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ricardo.carneiro@rcarneiroadvogados.com.br; bruno.passos@vale.com, o que faz em
conformidade com os fatos e fundamentos expostos a seguir.
I –EXPOSIÇÃO DA LIDE
Segundo consta dos documentos anexos, a REQUERIDA Vale S.A., responsável pela
Mina de Gongo Soco em Barão de Cocais, não se desincumbiu do seu dever de manter as
estruturas de sua responsabilidade em condições de segurança, o que colocou em situação de
risco e já ocasionou danos ao meio ambiente cultural.
Assim, o presente pedido de tutela de urgência tem por objetivo que a REQUERIDA seja
compelida a adotar todas as medidas necessárias para evitar novos danos ao patrimônio cultural e
mitigar aqueles que já estão ocorrendo, sendo que o pedido final, a ser apresentado no prazo
legal, visará ainda à reparação dos danos atuais e futuros.
Vejamos:
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Especialmente no tocante à Barragem Sul Superior, situada na mina de Gongo Soco, na
região nordeste do Quadrilátero Ferrífero, município de Barão de Cocais, distrito de Socorro,
próximo à divisa com Caeté, tem-se que a mesma foi concebida para contenção de rejeitos da
usina de beneficiamento, bem como para contenção de sedimentos das pilhas de estéril da
Correia e Sudeste. Atualmente sua finalidade é a contenção de eventuais sedimentos oriundos da
sua bacia de contribuição, tendo em vista que, segundo informado pela REQUERIDA, não
ocorre mais a disposição de rejeitos na barragem desde 2016. Possui 320 metros de comprimento
de crista e altura máxima de 85 metros. A tabela abaixo apresenta maiores dados:
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Figura 1: Dados gerais da Barragem Sul Superior - Fonte: TUV SUD - REVISÃO PERIÓDICA DE SEGURANÇA DE
BARRAGEM BARRAGEM SUL SUPERIOR - RELATÓRIO TÉCNICO RC-SP-081/17, última revisão em
13/07/2018, p. 22.
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No final da tarde de 07/02/2019, a REQUERIDA formalizou no SIGBM a situação de
Emergência referente à barragem Sul Superior da Mina de Congo Soco, em Barão de
Cocais/MG. Houve acionamento da situação de emergência I do PABEM, em razão da existência
de risco significativo de ruptura. Ato contínuo, a Agência Nacional de Mineração - ANM acionou
a Defesa Civil e se deslocaram para o local. Em função do que foi relatado e, após consulta à
Gerência da ANM/SEDE, decidiu-se que a empresa deveria acionar o Nível 2 de Emergência e
proceder à imediata evacuação da população a jusante, inserida na Zona de Autossalvamento
(ZAS). A fonte das informações que geraram a execução do PAEBM foi uma ata de reunião entre
Walm Engenharia (auditoria externa) e a Vale, datada de março de 2019 [sic]1, divulgada em
07/02/2019.
Conforme amplamente noticiado na mídia, na madrugada do dia 08/02/2019, houve
acionamento de sirenes e evacuação da população a jusante da barragem Sul Superior da Mina
do Gongo Soco em Barão de Cocais.
Aproximadamente 500 moradores das comunidades de Socorro, Tabuleiro, Piteiras e Vila
Congo, todas situadas no Município de Barão de Cocais-MG, tiveram que, de inopino, deixar
suas casas e locais de origem, abandonando todos seus pertences e sua história. Segundo
informações disponibilizadas pela mineradora em sua página eletrônica2, “a retirada das pessoas
começou após a Vale dar início, às 2h30 desta madrugada, ao PAEBM, com o acionamento das
sirenes e avisos dentro da Zona de Autossalvamento, área à jusante da barragem Sul Superior
da Mina Gongo Soco.”
1 A Vale informou, via e-mail enviado ao MPMG em 21/02/2019, que tomou conhecimento, através de reunião com a empresa de
auditoria em setembro de 2018, que os resultados obtidos em novas análises não drenadas indicavam maior probabilidade de
comprometimento da segurança da estrutura.
2 Disponível em: http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/news/Paginas/vale-informa-sobre-andamento-das-acoes-preventivas-
em-barao-dos-cocais-mg.aspx. Publicado em: 08 fev. 2019. Acesso em: 22 maio 2019.
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Assim, o meio ambiente cultural já foi afetado pela desterritorialização da comunidade.
Ademais, a região perdeu todo seu potencial turístico dado o receio de ocorrência de
tragédias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho.
3. Imediatamente, em análise preliminar (notas técnicas n. 17, 39 e 49/2019)3, o MPMG
verificou que existiam também bens do patrimônio cultural formalmente reconhecidos situados
na zona de inundação em caso de rompimento da barragem Sul Superior, de acordo com o mapa
de dam break inicialmente apresentado pela REQUERIDA.
3.1. O MPMG recomendou à REQUERIDA que, em conjunto com os órgãos de proteção
respectivos (Município de Barão de Cocais, IEPHA e/ou IPHAN), Arquidiocese de Mariana e os
proprietários das áreas eventualmente atingidas, com cientificação aos órgãos competentes
3 Ainda, foram elaboradas as Notas Técnicas n.º 39/2019 e 49/2019, pelo Setor Técnico da CPPC, com levantamento dos bens
culturais eventualmente atingidos pela mancha de inundação e indicação de medidas de resgate e proteção, assim como a Nota
Técnica n.º 53/2019, que analisa resposta da Vale às notas técnicas anteriores. Por sua vez, a Nota Técnica n.º 63/2019, também
tem por objetivo a “Avaliação da ocorrência de danos”, buscando “consolidar informações a respeito das Notas Técnicas já
elaboradas por este Setor Técnico, respostas enviadas pela Vale, medidas indicadas em relação à proteção dos bens culturais e
tratativas das reuniões realizadas.
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(ANM, Defesa Civil e SEMAD, dentre outros), adotasse todas as medidas emergenciais
necessárias para houvesse o resgate/ retirada de todos os bens culturais móveis existentes
na área de “Dam Break”, com vistas a minimizar os danos ao meio ambiente cultural em
caso de eventual rompimento da barragem (Recomendação 05/2019, expedida em 08 de
fevereiro de 2019).
Recomendou ainda que - em conjunto com os órgãos estatais competentes e os
proprietários de bens, se for o caso – a REQUERIDA adotasse todas as medidas necessárias para
que haja efetiva vigilância das propriedades públicas e privadas, especialmente em relação aos
imóveis de interesse cultural, em toda área de “dam break” das estruturas da Mina Gongo Soco
em que houve evacuação de pessoas, com vistas a evitar saques, vandalismos ou outras condutas
criminosas (Recomendação 07/2019, expedida em 08 de fevereiro de 2019).
3.2. Em atendimento à recomendação ministerial, a REQUERIDA apenas realizou a
remoção de parte do acervo móvel da Igreja de Nossa Senhora Mãe Augusta do Socorro (Capela
do Socorro), consistente em cerca de 230 peças sacras, que foram acondicionadas no coro da
Matriz de São João Batista, em Barão de Cocais.
A guarda do patrimônio nas dependências de outra igreja ocorre de forma precária e
deveria ser provisória. No entanto, a REQUERIDA não apresenta informações inequívocas sobre
perspectiva de alcançar condições de segurança para a barragem Sul Superior4.
Consequentemente, não existe perspectiva de retorno das peças sacras retiradas à comunidade
onde se situa a Capela do Socorro. Assim, é fundamental que a REQUERIDA providencie uma
forma adequada de acondicionamento das peças sacras, inclusive para que as mesmas possam ser
usufruídas pela comunidade.
Ademais, deve haver a salvaguarda dos bens integrados e do imóvel em si, seja através
da remoção do que for tecnicamente possível e recomendado, seja ao menos através do registro
documental em 3D do bem, conforme indicação realizada por IPHAN e IEPHA.
4 Há que se considerar que, em reuniões do CEDEC, a empresa apresenta uma perspectiva de aumentar o fator de segurança da
barragem no prazo de 01 ano. No entanto, a mesma empresa informa que pretende construir uma grande barreira de CCR para
contenção de rejeitos em caso de rompimento, mas que esta barreira apenas ficaria pronta no prazo de 01 ano, o que induz à
conclusão de que possivelmente haverá risco por prazo maior que o alegado.
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3.3. Outra questão que não pode ser ignorada é o fato de que, em caso de ruptura de
barragem, a população e as autoridades de defesa civil voltam seus esforços obviamente ao
salvamento de vidas e não ao resgate ou proteção do patrimônio cultural. Desta feita, os bens que
estão em zona de inundação, ainda que secundária, possivelmente serão destruídos caso ocorra o
rompimento da estrutura.
4. A situação de risco está se agravando sem que a REQUERIDA esteja adotando
medidas para prevenção à destruição do patrimônio cultural na velocidade necessária.
Em 21 de março de 2019, a REQUERIDA informou que a barragem encontra-se em
iminência de rompimento, elevando o grau de emergência para o nível 3 (ver ata CEDEC de
21/03/2019).
Diante disso, o MPMG continuou a cobrar da REQUERIDA a elaboração de um plano e
a realização de outras medidas para salvaguarda do patrimônio cultural em toda zona de
inundação.
Em reunião realizada em 02/05/2019, MPMG, IPHAN e IEPHA expressamente
informaram à REQUERIDA sobre a necessidade da adoção de uma série de medidas:
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[...] 2. Mapeamento - Mapeará todo o patrimônio formalmente protegido
por tombamento, registro, inventário, valoração ou cadastro, plotando em
mapa todos aqueles que estejam na área de inundação, plotados com cor
diferente. No mapa, cada bem deverá ser identificado, no mínimo, com
os seguintes dados: nome do bem cultural; tipo e nível de proteção;
tempo aproximada de chegada dos resíduos após hipotético rompimento,
para bens na mancha de inundação. Em um segundo momento, tão logo
identificados, serão inseridas as qualificações dos proprietários. Deve ser
considerado o pior cenário possível em caso de rompimento. Os mapas
deverão ser elaborados em arquivo legível e de alta resolução, que
contenha legenda e eventuais notas explicativas. A plotagem dos bens
sem a mancha também será enviada em formato .kmz ou .shp. A empresa
alega que necessita dos seguintes prazos:
i. Bens já identificados no site do IEPHA, IPHAN e fornecidos pelo
MPMG: neste ato, protocolados mapas para níveis 3 e 2. [...].
ii. Demais bens: 5 dias, a contar do recebimento das listagens repassadas
ao IEPHA pelos Municípios, na mesma base de dados do item “i”,
consolidando a totalidade dos bens formalmente protegidos.
3. Planos executivos para proteção/resgate/salvaguarda de bens em zona
de inundação – após as informações produzidas no mapeamento, a
empresa irá elaborar propostas executivas específicas e distintas para
ações em zona de autossalvamento e em zonas secundárias de
salvamento, com fluxogramas e protocolos a serem seguidos pelas
equipes que executarão os planos, específicos para cada nível de
emergência, devendo conter, minimamente: (a) qualificação dos
profissionais que compõem a equipe, bem como os equipamentos e
materiais de que disporão para as ações ; (b) previsão de onde
acondicionar com segurança os bens resgatados, privilegiando-se locais
que possibilitem a fruição coletiva da comunidade local, a depender da
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viabilidade no caso concreto; (c) para bens integrados a imóveis de valor
cultural, avaliar previamente, por equipe técnica especializada, a
necessidade e viabilidade da remoção e, caso esta seja indicada, a fim de
permitir eventual remoção de maneira segura, executar por meio de
profissionais habilitados, com todas as respectivas medidas de controle;
(d) ações de vigilância, proteção, manutenção e conservação dos bens,
sobretudo aqueles não retirados da zona de inundação; (e) registros
documentais dos bens culturais protegidos, na forma detalhada em termo
de referência elaborado pelo MPMG. Por recomendação do IPHAN, nos
registros, a empresa fará escaneamento 3D, em alta definição. A empresa
alegou que necessita dos seguintes prazos:
a. Barragens de níveis 3 e 2: prazo de 20 dias, a contar desta reunião para
os bens conhecidos e do recebimento das informações do IEPHA para os
demais, iniciando-se pela zona de autossalvamento.
[...]
Os planos serão executados pela empresa, sem prejuízo de continuar
realizando todas as ações emergenciais necessárias e de promover todas
as adequações exigidas pelos órgãos competentes.
4. Plano concomitante de mitigação de danos – elaborar e executar planos
para salvaguardar o patrimônio imaterial das comunidades retiradas de
zona de autossalvamento como, por exemplo, festividades, manifestações
e celebrações culturais. A empresa alega que necessita do prazo de 30
dias, a contar desta reunião para os bens conhecidos e do recebimento das
informações do IEPHA, para os demais.
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De fato, na data de 14/05/2019, novas informações relacionadas ao monitoramento
geotécnico da Barragem Sul Superior aportaram no Ministério Público do Estado de Minas
Gerais, descrevendo o seguinte:
Segundo informações, a ruptura do talude Norte é certa e prevista para ocorrer até o dia
25 de maio de 2019. Ainda, é possível que a vibração decorrente desta ruptura configure gatilho
para liquefação e ocorra rompimento da Barragem Sul Superior em seguida.
6. Conforme levantamento realizado pelo Setor Técnico da Coordenadoria das
Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico - CPPC/MPMG, seguem os
bens culturais em risco, nos municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio
Abaixo5:
A) BARÃO DE COCAIS
A.1. BENS TOMBADOS
1 - Igreja Nossa Senhora Mãe Augusta de Socorro - o acervo móvel foi
removido entretanto os bens integrados permanecem no templo.
2 - Casa do Artesão - Praça Monsenhor Gerardo 304 e 308
5 Esta relação foi feita considerando os mapas de Dam Break com o mapeamento dos bens culturais elaborado pela Vale,
partindo-se do princípio que a empresa incluiu nos mapas todos os bens culturais existentes na mancha de inundação, conforme
acordado em reuniões realizadas. Como já informado, esta relação encontra-se incompleta tendo em vista que no Distrito de
Barra Feliz (Santa Bárbara) e no município de São Gonçalo do Rio Abaixo foram mapeados somente os bens tombados. Não
foram considerados nesta relação os bens que se encontram fora da mancha, mas próximos desta, que foram objeto de análise nas
Notas Técnicas elaboradas por este Setor Técnico.
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3 - Cine Rex - Praça Monsenhor Gerardo 160
4 - Casa da Dona Ely - Praça Monsenhor Gerardo s/nº
A.2. BENS NATURAIS
1 - Três Bicas - Rua Desembargador Moreira Santos s/nº - informado
pela Vale e município
A.3. BENS INVENTARIADOS
1 - Imóvel da rua Desembargador Moreira Santos nº 204 - informado
pelo município
2 - Imóvel da rua Desembargador Moreira Santos nº 301 - informado
pela Vale e município
3 - Imóvel da rua Desembargador Moreira Santos nº 263 - informado
pelo município
4 - Imóvel da rua Desembargador Moreira Santos nº 173 - informado
pela Vale e município
5 - Imóvel da rua Desembargador Moreira Santos nº 82 - informado pela
Vale
6 - Imóvel Praça Monsenhor Gerardo nº 232/242 - informado pelo
município
7 - Imóvel Praça Monsenhor Gerardo nº 346 e 346 B - informado pelo
município
8 - Imóvel rua Luís Pinto nº 66 - informado pela Vale e município
9 - Imóvel rua Luís Pinto nº 53 - informado pela Vale e município
10 - Imóvel rua Moura Monteiro nº 378 - informado pela Vale
11 - Imóvel rua Moura Monteiro nº 349 - informado pela Vale
12 - Igreja Nossa Senhora das Dores
13 - Cartório 2º Ofício de Notas - informado pela Vale
14 - Praça Nossa Senhora Aparecida - informado pela Vale
15 - Imóvel Avenida Getúlio Vargas nº110 - informado pela Vale
16 - Imóvel Avenida Getúlio Vargas nº466 - informado pela Vale
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17 - Imóvel Avenida Getúlio Vargas nº540 - informado pela Vale
18 - Imóvel Avenida Getúlio Vargas nº605 - informado pela Vale
18 - Imóvel Avenida Getúlio Vargas nº610 - informado pela Vale
20 - Imóvel Avenida Getúlio Vargas nº633 - informado pela Vale
21 - Edificação Sede da Secretaria de Cultura - informado pela Vale
C) SANTA BARBARA
C.1. BENS TOMBADOS
1 - Parte do centro histórico tombado pelo Iepha
2 - Casa de Afonso Pena - tombamento estadual
C.2. BENS INVENTARIADOS
1 - Edificações rua Conselheiro Afonso Pena nº 204
2 - Edificação rua Conselheiro Afonso Pena nº 133
3- Escola de Música
6.1. Ademais, há dúvidas quanto ao fato de os seguintes bens estarem ou não na mancha
de inundação, especialmente considerando-se que, conforme consta do processo 5000045-
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50.2019.8.13.0054, aventa-se o subdimensionamento da mancha de inundação informada pela
empresa:
6.2. Ainda, a REQUERIDA sequer mapeou os bens inventariados de São Gonçalo do Rio
Abaixo e do Município de Barra Feliz6, podendo haver outros bens em risco.
7. Em relação aos referidos bens, em 17 de maio de 2019, a equipe técnica da CPPC
certificou que, em consulta à documentação constante dos autos do PAAF nº 0024.19.002425-7,
à ata de reunião realizada no dia 02/05/2019, às respostas encaminhadas por e-mail pela empresa
Vale e aos ofícios expedidos pelos órgãos (federal, estadual e municipal) de proteção do
patrimônio cultural e Arquidioceses, constatou-se que, dentre as manifestações dos órgãos
envolvidos, não foram cumpridas as medidas elencadas na tabela abaixo:
6 Conforme mencionado na Nota Técnica nº 63/2019, o setor técnico da CPPC/MPMG verificou que a Vale não identificou na
mancha todos os bens culturais protegidos existentes no Distrito de Barra Feliz. Em consulta ao Plano de Inventário elaborado
para aquela localidade, verificou-se a existência dos seguintes bens: 1. Capela de Santo Antônio - Rua Principal s/nº. Distrito de
Barra Feliz. Santa Bárbara/MG; 2. Muro da antiga senzala - Lado esquerdo da Rua que corta a rua principal. Distrito de Barra
Feliz. Santa Bárbara/MG; 3. Residência Jose de Castro - Rua Principal, nº 168. Distrito de Barra Feliz; 4. Residência Sr. Antonio
Leite - Rua Principal, nº 18. Distrito de Barra Feliz. Santa Bárbara/MG; 5. Residência / comercio - Rua Principal, s/nº. - às
margens do rio - Distrito de Barra Feliz. Santa Bárbara/MG; 6. Residência - Rua Principal, s/nº - ao lado da Res. Do Sr. Raul -
Distrito de Barra Feliz. Santa Bárbara/MG; 7. Residência do Sr. Raul - Rua Principal, s/nº. Distrito de Barra Feliz. Santa
Bárbara/MG; 8. Igreja Nossa Senhora da Conceição - Rua Principal, s/nº. Distrito de Barra Feliz. Santa Bárbara/MG; 9. Muro da
Igreja - Rua Principal, s/nº. Distrito de Barra Feliz. Santa Bárbara/MG; 10. Residência - Rua N. Sra. da Conceição - aos fundos
da Igreja N.Sra. Conceição - Distrito de Barra Feliz. Santa Bárbara/MG; 11. Queca de Natal de D. Lélis - Saberes - Distrito de
Barra Feliz. Portanto, é necessário que a empresa identifique estes bens em relação à mancha.
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7.1. O MPMG apresentou todos esses dados - análise de documento apresentado pela
Vale à CPPC, na data de 17 de maio de 2019, em resposta à Nota Técnica 63/2019 e ao ofício
369/2019; ofícios do IPHAN e do IEPHA - à REQUERIDA, via e-mail, em 18 de maio de 2019,
às 11h45min.
7.2. A REQUERIDA apresentou resposta por e-mail, em 19/05/2019, informando em
suma que (doc anexo):
• Capela do Socorro: que não realizaria registro documental dos bens na zona de
autossalvamento pois o Termo de Interdição n. 4.028.387-9, lavrado pela
Superintendência do Trabalho em Minas Gerais veda, na área interditada, toda e qualquer
“atividade com a utilização dos trabalhadores, com exceção daquelas utilizadas de forma
remota”, incluindo-se, certamente, o acesso de trabalhador ao local, mesmo que por via
aérea.
• Memorial Affonso Penna: o estabelecimento de medidas de salvaguarda é
realizado diretamente entre a Secretaria de Cultura do Município e a empresa
especializada.
• Bens Conjunto de Comércio à Rua Conselheiro Afonso Pena, 133 e Casas
Geminadas à Rua Conselheiro Afonso Pena, 204: apresentou em resposta o plano de
medidas de salvaguarda.
• Escola de Música: serão realizadas, de imediato, medidas visando a
documentação do local. Tais medidas serão contempladas em um aditivo ao plano anexo,
que será apresentado pela empresa, ao Ministério Público, em outra oportunidade.
• Centro Histórico protegido pelo IEPHA: nos termos do mapa de dam break, na
faixa do perímetro amarelo de tombamento do Centro Histórico inexistem bens
acautelados inseridos na mancha de inundação.
• Cine Rex: apresenta acervo documental mas o Município afirmou a
desnecessidade de remoção de tais bens.
• A Casa do Artesão: não possui bens acautelados em seu acervo mas consultará o
Município sobre a necessidade de remoção de tais bens.
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• Consoante as informações disponibilizadas com a empresa até o momento, todos
os bens inventariados em nível municipal encontram-se georreferenciados no mapa
apresentado pela empresa em 18.05.2019 (última versão), sendo que somente o imóvel
denominado Casa Para Todos, que não possui bens móveis ou integrados, encontra-se
inserido na mancha de inundação.
• Em relação ao Distrito de Barra Feliz, a empresa informa que irá inserir os bens,
conforme lista fornecida no Ofício n. 369/2019 e enviá-los até segunda-feira, final da
manhã.
• Equipes especializadas já se deslocaram para os Municípios, para dar início a
execução das medidas de salvaguarda previstas nos planos apresentados;
• A Igreja Matriz de São João Batista, Capela de São Benedito e Igreja de Nossa
Senhora da Conceição de Barra Feliz encontram-se fora da mancha, não sendo
vislumbrados, até o momento, impactos que justifiquem a execução imediata de reforço
interno e externo das esquadrias e a instalação de anteparos externos;
• Em relação aos bens móveis da Igreja Matriz de São João Batista, a equipe
especializada irá estabelecer contato com o pároco local, para que ele decida quais bens
devam ser removidos para locais menos acessíveis.
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MPMG ressaltaram a necessidade de a REQUERIDA elaborar e executar plano para resgate
documental da Capela do Socorro, que garanta a vida dos trabalhadores de forma imediata, ainda
que com uso de equipamentos aéreos (ata em elaboração).
No entanto, a empresa não sinalizou o acatamento da determinação.
8.2. Ademais, embora os bens inventariados pelo município de São Gonçalo do Rio
Abaixo constem do site da prefeitura, ainda não foram devidamente mapeados pela
REQUERIDA ou contemplados em eventual plano de salvaguarda.
8.3. Apurou-se ainda que, diversamente do que a REQUERIDA afirmou, o Município de
Barão de Cocais não prescinde do resgate documental do Cine Rex (e-mail anexo).
8.4. Em relação à localização ou não dos demais imóveis na área de dam break, resta a
dúvida sobre se o mapa apresentado contempla o pior cenário, observada a ordem judicial
proferida na Ação Civil Pública n. 5000045-50.2019.8.13.0054, da Comarca de Barão de
Cocais7.
Segue um dos mapas de dam break apresentados pela empresa, com destaque na área do
Município de Barão de Cocais:
7 Vide, também, matéria jornalística que divulga alerta de que o estrago em Barão de Cocais pode ser maior que o previsto pela
Vale, de acordo com estudos feitos pelo Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS). Disponível
em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/05/20/interna_gerais,1055257/estrago-maior-que-o-previsto-pela-vale-
barragem-barao-de-cocais.shtml. Publicado em: 20 maio 2019. Acesso em: 22 maio 2019.
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9. Diante da urgência da situação e do comportamento evasivo da Requerida, nos dias 20
e 21 de maio de 2019, o MPMG estabeleceu contato telefônico com cada uma das Secretarias de
Cultura dos municípios envolvidos, para verificar quais medidas estavam sendo efetivamente
realizadas pela Vale S/A para a proteção do patrimônio cultural em risco.
9.1. O contato realizado com o Município de Barão de Cocais foi assim sintetizado em
certidão:
8 20/05/2019.
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bens que serão diretamente impactados, caso ocorra o rompimento da
Barragem Sul Superior. Foi dito que os representantes da Vale não se
reúnem pessoalmente com a Secretaria de Cultura e Conselheiros, por
este motivo não receberam esclarecimentos sobre o agravamento da
situação da barragem. Esclareceu que os representantes da Vale apenas se
reúnem com o Prefeito e que este repassa as informações dadas e os
encaminhamentos definidos. Afirmou que a Secretaria de Cultura e o
Conselho apenas têm contato com a empresa denominada Bicho do
Mato. Certifico que o senhor Secretário de Cultura informou que, em
relação às solicitações de salvaguarda ao patrimônio impactado em Barão
de Cocais, apenas tem data de início as ações relativas ao Cine Rex,
informando que se iniciarão amanhã, dia 21/05/2019. Esclareceu que não
há cronograma de execução para as demais solicitações feitas pela
Secretaria de Cultura de Barão de Cocais no ofício nº024/2019/SMCT.
Certifico, ainda, ter informado que pretende solicitar à empresa Vale a
adoção de medidas que contemplem o patrimônio cultural imaterial
impactado tais quais: “Festa dos pés de Pombo”, “Festa de São João
Batista”, “Festa de Mãe Augusta do Socorro”, entre outros. A título de
exemplo esclareceu que a Festa de Mãe Augusta segue um rito muito
específico, que não poderá mais se realizar no local onde ocorria, sendo
necessário encontrar um novo local. Argumentou, também, que para que
a festividade ocorra é usada uma indumentária singular, que não é fácil
de reproduzir. Esta indumentária ainda se encontra no Distrito de
Socorro. Nestes termos foi dito que o município entende que ou deve ser
feito o resgate dos itens utilizados na Festa de Mãe Augusta, ou que a
empresa custeie a confecção de novos itens para a celebração. Para a
Festa de São João Batista foi dito que são necessários o pau-de-sebo,
“quebra potes”, fogueira, decoração do templo, entre outros itens.
Afirmou que o Município precisará do apoio financeiro da Vale para
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viabilizar a continuidade destas festividades. Disse que o município está
sofrendo com a queda do turismo e que isto tem causado grande impacto
em sua receita, posto que é uma das fontes de renda existentes. Por fim,
certifico ter dito o secretário que solicitou à Vale providenciar reunião
com as comunidades de Piteiras e Tabuleiros, com acompanhamento da
Secretaria de Cultura e Conselho de Patrimônio Cultural, a fim de
identificar juntos aos moradores eventual patrimônio cultural existente
naquelas localidades que não tenha sido contemplado nas ações de
resgate/salvamento. Mas ainda não houve retorno por da empresa.
No referido Município, também foi feito contato telefônico com o Pároco responsável
pela Igreja Matriz de São João Batista, no dia 20 de maio de 2019, assim certificado:
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Em seguida, mapa de inundação previsto para a sede do Município, com a identificação
dos bens culturais:
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bens culturais do Memorial Affonso Penna, desenvolvidos pela empresa
Bicho do Mato, contratada pela Vale. O Secretário Municipal nos
informou que as atividades somente contemplariam o acervo histórico,
constituído por bens móveis e documentos, que seriam inventariados pela
empresa. Os itens relacionados à expografia, como painéis, por exemplo,
não seriam contemplados pelo Plano. Informou que os trabalhos haviam
sido iniciados, tendo sido realizada a “subida” do material do 1º
pavimento para o pavimento superior. No entanto, nenhuma peça teria
sido retirada da edificação até o presente momento e os trabalhos de
inventário também não haviam se iniciado. Indagado sobre os demais
bens culturais inseridos na mancha de inundação, o Secretário Municipal
de Cultura informou não ter conhecimento. Sobre a Escola de Música,
insistiu que o bem estaria fora da mancha. Sobre o conjunto de comércio
e as casas geminadas da Rua Conselheiro Afonso Pena, nº 133 e 204, o
secretário alegou total desconhecimento. Informei ao Secretário
Municipal sobre as sugestões deste Setor Técnico em relação a bens
culturais inventariados de propriedade particular que porventura estejam
dentro das manchas de inundação, como o reforço interno das esquadrias,
instalação de anteparos (internos ou externos) nos vãos para dificultar o
acesso da lama ao interior do imóvel e/ ou cercamento da edificação. Ele
afirmou que todas as ações realizadas no município até então estão
voltadas somente para o Memorial Affonso Penna. Questionado sobre o
Distrito de Barra Feliz, o Secretário Municipal de Cultura informou que a
Igreja está fora da mancha, estando localizada num terreno mais elevado.
Para que tomasse conhecimento da inserção dos bens inventariados na
mancha de inundação, encaminhei ao Secretário Municipal de Cultura de
Santa Bárbara (turismoeculturasb@gmail.com) os mapas de dam break
relativos ao centro urbano do município. Aproveitei a oportunidade para
encaminhar também o mapa relativo ao Distrito de Barra Feliz.
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Apresentam-se os mapas de inundação referentes ao Município de Santa Bárbara:
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9.3. Quanto a São Gonçalo do Rio Abaixo:
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inserido dentro da mancha de inundação. Ao informar ao secretário os
endereços de alguns dos bens inventariados constantes na lista
disponibilizada no site da prefeitura, chegou-se a conclusão que os bens
inventariados não foram considerados no mapa elaborado pela Vale,
como já havia sido ponderado por este Setor Técnico. O Secretário
informou que possivelmente há bens inventariados dentro da mancha de
inundação tendo em vista que o centro histórico do município encontra-se
próximo ao rio que corta a cidade. Portanto, mais uma vez destacamos a
importância da Vale considerar todos os bens culturais protegidos no
mapa de Dam Break para que se tenha a real dimensão de quais serão os
bens culturais atingidos no município de São Gonçalo do Rio Abaixo
caso ocorra o rompimento da Barragem de Gongo Soco e possibilitar a
adoção de medidas preventivas em relação a estes bens. O senhor Ulisses
informou que em relação ao bem cultural tombado “Casa para Todos”,
inserido na mancha de inundação, a Vale informou que tendo em vista a
existência de documentação da edificação pela Prefeitura, não seria
necessário realizar novos levantamentos do imóvel. Não ofereceu à
Prefeitura, proprietária do imóvel, as alternativas propostas por este Setor
Técnico como medidas preventivas de danos à edificação. Informei a ele
quais seriam estas medidas: reforço interno das esquadrias, instalação de
anteparos (internos ou externos) nos vãos para dificultar o acesso da lama
ao interior do imóvel e/ ou cercamento da edificação. O Secretário
informou que teria interesse na adoção destas medidas pela Vale em
relação ao imóvel. Informei ao Secretário sobre as sugestões deste Setor
Técnico em relação a bens culturais inventariados de propriedade
particular que porventura estejam dentro das manchas de inundação
seriam as mesmas recomendadas para o bem cultural “Casa para Todos”,
sendo necessária consulta aos proprietários que decidirão sobre a adoção
ou não destas medidas nos seus imóveis. Ele concordou e informou que
27
após o recebimento da mancha de inundação contendo os bens
inventariados poderia auxiliar no contato com os proprietários dos bens
culturais inventariados inseridos dentro da mancha. Em relação à Igreja
do Rosário, o senhor Ulisses informou que em março do corrente ano,
quando houve o acionamento por engano da sirene no município, o padre
responsável pela Igreja entrou em contato com o ele preocupado com a
edificação tombada e o acervo da igreja, tendo em vista que esta se situa
em uma região mais baixa e próxima ao rio. Foi informado que no
interior da igreja há muitos bens móveis e integrados de grande valor
cultural. Na reunião realizada com a Vale foi solicitada maior precisão e
outros esclarecimentos em relação à proximidade da mancha de
inundação da Igreja do Rosário, sendo informados que a mancha estaria a
4 metros de distância dos fundos da igreja. Informei ao secretário da
sugestão deste Setor Técnico em realizar o cercamento dos fundos da
igreja, configurando uma proteção em forma de "U", medida de caráter
preventivo para evitar danos à edificação religiosa, mas possibilitando o
uso da mesma, tendo em vista que a fachada frontal estaria livre. Este se
mostrou inseguro em relação ao cercamento que poderia causar pânico,
apreensão e até mesmo questionamentos da população local mas se
comprometeu em se reunir nesta terça-feira com os responsáveis pela
Igreja e conselheiros do COMPAC e nos daria um posicionamento do que
foi decidido, ainda amanhã no período da tarde.
28
Os mapas de inundação apresentados deixam clara a proximidade de alguns bens
culturais à mancha de inundação e a possibilidade concreta de serem atingidos, em caso de
subdimensionamento, conforme já explanado.
10. Percebe-se, portanto, que a Vale S/A não vem adotando todas as medidas
necessárias e possíveis preventivas para garantir a proteção ao patrimônio cultural
localizado nos Municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio
Abaixo, em risco de severa degradação, na hipótese de rompimento da Barragem Sul
Superior.
Assim, especialmente em virtude do agravamento do risco ocasionado pela iminente
queda do Talude Norte (prevista para ocorrer até o dia 25 de maio de 2019), é essencial a
intervenção do Poder Judiciário.
29
Ademais, já há ocorrência de danos ao meio ambiente cultural material e imaterial,
inclusive turístico, que merecem ser mitigados e ressarcidos, o que será pormenorizado no
aditamento à inicial a ser apresentado no prazo legal.
II – EXPOSIÇÃO DO DIREITO
30
capital do Estado, na hipótese de a situação do dano atingir a maior parte ou número
elevadíssimo de cidades de todo o Estado, ou ao menos, número considerável de cidades
distribuídas por todo o Estado (LEONEL, Ricardo de Barros. Manual do Processo Coletivo. São
Paulo: Malheiros, 2017, p. 273).
Em posicionamento ainda mais amplo, Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr. pontuam que
o dano regional, que conduziria à competência da capital do Estado, seria apenas aquele
verificado em dois ou mais estados, que abarque uma das regiões do país (Norte, Centro-oeste,
Nordeste, Sudeste e Sul) ou ainda, que atinja um número mínimo de comarcas (DIDIER JR.,
Fredie; ZANETI JR., Hermes. Curso de Direito Processual Civil: processo coletivo. v.4. 11. ed.
Salvador: Editora Jus Podivm, 2017).
Em síntese da matéria, a competência deve ser definida da seguinte forma: a) quando o
dano atingir poucas comarcas, a competência será de qualquer uma delas, salvo se entre elas
estiver a capital do Estado, que, então, será a única competente; b) se o dano compreender todo
ou quase todo o Estado, a competência será exclusiva da capital do Estado; c) se o dano for de
âmbito regional envolvendo mais de um Estado, a competência será concorrente entre as capitais
desses Estados; d) se o dano for de âmbito nacional, a competência será concorrente entre as
capitais dos Estados e do Distrito Federal, conforme entendimento do Superior Tribunal de
Justiça (DINAMARCO, Pedro da Silva, Ação civil pública e suas condições da ação. São Paulo:
Editora Saraiva, 2001, p. 506).
Deve-se levar em conta o fato de que o dano não observa fronteiras territoriais e a
competência deve ser estabelecida de acordo com o juízo que melhor atenda às expectativas de
solução dos problemas. Nesse sentido, é adequadamente competente o foro que estará mais
próximo dos danos e da realidade discutida, podendo apurar provas com maior facilidade e que
promova acesso à participação das partes e coletividade.
No caso concreto verifica-se a extensão local dos danos e a adequação do foro da
comarca de Barão de Cocais, por atender às diretrizes acima expostas, tendo em vista ser o local
onde se encontra localizada a Barragem Sul Superior e que suportará maiores danos, diante do
fato e a onda de rejeitos iniciar-se com maior força e aceleração, dissipadas ao longo de sua
trajetória de destruição. Há, ainda, que se considerar que é mais efetivo manter-se o julgamento
31
da causa em local próximo ao dano, onde a produção da prova é mais efetiva e a verdade real é
conhecida de forma mais pungente.
II.2. MÉRITO
Se não, vejamos:
32
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
(...)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados. [...]. Grifos nossos.
Por sua vez, a Lei Federal n.º 12.334/2010 estabeleceu a Política Nacional de Segurança
de Barragens e consagrou os fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens
(PNSB), quais sejam:
33
I - prover os recursos necessários à garantia da segurança da barragem;
(...)
V - manter serviço especializado em segurança de barragem, conforme
estabelecido no Plano de Segurança da Barragem;
Grifos nossos.
A seu turno, a Deliberação Normativa COPAM nº 87/2005 prescreve, em seu artigo 4º,
§2o, que “em nenhuma hipótese, poderá o empreendedor da barragem isentar-se da
responsabilidade de reparação dos danos ambientais decorrentes de acidentes, mesmo que
sejam atingidas áreas externas ao domínio definido pela área a jusante da respectiva barragem,
delimitada nesta Deliberação Normativa.”
2. No caso dos autos, as ações e omissões da REQUERIDA fizeram com que a barragem
Sul Superior da Minas de Gongo Soco esteja em risco iminente de rompimento, classificada em
nível 3 de emergência11.
Em caso de concretização de rompimento - para além dos danos que já estão
ocorrendo - serão efetivamente causados novos danos ao Meio Ambiente Cultural.
Diante do caráter irreversível que os danos ambientais12 podem assumir, deve ser
considerada a exigência de se evitar a ocorrência de danos, agindo-se conforme os princípios
da prevenção e precaução.
O princípio da prevenção impõe a prevalência da obrigação de antecipar e impedir a
ocorrência de danos sociais e ambientais sobre a adoção de medidas para repará-los ou
compensá-los. A respeito do tema, vale trazer à colação o escólio de ÉDIS MILARÉ13:
11 Nos termos da Portaria DNPM nº 70.389/2017, do art. 37, III. Nível 3 – A ruptura é iminente ou está ocorrendo.
12 Como ensina Marcos Paulo de Souza Miranda, [...] o conceito hodierno de meio ambiente não se resume ao seu aspecto
meramente naturalístico, mas comporta uma conotação abrangente, holística, que engloba inclusive os bens de valor histórico e
artístico, sendo necessário que os operadores do direito se atentem para este fato, pois somente assim será possível alcançar a
proteção integral do meio ambiente, assegurando que os bens de valor cultural, que também são essenciais à sadia qualidade de
vida de todos nós, possam ser usufruídos pelas presentes e pelas futuras gerações.(MIRANDA, 2006, p. 346)
13 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 4ª. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 166
34
O princípio da prevenção é basilar em Direito Ambiental, concernindo à
prioridade que deve ser dada às medidas que evitem o nascimento de
atentados ao ambiente, de modo a reduzir ou eliminar as causas de ações
suscetíveis de alterar sua qualidade. [...] Ou seja, diante da pouca valia da
simples reparação, sempre incerta e, quando possível, excessivamente
onerosa, a prevenção é a melhor, quando não a única solução.
35
independentemente da ocorrência do dano.
A sistemática da tutela judicial ambiental obedece ao entendimento de que, antes da
ocorrência do dano ambiental, deve-se optar pelo provimento capaz de inibir ou de remover o
ilícito. Diferentemente, após a ocorrência do dano ambiental, busca-se a reparação específica
pelo prejuízo causado, reparação essa denominada específica porque deverá recompor o estado
anterior (in natura).
Há casos, portanto, em que se verifica um ato antijurídico que deve ser combatido mesmo
que ainda não tenha ocorrido dano ou mesmo que nem venha a ocorrer. A constatação desse ato,
pelo simples fato de ser ilícito, deve ensejar provimento jurisdicional apto à sua
inibição/remoção.
MARCELO ABELHA14 ensina que:
Por outro lado, se ainda não houve o dano mas existe um estado potencial
de sua ocorrência, é possível dividir essa fase em dois momentos: a) sem
o dano, mas já ocorrido o ilícito; b) sem o dano, mas não ocorrido o
ilícito. No caso a tem-se uma conduta antijurídica de ferimento do
direito, mas que ainda não causou dano (e pode nem vir a causar) e que
deve ser debelada mediante uma tutela específica que reverta o ilícito e
permita seja alcançado o mesmo resultado que se teria caso o dever
positivo ou negativo fosse espontaneamente cumprido. No caso b nem o
dano e nem o ilícito ocorreram, mas existe um estado potencial de
ocorrência de um e/ou outro. Nessa situação, é possível a utilização da
tutela específica que permita o alcance do cumprimento da conduta que
se espera seja cumprida.
14 ABELHA, Marcelo. Ação Civil Pública e Meio Ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. p. 175/176.
36
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não
fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou
determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir
a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de
culpa ou dolo.
Com efeito, havendo riscos de prejuízos à sociedade e ao meio ambiente, devem ser
adotadas todas as medidas preventivas necessárias para evitar a sua ocorrência, sendo os
impactos conhecidos (prevenção) ou não (precaução) pela comunidade científica.
3. Lado outro, os danos que não foram impedidos devem ser inteiramente
reparados, o que será pleiteado no aditamento deste pedido de tutela de urgência em
caráter antecedente, a ser proposta no prazo legal.
De fato, a legislação ambiental brasileira é enfática ao disciplinar que cabe ao
degradador/poluidor a obrigação de restaurar e/ou indenizar os prejuízos ambientais a que der
causa.
Na perspectiva da reparação do dano ambiental (CRFB, art. 225, §3º), os seguintes
preceitos constitucionais são diretamente relacionados ao tema. São eles: (a) a dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III), fundamento da República Federativa do Brasil; (b) equilíbrio do
meio ambiente, essencial à sadia qualidade de vida (art. 225, caput); (c) preservação e
restauração dos processos ecológicos essenciais, com o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas (art. 225, §1º, I); (d) preservação da diversidade e integridade do patrimônio
genético do País (art. 225, §1º, II); (e) proteção da flora e da fauna, com vedação de práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam
animais a crueldade (art. 225, §1º, VII); e, (g) responsabilização civil, penal e administrativa pelo
dano ambiental (art. 225, §3º).
37
Especificamente no tocante ao meio ambiente cultural, a Carta Magna prevê a obrigação
do Poder Público na sua proteção e a obrigatoriedade da responsabilização daqueles que
ocasionem ameaças ou danos ao patrimônio cultural:
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal n.º 6.938/81) prevê que essa
obrigação de reparar e indenizar danos ambientais, independente de qualquer consideração sobre
dolo ou culpa (artigo 14, § 1º da Lei n° 6938/81), sendo objetiva.
Ademais, a reparação deve ser integral, conforme preconizado pelo art. 225, §3º, da
CF/88, com a) reparação in natura quando possível; b) compensação ambiental ou indenização,
onde não for possível a reparação in natura; c) reparação dos danos ambientais intercorrentes; d)
reparação dos danos morais coletivos.
38
Somente obedecendo-se todas essas etapas é que se poderá falar em reparação integral do
dano. Do contrário, a busca da reparação será sempre parcial, sugerindo que o crime compensa.
A completa reparação do dano, assim considerada, servirá de desestímulo para a prática de outras
condutas degradadoras.
Neste caso, os danos ao meio ambiente cultural e valor da reparação serão devidamente
apurados no aditamento desta Ação.
Por todo exposto até então, mostra-se cogente o deferimento de pedido de TUTELA DE
URGÊNCIA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE, nos termos do art 303 e seguintes
do NCPC para se prevenir maiores danos ao meio ambiente cultural.
1. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o magistrado atenderá os fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e
observando a proporcionalidade, a razoabilidade e eficiência.
A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, podendo o Juiz
determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória (art. 300 do
NCPC).
2. Para tanto, exige o Código de Processo Civil, no seu artigo 300, o preenchimento dos
seguintes requisitos:
• Probabilidade do direito;
• Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;
• Risco ao resultado útil do processo.
39
2.1. No presente caso, a probabilidade do direito (fumus boni iuris) reside na
normatização aplicável à espécie, que, conforme dito, tem sede constitucional, posto que a Carta
Magna, no que foi esmiuçada pela legislação infraconstitucional, estabeleceu a obrigação de
preservação do meio ambiente e de garantia da estabilidade de barragens. Basta uma análise
perfunctória dos fatos narrados sob o prisma do direito aviventado para se concluir que o
comportamento e a atividade empresarial da Requerida vem, ao longo do tempo, ocasionando
riscos ambientais e sociais incomensuráveis.
Ora, é incontestável que o empreendedor é objetivamente responsável pelos riscos de sua
atividade, devendo tomar todas as medidas necessárias para precavê-los, mitigá-lo e/ou repará-
los. Essa regra geral ganha ainda maior ênfase quando relacionada à mineração, porquanto
existem normas próprias que regem a segurança de barragens.
2.2. Por seu turno, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação está
representado no fato de que, ocorrido o rompimento da Barragem Sul Superior, que pode
acontecer em qualquer momento - inclusive em decorrência de a queda do talude Norte da cava
da mina, prevista para ocorrer entre 19 e 25 de maio de 2019, caso mantida a aceleração da
movimentação, funcionar como gatilho para o rompimento da barragem -, será impossível evitar
a degradação dos bens ambientais e culturais presentes na mancha de inundação.
Independentemente disso, desde 22/03/2019, foi acionado o nível 3 de emergência da
barragem sul superior em Barão de Cocais – o que ocorre quando a ruptura é iminente ou está
ocorrendo, nos termos da Portaria DNMP 70389.
Caso não seja deferido o provimento jurisdicional de urgência (em evidente perigo de
inestimável dano socioambiental), agravar-se-ão, dia após dia, os riscos de perda do patrimônio
cultural em caso de rompimento das estruturas, com consequências devastadoras, incalculáveis e
irreparáveis, a exemplo do que se viu e ainda se vê em Mariana/MG e Brumadinho/MG.
De fato, caso não seja, de plano, resgatada a observância ao ordenamento jurídico, a
atuação da Requerida continuará sendo orientada por critérios inconstitucionais e avessos à
legalidade e à prevenção, de modo a expor a evidente risco vidas humanas e não humanas e o
equilíbrio do meio ambiente, possibilitando a ocorrência de danos irreversíveis em detrimento de
toda a sociedade.
40
Nesse contexto, como forma de impor à REQUERIDA o cumprimento de normas
constitucionais e legais, de debelar a continuidade de riscos e de impedir a ocorrência de danos
ambientais e culturais é que se mostra imperiosa a rápida atuação dos órgãos públicos
competentes, dentre eles o Ministério Público e o Poder Judiciário.
Nesse liame, a utilização da tutela específica não deve ser tardia ou intempestiva, sob
pena de se negligenciar a ocorrência de ilícitos e prejuízos sociais e ambientais. Por essa razão,
estão à disposição no ordenamento jurídico os institutos processuais aptos a minimizar os
percalços da demora.
Vale a pena trazer à baila os ensinamentos de RODOLFO DE CAMARGO
MANCUSO15, que assevera:
15 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação Civil Pública: em defesa do meio ambiente, do patrimônio cultural e dos
consumidores. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p.263.
41
Com efeito, dispõe o artigo 11 da Lei nº. 7.347/85 que “na ação que tenha por objeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação
da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de
cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de
requerimento do autor.”
Cabível, pois, a concessão da liminar prevista no artigo 12 da Lei de Ação Civil Pública
(Lei nº 7.347/85):
Dispõe, outrossim, o artigo 4º da mesma Lei nº 7.347/85 (LACP) que: “Artigo 4º. Poderá
ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.”.
Além da Lei da Ação Civil Pública prever a figura da liminar, faz ela, em seu artigo 21,
expressa remissão ao Título III da Lei nº 8.078/90 (CDC), o qual consagra o instituto da
antecipação de tutela nas obrigações de fazer e não fazer, formando, assim, um micro sistema de
direito processual coletivo:
Dispõe o artigo 84 do Código de Defesa do Consumidor:
42
§3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§4º O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária
ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento
do preceito.
Ainda, nos termos do artigo 300 do Novo Código de Processo Civil, a tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo, podendo o Juiz determinar as medidas que considerar
adequadas para efetivação da tutela provisória. Tais requisitos, consoante demonstrado,
encontram-se plenamente preenchidos na presente ação civil pública.
Quanto aos princípios da efetividade do processo e da instrumentalidade das formas,
ensina CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO, citado por LUIZ GUILHERME MARINONI16:
16 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela antecipatória e julgamento antecipado: parte incontroversa da demanda. 5. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 17.
43
Resta estreme de dúvidas, portanto, o cabimento da liminar (tutela de urgência) no caso
em tela, medida imprescindível para resgatar a observância ao ordenamento jurídico e, via de
consequência, evitar a perpetuação de riscos e a ocorrência de danos à sociedade e ao meio
ambiente.
Ademais, o dano é presumido em razão dos princípios do direito ambiental da precaução
e da prevenção.
O perigo da demora em uma situação como esta equivale, nas palavras emprestadas de
Jacson Correa,
3. Logo, deve ser deferida a liminar e concedida a tutela provisória de urgência, a fim de
que seja efetivada pela REQUERIDA a execução imediata de medidas emergenciais necessárias
44
ao resgate do patrimônio cultural em risco em decorrência da atividade praticada pela Vale S/A,
como única forma real de se garantir a não ocorrência e/ou mitigação de danos ambientais.
4. Por isso, requer o Ministério Público que seja concedida a tutela de urgência
liminar determinando à requerida que promova as seguintes medidas emergenciais:
45
Pede seja determinado que se considere o pior cenário possível em caso de
rompimento, conforme ordem judicial concedida no processo nº 5000045-
50.2019.8.13.0054.
Prazo: 24 horas
46
na ação, consistente em enviar pessoa com treinamento profissional
compatível com situação de risco para abrir o templo, viabilizar o acesso,
ainda que por drone e/ou demais equipamentos, e trancá-lo novamente.
Prazo: 24 horas
4.3) Para Cine Rex, em Barão de Cocais: que a Requerida execute o Plano de
Retirada do acervo.
47
Prazo: 24 horas
4.4) Para a Igreja Matriz de São João Batista, em Barão de Cocais, Igreja de
Nossa Senhora da Conceição, Distrito de Barra Feliz, Santa Bárbara e Igreja
do Rosário, São Gonçalo do Rio Abaixo: caso os bens esteja na área de
inundação elaborado conforme ordem judicial concedida no processo nº
5000045-50.2019.8.13.0054, que a Requerida elabore e submeta aos órgãos
responsáveis pela proteção ao patrimônio cultural e à(s) Arquidiocese(s) um
Plano de resgate de seu acervo móvel e integrado. Prazo: 48 horas. Em caso
de aprovação, executar os planos no prazo de (24 horas).
48
6.1) Para o Núcleo Histórico de Santa Bárbara, que a Requerida apresente
estudos referentes à viabilidade técnica de implantação de sistema de
contenção física, de modo a impedir o avanço dos rejeitos para o perímetro
tombado e minimizar possíveis danos; elabore projeto e submeta aos órgãos
competentes. Prazo: 24 horas. Em caso de aprovação, executa o plano no
prazo de 24 horas.
7) Patrimônio Imaterial
Elabore e submeta aos órgãos de proteção competentes e aos agentes
envolvidos plano para realização dos festejos tradicionais dos Municípios
afetados, executando todas as medidas exigidas pelos órgãos de proteção,
para mitigar os danos ao patrimônio imaterial. Prazo: 30 dias.
8) Patrimônio turístico
Elabore e submeta aos órgãos de proteção competentes e aos agentes
envolvidos plano para fomentar o turismo nos Municípios afetados,
executando todas as medidas exigidas pelos órgãos de proteção, para mitigar
os danos ao patrimônio turístico. Prazo: 30 dias
O Ministério Público pede seja fixada multa no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais)
por dia, pelo descumprimento de cada uma das determinações judiciais, bem como de seus
prazos, revertendo os valores cobrados ao Fundo Estadual do Ministério Público – FUNEMP
(conta-corrente 6167-0 da agência 1615-2 do Banco do Brasil).
49
Isto posto, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, nos termos previstos no
artigo 129, III, da Constituição Federal e artigo 5º, da Lei Federal nº. 7.347/85, dentre outros
dispositivos, vem requerer:
50
f) A intimação pessoal do Ministério Público do Estado de Minas Gerais de todos
os atos e termos processuais, nos termos do art. 41, inc. IV, da Lei 8.625/1993 e do art. 180 c/c
183, §1o, do CPC.
52