para fim libidinoso, bem como do crime de “sequestro ou cárcere
terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3.
privado”, no qual a lei exige privação da liberdade de alguém, mas
não exige qualquer elemento subjetivo específico. - crime tenha sido cometido por pelo menos duas pessoas e
- a consumação ocorre no exato instante em que a vítima é se- que qualquer delas arrependa-se (coautor ou partícipe) e delate as
questrada, privada de sua liberdade, ainda que os sequestradores não demais para a autoridade pública, de tal forma que o sequestrado
consigam receber ou até mesmo pedir o resgate (desde que se prove venha a ser libertado.
que a intenção deles era fazê-lo); a vítima deve permanecer em po- - quanto maior a contribuição, maior deverá ser a redução.
der dos agentes por tempo juridicamente relevante; o pagamento do
resgate é mero exaurimento do crime, mas pode ser levado em conta EXTORSÃO INDIRETA
na fixação da pena-base (art. 59).
- se a vantagem for devida o crime é o de “exercício arbitrário Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
das próprias razões” (art. 345) e se ela for moral o crime é o de sando da situação de alguém, documento que pode dar causa
“constrangimento ilegal” (art. 146). a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
- quando se sequestra alguém para matar (queima de arquivo), Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
há “sequestro” em concurso com “homicídio”. - ex.: A sabe que B passa notas fiscais frias; de alguma manei-
ra, A consegue obter uma delas e obriga B a ceder uma quantia em
Formas qualificadas (extorsão mediante sequestro qualifi- dinheiro, para não entregar a nota fiscal à polícia.
cada)
§ 1º - Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestrado
CAPÍTULO III
é menor de 18 anos (menor de 18 anos e maior de 14, pois se tiver
DA USURPAÇÃO
menos de 14 anos, a pena é aumentada de metade - L. 8.072/90), ou
se o crime é cometido por bando ou quadrilha (pressupõe uma
união permanente de pelo menos 4 pessoas com o fim de cometer ALTERAÇÃO DE LIMITES
crimes): Art. 161 - Suprimir (retirar) ou deslocar tapume, marco, ou
Pena - reclusão, de 12 a 20 anos. qualquer outro sinal indicativo de linha divisória (marco divi-
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: sório), para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
Pena - reclusão, de 16 a 24 anos. alheia:
§ 3º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e multa.
Pena - reclusão, de 24 a 30 anos (é a maior pena prevista no - é crime próprio, pois somente pode ser praticado pelo vizi-
CP). nho do imóvel alterado.
- em ambas as hipóteses (§ 2° e 3°), o resultado agravador deve § 1º - Na mesma pena incorre quem:
ter recaído sobre a pessoa sequestrada. USURPAÇÃO DE ÁGUAS
- se a morte ou a lesão corporal forem causadas por caso fortuito I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas
ou culpa de terceiros, não se aplicam as qualificadoras. alheias;
- o reconhecimento de uma qualificadora mais grave automati- ESBULHO POSSESSÓRIO
camente afasta a aplicação das menos graves. II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
alheio, para o fim de esbulho possessório.
- o agente deve querer excluir a posse do sujeito passivo, para
Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As
passar a exercê-la ele próprio.
penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, §
3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput e
seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput, e § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”), 214 e esta cominada.
sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atentado violen- § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de vio-
to ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas de metade, lência, somente se procede mediante queixa.
respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão, estando a vítima - essa regra aplica-se para todos os crimes descritos no artigo
em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do CP. 161.
Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANI- DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEO-
MAIS LÓGICO OU HISTÓRICO
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado Art. 165 (revogado pelo artigo 62, I, da Lei n. 9.605/98) -
(animais de grande porte - ex.: boi, cavalo etc.) ou rebanho (ex.: Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade com-
animais de pequeno porte - ex.: porcos, ovelhas etc.) alheio, marca petente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
ou sinal indicativo de propriedade: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.
- esse delito fica absorvido pelo crime de “furto de animal”, Art. 62 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente)
sendo, portanto, raramente aplicado na prática. - Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
CAPÍTULO IV decisão judicial;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
DO DANO
§ único - Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um
ano de detenção, sem prejuízo da multa.
DANO
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTE-
Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. GIDO
Art. 166 (revogado pelo artigo 63 da Lei n. 9.605/98) - Alte-
Formas qualificadas (dano qualificado) rar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local espe-
§ único - Se o crime é cometido: cialmente protegido por lei:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
o fato não constitui crime mais grave; Art. 63 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente)
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, em- - Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente
presa concessionária de serviços públicos ou sociedade de eco- protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de
nomia mista; seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultu-
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para ral, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autori-
a vítima (é de “ação penal privada”): zação da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa, além da pena
correspondente à violência. Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- se alguém recebe a posse de um cofre trancado com a incum- APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO
bência de transportá-lo de um local para outro, e no trajeto arromba- FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA
-o e apropria-se dos valores nele contidos, comete crime de “furto Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
qualificado” pelo rompimento de obstáculo. poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
- não caracteriza “apropriação indébita”, a retenção (pessoa Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.
assegura a coisa por falta de pagamento do dono), mora, recusa em
devolver a coisa. - apropriação de coisa havida por erro:
- a “apropriação indébita de uso” não constitui infração penal - ex.: uma compra é feita em certa loja para ser entregue no en-
- ex.: vítima deixa um carro com um mecânico para reparos, e este, dereço de um aniversariante, e os funcionários do estabelecimento
durante o fim de semana, utiliza-se dele, sem autorização da vítima, entregam-na em local errado, sendo que a pessoa que recebe fica
diz para seus amigos que o carro lhe pertence, mas, no início da calada e apropria-se da coisa; quando um depósito bancário é feito
semana, devolve-o à vítima, não responde pelo crime, trata-se de em conta corrente de pessoa diversa daquela a quem o dinheiro era
ilícito civil, pois falta o dolo exigido para a configuração do delito dirigido, e o beneficiado, após perceber o equívoco, gasta o dinheiro
(intenção de ter a coisa para si ou para terceiro com ânimo de asse- que não lhe pertence; uma pessoa compra uma bijuteria, e o ven-
nhoreamento definitivo). dedor, por equívoco, embrulha e entrega uma pedra preciosa muito
- se o agente é funcionário público e apropria-se de bem público parecida, sendo que o adquirente, após receber o bem e perceber o
ou particular (sob a guarda da Administração) que tenha vindo a seu erro, fica com a joia para si.
poder em razão do cargo que exerce, comete crime de “peculato” - uma mulher procura uma loja para efetuar o pagamento de
(art. 312, “caput”). compras feitas anteriormente, se o funcionário do caixa percebe que
o marido de tal mulher já saldara a dívida na véspera e permanece
Causas de aumento de pena em silêncio para receber pela segunda vez e apoderar-se dos valores,
§ 1º (único) - A pena é aumentada de 1/3, quando o agente re- o crime será o de “estelionato”, mas, se receber o valor do segun-
cebeu a coisa: do pagamento sem saber do equívoco e, posteriormente, ao efetuar
I - em depósito necessário (legal - decorre da lei; miserável - o balanço, perceber o erro e apropriar-se do seu valor, cometerá
por ocasião de calamidade; por equiparação - é o referente às baga- “apropriação de coisa havida por erro”.
gens dos viajantes, hóspedes ou fregueses);
- apropriação de coisa havida por caso fortuito ou força da
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inven-
natureza:
tariante, testamenteiro ou depositário judicial;
- ex.: acidente automobilístico em que alguns objetos existentes
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
na carroceria do veículo são lançados no quintal de uma casa, e o
dono desta, ao perceber o ocorrido, apropria-se de tais bens; uma
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
vendaval lança roupas que estavam no varal de uma casa para o
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con- quintal de residência vizinha, e o proprietário desta apodera-se delas
tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou (o agente sabe que o objeto é alheio).
convencional: § único - Na mesma pena incorre:
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem deixar de: APROPRIAÇÃO DE TESOURO
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou
destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga- em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que te- APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA
nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de II - quem acha coisa alheia perdida (em local público ou de
produtos ou à prestação de serviços; uso público) e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autori-
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre- dade competente, dentro no prazo de 15 dias.
vidência social. - somente existirá a infração penal quando o agente tiver ciência
§ 2º - É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, de que se trata de coisa perdida.
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, - o objeto esquecido por alguém em local público ou de uso pú-
importâncias ou valores e presta as informações devidas à blico é considerado coisa perdida, mas, se o esquecimento ocorreu
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes em local privado, o apoderamento constituirá crime de “furto”.
do início da ação fiscal. - o agente que provocar a perda do objeto e depois apoderar-se
§ 3º - É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar dele, responderá pelo “furto qualificado” pelo emprego de fraude.
somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
desde que: Causas de diminuição de pena (privilégio)
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previden- disposto no art. 155, § 2º.
ciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi- valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de
execuções fiscais. multa.
Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito
de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio,
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já
siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação que a lei não veda tal hipótese.
do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, Disposição de coisa alheia como própria
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garan-
que a lei não veda tal hipótese. tia coisa alheia como própria;
Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- não há crime a emissão de cheque sem fundos em substituição dice de inteligência inferior ao normal) de outrem, induzindo-o
de outro título de crédito não honrado; trata-se de hipótese de pre- à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
juízo anterior. mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é rui-
- quando o agente susta o cheque ou encerra a conta corrente nosa:
antes de emitir a cártula, responde pelo “estelionato comum”; não Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
responde por este crime, porque a fraude empregada foi anterior à
emissão do cheque. FRAUDE NO COMÉRCIO
- o crime se consuma apenas quando o banco sacado formal- Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad-
mente recusa o pagamento; quirente ou consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi-
- Súmula 521 do STF: “o foro competente para o processo e cada ou deteriorada;
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade de emissão II - entregando uma mercadoria por outra:
dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
a recusa do pagamento pelo sacado”.
- se o agente se arrepende e deposita o valor respectivo no Fraude no comércio de metais ou pedras preciosas
banco antes da apresentação da cártula, haverá “arrependimento § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
eficaz” e o fato tornar-se-á atípico; se ele se arrepender depois da o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por
consumação (após a recusa por parte do banco) e ressarcir a vítima falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira;
antes do oferecimento da denúncia, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
(“arrependimento posterior”), se após o oferecimento da denúncia, Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.
mas antes da sentença de 1ª instância, implica o reconhecimento da
atenuante genérica prevista no artigo 65, III, “c”. - o sujeito ativo deve ser comerciante, pois, se não o for, o crime
- Súmula 48 do STJ: “compete ao juízo do local da obtenção será o de “fraude na entrega de coisa” (art. 171, § 2°, IV); trata-se
da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometi- de crime próprio.
do mediante falsificação de cheque”.
Causas de diminuição de pena (privilégio)
Causas de aumento de pena
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
§ 3º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de eco-
Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
nomia popular, assistência social ou beneficência.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de
DUPLICATA SIMULADA
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda (nota fiscal) multa.
que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qua- - autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação
lidade, ou ao serviço prestado. anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa
Pena - detenção, de 2 a 4 anos, e multa. de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo):
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con-
FALSIDADE NO LIVRO DE REGISTRO DE DUPLICA- siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação
TAS do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
§ único - Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito
adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio,
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já
ABUSO DE INCAPAZES que a lei não veda tal hipótese.
Art. 173 – Abusar (fazer mau uso, aproveitar-se de alguém),
em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inex- OUTRAS FRAUDES
periência de menor (de 18 anos), ou da alienação ou debilidade Art. 176 - Tomar refeição (engloba bebidas) em restaurante
mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato (abrange lanchonetes, bares, cafés etc.), alojar-se em hotel (abran-
suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou ge motéis, pensões etc) ou utilizar-se de meio de transporte sem
de terceiro: dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Pena - detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa.
- para a existência do crime é necessário, além do dolo (direto - para a configuração do crime, é necessário que o agente faça
ou eventual), que o agente tenha intenção de obter vantagem econô- a refeição sem ter dinheiro para pagá-la; se tem recursos, mas não
mica para si ou para outrem. paga, como acontece nos “pinduras estudantis”, o ilícito é só civil e
- o crime de “abuso de incapaz” diferencia-se do “estelionato” não penal; se o dono do restaurante sabe que são estudantes de Direi-
porque não é cometido mediante fraude e é crime formal. to e que é dia 11.08, ele não está sendo induzido a erro, o ilícito é só
civil e não penal; não há crime quando o agente se recusa a efetuar
INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO o pagamento por discordar do valor cobrado na conta apresentada;
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex- come e depois vê que não tem dinheiro para pagar tudo, entra no
periência (com pouca vivência nos negócios) ou da simplicidade dolo eventual, responderá pelo crime; caso tiver esquecido a carteira
(com pouca vivência nos negócios) ou inferioridade mental (ín- em casa (erro), inexiste o fato típico por falta do dolo.
Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- o “estado de necessidade” exclui a ilicitude. EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE DE-
§ único - Somente se procede mediante representação, e o juiz PÓSITO OU “WARRANT”
pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena (conce- Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito (é o documento de
der “perdão judicial” conforme as circunstâncias do caso - pequeno propriedade da mercadoria e confere ao dono o poder de disponibi-
valor, antecedentes favoráveis etc.). lidade sobre a coisa) ou warrant (confere ao portador direito real de
garantia sobre as mercadorias), em desacordo com disposição legal:
FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇAO OU ADMINIS- Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
TRAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES - trata-se de “norma penal em branco”, complementada pelo
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazen- Decreto n. 1.102, de 1903; de acordo com seus dizeres, a emissão
do, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, é irregular quando: a) a empresa não está legalmente constituída, b)
afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando inexiste autorização do governo federal para a emissão, c) inexistem
fraudulentamente fato a ela relativo: as mercadorias especificadas como depósito, d) há emissão de mais
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, se o fato não constitui de um título para a mesma mercadoria ou gêneros especificados nos
crime contra a economia popular. títulos, e) o título não apresenta as exigências legais.
- trata-se de infração penal em que o fundador da sociedade
por ações (sociedade anônima ou comandita por ações), induz ou FRAUDE À EXECUÇÃO
mantém em erros os candidatos a sócios, o público ou presentes à Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des-
assembleia, fazendo falsa afirmação sobre circunstâncias referentes truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
à sua constituição ou ocultando fato relevante desta. Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
- esse dispositivo é expressamente subsidiário, uma vez que, Ação penal
nos termos da lei, não será aplicado quando o fato constituir “crime § único - Somente se procede mediante queixa.
contra a economia popular”.
CAPÍTULO VII
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime DA RECEPTAÇÃO
contra a economia popular:
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que,
RECEPTAÇÃO
em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao públi-
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocul-
co ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômi-
tar, em proveito próprio ou alheio, coisa (móvel) que sabe ser
cas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte,
produto de crime (própria), ou influir para que terceiro, de boa-
fato a elas relativo;
-fé, a adquira, receba ou oculte (imprópria):
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou
usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, RECEPTAÇÃO PRÓPRIA
sem prévia autorização da assembléia geral; - adquirir – significa obter a propriedade, a título oneroso
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da (compra e venda, permuta) ou gratuito (doação).
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; - receber – obter a posse, ainda que transitoriamente.
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, - transportar – levar um objeto de um local para outro.
aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; - conduzir – refere-se à hipótese em que o agente toma a dire-
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- ção de um veículo para levá-lo de um local para outro (guiar, dirigir,
sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou governar).
dividendos fictícios; - ocultar – esconder, colocar o objeto em um local onde não
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, possa ser encontrado por terceiros.
ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou pa- - é um crime acessório, uma vez que constitui pressuposto in-
recer; dispensável de sua existência a ocorrência de um crime anterior, não
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; sendo necessário que este seja contra o patrimônio; se for produto
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori- de contravenção penal não implicará o reconhecimento de “recep-
zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I tação”, podendo constituir outra infração penal ou conduta atípica,
e II, ou dá falsa informação ao Governo. dependendo do caso.
- excepcionalmente, o proprietário poderá responder por “re-
- todos esses delitos também são subsidiários em relação aos ceptação” - ex.: toma emprestado dinheiro de alguém e deixa com
“crimes contra a economia popular”. o credor algum bem como garantia da dívida (mútuo pignoratício);
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa, na sequência, sem que haja ajuste com o dono, uma pessoa furta o
o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, objeto e o oferece ao proprietário, que o adquire com a intenção de
negocia o voto nas deliberações de assembléia geral. locupletar-se com tal conduta.
- este dispositivo perdeu importância prática depois que o artigo - a “receptação dolosa” pressupõe que o agente saiba, tenha
118 da Lei n. 6.404/76 permitiu o acordo de acionistas, inclusive plena ciência da origem criminosa do bem (dolo direto); se apenas
quanto ao exercício do direito de voto; dessa forma, somente existe desconfia da origem ilícita, mas não tem plena certeza a esse res-
a infração penal se a negociação envolvendo o voto não estiver re- peito e, mesmo assim, adquire o objeto, responde por “receptação
vestida das formalidades legais ou contrariar texto expresso de lei. culposa” (dolo eventual).
Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- é necessário que o agente queira obter alguma vantagem para Formas qualificadas (receptação qualificada)
si o para outrem, se ele visa beneficiar o próprio autor do crime an- § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
tecedente, responde pelo crime de “favorecimento real” (art. 349); em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à
se quisesse beneficiar outra pessoa que não o autor do crime antece- venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
dente, responde por “receptação”. alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa
- se forem identificados tanto o receptador quanto o autor do que “deve saber” ser produto de crime:
crime antecedente, serão os crimes considerados conexos (conexão Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.
instrumental ou probatória) e, assim, sempre que possível, deverá - encontra grande facilidade em repassar o produto da “recep-
haver um só processo e uma só sentença. tação” a terceiros de boa-fé, que, iludidos pela impressão de maior
- pode haver “receptação de receptação”, mas é necessário que garantia oferecida por profissionais dessas áreas, acabam sendo pre-
a coisa conserve sempre seu caráter delituoso. sas fáceis.
- se o autor do “furto” era menor (ato infracional), o receptador - é crime próprio.
responde do mesmo jeito, apesar do menor não sofrer as consequên- - expressão “deve saber”: existem três posicionamentos, mas o
cias; o crime existe, mas o menor não será culpado. que parece ser o mais correto, é o que a expressão teria sido utilizada
- aquele que comprou a coisa furtada não souber quem foi o au- como elemento normativo e não como elemento subjetivo do tipo
tor do delito, responderá do mesmo jeito pelo crime, salvo se provar (para indicar dolo direto ou eventual); sendo assim, “deve saber”
que não sabia que ela era furtada. seria apenas um critério para que o juiz, no caso concreto, pudesse
analisar se o comerciante ou industrial, tendo em vista o conheci-
RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA mento acerca das atividades especializadas que exercem ou das cir-
- influir – significa instigar, convencer alguém a fazer alguma cunstâncias que envolveram o fato, tinham ou não a obrigação de
coisa. conhecer a origem do bem - ex.: comerciante de veículos usados não
- o agente está ciente da procedência ilícita de um determinado pode alegar desconhecimento acerca de uma adulteração grosseira
produto, toma atitudes no sentido de convencer uma terceira pes- de chassi de um automóvel por ele adquirido.
soa que não tem conhecimento dessa origem criminosa a adquirir, § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do § ante-
receber ou ocultar tal objeto (se tem conhecimento, responderá por rior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive
receptação própria, e quem o tiver influenciado será partícipe nesse o exercício em residência.
delito) - ex.: uma pessoa furta um carro e pede a um amigo que - trata-se de “norma penal explicativa ou complementar”, que
arrume um comprador, e ele sai à busca de eventuais interessados visa não deixar qualquer dúvida sobre a possibilidade de aplicação
de boa-fé (teremos dois delitos distintos, um “furto” e uma “recep- da qualificadora a camelôs, pessoas que exerçam o comércio em
tação imprópria” por parte do amigo). suas próprias casas ou a qualquer outro comerciante que não tenha
- não admite a tentativa, pois, ou o agente mantém contato com sua situação regularizada junto aos órgãos competentes.
a vítima, e o crime está consumado (independentemente do resulta-
do), ou não o faz, e a conduta é atípica. Formas culposas (receptação culposa)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza (ex.:
Causas de diminuição de penas (receptação privilegiada) aquisição de um revólver desacompanhado do registro ou sem nu-
§ 5º (2ª parte) - Na receptação dolosa aplica-se o disposto no meração, de um veículo sem o respectivo documento ou com falsifi-
§ 2º do art. 155. cação grosseira do chassi etc.) ou pela desproporção entre o valor
e o preço, ou pela condição de quem a oferece (ocorre quando
Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno uma pessoa adquire ou recebe um objeto de alguém totalmente des-
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela conhecido, que não tinha condições financeiras para possuir o bem
de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de oferecido, de sujeito sabidamente entregue à prática de infrações pe-
multa. nais etc.), deve presumir-se obtida por meio criminoso:
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas.
anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa - o agente, em razão de um dos parâmetros mencionados acima,
de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): deveria ter presumido a origem espúria do bem, ou, em outras pala-
presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- vras, de que o homem médio desconfiaria de tal procedência ilícita e
siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação não adquiriria ou receberia o objeto.
do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no
sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito Perdão judicial
é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, § 5º (1ª parte) - Na hipótese do § 3º (receptação culposa), se
mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já o criminoso é primário, pode (deve) o juiz, tendo em consideração
que a lei não veda tal hipótese. as circunstâncias (as circunstâncias do crime devem indicar que ele
não se revestiu de especial gravidade - ex.: aquisição de bem de
Causas de aumento de pena (receptação agravada) pequeno valor), deixar de aplicar a pena.
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União,
Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou - é “causa extintiva da punibilidade”, não subsistindo qualquer
sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo efeito condenatório.
aplica-se em dobro.
- o § 6° somente se aplica às formas de “receptação” previstas Norma penal explicativa
no “caput” (própria e imprópria), sendo inaplicáveis à “receptação § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento
qualificada” (§1°). de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO VII Quando se está lidando com vidas, o tempo é um fator que não
DISPOSIÇÕES GERAIS deve ser desprezado em hipótese alguma. A demora na prestação do
atendimento pode definir a vida ou a morte da vítima, assim como
Imunidades absolutas (ou escusas absolutórias) procedimentos inadequados. Importante lembrar que um ser huma-
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos cri- no pode passar até três semanas sem comida, uma semana sem água,
mes previstos neste título, em prejuízo: porém, pouco provável, que sobreviva mais que cinco minutos sem
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal (antes oxigênio.
de eventual separação judicial; a doutrina tradicional entende que
apenas o casamento civil ou religioso com efeitos civis estão en- Alguns conceitos aplicados aos primeiros socorros
globados pela escusa, mas há entendimento de que a união estável-
-concubinato tem aplicação); Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a
II - de ascendente (ex.: pai, avô, bisavô) ou descendente (ex.: uma pessoa, fora do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíqui-
filho, neto, bisneto), seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja co e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua saúde, com
civil ou natural. o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de
- natureza da isenção: razões de “política criminal”, notada- suas condições (estabilização), até que receba assistência médica
mente pela menor repercussão do fato e pelo intuito de preservar as especializada.
relações familiares. Prestador de socorro: Pessoa leiga, mas com o mínimo de co-
- sendo a autoria conhecida, a autoridade policial estará proibi- nhecimento capaz de prestar atendimento à uma vítima até a chega-
da de instaurar IP. da do socorro especializado.
Socorrista: Titulação utilizada dentro de algumas instituições,
Imunidades relativas (ou processuais) sendo de caráter funcional ou operacional, tais como: Corpo de
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o Bombeiros, Cruz Vermelha Brasileira, Brigadas de Incêndio, etc.
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: Manutenção da Vida: Ações desenvolvidas com o objetivo de
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado (se o garantir a vida da vítima, sobrepondo à “qualidade de vida”.
Qualidade de Vida: Ações desenvolvidas para reduzir as se-
crime ocorre após o divórcio a imunidade não tem aplicação);
quelas que possam surgir durante e após o atendimento.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Urgência: Estado que necessita de encaminhamento rápido ao
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é en-
- não tem aplicação aos “crimes contra o patrimônio” que se
contrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.
apuram mediante “ação penal privada”, como nos tipificados nos
Exemplos: hemorragias de classe II, III e IV, etc.
artigos 163, § único, IV (“dano qualificado por motivo egoístico ou
Emergência: Estado grave, que necessita atendimento médico,
com prejuízo considerável para a vítima”) e 164 (“introdução ou embora não seja necessariamente urgente. Exemplos: contusões le-
abandono de animais em propriedade alheia”). ves, entorses, hemorragia classe I, etc.
Acidente: Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas
Exceções que necessitam de atendimento.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anterio- Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resultam pes-
res: soas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro.
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quan- Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima.
do haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima.
II - ao estranho que participa do crime (terá aplicação a qua-
lificadora do concurso de agentes). Aspectos legais do socorro
Texto adaptado: Marcelo Cândido de Azevedo - Artigo 5º e 196 Constituição;
- Artigo 135 do Código Penal Brasileiro;
- Resolução nº 218/97 do Conselho Nacional de Saúde;
9 NOÇÕES DE PRIMEIROS-SOCORROS. Constituição:
PRIMEIROS SOCORROS Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
Toda pessoa que for realizar o atendimento pré-hospitalar sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
(APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve antes de igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a
outras pessoas, não justifica a tomada de atitudes inconsequentes, Da Saúde
que acabem transformando-o em mais uma vítima. A seriedade e o
respeito são premissas básicas para um bom atendimento de APH Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
(primeiros socorros). Para tanto, evite que a vítima seja exposta des- do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
necessariamente e mantenha o devido sigilo sobre as informações risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
pessoais que ela lhe revele durante o atendimento. rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Código Penal: O consentimento implícito pode ser adotado também no caso
de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou
Omissão de Socorros responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação cita que o con-
sentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê- presentes no local.
-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pes-
soa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; As fases do socorro:
ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 1º Avaliação da cena: a primeira atitude a ser tomada no lo-
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão cal do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo
morte. em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializa-
do. Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o
Direitos da pessoa que estiver sendo atendida número de vítimas e a provável gravidade delas e todas as outras
informações que possam ser úteis para a notificação do acidente,
O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual
o direito de recusar o atendimento. No caso de adultos, esse direito (EPI - luvas, mascaras, óculos, capote, etc) e solicitação de auxílio
existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensa- a serviços especializados como: Corpo de Bombeiros (193), SAMU
mento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como: crenças (192), Polícia Militar (190), polícia Civil (147), Defesa Civil (363
religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for rea- 1350), CEB (0800610196), Cruz Vermelha, etc.
lizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a Nesta fase o prestador de socorro deve atentar-se para:
receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que o
socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a víti- Avaliar a situação:
ma, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo. - Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez;
Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do aci- - Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros;
dente, como um trauma na boca por exemplo, mas demonstre atra- - Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos
vés de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa materiais e humanos visando garantir a eficiência do atendimento.
com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve-
-se proceder da seguinte maneira: Manter a segurança da área:
- Não discuta com a vítima; - Proteger a vítima do perigo mantendo a segurança da cena;
- Não questione suas razões, principalmente se elas forem ba- - Não tentar fazer sozinho mais do que o possível.
seadas em crenças religiosas;
- Não toque na vítima, isso poderá ser considerado como viola- Chamar por socorro especializado: Assegurar-se que a ajuda
ção dos seus direitos; especializada foi providenciada e está a caminho.
- Converse com a vítima. Informe a ela que você possui trei-
namento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de 2º Avaliação Inicial: fase de identificação e correção imediata
recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que dos problemas que ameaçam a vida a curto prazo, sendo eles:
for necessário; - Vias aéreas - Estão desobstruídas? Existe lesão da cervical?
- Arrole testemunhas de que o atendimento foi recusado por - Respiração - Está adequada?
parte da vítima. - Circulação - Existe pulso palpável? Há hemorragias graves?
- Nível de Consciência - AVDI.
No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita
pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que pos-
do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o sam ajudar ao prestador de socorro classificar a vítima como clínica
prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que ou traumática.
comprovem o fato. Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com
O consentimento para o atendimento de primeiros socorros natureza fisiológica, como doenças, etc.
pode ser: Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza
- formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda traumática, como possíveis fraturas. Devemos nesses casos atentar
com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado para a imobilização e estabilização da região suspeita de lesão.
como tal e ter informado à vítima que possui treinamento em pri-
meiros socorros; 3º Avaliação Dirigida: Esta fase visa obter os componentes
- implícito, quando a vítima está inconsciente, confusa ou gra- necessários para que se possa tomar a decisão correta sobre os cui-
vemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consen- dados que devem ser aplicados na vítima.
tindo com o atendimento. Nesse caso, a legislação cita que a vítima - Entrevista rápida - SAMPLE;
daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu - Exame rápido;
desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. - Aferição dos Sinais vitais - TPRPA.
Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
SAMPLE:
S - sinais e sintomas;
A - alergias;
M - medicações;
P - passado médico;
L - líquidos e alimentos;
E - eventos relacionados com o trauma ou doença.
Pulso:
Frequência: É aferida em batimentos por minuto, podendo ser normal, lenta ou rápida.
Ritmo: É verificado através do intervalo entre um batimento e outro. Pode ser regular ou irregular.
Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser cheio (quando o pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco).
Respiração:
Frequência: É aferida em respirações por minuto, podendo ser: normal, lenta ou rápida.
Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma respiração e outra, podendo ser regular ou irregular.
Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é profunda ou superficial.
Pressão Arterial
4º Avaliação Física Detalhada: nesta fase examina-se da cabeça aos pés da vítima, procurando identificar lesões.
Durante a inspeção dos membros inferiores e superiores deve-se avaliar o Pulso, Perfusão, Sensibilidade e a Motricidade (PPSM)
5º Estabilização e Transporte: nesta fase finaliza-se o exame da vítima, avalia-se a região dorsal, preveni-se o estado de choque e prepara-
-se para o transporte.
6º Avaliação Continuada: nesta fase, verificam-se periodicamente os sinais vitais e mantém-se uma constante observação do aspecto geral
da vítima.
Reavaliar vítimas - Críticas e Instáveis a cada 3 minutos;
Reavaliar vítimas - Potencialmente Instáveis e Estáveis a cada 10 minutos.
Críticas: PCR e parada respiratória.
Instáveis: hemorragias III e IV, estado de choque, queimaduras, etc.
Potencialmente Instáveis: hemorragias II, fraturas, luxações, queimaduras, etc.
Estáveis: hemorragias I, entorses, contusões, cãibras, distensões, etc.
Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Remoção do acidentado: A remoção da vítima, do local do acidente para o hospital, é tarefa que requer da pessoa prestadora de primei-
ros socorros o máximo de cuidado e correto desempenho.
Antes da remoção:
- Tente controlar a hemorragia;
- Inicie a respiração de socorro;
- Execute a massagem cardíaca externa;
- Imobilize as fraturas;
- Evite o estado de choque, se necessário.
Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Para o transporte da vítima, podemos utilizar: maca ou padio- - Como levantar a vítima do chão com a ajuda de uma ou mais
la, ambulância, helicóptero ou recursos improvisados (Meios de pessoas.
Fortuna):
- Ajuda de pessoas;
- Maca;
- Cadeira;
- Tábua;
- Cobertor;
- Porta ou outro material disponível.
Como proceder
Vítima consciente e podendo andar: Remova a vítima apoian- Vítima consciente ou inconsciente: Como remover a vítima,
do-a em seus ombros. utilizando-se de cobertor ou material semelhante:
Pegada de rede:
Vítima inconsciente:
Pegada Cavaleiro:
- Como levantar a vítima do chão sem auxílio de outra pessoa:
Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Importante: Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo
- Evite paradas e freadas bruscas do veículo, durante o trans- em reagir a uma infecção provocada por bactérias ou vírus que pene-
porte; tram na corrente sanguínea liberando grande quantidade de toxinas.
- Previna-se contra o aparecimento de danos irreparáveis ao aci- Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sanguíneo.
dentado, movendo-o o menos possível Possui as seguintes causas:
- Solicite, sempre que possível, a assistência de um médico na Perdas sanguíneas - hemorragias internas e externas;
remoção de acidentado grave; Perdas de plasma - queimaduras e peritonites;
- Não interrompa, em hipótese alguma, a respiração de socorro Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarréias.
e a compressão cardíaca externa ao transportar o acidentado. Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica.
Ocorrem as seguintes reações:
Hemorragias: Pele: urticária, edema e cianose dos lábios;
É a perda de sangue provocada pelo rompimento de um vaso Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore
sanguíneo, podendo ser arterial, venosa ou capilar. respiratória;
Sistema circulatório: dilatação dos vasos sanguíneos, queda da
Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A hemor-
PA, pulso fino e fraco, palidez.
ragia abundante e não controlada pode causar a morte de 3 a 5 mi-
nutos.
Como se manifesta
Classificação quanto ao volume de sangue perdido: - Pele fria e úmida;
Classe I perda de até 15% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das
kg = até 750 ml de sangue), apresenta discreta taquicardia; mãos;
Classe II perda de 15 a 30% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Palidez;
kg = até 750 a 1.500 ml de sangue), apresenta taquicardia, taquip- - Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores;
neia, queda da PA e ansiedade; - Náusea e vômitos;
Classe III perda de 30 a 40% do volume sanguíneo (adulto de - Respiração curta, rápida e irregular;
70 kg = 2 litros, de sangue), apresenta taquicardia, taquipneia, queda - Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho
da PA e ansiedade, insuficiente perfusão; dos olhos;
Classe IV perda de mais de 40% do volume sanguíneo (adulto - Queda gradual da PA;
de 70 kg = acima de 2 litros, de sangue), apresenta acentuado - Pulso fraco e rápido;
aumento da FC e respiratória, queda intensa da PA. - Enchimento capilar lento;
- Inconsciência total ou parcial.
Como proceder (técnicas de hemostasia):
- Mantenha a região que sangra em posição mais elevada que Como proceder
o resto do corpo; - Realize uma rápida inspeção na vítima;
- Use uma compressa ou um pano limpo sobre o ferimento, - Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se
pressionando-o com firmeza, a fim de estancar o sangramento; possível;
- Comprima com os dedos ou com a mão os pontos de pressão, - Mantenha a vítima deitada e em repouso;
onde os vasos são mais superficiais, caso continue o sangramento; - Controle toda e qualquer hemorragia externa;
- Dobre o joelho - se o ferimento for na perna; o cotovelo - se no - Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca, se
antebraço, tendo o cuidado de colocar por dentro da parte dobrada, necessário, secreção, dentadura ou qualquer outro objeto;
bem junto da articulação, um chumaço de pano, algodão ou papel; - Inicie a respiração de socorro boca-a-boca, em caso de parada
respiratória;
- Evite o estado de choque;
- Execute a compressão cardíaca externa associada à respiração
- Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi-
de socorro boca-a-boca, se a vítima apresentar ausência de pulso e
mo.
dilatação das pupilas (midríase);
- Afrouxe a vestimenta da vítima;
Desmaio e estado de choque: É o conjunto de manifestações - Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito;
que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue circu- - Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos
lante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por: de choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e
choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração;
grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratu- - Procure aquecer a vítima;
ra, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção - Avalie o status neurológico (ECG);
grave. - Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi-
mo.
Tipos de estado de choque:
Queimaduras, Insolação e Intermação
Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear
sangue para o resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto Queimaduras: São lesões dos tecidos produzidas por substân-
agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias. cia corrosiva ou irritante, pela ação do calor ou frio e de emanação
Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sanguíneos em radioativa. A gravidade de uma queimadura não se mede somente
função de uma lesão medular. Geralmente é provocado por trauma- pelo grau da lesão (superficial ou profunda), mas também pela ex-
tismos que afetam a coluna cervical (TRM e/ou TCE). tensão ou localização da área atingida.
Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Classificação das Queimaduras - Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de dente, marga-
rina, etc. sobre a área queimada;
1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com: - Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de choque;
- Eritema (vermelhidão); - Procure um médico.
- Dor local suportável;
- Inchaço. Importante: Nas queimaduras por soda cáustica, devemos lim-
par as áreas atingidas com uma toalha ou pano antes da lavagem,
2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele com: pois o contato destas substâncias com a água cria uma reação quími-
- Eritema (vermelhidão); ca que produz enorme quantidade de calor.
- Formação de Flictenas (bolhas);
- Inchaço; Insolação: É uma perturbação decorrente da exposição direta e
- Dor e ardência locais, de intensidades variadas. prolongada do organismo aos raios solares.
Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas); - Inconsciência;
- Midríase (pupilas dilatadas); - Parada respiratória;
- Respiração ruidosa; - Parada cardíaca.
- Fluxo aéreo diminuído ou ausente.
Como proceder
Como proceder - Tente retirar a vítima da água utilizando material disponível
- Encoraje ou estimule a vítima a tossir; (corda, boia, remo, etc.)
- Caso a vítima esteja consciente, aplique 5 manobras de Hei- - Em último caso e se souber nadar muito bem, aproxime-se da
mlich.
vítima pelas costas, segure-a e mantenha-a com a cabeça fora d’água
- Caso esteja inconsciente, aplique duas insulflações e observe
(cuidado com o afogamento duplo);
sinais da passagem do ar (expansão de tórax); caso não haja, in-
- Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, quando fora
tercale 5 Heimlich com a inspeção das vias aéreas para observar a
expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, percebendo a parada d’água;
respiratória e notando sinais da passagem do ar, mantenha 1 insu- - Insista na respiração de socorro se necessário, o mais rápido
flação a cada 5 segundos (12 ipm) até a retomada da respiração ou possível;
chegada do socorro especializado. - Execute a compressão cardíaca externa se a vítima apresentar
- Para lactentes conscientes, aplique 5 compressões do tórax ausência de pulso e midríase (pupilas dilatadas);
intercalado de 5 tapotagens (como no desenho) e inspeção das vias - Friccione vigorosamente os braços e as pernas da vítima, esti-
aéreas; mulando a circulação;
- Para lactentes inconsciente, aplique duas insulflações (somen- - Aqueça a vítima;
te o ar que se encontra nas bochechas) e observe sinais da passa- - Remova a vítima para o hospital mais próximo.
gem do ar (expansão de tórax). Caso não haja, intercale 5 Heimlich
(como no desenho) com a inspeção das vias aéreas para observar a Ressuscitação Cárdio Pulmonar (Rcp):
expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, se perceber a parada
respiratória e notar sinais da passagem do ar, mantenha 1 insuflação Conjunto de medidas emergenciais que permitem salvar uma
a cada 3 segundos (20 ipm) até a retomada da respiração ou chegada vida pela falência ou insuficiência do sistema respiratório ou car-
do socorro especializado. diovascular. Sem oxigênio as células do cérebro morrem em 10
minutos. As lesões começam após 04 minutos a partir da parada
respiratória.
Como Se Manifesta
- Perda de consciência;
- Ausência de movimentos respiratórios;
- Ausência de pulso;
- Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da unhas ar-
roxeadas);
- Midríase (pupilas dilatadas e sem fotorreatividade).
Como proceder
- Em caso de parada cardiorrespiratória (ausência de pulso),
executar a reanimação cárdio pulmonar (RCP); - Verifique o estado de consciência da vítima, perguntando-lhe
- Procure o hospital mais próximo. em voz alta: “Posso lhe ajudar?”;
- Trate as hemorragias externas abundantes;
Afogamento: Asfixia provocada pela imersão em meio líquido. - Coloque a vítima em decúbito dorsal sobre uma superfície
Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais forte, inunda- dura;
ção ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar. - Verifique se a vítima está respirando (VOS);
- Realize a hiperextensão do pescoço. Esta manobra não deverá
Como se manifesta ser realizada se houver suspeita de lesão na coluna cervical. Nesse
- Agitação; caso, realize a tração da mandíbula, sem inclinar e girar a cabeça da
- Dificuldade respiratória; vítima ou empurre mandibular;
Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
- Verifique se as vias aéreas da vítima estão desobstruídas aplicando-lhe duas insulflações pelo método boca-a-boca:
- Verifique se a vítima apresenta pulso, caso negativo inicie a compressão cardíaca externa:
- Realize as compressões de forma ritmada procurando atingir de 80 a 100 compressões por minuto;
- Deve intercalar 02 insulflações a cada 30 compressões.
- Após 01 ciclo (02 insulflações e 30 compressões 4 vezes) monitorar novamente os sinais vitais;
- Não interrompa a rcp, mesmo durante o transporte, até a recuperação da vítima ou a chegada do socorro especializado.
Casos Específicos
Ao executar a compressão cardíaca externa em adolescentes ou em crianças, pressione o tórax com uma das mãos, em lactentes apenas
com a ponta dos dedos, sendo que para estes deve se fazer 1 insuflação (somente o ar nas bochechas) para 5 compressões, reavaliar a cada ciclo
(01 insuflação e 5 compressões 20 vezes)
Didatismo e Conhecimento 47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Respiração de Socorro Método de Silvester (Modificado)
Este método é aplicado nos casos em que não se pode empregar o método boca-a-boca (traumatismos graves de face, envenenamento por
cianureto, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, soda cáustica, fenol e outras substâncias cáusticas). O método silvestre permite não só o restabele-
cimento dos movimentos respiratórios como os do coração.
Como proceder
- Desobstrua a boca e a garganta da vítima, fazendo tração da língua e retirando corpos estranhos e secreção;
- Coloque a vítima em decúbito dorsal;
- Eleve o tórax da vítima com auxílio de um travesseiro, cobertor dobrado, casaco ou pilha de jornal, inclinando sua cabeça para trás,
provocando a hiperextensão do pescoço;
- Ajoelhe-se, coloque a cabeça da vítima entre suas pernas e com os braços paralelos ao corpo;
- Segure os punhos da vítima, trazendo seus braços para trás e para junto de suas pernas (rente ao solo);
- Volte com os braços da vítima para frente (rente ao solo), cruzando-os sobre o peito (parte inferior do externo 2 cm do processo xifóide);
- Pressione o tórax da vítima 05 vezes seguidas;
- Volte os braços da vítima para a posição inicial e reinicie o método.
Prepare sua caixa de primeiros socorros antes de precisar dela. Amanhã, uma vida poderá depender de você.
Fraturas: O primeiro socorro consiste apenas em impedir o deslocamento das partes fraturadas, evitando maiores danos.
- Fechadas
- Expostas
Não faça: não desloque ou arraste a vítima até que a região suspeita de fratura tenha sido imobilizada, a menos que haja eminente perigo
(explosões ou trânsito).
Entorses e distensões
- Trate como se fosse fraturas.
- Aplique gelo e compressas frias no local.
Contusões
- Providencias: repouso do local (imobilização), compressas frias.
Qualquer vitima que estiver inconsciente pode ter sofrido pancada na cabeça (concussão cerebral).
Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Ferimentos Natureza da Lesão: Inicialmente, cumpre saber que se dá o
nome de traumatismo a toda lesão produzida no indivíduo por um
A - leves ou superficiais agente mecânico (martelo, faca, projétil), físico (eletricidade, calor,
Procedimentos: Faca limpeza do local com soro fisiológico ou irradiação atômica), químico (ácido fênico, potassa cáustica) ou,
água corrente, curativo com mercúrio cromo ou iodo e cubra o fe- ainda, biológico (picada de animal venenoso). De acordo com essa
rimento com gaze ou pano limpo, encaminhando a vitima ao pronto classificação, devem-se considerar alguns tipos de lesões (e suas
Socorro ou UBS. Não tente retirar farpas, vidros ou partículas de consequências imediatas) a requerer socorro urgente.
metal do ferimento.
Contusão: É o traumatismo produzido por uma lesão, que tanto
poderá traduzir-se por uma mancha escura (equimose) como por um
B - ferimentos extensos ou profundos
tumor de sangue (hematoma); este, quando se localiza na cabeça, é
denominado, vulgarmente, ‘galo’. As contusões são dolorosas e não
1 - ferimentos abdominais abertos se acompanham de solução de continuidade da pele. A parte contun-
Procedimentos: evite mexer em vísceras expostas, cubra com dida deve ficar em repouso sob a ação da bolsa de gelo nas primeiras
compressa úmida e fixe-a com faixa, removendo a vitima com cui- horas e do banho de luz nos dias subsequentes.
dado a um pronto-socorro mais próximo.
Ferida: É o traumatismo produzido por um corte sobre a super-
2 - ferimentos profundos no tórax fície do corpo. Corte ou ferida pode ser superficial, afetando apenas
Procedimentos - cubra o ferimento com gaze ou pano limpo, a epiderme (escoriação ou arranhadura), ou profundo, provocando
evitando entrada de ar para o interior do tórax, durante a inspira- hemorragia às vezes mortal. Sendo o ferimento produzido por um
ção. punhal, canivete ou projétil, os órgãos profundos, como o coração,
Aperte moderadamente um cinto ou faixa em torno do tórax podem ser atingidos, causando a morte. As feridas podem ser ainda
para não prejudicar a respiração da vitima. punctiformes (espetadela de prego), lineares (navalha), irregulares
(ferida do couro cabeludo, por queda). Não se deve esquecer que um
3 - ferimentos na cabeça pequeno ferimento produzido nos dedos ou na mão pode acarretar
Procedimentos: afrouxe suas roupas, mantenha a vitima deita- paralisias definitivas em virtude de serem aí muitos superficiais os
da em decúbito dorsal, agasalhada, faca compressas para conter tendões e os nervos. Além disso, as feridas podem contaminar-se
hemorragias, removendo-a ao PS mais próximo. facilmente, dando lugar a uma infecção purulenta, com febre e for-
mação de íngua. As feridas poluídas de terra, fragmentos de roupa
etc., estão sujeitas a infecção, inclusive tetânica. Numa emergência,
C - Ferimentos Perfurantes: São lesões causadas por acidente
deve-se proteger uma ferida com um curativo qualquer e procurar
com vidros metais, etc. sustar a hemorragia.
1 - farpas - Prenda-as com uma atadura sobre uma gaze. Ferida Venenosa: É aquela produzida por um agente vulneran-
2 - atadura - Nos dedos, mãos, antebraço ou perna, cotovelo ou te envenenado (mordedura de cobras, picada de escorpião, flechas),
joelho - Como fazer. que inocula veneno ou peçonha nos tecidos, acarretando reação
3 - bandagem - Serve para manter um curativo, uma imobi- inflamatória local ou envenenamento frequentemente mortal do in-
lização de fratura ou conter provisoriamente uma parte do corpo divíduo. O tratamento resume-se em colocar um garrote acima da
lesada. lesão, extrair o veneno por sucção, retirar o ferrão no caso de inseto,
aplicar soro antivenenoso quando indicado, soltar o garrote aos pou-
Cuidados: cos e fazer um curativo local com antisséptico e gaze esterilizada.
- a região deve estar limpa;
- os músculos relaxados; Esmagamento: É uma lesão grave, que afeta os membros.
- começar das extremidades dos membros lesados para o centro; Ocorre nos desastres de trem, atropelamentos por veículos pesados,
desmoronamentos etc. O membro atingido sofre verdadeiro tritu-
Importante: qualquer enfaixamento ou bandagem que provoque ramento, com fratura exposta, hemorragia e estado de choque da
dor ou arroxeamento na região deve ser afrouxado imediatamente. vítima, que necessitará de socorro imediato para não sucumbir por
anemia aguda ou choque. Quando o movimento tem de ser destaca-
do do corpo, a operação recebe o nome de amputação traumática. Há
Torniquetes: São utilizados somente para controlar hemorra-
também os pequenos esmagamentos, afetando dedos, mão, e cuja
gias nos casos em que a vítima teve o braço ou a perna amputada repercussão sobre o estado geral é bem menor. Resistindo a vítima
ou esmagadas. à anemia aguda e ao choque, poderá estar ainda sujeita à infecção,
especialmente gangrenosa e tetânica.
Procura-se diminuir os ferimentos do ferido e, sobretudo, im-
pedir a sua morte imediata. Evidentemente, o primeiro socorro, que Choque: É um estado depressivo decorrente de um traumatis-
pode ser feito mesmo por uma pessoa leiga, servirá para que o aci- mo violento, hemorragia acentuada ou queimadura generalizada.
dentado aguarde a chegada do médico, ou seja, transportado para o Pode também ocorrer em pequenos ferimentos, como os que pe-
hospital mais próximo. Para que alguém se torne útil num socorro netram o tórax. Caracteriza-se pelos seguintes sintomas: palidez da
urgente, deve ter algumas noções sobre a natureza da lesão e como face, com lábios arroxeados ou descorados, se há hemorragia; pele
proceder no caso. fria, principalmente nas mãos e nos pés; suores frios e viscosos na
Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
face e no tronco; prostração acentuada e voz fraca; falta de ar, res- Fratura: É toda solução de continuidade súbita e violenta de
piração rápida e ansiedade; pulso fraco e rápido; sede, sobretudo um osso. A fratura pode ser fechada quando não houver rompimento
se há hemorragia; consciência presente, embora diminuída. Como da pele, ou aberta (fratura exposta) quando a pele sofre solução de
primeiro socorro, precisa-se deitar o paciente em posição horizon- continuidade no local da lesão óssea. As fraturas são mais comuns
tal e, havendo hemorragia, elevar os membros e estancar o sangue, ao nível dos membros, podendo ser únicas ou múltiplas. Na primeira
aquecendo-se o corpo moderadamente, por meio de cobertores. infância, é frequente a fratura da clavícula. Como causas de fraturas
citam-se, principalmente, as quedas e os atropelamentos. Localiza-
Hemorragia: É a perda sanguínea através de um ferimento ções principais:
ou pelos orifícios naturais, como as narinas. Quando a hemorragia - fratura dos membros, as mais comuns, tornando-se mais gra-
ultrapassa 500g no adulto, ocorre a anemia aguda, cujos sintomas ves e de delicado tratamento quanto mais próximas do tronco;
se assemelham aos do choque (palidez, sede, escurecimento da - fratura da bacia, em geral grave, acompanhando-se de choque
vista, pulso fraco, descoramento dos lábios, falta de ar e desmaios). e podendo acarretar lesões da bexiga e do reto, com hemorragia in-
A hemorragia venosa caracteriza-se por sangue escuro, jato lento terna;
e contínuo (combate-se pela compressão local e não pelo garrote). - fratura do crânio, das mais graves, por afetar o encéfalo, pro-
A hemorragia arterial se distingue pelo sangue vermelho rutilante tegido por aquele; as lesões cerebrais seriam responsáveis pelo cho-
em jato forte e intermitente (combate-se pela compressão local, que, paralisia dos membros, coma e morte do paciente. A fratura do
quando pequena, e pelo garrote, quando grande). O paciente, em crânio é uma ocorrência mais comum nas grandes cidades, devido
caso de anemia aguda, deve ser tratado como no caso do chocado, aos acidentes automobilísticos, e apresenta maior índice de mortali-
requerendo ainda transfusões de sangue, quando sob cuidados dade em relação às demais. O primeiro socorro precisa vir através de
médicos. aparelho respiratório, pois os pacientes podem sucumbir por asfixia.
Deve-se lateralizar a cabeça, limpar-lhe a boca com o dedo protegi-
Queimadura: É toda lesão produzida pelo calor sobre a superfí- do por um lenço e vigiar a respiração. Não se deve esquecer que o
cie do corpo, em graus maiores ou menores de extensão (queimadura choque pode também ocorrer, merecendo os devidos cuidados;
localizada ou generalizada) ou de profundidade (1º, 2º, e 3º graus). - fratura da coluna: ocorre, em geral, nas quedas, atropelamen-
Consideram-se ainda queimaduras as lesões produzidas por subs-
tos e nos mergulhos em local raso, sendo tanto mais grave o prog-
tância cáustica (ácido fênico), pela eletricidade (queimadura elétri-
nóstico quanto mais alta a fratura; suspeita-se desta fratura, quando
ca), pela explosão atômica e pelo frio. As diversas formas de calor
o paciente, depois de acidentado, apresenta-se com os membros
(chama, explosão, vapor das caldeiras, líquidos ferventes) são, na
inferiores paralisados e dormentes; as fraturas do pescoço são qua-
verdade, as causas principais das queimaduras. São particularmente
se sempre fatais. Faz-se necessário um cuidado especial no sentido
graves nas crianças e na forma generalizada. Assim, a mortalidade
de não praticar manobras que possam agravar a lesão da medula;
é de 9% nas queimaduras da cabeça e membros superiores; 18% na
coloca-se o paciente estendido no solo em posição horizontal, com
face posterior ou anterior do tronco, e 18% nos membros inferiores.
o ventre para cima; o choque também pode ocorrer numa fratura
Como foi dito, classificam-se as queimaduras em três graus: 1º grau,
dessas.
ou eritema, em que a pele fica vermelha e com ardor (queimadura
pelo sol); 2º grau ou flictema, com formação de bolhas, contendo
um líquido gelatinoso e amarelado. Costuma também ser dolorosa, Irradiação Atômica: As explosões atômicas determinam dois
podendo infectar-se quando se rompe a bolha; e do 3º grau, ou es- tipos de lesões. A primeira, imediata, provocada pela ação calórica
cara, em que se verifica a mortificação da pele e tecidos subjacen- desenvolvida, e a segunda, de ação progressiva, determinada pela
tes, transformando-se, mais tarde, numa ulceração sangrante, que se radioatividade. Nos pacientes atingidos, o primeiro socorro deve ser
transforma em grande cicatriz. Quando às queimaduras pequenas, o da sua remoção do local, combate ao choque e tratamento das
basta untá-las com vaselina ou pomadas antissépticas, mas, quando queimaduras quase sempre generalizadas. Não se pode ignorar o
ocorrem as queimaduras extensas, o primeiro socorro deve dirigir-se perigo que existe em lidar com tais enfermos, no que se refere à
para o estado geral contra o choque, em geral iminente. radioatividade.
Distorção: Decorre de um movimento violento e exagerado de Retirada do Local: O paciente pode ficar preso às ferragens de
uma articulação, como o tornozelo. Não deve ser confundida com um veículo, escombros de um desabamento ou desacordado pela
a luxação, em que a extremidade do osso se afasta de seu lugar. É fumaça de um incêndio. Sua remoção imediata é, então, necessária.
uma lesão benigna, embora muito dolorosa, acompanhando-se de Assim procedendo, evita-se a sua morte, o que justifica processo de
inchação da junta e impossibilidade de movimento. A imobilização remoção até certo ponto perigoso mas indispensável. O socorrista
deve ser primeiro socorro, podendo empregar-se também bolsa de deve conduzir-se com prudência e serenidade, embora, em certas
gelo, nas primeiras horas. ocasiões, a retirada do paciente deve ser a mais rápida possível. Em
certas circunstâncias, será necessário recorrer ao Corpo de Bombei-
Luxação: Caracteriza-se pela saída da extremidade óssea, que ros e a operários especializados, a fim de libertar a vítima. Enquanto
forma uma articulação, mantendo-se fora do lugar em caráter per- se espeta esse socorro, deve-se tranquilizar a vítima, procurando es-
manente. Em certos casos a luxação se repete a um simples movi- tancar a hemorragia, se a houver, e recorrer a medidas que facilitem
mento (luxação reincidente). As luxações mais comuns são as da a respiração, já que em certas circunstâncias pode ser precário o teor
mandíbula e do ombro. O primeiro socorro consiste no repouso e de oxigênio da atmosfera local. Isso é muito importante para a so-
imobilização da parte afetada. brevivência do paciente.
Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Posição do Acidentado: O decúbito dorsal, com o corpo es- comprimir com o dedo, externamente, a asa do nariz; finalmente,
tendido horizontalmente, é a posição mais aconselhável. A posição em caso de hemorragia pós-parto ou pós-aborto, deve-se colocar a
sentada favorece o desmaio e o choque, fato nem sempre do conhe- paciente numa posição de declive, mantendo-se o quadril e os mem-
cimento do leigo. Quando a vítima está inconsciente, é preciso co- bros inferiores em nível mais elevado. Em casos excepcionais, o
locá-la de lado, ou apenas com a cabaça lateralizada, para que possa ferimento pode estar localizado numa região difícil de se colocar
respirar melhor e não sofra asfixia no decurso do vômito. Havendo um garrote; procede-se, então, pelo método da compressão ao nível
fratura da mandíbula e lesões da boca, é preferível colocar o pacien- da ferida; pode-se, inclusive, utilizar o dedo ou a mão, num caso de
te em decúbito ventral. Somente os portadores de lesões do tórax, extrema hemorragia.
dos membros superiores e da face, desde que não sofram desmaios.
Combater o choque e a anemia aguda: Começa-se por colocar
Identificação das Lesões: Estando o paciente em local ade- o paciente, sem travesseiros ou qualquer suporte sob a cabeça, man-
quado, deve-se, imediatamente, identificar certas lesões mais sérias, tendo ou membros inferiores em nível mais elevado; removem-se
como ferimentos que sangram, fratura do crânio, choque, anemia todas as peças do vestuário que se encontram molhadas, para que
aguda ou asfixia, capazes de vitimar o paciente, se algo de imediato não se agrave o resfriamento do enfermo; cobre-se, em seguida, o
não for feito. Eis a orientação que se deve dar ao diagnóstico dessas seu corpo com cobertores ou roupas de que se dispõe no momento, a
lesões: fim de aquecê-lo. A vítima pode ingerir chá ou café quente se estiver
- hemorragia, que se denuncia nas próprias vestes pelas man- consciente e sem vômitos; ao mesmo tempo, deve-se tranquilizá-
chas de sangue; basta, então, rasgar a fazenda no local suspeito, para -la, prometendo-lhe um socorro médico imediato e dizendo-lhe da
que se localize o ferimento; vantagem de ficar imóvel. mesmo no caso dos queimados, observa-
- fratura do crânio, cujo diagnóstico deverá ser levantado quan- -se um resfriamento das extremidades do paciente, havendo neces-
do o indivíduo, vítima de um acidente, permanece desacordado e, sidade de usar cobertores sobre o mesmo. Não convém esquecer-se,
sobre tudo, se ele sangra pelo ouvido ou pelo nariz; também, a sobreposição de cobertores do leito; embora o aqueci-
- fratura de membros, posta em evidência pela deformação lo- mento do enfermo possa tornar-se perigoso, se provocar sudorese.
cal, dificuldade de movimentos e dor ao menor toque da lesão;
- fratura da coluna vertebral, quando o paciente apresenta para- Imobilizar as fraturas: O primeiro socorro essencial de um
lisia de ambos os membros inferiores que permanecem dormentes, fraturado é a sua imobilização por qualquer meio; podem-se impro-
indolores mas sem movimentos; visar talas com ripas de madeira, pedaço de papelão, ou, no caso de
- choque e anemia aguda, com o paciente pálido, pulso fraco, membro inferior, calha de zinco; nas fraturas de membros superior,
sede intensa, vista escura, suores frios e ansiedade com falta de ar; as tipóias são mais aconselháveis. Quando o paciente é fraturado de
- luxação, tornando-se o membro incapaz de movimentos, dolo- coluna, a imobilização deve cingir-se ao repouso completo numa
roso e deformado ao nível da junta; posição adequada, de preferência o decúbito dorsal com extensão
- distorção, com dificuldade de movimento na articulação afeta- do corpo.
da, apresentando-se este bastante dolorosa e inchada;
- queimadura, fácil de diagnóstico pela maneira que se produ- Vigiar a respiração: É muito importante nos traumatizados
ziu; resta verificar a sua extensão e gravidade, o que pode ser orien- observar a respiração, principalmente quando eles se encontram in-
tado pela queimadura das peças do vestuário que ficam carbonizadas conscientes. A respiração barulhenta, entrecortada ou imperceptível
em contato com o tegumento; no caso de queimadura generalizada, deve despertar no observador a suspeita de dificuldade respiratória,
suspeitar, logo, de um estado de choque e não esquecer da alta gra- com a possibilidade de asfixia. Começa-se por limpar a boca do pa-
vidade nas crianças; ciente de qualquer secreção, sangue ou matéria vomitada, o que se
- asfixia, que pode ocorrer nos traumatismos do tórax, de crâ- pode fazer entreabrindo a boca da vítima e colocando uma rolha
nio, queimaduras generalizadas e traumatismo da face. Identifica-se entre a arcada dentária a fim de, com o dedo envolvido em um len-
esta condição pela coloração arroxeada da face (cianose), a dificul- ço, proceder a limpeza. Em complemento, ao terminar a limpeza,
dade de respirar e de consciência que logo se instala. lateriza-se a cabeça, fecha-se a boca do paciente segurando-lhe a
cabeça um pouco para trás. Isso permitirá que a respiração se faça
Medidas de Emergência melhor. Havendo parada respiratória, é preciso iniciar, imediata-
mente, a respiração artificial boca-a-boca ou por compressão ritma-
Após a identificação de uma das lesões já focalizadas, pode-se da da base do tórax (16 vezes por minuto). Não se deve esquecer
seguir a seguinte orientação: que a ventilação do local com ar puro se torna muito importante para
qualquer paciente chocado, anemiado ou asfíxico. Os fraturados da
Estancar a hemorragia (Hemostásia): Quando a hemorragia mandíbula, com lesões da língua e da boca, deverão ser colocados
é pequena ou venenosa, é preferível fazer uma compressão sobre o em decúbito ventral com a cabeça leterizada, para que a respiração
ferimento, utilizando-se um pedaço de gaze, um lenço bem limpo ou se torne possível.
pedaço de algodão; sobre este curativo passa-se uma gaze ou uma
tira de pano. Quando, todavia, a hemorragia é abundante ou arte- Remoção de corpos estranhos: Os ferimentos que se apresen-
rial, começa por improvisar um garrote (tubo de borracha, gravata tam inoculados de fragmentos de roupa, pedaços de madeira etc.,
ou cinto) que será colocado uns quatro dedos transversos acima do podem ser lavados com água fervida se o socorro médico vai tar-
ferimento, apertando-se até que a hemorragia cesse. Caso o socorro dar; no caso, porém, de o corpo estranho estar representado por uma
médico demore, cada meia hora afrouxa-se o garrote por alguns se- faca ou haste metálica, que se encontra encravada profundamente, é
gundos, apertando-o novamente; na hemorragia pelas narinas basta preferível não retirá-lo, pois poderá ocorrer hemorragia mortal. No
Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
caso de empalação, deve-se serrar a haste pela sua base e transportar Socorro ao asfixiado: Em certos tipos de traumatismo como
o paciente para o hospital, a fim de que lá seja removido o corpo aqueles que atingem a cabeça, a boca, o pescoço, o tórax; os que
estranho. Quando o corpo estranho estiver prejudicando a respira- são produzidos por queimaduras no decurso de um incêndio; os que
ção, como no caso dos traumatismos da boca e nariz, cumpre fazer ocorrem no mar, nos soterramentos etc. poderá haver dificuldade
tudo para removê-lo de modo a favorecer a respiração. Não se deve respiratória e o paciente corre mais risco de morrer pela asfixia do
esquecer que os pequenos corpos estranhos (espinhos de roseira, far- que pelas lesões traumáticas. Nesse caso, a identificação da dificul-
pas de madeira, espinhos de ouriço-do-mar) podem servir de veículo dade respiratória pela respiração barulhenta nos indivíduos incons-
para o bacilo de tétano, o que poderá ser fatal. cientes, pela falta de ar de que se queixam os conscientes, ou ainda,
pela cianose acentuada do rosto e dos lábios, servirá de guia para o
Socorro ao queimado: Faz-se necessário considerar as quei- socorro à vítima. A norma principal é favorecer a passagem do ar
maduras limitadas e as generalizadas. No primeiro caso, o socorro através da boca e das narinas; colocar, inicialmente, o paciente em
urgente consistirá em proteger a superfície queimada com gaze ou decúbito ventral, com cabeça baixa, desobstruir a boca e as narinas,
manter o seu pescoço em linha reta, mediante a projeção do quei-
um pano limpo; no segundo caso, o choque deve ser a primeira preo-
xo para trás, o que se poderá fazer tracionando a mandíbula com
cupação. Deve-se pensar nele mesmo antes que se instale, cuidando
os dedos, como se fora para manter fechada a boca do socorrido;
logo de colocar o paciente em repouso absoluto, protegê-lo contra o
se houver vômitos, vira-se a cabeça da vítima para o lado até que
resfriamento, fazê-lo ingerir bebidas quentes e tranquilizá-lo. Nesse
cessem, limpando-lhe a boca em seguida. Não se deve esquecer de
último caso, o tratamento local ocupa um segundo plano. Eis um colocar o paciente em ambiente de ventilação adequada e ar puro.
resumo do tratamento local das queimaduras: A parada respiratória requer imediata respiração artificial, contínua
- queimadura do 1º grau: protege-se a superfície queimada com e incessante, num ritmo de 16 vezes por minuto, até que chegue o
vaselina esterilizada ou pomada analgésica; socorro médico, não importando que atinja uma hora ou mais.
- queimadura do 2º grau: evitar a ruptura das bolhas, fazendo
um curativo com gaze esterilizada em que se pode estender uma Transporte do paciente: Algumas vezes é indispensável trans-
leve camada de pomada antisséptica ou com antibiótico; a seguir, o portar a vítima utilizando meios improvisados, a fim de que se be-
curativo precisa ser resguardado com algodão; quando a superfície neficie de um socorro médico adequado; em princípio, o leigo não
queimada se acha suja com fragmentos queimados etc., torna-se ne- deverá fazer o transporte de qualquer paciente em estado aparente-
cessária uma limpeza com sabão líquido ou água morna fervida, uti- mente grave, enquanto estiver perdendo sangue, enquanto respiran-
lizando-se, para isto, uma compressa de gaze; enxuga-se em seguida do mal, enfim, enquanto duas condições não pareçam satisfatórias.
a superfície queimada, fazendo-se um curativo com pomada acima O transporte pode por si só causar a morte de um paciente trau-
referida; no caso de queimaduras poluídas com resíduos queimados, matizado. Tomando em consideração essas observações, devem-se
haverá necessidade de um antibiótico e de soro antitetânico. A reno- verificar as condições gerais do enfermo, o veículo a ser utilizado,
vação do curativo só deve ser feita cinco a sete dias depois, a não ser o tempo necessário ao transporte. Havendo meios de comunicação,
que haja inflamação, febre e dor; para retirá-lo basta umedecer com será útil pedir instruções ao hospital mais próximo. Estabelecida a
soro fisiológico morno ou água morna fervida; necessidade do transporte, torna-se necessário observar os seguintes
- queimadura do 3º grau: o tratamento é igual a queimadura do detalhes:
2º grau; o problema principal é a limpeza da superfície queimada, - remoção do paciente para o veículo, o que deverá ser feito
quando esta se encontra poluída por resíduos carbonizados; neste evitando aumentar as lesões existentes, sobretudo no caso de fratura
caso, pode-se empregar sabão líquido e água ou soro fisiológico de coluna e de membros; em casos especiais, o transporte pode ser
mornos; feito por meio de veículos a motor, padiolas e, mais excepcional-
- recomendações especiais: as queimaduras do rosto e partes mente por avião;
- veículo utilizado: deve atender, em primeiro lugar, ao conforto
genitais devem receber curativos de vaselina esterilizada; as quei-
do paciente; os caminhões ou caminhonetes prestam-se melhor a
maduras de 30% do corpo, sobretudo do tronco, e, principalmente,
esse mister;
na criança, estão sujeitas ao choque e mesmo à morte do paciente;
- caminho a percorrer: é desnecessário encarecer a importância
exigem, portanto, um tratamento no hospital, de preferência em ser-
do repouso dos traumatizados, evitando abalos durante o transpor-
viços especializados. As complicações mais terríveis das queimadu- te; pode ser necessário sustá-lo, caso as condições do enfermo se
ras são: inicialmente, o choque; posteriormente, as infecções, inclu- agravem;
sive tetânica, a toxemia com graves distúrbios gerais, e, finalmente, - acompanhante: a vítima deve ser acompanhada por pessoa es-
as cicatrizes viciosas que deformam o corpo do paciente e provocam clarecida que lhe possa ser útil durante a viagem;
aderências. - observação: o transporte em avião constitui um dos melhores
pela ausência de trepidação e maior rapidez; todavia, a altitude
Socorro aos contaminados por raiva: Os indivíduos com feri- pode ser nociva para pacientes gravemente traumatizados de tórax,
mentos produzidos por animais com hidrofobia (cão, gato, morce- sobretudo se estiverem escarrando sangue ou com falta de ar.
go etc.) devem Ter seus ferimentos tratados de maneiro já referida
no item de feridas; há, todavia, um cuidado especial na maneira de Nova Regra de Ressuscitação (18/10/2010)
identificar a raiva no animal agressor, como também de orientar i
paciente, sem perda de tempo, para que faça o tratamento anti-rábi- De acordo com as novas diretrizes de ressuscitação cardiopul-
co imediato; a rapidez do mesmo será tanto mais imperiosa quanto monar, divulgadas, a massagem cardíaca sem a respiração boca a
maior o número de lesões produzidas e quanto mais próximos da boca é tão eficaz quanto os dois procedimentos em sequência, quan-
cabeça tais ferimentos. do realizada por leigos. Segundo a AHA (American Heart Associa-
Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
tion), órgão americano que divulgou as novas normas, as chances de O Brasil não pode se conformar com essa triste realidade. Para
sucesso de uma pessoa que faz a massagem cardíaca corretamente tanto é preciso reduzir a facilidade de acesso a armas de fogo e aca-
são praticamente as mesmas de quem opta pela dobradinha, além de bar com a cultura da violência, que dificultam a construção de uma
contar com a vantagem de se ganhar tempo – essencial no processo. cultura de paz.
Pela nova norma, a respiração deve ainda ser padrão para os Por essa razão, a Câmara dos Deputados se sente corresponsá-
profissionais de saúde, que sabem fazê-la com a qualidade e agilida- vel pela manutenção do espírito do Estatuto do desarmamento que
de adequada. Se a vítima da parada cardíaca não receber nenhuma ora se reedita, de forma a não permitir que o uso de armas de fogo
ajuda em até oito minutos, a chance de ela sobreviver não passa de sem controle coloque em risco a vida de milhares de jovens e de toda
15%. Já ao receber a massagem, a chance aumenta para quase 50% a população de uma maneira geral.
até a chegada da equipe de socorro, que assumirá o trabalho. Em seguida, considerando o que prevê o Edital do presente con-
- 1º. Antes de ajudar o desacordado, tenha certeza de que o lugar curso iremos tratar os dispositivos legais do Estatuto do Desarma-
é seguro para você e para fazer o atendimento. Caso contrário, serão mento que serão abordados em sua prova.
duas vítimas.
- 2º. Avalie o nível de consciência da vítima, vendo se está acor- LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
dada e perguntando se está bem.
- 3º. Ver se a pessoa tem algum sinal de vida, se está respirando. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
Para isso, recline a cabeça dela, levantando levemente o queixo para fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, defi-
cima. Chegue próximo ao rosto e sinta se há respiração, mesmo que ne crimes e dá outras providências.
espaçada. Se não houver, comece a massagem cardíaca.
- 4º. Conhecida no termo médico como compressão torácica, CAPÍTULO III (ARTS. 4º A 10º)
a massagem cardíaca deve ser realizada no meio do peito (entre os
dois mamilos), com o movimento das mãos entrelaçadas (uma em Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes-
sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos se-
cima da outra) sob braços retos, que devem fazer ao menos cem
guintes requisitos:
movimentos de compressão por minuto, de forma rápida e forte.
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certi-
Os movimentos servem para retomar a circulação do sangue e,
dões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça
consequentemente de oxigênio, para o coração e o cérebro, inter-
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
rompida quando o coração para. Não espere mais de dez segundos
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas
para começar a compressão e a faça até o resgate chegar, sem qual-
por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
quer interrupção. Como demanda esforço físico, tente revezar com II – apresentação de documento comprobatório de ocupação
outra pessoa, de forma coordenada, se puder. lícita e de residência certa;
O cardiologista explica que a mudança se deu com o intuito de III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló-
facilitar o processo e impedir que pessoas desistam de fazê-lo pelo gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta
receio de encostar sua boca na boca de desconhecidos. Algumas no regulamento desta Lei.
pesquisas nos Estados Unidos mostraram que o número de ressus- § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo
citações havia diminuído muito em cidades onde o número era alto, após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome
por causa do medo de contrair doenças pela boca. do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta au-
torização.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre
10 ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI Nº correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no
10.826/2003): CAPÍTULO III (ARTS. 4º A 10º), regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
CAPÍTULO IV (ARTS. 12 A 20) E CAPÍTULO V § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território
(ART. 25). nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente,
como também a manter banco de dados com todas as características
da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e
O controle de armas é uma matéria polêmica e foi, inclusive, munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re-
objeto do segundo referendo da história do Brasil, por isso requer gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
prudente formatação legal. Não por outro motivo, há dezenas de § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições
proposições em tramitação convergindo nesse sentido. Tal processo entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização
de revisão reveste-se de refletida apreciação por parte do Parlamen- do Sinarm.
to. § 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será con-
Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de homicídios cedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30
no Brasil chegou a 20,4 por 100 mil habitantes em 2010, e na faixa (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
de jovens de 15 a 29 anos, essa taxa passa para 44,2, uma das mais § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do cum-
altas do mundo. Cerca de 70% desses homicídios são perpetrados primento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
por armas de fogo. Ou seja, morrem no Brasil, anualmente, cerca § 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso
de 27 mil pessoas por ano vítimas de armas de fogo, ou 75 pessoas III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado
por dia. Isso significa que, de 1980 a 2010, mais de quinhentas mil em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar
pessoas foram mortas por arma de fogo, das quais mais de trezentos autorizado a portar arma com as mesmas características daquela a
mil jovens. ser adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Didatismo e Conhecimento 53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com va- VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de va-
lidade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a lores constituídas, nos termos desta Lei;
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente
ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de tra- constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas
balho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabe- de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que
lecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) couber, a legislação ambiental.
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da
3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es-
Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na
registro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Jus-
Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega tiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012).
pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a § 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput
apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade
de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com
do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I,
2008) (Prorrogação de prazo) II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste arti- § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes
go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste
de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na
artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere
rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamento
o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabeleci-
e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº
das no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
11.706, de 2008)
2008)
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet,
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas mu-
com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº
nicipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes
11.706, de 2008)
em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe-
de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições
deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar
como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do
de propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
CAPÍTULO III estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e
DO PORTE do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam
dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e
I – os integrantes das Forças Armadas; cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido
art. 144 da Constituição Federal; pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples,
Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou
habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os
com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhen- seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
tos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº I - documento de identificação pessoal;
10.867, de 2004) II - comprovante de residência em área rural; e
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligên- III - atestado de bons antecedentes.
cia e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Se- § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de
gurança Institucional da Presidência da República; fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá,
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de
e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios
prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por- que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma
tuárias; de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das em- armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o
presas de segurança privada e de transporte de valores, constituídas possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma
na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das do regulamento desta Lei.
respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em
serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armaze- Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte
nagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangei-
registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em ros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos
nome da empresa. termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se- de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caça-
gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime dores e de representantes estrangeiros em competição internacional
previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das oficial de tiro realizada no território nacional.
demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor-
rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso
ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
horas depois de ocorrido o fato. § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos
apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos re- regulamentares, e dependerá de o requerente:
quisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados que I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati-
portarão arma de fogo. vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo,
bem como o seu devido registro no órgão competente.
Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste ar-
instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, tigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja
detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de subs-
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente po-
tâncias químicas ou alucinógenas.
dendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as
condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão com-
CAPÍTULO IV (ARTS. 12 A 20)
petente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte ex-
pedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído pela
CAPÍTULO IV
Lei nº 12.694, de 2012)
DOS CRIMES E DAS PENAS
§ 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que trata
este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
12.694, de 2012) Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessó-
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público rio ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação
designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência
funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou
o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de ser- o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
vidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
12.694, de 2012)
§ 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de que Omissão de cautela
trata este artigo fica condicionado à apresentação de documentação Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir
comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimen- mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
tos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de seja de sua propriedade:
fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
§ 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata este diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo-
artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
pela Lei nº 12.694, de 2012) Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a re- arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas
gistrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo,
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depó-
nº 12.694, de 2012) sito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de determinação legal ou regulamentar:
Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumen-
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, tada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de
salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. uso proibido ou restrito.
(Vide Adin 3.112-1)
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
Disparo de arma de fogo pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a
ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de CAPÍTULO V (ART. 25).
outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem
(Vide Adin 3.112-1) à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Co-
mando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas,
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, re- pela Lei nº 11.706, de 2008)
meter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão e
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em relatório
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrin-
identificação de arma de fogo ou artefato; do-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído pela Lei
nº 11.706, de 2008)
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas a
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou
serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdimento
para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706,
policial, perito ou juiz;
de 2008)
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de
ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu
legal ou regulamentar;
cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706,
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
de 2008)
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
raspado, suprimido ou adulterado; § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma
de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, ex- 11 RELAÇÕES HUMANAS. 11.1 QUALIDADE
por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO:
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de COMUNICABILIDADE; APRESENTAÇÃO;
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com ATENÇÃO; CORTESIA; INTERESSE;
determinação legal ou regulamentar:
PRESTEZA; EFICIÊNCIA; TOLERÂNCIA;
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
DISCRIÇÃO; CONDUTA; OBJETIVIDADE.
11.2 TRABALHO EM EQUIPE.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou indus-
trial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de ser-
viços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência. Relações Humanas
Tráfico internacional de arma de fogo Falar em relações humanas é considerar todo tipo de relação
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do ter- social ou interação entre os indivíduos. Esta é uma questão abordada
ritório nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou por diversas ciências, dentre elas, a sociologia, a antropologia, a bio-
munição, sem autorização da autoridade competente: logia, a política, economia, as ciências naturais, enfim, tudo aquilo
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. que envolve o homem lá estão às relações humanas.
Didatismo e Conhecimento 56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
No trabalho, estas relações são necessárias, pois toda empresa, Se a organização não possui clientes internos, ela não tem como
seja ela de grande, médio ou pequeno porte, tem como principio de fornecer, nem vender, produtos e/ou serviços.
funcionamento a trabalho em conjunto, a coletividade, pois a maio- E se não há clientes externos, não tem para quem prover.
ria das tarefas são realizadas por grandes grupos de pessoas, onde E em um cenário em que, cada vez mais, as empresas disputam
cada um tem sua função. Este processo de divisão do trabalho se deu pela preferência de um mesmo cliente, a qualidade no atendimento
ao longo de tempo e teve seu auge quando foi iniciada a revolução se tornou fundamental; e é o diferencial.
industrial e o a inserção do sistema capitalista de produção, que visa E é por isso que os clientes se tornaram mais exigentes e cons-
o lucro a produtividade, ou seja, cada pessoa fazendo exclusivamen- cientes dos padrões de atendimento.
te determinada tarefa aumentaria a produtividade e minimizaria o Por isso, o comprometimento e profissionalismo são importan-
tempo gasto no processo de produção. Vale lembrar que as relações tes para um bom atendimento.
humanas não estão estritamente ligadas apenas as relações entre as Outro ponto importante a ser dito sobre atendimento é: Ao aten-
pessoas, mas ao também ambiente de trabalho, ou de atuação, ou der um cliente, o atendente representa a empresa. Para o cliente, a
seja, na escola entre os alunos, em casa, coma família, e também a empresa toda se projeta na pessoa que está fazendo o atendimento,
relação do empregado com a empresa, visto que desta relação é que Ou seja, o atendente tem a responsabilidade de ser o porta-voz da
será ditado a produtividade daquela empresa. empresa. Por isso, além de um trabalho minucioso, o de atendimen-
to, ele deve ser responsável, sério e profissional.
Qualidade no atendimento ao público Por isso, o atendente, ao atender o cliente (interno ou externo)
deve ser comprometido. O cliente deve perceber que a empresa (já
Antes de definirmos os conceitos que permeiam o Universo do que pra o cliente, naquele momento, o atendente é a empresa) se
Atendimento ao Público, precisamos entender o que significa Aten- importa com ele, e que suas dúvidas, necessidades e anseios, são
der. importantes e bem-vindos à empresa.
Atender: Acolher com atenção, ouvir atentamente; Tomar em A sensação que o cliente precisa ter quando está sendo atendido,
consideração, deferir; Atentar, ter a atenção despertada para; Rece- é que ele é fundamental para o desenvolvimento da empresa. E o que
ber. quer que ele necessite, por menor que seja, é importante também.
Por isso, atendimento é acolher, receber, ouvir o cliente, de for- Para isso, os primeiros passos para se fazer um bom atendimen-
ma com que seus desejos sejam resolvidos. O cliente quando busca to, é saber ouvir e compreender o cliente. É trata-lo com respeito.
por um atendimento, ele quer encontrar soluções. Por isso, a educação é o carro chefe nesse processo. Ser educa-
Atendimento, então, é dispor de todos os recursos que se fize- do, gentil, pedir desculpas, agradecer, ter um tom de voz agradável e
rem necessários, para atender ao desejo e necessidade do cliente. ter uma postura receptiva, sã quesitos impreteríveis.
Esse cliente pode ser interno, ou, externo, e caracteriza-se por ser o Dispor de tudo o que está fazendo e ter atenção e tempo apenas
público-alvo em questão. para atendê-lo. Pois, não se deve esquecer, que quando um cliente
Os clientes internos são aqueles de dentro da organização. Ou necessita de um atendimento, não existe nada mais importante que
seja, são os colegas de trabalho, aqueles no qual juntamente conos- ele.
co, formam a instituição. São as pessoas que atuam internamente na Atualmente, mais importante do que se ter um cliente, é o re-
empresa. E deve-se pensar, que em muitas vezes há a necessidade lacionamento que se cria com ele. E isso, é alcançado através do
de se fazer esse atendimento interno. Pois, cada pessoa entende do atendimento.
seu departamento, seção, setor. E como uma organização, como o Os clientes quando procuram um atendimento eles possuem
próprio nome já diz, é feito de organismos e sistemas, que são as expectativas. Por isso, o ideal para construir um relacionamento
divisões. E por isso, precisa-se sempre de informações de outros duradouro, não é apenas atender as expectativas, e sim, superá-las.
setores, para alcançar a meta pretendida. Mas, em muitas vezes, por Os clientes que têm suas expectativas superadas acabam se tor-
serem clientes internos, o atendente não dá a devida atenção que ne- nando fiéis.
cessita a situação. Muitas vezes por não entender que mesmo sendo O processo de atendimento começa com a identificação das ne-
cliente interno, a qualidade deve permear em quaisquer atendimen- cessidades dos clientes. Para isso, uma comunicação clara e objetiva
tos. Porém, ele deve pensar que seu atendimento pode ser essencial é fundamental.
para alguns rumos que a organização pode tomar. As instituições precisam construir relacionamentos. Pois, ó
Já os clientes externos, é o público no qual a empresa se relacio- foco é o cliente, e o objetivo do relacionamento é trazer interativida-
na externamente. São os clientes que adquirem produtos ou serviços de, conforto, satisfação e bem-estar.
da empresa, que fornecem matéria-prima, que tem relações com a O processo de relacionamento deve começar com a escolha do
empresa. Ou seja, são os consumidores, fornecedores, parceiros, cliente, a identificação de suas necessidades, a definição dos servi-
etc.. ços prestados e agregados, a busca da melhor relação custo/benefí-
São as pessoas que possuem relacionamento com a Instituição. cio e ter funcionários (clientes internos) motivados e capacitados a
Porém, não atuam dentro da empresa. Ele não é configurado como atender estes clientes adequadamente.
funcionário. E como se tem clientes internos (funcionários) motivados?
Tanto quanto os clientes internos, os externos também são fun- A resposta é simples e óbvia: Construindo e mantendo um bom
damentais para a Empresa. relacionamento com e entre eles.
Não há como definir quem é o mais importante. Podemos dizer O contexto de administrar o relacionamento com o cliente ser-
apenas que sem qualquer um desses clientes, a empresa não existe. ve para que a empresa adquira vantagem competitiva e se destaque
Juntos eles constituem as instituições. perante a concorrência.
Didatismo e Conhecimento 57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Os relacionamentos não podem ser superficiais. Eles têm de ser
profundos e duradouros. O objetivo maior é manter o cliente através
da confiança, credibilidade e a sensação de segurança transmitida
pela organização.
A estratégia de Relacionamento é a longo prazo. E também,
além de visar manter os clientes de forma fiel, busca a conquista de
novos clientes.
E essa filosofia de relacionamento com o cliente deve ser uma
forma de pensar de toda organização.
A ideia central da Construção e Manutenção de Relacionamento Exemplo: Uma pessoa (emissor) tem uma ideia (significado)
nas empresas, visando um atendimento com qualidade, é de atender que pretende comunicar. Para tanto se vale de seu mecanismo vocal
as necessidades dos clientes através de seus serviços e/ou produtos. (codificador), que expressa sua mensagem em palavras. Essa men-
Ofertando-os de forma adequada e com qualidade. sagem, veiculada pelo ar (canal) é interpretada pela pessoa a quem
O mais importante hoje não é simplesmente adquirir novos se comunica (receptor), após sua decifração por seu mecanismo
clientes, mas manter os clientes existentes em seu portfolio. Pois, os auditivo (decodificador). O receptor, após constatar que entendeu a
relacionamentos, permitem que as empresas explorem ao máximo mensagem (compreensão), esclarece a fonte acerca de seu entendi-
seus conhecimentos sobre os clientes e necessidades. mento (feedback). Ou Seja, repetindo a mensagem.
Pode-se, portanto, dizer que a comunicação só pode ser con-
Comunicabilidade
siderada eficaz quando a compreensão feita pelo receptor coincide
Para entendermos comunicabilidade, primeiro precisamos en-
com o significado pretendido pelo emissor.
tender o que é comunicação.
O processo de comunicação nunca é perfeito. No decorrer de
A palavra Comunicação deriva do latim communicare, cujo
suas etapas sempre ocorrem perturbações que prejudicam o pro-
significado é tornar comum, partilhar, associar, trocar opiniões, con-
cesso, no qual são denominados ruídos. Ruído é uma perturbação
ferenciar.
Tem o sentido de participação, em interação, em troca de men- indesejável em qualquer processo de comunicação, que atrapalha
sagem, em emissão ou recebimento de informação nova. Assim, a efetivação da comunicação e pode provocar perdas ou desvios na
como se vê, implica participação. mensagem.
Comunicação é o processo de transmitir informação de uma Ele é identificado na comunicação como o conjunto de bar-
pessoa para outra. Se não houver esta compreensão, não houve co- reiras, obstáculos, acréscimos, erros e distorções que prejudicam
municação. Se uma pessoa transmitir uma mensagem e esta não for a compreensão da mensagem em seu fluxo. Isto significa que nem
compreendida, por quem recebeu a mensagem, a comunicação não sempre aquilo que o emissor deseja informar é precisamente aquilo
se efetivou. Essa ação pode ser verbal, ou, não verbal. E também, que o receptor compreende.
pode ser por diversos meios. Assim, ruído é qualquer fonte de erro, distúrbio ou deforma-
Assim, comunicação não é aquilo que o remetente fala. Mas, ção de uma mensagem, que atrapalha e age contrário à eficácia da
sim, aquilo que o destinatário entende. Portanto, só há comunicação, informação.
se o receptor compreender a mensagem enviada pelo emissor. Por isso, o atendente deve trabalhar com a Comunicação de for-
Chiavenato define comunicação como troca de informações ma que haja menos ruídos possíveis. Isso, através de solicitações de
entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou infor- feedbacks constantes, mensagens claras, objetivas e concisas.
mação. Como diria Rivaldo Chinem, Comunicação é como o futebol,
Há para isso, o processo de comunicação, que é composto de todo mundo pensa que entende e dá palpite. Nesse campo, quando a
três etapas subdivididas: confusão se instala, quebram-se as regras, e os atores, ao entrar em
1 - Emissor: é a pessoa que pretende comunicar uma mensa- cena, dão caneladas, e o jogo passa a ser um completo vale-tudo.
gem, pode ser chamada de fonte ou de origem. Já comunicabilidade é o ato comunicativo otimizado, no qual a
a) Significado: corresponde à ideia, ao conceito que o emissor mensagem é transferida integral, correta, rápida e economicamente.
deseja comunicar. Ou seja, é fazer com que a comunicação realmente obtenha seu
b) Codificador: é constituído pelo mecanismo vocal para deci- objetivo, que é fazer com que o receptor entenda justamente aquilo
frar a mensagem. que o emissor intencionava.
2 - Mensagem: é a ideia em que o emissor deseja comunicar. No atendimento, a comunicação tem o papel essencial. Pois, o
a) Canal: também chamado de veículo, é o espaço situado entre atendimento se concretiza através da troca de informações.
o emissor e o receptor. O atendente deve ouvir e solicitar feedbak ao cliente, visando
b) Ruído: é a perturbação dentro do processo de comunicação. entender, sem ruídos, aquilo que está sendo solicitado.
Tudo aquilo que interfere na mensagem, e não a deixa ser compreen- É de interesse do cliente e do atendente que a informação seja
dida corretamente. recebida de forma clara. Porém, sabemos que nem sempre isso é
3 - Receptor: é a etapa que recebe a mensagem, a quem é des- possível.
tinada. Assim, o atendente tem o dever de fazer com que o processo de
a) Descodificador: é estabelecido pelo mecanismo auditivo para comunicação aconteça da melhor forma, através, de questionamen-
decifrar a mensagem, para que o receptor a compreenda. tos que leve à recepção da mensagem.
b) Compreensão: é o entendimento da mensagem pelo receptor. É importante que primeiramente, o atendente entenda a lingua-
c) Feedback: É o ato de confirmação da mensagem, pelo recep- gem do cliente, e estabeleça para si mesmo o mesmo nível. Tudo
tor, recebida do emissor. Representa a volta da mensagem enviada isso, para que o público em questão, também consiga compreender
pelo emissor. o que o atendente está dizendo.
Didatismo e Conhecimento 58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Ter o mesmo nível de linguagem não quer dizer utilizar-se da Unhas e cabelos limpos e hálito agradável também compreendem
forma incorreta da língua portuguesa. E sim, dispensar de termos os elementos que constituem a imagem que o cliente irá fazer da
técnicos e palavras difíceis nas quais não podem ser de entendi- empresa, através do atendente.
mento do cliente. O cliente, ou, futuro, questiona e visualiza sempre. Por isso, a
Esse desnível de linguagem também caracteriza-se como ruí- expressão corporal e a disposição na apresentação se tornam fatores
dos, e atrapalham o processo de comunicação. que irão compreender no julgamento do cliente.
Fazer esse diagnóstico de qual linguagem deve ser utilizada, A satisfação do atendimento começa a ser formado na apresen-
auxilia no processo de acolhimento das mensagens. Pois, torna a tação.
comunicação clara e objetiva, que é um dos fatores essenciais para Assim, a saudação inicial deve ser firme, profissional, clara e de
a qualidade no atendimento. forma que transmita compromisso, interesse e prontidão.
É muito complexo falar sobre a linguagem adequada utilizada O tom de voz deve ser sempre agradável, e em bom tom. O que
em uma mensagem. Há dois tipos de variações: prejudica muitos relacionamentos das empresas com os clientes, é a
- As variações de uso regional de acordo com o espaço geo- forma de tratamento na apresentação. É fundamental que no ato da
gráfico, na qual denominamos de dialeto. apresentação, o atendente mostre ao cliente que ele é Bem-Vindo e
- As variações que dever ser ajustadas de acordo com o des- que sua presença na empresa é importante.
tinatário, tais como: a língua falada, a escrita, a jurídica, dos eco- Há várias regras a serem seguidas para a apresentação inicial
nomistas, dos internautas, etc. A essas variações denominamos, para um Atendimento com Qualidade. O que dizer antes? O nome,
registros. nome da empresa, Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite? Pois não? Pos-
Ressalta-se, que as variações são usadas para distinção social, so ajudá-lo?
qualificando em grupos de origem, formação profissional, escola- A sequência não importa. O que deve ser pensado na hora, é
ridade, etc. que essas frases realmente devem ser ditas de forma positiva e que
tenham significado.
Os clientes não aguentam mais atendimentos com apresenta-
Língua Falada Língua Escrita
vulgar ções mecânicas.
vulgar O que eles querem sentir na apresentação é receptividade e per-
coloquial
despreocupada sonalização.
despreocupada
formal Por isso, saudar com Bom Dia, Boa Tarde, ou, Boa Noite; é
coloquial culta
literária ótimo! Mas, isso deve ser dito, desejando mesmo que o cliente tenha
formal
tudo isso. Dizer o nome da empresa se o atendimento for através do
Falada vulgar: não existe preocupação com a norma grama- telefone também faz parte. Porém, deve ser feito de forma clara e de-
tical. vagar. Não deve-se dar margem para dúvidas, ou, falar de forma que
Falada coloquial despreocupada: usada na conversação cor- ele tenha que perguntar de onde é, logo após o atendente ter falado.
rente, com gírias e expressões familiares. Dizer o nome, também é importante. Mas, isso pode ser dito de uma
Falada culta: linguagem usada em sala de aula, reuniões, pa- forma melhor como, perguntar o nome do cliente primeiro, e depois
lestras, sem fugir da naturalidade. o atendente diz o seu. Exemplo: Qual seu nome, por favor? Maria,
Falada formal: imita em tudo a escrita, por isso mesmo, soa eu sou a Madalena, hoje posso ajuda-la em quê?
artificial. O cliente com certeza já irá se sentir com prestígio, e também,
Escrita vulgar: usada por pessoas sem escolaridade e contém irá perceber que essa empresa trabalha pautada na qualidade do
vários erros. atendimento.
Escrita despreocupada: usada em bilhetes ou correspondên- Segundo a Sabedoria Popular, leva-se de 5 a 10 segundos para
cias íntimas. formarmos a primeira impressão de algo. Por isso, o atendente deve
Escrita formal: usada em correspondência empresarial com trabalhar nesses segundos iniciais como fatores essenciais para o
norma gramatical. atendimento. Fazendo com que o cliente tenha uma boa imagem da
Escrita literária: respeita a norma gramatical e utiliza recursos empresa.
estilísticos de forma inovadora. O profissionalismo na apresentação se tornou fator chave para
Como se pode ver há várias maneiras de expressar as ideias e o atendimento. Excesso de intimidade na apresentação é repudiável.
cada qual é exigida em determinada situação. O cliente não está procurando amigos de infância. E sim, soluções
aos seus problemas.
Assim, os nomes que caracterizam intimidade devem ser aboli-
Apresentação
dos do atendimento. Tampouco, os nomes e adjetivos no diminutivo.
O responsável pelo primeiro atendimento representa a primei-
Outro fator que decepciona e enfurece os clientes, é a demora
ra impressão da empresa, que o cliente irá formar, como a imagem
no atendimento. Principalmente quando ele observa que o atendente
da empresa como um todo.
está conversando assuntos particulares, ou, fazendo ações que são
E por isso, a apresentação inicial de quem faz o atendimento
particulares e não condizem com seu trabalho.
deve transmitir confiabilidade, segurança, técnica e ter uma apre-
A instantaneidade na apresentação do atendimento configura
sentação ímpar.
seriedade e transmite confiança ao cliente.
É fundamental que a roupa esteja limpa e adequada ao am- Portanto, o atendente deve tratar a apresentação no atendimento
biente de trabalho. Se a empresa adotar uniforme, é indispensável como ponto inicial, de sucesso, para um bom relacionamento com
que o use sempre, e que o apresente sempre de forma impecável. o cliente.
Didatismo e Conhecimento 59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Atenção, Cortesia e Interesse. Tomar nota das informações pode trazer mais tranquilidade ao
O cliente quando procura atendimento, é porque tem necessida- atendimento. Ainda mais se ele estiver sendo feito pelo telefone.
de de algo. O atendente deve desprender toda a atenção para ele. Por Essa técnica auxilia na compreensão, e afasta a duplicidade de ques-
isso deve ser interrompido tudo o que está fazendo, e prestar atenção tionamentos que já foram feitos, ou de informações que já foram
única e exclusivamente ao cliente. passadas.
Assuntos particulares e distrações são encarados pelos clientes Fazer perguntas ao sentir necessidade de algum esclarecimento,
como falta de profissionalismo. é importante. O atendente não deve-se inibir. Já foi dito que fazer
Atentar-se ao que ele diz e traduzir os gestos e movimentos. uma pergunta mais de uma vez deve ser evitado. E também, que in-
Tudo isso deve ser compreendido e transformado em conhecimento formações que já foram passadas pelo cliente, não devem ser ques-
ao atendente sobre o cliente. tionadas. Porém, se houver necessidade, o atendente deve fazê-la.
Perguntar mais de uma vez a mesma coisa, ou, indagar algo que Mas, deve pedir desculpas por refazê-la, e dizer que foi um lapso.
já foi dito antes, são decodificados pelo cliente como desprezo ao Confirmar o que foi dito, solicitar feedback, passa uma mensa-
que pretende.
gem de profissionalismo, atenção e interesse ao cliente. Demonstra
É importante ter atenção a tudo o que o cliente faz e diz, para
que o atendente e a empresa estão preocupados com sua situação, e
que o atendimento seja personalizado e os interesses e necessidades
também, em fazer um atendimento com qualidade.
dele sejam trabalhados e atendidos.
É indispensável que se use do formalismo e da cortesia. O Portanto, estabelecer empatia e falar claramente e pausadamen-
excesso de intimidade pode constranger o cliente. Ser educado e te, sem ser monótono, evitando ainda o uso de gírias; falar com voz
cortês é fundamental. Porém, o excesso de amabilidade, se torna tão clara e expressiva (boa dicção) são atitudes que tornam o atendimen-
inconveniente quanto a falta de educação. to ao cliente com qualidade.
O atendimento é mais importante que preço, produto ou ser-
viço, para o cliente. Por isso, a atenção à ele deve ser única e ex- Discrição
clusiva. Portanto, é necessário que o cliente sinta-se importante e A discrição é uma qualidade invejável no ser humano. Pessoas
sinta que está sendo proporcionado à ele um ambiente agradável e discretas sabem guardar segredos, não fazem comentários que pos-
favorável para que seus desejos e necessidades sejam atendidos. O sam causar conflitos, são reservadas e não chamam a atenção. As
atendente deve estar voltado completamente para a interação com o pessoas mais extrovertidas podem também serem pessoas discretas.
cliente, estando sempre atento para perceber constantemente as suas Isso se refletirá em suas atitudes e em suas palavras.
necessidades. Por isso, o mais importante é demonstrar interesse em A discrição no atendimento tem a ver com sigilo. O atendente
relação às necessidades dos clientes e atendê-las prontamente e da deve portar-se de forma com que as informações que estão sendo
melhor forma possível. tratadas com o cliente, no momento, não sejam ouvidas ou percebi-
Gentileza é o ponto inicial para a construção do relacionamento das por nenhum outro cliente, tampouco por outro atendente.
com o cliente. A educação deve permear em todo processo de aten- Mesmo após o atendimento, os comentários devem ser evi-
dimento. Desde a apresentação até a despedida. Saudar o cliente, tados. O atendente deve adotar uma postura ética, lembrando que
utilizar de obrigado, por favor, desculpas por imprevistos, são fun- todas as informações sobre aquele atendimento, requer sigilo total.
damentais em todo processo. Pois, os dados e informações passadas são secretos e confidenciais.
Caracteriza-se também, como cortesia no atendimento, o tom Outra atitude que deve ser evitada são comentários sobre o
de voz e forma com que se dirige ao cliente. atendimento, fora da Empresa, como: com familiares e amigos. O
O tom de voz deve ser agradável. Mas, precisa ser audível. Ou atendente deve lembrar-se que o que foi tratado naquele instante,
seja, que dê para compreender. Mas, é importante lembrar, que ape- não deve ser comentado, nem dentro, muito menos fora da organi-
nas o cliente deve escutar. E não todo mundo que se encontra no
zação.
estabelecimento.
A ética do sigilo das informações dos clientes abrange tanto
Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Pois, algumas pa-
dentro, quanto fora da Instituição. E ainda, contempla também, an-
lavras e tratamentos podem ser ofensivos à eles. Portanto, deve-se
utilizar sempre como formas de tratamento: Senhor e Senhora. tes, durante e depois do atendimento.
Assim, ao realizar um atendimento, seja pessoalmente ou por O atendente deve ser prudente, ter discernimento e sensatez
telefone, quem o faz está oferecendo a sua imagem (vendendo sua quando fornece uma informação ao cliente. É necessário manter-se
imagem) e da empresa na qual está representando. As ações repre- reservado sobre o que o cliente lhe diz. Assim, estará transmitindo
sentam o que a empresa pretende. confiança e seriedade no trabalho desenvolvido.
Por isso, é importante salientar que não deve se distrair durante Outra questão sobre discrição no atendimento é sobre as infor-
o atendimento. Deve-se concentrar em tudo o que o cliente está di- mações passadas aos clientes. Fazer comentários de outros clientes,
zendo. Também, não se deve ficar pensando na resposta na hora em não é ético, muito menos profissional. Tampouco, fazer comentários
que o interlocutor estiver falando. Concentre-se em ouvir primeiro. sobre colegas de trabalho.
Outro fator importante e que deve ser levado em conta no aten- A discrição no atendimento com qualidade deve ser praxe, e
dimento é não interromper o interlocutor. Pois, quando duas pessoas está ligada à informação que se passa e como irá trata-la; e também,
falam ao mesmo tempo, nenhuma ouve corretamente o que a outra está conectada ao comportamento.
está dizendo. E assim, não há a comunicação.
O atendente também não deve se sentir como se estivesse sendo Presteza, Eficiência e Tolerância
atacado. Pois, alguns clientes, dão um tom mais agressivo à sua fala. Ter presteza no atendimento faz com que o cliente sinta que a
Porém, isso deve ser combatido através da atitude do atendente, que empresa, é uma organização na qual tem o foco no cliente. Ou seja,
deve responder de forma calma, tranquila e sensata, e sem elevar o é uma instituição que prima por solucionar as dúvidas, problemas e
tom da voz. E também, sem se alterar. necessidades dos clientes.
Didatismo e Conhecimento 60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Ser ágil, sim. Mas, a qualidade não pode ser deixada de lado. - Ter ética em todos os níveis de atendimento faz com que o
Pois de nada adianta fazer rápido, se terá que ser feito nova- cliente não tenha dúvida sobre a organização. E assim, não desper-
mente. Portanto a presteza tem a ver com objetividade, e deve ser dice tempo fazendo questionamentos sobre a conduta da empresa.
acompanhada de qualidade. - O atendente deve saber que sempre há uma solução para tudo
Para isso, é importante que o ambiente de trabalho esteja orga- e para todos, buscando sempre os entendimentos e os acordos em
nizado, para que tudo o que precisa possa ser encontrado facilmente. todas as situações, por mais difíceis que elas se apresentem.
Também, estar bem informado sobre os produtos e serviços da - O atendente deve saber utilizar a comunicação e as informa-
organização, torna o atendimento mais ágil. ções.
Em um mundo no qual tempo está relacionado a dinheiro, o - O todo é composto de partes, e para os clientes “as ações sem-
pre falaram mais alto que as palavras”.
cliente não se sente bem em lugares no qual ele tenha que perder
- Em todos os níveis de atendimento será inevitável deparar-se
muito tempo para solucionar algum problema.
com clientes ofensivos e agressivos. Para tanto, o atendente deve
Instantaneidade é a palavra de ordem. Por mais que o processo ter tolerância para acalmar o cliente e mostrar que ele está ali para
de atendimento demore, o que o cliente precisa detectar, é que está auxiliá-lo e resolver o problema.
sendo feito na velocidade máxima permitida. Não deixar dúvidas ao cliente de que a receptividade na empre-
Tudo isso também, tendo em vista que a demora pode afetar no sa é a palavra de ordem, acalma e tranquiliza. Por isso, a tolerância
processo de atendimento de outros clientes que estão à espera. é importante para que não se perca a linha e comprometa a imagem
Porém, é importante atender completamente um cliente para da empresa e a qualidade no atendimento.
depois começar atender o próximo. Não demonstrar ao cliente que o atendente é só mais um na
Ser ágil não está ligado a fazer apenas um pouco. E sim, fazer empresa, e que o que o cliente procura não tem ligação com sua
na totalidade, porém, de maneira otimizada. competência, evita conflitos.
O comportamento eficiente cumpre o prometido, com foco no Por mais que não seja o responsável pela situação, o atendente
problema. deve demonstrar interesse, presteza e tolerância.
Ser eficiente é realizar tarefas, resolvendo os problemas ineren- Por mais que o cliente insista em construir uma situação de dis-
tes a ela. Ser eficiente é atingir a meta estabelecida. cussão, o atendente deve-se manter firme, tolerante e profissional,
Por isso, o atendimento eficiente é aquele no qual não perde evitando assim, qualquer mal estar que possa atrapalhar o relaciona-
tempo com perfumarias. E sim, agiliza o processo para que o dese- mento com esse cliente.
Portanto, a presteza, eficiência e a tolerância, formam uma trí-
jado pelo cliente seja cumprido em menor tempo.
plice que sustentam os atendimentos pautados na qualidade, tendo
Eficiência está ligada a rendimento. Por isso, atendimento efi-
em vista que a agilidade e profissionalismo norteiam os relaciona-
ciente é aquele que rende o suficiente para ser útil. mentos.
O atendente precisa compreender que o cliente está ali para ser
atendido. Por isso, não deve perder tempo com assuntos ou ações Conduta e Objetividade
que desviem do pretendido. A postura do atendente deve ser proativa, passando confiança e
Há alguns pontos que levam a um atendimento eficiente, como credibilidade. Sendo ao mesmo tempo profissional e possuindo sim-
por exemplo: patia. Ser comprometido e ter bom senso, atendendo de forma gentil
- Todos fazem parte do atendimento. Saber o que todos da em- e educada. Sorrindo e tendo iniciativa, utilizando um tom de voz
presa fazem evita que o cliente tenha que repetir mais de uma vez que apenas o cliente escute, e não todos que estão no local e ouvindo
o que deseja, e que fique esperando mais tempo que o necessário. atentamente, são condutas essenciais para o atendente.
- Cativar o cliente, sem se prolongar muito, mostra eficiência e O sigilo é importante, e por isso, o tom de voz no atendimento
profissionalismo. é essencial. O atendimento deve ser exclusivo e impessoal. Ou seja,
- Respeitar o tempo e espaço das pessoas é fundamental ao o assunto que está sendo tratado no momento, deve ser dirigido ape-
cliente. Se ele precisa de um tempo a mais para elaborar e processar nas ao cliente. As demais pessoas que estão no local não podem e
o que está sendo feito, dê esse tempo à ele, auxiliando-o com infor- nem devem escutar o que está sendo tratado no momento. Principal-
mações e questões que o leve ao processo de compreensão. mente se for assunto pessoal.
- Ser positivo e otimista, e ao mesmo tempo ágil, fará com que Essa conduta de impessoalidade e personalização transforma o
atendimento, e dão um tom formal à situação.
o cliente tenha a mesma conduta.
A objetividade está ligada à eficiência e presteza. E por isso,
- Saber identificar os gestos e as reações das pessoas, de forma
tem como foco, como já vimos, em eliminar desperdiçadores de
a não se tornar desagradável ou inconveniente, facilita no atendi- tempo, que são aquelas atitudes que destoam do foco.
mento. Ser objetivo é pensar fundamentalmente apenas no que o clien-
- Ter capacidade de ouvir o que falam, procurando interpretar te precisa e para o que ele está ali.
o que dizem e o que deixaram de dizer, exercitando o “ouvir com a Solucionar o seu problema e atender às suas necessidades de-
inteligência e não só com o ouvido”. vem ser tratados como assuntos urgentes e emergentes. Ou seja, têm
- Interpretar cada cliente, procurando identificar a real im- pressa e necessita de uma solução rapidamente.
portância de cada “fala” e os valores do que foi dito. Saber falar a Afirmamos anteriormente, que o atendimento com qualidade
linguagem de cada cliente procurando identificar o que é especial, deve ser pautado na brevidade. Porém, isso não exclui outros fatores
importante e ou essencial em cada solicitação, procurando ajuda-lo tão importantes quanto, como: clareza, atenção, interesse e comuni-
a conseguir o que deseja, otimiza o processo. cabilidade. Pois o atendimento com qualidade deve ser construído
- O atendente deve saber que fazer um atendimento eficiente é em cima de uma série de fatores que configuram um atendimento
ser breve sem tornar-se desagradável. com qualidade. E não apenas/somente um elemento.
Didatismo e Conhecimento 61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
TRABALHO EM EQUIPE As denominações tradicionais para a matéria referente ao cri-
me e às suas consequências são Direito Penal e Direito Criminal.
As relações humanas é considerar todo tipo de ralação social ou A primeira delas é largamente utilizada, principalmente, nos países
interação entre os indivíduos. ocidentais, como Alemanha, França, Espanha, Itália etc., embora a
Relações humanas no trabalho, por exemplo, são necessárias segunda ainda seja usada com frequência. Entre nós, a denominação
pelo fato de que todos os setores da vida exigem trabalho em grupo, passou a ser utilizada no Código Penal da República (1890), a que
o homem já não pode trabalhar sozinho. A divisão do trabalho cada se sucederam a Consolidação das Leis Penais (1936) e o Código
vez maior torna o dia a dia da empresa mais dependente do grupo, e Penal vigente (de 1940), que a consagrou no direito pátrio. A nova
dos indivíduos que o compõe. Constituição Federal, mantendo a tradição, refere-se à competência
No trabalho, estas relações são necessárias pois toda empresa, da União para legislar sobre «direito penal» (art. 22, I).
seja ela de grande, médio ou pequeno porte, tem como principio de O fato que contraria a norma de Direito, ofendendo ou pondo
funcionamento a trabalho em conjunto, a coletividade, pois a maio- em perigo um bem alheio ou a própria existência da sociedade, é
ria das tarefas são realizadas por grandes grupos de pessoas, onde
um ilícito jurídico, que pode ter consequências meramente civis ou
cada um tem sua função. Este processo de divisão do trabalho se deu
possibilitar a aplicação de sanções penais.
ao longo de tempo e teve seu auge quando foi iniciada a revolução
No primeiro caso, tem-se somente um ilícito civil, que acarreta-
industrial e o a inserção do sistema capitalista de produção, que visa
o lucro a produtividade, ou seja, cada pessoa fazendo exclusivamen- rá àquele que o praticou apenas uma reparação civil: aquele que, por
te determinada tarefa aumentaria a produtividade e minimizaria o culpa, causar dano a alguém será obrigado a indenizá-lo; o devedor
tempo gasto no processo de produção. que não efetua o pagamento tempestivamente sofrerá a execução
É necessário conhecer o individuo para conhecer suas com a penhora de bens e sua venda em hasta pública, arcando com o
qualificações, suas necessidades e limitações para que ele seja ônus decorrente do atraso (multa, correção monetária etc.); o cônju-
utilizado para ser útil dentro da empresa e que também possa está ge que abandona o lar estará sujeito ao divórcio etc.
realizado fazendo determinado trabalho, para a satisfação da empresa Muitas vezes, porém, essas sanções civis se mostram insufi-
e do trabalhador estarem sempre produzindo qualitativamente. cientes para coibir a prática de ilícitos jurídicos graves, que atingem
O velho modelo burocrático não tem mais serventia. As organi- não apenas interesses individuais, mas também bens jurídicos rele-
zações estão migrando rapidamente para um novo conceito de tra- vantes, em condutas profundamente lesivas à vida social. Arma-se o
balho: ao invés de separar as pessoas em cargos individuais e frag- Estado, então, contra os respectivos autores desses fatos, cominando
mentados o segredo agora está em juntar as pessoas em equipes ou e aplicando sanções severas por meio de um conjunto de normas ju-
células de produção, em grupos integrados de trabalho e atividades rídicas que constituem o Direito Penal. Justificam-se as disposições
conjuntas. O resultado é bem melhor. penais quando meios menos incisivos, como os de Direito Civil ou
Direito Público, não bastam ao interesse de eficiente proteção aos
bens jurídicos.
A missão do Direito Penal é proteger os valores fundamentais
12 NOÇÕES DE DIREITO PENAL. para a subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a liber-
dade, a propriedade etc., denominados bens jurídicos. Essa proteção
é exercida não apenas pela intimidação coletiva, mais conhecida
como prevenção geral e exercida mediante a difusão do temor aos
A vida em sociedade exige um complexo de normas disciplina- possíveis infratores do risco da sanção penal, mas, sobretudo pela
doras que estabeleça as regras indispensáveis ao convívio entre os celebração de compromissos éticos entre o Estado e o indivíduo,
indivíduos que a compõem. O conjunto dessas regras, denominado
pelos quais se consigna o respeito às normas, menos por receio de
direito positivo, que deve ser obedecido e cumprido por todos os
punição e mais pela convicção da sua necessidade e justiça.
integrantes do grupo social, prevê as consequências e sanções aos
Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitraria-
que violarem seus preceitos. À reunião das normas jurídicas pelas
quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção mente, na legislação penal são definidos esses fatos graves, que pas-
penal, estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos sam a ser ilícitos penais (crimes e contravenções), estabelecendo-se
para a aplicação das penas e das medidas de segurança, dá-se o as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores dessas
nome de Direito Penal. normas. Assim, àquele que pratica um homicídio simples, será apli-
O direito penal é o segmento do ordenamento jurídico que de- cada a pena de seis a vinte anos de reclusão; o inimputável que co-
tém a função de selecionar os comportamentos humanos mais gra- mete um ilícito penal será submetido a uma medida de segurança; ao
ves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco va- chamado semi-imputável poder-se-á aplicar uma pena ou submetê-
lores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como -lo a uma medida de segurança etc.
infrações penais, cominando-lhes, em consequência, as respectivas Segundo o pensamento dos juristas Binding e Jescheck, o Direi-
sanções além de estabelecer todas as regras complementares e gerais to Penal tem, assim, um caráter fragmentário, pois não encerra um
necessárias à sua correta e justa aplicação. sistema exaustivo de proteção aos bens jurídicos, mas apenas elege,
A expressão Direito Penal, porém, designa também o sistema conforme o critério do “merecimento da pena”, determinados pon-
de interpretação da legislação penal, ou seja, a Ciência do Direito tos essenciais. Mas, enquanto o primeiro entendia ser esse o defeito
Penal, conjunto de conhecimentos e princípios ordenados metodi- do Direito Penal, Jescheck considera um mérito e uma característica
camente, de modo que torne possível a elucidação do conteúdo das essencial do Estado liberal do Direito que se reduza a criminalização
normas e dos institutos em que eles se agrupam, com vistas em sua àquelas ações que, por sua perigosidade e reprovabilidade, exigem e
aplicação aos casos ocorrentes, segundo critérios rigorosos de jus- merecem no interesse da proteção social, inequivocamente, a sanção
tiça. penal.
Didatismo e Conhecimento 62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Pode-se dizer, assim, que o fim do Direito Penal é a proteção Discute-se se o Direito Penal é constitutivo, primário e autôno-
da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fun- mo ou se tem caráter sancionador, secundário e acessório. Afirma-se
damentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patri- que se trata de um direito constitutivo porque possui um ilícito pró-
mônio, costumes, paz pública etc.). Deve-se observar, contudo, que prio, oriundo da tipicidade, uma sanção peculiar (pena), e institutos
alguns desses bens jurídicos não são tutelados penalmente quando, exclusivos como o sursis, o livramento condicional, o indulto etc.
a critério do legislador, não é relevantemente antissocial a ação que Lembra Walter de Abreu Garcez que “as normas jurídicas não se re-
o lesou, ou seja, não é acentuado o desvalor da conduta do autor da colhem a comportamentos estanques, mas sim atuam em harmonia
lesão. Por isso, não estão sujeitos às sanções penais, por exemplo, no quadro de uma sistematização geral, sem que por tais correlações
aquele que, culposamente, destrói coisa alheia, o que pratica um ato se possa falar em acessoriedade, secundariedade ou complementa-
obsceno em lugar privado não aberto ou exposto ao público desde riedade de umas e outras”. Tal iteração não retiraria, portanto, o ca-
que não constitua um crime contra a honra etc. ráter constitutivo do Direito Penal.
Do exposto, derivam as definições de Direito Penal que passa- Em princípio, porém, não se pode falar de autonomia do ilícito
mos a reproduzir: “é o conjunto de normas jurídicas que o Estado penal e, portanto, do caráter constitutivo do Direito Penal. A contra-
estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de riedade do fato ao direito não é meramente de ordem penal; sua anti-
segurança”, é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder juridicidade resulta de sua infração a todo o ordenamento jurídico. A
punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal lei penal, portanto, não cria a antijuridicidade, mas apenas se limita a
e as medidas aplicáveis a quem os prática;” é o conjunto de nor- cominar penas às condutas que já são antijurídicas em face de outros
mas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, ramos do Direito (Civil, Comercial, Administrativo, Tributário, Pro-
e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para cessual etc.), e a descriminalização de um fato não lhe retirará a sua
estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do ilicitude. Revela-se, assim, que a norma penal é sancionadora, refor-
direito de liberdade em face do poder de punir do Estado»; é «o çando a tutela jurídica dos bens regidos pela legislação extrapenal.
conjunto de normas e disposições jurídicas que regulam o exercício A tutela penal alcança bens jurídicos que não são objeto das
do poder sancionador e preventivo do Estado, estabelecendo o leis extrapenais, como a integridade física e a vida, por exemplo, no
conceito do crime como pressuposto da ação estatal, assim como a crime de omissão de socorro, em que a infração a uma simples regra
responsabilidade do sujeito ativo, e associando à infração da norma de solidariedade humana é elevada à categoria de ilícito penal. Tam-
uma pena finalista ou uma medida de segurança». bém as tentativas e os crimes de perigo em que não haja qualquer
Não se pode deixar de reconhecer, entretanto, que, ao menos em dano restariam sem sanção jurídica se não fosse a existência do Di-
caráter secundário, o Direito Penal tem uma aspiração ética: dese- reito Penal positivo. Por essa razão, o mais correto é afirmar, como
ja evitar o cometimento de crimes que afetam de forma intolerável Zaffaroni, que “o Direito Penal é predominantemente sancionador e
os bens jurídicos penalmente tutelados. Essa finalidade ética não é, excepcionalmente constitutivo”.
todavia, um fim em si mesmo, mas a razão da prevenção penal, da Como ciência jurídica, o Direito Penal tem caráter dogmático,
tutela da lei penal aos bens jurídicos preeminentes. Assim, a tarefa já que se fundamenta no direito positivo, exigindo-se o cumprimen-
imediata do Direito Penal é de natureza eminentemente jurídica e, to de todas suas normas pela sua obrigatoriedade. Por essa razão,
como tal, primordialmente destinada à proteção dos bens jurídicos. seu método de estudo não é experimental, como na Criminologia,
Diz-se que o Direito Penal é uma ciência cultural e normativa. É por exemplo, mas técnico jurídico. Desenvolve-se esse método na
uma ciência cultural porque indaga o dever ser, traduzindo-se em re- interpretação das normas, na definição de princípios, na construção
gras de conduta que devem ser observadas por todos no respeito aos de institutos próprios e na sistematização final de normas, princípios
mais relevantes interesses sociais. Diferencia-se, assim, das ciências e institutos. Deve o estudioso de Direito Penal, contudo, evitar o
naturais, em que o objeto de estudo é o ser, o objeto em si mesmo. excesso de dogmatismo, já que a lei e a sua aplicação, pelo íntimo
É também uma ciência normativa, pois seu objeto é o estudo contato com o indivíduo e a sociedade, exigem que se observe a rea-
da lei, da norma, do direito positivo, como dado fundamental e lidade da vida, suas manifestações e exigências sociais e a evolução
indiscutível em sua observância obrigatória. Não se preocupa, por- dos costumes.
tanto, com a verificação da gênese do crime, dos fatos que levam à A norma penal em um Estado Democrático de Direito não é
criminalidade ou dos aspectos sociais que podem determinar a prá- somente aquela que formalmente descreve um fato como infração
tica do ilícito, preocupações próprias das ciências causais explicati- penal, pouco importando se ele ofende ou não o sentimento social
vas, como a Criminologia, a Sociologia Criminal etc. de justiça; ao contrário, sob pena de colidir com a Constituição, o
O Direito Penal positivo é valorativo, finalista e sancionador. tipo incriminador deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos
A norma penal é valorativa porque tutela os valores mais ele- os comportamentos humanos, somente aqueles que realmente pos-
vados da sociedade, dispondo-os em uma escala hierárquica e valo- suam lesividade social.
rando os fatos de acordo com a sua gravidade. Quanto mais grave Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem
o crime, o desvalor da ação, mais severa será a sanção aplicável a atuar como balizas para a correta interpretação e a justa aplicação
seu autor. das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação mera-
Tem ainda a lei penal caráter finalista, porquanto visa à proteção mente robotizada dos tipos incriminadores, ditada pela verificação
de bens e interesses jurídicos merecedores da tutela mais eficiente rudimentar da adequação típica formal, descurando-se de qualquer
que só podem ser eficazmente protegidos pela ameaça legal de apli- apreciação ontológica do injusto.
cação de sanções de poder intimidativo maior, como a pena. Essa Em seguida, para maiores noções acerca do Direito Penal em
prevenção é a maior finalidade da lei penal. seguida apresentaremos o que prevê o Código Penal – Parte Geral.
Didatismo e Conhecimento 63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
Código Penal. sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei: d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
no Brasil;
PARTE GERAL II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
TÍTULO I b) praticados por brasileiro;
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro
Anterioridade da Lei e aí não sejam julgados.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
pena sem prévia cominação legal. brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
Lei penal no tempo depende do concurso das seguintes condições:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior a) entrar o agente no território nacional;
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
efeitos penais da sentença condenatória. c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasilei-
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favore- ra autoriza a extradição;
cer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
sentença condenatória transitada em julgado. cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
Lei excepcional ou temporária motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favo-
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o rável.
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determi- § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
naram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições
previstas no parágrafo anterior:
Tempo do crime a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou b) houve requisição do Ministro da Justiça.
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Pena cumprida no estrangeiro
Territorialidade Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no ter- quando idênticas.
ritório nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão Eficácia de sentença estrangeira
do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei bra-
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer sileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homo-
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações logada no Brasil para:
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. outros efeitos civis;
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados II - sujeitá-lo a medida de segurança.
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade Parágrafo único - A homologação depende: ;
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte in-
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar teressada;
territorial do Brasil. b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na
Lugar do crime falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor- Contagem de prazo
reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado. Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Extraterritorialidade Frações não computáveis da pena
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas
I - os crimes: restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as fra-
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; ções de cruzeiro.
Didatismo e Conhecimento 64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Legislação especial Crime culposo
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por impru-
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. dência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
TÍTULO II pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pra-
DO CRIME tica dolosamente.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Agravação pelo resultado
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, so- Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só
mente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente Erro sobre elementos do tipo
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
previsto em lei.
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Relevância da omissão
Descriminantes putativas
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente de-
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
via e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria
quem: a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; culpa e o fato é punível como crime culposo.
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o re-
sultado; Erro determinado por terceiro
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
do resultado.
Erro sobre a pessoa
Art. 14 - Diz-se o crime: § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado
Crime consumado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
sua definição legal; queria praticar o crime.
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por Erro sobre a ilicitude do fato
circunstâncias alheias à vontade do agente. Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
Pena de tentativa a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a ten- diminuí-la de um sexto a um terço.
tativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua
de um a dois terços. ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir Coação irresistível e obediência hierárquica
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pe- Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
los atos já praticados. estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Arrependimento posterior
Exclusão de ilicitude
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
I - em estado de necessidade;
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será II - em legítima defesa;
reduzida de um a dois terços. III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício re-
gular de direito.
Crime impossível Excesso punível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso- Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
consumar-se o crime.
Estado de necessidade
Art. 18 - Diz-se o crime: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o
Crime doloso fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade,
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sa-
de produzi-lo; crifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Didatismo e Conhecimento 65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o de- Circunstâncias incomunicáveis
ver legal de enfrentar o perigo. Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
Casos de impunibilidade
Legítima defesa Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode- salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou não chega, pelo menos, a ser tentado.
iminente, a direito seu ou de outrem.
TÍTULO V
TÍTULO III DAS PENAS
DA IMPUTABILIDADE PENAL
CAPÍTULO I
Inimputáveis
DAS ESPÉCIES DE PENA
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
Art. 32 - As penas são:
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilí-
I - privativas de liberdade;
cito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
II - restritivas de direitos;
Redução de pena III - de multa.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por de- SEÇÃO I
senvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de RECLUSÃO E DETENÇÃO
acordo com esse entendimento.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fe-
Menores de dezoito anos chado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto,
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inim- ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
putáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação es- § 1º - Considera-se:
pecial. a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de
segurança máxima ou média;
Emoção e paixão b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola,
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: industrial ou estabelecimento similar;
I - a emoção ou a paixão; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
Embriaguez § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substân- em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados
cia de efeitos análogos. os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, regime mais rigoroso:
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do a cumpri-la em regime fechado;
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio,
por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não
cumpri-la em regime semiaberto;
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou infe-
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento. rior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.
TÍTULO IV § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da
DO CONCURSO DE PESSOAS pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 des-
REGRAS COMUNS ÀS PENAS PRIVATIVAS DE te Código.
LIBERDADE § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá
a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à re-
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime in- paração do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito
cide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. praticado, com os acréscimos legais.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode
ser diminuída de um sexto a um terço. Regras do regime fechado
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimen-
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até to da pena, a exame criminológico de classificação para individua-
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. lização da execução.
Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a SEÇÃO II
isolamento durante o repouso noturno. DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado,
desde que compatíveis com a execução da pena. Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em I – prestação pecuniária;
serviços ou obras públicas. II – perda de bens e valores;
III – (VETADO)
Regras do regime semiaberto IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi-
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao
cas; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 , renumerado com
condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semiaber-
alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)
to.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o V – interdição temporária de direitos;
período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento VI – limitação de fim de semana.
similar.
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e subs-
a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau tituem as privativas de liberdade, quando:
ou superior. I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro
anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça
Regras do regime aberto à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for cul-
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de poso;
responsabilidade do condenado. II – o réu não for reincidente em crime doloso;
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade personalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns-
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e tâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
nos dias de folga. § 1o (VETADO)
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição
fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se
se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substi-
tuída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas res-
Regime especial
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento pró- tritivas de direitos.
prio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida
seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha ope-
Direitos do preso rado em virtude da prática do mesmo crime.
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da res-
sua integridade física e moral. trição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a execu-
tar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos,
Trabalho do preso respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo- § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por
-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão,
podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir
Legislação especial a pena substitutiva anterior.
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos
arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direi- Conversão das penas restritivas de direitos
tos do preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo ante-
e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções.
rior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48.
Superveniência de doença mental § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinhei-
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada
ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior
falta, a outro estabelecimento adequado. a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessen-
ta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de
Detração eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na me- os beneficiários.
dida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no es- § 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do be-
trangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer neficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de
dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. outra natureza.
Didatismo e Conhecimento 67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados Pagamento da multa
dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Peni- Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois
tenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado
montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento
por terceiro, em consequência da prática do crime. se realize em parcelas mensais.
§ 4o (VETADO) § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto
no vencimento ou salário do condenado quando:
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas a) aplicada isoladamente;
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de pri- c) concedida a suspensão condicional da pena.
vação da liberdade. § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensá-
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públi- veis ao sustento do condenado e de sua família.
cas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades Conversão da Multa e revogação
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos Modo de Conversão
congêneres, em programas comunitários ou estatais.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a mul-
as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma ta será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da
hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não preju- legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no
dicar a jornada normal de trabalho. que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao § 1º - e § 2º -(Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55),
nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Suspensão da execução da multa
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém
Interdição temporária de direitos ao condenado doença mental.
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública,
CAPÍTULO II
bem como de mandato eletivo;
DA COMINAÇÃO DAS PENAS
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do po-
Penas privativas de liberdade
der público;
Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites esta-
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veí-
belecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime.
culo.
IV – proibição de frequentar determinados lugares.
Penas restritivas de direitos
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, indepen-
públicos.
dentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena
Limitação de fim de semana privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano,
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de ou nos crimes culposos.
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em
casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III,
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministra- IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de
dos ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades edu- liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
cativas.
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II
SEÇÃO III do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no
DA PENA DE MULTA exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes.
Multa
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo pe- Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47
nitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito.
Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa. Pena de multa
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os
ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.
ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de
pelos índices de correção monetária. cominação na parte especial.
Didatismo e Conhecimento 68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO III III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à
DA APLICAÇÃO DA PENA sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade
pessoal;
Fixação da pena IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou pro-
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à messa de recompensa.
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circuns-
tâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da Reincidência
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para re- Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete
provação e prevenção do crime: novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de li- Art. 64 - Para efeito de reincidência:
berdade; I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cum-
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por primento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
outra espécie de pena, se cabível. período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período
de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
Critérios especiais da pena de multa revogação;
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, prin- II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
cipalmente, à situação econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz conside- Circunstâncias atenuantes
rar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
aplicada no máximo. I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
Multa substitutiva
II - o desconhecimento da lei;
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a
III - ter o agente:
6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou
critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência,
Circunstâncias agravantes
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quan-
ter, antes do julgamento, reparado o dano;
do não constituem ou qualificam o crime:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cum-
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime: primento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de
a) por motivo fútil ou torpe; violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impuni- d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria
dade ou vantagem de outro crime; do crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto,
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; se não o provocou.
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circuns-
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; tância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações do- expressamente em lei.
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência con-
tra a mulher na forma da lei específica; Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,
ofício, ministério ou profissão; Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderan-
lher grávida; tes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determi-
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da auto- nantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
ridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer Cálculo da pena
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art.
l) em estado de embriaguez preordenada. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
Agravantes no caso de concurso de pessoas aumento.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de di-
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a minuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só
atividade dos demais agentes; aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; que mais aumente ou diminua.
Didatismo e Conhecimento 69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Concurso material Limite das penas
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de li-
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam- berdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.
-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser
de detenção, executa-se primeiro aquela. unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o para esse fim, o período de pena já cumprido.
art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o Concurso de infrações
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis en- Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramen-
tre si e sucessivamente as demais.
te a pena mais grave.
Concurso formal
CAPÍTULO IV
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas Requisitos da suspensão da pena
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não supe-
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, rior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro)
consoante o disposto no artigo anterior. anos, desde que:
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
pela regra do art. 69 deste Código. II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e perso-
nalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias auto-
Crime continuado rizem a concessão do benefício.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omis- III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art.
são, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condi- 44 deste Código.
ções de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a
devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, concessão do benefício.
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a
grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que
terços. o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferen- justifiquem a suspensão.
tes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o
juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará su-
e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstân- jeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas
cias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais pelo juiz.
grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar
único do art. 70 e do art. 75 deste Código. serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim
de semana (art. 48).
Multas no concurso de crimes
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplica-
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste
das distinta e integralmente.
Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a
exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de exe- cumulativamente:
cução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, a) proibição de frequentar determinados lugares;
atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem auto-
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Có- rização do juiz;
digo. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente preten- c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente,
dia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. para informar e justificar suas atividades.
Resultado diverso do pretendido Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por aci- fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situa-
dente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do ção pessoal do condenado.
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de di-
regra do art. 70 deste Código. reitos nem à multa.
Didatismo e Conhecimento 70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Revogação obrigatória Revogação do livramento
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser con-
beneficiário: denado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste
não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; Código.
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
Revogação facultativa Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o
descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da
condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou con-
privativa de liberdade ou restritiva de direitos. travenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime
Efeitos da revogação
ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente
até o julgamento
concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés
outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o
de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este
não foi o fixado. tempo em que esteve solto o condenado.
Cumprimento das condições Extinção
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto
considera-se extinta a pena privativa de liberdade. não passar em julgado a sentença em processo a que responde o
liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
CAPÍTULO V Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado,
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
Requisitos do livramento condicional CAPÍTULO VI
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2
(dois) anos, desde que: Efeitos genéricos e específicos
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for Art. 91 - São efeitos da condenação:
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente crime;
em crime doloso; II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado
III - comprovado comportamento satisfatório durante a exe- ou de terceiro de boa-fé:
cução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuí- a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coi-
do e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho sas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato
honesto; ilícito;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que cons-
o dano causado pela infração; titua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con-
denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
reincidente específico em crimes dessa natureza.
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometi-
igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
do com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livra-
poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
mento ficará também subordinada à constatação de condições pes-
soais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo
superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
Soma de penas II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas de- curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometi-
vem somar-se para efeito do livramento. dos contra filho, tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como
Especificações das condições meio para a prática de crime doloso.
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica su- Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são
bordinado o livramento. automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Didatismo e Conhecimento 71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
CAPÍTULO VII Desinternação ou liberação condicional
DA REABILITAÇÃO § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional
devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do
Reabilitação decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em periculosidade.
sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá
sobre o seu processo e condenação. o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os necessária para fins curativos.
efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada
reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mes- Substituição da pena por medida de segurança para o semi-
mo artigo. -imputável
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena
anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou termi- privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tra-
nar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão tamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos,
e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; Direitos do internado
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado
constante de bom comportamento público e privado; de características hospitalares e será submetido a tratamento.
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre
a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba TÍTULO VII
documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dí- DA AÇÃO PENAL
vida.
Ação pública e de iniciativa privada
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida,
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressa-
a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos ele-
mente a declara privativa do ofendido.
mentos comprobatórios dos requisitos necessários.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público,
dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requeri-
de requisição do Ministro da Justiça.
mento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa
reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes
TÍTULO VI de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado
Espécies de medidas de segurança ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de
Art. 96. As medidas de segurança são: prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico irmão.
ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial. A ação penal no crime complexo
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstân-
de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. cias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe
ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer
Imposição da medida de segurança para inimputável destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua
internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for pu- Irretratabilidade da representação
nível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambu- Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida
latorial. a denúncia.
Prazo Decadência do direito de queixa ou de representação
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce den-
perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deve- tro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber
rá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Códi-
go, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Perícia médica
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando
o determinar o juiz da execução. renunciado expressa ou tacitamente.
Didatismo e Conhecimento 72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa Prescrição das penas restritivas de direito
a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os
implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
causado pelo crime.
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final
Perdão do ofendido condenatória
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sen-
procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. tença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos
prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um ter-
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tá- ço, se o condenado é reincidente.
cito: § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma
dos outros; hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. queixa.
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível § 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).
com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado
sentença condenatória. a sentença final
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a senten-
TÍTULO VIII ça final, começa a correr:
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
Extinção da punibilidade criminosa;
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a perma-
I - pela morte do agente;
nência;
II - pela anistia, graça ou indulto;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de as-
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
sentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou co-
como criminoso;
nhecido.
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adoles-
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito,
centes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data
nos crimes de ação privada;
em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) nº 12.650, de 2012)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressupos- irrecorrível
to, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição co-
se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade meça a correr:
de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória,
resultante da conexão. para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena
ou o livramento condicional;
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença tempo da interrupção deva computar-se na pena.
final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revoga-
verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). ção do livramento condicional
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que
anos e não excede a doze; resta da pena.
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro
anos e não excede a oito; Prescrição da multa
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
e não excede a quatro; I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, aplicada;
sendo superior, não excede a dois; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena pri-
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) vativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativa-
ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). mente cominada ou cumulativamente aplicada.
Didatismo e Conhecimento 73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Redução dos prazos de prescrição A noção de Direitos Humanos, todavia é muito antiga, perde-se
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição no tempo. O código de Hammurabi (1700 a.C. aproximadamente)
quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e menciona leis de proteção aos mais fracos e de freio para a autori-
um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. dade.
A civilização egípcia, especialmente na era dos faraós (dinastia
Causas impeditivas da prescrição XVIII), já concebia o poder como serviço. Há divergências quanto
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a pres- ao surgimento dos direitos humanos na história, mas muitos autores
crição não corre: situam-no na Grécia, quando eles foram aludidos em um texto de
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que Sófocles no qual Antígona, em resposta ao rei que a interpela em
dependa o reconhecimento da existência do crime; nome de quem havia sepultado contra suas ordens, o irmão que fora
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. executado: “Agi em nome de uma lei que é muito mais antiga do que
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença o rei, uma lei que se perde na origem dos tempos, que ninguém sabe
condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o con- quando foi promulgada”.
denado está preso por outro motivo. Os profetas judeus vinculam o exercício do poder a deveres
fundados em princípios religiosos que inspiram uma ética basea-
da na responsabilidade de todos os homens pelos seus atos. Buda,
Causas interruptivas da prescrição
Confúcio e Zoroastro pregam a supremacia do direito e da justiça, o
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
ensino da fraternidade e da generosidade. Visam a plena realização
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
da natureza humana e a formação de uma sociedade pacífica e justa.
II - pela pronúncia; Na Grécia do século V a.C., os cidadãos já controlam as ações
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; do Estado (polis); O limite do poder é dado pelo direito que exercem
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios re- os cidadãos ao participar dos assuntos públicos.
corríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). Entre os séculos VII a.C. e XVIII da nossa era, a humanidade
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; faz progressos no controle dos governantes, que exercem e distri-
VI - pela reincidência. buem a justiça. Os gregos desenvolvem o conceito da liberdade,
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a como expressão máxima da dignidade humana, baseada na ideia da
interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os igualdade.
autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo Os estoicos defendem a existência de princípios morais, univer-
processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer sais, eternos e imutáveis que resultam direitos inerentes ao homem.
deles. O cristianismo, considerando o homem, à imagem e semelhan-
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V ça de Deus, prega a igualdade entre todos os homens. Esta igualdade
deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da não se limita ao usufruto individual dos direitos, mas supõe o dever
interrupção. do amor ao próximo. O cristianismo passa a ter uma influência de-
cisiva, ora benéfica, ora maléfica, e a Igreja passa a associar-se ao
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. poder temporal.
O Islão na vida política tem uma concepção similar da rela-
Reabilitação ção entre os homens: a de sua igualdade primordial “baseada em
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibi- sua identidade essencial, em sua origem única, e em seu destino co-
lidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. mum” (Sorondo).
Na Idade Média, a partir das famílias daqueles que lutaram
Perdão judicial contra as invasões dos bárbaros (e com isso tornavam-se proprietá-
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será rios de terras), nasce uma aristocracia, sócia natural do poder real,
que buscava fundamento no direito natural para os seus privilégios.
considerada para efeitos de reincidência.
Este período tem uma importância significativa, é um momento de
revisão de valores, de confronto de objetivos temporais, imediatos
e permanentes, muitos deles já indicados como objetivos espirituais
13 NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS. no fim da Idade Média quando surge uma nova realidade histórica:
a burguesia. No final da Idade Média, São Tomás de Aquino discute
diretamente a questão dos Direitos Humanos, retomando Aristóteles
e dando, à sua filosofia, a visão cristã. A fundamentação de São To-
más é teológica: o ser humano tem direitos naturais que fazem parte
Os Direitos Humanos são fundamentais ao Homem pelo fato de de sua natureza, pois lhe foram dados por Deus. A partir disso desen-
ele ser homem. Não resultam de uma concessão da sociedade polí- volve toda uma linha teórica e política. Ocorrerá, no entanto, uma
tica, mas constituem prerrogativas inerentes à condição humana. Os clara ambiguidade, na utilização deste conceito, chegando a firmar-
Direitos Humanos não são estáticos mas acompanham o processo -se e aceitar-se na prática que o direito dos reis era um direito natural
histórico; processo não linear, pois também conhece retrocessos. Foi de origem divina que justificava o absolutismo. Um caminho aberto
apenas no século XX, sobretudo depois da Segunda Guerra Mun- para toda espécie de violências, e em última análise, até para a ne-
dial, que eles se definiram explicitamente e adquiriram o reconhe- gação dos direitos humanos. O poder armado, o poder econômico e
cimento mundial. os proprietários de terras não respeitavam aqueles que não desfru-
Didatismo e Conhecimento 74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
tavam destes privilégios. Não existia o mínimo respeito pela pessoa Ainda no Século XVIII, a Revolução Francesa criou um direito
humana. Um grande número de seres humanos viviam à margem, que torna-se base fundamental do direito constitucional moderno:
e eram explorados de todas as maneiras. Foram os o burgueses, as- A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDA-
sociados aos pensadores liberais, quem levantaram modernamente, DÃO. Em seu primeiro artigo, já afirma um direito social fundamen-
a liberdade como um valor. Cessadas as invasões dos bárbaros e tal: O FIM DA SOCIEDADE É A FELICIDADE COMUM. A es-
consequentemente, afastados os grandes riscos, a proteção dos se- sência da Declaração, apoia-se na ideia de que, ao lado dos direitos
nhores feudais se tornou dispensável e as pessoas começam a voltar do Homem e do Cidadão, existe apontada a obrigação de o Estado
para as cidades. Os burgos começam a se desenvolverem. A burgue- respeitar e de garantir os direitos humanos
sia, paulatinamente enriquece-se e fortifica-se mas ainda é mantida Até então, os Direitos Humanos eram concebidos como direitos
marginalizada do poder político o que reivindica para defender os naturais, impostos por Deus e vinham sendo utilizados contra bur-
seus poderes pessoais e o seu patrimônio. A época do Iluminismo gueses, em favor dos reis, e aristocratas, para justificar violências
e dos Enciclopedistas revoluciona as ideias tradicionais da Idade que praticavam. Os burgueses não rejeitam esses direitos mas os
Média, afirmando-a dignidade humana e a fé na razão. Vige a ideia reclamam também para si. Surgem pensadores considerados libe-
rais como: Espinoza, Locke, Rousseau, Montesquieu, que pregam a
de que o homem é concebido com o detentor de direitos sagrados e
existência dos direitos fundamentais como a liberdade e igualdade.
inalienáveis. E o governo não pode prescindir da vontade dos cida-
Todavia, o conceito de igualdade nessa época não é o mesmo que o
dãos. Rousseau desenvolveu a teoria da igualdade natural entre os
de hoje, pois a Constituição norte americana admitia a escravidão.
homens. Voltaire insistiu na tolerância religiosa e na liberdade de
Portanto, uma liberdade é igualdade política e no século XVIII, a
expressão pois a religião já não podia explicar tudo. fundamentação teológica é substituída por um fundamento raciona-
Na Inglaterra, um Parlamento já existia desde o século XIV mas lista que terá um peso expressivo. Hugo Grocis dizia, que “ainda que
era formado somente por nobres e prelados, todos proprietários. A Deus não existisse, o homem teria direitos naturais”. O fundamento,
burguesia impõe a criação da Câmara dos Comuns que perdura até portanto, não está em Deus mas na razão. Isto é o racionalismo.
hoje. O crescimento político da burguesia, desta forma, favorece o
crescimento dos Direitos Humanos. Em 1215, na Inglaterra, os bis- Direito Humanitário
pos e barões impõe ao Rei João-Sem-Terra a Carta Magna que limita
o poder do soberano. A petição de direitos de 1628 é imposta pelo O Direito Internacional Humanitário é definido por Gerard
Parlamento ao monarca. O Habeas Corpus de 1669 que consagrou Peytrignet da seguinte maneira: “Trata-se do corpo de normas jurí-
o amparo à liberdade pessoal, determinava que a pessoa acusada dicas de origem convencional ou consuetudinário, especificamente
fosse apresentada para julgamento público. Até então, os nobres e aplicável aos conflitos armados, internacionais ou não internacio-
aristocratas prendiam e faziam a sua própria justiça. nais, e que limita, por razões humanitárias, o direito das partes em
Foi sobretudo o Bill of Rights de 1689 o mais importante do- conflito de escolher livremente os métodos e os meios utilizados na
cumento constitucional da Inglaterra, que fortaleceu e definiu as guerra, evitando que sejam afetados as pessoas e os bens legalmente
atribuições legislativas do parlamento frente à Coroa e proclamou protegidos”. Em outras palavras, o Direito Internacional Humanitá-
a liberdade da eleição dos membros do Parlamento, consagrando rio visa regrar as situações de conflito armado, com o intuito de pro-
algumas garantias individuais. teger ao máximo os envolvidos - direta (militares) ou indiretamente
Ainda neste século XVIII, dá-se a criação dos Estados Unidos (civis e etc) - no conflito, minimizando os seus danos.
da América, através de uma revolução eminentemente burguesa. A Os acontecimentos desencadeados durante o século XIX na
Inglaterra impunha sucessivas e crescentes restrições à vida econô- Europa foram de extrema importância para o estabelecimento do
mica das colônias, através da imposição de taxas sobre o comércio marco normativo moderno do Direito Internacional Humanitário - a
exterior. Isto fomentou nos colonos um forte espírito de desobe- Convenção de Genebra de 1894. Em meio as atrocidades cometidas
diência e insubordinação. no período, começamos a perceber, principalmente pela figura de
Embora parte do Império Britânico, as colônias da América fo- Henry Dunant, um esforço normativo para proteger os direitos dos
envolvidos nos conflitos.
ram, desde cedo conquistando o direito de se autogovernar, e assu-
Após presenciar no ano de 1859 as barbáries cometidas na bata-
mindo o dever de se tornarem autossuficientes.
lha de Solferino, em 1862, Dunant publicou “Recordações de Solfe-
Alastra-se o anseio de libertação pelas treze colônias, que uni-
rino”, onde defendia a criação de entidades de socorro privadas em
das, proclamam a Declaração de Independência dos Estados Uni-
cada país e a elaboração de um acordo internacional que facilitasse o
dos, também conhecida como Declaração de Filadélfia. trabalho das mesmas. Como consequência da propagação das ideias
Nela, são expostas as razões fundamentais que levaram à in- expostas na obra, no ano seguinte, juntamente com outros defenso-
dependência: res de seus ideias, tem-se a fundação do Comitê Internacional da
“Todos os homens foram criados iguais. Os direitos fundamen- Cruz Vermelha e, em 1894, a convite do governo suíço, celebrou-se
tais foram conferidos pelo Criador entre eles estão o da vida, liber- a primeira Convenção de Genebra, onde ficou aprovado o Convê-
dade e o da procura da própria felicidade”. nio para proteção dos feridos em campo. Devido ao pioneirismo da
Sempre que qualquer forma de governo tenta destruir esses di- Convenção, o DIH pode ser indicado como percursor da internacio-
reitos, assiste ao povo o direito de mudá-lo ou aboli-lo e de instituir nalização da proteção da pessoa humana.
um novo governo. Este documento serviu de referencial para todos Entretanto, essas providências mostraram-se insuficientes para
os movimentos de independência dos povos colonizados. Mas a minorar as barbáries cometidas durante as duas Guerras Mundiais.
Constituição norte-americana é uma Constituição feita por comer- Visando tornar mais abrangente o DIH, o Comitê Internacional da
ciantes para comerciantes. Cruz Vermelha fez a Suíça convocar mais uma conferência em Ge-
Didatismo e Conhecimento 75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
nebra, em 1949, na qual foram elaborados os documentos que são o Declaração Universal dos Direitos Humanos
alicerce do DIH atual: as Convenções de Genebra I (protege feridos
e doentes das forças armadas em campanha), II (feridos, doentes e Aprovada pela Res. nº 217, durante a 3ª Sessão Ordinária da
náufragos das Forças Armadas no mar), III (prisioneiros de guerra) Assembleia Geral da ONU, em Paris, França, em 10-12-1948.
e IV (população civil).
Nessas convenções, ratificadas por 191 países, estabeleceram- Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
-se a maioria das normas de conduta hoje vigentes para as situações todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e ina-
de conflitos armados, sendo as mais importantes delas: lienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
- Somente podem ser atacados objetivos militares (por obje- Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos
tivos compreende-se não apenas pessoas como também edifícios, humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência
estruturas, etc) da humanidade e que o advento de um mundo em que os homens
- Dever de recolher e dar assistência aos feridos, doentes e náu- gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem
fragos, sem discriminação alguma. a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta
- Tratar com humanidade o adversário que se rende ou é captu- aspiração do homem comum,
rado, assim como prisioneiros detidos Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegi-
- Respeitar os civis e seus bens (cabe aqui a observação de que dos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido,
uma das “tradições” mais brutais das guerras, desde os mais antigos como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
registros, é a pilhagem de bens de civis, bem como crimes terríveis, Considerando essencial promover o desenvolvimento de rela-
em particular o estupro de mulheres habitantes das áreas ocupadas) ções amistosas entre as nações,
- Não causar sofrimento ou danos excessivos Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na
- Não atacar o pessoal médico ou sanitário nem suas instalações Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no
e permitir que façam seu trabalho valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das
- Não colocar obstáculos ao pessoal da Cruz Vermelha no de- mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores
condições de vida em uma liberdade mais ampla,
sempenho de suas funções
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a
Após as referidas convenções, com o advento das guerras de li-
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
bertação nacional, tornou-se urgente a regulamentação dos conflitos
versal aos direitos humanos e liberdades fundamentais da pessoa e a
armados não-internacionais, o que levou a convocação, em 1977, de
observância desses direitos e liberdades,
mais uma conferência em Genebra, da qual resultaram dois protoco-
Considerando que uma compreensão comum desses direitos
los adicionais às Convenções:
e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
Protocolo Adicional I - com base na autodeterminação dos po-
desse compromisso,
vos amplia o conceito de “conflito armado internacional”, incorpo-
rando aqueles em que se luta contra regimes de dominação colonial A Assembleia Geral proclama:
ou racistas. Foi ratificado por 161 países.
Protocolo Adicional II - Aplica princípios das Convenções (arti- A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como
go 3° comum) a conflitos armados internos, quando esses ocorrerem o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações,
devido à atuação de grupos armados organizados (ou forças armadas com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade,
dissidentes) que controlem, de maneira organizada, alguma parte do tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do en-
território. Foi ratificado por 156 países. sino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liber-
Importante esclarecer que um Estado, ao assinar um tratado de dades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
DIH, obriga-se não apenas a cumprir com as normas existentes no internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observân-
diploma, mas também de adequar sua legislação interna aos precei- cia universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-
tos por ele estabelecidos. Deve também difundir entre autoridades -Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
civis e militares os referidos preceitos e assegurar medidas de con-
trole, visando determinar a existência ou não de infrações. Artigo 1º
Com o mesmo objetivo de detectar possíveis infrações há a fi- Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
gura da “Potência Protetora”, que nada mais é que um Estado alheio São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às
ao conflito, que investiga a ocorrência de irregularidades. Tal ins- outras com espírito de fraternidade.
tituição foi consagrada pela Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas, de 1961. Quando há grande dificuldade de eleger um Artigo 2º
Estado para tal papel, esse é efetuado pelo Comitê Internacional da Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberda-
Cruz Vermelha. O Protocolo Adicional I criou ainda a Comissão In- des estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer es-
ternacional de Apuramento dos Fatos, para acompanhar a veracida- pécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
de das supostas violações. outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
Qualquer violação por parte de um dos signatários das Conven- qualquer outra condição.
ções o torna passível de ser processado diante da Corte Internacional Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na con-
de Justiça/Tribunal Internacional de Justiça, ou da Corte/Tribunal dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que
Penal Internacional. pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
Em seguida, iremos realizar a leitura de um dos principais dis- sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi-
positivos criados para a proteção dos Direitos Humanos: tação de soberania.
Didatismo e Conhecimento 76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Artigo 3º Artigo 14
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pes- § 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de pro-
soal. curar e de gozar asilo em outros países.
§ 2º Este direito não pode ser invocado em caso de persegui-
Artigo 4º ção legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 15
Artigo 5º § 1º Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo § 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionali-
cruel, desumano ou degradante. dade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 6º Artigo 16
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhe- § 1º Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer res-
cida como pessoa perante a lei. trição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair
matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em
Artigo 7º relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distin- § 2º O casamento não será válido senão com o livre e pleno
ção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção con- consentimento dos nubentes.
tra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra § 3º A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
qualquer incitamento a tal discriminação. tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Artigo 8º Artigo 17
Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais com- § 1º Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em socieda-
petentes recurso efetivo para os atos que violem os direitos funda- de com outros.
mentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. § 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua proprieda-
de.
Artigo 9º
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 18
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciên-
Artigo 10 cia e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou cole-
para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qual- tivamente, em público ou em particular.
quer acusação criminal contra ela.
Artigo 19
Artigo 11 Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão;
§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e
ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido prova- de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quais-
da de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham quer meios e independentemente de fronteiras.
sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
§ 2º Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão Artigo 20
que, no momento, não constituam delito perante o direito nacional § 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associa-
ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que ção pacíficas.
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. § 2º Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma asso-
ciação.
Artigo 12
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na Artigo 21
de sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques § 1º Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de
à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livre-
contra tais interferências ou ataques. mente escolhidos.
§ 2º Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço públi-
Artigo 13 co do seu país.
§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e resi- § 3º A vontade do povo será a base da autoridade do governo;
dência dentro das fronteiras de cada Estado. esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
§ 2º Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
o próprio, e a este regressar. assegure a liberdade de voto.
Didatismo e Conhecimento 77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Artigo 22 Artigo 28
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segu- Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em
rança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração
internacional de acordo com a organização e recursos de cada Es- possam ser plenamente realizados.
tado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo 29
§ 1º Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que
Artigo 23 o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
§ 1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de § 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa esta-
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção rá sujeita apenas às limitações determinadas por lei, exclusivamen-
contra o desemprego. te com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos
§ 2º Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências
remuneração por igual trabalho. da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade de-
§ 3º Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração mocrática.
justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, § 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese algu-
uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se ma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. Nações Unidas.
§ 4º Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles
ingressar para a proteção de seus interesses. Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpre-
Artigo 24 tada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa,
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato
razoável das horas de trabalho e a férias periódicas remuneradas. destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui
estabelecidos.
Artigo 25
§ 1º Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimen- 14 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL
tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais PENAL. 14.1 INQUÉRITO POLICIAL. 14.2
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, PROVA (ART. 158 A 184 DO CPP). 14.3 PRISÃO
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos EM FLAGRANTE. 14.4 PRISÃO PREVENTIVA.
meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 14.5 LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA
§ 2º A maternidade e a infância têm direito a cuidados e as- CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). 14.6 LEI Nº
sistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do 4.898/1965 (ABUSO DE AUTORIDADE). 14.7
matrimônio, gozarão da mesma proteção social. LEI Nº 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO).
14.8 LEI Nº 7.716/1989 (LEI CONTRA O
Artigo 26 PRECONCEITO).
§ 1º Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gra-
tuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional INQUÉRITO POLICIAL.
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
no mérito. O inquérito policial é um procedimento administrativo inves-
§ 2º A instrução será orientada no sentido do pleno desenvol- tigatório, de caráter inquisitório e preparatório, consistente em um
vimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para
pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instru- apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela auto-
ção promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas ridade policial, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar
as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades em juízo.
das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. A mesma definição pode ser dada para o termo circunstanciado
§ 3º Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de (ou “TC”, como é usualmente conhecido), que são instaurados em
instrução que será ministrada a seus filhos. caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, as
contravenções penais e os crimes com pena máxima não superior a
Artigo 27 dois anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a proce-
§ 1º Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida dimento especial.
cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progres- A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item
so científico e de seus benefícios. anterior, é de “procedimento administrativo investigatório”. E, se é
§ 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre ele
materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou as nulidades previstas no Código de Processo Penal para o processo,
artística da qual seja autor. nem os princípios do contraditório e da ampla defesa.
Didatismo e Conhecimento 78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito poli- Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente
cial não afetam a ação penal a que der origem, salvo na hipótese a investigação é feita pela Polícia Civil dos Estados, mas isso não
de provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que, obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito
excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com ob- tenha grande repercussão nacional ou envolva mais de um Estado.
servância do contraditório e da ampla defesa, como uma produção Disso infere-se, pois, que as atribuições da Polícia Federal são mais
antecipada de provas, p. ex. amplas que a competência da Justiça Federal.
Finalidade. Visa o inquérito policial à apuração do crime e sua Características do inquérito policial. São elas:
autoria, e à colheita de elementos de informação do delito no que A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Pe-
tange a sua materialidade e seu autor. nal, todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
Diferenças entre elementos informativos e prova. Os ele- autoridade policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça
mentos informativos são aqueles colhidos na fase investigatória, escrita não obsta que sejam os atos produzidos durante tal fase sejam
nos quais não será obrigatório o contraditório e a ampla defesa. gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo;
Ademais, não há obrigação de participação dialética das partes. B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha ele-
Já a prova, em regra, é produzida na fase judicial, com exceção mentos de informação a partir de uma fonte autônoma (ex: a repre-
das provas cautelares, que necessitem ser produzidas antecipada- sentação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento da
mente. E, por ser produzida na fase judicial, obrigatoriamente a pro- denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial;
va deve ser produzida com participação dialética das partes, graças C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a autori-
à necessidade de observância do contraditório e da ampla defesa. dade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato
Mas é possível utilizar elementos de informação como funda- ou exigido pelo interesse da sociedade.
mento numa sentença condenatória? Pode-se, desde que os elemen- Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos
tos de informação não sejam a essência única para a condenação. Eis autos do inquérito o juiz, o promotor de justiça, e a autoridade poli-
o teor do art. 155, do Código de Processo Penal, com redação dada cial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV,
pela Lei nº 11.690/08. da Lei nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil”),
Assim, o juiz pode utilizá-los acessoriamente, em conjunto com e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem acesso aos atos
o universo probatório produzido à luz do contraditório e da ampla já documentados nos autos, independentemente de procuração, para
defesa que indiquem a mesma trilha do que os elementos de infor- assegurar direito de assistência do preso e investigado.
mação outrora disseram. Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irres-
Então, afinal, para que servem os elementos de informação? Se trito. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas nos autos,
não servem como único meio para fundamentar um decreto conde- mas não em relação às diligências em andamento.
natório, esses elementos têm como suas finalidades precípuas a to- Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos
mada de decisões quanto às prisões processuais, bem como medidas já documentados, é cabível reclamação ao STF para ter acesso às
cautelares diversas da prisão; e também são decisivos para auxiliar informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas
na formação da convicção do titular da ação penal (a chamada “opi- corpus em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o man-
nio delicti”). dado de segurança em nome do próprio advogado, já que a prerro-
gativa violada de ter acesso aos autos é dele.
Presidência do inquérito policial. Será da autoridade policial Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há se
de onde se deu a consumação do delito, no exercício de funções de chamar atenção para o parágrafo único, do art. 20, CPP, com nova
polícia judiciária. redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos atestados
de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não
Competência para investigar. A competência para investigar poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de
depende da justiça competente para julgar o crime. inquérito contra os requerentes.
Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da União, Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da dou-
em regra será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual trina, no sentido de que o inquérito, justamente por sua característica
será presidido por um encarregado, que é um Oficial das Forças Ar- da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos atestados
madas. de antecedentes. Já para outro entendimento, agora contra a lei, tal
Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, tam- medida representa criticável óbice a que se descubra mais sobre um
bém será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual será cidadão em situações como a investigação de vida pregressa anterior
presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia Militar a um contrato de trabalho, p. ex.;
ou dos Bombeiros. D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem
Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competência ampla defesa. Por tal motivo não é autorizado ao juiz, quando da
para investigar será da Polícia Federal. sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação
Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto
investigado pela Polícia Federal, já que a Justiça Eleitoral é uma (art. 155, caput, CPP). Ademais, graças a esta característica, não há
Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda que, uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na fase do
nas localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia Civil es- inquérito, tal como ocorre no momento processual, devendo estes
tará autorizada a investigar). ser realizados de acordo com as necessidades que forem surgindo;
Didatismo e Conhecimento 79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
E) Peça indisponível. O delegado não pode arquivar o inquérito Alguns atos praticados durante o inquérito policial. De
policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judicial, acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código de Processo Penal, são
mediante requerimento do promotor de justiça; algumas das providências a serem tomadas pela autoridade policial
durante a fase do inquérito policial:
Formas de instauração do inquérito policial. Tudo depen- A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não
derá da espécie de ação penal correspondente ao crime perpetrado. se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos
Vejamos: peritos criminais (art. 6º, I);
A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
condicionada à representação. O inquérito começa por representa- liberados pelos peritos criminais (art. 6º, II);
ção da vítima ou de seu representante legal; C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública con- do fato e suas circunstâncias (art. 6º, III);
dicionada à requisição do Ministro da Justiça. Neste caso, o ato D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV);
inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da Justiça; E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável, do
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública disposto no Capítulo III, do Título Vll, do Livro I, CPP (“Do Pro-
incondicionada. Neste caso, o inquérito pode começar de ofício cesso em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por duas
(quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conheci- testemunhas que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V);
mento dos fatos. Neste caso, o procedimento inicia-se por portaria); F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acarea-
por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte da doutrina ções (art. 6º, VI);
entende que o ideal é que o juiz não requisite para se manter impar- G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de
cial e manter a essência do sistema acusatório. Neste caso, a peça delito e a quaisquer outras perícias (art. 6º, VII);
inaugural é a própria requisição); por requerimento da vítima (neste H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datilos-
caso, o delegado deve verificar as procedências das informações, e, cópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de anteceden-
em caso de indeferimento ao requerimento, cabe recurso inominado tes (art. 6º, VIII);
dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda pela instauração de in- I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista
quérito, o ato inaugural do procedimento é a portaria); por “delatio individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e
criminis” (trata-se de notícia oferecida por qualquer do povo ou pela estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer
imprensa, de modo que esta não pode ser “anônima” (ou inqualifi-
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu tempe-
cada). Neste caso, a peça inaugural do procedimento é a portaria.
ramento e caráter (art. 6º, IX);
Ademais, vale lembrar que, para o STF, a denúncia anônima, por si
J) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
só, não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial,
contrarie a moralidade ou a ordem pública (art. 7º);
mas a partir dela o delegado deve realizar diligências preliminares
K) Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá-
para apurar a procedência das informações antes da devida instau-
rias à instrução e julgamento dos processos (art. 13, I);
ração do inquérito); por auto de prisão em flagrante (neste caso, a
peça inaugural do inquérito é o próprio auto de prisão em flagrante). L) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Minis-
tério Público (art. 13, II);
Importância em saber a forma de instauração do inquérito M) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida-
policial. A importância interessa para fins de análise de cabimento des judiciárias (art. 13, III);
de habeas corpus, mandado de segurança, e definição de autorida- N) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) bem
de coatora. Se for um procedimento instaurado por portaria, p. ex., como de outras medidas cautelares diversas da prisão (construção
significa que a autoridade coatora é o delegado de polícia, logo o doutrinária recente).
habeas corpus é endereçado ao juiz de primeira instância. Agora, se Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como de-
for um procedimento instaurado a partir da requisição do promotor corrência do caráter inquisitorial do inquérito policial visto alhures,
de justiça, p. ex., este é a autoridade coatora, logo, para uma primeira nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons costu-
corrente (minoritária), o habeas corpus é endereçado ao juiz de pri- mes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra infin-
meira instância, ou, para uma corrente majoritária, o habeas corpus dável gama de atos possa ser praticada.
deve ser encaminhado ao respectivo Tribunal, pois o promotor de
justiça tem foro por prerrogativa de função. Identificação criminal. Envolve a identificação fotográfica e
a identificação datiloscópica. Antes da atual Constituição Federal,
“Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade policial, a identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, an-
acerca de um fato delituoso que tenha sido praticado. São as seguin- terior a 1988, inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual
tes suas espécies: Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o civilmente
A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autorida- identificado não será submetido à identificação criminal, “salvo nas
de policial toma conhecimento do fato por meio de suas atividades hipóteses previstas em lei”.
corriqueiras (ex: durante uma investigação qualquer descobre uma A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Estatuto
ossada humana enterrada no quintal de uma casa); da Criança e do Adolescente”), em seu art. 109, segundo o qual a
B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autoridade identificação criminal somente será cabível quando houver fundada
policial toma conhecimento do fato por meio de um expediente es- dúvida quanto à identidade do menor.
crito (ex: requisição do Ministério Público; requerimento da vítima); Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Crimi-
C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autorida- nosas”) dispôs em seu art. 5º que a identificação criminal de pessoas
de policial toma conhecimento do fato delituoso por intermédio do envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será
auto de prisão em flagrante. realizada independentemente de identificação civil.
Didatismo e Conhecimento 80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para tra- O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser o Códi-
tar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe um rol taxativo de delitos em go de Processo Penal da década de 1940, não foi o mesmo recepcio-
que a identificação criminal deveria ser feita obrigatoriamente, sem nado pela Constituição Federal de 1988. Logo, prevalece de forma
mencionar, contudo, os crimes praticados por organizações crimino- maciça, atualmente, que este art. 21, CPP está tacitamente revogado.
sas, o que levou parcela da doutrina e da jurisprudência a considerar
o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado. Prazo para conclusão do inquérito policial. De acordo com
Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei nº o Código de Processo Penal, em se tratando de indiciado preso, o
12.037/09, que também trata especificamente apenas sobre o tema prazo é de dez dias improrrogáveis para conclusão. Já em se tratan-
“identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol taxativo de do de indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, admitida
delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas sim um art. 3º prorrogações a fim de se realizar ulteriores e necessárias diligências.
com situações em que ela será possível: Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze
A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de dias para acusado preso, admitida duplicação deste prazo (art. 66,
falsificação (inciso I); da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de trinta dias
B) Quando o documento apresentado for insuficiente para iden- admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral.
tificar o indivíduo de maneira cabal (inciso II); Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é de
C) Quando o indiciado portar documentos de identidade distin- trinta dias para acusado preso, e de noventa dias para acusado solto.
tos, com informações conflitantes entre si (inciso III); Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo.
D) Quando a identificação criminal for essencial para as inves- Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Economia
tigações policiais conforme decidido por despacho da autoridade ju- Popular”), o prazo, esteja o acusado solto ou preso, será sempre de
diciária competente, de ofício ou mediante representação da autori- dez dias.
dade policial/promotor de justiça/defesa (inciso IV). Nesta hipótese, E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo pro-
de acordo com o parágrafo único, do art. 5º da atual lei (acrescido cessual, isto é, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do ven-
pela Lei nº 12.654/2012), a identificação criminal poderá incluir cimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de Processo
a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético; Penal.
E) Quando constar de registros policiais o uso de outros nomes
ou diferentes qualificações (inciso V); Conclusão do inquérito policial. De acordo com o art. 10, §1º,
F) Quando o estado de conservação ou a distância temporal ou CPP, o inquérito policial é concluído com a confecção de um relató-
da localidade da expedição do documento apresentado impossibi- rio pela autoridade policial, no qual se deve relatar, minuciosamen-
litar a completa identificação dos caracteres essenciais (inciso VI). te, e em caráter essencialmente descritivo, o resultado das investiga-
Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do perfil ções. Em seguida, deve o mesmo ser enviado à autoridade judicial.
genético deverão ser armazenados em banco de dados de perfis ge- Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no relatório,
néticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal (art. 5º-A, em regra, com exceção da Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), em
acrescido pela Lei nº 12.654/2012). Tais bancos de dados devem cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de valor quanto à
ter caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de drogas.
aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos do Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável,
previsto na lei ou em decisão judicial. logo, a sua falta não tornará inquérito inválido.
Indiciamento. “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministério
infração penal. Trata-se de ato privativo do delegado policial. Público. Recebido o inquérito policial, tem o agente do Ministério
O indiciamento pode ser direto, quando feito na presença do Público as seguintes opções:
investigado, ou indireto, quando este está ausente. A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça é o
E o art. 15, da Lei Adjetiva Penal? Não mais se aplica o art. 15, titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos elementos colhi-
CPP, segundo o qual lhe deveria ser nomeado curador pela autori- dos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial desta ação
dade policial. Isto porque, antes do atual Código Civil, os indiví- por intermédio da denúncia;
duos entre dezoito e vinte e um anos eram reputados relativamente B) Requerimento de diligências. Somente quando forem indis-
incapazes, razão pela qual deveriam ser assistidos por curador caso pensáveis;
praticassem infração. Com o Código Civil atual, tanto a maioridade C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investiga-
civil como a penal se iniciam aos dezoito anos. do não constitui qualquer infração penal, ou, ainda que constitua,
É possível o “desindiciamento”? Sim. Consiste na retirada da encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o processo
condição de indiciado do agente, por se entender, durante o transcur- se desenvolva por atenção ao “Princípio da Insignificância”, p. ex.,
so das investigações, que este não tem qualquer relação com o fato o agente ministerial pode solicitar o arquivamento do inquérito à
apurado. O desindiciamento pode ocorrer tanto de forma facultativa, autoridade judicial;
pela autoridade policial, quanto mediante o uso de habeas corpus, D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua com-
impetrado com o objetivo de trancar o inquérito policial em relação petência, o membro do MP suscita a questão, para que a autoridade
a algum agente alvo do procedimento administrativo investigatório. judicial remeta os autos à justiça competente;
E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. Confor-
Incomunicabilidade do indiciado preso. De acordo com o art. me o art. 114, do Código de Processo Penal, o “conflito de compe-
21, do Código de Processo Penal, seria possível manter o indiciado tência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais órgãos juris-
preso pelo prazo de três dias, quando conveniente à investigação ou dicionais. Já o “conflito de atribuições” é aquele que se estabelece
quando houvesse interesse da sociedade entre órgãos do Ministério Público.
Didatismo e Conhecimento 81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Arquivamento do inquérito policial. Quem determina o ar- Parágrafo único. A competência definida neste artigo não
quivamento do inquérito é a autoridade judicial, após solicitação excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
efetuada pelo membro do Ministério Público. Disso infere-se que, cometida a mesma função.
nem a autoridade policial, nem o membro do Ministério Público,
nem a autoridade judicial, podem promover o arquivamento de ofí- Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
cio. Ademais, em caso de ação penal privada, o juiz pode promover iniciado:
o arquivamento caso assim requeira o ofendido. I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi-
Trancamento do inquérito policial. Trata-se de medida de nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
natureza excepcional, somente sendo possível nas hipóteses de ati- qualidade para representá-lo.
picidade da conduta, de causa extintiva da punibilidade, e de ausên- § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre
cia de elementos indiciários relativos à autoria e materialidade. Se que possível:
houver o risco à liberdade de locomoção, o meio mais adequado de
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
se fazê-lo é pela via do habeas corpus.
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi-
cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
Investigação pelo Ministério Público. Apesar do atual grau de
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
pacificação acerca do tema, no sentido de que o Ministério Público
pode, sim, investigar - o que se confirmou com a rejeição da Propos- c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profis-
ta de Emenda à Constituição nº 37/2011, que acrescia um décimo são e residência.
parágrafo ao art. 144 da Constituição Federal no sentido de que a § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
apuração de infrações penais caberia apenas aos órgãos policiais -, inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
há se disponibilizar argumentos favoráveis e contrários a tal prática: § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
A) Argumentos favoráveis. Um argumento favorável à possi- existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
bilidade de investigar atribuída ao Ministério Público é a chamada verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
“Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da Suprema Corte Norte- esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar
-americana, segundo a qual “quem pode o mais, pode o menos”, isto inquérito.
é, se ao Ministério Público compete o oferecimento da ação penal § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
(que é o “mais”), também a ele compete buscar os indícios de auto- de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
ria e materialidade para essa oferta de denúncia pela via do inquérito § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
policial (que é o “menos”). Ademais, o procedimento investigatório somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem
utilizado pela autoridade policial seria o mesmo, apenas tendo uma tenha qualidade para intentá-la.
autoridade presidente diferente, no caso, o agente ministerial. Por
fim, como último argumento, tem-se que a bem do direito estatal Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração
de perseguir o crime, atribuir funções investigatórias ao Ministério penal, a autoridade policial deverá:
Público é mais uma arma na busca deste intento; I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alte-
B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro argumento des- rem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
favorável à possibilidade investigatória do Ministério Público, tem- criminais;
-se que tal função atenta contra o sistema acusatório. Ademais, fala- II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
-se em desequilíbrio entre acusação e defesa, já que terá o membro liberados pelos peritos criminais;
do MP todo o aparato estatal para conseguir a condenação de um III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimen-
acusado, restando a este, em contrapartida, apenas a defesa por seu to do fato e suas circunstâncias;
advogado caso não tenha condições financeiras de conduzir uma
IV - ouvir o ofendido;
investigação particular. Também, fala-se que o Ministério Público
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
já tem poder de requisitar diligências e instauração de inquérito
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
policial, de maneira que a atribuição para presidi-lo seria “querer
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te-
demais”. Por fim, alega-se que as funções investigativas são uma
exclusividade da polícia judiciária, e que não há previsão legal nem nham ouvido a leitura;
instrumentos para realização da investigação Ministério Público. VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca-
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta dos dispositivos con- reações;
tidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que versam VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
sobre o tema “Do Inquérito Policial”: de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da-
tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de an-
TÍTULO II tecedentes;
DO INQUÉRITO POLICIAL IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades po- atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
liciais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação
a apuração das infrações penais e da sua autoria. do seu temperamento e caráter.
Didatismo e Conhecimento 82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão en-
contrarie a moralidade ou a ordem pública. tregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário
no Capítulo II do Título IX deste Livro. à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os
rubricadas pela autoridade. requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias,
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso
de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá
estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz,
apurado e enviará autos ao juiz competente. a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89,
não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n.
encontradas. 4.215, de 27 de abril de 1963)
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício
marcado pelo juiz. em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo,
ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra
em sua presença, noutra circunscrição.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao
juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá- juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração
rias à instrução e julgamento dos processos; penal e à pessoa do indiciado.
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
nistério Público; PROVA (ART. 158 A 184 DO CPP)
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida-
des judiciárias; A prova é um dos institutos mais importantes do direito, por ser
IV - representar acerca da prisão preventiva.
decorrência do direito de ação. Afinal, de nada adianta consagrar-
-se o direito de ação, se o direito à prova não for consagrado para
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
instruí-la e irrigá-la.
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a
Enquanto os elementos informativos são aqueles produzidos
juízo da autoridade.
durante a fase do inquérito policial (em regra, já que o inquérito,
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador como já visto, é dispensável, podendo os elementos informativos
pela autoridade policial. ser produzidos em qualquer outro meio de investigação suficiente a
embasar uma acusação), a prova deve ser produzida à luz do con-
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução traditório e da ampla defesa, almejando a consolidação do que antes
do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, eram meros indícios de autoria e materialidade delitiva, e, ainda,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. com a finalidade imediata de auxiliar o juiz a formar sua livre con-
vicção.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar Vale informar, ainda, que não poderá o juiz, nessa sua livre con-
autos de inquérito. vicção, se fundar exclusivamente nos elementos informativos colhi-
dos durante a fase investigatória. Estes terão apenas função comple-
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela mentar, apendicular, na formação do processo de convencimento do
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade magistrado. Isso significa dizer que a prova é, sim, essencial, para se
policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver condenar alguém. Justamente porque, a ausência de prova é um dos
notícia. motivos que pode levar à absolvição de alguém.
Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Diferença entre “fontes de prova”, “meios de prova”, e “Prova nominada”, “prova inominada”, “prova típica”,
“meios de obtenção de prova”. Vejamos: “prova atípica”, e “prova irritual”. A “prova nominada” é aquela
A) Fontes de prova. São as pessoas ou coisas das quais se cujo “nomen juris” consta da lei (ex.: prova pericial).
consegue a prova. Elas independem do processo, por existirem por A “prova inominada” é aquela cujo “nomen juris” não cons-
si só; ta da lei, mas que é admitida por força do “Princípio da Liberdade
B) Meios de prova. São os instrumentos através dos quais as Probatória”.
fontes de prova são introduzidas no processo. No processo penal, A “prova típica” é aquela cujo procedimento probatório está
vale dizer, vigora o “Princípio da Liberdade Probatória”, segundo previsto na lei.
o qual todos os meios de prova são válidos desde que não ilícitos A “prova atípica” é aquela cujo procedimento não está previsto
e/ou imorais; em lei.
C) Meios de obtenção da prova. São os procedimentos neces- A “prova irritual” é aquela colhida sem a observância de mode-
sários para se chegar à prova. Os meios de prova tratam de meios lo previsto em lei. Trata-se de prova ilegítima.
de obtenção da prova, para se chegar às fontes de prova.
Alguns princípios relacionados à prova penal. São eles, além
“Prova cautelar”, “prova não repetível”, e “prova antecipa- do Princípio da Liberdade Probatória, já mencionado alhures, num
da”. A parte final, da cabeça do art. 155, CPP, se refere a estas três rol exemplificativo:
provas, produzidas em regra ainda durante a fase inquisitória, as A) Princípio da presunção de inocência (ou princípio da pre-
quais poderia o juiz se utilizar para formar sua convicção. Nada sunção de não-culpabilidade). Todos são considerados inocentes,
obstante posicionamento que clama pela sinonímia das expres- até que se prove o contrário por sentença condenatória transitada
sões, há se distingui-las. em julgado;
A “prova cautelar” é aquela em que existe risco de desapare- B) Princípio da não autoincriminação. Ninguém é obrigado a
cimento do objeto da prova, em razão do decurso do tempo, mo- produzir prova contra si mesmo. É por isso que o acusado pode men-
tivo pelo qual o que se pretende provar deve ser perpetuado. O tir, pode distorcer os fatos, pode ser manter em silêncio, e tem direito
contraditório, aqui, é diferido, postergado. à consulta prévia e reservada com seu advogado, como exemplos;
A “prova não repetível” é aquela que não tem como ser pro- C) Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por
duzida novamente, em virtude do desaparecimento da fonte proba- meios ilícitos. São inadmissíveis no processo as provas obtidas de
modo ilícito, assim entendidas aquelas obtidas em violação às nor-
tória, como o caso de um exame pericial por lesão corporal, cujos
mas constitucionais. Ou seja, o direito à prova não pode se sobrepor
sinais de violência podem desaparecer com o tempo. O contraditó-
aos direitos fundamentalmente consagrados na Lei Maior pátria.
rio, aqui, é diferido, postergado.
“Prova ilícita” é o mesmo que “prova ilegítima”? Há quem diga
A “prova antecipada”, por fim, é aquela produzida com obser-
que se tratam de expressões sinônimas. Contudo, o entendimento
vância do contraditório real (ou seja, o contraditório não é diferido
prevalente é o de que, apesar de espécies do gênero “provas ilegais”,
como nas duas hipóteses anteriores), perante a autoridade judicial,
“prova ilícita” é aquela violadora de alguma norma constitucional
mas em momento processual distinto daquele previamente previs-
(ex.: a prova obtida não respeitou a inviolabilidade de domicílio as-
to pela lei (podendo sê-lo até mesmo antes do processo). O melhor
segurada pela Constituição), enquanto a “prova ilegítima” é aquela
exemplo é a oitiva da testemunha para perpetuar a memória da violadora dos procedimentos previstos para sua realização (tais pro-
prova, disposta no art. 225, da Lei Adjetiva. cedimentos são aqueles regularmente previstos no Código de Pro-
cesso Penal e legislação especial).
Fatos que não precisam ser provados. São eles: Qual será a consequência da prova ilícita/ilegítima? Sua con-
A) Fatos notórios. É o caso da chamada “verdade sabida” sequência primeira é o desentranhamento dos autos, devendo esta
(ex.: não se precisa provar que dia vinte e cinco de dezembro é ser inutilizada por decisão judicial (devendo as partes acompanhar
Natal, conforme o calendário cristão ocidental); o incidente). Agora, uma consequência reflexa é que as provas deri-
B) Fatos axiomáticos, intuitivos. São aqueles evidentes (ex.: vadas das ilícitas, pela “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”,
“X” é atingido e despedaçado por um trem. Não será preciso um importada do direito norte-americano, também serão inadmissíveis,
exame para se apurar que a causa da morte foi o choque com o salvo se existirem como fonte independente, graças à “Teoria da
trem); Fonte Independente” (considera-se fonte independente aquela prova
C) Presunções legais. São aquelas decorrentes da lei, valen- que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da
do lembrar que, em se tratando de presunção relativa, contudo, investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
admitir-se-á prova em contrário; objeto da prova).
D) Fatos desnecessários ao deslindes da lide. São os “fatos Ônus da prova. De acordo com o art. 156, caput, do Código
inúteis” (ex.: “X” morreu de envenenamento por comida. Pouco de Processo Penal, a prova da alegação incumbirá a quem o fizer,
importa saber se a carne estava bem ou mal passada); embora isso não obste que o juiz, de ofício, ordene, mesmo antes de
E) O direito, como regra. O direito não precisa ser provado, iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas considera-
salvo em se tratando de direito estadual, municipal, costumeiro, ou das urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
estrangeiro, se assim o requerer o juiz. proporcionalidade da medida (inciso I), ou determine, no curso da
Posto isto, fazendo uma análise em sentido contrário, fatos instrução ou antes de proferir sentença, a realização de diligências
que não sejam notórios, que não sejam axiomáticos, que não sejam para dirimir dúvida sobre ponto relevante (inciso II). Esse poder de
desnecessários, que não sejam presunções legais, e que não digam atuação do juiz é também conhecido por “gestão da prova” (por ser
respeito como regra, necessitam ser provados. o juiz, naturalmente, um “gestor da prova”).
Didatismo e Conhecimento 84
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Sistemas de avaliação da prova. São eles: Muitos confundem o “corpo de delito” com o “exame de corpo
A) Sistema da íntima convicção do juiz. Aqui, o juiz é livre para de delito”. Explico. Dá-se o nome de “corpo de delito” ao local do
apreciar as provas, inclusive as que não estão nos autos. O problema crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração penal.
é que, neste sistema, o juiz não está obrigado a fundamentar acerca Trata-se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos humanos,
dos motivos que levaram à formação de sua convicção. Este siste- ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. Contudo, “corpo”, não diz
ma, em nosso ordenamento, só é adotado pelos jurados no tribunal respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa
do júri, quando eles votam apenas “sim” ou “não” sem precisar fun- estar envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma man-
damentar as razões de sua escolha; cha, uma planta, uma janela quebrada, uma porta arrombada etc.
B) Sistema da prova tarifada. Neste sistema, as provas têm Em outras palavras, “corpo de delito” é o local do crime com todos
valor previamente fixado pelo legislador, cabendo ao juiz, apenas, os seus vestígios; “exame de corpo de delito” é o laudo técnico que
apreciar o conjunto probatório atribuindo-lhe o valor devido. Tal sis- os peritos fazem nesse determinado local, analisando-se todos os
tema não é adotado no ordenamento pátrio; referidos vestígios.
C) Sistema do livre convencimento motivado (ou sistema da Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie,
persuasão racional do juiz). Trata-se do sistema adotado no ordena- fica claro que a confissão do acusado, antes considerada a “rainha
mento brasileiro. Nele, o juiz tem ampla liberdade de valoração das das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja vista uma am-
provas dos autos, mas é obrigado, em contrapartida, a fundamentar pla gama de vícios que podem maculá-la, como a coação e a assun-
as razões que embasam seu convencimento. Com isso, decorre-se ção de culpa meramente para livrar alguém de um processo-crime;
que não há prova com valor absoluto (não há a ideia de que a con-
fissão é a “rainha das provas”, p. ex.), e que somente serão consi- Corpo de delito direto e indireto.
deradas válidas para efeito condenatório as provas do processo (o a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados pelo
juiz não pode condenar alguém usando algo que não está nos autos). fato criminoso. São os elementos materiais, perceptíveis pelos nos-
sos sentidos, resultante da infração penal. Esses elementos sensí-
Prova emprestada. É aquela produzida em um processo e veis, objetivos, devem ser objetos de prova, obtida pelos meios que
transportada documentalmente para outro. Apesar da valia positi- o direito fornece. Os técnicos dirão da sua natureza, estabelecerão o
va proeminente que lhe deve ser atribuída, a prova emprestada não nexo entre eles e o ato ou omissão, por que se incrimina o acusado.
O corpo de delito deve realizar-se o mais rapidamente possível, logo
pode virar mera medida de comodidade às partes, afinal, como re-
que se tenha conhecimento da existência do fato.
gra, cada fato apurado numa lide depende de sua própria prova.
O perito dará atenção a todos os elementos, que se vinculem ao
Contudo, podem acontecer casos em que um determinado fato
fato principal, sobretudo o que possa influir na aplicação da pena.
já não possa mais ser apurado nos autos, embora o tenha sido devi-
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se torna
damente em outros autos, caso em que a prova emprestada pode se
impossível, admite-se a prova testemunhal, por haverem desapareci-
revelar um eficaz aliado na busca pela verdade real.
do os elementos materiais. Essa substituição do exame objetivo pela
Vale lembrar, contudo, que a prova emprestada não vem aos
prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora
autos com o “contraditório montado” do outro processo, isto é, no haja o delito. Vale lembrar que o exame indireto somente deve ser
processo recebedor terão as partes a oportunidade de questionar a realizado caso não seja possível à realização do exame direto.
própria validade desta bem como de tentar desqualificá-la. Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito po-
Não se pode, ainda, dizer que a prova emprestada, por ser em- derá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
prestada, valha “mais” ou “menos” que outra prova. Não há mais,
como já dito, “tarifação de provas”. A importância de uma prova Perícia Criminal
será aferida casuisticamente. Assim, em que pese o respeito a en- A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no
tendimento minoritário neste sentido, não parece ser o melhor ar- Código de Processo Penal, indispensável para elucidação de crimes
gumento defender que a prova emprestada, por si só, não pode ser quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da ciência
suficiente para condenar alguém. forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na
interpretação correta de vestígios. Os peritos desenvolvem suas atri-
EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS buições no atendimento das requisições de perícias provenientes de
EM GERAL. delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a
processos penais. A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre seguintes ciências forenses: química, biologia, geologia, engenha-
cuja análise é realizada a perícia criminal a fim de determinar fato- ria, física, medicina, toxicologia, odontologia, documentoscopia,
res como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do entre outras, as quais estão em constante evolução.
exame de corpo de delito. Requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Ju-
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a exis- diciário, é a base decisória que direciona a investigação policial e o
tência dos elementos do fato típico dos delitos “FACTI PERMA- processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é indis-
NENTIS”. pensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensa-
Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não da sequer quando o criminoso confessa a prática do delito. A perícia
transeunte”), o exame de corpo de delito se torna indispensável, não é uma modalidade de prova que requer conhecimentos especiali-
podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que zados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou
não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desa- morta, implicando na apreciação, interpretação e descrição escrita
parecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de evidente interesse
(art. 167, CPP). judiciário.
Didatismo e Conhecimento 85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infra- O mesmo diploma ainda assegura como dever especial que os
ção penal, devidamente estudados por profissionais especializados, peritos nomeados pela autoridade não podem recusar a indicação,
permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que for- a não ser por escusa atendível (art. 277, a); não podem deixar de
ma este ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas comparecer no dia e no local designados para o exame (art. 277,
as partes envolvidas, tais como a vítima, o criminoso e outras pes- b); não podem deixar de entregar o laudo ou concorrer para que a
soas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim perícia não seja feita no prazo estabelecido (art. 277, c). Pode ain-
como o meio pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação da em casos de não comparecimento, sem justa causa, a autoridade
do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. Apesar de o laudo determinar a condução do perito (art. 278). E falsa perícia consti-
pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierar-
tui crime contra a administração da Justiça (art. 342). Quando os
quia, ocorre que, na prática, a prova pericial acaba tendo prevalência
dois peritos não chegam, na perícia criminal, a um ponto de vista
sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e objetividade da
prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjeti- comum, cada qual fará à parte seu próprio relatório, chamando-se
vas dependam do testemunho ou interpretação de pessoas, podendo a isso perícia contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus
ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de capacidade da peritorum, aceitará a perícia por inteiro ou em parte em parte, ou
pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má fé, onde não aceitará em todo, pois está forma determina o parágrafo único
exista a intenção de distorcer os fatos. do artigo 181 do Código Penal, facultando-lhe nomear outros peritos
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva para novo exame.
dos Peritos Criminais. Essa afirmação é reforçada pela Lei 12.030
de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz de-
de Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e cidirá de plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova
o Perito Odonto-Legista. Prova pericial (ou arbitramento) pode ser imediata (art. 105). Não poderão ser peritos:
dividida em: I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; nos números I e II do artigo 47 do Código Penal;
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. II – os que tiverem prestado depoimento no processo no proces-
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prer- so ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
rogativas de mercado. III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279).
Perito.
É extensível aos peritos, no que lhe for aplicável, disposto sobre
O código de processo penal, agora com as corrigendas da lei n.º
a suspeição dos juízes (art. 280);
11.690 de 9 de junho de 2008, diz em seu artigo 159: O exame de
corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, I – se for amigo ou inimigo capital de qualquer das partes;
portador de diploma de curso superior. Na falta de perito oficial, o II – se ele, seu conjugue ou descendente estiver respondendo
exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diplo- a processo análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
ma de curso superior preferencialmente na área especifica, dentre III – se ele, seu conjugue, ou parente consanguíneo, ou afim, até
as que tiveram habilitação técnica relacionada com a natureza do terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo
exame. Estes prestarão o compromisso de e finalmente desempenhar que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
o cargo. IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das
quando à perícia: requer a oitiva dos peritos para esclarecerem a partes;
prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intimação VI – se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade in-
e os quesitos ou questões a serem esclarecidos sejam encaminhados teressada no processo.
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
respostas em laudo complementar. A atuação do perito far-se-á em Para que a Justiça não fique sempre na dependência direta de
qualquer fase do processo ou mesmo após a sentença, em situações um ou de outro perito, criaram-se, há alguns anos, em alguns es-
especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua análise, tados, como na Bahia e São Paulo, os Conselhos Médico-Legais,
mas se continua além dessa apreciação por meio do juízo de valor espécies de corte de apelação pericial cujos objetivos são a emissão
sobre os fatos, o que faz a diferente da função de testemunha. A
de pareceres médico-legais mais especializados, funcionando tam-
diferença entre testemunha e o perito é que a primeira é solicitada
bém como órgãos de consultas dos próprios peritos. Eram, normal-
porque já tem conhecimento do fato e o segundo para que conheça
e explique os fundamentos da questão discutida, por meio de uma mente, compostos de autoridades indiscutíveis em medicina legal e
análise técnica científica. representados por professores da disciplina, diretores de institutos
A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas causas Médico-Legais, propor um membro do Ministério Público indicado
criminais, dois peritos. Em se tratando de peritos não oficiais, assi- pela Secretaria do Interior e Justiça.
narão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória
com um “compromisso formal de bem e fielmente desempenharem Atividades Desenvolvidas
a sua missão, declarando como verdadeiro o que encontrarem e As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande com-
descobrirem e o que em suas consciências entenderam”. Terão um plexidade e de natureza especializada, tendo por objeto executar com
prazo de 5 dias prorrogável razoavelmente, conforme dispõe o pará- exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias crimi-
grafo único do artigo 160 do Código de processo penal. Apenas em nais necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas
caos de suspeição comprovada ou de impedimento previsto em lei é constitucionais e legais em vigor, exercendo suas atribuições nos
que se eximem os peritos da aceitação. setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Ba-
Didatismo e Conhecimento 86
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lística Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Es- cimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
peciais, Fonética Forense, Identificação Veicular, Informática, Local congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver,
Meio Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função com todos os sinais e indicações (art. 166, CPP);
mais relevante do Perito Criminal é a busca da verdade material com
base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar Fotografia dos cadáveres.
ou suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que
todos os aspectos inerentes aos elementos investigados, do ponto forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as
exclusivamente técnico. lesões externas e vestígios deixados no local do crime (art. 164,
CPP). Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peri-
Responsabilidades Civil e Penal do Perito tos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográ-
Aos peritos oficiais ou inoficiais são exigidas obrigações ficas, esquemas ou desenhos, todos devidamente rubricados (art.
de ordem legal e a ilicitude de suas atividades caracteriza-se 165, CPP);
como violação a um dever jurídico, algumas delas com possíveis
repercussões a danos causados a terceiros. Em tese, pode-se dizer Crimes cometidos com destruição/rompimento de obstáculo
que os peritos na área civil são considerados auxiliares da justiça, à subtração da coisa.
enquanto na perícia criminal são os servidores públicos. Quanto Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obs-
ao fiel cumprimento do dever de ofício, os primeiros prestam táculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos,
compromissos a cada vez que são designados pelo juiz e, os além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos,
segundos, o compromisso está implícito com a posse no cargo por quais meios e em que época presumem ter sido o fato praticado
público, a não ser nos casos dos chamados peritos nomeados ad hoc. (art. 171, CPP);
Formulação de quesitos pelo Ministério Público, assistente de Material guardado em laboratório para nova perícia.
acusação, ofendido, querelante, e acusado. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material sufi-
Podem, o Ministério Público, o assistente de acusação, o ofen-
ciente para a eventualidade de nova perícia. Ademais, sempre que
dido, o querelante, e o acusado, formular quesitos e indicar assisten-
conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas,
te técnico. Eis o teor do previsto no segundo parágrafo, do art. 159,
provas microfotográficas, desenhos ou esquemas (art. 170, CPP);
do Código de Processo Penal;
Incêndio.
Laudo pericial.
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias,
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a
podendo este prazo ser prorrogado em casos excepcionais a reque-
vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor
rimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão mi-
e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato
nuciosamente o que examinarem, e responderão aos eventuais que-
(art. 173, CPP);
sitos formulados. Tratando-se de perícia complexa, isto é, aquela
que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será
possível designar a atuação de mais de um perito oficial, bem como Exame para reconhecimento de escritos.
à parte será facultada a indicação de mais de um assistente técnico; Deve-se observar, de acordo com o art. 174, da Lei Adjetiva, o
seguinte: a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
Autópsia. será intimada para o ato (se for encontrada) (inciso I); para a com-
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis horas após o paração, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julga- reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de
rem que possa ser feita antes daquele prazo, o que deverão declarar seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida (inciso
no auto (art. 162, caput, CPP). No caso de morte violenta, bastará II); a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públi-
penal que apurar ou quando as lesões externas permitirem precisar cos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retira-
a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para dos (inciso III); quando não houver escritos para a comparação ou
a verificação de alguma circunstância relevante (art. 162, parágrafo forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa
único, CPP); escreva o que lhe for ditado, valendo lembrar que, se estiver au-
sente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá
Exumação de cadáver. ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade providenciará pessoa será intimada a escrever (inciso IV);
que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao laudo, po-
qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, CPP). Neste dendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 182, CPP).
caso, o administrador do cemitério público/particular indicará o lu- Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos
gar da sepultura, sob pena de desobediência. Agora, havendo dúvida contidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que
sobre a identidade do cadáver exumado, se procederá ao reconhe- serão objeto de questionamento no presente concurso:
Didatismo e Conhecimento 87
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TÍTULO VII § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo
DA PROVA juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
CAPÍTULO I § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,
DISPOSIÇÕES GERAIS quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fun- os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
damentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não re- respostas em laudo complementar;
petíveis e antecipadas. II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pare-
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão ceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório
que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de
perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível
porém, facultado ao juiz de ofício:
a sua conservação.
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observan-
área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação
do a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sen- técnico.
tença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante. Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
verão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos que-
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do sitos formulados.
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em viola- Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo
ção a normas constitucionais ou legais. máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, excepcionais, a requerimento dos peritos.
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual-
independente das primeiras. quer dia e a qualquer hora.
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só,
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte,
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às no auto.
partes acompanhar o incidente. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o sim-
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) ples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal
que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a
CAPÍTULO II causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS verificação de alguma circunstância relevante.
EM GERAL
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a au-
toridade providenciará para que, em dia e hora previamente marca-
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispen-
dos, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
sável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou
supri-lo a confissão do acusado.
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediên-
cia. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 do auto.
(duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilita- Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição
ção técnica relacionada com a natureza do exame. em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
fielmente desempenhar o encargo.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver,
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fo-
quesitos e indicação de assistente técnico. tográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
Didatismo e Conhecimento 88
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Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identifi- comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
cação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, será intimada para o ato, se for encontrada;
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. II - para a comparação, poderão servir quaisquer documen-
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e tos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente
autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
para a identificação do cadáver. houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exa-
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por me, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser
suprir-lhe a falta. retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escre-
pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complemen- va o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar
tar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofí- certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que
cio, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito eficiência.
no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que
decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela até o ato da diligência.
prova testemunhal.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação pri-
praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente vada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz
para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos pe- deprecante.
ritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão trans-
ou esquemas elucidativos. critos na precatória.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as altera-
ções do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequên- Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela
cias dessas alterações na dinâmica dos fatos. autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o lau-
do assinado pelos peritos.
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto
que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográfi- respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame,
cas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o lau-
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompi- do, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em
mento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escala- suas folhas por todos os peritos.
da, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que
instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão con-
fato praticado. signadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de
outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autori-
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de dade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade
coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do cri- poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
me.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso
procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos au- de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciá-
tos e dos que resultarem de diligências. ria mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o
laudo.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que
e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver re- se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
sultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do
dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo
elucidação do fato. ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Didatismo e Conhecimento 89
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Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, obser- Conforme um primeiro entendimento, por independer de pré-
var-se-á o disposto no art. 19. via ordem judicial, a prisão em flagrante seria uma espécie de ato
administrativo, não sendo modalidade autônoma de prisão cautelar,
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a portanto.
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando Para um segundo posicionamento, a prisão em flagrante seria
não for necessária ao esclarecimento da verdade. modalidade de prisão cautelar autônoma, por reclamar pronuncia-
mento judicial acerca de sua manutenção. Este posicionamento des-
PRISÃO EM FLAGRANTE e PRISÃO PREVENTIVA preza, veja-se, a inexistência de prévia ordem judicial para realizar
tal prisão.
A restrição da liberdade é medida excepcional na natureza hu- Por fim, de acordo com uma terceira corrente, a prisão em fla-
mana. Aqui, a despeito da existência de “prisões penais” - estudadas grante é ato complexo, composto de uma primeira fase administra-
pelo direito penal e pela execução penal - e da “prisão civil” (em tiva, que se dá com sua efetivação (isto é, a captura do acusado),
caso de dívida de alimentos) - estudada pelo direito constitucional, e de uma segunda fase processual, que se dá com sua apreciação
pelo direito internacional, e pelo direito civil -, somente se estudará pela autoridade judicial acerca de sua manutenção ou não de acordo
as tipicamente denominadas “prisões processuais”, decretadas du- com a presença dos requisitos e pressupostos ensejadores da prisão
rante a fase investigatória ou judicial. preventiva.
Nada obstante, temas circundantes ao tópico “prisões proces- Diz-se que o assunto caminha para a pacificação, pois, se desde
suais” também merecem atenção especial. Se está falando, dentre a Lei nº 6.416/77 não mais se vislumbra a possibilidade de ficar
outros, da liberdade provisória, com ou sem fiança, da prisão domi- alguém preso em flagrante durante todo o processo (o juiz, desde
ciliar, e das recentes medidas cautelares diversas da prisão, inaugu- 1977, deveria apreciar a presença dos requisitos ensejadores da pri-
radas pela Lei nº 12.403/11. são preventiva para manter ou não o flagrante), agora, com a Lei nº
De acordo com o art. 282, do Código de Processo Penal, as 12.403/11, ficou a prisão em flagrante em condição excepcionalís-
medidas cautelares previstas no Título IX, do Código de Processo sima, já que, de acordo com o atual art. 310, CPP, o juiz, ao receber
Penal, intitulado “Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liber- o auto de prisão em flagrante, deverá fundamentadamente relaxar a
dade Provisória”, deverão ser aplicadas observando-se a necessi-
prisão se ilegal (inciso I), converter a prisão em flagrante em pre-
dade para aplicação da lei penal, para a investigação ou instrução
ventiva se presentes os requisitos do art. 312, CPP e se revelarem
criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da pri-
de infrações penais (inciso I), bem como a adequação da medida à
são (inciso II), ou conceder liberdade provisória, com ou sem fiança
gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
(inciso III).
indiciado ou acusado (inciso II).
Veja-se, pois, que a prisão em flagrante se solidificou, atual-
Se está falando, com isso, que urge a observância do binômio
mente, como uma “prisão pré-cautelar”, porque necessariamente
necessidade/adequação quando da análise de imposição de prisão
será ato meramente primário a uma análise acerca da prisão proces-
processual/medida cautelar diversa da prisão. Pode ser que, num
sual/medida diversa da prisão/liberdade provisória. O terceiro en-
extremo mais gravoso, a prisão preventiva seja a mais adequada.
Já noutro extremo, mais brando, pode ser que a liberdade provisó- tendimento é o que tende a prevalecer, portanto: a prisão em flagran-
ria seja palavra de ordem. Qualquer coisa que ficar entre estes dois te como ato administrativo não deve prevalecer já que a flagrância
extremos pode importar a imposição de medida cautelar de natureza não mais é um fim em si mesmo (razão pela qual a primeira corrente
diversa da prisão processual. “cai por terra”); a prisão em flagrante não tem natureza cautelar, pois
Prisão em flagrante. A prisão em flagrante consiste numa me- é justamente a cautelaridade da medida que a autoridade judicial vai
dida de autodefesa da sociedade, caracterizada pela privação da li- buscar ao apreciar as hipóteses do art. 310, CPP (razão pela qual a
berdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação de segunda corrente vai à bancarrota); a prisão em flagrante é, sim, ato
flagrância, independentemente de prévia autorização judicial. A pró- complexo (ou “pré-cautelar”), porque embora comece como um ato
pria Constituição Federal autoriza a prisão em flagrante, em seu art. administrativo, seu relaxamento ou conversão em prisão preventiva/
5º, LXI, o qual afirma que ninguém será preso senão em flagrante liberdade provisória (isto é, sua judicialização) é meramente questão
delito, ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária de tempo.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-
priamente militar, definidos em lei. Funções da prisão em flagrante. São elas:
A expressão “flagrante” deriva do latim “flagrare”, que signi- A) Evitar a fuga do infrator;
fica “queimar”, “arder”. Isso serve para demonstrar que o delito em B) Auxiliar na colheita de elementos probatórios;
flagrante é o delito que está “ardendo”, “queimando”, “que acaba de C) Impedir a consumação ou o exaurimento do delito.
acontecer”.
Por isso, qualquer do povo poderá, e as autoridades policiais e Procedimento do flagrante. O procedimento da prisão em
seus agentes deverão, prender quem quer que seja encontrado em flagrante está essencialmente descrito entre os art. 304 e 310, do
flagrante delito. Código de Processo Penal:
A) Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o
Natureza da prisão em flagrante. Trata-se de tema outrora condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este có-
excessivamente divergente, mas que parece caminhar para um en- pia do termo e recibo de entrega do preso (art. 304, caput, primeira
tendimento uníssono graças ao advento da Lei nº 12.403/11. parte, CPP);
Didatismo e Conhecimento 90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
B) Em seguida, procederá a autoridade competente à oitiva das B) Flagrante facultativo. É aquele efetuado por qualquer pes-
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado soa do povo, embora não seja o indivíduo obrigado a prender em
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas flagrante, caso isso ameace sua segurança e sua integridade;
respectivas assinaturas, lavrando a autoridade, ao final, o auto (art. C) Flagrante próprio (ou flagrante perfeito) (ou flagrante ver-
304, caput, parte final, CPP); dadeiro). É aquele que ocorre se o agente é preso quando está co-
C) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontrem se- metendo a infração ou acaba de cometê-la. Sua previsão está nos
rão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério incisos I e II, do art. 302, do Código de Processo Penal;
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 306, D) Flagrante impróprio (ou flagrante imperfeito) (ou “quase
caput, CPP); flagrante”). É aquele que o ocorre se o agente é perseguido, logo
D) Resultando das respostas às perguntas feitas ao acusado fun- após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em si-
dada suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo tuação que se faça presumir ser ele autor da infração. Sua previsão
à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e está no terceiro inciso, do art. 302, do Diploma Adjetivo Penal.
prosseguirá nos atos do processo ou inquérito se para isso for com- Vale lembrar que não há um prazo pré-determinado para esta
petente (se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja) (art. perseguição, desde que ela seja contínua, ininterrupta. Assim, pode
304, §1º, CPP); um agente ser perseguido por vinte e quatro horas após a prática
E) A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de delitiva, p. ex., e ainda assim ser autuado em flagrante;
prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assi- E) Flagrante presumido (ou flagrante ficto). É aquele que ocor-
ná-lo ao menos duas pessoas que tenham testemunhado a apresenta- re se o agente é encontrado, logo depois do crime, com instrumen-
ção do preso à autoridade (art. 304, §2º, CPP). Quando o acusado se tos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da
recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão infração. Sua previsão está no art. 302, IV, CPP;
em flagrante será assinado por duas testemunhas que tenham ouvido F) Flagrante preparado (ou “crime de ensaio”) (ou delito pu-
sua leitura na presença deste (art. 304, §3º, CPP). Na falta ou no im- tativo por obra do agente provocador). A autoridade policial instiga
pedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade o indivíduo a cometer o crime, apenas para prendê-lo em flagrante.
lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal (art. 305, O entendimento jurisprudencial, contudo, é no sentido de que esta
CPP); espécie de flagrante não é válida, por se tratar de crime impossível.
F) Em até vinte e quatro horas após a realização da prisão, será Neste sentido, há até mesmo a Súmula nº 145, do Supremo Tribunal
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante, e Federal, segundo a qual não há crime quando a preparação do fla-
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será encami- grante pela polícia torna impossível a sua consumação;
nhada cópia integral deste auto para a Defensoria Pública (art. 306,
G) Flagrante esperado. Aqui, a autoridade policial sabe que o
§1º, CPP);
delito vai acontecer, independentemente de instigá-lo ou não, e, por-
E) No mesmo prazo de vinte e quatro horas, será entregue ao
tanto, se limita a esperar o início da prática do delito, para efetuar
preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
a prisão em flagrante. Trata-se de modalidade de flagrante perfeita-
com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas
mente válida, apesar de entendimento minoritário que o considera
(art. 306, §2º, CPP);
inválido pelos mesmos motivos do flagrante preparado;
F) Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fun-
H) Flagrante prorrogado (ou “ação controlada”) (ou flagrante
damentadamente relaxar a prisão ilegal, ou converter a prisão em
protelado). A autoridade policial retarda sua intervenção, para que o
flagrante em preventiva (quando presentes os requisitos do art. 312,
do Código de Processo Penal, e quando se revelarem inadequadas as faça no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de
medidas cautelares diversas da prisão), ou conceder liberdade provi- provas. Sua legalidade depende de previsão legal.
sória com ou sem fiança (art. 310, CPP); I) Flagrante forjado (ou flagrante fabricado) (ou flagrante ma-
G) Se o juiz verificar pelo auto que o agente praticou o fato quinado). É o flagrante “plantado” pela autoridade policial (ex.: a
em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do autoridade policial coloca drogas nos objetos pessoais do investiga-
dever legal, ou exercício regular de um direito (todos previstos no do somente para prendê-lo em flagrante).
art. 23, do Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a Apresentação espontânea do acusado. Trata-se de tema novo,
todos os atos processuais, sob pena de revogação (art. 310, parágra- graças ao advento da Lei nº 12.403/11.
fo único, CPP). Antes de tal diploma normativo, o art. 317, CPP, previa que
Obtempera-se que, não havendo autoridade no lugar em que se a apresentação espontânea do acusado à autoridade não impediria
tiver efetuado a prisão, o preso será apresentado à prisão do lugar a decretação da prisão preventiva. Ou seja, a prisão em flagrante
mais próximo (art. 308, CPP). não era possível (já que não havia flagrante: foi o agente quem se
Por fim, se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, apresentou à autoridade policial, e não a autoridade policial que foi
depois de lavrado o “APF” (auto de prisão em flagrante) (art. 309, no encalço do agente), o que não obstava, contudo, a decretação de
CPP). prisão preventiva.
Com a nova lei, tal dispositivo foi suprimido, causando alguma
Espécies/modalidades de flagrante. Vejamos a classificação divergência doutrinária acerca da possibilidade de se prender em fla-
feita pela doutrina: grante ou não em caso de livre apresentação por parte do acusado.
A) Flagrante obrigatório. É aquele que se aplica às autorida- Apesar de inexistir qualquer entendimento doutrinário/jurispruden-
des policiais e seus agentes, que têm o dever de efetuar a prisão em cial consolidado, até agora tem prevalecido a ideia de que a apresen-
flagrante; tação espontânea continua impedindo a prisão em flagrante.
Didatismo e Conhecimento 91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Prisão preventiva. Em qualquer fase da investigação policial D) Para assegurar a aplicação da lei penal. Se ficar demons-
ou do processo penal caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, trado concretamente que o acusado pretende fugir, p. ex., inviabili-
de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministé- zando futura e eventual execução da pena, impõe-se a prisão preven-
rio Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da tiva por este motivo;
autoridade policial (art. 311, CPP). E) Em caso de descumprimento de qualquer das medidas cau-
De antemão já se pode observar que à autoridade judicial é ve- telares diversas da prisão. As “medidas cautelares diversas da pri-
dada a decretação de prisão preventiva de ofício na fase do inquérito são” são novidade no processo penal, e foram trazidas pela Lei nº
policial (isso é novidade da Lei nº 12.403, já que antes desta previa- 12.403/2011.
-se legalmente a possibilidade de decretar o juiz prisão preventiva de
ofício também durante as investigações, o que era bastante criticado Hipóteses em que se admite prisão preventiva. São elas, de
pela doutrina garantista). acordo com o art. 312, CPP:
A) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
Pressupostos da prisão preventiva. Há se distinguir os “pres- máxima superior a quatro a quatro anos (inciso I);
supostos” dos “motivos ensejadores” da prisão preventiva (estes úl- B) Se o agente tiver sido condenado por outro crime doloso, em
timos serão estudados no tópico seguinte). São pressupostos: sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no art. 64, I,
A) Prova da existência do crime. É o chamado “fumus comissi do Código Penal (configuração do período depurador) (inciso II);
delicti”; C) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
B) Indícios suficientes de autoria. É o chamado “periculum li- a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com defi-
bertatis”. ciência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência
Chama-se a atenção, preliminarmente, que o processualismo (inciso III);
penal exige “prova da existência do crime”, mas se contenta com D) Quando houver dúvidas sobre a identidade civil da pessoa
“indícios suficientes de autoria”. Desta maneira, desde que haja um ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la
contexto probatório maciço acerca dos fatos, dispensa-se a certeza (neste caso, o preso deve imediatamente ser posto em liberdade após
acerca da autoria, mesmo porque, em termos práticos, caso fique a identificação, salvo de outra hipótese recomendar a manutenção da
realmente comprovada, a autoria só o ficará, de fato, quando de um
medida) (parágrafo único).
eventual decreto condenatório definitivo.
No mais, há se ter em mente que, para que se decrete a prisão
Revogação da prisão preventiva. Isso é possível se, no trans-
preventiva de alguém, basta um dos motivos ensejadores da prisão
correr do processo, verificar a autoridade judicial a falta de motivo
preventiva, mas os dois pressupostos devem estar necessariamente
para que subsista a prisão preventiva. Assim, em sentido contrário,
previstos cumulativamente. Então, sempre deve haver, obrigatoria-
também poder decretá-la se sobrevierem razões que a justifiquem.
mente, os dois pressupostos (existência do crime e indícios de auto-
De toda forma, a decisão que decretar, substituir ou denegar a
ria), mais ao menos um motivo ensejador (ou a garantia da ordem
prisão preventiva será sempre motivada.
pública, ou a garantia da ordem econômica, ou o asseguramento da
aplicação da lei penal, ou a conveniência da instrução criminal, ou
o descumprimento de qualquer das medidas cautelares diversas da Prisão preventiva e excludentes de culpabilidade e de ili-
prisão). citude. De acordo com o art. 314, do Diploma Processual Penal,
a prisão preventiva em nenhum momento será decretada se o juiz
Motivos ensejadores da prisão preventiva. Eles estão no art. verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o
312, do Código de Processo Penal, e devem ser conjugadas com a fato em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cum-
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. A saber: primento do dever legal, ou no exercício regular de um direito (ex-
A) Para garantia da ordem pública. É o risco considerável cludentes de ilicitude).
de reiteração de ações delituosas, em virtude da periculosidade do Apesar da ausência de previsão acerca das excludentes de cul-
agente. pabilidade, é forte o entendimento no sentido de que o art. 314 deve
O “clamor social” causado pelo delito autoriza à decretação de a elas ser aplicado por analogia, com exceção da hipótese de inim-
prisão preventiva por “garantia da ordem pública”? Prevalece que putabilidade (art. 26, caput, CP), afinal, o próprio Código de Proces-
sim, pois, do contrário, se o indivíduo for mantido solto, há risco de so Penal permite a absolvição sumária do agente se o juiz verificar
caírem as autoridades judiciais e policiais em descrédito para com a existência de manifesta causa excludente de culpabilidade, salvo
a sociedade; inimputabilidade (art. 297, II, CPP).
B) Para garantia da ordem econômica. Trata-se do risco de
reiteração delituosa, porém relacionado com crimes contra a ordem Inexistência de qualquer hipótese de prisão preventiva au-
econômica. A inserção deste motivo (na verdade, uma espécie da tomática. Não há se falar, sob qualquer hipótese, na prisão preven-
garantia da ordem pública) se deu pelo art. 84, da Lei nº 8.884/94 tiva como efeito automático de algum ato.
(“Lei Antitruste”); Um bom exemplo disso é o parágrafo primeiro, do art. 387,
C) Por conveniência da instrução criminal. Visa-se impedir CPP (antigo parágrafo único, mas hoje renumerado pela Lei nº
que o agente perturbe a livre produção probatória. O objetivo, pois, 12.736/2012), segundo o qual o juiz decidirá, fundamentadamente,
é proteger o processo, as provas a que o Estado persecutor ainda sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preven-
não teve acesso, e os agentes (como testemunhas, p. ex.) que podem tiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da
auxiliar no deslinde da lide; apelação que vier a ser interposta.
Didatismo e Conhecimento 92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
Outro exemplo é o art. 366, da Lei Adjetiva, pelo qual se o LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E
acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir defensor, DO ADOLESCENTE).
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, po-
dendo o juiz determinar a produção antecipada de provas urgentes,
e, se for o caso, decretar prisão preventiva. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
Várias informações podem ser extraídas destes dois únicos dis- outras providências.
positivos.
A primeira delas é que não há mais se falar em prisão preventi-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Con-
va como efeito automático da condenação. Pode ser o caso de, mes-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
mo diante de decreto condenatório, entender a autoridade judicial
que o acusado pode ficar solto esperando o trânsito em julgado do
processo no qual litiga. TÍTULO I
A segunda delas é a inexigibilidade de recolhimento à pri- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
são para apelar, como se entendia no hoje revogado (pela Lei nº
11.719/08) art. 594, CPP, o que acabava por constituir grave ofensa Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e
ao duplo grau de jurisdição. ao adolescente.
A terceira delas, prevista no art. 366, CPP, que trata da suspen-
são do processo e do prazo prescricional (e será estudado mais à Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pes-
frente), atine à informação de que, ainda que foragido/ausente o soa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
acusado, deverá o magistrado fundamentar eventual decisão que de- doze e dezoito anos de idade.
crete prisão preventiva deste. Desta maneira, o mero “sumiço” do Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
acusado não é, por si só, elemento decretador automático de prisão cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
preventiva.
anos de idade.
Recurso de decisão acerca da prisão preventiva. Conforme
o art. 581, V, CPP, se o juiz de primeiro grau indeferir requerimento Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
de prisão preventiva ou revogar a medida colocando o agente em fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
liberdade, caberá recurso em sentido estrito. integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
Uma questão que fica em zona nebulosa diz respeito à revoga- outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
ção de prisão preventiva em prol de uma medida cautelar diversa facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e so-
da prisão. Há quem diga que a lógica é mesma das hipóteses aci- cial, em condições de liberdade e de dignidade.
ma vistas que desafiam recurso em sentido estrito, por importarem
maior grau de liberdade ao agente, o que denotaria o manejo de tal Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
instrumento. Por outro lado, há quem entenda que tal decisão seja ir- geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe-
recorrível por ausência de previsão legal expressa. Não há qualquer tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
entendimento consolidado sobre o tema. educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
De toda maneira, há se observar que o recurso em sentido estri- dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e co-
to somente será cabível caso se indefira o requerimento de preven-
munitária.
tiva (caso o requerimento seja deferido não há previsão recursal),
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
ou caso se revogue a medida (caso a medida seja mantida não há
previsão recursal). a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir-
cunstâncias;
Substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar. O b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
art. 317, da Lei Adjetiva, inovou (graças à Lei nº 12.403/11) ao dis- relevância pública;
ciplinar que a prisão domiciliar consiste no recolhimento do indicia- c) preferência na formulação e na execução das políticas so-
do em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização ciais públicas;
judicial. Trata-se de medida humanitária a ser tomada em situações d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela-
especiais, desde que se comprove a real existência da excepciona- cionadas com a proteção à infância e à juventude.
lidade (parágrafo único, do art. 318, do Código de Processo Penal).
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
Hipóteses de substituição da prisão preventiva pela domici- quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
liar. Isso será possível quando o agente for (art. 318, CPP):
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
A) Maior de oitenta anos (inciso I);
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
B) Extremamente debilitado por motivo de doença grave (in-
ciso II);
C) Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
seis anos de idade ou com deficiência (inciso III); sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os di-
D) Gestante a partir do sétimo mês de gravidez ou sendo esta de reitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da
alto risco (inciso IV). criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Didatismo e Conhecimento 93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
TÍTULO II Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS proporcionar condições para a permanência em tempo integral de
um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou
CAPÍTULO I adolescente.
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados
ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
providências legais.
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem inte-
em condições dignas de existência. resse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.
Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
Saúde, o atendimento pré e perinatal. assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida-
§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de
atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se educação sanitária para pais, educadores e alunos.
aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos ca-
§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo sos recomendados pelas autoridades sanitárias.
médico que a acompanhou na fase pré-natal.
§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à CAPÍTULO II
gestante e à nutriz que dele necessitem. DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência À DIGNIDADE
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusi-
ve como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
puerperal. respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de-
senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser tam-
garantidos na Constituição e nas leis.
bém prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em en-
tregar seus filhos para adoção. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec-
tos:
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro- I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá-
piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos rios, ressalvadas as restrições legais;
filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimina-
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de ção;
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; VI - participar da vida política, na forma da lei;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im- VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo
de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa com- Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da in-
petente; tegridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran-
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como pres-
tar orientação aos pais;
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessa- adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
riamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neo- violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
nato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a CAPÍTULO III
permanência junto à mãe. DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E
COMUNITÁRIA
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da crian-
ça e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, SEÇÃO I
garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para DISPOSIÇÕES GERAIS
promoção, proteção e recuperação da saúde.
§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado
receberão atendimento especializado. e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias
relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. entorpecentes.
Didatismo e Conhecimento 94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per-
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe o segredo de Justiça.
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada
pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família SEÇÃO III
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta DA FAMÍLIA SUBSTITUTA
Lei.
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em programa SUBSEÇÃO I
de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) DISPOSIÇÕES GERAIS
anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior
interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
§ 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da
sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu es-
do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. tágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implica-
ções da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas necessário seu consentimento, colhido em audiência.
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de con- ou minorar as consequências decorrentes da medida.
dições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discor- ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
dância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução existência de risco de abuso ou outra situação que justifique
da divergência. plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-
se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu- fraternais.
cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, § 5o A colocação da criança ou adolescente em família substituta
a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento
posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Jus-
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui tiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garan-
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só auto- tia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010,
rize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido de 2009)
em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluí- § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
da em programas oficiais de auxílio. proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
obrigatório:
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decreta- I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
das judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previs- cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
tos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009)
SEÇÃO II II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de
DA FAMÍLIA NATURAL sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles-
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissio-
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou amplia- nal ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
da aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes-
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a nature-
afetividade. za da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco- Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transfe-
nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo rência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governa-
de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu- mentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
mento público, qualquer que seja a origem da filiação.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen- Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Didatismo e Conhecimento 95
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Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
termo nos autos. deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,
se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que
SUBSEÇÃO II não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
DA GUARDA
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de- SUBSEÇÃO IV
tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. DA ADOÇÃO
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun-
tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. do o disposto nesta Lei.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção
eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do
representação para a prática de atos determinados. parágrafo único do art. 25 desta Lei.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição § 2o É vedada a adoção por procuração.
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários. Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos ado-
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida tantes.
for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de
criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado
matrimoniais.
ou do Ministério Público.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência
concubino do adotante e os respectivos parentes.
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas de
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional,
observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde-
medida, nos termos desta Lei. pendentemente do estado civil.
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadas- § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.
trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada
a 33 desta Lei. a estabilidade da família.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me- velho do que o adotando.
diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. § 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-compa-
nheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre
SUBSEÇÃO III a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência
DA TUTELA tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que
seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionali-
de até 18 (dezoito) anos incompletos. dade da concessão.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efe-
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica ne- tivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada,
cessariamente o dever de guarda. conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 - Código Civil.
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu- § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no procedimento, antes de prolatada a sentença.
prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com
pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedi- Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta-
mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
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Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedi-
curatelado. do, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder
representante legal do adotando. poder familiar dos pais naturais.
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança
ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
destituídos do poder familiar. foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
será também necessário o seu consentimento. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer
a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fi- os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas
xar, observadas as peculiaridades do caso. no art. 29.
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o § 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe
tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com
constituição do vínculo apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa de garantia do direito à convivência familiar.
da realização do estágio de convivência § 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação referida
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes
domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem
território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias. adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, pre-
dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
ferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução
execução da política municipal de garantia do direito à convivência
da política de garantia do direito à convivência familiar, que apre-
familiar.
sentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento
§ 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e
da medida.
nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados
e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes
fornecerá certidão. fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no §
bem como o nome de seus ascendentes. 5o deste artigo.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
registro original do adotado. § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de
no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar
nas certidões do registro. § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na
prenome. comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no §
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade
nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. § 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior
da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. § 10. A adoção internacional somente será deferida se, após
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção,
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste ar-
conservação para consulta a qualquer tempo. tigo, não for encontrado interessado com residência permanente no
Brasil.
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem bio- § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
lógica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e
medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
(dezoito) anos. programa de acolhimento familiar.
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§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne-
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter-
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos acompanhada da respectiva prova de vigência;
termos desta Lei quando: V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e con-
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles- venções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por
cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; tradutor público juramentado;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e
de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central
das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio-
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento,
requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional,
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto-
conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e
de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Ma- da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente,
téria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual.
1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
21 de junho de 1999. admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente
sejam intermediados por organismos credenciados.
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira
comprovado:
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
I - que a colocação em família substituta é a solução adequada
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
ao caso concreto;
internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da
Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consul-
próprio da internet.
ta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei;
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi con- § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos
sultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que:
que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elabora- I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
do por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
do art. 28 desta Lei. do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência para atuar em adoção internacional no Brasil;
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên-
adolescente brasileiro. cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí-
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
internacional. e experiência para atuar na área de adoção internacional
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi-
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento pre- co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: Federal Brasileira
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança § 4o Os organismos credenciados deverão ainda:
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção interna- dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país
cional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Cen-
sua residência habitual; tral Federal Brasileira;
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de
os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um rela- reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex-
tório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade ju- periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas
rídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade
familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão
aptidão para assumir uma adoção internacional; federal competente;
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive
Federal Brasileira; quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;
Didatismo e Conhecimento 98
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IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descre-
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como rela- denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos
tório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter-
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas.
Federal; Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efe-
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e esta-
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal rão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da
Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do rela- Criança e do Adolescente.
tório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro ci-
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em
vil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado;
país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção te-
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan-
nha sido processado em conformidade com a legislação vigente no
tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da
país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. reingresso no Brasil.
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
seu credenciamento. pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
validade de 2 (dois) anos. deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Supe-
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida rior Tribunal de Justiça.
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
respectivo prazo de validade. país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de ori-
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu gem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade
a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos
território nacional. pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará as providências necessárias à expedição do Certificado
de Naturalização Provisório.
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem
§ 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente,
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão
as características da criança ou adolescente adotado, como idade, se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à
cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, adolescente.
instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certi- § 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no
dão de trânsito em julgado. § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente reque-
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a rer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central
crianças e adolescentes adotados. Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Bra-
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos sileira e à Autoridade Central do país de origem.
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
comprovados, é causa de seu descredenciamento. país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori-
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda,
representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser
cooperação em adoção internacional. oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o pro-
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado cesso de adoção seguirá as regras da adoção nacional.
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
CAPÍTULO IV
renovada.
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de
AO LAZER
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visan-
com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem do ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercí-
a devida autorização judicial. cio da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que cola;
julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. II - direito de ser respeitado por seus educadores;
Didatismo e Conhecimento 99
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III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer CAPÍTULO V
às instâncias escolares superiores; DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO
IV - direito de organização e participação em entidades estu- NO TRABALHO
dantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro-
postas educacionais. Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por
legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro-
que a ele não tiveram acesso na idade própria; fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao educação em vigor.
ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin-
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; tes princípios:
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
seis anos de idade; II - atividade compatível com o desenvolvimento do adoles-
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da cente;
criação artística, segundo a capacidade de cada um; III - horário especial para o exercício das atividades.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
adolescente trabalhador; Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas bolsa de aprendizagem.
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação
e assistência à saúde. Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
trabalho protegido.
autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa-
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
responsável, pela frequência à escola.
governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
cinco horas do dia seguinte;
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
II - perigoso, insalubre ou penoso;
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamen- III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
tal comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequên-
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo- cia à escola.
tados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educa-
tivo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-gover-
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e namental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo- dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade
logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e ado- regular remunerada.
lescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul- e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho
acesso às fontes de cultura. não desfigura o caráter educativo.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es- Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro-
timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro- teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
a juventude. II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança correspon- Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
derão as medidas previstas no art. 101. competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
CAPÍTULO II II - obrigação de reparar o dano;
DOS DIREITOS INDIVIDUAIS III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade V - inserção em regime de semiliberdade;
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- VI - internação em estabelecimento educacional;
mentada da autoridade judiciária competente. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
seus direitos. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
prestação de trabalho forçado.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade receberão tratamento individual e especializado, em local adequado
às suas condições.
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
ele indicada.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res-
ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. termos do art. 127.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear- Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
a necessidade imperiosa da medida.
SEÇÃO II
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será DA ADVERTÊNCIA
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
dúvida fundada. será reduzida a termo e assinada.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men- TÍTULO V
tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con- DO CONSELHO TUTELAR
tenção e segurança.
CAPÍTULO I
CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES GERAIS
DA REMISSÃO
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apura- não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri-
ção de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, aten-
dendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati-
bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
participação no ato infracional. como órgão integrante da administração pública local, composto de
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re- 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin- de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo
ção do processo. processo de escolha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe-
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar,
cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
serão exigidos os seguintes requisitos:
efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
I - reconhecida idoneidade moral;
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
II - idade superior a vinte e um anos;
regime de semiliberdade e a internação.
III - residir no município.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia
do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Pú- e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto
blico. à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
TÍTULO IV I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁ- 2012)
VEL II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um
terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 12.696, de 2012)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro- III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
teção à família; 2012)
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade admi-
desde que reconheça na sentença: nistrativa por infração às normas de proteção à criança e ao ado-
I - estar provada a inexistência do fato; lescente terá início por representação do Ministério Público, ou do
II - não haver prova da existência do fato; Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo
III - não constituir o fato ato infracional; ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se pos-
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato sível.
infracional. § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescen- ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
te internado, será imediatamente colocado em liberdade. circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de inter- a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos
nação ou regime de semiliberdade será feita: do retardamento.
I - ao adolescente e ao seu defensor;
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação
responsável, sem prejuízo do defensor. de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na
unicamente na pessoa do defensor. presença do requerido;
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado,
manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a
seu representante legal, lavrando certidão;
SEÇÃO VI III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encon-
DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE trado o requerido ou seu representante legal;
DE ATENDIMENTO IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabi-
do o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
entidade governamental e não-governamental terá início mediante Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a au-
portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério Pú- toridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
blico ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo cinco dias, decidindo em igual prazo.
dos fatos.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procede-
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o rá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, desig-
afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão nará audiência de instrução e julgamento.
fundamentada. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão suces-
sivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a
dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e in- critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.
dicar as provas a produzir.
SEÇÃO VIII
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a DA HABILITAÇÃO DE PRETENDENTES À ADOÇÃO
autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento,
intimando as partes. Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério apresentarão petição inicial na qual conste:
Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a I - qualificação completa;
autoridade judiciária em igual prazo. II - dados familiares;
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dis- Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
posições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10
as instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260- de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições
K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) em contrário.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou mili-
tar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsa-
bilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela administrativa civil e penal.
presente lei. § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gra-
vidade do abuso cometido e consistirá em:
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de a) advertência;
petição: b) repreensão;
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a
cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva san-
d) destituição de função;
ção;
e) demissão;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competên- f) demissão, a bem do serviço público.
cia para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada. § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano,
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, mil cruzeiros.
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
de testemunhas, no máximo de três, se as houver. artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: b) detenção por dez dias a seis meses;
a) à liberdade de locomoção; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
b) à inviolabilidade do domicílio; outra função pública por prazo até três anos.
c) ao sigilo da correspondência; § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser apli-
d) à liberdade de consciência e de crença; cadas autônoma ou cumulativamente.
e) ao livre exercício do culto religioso; § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
f) à liberdade de associação; policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer fun-
voto; ções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo
de um a cinco anos.
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplica-
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício pro- ção de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar compe-
fissional. tente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabeleci-
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: das nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, que
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade indivi- estabeleçam o respectivo processo.
dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; § 2º não existindo no município no Estado ou na legislação mi-
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a litar normas reguladoras do inquérito administrativo serão aplicadas
constrangimento não autorizado em lei; supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711,
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
prisão ou detenção de qualquer pessoa; da União).
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção § 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para
ilegal que lhe seja comunicada; o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ocorrido constar do livro de termos de audiência.
ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de
instrução e julgamento. Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre
vias. dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmen-
te, no local que o Juiz designar.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter-
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por
rogatório do réu, se estiver presente.
meio de duas testemunhas qualificadas;
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado,
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência
de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência
verificações necessárias. e nos ulteriores termos do processo.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão
seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito, que- Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
rendo, na audiência de instrução e julgamento. dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advoga-
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação do que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu,
poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por mais
dez (10), a critério do Juiz.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresen-
tar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o Juiz, no Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa sentença.
da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia,
ou designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro
insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoi-
mentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos e,
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denún- por extenso, os despachos e a sentença.
cia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão
do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Mi-
oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do pro-
cesso, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do nistério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o
querelante, retomar a ação como parte principal. advogado ou defensor do réu e o escrivão.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difí-
e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. ceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, o
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento,
que deverá ser realizada, improrrogavelmente dentro de cinco dias. Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Có-
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final digo de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita instrução e julgamento regulado por esta lei.
por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da re- Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, cabe-
presentação e da denúncia. rão os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Resolução nº 18, de 2003 Art. 6º São atribuições dos Agentes de Polícia Legislativa:
I - execução de trabalhos relacionados com os serviços de
Dispõe sobre o Departamento de Polícia Legislativa, a reestru- polícia e manutenção da ordem nas dependências da Câmara dos
turação dos cargos de Analista Legislativo - atribuição Inspetor de
Deputados;
Segurança Legislativa e Técnico Legislativo - Atribuição Agente de
II - policiamento, vigilância e segurança interna dos prédios
Segurança Legislativa, e dá outras providências.
da Câmara dos Deputados;
Faço saber que a CÂMARA DOS DEPUTADOS aprovou e eu III - identificação e revista das pessoas que ingressam na Câ-
promulgo a seguinte RESOLUÇÃO: mara dos Deputados, de acordo com instruções superiores;
IV - realização de busca em pessoas ou em veículos necessária
Art. 1º A Coordenação de Segurança Legislativa fica transfor- às atividades de prevenção e investigação;
mada em Departamento de Polícia Legislativa. V - controle e fiscalização da emissão e uso do cartão de iden-
§ 1º As competências e a estrutura do Departamento de Polícia tificação de funcionários e visitantes;
Legislativa, bem como suas funções comissionadas, estão definidas, VI - retirada, das dependências da Câmara dos Deputados, de
respectivamente, nos Anexos I e II desta Resolução. quem perturbar as atividades da Casa;
Art. 8º Os servidores de que trata o art. 4º, lotados e em efeti- 1. AO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA LEGISLATIVA DA
vo exercício no Departamento de Polícia Legislativa, submeter-se- CÂMARA DOS DEPUTADOS compete:
-ão a um programa anual de capacitação desenvolvido pelo Centro I - exercer as funções de polícia judiciária e apuração de in-
de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento - CEFOR. frações penais, com exclusão das que mantiverem relação de sub-
sidiariedade, conexão ou continência com outra cometida fora das
Art. 9º Os servidores de que trata o art. 4º, enquanto lotados e dependências da Câmara dos Deputados, além das atividades de
em efetivo exercício no Departamento de Polícia Legislativa, por- polícia ostensiva e preservação da ordem e do patrimônio, nos edi-
tarão carteira de identificação funcional, com fé pública, válida fícios da Câmara dos Deputados e em suas dependências externas;
em todo o território nacional como documento de identidade civil. II - efetuar a segurança do Presidente da Câmara dos Depu-
tados em qualquer localidade do território nacional e no exterior;
Art. 10 É livre o porte de arma em todo o território nacional III - efetuar a segurança dos Deputados Federais, servidores e
aos Inspetores e Agentes de Polícia Legislativa mediante prévia autoridades, nas dependências sob a responsabilidade da Câmara
autorização do Presidente da Câmara dos Deputados. dos Deputados;
§ 1º A autorização de que trata o caput deste artigo dependerá IV - efetuar a segurança dos Deputados Federais, servidores e
de avaliação psicológica periódica que ateste a capacidade do quaisquer pessoas que eventualmente estiverem a serviço da Câ-
servidor para o uso da arma e prévia habilitação do servidor mara dos Deputados, em qualquer localidade do território nacional
em curso específico de treinamento, renovado em intervalo não e no exterior, quando assim determinado pelo Presidente da Câma-
superior a dois anos. ra dos Deputados;
§ 2º A concessão do porte, bem como sua periódica renovação, V - atuar como órgão de apoio à Corregedoria da Câmara dos
dependerão da circunstância de o servidor não estar indiciado Deputados, sempre que solicitado;
em inquérito policial ou termo circunstanciado, tampouco VI - planejar, coordenar e executar planos de segurança física
respondendo a processo criminal pela prática de infração penal ou dos Deputados Federais e demais autoridades que estiverem nas
a inquérito administrativo disciplinar. dependências da Câmara dos Deputados.
V - SERVIÇO DE ADMINISTRAÇÃO
Reservam-se-lhe as competências inerentes aos Serviços de Administração da Casa, na forma prevista na Resolução nº 20, de 1971.
Art. 268. Se algum Deputado, no âmbito da Casa, cometer Art. 273. É proibido o exercício de comércio nas dependên-
qualquer excesso que deva ter repressão disciplinar, o Presidente cias da Câmara, salvo em caso de expressa autorização da Mesa.
da Câmara conhecerá do fato e requisitará à Corregedoria Parla-
mentar a abertura de sindicância ou inquérito destinado a apurar EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO
responsabilidades e propor sanções cabíveis. (Artigo com reda-
ção dada pela Resolução nº 25, de 2013)
1. (FCC - 2012 - TRF - 5ª REGIÃO - Técnico Judiciário
- Segurança e Transporte) Sobre os conceitos de Segurança, con-
Art. 269. Quando, nos edifícios da Câmara, for cometido al-
sidere:
gum delito, instaurar-se-á inquérito a ser presidido pelo diretor de
I. O conjunto de medidas que proporciona uma efetiva segu-
serviços de segurança ou, se o indiciado ou o preso for membro da
rança do pessoal, das áreas e instalações e está inteiramente liga-
Casa, pelo Corregedor ou Corregedor substituto.
da ao Plano de Defesa da Instituição é denominado Segurança de
§ 1º Serão observados, no inquérito, o Código de Processo
Área e Instalações.
Penal e os regulamentos policiais do Distrito Federal, no que lhe
II. O conjunto de medidas para reprimir o furto de computa-
forem aplicáveis.
dores, arquivos e salvaguardar os conhecimentos de informática é
§ 2º A Câmara poderá solicitar a cooperação técnica de órgãos
denominado Segurança da Informática.
policiais especializados ou requisitar servidores de seus quadros
III. A permissão dada a cada indivíduo para entrar em áreas
para auxiliar na realização do inquérito.
controladas, restritas e sigilosas, emitidas por meio de Listas de
§ 3º Servirá de escrivão funcionário estável da Câmara, Ingresso é denominada Autorização para Ingresso.
designado pela autoridade que presidir o inquérito. IV. O certificado concedido por autoridade competente que
§ 4º O inquérito será enviado, após a sua conclusão, à habilita uma pessoa a ter acesso às áreas internas da instituição é
autoridade judiciária competente. denominado Credencial de Segurança.
§ 5º Em caso de flagrante de crime inafiançável, realizar-
se-á a prisão do agente da infração, que será entregue com o Está correto o que consta APENAS em
auto respectivo à autoridade judicial competente, ou, no caso (A) III e IV.
de parlamentar, ao Presidente da Câmara, atendendo-se, nesta (B) IV.
hipótese, ao prescrito nos arts. 250 e 251. (C) I e III.
(D) I e II.
Art. 270. O policiamento dos edifícios da Câmara e de suas (E) III.
dependências externas, inclusive de blocos residenciais funcionais
para Deputados, compete, privativamente, à Mesa, sob a suprema 2. (FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Judiciário -
direção do Presidente, sem intervenção de qualquer outro Poder. Segurança e Transporte) NÃO é considerada medida preventiva
Parágrafo único. Este serviço será feito, ordinariamente, de segurança física o emprego, em uma edificação, de
com a segurança própria da Câmara ou por esta contratada e, se (A) câmeras de circuito fechado de televisão dissimuladas.
necessário, ou na sua falta, por efetivos da polícia civil e militar (B) portas rotatórias com detectores de metais.
do Distrito Federal, requisitados ao Governo local, postos à inteira (C) muros com fossos alagados.
e exclusiva disposição da Mesa e dirigidos por pessoas que ela (D) catracas com senhas.
designar. (E) animais de vigia, como cães bravos.
4. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário – Segurança) Com relação aos equipamentos de proteção e combate
a incêndios citados na NR-23, é correto afirmar:
(A) Pilhas de materiais em almoxarifados e mobílias como armários devem deixar um espaço mínimo de 0,10 m abaixo e ao redor dos
chuveiros automáticos para assegurar a saída e dispersão da água desses equipamentos.
(B) O sistema de alarme de incêndio, tal como os extintores portáteis, devem estar presentes em todas as edificações.
(C) As portas corta-fogo das caixas de escada devem fechar-se automaticamente, podendo ser abertas apenas no sentido de fuga dos
ocupantes.
(D) Não são admitidos para uso outros tipos de extintores portáteis além dos citados pela norma: “espuma”, “dióxido de carbono”,
“químico seco” e “água pressurizada” ou “água-gás”.
(E) Um dos objetivos dos exercícios de alerta e combate ao fogo, além de que a evacuação da edificação se faça de forma ordenada, é
que também sejam atribuídas responsabilidades específicas aos empregados.
5. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário – Segurança) Em um edifício de três pavimentos têm-se a distribuição
das ocupações e equipamentos de combate a incêndio da seguinte maneira:
Toda a edificação é protegida pelos demais equipamentos exigidos pela NR-23, inclusive os chuveiros automáticos, e que a quantidade
de extintores seja suficiente para cada pavimento, porém os tipos disponíveis são apenas os descritos na tabela. Corresponde a correta dis-
tribuição dos equipamentos, conforme a NR-23,
(A) os chuveiros automáticos terão utilidade apenas no pavimento superior, pois nesse pavimento há os fogos Classe A para serem
combatidos.
(B) os tipos de extintores “água pressurizada” e “espuma” são suficientes no subsolo, considerando também os hidrantes e chuveiros
automáticos.
(C) no pavimento superior bastam apenas os extintores do tipo “químico seco”, considerando que existem os hidrantes e chuveiros
automáticos.
(D) o extintor do tipo “água pressurizada” é necessário no pavimento térreo, ainda que se considere os hidrantes e chuveiros automá-
ticos.
(E) os chuveiros automáticos não podem operar no térreo pois há nele predominância de fogo Classe C.
6. É certo afirmar:
I - A objetividade jurídica imediata do furto é a tutela da posse; de forma secundária, o estatuto penal protege a propriedade.
II. O furto admite o concurso material e formal, mas não admite o nexo de continuidade.
II. A qualificadora da morte, que configura o latrocínio, é aplicável somente ao roubo próprio.
IV. O roubo é considerado crime complexo, pois o Código Penal protege a posse, a propriedade, a integridade física, a saúde e a liber-
dade individual.
7. Em relação ao crime de roubo e suas modalidades, descritas 11. Marcus, visando roubar Maria, a agride, causando-lhe le-
no art. 157 do Código Penal, assinale a alternativa correta: sões corporais de natureza leve. Antes, contudo, de subtrair qual-
a) o emprego de arma imprópria, como uma tesoura, não qua- quer pertence, Marcus decide abandonar a empreitada criminosa,
lifica o crime. pedindo desculpas à vítima e se evadindo do local. Maria, então,
b) a prática do crime em concurso com adolescente inimputá- comparece à delegacia mais próxima e narra os fatos à autoridade
vel não implica reconhecimento da qualificadora do concurso de policial.
agentes. No caso acima, o delegado de polícia:
c) se, após a subtração, durante a fuga, atingida por disparo a) deverá instaurar inquérito policial para apurar o crime de
involuntário de um dos agentes, uma das vítimas vem a falecer, roubo tentado, uma vez que o resultado pretendido por Marcus
apenas o autor do disparo responderá por latrocínio. não se concretizou.
d) subtraído o bem sem que a vítima se aperceba, a ameaça b) nada poderá fazer, uma vez que houve a desistência volun-
proferida em seguida para assegurar a subtração caracteriza o cri- tária por parte de Marcus.
me. c) deverá lavrar termo circunstanciado pelo crime de lesões
e) somente se consuma a infração quando o agente se locuple- corporais de natureza leve.
ta com a subtração do bem. d) nada poderá fazer, uma vez que houve arrependimento pos-
terior por parte de Marcus.
8. Com relação ao crime de receptação, é CORRETO afirmar
que: 12 - Com relação aos crimes contra o patrimônio, assinale a
a) sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive o coautor
opção correta:
do crime antecedente.
a) A conduta da vítima não é fator de distinção entre os delitos
b) não há previsão de punir por negligência, imprudência ou
de roubo e extorsão.
imperícia.
b) O crime de extorsão mediante sequestro consuma-se no
c) o exercício da atividade comercial para qualificar o crime
momento em que o resgate é exigido, independentemente do mo-
exige formalidade.
mento da privação da liberdade da vítima.
d) é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena, o au-
c) Ocorre crime de extorsão indireta quando alguém, abusan-
tor do crime de que proveio a coisa.
do da situação de outro, exige, como garantia de dívida, documen-
to que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
9. Túlio furtou determinado veículo. Quando chegou em
terceiro.
casa, constatou que no banco de trás encontrava-se uma criança
dormindo. Por esse motivo, Túlio resolveu devolver o carro no d) No crime de apropriação indébita, o fato de o agente pra-
local da subtração. ticá-lo em razão de ofício, emprego ou profissão não interfere na
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção cor- imposição da pena, por se tratar de elementar do tipo.
reta.
a) Túlio cometeu furto, sendo irrelevante a devolução do veí- 13 - Considere as seguintes assertivas, no que se refere aos
culo na medida que houve a consumação do crime. crimes contra o patrimônio:
b) Túlio praticou furto, mas deverá ter sua pena reduzida em I. o concurso de duas ou mais pessoas é causa de aumento de
face do arrependimento posterior. pena do furto e circunstância qualificadora do roubo;
c) Túlio cometeu furto e sequestro culposo, ficando isento de II. No furto de coisa comum, é punível a subtração de coisa
pena em face do arrependimento eficaz. comum fungível, ainda que o valor não exceda a quota a que tem
d) Túlio deverá responder por roubo, pois o constrangimento direito o agente;
à liberdade da vítima caracteriza ameaça. III. exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da si-
e) Túlio não praticou crime, posto que, ao devolver volunta- tuação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento
riamente o veículo, tornou a conduta atípica em face da desistência criminal contra a vítima ou contra terceiro caracteriza o crime de
voluntária. extorsão indireta.
10. Mara, empregada doméstica, subtraiu joias de sua empre- É correto, apenas, o que se afirma em
gadora Dora, colocando-as numa caixa que enterrou no quintal da a) I
residência. No dia seguinte, porém, Dora deu pela falta das joias b) II
e chamou a polícia que realizou busca no imóvel e encontrou o c) III
esconderijo onde Mara as havia guardado. Nesse caso, Mara res- d) I e II
ponderá por: e) II e III
36. (AGENTE PENITENCIÁRIO - SJCDH/BA - 2010 - 40. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE/CE - 2012 - FCC)
FCC) Quanto ao procedimento comum ordinário disciplinado no José, primário, de bons antecedentes e regularmente identificado,
Código de Processo Penal, é correto afirmar que: está sendo investigado em regular inquérito policial, acusado de
(A) o acusado poderá responder à acusação, por escrito, no praticar crime de contrabando na forma simples, punido com re-
prazo de quinze dias. clusão de um a quatro anos. Nesse caso:
(B) produzidas as provas, e não sendo requeridas diligências, A) o Juiz poderá aplicar de ofício a José, durante a fase in-
serão oferecidas alegações finais escritas, pela acusação e pela vestigatória, uma das medidas cautelares substitutivas da prisão
defesa. preventiva, desde que presentes os pressupostos legais para tanto.
(C) depois de apresentada a resposta à acusação, o juiz deverá B) o Juiz poderá decretar, de ofício, durante a fase investiga-
absolver sumariamente o acusado, se verificadas as hipóteses tória, presentes os requisitos legais, a prisão preventiva de José.
previstas na lei. C) havendo prisão em flagrante e tratando-se de crime inafian-
(D) na instrução deverão ser inquiridas, no mínimo, oito çável, o juiz poderá conceder a José liberdade provisória.
testemunhas arroladas pela acusação e oito pela defesa. D) havendo prisão em flagrante, a Autoridade Policial não
(E) tem por objeto crime cuja sanção máxima cominada for poderá arbitrar a fiança ao réu, cabendo exclusivamente ao Ma-
igual ou superior a dois anos de pena privativa de liberdade. gistrado fixá-la.
E) o Juiz, em regra, não poderá decretar a prisão preventiva
37. (DELEGADO DE POLÍCIA - PC/RN - 2009 - CESPE) de José.
Acerca das provas, segundo o CPP, assinale a opção correta:
41. (VUNESP - 2008 - MPE-SP - Promotor de Justiça)
(A) admite-se que o juiz, de ofício, delibere devolver algum
Aponte qual das condutas não está descrita como crime contra a
documento a uma das partes.
criança e o adolescente, nos termos da Lei n.º 8.609/90 (Estatuto
(B) as cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo da Criança e do Adolescente).
destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não exista con- (A) Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ineren-
sentimento do signatário. tes ao pátrio poder ou decorrentes de tutela ou guarda, bem assim
(C) em busca da verdade real, a autoridade policial pode pro- determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar.
ceder à reprodução simulada dos fatos, ainda que esta contrarie a (B) Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária,
moralidade ou a ordem pública. membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Pú-
(D) a lei admite a possibilidade de o réu retratar-se, narrando blico no exercício de função prevista em lei.
a versão correta dos fatos, na sua visão, desde que o faça em juízo. (C) Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nessa Lei,
(E) o informante, por prestar compromisso, deve ser conside- em benefício de adolescente privado de liberdade.
rado uma testemunha. (D) Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento.
38. (ANALISTA ADMINISTRATIVO - FUNDAÇÃO (E) Deixar o encarregado de serviço ou dirigente de estabele-
CASA - 2010 - VUNESP) Analise as seguintes assertivas, no que cimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das ati-
concerne ao tratamento que o Código de Processo Penal dispensa vidades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 dessa
ao exame de corpo de delito: Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por
I. Será indispensável, quando a infração deixar vestígios, mas ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem
a confissão do acusado poderá supri-lo. as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato.
52. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judi- 55. Julgue o item que segue considerando o previsto no Regi-
mento Interno da Câmara dos Deputados.
ciário – Segurança) Dentre as modalidades de segurança plane-
jadas para a aplicação em áreas e instalações, destacam-se a segu-
O policiamento dos edifícios da Câmara e de suas dependên-
rança física e a eletrônica. Com relação a essas duas modalidades,
cias externas, inclusive de blocos residenciais funcionais para
é correto afirmar que a segurança Deputados, compete, cumulativamente, à Mesa, sob a suprema
(A) física compreende qualquer meio, mecânico ou eletrôni- direção do Presidente, permitida a intervenção de qualquer outro
co, desde que identificável, a fim de coibir atitudes indesejáveis; Poder.
porém não compreende, didaticamente, o emprego de pessoas,
mesmo caracterizadas, pois pertence à outra modalidade de segu- a) CERTO
rança. b) ERRADO
ANOTAÇÕES
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