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Adiar a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais não é solução
Cristina De Luca
02/11/2019 13h41
Esta semana, com todo mundo supostamente distraído pelas rusgas políticas de Brasília,
o óleo nas praias do nordeste, os muitos eventos empresariais em São Paulo, etc e tal,
um novo projeto de lei, o de número 5762/2019, apresentado pelo deputado federal
Carlos Bezerra (MDB-MT), deu entrada na Câmara propondo adiar a vigência da Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD) em dois anos. Portanto, para 15 de agosto de 2022!
O principal argumento de Bezerra é a falta de tempo das empresas para adequação à lei.
Nas suas considerações, o deputado alega que uma pesquisa recente, feita com 143
empresas, a maioria delas de grande porte, indicou que apenas 17% dispõem de
iniciativas concretas ou já implementadas de conformidade à lei. "Se nem mesmo as
grandes corporações já estão preparadas para lidar com os desafios introduzidos pela
LGPD, para as pequenas empresas o quadro certamente inspira ainda mais
preocupação, sobretudo neste momento de grave turbulência econômica que o Brasil
atravessa hoje", opinou o deputado.
Diz Viviane:
Sendo assim, diferentemente das ilações trazidas pelo PL, os resultados obtidos nessa
mesma pesquisa são considerados otimistas e tendentes à conformidade."
Tem mais. "A prorrogação do prazo para a entrada da lei em vigor é incompatível com o
cenário da economia moderna, pois todas as empresas lidam com dados pessoais e
precisam de segurança jurídica para atuar e inovar", complementa a advogada Valeria
Reani, especialista em Direto Digital, Compliance Digital e Privacidade de Dados e vice-
presidente da Comissão Direito Digital OAB Campinas. "Há grande possibilidade de o
adiamento gerar um descrédito para o Brasil diante de expectativa de investimentos
internacionais, impactando no cenário macroeconômico do País. Sem falar que seria
uma mensagem negativa ao mercado, que serviria para desestimula práticas de
conformidade e dar a entender que a lei " não vai pegar", comenta.
Na opinião de Marcelo Sousa o mais sensato seria que a futura Agência Nacional de
Proteção de Dados (ANPD) propusesse um período transitório, em que atuasse mais
como um órgão apoiador do que fiscalizador. E aí está a outra variável fundamental
dessa equação na qual a proposta de prorrogação da vigência foi baseada.
Brigar pela rápida instituição da ANPD seria fazer do limão (a defesa da prorrogação)
uma limonada. Já estamos atrasados. Mesmo que as nomeações saiam agora, muita
gente não acredita que ainda dê tempo de o Senado sabatinar os diretores neste ano.
Em teoria temos uma meia dúzia de semanas do Congresso funcionando antes do
recesso de fim de ano. As atividades só retornariam em fevereiro, mês curto por natureza
e com o Carnaval para complicar. Então… sabatina só em março.
"Acho que tem espaço para ações populares, representação no Ministério Público federal
e na Procuradoria Geral da República, Ministérios Públicos Estaduais…", comentou uma
dessas fontes.
Há ainda quem defenda, por exemplo, a suspensão inicial de aplicação de multas, com
priorização de advertências educativas, no lugar do adiamento da vigência da lei. Algo
que o professor Danilo Doneda, do Instituto de Direito Público e membro já nomeado
pela Câmara para 0 futuro Conselho Nacional de Proteção de Dados, considera pouco
provável.
"Se a lei entra em vigor, as sanções também. Ter a lei sem sanções seria um
experimento jurídico tanto inédito quando indesejável. De toda forma a ANPD vai ter que
fazer metodologia sancionatória antes de aplicar qualquer escansão, o que deve levar
tempo", explica Doneda. "Não vejo motivo para adiar nem a lei nem as sanções. Ainda
que a autoridade esteja atrasada, isto somente esticaria a corda da incerteza. Não são
pleitos muito racionais", comenta.
Falta de regulamentação
De todo modo, a falta de regulamentação da LGPD preocupa igualmente quem defende
e quem não defende o adiamento da vigência da lei.
"Cerca de 30% da LGPD depende de regulamentação", diz Fabrício. "E a ANPD também
precisa editar normas interpretativas. O que significa "pessoa natural identificável"? O
que são "meios técnicos razoáveis"?", comenta ele.
Além disso, para os atrasados ter mais prazo pode significar começar mais tarde. Quem
garante que quem já deixou o trabalho de conformidade para última hora não vai
continuar deixando?
"O problema do Brasil é sempre deixar tudo para última hora… Se as empresas
realmente seguissem as leis já estariam com boa parte do que se é exigido na LGPD
pronto", opina o analista de Segurança da Informação Marcelo Menezes. "Algo que
percebo em relação as empresas é que parece que estão esperando o governo tomar
alguma atitude (campanhas publicitárias, informações da lei, etc) para poderem iniciar
suas adequações".
É notório que a maior preocupação das empresa, sobretudo pequenas e médias, é com
a possibilidade de sanções. Multas pesadas e a possibilidade de paralização total ou
parcial das atividades assustam mesmo. Mas teriam tantas pequenas e médias
empresas em desconformidade?!!! Se sim, mais uma razão para a lei entrar em vigor o
quanto antes, e disciplinar o mercado.
Será preciso encontrar um equilíbrio. Mas, de certo, ele não passa pelo adiamento da
vigência da lei.
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Sobre a autora
Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É
diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi
diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da
Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela
criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-
at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de
Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria
Jornalista de Tecnologia.
Sobre o blog
Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de
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