é justo, alexandra, querer não ter um corpo?

alexandra, há alguma malvadeza em querer

não ter um corpo?

a precariedade do corpo,
de um indivíduo, do particular
o corpo em transição

utopia da presença
utopia da presença
utopia da presença

acontece no espaço exterior

tudo isso que se tem notícia
como então acessá-lo?
não tenho a prioridade
na ordem do exterior
nem a capacidade de
organizar o exterior
a origem do mal
é exterior é orgânica
está no lugar em que
sempre não estou
germe do ódio que habita
o dorso colossal que guarda
tudo aquilo o que eu falo
e até aquilo que eu nunca
irei falar

inexpressão
o jogo da inexpressão

onde está minha

Geração Perdida?
meus partos
minhas partidas
guarde-as para mim
regenere as
escaladas
e as que caem
e se escaldam
e encaixe-as em
coincidências

uma destas noites

uma destas noites

*
lucky
kill me, Sarah
kill me again with love
it's gonna be a glorious day

sortudo
mate-me, sara,
mate-me de novo, com amor
vai ser um dia glorioso

as preocupações
o estar num escritório
todas as horas do dia
as dunas dos meus sonhos
empoeiradas pelos meus donos
duzias delas
dizimáveis como numa folha
de pagamento

karma police
i've given all I can
it's not enough
i've given all I can
but we're still on the payroll

polícia do karma
eu fiz o meu melhor
não importa
eu fiz o meu melhor
mas ainda estamos
na folha pagamento

fim de festa
meu amor por você chegou ao fim
é tudo que tenho a dizer
também não precisa sair assim
espere o dia amanhecer

teoria e prática na voz de um veterano ofegante

ludovic

quanto ao discurso que eu deixei por fazer

é só outra coisa que eu deixei por fazer
eu assumo a culpa

foi a pior ofensa que eu já ouvi

mas foi a melhor oferta que eu já recebi
eu assumo a culpa
mande lembranças por mim
guarde os restos pra mim
mande lembranças por mim
guarde os restos pra mim
mande lembranças por mim
guarde os restos pra mim
mande lembranças por mim
guarde os restos pra mim

meu samba
não se importa que eu esteja numa
de andar roendo as unhas pela madrugada
de sentar no meio fio não querendo nada
de cheirar pelas esquinas minha flor nenhuma

meu samba
não se importa se eu não faço rima
se pego na viola e ela desafina
meu samba não se importa se eu não tenho amor
se dou meu coração assim sem disciplina

meu samba
não se importa se desapareço
se digo uma mentira sem me arrepender
quando entro numa boa ele vem comigo
e fica desse jeito se eu entristecer

paulinho da viola
(ouça nos comentários)