Você está na página 1de 13

BANCO DE QUESTÕES

Disciplina: Língua Portuguesa


Série: 5ª Série
Segmento: Ensino Fundamental
Etapa: 2ª Etapa/2003
Elaborador(a): Francisco de Assis Assunção

INTRODUÇÃO

Caro professor, prezada professora,

O Banco de Questões da 2ª Etapa/2003 continua com a estratégia iniciada no início do ano letivo: ao lado
de cada questão, você encontrará o Descritor que especifica a habilidade esperada na avaliação dos
alunos.
Qual a origem dos Descritores? Eles surgiram com as Matrizes de Referência, elaboradas a partir da
criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Tais Matrizes, em conjunto com
seus Descritores, foram concebidas e formuladas como uma associação entre os conteúdos curriculares e a
necessidade de avaliar tais conteúdos na perspectiva das competências e habilidades neles implícitas.
Trata-se, sem dúvida, de uma proposta coerente com o nosso projeto educativo.
No nosso caso específico, considerou-se a Matriz de Referência de Língua Portuguesa da 8ª série do
Ensino Fundamental, ou seja, o conjunto de competências e habilidades (traduzidas nos Tópicos e em seus
Descritores) que se espera dos alunos ao final da 8ª série do Ensino Fundamental.
Isso significa que os alunos da 5ª, 6ª e 7ª séries não terão condições de demonstrar as competências e
habilidades já adquiridas? De forma alguma! Os Tópicos e Descritores são os mesmos para as 04 (quatro)
séries. O que muda, evidentemente, é o grau de dificuldade da tarefa proposta em função da maior ou
menor complexidade do texto.
Ao escolher os textos e questões aqui propostos para a aplicação em provas, vocês estarão com certeza
sintonizados com os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Nacionais, que são,
hoje, referências no processo educativo em todo o Brasil. E mais: vocês estarão realmente avaliando se os
alunos são capazes de cumprir seus objetivos comunicativos e suas intenções interlocutórias por meio da
prática da compreensão de textos diversos, da produção de textos diversos e da análise lingüística (aqui
entendida, frise-se bem, como a utilização eficiente dos recursos expressivos que a língua coloca à
disposição de todos para efeito de interação lingüística em qualquer situação comunicativa.)
Sob essa perspectiva, o texto é o nosso ponto de partida e o de chegada nas atividades de ensino-
aprendizagem da língua. A recepção e a produção de textos, portanto, devem ser também a tônica das
avaliações. É nesse intercâmbio que se poderá identificar se os alunos compreendem o que lêem e
produzem textos usando recursos lingüísticos adequados às situações. É nesse intercâmbio que se poderá
identificar se os alunos percebem a leitura e a escrita como práticas que exigem a apropriação consciente
das finalidades e intenções, dos ditos e não-ditos e das estratégias usadas pelo locutor para atingir os
objetivos de seu texto. É, enfim, nesse intercâmbio de recepção e produção de textos que nossos alunos
poderão desenvolver os saberes necessários à constituição de sua competência discursiva.
O presente Banco de Questões prevê que as competências e habilidades necessárias aos alunos da 5ª
série do Ensino Fundamental sejam avaliadas, na 2ª Etapa/2003, por meio de questões relativas a alguns
gêneros textuais, como os textos didáticos, os artigos de opinião e as páginas de diário. Espero que as
questões, se usadas, se tornem um momento privilegiado do processo ensino-aprendizagem, revelando os
sucessos do aluno na construção de seus conhecimentos, apontando necessidades e problemas e
redefinindo estratégias para a maior eficiência na interação com o aluno. Desejo a vocês, professores e
professoras, sucesso na escolha das questões e no seu trabalho.

Francisco de Assis Assunção

1
SUGESTÕES DE QUESTÕES PARA A 2ª ETAPA

I) QUESTÕES OBJETIVAS

TEXTO 1

SEM DÚVIDA

Pablo Nogueira pdiogo@edglobo.com.br

Só na língua portuguesa, com certeza

Por que o sufixo “feira” nos dias da semana? Carlos Kazushi, Jaú, SP

Ele surgiu a partir de uma ordem do imperador romano Constantino (280 –337 d.C.). Naquela época, a
Páscoa durava uma semana, e todos os dias dela eram chamados feriae (feriados). Havia a feria secunda
(segundo feriado), feria tertia e sucessivamente. Quando Constantino se converteu ao cristianismo, mudou
o nome do primeiro dia de feria prima (primeira feira) para Dominica (dia do Senhor), de onde veio
“domingo”. E, para o sétimo dia, reintroduziu “sábado” em respeito ao Antigo Testamento. Mas Constantino
foi mais longe, exigindo que esses nomes fossem usados para todos os dias do ano.
Os romanos davam aos dias da semana os nomes dos deuses ligados aos astros. Havia o dia do Sol, da
Lua, Marte, Mercúrio, Vênus, Júpiter e Saturno. Apesar da ordem do imperador, a nomenclatura dos feriae
permaneceu somente na região que depois seria Portugal. A maior parte dos povos voltou a adotar os
nomes tradicionais, apenas mudando um pouco as palavras em cada região. Do martis dies (dia de marte)
vieram o martes do espanhol, o martedi do italiano e o mardi do francês. Essa nomenclatura influenciou até
as tribos bárbaras que invadiram o império. Os invasores adotaram o sistema dos seus conquistados, mas
fizeram adaptações: associaram os nomes de suas divindades aos da mitologia greco-romana.

(Fontes: Fernando Vieira, astrônomo do Planetário do Rio de Janeiro, e Eduardo Tuffani, professor de língua latina da Universidade
Federal Fluminense)

(Fonte: Revista GALILEU. Junho 2002/Ano 11/nº 131, p.16)

2
QUESTÃO 01 (Descritor: reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada
palavra ou expressão.)

“Só na língua portuguesa, com certeza”

A palavra “só”, na passagem acima, é uma referência ao fato de:

a) o sufixo “feira” existir apenas em português.


b) o sufixo “feira” ter surgido por uma ordem imperial.
c) os dias da Páscoa terem sido chamados “feria”.
d) apenas Portugal não ter sofrido influência bárbara.

QUESTÃO 02 (Descritor: inferir uma informação implícita em um texto)

“Apesar da ordem do imperador, a nomenclatura dos feriae permaneceu somente na região


que depois seria Portugal. A maior parte dos povos voltou a adotar os nomes tradicionais, apenas
mudando um pouco as palavras em cada região.”

Sobre a passagem acima é INCORRETO concluir que:

a) por se tratar de uma ordem de um imperador romano, esperava-se que ela fosse cumprida totalmente,
mas isso não ocorreu.
b) o imperador não imaginava que a sua língua sofreria mudanças e que as pessoas fariam suas próprias
escolhas de vocabulário.
c) a ordem do imperador foi no sentido de que a região que se tornaria Portugal não adotasse a palavra
“feria” todos os dias do ano.
d) uma das razões para a ordem do imperador não ter sido cumprida foi a força da tradição: as pessoas
preferiam dar aos dias da semana os nomes dos deuses ligados aos astros.

QUESTÃO 03 (Descritor: localizar informações explícitas em um texto)

Considerando as informações do texto e o quadro comparativo entre as línguas, só NÃO podemos afirmar
que:

a) no Latim, com exceção da semana da Páscoa, davam-se aos dias da semana os nomes dos deuses
ligados aos astros.
b) A expressão Latim Litúrgico é uma referência ao fato de que naquela época havia uma semana inteira
destinada às celebrações da Páscoa.
c) O espanhol é uma das línguas em que se manteve e se mantém até hoje a tradição dos nomes dos
deuses ligados aos astros.
d) Nas línguas saxônicas, como o Inglês, o sistema de dar nomes aos dias ocorreu de forma bem
diferente das língua vindas do Latim.

3
TEXTO 2

Um de cada 30 seres humanos raciocina em português

O português é a sexta língua materna mais falada do planeta, atrás do mandarim (China), hindi (Índia),
espanhol, inglês e bengali (Índia), segundo estatísticas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura).
No século 16, o português foi a língua de comunicação internacional, língua franca, língua global. Cerca de
3 milhões falavam português em sua forma arcaica. Reflexo da expansão territorial de Portugal, que a
difundiu por meio de navegadores, guerreiros, mercadores, marinheiros e missionários.
Esta herança histórica permanece viva. O português está presente em todos os continentes: Europa
(Portugal), América (Brasil), África (Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique, São
Tomé e Príncipe), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor), além de ilhas próximas da costa
africana (Açores e Madeira).
Dos mais de 6 bilhões de seres humanos, diariamente mais de 220 milhões falam nossa língua: uma em
cada 30 pessoas.
Uma das línguas românicas ou neolatinas, teve origem no latim vulgar, levado para a Península Ibérica com
as conquistas românicas por volta do ano 218 a.C.
No Brasil, até o final do século 17, apenas uma em três pessoas falava português. A língua não conseguiu
se impor de imediato ao tupi, língua geral dos índios. Só depois de sucessivas ordens da metrópole para
que se ensinasse a língua portuguesa aos índios e após a expulsão dos jesuítas, o português foi se
fortalecendo até se tornar nosso idioma oficial.

(ALMANAQUE BRASIL DE CULTURA POPULAR – ANO 4 – FEVEREIRO DE 2003 – Nº 47, pág. 12.)

QUESTÃO 04 (Descritor: estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por


conjunções, advérbios, etc.)

“Reflexo da expansão territorial de Portugal, que a difundiu por meio de navegadores,


guerreiros, mercadores, marinheiros e missionários.”

No contexto em que foi usada, a palavra “reflexo” expressa a idéia de:

causa.
conseqüência.
possibilidade.
objetivo.

QUESTÃO 05 (Descritor: identificar a tese de um texto)

Assinale a única alternativa INCORRETA sobre o texto.

Para o autor, quando raciocinamos estamos usando também a nossa língua.


O português é uma língua românica ou neolatina, ou seja, veio do latim vulgar.
220 milhões de pessoas falam português por razões históricas.
O português se tornou de maneira espontânea a nossa língua oficial.

4
TEXTO 3

DICAS DE PORTUGUÊS

dad@correioweb.com.br

GOL CONTRA

Lá se foi a Seleção à China. Os brasileiros esfregaram as mãos. Veriam outro jogão de Ronaldo,
Ronaldinho, Roberto Carlos & Cia. Muitos nem foram trabalhar. O show de bola compensaria o corte do
ponto.
Iniciou-se a partida. Com ela, veio a decepção. Os pentacampeões não estavam nem aí. Jogo lento, sem
entusiasmo. O gramado parecia repartição pública em fim de expediente. Terminados os 90 minutos, veio a
explicação para o desânimo. Era a inscrição na camiseta da moçada.
A bandeira verde-amarela estava estendida como toalha de mesa. Sobre ela, um prato com os respectivos
talheres. Acima, o recado: “Essa bandeira também é minha”. Logo abaixo, letras garrafais gritavam: “Fome
Zero”.
Parreira fez jus ao título de professor. Na preleção, levantou a lebre. Comentou a trombada do pronome
demonstrativo essa. A posição, disse ele, e do esta. Alguém trocou as bolas. Fez gol contra. (...)
Foi aí que a pobre Seleção embarcou. Para entender a questão, pense no texto – escrito ou falado.

1. Este cria expectativa. Anuncia algo. A gente fica curiosa, louquinha pra saber o que é. Só depois vem a
citação ou explicação. Lula disse esta novidade: “o Brasil não é só Brasília”. (...)
A inscrição na camiseta dos pentacampeões entra nesse time. A frase “Essa bandeira também é
minha” vem na frente. Depois, abre o jogo. Mostra a bandeira – Fome Zero. Ronaldinho & Cia. teriam
goleado os chineses se o recado exibido fosse este: Esta bandeira também é minha – Fome Zero.

2. Esse tem dois esses. Joga no time de passado, que também dobra a letrinha. O danadinho faz uma
declaração. Mais tarde, retoma-a. Ele sabe que ninguém tem paciência de ler a mesma coisa duas
vezes. Por isso, quebra o galho do falante. Substitui o que foi referido: Fome Zero – essa bandeira
também é nossa.

(Fonte: Jornal ESTADO DE MINAS, Domingo, 16 de fevereiro de 2003.)

QUESTÃO 06 (Descritor: inferir o sentido de uma palavra ou expressão)

Assinale a única alternativa em que a palavra ou expressão destacada NÃO foi CORRETAMENTE
interpretada.

“Os brasileiros esfregaram as mãos.” (Os brasileiros finalmente veriam a Seleção jogar.)
“O show de bola compensaria o corte do ponto.” (Valeria a pena perder um dia de salário.)
“Parreira fez jus ao título de professor.” (É justo chamar Parreira de professor.)
“Alguém trocou as bolas.” (Alguém errou, ao trocar a palavra Esta por Essa.)

QUESTÃO 07 (Descritor: estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la)

Quando afirma que a seleção brasileira jogou muito mal contra a China por causa do erro de português
estampado na camiseta, a autora está sendo evidentemente exagerada.

Pode-se dizer que a autora opta pelo exagero para:

a) justificar a explicação que ela dará sobre as diferenças entre os pronomes Este e Esse.
b) reforçar a idéia de que é inadmissível cometermos erros de português diante de milhões de pessoas.
c) defender o programa Fome Zero em todos os seus aspectos, até mesmo quanto à linguagem utilizada
nos anúncios.
d) criticar a seleção brasileira, que se deixa influenciar até mesmo por um erro de português.

5
TEXTO 4

MACONHA
Rodrigo Feitosa D. Chagas
Belo Horizonte

“O jogador Giba, que atua no voleibol italiano, foi pego em exame antidoping, realizado em dezembro
passado, que acusa o atleta de fazer uso de maconha. Segundo especialistas, a maconha não é utilizada
no esporte para aumentar o desempenho, diferentemente dos anabolizantes. Ela é considerada uma droga
‘social’. Há quem defenda a absolvição de Giba. Ocorre que, para seus fãs, em sua maioria adolescentes,
uma absolvição por parte das autoridades esportivas poderia se tornar um incentivo ao consumo de tal
droga, imitando o ídolo. A maconha no esporte pode ter conseqüências maléficas de convivência, iguais às
do seio da sociedade. Entendo que o atleta, no caso, não deveria ser punido, mas fazer um tratamento de
dependência pelo clube ou pela federação respectiva.”

(Fonte: Jornal ESTADO DE MINAS. Domingo, 16 de fevereiro de 2003.)

QUESTÃO 08 (Descritor: distinguir um fato da opinião relativa a esse fato)

Assinale a única alternativa que NÃO pode caracterizar o texto como um texto de opinião.

a) “O jogador Giba, que atua no voleibol italiano, foi pego em exame antidoping, realizado em dezembro
passado, que acusa o atleta de fazer uso de maconha.”
b) “Ocorre que, para seus fãs, em sua maioria adolescentes, uma absolvição por parte das autoridades
esportivas poderia se tornar um incentivo ao consumo de tal droga...”
c) “A maconha no esporte pode ter conseqüências maléficas de convivência, iguais às do seio da
sociedade.”
d) “Entendo que o atleta, no caso, não deveria ser punido, mas fazer um tratamento de dependência pelo
clube...”

QUESTÃO 09 (Descritor: estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la)

Relacione a Coluna 2 à Coluna 1 conforme as instruções abaixo:

Coluna 1

– Argumento favorável à absolvição de Giba.


– Argumento contrário à absolvição de Giba.

Coluna 2

( ) “Segundo especialistas, a maconha não é utilizada no esporte para aumentar o desempenho,


diferentemente dos anabolizantes.”
( ) “Ocorre que, para seus fãs, em sua maioria adolescentes, uma absolvição por parte das autoridades
esportivas poderia se tornar um incentivo ao consumo de tal droga...”
( ) “A maconha no esporte pode ter conseqüências maléficas de convivência, iguais às do seio da
sociedade.”

6
QUESTÃO 10 (Descritor: reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos
e/ou morfossintáticos)

“A maconha no esporte pode ter conseqüências maléficas de convivência, iguais às do seio da sociedade.”

A passagem acima não está bem redigida, pois admite várias interpretações, algumas delas absurdas.
Dentre as alternativas abaixo, a única que está de acordo com o verdadeiro sentido que o autor quis dar à
frase é:

a) O pior efeito da maconha é tornar maléficas as relações entre as pessoas que vivem do esporte.
b) A maconha pode trazer para o usuário a mesma convivência maléfica que ele tem na sociedade.
c) A maconha prejudica a convivência entre os esportistas da mesma maneira como prejudica as pessoas
no convívio social.
d) Toda convivência no seio da sociedade é maléfica como a convivência entre as pessoas que fazem uso
de maconha.

II) QUESTÕES ABERTAS

TEXTO 5

O Fantástico mundo da

Srta. B. I. ZARRO

UMA REPORTAGEM CIENTÍFICA DA (IC!)


COLUNISTA MAIS ESTRANHA DO PEDAÇO

Soluço
dos
sapinhos

7
Leitores esquisitos, a coisa está verde para o nosso lado. E olha que eu adoro bichos maluquetes, verdes,
que pulam sem parar! Cientistas franceses resolveram descobrir por que (ic!) o ser humano soluça. Esse é
um (ic-ic!) mistério antigo, já que, aparentemente, os soluços não têm nenhuma função. Segundo eles, o
fenômeno (ic!) tem a ver com a evolução, com o fato de ancestrais humanos terem vivido na água.
Para os franceses, a chave para o mistério dos soluços está em grupos de animais, nos quais a contração
dos músculos respiratórios tem um objetivo. É o caso dos peixes e anfíbios que ainda têm guelras (órgãos
respiratórios usados para extrair o oxigênio dissolvido na água). Eles empurram água por suas guelras
comprimindo a cavidade bucal, enquanto fecham a glote para impedir que a água caia em seus pulmões.
Segundo o grupo liderado por Christian Straus, do famoso hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, o circuito
nervoso que controla o movimento das guelras persistiu em alguns mamíferos. Isso pode ter feito com que
os soluços continuassem sendo uma característica humana, mesmo depois que os animais começaram a
sair da água para a terra, há 370 milhões de anos. Ic!
Os (ic!) soluços são contrações súbitas dos músculos usados para aspirar o ar. Assim que os músculos
começam a mover, a glote (abertura entre as cordas vocais) fecha a traquéia, produzindo o som
característico do soluço. Exames de ultra-sonografia já mostraram que bebês soluçam ainda no útero da
mãe, antes mesmo de qualquer movimento respiratório aparecer.
Que chique! Uma teoria é que as (ic!) contrações preparam os músculos do sistema respiratório dos bebês
antes deles nascerem. A outra é que os soluços impedem a entrada de líquido amniótico (que envolve o
feto) nos pulmões do bebês. Mas anote aí, leitor amado: nenhuma dessas idéias, no entanto, foi (ic!)
comprovada.

Rapidoidas

Anfíbios são animais com a pele nua, granular, sempre umedecida e sem escamas. Os sapos têm duas
glândulas de veneno na pele, uma atrás de cada olho, que só causam envenenamento quando apertadas.
Para coaxar (fazer aquele barulho estranho), o sapo infla e esvazia a boca, formando um papo. No vaivém
entre o papo e os pulmões, o ar faz as cordas vocais vibrarem. Em geral, coaxar é o chamado dos machos
quando estão querendo namorar alguma fêmea. Cada soluço dura menos de um segundo e ocorre de 5 a
25 vezes por minuto nos humanos. Segundo o Livro dos Recordes, uma pessoa já ficou 57 anos soluçando.
Ic! Que bizarro!

(Fontes da B.I.Zarro: www.guiadoscuriosos.com.br)


(Jornal CORREIO BRAZILIENSE. Sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003. Caderno ESTE É MEU! p. 4)

QUESTÃO 11 (Descritor: estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto)

A pesquisa dos cientistas franceses tenta explicar por que os seres humanos soluçam. O título e a
ilustração do texto parecem, portanto, inadequados. Parecem, mas não são.
Por que, na verdade, o título e a ilustração são bem adequados ao texto?

QUESTÃO 12 (Descritor: identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados)

A autora, ao longo do texto, faz referências bem-humoradas aos répteis.


Transcreva as duas passagens do texto que comprovam essa afirmação.

QUESTÃO 13 (Descritor: reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada


palavra ou expressão)

Justifique o uso da palavra “Ic!” ao longo do texto.

8
QUESTÃO 14 (Descritor: inferir uma informação implícita em um texto)

Embora o texto possa ser classificado como texto científico, percebe-se claramente que há um narrador nos
transmitindo as informações.

Quem é esse narrador?


Justifique, dando exemplos, por que esse narrador recebe esse nome.

QUESTÃO 15 (Descritor: estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la)

“A outra [teoria] é que os soluços impedem a entrada de líquido amniótico (que envolve o
feto) nos pulmões dos bebês.”

Apesar de a teoria transcrita acima não ter sido ainda comprovada, ela faz sentido. Por quê?

TEXTO 6

Quinta-feira, 12 de março

Hoje de manhã, ao acordar, minha cara estava cheia de espinhas vermelhas gigantescas. Minha mãe disse
que era por causa dos nervos, mas eu continuo convencido de que a minha alimentação é inadequada.
Ultimamente tenho comido montes de porcarias congeladas. Talvez eu seja alérgico a plástico. Minha mãe
telefonou à secretária do Dr. Gray para marcar uma consulta, porém o mais cedo que ele pode me ver é na
próxima Segunda-feira! Por ele, eu podia ter febre tifóide e andar por aí espalhando-a pelas redondezas! Eu
disse a minha mãe para dizer que era uma emergência, mas ela disse que eu estava “exagerando, como de
costume”. Ela disse que algumas espinhas não queriam dizer que eu estava para morrer. Fiquei pasmo
quando ela disse que ia para o emprego, como em todos os outros dias. Então o filho dela não devia estar
antes do emprego?
Telefonei para minha avó e ela veio num táxi e me levou para a casa dela, e me botou na cama. É onde eu
estou agora. É muito limpa e sossegada. Estou com um pijama do meu avô, que morreu vestido. Acabei
agora de tomar um caldo de cevada com carne. É o primeiro alimento decente que como há semanas.

Sexta-feira, 13 de março

O médico de plantão veio ontem à casa da minha avó às onze horas da noite. Diagnosticou acnes vulgaris.
Disse que é tão comum que é olhado como um estado próprio da adolescência. Pensa que é muito difícil eu
ter febre tifóide, pois não fui à África este ano. Disse à minha avó para tirar os lençóis desinfetados das
portas e das janelas. Minha avó disse que queria uma segunda opinião. Foi então que o médico perdeu o
controle. Gritou muito alto: “O rapaz só tem umas espinhas de adolescente, pelo amor de Deus!”
Minha avó disse que ia fazer queixa no Conselho de Medicina, mas o médico deu uma gargalhada e desceu
as escadas, batendo a porta. Meu pai apareceu antes de ir para o emprego, trouxe meu trabalho de casa de
estudos sociais e o cachorro. Disse que se eu não estivesse em casa quando ele voltasse na hora do
almoço, me dava uma surra que eu nem sabia de que terra era.
Levou minha avó para a cozinha e tiveram uma conversa em voz alta. Eu o ouvi dizendo “As coisas estão
muito más entre mim e a Pauline, e o que nós estamos discutindo agora é quem é que não fica com a
custódia de Adrian.” Com certeza meu pai se enganou. Devia querer dizer quem é que ia ficar com a minha
custódia.
Portanto, aconteceu o pior: minha pele está um nojo e meus pais vão se separar.

(Fonte: TOWSEND, Sue. O diário secreto de um adolescente. 3. Ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1989, p. 47-9)

QUESTÃO 16 (Descritor: identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados)

Por que o personagem diz que talvez seja alérgico a plástico?

9
QUESTÃO 17 (Descritor: estabelecer relação causa-conseqüência entre partes e elementos do texto)

A avó de Adrian acreditou que ele de fato estava doente? Justifique sua resposta.

QUESTÃO 18 (Descritor: localizar informações explícitas em um texto)

Ao longo do texto são apresentadas três causas para o surgimento de espinhas.

Que causas são essas?


Quem as apresenta?

QUESTÃO 19 (Descritor: inferir uma informação implícita em um texto)

“Estou com um pijama do meu avô, que morreu vestido.”

O que se pode deduzir da fala de Adrian transcrita acima?

QUESTÃO 20 (Descritor: identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros)

Com que intenção Adrian exagerou o seu problema?

10
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 01: A QUESTÃO 06: A


QUESTÃO 02: C QUESTÃO 07: B
QUESTÃO 03: D QUESTÃO 08: A
QUESTÃO 04: B QUESTÃO 09: 1,2,2
QUESTÃO 05: D QUESTÃO 10: C

GABARITO DAS QUESTÕES ABERTAS

QUESTÃO 11

O título e a ilustração não são inadequados, apenas parecem, porque uma das teorias diz que nós, seres
humanos, soluçamos porque os nossos ancestrais mais primitivos viveram na água e para respirar faziam
como os peixes e os anfíbios. Daí o título figurativo “Soluço dos sapinhos” e a ilustração – um ser com
cabeça de criança e corpo de sapo.

QUESTÃO 12

As passagens bem-humoradas que se referem aos répteis são: “Leitores esquisitos, a coisa está verde para
o nosso lado.”; “E olha que eu adoro bichos maluquetes, verdes, e que pulam sem parar!”

QUESTÃO 13

A palavra “Ic!” é uma brincadeira do narrador do texto. Como ele está explicando o soluço, usa essa
expressão para simular que está soluçando.

QUESTÃO 14

a) O narrador é a Senhorita Bizarro.


b) O seu nome vem do fato de o texto apresentar informações estranhas, diferentes, bizarras, como a de
que uma pessoa chegou a soluçar 57 anos ou a de que um sapo tem glândulas de veneno atrás dos
olhos.

QUESTÃO 15

A teoria faz sentido porque os peixes e anfíbios também contraem os músculos respiratórios para evitar que
a água entre nos pulmões.

QUESTÃO 16

O personagem diz que talvez seja alérgico a plástico porque ele tem comido muita comida congelada, que
fica armazenada em plástico. Outra razão possível seria que a comida é de má qualidade, não tem gosto,
parece plástico.

QUESTÃO 17

11
Sim, a avó de Adrian acreditou que ele estivesse mesmo doente, pois levou-o para sua casa, desinfetou
lençóis, colocou-o na cama, deu-lhe uma comida decente, chamou o médico e não aceitou a opinião dada
por ele.

QUESTÃO 18

a) A primeira causa apresentada são os nervos; a segunda, comida congelada; por fim, um estado típico
da adolescência.
b) Quem disse que são os nervos foi a mãe de Adrian. O próprio Adrian, por sua vez, disse que tem se
alimentado mal. O médico chamado diagnosticou apenas que Adrian é um adolescente e as espinhas
são normais nessa fase da vida.

QUESTÃO 19

Adrian, nessa frase, está mais uma vez exagerando o seu problema. Para ele, o seu estado é grave e ele
corre risco de morte. Como “ele vai morrer”, quer morrer como o avô, vestido.

QUESTÃO 20

Adrian, com certeza, exagerou o seu problema porque queria a atenção de alguém.

12
13

Você também pode gostar