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http://dx.doi.org/10.1590/1982-02672018v26e09
The production of tile and the craft of tiling: method of tile production from the
18th century to the present day
ANAIS DO MUSEU PAULISTA São Paulo, Nova Série, vol. 26, 2018, p. 1-22. e09 1
5. Instituto do Patrimônio ABSTRACT: Aiming to study the hydraulic tile, the centerpiece in the nineteenth-century civil con-
Histórico e Artístico
Nacional (2004). struction and considered a cultural heritage by Iphan, this research traces the historical trajectory
of this material. Although the patrimonial charters recommend periodic maintenance actions of
preventive conservation, there is a gap on the hydraulic tile records, mainly regarding its creation
and its manufacture technique. This article points out the manufacture of ceramic tile as a precur-
sor of the hydraulic tile, focusing on the reasons that led to such a transformation. The results
show that the production of hydraulic tiles was brought back in the transition from the eighteenth
to the nineteenth century, with new significations and values that updated the meaning of the
material use, elevating it to a protagonist of the environment for which it is conceived. In order
to contribute to the record of the historical genesis of the hydraulic tile, this study also carries out
an extensive review of the relevant publications on the subject.
INTRODUÇÃO
Para o aspecto específico das terminologias dos materiais cerâmicos, de uma maneira ge-
ral, as línguas românicas e germânicas adotaram derivações das palavras existentes no la-
tim, as quais se modificaram posteriormente conforme as regiões. Neste percurso, observa-
-se que as palavras-chaves que originam de modo geral das terminologias da Europa
Ocidental fincam-se pelas raízes dos vocábulos latinos laterculus e tergula que, para o caso
português, dão origem respectivamente a ladrilho, telha e tijolo.6
Por isso, há que ter cuidado e muita atenção, porque os arqueólogos, nomeadamente os
italianos, usam a classificação "laterculus" para todos os pedacinhos de barro que, sem
saberem do que se trata, registram nos seus espólios e até nos inventários dos museus. Por
O método de argila seca foi o único que eliminou o período difícil de secagem exigido por
ladrilhos e tijolos confeccionados por argila plástica. Como diz um inventor, “qualquer má-
quina que pode fazer tijolos ou telhas de barro em um estado parcialmente seco pode tra-
balhar ao longo de todo ou pelo menos a maior parte do inverno”.17
“A cal hidráulica, misturada em determinadas proporções com argila calcinada, areia e água,
produz um material tão duro como pedra, sem a necessidade de qualquer cozedura”. Deve-se
preparar a massa e a verter em moldes, que devem dar ao produto as formas desejadas quan-
do colocados sob grande pressão. […] Quando a pressão é feita, as peças devem ser deixa-
das para secar em qualquer ar, seco ou molhado. O que pode dar a cor desejada é a mistura
na preparação da massa com pigmentos, que deve produzir os mais variados desenhos.21
Isso fica evidente diante do grande sigilo mantido pelos fabricantes, em sua maioria 27. Segurado (1959).
membros da mesma família, que comumente dá seu nome ao produto e é detentora
28. Carvalho (2008, p. 21).
dos detalhes da constituição da matéria-prima e do processo de produção.24
Uma das maiores evidências da origem do ladrilho hidráulico está na forma
como o mosaico é executado. Se, por um lado, a construção deste se dá pela
união de fragmentos multicoloridos seguindo um desenho pré-concebido, o ladrilho
hidráulico se desenvolve sob a mesma linguagem, com o desenho de cada peça
definido segundo um molde metálico, o qual é preenchido com caldas de diferentes
cores, resultando em desenhos multicoloridos. Ambos os processos de produção
exigem procedimentos meticulosos de seus operadores.
O ladrilho hidráulico é conhecido como uma placa utilizada em pisos e
revestimentos, usualmente constituída por três partes: o tardoz,25 a camada
intermediária e a camada pigmentada. Esse revestimento recebe o nome de ladrilho
hidráulico pelo fato de ser apenas molhado, sem processo de queima.26
A coisa mudou muito. Depois que foi caindo o ladrilho, veio a decadência dos mate-
riais. Antigamente, a tinta era importada, mais forte, usava mais água. Era óxido de
ferro. O tempo foi passando, as coisas foram sumindo da praça. O óleo para limpar as
fôrmas também. O melhor era importado, próprio para o ladrilho. Não se faz mais. Era
trazido de São Paulo há 40 anos.28
Figura 3 – Vista lateral de ladrilho hidráulico do Palácio da Justiça Federal no Rio de Janeiro (2010).
Fonte: Arquivo pessoal.
amalgamadas, proporcionando enorme resistência à peça. Quando o ladrilho 31. Becker (2009).
está pronto, fica uma noite na prateleira para criar alguma solidez, podendo
depois ser manipulado. Somente então é colocado em imersão na água. O
artesão olha o aspecto do ladrilho e sabe quando absorveu a água necessária.
Isso se dá em mais ou menos duas horas. Segue-se o escoamento da água e a
secagem em prateleiras ventiladas.
O OFÍCIO DE LADRILHAR
remanescentes e apontando que algumas fábricas que se estabeleceram em São 37. Krüger (2014).
Paulo e Pelotas (RS) no início do século XX ainda permanecem em atividade.36 38. Catoia (2007).
Em Pelotas, como reporta Krüger, a Fábrica de Mosaicos de Pelotas foi 39. Melo; Ribeiro (2007).
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
(1) o cimento Portland pode ser de qualquer tipo e classe, devendo atender às normas
ABNT NBR 5.732, 5.733, 5.735, 5.736, 11.578 e 12.989;
(2) os agregados podem ser naturais, industriais ou reciclados, atendendo à ABNT
NBR 7.211 ou às normas pertinentes;
(3) a água de amassamento deve atender à ABNT NBR 15.900-1;
(4) os aditivos devem atender à ABNT NBR 11.768;
(5) os pigmentos devem ser de base inorgânica e atender à ASTM C979/C979 M.
A unidade de compra das peças deve ser o metro quadrado (m2), devendo-se
especificar o número de peças por metro quadrado.
Os ladrilhos hidráulicos podem ser produzidos em diversas dimensões,
respeitando-se o paralelismo entre as superfícies opostas. As dimensões e tolerâncias
das peças devem atender aos seguintes critérios:
CONCLUSÃO
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