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Descia do céu cinzento o medo em forma de dragão vermelho.

Vinha lá do oriente ao
lado do sol nascente, um dragão de coroas vermelhas nas costas percorrendo o mundo
inteiro. Desenfreado e livre como a mão invisivel do mercado.

Olhei o céu de Caxias que pulsava em vermelho mais do que qualquer outro dia. Era
de tarde e o mormaço sem vento de um dia nublado e quente fazia a cerveja descer
redondamente pela garganta seca. A poeira que o onibus levantava no ar entrava nos
meus olhos que eu evitava coçar em vão.

No reflexo daqueles olhos negros me vi e cocei minha retina com a mão suja de
morte. Quando abri os olhos vi que pingos de sangue caía do céu na minha camisa
branca. Era o dragão de coroas vermelhas passando pelo céu de Caxias deixando caos
e pandemia.

Apesar de grande ninguém se deu conta de que havia um fucking dragão vermelho no
céu até que choveu sangue nas nossas caras. Todos correram para suas casas e eu
fiquei ali com a minha preta, sentados na mesa do quiosque daquela praça que ficara
silenciosa de repente. Estranha e inversamente ao que pedia o momento uma calma e
paz me invadiram o peito. Tive vontade de chorar, de rir, de meter e de fumar.
Vontade de viver e de amar.

Jorge sentava a praça na cavalaria. Eu estou feliz porque eu também sou da sua
companhia. Eu estava vestido com as roupas e as armas de jorge. Para que meus
inimigos tenham coroas em suas cabeças e não me façam mal. Para que meus inimigos
acordem e se lembrem que somos todos irmãos nesse mesmo capital.

Mais pesado que o céu e mais leve que o ar, o dragão coroado rei do novo inferno
virtual desceu e me olhou nos olhos. Eu não tinha medo. Meus olhos eram dois
abismos que olharam o dragão de volta enquanto Omulu e Ogum vinham vindo de traz do
campinho onde eu o Jeffinho, meu irmão e o Bokinho jogavamos bola nos fins de
semana.

Com uma submetralhadora de pipocas Omulu atirava no dragão que subiu aos céus
novamente procurando fugir da adaga de Ogum que já cortava seu pescoço e suas
escamas em forma de coroas.

Com mira a lazer e o caralho a quatro Omulu atirava no monstro. Era isso, e assim
de repente o meu pau ficou duro. Levantei daquela cadeira de bar e agarrei a preta
que sugou minha lingua sem medo. A levei para o cantinho do campinho de futebol,
levantei sua saia e afastei sua calcinha. Enfiei todo o pau. Ela gemeu deitada na
grama. No céu ogum cortava as coroas do dragão vermelho que chovia envolta de nós
mas não tocava nossos corpos porque a força do nosso amor tinha criado uma bolha
orgástica em volta de nós que nos protegia e que fazia aumentar a força dos meus
orixas.

Pipocos de Omulu. Adaga de Ogum. A lua cheia daquele dia já dava as caras no céu
quase anoitecido e o cavalo branco de Jorge cruzava o cruzava o azul levando o
guerreiro de abril para mais uma luta no céu desse Brasil.

O dragão já sem forças deita nas nuvens no mesmo instante em que a lança de São
Jorge lhe atravessa a cabeça destruindo sua ultima coroa vermelha. O céu tinha uma
grande lua como papel de fundo enquanto eu e minha pretinha voltavamos do matinho
ajeitando a nossa roupa. Nada será como antes. Nada. A luta, o sangue e o suor. A
perseverança ganhou do sórdido fingimento e disso tudo nasceu o amor. Segue o
baile, sente o tambor.

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