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DIREITO CONSTITUCIONAL II

Roteiro que serve para orientação de estudos e de base para a elaboração da avaliação final

1. Diferencie causas de impedimento e de vacância do Presidente e Vice-Presidente da República. Caso vagar ambos os
cargos, quais as soluções constitucionais para preenchê-los. Há possibilidade de acontecer eleições indiretas para a
Presidência da República? Explique.
Conforme art. 79 da CF, o Presidente da República é sucedido (em caso de vacância) e substituído (em caso de
impedimento) pelo Vice-Presidente. A vacância do Presidente implica a impossibilidade definitiva para assunção do
cargo, seja por cassação, renúncia ou mesmo morte. Neste caso, o Vice-Presidente assume até o fim do mandato como
Presidente interino. Já o impedimento tem caráter temporário, como, por exemplo, no caso de doença, férias. Nesta
hipótese, o Vice-Presidente assume a chefia do Executivo apenas enquanto durar o impedimento. Se ambos estiverem
impedidos ou ocorrer vacância, assumem, interinamente, os descrito no art. 80 da CF.
Vagando ambos os cargos, far-se-á. nos termos do art. 81 da CF, eleição noventa dias de aberta a última vaga. É
possível acontecer eleições indiretas. Para tanto, a vacância deve ocorrer nos últimos dois anos do período presidencial,
nos termos do §1º do art. 81 da CF.

2. Algum brasileiro naturalizado pode ser Presidente do Brasil? Alguém nascido no Peru pode ser Presidente?
Não, pois o cargo de Presidente, segundo dispõe o art. 12, § 3º, I, da CF é privativo de brasileiro nato.
Sim, desde que o nascido no estrangeiro (no caso, Peru) seja brasileiro nato (art. 12, I, b ou c da CF).

3. Explique três causas de perda do mandato do Presidente da República. Diferencie perda-extinção, de perda-cassação.
Pode ocorrer a perda do mandato por (1) impeachment; (2) renúncia; (3) não comparecimento para a posse. A cassação
de mandato é uma sanção política, em virtude de decisão do Senado Federal nos processos de crime de
responsabilidade, ou de decisão judicial como pena acessória aplicada em processo de crime comum. A extinção, por
seu turno, advém de fatos, atos ou omissões (renúncia, morte), que gerem uma causa de perda do mandato, na forma
prevista na lei.

4. Quem exerce o juízo de admissibilidade e qual o quórum para a decisão no processo político (impeachment) contra o
Presidente da República?
Câmara dos Deputados, por dois terços dos integrantes, nos termos do art. 86 da CF.

5. No impeachment, quem julga o Presidente? Quem Preside o julgamento? Qual o quórum para deliberação? Quais as
penas possíveis? A partir de qual momento processual o Presidente fica afastado de suas funções por até 180 dias?
O julgamento é feito perante o Senado Federal, nos termos do art. 52, I, da CF. Nesse caso, a decisão de mérito se dá
por 2/3 do Senado, quem preside o julgamento é o Presidente do Supremo Tribunal Federal, e as penas possíveis são
perda de mandato, com inabilitação para o exercício de qualquer função pública por oito anos, conforme estabelece o
parágrafo único do mesmo artigo. O afastamento ocorrerá após a instauração do processo pelo Senado Federal, nos
termos do art. 86, § 1º, II, da CF.

6. No caso Collor, qual o efeito da renúncia antes do julgamento?


Collor buscou escapar da punição prevista no parágrafo único (2ª parte) do art. 52 da CF – perda do cargo e inabilitação
para o exercício da função pública. No entanto, o Senado, por entender que se tratam de penas separadas, deu à
renúncia o mesmo efeito da condenação e o inabilitou por 8 anos.
No caso Dilma, houve a perda do cargo e não a inabilitação.

7. Quem julga o Presidente nos casos de cometimento de crime comum?


O Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102, I, b, da CF. Atente-se à nova compreensão do STF e STJ sobre a
espécie de crimes que são julgados no foro de prerrogativa.

8. O Presidente da República pode ser preso em provisoriamente?


Não, nos termos do art. 86, § 3º, da CF.

9. Em que consiste a cláusula de irresponsabilidade penal relativa ou imunidade temporário do Presidente da


República?
Na vigência do mandato, o Presidente só pode ser responsabilizado por atos praticados no exercício da função ou em
razão dela, nos termos do ar. 86, § 4ª, da CF. A abrangência é só criminal, não outros fatos (civil, administrativo...).
Assim, crimes antes ou durante o mandato, que não tenham relação com a função, não haverá processo criminal,
enquanto houver mandato, tampouco correrá prescrição.

10. Qual o foro competente para julgar processo criminal contra Prefeito, Governador e Presidente? O que significa a
regra da atualidade do mandato?
Prefeito: julgamento perante o Tribunal de Justiça (art. 29, X, da CF), ou TRF (crime federal), ou TRE (crime eleitoral)
– súm. 702, STF; Governador: julgamento perante o STJ (art. 105, I, a, da CF); Presidente: julgamento perante o STF
(art. 102, I, b, da CF). A competência por prerrogativa de função cessa quando encerrado o exercício funcional que a
justificava. Em outras palavras, o foro privativo é uma prerrogativa do cargo ocupado, não da pessoa em si e, na última
interpretação do STF, só existe em relação a fatos praticados na função e em razão da função. Ela se mantém mesmo
que encerrado o mandato, desde que a instrução processual estiver concluída.

11. Em relação à carreira da magistratura, o que é vitaliciedade?


É uma garantia inerente ao exercício do cargo pelos magistrados. Significa que, depois de transcorrido o período de
dois anos desde sua assunção ao cargo com o correspondente exercício, somente o perderá em decorrência de sentença
judicial transitada em julgado, em processo no qual lhe seja assegurado o direito de ampla defesa e de contraditório
(art. 95, I, da CF).
Há exceção, de processo de impeachment, contra Ministro do STF e membro do CNJ, na forma do art. 52, II, CF.

Pode algum magistrado adquiri-la junto com a posse?


Excepcionalmente, sim, a vitaliciedade pode ser adquirida com a posse, no caso de um advogado, nomeado para algum
Tribunal, pelo quinto constitucional (art. 94, CF).

12. Qual o significado da inamovibilidade dos Juízes?


A inamovibilidade é garantia funcional fixada pelo inciso II do art. 95 da Constituição. A inamovibilidade traduz-se na
impossibilidade de que o magistrado seja removido, sem o seu consentimento, de uma comarca para outra, por
exemplo. Excepciona a garantia, o previsto no art. 93, VIII, CF.

13. Explique duas garantias de imparcialidade (negativas) impostas na Constituição aos magistrados.
A imparcialidade traduz-se na ideia de que os magistrados estão impedidos (1) a dedicar-se à atividade político-
partidária; (2) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas. Art. 95, parágrafo único. Lembrar da quarentena de saída (3 anos...)

14. Quais os critérios para indicação dos Ministros do STF?


Ser brasileiro nato (art. 12, § 3º, IV, da CF); cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber
jurídico e reputação ilibada (art. 101 da CF).

15. Explique dois itens da competência originária e as duas espécies de competência recursal do STF. Uma ação da
ONU (organismo internacional) contra o município, será julgada em qual Juízo? E o recurso contra essa decisão, será
endereçado a qual Tribunal?
Competência originária: (1) julgar a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, a
ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal: o STF é órgão de cúpula do Poder Judiciário, a
ele compete a guarda da Constituição; (2) na área penal, destaca-se a competência para julgar, nas infrações penais
comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
Procurador-Geral da República, entre outros (art. 102, inc. I, a e b, da CF).Trata-se, no caso, do foro por prerrogativa de
função. Competência recursal: (1) ordinária: é o recurso cabível contra decisão denegatória de habeas corpus ou
mandado de segurança, proferida em segunda instância ou por Tribunal Superior. É, dessa forma, o recurso ofertado
pela parte sucumbente em relação a determinadas decisões de tribunais estaduais ou regionais, que possui
processamento ordinário, sem o levantamento de questão especial ou relevância de matéria; (2) extraordinária: viabiliza
a análise de questões constitucionais pelo STF. Para que o recurso chegue à Suprema Corte é necessário que o
recorrente tenha percorrido as demais instâncias judiciais do País. Também se exige o preenchimento de alguns
requisitos para que ocorra o seu recebimento. Por fim, o litígio envolvendo organismo internacional e Município será
julgado pela Justiça Federal (art. 109, II, da CF), sendo o recurso endereçado ao STJ (art. 105, II, c, da CF).
16. Comente sobre os principais vetores de fixação da competência criminal da Justiça Federal.
Estão previstos no art. 109, IV, da CF. Compreendem-se aqueles que envolvem bens, serviços e interesses da União,
suas entidades autárquicas ou empresas públicas.

17. Contravenções penais podem ser julgadas pela Justiça Federal? Comente.
Não, pois todas as contravenções penais são apuradas pela Justiça Comum Estadual, ainda que atinjam bens, serviços
ou interesses da União. Em outras palavras, o art. 109, IV, da CF exclui a competência da Justiça Federal.

18. O que significa a federalização do julgamento dos crimes contra os direitos humanos?
É a possibilidade de deslocamento de competência da Justiça comum para a Justiça Federal, nas hipóteses em que ficar
configurada grave violação de direitos humanos, na forma do art. 109, § 5º, da CF.

19. O que são súmulas vinculantes? Quais os principais requisitos constitucionais para a edição? Quem pode propor
edição, revisão e cancelamento? Há possibilidade de “amicus curiae”?
A súmula vinculante tem por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, devendo existir
reiteradas decisões sobre matéria constitucional em relação a normas acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou
entre estes e a Administração Pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre idêntica questão. Os legitimados para propor edição, revisão e cancelamento são
todos os previstos no art. 3º, da Lei 11.417/06. Ademais, é possível o chamamento do amicus curiae (art. 3º, § 2º, Lei
11.417/06).

20. Quais atividades do Estado ficam vinculadas às súmulas vinculantes? Qual não fica? Por que razão? O que significa
modulação dos efeitos de uma súmula vinculante?
A súmula tem efeito vinculante em relação às funções judiciária e executiva (Administração Pública direta e indireta,
nas esferas federal, estadual, distrital e municipal). Assim, não alcança a função legislativa, para evitar a fossilização da
Constituição (cuidar, Presidente editando MP não fica vinculado...).
Modulação: O STF, por 2/3 dos membros dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só
tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse
público (art. 4º, 11.417/06)

21. Quais e o que significam os princípios institucionais do Ministério Público? Quais os ramos do Ministério Público
da União?
Estão previstos no art. 127, § 1º, da CF: (1) Unidade, o Ministério Público possui divisão meramente funcional, é uno,
chefiado por um Procurador Geral; (2) independência funcional, relaciona-se à autonomia de convicção, pois
promotores/procuradores podem agir da maneira que melhor entenderem, submetem-se apenas em caráter
administrativo ao Chefe da Instituição; (3) indivisibilidade consubstancia-se em uma relação de logicidade que deve
haver entre os membros do Ministério Público que agem em nome da Instituição e não por eles mesmos. O Ministério
Público da União compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público
Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

22. Comente quatro funções institucionais do Ministério Público.


Art. 129 CF: 1. promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; “Privativamente” não é
exclusivamente, em razão do previsto no art. 5º, inc. LIX, da CF; 2. excercer o controle externo da atividade policial. 3.
promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos. 4. defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

23. Em que se diferenciam o Procurador-Geral de Justiça do Procurador-Geral da República?


O Procurador-Geral da República é o chefe do Ministério Público da União e exerce as funções do Ministério Público
junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), sendo também o procurador-geral Eleitoral. Por seu turno, o Procurador-
Geral de Justiça é o chefe do Ministério Público dos Estados.

24. Comente o significado da quarentena de entrada e de saída para membros do Ministério Público.
Entrada, art. 129, § 3º, CF: 3 anos de atividade jurídica para concurso.
Saída: Aos membros do Ministério Público (e Juízes) é vedado exercer a advocacia no juiz ou tribunal que
desempenhava suas funções, antes de decorrido três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração
(art. 128, § 6º, da CF).

25. Comente acerca da inviolabilidade constitucional dos advogados no exercício da função. O advogado pode
desacatar se no exercício da função? O advogado é imprescindível em todas as ações judiciais?
É uma garantia/imunidade do advogado quando realiza atos e manifestações no exercício da profissão, los limites da
lei. Não é um privilégio, mas sim garantia ao exercício da profissão e ao próprio cliente, que muitas vezes confia ao seu
advogado documentos e testemunhos que necessitam de proteção e sigilo perante terceiros. A imunidade circunscreve-
se às manifestações e à práticas de atos vinculados ao efetivo e regular exercício da profissão. Como a lei prevê crimes
contra a honra, se praticados, pode ocorrer processamento criminal. Assim, é uma garantia mitigada.
O advogado não é imprescindível em todas as ações judicias, sendo exemplo: habeas corpus, a revisão criminal e as
ações propostas nos juizados especiais cíveis.

26. Qual a função principal de Defensoria Pública? Os Defensores Públicos são inamovíveis e vitalícios?
Incumbe-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados. Ademais, embora sejam inamovíveis, não são vitalícios. (art.
134 CF).

27. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a defesa técnica, por advogado, é indispensável ou facultativa, no processo
administrativo disciplinar?
É dispensável a defesa técnica por advogado, nos termos da súmula vinculante nº 5 “A falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição””.

28. Diferencie estado de sítio repressivo de estado de sítio defensivo.


O repressivo é aquele que tem como pressupostos materiais a ocorrência de comoção grave de repercussão Nacional ou
a existência de fatos que comprovem a ineficácia do Estado de Defesa. Será decretado pelo Presidente, renovável, de
cada vez, por no máximo 30 dias, e as medidas possíveis de serem adotadas são as previstas no art. 139 da CF.
Já o defensivo, decretado pelo Presidente, é aquele que tem por pressuposto material a declaração de estado de guerra
ou a resposta a agressão armada estrangeira, decretado por tempo que durar a guerra, e qualquer medida pode ser
adotada.

29. Segundo o STF, no Brasil: é possível a prisão do depositário infiel? É possível cobrar taxa de matrícula em
Universidades Públicas? A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, afasta a
inelegibilidade do art. 14, § 7º, da Constituição?
Não é possível a prisão, nos termos da Súmula Vinculante nº 25 “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade de depósito”.
Não é possível cobrar taxas, nos termos da Súmula Vinculante nº 12 “A cobrança de taxa de matrícula nas
universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal”.
Ademais, a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade, nos
termos da Súmula Vinculante nº 18.

30. À luz da Constituição, um grupo indígena pode manter suas tradições, mesmo que isso signifique afronta à cultura
das comunidades não índias?
Sim, são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, nos termos do art. 231
da Constituição Federal.

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